CARNE Nยบ188 . OS PROFISSIONAIS Nร O DISPENSAM
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Covid 19 Por M. Oliveira
“O mundo não pode parar”, dizem-nos. Mas o mundo já parou para muitos. Uns, porque morreram, outros, porque não conseguem viver. Numa questão de meses o mundo “acabou”, ou melhor, foi transformado. Milhares de pessoas morreram e continuam a morrer, centenas de milhares ficam doentes do Covid 19 (um novo coronavírus) que era desconhecido antes de aparecer na cidade de Wuhan, em dezembro de 2019. Para milhões de outras pessoas que não foram afetadas pela doença, também tudo mudou na sua vida. Apesar do sistema totalitário da China ter tomado medidas tardiamente, as ruas de Wuhan ficaram desertas depois que as autoridades implementaram um bloqueio rígido. Na Itália foram tomadas as medidas de restrições mais duras desde a Segunda Guerra Mundial. Em Londres, os pubs, bares e teatros super movimentados apagaram as luzes e fecharam as portas e, depois, de alguma veleidade os cidadãos foram aconselhados a ficar em casa. Em Portugal, seguimos o conselho da Organização Mundial de Saúde, com incertezas, hesitações, é verdade, mas seguimos em frente. Tudo, com o intuito de controlar a propagação do Covid 19 e, esperançosamente, reduzir o número de mortes. Mas todas estas mudanças também levaram a algumas consequências inesperadas. Com o encerramento das industrias, diminuição das redes de transporte, quer profissional quer de lazer, diminuição drástica de trânsito, assistimos a uma queda abrupta e repentina das emissões de carbono. Comparado com esse período do ano passado, algumas cidades mundiais como Nova Iorque ou Pequim, reduziram as suas emissões em mais de 50% devido às
medidas para conter o vírus. Com a ausência de turistas em Veneza, em Itália, devido às restrições adotadas para
no país para evitar a proliferação do Covid 19, os famosos canais da cidade voltaram a ter água mais clara e nítida. Em todos os locais do mundo onde existem centrais elétricas, instalações industriais e veículos, assiste-se a uma redução drástica nas emissões de dióxido de carbono. Estas e inúmeras outras noticias comprovam que esta paragem forçada melhorou substancialmente a qualidade do ar, reduzindo as emissões drasticamente. A proporção de dias com “ar de boa qualidade”, só em fevereiro, aumentou 11,4% em todo o mundo. Na Europa, imagens de satélite mostram emissões de dióxido
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de nitrogénio (NO2) a desaparecer do norte de Itália. O mesmo acontece em Espanha, Portugal, França, Reino Unido e restante países do velho continente. Somente uma ameaça imediata e existencial como o Covid 19 poderia ter levado a uma mudança tão profunda e tão rápida. No momento em que escrevo este editorial, o número de mortes a nivel global provocados globais pela Covid-19 ultrapassaram as 200.000 pessoas e o número de infectados, os dois milhões, isto se os dados da China forem verdade. Além do número de mortes precoces, a pandemia provocou perdas generalizadas de empregos e ameaçou os meios de subsistência de milhões, à medida que as empresas lutam para lidar com as restrições impostas para controlar o vírus. A atividade económica parou e os mercados de ações caíram a par da queda das emissões de carbono. Dizem os especialistas que é exatamente o oposto do esforço em direção a uma economia sustentável descarbonizada que muito defendem há décadas. Nunca concordei com a expressão popular “há males que vem por bem”, mas não posso deixar de salientar que todos aqueles que irresponsável, imoral e até levianamente tem se dedicado à detração da agropecuária como o mal-de-todos-os-males para o ambiente, reconheçam, no mínimo, que não o é e que se trata de uma atividade primária essencial para a humanidade, sem a qual este mundo tornar-se-ia bem pior.
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SUMÁRIO Edição bimestral nº 188 maio / junho
04 : : EDITORIAL Covid 19
08 : : GREENYARD
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Greenyard Logistics Portugal reforça presença na zona norte através da abertura de novo centro logístico multitemperatura
10 : : Coren
Selecta. A carne de porco alimentada com castanhas
24 : : A nova Política Agrícola Comum
08
“Mais simples, moderna e com um maior apoio à agricultura baseada no conhecimento”
32 : : Produção
Animais mais saudáveis e sustentáveis significam seres humanos mais saudáveis.
36 : : Covid–19
36
Setor de carnes no fio da faca?
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52 : : AMBIENTE
Poluição versus pecuária
58 : : MATURAÇÃO DE CARNES
O processo da maturação de carnes
61 : : SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
Nova modalidade de preenchimento e envio de IRCA (Informação Relativas à Cadeia Alimentar) de Bovinos
Revista Bimestral
FICHA TÉCNICA Propriedade: Azitania Global Expedition S.L. C.I.F. b8662786 Calle Génova 15 Piso 3 Derecha 28014 Madrid e. revistacarneportugal@gmail.com Assinatura, artigos e publicidade: e. aglobalexpedition@gmail.com Versão em português Isenta de registo a ERC ao abrigo do Decreto-Lei 8/99 de 9/06 artº12 nº1 A
Redação: Diretor: M. Oliveira Chefe de Redação: Glória Oliveira Gestão de conteúdos: Luís Almeida e Aberto Pascual Design Gráfico e paginação: Patrícia Machado Versão impressa e digital: mais de 250.000 leitores (dados auditados) Revista Carne é associado de: Maitre - Open Plataform for journalists and Researchers e SPJ Society of Professional Journalists
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Greenyard Logistics Portugal
reforça presença na zona norte através da abertura de novo centro logístico multitemperatura Com o objetivo de potenciar a operação na zona norte do país, a Greenyard Logistics Portugal abriu uma plataforma multitemperatura (congelados e refrigerados) em Modivas-Vila do Conde. Esta localização irá substituir as atuais instalações de Leixões. Com uma localização privilegiada, o novo edifício logístico beneficia de excelentes acessibilidades e vias rodoviárias para um acesso fluído e rápido aos principais centros urbanos da região, bem como às principais infraestruturas aeroportuárias. Todo o processo logístico da Greenyard Logistics Portugal será assim potenciado, através de uma resposta mais rápida e eficaz, permitindo uma otimização na eficiência da operação, por forma a alavancar o crescimento no negócio. Vítor Figueiredo, CEO da Greenyard Logistics Portugal, refere que “A nova instalação de Modivas vai alargar significativamente a presença da Greenyard Logistics Portugal na zona Norte do país e permitir maior flexibilidade, quer em termos de serviços de armazém, quer em termos de serviços de transporte. Trata-se de uma instalação
moderna, com elevadas preocupações de eficiência e sustentabilidade e em linha com as tendências mais atuais de desenvolvimento do mercado dos produtos alimentares perecíveis. A nova plataforma apresenta ainda uma capacidade significativa de expansão. O layout fluído irá permitir dar resposta à procura de serviços de logística em fluxos tensos, tendo sempre em mente o compromisso com um nível de serviço irrepreensível. Especialmente nos tempos incertos que atravessamos, este reforço de capacidade será fundamental para melhor responder às necessidades do mercado” Aposta na inovação para ganhos de eficiência e poupança energética Projetado de raiz, o novo centro logístico foi desenhado e projetado pela empresa Garcia Garcia – _Design & Build. Com uma capacidade de cerca de 7.000 paletes, o armazém beneficia de instalações concebidas e desenvolvidas à medida das necessidades do tipo de negócio e que incorporam soluções de última geração. Acresce ainda o facto das novas instalações irem de encontro aos exigentes normativos de qualidade e segurança aplicáveis.
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Dividido funcionalmente em três áreas principais, armazém de frio negativo; armazém de frio positivo e áreas administrativas e sociais, o edifício foi concebido em função da sua utilização final, que se centra na logística de frio para produtos alimentares. O edifício encontra-se equipado com dez cais de carga exteriores ao edifício, por forma a minimizar as perdas de temperatura e maximizar a eficiência energética do edifício. Ainda para impulsionar a poupança de energia, foram definidas soluções avançadas de isolamento, quer ao nível da cobertura e revestimentos, quer ao nível de todas as entradas e saídas do edifício, assim como um sistema 2 / 2 avançado de climatização e refrigeração, controlado por um eficiente sistema de Gestão Técnica Centralizada. A Greenyard Logistics Portugal opera com duas plataformas logísticas multitemperatura, em Riachos, na região centro, e no norte do país, onde aposta agora na expansão da sua capacidade. É especialista na prestação de serviços logísticos para a indústria e retalho alimentar, com especial enfoque na área dos produtos alimentares perecíveis (Frescos, Congelados e Preparados). Assegura o transporte desses produtos, disponibilizando serviços de armazém, preparação de encomendas e de serviços de valor acrescentado, como a pesagem, etiquetagem e co-packing.
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Selecta.
A carne de porco alimentada com castanhas ...um produto diferenciado que conquistou o palato dos mais exigentes e rapidamente encantou profissionais de carnes, chefes de cozinha, jornalistas da área e consumidores, entre outros especialistas...
Após dois anos de investigação no Centro Tecnológico de Carne, a Frigolouro, empresa do Grupo Coren apresentou ao mercado no final de 2019, em jeito de prenda de Natal, um produto diferenciado que conquistou o palato dos mais exigentes e rapidamente encantou profissionais de carnes, chefes de cozinha, jornalistas da área e consumidores, entre outros especialistas: SELECTA, a carne de porco maturada (dry aged) de animais rústicos, criados ao ar-livre e alimentados com castanhas da região, a Galiza. Alguém escreveu que “o êxito no trabalho é o resultado de associar a competência à paixão com que se faz as coisas”. Plenamente de acordo e este pensamento adapta-se muito bem aos nossos interlocutores, Oscar Rodriguez, Diretor de Frescos em Espanha e com Javier Rodriguez Diretor-geral da Coren em Portugal. A carne de porco maturada de animais criados com castanhas surgiu de “Uma necessidade de mercado. Nos últimos anos a necessidade de mercado era ter proteína a um preço bastante competitivo e, nesse sentido, a suinicultura evoluiu na redução de gordura; o animal musculado e sem gordura valia 15,
o gordo valia 5. Pois bem, a ideia foi fornecer a industria com animais magros, um porco cada vez mais magro e musculado” começa por referir Oscar Rodriguez. Há cerca de 30 anos os animais eram pouco conformados e junto à pele formavam uma grande camada de gordura, a carne era mais gostosa e mais tenra. No entanto, o setor começou a olhar para a produtividade e para a genética, e melhor, explorou a genética para ter mais produtividade. Uma genética que abrangeu praticamente todo o mundo com as raças Land Race, Large White, Pietran, entre outras. A suinicultura foi convergindo ao encontro do rendimento e deu primazia às raças cujas fêmeas dessem muitos leitões e, sobretudo, muito leite para que os leitões se tornassem resistentes e com o mínimo de mortalidade. E, hoje, existem porcos brancos praticamente em todas as explorações do mundo. O objetivo foi conseguido: animais magros, musculados de excelente conformação. Transformam tudo o que comem em músculo de forma muito rápida. As mães parem muitos leitões. Ou seja, a produção conseguiu proteína a um preço impensável. Um mundo perfeito? Nem por isso. Como em tudo na vida, existem os prós e os contra. Muitas da vezes a carne de porco é seca, dura e com pouco sabor. É uma queixa que quem está atrás do balcão houve com muita frequência. Além disso, quem aprecia carne de porco, procura sempre carne marmoreada com gordura, ou encostada ao osso que é a mais gostosa. “Face a este problema a industria tentou dissimular e conseguiu as deficiências da
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carne, com o chamados “extratenros”, as carnes injetadas mas, pouco-a-pouco o consumidor chegou à conclusão que não era a carne que lhe convinha”, sublinha Oscar Rodriguez. “Trabalhamos com o comércio tradicional e foi aí que o alarme suou mais forte; tivemos que responder aos apelos dos consumidores mais exigentes. E estes, queixavam-se muitas vezes que a carne era seca, insípida e dura. E o que é que nós pensamos: vamos ter andar um pouco para trás para dar sabor e tenrura à carne. Tornar a carne de porco mais apetitosa. Como é que vamos fazer?”, no início da nossa conversa, Oscar Rodriguez, deixava a pergunta no ar. A mensagem do cliente não caiu em saco roto e as empresas começaram a desenvolver um tipo de porco mais gordo que conferisse mais sabor e tenrura à carne. Cada um idealizou um projeto à sua medida. Todas as empresas modernas estão atentas às mensagens dos clientes, o feedback do cliente é essencial para a sustentabilidade da empresa. Hoje, em dia, não há sucesso sem levar em consideração a opinião e os desejos dos clientes. E se há coisa que Grupo Coren não deixa por mão alheias, são os pergaminhos da produção. O seu ADN é a avicultura, mas as 6.000 famílias de produtores associadas ao Grupo Coren alargaram o seu potencial aos suínos e bovinos e comprometeram-se com o que fazem. E o que fazem... fazem bem.
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Oscar Rodriguez, Diretor de frescos para Espanha e Javier Rodriguez (de pĂŠ) Diretor-geral de Coren, em Portugal.
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O porco ao Selecta é criado, sem pressas, ao ar-livre. O importante, é que o animal se desenvolva naturalmente e se movimente para fazer exercício e queimar calorias..
“O que pensamos fazer? Vamos buscar uma raça de entrada mas temos que fazer mais. Temos que fazer algo diferente. E, começamos por analisar a natureza da Galiza. O que encontras por todo o lado na Galiza? Naturalmente, a castanha...entre outras muitas coisas”, refere Javier Rodriguez. No fundo, foi tentar recuperar um pouco a criação de porcos com se fazia há 40, 50, 60 anos. Antigamente, cada família tinha dois ou três porquinhos que andavam pelo campo e comiam de tudo. Na Galiza, era usual alimentarem-se de batatas e castanhas.
