Revista Arandu # 47

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Revista

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Ano

9 • IS rço-Abril/200 a M .v e F • 7 12 • Nº 4

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O Jornal de Weimar Torres e as eleições de 1954 Fernando de Castro Além



nicanorcoelho@gmail.com

Dourados

Ano 12 - No 47

Pรกgs. 1-20

Fev.-Marรงo-Abril/2009


[ CARO LEITOR

CARO LEITOR

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Revista Arandu, com esta edição, quer dar sua contribuição para as discussões em torno da imprensa douradense e as representações políticas. Com isso, os intelectuais e pesquisadores terão acesso a um artigo escrito pelo historiador Fernando de Castro Além, o “Fernando Dagata”, que retrata o jornal O Progresso fundado por Weimar Torres e as eleições de 1954, fazendo uma análise das representações políticas. Nesta edição também publicamos o artigo da professora Inês M.S. Lopes, a “Inês Thompson”, que contribui com seu trabalho de forma primordial para o desenvolvimento da Educação Especial. Consolidada como a melhor publicação científica do Centro-Oeste, a Revista Arandu está amadurecida e pronta para novos desafios dentro da proposta de transformar Dourados como uma Cidade Universitária voltada para a pesquisa e o desenvolvimento das ciências, das letras e das artes. Nicanor Coelho Editor

Ano 12 • No 47 • Fev.-Março-Abril/2009 ISSN 1415-482X

Editor NICANOR COELHO nicanorcoelho@gmail.com Conselho Editorial Consultivo ÉLVIO LOPES, GICELMA DA FONSECA CHACAROSQUI e LUIZ CARLOS LUCIANO Conselho Científico CARLOS MAGNO MIERES AMARILHA, LUCIANO SERAFIM, MARIA JOSÉ MARTINELLI SILVA CALIXTO, MARIO VITO COMAR, NICANOR COELHO, PAULO SÉRGIO NOLASCO DOS SANTOS e PLÍNIO SAMPAIO CATARINO Editor de Arte LUCIANO SERAFIM PUBLICAÇÃO DO

EDITADO POR

Rua Mato Grosso, 1831, 10 Andar, Sl. 01 Tel.: (67) 3423-0020 / 9238-0022 Dourados, MS CEP 79804-970 Caixa Postal 475 CNPJ 06.115.732/0001-03

Revista Arandu: Informação, Arte, Ciência, Literatura / Grupo Literário Arandu - No 47 (Fev.-Março-Abril/2009). Dourados: Nicanor Coelho Editor, 2009. Trimestral ISSN 1415-482X 1. Informação - Periódicos; 2. Arte - Periódicos; 3. Ciência - Periódicos; 4. Literatura - Periódicos; 5. Grupo Literário Arandu


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[ SUMÁRIO

O Jornal de Weimar Torres e as eleições de 1954: Análise das representações políticas ...................................... 4 Fernando de Castro Além Refletindo a prática avaliativa numa concepção libertadora e inclusiva ............................. 14 Inês M. S. Lopes

INDEXAÇÃO CAPES - Classificada na Lista Qualis www.capes.gov.br ISSN - International Standard Serial Number Latindex - www.latindex.org GeoDados - www.geodados.uem.br

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O JORNAL DE WEIMAR TORRES E AS ELEIÇÕES DE 1954: ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES POLÍTICAS Fernando de Castro Além1 RESUMO Neste artigo, será realizada uma análise das representações políticas inerentes às eleições de 1954 na cidade de Dourados, localizada ao sul do antigo estado do Mato Grosso, publicadas no Jornal O Progresso, cujos discursos apontam para uma relação paternalista e clientelista do periódico com os políticos locais e suas agremiações partidárias. Essa relação se modifica conforme a campanha eleitoral se aproxima, com o objetivo claro de atender aos interesses de Weimar Torres e seu grupo político. Palavras-chave: O Progresso, campanha eleitoral, representações. ABSTRACT In this article, it will be performed an analysis of the political representations involved in elections of 1954 in Dourados city, located south of the former state of Mato Grosso, published in O Progresso Journal, whose speeches point to a paternalistic and clientelistic relationship of the organ with the local politicians and their party organizations. This relationship is changing as the election approaches, with the clear objective of meeting the interests of Weimar Torres and his politic group. Keywords: O Progresso, electoral campaign, representations.

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ocalizada no longínquo e semiinexplorado Centro Oeste brasileiro, Dourados experimentava um forte crescimento populacional em razão da implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, posta em funcionamento pelo Presidente Getúlio Vargas. E concomitante a migração de milhares de famílias para a região, nasce O Progresso. Desde seu início, o jornal é marcado por relações muito próxi1

mas ao poder público local. Sua própria fundação ocorreu graças a uma doação do erário público municipal no valor de oito mil cruzeiros. O dinheiro foi utilizado para aquisição dos equipamentos gráficos necessários para imprimir seus exemplares2. Weimar Torres, vereador em Dourados e proprietário do periódico, conseguiu junto aos seus pares da câmara de vereadores a aprovação de recursos para que o jornal entrasse em

Licenciado em História. Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Ciências Humanas


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funcionamento. Como veículo de informação pronto a atender aos interesses de uma elite política, serão analisadas as representações contidas em suas páginas — reportagens, imagens, poesias, artigos, propagandas políticas, entre outros — no tocante às eleições de 1954 na cidade de Dourados. Demonstraremos que, de acordo com as conveniências e com a conjuntura política local, o periódico utilizava de discursos paternalistas e clientelistas, tentando manipular a opinião pública douradense durante a campanha eleitoral em questão. Trataremos de representações políticas estigmatizadas na forma impressa; portanto, um dos eixos teóricos utilizado nesse estudo será aquele articulado à semiótica e à linguagem. Segundo Capelato e Dutra (2000), a representação política usa o símbolo — linguagem — como instrumento de poder que emite estatutos de “realidade”. Tal categoria de representação torna-se eficaz na idealização de imaginários, pondo em funcionamento estratégias capazes de garantir sentido a um determinado mundo social. As representações estabelecem significados às práticas específicas de um dado grupo no tocante ao poder. A linguagem — através de símbolos, signos, discursos, narrativas, etc. — extrapola a sua eficácia quanto ao reconhecimento pelos indivíduos em fazer parte do grupo, e é claro, em não pertencer a este. Em se tratando de um veículo de comunicação que possuía relações manifestas com o poder local, gerando uma certa “opacidade” no tocante ao limite entre o público e o privado, observamos como o jornal manipulava os discursos com o objetivo de salvaguardar os interesses dos políticos da região, garantindo sentido a um determinado imaginário social fazendo uso da linguagem. É o que acontece nas eleições

