Grãos Brasil 117

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Ano XX • nº 117 Dezembro / Janeiro 2023 www.graosbrasil.com.br

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Revista bimestral apoiada pela: F.A.O - Rede Latinoamericana de Prevenção de Perdas de Alimentos -ABRAPOS

As opiniões contidas nas matérias assinadas, correspondem aos seus autores.

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Produção

Arte-final, Diagramação e Capa MidiaLab Propaganda 44 99145-3873

Caros Amigos e Leitores

Com alegria chegamos a vocês com a sexta edição do ano de 2022. Uma vez mais o Brasil tem recorde de produção e todas as indústrias vinculadas ao setor, inclusive a nossa de pós-colheita, que está de parabéns!

Lembramos que as fábricas de silos, secadores, equipamentos de manipulação, monitoramento e automação do Brasil, são líderes de vendas em muitos países da região, coisa que nossa irmã a Revista Granos sempre tem presente.

Como conhecedor da realidade de nosso continente, tenho que estar preocupado pelos destinos que podem tomar a política em geral. Vemos como em países vizinhos, governantes ineptos e corruptos levaram suas sociedades e em geral ao setor agropecuário para a pobreza, perda de rentabilidade e produtividade. Após fazerem mal uso dos recursos do estado, tomaram por assaltar a vaca de leite da produção agropecuária para tirar todo o possível, manipulando o valor do câmbio e instaurando retenções (não constitucionais) para a exportação, com tudo isso obtêm mais recursos para "mal gastar" e o setor perde competitividade. Como essa história já é conhecida, esperemos que não se dê no Brasil Nesta edição compartilhamos valiosa informação técnica. O Eng. Marcos Wendt nos fala sobre as janelas de oportunidade para usar no manejo da aeração; o Dr. Shlomo Navarro e sua equipe, de Israel, nos apresentam uma interessante pesquisa sobre armazenagem hermético de amendoim; os Drs. Claus Braunbeck e Ralph Kolb (Alemanha), compartilha experiências de resfriamento artificial de arroz; o Eng. Dirk Janssen de Vigam (Bélgica) fala sobre tecnologia de movimentação de grãos em portos; os colegas da CONAB, Rafael Alves da Silva, Saulo Tomiyoshi Medeiros e Stelito Assis dos Reis Neto, apresentam novas informações sobre armazenagem de milho safrinha; o Dr. Luís César da Silva (Universidade Federal de Viçosa) compartilha informação sobre psicrometría; meus amigos: Oswaldo Pedreiro compartilha temas de comercialização e o Dr. Aureo dos Santos apresenta uma tocante NÃO SÓ DE PÃO. Estas, entre outras valiosas matérias, que sem dúvida você guardara e utilizara quando encontraram oportuno. Empresas como TOMRA, HM Rubber, ASTRAL, também nos ilustram sobre a melhor tecnologia para o setor armazenista.

Nosso trabalho na Grãos Brasil, da semente ao consumo, só e possível porque tem leitores interessados, atuantes no setor, dispostos a sempre seguir melhorando, as empresas e instituições que aportam o seu melhor. Por isso só nos resta agradecer e renovar nossas forças para estar na altura dos atuais desafios: um mundo que requer melhores alimentos, combustíveis e um setor agropecuário que deve seguir em crescimento e exalando eficiência.

Aproveito para desejar felizes festas e um próspero 2023, sempre com esperança. Que Deus abençoes suas famílias e trabalhos.

Com afeto

Diretor Executivo Consulgran - Granos - Grãos Brasil

02 Revista Grãos Brasil - Dezembro / Janeiro 2023 EDITORIAL
Ligue e Assine: 48 99165.8222
0055 48 9 9162-6522

04 – Conservação de Grãos: A Importância de Aproveitar as Janelas – Marcos Wendt

08 - Armazenamento hermético e em atmosfera modificada de amendoim descascado para evitar a formação de ácidos graxos livres e aflatoxinas - Hagit Navarro y Shlomo Navarro

15 - Bilhões de toneladas de cereais circulam pelo mundo todos os anos para alimentar a crescente população mundial - Dirk Janssen

17 - Destaque na seleção de alimentos: por que a indústria alimentícia precisa pensar em sustentabilidade – TOMRA

20 - A importancia da impermiabilização de silos e armazéns – HM Rubber

22 – Armazenagem ideal do arroz – Dr. Claus M. Braunbeck y Ralph E. Kolb

25 – Uma esperança desesperadora - Oswaldo J. Pedreiro

27 - Qual sistema de impermeabilização escolher para o seu silo? - HARD

29 - Filtros pontuais: uma solução diferenciada que reduz perdas na movimentação de grãos - José Luiz Rico

32 -Psicrometria aplicada à armazenagem de grãos - Dr. Luís César da Silva

36 - Análise da capacidade armazenagem da produção de milho safrinha no mato grossoRafael Alves da Silva, Saulo Tomiyoshi Medeiros y Stelito Assis dos Reis Neto

40 - Não só de pão...

40 - Utilíssimas

Críticas e Sugestões: diretoria@graosbrasil.com.br

NOSSOS ANUNCIANTES

www.graosbrasil.com.br
03 SUMÁRIO

Quando uma porta se fecha, Deus abre uma janela, diz o velho ditado. Desconheço a origem do dito popular, mas, se a tese for real, tanto mais aumenta a nossa responsabilidade em aproveitar ao máximo essas janelas oferecidas.

O tema que quero trazer nesta edição não aborda ditados populares, embora trate de janelas; janelas estas que na armazenagem de grãos devem ser aproveitadas ao máximo, sem qualquer margem para desperdícios.

Quero fazer um breve comentário sobre as janelas climáticas possíveis para realizarmos operações de aeração e resfriamento na massa de grãos.

Traduzindo, essas janelas às quais me refiro são os intervalos de tempo em que encontramos condições ambientes de temperatura e umidade que sejam favoráveis para promovermos operações de aeração de resfriamento da massa de grãos armazenados objetivando sua preservação e conservação.

Vamos partir do princípio de que todos conhecemos o fato dos grãos serem higroscópicos, ou seja, buscarem uma relação de equilíbrio de temperatura e teor de umidade com o ambiente que os cerca, no nosso caso, a massa de grãos.

Nesse sentido, não necessitamos nos delongar demasiadamente quanto às questões envolvendo a fisiologia dos grãos, a qual tem relação direta com sua conservação.

É sabido de todos que atuam no contexto da armazenagem de grãos que, para obtermos uma boa condição de conservação, que propicie a preservação e manutenção dos índices de qualidade do produto, devemos promover o resfriamento e equilíbrio higroscópico em níveis adequados e seguros através da manipulação das condições de temperatura e umidade relativa intersticial da massa, seja por meio de aeração com ar natural ou resfriamento artificial.

Resumindo o tema, boa conservação requer, dentre outros, bom

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Marcos

resfriamento e teor de umidade controlado à níveis adequados.

Obter tal condição torna-se menos preocupante e dificultoso quando utilizadas tecnologias de resfriamento artificial. Já quando nosso recurso disponível se limita ao ar natural ambiente e aeração convencional, as dificuldades e desafios aumentam em escala bastante significativa.

O uso de aeração convencional praticamente inviabiliza a obtenção de um bom resfriamento da massa de grãos na maior parte das regiões produtoras de grãos brasileiras. Quando digo bom resfriamento, me refiro a temperaturas da massa de grãos de 20°C ou menos.

Levando em conta nossas características climáticas é notório que na maioria das regiões brasileiras, com sistema de aeração convencional, obter tais números é praticamente impossível.

As temperaturas médias de armazenagem no Brasil costumam ficar geralmente acima dos 24°C (entre 24-27°C na maioria das regiões).

O grande problema reside no fato de os grãos não se adaptarem à nossa condição de clima durante o armazenamento.

Suas características fisiológicas demandam temperaturas amenas e teor de umidade controlado para viabilizar a conservação e preservação dos índices de qualidade.

Dito isso, fica evidente a importância de não desperdiçarmos as “janelas” que o clima nos oferece para atingirmos tal condição.

Se nossas temperaturas médias constituem uma “porta fechada”, aproveitar períodos (as janelas) de condições mais amenas é imprescindível.

Hoje, para que seja possível não perder esses –muitas vezes escassos – intervalos diários de temperatura e umidade relativa ambiente possíveis para o resfriamento e manutenção de teor de umidade dos grãos armazenados temos à disposição os sistemas de automação e termometria, os quais monitoram constantemente as condições climáticas

e acionam automaticamente os aeradores sempre que a situação encontrada seja favorável.

No entanto muitas vezes o que ocorre é que essas “janelas” possíveis são encontradas durante as madrugadas ou em então em horários em que o custo de energia elétrica torna a operação mais onerosa. Daí muitas vezes os sistemas estão programados para não operarem, seja devido os custos com energia elétrica, seja por políticas e normas de segurança internas das empresas e assim perdem-se as tais janelas (oportunidades?).

Isso pode ser constatado nos

relatórios de “horas perdidas” de aeração que alguns sistemas de termometria oferecem.

Avaliar as razões pelas quais essas “janelas” estão sendo perdidas é de suma importância, assim como corrigir nossas práticas operacionais sempre que possível visando evitar o desperdício de oportunidades, muitas vezes escassas.

Como costumo dizer aos alunos do curso Excelência em Conservação de Grãos, quando falamos em armazenagem, existem coisas que não temos condições de mudar: a característica climática, a fisiologia dos grãos e as características biológicas das pragas. Por outro lado, podemos adequar nossa estratégia de modo a promovermos a melhor condição possível de conservação.

Dentre essas adequações, não perder as “janelas” climáticas muitas vezes escassas é de suma importância, quando falamos em promover resfriamento da massa de grãos.

Além disso, é importante buscarmos analisar nosso ciclo de armazenagem de uma forma mais estratégica, visando coordenar nossas operações de maneira a obtermos melhores resultados.

É importante conhecermos as tendências do comportamento climático da nossa região durante o período que estamos projetando a armazenagem de forma a traçarmos uma estratégia mais eficiente e com maior economia possível.

Por exemplo: se temos previsão de armazenar um lote de grãos durante 03 meses, é importante entender as tendências climáticas nesse período, conhecer as temperaturas médias que historicamente ocorrem durante esse intervalo e assim traçar uma estratégia. Isso não nos dará garantias absolutas de sucesso, mas certamente irá nos conduzir de maneira mais assertiva, contribuindo para melhores resultados.

Para demonstrar isso de uma forma mais visual, vamos acompanhar um gráfico com uma situação fictícia (figura 01) para tornar a explicação mais simples:

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Figura 1: Análise de condições climáticas no ciclo de armazenagem

CONSERVAÇÃO

O gráfico (figura 01) apresenta uma situação fictícia de curvas de comportamento climático de temperatura e umidade relativa ao longo de um ano (janeiro a dezembro).

Na curva azul contínua temos a tendência de Umidade Relativa Média Máxima durante o período. Na curva vermelha contínua temos a tendência de temperatura média para o período.

As linhas tracejadas (azul e vermelha) indicam as alterações de temperatura e umidade relativa ocorridas nos sistemas de aeração, devido atrito e turbilhonamento gerado dentro dos ventiladores e canalizações, provocando alteração nas condições do ar que é insuflado na massa de grãos, ou seja: aumento de temperatura (geralmente +3°C) e redução da umidade relativa (na casa de -10%) em relação à condição ambiente.

Esses comportamentos podem ser analisados na carta psicrométrica, porém não vamos nos deter agora nesse ponto para não nos delongarmos além do necessário para o tema central aqui abordado.

Dito isso, temos ainda no gráfico (fictício, volto a reforçar) a indicação de um ciclo de armazenagem que vai de 15/março a 15/junho, aproximadamente.

Dentro desse ciclo de armazenagem, temos indicado na linha verde nosso objetivo de manutenção de teor de umidade, girando na casa de 13% (soja), coincidindo com umidade relativa de equilíbrio próxima à 70%.

Na linha magenta temos nosso objetivo de resfriamento, partindo de aproximadamente 27°C almejando temperatura final de 20°C.

Visto isso, temos então, observando nosso gráfico, uma visão bastante interessante para traçarmos nossas estratégias de manejo nessa situação.

Podemos ver as evoluções da condição climática ambiente ao longo do ciclo, comparar com nossos objetivos de temperatura e teor de umidade do produto armazenado e buscar viabilidade operacional.

Analisando o gráfico considerando temperatura e umidade relativa média máxima já corrigidas (linhas azul e vermelha tracejadas), podemos ver que teremos maior facilidade para realizar resfriamento (temperatura ambiente média abaixo de 20°C) apenas a partir do início do mês de maio.