A castanha A castanha é um fruto muitas vezes desvalorizado. Diferenciam-se da fruta fresca por terem menos água e dos frutos gordos por terem menos gordura, no entanto, as castanhas são uma excelente fonte de outros nutrientes, vitaminas e minerais. Não têm glúten nem colesterol e são uma excelente fonte de vitamina C e vitamina B6. A castanha tem na sua constituição, maioritariamente, hidratos de carbono, o que faz dela um fruto amiláceo. No entanto, tem também uma quantidade considerável de proteína e fibra. Em termos da sua composição nutricional, a castanha é “uma admirável fonte de nutrientes, nomeadamente vitaminas, minerais e compostos químicos protetores
das células”. Falando em termos mais técnicos, este fruto tem na sua composição quantidades razoáveis de vitaminas do grupo B – como a B1, a B6 e a B9 (ácido fólico) -, de vitamina C, cobre, manganésio e potássio.
“Todos nos reinventamos. A castanha tem muitas propriedades e a Galiza tem muita castanha. E foi a partir daqui que germinou esta ideia de criar animais à moda antiga, com o conceito mais rústico, com uma alimentação à base cereais de forma concentrada, ao mesmo tempo, que os animais tivessem a sua liberdade e bem-estar”, refere Oscar Rodriguez. Os porcos SELECTA exigem uma alimentação mais calórica, em detrimento de músculos desenvolvidos. O objetivo é desenvolver
Benefícios das castanhas Comer apenas 10 castanhas assadas fornece ao nosso organismo (em termos de necessidades nutricionais diárias): • 17% de fibra • 36% de vitamina C (quase tanta como as laranjas) • 14% de tiamina • 21% de vitamina B6 • 15% de ácido fólico • Apenas 2 g de gordura
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uma carne natural com um fio de gordura intramusculada. Uma carne saborosa, tenra, cujos animais se alimentam de cereais milenares: cevada, milho, trigo e nos últimos dois meses juntar ao confinamento o precioso fruto que é a castanha. A castanha é muito útil nos dois últimos meses porque é quando o animal já está desenvolvido e começa a desenvolver gordura. Na verdade funciona como uma bomba calórica que beneficia em todos os aspetos, como o sabor, a tenrura e a textura da carne. A castanha está para o porco SELECTA, como a bolota está para o porco preto. “As castanhas têm muitas qualidades oleicas, é muito energética, dá à carne um sabor doce, dá-lhe aquele sabor que realmente queremos transmitir. É uma carne suave, muito gostosa”, sublinha Javier Rodriguez. »
Quanto aos minerais, as castanhas são uma excelente fonte de: • Cálcio • Ferro • Magnésio • Potássio (ainda mais do que as bananas) • Fósforo • Zinco • Cobre • Manganésio • Selénio
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“Se um porco branco está numa exploração cerca de 5 meses, o porco SELECTA fica cerca de 7 meses. É uma produção sem pressas, tranquila, o importante é que o animal se desenvolva naturalmente e se movimente ao ar-livre, para fazer exercício e queimar calorias”
Quanto mais rústicos forem os procriadores, mais caro fica cada quilo de carne, as ninhadas têm menos leitões, o crescimento é mais lento, mais gastos de alimentação, energia e água e outros custos de produção que se refletem no preço final. Maneio: as explorações do porco SELECTA são mais pequenas. Todas têm que ter confinamento ao ar-livre. “Se um porco branco está numa exploração cerca de 5 meses, o porco SELECTA fica cerca de 7 meses. É uma produção sem pressas, tranquila, o importante é que o animal se desenvolva naturalmente e se movimente ao ar-livre, para fazer exercício e queimar calorias”, explica Oscar Rodriguez. O porco branco, ao cabo de 5 meses atinge o peso vivo de 90 kg para um peso de carcaça limpa de 71,5 Kg, em média. O porco SELECTA ao cabo de quase 7 meses atinge o peso vivo de 125 a 130 kg e dá um peso de carcaça limpa, em média, de 95 kg.
A carne de porco Selecta em maturação. Tendo em consideração a propriedade intelectual da empresa, comprometemo-nos a não divulgar os valores de temperatura e controlo de humidade assim como o período de tempo de maturação.
Os criadores Atualmente, já são mais de 300 produtores que aderiram à produção do porco SELECTA mas, ao princípio, houve alguma resistência. Os produtores ficaram preocupados porque à priori significava mais dois meses de maneio e de alimentação. Pedir a um produtor para ter os animais mais um mês ou dois na sua exploração, naturalmente, não era coisa que fosse recebida de animo leve, além disso, tinham que fazer alterações para cumprir os 3 requisitos: “genética, alimentação e maneio". Em termos de genética os produtores partiram
de um Duroc 100% cruzado com mães de raça branca, desenvolvendo uma linha genética personalizada, com a desvantagem que os cruzamentos com raças rústicas proporcionam ninhadas mais pequenas de leitões, tal como acontece com as ninhadas de porco perto. Os produtores e os técnicos do grupo Coren acabaram por encontrar o equilíbrio. Não foi preciso inventar nada, bastou uma pequena viagem na “máquina do tempo” e recuperar alguma das coisas que se faziam antigamente. O preço também era um fator a ter em conta.
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É um clássico. A inovação enfrenta sempre resistências e as reações não tardaram “agora querem que eu crie porcos mais dois meses, como é que isto vai ser?”, ou, “vou criar porcos com castanhas, estão malucos?...onde é que vou meter as castanhas?”. Surgiam muitas dúvidas ao início. Mas, também era verdade que a cooperativa sempre garantiu os melhores preços, aos seus produtores. Inclusive a garantia de preços sem oscilações. “Agora está toda a gente satisfeita. É um projeto que se sustenta com muito trabalho, muita paixão e até alguma poesia, temos que meter poesia nas coisas que fazemos mas, os projetos têm que ter sustentabilidade e foi isso que criamos: sustentabilidade e maisvalias para os produtores e melhor carne para » o consumidor.
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Esq/Dir: Oscar Rodriguez , Diretor Comercial de Frescos da Coren, em Espanha, Pedro Conde, responsável de expedição e Nicolas Santiago, responsável de produção.
O nosso departamento comercial está feliz porque sai para as vendas com um produto diferente, com muita qualidade, ao encontro das preferências do consumidor. Ficamos todos a ganhar”, sublinha Oscar Rodriguez
dia de festa, é carne que faz parte da dieta normal do dia-a-dia. O importante é encontrar o equilíbrio e a carne de porco SELECTA é
isso mesmo: uma carne suave, tenra, com um sabor muito agradável, distinto que apetece comer”. »
Vão de costeletas com pele a ser preparado para a maturação
As resistências mais céticas foram ultrapassadas e as expectativas dos mais otimistas, superadas. Atualmente, os suinicultores galegos associados à Coren, a maior cooperativa agroalimentar de Espanha incrementam a criação de porcos de raças selecionadas que favorecem a infiltração de gordura monoinsaturada com base numa criação ao ar-livre e numa alimentação à base de cereais e castanhas. Em determinadas regiões onde se consome mais carne de porco como, por exemplo, Andaluzia, o consumidor pode ser identificado por dois perfis: o purista do porco preto que defende que depois do porco preto não há mais nada e há o que confessa “uff tanta gordura”. O porco SELECTA satisfaz todos os requisito, defende Javier Rodriguez: “é uma carne bastante equilibrada. Não é carne para um
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A carne de porco maturada SELECTA, oferece a carne mais tenra, suculenta e saborosa, em todos os momentos, em qualquer altura do ano. Os quatro fatores de maturação: O tempo: Coren desenvolveu um processo de maturação superior ao recomendado pelos estudos recomendados, com o objetivo de obter uma ruptura natural e controlada das fibras, obtendo umas nuances únicas que acentuam o aroma e sabor, a tenrura e suculência. A humidade: A estabilidade da humidade é imprescindível na maturação para controlar a flora microbiana. Uma humidade baixa secaria a carne, enquanto que uma excessivamente alta poderia deteriorar a peça. Encontrar o equilíbrio perfeito foi uma grande conquista. A temperatura: é um dos fatores mais importantes, uma temperatura inadequada podia variar o período de maturação e fazer com que o resultado final não fosse o desejado. O ambiente: A Ventilação e a circulação do ar durante o processo é essencial, já que esta medida permite evitar o crescimento de bactérias e o aparecimentos de odores que podem alterar a qualidade da carne.
Maturação “dry aged” Durante mais de dois anos, os técnicos ensaiaram maturar carne de porco de várias formas. Foi um trabalho árduo, levado a cabo com muita carne, muitos períodos de maturação, controlo de temperatura e humidade, tendo em conta a cor da carne, o sabor, o efeito do osso na carne, um trabalho científico desenvolvido pelo Centro Tecnológico da Carne do Grupo Coren.
A partir de uma excelente matéria-prima a ideia foi elevar a mesma a um patamar superior, para além do fator novidade tão receptivo no consumidor moderno.
O princípio da maturação é semelhante ao da carne de bovino. A maturação pode ser feita em húmido ou em dry aged que é a maturação a seco, em câmara, com controlo de temperatura e humidade, a mais usual na carne de bovino. Constituiu tecnologia de extrema importância, pois permitiu melhorar as características organolépticas e sensoriais da carne, assim como a tenrura, implicando uma maior aceitação como um produto diferenciado e com mais-valia. A partir de uma excelente matéria-prima a ideia foi elevar a mesma a um patamar superior, para além do fator novidade tão receptivo no consumidor moderno. No fundo, a maturação de carne de porco é uma novidade. Temos conhecimento de, pelo menos, uma tentativa de maturar carne de porco em Portugal, por uma empresa do centro do país, a partir de peças de porco branco mas, segundo sabemos sem grande êxito. As investigações do Grupo Coren envolveram muitos técnicos e muitos quilos de carne em experiências ininterruptas, durante mais de dois anos.
A empresa galega começou por maturar vãos de costeletas, no entanto, à medida que a técnica ia sendo aperfeiçoada e os valores confirmados (período e temperatura), é possível maturar qualquer peça de carne de porco Selecta. Mas, segundo apuramos, as
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preferências recaem na carne com osso. “Maturamos a carne com osso e com pele e após o período de maturação retiramoslhes a pele que é a zona mais contaminada, é a parte mais expostas enquanto que o osso » oferece mais resistência.
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...Os hábitos alteraram-se. E é uma realidade, comemos menos carne e menos peixe, mas quando vamos ao restaurante queremos comer boa carne e bom peixe e beber um bom vinho. Queremos desfrutar... E segundo as centenas de provas de qualidade – e científicas - que fizemos, a pele é a que sai mais contaminada mas, ao mesmo tempo, funciona como um escudo de proteção. Após a maturação retiramos a pele e cortamos uma pequeníssima faixa de gordura.”, explica Oscar Rodriguez. A restauração é o setor que interiorizou as carnes maturadas, todavia, são cada vez mais os supermercados e talhos que vendem carne de porco SELECTA nos seus estabelecimentos. É um conceito e uma forma de qualidade diferenciada que está a chegar gradualmente à mesa do consumidor.
A pele e a subjacente camada de gordura protegem a carne, após o período de maturação grande parte dessa faixa de gordura é retirada.
“Em Portugal, vendemos carne de porco SELECTA em grandes superfícies como o EL Corte inglês, para certas lojas Continente, Macro, para a restauração e para talhos como, por exemplo o Talho Avenida, Matosinhos, onde vocês fizeram uma reportagem numa das últimas edições e que vende muito bem os nossos produtos”, refere Javier Rodriguez. (A paixão da Carne -Talho Avenida de Américo Monteiro & Filhos. Reportagem publicada na revista Carne # 185, da página 48 à 53). “O preço da carne SELECTA é, sensivelmente, o dobro do porco branco. A carne de porco ecológica é o triplo. Quando falamos de carne de porco branco falamos só de uma guerra de preços”, refere Oscar Rodriguez. “É verdade que se come menos carne, quer pela mudança de hábitos de consumo, quer pelo ritmo de vida, agora, preferimos estar uma hora no ginásio. Antigamente, sentávamo-nos à mesa e estávamos horas a comer. Os hábitos alteraram-se. E é uma realidade, comemos menos carne e menos peixe, mas quando vamos ao restaurante queremos comer boa carne e bom peixe e beber um bom vinho. Queremos desfrutar”, acrescenta o Diretor de fresco Coren em » Espanha.
Carne de porco Duroc, sem antibióticos e com certificado de bem-estar animal.
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No dia em que fizemos esta reportagem (3 de março) estava a sair o ultimo lote de maturação efetuado com a carne suspensa. A partir desta data toda a carne é maturada na horizontal.
... As investigações do Grupo Coren envolveram muitos técnicos e muitos quilos de carne em experiências ininterruptas, durante mais de dois anos.... Numa sociedade de ritmo acelerado, claro que há clientes para a carne SELECTA, mas não pode ser vendida com a carne de porco branco. Supermercados e talhos não podem usar o mesmo marketing que usam para a carne de porco branco. Têm que utilizar o marketing adequado a este tipo de carne. É muito importante, porque a carne SELECTA também tem que ser um bom negócio para o talhante. É uma carne que deve ser vendida com mais-valia. É importante, promover este produto aos seus clientes como um produto diferenciado, e não por uma questão de preço. E o nosso conhecimento, diz-nos que, gradualmente, os clientes assimilam a mensagem e depois de provarem, aprovam sem reservas. A carne de porco SELECTA tem um preço mais elevado, é verdade, porque é um produto completamente diferente, tem sustentabilidade, tem sabor, qualidade, é natural, tem todos os atributos para seduzir um cliente atento, que prefere pagar um pouco mais mas comer carne que lhe dá prazer a comer, sem ser aos preços da chamada comida sofisticada ou gourmet. O consumidor sabe o que quer, está bem informado, na hora de comprar e decidir. Leva em consideração o bem-estar animal, sustentabilidade, meio-ambiente e resistência ao antibióticos. Quer comer carne com tranquilidade. Quer saber que a carne que » consome foi criada da forma mais natural possível.
