Dicionário cinema porto

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DICIONÁRIO/CENTENÁRIO DO CINEMA (À MODA DO PORTO) ABI — Não é o nome dum pássaro exótico, embora seja uma ave rara. Não sofre de provincianismo agudo. Cineasta de animação, fundou a única produtora do Porto com trabalho regular na área do cinema — a Filmógrafo. A qualidade da sua obra não tem passado desapercebida, pelo que toda a comunidade cinéfila espera que ele continue a dispor de meios para inventar, experimentar, animar, o que lhe parecer urgente. R. G. AGUSTINA — Grande e venenosa cronista do matriarcado do Norte de Portugal. Quando Manoel de Oliveira lhe pede argumentos, ela escreve romances de primeira água. O seu enxerto de Madame Bovary no éden duriense — Ema transformada na bela mutilada incapaz de sonhar — é a mais estimulante leitura que conhecemos do clássico de Flaubert. Mal querida de uns, temida por outros, nem sempre o peso da sua colaboração com Oliveira tem sido devidamente equacionado e reconhecido. A glória é vã e por vezes cega e avarenta. R. G. ALVES COSTA (Henrique) — Mais que os textos (nas páginas dos jornais, nomeadamente em «O Comércio do Porto», «Jornal de Notícias» e «O Jornal», ou em livros, por exemplo sobre Erich von Stroheim ou de crónicas de «Memórias do Cinema», publicados pela Afrontamento, ou de estudo da fase prévia ao Cinema Novo Português, na «Biblioteca Breve» do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, ou dos passos precursores precisamente do nascimento do cinema, «Da Lanterna Mágica ao Cinematógrafo», publicado pela Cinemateca Portuguesa) quase sempre elegantes, usando com sabor a ironia, a polémica, a familiaridade, com doses adequadas de pedagogia e divulgação, num evidente gosto de contar histórias, mas não se furtando, quando necessário, a uma análise mais estruturada, de Alves Costa, no entanto, ficou-nos principalmente a acção. Ele foi realmente um protagonista portuense do cinema: na Direcção do Cineclube do Porto, em tempos de resistência; mas muito especialmente na organização da Semana do Novo Cinema Português de 2 a 10 de Dezembro de 1967 — de que haveria de sair o texto «O Ofício do Cinema em Portugal» que vinte cineastas dirigiram à Fundação Calouste Gulbenkian, daí surgindo a criação do Centro Português de Cinema e o apoio de três anos da Fundação à produção do que foi a Segunda Vaga do Cinema Novo Português (de 1972, «o ano Gulbenkian», ao 25 de Abril). Nesse novo, e desde então duradouro, fôlego do Cinema Português, o Porto e principalmente Alves Costa desempenharam um papel que não pode ser esquecido. Por essas e muitas outras razões andou bem a então


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