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Perguntas em alta velocidade
um fim de tarde de domingo, Severino Severo descia apressado a ladeira do Quebra-Perna. Dirigia-se à igreja para assistir à missa das seis. Carregava na mão direita uma garrafa de vinho, que daria de presente ao padre.
Distraído, o professor não viu um estranho objeto no meio da calçada. Mesmo que o tivesse visto, não saberia o que era aquilo nem para que servia. Era um skate.
O dono do skate, um garoto alto e corpulento, estava sentado no meio fio, de costas para a calçada, amarrando os tênis.
No embalo em que vinha, o velhote botou um pé na parte da frente da prancha e o outro, em seguida, na parte de trás.
Quando escutou o ruído das rodinhas em atrito com a calçada, o garotão voltou-se. Ao perceber que um sujeito de roupa preta e cabelo espetado e descolorido, provavelmente um punk, lhe roubava o skate, berrou: – Pega ladrão!
E saiu correndo a toda, enquanto, na sua frente, o skate ganhava velocidade.
Ao perceber que deslizava sobre uma tábua, Severino Severo concluiu que, logicamente, sob ela devia haver rodinhas. Pensou em saltar, mas, naquela velocidade, certamente se arrebentaria.
O que fazer?
Como aprendera a andar de patinete quando menino, conseguiu um melhor equilíbrio ao abrir os braços.
Como frear aquela coisa?
Não sabia.
Girando em alta velocidade, o cérebro do professor fazia-se perguntas. Para que estudei tanto, se vou morrer de uma forma