Já para a manutenção do teor de umidade no objetivo de 13% encontramos condições de umidade relativa ambiente média máxima favorável apenas em meados do mês de junho, já próximo do final do ciclo de armazenagem com um possível agravante: dias/períodos de chuva.

O que podemos concluir então a partir da análise desse gráfico, ainda que fictício?

Observando as tendências médias de temperatura e umidade relativa, podemos perceber dificuldades na obtenção de nosso objetivo de manutenção de teor de umidade e resfriamento durante

a primeira metade do ciclo de armazenagem previsto na situação apresentada no gráfico (março a maio).

Devido esse fato, torna-se de extrema importância o aproveitamento das oscilações diárias de temperatura e umidade relativa que nos permitem janelas favoráveis à realização de operações de aeração, especialmente no início do ciclo da armazenagem, onde deve ser priorizado a resfriamento da massa de grãos.

Não podemos correr risco de perder janelas climáticas diárias favoráveis à realização de aeração.

Devemos sempre aproveitar os picos diários com umidade relativa acima de 70% (ver figura 02) de modo a manter o teor de umidade dos grãos em níveis adequados e não promover secagem do produto.

Se fizermos uma análise diária de condições climáticas numa situação real, encontraremos oscilações de temperatura e umidade relativa praticamente todos os dias, onde teremos momentos (por vezes algumas horas) com janelas favoráveis à realização de aeração. Esses momentos devem ser aproveitados.

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Figura 2: Picos diários de Umidade Relativa ambiente

Observando ainda a situação fictícia apresentada no gráfico (figura 01), podemos perceber também que essas janelas possíveis tendem a aumentar na segunda metade do ciclo de armazenagem adotado (maio a junho), criando então uma maior facilidade e tranquilidade para o manejo, desde que tudo tenha sido feito da maneira correta no início, obviamente.

Devemos considerar sempre que o resfriamento da massa de grãos deve ser priorizado desde o início do armazenamento (figura 03) pois, quanto antes os grãos forem resfriados, menores as chances de ocorrência de problemas e possíveis perdas, logo devemos também manter atenção quanto às janelas de temperatura diárias possíveis para aeração de resfriamento.

Figura 3: Evolução do Resfriamento da massa de grãos

favoráveis ao objetivo final de temperatura e teor de umidade da massa de grãos (20°C – 13%).

Dentro desses quase 10 dias, numa situação real, existe ainda uma séria possibilidade de haver ocorrências de chuva, complicando ainda mais a situação.

Sendo assim, fica muito fácil observar a importância de não perdermos as janelas climáticas diárias possíveis para realizar aeração.

Devemos aproveitar sempre os picos diários de umidade relativa mais elevada e temperaturas amenas, geralmente encontrados em períodos noturnos, para realizar aeração.

Os relatórios de “horas perdidas” de aeração apresentados por alguns sistemas de termometria devem ser, na medida do possível, zerados.

Dito isso, restam poucos argumentos para mostrar o quanto é importante não perder as oportunidades de realização de aeração de resfriamento em um ciclo de armazenagem quando temos as médias de temperatura e umidade fora da faixa ideal para uma boa conservação.

Analisando o gráfico (modelo fictício, lembrando) é possível notar que durante o ciclo de 03 meses tivemos menos de 10 dias com condição de temperatura e umidade relativa ambiente médias

Imaginar ainda que será possível obter resultado favorável realizando operação de aeração apenas no período em que temperatura e umidade relativa ambiente médias sejam favoráveis pode nos levar a situações impossíveis de serem corrigidas ocasionando grandes perdas, visto o metabolismo dos grãos por si só provocar aquecimento.

Logo, sempre que as condições climáticas oferecerem condição adequada, devemos promover o resfriamento visando a boa conservação da massa de grãos.

Operar os sistemas de automação em modo automático (desde que corretamente configurados) pode ser determinante para aproveitarmos ao máximo essas oportunidades e obtermos os melhores resultados na conservação de grãos.

Vale lembrar mais uma vez que a situação que foi aqui apresentada no gráfico e as análises do mesmo são fictícias, não representando a realidade, com números e valores criados para serem utilizados como exemplo meramente didático.

Fica assim o desafio para cada líder, gestor e operador de unidades de armazenagem montarem seus próprios gráficos, fazerem suas análises, identificarem os diferentes cenários, os períodos críticos e assim traçarem estratégias mais assertivas no manejo e conservação de grãos.

Se, como diz o ditado, “quando uma porta se fecha, abre-se uma janela”, não desperdiçar a oportunidade e fazer boa gestão dos recursos está em nossas mãos.

www.graosbrasil.com.br 07 CONSERVAÇÃO

As sementes de amendoim podem ser armazenadas com ou sem casca. Uma crença geral é que as sementes se conservam melhor quando armazenadas na casca do que depois de descascadas. No entanto, o primeiro método tem duas desvantagens. A primeira é que o amendoim com casca ocupa um volume de armazenamento muito maior. A segunda é que uma porcentagem maior de frutos secos é danificada mecanicamente durante o descascamento, uma vez que os amendoins com casca são armazenados com baixo teor de umidade (MC) para evitar a degradação durante o armazenamento. Quanto maior o nível de sementes quebradas, menor a porcentagem de germinação (Gavrielit-Gelmond, 1971).

Os dois fatores conhecidos por influenciar o armazenamento do amendoim são a temperatura e a umidade relativa (U.R.) (Haferkamp et al., 1953, Roberts, 1972, Smith, 1982). Os fungos que afetam o poder germinativo das sementes também são influenciados pela umidade ambiental e temperaturas de armazenamento (Christensen, 1972). No entanto, a literatura sobre a conservação comparativa de sementes de amendoim descascadas e não descascadas é limitada. Segundo Gavrielit-Gelmond (1971), para conservar a semente de amendoim por um ano a 21ºC, é necessário C.U. de 5% ou menos. Boswell e outros. (1940) relataram a conservação de sementes de amendoim em diferentes temperaturas e umidades relativas. Navarro et al. (1989) relataram diferenças significativas entre amendoim sem casca e sem casca para cv. Hanoch, mas não para cv. Congo. O teor de umidade calculado necessário para manter 90% de germinação para sementes com casca armazenadas por seis meses a 15°C foi de 8% para Hanoch e 7,9% para Congo. Para manter o mesmo nível de germinação por 6 meses a 26ºC, os teores de umidade calculados foram de 7,1% para Hanoch e Congo.

A contaminação de amendoins por aflatoxinas tem sido uma pre-

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Shlomo Navarro snavarro@013.net Hagit Navarro

ocupação mundial desde a década de 1960. As aflatoxinas são metabólitos secundários de Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus. A pesquisa mostrou que esses fungos podem infectar o amendoim e produzir aflatoxinas antes da colheita, na linha, após a colheita e no armazenamento (Wilson e Flowers, 1978).

As atmosferas modificadas têm se mostrado promissoras no controle do grupo Aspergillus flavus e na subsequente produção de aflatoxinas em amendoins armazenados. Sanders e outros. (1968) relataram que pouca aflatoxina foi encontrada em amendoim inoculado mantido em uma atmosfera de 60% CO2, 20% O2 e 20% N2, em comparação com 206 pg de aflatoxina por grama de amendoim armazenado em ar normal a 250C e 90% de umidade. A atmosfera de alto CO2 é semelhante à recomendada por Jay (1971) para o controle de insetos em produtos armazenados. Landers et al. (1967) relataram baixa produção de aflatoxina em amendoim com teor de umidade de 28,9% mantido em atmosfera de 99% N2 e 1% O2. Pattee e Sessoms (1967) relataram que aumentos na acidez da gordura foram altamente correlacionados com o crescimento visível de A. flavus, e que a acidez da gordura atingiu 60mg KOH por 100g de amendoim antes de ser liberada. No entanto, Landers et al. (1967) encon-

traram aflatoxinas em mamas com acidez graxa inferior a 60mg de KOH por 100g de frutos secos (Wilson e Jay, 1975).

O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos do armazenamento do amendoim com 7,0% e 8,0% de umidade em condições aeróbicas e hermeticamente fechadas sobre o desenvolvimento de AGL e a formação de aflatoxinas nos grãos.

Materiais e métodos

Condições de armazenamento:

Amendoim recém colhido cv. Hanoch de tamanho médio (#38) foram comprados localmente de Tnuvot Sade, Beer Sheva, Israel. No momento da compra, os amendoins tinham um teor de umidade de 5-6% (base úmida) e foram fornecidos descascados na embalagem de Tnuvot Sade. O teor de humidade de cada lote foi aumentado por pulverização com quantidades calculadas de água. Essas quantidades destinavam-se a fornecer teores de umidade de aproximadamente 7,0% e 8,0%. Para aumentar o teor de umidade, foi utilizado um método rápido de pulverização de água destilada atomizada diretamente sobre os grãos. A quantidade total de água necessária para atingir o teor de umidade determinado foi calculada e aplicada em pequenas alíquotas sucessivas, cada uma dividida

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TECNOLOGIA

igualmente entre todos os amendoins da amostra. Para esse tratamento, os grãos foram espalhados em camada única sobre manta de polietileno. A superfície superior de cada camada foi pulverizada de modo a ficar completamente molhada, mas nenhuma água escorreu para o revestimento. Quando a água foi absorvida, eles foram virados e o outro lado foi pulverizado da mesma maneira. Novamente, deu-se tempo para que a água adicionada fosse absorvida. Este procedimento foi repetido até que a quantidade calculada de água fosse adicionada e absorvida. Após o ajuste de umidade, essas amostras foram equilibradas por pelo menos 10 dias a 4°±1°C.

Testes de garrafa:

Para avaliar o efeito do ME na taxa respiratória de amendoim sem casca, para condições aeradas e herméticas, foi testado um conjunto adicional de amendoim contendo 3% de grãos quebrados. Este conjunto de teste foi obtido adicionando aos amendoins limpos amendoins triturados mecanicamente (tamanho de partícula inferior a 4 mm) do mesmo nível de umidade. Luego, los maníes sanos se colocaron en frascos herméticos de 0,95 L de capacidade (cada frasco contenía alrededor de 0,7 kg de maníes) para condiciones aeróbicas, herméticas o en una atmósfera de dióxido de carbono del 99% a 30 ± 1oC durante 3 meses. Além disso, o conjunto hermético e aeróbico foram desperdiçados com 3% de grãos quebrados e foram armazenados nas mesmas condições. Cada tratamento foi exposto às condições acima em dois teores de umidade. Cada teste foi repetido 3 vezes. Consequentemente, havia 3 potes para cada conjunto de nozes com teor de umidade, totalizando 30 potes durante o período de armazenamento testado.

Testes de sacola:

Para testar o efeito das condições herméticas na SGBIIZ (GrainPro Inc.), sacolas equipadas com pontas de entrada e saída de amostragem foram preenchidas com 20 kg de amendoim sadio nas duas C.U. Além disso, sacolas de PE comuns contendo 7 kg de amendoim sadio foram armazenados em sacolas plásticas aerados não selados, servindo como amostras de controle. Os grãos foram armazenados sob condições de temperatura controlada 30º±1°C.

A sanidade das sacolas foi verificada por inspeção visual que mostrou alguns rasgos e furos nas sacolas. Presume-se que o dano ao forro da sacola tenha ocorrido durante o manuseio e transporte dos amendoins no interior, tornando cada saco uma carga pesada para transportar. Para garantir melhor estanqueidade aos gases, no 27º dia após o início dos testes com as mangas, todos os possíveis danos visuais foram reparados por meio de uma fita adesiva especialmente projetada (utilizada na

indústria de refrigeração) e, em seguida, um teste de pressão na faixa de 10 a 20 mm.

Métodos de teste

Teor de AGL: No início do armazenamento, bem como após 3 meses de armazenamento, os amendoins foram testados quanto ao teor de AGL de acordo com os métodos de teste AOCS (2008). Este método determina os ácidos graxos livres no óleo extraído da semente por extração com éter de petróleo à temperatura ambiente. (AOCS Official Method Ab 5-49) (Ayresm, 1983).

Determinação de aflatoxinas: No início do armazenamento, bem como após 3 meses de armazenamento, os amendoins foram testados quanto ao teor de aflatoxinas de acordo com o método de teste AOCS Aj 6-95 (Firestone, 2009). Este método especifica um procedimento de detecção baseado em um ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) para a detecção de aflatoxinas B1, B2, G1 e G2. O método é baseado em um estudo colaborativo internacional realizado em conjunto pela AOAC e IUPAC.