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de 1954. O artifício do clientelismo e do paternalismo é utilizado quando o periódico se refere a algum membro da elite política douradense. Mas tal expediente aparece de maneiras distintas, dependendo do período a ser enfocado. Nos primeiros meses de 1954, quando não havia uma definição em relação às coligações, o jornal “distribui” adjetivos, realça predicados, enaltece as virtudes dos indivíduos da cena política local, independente de cor partidária. Podemos verificar como adjetivos positivos, que reverberam “estatutos de altivez”, capazes de idealizar determinados personagens da política local são freqüentemente expostos, quase sempre na primeira página. Segue abaixo reportagem segundo a qual um vereador filiado ao PTB estaria sendo cotado para assumir a presidência municipal da legenda: “Segundo apurou nossa reportagem, o vereador Orlando Marques de Almeida, brilhante representante do Partido Trabalhista Brasileiro na Câmara Municipal, (...) homem sereno e equilibrado, trabalhador incansável em defesa dos interesses do povo, (...) representará, por certo, o fortalecimento do partido.” (17/01/ 1954, p.4),

Ao prefeito municipal à época — Sr. Nelson de Araújo, membro da UDN — também não lhe faltam predicados elogiosos. As ações da Prefeitura local são estampadas em destaque em um período anterior às eleições de 1954, que podem ser verificadas abaixo: “(...) a arrecadação da tesouraria, no ano passado, deverá ultrapassar a casa dos dois milhões e quinhentos mil cruzeiros superando as melhores expectativas e dei-


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xando um grande saldo orçamentário. Sem dúvida alguma, tal fato vem demonstrar a eficiência da administração do município na gestão do Dr. Nelson de Araújo, que superando enormes obstáculos vem mantendo as finanças municipais em elevado índice e conceito”. (10/01/1954, p. 1).

É possível apontar, para o período mencionado, que O Progresso fez uso de discursos (linguagem/comunicação) que tinham o objetivo de fazer emergir no imaginário social a figura do político ideal, homem de atributos ímpares, merecedores de serem representantes do povo douradense. Carregado da subjetividade de quem o veiculava, as representações políticas, estigmatizadas pelo clientelismo e pelo paternalismo, também objetivavam a estabilidade do sistema social (a política douradense). Utilizando do conceito de habitus desenvolvido por Pierre Bourdieu (1992), podemos afirmar que o Progresso construiu representações segundo as quais os agentes detentores de um determinado capital político (políticos locais e da região) estabelecidos dentro de seu campo social — o da política local manifestada através de seus partidos — cujas práticas dos agentes envolvidos foram determinantes na construção das representações manifestas em forma de discursos estigmatizados nas páginas do jornal. Em um primeiro momento tais representações demonstram, embora de forma opaca, uma estabilidade nesse campo social. Mais tarde, em virtude da dinâmica do processo eleitoral, com o delineamento das alianças políticas e as práticas (habitus) dos políticos, estas representações passam a legitimar não apenas um campo social, mas diversos, edificados a partir das rupturas, desligamentos, junções, acordos e interesses.

Partindo para o campo da história cultural, podemos realizar uma análise utilizando os conceitos de representação coletiva utilizados por Roger Chartier (2002). Segundo o autor, as representações estão dispostas em uma luta, polarizada por quem tem o poder de classificar e nomear, (O Progresso, através de seu diretor e os agentes políticos envolvidos) e a definição submetida ou resistente que cada comunidade produz de si mesma (a opinião pública douradense). Sendo assim, tais discursos, os quais são construídos para garantir os interesses de uma elite política e solidificar uma relação paternalista e clientelista, tem o objetivo de distorcer a realidade, (a imagem do político ideal, homem público que age como defensor dos interesses de toda a população, independentemente da bandeira partidária, inserido em uma cena política também ideal, cujo bem estar do povo fica acima de qualquer legenda) definindo inúmeras verdades. Chartier se municia das representações para analisar a sociedade do Ancién Regime francês. Para o autor, existe uma perversão da relação de representação, gerada pela teatralização da vida social na sociedade do Antigo Regime. Acreditamos que é possível realizar uma analogia quanto ao estudo da política douradense nas eleições de 1954, haja vista que O Progresso atuou no sentido de impor representações, gerando imagens capazes de perverter, mascarar o referente, a sua realidade, gerando “estatutos de altivez”, em uma articulação entre práticas culturais (as relações entre o periódico e os políticos locais, cujos discursos expostos nas páginas do jornal são a forma mais estrita), estruturas sociais (O Progresso e os políticos e os partidos) e formas de poder (eficácia da linguagem/comunicação do jornal, garantia dos interesses de ambas as partes), onde o jornal atuava conforme os


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interesses de quem tem o poder de nomear e classificar as representações (as elites políticas locais).

O PROGRESSO, SEUS INTERESSES E SUA RELAÇÃO COM A ELITE POLÍTICA D A DA REGIÃO: DOS “EST ATUT OS DE “ESTA TUTOS AL TIVEZ” AO DISCURSO ALTIVEZ” O PEJORA TIV PEJORATIV TIVO Nas representações políticas publicadas pelo jornal entre os meses de janeiro e maio de 1954, no tocante às eleições do mesmo ano, podemos verificar que o jornal apontava para uma tentativa de aliança entre o PSD e o PTB, esse último principal oposicionista ao governo udenista de Nelson de Araújo. O Partido Trabalhista Brasileiro estava se reorganizando em Dourados, e havia marcado uma convenção para o dia 13 de fevereiro de 1954. O redator se mostra preocupado caso membros do PTB barrassem a coligação. Podemos inferir que as conversas já estavam acontecendo, como pode ser notado na citação abaixo: “Com a reorganização da Diretoria Municipal do Partido Trabalhista Brasileiro a se realizar no dia 13 do corrente, vão ser clareados os rumos da política desse partido em face das eleições que se aproximam. É sabido que elementos há naquela agremiação contrários à aliança com o PSD. Se esses elementos conseguirem maioria dentro do diretório, estará criado sério embaraço para aquela aliança que já se acha firmada em vários outros municípios e na qual estão depositadas as melhores esperanças da oposição.” (07/02/1954, p.1).

