1
BANGKOK
EM TRÂNSITO
CWB GRU GRU ADD ADD BKK
EM TRÂNSITO 2
20 A 22 DE FEVEREIRO Escrevo sentado em uma cadeira IKEA no quarto de hotel enquanto bebo um “Cofe”, uma bebida industrializada 100% a base de xarope de coco e 50% com gosto de remédio. Hora Zero: Trancamos a casa às 15h30 e fomos para o aeroporto. O voo Avianca 6247 saiu de Curitiba sábado, dia 21, às 17h09 com destino a Guarulhos. O embarque foi feito no final da nova parte do terminal doméstico, no portão 14. Nunca andei tanto no aeroporto de Curitiba. Chegamos a São Paulo perto das 19h00, por conta de atrasos aqui e ali. Se na hora da chegada já soubesse o que nos esperava, não teria me importado se houvesse um atraso ainda maior. Como a reserva do voo internacional era outra, pegamos as malas na esteira doméstica e fomos direto tentar despachá-las para Bangkok. Fora do momento de check-in, a Ethiopian é um fantasma: não há placas que indiquem exatamente onde la está. Tomamos um susto ao tentar fazer check-in na máquina: ao invés de imprimir o bilhete, ela imprimiu um aviso dizendo que ocorreram alterações no estado do voo e que deveríamos procurar a cia aérea. Pensamento pessimista: vão cancelar o voo e não sairíamos na data prevista, Pensamento bastante otimista: se cancelarem podiam nos realocar em um voo da Emirates. Depois de visitar o escritório da cia, em um beco qualquer no oeste do Terminal 2, descobrimos que não havia nada para se preocupar: era só um erro da máquina. Perguntamos pela sala vip do cartão de crédito e descobrimos que ela ficava do lado de lá da sala de embarque, ou seja: só poderíamos entrar depois de despachar malas. Eram 8h da noite e as malas só poderiam ser despachadas a partir das 23h30. Durante a espera, conhecemos alguns personagens do
CWB
GRU, GRU
ADD, ADD
BKK
Aeroporto de Guarulhos. Fomos abordados por um possível golpista, e por uma jovem oriental que queria dinheiro em troca de um papelzinho. Depois, presenciamos uma pregadora de Cristo que insistia, por telefone, que o pessoal da ROTA tinha dado ordem de matar um conhecido dela. Incomodados com a divindade que nos fora enviada, decidimos ir para o local do futuro check in, que abriu às 23h50. Cinquenta minutos antes da abertura já havia uma movimentação de pessoas. Negros em trajes coloridos. Chineses em uma família grande com uma quantidade maior ainda de malas. Indianos de terno. E um brasileiro missionário que fazia check-in ao nosso lado. Ele enfrentava problemas pois o destino final de sua passagem só de ida era Joanesburgo, mas as autoridades migratórias sulafricanas e, por consequência, o atendente da Ethiopian, o obrigavam a ter uma passagem de volta para poder entrar no país. Seu desejo era de desembarcar na África do Sul apenas para seguir viagem à Suazilândia, seu destino final. Não sei se ele chegou sequer a sala de embarque. 8a hora: Perto da meia noite, conseguimos entrar na sala de embarque. Caminhamos esperançosamente pelos nfinitos corredores que ligam o T2 ao T3, rumo à sala VIP. Quase vinte minutos andando para descobrir que o cartão de crédito não era mais aceito naquela sala. Na verdade, só fora aceito por cerca de 2 meses por conta de um erro nas políticas da empresa. Às vezes os lugares são tão exclusivos que só um engano libera a sua entrada. O dia 21 de fevereiro foi o último dia do horário de verão brasileiro no ano de 2016. Isso significa que, com o retorno do relógio ao passado, passaríamos ainda mais tempo esperando. Quando o embarque para o voo ET 507 abriu já era 1h30 da manhã: já estávamos viajando a nove horas e meia. O 787-800 prefixo ET-AOR decolou às 02h28 da manhã, 2 minutos antes do previsto. Com vários assentos vazios, conseguimos dormir deitados nos
3
EM TRÂNSITO 4
bancos. Como viajávamos do oeste para o leste, durante as 11 horas de viagem o sol nasceu horas após a decolagem e voltou a se pôr antes do pouso. 22a hora: às 19:26, horário local, pousamos no Aeroporto Internacional Bole em Addis Ababa. Não é injusto classificar o terminal 2 do aeroporto Bole como o pior que já estive desde sempre. O local é um centro de conexões intercontinentais e serve destinos como São Paulo, Tel Aviv, Los Angeles, Dublin e Guangzhou. Quem chega ali passou pelo menos meia dúzia de horas dentro de um avião. Mas aparentemente isso não é justificativa para manter o local limpo e ventilado ou abrir um café ou lanchonete que pareça minimamente confiável e onde uma água de garrafa não custe U$ 2. É claro que também não há wi-fi gratuito. Felizmente um grupo de brasileiros que pagou caro por uma cerveja em um dos cafés do aeroporto se dispôs a liberar a senha do estabelecimento. Um único ponto positivo: o aeroporto tem espreguiçadeiras que servem como ótimo descanso. Pontualmente às 00h10 do dia 22 de fevereiro o embarque do voo ET 628 de Addis Ababa para Bangkok foi chamado. O 767-300 decolou às 00h57, horário local de Addis. Logo após a decolagem foi servido o jantar, que veio acompanhado do sono. 35a hora: às 13:15 (03:15 em Brasília), por fim chegamos ao Aeroporto Suvarnabhumi em Bangkok. Durante os minutos antes do pouso sobrevoamos galpões industriais e vários terrenos finos e extensos, muitos deles alagados - talvez para plantio de arroz? A primeira impressão do aeroporto Suvarnabhumi é de grandiosidade. A segunda e todas as subsequentes, também. O local é super organizado e agradável. Se o de Addis foi o pior, este certamente é um dos melhores que já