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: : Coren : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
A opinião de um especialista O Talho Avenida é um dos talhos mais antigos e conceituados da cidade Matosinhos, sobejamente conhecido pela qualidade dos seus produtos, “A carne de porco SELECTA é realmente muito boa. Se pudesse só vendia desta carne. É mais
A nossa opinião SELECTA, carne maturada de porcos, a partir de raças rústicas e selecionadas que favorecem a infiltração de gordura, alimentadas a cereais e castanhas, tranquilamente ao ar livre. As peças são submetidas a um processo de maturação dry aged, por um período de tempo em dry aged com controlo de câmaras temperatura e humidade. Por razões óbvias, comprometemo-nos a não divulgar os valores. O produto final oferece uma carne diferenciada, suave, tenra, suculenta e saborosa. Sinceramente, ficamos impressionados com toda a cadeia da carne de porco Selecta.
cara mas vale bem a diferença. E quando explicamos ao cliente que tipo de carne é, o cliente confia em nós depois de provar não quer outra coisa”, sublinha Américo Monteiro, proprietário do Talho Avenida.
A Coren também propõe ao consumidor, o conceito da “etiqueta limpa”, ou seja, produtos sem glúten, lactose, corantes e conservantes. Coren comercializa 5 qualidades de suínos diferentes: raça branca, SELECTA, Ecológico, Duroc e Ibérico, completamente limpos de antibióticos. Todos os produtores de suínos da Galiza, associados ao Grupo Coren representam 380.000 fêmeas.
Coren abate cerca de 15.000 porcos por semana. Mais de 50% são diferenciados, entre os quais 4.500 são SELECTA, o restante divide-se entre ecológicos, Duroc e porco preto.
Mais que um conceito ou uma operação de marketing, a carne de porco SELECTA é uma bandeira de qualidade. Um exemplo de criatividade, que põe à disposição do consumidor mais qualidade e o prazer de comer...
No final da nossa reportagem, tivemos oportunidade de provar esta carne no restaurante Esteban, em Sanguiñeda de Mos, na Galiza perto das instalações da Coren, onde nos serviram uma costeleta de carne de porco maturada SELECTA com dois dedos de altura. O receio de uma carne seca e mal passada, dissipou-se com a primeira garfada. Apesar da altura das costeleta, estava no ponto, muito saborosa, tenra e suculenta. A textura é suave e delicada com um ligeiro trago doce, que lhe confere um toque selvagem mas, sem a aquela intensidade persistente. Mais que um conceito ou uma operação de marketing, a carne de porco SELECTA é uma bandeira de qualidade. Um exemplo de criatividade, que põe à disposição do consumidor mais qualidade e o prazer de comer.
Link para catálogo: http://www.frigolouro.es/nuestros_productos/frescos/
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“Mais simples, moderna e com um maior apoio à agricultura baseada no conhecimento”
A nova Política Agrícola Comum (PAC), foi divulgada pela Comissão Europeia para o período 2021-2027. Apresenta como base a simplificação, modernização e num maior apoio à agricultura baseada no conhecimento e na ciência, com foco no meio ambiente e alterações climáticas e, por uma preocupação cada vez maior, numa distribuição mais justa e eficaz dos apoios. O desenvolvimento rural e a aplicação de um novo sistema de pagamentos diretos continuarão a ser os elementos prioritários e basilares da nova PAC, sendo os financiamentos à investigação e inovação, desenvolvimento rural e bio-economia deverão registar um aumento das taxas de cofinanciamento nacional. Dentro de uma linha que não foge da tradicional, a nova PAC tem como principais objetivos melhorar a competitividade e
orientação para o mercado, a redução do impacto das alterações climáticas, o incremento da proteção da biodiversidade, o apoio à renda agrícola e à resiliência das explorações, bem como o desenvolvimento sustentável e a gestão de recursos naturais. Mais uma vez, a Comissão Europeia acende a luz das grandes expectativas num comunicado, no mínimo, inspirado num qualquer conto de fadas onde o herói vive da agricultura, é próspero e feliz, ao afirmar que a nova PAC poderá (poderá...) gerar um impacto positivo no emprego, crescimento e redução da pobreza nas zonas rurais, sendo que estes desígnios serão conseguidos à custa da implementação dos pilares prioritários da futura PAC, como o apoio ao jovens agricultores, o conhecimento, e o incremento da aplicabilidade da tecnologia às culturas e ao mundo rural, viabilizando a resiliência das explorações agrícolas consubstanciada no
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incremento do financiamento à investigação. As expectativas são grandes vindas de um organismo que desde sempre esteve envolto em polémicas e casos de corrupção. Ademais, a União Europeia estabeleceu uma ampla lista de objetivos veiculados a diversos tipos de intervenção sobre o ar, água, solo e biodiversidade, instrumentalizando a PAC pós-2020 como veículo indutor do reforço de proteção do meio ambiente e da mitigação da ação climática. Os agentes e toda a envolvente do meio agrícola esperam que a nova PAC venha reforçar os instrumentos e apoios disponíveis, que em alguns casos se revelaram claramente insuficientes e redundantes no esforço de crescimento dimensional e financeiro dos agentes económicos que operam no setor agrícola. »
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Segundo a investigação, Andrej Babis (atual primeiro-ministro da República Checa), beneficiou, indevidamente, de mais 40 milhões de euros.
Escândalo com fundos da PAC em países de leste Uma investigação de longo prazo, levada a cabo entre 2019 e 2020, conduzida em nove países por vários jornalistas concluíram que, grande parte das ajudas e subsídios da PAC destinados aos agricultores foram desviados a favor de oligarcas dos países de leste.
A investigação também mostrou que uma verdadeira máfia agrícola prospera nesses países, graças a um sistema de corrupção, inclusive ao mais alto nível do estado. Este dinheiro da PAC, essencial para a sobrevivência de milhares de agricultores europeus, é assim capturado por um grupo de protagonistas e não é usado para apoiar, desenvolver ou fazer transição para a agricultura europeia. Os desvios apontados por esta pesquisa foram bem identificados por certos economistas interessados na dinâmica da "captura regulatória". A investigação revela a existência de uma fraude maciça nos subsídios agrícolas
europeus. Está concentrada nos países do Oriente, onde máfias agrícolas reais operam ataques maciços aos subsídios europeus. A investigação também revela um sistema de corrupção em larga escala, inclusive nos ministérios ou nos círculos mais próximos, a fim de possibilitar esses desvios. Andrej Babis (atual primeiro-ministro da República Checa), assim, beneficiou, através de várias empresas, de mais de 40 milhões de euros em subsídios em 2018. Mas a Comissão Europeia só exige o reembolso de 17 milhões de euros por “ajuda indevida”. Na Hungria, o governo de Viktor Orbán cedeu "milhares de hectares de terras públicas a membros de sua família, incluindo um amigo de infância que se tornou um dos homens mais ricos do país", apurou-se. Só na Bulgária, 100 estruturas jurídicas coletam mais de 75% de toda a ajuda da PAC ... Nesta investigação, os jornalistas apontam que "os subsídios agrícolas europeus são usados para apoiar as oligarquias locais e
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produzir a versão moderna de um sistema feudal corrupto". A ajuda e os subsídios são assim capturados por uma elite política e seus comparsas, eleitos ou próximos a líderes políticos, que tomaram posse de terras agrícolas, anteriormente exploradas no âmbito dos sistemas coletivistas desses países do leste. Estes desvios impõem a manutenção de um campesinato sem terra, explorado por essas grandes estruturas agrícolas. Finalmente, a pesquisa questiona os limites do sistema da PAC, enfatizando que não permitiria que os fundos fossem direcionados para uma transição agrícola sustentável. Os subsídios, indexados ao tamanho das fazendas, favorecem o surgimento de enormes complexos agroindustriais operando com relativamente poucos empregos e de acordo com os chamados modos "convencionais" de exploração.
Fonte: Le monde
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: : A nova Política Agrícola Comum : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
Para que serve a PAC? A política agrícola comum é um dos pilares históricos da política europeia. É um sistema de orientação, regulamentação e apoio à agricultura e aos agricultores dos estados membros da UE. Oficialmente entrou em vigor em 1962 e assenta em dois pilares: o primeiro diz respeito ao apoio a preços e mercados agrícolas (o pilar histórico da PAC); o segundo concentra-se no desenvolvimento rural. Com um orçamento anual de mais de 60 bilões de euros, a PAC, historicamente representa o maior item do orçamento (cerca de 40% do orçamento europeu). É, novamente e acima de tudo, conhecido pelo público em geral pelo que não é mais: um sistema para regular os volumes e, indiretamente, os preços dos produtos agrícolas e alimentares. Porque, desde a década de 1990, os vários setores foram desregulados, deixando a agricultura europeia em contato direto com os mercados agrícolas mundiais, onde os preços são estabelecidos pelo mercado concorrencial da oferta e da procura. Nesta competição global e desigual (certos Estados que apoiam ou subsidiam sua agricultura mais ou menos sem mencionar os custos de mão-de-obra e produção), a PAC atua cada vez menos como um amortecedor ou um para-vento, como foi o caso da passado. Espera-se que no próximo período 2021- 2027 os objetivos por vezes contraditórios possam ser cumpridos: garantir a orientação da produção agrícola, manter um nível relativo de suficiência alimentar e levar em conta as mudanças ambientais necessárias - falamos em "esverdear" a PAC.
Maiores possibilidades de desvio? No momento em que foram revelados os contornos da futura PAC (2021-2027), os riscos de desvios estão mais do que nunca presentes. A próxima PAC funcionará com maior subsidiariedade - e, portanto, com mais descentralização. Muitos especialistas falaram logicamente da "renacionalização" da PAC. Isso significa concretamente que os Estados encontrarão mais espaço para manobras e decisões, O que lhes permitirá decidir não ao mais alto nível europeu, mas de forma regional decidindo a seu bel-prazer os critérios da disponibilização dessa ajuda. Isso arrisca deixar aos prevaricadores ainda mais oportunidades de operar impunemente, na ausência de controlo direto da União Europeia.
Um olhar teórico sobre os desvios da PAC A investigação revela duas coisas essenciais: a apropriação indevida de fundos agrícolas europeus e a apropriação desses fundos por um punhado de atores descritos como "oligarcas". Esses comportamentos chocantes são apenas meios surpreendentes e, infelizmente, ocorrem noutros setores. O que está em questão aqui é a apropriação indevida em benefício exclusivo de
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ajuda pública, que deve beneficiar um coletivo ou uma comunidade. É uma forma extrema e possante de comportamento oportunista. Bem analisados pela "teoria da agência", esses comportamentos nocivos são possíveis pela existência de assimetrias de informação. Existem brechas, informações ausentes ou sem análise e com enormes deficiências »
: : A nova Política Agrícola Comum : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
no controlo em diferentes níveis do sistema (europeu e nacional) que indivíduos inescrupulosos podem desviar fundos destinados à comunidade agrícola para seu próprio proveito. É um facto! A assimetria de informação manifesta-se de maneira muito concreta em cada situação em que um indivíduo (ou uma organização) não possui todas as informações necessárias e suficientes para verificar se outro está realmente realizando a ação solicitada e com o nível de qualidade exigida. É o caso do indivíduo que mete o carro no mecânico: não sendo mecânico, é impossível ter certeza de que o último executou corretamente os reparos e não tentou enganá-lo. As organizações e indivíduos acusados na investigação conseguiram tirar proveito das falhas do sistema. Sem informações adequadas, os sistemas de verificação e controlo não podem ser efetivamente exercidos. Quanto à corrupção, condenável, parece relativamente lógico e racional para as pessoas que a implementam: é um custo, ou melhor, um investimento, cujo benefício deve ser maior do que os riscos incorridos.
Direito de inventariar Estas revelações mostram a PAC sob uma nuvem negra muito espessa, revelando um sistema político agrícola em conluio onde predominam a prevaricação, as relações e a corrupção, privando milhares de camponeses dos fundos essenciais para sua sobrevivência econômica. Diante de tal observação, é urgente que a futura PAC deve, portanto, estabelecer mecanismos efetivos para controlar esses fundos, a fim de
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combater esses comportamentos oportunistas e, assim, permitir que esses subsídios sejam direcionados àqueles que mais precisam e a iniciativas prioridades (transição ecológica, por exemplo). Trata-se de implementar um direito real de inventário da atual PAC, para que esses abusos não ocorram mais, sob pena de minar definitivamente um dos pilares mais poderosos da política europeia.
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Animais mais saudáveis e sustentáveis significam seres humanos mais saudáveis A Organização das Nações Unidas (ONU), como parte de seus objetivos intergovernamentais de desenvolvimento sustentável, debruçou-se sobre o tema da industria pecuária, analisando a incontornável questão do conflito entre os impactos ambientais da pecuária e a procura de uma população global crescente de quase 10 biliões, em 2050, em carne, ovos e lacticínios. Um facto, que exigirá um aumento da produção de proteína em cerca de 50% dos níveis atuais. Tradicionalmente, ruminantes como bovinos, ovinos e caprinos têm servido e continuarão a desempenhar um papel valioso em sistemas
agrícolas sustentáveis, como em África. Fornecem grandes volumes de alimentos de alto valor nutritivo e utilizam ingredientes alimentares de baixo valor. Os ruminantes são particularmente úteis na conversão de vastos recursos renováveis de pastagens naturais, pastagens e resíduos de culturas ou outros subprodutos em alimentos comestíveis para seres humanos. No entanto, têm algum impacto adverso no meioambiente. Já não são os 17% que alguns, sem quaisquer dados científicos, anunciavam aos quatros ventos. Estudos credíveis e científicos, revelam que poluição provocada pela pecuária
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aproxima-se mais dos 7%. E muitos cientistas já lhe chamam a poluição positiva. Trata-se de alimentar a humanidade! É sabido que bovinos e ovinos, por exemplo, produzem vários gases de efeito estufa e libertam nitrogénio e fósforo no ambiente, o que numa situação extrema, pode contribuir adversamente na qualidade do ar, aquecimento global e poluição do solo e da água. No entanto, também sabemos que o fósforo é um elemento essencial para o desenvolvimento biológico de plantas e animais. Os animais já existem muito antes
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do Homem e, obviamente, muito antes do advento do mercado de fosfatos alimentares produzidos quimicamente, já que quantidades significativas de fósforo já se encontram naturalmente disponíveis na alimentação dos animais. Naturalmente preocupados com as questões ambientais, todas as entidades científicas ligadas à criação de animais têm desenvolvido enormes esforços para descarbonizar a produção animal e criar animais de forma sustentável. E o caminho é na melhoria fundamental da sustentabilidade, melhorando a produção de ruminantes. Maior produção de leite e carne de ruminantes reduz o número de animais necessários. Isso, por sua vez, reduz os requisitos de alimentação e a consequente poluição ambiental. Existe uma margem considerável para melhorar a eficiência das vacas leiteiras na União Europeia, o que ajudará na sustentabilidade. Existe uma margem considerável para melhorar a eficiência da vaca leiteira na UE, uma vez que existem fortes contrastes entre os países da UE. Os maiores rendimentos anuais podem ser encontrados na Dinamarca, Suécia, Estônia, Finlândia e Portugal (entre 8.278 e 9.361 kg por cabeça) e os mais baixos na Romênia, Bulgária e Croácia (de 3.343 a 4.566 kg por cabeça). Melhorar a eficiência da produção na Romênia, Bulgária e Croácia certamente poderia reduzir o número de vacas necessárias para a produção de leite. As orientações politicas futuras são para melhorar a qualidade nutricional da carne e do leite, monitorizar a saúde dos ruminantes sem antibióticos e desenvolver o uso de novos ingredientes alimentares, como madeira, microalgas, insetos, conforme demonstra a pesquisa da “Animal Pharm”.
em grandes volumes que não podem ser consumidos diretamente pelos seres humanos. Um aspecto crucial da nutrição de ruminantes é que uma grande proporção da maioria das dietas de ruminantes são várias forragens, como feno, silagem ou erva fresca. Esse fato tem sido frequentemente negligenciado nas avaliações do papel dos animais na produção de alimentos.