Ocorre a convenção do PTB e o antigo presidente, Armando Campos Belo,

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consegue controlar o partido a nível local, reassumindo a presidência da legenda. A partir desse momento, as conversas visando efetivar a coligação entre os dois partidos pareciam não estar avançando. O Jornal, que antes fazia referência à aliança, com o PTB indicando o candidato a prefeito, exaltando a figura do vereador Orlando Marques de Almeida como candidato a presidente da legenda trabalhista — conforme aparece em citações anteriores — muda seu discurso, que a partir desse momento, implicitamente possuía um objetivo e alvo bem delineados: pressionar o diretório municipal reeleito do PTB a aceitar a coligação com o PSD, sob pena de desagregação do primeiro caso isso não ocorra. Os discursos, que em um momento anterior tinham o objetivo claro de demonstrar um equilíbrio harmônico entre as forças no ambiente político douradense, discursos estes caracterizados por uma “imaculação” das elites políticas locais independentemente de cor partidária, perdem sua eficácia. Em seu lugar, transitam outros, que se apresentam como uma faca de dois gumes: aqueles marcados por adjetivos positivos aparecem, a partir do momento que a aliança entre pessedistas e petebistas parece não se consumar, apenas quando o jornal se refere à legenda de Weimar. Já no tocante ao PTB, estes discursos não cessam de chamar atenção para as dissidências que o partido iria enfrentar durante a corrida eleitoral, edição por edição, realçando a falta de união, de coesão e de organização da legenda trabalhista. De certa forma, O Progresso, através de seu editorial, responsabiliza a direção municipal do partido pela falta de entendimento, tanto externa quanto internamente. O periódico estampa como chamada de capa “CRISE NO PTB!”, além de publicar uma carta endereçada a Armando


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Campos Belo, presidente da legenda trabalhista, emitida por 13 dissidentes informando o desligamento: “A esta altura dos acontecimentos, quando os partidos reestruturam seus quadros para enfrentar as próximas eleições, sofreu o Partido Trabalhista Brasileiro neste município, a perda de treze de seus destacados elementos, todos membros de seu Diretório Municipal. (...) O ofício pedindo o desligamento está assim redigido: (...) nós, abaixo assinados, não estando mais dispostos a continuar com a orientação de V. Sa. na administração desse conceituado partido, vimos pela presente solicitar em caráter irrevogável, a nossa retirada das fileiras do Partido Trabalhista Brasileiro, secção de Dourados....” (02/05/1954, p.1).

A dissidência no PTB pode ser pensada a partir da disputa interna pela indicação do candidato a prefeito pela legenda. Ao presidente do partido, Armando Campos Belo, interessava se viabilizar mais uma vez como o candidato trabalhista, o que não era recebido com unanimidade. Para uma determinada ala do partido, capitaneada pelo vereador Aguiar Ferreira de Souza, Armando não reunia forças para disputar mais uma eleição, haja vista ter perdido na disputa anterior para Nelson de Araújo3. Não tendo a unanimidade desejada, Armando buscava viabilizar outro nome, o de Orlando Marques de Almeida, que não agradava a ala comandada por Aguiar, haja vista que este último também tentava articular a indicação de seu nome. Não obtendo êxito na convenção, Aguiar sai do partido levando consigo mais 12 elementos. Antes da desagregação, havia uma articulação entre o PSD e a ala petebista de Aguiar Ferreira de Souza. Em uma eventual

coligação entre trabalhistas e pessedistas, Aguiar sairia candidato a prefeito e os pessedistas indicariam o vice, fato que acaba não se consumando em virtude da direção do PTB não concordar com a aliança, aprovando em convenção um nome de seu interesse. Percebendo a dificuldade em selar a aliança, O PSD também se articulava. Na edição de 14 de fevereiro de 1954, um dia depois da convenção do PTB, O Progresso lança uma enquete perguntando qual era o candidato a prefeito da preferência dos leitores. É no decorrer da apuração semanal dos votos na urna instalada na sede do periódico que surge o nome de Ruy Gomes, membro do PSD, terminando a apuração em segundo lugar na opinião dos leitores. Chama a atenção o fato de tal enquete surgir em um momento de dificuldades na composição da aliança entre o PSD e o PTB, quando é eleito presidente do Partido Trabalhista Brasileiro um elemento que parecia não ver com bons olhos a aliança entre os dois partidos. Também é marcante como o periódico passa a dar destaque a Ruy Gomes, até em matérias de capa, conforme sua votação vai aumentando significativamente em cada apuração: “Surpreendente a votação do Sr. Ruy Gomes. A apuração de ontem dos votos depositados na urna para escolha dos nomes mais cotados entre nossos leitores para prefeito de Dourados apresenta uma surpreendente votação para o Sr. Ruy Gomes, que obteve só nesta semana 176 votos, passando para o 2º lugar na ordem dos mais votados (...).” (04/04/1954, p.1)

Ao mesmo tempo, enquanto fortalecia Ruy Gomes como candidato a prefeito, o PSD, e é claro, Weimar Torres, transforma O Progresso em porta-voz de seu par-


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tido. Faz-se necessário tecer “estatutos de altivez” a própria legenda, que ao contrário das demais, é citada como exemplo de coesão interna, cujos discursos a afirmam como a única esperança do povo douradense, e por isso sua responsabilidade é maior do que a dos demais partidos. Isso pode ser notado em um editorial do próprio Weimar Torres, cujo ataque tem como objetivo certo — atingir a direção local do PTB: “Nunca na história de Dourados tiveram tão numerosos desligamentos de seus membros como nesta agitada preparação do pleito de 3 de outubro próximo. Isso denuncia por um lado a fragilidade dos laços que unem os componentes de uma agremiação partidária, e por outro lado a orientação reinante nos partidos que lhes vem sendo imprimida. Acrescente-se entretanto que o único partido de Dourados que até agora não teve nenhum desligamento de seus quadros é o Partido Social Democrático, para o qual estão voltadas as melhores esperanças do nosso povo, de uma solução feliz na escolha dos candidatos aos cargos eletivos municipais”. (02/05/1954, p. 4).