CWB
GRU, GRU
ADD, ADD
BKK
vi. Trocamos dólares por bahts, comprei um chip GSM 3G na dtac (R$ 60 por 4,5 gb, válidos por 30 dias. Mais barato que no Brasil). Então, seguimos para o trem da City Line que nos deixaria em Phaya Thai, depois de deixar o guarda da estação fiscalizar nossas mochilas. O trajeto da ferrovia é elevado por todo o percurso. Há muita água perto da cidade: vários terrenos vazios são ocupados por pequenos lagos artificiais. Durante o trajeto ao centro vê-se uma ordem comum dos acontecimentos: casas simples dão lugar a condomínios e então a prédios, mais altos a cada estação. Na Phaya Thai pegamos um metrô até a estação Siam e de lá outro até a Saphan Thaksin, de onde caminhamos por uns 400 metros até o hotel. 38a hora: perto das 15h30 chegamos ao hotel. A partir daqui a contagem de horas termina.
O 767-300, em Addis.
5
1
BANGKOK
8
Primeiro dia em Bangkok O hotel em que nos hospedamos tem o esquisito nome de “Pas Cher de Bangkok”, que em francês significa algo como “Barato de Bangkok”. Nem foi tão barato assim. E mesmo se fosse, que tipo de estratégia de marketing é essa? Esquisita. A recepcionista cobrou uma taxa de depósito “contra danos ao patrimônio do hotel” no valor de 1000 baht (quase R$ 100!). Fora isso, o hotel é razoável e tem uma pequena piscina na cobertura que ainda há de ser experimentada. Depois de um banho e mais ou menos 2h de sono, acordamos às 18h e decidimos sair. Não que o sono tivesse ido embora: é melhor andar junto com o novo fuso do que acordar no meio da madrugada achando que já dormiu demais. Caminhamos até o pier Sathorn, um pouco mais além da estação de metrô que fica perto do hotel.
9
Lá havia um barco gratuito que leva ao Asiatique Riverfront, uma mistura de shopping, praça de alimentação e parque de diversões. O Asiatique é assumidamente um local turístico, mas vale o passeio de barco grátis e como local para jantar. Lá funcionava um velho armazém portuário, o que dá algum respaldo histórico ao local. Comemos em um restaurante vietnamita chamado iPho: arroz frito com vegetais, pad thai com vegetais e uns rolinhos frescos envoltos em uma folha transparente. Com uma água e um refrigerante, a conta deu cerca de R$ 60. Pegamos o barco de volta. Entre o pier e o hotel paramos em uma 7Eleven e compramos água e a bebida de coco esquisita que durou até mais ou menos a metade deste relato.
10
23 DE FEVEREIRO Faltou energia na noite do dia 23 para escrever sobre o dia. Começo o dia 24 falando do dia anterior. Vantagens de não ter o café da manhã na diária É bem mais confortável o café da manhã incluído na diária do hotel. Basta acordar, colocar uma roupa que tenha um mínima aceitabilidade social e descer (ou subir) para o restaurante do hotel. O maior dos trabalhos é murmurar um “olá” arrastado, geralmente na língua do local ou em inglês, quando a língua é muito diferente. Esse não foi o caso no dia 23, nossa primeira manhã em Bangkok. Tínhamos fome e queríamos comer e tomar algo, mas o que haveríamos de encontrar? Depois de abrir a porta que dava pra rua, o primeiro golpe foi o de calor: fazia pelo menos 27 graus lá fora. Estávamos de camiseta e calça comprida, preparados para visitar templos e um palácio com um código de vestimenta pouco condizente com o clima tropical, como se fosse mandatório ser aquele gringo de camisa xadrez e calça cáqui andando em Copacabana. O primeiro restaurante, na própria rua Charoen Wiang que também abrigava o hotel oferecia pão, geleia, ovos, torrada e café. Pareceu meio limitado e pouco refrescante. Os outros restaurantes na rua estavam cheios de locais, mas parecia um pouco difícil para uma primeira refeição da manhã tentar engolir qualquer coisa daqueles locais que mal falariam inglês: era grande o risco de tomar uma sopa de joelho de porco sem querer. No caminho para a balsa, que nos levaria ao templo da calça comprida, encontramos um caminhãozinho de comida. Pedimos um shake de kiwi com gelo e um suco de laranja. O primeiro era ótimo, um verdadeiro milkshake de fruta por cerca de R$ 3,20. O segundo era razoável mas parecia mais um refresco de tangerina a partir de um concentrado do que, de fato, suco de laranja. Havia no carrinho uma promissora imagem de uma panqueca de banana com chocolate que, para nossa decepção, não estava sendo feita.