A carne, especialmente a carne bovina, é uma boa fonte de proteína numa dieta equilibrada e de micronutrientes como ferro, selênio, vitaminas A, B12 e ácido fólico. O ferro tem uma alta biodisponibilidade quando derivado da carne, especialmente para crianças. O leite e outros alimentos lácteos, principalmente o queijo, também fornecem nutrientes importantes, como cálcio, magnésio, proteína e gordura.
Globalmente, são necessários menos de 3,0 kg de pastagem para produzir 1,0 kg de carne a partir de ruminantes e menos de 1,0 kg de pastagem por kg de leite. Os ruminantes, tanto bovinos como vacas leiteiras, historicamente também têm sido os principais consumidores de subprodutos das indústrias de alimentos e biocombustíveis.
Na realidade, os ruminantes produzem mais alimentos humanos por unidade de alimento comestível consumido, porque a maior parte deles é obtida a partir de materiais produzidos
O papel dos fosfatos alimentares Então, de onde vêm os alimentos para animais? Com cerca de três milhões de toneladas, o setor de fosfato para alimentação
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animal é menor em comparação aos fertilizantes com fosfato, mas fornece um componente significativo da procura global, estimada em cerca de 48 milhões de toneladas de nutrientes, e é um fator ainda mais forte em países específicos, por exemplo, quando observamos o comércio de ácido fosfórico na Europa ou nas Américas (Brasil, México), além de Rússia, China e outros países do Sudeste Asiático para importação. Como os fosfatos para ração são uma indústria relativamente específica, é ainda menos transparente que os fertilizantes. Uma quantidade significativa é enviada ao redor do mundo em contentores e não a granel. Em conclusão, a estrutura da indústria de fosfatos para alimentação tende a ter menos intermediários, com mais produtores vendendo diretamente aos usuários como parte de um pacote mais amplo de serviços.
Fonte: "Diretório de Relatórios e Projetos Especiais” de Alan Bullion
: : Covid–19 : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
Setor de carnes no fio da faca? A Covid-19 desencadeou uma transformação na vida dos cidadãos e na maneira como as pessoas compram comida. Por um lado, o medo da interrupção da cadeia de alimentos, por outro, o risco dos trabalhadores serem infetados ou, ainda, pelo surgimento de problemas logísticos, razões suficientes para agonizar o comércio internacional, obrigando o mercado global da carne a seguir em várias direções. Hoje, a questão pertinente é a seguinte: como é que o mercado está a reagir à situação, e como é que os intervenientes da cadeia de
fornecimento estão a lidar com a situação? Em alguns países, o preço da carne caiu acentuadamente enquanto que noutros permaneceram firmes ou até aumentaram. Os mercados são diferentes e reagem de maneira diferente. Assim, como o mercado de produtos transformados são desiguais – com os preços da carne bovina e suína a sofrer danos em muitas partes do globo, enquanto que o frango e os ovos aumentaram de preço com o anuncio da pandemia, vindo a estabilizar nas semanas seguintes. Enquanto isso, as empresas de carne adotaram medidas de contingência, na maioria dos casos,
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mais rígidas que as exigidas e empenharamse em enfatizar o seu compromisso de fornecer os mercados e evitar a escassez de produtos nas prateleiras dos pontos de venda. Nalguns casos, este compromisso foi afetado pela rápida disseminação do Covid-19 que levou os consumidores abastecerem-se de forma exacerbada, criando problemas de logística. De facto, quando a OMS Organização Mundial de Saúde anunciou o estado de pandemia a nível global, causou uma corrida aos supermercados, em praticamente todos os países do mundo ocidental e não só. »
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Europa Na Europa, aumentou a tensão e as diferenças sociais são cada vez mais evidentes. As medidas para controlar a Covid-19 não foram concertadas, alterando uma série de aspectos na vida dos cidadãos, inclusivamente, como se compra e consome alimentos. O encerramento de restaurantes e cadeias de fast-foof aumentou a pressão o setor de carnes, particularmente, o mercado de bovinos que viu os preços caírem abruptamente, causando graves problemas aos produtores. No velho continente, o mercado de suínos reagiu de forma muito variável – em parte por causa dos desenvolvimentos na China, o maior destino de exportação da União Europeia. As exportações de carne de porco enfrentaram algumas interrupções em fevereiro, as medidas de controlo de doença causaram problemas logísticos nos portos e fronteiras do gigante asiático. Neste momento, a situação está normalizada e paira no ar um certo otimismo de que a China, mais uma vez, ajudará a elevar os preços e compensar as perturbações observadas na própria Europa.
“Houve uma corrida muito forte aos supermercados no inicio da pandemia...”
Enquanto isso, o setor avícola revelou robustez face ao impacto da Covid-19. Face ao confinamento e ao corte de rendimentos, as famílias consomem mais frango, ovos e cortes de frango (pernas, asas, peitos). Em muitos países europeus as prateleiras dos supermercados ficaram regularmente vazias de produtos de frango desde que os bloqueios da Covid-19 foram implantados. Em Portugal, o preço médio da carne de frango aumentou e o preço máximo teve o seu auge no final do mês de março, principio de abril, convergindo em seguida para um preço mais baixo e estável.
Preocupações da força de trabalho Perante tantos desafios, o mais temível é, sem margem de dúvida, a disseminação do Covid-19 entre os trabalhadores. As empresas ativaram planos de contingência mas correm sempre o risco de a Covid-19 se disseminar entre os trabalhadores. Por exemplo, na Irlanda do Norte, os funcionários de uma unidade transformadora, a Moy Park, em protesto exigiram medidas de proteção. Os trabalhadores da fábrica de Moy Park, em Portadown, Irlanda do Norte, fizeram uma paralisação pela falta de medidas para combater a disseminação do COVID-19, de
Se houve escassez nos lineares dos supermercados, não foi por falta de produto. O pico de procura criou alguns problemas de logística.
Na Europa, aumentou a tensão e as diferenças sociais são cada vez mais evidentes. acordo com um relatório da Belfast Telegraph. O oficial regional do sindicato, Sean McKeever, disse que o sindicato tentou garantir compromissos para garantir um distanciamento social mínimo de dois metros entre os trabalhadores, além de outras medidas para permitir o controle de infecções, mas essas propostas foram rejeitadas. Por sua vez, os produtores de gado irlandeses pediram medidas rápidas de apoio para enfrentar a turbulência provocada pelo
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Covid-19 que registou fortes quedas, nos preços pagos pelos bovinos e ovinos. Os governos europeus encerraram fronteiras e são pressionados para que estas medidas não perturbem o fornecimento de cereais, ração animal e outros produtos para a agricultura. Ao mesmo tempo, os atrasos nas fronteiras aumentaram a pressão sobre o comércio de gado vivo, provocando queixas de grupos de bem-estar animal e eurodeputados. Desta forma, o setor de carnes enfrenta mais uma vez uma série de desafios que põe em »
: : Covid–19 : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
Embora condicionados, os estabelecimentos de comércio a retalho não encerraram como aconteceu com muitas outras atividades.
risco a cadeia de fornecimento, no entanto, a industria de carnes garantiu, mesmo nos momentos de maior procura, e quase ruptura, o fornecimento pleno.
calamidade destas mostraram uma disposição impressionante para enfrentar esta situação”, sublinhou Lars Albertsen, Diretor de Vendas Globais da Danish Crown Pork.
Em meados de março, a Comissão Europeia publicou diretrizes sobre como encontrar um equilíbrio para combater a pandemia e, ao mesmo tempo, proteger as cadeias de fornecimento essenciais sem interrupções.
Quando se trata de mercados, Albertsen é pragmático “não há necessidade de entrar em
pânico. Os preços baixaram, mas não há nada que indique que não subam”, concluiu. A empresa germânica Tonnies, comunicou que está bem preparada para lidar com a atual pandemia – prometendo manter o mercado alemão totalmente abastecido com carne e transformados. Ao mesmo tempo, porém, »
A visão das empresas No reino da Dinamarca, as unidades industriais de carnes criaram mais turnos a elaborar por mais tempo mas, com menos trabalhadores, para que houvesse mais espaço entre os mesmos. A empresa Danish Crown, afirma que se ajustou aos padrões de compra do consumidor. “Estamos confiantes, porque basicamente as pessoas precisam de comer. Vimos uma grande mudança nas vendas. As vendas baixaram, quase pararam mas, atualmente, verifica-se um aumento acentuado de consumo nos supermercados. Mantemos a empresa a funcionar graças a uma equipa de funcionários excelentes que face a uma
Apicarnes – Associação Portuguesa de Industrias de Carnes alertou que as pequenas e médias empresas do setor registam quebras até 80% devido à crise da Covid-19, afastando o fantasma da falta de produtos, mas defendendo a criação de linhas de tesouraria pontuais.
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afirma que “a procura pelo canal exportação foi atingido pela incerteza internacional. Como resultado da Covid-19, é previsível que não se tire o máximo rendimento das carcaças de suíno, dado que algumas partes do animal, menos nobres, só têm procura nos mercados externos”, conclui o comunicado. Por seu lado, a gigante Vion, com sede nos Países Baixos, refere que o Covid-19 “está a criar grandes incertezas para 2020. A rotatividade de produtos de conveniência como carne picada e os produtos de longa duração estão a aumentar em comparação aos produtos mais nobres e de mais valia, para não dizer mais luxuosos. Estas mudanças, têm grande impacto nos valor da carne, fazendo com que a relação entre os preços de compra e de venda também se alterem”, refere o comunicado da empresa. Embora a Covid-19 tenha causado interrupções abruptas nas vendas na Ásia, a Vion defende que o continente continua a oferecer oportunidades em 2020, em parte devido ao persistente surto de Febre Suína Africana, na China e nos países limítrofes. Enquanto isso, a BMPA – British Meat Processors Association, refere que uma procura acentuada da carne picada de bovino, deixou uma série de outros cortes que, agora, se tornam mais difíceis de vender. “Mesmo congelada, só se vende em promoção”
que se assistia ao aumento de desemprego e de recessão económica com os incontornáveis danos a todos os níveis. Prevê-se que o impacto será muito grave, dado que a produção de carne nos EUA baixou para níveis recordes. Em toda a cadeia, são visíveis os sinais de enfraquecimento e os comerciantes temem que o racionamento possa voltar, se mais unidades de processamento forem forçadas a fechar por causa do surto da Covid-19. A Olymel S.E.C., gigante das carnes no Canadá, comunicou recentemente que encerraria uma unidade de abate de suínos por 3 ou 4 semanas depois de 9 trabalhadores testarem positivo com Covid-19. A JBS USA anunciou o encerramento de uma unidade e a redução temporária de outra, por razões semelhantes. Nos Estados Unidos, esta e outras empresas optaram por oferecer bónus aos trabalhadores para mitigar o medo e a desconfiança mas, segundo as associações profissionais do outro lado do Atlântico, se a disseminação da Covid 19 se prolongar, é muito provável assistir-se ao encerramento de mais unidades industriais de carne. Questionado sobre o impacto da Covid-19 nos
padrões de compra do consumidor, André Nogueira, CEO da JBS USA, referiu no inicio de abril que o Grupo não teria dificuldades em se adaptar à nova realidade de consumo. “A mudança é muito simples: os restaurantes fecham e os consumidores comem mais em casa, consequentemente, a compra de alimentação acentua-se nos pontos de venda e na grande distribuição. O encerramento de pontos de venda de produtos alimentares é residual, irrelevante e penso que não haverá impacto nas margens, em geral - dado que o consumo total não muda”, acrescentou. »
“Estamos confiantes, porque basicamente as pessoas precisam de comer. Vimos uma grande mudança nas vendas. As vendas baixaram, quase pararam mas, atualmente, verifica-se um aumento acentuado de consumo nos supermercados...
A Associação de Industriais avisa que o preço será mais baixo, o que torna inútil continuar com o processo de transformação, a menos que o preço do gado fique substancialmente mais barato. “Neste cenário, o problema começa logo nos portões das explorações, com os agricultores lutando para vender os seus animais a um preço que, pelo menos, cubra as suas despesas”, alerta a BMPA.
América do Norte Tensões semelhantes são evidentes na América do Norte, onde os preços de carne e de gado têm sido voláteis nas última semanas, à medida que os mercados reagem à rápida disseminação da Covid-19. Como em tantas partes do globo, nos EUA o segundo maior fornecedor de frango do mundo, o preço deste subiu à medida que os consumidores correram aos supermercados para encher os seus frigoríficos. Após o impacto inicial, os preços de alguns outros tipos de carne começaram abrandar à medida
Como sempre, qualquer recessão global afetará menos o mercado do frango do que as carnes concorrentes, devido à sua acessibilidade relativa.