Teor de umidade: O teor de umidade dos grãos no início do armazenamento e após 3 meses de armazenamento foi determinado por meio de sensores eletrônicos que medem a atividade da água (Rotronic, Reino Unido).

Além disso, as amostras foram verificadas duas vezes quanto ao seu teor de umidade, secando os amendoins e calculando a quantidade de água em base úmida. Este método determina a umidade por destilação com um solvente imiscível (AOCS Official Method Ca 2a-45) (Firestone, 2009).

Monitoramento das concentrações de oxigênio e dióxido de carbono dentro dos frascos: A taxa de respiração é determinada com base no consumo de oxigênio e dióxido de carbono que se desprende das mãos. A concentração de oxigênio do espaço de ar intersticial de ~ 760 g de amendoim se midió regularmente em um respirômetro que constatou frascos de 0,95 L com os tubos de 1/16” i.d. tubos de cobre soldados a la tapa. Se usa um monitor de oxigênio tipo sensor eletrolítico ("Emproco Ltd.", HGA11-PB, Israel) equipado com uma bomba interna que fornece um fluxo de amostra de gás de ~ 500 ml/min para monitorar os níveis de oxigênio nos frascos. O “HGA11-PB” foi equipado com portas de entrada e saída de gás que permitem a circulação de gás através de um sistema de fluxo de gás de circuito fechado que usa PVC flexível de 1/16” de diâmetro interno, tubos conectados com os dois tubos de cobre soldados na tapa do frasco. Os tubos de cobre têm diferentes longitudes desde o interior dos frascos, um terminava em ~ 40 mm e o outro em ~ 180 mm desde o centro da tampa indo a ~ 15 mm desde o fundo servindo como entrada de gás para o frasco. A extremidade superior de cada tubo de cobre estava equipada

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TECNOLOGIA

com válvulas de duas vias tipo T desde o exterior dos recipientes situados entre cada tubo flexível e de cobre. Uma porta da válvula estava conectada diretamente ao tubo de cobre, a segunda porta ao monitor de oxigênio e a terceira porta à atmosfera. Dependendo da posição da válvula, o fluxo de gás é transportado dos frascos para o monitor de oxigênio ou do monitor para a atmosfera.

Resultados

A Tabela 1 mostra o conteúdo de umidade (%), FFA (% de ácido oleico), valores de aflatoxinas (µg/ kg) e CFU (Unidades Formadoras de Colônias) para fungos ao consenso das provas para os conteúdos de umidade objetivo de 7 e 8% e após 90 dias de armazenamento. Todos os resultados são a promessa de 3 repetições.

Se comprovaram as aflatoxinas típicas dos amendoins; B1, B2, G1 e G2. Em todas as réplicas, o nível inicial de aflatoxinas e após 90 dias de armazenamento foi estabelecido por baixo do limite umbral (<0,3 µg/kg).

Os CU obtidas não foram Tabela 1 abaixo do es-

perado. Você tem um aumento significativo na contagem geral de fungos. A aparência dos grãos era de semente amarelo-esverdeada podre no controle. A Tabela 1 indica a supressão do desenvolvimento de bolores em atmosfera hermética com 99% de dióxido de carbono. A menor contagem de CFU de bolor obtida foi para amostras contendo 3% M.E. armazenado em condições hermeticamente fechadas em uma atmosfera de 99% de dióxido de carbono para ambos os teores de umidade (inferior a 9,7 x 101).

Em todas as amostras de controle aeradas de 8% C.U. o nível de AGL saltou para um nível em que os grãos não podiam ser comercializados (≥ 2,57%). As amostras aeradas de 7% C.U. neste ensaio estavam secas e apenas as amostras contendo 3% de grãos quebrados aumentaram seu teor de AGL a um grau não comercializável (1,50 ± 0,12).

O nível mais baixo de AGL obtido foi para 7% m.c. Amostras hermeticamente armazenadas com 3% de grãos quebrados sob uma atmosfera de 99% de dióxido de carbono (0,43±0,07). Embora 8% C.U. armazenado em uma atmosfera com 99% de di-

óxido de carbono, o nível de AGL também foi baixo (0,77 ± 0,03).

Excluindo amostras de 8% C.U. Com grãos quebrados que foram armazenados sob condições herméticas, todas as sementes armazenadas hermeticamente em todos os tratamentos não aumentaram significativamente seu conteúdo de AGL.

A Figura 1 mostra a diminuição de oxigênio em frascos com teor de umidade de 7 e 8% em frascos hermeticamente fechados contendo amendoim sadio e amendoim partido a 3%. A diferença na taxa de respiração dos dois testes indica claramente o efeito intensificador da presença de amendoim quebrado nos potes. Respiração 8% C.U. o amendoim sadio atingiu a menor concentração de oxigênio após 28 dias, enquanto o amendoim contendo 3% de quebrados a atingiu após 18 dias. Respiração 7% C.U. dos amendoins contendo 3% quebrados atingiram a menor concentração de oxigênio após 68 dias, enquanto os amendoins sadios reduziram sua concentração de oxigênio e permaneceram no nível de 1%.

Tabela 1: Teor de umidade (%), valores de AGL (% ácido oleico), aflatoxinas (µg/kg) e CFU (unidades formadoras de colônias) para fungos no início dos testes para teores de umidade alvo de 7 e 8% e após 90 dias de armazenamento nas garrafas a 30oC.

Tabela 2: Teor de umidade (%), valores de AGL (% ácido oleico), aflatoxinas (µg/kg) e CFU (unidades formadoras de colônias) para fungos no início dos testes para os teores de umidade alvo de 7 e 8% e após 90 dias de armazenamento dentro do SGBIIZ (GrainPro Inc.) a 300C.

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Figura 1: A diminuição do oxigênio no interior dos frascos com teor de umidade de 7 e 8% com ou sem grãos quebrados (3%), ambos armazenados hermeticamente a 30°C. Os resultados são uma média de 3 repetições.

A Tabela 2 mostra o teor de umidade (%), AGL (% ácido oleico), valores de aflatoxina (µg/kg) e CFU para bolores no início dos testes para os teores de umidade alvo de 7 e 8% e após. 90 dias de armazenamento no SGBIIZ (GrainPro Inc.). Todos os resultados são a média de 3 repetições. Em todas as repetições, o nível inicial de aflatoxinas e também após 90 dias de armazenamento ficou abaixo do limite detectável (<0,3 µg/kg). Portanto, o consumo de oxigênio foi insuficiente e caiu em uma réplica de 8% C.H. aos 44 dias e em outra sacola de 7% C.U. o oxigênio permaneceu alto (acima de 15%) mes-

Figura 2: Aumento do dióxido de carbono no interior dos frascos com 7 e 8% de umidade com ou sem grãos quebrados (3%), ambos armazenados hermeticamente a 30 °C. Os resultados são uma média de 3 repetições.

A Figura 2 mostra o aumento do dióxido de carbono dentro dos frascos hermeticamente armazenados a 30°C com 8% de teor de umidade em amendoim saudável atingindo um nível máximo de 25%, enquanto houve um aumento paralelo no dióxido de carbono. Com o amendoim que continha 3% de grãos quebrados que chegou a 31,67%. Mudanças no nível de dióxido de carbono de 7% C.U. amendoim sadio e amêndoas contendo 3% de nozes atingiram 16% durante o mesmo período de armazenamento.

13 TECNOLOGIA

TECNOLOGIA

mo após 90 dias de armazenamento (dados não apresentados). As UFCs das sacolas aerados foram maiores do que o SBGIIZ hermeticamente fechado e não impediu o aumento de UFC para o C.U. de 7 e 8% (7,6*104±3,8*104 e 9,2*104±2,7*104 respectivamente).

A Figura 3 mostra as mudanças na composição do gás de SGBIIZ hermeticamente fechado contendo amendoim saudável durante 90 dias de armazenamento. De acordo, as concentrações de dióxido de carbono que aumentaram para 20 e 30% para os 7 e 8% C.U. respectivamente.

Figura 3: Diminuição do oxigênio e aumento do dióxido de carbono dentro do SGBIIZ com teor de umidade de 7 e 8%, ambos armazenados hermeticamente a 30°C. Os resultados são uma média de 3 repetições.

vel de concentração de dióxido de carbono (Fig. 2). Alta taxa de consumo de oxigênio dentro das castanhas quebradas de 8% C.U. levar à supressão de CFU de fungos nessas amostras.

A mesma ordem de grandeza foi alcançada quando os grãos quebrados (3%) foram armazenados sob condições herméticas com uma atmosfera de 99% de dióxido de carbono dentro de 8 e 7% C.U. (Tabela 1). A baixa taxa de consumo de oxigênio nas amostras com ou sem grãos quebrados de 7% C.U. (Fig. 1) concorda com as altas UFC de fungos obtidas. UFC de bolores nas amostras aeradas de 8% C.U. aumentou para um nível não comestível (105 UFC) com um teor de AGL de mais de 2,57%, enquanto durante o armazenamento hermético permaneceu baixo (Tabela 1). É interessante mencionar que não só o desenvolvimento de bolores foi suprimido sob uma atmosfera de 99% de dióxido de carbono, como também houve uma diminuição em relação ao início do teste, que foi duas ordens de grandeza superior (<3,1*102).

Discussão

A FDA impõe uma decisão de que 20 partes por bilhão (μg/kg) é o máximo de aflatoxina permitido em todos os alimentos e rações de origem animal, incluindo manteiga de amendoim e outros produtos de amendoim. Neste estudo, em contraste com o nível de aflatoxina, houve um aumento significativo na contagem geral de fungos expressa em UFC.

O baixo C.U. obtido dentro do aerado 7% C.U. as amostras neste ensaio estavam secas e, portanto, não aumentaram significativamente o teor de AGL. Os ácidos graxos livres (AGL) não são apenas função da maturidade do amendoim, mas também do grau de dano aos grãos. Amendoins saudáveis e maduros geralmente têm um teor de AGL inferior a 0,5%, conforme obtido no início deste ensaio. Armazenar o feijão seco mesmo em condições quentes e úmidas permite preservar sua qualidade. 8% U.C. as amostras liberaram parte de sua umidade para o microambiente dentro dos frascos. O motivo dessa perda pode ser devido ao sopro de ar quente durante o teste. A razão para o aumento do teor de AGL no 8% C.U. com grãos quebrados armazenados em condições herméticas, pode ser devido ao vazamento de oxigênio no frasco, permitindo que as enzimas da microflora produzam mais ácidos graxos livres. É interessante notar o comportamento paralelo do 8% C.U. amostras em comparação com a ampliação de luz de 7% C.U. atingindo no final do período de armazenamento o mesmo ní-

Armazenar o amendoim hermeticamente no SGBIIZ não suprimiu a formação de UFC. Houve uma diferença marcante e significativa entre os sacos herméticos e os frascos herméticos contendo CO2. Alterações ligeiramente diferentes na concentração de gás nos sacos foram encontradas em testes de laboratório em frascos contendo amendoins saudáveis de C.U. Essas diferenças foram particularmente significativas para o amendoim com 8% C.U. O oxigênio foi esgotado após 44 dias em comparação com testes laboratoriais indicando depleção após 28 dias. Consistente com o lento esgotamento do oxigênio, nos testes de laboratório o oxigênio não foi completamente esgotado e permaneceu em um nível de aproximadamente 1% após 90 dias de armazenamento.

Enriquecer o ambiente do amendoim com CO2 suprimiu o desenvolvimento da microflora e a atividade da lipase, resultando em amendoim de alta qualidade com baixo teor de ácidos graxos livres.

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Os grãos são transportados principalmente a granel por via marítima e depois transportados por via terrestre em caminhões ou trens, levando a carga até seu destino.

É aqui que entra a VIGAN, que oferece soluções contínuas de carga e descarga de navios, seja por meios pneumáticos ou mecânicos.

Nossa tecnologia especial de manuseio preserva todas as características físicas e químicas dos produtos durante o transporte. Os desafios para a logística de grãos a granel são: custos de energia, mão de obra e espera, preservando a qualidade do produto descarregado e garantindo a confiabilidade por um longo período em um ambiente exigente. A oferece soluções sob medida para atender a esses desafios.