11
O pacotinho de torradas - com gergelim e açúcar - foi a salvação da fome.
12
Transporte semi-público pelo rio Ainda empunhando as bebidas geladas, que vieram em um grande copo para viagem, seguimos o rumo da balsa. O píer de Sathorn é um grande entreposto de turistas que, pela manhã, costumam pegar o rumo norte para o Grande Palácio. Você sente que está em um ponto de transporte público mas, ao mesmo tempo, percebe que só tem turistas por ali. Acho que o olho estrangeiro não consegue enxergar qual é verdadeiramente o ponto de parada do barco do sistema de transporte público, recaindo automaticamente no do barco turista, ligeiramente mais caro e com uma grande fila. Compramos o bilhete quando o comprido barco já estava pronto para sair e fomos indicados pela vendedora do bilhete a entrar pela fila por um atalho, furando a fila de maneira maestral, mesmo sem intenção. O barco deslizava pelo rio de águas amarronzadas a uma velocidade que parecia bem superior àquela das avenidas congestionadas pela manhã. Como não havia janelas, o vento passava livre pelo barco e era muito bem vindo. A viagem durou cerca de 25 minutos e passou por um ou dois hotéis cinco estrelas, onde o barco parava e chamava passageiros pelo nome. Em contraste, atravessamos também algumas palafitas residenciais que variavam de um nível bom ao nível assustadoramente precário. O Grande Palácio e O Templo do Buda de Esmeralda Desembarcamos do barco em uma espécie de centro comercial às margens do Rio. Mais um sinal de que aquele era o barco turístico e não o de transporte público: passamos direto pelo ponto de parada sinalizado com a identidade gráfica da cidade para descer neste pequeno templo do capitalismo turístico globalizado. O Grande Palácio, lotado de turistas de diversas nacionalidades, era uma antítese do budismo, pelo menos na impressão de tranquilidade que em geral esta religião e o que dela deriva transmite. Era muito bonito, detalhado e vale a visita, mas não falarei muito: dá para saber mais sobre ele na Wikipedia.
O restaurante vegetariano e a avenida Khao-San Próximo a Khao San, uma rua conhecida como a meca mochileira há já muitos anos, encontramos um restaurante vegetariano. Assim como a rua, o restaurante mantinha um aspecto tosco compatível com a cultura mochileira mas apresentava preços surpreendente coerentes com contas bancárias onde a moeda corrente é o euro ou a libra. Não era absolutamente caro, só não se justificava pelo alto o grau de amadorismo hippie por lá observado.
Bangkok Art & Culture Center e o MBK Depois de uma frustrada tentativa de pegar Uber (a confirmação de cadastro não chegava via SMS nem pelo chip Vivo e tampouco pelo chip local da dtac), acabamos entrando em um táxi rosa conduzido pela senhorita Anongrat Mattharak. Das poucas palavras trocadas com a moça, todas referiam-se ao fato de Bangkok estar em constante congestionamento. A taxista não sabia exatamente onde ficava o BACC (Bangkok Art & Culture Center) e nos deixou no ponto de referência mais próximo: o National Stadium. Dali caminhamos sob passarelas aéreas até chegar a um entroncamento rodoviário no solo e ferroviário acima das cabeças. Justamente neste encontro fica o BACC, um prédio de 9 andares com salas expositivas e elementos de apoio ao artista designer de Bangkok: gráfica, serviço de impressão de fotos fine art, impressão 3D, etc. E banheiros. Tem bons banheiros, mas sem bebedouros. Duas exposições estavam em cartaz no local. Uma da escola de arquitetura da Universidade Silpakorn com a típica abordagem paramétrico-vernacular-bambu. A outra, em relativo destaque, comemorava os 60 anos de idade da Princesa Maha Chakri Sirindhorn, filha mais velha e artística e acadêmica pródiga da família Real Tailandesa. Vossa alteza expôs fotos de sua autoria em missões variadas pelo mundo: de uma visita ao batalhão de segurança de fronteiras a um passeio por um FabLab na Alemanha, onde fotografou-se frente a uma impressora tridimensional e gostou de indicar na legenda que tratava-se não de uma selfie e sim de um self-portrait. Vez ou outra falta no Brasil a monarquia.
13
14
Atravessamos a passarela aérea rumo ao MBK, um shopping variadíssimo que oferta deste câmeras de alta qualidade para produção cinematográfica digital até rasteirinhas de 60 baht (R$ 7,50), passando pela mais incrível loja de aeromodelos não operacionais que já vi. Dois produtos da marca chinesa Xiaomi estavam sendo buscados: uma câmera chamada Yi, concorrente da Go Pro e uma simples bateria portátil. A bateria não foi achada, mas a simpática camerazinha Yi sim, em uma loja onde o vendedor era um exemplo de como não ser simpático. Comprei mesmo assim.
