Prn2018

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Reunião DAS ORIGENS ATÉ À ATUALIDADE: BREVE SÍNTESE HISTÓRICA DO CTOE pág. 32-40

ASSURANCE MEASURES PARTICIPAÇÃO DA FOE pág. 70-73

Revista das Operações Especiais do Exército

2018


Ponto de

Reunião

Revista das Operações Especiais do Exército

Índice Atividades do CTOE ................................................................................ 02 Real Thaw 2018: exercício conjunto e combinado............................... 24 Exercício ORION 18................................................................................. 28 Exercício HOT BLADE 18: exercício conjunto e combinado............... 29 Das origens até à atualidade: Breve síntese histórica do CTOE.......... 32 Entrevista ao Exmo MGen Bacelar Begonha ........................................ 42 Contributos do CTOE para a doutrina nacional................................... 48 Teatro de Operações do Kosovo: O Contributo das FOE...................... 52 A mobilidade das FOEsp: Emprego das viaturas TP1 e TP2 ................ 58 KASOTC na Jordânia: Militares da Força de Operações Especiais participam na 10th Annual Warrior Competiton ............................... 62 O Quartel-General de Operações Especiais da NATO: relato de uma experiência....................................................................... 63 O Sargento de Operações Especiais do Exército Português................. 67 Assurance Measures: Participação da FOE............................................ 70 Capelania Militar ou Serviços de Assistência Religiosa....................... 74 O Oficial Médico na formação dos novos quadros das OE.................. 76

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assados quase dois anos a comandar esta mui nobre Unidade, noto que o tempo voou, em resultado do envolvimento e entusiasmo nesta minha missão! Os resultados são de todos e falam por todos nós, sendo motivo do nosso orgulho, a satisfação e confiança expressa por toda a cadeia de comando. Oficiais, Sargentos, Praças e Trabalhadores Civis do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), no passado dia 16 de abril, fez 58 anos que a nossa Unidade foi criada por decreto regulamentar (Dec. Lei 42926 de 15 abril de 1960), para que Portugal estivesse apto a enfrentar, pelas armas, uma ameaça de violência peculiar que se adivinhava vir a manifestar-se em futuro próximo nas suas províncias ultramarinas. Desde então, as Operações Especiais têm acompanhado as sucessivas transformações no ambiente operacional, constituindo-se no atual contexto estratégico como um vetor fundamental para a uma resposta flexível e adaptada ao espetro diversificado, multidisciplinar e complexo das missões que têm vindo a ser atribuídas às Forças Armadas. Como no passado, também hoje e no futuro, os homens e mulheres que servem o CTOE estão na primeira linha da defesa dos interesses nacionais, desempenhando as

Ficha Técnica Título: Ponto de Reunião | Propriedade: Centro de Tropas de Operações Especiais CTOE | Direcção: Cor Inf Valdemar Correia Lima | Coordenação Geral: SOIS | Fotos: Dr. Bryan Ferreira; Foto Regalos | Colaboradores: Militares do CTOE | Design Gráfico: P. Hermínio Lopes | Produção: Empresa do Diário do Minho, Lda. | Tiragem: 1000 Ex.