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América do Sul Os “Frigoríficos” brasileiros, inicialmente, foram muito otimistas quanto aos impactos da Covid-19, minimizando as preocupações com as exportações, destacando que o mundo precisa de comprar carne brasileira, mesmo diante de uma pandemia. Esta visão foi apoiada pelos dados da exportação que mostraram que as exportações brasileiras de carne bovina, suína
e aves tiveram bom desempenho em fevereiro, apesar dos problemas logísticos nos portos chineses. Entretanto, o aumento do número de casos de covil-19 no próprio Brasil, alterou os padrões de consumo. Embora o confinamento é aconselhado mas não obrigatório, existe já uma grande parte dos restaurantes em modo de take way ou delivery e, subsequentemente, os consumidores
a fazer a maioria das suas compras em supermercados e comércio tradicional. Isto causou uma certa volatilidade - embora os preços se tenham mantido melhor do que em muitos outros países. Ao mesmo tempo, os fornecedores sulamericanos beneficiaram das recentes alterações cambiais, com a queda acentuada do real, a moeda brasileira, mantendo os preços do gado competitivos, e o preço da carne acessível nos mercados globais.
No comércio tradicional houve um ligeiro aumento de preços.
A Minerva, terceira maior empresa de carne bovina do país, suspendeu as operações em algumas das suas unidades industriais. Mas, a líder de mercado, JBS, prometeu fazer todo o possível para manter os mercados abastecidos com carne. O Grupo argumenta que está bem preparado para enfrentar os desafios colocados pela Covid-19, com a evidente expectativa que a procura chinesa continue forte nos próximos meses. Argentina e Uruguai parecem ter sido mais afetados por problemas logísticos nos portos chineses – as exportações ressentiramse logo em fevereiro. Mas à medida que a situação melhora na China, os exportadores
destes dois países parecem, agora, mais preocupados com os mercados europeus, onde o encerramento de restaurantes e hotéis prejudica substancialmente a procura dos chamados cortes de carne “Hilton”, de alta qualidade. Como quase em todo o mundo ocidental, também na América do Sul os matadouros e as unidades industrias de carnes, correm o risco de encerrarem. No entanto, os sindicatos no Uruguai estão divididos sobre se devem pedir aos trabalhadores que abandonem as preocupações com a segurança ou apoiem os esforços para manter as instalações abertas para limitar o risco de escassez de alimentos.
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Austrália Até meados de março, o preço do gado contrariava a tendência de queda observada em muitas partes do mundo, pelo contrário, o preço subiu acentuadamente entre o inicio de fevereiro e meados de março mas, já recuaram nas ultimas semanas, sugerindo que os mercados estão no inicio de alguma turbulência consequente de algumas incertezas que prevalecem noutros pontos do globo. A “boa” notícia para os exportadores australianos de carne vermelha é que viram a sua competitividade impulsionada pelo enfraquecimento do dólar australiano em relação ao seu homólogo americano. A par »
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disso, os exportadores australianos de carne de bovino foram os primeiros a beneficiar do recente alivio dos problemas logísticos nos portos chineses. Todavia, alguns exportadores são vulneráveis ao tráfego aéreo, já que certos produtos à base de carne são normalmente enviados como carga “à boleia” nos navios de passageiros. Embora a maior parte da carne vermelha ainda seja enviada como frete marítimo, os aviões ganham protagonismo para responder a certos mercados e clientes que desenvolveram cadeias de fornecimento e canais de marketing voltados para produtos refrigerados de entrega rápida.
... As exportações australianas de frete aéreo de carne vermelha valiam, em 2019, 823 milhões de dólares americanos – três vezes mais que o valor registado em 2009, de acordo com a Meat Livestock Austrália....
As exportações australianas de frete aéreo de carne vermelha valiam, em 2019, 823 milhões de dólares americanos - três vezes mais que o valor registado em 2009, de acordo com a Meat Livestock Austrália. A carne de bovino, particularmente, o comércio de carcaça de ovino refrigerado para o Oriente médio, foi responsável por quase metade dessa receita de exportação.
China e India. A China com 1,4 bilhão de habitantes, foi onde a Covid-19 surgiu pela primeira vez. O impacto inicial do surto - já para não falar da forma tardia como o governo chinês lidou com a epidemia - foi agravado pelo facto de colidir com o Ano Novo Lunar, que normalmente é um período alto de consumo de carne vermelha. Em reação tardia, o governo bloqueou portos e instalações de processamento, interrompendo a produção local de carne assim como as importações. A situação melhorou, desde então, com as empresas a reabrir gradualmente à medida que a situação, aparentemente, voltava à normalidade. O WH Group, o maior grupo de empresas de carne de porco do mundo, com posições de liderança na China, Estados Unidos e nos principais mercados da Europa, afirmou através de um comunicado solicitado pela revista Carne à sua sede em Hong-Kong, que “as medidas de recuperação anunciadas pelo governo estão a estimular a recuperação da produção chinesa de suínos e que dentro de 5 a 6 anos a China será praticamente auto suficiente em produção de suínos”. Com a Covid-19 e com as complicações causadas pela Febre Suína Africana, a empresa continua cautelosa e afirma que incrementou as operações no setor de aves para reduzir a exposição a problemas no setor suíno.
...a industria garantiu os fornecimentos de carne, mesmo nos momentos de maior risco de ruptura...
Em 2020, os efeitos de sobreposição de crescimento económico lento, à escala global, relações geopolíticas arriscadas, insistência do surto de Febre Suína Africana e a pandemia de Covid-19 “será completamente administrável sob avaliação atual. No entanto, somos muito cautelosos quanto ao desenvolvimento mais recente e às implicações posteriores da epidemia”. Acrescenta o comunicado. Enquanto isso, os mercados globais de carne na India (com mais de 1,3 bilhão de habitantes) foram infetados por informações incorretas da Covid-19. Os rumores de que a doença está ligada ao consumo de carne de aves provocaram uma queda acentuada pela procura de frango e ovos, o que fez com que os preços caíssem drasticamente. A India também viu as exportações de carne de búfalo caírem, à medida que os pedidos secaram nos países afetados pela Covid-19.
Reação nas empresas portuguesas Apicarnes – Associação Portuguesa de Industrias de Carnes alertou que as pequenas
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e médias empresas do setor registam quebras até 80% devido à crise da Covid-19, afastando o fantasma da falta de produtos, mas defendendo a criação de linhas de tesouraria pontuais. Carlos Ruivo, presidente da associação, em declarações à Lusa, referiu que as empresas mais afetadas “são as que vendem no retalho tradicional, e que têm clientes como restaurantes, cafés e hotéis”. De acordo com este responsável, o impacto é ainda agravado pelo encerramento dos mercados tradicionais. Perante estas dificuldades, muitas empresas estão a considerar recorrer ao layoff simplificado (redução de horário de trabalho ou suspensão de contratos), medida, avançada pelo governo, que a associação elogia, embora reconheça que não é suficiente. Neste sentido, ouvimos a opinião de vários responsáveis de empresas do setor das carnes, desde frango, passando pela venda de carne de suíno e bovino, carne fresca, transformados, fornecedores de restauração coletiva e matadouros. »
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fecho das aulas e como a maioria dos nossos funcionários são senhoras, o apoio à família retirou-nos muita mão-de-obra”. Refere Dinis Santos. Kilom, é uma empresa do Grupo Valouro, líder na apresentação de soluções diversificadas e abrangentes de produtos que vão desde os tradicionais cortes de frango passando pelos pré-cozinhados e produtos pronto-a-comer. Ouvimos a opinião de Dinis Santos, CEO, desta empresa com mais de meio-século de existência. “Há dois canais muito importantes: um, é o canal das churrasqueiras que caiu muito e está a 30%, ou menos. O outro, é a moderna distribuição. Nos supermercados houve uma corrida muito forte no inicio da pandemia mas, entretanto, abrandou. Não temos falta de produto, mas temos dificuldade em transformar os produtos por falta de mãode-obra. Não temos capacidade para fazer os cortes (pernas, peitos, asas...) e suprir as necessidades dos supermercados. Na Kilom temos cerca de 200 trabalhadores e, neste, momento, temos cerca de 40% em casa, o que é bastante significativo. Com o
VARN é uma empresa pertencente ao Grupo Vítor e Vítor, grupo que iniciou a sua atividade em 1978. Opera no mercado de comercialização e distribuição de carnes, entre outros (Ver reportagem alargada na revista Carne # 187). A VARN tem 8 lojas de venda ao público em Lisboa e arredores. “Nas lojas, a queda é relativamente pequena, mas na nossa unidade central a quebra foi muito significativa. Fornecemos o canal Horeca e a restauração coletiva e, nestes dois canais, a queda foi abrupta”, começou por dizer Nelson Duarte, Diretor-geral de produção.
e vão ter que procurar alternativas para gerir melhor o seu orçamento doméstico e o frango é um produto barato que rende muito no seio de uma família”, concluiu o CEO da Kilom.
“Perante a crise da Covid-19, o preço do frango não subiu nos supermercados. Realmente, subiu um pouco no comércio tradicional porque havia muita procura e o mercado reagiu”, acrescentou. “As nossas perspectivas tem muito a ver com o que vai acontecer em termos de abertura de mercado, penso que vai haver uma pequena abertura mas, a abertura de uma das principais partes onde se consome muito produto, a restauração, vai ser lenta e gradual. Estou expectante. “O consumo de frango vai aumentar mas é pelo preço, porque é o produto mais barato e abrangente e as pessoas vão-se refugiar no frango. O custo de vida vai ter muita influencia no consumo, as pessoas vão ter menos rendimentos
Temos algum pessoal de férias e estamos na expectativa da eventual abertura do mês de maio. É uma situação muito difícil que queremos contornar da melhor maneira para os mais de 200 trabalhadores mas, não descartamos a possibilidade de aderir às medidas layoff se a situação se complicar”, concluiu Nelson Duarte, responsável da unidade central.
“O preço da carne de bovino desceu pouco, a descida acentuou-se mais na carne de suíno e o frango desceu muito. No final do mês de março esteve particularmente caro mas agora já está muito barato” referiu. “A quebra na unidade central, é que é mais grave, chega aos 80%. Fornecemos empresas de restauração coletiva que fornecem, diariamente, milhares de refeições. Os refeitórios das escolas também pararam e as fábricas de grande produção também. »
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“Carnes Campicarn S.A. está a trabalhar em pleno. A empresa tem nos seus quadros 150 trabalhadores. Na Carnes Campicarn S.A. não foi adotada o layoff, nem se prevê que venha a ser necessário. Os efeitos do confinamento ou apoio à família não são relevantes. ”, começou por referir Manuel Martins, CEO, da empresa. “A nossa empresa está certificada pela norma BRC FOOD SAFETY, desde 2016, com classificação AA em 2020, cumprindo um vasto e rigoroso conjunto de requisitos diários de higiene e segurança alimentar. Com a pandemia COVID – 19, a empresa reforçou a vigilância para cumprimento escrupuloso das regras em vigor e adotou um exigente Plano de Contingência de Prevenção e Mitigação de Impactos da COVID – 19”. Acrescentou. “Os resultados registados pela nossa empresa no primeiro trimestre do ano ultrapassaram as previsões, tendo-se verificado um aumento do volume de negócios quando comparado com o período homólogo de 2019. Perante
a incerteza dos efeitos socioeconómicos gerados pela pandemia COVID – 19, é difícil, ou pelo menos de um enorme risco, fazer qualquer antecipação de cenários. Se por um lado perspetivamos a manutenção do volume de vendas, por outro estamos cientes de que “cada semana será uma semana” de ação/ reação ao comportamento do mercado. Certa é, no entanto, a execução do nosso plano de investimentos e expansão projetados para 2020”, concluiu Manuel Martins.
...Os resultados registados pela nossa empresa no primeiro trimestre do ano ultrapassaram as previsões...
Criada em Julho de 1977 no lugar de Landeiro, Vila Nova de Famalicão, lugar ao qual fica a dever a sua designação, a Carnes Landeiro nasceu como matadouro de suínos, tendo evoluído para uma moderna unidade industrial, que congrega linhas de abate, para suínos e bovinos, linhas de desmancha e desossa, e uma unidade de transformação de carne, onde são produzidos todos os produtos de charcutaria do vasto leque da oferta tradicional Portuguesa.
Estamos a trabalhar com a totalidade dos nossos trabalhadores que são 150. Inicialmente, houve um pico de vendas mas semanas depois assistimos à reação natural: quebra de 10 a 15%.
“Estamos a trabalhar com a totalidade dos nossos trabalhadores que são 150. Inicialmente, houve um pico de vendas mas semanas depois assistimos à reação natural: quebra de 10 a 15%. Dado que trabalhamos muito para o comércio tradicional, prevejo uma quebra no mês do maio, devido ao desemprego e à situação de layoff
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de milhares de pessoas que vão ficar com os seus rendimentos diminuídos. As famílias fazem os seus orçamentos e tentam gerir da melhor maneira. A carne de bovino caiu cerca de 20% mas mesmo assim, as famílias, encontram outras formas mais baratas de se alimentarem. Além disso, a Páscoa é uma época festiva em que se consome mais e, desta vez, esse aumento de consumo não aconteceu e, portanto, as minhas expectativas para o mês de maio não são muito animadoras. Sabemos que este período é muito difícil e dentro das circunstâncias estamos todos envolvidos a dar o nosso melhor”, explicou Hugo Carvalho, » CEO, da Carnes Landeiro.