Volta ao hotel Retornamos ao hotel de BTS (Bangkok Mass Transit System), o excelente sistema de trens aéreos que atende a uma diminuta parte da cidade (igual a São Paulo?). Ao longo do caminho fiquei pensando que seria péssimo um atentado ali mas, ao mesmo tempo, aproveitava a vista para gravar um vídeo ou vários. Chegamos na nossa estação, a Saphan Thaksin. Saindo dela há uma loja de informações da própria empresa BTS onde eles vendem trens BTS de pelúcia. Trens BTS de pelúcia, nas versões menino (faixa azul) e menina (faixa rosa com lacinho). Existe a ideia de comprar um para quando e se eu tiver um filho, mas enquanto isso não acontecer será meu mesmo. Chegando ao hotel dirigimo-nos diretamente à piscina da cobertura, que estava sem ninguém dentro. A sua borda um indiano bebia cerveja e um sujeito europeu, provavelmente do Reino Unido, tirava fotos do sol se pondo em meio aos gases tóxicos da atmosfera tailandesa com uma câmera semiprofissional em um tripé menos-que-profissional. Tratava-se de uma atividade arriscada pela qual nutri grande respeito. Nota: depois de entrar a piscina fui eu a tirar fotos na cobertura. Pareceu obrigatório. A piscina era azul mas a água estava verde e bastante quente, provavelmente com uma contagem de fauna um pouco acima do recomendado. De qualquer maneira, serviu de bom relaxamento aos momentos de caminhada do dia. Saudações especiais aos jatos d`água, sempre companheiros das pequenas e médias lesões.
A Situação no Restaurante Palin Kitchen A rua do hotel é repleta de pequenos restaurantes caseiros que, na verdade, parecem a sala de estar dos proprietários-moradores. Um destes residentes locais é inclusive dono de um antipático mas bastante interativo peru, que é liberado nas primeiras horas de escuridão e a partir de então torna-se o guardião local. Infelizmente, estes restaurantes vão além da disposição que um ocidental preocupado com a flora intestinal possa suportar. Por conta de tal limitação, seguimos ao final da rua e viramos à esquerda. Por algum motivo, várias esquinas e ruas de Bangkok têm um ligeiro cheiro de cocô. Eventualmente parece cocô de gato, noutras você até pensa que pode ser tempero de um carrinho de comida de rua. Chegamos à conclusão de que era mesmo esgoto justamente na frente do Nalin Kitchen, restaurante onde um desafortunado casal sentava na solitária mesa externa. Obtivemos uma mesa do lado de dentro como mandava o olfato e a sensação térmica. A comida era boa, continha frutos do mar inomináveis e foi acompanhada de um chá verde gelado com leite, que provou-se grande guerrilheiro de qualquer pimenta que ultrapassava a fronteira do meu paladar. Mas mais curioso que a comida era a situação de casais em duas mesas do estabelecimento. Curiosamente, duas delas estavam ocupadas por homens ocidentais acompanhados de respectivas acompanhantes talveztailandesas mas definitivamente conhecedoras do idioma tailandês. Sem querer ir além do que a suposição permite, supus presenciar uma relação comercial que ia além da comida do restaurante.
16
LISTA DE FOTOS
p. 17 Barco no rio Chao Phraya
p. 18 Lustre no Templo do
p. 19 Templo do Buda de Esmeralda
Buda de Esmeralda
p. 20 Mercado Tha Tien
p. 22 Chinatown
p. 24 Estojo do BTS na estação Saphan Taksin
p. 21 Taxis em Siam
p. 23 Via Thanon Charoen Wiang
18
19
Mais fotos em: tinyurl.com/FotosAsia2016
26
24 DE FEVEREIRO O Contraponto do Café da Manhã Em contraste ao dia anterior, decidimos pelo café da manhã do hotel: pelo menos dava para comer quanto quisesse por um preço fixo. Foi como um almoço: noodles com ovo e vegetais, ovo frito no pão, suco meia-boca e até arroz. Arroz no café da manhã. Tão farto que até perto das 15h00 não estaríamos com fome. Museu de Siam é um oferecimento de Uber Apesar de ser uma grande e maléfica corporação multinacional que visa destruir os pobres taxistas, decidi dar uma chance ao Uber em Bangkok, pelos simples fatos de pagar menos e de temer o sobrepreço que os taxistas costumeiramente aplicam aos turistas. O motorista não fala qualquer palavra de inglês exceto a palavra sorry. Ele teve a chance de usá-la várias vezes, especialmente quando pegou uma alça errada de acesso e nos levou ao outro lado do rio só para ter de passar novamente pela mesma ponte, no sentido inverso, minutos depois. Por fim, ele nos deixou próximo ao Museu de Siam. Não na porta, mas próximo por motivos que só ele saberia dizer. O Museu de Siam conta a história da Tailândia como um todo, desde seu nascimento como Siam, passando pela evolução como Suvarnabhumi até perto dos dias atuais. Achando que estávamos sozinhos no museu, fomos guiados a uma sala de projeção. De repente mais de 50 crianças de uma escola, com idade entre 8 e 10 anos, apareceram. Apesar de numerosas, pareciam bastante comportadas. Algumas interagiram: meu pai apontou para um painel etnográfico com fotos de várias crianças ancestrais logo depois chamar a atenção de uma das crianças contemporâneas, sugerindo que ela estava no mural ancestral. Ela negou ser parecida. O museu era bastante didático.