Mesmo ainda vislumbrando a coligação com o PTB, o PSD realizou em 05 de maio de 1954 sua convenção, lançando o nome de Ruy Gomes para candidato a prefeito. O periódico dá grande destaque ao evento, enfatizando que se tratava de um indivíduo de muitas virtudes, se referindo a Ruy como “(...) cidadão eminentemente trabalhador, será uma garantia de realizações — seu discurso é uma mensagem de fé e confiança”. (09/05/1954, p.1). Conforme vai se aproximando a definição das coligações, inicia uma super exposição nas páginas do jornal da imagem dos candidatos pessedistas, colocando em

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evidência o nome de Ruy e dos demais candidatos do partido. Esse “transbordamento” dos discursos ao redor dos candidatos do PSD se prolonga até o fim das eleições, ressaltando o caráter paternalista e clientelista de O Progresso, haja vista que nesse momento os interesses do jornal estão bem demarcados: eleger os candidatos que interessavam a Weimar Torres e seus companheiros políticos. Isso não quer dizer que não existam referências aos demais partidos na cena política local. É claro que aparecem nas páginas do jornal, mas a forma elogiosa que O Progresso se referia às outras agremiações se torna escassa. São poucos os “estatutos de altivez” referendados aos candidatos da UDN, ou do PTB, se comparados aos predicados reservados aos pessedistas. Em relação ao PTB, tais referências aparecem na forma de propaganda política de seus candidatos. Ademais, não faltam pedidos de desligamentos. Em sua imensa maioria soam pejorativos, com a intenção clara de desgastar sua imagem perante a opinião pública local. Podem ser verificadas cartas de dissidentes descontentes com a direção, missivas enviadas por membros do partido transferindo seu apoio à legenda pessedista, pedidos de desligamento, ofensas pessoais dirigidas ao presidente da legenda trabalhista, ou até mesmo réplicas escritas por Armando Campos Belo (presidente municipal do Partido Trabalhista Brasileiro), desqualificando seus acusadores. Os únicos discursos positivos que se referem à coligação podem ser encontrados nas edições de 11 de julho e 29 de agosto de 1954, se tratando de matéria paga enviada ao jornal, momento em que estava selada uma aliança entre PTB e PSP. Quanto à UDN, o periódico noticia a convenção do partido em 19 de junho de 1954, emitindo alguns elogios aos seus can-


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didatos, e algumas propagandas políticas. O restante dos “estatutos de altivez” é direcionado ao prefeito municipal Nelson de Araújo, que se explicam pela estreita relação de Weimar com Nelson, desde os tempos da fundação de O Progresso; ou ao governador do Mato Grosso Fernando Corrêa da Costa, em virtude da sua importância no cenário político estadual. Porém, vale lembrar que quando se aproxima o pleito, os discursos do jornal são de crítica à administração de Nelson de Araújo. Serve como exemplo as reclamações alusivas à ausência de energia elétrica em Dourados, ao ataque de formigas na cidade, as condições ruins de trafegabilidade, à falta de meio fio nas calçadas, e até mesmo ao mau estado de conservação da praça Antônio João. Em um momento anterior ao fechamento das coligações, um novo elemento surge nos textos de O Progresso, o Partido Democrata Cristão. Desde quando foram iniciados os trabalhos de organização da agremiação em Dourados, já há emissão de “estatutos de altivez” por parte do periódico. Em muitos discursos, o partido é relacionado à imagem de seu membro de maior expressão nacional: Jânio Quadros, considerado um fenômeno eleitoral e provável futuro candidato ao Governo do Estado de São Paulo e à Presidência da República. No periódico também são apontadas referências ao cristianismo, haja vista que se trata de diretriz primeira da agremiação. Segundo O Progresso, após a primeira dissidência de membros do PTB que acabaram migrando para o PDC, o primeiro ainda encontrava problemas para se organizar. Após anunciar na primeira convenção a candidatura de Orlando Marques de Almeida, há uma primeira renúncia deste noticiada pelo periódico em 16 de maio. Logo depois, na edição de 06 de junho, Orlando volta atrás em uma chapa única do partido.

Em seguida, na edição de 11 de julho, o jornal publica a possibilidade de uma nova desagregação no partido, em virtude do apoio de seu presidente Armando Campos Belo à candidatura de Milton Milan, do PSP. A coligação PSP-PTB acaba se configurando, além da dissidência ocorrida em conseqüência da aliança, incluindo entre os dissidentes Orlando Marques de Almeida. Dessa vez, esses dissidentes decidem continuar no partido, mas transferem seu apoio à coligação PSD-PDC. O Progresso, ao mesmo tempo que nomeia tais dissidentes de ala trabalhista, os inclui informalmente na aliança. Com o objetivo claro de desestabilizar a liderança trabalhista local e ao mesmo tempo descredenciar a combalida aliança PSP-PTB, se noticiam os desligamentos, que aparecem concomitantes à multiplicação nas páginas do periódico de discursos proferidos pela ala trabalhista ligada à coligação PSD-PDC. Segue trecho de poema composto por Ayrton Ferreira de Souza, aludindo tal fato: “(...)Não sei fazer política, Não sou também orador Apenas como amador Do partido PTB Me acompanhem companheiros, Com o voto valorizando Nas eleições votando No partido PSD (...)”. (08/08/1954, p. 3)

Portanto, podemos inferir que, após a inviabilidade da coligação entre PTB e PSD e a conseqüente migração de membros do primeiro ao PDC, iniciam as conversações que tinham como objetivo claro uma aliança entre o Partido Social Democrático e o Partido Democrata Cristão, o que mais tarde acaba se efetivando. Para garantir seus interesses, antes de haver selado definitivamente a coligação entre os dois partidos, O


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Progresso direciona os “estatutos de altivez” aos membros do PDC. Além disso, o periódico dá amplo espaço para que a agremiação através de suas lideranças estampe seu programa. O mesmo expediente é utilizado pelo jornal em relação à chamada ala trabalhista — segunda dissidência do PTB que passa a integrar informalmente a aliança — o que garantia ainda mais visibilidade à candidatura de Ruy Gomes. O jornal, se utilizando da mesma estratégia, imprime discursos que associam a imagem de Jânio Quadros à organização do PDC local. A vassoura — “marca registrada” de Jânio, simbolizando o expurgo de toda conduta considerada imoral — como a corrupção no poder público, ou mesmo usos e costumes considerados “inadequados”4, é estampada na capa do periódico com os seguintes dizeres: “Douradenses, a vassoura vem aí — PDC”. (11/07/1954, p.1). Num contexto político nacional marcado pelo populismo, expresso nas figuras de Getúlio Vargas — o “pai dos pobres”, dos direitos aos trabalhadores urbanos, da Marcha para o Oeste — ou de Jânio Quadros e sua vassoura impositora da “moral” e dos “bons costumes”, se faz necessária a criação de representações capazes de gerar na população um sentimento de proximidade em relação a seus líderes, que fossem capazes de liberar uma sensação de igualdade social a todos, e os intelectuais da época souberam muito bem construir símbolos marcantes, vinculando a imagem do comandante a seu povo, seja através da iconografia, da fala, da escrita ou da fotografia. O Progresso, num determinado momento da corrida eleitoral utilizou da mesma estratégia — caracterizada pelo populismo na sua mais direta acepção — com o objetivo de gerar na opinião pública local uma sensação de proximidade de seu candidato com o povo, capaz de mascarar

