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HISTÓRIA BORDADA
RIHANNA, PRIYANKA CHOPRA, ALICIA KEYS, JANELLE MONÁE SÃO ALGUMAS DAS MULHERES QUE SE ENCANTARAM COM AS MÃOS HABILIDOSAS DA MINEIRA PATRÍCIA BONALDI, COM LOJA RECÉM-INAUGURADA NO IGUATEMI
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BRASÍLIA POR MARINA ADORNO
Foto: Pedro Fonseca
Bordados impecáveis fizeram o nome dela ultrapassar as fronteiras. O preciosismo mineiro foi utilizado de modo que o desenho desejado se destacasse. O resultado? Peças espalhadas pelo Brasil e por outros 25 países. Mas foi por muito pouco que a técnica não foi utilizada para gravá-lo em jalecos brancos. “Patrícia Bonaldi, patologista clínica”. Consegue imaginar?
A patologista de formação ainda migrou para o Direito até entregar-se para seu verdadeiro dom. Nascida em Uberlândia (MG), em 2002, ainda na universidade, abriu sua multimarcas. Um projeto paralelo ao qual pretendia dedicar-se até concluir a graduação. Hoje, percebe que subestimou o início de seu relacionamento com a moda. Um interesse que veio da vaidade juvenil. “Quando criança, colocava anéis em todos os dedos”, recorda, entre risadas. Quando a clientela chegava à loja, as peças que Patrícia Bonaldi usava ofuscavam os artigos que preenchiam as araras. Aos poucos, ela foi dando início a uma produção própria. Autodidata, montou uma fábrica, capacitou e treinou 90% da equipe – que ela se orgulha ao dizer que a acompanha até hoje – e emprestou seu nome à marca.
As coisas ganharam nova proporção com o boom das redes sociais. Quase da noite para o dia seu nome estava por toda parte. Blogueiras como Camila Coutinho, Lalá Noleto e a conterrânea Thássia Naves exibiam looks assinados por Patrícia. “As pessoas acham que foi rápido, mas nesse momento, eu já estava presente no Brasil inteiro e, inclusive, já exportava. Foi um processo de evolução gradativo, mas realmente a internet impulsionou”, defende.
A marca desembarcou em março no Iguatemi Brasília com uma loja de 160m²
Fotos: Lincoln Iff
Durante muito tempo, seu trabalho era dividido entre a Patrícia Bonaldi, marca de vestidos de festa, e a PatBO, etiqueta com apelo fashionista. Agora, ela confessa que sente alívio em ser apenas a estilista por trás das peças. As criações mais sofisticadas e exclusivas passaram a ser assinadas como PatBO Atelier.
“Considerando que a PatBO nasceu do interesse das clientes pelas suas roupas, é correto dizer que ela reflete o seu estilo?”, questiona esta repórter durante entrevista para a revista. A designer fica dividida entre o sim e o não. “Eu atribuo muito do nosso sucesso a minha capacidade de ler as pessoas e enxergar o que elas querem. Claro que existe uma identificação, mas eu procuro não focar só em mim e traduzo os desejos delas com o meu olhar. Vejo que alguns designers só fazem o que eles gostam”, ressalta.
Se no início da carreira os bordados eram marca registrada e possibilitavam identificar uma roupa Patrícia Bonaldi à primeira vista, hoje, à beira dos vinte anos de história, eles não são mais o centro das atenções. “Atualmente, somos reconhecidos também pela nossa estamparia exclusiva, nosso estilo e identidade casual”, enaltece.
Ela observa que a label amadureceu e conservou suas fidèles, ao mesmo tempo que conquistou novas. “O encantamento é o que me move. Sempre quero fazer o mais diferente possível. Vivo em busca daquele ‘uau’”, confessa.
PASSAPORTE CARIMBADO
A entrada em outros países não é um capítulo recente na trajetória da PatBO. O convite veio logo nos primeiros anos de marca. Graças ao Minas Trend Preview, as criações da grife conquistaram o olhar de compradores do Oriente Médio. A fashion designer reconhece que, no começo, era algo muito mais experimental e menos estruturado. O olhar especializado para o novo mercado veio mais tarde.