Wat Pho, o templo do Buda Reclinado (na verdade deitado mesmo mas, assim, com a cabeça como se estivesse deitada em vários travesseiros ou almofadas) Este templo sensivelmente mais vazio que o Grande Palácio, apesar de contar com ainda mais avaliações no TripAdvisor. Seriam os viajantes do TripAdvisor admiradores de locais mais vazios? Outro fator interessante era de a compra do ingresso dar direito a uma água de garrafinha, o que foi muito gentil. A grande atração do local é um imenso Buda dourado deitado dentro de um templo. Supostamente, o Buda estava de olhos abertos e, portanto, não dormia. Ele estava apenas deitado, prestes a atingir o Nirvana. Do lado de fora do quarto do Buda-Prestes-a-atingir-o-Nirvana, várias e várias torres que iam se afinando conforme ascendiam ao céu. Incrível como eram pacientes os construtores a ponto de criar tantas torres com textura intrincadas. Não surpreende serem budistas que fizeram isso. Depois de sair do local, uma observação me pegou: não é irônico como o traje laranja dos monges budistas revela o ombro de um dos lados mas, ainda assim, é proibido trajar regatas ou outras roupas que mostrem o ombro nos templos? Me parece um pouco egoísta da parte deles.
Um gato com cara sapeca vigiava o templo do Buda Reclinado.
27
28
Um Pequeno e “Aromático” Mercado Quem já foi a um Wal-Mart no Brasil sabe do que falo: você sai do mercado mas o aroma dele não sai de você. É um cheiro levemente azedo e pesado. No mercado Tha Tien as notas de peixe, frutos do mar e carnes secas variadas são mais evidentes. Há lulas secas para vender e em nada diferem da ideia que se pode ter de uma lula atropelada por um caminhão bi-trem, caso ambos convivessem em um mesmo habitat. Não sei se pela feiúra, desorganização ou fedor mas um fato notável é que há muito menos turistas dentro do mercado do que nos restaurantes ao seu redor. Em uma outra interpretação,os turistas estão mais dispostos a comer sem ver os produtos dali do que a ver com os próprios olhos o que está acontece lá dentro. Buscando o Parque, encontrando o Porco Antes de embarcar em um Uber rumo ao maior prédio de Bangkok, decidimos dar uma passada em um parque próximo a zona histórica onde as atrações anteriormente citadas estão situadas. Infelizmente foi impossível entrar no parque. Os motoristas de tuk-tuk, como reconhecidamente fazem com turistas, disseram que o parque estava fechado e se ofereceram para nos levar a outro canto. Seguimos pela rua que daria acesso ao parque fechado para descobrir um templo voltado a um animal: o porco. Como uma certa princesa (de novo elas, as princesas) Real Tailandesa nasceu no ano do porco, a moça achou por bem criar uma praça em homenagem aos suínos. Como bons devotos, os cidadãos cobriram o porco de ornamentos coloridos e brilhantes que ocultavam tudo menos um proeminente focinho. A visita na praça durou apenas o tempo de espera do Uber, um veículo Nissan Almera da cor preta, conduzido pela senhorita Wiset. Pedimos para ela nos levar ao Bayioke Sky Hotel. Ela tomou o caminho do edifício mas, como já indicava o Google Maps, haviam monstruosos congestionamentos. Foi possível dormir um pouco durante a hora que levamos para percorrer os cerca de 7 km até o destino. A corrida saiu por uns R$ 13.
Bayioke Sky Hotel Este é o prédio mais alto de Bangkok, o que significa que é realmente um prédio bem alto. Ele foi construído em 1997 em uma região de comércio densa e predominantemente popular. É como se no meio do Sahara do Rio de Janeiro erguessem uma mega torre e tentassem a todo custo dizer que ela é chique. Como quase toda tentativa forçada de dizer que algo é chique, o resultado é uma impressionante breguice. Tão alto quanto o mirante no 84˚ andar é o nível de cafonice da escadinha que conduz à ele: há pinturas em preto com representações coloridas de planetas, estrelas e afins. À porta do 84˚, um alien em plástico, tamanho real (de um humano, pois não se sabe qual o tamanho de um alien) saúde os visitantes. Estas distrações do real propósito do mirante deixam o visitante um pouco confuso. Ao chegar no mirante, no entanto, é possível compreender toda a maluquice que é a cidade de Bangkok. Vista do alto, ela é uma bagunça quase tão grande quanto do chão. Há prédios de gosto duvidoso para quase todo lado que se possa olhar. E grandes rodovias, com seis pistas de congestionamento para cada lado, correndo paralelas a linhas de trem ociosas. O bilhete que compramos dava direito a um drink no bar do 83˚, onde as representações de cenas extra-planetárias continuavam presentes. As garçonetes que serviram nosso tequila sunrise cortesia vestiam-se de branco e tinham um sorriso e um comportamento esquisito, dando a entender que por baixo de suas peles haviam entidades extraterrenas que as controlavam. Caminhada pela Região de Compras Saindo do Bayioke atravessamos uma viela lotada de camelos com roupas absurdamente baratas. Era possível comprar um shorts jean feminino (um que nunca seria aceito como vestimenta em um templo) por cerca de 60 baht ou, R$ 7,50. Logo ao final dos camelôs embarcamos em uma jornada caótica entre shoppings e mais passarelas aéreas, em um caminho que parecia ter saído de um filme de ficção científica com um roteiro de baixo custo.