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as diferenças sociais existentes, em uma Dourados cuja população rural era a maioria, instalados em uma colônia agrícola que estava se consolidando, ainda carente da oferta de serviços públicos para essa camada da população. Conforme vai se aproximando o dia 03 de outubro — data das eleições, concomitantemente à super exposição dos candidatos que interessavam ao jornal, os discursos de O Progresso são direcionados de forma negativa ao prefeito de Dourados Nelson de Araújo. Aquela relação clientelista estabelecida desde a fundação do jornal — em razão da aquisição de seu parque gráfico com verba do município — que garantia os interesses de ambas as partes, desaparece das páginas do jornal. Em seu lugar, são construídos discursos em forma de reclamações e reivindicações das mais diversas, os quais se multiplicam dia a dia. Entendemos que essa mudança no discurso do periódico se dá no momento da corrida eleitoral que se estabelece de forma bem definida uma disputa polarizada entre a aliança PSD-PDC-ala trabalhista versus a UDN. Com o objetivo de deteriorar a imagem da UDN frente ao eleitorado douradense, o jornal tenta fixar uma imagem de que Nelson de Araújo é ineficiente na condução da máquina pública, e sendo Nelson membro da UDN, O Progresso emite representações tentando estruturar um imaginário segundo o qual a cidade nas mãos de outro udenista não avançaria caso houvesse uma vitória deste partido na corrida eleitoral. Mas infelizmente para Weimar Torres e seu grupo político, é o que acontece. O candidato a prefeito de Dourados mais bem votado nas eleições de 1954 é o udenista Antônio Morais dos Santos. Não cabe aqui fazer uma análise detalhada da vitória udenista em Dourados no pleito de 1954, mas alguns apontamen-


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tos devem ser feitos. O triunfo de Antônio Morais dos Santos pode ser explicado a partir da falta de entendimento de seus principais opositores (PSD e PTB). A desagregação da aliança acabou rachando o campo eleitoral onde transitavam os dois partidos. O PTB mergulha numa ruptura que parece não ter fim, o que se agrava mais ainda depois de selar a coligação com o PSP. O PSD tenta construir um imaginário social que pudesse garantir a vitória de Ruy Gomes através das páginas de O Progresso, conta com total apoio do periódico na tentativa de desgastar a imagem dos dirigentes do PTB e de importantes membros da UDN, trabalha com a idéia de alavancar o nome do PDC também através do jornal, se for-

talece com a chegada dos dissidentes trabalhistas, mas mesmo assim sai derrotado. Diferentemente, a UDN marcha coesa desde o início, e ainda recebendo o apoio do prefeito e do governador do Mato Grosso. Na comunicação estabelecida entre o jornal e a opinião pública local, as representações são construídas com o objetivo de dar visibilidade a uma facção do poder, de gerar “estatutos de realidade” vinculados a um imaginário social estável, equilibrado, harmônico, em oposto a outro imaginário desagregado, ineficaz e débil, onde o paternalismo e o clientelismo se transformam em estratégia, que no início é sutil e pulverizada, depois direta e dirigida a apenas um protagonista no calor da corrida.

NOTAS 2

O Sr. Naurestides Brandão, proprietário da gráfica e gerente de O Progresso, no exemplar nº 1 vem a público agradecer o prefeito Nelson de Araújo e os vereadores da legislatura anterior (1947-1950) pela doação de recursos do orçamento do município para aquisição dos equipamentos gráficos. O exemplar nº 2 do Jornal O Rolo, periódico que também circulava na cidade, em um artigo que descreve a história do jornalismo em Dourados, faz alusão à referida doação. 3

Armando Campos Belo perde a eleição para prefeito em 1950 por apenas dois votos, após a impugnação de uma urna que garantiria sua vitória. Seu partido entra com uma representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral, que dá ganho de causa a Armando poucos dias antes do final do mandato de seu oponente Nelson de Araújo. 4

Podemos citar a proibição de Jânio Quadros ao uso de biquínis, quando governador de São Paulo. Outro exemplo de tentativa de “moralização” dos costumes: no momento que o rock and roll ganha corações e mentes dos jovens paulistas, Jânio proíbe a execução pública do estilo musical. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOURDIER, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992. CAPELATO, Maria Helena Rolim; DUTRA, Eliana Regina de Freitas. Representação política. O reconhecimento de um conceito na historiografia brasileira. In CARDOSO, Ciro


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REFLETINDO A PRÁTICA AVALIATIVA NUMA CONCEPÇÃO LIBERTADORA E INCLUSIVA Inês M. S. Lopes1 RESUMO Este artigo procura refletir sobre o discurso da avaliação escolar na sua aplicabilidade e nas suas conseqüências. Irá refletir sobre com o quê, com quem, e para quê a avaliação empregada na escola tem selecionado e promovido alunos. Para se refletir sobre as teorias de avaliação e as práticas avaliativas sob um olhar de inclusão escolar, o texto apresenta alguns estudos e pesquisadores no campo da Sociologia, Psicologia, Psiquiatria e Educação Escolar, entre outros. O objetivo é despertar para novas práticas educativas que envolvam a todos, que avalia e inclui o aluno, tanto aquele considerado “normal” como o “diferente”, permitindo a adaptação necessária. Palavras-Chaves: Avaliação escolar, práticas avaliativas e inclusão escolar. ABSTRACT This article looks for to reflect on the speech of the pertaining to school evaluation in its application and its consequences. It will go to reflect on with what, with who, and for what the evaluation used in the school it has selected and promoted pupils to reflect on the theories of evaluation and the practical evaluative under a look of pertaining to school inclusion, the text presents some studies and researchers in the field of Sociology, Psychology, Psychiatry and pertaining to school Education, among others objective is to awake for new practical educative that involves to all, that the pupil, as much that one considered “normal” as “different” allowing the necessary adaptation. Keywords: Pertaining to School, Evaluation Practical and Educative pertaining to school infusion.