Editorial PRn 2018 O Comandante Valdemar Correia Lima Cor Inf

missões atribuídas quer no território nacional, ao serviço do bem comum dos portugueses, quer no exterior, em prol da paz e segurança internacionais, de ajuda humanitária e de cooperação militar. O ano de 2017 foi um ano em que todas as missões que superiormente nos confiaram foram exemplarmente cumpridas, movidas pela dedicação de todos, empenho pessoal e colaboração, sabendo manter, em todas as circunstâncias, os elevados níveis de proficiência, prontidão, segurança e eficácia que constituem a cultura dos militares de Operações Especiais. Como atividades mais relevantes destacaria: ao nível operacional - a participação no elevado número de exercícios realizados (cerca de 25 exercícios nacionais e internacionais), a manutenção do estado de “Prontidão Operacional” do Special Operations Task Group (SOTG 17/18), a participação nas “ASSURANCE MEASURES 2017”, na Lituânia, e ainda a participação na missão da EUTM-Mali; ao nível da formação - ministrou a Unidade os cursos programados de Operações Especiais, para Oficiais e Sargentos do Quadro Permanente, cursos para Oficiais, Sargentos e Praças em Regime de Contrato, Curso de Cabos, Curso de Patrulhas de Reconhecimento de Longo Raio de Ação, Curso Sniper, e dois Estágios de Sobrevivência, Fuga e Evasão para os Contingentes destacados para os Teatros de Operações do Iraque e Afeganistão, onde o brio e profissionalismo de todos os instrutores, contribuiu para uma instrução de excelência, ministrada

sem acidentes, tendo como produto final militares bem formados. Também ao nível da formação, procuramos mobilizar toda a energia disponível no processo que visa a certificação da formação ministrada na Unidade, encontrando-se em fase de conclusão o trabalho de revisão dos referenciais de todos os cursos aqui ministrados, para aprovação na Direção de Formação, assim como o da produção de publicações doutrinárias de Operações Especiais. Neste ano, fica evidenciada a capacidade de resposta às diferentes e, neste ano particularmente exigentes, missões e tarefas inopinadas a que houve que responder, com coragem e sentido do dever, em especial as relacionadas com o apoio à satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações, no âmbito do combate aos incêndios que flagelaram o país. Também não podemos deixar de sublinhar, pelo simbolismo que tem para todos os que aqui servem, que no âmbito do Plano Diretor do CTOE, que se prevê levar a cabo nos próximos oito anos, no valor de cerca de onze milhões de euros, tiveram início as obras relativas aos alojamentos para as Praças, com o arranque no Aquartelamento de Santa Cruz, da construção de seis compartimentos, com capacidade para vinte e quatro camas, que no dia 16 de abril inaugurámos. Por último, dizer-vos que é para mim uma honra e um privilégio comandar-vos, esperando estar

sempre à altura de tão grande responsabilidade, salientando o vosso espírito de sacrifício, profissionalismo e humildade com que têm cumprido a vossa missão. Para o efeito, tem sido fundamental o ambiente de camaradagem e disponibilidade que se vive na Unidade, expresso na partilha de experiências e saberes, bem como de entreajuda face às dificuldades, reforçando a permanente operacionalidade demonstrada nos desafios que nos têm sido colocados. Deixo aqui o meu profundo apreço e reconhecimento a todos os militares do CTOE, que ao longo deste último ano, ao serviço de Portugal, cumpriram missões no exterior do território nacional, certo de que a sua dedicação, espírito de missão e exemplar desempenho foram e continuarão a ser motivo de sentido orgulho de todos os que aqui servem. “Cheio de Deus, não temo o que virá, pois venha o que vier, nunca será maior do que a minha alma.” (Fernando Pessoa, In Mensagem)


Exercício “SERRA BRANCA 17” Curso de Operações Especiais – CFS RV/RC Em 20 de março de 2017 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia de abertura do 1º Curso de Operações Especiais - Curso Formação de Sargentos RV/RC, constituído por 07 militares. A cerimónia foi presidida pelo Comandante do CTOE, dando as

boas vindas aos militares que são voluntários para a formação na área das Operações Especiais. O referido curso teve a duração de 3 meses e 10 dias, iniciando-se a 20 de março de 2017 e tendo o seu terminus no dia 30 de junho de 2017.

Visita do Adido Militar Lituano Decorreu no passado dia 27 de março de 2017 uma visita do Adido Militar Lituano Cor Valdas Siauciulis, ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Esta visita ao CTOE inseriu-se no âmbito do aprontamento de forças nacionais para emprego na Lituânia – Assurance Measures. O Adido Militar Lituano teve a possibilidade de conhecer a realidade das Operações Especiais das For-

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ças Armadas Portuguesas. A visita teve o seguinte programa: Receção e boas-vindas do Comando do Centro de Tropas de Operações Especiais; Cerimónia de Homenagem aos Mortos; Brífingue sobre o CTOE; Brífingue do Adido da Lituânia; Demonstração técnico-tática da FOE; Exposição de armamento e equipamento da FOE, no aquartelamento de Penude; Almoço convívio na Messe de Oficiais.