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A Industria de Carnes Labruge desenvolve a sua atividade na área da transformação de carnes desde 1975, dedicando-se ao abate de suínos, corte e desossa de carcaças de suíno, fabrico de produtos à base de carne e entreposto de carnes frescas e congeladas. “Fomos extremamente severos com o nosso plano de contingência. Substituímos os doseadores de desinfectantes por novos com sensor. Adquirimos novo vestuário de trabalho que depois de vestido só se vê os olhos, medimos a temperatura duas vezes ao dia e criamos uma sala de confinamento no caso de ser necessário”, referiu David Mendes, Responsável de Produção de Carnes Labruge. “Sentimos uma quebra muito acentuada do canal Horeca que é uma fatia muito importante da nossa faturação e, consequentemente, tivemos que agilizar horários, ou seja, ajustamos os nossos horários: metade da equipa trabalha numa semana, a outra metade trabalha na outra. A nossa quebra é superior a 40%.
Há 45 anos que nasceu a Grazicar, fundada por Duarte Grazina que decidiu seguir seu pai e avô na área de abate e processamento de suínos. A Grazicar começou por ser uma pequena empresa estabelecida em Alguber conselho do Cadaval com 4 colaboradores, que abatia entre 10 a 15 suínos por mês. Hoje a Grazicar abate cerca de 2000 suínos por semana, com colaboradores especializados no ramo que contribuem para este facto, tornando assim a Grazicar uma empresa reconhecida a nível nacional.
Quanto ao mês de maio e junho, sinceramente, não me preocupam. Uma empresa que não consegue garantir os ordenados dois ou três meses, é porque alguma coisa vai mal. Estou preocupado é com outubro e com a eventual 2ª vaga de Covid-19 que possa aparecer e aí é que pode ser fatal para muitas empresas”, concluiu o responsável.
Quanto ao mês de maio e junho, sinceramente, não me preocupam. Uma empresa que não consegue garantir os ordenados dois ou três meses, é porque alguma coisa vai mal...
Estamos a fazer o melhor possível para mitigar a situação, por vezes, utilizando os dias de férias....
“O nosso mercado caiu cerca de 40 a 50% dado que o nosso maior volume de vendas é feito através do comércio tradicional e canal Horeca. Não vamos colocar pessoal em layoff e conto que dentro de dois meses as coisas começam a voltar calmamente à normalidade, uma normalidade diferente, é certo, mas uma normalidade que nos dá alguma esperança e estou confiante. Estamos a fazer o melhor possível para mitigar a situação, por vezes, utilizando os dias de férias. Temos conversado bastante e os nossos trabalhadores compreendem.
Temos trabalhadores há mais de 20 anos, somos uma família e é como se costuma dizer: todos dão a camisola! Nós, como responsáveis temos que fazer todos os possíveis para criar
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as melhores condições para as pessoas que trabalham connosco. É isso que estamos a fazer.”, sublinhou Vítor Grazina, administrador da empresa. »
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Salsicharia Estremocense, empresa familiar com mais de 35 anos de história, é hoje uma referência no setor agroalimentar nacional, e um agente cada vez mais relevante no panorama internacional. “Estamos a trabalhar em pleno com os nossos 130 colaboradores. Não é nossa intenção aderir ao layoff nem a qualquer outra situação e o número de trabalhadores que estão em casa por apoio à família é residual”, começou por dizer Mário Arvana, Gerente e Marketeer da empresa. “No inicio da pandemia houve um decréscimo das encomendas das grandes superfícies porque, segundo percebi, as ordens eram só para comprar produtos de primeira necessidade, nos quais os nossos produtos não se enquadram. Esta posição durou poucas semanas e neste momento as grandes
Conclusões Prever o que acontecerá nos mercados globais de carne é particularmente difícil de momento, pois depende dos esforços para controlar a Covid-19 e da forma como os mercados reagem no período de recuperação. Sem vacina ou antídoto o fantasma de uma segunda vaga paira no ar e assusta os mercados. Se a China conseguir impedir uma segunda onda do vírus, mais uma vez, ajudará a alimentar a cadeia de fornecimentos e limitará qualquer queda de preços. A Febre Suína Africana continua e a Covid-19 adia esforços para reconstruir a capacidade de produção na China. Isto deve sustentar a importação chinesa para todos os tipos de proteína animal, no próximos tempos.
superfícies estão a fazer as suas encomendas regularmente. A maior quebra foi realmente no canal Horeca, no nosso caso a quebra foi superior a 20%. Temos os produtos Gourmet Vara Negra muito apreciados por restaurantes e hotéis, onde se destaca naturalmente o nosso presunto de porco preto alentejano criado a campo no Alentejo, e neste momento como restaurantes e hotéis estão de portas fechadas, reduzimos a produção destes produtos mais gourmet. As nossas perspetivas para os meses que se seguem são muito prudentes, mas temos que acreditar que melhores dias virão”, concluiu.
A Porminho nasce em 1984, da vontade de Alcino e Olinda Freitas, como um pequeno projeto comercial e industrial de carnes, o qual tomou maior expressão, volvidos alguns anos, na criação de uma unidade de abate própria. 30 anos após a sua fundação, a Porminho já com a segunda geração da família na Administração, é hoje uma empresa que conquistou o seu lugar no mercado por mérito próprio. “Estamos a trabalhar com menos 10% - que estão em casa por apoio à família - dos 250 trabalhadores que fazem
parte da empresa, e adotamos um plano de contingência muito rígido que pode ser observado no nosso site (www.porminho. pt); começou por sublinhar Tiago Freitas, Administrador da Porminho.
Como os mercados se vão desenvolver noutras partes do mundo depende muito da sua capacidade de suprimento. Os EUA aumentam a produção de proteína animal, deixando-a mais vulnerável a choques do lado da procura. Por outro lado, os produtores brasileiros limitaram a expansão, deixando-os menos expostos a possíveis problemas de excesso de oferta, pelo menos, numa analise teórica.
relativa. No entanto, novas interrupções no comércio global podem dificultar os produtores de frango que não são favorecidos pelos consumidores da Europa e América do Norte. Da mesma forma, os exportadores de carne suína e bovina podem ter dificuldade em maximizar a margem por carcaça se as vendas para a Ásia forem interrompidas de novo.
Os exportadores norte-americanos também serão prejudicados pelos recentes movimentos das taxas de cambio, que viram o seu dólar fortalecer-se face à moeda dos concorrentes diretos: América de Sul e Austrália. Como sempre, qualquer recessão global afetará menos o mercado do frango do que as carnes concorrentes, devido à sua acessibilidade
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Em termos de mercado, o canal Horeca foi responsável pela queda de 40% das nossas vendas, quer diretamente, quer pelas vias tradicionais, na minha opinião mais a sul do país do que a norte. Seja como for a quebra é muito significativa. Em termos de grandes superfícies estamos a trabalhar muito bem até porque a grande distribuição está a trabalhar em pleno. Em relação ao próximos meses estou na expectativa mas confiante”, concluiu.
O setor das carnes está focado em manter os trabalhadores saudáveis e impedir novas paralisações nas fábricas de processamento de carne – situação que aconteceu em Portugal, num caso pontual (Marinhave) - ao mesmo tempo que pressionam as autoridades para manter as cadeias de fornecimento ativas para que a carne possa continuar a chegar aos consumidores.
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Poluição versus pecuária Este novo corona vírus, o SARS-CoV2, que disseminou por todo o planeta a doença Covid-19, transformando-se rapidamente numa pandemia que, perante uma crise gigantesca de saúde pública e de emergência sanitária, tem levado os governos de todo o mundo a decretar estados de exceção e de emergência, que têm confinado nas suas residências centenas de milhões de cidadãos, encerrado escolas, estabelecimentos comerciais, fábricas e empresas dos ramos de atividade não essenciais. Este brusco e nunca visto abrandamento das atividades humanas, teve como consequência
uma redução imediata das emissões de gases tóxicos, especialmente visível nas grandes cidades e áreas metropolitanas, com a paragem ou redução dos transportes rodoviários movidos a combustíveis fósseis, transportes públicos e veículos particulares, mas também a aviação comercial, com uma redução do tráfego aéreo de cerca de 90% a 95%, bem como a paragem da esmagadora maioria dos navios de cruzeiro. As consequências da da atividade humana possibilitaram às internacionais, como
gigantesca paragem sobre os territórios diversas agências a NASA e a ESA,
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monitorizar quebras muito significativas dos níveis de C02 e de gases tóxicos de nitrogénio (NOX), e obtiveram-se imagens comparativas, entre o antes e o depois destas restrições que têm permitido confirmar, na prática, que sim, é possível tornar as cidades ambientalmente mais sustentáveis, com níveis de qualidade do ar compatíveis com as necessidades humanas. ESA (Agência Espacial Europeia) tem muitas e variadas imagens que nos demonstram o que já sabíamos: a pecuária não é de perto nem longe o fator mais poluente da humanidade como certas organizações e ideologias anticonsumo de carne nos querem impingir. »
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Mito: A pecuária tem maior impacto que os transportes para as alterações climáticas
vamos começar pelo principio e vamos avaliar de forma detalhada.
Texto: João Júlio Cerqueira in SCIMED
Tudo começou com uma famigerado relatório da FAO designado Livestock Longshadow. Neste relatório, a conclusão principal e que encheu os “defensores dos animais” com lágrimas de pura alegria foi que a produção global de carne era responsável por 18% das emissões de gases de efeito-estufa, um pouco mais do que todos os carros, comboios e aviões do mundo juntos. O problema é que o relatório estava cheio de erros de avaliação. Tanto, que teve direito a um contraditório científico (Clearing the air: Livestock’s Contribution to Climate Change) a desfazer todos os erros metodológicos identificados. O artigo é longo, tem mais de 30 páginas, mas o erro fundamental foi a comparação de coisas completamente
“Estima-se que a produção de animais seja responsável pela emissão global de cerca de 14,5% dos gases poluentes de estufa, ao passo que todos os transportes no mundo são responsáveis por 13% dessa emissão global, comparativamente. Esta é a estimativa mais conservadora. Outros relatórios indicam que o valor total das emissões da agropecuária pode alcançar os 51%”. A pecuária é a atividade mais poluente é um dos “greatest hits” dos defensores dos animais e veganos. Defendem que esse impacto é mesmo superior aos transportes. Bom, mas
Desfazer a completa mentira dos 51% Não satisfeitos com os números, a Worldwatch publica um relatório onde nos diz que o relatório da FAO não vai suficientemente longe (é verdade….). Concluem que a agropecuária contribui com 51% das emissões de equivalentes de dióxido de carbono. O engraçado é perceber que este relatório, não sujeito a revisão interpares, foi escrito por Robert Goodland e Jeff Anhang, dois veganos. (Mas que informação dramática…) Depois da publicação desta comédia de relatório, surgiram vários artigos a desmistificar e condenar o mesmo. O artigo “ The impact of use of animals as livestock on global warming” de Stephen Walsh, que foi vice-presidente da UK Vegan Society, descarta o estudo para canto, acusando-o de usar
“fraca ciência” (um vegano moderado! Boa!). “Livestock and greenhouse gas emissions: The importance of getting the numbers right, elaborado por diversos cientistas, destrói o relatório. E o artigo “ Climate Chicanery do blog “From animal to meat explica os pontos mais relevantes de forma simplificada. Mas por alguma razão, apesar dos vários sinais de alerta, os crentes fanáticos não se coíbem de o citar. Vamos ver os pontos mais relevantes. Primeiro, os autores referem que o relatório da FAO não incluiu a respiração do gado como fonte de emissões de CO2. A respiração, ok? O ar que a vaca exala. Como o CO2 que os seres humanos emitem quando expiram. Ou seja, o simples facto das vacas estarem vivas. O problema nesta abordagem é que os autores “esquecem-se” de um pequeno pormenor. O
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distintas. Enquanto que do lado dos animais foi calculado tudo o que os investigadores possam ter imaginado (desde o cultivo de rações, gases libertados pelos animais, os vários processos industriais envolvidos na produção e entrega de carne e produtos lácteos), do outro lado, ao avaliar o impacto dos transportes, apenas incluíram a emissão de gases do efeito-estufa dos combustíveis queimados pelos transportes. Não consideraram o impacto da construção do transportes e da manutenção desses mesmos transportes, assim como das vias em que circulam (estradas, ferrovias e aeroportos). Se consideraram todos os factores possíveis e imagináveis para contabilizar os gases efeitoestufa produzidos pelos animais então, para uma comparação justa, deviam fazer o mesmo do lado dos transportes.
CO2 é um produto residual do metabolismo. No caso das vacas, elas comem as plantas e transformam as mesmas em energia e numa série de subprodutos como o CO2 e Metano que depois libertam. No entanto, se as plantas não forem comidas pelos animais, serão digeridas por insectos ou bactérias no solo que acabarão por libertar na mesma o carbono para a atmosfera. Esse processo vai acontecer inevitavelmente. A planta vai crescer, morrer, decompor-se e libertar o carbono que absorveu da atmosfera de volta para a atmosfera, seja realizado pela vaca ou por outros seres vivos. E se é para fazer esse tipo de contabilização, então teria que ser contabilizado o CO2 exalado pelos seres humanos e outros animais. E Goodland e Anhan negligenciaram essas outras fontes de CO2 exalado. »
: : Ambiente : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
... Se os animais fossem completamente removidos da agricultura e da dieta dos Estados Unidos (EUA), que é dos países que mais consome carne, as emissões seriam reduzidas em 2,6%
Depois os autores abordam a utilização da terra. Dizem que a FAO contabiliza a desflorestação causada pela agropecuária, mas referem que a estimativa é muito baixa porque não conta as emissões de todas as terras pré-existentes usadas para sustentar o gado, que poderiam ser usadas para cultivar biocombustíveis. Seria como dizer que não contabilizaram a minha casa-de-banho como um emissor de gases de efeito-estufa porque não cultivo biodiesel na sanita ou no bidé. Outra questão que se levanta nesse relatório é a forma como contabilizaram o metano, que é um equivalente de CO2 libertado pelas vacas. Sabemos que o metano é um gás com efeito-estufa muito mais potente que o CO2. No entanto, enquanto o CO2 fica na atmosfera
durante 20-200 anos, está comprovado cientificamente que o metano fica cerca de 12 anos convertendo-se depois em CO2. Ou seja, no curto prazo tem muito impacto, mas no longo prazo nem por isso. Portanto, quanto menor o tempo escolhido para analisar a evolução dos gases efeito-estufa na atmosfera, maior será o impacto deste gás para o aquecimento global. Goodland e Anhang sugerem que, em vez de usar o prazo de 100 anos proposto pela FAO (e o habitualmente utilizado por todas as agências dedicadas ao tema), se utilize uma análise a 20 anos. Isso triplica o impacto aparente das emissões de metano quando convertidas em unidades equivalentes de CO2. Não é que esteja incorreto, mas isso leva a uma alteração das escalas utilizadas e não torna
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comparável as conclusões dos dois relatórios, já que avaliam coisas diferentes. Ou seja, é brincar às estatísticas e utilizar a que dá mais jeito. Mas não só. Quando os autores contabilizam o metano, não fazem a recalibração das emissões de metano de outros animais que não o gado, dizendo que isso exige “mais trabalho”. Assim como fizeram com as emissões respiratórias de CO2, eles inflacionam as emissões de metano emitidas pelos animais de pecuária, negligenciando as emissões de metano provenientes de outras fontes. Então, brincando às estatísticas, dão a impressão que as emissões de metano do gado é astronómica, já que não fizeram qualquer tipo de correção. »
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Finalmente, os autores têm uma categoria “outros” para as diversas emissões que afirmam que a FAO subestima. A justificação para aumentar as estimativas dessas “outras” categorias é o argumento que a FAO utilizou informações antigas – a partir dos anos 90 e início dos anos 2000. Sabemos que a quantidade de gado aumentou desde então, então sabemos que as emissões do gado também devem ter aumentado, argumentam os autores. Sim, é verdade. No entanto, também sabemos que os chineses estão a conduzir muito mais carros, então as emissões de CO2 provenientes dos transportes também aumentaram. E também estamos a voar mais e a consumir mais vestuário e smartphones… Logo, se os autores pretendiam capturar com “mais precisão” as emissões do gado mais recentes também precisavam de contabilizar todas essas outras categorias de emissões, dado que a apresentação dos números é relativa às emissões totais de equivalentes de CO2 e não absoluta. Mas não me parece que tenha sido essa a intenção dos autores.
