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Alterações climáticas aceleram manipulação genética
A comunidade científica procura soluções de adaptação ao aquecimento global naquilo que é a essência de vida: o ADN.
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Os números diferem, as opiniões divergem e na maioria das vezes os estudos são cada vez mais postos em causa, visto que, com a generalizada campanha anticarne, pode haver tendência para os investigadores darem respostas socialmente desejadas ou politicamente corretas.
A agropecuária com atividade natural é responsável por pouco mais de 7% das emissões de CO2 , um valor substancialmente mais baixo quando comparado com os transportes (e só falamos dos rodoviários) que são responsáveis por mais de 30% das emissões de dióxido de carbono na UE.
As várias estimativas anunciadas apontam muitas vezes para valores dissonantes, no entanto, sabe-se que, além do dióxido de carbono, a agropecuária contribui para a libertação de metano.
Mais uma vez, os radicalistas anticarne apontam para a agropecuária como o mal de todos os males e principal gerador de metano. E, mais uma vez, os radicais anticarne mentem! As principais fontes de metano, em grande escala, são a extração de gás natural e as minas de carvão, ou origem biológica, a emanação através de vulcões de lama e falhas geológicas, decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos, fontes naturais como pântanos e aquecimento ou combustão de biomassa anaeróbica. E também se esquecem de dizer que a agropecuária consegue absorver mais de 50% do dióxido de carbono do ar ao contrário de todas as outras industrias que invariavelmente são substancialmente mais poluentes.
a terra e, ao mesmo tempo, alimentam o gado. Um realidade inquestionável.
Portugal nesta matéria é reconhecidamente uma autoridade onde as pastagens biodiversas crescem. A maioria encontrase nos montados alentejanos, fortalecendo os sobreiros e as azinheiras e prestando um serviço ambiental ao globo.
Estas pastagens capturam uma quantidade anormal de dióxido de carbono, evitando pelas gramíneas que se tornam uma parte importante do pasto dos animais. Esta mistura tem uma série de benefícios. Como as espécies são anuais, resistem ao clima mediterrânico, produzem sementes e criam no solo um banco de sementes que pode manter a pastagem por décadas. As raízes das plantas, que também morrem anualmente, alimentam o solo com nutrientes. Passados uns anos, estes solos triplicam a a acumulação de parte do gás que mais contribui para o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global. A comunidade científica portuguesa escolheu espécies de leguminosas e gramíneas. As primeiras, como o trevo-subterrâneo, têm uma relação simbiótica com bactérias que se desenvolvem em nódulos mas raízes. Estas bactérias captam azoto do ar, metabolizam e disponibilizam azoto à planta. Desta forma, este nutriente entra no ecossistema sem ser "estas pastagens capturam uma quantidade anormal de dióxido de carbono, evitando a acumulação de parte do gás que mais contribui para o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global."
necessário usar adubos e é depois absorvido matéria orgânica. As pastagens alimentam mais cabeças de gado e captam mais dióxido de carbono. Também se verificou que os sobreiros que crescem nestas pastagens são mais saudáveis, e o solo é mais húmido, resistindo à seca.
Estes benefícios foram bem quantificados nos últimos anos. Foi assim que se descobriu que as pastagens biodiversas captam toneladas e toneladas de dióxido de carbono por ano e por hectare, o mesmo acontecendo com óxido nitroso. O que nenhuma industria poluente consegue fazer. No entanto, os ruminantes expelem o equivalente a cerca de um terço das emissões inerentes à agricultura. O impacto, preocupa e divide a comunidade científica. Enquanto uns diabolizam a criação de gado, outros, entendem que o impacto de 7% nas emissões não é tão grave como em outras industrias poluentes. »
Os genes congelados de milhões de plantas, animais e seres humanos são armazenados em bancos de genes por todo o mundo. Dentro destas cápsulas do tempo, os genes e a informação que eles contêm reavivam velhos sonhos de ressuscitar espécies extintas, acabar com a fome no mundo ou com as doenças da humanidade. Mas os bancos de genes permitem mais do que isso. Dentro dos seus contentores as fronteiras entre as formas de vida ficam diluídas. Fungos, bactérias ou seres humanos, tudo é o mesmo para a tecnologia. Os bancos de genes levantam uma questão fundamental: o que significa ser parte da natureza na era do genoma? O armazenamento de cada molécula de ADN no planeta torna-se agora uma possibilidade real. Salvar o ADN de toda a vida na Terra será um dos mais grandiosos projetos de pesquisa internacional das próximas décadas. A investigação da biodiversidade e do genoma desafia não apenas a nossa sociedade mas também a própria concepção da humanidade.
A prova mais evidente disto foi o resultado de um estudo sobre a qualidade do ar durante o confinamento, que obrigou à paragem de uma grande parte do movimento rodoviário e aéreo, devido à pandemia de Covid-19. O resultado do estudo é peremptório revelando que a qualidade do ar melhorou mais de 60%!
Por outro lado, foi feito um estudo nos EUA, o maior criador de gado do planeta, que indica que se hipoteticamente a manada americana desaparecesse, a baixa do nível de emissões situava-se nos 3 a 4%. Isto para não falar do caos social e do abrupto aumento da escassez de viveres. Impensável.
Esta situação, levaram a comunidade científica a encontrar resposta no ADN. Já aqui falamos sobre um projeto que defende a alteração de alimentação do gado bovino e que segundo os autores do seu estudo, diminuiria substancialmente as emissões de metano.
E sobre este tema, felizmente, chegam-nos boas noticias dos quatro cantos do planeta. Uma equipa de cientistas liderada pelo investigador de genética animal John Williams (Universidade de Adelaide, Austrália), referiu que “as vacas podem ser criadas de forma seletiva tornando mais amigas do ambiente” e explica: “a edição de genes tem sido usada para modificar várias espécies de animais, não apenas no gado bovino. Os suínos sofreram alterações genéticas para reduzir o impacto ambiental associado à produção da enzima fitase (um complexo de inositol com o fósforo, o qual chama-se ácido fítico ou fitato)” e explica: “A fitase, na verdade, nada mais é do que uma enzima que desdobra esse complexo, libertando o fósforo para que ele seja absorvido pelos animais), ou seja, parara reduzir a excreção de fosfato”.
Claro, que ainda há um longo caminho a percorrer, mas a mitigação da produção de metano pelo gado bovino está em curso com excelentes resultados e de acordo com o cientista australiano: “os primeiros passos já foram dados”.
Para corroborar esta afirmação, foi publicado recentemente um estudo sobre o papel do microbioma do rúmen (primeiro compartimento do estômago do gado bovino) que está associado à produção de metano. A eventual alteração do microbioma pode resultar numa diminuição substancial do metano – e até certo ponto o microbioma está dependente da genética. Por isso, com uma investigação mais aprofundada podemos encontrar genes envolvidos na regulação do microbioma e, portanto, do metano que podem ser editados ou alterados.
Por outro lado, outros estudos feitos na mesma universidade, apontam para a alteração do ADN do gado de forma que a cor do pelo aumente a tolerância térmica, ou seja, para que os animais resistam melhor a ambientes afetados pelo aquecimento global. “A cor da pelugem pode ser alterada editando genes envolvidos na síntese da melanina. A cor do pelo entre o vermelho e o preto, no gado, é controlada pelo receptor 1 de melanocortina (MC1R). Este tipo de pelo pode ser alterado, bem como a profundidade e densidade do cabelo, permitindo que o gado liberte calor de forma mais eficaz”, acrescentou o investigador australiano.