O equipamento VIGAN oferece um rápido retorno do investimento, otimizando os custos operacionais:

• Baixo consumo de energia: 0,6 - 0,8 kWh por tonelada descarregada;

• Limpeza altamente eficiente do porão do navio ou barcaça: maximizar a eficiência do descarregamento (75% ou mais) leva à minimização dos custos de espera;

• Confiabilidade resulta em baixo custo de manutenção e redução do tempo de espera;

Durabilidade (máquinas com expectativa de vida útil de 30 anos ou mais) e rentabilidade levam a um investimento de longo prazo com retorno de investimento de curto prazo

• Facilidade de operação (alta tecnologia simples) significa mão de obra limitada e baixo custo operacional.

Embora a Covid tenha tornado os empresários mais criteriosos em suas decisões, 2023 parece promissor. A tendência das empresas da Europa e de outros continentes de utilizar hidrovias para o transpor-

15 www.graosbrasil.com.br LOGÍSTICA

te de cargas criou mais oportunidades para nossos descarregadores de barcaças. A política geral de ter menos caminhões nas estradas está se espalhando. Mais e mais operações de logística incluirão descarregadores de ar em um futuro próximo.

O descarregador pneumático de navios VIGAN NIV 600 agora se tornou o padrão, representando em média 60% dos descarregadores pneumáticos de navios tipo NIV vendidos pela VIGAN nos últimos anos.

Cada máquina é personalizada e otimizada de acordo com os requisitos técnicos dos clientes e especificações do local: tipo pórtico (estacionário, auto propelido sobre rodas de borracha ou sobre trilhos); capacidade de descarga (de 160 a 800 toneladas/ hora); comprimento da lança (até 30 m); unidade de energia diesel/elétrica e muitos outros dispositivos opcionais específicos.

Os descarregadores de navios pneumáticos tipo VIGAN NIV são geralmente adequados para embarcações de médio porte até pós-Panamax, principalmente devido ao seu comprimento de lança, que pode chegar a até 30m.

O equipamento pneumático da VIGAN manuseia a maioria dos produtos de fluxo livre com densidades entre 0,5 e 0,9 e um ângulo natural de repouso inferior a 40°. Estes incluem todos os tipos de cereais (milho, trigo, cevada), oleaginosas, matérias-primas

para ração animal, pellets de madeira, produtos químicos específicos como carbonato de sódio e também produtos ligeiramente compactados como farelo de soja.

Como cada caso é específico, a VIGAN ajuda o cliente a tomar a decisão certa. É importante certificar-se de que a máquina selecionada é a mais adequada para o trabalho solicitado, que costuma ser bastante complexo. Para descarregar, por exemplo, até cinco milhões de toneladas de sementes por ano, a VIGAN costuma recomendar o uso de um ou dois descarregadores pneumáticos de navios em um pórtico móvel. Para maiores taxas de descarga, a VIGAN recomenda uma combinação entre NIV e SIMPORTER (descarregador mecânico de navios). Nesse caso, o descarregador pneumático de navios também se dedicaria a auxiliar na limpeza dos porões dos navios, fase menos eficiente durante o descarregamento de sementes, principalmente para descarregadores mecânicos.

Todos os equipamentos são projetados, fabricados e pré-montados na fábrica VIGAN na Bélgica A sua posição central na Europa permite explorar a excelente rede de fornecedores de alta qualidade na Europa.

A rede internacional de agentes da VIGAN permite que a engenharia adapte seus equipamentos às exigências de qualquer cliente local específico.

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Quando as empresas se comportam com sustentabilidade, não é apenas a sociedade que se beneficia – isso também pode ajudar a trazer novos negócios. Stefaan Kennis, diretor de estratégia, inteligência de mercado e sustentabilidade da TOMRA Food, explica por que - e como as tecnologias podem facilitar isso.

Agricultores, produtores, processadores de alimentos, embaladores e varejistas podem pensar que a sustentabilidade não tem nada a ver com eles. Que importa apenas para grandes corporações, ou que é apenas um chavão da moda. Mas descartar a sustentabilidade como irrelevante pode ser um erro caro.

Longe de ser um modismo, a sustentabilidade veio para ficar e cada vez mais importante, principalmente nas indústrias que vendem para o consumidor. Como os consumidores estão cada vez mais preocupados com temas como sustentabilidade, meio ambiente e tratamento justo para os trabalhadores, eles esperam que as marcas de alimentos lidem com essas questões de forma responsável e ética - e as marcas esperam o mesmo de seus fornecedores.

Isso pode soar como um fardo indesejável para algumas empresas, mas com a responsabilidade vem as recompensas. As empresas voltadas para o consumidor podem conquistar a fidelidade do cliente e a participação de mercado levando a sustentabilidade corporativa a sério. E a indústria alimentícia pode competir de forma mais eficaz por contratos dessas empresas voltadas para o consumidor, entendendo

como seus próprios comportamentos também podem incorporar a sustentabilidade.

Então vamos ver como, além de beneficiar a sociedade, a sustentabilidade pode ser boa para o comércio. Como ele pode ser integrado à indústria de alimentos e em quais atividades de negócios pode ser aplicado.

Os clientes esperam

Cada vez mais os consumidores de hoje pensam duas vezes antes de fazer uma compra, perguntando-se se o que estão prestes a comprar foi produzido com uma abordagem responsável em relação ao meio ambiente e à sustentabilidade. As atitudes variam entre nações, gerações e indústrias, mas como uma breve visão geral, a sustentabilidade é classificada como um importante critério de compra por 60% dos consumidores. Essa foi uma das conclusões do Global Sustainability Study 2021 (conduzido pela consultoria global de estratégia e preços Simon-Kucher & Partners), que também descobriu que mais de um terço dos consumidores em todo o mundo estão dispostos a pagar mais pela sustentabilidade e nos últimos anos 85 % tornaram-se 'mais verdes' em suas compras.

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EMPRESARIAL
INFORME

Este estudo, como outros anteriores, identificou que os consumidores com menos de 40 anos estão mais atentos a essas questões do que os mais velhos. Quanto mais jovens forem os consumidores, maior será sua consciência de como as decisões de compra impactam o mundo e maior a probabilidade de comprarem de marcas cujas causas sociais acreditam. Isso é importante agora e será ainda mais importante no futuro próximo: ano após ano, as gerações mais jovens (conhecidas pelos profissionais de marketing como Millennials e Geração Z) representarão uma parcela cada vez maior da demografia do consumidor.

Não é apenas a opinião pública ou os perigos das mudanças climáticas que impulsionam a sustentabilidade nas agendas de negócios. Outro fator importante são as redes sociais. Como as plataformas online dão às pessoas irritadas o poder de gritar alto e amplamente, o sucesso comercial hoje depende não apenas de conquistar os corações e mentes dos consumidores, mas também de não os decepcionar ou ofendê-los. Qualquer empresa que visivelmente não respeita as questões de sustentabilidade - por ser descuidada com o meio ambiente, talvez, ou por desperdiçar recursos finitos - pode rapidamente cair em desgraça com os compradores dos quais depende.

Facilitando a indústria alimentícia

A boa notícia é que é fácil para a indústria de alimentos e agroindústria levar a sustentabilidade a sério. Isso é possível pelas tecnologias oferecidas pela TOMRA Food, fabricante líder mundial de soluções de classificação baseadas em sensores e soluções integradas de pós-colheita para a indústria alimentícia.

Como os classificadores da TOMRA podem detectar e ejetar materiais indesejados das linhas de fabricação e processamento de acordo com sua cor, forma, tamanho, estrutura e até mesmo suas ca-

racterísticas biológicas, eles são famosos por estabelecer altos padrões de segurança alimentar e qualidade do produto. Menos conhecido, no entanto, é o fato de que as soluções da TOMRA também ajudam a alcançar a ecoeficiência. Além disso, as plataformas de soluções da TOMRA podem ser adaptadas a quase todos os tipos de alimentos: batatas, vegetais, frutas frescas e processadas, frutas vermelhas, frutas secas, nozes, sementes e grãos, proteínas, ração para animais de estimação e confeitaria.

Reduzir a perda e o desperdício de alimentos é fundamental para reduzir os custos de produção e aumentar a eficiência do sistema alimentar, melhorar a segurança alimentar e nutricional e contribuir para a sustentabilidade ambiental. A perda de alimentos ocorre ao longo da cadeia de abastecimento alimentar, desde as perdas pós-colheita na exploração até, mas não incluindo, a fase de retalho. Desperdício de alimentos refere-se a alimentos que são descartados em nível de varejistas, fornecedores de serviços de alimentação e consumidores.

É reduzindo a perda de alimentos que as soluções de classificação atuais também aumentam os rendimentos e os lucros. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alerta que até 2050 a demanda global por alimentos aumentará em cerca de 50%, mas apenas 20% a mais de terra poderá ser usada produtivamente. Isso significa que os recursos existentes devem ser usados de forma muito mais eficaz. Sustentabilidade e sobrevivência estão intrinsecamente ligadas.

Novamente, as respostas podem ser encontradas na tecnologia. Um relatório recente do Parlamento Europeu - "Opções tecnológicas para alimentar 10 bilhões de pessoas" - apontou que a sustentabilidade pode ser melhorada de várias maneiras, automatizando as linhas de fabricação e processamento de alimentos. Os benefícios da automação, observou o relatório, incluem “otimizar a qualidade do produto” e “reduzir perdas e defeitos de qualidade”.

Isso certamente é verdade na experiência da TOMRA. Os classificadores da TOMRA são projetados e desenvolvidos (e ajustados no local) para remover materiais indesejados e produtos imperfeitos sem descartar bons produtos. As soluções da TOMRA atingem uma taxa de falsa rejeição de produto bom excepcionalmente baixa - e se algum produto bom for ejetado da linha, muitas vezes ele pode ser recuperado passando-o por um classificador pela segunda vez ou recuperado para venda em um grau inferior. Como resultado, as soluções de classificação da TOMRA aumentam o rendimento

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INFORME EMPRESARIAL

dos produtos, marcam a caixa rotulada como “sustentabilidade” e oferecem aos usuários uma vantagem competitiva.

É possível melhorar ainda mais

As futuras reduções nas perdas de alimentos serão ainda melhores, até porque estamos entrando na era da digitalização. Um bom exemplo é como todas as plataformas de classificação da TOMRA podem ser conectadas à plataforma de dados TOMRA Insight, que coleta dados quase em tempo real e os armazena com segurança na nuvem. Os dados ao vivo podem ser reagidos imediatamente (e remotamente) para otimizar as configurações da máquina; os dados históricos podem ser processados em informações acionáveis para desbloquear melhorias no desempenho da máquina. Essa análise de dados se tornará cada vez mais valiosa à medida que avançamos para um futuro digitalizado, transformando a classificação de um processo operacional em uma ferramenta de gerenciamento estratégico.

E fazer o esforço para adotar práticas de negócios sustentáveis não é tão diferente de investir nas soluções da TOMRA: além de ser bom para o planeta, ajuda a proteger o mais valioso dos ativos de negócios, a reputação da marca.

INFORME EMPRESARIAL

Sobre TOMRA Food

A TOMRA Food projeta e fabrica máquinas de classificação baseadas em sensores e soluções integradas de pós-colheita, transformando a produção global de alimentos para maximizar a segurança alimentar e minimizar a perda de alimentos, garantindo que Todos os Recursos Contam. Essas soluções incluem classificação avançada, descascamento e tecnologia analítica para ajudar as empresas a melhorar os retornos, obter eficiências operacionais e garantir um fornecimento seguro de alimentos.

Mais de 12.800 unidades estão instaladas em produtores, embaladores e processadores de alimentos em todo o mundo para confeitaria, frutas, frutas secas, grãos e sementes, produtos de batata, proteínas, nozes e vegetais.

A TOMRA Food opera centros de excelência, escritórios regionais e locais de fabricação nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, Ásia, África e Australásia.

Siga a TOMRA Food no Facebook @TOMRA. Food, Twitter @TOMRAFood, Instagram @TOMRAFood e no LinkedIn em TOMRA Food.

A TOMRA Food é uma divisão do Grupo TOMRA A TOMRA foi fundada em 1972 e começou com o projeto, fabricação e venda de máquinas de venda reversa (RVMs) para coleta automatizada de recipientes de bebidas usadas.

Hoje, a TOMRA está liderando a revolução de recursos para transformar a maneira como os recursos do planeta são obtidos, usados e reutilizados para permitir um mundo sem desperdício. As outras divisões de negócios da empresa incluem TOMRA Recycling, TOMRA Mining e TOMRA Collection

A TOMRA possui aproximadamente 100.000 instalações em mais de 80 mercados em todo o mundo e teve uma receita total de ~10,9 bilhões de NOK em 2021. O Grupo emprega ~4.600 globalmente e está listado publicamente na Bolsa de Valores de Oslo. A sede da empresa fica em Asker, Noruega.