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uitos dos currículos escolares adotados como linha de conhecimento, previamente estabelecidos, estão sobrecarregados de conteúdos irrelevantes. Conteúdos totalmente enciclopédicos, abstratos,

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longe de atender as necessidades básicas e individuais da Criança. Arriscando-se a dizer que, também, dissociado das necessidades mais prementes do ser humano. Aqueles conhecimentos que interfiram e geram

Graduada em Pedagogia pela UFMS -Pós-Graduada em Metodologia do Ensino Superior pela UNIGRAN. Graduando-se em Psicopedagogia na UNIGRAN. Atualmente exercendo o cargo de Coordenadora Pedagógica na Escola Municipal Weimar Gonçalves Torres, no período vespertino e noturno.


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mudanças significativas na vida de cada um, comprovadamente, não aparecem nos conteúdos programáticos da escola pública. Há um esforço de muitos pesquisadores, para reverter esta situação, mas esbarram na intransigência, ambivalência e no comportamento perfeccionista daqueles que repassam um saber desnecessário à vida do alunado. Não obstante, cobram esse repasse de forma impessoal, quantitativo, pontuando e medindo aquisição de conhecimentos, de desempenhos durante um determinado período pré-agendado e usando calendário. E é só. Durante o bimestre seguinte é só conteúdos e conteúdos... e a avaliação dos tais, a forma, a maneira, se repete. O que temos na prática, é a não retenção desse conhecimento pelo aluno. As crianças esquecem tudo, brevemente, devido a sua inutilidade. A produtividade vem sendo amplamente discutida em vários países do mundo. Graças à tecnologia, hoje as notícias e as informações chegam mais rápidas. Não podemos ficar nos desculpando com “mais cinqüenta anos de atraso” em relação aos ditos países de primeiro mundo (o grifo é meu). Todos sabem o quê fazer. Por que não o fazem? Qual o impedimento? Os Estados Unidos constataram que, “além de ruim as escolas americanas reforçavam as desigualdades sociais” e para tanto diz Guimarães 2 (2005 p.22) medidas urgentes precisavam ser tomadas. Aqui no Brasil, as desigualdades sociais, são entendidas pelos educadores, como falha na administração do Governo, já as desigualdades escolares, é da escola. Por quê? Porque é na escola que o desenvolvimento mental acontece. Ele pode ser trabalhado de forma negativa ou positiva. Avaliado o desempenho da criança, pode lhe causar bem (progressão) ou mal (desigualdade e ruptura). Esta fala deve atingir a todos os alunos que estão na escola, princi-

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palmente àqueles considerados “normais” que a escola não está dando conta. Uma escola inclusiva: Como se não bastasse todo o problema a ser resolvido na escola, das dificuldades de se avaliar o alunado, a Lei n. 7853/89 (da Constituição Federal) - que dá apoio às pessoas com deficiências e a Lei n. 8069/90 - ECA – (Estatuto da Criança e do Adolescente) faz integrar na escola de ensino regular crianças, adolescentes e adultos com várias deficiências: uma educação inclusiva que atenderá a todas as necessidades especiais. A educação inclusiva é um compromisso orientado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e garantido pela Constituição Brasileira. Mas o processo de integração iniciou somente há alguns anos. Os professores não receberam capacitações naquele momento, ficaram muitos assustados e segundo depoimentos (em cursos de capacitação de inclusão na escola) agiram com “bom senso”, muita observação do tipo de comportamento, paciência e amor. Diante disso surgem muitas histórias emocionantes e surpreendentes para contar. Não seria esse um comportamento normal da escola? Em relação a todos os alunos de comportamentos e atitudes, e vidas diferentes. Uma escola realmente integradora.3 Hoje já existem núcleos de capacitação no método Braille (escrita para cegos) e Libras (leitura por sinais). Os PNEs (Portadores de Necessidades Especiais) com deficiências mais graves continuarão tendo atendimento em instituições como a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e a Pestalozzi, entre outros. No período contrário, freqüentarão o ensino regular. É necessário fazer estas colocações neste texto, porque se entende que as mudanças na educação não podem demorar muito, porque com ela caminha: Conteúdos e Avaliações. Quanto aos professores, coordenadores


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pedagógicos, diretores, enfim, toda a comunidade escolar terá que rever suas práticas, seus preconceitos (se os tiver) adiantar-se em busca de aperfeiçoamentos. É mais uma inclusão escolar: estas crianças portadoras de necessidades especiais, tal qual as outras crianças, são diferentes, que de acordo com tantas diferenças, merecem enfoques diferentes. (o grifo é meu) Não se pode negar que, ao se trabalhar diretamente na escola pública a questão avaliação precisa urgentemente ser debatida e junto com ela todo o sistema de ensino. Rever seus Currículos, suas práticas – sua tradição nos repasses – a estrutura da escola, das salas, números de alunos, entre outros. Pode ser que dentro das discussões surjam meios para se combater a improdutividade escolar, se estes itens mencionados sejam também a causa. Conscientizar para transformar é uma idéia coletiva. Pertence a instâncias superiores ao professor ou à escola, mas não isenta, objetivamente a escola ou o professor, porque estão ao alcance de ambos. As mudanças precisam acontecer, serem feitas para se construir algo novo. Para uma nova construção de valores avaliativos, deve-se refletir criticamente sobre ação-reflexão-ação, partindo de uma autocrítica sobre o uso autoritário da avaliação, rever a metodologia, redimensionar o uso da avaliação e alterar posturas. De acordo com Vasconcelos (1998, p.54), é preciso que o educador avalie seu proceder e abra mão do: – autoritarismo da avaliação que o sistema faculta-lhe, lhe autoriza; – Rever a metodologia de trabalho em sala de aula; – Redimensionar o uso da avaliação, tanto do ponto de vista da forma como do conteúdo; – Alterar a postura diante dos resultados

de avaliação; – Criar uma mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e aos pais.

