EM NOME DO PAI Livre(s) da presença ruidosa de um pai fantoche abre-se a x, y e z um campo em que todos os pais são possíveis mas passageiros. O filme de Bellocchio não se furta aos riscos da dispersão insuflando num colégio conventual agitação que sobraria numa rua citadina. Libertar-se do pai é assim exporse ao fogo cruzado dos paternalismos sem abdicar de os problematizar. O lugar filial é ascendente, a sua ficção, provação iniciática com alguma ambiguidade ou mesmo toda aquela que uma moral comum permite — paixão de um Cristo abominável. Serão as preocupações duma sociedade emanação de qualquer um dos seus membros ainda que improdutivo? Se sim, é lícito retratá-las desta forma tão exactamente hemorrágica até à cicatriz. A dinâmica do filme é a duma narração sem zénite nem soluções ficcionais. Antes voltada para um compromisso (histórico?) com o tempo fílmico que sara todos os símbolos ou os reconverte — um convento ameaçado por máquinas que no fim de contas o deixam intacto, um frade vampiro que cede a cama a um outro menos morto/mais ensonado. Ideias novas e velhas poderiam juntar os trapos para melhor os (cor)romper. R. G.