Para obter mais informações sobre a TOMRA, consulte www.tomra.com

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Stefaan Kennis, diretor de estratégia, inteligência de mercado e sustentabilidade da TOMRA Food.
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EMPRESARIAL
INFORME

A armazenagem de arroz branco é essencial para as várias fases da transformação do arroz e para a indústria da comercialização de arroz. Não só a capacidade de armazenagem de arroz por volume é significativamente mais alta do que a da armazenagem de arroz em casca, mas está também praticamente disponível para venda e consumo. É evidente que a armazenagem de arroz branco é vantajosa, mas é também arriscada e constitui um desafio à preservação da qualidade e da quantidade durante a armazenagem. Para além disso, é difícil tratar o arroz, uma vez que qualquer ação pode causar uma quebra e uma degradação da sua qualidade e valor. As condições ambientais têm uma influência adicional sobre a qualidade do arroz durante a armazenagem. A temperatura e a humidade relativa têm uma influência decisiva sobre a cinética das fissuras, tal como a investigação tem provado com várias publicações nas últimas décadas. As melhores condições são aprox. 60% a 75% de humidade relativa e uma temperatura de cerca de 15°C a 20°C. É imprescindível considerar o controlo dos parâmetros durante a armazenagem para obter as condições ideais de armazenagem do arroz. Em muitos países tropicais e nas várias condições de armazenagem, manter a qualidade do arroz representa um desafio de gestão muito grande.

O sistema de armazenagem a granel mais prático utiliza silos quadrados com uma capacidade de 100 a 500 megatoneladas, tal como mostrado na figura seguinte.

As instalações de grande escala utilizam silos até 3000 megatoneladas. Todas estas instalações protegem o arroz da radiação solar que aqueceria as paredes do silo e causaria a descoloração do arroz, além de outros tipos de degradação da qualidade. Esta proteção é possível com a colocação dos silos num armazém ou com paredes do silo isoladas. Mas o problema das condições ambientais, acima menciona-

Revista Grãos Brasil - Dezembro / Janeiro 2023 22 REFRIGERAÇÃO
Dr. Claus M. Braunbeck FrigorTec GmbH Amtzell, Alemania Kolb, Ralph E. Contato: Sr. Reinhard Kappis reinhard.kappis@frigortec.com (Vendas América Latina)

do, persiste. A única solução reside na utilização da tecnologia de arrefecimento de cereais que permite condicionar o ar e obter condições de armazenagem na gama de temperatura e humidade relativa certas.

Por isso, ar condicionado à temperatura e humidade relativa certas é soprado para os grãos a granel, de forma a obter as condições de armazenagem ideais, tal como apresentado na ilustração seguinte.

Os processadores de arroz que utilizam este tipo de tecnologia obtêm as melhores condições de armazenagem por mais de 9 meses, evitando ao mesmo tempo a infestação por gorgulho e fungos. No fim, a qualidade e a quantidade são preservadas e protegidas.

Prevenção da perda de arroz em casca a temperaturas ambiente elevadas durante a armazenagem em climas tropicais

A perda de arroz em casca durante a armazenagem é principalmente entendida como perda devido a roedores, pássaros, insetos e fungos, que constituem a principal causa de perda na indústria. No entanto, uma certa perda em massa é observada durante a armazenagem, mesmo quando a melhor gestão de armazenagem se encarrega do arroz em casca. Fala-se muitas vezes de perda de humidade, quando o arroz em casca é armazenado com cerca de 14% após a secagem, mas retirado do stock com menos teor de humidade. Kanlayakrit declarou que o teor de humidade do arroz em casca reduziu de 13,5% para 10,8% quando armazenado durante 10 meses num armazém, o que significa uma grande perda económica tendo em conta a redução do peso total de cerca de 2,7%. Mesmo se o tempo de armazenagem for apenas de 6 meses, Parnsakhorn mediu uma redução de humidade com valores de resultado semelhantes. Qualquer processador de arroz sabe o que isso significa e tenta evitá-lo. No entanto, as condições dos ambientes tropicais são uma causa e, normalmente, não podem ser alteradas.

Além da redução do teor de humidade, uma redução de matéria seca é uma consequência da propriedade do grão de consumir hidratos de carbono através da sua atividade de respiração. Jouin

mostrou já nos anos 60 do século passado que uma temperatura elevada e um alto teor de humidade do grão aceleram a sua atividade de respiração a uma escala exponencial. Por isso, um teor de humidade baixo do arroz em casca é obrigatório quando armazenado sob condições tropicais. No entanto, uma determinada atividade permanece devido à elevada temperatura ambiente. O calor da respiração tem de ser libertado do arroz em casca armazenado, pelo menos, por sistemas de arejamento,

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Figura: Conteiners Quadrados com Frigortec
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de forma a evitar que a temperatura continue a aumentar no stock.

O arejamento deve ser feito quando a humidade relativa do ar ambiente é baixa, o que acontece se a temperatura for alta devido às propriedades do ar. Deste modo, é feita uma secagem contínua que reduz ainda mais o teor de humidade, de acordo com o teor de humidade de equilíbrio do arroz em casca. Isto provocava uma perda adicional pela necessidade de evitar uma danificação grave do arroz em casca.

É evidente que a necessidade de uma solução faz parte dos objetivos da indústria. A forma como funciona é indicado pela investigação mencionada de Kanlayakrit e Parnsakhorn. Ambos demonstraram que quando o arroz em casca é armazenado a baixas temperaturas, a redução de humidade é minimiza-

da ou até mesmo evitada. Mesmo uma temperatura de armazenagem de 18°C gerou uma redução da humidade de apenas 0,5%. Sob condições refrigeradas não houve qualquer perda de humidade. Esta é também a solução para evitar a perda de matéria seca como demonstrou a investigação de Jouin. A baixas temperaturas, a atividade de respiração do arroz em casca reduz-se e o calor é libertado correspondentemente. A consequência é que os sistemas de arejamento deixam de ser necessários e o efeito de secagem provocado pelo seu funcionamento já não pode levar à perda de peso do arroz em casca.

A solução técnica para arrefecer o arroz em casca, de forma a evitar perda, é um refrigerador de grãos como o GRANIFRIGORTM. Foi concebido para reduzir o calor do grão e evitar a perda de humidade durante o período de armazenagem. Um sistema de arejamento existente pode ser facilmente adaptado com a substituição do ventilador pelo GRANIFRIGORTM que é movido de armazenagem para armazenagem graças à utilização múltipla da mesma unidade. São óbvias as poupanças que se podem obter, especialmente para o arroz em casca que é armazenado durante um longo período para envelhecer até um certo nível. O arrefecimento de cereais tem muito mais vantagens com benefícios adicionais para a transformação de arroz em casca e de arroz e será abordado noutro artigo.

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O ano de 2022 foi terrivelmente angustiante em termos políticos e econômicos.

Muita movimentação em torno das eleições presidenciais, com ataques pessoais entre os candidatos, mas de pouca importância para o povo em geral no que diz respeito aos programas de governo de cada candidato.

Ressalte-se aqui as idas e vindas do STF ditando as regras de forma estranha para liberar quem não deveria estar livre, mas que demonstra a fraqueza do povo brasileiro e o total desinteresse em salvaguardar o que mais precioso temos: A NOSSA LIBERDADE!...

Mas o assunto aqui é mercado de grãos, e portanto vamos tentar expor o que pensamos e vislumbramos para o ano de 2023.

1. Com a posse de um novo presidente, que ainda não sabemos quais serão as diretrizes de governo que possam assegurar um ano seguro em termos de produção, preços e formas de comercialização, fica difícil de prognosticar uma tendência lógica de oscilações com base na oferta/demanda baseada em consumo real e capacidade produtiva.

2. Estamos finalizando 2022 com muitas dúvidas na cabeça, os produtores buscando segurar o produto em seus armazéns para se prevenir contra surpresas desagradáveis, ao invés de jogar no mercado o produto e ficar com o dinheiro no banco onde não se sabe se estará 100% seguro e salvo de qualquer interferência dos poderes constituídos e que podem (por que não?) abocanhar o que estiver nas contas bancárias sob o pretexto de regulamentar a movimentação financeira no País.

3. Vocês podem até pensar que estou sendo exagerado, mas é só

25 COMERCIALIZAÇÃO www.graosbrasil.com.br
Oswaldo

buscar na história deste País o que já vimos em situações parecidas com a de hoje, e você irá constatar que não estou totalmente equivocado!

4. As demandas internacionais mostram um arrefecimento no consumo, seja ele por redução de consumo propriamente dito, seja por escassez de recursos para adquirir o que é necessário para o seu conforto alimentar, seja por problemas extremos de litígios entre países principalmente na Europa e Oriente Médio.

5. Produção vai ter, só não se consegue dimensionar se vai ter o suficiente para abastecer o

mundo, ou se vamos ter que apertar o cinto e se contentar com o que estiver disponível em cada momento.

6. Muitos países com certeza vão entrar em recessão devido a tudo que temos visto em 2022, e isso é preocupante sob o ponto de vista segurança física e alimentar para todos.

Me perdoem a sinceridade e a ousadia, mas é assim que eu vejo deste meu pequeno cantinho e desta pequeníssima janela virtual é o que eu posso vislumbrar para o ano de 2023.

Quero estar errado, mas isso só o tempo vai dizer.

No mais, desejo a todos um final de ano repleto de paz, saúde e tranquilidade, e que o novo ano venha REALMENTE com esperança que possa se concretizar favorável para todos nós!

26 COMERCIALIZAÇÃO

O armazenamento dos grãos é uma etapa importantíssima para garantir a boa rentabilidade da safra e evitar prejuízos no pós-colheita. Afinal, a umidade pode ser responsável pela geminação precoce do grão e o surgimento de fungos e insetos, o que diminui a qualidade e, consequentemente, o valor do produto no mercado. Em alguns casos, pode levar até a perda parcial ou total de uma colheita.

Por isso, a impermeabilização do silo é tão importante. Uma vez que formará uma camada de proteção sobre o substrato, impedindo a passagem de umidade, poeira e partículas de sujeira. Dessa forma, é possível prevenir as infiltrações, mofos e fungos.

Com tantos impermeabilizantes no mercado, é comum ficar em dúvida na hora de escolher o ideal para o seu silo. Pensando nisso, reunimos neste artigo três motivos para optar pelo sistema de impermeabilização RR 500 ECO. Continue a leitura!

Preste atenção na estanqueidade

Claro que o primeiro ponto a ser analisado na hora de escolher um impermeabilizante é a estanqueidade. Ou seja, o quanto o produto é capaz de evitar infiltrações. O sistema RR 500 ECO da Hard tem um impermeabilizante que cura com a umidade do ar e forma uma membrana emborrachada de alta resistência. Essa membrana de alta performance não diluí em água, o que garante a total estanqueidade do silo.

A impermeabilização tem que ser duradoura

Ter que refazer a impermeabilização a cada seis meses é um grande problema. Afinal, um silo é um local de difícil acesso tanto

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para realizar o serviço, quanto para subir os materiais necessários. Por isso, é tão importante que a impermeabilização tenha o máximo de vida útil possível.

Pensando nisso, o sistema de impermeabilização RR 500 ECO passa por testes internos de resistência a raios solares, chuva ácida e névoa salina, a qualidade e alta resistência é garantida. Dessa forma, a vida útil do substrato pode aumentar em até 15 anos, pois estará protegido contra a corrosão e infiltrações. Com isso, a frequência das manutenções diminui, oferecendo em longo prazo um melhor custo-benefício.

Se a aplicação for rápida e fácil, é melhor

Por último, temos que analisar a forma de aplicação, que deve trazer agilidade para o serviço. O RR 500 ECO é um sistema que já vem pronto para o uso e com os menores tempos de cura entre demãos e final, respectivamente, duas e 48 horas. Isso é possível porque esse produto foi desenvolvido com tecnologia MS Polymer®, uma matéria prima de alta performance, que garante alto poder de adesão. Desta forma, dispensa o uso de primers e, como já dito, proporciona menor tempo entre demãos.

Dica bônus! Conte com parceiros especialistas

Além de escolher corretamente os produtos da impermeabilização, é extremamente importante contar com uma equipe capacitada para efetuar o serviço corretamente. Afinal, não adianta contar com os melhores itens, se eles forem aplicados de forma errada, não é mesmo?