Isto quer dizer que, muitos educadores entendem, que ao aplicar uma prova escrita, mensal ou bimestralmente, está garantindo à educação um sistema perfeito para medir “conteúdos adquiridos” pelos alunos. Também entendem que a metodologia usada há anos de profissão, seu estilo em sala, garante a aquisição de conhecimento do aluno e que é “perigoso” mudar. Mudar o método avaliativo: revendo os conteúdos (mínimos exigidos) chamando os pais como co-responsáveis dos resultados para se criar uma nova mentalidade, porque se ouve muito dizer “os pais querem saber só das provas”. Mudar mentalidade de todos, porque, só provas podem provar o que todos não sabem. Depois, tentar encontrar, através de censos, de quem é a culpa, especificamente, não tem obtido resultados esperados, mas sim, a comprovação de que, não são somente os professores, por exemplo, mas toda uma gama de indicativos negativos como o próprio Sistema de Ensino e sua Práticas, têm sua parcela de contribuição. Atualmente, os alemães, incon-formados com o seu vigésimo sexto lugar (Pisa 2000) na produtividade escolar, estão debatendo o assunto e estão passando por uma grande reforma: “em vez de questionar os dados, os alemães procuraram o motivo do mau desempenho e reagiram” (Macedo 2005, p. 23). É o que o Brasil precisa fazer urgentemente. Rever tudo e parar de questionar os dados e encontrar a causa. O conceito da produtividade escolar brasileira, divulgado pelo SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) é satisfatório. Uma. Avaliação feita pelo sistema em 1995 mostrou que “os alunos repetentes apresentavam as piores no-


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tas” e grande porcentagem de estudantes “em séries não compatíveis com a idade”. O que pode causar numa criança um desempenho tão ruim? Na prática o que se vê é a rigidez da escola tradicionalmente arraigada a um tipo de avaliação: a Prova escrita. A escola impede a criatividade? A chance de o aluno pronunciar-se diante de suas dúvidas, de exercer sua criatividade está cerceada, limitada pelo pré-estabelecido, acomodadas em suas regras? Sem diálogo, a escola não caminha para a democratização do saber. A escola não dá abertura a novos diálogos, não aceita trocas, se isola. Dentro da escola, os seus integrantes pensam e agem diferentemente. Parecem estar vivendo cada um em seu mundo de “pregações”. O Psicólogo Macedo4 (2005, p. 25) diz que a escola “usa o discurso do rigor para defender nossa rigidez ou nossa incapacidade de se lidar com as situações”. O professor Macedo, também trata das questões disciplinares na escola. “Disciplinar ações”, não só aquelas das crianças, a comportamental, mas também a do adulto, sem limites. Por que entrar nesta questão? Porque se entende que esta questão interfere e muito no rendimento escolar. Partindo do princípio que todo ser é único, então, cada um age de um jeito. Mas na escola, a avaliação do professor para com seu aluno tem sido exemplar? Por exemplo: é exigido da criança, silêncio, postura na cadeira, não levantar, não caminhar na sala, não conversar, voltar logo do banheiro, assoar o nariz, lavar as mãos, jogar lixo no lixo...E o que se vê? Professores sentados o tempo todo, pregados em suas cadeiras ou ainda, sentados sobre a sua mesa, desleixados com seu material, com seu corpo, conversam e riem nas portas de suas salas, saem muitas vezes para buscar material e esquecem de voltar. Diz o professor Macedo (2005, p. 25): “se nós não somos

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disciplinados, porque esperamos um comportamento regular da criança, como se fosse uma coisa natural, espontânea, quase herdada?” A avaliação feita na escola, utiliza-se de mais este item para justificar o baixo rendimento do aluno. Dá-se nota pela indisciplina do aluno. A escola não tem sido dinâmica. Tem sido repetitiva em muitos conceitos, por isso está sendo a grande culpada da exclusão escolar, e, quiçá, da exclusão social. Vários programas para melhorar a escola foram implantados pelo governo brasileiro, muitos de cunho estrangeiro, segundo informações do Saeb, muito dinheiro do Banco Mundial tem sido repassado. O Governo Brasileiro tem trabalhado nas questões das Políticas Públicas, com objetivos de encontrar os entraves no ensino e tentar demove-los. Maria Helena Guimarães5 (2005, p. 22) declara “que ainda há muito que se fazer nesta área: os resultados precisam chegar de forma simples à Secretaria da Educação, aos diretores e aos professores para que mudanças comecem a ocorrer”. Diante disso, os municípios, através de sua Secretaria de Educação, têm realizado muitos cursos de formação para todos os envolvidos na educação escolar. Só está faltando discutir os baixos índices de desempenho nas escolas públicas . Os resultados estão aí, é preciso mudar o quadro. Não há espaço para a neutralidade: A avaliação escolar está relacionada ao poder? então é uma questão política. Mas, também está relacionada a objetivos, a interesses que estão em jogo no processo educativo. Para melhorar o sistema avaliativo no Brasil “as escolas devem se engajar na avaliação. Não basta saber que o problema existe, é preciso propor mecanismos para soluciona-lo”. (Guimarães, 2005.p. 23). O processo de avaliar depende de como as oportunidades surgem ou serão apresentadas aos alunos, disponibilidades


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estas que “sofrerão múltiplas interpretações por parte do professor” acrescenta Hoffmann (2002, p.39). Existe uma caminhada e não se pode negar: o processo a que se refere à professora citada significa aquele que se dá através da troca permanente de informações onde sujeitos (devem) interagem, dialogam, confrontam idéias e aprofundam seus saberes: educador e educando. Pode ser chamada de uma avaliação mediadora. Nessa perspectiva, o acompanhamento do aluno se dá de forma progressiva na mais pura expressão do conhecimento.Hoffman (2002, p.42) acredita que a finalidade da avaliação representa “adequar novas propostas e situações problemas suscitados (novidade) às necessidades e possibilidades dos alunos”. Despertando assim a curiosidade do educando, partindo daquilo que ele já conhece e buscando novos conhecimentos e informações significativas a sua necessidade, naquele momento. Quando uma atividade é apresentada aos alunos seus objetivos devem estar bem claros: um deles é não ter o tempo reduzido, e deve ter os passos pré-determinados, seqüenciados e controlados. A atividade pode sair do controle e o que se pretendia “conseguir” vira mais uma rotina em sala, com o foco de ter que medir somente o potencial da criança na quantidade de conteúdo que ela “aprendeu”. Muitas vezes o professor na tentativa de apresentar mais uma atividade, não sabe se apropriar dos resultados da classe. Com isto acaba selecionando e excluindo o aluno. Para auxiliar a releitura de uma prática avaliativa, vai-se em busca de elementos no conceito de zona de desenvolvimento proximal, que é segundo Vygotsky: A distância entre o nível de desenvolvimento, que se costuma determinar através da solução independente de proble-

mas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.(1988:97)

