085 sabor do cinema 24 out af

Page 1

PROGRAMAÇÃO ASSOCIAÇÃO “OS FILHOS DE LUMIÈRE” AUDITÓRIO Organização e Produção Cristina Grande Pedro Rocha Ana Conde Colaboração Gisela Diaz Coordenação Técnica e Som Nuno Aragão Luz Rui Barbosa Cinema/Vídeo Carla Pinto

próxima sessão

31 OUT 2010 (Dom) / 16h00

AMANHÃ, Solveig Nordlund, 2004 Portugal 15' m/12 APARELHO VOADOR A BAIXA ALTITUDE, Solveig Nordlund, 2020, Portugal, Suécia, 88’, m/12

Momento XVIII

Ciclo O Sabor do Cinema 10 OUT - 07 NOV 2010 Auditório

24 OUT 2010 (Dom), 16h00 RETRATO DE INVERNO DE UMA PAISAGEM ARDIDA APOIO INSTITUCIONAL

COM APOIO

Inês Sapeta Dias

CURSO DE SILÊNCIO

Vera Mantero Informações: 808 200 543 / Reserva Bilhetes: 226 156 584 / Geral: 226 156 584 Rua D. João de Castro, 210 / 4150-417 Porto / Portugal / www.serralves.pt / serralves@serralves.pt

A sessão conta com a presença de Inês Sapeta Dias, realizadora de “Retrato de Inverno de uma paisagem ardida”, e de Paulo Vasques, Director do Circular Festival de Artes Performativas, organização co-produtora de “Curso de Silêncio”.


CURSO DE SILÊNCIO

RETRATO DE INVERNO DE UMA PAISAGEM ARDIDA

Realização, Som e Imagem: Inês Sapeta Dias Produção: Patrícia Pimentel Montagem de Imagem: Luísa Homem Música Original e Montagem de Som: David Maranha Produção: TERRATREME Portugal 2008 Em Portugal, a estação dos incêndios abre e fecha regularmente, ao mesmo título que a estação primaveril ou a estação da caça. Anunciada nos jornais e noticiários, quase tão comentada como as épocas (cada vez mais dilatadas) do futebol, a sua trágica aura autoriza-nos porventura a dizer que os portugueses estão para as florestas ardidas como os japoneses para os cerejais em flor. Não é pois difícil começar por ver neste primeiro filme de Inês Sapeta Dias uma espécie de retrato do país à beira-mar chamuscado que é o nosso. Porém, os tempos do filme, os seus modos de procurar adensar uma relação delicada entre quem vê e o que se deixou

ver, não tardam a catapultar-nos para outros parâmetros de leitura, emoldurados por memórias e referências outras. Pensamos em Renata Sancho e no seu primeiro trabalho, PAISAGEM, «livre» adaptação do livro «Finisterra Paisagem e Povoamento» de Carlos de Oliveira. Mas, sobretudo, vem-nos à cabeça o jogo de antíteses caro a Camões, um jogo tão sério que dele decorreram alguns dos seus versos arrebatadores - tais como «Ela viu as palavras magoadas, / que puderam tornar o fogo frio, / e dar descanso às almas condenadas.» que serviriam perfeitamente de rodapé ao texto visual deste filme. Do ensaio plástico de Inês Sapeta Dias, que nos mostra o trabalho líquido do fogo à luz metálica do frio, jorra algo que, não sendo o contrário da nostalgia do Éden, remete para uma dúvida (mas em dúvida, há vida...) quanto à possibilidade do remoço. Algo que nos transforma em espectadores do fim e do princípio do mundo.

Realização: Vera Mantero Concepção e direcção: Vera Mantero e Miguel Gonçalves Mendes Fotografia: Edmundo Diaz Som: Filipe Tavares Direcção de arte: Paulo Reis Montagem: Cláudia Rita Oliveira Direcção de produção: Ana Jordão Interpretação: Vera Mantero, David Peres, Mariana Maia, Rafael Marques, Rafael Santos, Raquel Pinto, Telma Cruz Participação especial: Paulo Vasques Produção: O Rumo do Fumo e JumpCut Co-Produção: Festival Temps d’Images e Circular - Festival de Artes Performativas Portugal 2007 Quem no anterior momento deste ciclo O SABOR DO CINEMA teve a ocasião de assistir à memorável sessão em que homenageámos Merce Cunningham, lembrar-se-á porventura de que a versão do filme CURSO DE SILÊNCIO da autoria de Vera Mantero, foi, por motivos alheios à nossa vontade, equivocamente substituída pela versão da autoria de Miguel Gonçalves Mendes. Tomámos na altura o público compromisso que agora honramos de reprogramar a versão Mantero. Trata-se de um estranho acaso (objectivo...?), mas há que sublinhar, como já o fizemos, que a existência de duas versões do mesmo filme assinadas por dois realizadores

diferentes não é uma circunstância banal. Pese embora um ponto de vista assaz marcadamente subjectivo sobre a obra de Maria Gabriela Llansol e uma recentragem na persona da bailarina-coreógrafa (que aqui assina o seu primeiro trabalho cinematográfico), este é um filme que se nos apresenta como um verdadeiro encontro de sensibilidades. A casa (o seu dentro-fora e o seu fora-dentro), a profunda fraternidade com a criança (que não carece de ensinamentos mas de liberdade de aprender/apreender), a condição do criador enquanto ser aberto às vibrações, delicadas e minimais ou sísmicas e arrebatadoras, dos mundos interiores e exteriores (que aspiram a fundir-se na singularidade do sujeito) são alguns dos temas que aqui se entrelaçam à maneira de vasos sanguíneos. Isso que é repetidamente reivindicado por uma das figuras do filme – «eu quero saber mais do mundo para onde irei» – coloca-nos, de facto, perante o abismo e o milagre da escrita llansoliana, cujas pautas acolhem as músicas do universo, restituindo-nos um tempo infinitamente habitado pela relação de familiaridade com o vivo. Ler Llansol, de todas as maneiras, implica um envolvimento raro. Este é um filme-viagem e um filme-convite a essa outra viagem.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.