Também é fundamental contar com fornecedores comprometidos com a qualidade, como é o caso do Grupo Hard. Além de oferecer um mix completo de produtos, todas as linhas cumprem normas de qualidade nacionais e internacionais. Ou seja, utilizar os produtos Hard é o primeiro passo para levar mais qualidade, durabilidade e eficiência para o canteiro de grandes obras, residências e silos. Com altos níveis de estoque com 100% de rastreabilidade, a missão da Hard é facilitar o dia a dia dos clientes com soluções inovadoras.

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A grande extensão do país nos permite produzir o ano inteiro, com alta produtividade e variadas culturas, o que faz do Brasil um dos três maiores exportadores de grãos do mundo. Porém as distâncias do nosso país nos impõem também desafios de infraestrutura e logística. Tão logo os caminhões carregados deixam o campo, inicia-se a etapa em que o agronegócio brasileiro apresenta maior fragilidade. Ao contrário dos EUA onde a perda no processo logístico do transporte do grão é muito baixa, no Brasil ainda vivemos o desafio de reduzir o volume de perda causado na movimentação dos grãos. Por exemplo, se considerarmos o milho e a soja no Brasil, as movimentações representam a segunda maior causa de perdas, atrás apenas do armazenamento.

A logística é uma operação inerente a qualquer cadeia produtiva, em virtude de as zonas de produção estarem deslocadas das áreas de consumo. Ela não agrega valor ao produto, mas interfere sobremaneira na sua competitividade.

Dentro dessa concepção, os terminais integradores devem estar situados próximos aos polos de produção, sendo alimentados por veículos rodoviários para proceder a armazenagem transitória naqueles locais, para daí acessar às instalações portuárias (exportação) e demais centros de consumo distribuídos pelo país, mediante a utilização dos modais ferroviário e/ou hidroviário, a depender da otimização logística selecionada.

Como a atitude privada, pouco ou nada pode intervir na infraestrutura publica e rodoviária, cabe ao investidor escolher as melhores tecnologias, que reduzam ao máximo as perdas do processo logístico, principalmente naqueles processos que estão sobre seu controle.

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Nos entre postos estacionários de armazenagem e terminais integradores a correta escolha dos equipamentos de movimentação tem substancial relação com o resultado.

Uma excelente opção são os transportadores enclausurados, tecnologia muito usada no exterior e que há alguns anos foi introduzido também nas linhas de produção de outros fabricantes nacionais. Neste tipo de transportador a correia e o produto são protegidos do ambiente resultando em uso confiável em qualquer condição climática. Não existindo a necessidade de galerias fechadas. Aplicado também em túneis sob silos ou armazéns, onde a emissão de poeira e acúmulo de produto podem ser um problema para manter o local limpo e seguro.

Neste tipo de transportador os Filtros Pontuais ou Inseríveis têm sua melhor aplicação, criando depressão constante no ambiente interno do fechamento, evitando possíveis fugas de pó e despressurizando recebimentos e chutes. O princípio de funcionamento dos filtros pontuais é a instalação direta sobre a capota de enclausuramento do transportador sobre a correia, normalmente cerca de 1,5 a 2 metros do ponto de recebimento. Com a parte inferior do equipamento aberta para o interior do transportador, gera uma velocidade de face baixa, de maneira a exaurir o ar gerado no arraste da queda do produto e o particulado que gera, sem puxar o grão como pode ocorrer em aspirações centralizadas, liberando

apenas o ar filtrado para a atmosfera, seja externa ou interna a um túnel e galeria. Um sistema de limpeza automatizado, por pulsos em contracorrente de ar comprimido, devolve o particulado coletado diretamente sobre o grão na correia, evitando assim o inconveniente de ensacar e dar destino ao particulado captado nos habituais sistemas centralizados e assim reduzindo a perda de peso.

Em processos logísticos e principalmente em multimodais de transporte, parte-se do princípio que o mesmo peso que foi recebido na entrada, espera-se na expedição. Evitando ao máximo a quebra e perda de produto.

Por outro lado, a utilização de filtros pontuais, garante que não haverá o que chamamos de “curtos circuitos”, quando um particulado é aspirado em um fluxo de movimentação e é devolvido por rosca ou rotativa em local anterior de onde foi aspirado, gerando perda de energia e capacidade de transporte. Sua aplicação se justifica principalmente porque em processos logísticos, normalmente os transportadores são bastante extensos, com cem, as vezes mais de duzentos metros. O que inviabiliza a instalação de sistemas centralizados devido a extensão que deveria ter esta rede de dutos, gerando inclusive um consumo de energia desnecessário.

Apesar de nos transportadores enclausurados os filtros pontuais terem sua melhor aplicação, é importante salientar que os filtros pontuais são uma ótima opção também em transportadores semi enclausurados e abertos, porém alguns cuidados adicionais devem ser levados em conta.

Para a instalação de filtros pontuais ou inseríveis em correias abertas ou semi enclausuradas, é importante esclarecer que para eficiência da aplicação é necessário que neste ponto exista um encla-

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suramento parcial do ponto de recebimento. Este fechamento deve ser desde um metro antes do recebimento, a distância entre recebimento e o filtro pontual, além de mais pelo menos dois metros após o final do filtro pontual. Isso se faz necessário principalmente para uniformização do fluxo de ar de aspiração e para que nestes fechamentos sejam instalados cortinas e anteparos de borracha como um esforço adicional na contenção do pó. A figura abaixo ilustra este tipo de aplicação.

Fora do processo logístico de grãos, os filtros pontuais são amplamente aplicados na indústria de beneficiamento, seja para alívio em silos de produto acabado, depressão em tanques de farinha, farelados e moídos, entre outras utilizações. Na moagem é de fundamental importância para a qualidade do produto pois retira a umidade do processo, absorve o volume de ar gerado pelos moinhos e mantém o tanque ou vaso que recebe o produto acabado em pressão negativa, sendo um quesito de segurança industrial. Nesses casos normalmente são equipamentos maiores, com altas vazões e

potências. São aplicados preferencialmente desta forma, pois evitam a perda de produto acabado, pois seu sistema de limpeza online por pulsos de ar comprimido em contracorrente, retornam constantemente o particulado aspirado diretamente no interior do tanque.

Uma tendência que vem acontecendo é a solicitação para aplicação deste tipo de equipamento, diretamente sobre as grades das moegas, seja em conjunto com grades oscilantes (flexflap/lamelas) ou sem. O princípio é aspirar o ar interno da moega e com isso forçar o ar de cima para baixo no momento da descarga, fazendo com que o particulado gerado neste processo se concentre abaixo da linha superior da carroceria e evitando a dispersão do pó no ambiente do prédio das moegas. Mais comumente utilizada em empresas de logística, empresas fabricantes de rações tem utilizado também este conceito, levando em conta que para este tipo de produto final, evita a separação do particulado, quando no recebimento de calcário, farelos, vitaminas, entre outros. Reduzindo o desperdício de matéria prima.

Um ponto de relativa importância e que tem tirado o sono dos empresários é a necessidade de despressurizar os elevadores de canecas/caçambas. Vale lembrar que não só em transportadores horizontais os filtros pontuais tem excelente resultado. Este tipo de filtro inserível é uma excelente opção para despressurizar elevadores de caçamba, seja criando depressão no corpo próximo ao recebimento de grãos, ou ainda na cabeça próximo ao chute do produto.

Por fim, as tecnologias e inovações estão aí para ajudar as empresas a reduzirem ao máximo a perda no processo logístico, mas ainda deve ter atenção especial a necessidade de melhoria na infraestrutura rodoviária, qualidade dos caminhões utilizados no transporte e planejamento de rotas inteligente, de maneira a reduzir o desperdício e prejuízo causado por esta etapa do processo logístico.

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Universidade Federal de Viçosa - UFV Departamento de Engenharia de Agrícola - DEA e-mail: silvaluisc@ufv.br Website: www.agais.com

Psicrometria é uma área do conhecimento voltada à determinação das propriedades físicas e termodinâmicas do ar, que é constituído por gases e vapor de água. Os gases correspondem ao nitrogênio (78,10%), oxigênio (21,00%), gases nobres (0,90%), gás carbônico (0,03%), dentre outros. Desse modo, didaticamente o ar é dividido em duas frações: ar seco e vapor de água. Em psicrometria é pressuposto que a massa de ar seco é constante, enquanto a de vapor de água pode aumentar ou diminuir. Sendo assim, as quantidades horárias de ar seco que entram e saem de um secador são iguais, enquanto as de vapor de água é maior na saída.

O conhecimento de psicrometria é fundamental para o entendimento de operações como aeração em silo-pulmão, secagem em alta e baixa temperaturas, seca-aeração, aeração e resfriamento de produto armazenado. Isso se dá em razão dessas operações envolverem trocas de calor e, ou, massa (vapor de água) entre o ar e os grãos.

Na condução dessas operações, de acordo com suas especificidades, ocorrem alterações das propriedades psicrométricas do ar, como o volume específico, razão de mistura, pressão de vapor, umidade relativa, temperatura e entalpia. Na definição dessas propriedades é tomado como pressupostos que o volume específico corresponde ao volume em que está contido 1,0 kg de ar seco e uma determinada quantidade de vapor de água. Por exemplo, para o ar com temperatura de 22,0 °C e umidade relativa de 80%, o volume específico equivalerá a 0,915 m³ de ar/kg de ar seco (Figura 01). Portanto, nesse volume de 0,915 m³ (915 L) está contido 1,0 kg de ar seco e 14,2 g de vapor de água.

Para esse cenário, a razão de mistura corresponde à razão entre as massas de vapor de água e de ar seco, correspondendo, portan-

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Dr. Luís César da Silva

to, a 14,2 g de vapor de água/kg de ar seco. Esse quantitativo de vapor de água, para o momento, corresponde a 80% da quantidade de vapor se o ar estivesse saturado (17,8 g). Desse modo, a propriedade umidade relativa é calculada pela relação percentual entre a razão de mistura atual e razão de mistura do ar saturado (= 14,2/17,8).

Figura 1. Representação do volume de controle para o ar com temperatura de 22,0 °C, e umidade relativa de 80%, Maringá-PR, altitude de 542 m.

parciais proporcionais à concentração. Desse modo, para o ar atmosférico, o somatório das pressões parciais dos gases mais a pressão parcial associada à quantidade de vapor corresponderá à pressão atmosférica, que normalmente é expressa em hectopascal (hPa) ou milímetros de mercúrio (mm Hg).

Além da razão de mistura e umidade relativa, outra propriedade que faz referência à quantidade de vapor de água no ar é a pressão de vapor. De acordo com a Lei de Dalton, os gases em uma mistura exercem pressões temperatura de um sistema em que está ocorrendo a evaporação de água, em razão do potencial de secagem do ar. Sendo assim, conhecendo os valores das temperaturas o usuário, por meio de uma tabela, determinará a umidade relativa. Por meio dessa tabela o usuário constatará que quanto maior a diferença entre as temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido menor será a umidade relativa, o que implica em maior potencial de secagem do ar. Em caso de as temperaturas serem iguais, a umidade relativa será igual a 100%, ou seja, o ar estará saturado.

Por exemplo, para a cidade de Maringá-PR, com altitude de 542 m, ao ocorrer a temperatura de 22,0 °C e umidade relativa de 80%, a pressão atmosférica corresponde a 946,92 hPa (710,3 mm Hg). Nessa condição, o gás nitrogênio com participação de 78,1% no ar responderá pela pressão parcial de 739,5 hPa (552,0 mm Hg), enquanto para vapor de água a pressão de vapor será 21,2 hPa (15,9 mm Hg). E caso o ar estivesse saturado, umidade relativa de 100%, a pressão de vapor seria 26,4 hPa (19,8 mm Hg). Desse modo, outra forma de calcular a umidade relativa se dá pela relação percentual entre a pressão de vapor atual e pressão de vapor do ar saturado.

Dependendo do aporte de calor da mistura ar seco e úmido é definida a entalpia, que para o ponto de estado caracterizado na Figura 1 corresponde a 13,9 kcal/kg de ar seco (58 kJ/kg de ar seco). Em operações como aeração em silo-pulmão, secagem, seca-aeração, aeração e resfriamento é dada a maior importância à variação da entalpia, o que propicia calcular, por exemplo, o aporte de calor necessário a ser transferido para a realização da secagem, ou a quantidade de calor a ser removido do ar para a condução da operação de resfriamento dos grãos armazenados.

Determinação das propriedades psicométricas

Para a determinação das propriedades podem ser empregados psicrômetros, termo-higrômetros ou sensores eletrônicos de temperatura e umidade relativa. O psicrômetro, Figura 02, possui dois termômetros: o de bulbo seco e o de bulbo úmido. O termômetro de bulbo seco mede a temperatura do ar, enquanto o de bulbo úmido, envolto por um cadarço de algodão umedecido com água, simula a

Figura 2. Desenho esquemático de um psicrômetro.

