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Instabilidade compromete capacidade de investidores em assumir riscos

Por Daniel Faller (*)

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Omercado está diante de uma situação bastante complexa. De um lado, temos todos os insumos necessários para a construção de pequenas hidrelétricas com elevação rápida e constante em seu custo. Na outra ponta, existem muitas incertezas quanto ao preço da energia no futuro, de modo que se possa remunerar o investimento.

O atual modelo de venda de energia por meio de leilões representa um grande risco para o empreendedor, dado que o preço de venda está atrelado ao IPCA e, na prática, o custo de implantação tem subido muito acima desse índice. O modelo de venda no longo prazo funciona muito bem em um cenário de estabilidade econômica, mas, atualmente, pode representar uma armadilha.

Em 2019, tivemos leilões com resultados positivos para as pequenas hidrelétricas, com a comercialização de cerca de 210 MW médios, viabilizando 32 empreendimentos com potência total de 526 MW. Ocorre que, desses, apenas 11 entraram em operação até o momento. Os demais estão diante de um desafio enorme, com uma desproporcionalidade entre o aumento do custo de implantação e o preço da energia.

De maneira geral, nos últimos dois anos o custo de construção para as pequenas hidrelétricas aumentou cerca de 70%, frente a uma inflação oficial na casa de 20%. Fica claro que as condições para viabilizar os projetos não são favoráveis.

Temos, ainda, uma situação complexa para os empreendimentos que ainda precisam vender sua energia, na medida em que é impossível prever um cenário econômico de médio prazo. Ou seja, para viabilizar a construção de novas usinas, a tarifa teria de cobrir, além de uma remuneração normal, um prêmio de risco para que os investidores sigam com seus projetos.

Quando avaliamos a situação do setor elétrico brasileiro de forma geral, enxergamos uma tarifa já elevada para o consumidor final. E, em teoria, aumentar essa tarifa contribuiria para uma maior pressão inflacionária que, em tese, resulta em maiores custos para viabilização de novas usinas.

Paralelamente, há um histórico no Brasil de que a falta de investimentos no setor pode trazer limitação na oferta e alta de preços.

Neste momento, parece que as receitas do passado não fazem mais sentido, pois a instabilidade compromete a capacidade dos investidores em assumir o risco de implantar novas usinas, desestimulando um crescimento sustentável do mercado de energia.

O cenário atual requer um cuidado especial na formação do custo de construção, no planejamento da implantação e, especialmente, na modelagem financeira do projeto, de tal forma que os empreendedores incorporem em suas análises novas variáveis de risco em relação ao investimento.

(*) Diretor-Executivo da Hydrofall Consultoria Sócio-fundador da Lummi Energia Diretor de Engenharia e Obras da APESC Conselheiro da ABRAPCH

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