Conclusão: Nem sequer era preciso escrever este texto todo para demonstrar, baseado nos outros relatórios existentes e nos números que apresentam, que este relatório é uma “anormalidade” que não deve ser levada a sério. Veganos fanáticos a serem veganos fanáticos.
Vamos supor que acabavam os animais. Qual seria o verdadeiro impacto na emissão de equivalentes de CO2? Um erro habitual neste tipo de avaliações é esquecer-se de contabilizar o impacto das medidas de compensação para substituir o produto que deixamos de produzir. Ou seja, as vacas desaparecem, alguma coisa vem em lugar delas. Se deixa de usar lã, vai usar outra coisa em vez de lã. Se deixa de comer carne, vai comer outra coisa que não carne. Só considerando ambas as parcelas conseguimos ter uma visão realista do impacto ambiental de determinadas medidas. E, pelos vistos, acabar com as vacas não tem o impacto que os veganos e ambientalistas fanáticos pensam. Se os animais fossem completamente removidos da agricultura e da dieta dos Estados Unidos (EUA), que é dos países que mais consome produtos animais, as emissões nos EUA seriam reduzidas em 2,6% no total de gases de efeito-estufa produzidos (ou seja, em 28% das emissões provenientes da agricultura americana). Isto acontece devido à necessidade
...Nesta avaliação o gado, juntamente com o estrume, contribuem no total com 6.5% para este efeito... de substituir fertilizantes de animais (estrume) por fertilizantes sintéticos. Além disso, o gado recicla alimentos não comestíveis pelos seres humanos e subprodutos de processamento de fibras, convertendo-os em alimentos comestíveis para humanos, alimentos para animais de estimação e produtos industriais. Tudo isto precisaria de ser gerido. E tem um custo associado. Outra coisa que é necessário contabilizar é a existência de diferenças brutais na contribuição dos animais para os gases efeitoestufa, dependendo dos sistemas de criação. A FAO assume que é possível reduzir em 30% o impacto ambiental da criação animal apenas alterando a forma como se cria os animais, a alimentação utilizada, como se produz esse alimento (principalmente reduzindo a aplicação de fertilizantes sintéticos) e como se faz a gestão do estrume. Ou seja, trabalhando na eficiência de produção. Isto sem falar nas soluções que passam pela edição genética, como abordamos parcialmente aqui ou recorrendo a novas técnicas como acrescentar a alga Asparagopsis
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taxiformis à ração, que poderá eventualmente reduzir a produção de metano emitido pelas vacas entre 80 e 99%. Ou seja, há várias formas de dar a volta à questão para lá das habituais cantigas “temos que deixar de comer carne” ou qualquer variação desta música.
Conclusão Depois de apresentados os factos de uma forma mais abrangente, pensem se é possível, sequer, os animais serem os maiores contribuidores para os gases efeito-estufa. E antes que me chamem “Beef Shill“, vou virar o bico ao prego. Sempre que um fanático ambientalista, vegano com défice de B12 ou defensor dos direitos dos animais distorce os números relacionados com a contribuição dos animais para os gases efeitoestufa, os tipos do petróleo e do carvão têm um orgasmo mental. É que os combustíveis fósseis contribuem com 64% dos gases de efeitoestufa de origem antropogénica e em países desenvolvidos esse valor chega a ultrapassar os 80%, onde supostamente o veganismo “resolveria o problema” já que somos os grandes consumidores de produtos animais.
: : MATURAÇÃO DE CARNES : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
PROCESSo DA MATURAÇÃO DE CARNES ... O estágio de carcaças após o abate por 8 a 14 dias sob temperaturas de 0 a 21Cº é uma prática de há muitos anos e permanece como um importante procedimento na produção de carne macia... O processo de maturação da carne, constitui uma tecnologia de extrema importância, para além de melhorar as características organolépticas e sensoriais da carne, assim como a tenrura, o sabor ou a suculência, implica maior aceitação pelo consumidor e aumentar valor acrescentado. O processo que consiste em manter a carne fresca a uma temperatura superior ao ponto de
congelação (1,5Cº) é chamado de maturação e torna a carne mais macia e aromática, sendo essa mudança devida sobretudo à atividade enzimática. O estágio de carcaças após o abate por 8 a 14 dias sob temperaturas de 0 a 21Cº é uma prática comum de há muitos anos na Europa e permanece como um importante procedimento na produção de carne macia e no desenvolvimento de sabores característicos da maturação.
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Propriedade das carnes maturadas As propriedades da carne de maior interesse para o consumidor são extremamente influenciadas pelas condições físicas impostas aos animais nos últimos dias de vida e à carcaça nas primeiras horas após o abate. Após a morte do animal, ocorrem algumas mudanças bioquímicas e biofísicas como, alterações na homeostasia, na »
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Aproximadamente 65 a 80% do amaciamento que ocorre durante o processo de maturação das carnes bovinas verifica-se durante os primeiros 3 a 4 dias após o abate do animal.
circulação sanguínea, na contribuição de oxigênio e na temperatura do músculo. Como consequência dessas alterações, ocorre um declínio do pH, do ATP (energia química muscular), e um aumento na rigidez do músculo. Esse fenômeno, conhecido como rigor mortis, ocorre devido à formação das ligações permanentes entre os filamentos (proteínas) de actina e miosina. Durante o acondicionamento da carne sob temperaturas de refrigeração, processo conhecido como maturação, a rigidez causada pelo rigor mortis começa a diminuir. Dessa forma, a manutenção de carcaças ou cortes cárneos sob temperaturas de refrigeração por períodos prolongados tem sido utilizada para se alcançar uma textura satisfatória. É aceite pelos investigadores que grande parte do aumento da tenrura, senão toda, é oriunda da degradação de determinadas proteínas miofibrilares por protéases endógenas do músculo. Dentre essas protéases, as dependentes de cálcio ou calpaínas, são as melhores candidatas como responsáveis por um possível mecanismo de degradação proteolítica de miofibrilas durante o estágio post mortem. O amaciamento que ocorre na carne durante o período de refrigeração das carcaças é um processo bioquímico que envolve a quebra das proteínas estruturais das miofibrilas musculares. Dentre os mecanismos envolvidos no processo de
maturação das carnes, a degradação das proteínas miofibrilares parece ser o mais importante. Vários sistemas enzimáticos presentes no músculo esquelético têm sido responsabilizados pela degradação das proteínas miofibrilares no período post mortem. Esses sistemas incluem o complexo multicatalítico de protéases, as catepsinas e as calpaínas.
Tipos de sistemas enzimáticos O primeiro sistema atua preferencialmente em peptídeos, em pH neutro ou alcalino e à temperatura de 45Cº, apresentando por isso pouca importância. O segundo sistema, as catepsinas encontram-se retidas nos lisossomas. Existem de 15 a 20 catepsinas envolvidas na proteólise do músculo, sendo as catepsinas B, L, S e D as mais importantes para o amaciamento da carne. Uma característica importante dessas catepsinas é que atuam até num pH mais baixo que as calpaínas e degradam não só proteínas miofibrilares, mas também exercem ação sobre as proteínas do tecido conjuntivo (colágeno). Porém, por permanecerem retidas dentro dos lisossomas das fibras musculares, parecem não serem libertadas durante o período post mortem. As calpaínas, portanto, parecem ser as enzimas mais atuantes no processo de amaciamento das carnes. O sistema calpaínas é composto pelas
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calpaínas 1 e 2 e pelo seu inibidor específico, a calpastatina. As calpaínas são enzimas sarcoplasmáticas dependentes de cálcio e têm sido identificadas em várias espécies. A quantidade de cálcio requerida para a atividade dessas enzimas varia entre as espécies e o tipo de tecido, sendo que a calpaína 1 requer baixos níveis ou micromoles de cálcio e é bastante efetiva em amaciar a carne logo após o abate (até 6-10 horas), quando o pH cai de 6,8 para aproximadamente 5,7. Já a calpaína 2 requer níveis mais elevados ou milimoles de cálcio. Este processo é ativado quando o pH está em torno de 5,7 e é responsável pela continuidade do processo de amaciamento, estando ativa em torno das 16 horas post mortem e assim permanecendo por longos períodos. A atividade das calpaínas é regulada pelo seu inibidor, calpastatina. Os níveis de calpastatina variam consideravelmente entre as espécies e entre os diferentes músculos dos animais produtores de carne. A atividade da calpastatina medida após 24 horas de armazenamento a 1 Cº está relacionada com a maciez final da carne.
Atenção com a temperatura Quanto maior é a ação da calpastatina, menor a atividade das calpaínas e, consequentemente, menor é a maciez da carne. Nalgumas raças de bovinos geralmente apresentase mais dura, mesmo depois de submetida a um longo período de acondicionamento sob refrigeração. A explicação para esse fenômeno é a elevada atividade de calpastatina e a reduzida atividade das calpaínas nesses animais. Aproximadamente 65 a 80% do amaciamento que ocorre durante o processo de maturação das carnes bovinas verifica-se durante os primeiros 3 a 4 dias após o abate do animal. A temperatura é o fator de maior importância na maturação e, com o tempo, são as únicas variáveis que influenciam a maturação e que podem ser controladas. Ou seja, menores temperaturas de refrigeração durante a maturação resultam em carne menos macia, e maiores temperaturas podem acelerar intensamente a ação enzimática natural na carne fresca e a extensão do amaciamento. Bibliografia: Carlos Santos e Cristina Roseiro Instituto Nacional de investigação Agrária e Veterinária (INIAV) “Role of calpain system in meat tenderness: a review” Z.F.BhataJames D.MortonaSusan L.MasonaAlaa El-Din A.Bekhitb
a-Department of Wine Food and Molecular Biosciences, Faculty of Agriculture and Life Sciences, Lincoln University, Lincoln, 7647, Christchurch, New Zealand b-Department of Food Sciences, University of Otago, P.O. Box 56, Dunedin 9054, New Zealand
: : SEGURANÇA DOS ALIMENTOS : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
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Nova modalidade de Preenchimento e Envio de IRCA (Informação Relativas à Cadeia Alimentar)
de Bovinos
Este esclarecimento pretende divulgar as novas regras de preenchimento e envio da Informação Relativa à Cadeia Alimentar (IRCA) de bovinos pela exploração de origem dos animais para o operador de destino.
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NOVO CAMPO “DECLARAÇÃO IRCA” NO FORMULÁRIO DO IDIGITAL DE EMISSÃO DE GUIAS DE CIRCULAÇÃO DE BOVINOS
A partir de 10/02/2020 o formulário do IDigital de emissão de guias de circulação de bovinos passou a contemplar um novo campo designado “Declaração IRCA” cujo objetivo, segundo o IFAP, é facilitar o envio da “Informação Relativa à Cadeia Alimentar” (IRCA) da exploração de origem dos bovinos para o operador de destino. No novo campo “Declaração IRCA” consta uma lista de condições que, no caso de serem todas cumpridas por todos os animais enviados ao abrigo da guia de circulação, permite que o detentor assinale o campo com “Sim” e seja gerada automaticamente uma declaração anexa com o texto das condições cumpridas. As condições acima referidas são as constantes do quadro Declaração IRCA da figura abaixo:
Declaração IRCA Todos os animais constantes nesta guia satisfazem as condições de Informação Relativas à Cadeia Alimentar - IRCA referidas no documento anexo a esta guia de movimentação nos termos do Reg. Nº 853/2004 Cada animal está corretamente identificado. A exploração não está sujeita a restrições de movimento por motivos de saúde animal e/ou outra condição de saúde pública. Não foram administrados medicamentos veterinários nem outros tratamentos aos animais nos últimos 6 meses enquanto estiveram nesta exploração nem em explorações anteriores ou os produtos veterinários ou outros tratamentos administrados nos últimos têm intervalo de segurança nulo e não têm influência na deteção de doenças/afeções dos animais e a sua vida de administração não provoca alterações visíveis nas carcaças. Tanto quanto é do meu conhecimento, os animais não sofrem de qualquer doença ou condição que possa afetar a segurança da carne obtida. Não foram realizadas análises de amostras colhidas em animais da exploração para detetar qualquer doença a segurança da carne ou a substâncias suscetíveis de provocar resíduos na carne. Os dados de produção não revelaram qualquer indicação de presença de doença. Não foram emitidos nos últimos 30 dias relatórios relevantes de inspeção antemortem e post-mortem (IRIM) em animais provenientes da mesma exploração pelo Médico Veterinário Oficial dos matadouros onde tais animais tenham sido abatidos. Todos os animais se movimentam sem ajuda e foram carregados sem ferimentos ou sofrimentos indevidos. Se os animais constantes desta guia satisfazem todas as condições de informação Relativa à Cadeia Alimentar IRCA acima indicadas, responder “Sim”. Se os animais constantes desta guia não satisfazem todas as condições de informação Relativa à Cadeia Alimentar - IRCA acima indicadas, responder “Não”. Preencher o Modelo IRCA (06/IRCA/DIS) e anexar esta guia.