Ao se utilizar programas de computador, como os disponibilizados no site www.agais.com, seção Aplicativos “on line”, ou de gráfico psicrométrico, é possível determinar as propriedades psicrométricas do ar, desde que sejam conhecidas, as coordenadas do ponto de estado, como por exemplo a temperatura de bulbo seco versus temperatura de bulbo úmido, umidade relativa, razão de mistura, volume específico ou entalpia.

Dinâmica da variação das propriedades

A variação das propriedades psicrométricas do ar é dinâmica, como demostrado na Figura 03, que traz as variações da temperatura e umidade relativa para a cidade de Maringá-PR durante o dia 17/03/2012.

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ARMAZENGEM

Constata-se que essas propriedades variam em razão inversa, pois quanto maior a temperatura do ar menor é a umidade relativa, e vice-versa. Assim, os maiores valores de umidade relativa ocorrem entre às 3 h e 10 h, alçando valores próximos de 90%. Enquanto os maiores valores para temperatura ocorreram ao final da tarde com o pico de 31,1 °C às 18 h, nesse momento a umidade relativa correspondeu a 50%. Na Tabela 01 são destacadas as variações do volume específico, razão de mistura, pressão de vapor e entalpia ao longo do dia 17/03/2012 em Maringá-PR.

Psicrometria e secagem de grãos

A secagem a alta temperatura caracteriza-se por empregar ar aquecido em mais de 10 °C em relação à temperatura ambiente, o que eleva o potencial de secagem do ar que se traduz na redução da umidade relativa e em aumentos da temperatura e entalpia.

Na Tabela 02 são apresentadas as condições psicrométricas do ar ambiente e do ar de secagem aquecido até 90°C. Observa-se que a umidade relativa do ar reduziu de 80 para 3,0%, enquanto a entalpia aumentou de 13,9 para 30,7 kcal/kg de ar seco.

A redução da umidade relativa está associada ao aumento da razão de mistura do ar saturado de 17,8 (14,2÷80) para 473,3 (14,2÷3,0) g de vapor/kg de ar seco. Ou seja, ao ar ambiente para chegar ao estado de saturação deve-se acrescer mais 3,6 g de vapor, enquanto ao ar de secagem 459,1 g de vapor. Evidentemente, isso ocorreria se o ar de exaustão em

um secador apresentasse a umidade relativa de 100%, o que é fictício.

Na Figura 03 é representada uma situação de ocorrência passível. Nesse caso, trata-se de um secador de fluxos misto tipo cavalete com capacidade horária de 40 t/h, operando com vazão do ar de secagem igual a 100 mil m³ de ar/h, que ao se dividir pelo volume específico (0,915 m³ de ar/kg de ar seco) é determinada vazão mássica igual a 109 mil kg de ar seco/h. Ao se calcular a diferença entre as razões de mistura do ar de secagem e o da exaustão (18 g de vapor/kg de ar seco) e multiplicá-la pela vazão mássica é calculada a quantidade de vapor de água transferida ao ar, que nesse caso corresponde a 1.967,4 kg de água/h.

Ressalta-se que a quantidade de vapor de água transferida ao ar de exaustão dependerá do teor de água e da temperatura do pro-

duto. Os cálculos apresentados referem-se à redução do teor de água de 18,0 para 13,0%.

Psicrometria e aeração de grãos

Os materiais biológicos como grãos e sementes são higroscópios, portanto possuem a capacidade de trocar água na forma de vapor com o ar circunvizinho.

Sobre a superfície dos materiais biológicos está presente uma finíssima camada de ar constituindo um microclima, onde as propriedades psicrométricas são definidas em função do teor de água e da temperatura do produto de dada espécie e variedade. Desse modo, quanto maiores o teor de água e a temperatura dos grãos, maiores serão a umidade relativa, pressão de vapor e razão de mistura nesse microclima. Esse fato decorre do aumento da quantidade de vapor de água nesse microclima.

Por exemplo, para grãos de milho com teor de água de 19,0% e temperatura 26,0 °C, o ar presente nos microclimas possuirá umidade relativa de 90%, pressão de vapor 33,61 hPa (25,2 mm Hg) e razão de mistura 19 g de vapor/kg de ar seco. Sendo assim, em um silo-pulmão contendo bilhões de grãos de milho com teor de água de 19,0% e temperatura 26,0 °C, fará com que a umidade relativa do ar intergranular seja de 90%, o que favorece a proliferação de fungos. Mas se os grãos de milho estivessem com teor de água de 13,0% e temperatura 20,0 °C, a umidade relativa do ar intergranular seria 60%, inviabilizando assim ao desenvolvimento de fungos.

Na interação ar circunvizinho e grãos poderão

Figura 3. Variação da umidade relativa e temperatura para a cidade de Maringá-PR, em 17/03/2012

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Tabela 1. Variação das propriedades psicrométricas do ar para a cidade de Maringá-PR, altitude 542 m, em 17/03/2012

ocorrer trocas de calor e vapor de água. Por exemplo, se pela massa de grãos passar um fluxo de ar com pressão de vapor menor que a pressão de vapor sobre as superfícies dos grãos, será estabelecido um gradiente em que o fluxo de massa de vapor dar-se-á dos grãos para o ar. Portanto, ocorrerá a secagem dos grãos. Essa troca ocorrerá até que as pressões de vapor se igualem, estabelecendo assim a condição denominada equilíbrio higroscópico.

Caso o gradiente seja estabelecido em sentido contrário, a massa de vapor do ar migrará para os microclimas nos entornos dos grãos, potencializando o desenvolvimento de fungos em razão da maior disponibilidade de água no ar. O desenvolvimento de fungos na massa de grãos pode elevar a temperatura e os riscos de contaminação por micotoxinas.

Portanto, é errôneo afirmar que a aeração de grãos com ar úmido, alta umidade relativa, proporcionará o aumento do teor de água dos produtos armazenados.

Desse modo, na condução da operação de aeração, para que não ocorra troca de vapor de água entre os grãos, o fluxo de ar a ser insuflado deve estar em equilíbrio higroscópio com a massa de grãos.

Ponderações Finais

Toda unidade armazenadora deve dispor de estação meteorológica para fundamentar tomadas de decisão, principalmente na condução da operação de aeração.

Este artigo foi redigido como o intuito de despertar em operadores e gerentes operacionais de unidades armazenadoras a importância dos conhecimentos básicos de transferência de calor e massa e de psicrometria na condução das operações: aeração em silo-pulmão, secagem, seca-aeração e a aeração ou resfriamento dos produtos em armazenamento.

Para os tempos atuais, em que são ressaltados a importância da otimização de processos, o uso racional de energia e a preservação das qualidades físico-química, nutricional e sanitária dos grãos, são necessários aprimoramentos quanto aos fundamentos das formas de condução das operações unitárias do sistema unidade armazenadora, que envolvem trocas de calor e massa entre a massa de grãos e o ar.

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Tabela 2. Representação das alterações das propriedades do ar mediante o processo de aquecimento Figura 3. Uso de pirometria em sistema de secagem.

Saulo

Stelito

1 Companhia Nacional de Abastecimento - Analista/Engenheiro Agrícola – Gerência de Cadastro e Credenciamento de Armazéns Superintendência de Armazenagem - rafael-alves.silva@conab.gov.br

2 Companhia Nacional de Abastecimento– Gerência de Cadastro e Credenciamento de Armazéns - gecad@conab.gov.br

3 Companhia Nacional de Abastecimento -Superintendência de Armazenagem – suarm@conab.gov.br

Conforme estimativa da produção de grãos do Brasil (safra 2021/2022), o Brasil produzirá cerca de 271,23 milhões de toneladas, o que é 5,64% maior do que foi produzido na safra anterior (CONAB, 2021b). Esta foi a maior da safra de grãos do país.

A previsão é de que somente o estado do Mato Grosso - MT produza cerca de 86,48 milhões de toneladas de grãos, representando 31,89% da produção de grãos nacional. O Mato Grosso tem a maior participação na produção de grãos do país, seguido dos estados do Paraná - PR (12,77%), Goiás - GO (10,63%) e Rio Grande do Sul (9,21%) e (CONAB, 2021b).

Em termos de tipos de grãos produzidos, a safra 2021/2022 pode ser assim representada: soja (46,29%), milho (41,76%), arroz (3,97%), trigo (3,45%) e outros grãos (4,52%). Desta forma, o milho e a soja representam cerca de 88,05% da produção de grãos do Brasil. (CONAB, 2021b).

A colheita da produção de milho no Mato Grosso ocorreu a partir da primeira semana de maio e se encerrou na primeira quinzena do mês de agosto, representando 47,53% dos 86,5 milhões de toneladas de grãos produzidos no estado e 15,15 % com relação da produção nacional de grãos.

Assim, diante da importância da safra de milho colhida na safra 2021/2022 nesse estado, é importante analisarmos o parque armazenador da região quanto a capacidade de receber, limpar, secar e armazenar os grãos.

Como grande parte da produção de grãos é armazenada durante determinado período, várias regiões produtoras de grãos do Brasil têm enfrentado grandes problemas neste segmento agrícola em decorrência da capacidade estática limitada dos armazéns (Lima Júnior et al., 2012; Maia et al., 2013). De acordo com Elias (2003), a armazenagem é o processo de guardar o produto, associada a uma sequência de operações, tais como limpeza, secagem, tratamento fitossanitário, transporte, classificação, dentre outros, com o intuito de preservar as qualidades físicas, químicas e biológicas da colheita, até o abastecimento.

A limpeza e secagem dos grãos são importantes procedimentos realizados antes do armazenamento e que possuem o objetivo de manter a sua qualidade durante o período que ficarem armazenados. A retirada das impurezas e redução da umidade, são de extrema importância para evitar a perda de qualidade do produto.

Segundo Puzzi (1986), as Unidades Armazenadora podem ser classificadas em: fazenda, coletora, intermediária e terminal. Sendo importante que as capacidades de limpeza e secagem estejam nas Unidades Armazenadoras em nível fazenda e coletoras, que recebem produtos que possuem necessidade desses dois tipos de serviços.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2011) define Unidade Armazenadora

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Rafael Alves da Silva1 Tomiyoshi Medeiros2 Assis dos Reis Neto3

[UA] como edificações, instalações e equipamentos organizados funcionalmente para a guarda e conservação dos produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e resíduos de valor econômico. O MAPA separa as unidades armazenadoras em quatro tipos: 1) em nível de fazenda - localizada em propriedade rural, com capacidade estática e estrutura dimensionada para atender ao próprio produtor; 2) coletora - localizada na zona rural (inclusive nas propriedades rurais) ou urbana, com características operacionais próprias, dotada de equipamentos para processamento de limpeza, secagem e armazenagem com capacidade operacional compatível com a demanda local; 3) intermediária - localizada em ponto estratégico de modo a facilitar a recepção e o escoamento dos produtos provenientes das unidades armazenadoras coletoras, e; 4) terminallocalizada junto aos grandes centros consumidores ou nos portos, dotada de condições para a rápida recepção e escoamento do produto, caracterizada como unidade armazenadora de alta rotatividade.

A pessoa jurídica que executa a armazenagem dos produtos agropecuários tem o dever de solicitar sua inclusão no Sistema de Cadastro de Armazém de Produtos Agrícolas - SICARM, administrado e controlado pela CONAB (Brasil, 2001). Apesar da obrigação do cadastramento de armazéns no SICARM, pode acontecer de a UA estar operando sem realizar o seu cadastramento e ficar de fora da avaliação, uma vez que não há fiscalização e/ou multa pelo não cumprimento da obrigação.

Durante vistoria para o cadastramento de armazéns, os técnicos da CONAB coletam os dados do armazém, tais como: capacidade estática de armazenagem (em toneladas), capacidade de recepção (toneladas/hora), capacidade de limpeza (toneladas/ hora), capacidade de secagem (toneladas/hora), capacidade de expedição (toneladas/hora) e coordenadas geográficas.

A implementação de armazenagem nas fazendas de regiões produtoras de grãos, onde a demanda de armazenagem seja elevada poderá elevar o nível de renda do produtor, que terá redução nas perdas e nos riscos decorrentes das flutuações dos preços, contribuindo para o desenvolvimento da comercialização. A implementação também favorecerá os consumidores, com o abastecimento contínuo e benefícios com preços mais estáveis (Silva et al., 2008).