Vygotsky indica um espaço onde os conhecimentos estão em construção e não os conhecimentos já consolidados, que conduzem a prática pedagógica. Sinaliza uma perspectiva interessante para se repensar a avaliação na busca de processos emergentes, em construção, que anunciam novas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Os conteúdos, então, não podem ser fechados e refratários à realidade social, nem tampouco serem apenas ensinados: “é preciso que se liguem, de forma indissociável, a sua significação humana e social” (Luckesi, 1994, p.53). Tentando reestruturar todo o sistema de ensino na década de 90, o governo implantou os Ciclos em substituição ao sistema de seriação que foram relacionados ao fracasso escolar. Então, o Ciclo “veio” em contrapartida organizar o ensino fundamental com uma visão igualitarista da escola pública, e, como diz a professora Ceris: 6 “no princípio da educabilidade para todos os educandos independente de suas diferenças de aprendizagem” As questões da aprendizagem , a partir daqui, começam a ser entendidas como produto das diversidades das experiências culturais dos alunos. Essa nova proposta se apoiará, considerando sua bagagem sócio-cultural apoiada em intervenções didáticas adequadas aos seus níveis e ritmos de aprendizagem. E como avaliar todo esse processo/ A principal característica, da organização dessa proposta, é que “os alunos possam alcançar os objetivos previstos para aquisição de conhecimento ao longo de cada ciclo” (Silva, 1991.p.68).


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CONSIDERAÇÕES GERAIS As práticas educativas mudam, e, uma determinada quantidade de conteúdos significativos deve ser passados a cada ano, sim, mas observando, e se preocupando com o ritmo dos alunos, com os níveis para aquisição do conhecimento, que irão chegar ao final de cada ano, com níveis de competências semelhantes. Como se pode posicionar crianças no mesmo nível de conhecimento? No nível mental? Tanto Piaget como Vygotsky estabeleceram que o aprendizado deve ser combinado de alguma maneira com o nível de desenvolvimento da criança, como já vimos anteriormente com o conceito de zona de desenvolvimento proximal: O desenvolvimento mental e a capacidade de aprendizagem é único. Deve-se lembrar que, na abordagem Vigotskyana “o que ocorre não é uma somatória entre fatos inatos adquiridos e sim na interação dialética que se dá desde o nascimento, entre o ser humano e o meio social e cultural que se insere” (1988) Deverá haver, sempre, uma preocupação, pós-leitura de Vygotsky, com a zona proximal para aquele aluno que fica defasado na aprendizagem. Sabendo-se que cada um caminha a seu modo, cresce com seu desenvolvimento mental. Trabalhar o aluno considerado lento, bloqueado e deficiente pelos profissionais seria integrá-los num grupo onde há muita

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diversidade, realmente. Com a interação daqueles que “sabem mais” ou “aprender mais rápido” no grupo de alunos que não desenvolvem no mesmo ritmo, é um grande estímulo para todos. Este seria um bom começo de um bom ensino. Pensar, que só aquele que possui ritmo lento pode reprovar, o aluno portador de necessidades especiais pode figurar nesta lista. Com Vygotsky aprendese que, as leis que regem o desenvolvimento da pessoa com deficiência mental (por exemplo) são as mesmas que regem pessoas sem deficiências. Com tantas práticas de Ensino “em voga” os avanços são importantes, considerando que é difícil livrar-se do predomínio do caráter punitivo e classificatório da avaliação tradicional na instituição escolar. As transformações estão acontecendo, mesmo diante de tanta negação de “navegar pelo novo” aceitar e trabalhar propostas novas que privilegiam os aspectos gerais da prática avaliativa. É preciso desconstruir para construir os procedimentos de avaliação. Desconstruir os procedimentos de avaliação como instrumentos de controle e de limitação das atuações no âmbito da sala de aula. Construir um “processo de avaliação capaz de incorporar a multiplicidade do real, presente nas atividades pedagógicas”. (Esteban, 1999.p.64).

NOTAS 2

Maria Helena Guimarães é socióloga e responsável pela estruturação do Censo Escolar e do Saeb – Sistema de Avaliação do Ensino Básico - e do Exame Nacional de Cursos (Provão) substituído recentemente pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). 3

II Seminário da Educação Inclusiva: Direito à Diversidade – Auditório do SESI – de 19 a 23 de Setembro. Cidade de Dourados. E-mail: semeddourados@yahoo.com. br 4

Professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, o psicólogo Lino


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Macedo se especializou no construtivismo de Piaget na psicologia aplicada à educação e nos jogos infantis. Sua atual atenção é os estágios de desenvolvimento da criança e a importância de o professor conhecer o que acontece nestas fases de crescimento. 5

*Socióloga, secretária do Bem-Estar-Social do Estado de São Paulo e membro do Programa de Reformas Educativas da América Latina (Preal) e responsável pela implantação do Saeb e estruturação do Censo Escolar. 6

Professora do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino da Faculdade de educação da UFMG. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESTEBAN, Maria Teresa. Desafios Escolares para a Avaliação. Revista: Presença Pedagógica, São Paulo. V. 05, n.25, p. 59 – 66, Jan/fev 1999 GUIMARÃES, Maria Helena. A Avaliação Externa deve ser usada para melhorar o ensino. Fala Mestre! Revista Escola, São Paulo, p. 22-24, 22 de Agosto 2005. HOFFMANN, Jussara. Avaliar para Promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, p.39 –62, 2002. LIMA, Terezinha Bazé; FERREIRA, Eliane Fernanda da Cunha. Iniciação à Pesquisa Educacional: Metodologia Científica. Apostila CEAD. Pós-Graduação lato sensu à distância. UNIGRAN: Dourados-MS, 2005, p.07 – 139. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação – Tendências Pedagógicas na Prática Escolar. São Paulo: Cortez 1994, cap.3, p. 53. MACEDO, Lino de. Disciplina é um conteúdo como qualquer outro. Fala Mestre! Revista Nova Escola, São Paulo, v. 24, p. 24-26, Junho/Julho 2005. NETO, Alfredo Castro. O Novo Castigo nas Escolas – antigas punições físicas dão lugar a procedimentos igualmente agressivos às crianças. Revista Brasil Rotário, Rio de Janeiro, V. 80, n.999, p.20 e 21, Setembro 2005. SILVA, Ceris S. Ribas. Os Ciclos e a Avaliação Escolar. Revista: Presença Pedagógica. São Paulo, v.7, nº 40, Jul/Ago 2001, p.67 – 75. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo – SP: Cortez, 2005. p.05 –333. VASCONCELOS, Celso dos Santos. Avaliação: Concepções Dialéticas – Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. São Paulo: Libertad, 1998. p.3 –85. VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.



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