Estabelecida em Nova York, e presente nas melhores lojas de departamento de luxo do mundo, orgulha-se das participações recentes da marca na fashion week de New York – a última delas em fevereiro de 2021. “Foi algo que não procurei e imaginava que aconteceria em outro momento. O convite partiu da organização do evento e me pegou de surpresa”, comenta.
As norte-americanas são um dos públicos mais fortes da PatBO e a diretora criativa atribui essa identificação justamente ao fato de que a grife oferece algo diferente. “Elas têm acesso a todas as marcas do mundo”, valoriza. A popularidade crescente nos EUA proporcionou gratas surpresas à estilista. Por lá, a lista de celebridades que usam PatBO não para de crescer. Rihanna, Priyanka Chopra, Sharon Stone, Shakira e, um exemplo mais recente, em abril deste ano, a can-
tora Janelle Monáe optou por um vestido com estampa de cordel, da coleção Outono 2021. Uma das mais marcantes? Quando a cantora Alicia Keys escolheu um modelo PatBO para comemorar o aniversário.
BRASIL AFORA
“Eu ainda não conheci, mas sei que a loja de Brasília está linda. É uma loucura isso, né?”, disse Patrícia Bonaldi logo no início da conversa por videoconferência. Há três anos, flertava com a ideia de abrir uma loja por aqui. “A cliente brasiliense se assemelha muito com a de Uberlândia. Elas gostam de se arrumar, não são blasé. Muito pelo contrário, são vibrantes”, analisa a mineira declarada, mesmo que o sotaque não entregue. Por acreditar que o shopping compartilha do target da marca, fazia questão de que fosse no Iguatemi Brasília.
Durante a pandemia, deparou-se com uma oportunidade que considerou irrecusável. Uma loja ampla na área internacional do mall. “Mal posso esperar para conhecer ao vivo, é a nossa loja mais linda”, ressalta. Ela é a primeira representante do novo projeto de arquitetura assinado pelo escritório Messa Penna. No ambiente contemporâneo e elegante, em tons de nude e rosé, estão as roupas, itens de casa e os afamados pijamas.
A loja brasiliense faz parte de um plano de expansão e do desejo de fortalecer o varejo e a relação direta com a cliente final. Em breve, será a vez de Goiânia. Em São Paulo, até junho deste ano, a PatBO também terá um novo lar. Uma flagship de três andares em um ponto disputado da rua Haddock Lobo. “Após dez anos, a nossa primeira loja, na Bela Cintra, estava pequena. Hoje temos produtos que vão do beachwear até a noiva. Literalmente, não cabia mais.”
TEMPOS DE PANDEMIA
“Sou uma pessoa do mundo, já rodei ele quase inteiro e isso reflete no meu trabalho. Digo que sou uma colcha de patchwork”. Para Patrícia Bonaldi, as viagens, seja a lazer ou a trabalho, sempre foram sua fonte primordial de inspiração. Impossibilitada de manter o ritmo jetsetter, ela afirma que o jeito foi viajar pela internet e pelas memórias. “Criar nesse período foi muito desafiador, é um processo que exige que você esteja bem e no momento atual ninguém está pulando de alegria por aí. Felizmente, eu consegui colocar a minha cabeça no eixo e tomar boas decisões”, constata. Apesar das adversidades, a marca cresceu 26,6% em 2020, comparado com o mesmo período do ano anterior.
Como exemplo, há a linha de objetos de casa e decoração e a coleção de pijamas. A primeira era um plano para o futuro, já a segunda Patrícia nunca havia sequer considerado. O site, inclusive, é outro ponto de destaque do último ano. A plataforma, que sempre foi a menor fonte de receita, inverteu a posição e cresceu 300% durante a pandemia.
Depois de tantas conquistas, fazendo uma retrospectiva, aos 40 anos, Patrícia relembra o sonho lá do início de estruturar a marca, ter pontos de venda espalhados pelo País e lojas próprias. Check. Atualmente, o sonho não é mais uma coisa ou um destino. “Quero que a PatBO chegue aonde ela puder chegar e cresça o que puder crescer”, conclui.
Fotos: Lincoln Iff
@patbo_brasil @patbo_atelier www.patbo.com.br