PROGRAMAÇÃO ASSOCIAÇÃO “OS FILHOS DE LUMIÈRE” AUDITÓRIO Organização e Produção Cristina Grande Pedro Rocha Ana Conde Coordenação Técnica e Som Nuno Aragão Luz Rui Barbosa Cinema/Vídeo Carla Pinto SERVIÇO EDUCATIVO Programação/Coordenação Elisabete Alves Sofia Victorino Consultora Elvira Leite Assistentes Cristina Lapa Carla Almeida Diana Cruz
próxima sessão
8 MAR 2009 (Dom) / 16h00 Quinta da Curraleira / Tiago Hespanha / m/12 Nacional 206 / Catarina Alves Costa / m/12
Ciclo O Sabor do Cinema Momento XV
FEV-ABR 2009 Auditório
Informações: 808 200 543 Reserva Bilhetes: 226 156 584 Geral: 226 156 584 Rua D. João de Castro, 210 4150-417 Porto. Portugal www.serralves.pt | serralves@serralves.pt
15 FEV 2009 (Dom) / 16h00
APOIO
THE Pale Face / Buster Keaton / m/6 A Night at the Opera / Sam Wood, Marx Brothers / m/6
THE PALE FACE
Realização: Buster Keaton, Eward F. Cline Argumento: Buster Keaton Fotografia: Elgin Lessley Interpretação: Buster Keaton, Joe Roberts, Virginia Fox Produção: Joseph M. Schenck Estados Unidos da América, 1922
Uma Noite na Ópera
Título original: A Night at the Opera Realizador: Sam Wood, Marx Brothers Argumento: James Kevin McGuiness, George S. Kaufman Fotografia: Merritt B. Gerstad Música: Herbert Stohart Montagem: Willian LeVanway Interpretação: Groucho Marx, Harpo Marx, Chico Marx, Kitty Carlisle, Allan Jones, Walter Woolf King, Sig Ruman, Margaret Dumont, Edward Keane, Robert Emmett O’Connor Produção: Irving Thalberg Estados Unidos da América, 1935
O Momento XV do ciclo O SABOR DO CINEMA abre com uma sessão de homenagem ao burlesco americano cuja descoberta ou redescoberta é, sempre, uma boa terapia. Entre a pasmosa curta de Pamplinas e a pouco longa dos irmãos marxistas tendência Groucho, correm treze anos de cinema e um salto do mudo para o sonoro, para além das muitas diferenças que separam as posturas destes autores, o primeiro exímio criador de uma linguagem da fisicalidade minimal para um máximo de exposição ao abismos (também físicos) do sentido, os segundos apostados numa delirante utilização do verbo recém-chegado aos ecrãs, com vista à desarticulação sistemática da ordem reinante e dos valores estabelecidos. Inenarráveis, estes filmes-que-não-se-contam merecem chamadas de atenção para «pormenores» que deles fazem objectos de uma rara delicadeza, a despeito da enormidade dos meios envolvidos - meios que NUNCA apontam para moralidades prontas-a-vestir, diga-se de passagem. No primeiro caso, a aventura do sisudo caçador de borboletas, chegado em hora difícil a uma tribo índia cujo território está ser prestes a ser usurpado, através dos métodos, habituais e legais, do mais forte, coloca claramente o herói malgré lui do lado dos ofendidos; os barões do petróleo e seus lacaios são metonímia de uma América que se constrói e prospera sobre terrenos manchados pelo sangue dos seus habitantes, e este pequeno grande filme deixa de rastos o mito do intrépido pioneiro. No segundo caso, a desmontagem hilariante do mito do self-made-man acontece de todas as maneiras possíveis e imagináveis, pois as acções radicalmente ilegais e provocatórias do trio infernal Groucho-Chico-Harpo mais não fazem do que responder, à letra, ao modus vivendi de uma sociedade assente na violência, na exploração, na hipocrisia, na sedução e no roubo legitimado, opondo às manigâncias calculistas do senhores do mundo - e também do mundo da «arte», dominado por burgessos - o comportamento destravado e fraterno daqueles que, irmanados pela adversidade, fazem da improvisação e da insurreição, nas estreitas brechas do sistema, a sua melhor arma. Groucho Marx, cujo chiste ficou justamente célebre, terá um dia declarado: «Acho que a televisão é muito favorável à cultura. Cada vez que alguém a liga em minha casa, vou para a sala ao lado (...)» Esta sala ao lado que O SABOR DO CINEMA pretende ser não cumprirá plenamente o seu papel se o desejo de palavra em volta dos filmes que partilhamos não desaguar em conversas tão sérias e desenfreadas como o olhar directo ao coração de Keaton e as tropelias verbais dos Marx.