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Por M. Oliveira
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O Parlamento Europeu votou por maioria contra uma emenda que propunha proibir na UE o uso de nomes “linguiça”, “hamburguer”, “salsicha” para produtos feitos de vegetais e cereais que não contém carne mas, imitam a sua textura.
No entanto, na mesma reunião, a maioria dos eurodeputados aprovou uma emenda que proíbe os nomes “iogurte”, “manteiga”, “queijo” ou “creme” e qualquer comparação com componentes de leite para produtos sem leite animal.
Ou seja, um hamburguer pode ser sem carne mas um iogurte ou um queijo já não pode ser sem leite. Isto faz algum sentido? Só me ocorre uma coisa: neste regabofe do Parlamento Europeu, mais uma vez, os lobbys dos mais fortes impuseram as suas regras . O lobby vegan triunfou; o lobby dos lacticínios fez o trabalho de casa e defendeu a sua “ dama”, conforme pode e o lobby do setor das carnes não teve força para contrariar uma decisão absolutamente ridícula. Salva-se neste fracasso os eurodeputados da República da Irlanda que estoicamente foram os únicos que tentaram contrariar a ofensiva vegan.
Nicolaj Villumsen, eurodeputado do Grupo da Esquerda Unitária Europeia ( Esquerda Verde Nórdica, postou no Twitter: “A razão prevaleceu e os poluidores perderam. Vale a pena comemorar com um hamburguer vegetariano”.
Por sua vez, Jytte Guteland, eurodeputada sueca da Aliança Progressista da Social Democracia escreveu: “Vou comemorar com um hambúrguer vegano", revelando alguma soberba e ,sobretudo, um grande falta de respeito pelos milhões de agricultores europeus e do setor pecuário que se esforçam no dia-a-dia para trabalhar de forma sustentável.
Curiosamente, a França já havia adotado esta proibição, ou seja, um produto só pode ser apresentado ao consumidor como hamburguer, salsicha ou bife se realmente tiver carne. Assim como a designação »
queijo, manteiga ou iogurte só pode ser apresentada ao consumidor se na sua confecção existir o produto nuclear destes produtos: o leite. E isto é que faz sentido!
Sabe-se que a rejeição desta alteração não deve, no entanto, ter qualquer impacto na proibição recentemente adotada pela França, acredita Katia Lentz, advogada especializada em legislação alimentar da Keller & Heckman, “enquanto o texto não for harmonizado e, por conseguinte, os Estados Membros têm a liberdade de assumir uma posição mais restritiva e poderão escolher, por si próprios, os produtos que imitam a textura da carne”, explica.
E aqui é que está o busílis da questão! O lobby vegan apoiado por uma fortíssima industria química (basta pensar no desenvolvimento da carne sintética), não só quer apoderar-se dos termos culturais da carne como se perfila para imitar a textura da carne!
O Parlamento Europeu não levou em conta o apelo do setor das carnes de proibir produtos de origem vegetal de usar termos como bife, salsicha ou hamburguer.
Os produtores argumentaram que usar palavras como hamburguer ou salsicha para designar produtos não à base de carne poderia levar os consumidores ao engano. A Associação Europeia de Agricultores “Copa Cogeca” argumentou que permitir tais termos abriria uma “caixa de Pandora” de redações confusas. O parlamento Europeu não aceitou os argumentos mas, curiosamente, exigiu restrições mais rígidas na rotulagem de substitutos à base de vegetais. Ou seja, a industria não pode utilizar a designação “leite”, por exemplo, na bebida de amêndoa, porque não é um produto á base de leite, mas pode utilizar a designação “hamburguer” para um produto sem carne. Dois pesos e duas medidas.
As empresas que fabricam produtos vegetarianos argumentaram que banir esses termos desencorajaria os consumidores de mudar para dietas mais baseadas em vegetais.
E assim, a maioria do legisladores da UE acabaram por votar na autorização dos termos de carne para produtos sem carne e por regras mais rígidas para a rotulagem de substitutos de leite, apoiando a proibição de termos “semelhante ao leite” ou “tipo queijo” para produtos à base de plantas que não contenham ingredientes lácteos.
O Tribunal de Justiça Europeu já tinha proibido termos como "leite de soja" e "queijo vegan" há três anos, decidindo que palavras como leite, manteiga, queijo e iogurte não podem ser usadas para produtos não lácteos.
Rotular produtos vegetais com termos de carne é enganoso e abre as portas para outros rótulos confusos. “Simplesmente pedimos que o trabalho de milhões de agricultores europeus e trabalhadores do setor pecuário seja reconhecido e respeitado”, disse Jean-Pierre Fleury, presidente da “Copa Cogeca”, o maior grupo de lobby agrícola da Europa, em um comunicado. Ele descreveu o uso de nomes semelhantes a carne para produtos vegetais como "sequestro cultural". Não podia estar mais de acordo.
sumário
Edição bimestral nº 191 novembro / dezembro
04
08
bIfelovers.pT Toda a sustentabilidade na carne do Reino Unido
20
enTrevIsTa Com Isabel do Carmo “ A carne está a ser diabolizada...”
30
Consumo Transformers
40
lImpeZa e HIGIenIZaÇÃo Multiwasher, desempenho e design
50
paC O longo caminho rumo a uma nova Política Agrícola Comum (ou A PAC está morta, viva a PAC! )
54
mulTIvaC Termoseladora TX710 Alta Performance
60
ambIenTe Alterações climáticas aceleram manipulação genética
64
bIZerba A etiquetagem perfeita
66
lImpeZa e HIGIenIZaÇÃo Sistemas de higienização
69
produÇÃo europeIa de Carne Práticas eficazes para a redução dos gases com efeito estufa
70 :: IndusTrIas de Carne europeIas de pequena e médIa dImensÃo: uma CadeIa de abasTeCImenTo que GaranTe exCelenTe qualIdade 20
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