29
30
A impressão é a de que em Bangkok nunca se está a mais do que alguns minutos ou passos de poder comprar absolutamente qualquer coisa. Um dos momentos que pareceu confirmar isto foi quando caminhávamos ao lado de um shopping de luxo e estávamos, simultaneamente, passando por uma pequena barraquinha de comida onde uma mulher preparava o que era, supostamente, uma orelha de porco.
Retorno ao Hotel e Jantar no Local-Mais-Próximo-Possível Extenuados pela longe jornada entre os mais lotados locais de comércio da cidade, decidimos jantar no local mais próximo possível do hotel: o Baan Glang Soi. Foi uma boa escolha e, talvez, o melhor custo benefício alimentício da viagem: noodles de frutos do mar por apenas 80 baht.
25 DE FEVEREIRO Planejamos o roteiro deste dia 2 minutos antes de sair do hotel. Foi uma atitude que recomendo. Manhãs preguiçosas Não havia uma ideia do que fazer nesta quinta-feira. Bangkok tem a área de São Paulo e 6 milhões de pessoas: certamente haveria algo para se ver por aí, mas fato é que do que havia de indicado nos guias pouco nos interessava. Abandonamos a ideia de ir ao Mercado Flutuante pois sentimos cheiro de encenação para turista. Pela lógica, procede. Se tem até Tesco aqui e você encontra qualquer coisa em praticamente qualquer esquina, quem ia querer se meter num barquinho pra fazer a compra do mês? Saímos tarde do quarto, pouco depois das 10h00. O café da manha do hotel havia fechado, portanto não era mais opção. A alguns metros para um lado ainda inexplorado da região do hotel encontramos uma “Souffle House”. Atento para este costume oriental de nomear coisas ocidentais de maneira esquisita, tinha quase certeza de que não se tratava de um lugar que vendia a iguaria francesa. Descoberto o mistério: era um café que vendia bolos e pedimos, portanto, bolo e café. Seguindo a lógica de explorar o lado inverso, fomos pegar metrô na outra estação próxima: Surasak. À caminho dela, um grande mini-templo (é tipo um templo versão casinha de bonecas, é grande para uma casinha de bonecas mas não o suficiente para um ou mais monges ou civis entrar fisicamente nele) abrigava várias garrafas de Fanta como oferenda. Achei esquisito, sempre tive uma visão mais saudável do Budismo.
31
32
A casa de Jim Thompson, o veterano de guerra americano que casualmente veio morar em Bangkok, construindo uma bela casa e relacionando-se com as elites locais pouco antes da Guera Fria para então desaparecer misteriosamente enquanto culpam suas diabetes e não um assassinato planejado pois ele “talvez” fosse um agente secreto Empreendedores inclusive post-mortem, estes são os americanos. Jim Thompson foi um arquiteto formado em Princeton e que serviu ao exército dos Estados Unidos durante a segunda guerra. A história contada oficialmente é que ele se fixou em Bangkok e construiu uma pequena mansão com o melhor da arquitetura ocidental (banheiros internos) e da arquitetura e arte oriental (budas, etc). Ele teria se mudado para a capital tailandesa após a segunda guerra e por lá ficado até 1974, mas pouco é contado pelos guias sobre os reais motivos pelos quais ele se mudou para cá: a justificativa é que este arquiteto e militar apaixonou-se pela seda e decidiu virar um empresário do setor. A casa por ele construída virou um museu e grife de roupas e acessórios. Havia uma camisa realmente bonita de seda, mas era tão pouco provável eu conseguir pagar o preço que pediam por ela quanto seria acreditar na história contada sobre o Sr. Jim. Finalmente, o barco como transporte público No segundo dia na cidade apresentei dúvidas sobre qual eram os barcos usados como transporte público pelos locais. Hoje, quarto dia, já mais bem informado, descobri onde encontrá-los. Antes de embarcar, almoçamos no restaurante de um hotel esquisito, o Kritthai Mansion. Nunca antes saiu tão barato um almoço: R$ 20 o total para as duas pessoas, com uma água. Embarcar no barco foi tão fácil quanto estar em um píer flutuante sofrendo a ação das ondas de uma embarcação recém chegada em alta velocidade enquanto se esgueira pelas cordas que sustentam a cobertura da embarcação.
