4 minute read
Coluna Mercado Agrícola
MILHO A safra de verão se encontra em colheita, que vai se concentrar a partir da metade de fevereiro. Mesmo assim, os indicativos do começo do ano foram de alta, com posições firmes, porque houve perdas devido à seca de dezembro e começo de janeiro que pegaram uma boa fatia das lavouras do Sul do País e onde apontasse perdas de três milhões de toneladas a quatro milhões de toneladas. Dessa forma, do potencial de 27 milhões de toneladas agora se estima menos de 24 milhões de toneladas. Como há uma parte deste milho já negociada antecipada na exportação, vai sobrar menos para o consumo interno. Isso serve de apelo positivo frente às grandes quedas de cotações no período de colheita. O fator de formação das cotações continuará sendo os níveis da exportação que têm girado entre 10,00 dólares e 10,50 dólares por saca nos portos. Deve ser o balizador dos negócios junto às indústrias internas, com pouco espaço para operar abaixo. Estima- -se um bom ano para o milho novamente.
SOJA O mercado da soja segue em período de colheita e entrega de contratos. Há poucos fechamentos novos. Já são mais de 55 milhões de toneladas da safra negociada e os produtores dão sinais de que irão segurar parte do produto à espera de momentos melhores e de definições sobre a realidade dos negócios com a China, voltando à negociação interna. Os vendedores estão apontando que para negociar a soja, os níveis de base seriam acima de R$ 90,00 a saca nos portos, o que poderia trazer valores mais atrativos no interior. Boa parte do setor segue capitalizada e só deve vender quando os níveis forem mais atrativos. As exportações seguem em bom ritmo, com potencial de superar 2019. Tende a ser um bom ano para a soja, sem registro de disparada de cotações, mas novamente com bons ganhos.
FEIJÃO O feijão continua a trazer ganhos aos produtores, começando 2020 com indicativos entre R$ 150,00 e R$ 200, 00 a saca, seguidos de leve queda nos patamares médios com a oferta da primeira safra. O apelo é de manutenção dos indicativos em bons níveis neste ano, porque as carnes, mesmo um pouco mais baratas que em dezembro passado, ainda estão com valores muito acima da media de 2019, reforçando a demanda por alimentos básicos. Deve ocorrer nova onda de pressão positiva assim que acabar a colheita da região central do país, principalmente de Goiás e Minas Gerais. Haverá mais uma fase de vazio de ofertas e indicativos pressionados para cima. A boa demanda esperada para o ano deve manter boas cotações aos produtores de feijão.
ARROZ O mercado do arroz começou 2020 com pressão positiva nas cotações, com pouca oferta, estoques baixíssimos e indicativos em alta. Os patamares no mercado gaúcho giraram entre R$ 50,00 e R$ 56,00 a saca, nos maiores níveis desde 2017. Há folego positivo para trabalhar o ano em cotações bem maiores que as de 2019. Com o setor todo apostando em alta, aguarda-se uma onda corretiva para compensar as perdas. Será um bom ano para o setor arrozeiro, que pega carona na alta das carnes para ter boa demanda e também no crescimento econômico do País, estimado em 2,5% neste ano frente a 1% do ano passado. C
Vlamir Brandalizze Twitter @brandalizzecons www.brandalizzeconsulting.com.br
Curtas e boas
TRIGO - O mercado do trigo começa a mostrar pressão positiva nas cotações, com boas expectativas de demanda para 2020 e safra menor que o consumo. O dólar em alta deixa o trigo importado caro para os níveis nacionais, que devem puxar as posições internas também. Caminha para valorização e superar os R$ 900,00 a tonelada nos bons momentos do ano. O grão importado chegará ao Brasil acima destes valores. EUA - O acordo comercial entre os EUA e a China não animou o mercado, porque deixou tudo em aberto. Apenas apontou que os chineses se comprometem a comprar 32 bilhões de dólares em produtos agrícolas americanos até o final de 2021. Não indica quanto de produto e quando irão adquirir. Isso não animou os operadores e não serviu de apelo para Chicago. Desta forma, o mercado deve começar a fluir melhor quando os chineses comprarem bons volumes de soja nos EUA, o que deve ocorrer cedo ou tarde, porque o Brasil não terá todo o produto que os asiáticos necessitarão. A nova safra começará a ser definida para o plantio neste final de fevereiro. Previsões de clima apontam que os norte-americanos podem novamente enfrentar inverno alongado. CHINA - A China enfrenta novamente um problema sanitário, com um novo vírus que atinge a população. Isso atrapalha até mesmo a economia neste começo do ano. O país está entrando no Ano-novo Lunar, que começou no último dia 25 de janeiro, sendo o Ano do Rato, visto pelos chineses como um período de crescimento econômico e prosperidade. O governo chinês sinaliza que seguirá comprando grandes volumes de grãos nos países que lhes forem mais atrativos e isso beneficia os exportadores da América do Sul. ARGENTINA - A safra dos argentinos está nos campos e os novos impostos sobre as exportações também. Com isso, o país caminha para uma nova fase de descapitalização do setor produtivo e tende a entrar em “quebradeira” nestes próximos anos. No final do plantio, muitos desistiram de parte das áreas, principalmente arrendadas.