Vitríolo

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VITRÍOLO Ao criar, de filme em filme, a figura mítica de Charlot, Chaplin tinha retomado as maiores tradições do cómico, suporte de sátira social e arma contra a estupidez. No entanto, acaba por ficar prisioneiro da sua personagem, ultrapassado pela evolução técnica do cinema — o sonoro — e a gravidade dos acontecimentos — a guerra depois da crise de 29. Chaplin é então obrigado a abandonar a sua criatura. Só parcialmente o consegue com O GRANDE DITADOR — em que também não chega a dominar completamente o elemento — mas com Monsieur Verdoux é perfeitamente bem sucedido. Com Charlot é um certo riso, às vezes amargo mas sempre optimista, que o cineasta abandona. Em 1944-46, o BARBA AZUL, apesar de manter numerosos pontos comuns com Charlot, não faz rir. O cómico desesperado virou humor negro e desaloja o espectador do seu conforto. A eficácia é tal que o filme foi amiúde proibido e enterrado. As réplicas «brilhantes» são aqui portadoras do brilho que o incendeia. S.


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