Vivos e secos, alojamo-nos entre dois barris de plástico azul cheios de óleo diesel. Demorou cerca de 2 segundos para perceber que aquilo era realmente perigoso e entender o motivo pelo qual há de fato barcos para turista. Uma senhora de cerca de 70 anos sentava ao meu lado e provavelmente me julgava inapto para tal nível de vida louca, tamanha minha incredulidade com a situação. Passada a euforia inicial já sentíamos maior conforto no veículo, que moviase rapidamente pelo canal no sentido leste. A cada troca de marcha o motor a diesel realizava barulhos particulares ao expulsar o ar, similares aos de um carro tunado. Em uma das paradas tentamos descer da embarcação e, como piratas mal sucedidos, falhamos em conquistar a terra quase-firme do píer: o barco acelerou antes de a alcançarmos. Na próxima, porém, munidos de astúcia e alguns esbarrões não intencionais nos companheiros de viagem, logramos sucesso e conquistamos o píer Soi Thong Lo, ao norte do canal Saen Saep (13,48˚ N, 100,58˚ E). NOTA POSTERIOR No dia 5 de março de 2016, exatamente dez dias após usarmos o serviço de barcos do canal Saen Saep, houve um acidente. Uma das embarcações que ali operava teve uma fuga de gás combustível que resultou em uma explosão no momento em que esta efetuava parada no pier Wat Thep Leela. Pelo menos sessenta pessoas ficaram feridas no incidente, que levantou dúvidas sobre a confiabilidade do sistema - o dono da empresa afirmou operar o serviço há 30 anos e nunca ter acontecido qualquer tipo de problemas do gênero. A população local assustou-se com o acidente: o serviço de barcos no Saen Saep tem 40 mil usuários diários. Um vídeo do acidente pode ser visto em YOUTU.BE/FNMWDNLWT44.
33
34
Thailand Creative & Design Centre O motivo da afobação em descer do barco foi a constatação de que estávamos relativamente próximos ao TCDC, o Thailand Creative & Design Centre. Este local era até então uma estrelinha solitária no meu Google Maps, na região de Sukhumvit, um local nobre de Bangkok cheio de hotéis modernos e com Starbucks e cópias de Starbucks se revezando a cada quadra ou duas. Saindo do píer caminhamos por baixo de um viaduto e chamamos um carro privado utilizando um aplicativo polêmico. Ele haveria de nos deixar no TCDC em menos de 15 minutos mas, como sempre, o trânsito parou antes do destino final. Simulando uma cena de filme nova-iorquino, descemos do veículo no meio da avenida congestionada (mas sem correr, ninguém ia morrer ou pegar um trem ou se casar, por exemplo). Caminhamos as dezenas finais de metros até constatar que o endereço do mapa coincidia com o do Emporium, um shopping luxuosíssimo em cuja fachada se se lia: Dior , Tiffany, Rolex, Pucci. Desdenhei: seria tal centro de design uma loja de móveis chiques, dessas com design no nome e cinco dígitos no preço? Entramos no shopping como quem vai a uma festa com a roupa errada. Ao final do corredor mostrei a tela do telefone à concierge do elevador, mostrando que eu não estava ali por acaso não. Chegamos ao quinto andar e de fato, era um centro de design. Exposição sobre sobre o envelhecimento da população mundial e o papel do design; workshop sobre madeiras, papeis com carimbos prontos pra carimbar e belos folhetos. Além disso, um café e biblioteca com uma bonita vista. Uma casa de massagens Entramos no BTS (o metrô aéreo) e descemos na estação do hotel. A ideia era buscar uma casa de massagens que parecesse confiável, o que pode ser traduzido como: uma que não parecesse com uma casa de prostituição. Ao lado da estação há uma pequena praça, que estava bem movimentada naquele final de tarde. Ali, aconteceu uma pausa inesperada.