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REGRAS DE PREENCHIMENTO DO NOVO CAMPO “DECLARAÇÃO IRCA” O preenchimento do campo “Declaração IRCA” funciona do seguinte modo: A. Guias de circulação fechadas: • No caso de todos os bovinos transportados ao abrigo da guia de circulação cumprirem todas as condições mencionadas no campo “Declaração IRCA” da guia de circulação, o detentor de origem pode responder “Sim” ao campo “Declaração IRCA” e não necessita de enviar IRCA no modelo 06/IRCA/DIS para o destino, bastando imprimir a guia de circulação com as folhas onde consta a Declaração IRCA. Deverá assinar a última página desta declaração nos casos em que exista campo para isso (guias fechadas emitidas por posto SNIRA ou Serviços Oficiais - assinatura pelo detentor de origem na última página da declaração IRCA do original da guia de circulação). O Anexo com a Declaração IRCA terá o mesmo número de referência que a guia em questão. • No caso de pelo menos 1 dos animais transportados não cumprir todas as condições mencionadas no campo “Declaração IRCA” da guia de circulação, o detentor de origem deve responder “Não” ao campo “Declaração IRCA” e inserir no iDigital a digitalização da IRCA preenchida no modelo 06/IRCA/DIS, juntando se necessário outros documentos (ex: registo de medicações, relatórios IRIM, boletins analíticos, plano profilático). O modelo IRCA 06/IRCA/DIS deverá ser assinado pelo detentor de origem ou seu representante e enviado para o destino. • No caso das movimentações em vida entre explorações, aplica-se o acima referido mas a IRCA pode ser enviada noutros documentos que não o modelo 06/IRCA/DIS desde que as informações relativas à cadeia alimentar constantes do modelo 06/IRCA/DIS constem desses documentos (ex: registo de medicação, relatórios IRIM, boletins analíticos, plano profilático). • No caso de a guia de circulação não ser preenchida no iDigital pelo detentor de origem (ex: emitida por Posto SNIRA ou Serviços Oficiais), o técnico responsável pela emissão da guia deverá confirmar, antes da emissão da guia, que lhe foi disponibilizado pelo detentor de origem a informação necessária. Só deverá ser emitida a guia com a indicação “Sim” no campo “Declaração IRCA” se o detentor de origem assim o pretender. Caso contrário, deverá ser selecionada a opção “Não” e deverá ser inserida no sistema o modelo 06/IRCA/DIS preenchido ou outra informação adequada no caso de movimentos entre explorações, conforme acima referido.
B. Guias de circulação abertas: O campo “Declaração IRCA” só deve ser preenchido no momento de envio dos animais para o destino e deve ser feito de acordo com o referido acima. • Se todos os animais cumprirem todas as condições mencionadas no campo “Declaração IRCA”, o detentor deverá enviar para o destino, junto com a guia de circulação aberta, o Anexo IRCA que foi emitido quando a guia de circulação aberta foi descarregada do iDigital. • Se pelo menos 1 dos animais transportados não cumprir todas as condições mencionadas no campo “Declaração IRCA”, o detentor de origem deve preencher o modelo 06/IRCA/DIS e enviar para o destino » junto com a guia de circulação aberta.
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ANIMAIS PROVENIENTES DE CENTROS DE AGRUPAMENTO, FEIRAS OU PRAÇAS DE TOUROS Relativamente às Guias de Circulação de animais provenientes de centros de agrupamento, feiras ou praças de touros, o procedimento deverá ser semelhante ao que se fazia anteriormente, com as seguintes adaptações: • Se a guia de circulação que acompanhou os animais da exploração de origem para o centro de agrupamento/feira/praça de touros tiver o campo “Declaração IRCA” preenchido com “Sim” - o centro de agrupamento/feira/praça de touros deve juntar à sua guia de circulação a cópia da guia de circulação e respetivo anexo “Declaração IRCA” da exploração de origem; • Se a guia de circulação que acompanhou os animais da exploração de origem para o centro de agrupamento/feira/praça de touros tiver o campo “Declaração IRCA” preenchido com “Não” - o centro de agrupamento/feira/praça de touros deve juntar à sua guia de circulação a cópia da IRCA que acompanhou os animais da exploração de origem para o centro de agrupamento/feira/praça de touros.
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NECESSIDADE DE ENVIO DE MODELO 06/IRCA/DIS PARA BOVINOS DESTINADOS A ABATE SANITÁRIO, ABATE VOLUNTÁRIO DE ANIMAIS DE EXPLORAÇÕES NÃO INDEMNES E ABATE DE EMERGÊNCIA • No caso da emissão de guias de circulação para abate imediato para efeitos de abate sanitário ou abate voluntário de animais de explorações não indemnes, os Serviços Oficiais responsáveis pela emissão da guia deverão escolher a opção “Não” no campo
“Declaração IRCA” e o Modelo 06/IRCA/DIS devidamente preenchido pelo detentor dos animais deverá seguir junto com a Guia de circulação para o matadouro. • No caso de envio de animais abatidos de emergência na exploração ou destinados a abate de emergência no matadouro, o detentor de origem deve responder “Não” ao campo “Declaração IRCA” e inserir no iDigital a digitalização da IRCA preenchida no modelo 06/ IRCA/DIS, juntando se necessário outros documentos (ex: registo de medicações, relatórios IRIM, boletins analíticos, plano profilático). O modelo IRCA 06/IRCA/DIS deverá ser assinado pelo detentor de origem ou seu representante e enviado para o destino.
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NECESSIDADE DE ENVIO DE IRCA EM MOVIMENTOS DE BOVINOS ENTRE EXPLORAÇÕES O Anexo I do Regulamento (CE) nº 2074/2005 define os requisitos respeitantes às informações relativas à cadeia alimentar, tal como se refere na Secção III do Anexo II do Regulamento (CE) no 853/2004. A Secção I deste Anexo estabelece que os operadores do sector alimentar que criam animais destinados a expedição para abate devem assegurar que as informações relativas à cadeia alimentar referidas no Regulamento (CE) no 853/2004 são devidamente incluídas na documentação referente aos animais expedidos, para que o operador responsável pelo matadouro em causa a elas tenha acesso. Considerando que as informações relativas à cadeia alimentar devem incluir os dados relativos aos tratamentos veterinários efetuados nos últimos 6 meses antes do abate dos animais e também a problemas
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DESDE 1985
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sanitários que possam ter ocorrido durante a criação dos animais que possam influenciar a segurança das carnes, é de extrema importância que essa informação seja transmitida de exploração para exploração no ato de transferência de animais de produção, pois os animais poderão ser apresentados para abate pela exploração de destino nos 6 meses subsequentes à transferência e o operador irá necessitar dessa informação para completar a IRCA que irá enviar ao matadouro. De acordo com o estipulado no artigo 83.o do Decreto-Lei nº 148/2008 republicado pelo Decreto-Lei nº 134/2009 e que estabelece o regime jurídico a que obedece o uso de medicamentos veterinários, é interdita a deslocação, a alteração de detentor ou o abate de animais durante o tratamento ou antes do final do intervalo de segurança fixado para o mesmo. É assim importante que o detentor de destino tenha conhecimento da medicação efetuada na exploração de origem aos animais que irá receber. A possibilidade de introduzir a IRCA no IDigital mesmo nas movimentações em vida de exploração para exploração vem no sentido de facilitar essa transferência de informação. Para o efeito poderá ser utilizado o modelo de IRCA 06/IRCA/DIS ou qualquer outro documento que contenha a informação relativa à cadeia alimentar necessária para o futuro preenchimento da IRCA pelo operador da exploração de destino quando enviar os animais para abate (ex: registo de medicações, relatórios IRIM, boletins analíticos, plano profilático).
enquanto estiveram nesta exploração nem em explorações anteriores ou os produtos veterinários ou outros tratamentos administrados aos animais nos últimos 6 meses têm intervalo de segurança nulo e não têm influência na deteção de doenças /afeções dos animais e a sua via de administração não provoca alterações visíveis nas carcaças.". Isso significa que os animais que foram medicados nos últimos 6 meses com: • produtos veterinários cujo intervalo de segurança não seja zero; • produtos cuja administração possa influir na deteção de doenças / afeções nos animais; • produtos cuja via de administração provoca alterações visíveis nas carcaças (ex: locais de inoculação subcutâneos ou intramusculares), não podem ser enviados para o destino apenas com a Declaração IRCA constante do anexo da guia de circulação. Estes animais têm de ser enviados com uma IRCA no modelo 06/IRCA/DIS devidamente preenchida com a medicação administrada. No caso de movimentos de bovinos entre explorações, essa informação pode ser enviada no modelo 06/IRCA/DIS ou qualquer outro documento que contenha a informação necessária (ex: registo de medicações, plano profilático). O modelo 06/IRCA/DIS está disponível no Portal da DGAV
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NECESSIDADE DE ENVIO DE MODELO 06/IRCA/DIS COM REGISTO DE MEDICAÇÃO A frase relativa a medicação constante da lista de condições a cumprir por todos os bovinos para se poder selecionar “Sim” no campo “Declaração IRCA” é: "Não foram administrados medicamentos veterinários nem outros tratamentos aos animais nos últimos 6 meses
MENÇÃO NA IRCA AO PLANO PROFILÁTICO Sempre que os operadores enviem animais para abate com IRCA referindo que os animais foram medicados de acordo com o plano profilático da exploração, se o plano profilático não acompanhar a IRCA o operador da exploração de origem deve: a) disponibilizar previamente uma cópia do plano profilático em questão ao estabelecimento de abate de destino dos animais; »
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: : SEGURANÇA DOS ALIMENTOS : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :
b) garantir que a responsabilidade assumida por cada parte (exploração pecuária e estabelecimento de abate) conste de um acordo escrito; c) garantir que este acordo prevê que, sempre que haja utilização de medicamentos veterinários que não constem no plano profilático, esse facto é comunicado ao operador do estabelecimento de abate, através do preenchimento do campo correspondente na respetiva IRCA, conforme os registos existentes na exploração;
n) verificar se a IRCA refere que os intervalos de segurança foram cumpridos; o) garantir que o Médico Veterinário Oficial do matadouro é sempre informado de qualquer alteração que se verifique tanto no acordo como no plano profilático da exploração.
d) garantir que o plano é mantido atualizado conforme os tratamentos efetuados aos animais em questão; e) garantir que todos os produtos mencionados no plano profilático são autorizados para os animais em questão; f) garantir que o plano refere o intervalo de segurança e a data de aplicação dos medicamentos. Se no plano a indicação da data de aplicação for feita em dias de vida, a IRCA deve referir a idade em dias dos animais; g) garantir que a IRCA refere que os intervalos de segurança foram cumpridos; h) garantir que o estabelecimento de abate é sempre informado de qualquer alteração que se verifique tanto no acordo como no plano profilático da exploração. Se os animais se destinarem a centros de agrupamento, o operador que envia os animais deverá confirmar se o centro de agrupamento ou estabelecimento de abate de destino final já dispõe do plano profilático da exploração de origem. Sempre que o matadouro de destino aceite animais para abate com IRCA referindo que os animais foram medicados de acordo com o plano profilático da exploração, se o plano profilático não acompanhar a IRCA o operador do estabelecimento de abate deve: dispor de uma cópia do plano profilático em questão fornecido pela exploração de origem; i) garantir que a responsabilidade assumida por cada parte (exploração pecuária e estabelecimento de abate) conste de um acordo escrito; j) garantir que este acordo prevê que, sempre que haja utilização de medicamentos veterinários que não constem no plano profilático, esse facto é comunicado ao operador do estabelecimento de abate, através do preenchimento do campo correspondente na respetiva IRCA, conforme os registos existentes na exploração; k) disponibilizar ao Médico Veterinário Oficial o plano profilático e o acordo assinado para avaliação pelo Médico Veterinário Oficial e garantir que estes documentos fiquem sempre consultáveis no matadouro; l) garantir que o plano é mantido atualizado conforme os tratamentos efetuados aos animais em questão; m) garantir que o plano refere o intervalo de segurança e a data de aplicação dos medicamentos. Se no plano a indicação da data de aplicação for feita em dias de vida, a IRCA deve referir a idade em dias dos animais;
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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL • Regulamento (CE) nº 852/2004 de 29 de abril relativo à higiene dos géneros alimentícios; Regulamento (CE) nº 853/2004 de 29 de abril que estabelece regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal; • Regulamento (CE) nº 2074/2005 de 5 de dezembro que estabelece medidas de execução para determinados produtos ao abrigo do Regulamento (CE) nº 853/2004 e para a organização de controlos oficiais ao abrigo dos Regulamentos (CE) nº 854/2004 e nº 882/2004; • Regulamento de Execução (UE) nº 2019/627 da Comissão, de 15 de março, que estabelece disposições práticas uniformes para a realização dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano, em conformidade com o Regulamento (UE) nº 2017/625 do Parlamento Europeu e do Conselho, e que altera o Regulamento (CE) n.°2074/2005; • Decreto-Lei nº 148/2008 de 29 de julho, republicado pelo DecretoLei nº 134/2009 de 28 de outubro, que estabelece o regime jurídico a que obedece o uso de medicamentos veterinários; • Decreto-Lei nº 142/2006, de 27 de julho, e suas alterações, relativo à identificação, registo e circulação de animais.
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