Uma UA, técnica e convenientemente localizada, constitui uma das soluções para tornar o sistema produtivo mais econômico, propiciando a comercialização da produção em melhores períodos, evitando as pressões naturais do mercado na época da colheita (D’Arce, 2009). A guarda de produto na propriedade apresenta inúmeras vantagens: a minimização das perdas quantitativas e qualitativas no campo; economia do transporte; maior rendimento na colheita por evitar a espera dos caminhões nas

filas nas unidades coletoras ou intermediárias; a obtenção de financiamento por meio das linhas de crédito específicas para a pré-comercialização; redução dos custos de transação; disponibilidade do produto para utilização oportuna, além de implicar na redução das filas nos terminais de exportação, constituindo-se em alternativa para fugir dos gargalos logísticos (Nogueira Junior e Nogueira, 2007; Giovine e Christ, 2010).

Nesse contexto, objetivou-se identificar possíveis gargalos de armazenagem da produção de milho safrinha 2021/2022 do Mato Grosso - MT, sendo avaliado os dados de capacidade de estática, capacidade de recepção, capacidade de limpeza, capacidade de secagem e capacidade de expedição dos armazéns comparados com a velocidade de colheita do milho safrinha.

Material e Métodos

Para a análise da falta de espaço para armazenagem, adotou-se a diferença entre a capacidade estática dos armazéns a granel e a estimativa de produção de safrinha (safra 2021/2022) por microrregião do Mato Grosso. Espera-se que as microrregiões com maior déficit de armazenagem correspondam às microrregiões com maiores demandas pelos serviços de armazenagem e, consequentemente, maior a oportunidade para instalação de novos armazéns. Nesta análise de déficit de armazenagem do Mato Grosso não foi considerado o estoque de passagem dos grãos, principalmente soja, que pressiona ainda mais a necessidade dos armazéns da região.

Para as demais análises, a estimativa de velocidade de colheita do milho safrinha no Mato Grosso foi transformada em toneladas por hora, considerando a progressão de colheita divulgado pela Conab na safra 2020/2021. O percentual colhido em cada período foi multiplicado pelo total produzido, previsão de safra 2021/2022, em cada localidade e dividido pela quantidade de dias do período, também foi considerado 8 horas de colheita diárias.

A análise da capacidade dos armazéns (capacidade de recepção, capacidade de limpeza, capacidade de secagem e capacidade de expedição) cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras - SICARM/CONAB versus a produção de milho safrinha 2021/2022 do Mato Grosso foi simplificada, considerado o mesmo ritmo de colheita, ou seja, o mesmo percentual de colheita, para todas as microrregiões. O que diferencia as microrregiões é a quantidade de milho safrinha produzido.

Para elaboração dos mapas deste trabalho, utilizou-se: o software “QGIS”; coordenadas geográficas dos armazéns a granel obtidas no SICARM (CONAB, 2021a); arquivos vetoriais correspondentes à base digital do Brasil que dispõem dos polígonos delimitadores do Brasil, dos estados e microrregiões cada município do país no formato “shapefile”, disponibilizados no portal eletrônico do Instituto Brasileiro de

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Geografia e Estatística (IBGE,2020b); dados da produção de grãos do Brasil safra 2021/2022, estimativa de 09/2022 (CONAB, 2022b); dados da produção de milho 2ª safra do Mato Grosso safra 2021/2022, estimativa de 09/2022 (CONAB, 2022b) e produção agrícola municipal do SIDRA 2021 (IBGE, 2022a). Todos mapas foram elaborados no Datum SIRGAS 2000.

Resultados e Discussão

Ao avaliar a produção de grãos do Brasil por microrregião, observa-se na Figura 1 uma forte concentração da produção na região centro-oeste do país, com destaque para as microrregiões de Alto Teles Pires-MT, Sudoeste de Goiás-GO, Parecis-MT, Dourados-MS, Barreiras-BA, Canarana-MT e Sinop-MT.

Figura 1. Previsão da Safra de grãos do Brasil, safra 2021/2022, estimativa de setembro de 2022. Fonte: CONAB (2022b) e SIDRA/IBGE (2022)

732.930 t, respectivamente). No entanto, as microrregiões com superávit de armazenagem de milho foram Alto Teles Pires, Primavera do Leste, Rondonópolis, Alto Araguaia e Cuiabá (2.721.507, 1.486.535, 1.059.840, 322.258 e 82.831 t, respectivamente).

Acredita-se que o déficit de armazenagem de algumas microrregiões possam ser supridas por Unidades Armazenadoras localizadas em microrregiões vizinhas com superávit.

Figura 2. Déficit de armazenagem no estado do Mato Grosso - Capacidade estática vs produção de milho safrinha. Fonte: CONAB (2021a, b, c) e SIDRA/IBGE (2022)

O cenário de capacidade estática de armazéns cadastrados no SICARM/CONAB versus a produção de milho safrinha 2021/2022 do Mato Grosso é apresentada na Figura 2.

No balanço geral do Mato Grosso (capacidade estática versus produção de milho safrinha), para produção de milho safrinha de 41.103,80 mil toneladas e capacidade de armazenagem granel de 39.653,28, estima-se um déficit de armazenagem de 1.450,52 mil toneladas para armazenar a produção total de milho safrinha do estado. Este déficit estimado não inclui a análise do estoque de passagem de soja e/ ou de milho primeira safra.

Se de um lado o déficit de armazenagem pode ser maior pelo fato de alguns armazéns ainda terem um estoque de passagem de soja e/ou de milho na região, por lado, pode ser amenizado em razão do escoamento do milho segunda safra que segue diretamente para a exportação ou fabricação de ração animal, sem ficar armazenado no local de produção por muito tempo, e pela utilização de estruturas emergenciais de armazenamento, como por exemplo os silos bolsa.

Conforme análise, as microrregiões com maiores déficits de armazenagem da milho safrinha foram Arinos, Norte Araguaia, Canarana, Parecis e Paranatinga (1.265.750, 1.198.967, 1.036.528, 745.325,

No Gráfico 1, a seguir, foi realizado um comparativo da velocidade de colheita de milho safrinha durante o período de maio a agosto de 2022 com a capacidade de secagem e limpeza. Nota-se que o período mais crítico ocorre entre a última semana do mês de junho e a primeira quinzena de julho.

Nas primeiras semanas de julho a velocidade de colheita atinge 140.927,31 toneladas/hora, valor inferior a capacidade de secagem do Mato Grosso que é de 152.249 toneladas/hora. No caso do milho safrinha, os sistemas de secagem dos armazéns tem utilização menor, uma vez que grande parte do milho colhido já chegam ao armazém seco (teor de água baixo). Nestes casos, realiza-se apenas a limpeza do milho e, posteriormente, a armazenagem.

Gráfico 1. Velocidade da colheita de milho safrinha versus capacidade de secagem versus capacidade de limpeza versus capacidade de recepção versus capacidade de expedição (t/h). Fonte: CONAB (2021a, b, c)

As demais capacidades dos armazéns (recepção, limpeza e expedição) apresentam valores condizentes com a velocidade de produção, assim, utilizando-se essa metodologia, não representaram um gargalo durante a colheita.

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O modelo de análise foi simplificado e devido as características do milho safrinha, existe a possibilidade de armazenar o produto sem a necessidade de secar na unidade armazenadora, em contrapartida a capacidade de secagem utilizada é média, podendo sofrer reduções significativas por problemas de manutenção e recebimento de produto com teor de umidade mais alto.

No Mato Grosso a distribuição das capacidades de limpeza e secagem estão aderentes com as funções dos armazéns, estando cerca de 80% concentrada nos armazéns coletores e nível fazenda, conforme Tabela 1. No caso da capacidade estática, este percentual é cerca de 72%.

Tabela 1. Capacidades por função dos armazéns. Fonte: SICARM - CONAB (2022a).

É importante também observarmos quem opera o parque armazenador nesse estado, principalmente, quanto a possibilidade de prestação de serviços de armazenagem por parte dos detentores dos equipamentos.

Através da Tabela 2, a seguir, pode-se verificar que 32% da capacidade de secagem é operada por pessoas físicas, que por lei (Brasil, 2001), não podem prestar serviços de armazenagem para terceiros. Além disso, outros 18% dessa capacidade está sendo operada por tradings, que de forma geral não prestam serviços para terceiros.

Desta forma, nota-se uma redução de 50% na capacidade de secagem que estará indisponível para prestação de serviços a terceiros. Esta informação é importante, uma vez que o produtor de milho safrinha que não possui armazém equipado com limpeza e secador terá dificuldades de encontrar local que preste esses serviços.

Tabela 2. Capacidade estática, de secagem e limpeza de grãos por tipo de agente armazenador. Fonte: SICARM – CONAB (2022a).

Conforme análise, as microrregiões com maiores déficits de capacidade de secagem de milho safrinha foram Norte Araguaia, Paranatinga, Arinos e Aripuanã, (2.419, 2.392, 2.127 e 1.051 t/h, respectivamente). No entanto, as microrregiões com superávit de capacidade de secagem de milho safrinha foram Alto Teles Pires, Primavera do Leste, Rondonópolis e Alto Araguaia (11.634, 5.478, 2.788 e 1.563 t/h, respectivamente).

De forma similar ao observado na análise de déficit de armazenagem, acredita-se que o déficit de capacidade de secagem de milho safrinha de algumas microrregiões possam ser supridas por Unidades Armazenadoras localizadas em microrregiões limítrofes, como pode ser observado para o estudo de caso da microrregião de Paranatinga-MT na Figura 3.

Figura 3. Análise da capacidade de secagem de milho safrinha vs colheita da produção de milho safrinha no estado do Mato Grosso. Fonte: CONAB (2022a, b, c) e SIDRA/IBGE (2022)

Para o período mais crítico de secagem, elaborou-se um mapa que compara a velocidade de colheita de milho safrinha com a capacidade de secagem dos armazéns por microrregião. A Figura 3 ilustra esses déficits por microrregião.

Conclusões

As microrregiões que apresentaram maiores déficits de armazenagem de milho safrinha e, consequentemente maior indicativo de necessidade para instalação de armazéns no Mato Grosso, foram: Arinos, Norte Araguaia, Canarana, Parecis e Paranatinga (1.265.750, 1.198.967, 1.036.528, 745.325, 732.930 t, respectivamente).

Quanto ao maior gargalo operacional do complexo de armazenagem do estado, a capacidade de secagem foi a que apresentou a maior necessidade de ampliação, principalmente, nas microrregiões de Norte Araguaia, Paranatinga, Arinos e Aripuanã.

Observou-se a necessidade de expandir a análise para a colheita da 2ª safra do Mato Grosso detalhando as informações de armazenagem e produção por município.

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Especialíssimo: Melhor café especial da safra de 2022 é de Conceição da Aparecida (MG)

Lote do produtor Marcelo Miguel Madeira, produzido no Sul de Minas Gerais, é o campeão do Especialíssimo, programa que revela os melhores cafés da região de atuação da Cooxupé

Alcançando a nota 90,29, o café do produtor Marcelo Miguel Madeira ficou em primeiro lugar no Programa Especialíssimo, premiação da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) e da SMC Specialty Coffees. A produção vem da cidade de Conceição da Aparecida, Sul de Minas Gerais. A cerimônia de premiação dos melhores cafés da Safra 2022 na região de atuação da cooperativa -que abrange mais de 17 mil produtores associados -aconteceu na noite desta sexta-feira, 25 de novembro, em Guaxupé, cidade onde a Cooxupé mantém a sua matriz.

"Para mim é uma satisfação muito grande estar aqui e muito mais ganhar o primeiro lugar. Uma gratidão enorme pela Cooxupé que foi muito importante para essa conquista. O trabalho para chegar a este resultado foi de muita dedicação e cuidado com a minha lavoura. Conto com a parceria incrível da minha família, esposa, meus irmãos e meu pai", declara o cooperado campeão, premiado com R$ 50 mil, ao conquistar a pontuação de 90,29.

O segundo melhor café especial é de Tarcísio Rodrigues Nunes, com a nota 89,79. Ele foi premiado com R$ 30 mil. O lote produzido vem de Santa Rosa da Serra, município ligado à Unidade do Rio Paranaíba da Cooxupé, no cerrado mineiro. “Agradeço ao pessoal da Cooxupé, especialmente pelo apoio técnico que recebemos. O trabalho que fizemos

para chegar a este resultado foi sempre tratar bem da lavoura, cuidar dos tratos culturais e, também, na colheita é muito importante pegar a maturação certa do café”, revela.

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Revista Grãos Brasil - Dezembro / Janeiro 2023 40 UTILÍSSIMAS

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