Meu pai decidiu demonstrar seu lado futebolista brasileiro participando de um treino casual de Sepaktakraw, uma espécie de futevôlei típico do sudeste asiático, jogado com uma bola construída com uma trama de madeira entrelaçada. Depois disso, encontramos a casa de massagem na famigerada rua-do-hotel, que dura uma quadra mas tem de tudo. Por 150 baht (R$ 18) estaríamos sujeitos a 30 minutos de massagem relaxante tipicamente tailandesa. Ocorreu assim: 1. Remover sapatos e meias e deitar-se de bruços 2. Ter os pés limpados com um paninho embebido em líquido refrescante 3. A pessoa subir em cima de você com os joelhos, mas delicadamente 4. Fazer coisas usando joelhos, cotovelos, antebraços nas costas, pernas e ombros. 5. Deitar com a barriga para cima para massagem facial e no pescoço 6. Receber uns tapas na testa 7. Ficar sentado e receber uma nova massagem nos ombros 8. Finalizar com uns tapas de novo
36
De 1 a 10 daria a nota 8 no quesito qualidade e 10 no que diz respeito ao custo-benefício. Os dois pontos restantes foram tirados pela amiga das massagistas que deixou o celular tocar e ficou conversando durante a sessão. Há planos de voltar ao local no dia seguinte para uma massagem nos pés. Fazendo novos amigos: 7/Eleven Sempre havia ouvido falar desta rede de lojas de conveniência, mas não imaginava que tinham um papel tão importante na Ásia: há tantas lojas da rede que, a partir de algumas, já é possível enxergar a próxima, mais adiante na rua. Na esquina da rua do hotel há uma, aberta 24 horas por dia. Decidimos passar lá para comprar alguma coisa para beber e acabamos levando uma sorte de produtos industrializados semi-locais, o tipo de coisa que aparentemente não encontraríamos em outro lugar. Novamente, o restaurante-mais-próximo-possível Após tentativa de buscar melhor local na vizinhança, retornamos ao restaurante da noite anterior. Cometi o erro crasso de manter a escolha de um prato mesmo após informado de que era um prato “spicy”. A solução foi caçar os vegetais dentro do molho e deixar o molho ali mesmo. Mesmo assim, a pimenta amorteceu a boca o suficiente para realizar uma operação dentária sem qualquer tipo de dor.
Os produtos obtidos no 7/Eleven Um chocolate Reese’s® (fora da foto)
Cerveja Singha
Chás gelados com leite
Bebidas de Aloe Vera
Kit Kat sabor chá verde (bem pior que o original) Sanduíche com Recheio de Coco
Sanduíche de coco (esquisito mas não completamente ruim)
38
26 DE FEVEREIRO Um dia que começou em Bangkok indo visitar um museu meio a contragosto e terminou em Chiang Mai, tentando buscar coisas para se fazer. O Museu Nacional e uma overdose de Budas Às vezes o turismo é bastante maçante. O caso da Tailândia pode ser resumido pelo excesso de templos budistas. Há templo de tudo: o dos cachorros, o do buda deitado, o do buda flutuante, o do buda sem cabeça, com cabeça mas sem mãos, o do buda crucificado (esse talvez não). Buscamos um local que não fosse um templo e acabamos no Museu Nacional da Tailandia. Deixamos as malas no depósito do hotel e fizemos uma viagem de barco que já havíamos feito antes, descemos numa estação em que também já havíamos descido. Pagamos pelo ingresso e entramos na primeira sala para descobrir que ela tinha um tema central: estátuas de Buda. Várias delas, de estilos, idades e locais diferentes. Deu um pouco de sono e prosseguimos para as salas seguinte: armas de guerra. E depois, para a seguinte: coches de gala. Bastante desapontado a visita ao museu. É o tipo de situação que mostra como é melhor ignorar essa ânsia de querer sempre estar a visitar alguma coisa, a “aproveitar” o tempo. O tempo teria sido melhor aproveitado na piscina do hotel, refrescando-se e observando as manchas oleosas de protetor solar que deslizam sobre a superfície da água.
Um almoço realmente barato Quando imaginava a Tailandia pensava em comidas absurdamente baratas. O que encontrei foi algo abaixo do Brasil, mas não absurdamente barato, exceto por hoje. Nas proximidades da cidade velha, próximo ao cana de Banglamphu, comemos um prato de 45 baht, algo como R$ 5,40. Até o presente momento, estamos vivos. Era hora de voltar ao hotel para pegar as coisas e ir embora. Nos deslocamos ao píer e a vendedora de bilhetes, de maneira pouco confiável, disse que o bilhete perfeitamente novo que tínhamos não poderia ser usado para o retorno. “No Ticket, No go to boat”, ordenou. Desrespeitamos sua ordem e fomos pro barco. Mas acabamos pegando o barco errado e tendo que descer na estação seguinte, para esperar o próximo. Aumentando a falta de sorte, malícia e experiência, entramos em um barco que fazia o serviço local, ou seja, parava em todos os piers. Minutos depois, dentro do barco, a cobradora de bilhete garantiu que a vendedora do píer anterior estava mentindo para nós e validou nossa viagem. Muitos minutos mais depois, após uma soneca ou duas, chegamos ao píer Saphan Thaksin, pegamos as malas e fomos para o metrô. Um estojo interessante Pelo menos desde a quinta série do ensino fundamental, nunca mais comprei canetas ou estojos para elas (conhecidos como penal [N.T.: do inglês pen all, ou “várias canetas”] em algumas regiões mais provincianas do país). Ao passar pela estação do BTS quando chegava a Bangkok, vi que uma espécie de pelúcia no formato do trem daquele meio de transporte. Agora, ao sair, com o afã da última chance, decidi comprar tal pelúcia, apenas para descobrir que, na verdade, era um estojo de canetas. Hesitei por um segundo, concluindo enfim que era a hora de quebrar este ciclo de mais de dez anos e finalmente comprar um estojo de grande estilo.
39
Veja o vĂdeo Bangkok em vimeo.com/album/3883522
2
1 BANGKOK
3