Decorreu, de 04 a 09 de março de 2017, o exercício SERRA BRANCA 17, na região da SERRA DA ESTRELA (Área da Torre e Lagoa comprida). Esta atividade é um exercício interno da Força de Operações Especiais (FOE) e teve por finalidade executar treino técnico e tácito em média montanha invernal, garantindo assim uma preparação mínima e efetiva de parte das subunidades da FOE neste tipo de ambiente. Durante o decorrer do exercício, os objetivos de treino realizados foram alcançados de forma satisfatória, destacando-se: Higiene e Segurança em Climas Frios; Desenvolver a capacidade de combate em climas frios e/ou de média montanha; Planear e executar deslocamentos em climas frios e/ou de média montanha; Desenvolver a capacidade de sobrevivência em climas frios e/ou de média montanha; Testar e operar alguns dos equipamentos mais recentes tais como: HK G28 com uma Schmidt & Bender 3-20*50 PM II; ANPVS 21 e a câmara térmica TIMRO 640m; Treino inerente às tarefas das Equipas Sniper de Operações Especiais da FOE.


Visita da Companhia de Caçadores n.º 2788 ao CTOE

Visita do CEMG F-FDTL No dia 18 de abril de 2017 o Chefe de Estado-Maior General (CEMG) das Falintil – Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) visitou o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Nesta visita, o CEMG F-FDTL foi acompanhado pelo Comandante da Brigada de Reação Rápida, o Exmo. MGen Carlos Perestrelo, pelo Adido de Defesa junto da Embaixada de Timor-Leste em Lisboa, Cor Sabika, e pelos quatro militares timorenses que frequentam o Curso de Operações Especiais para Quadros Permanentes 2017 (COE QP 17). A visita contemplou o seguinte

programa: Receção e boas-vindas do Comando do CTOE; Almoço convívio na Messe de Oficiais; Guarda de Honra a S.Exa. o CEMG F-FDTL; Cerimónia de Homenagem aos Mortos; Brífingue sobre o CTOE; Visita ao Batalhão de Formação; Demonstração técnico-tática da Força de Operações Especiais (FOE), com formatura final da Força executante; Exposição estática de armamento e equipamento da FOE; Visita às Caves da Raposeira; finalizando com a assinatura do livro de honra e a entrega de uma oferta honorífica no Salão Nobre do CTOE.

Decorreu no dia 01 de abril de 2017 uma visita da Companhia de Caçadores n.º 2788 (CC 2788) ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), inserida no encontro convívio dos seus ex-militares, a qual ficou perpetuada com a fixação de uma Placa Comemorativa nos claustros do aquartelamento de Santa Cruz. A comitiva era constituída por 59 pessoas, na sua grande maioria ex-combatentes do Ultramar, os quais se fizeram acompanhar dos seus familiares. A visita seguiu o seguinte programa: Missa na Igreja de Santa Cruz; Cerimónia de Homenagem aos Mortos (CHM); Descerramento de uma Placa Comemorativa do evento; Visita ao museu do CTOE; Almoço convívio no Quartel de Santa Cruz; Visita às Caves da Raposeira; Visita ao aquartelamento de Penude.

Curso de Operações Especiais Praças 1.º turno de 2017 _ cerimónia de encerramento

Em 28 de abril de 2017 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais, a cerimónia de encerramento do Curso de Operações Especiais Praças RV/RC (COE P RV/RC), 1º Turno 2017. Esta cerimónia foi presidida pelo Excelentíssimo Comandante do CTOE, Cor Inf Valdemar Lima. Este dia muito especial para a Unidade, na realidade, começou no dia anterior com a cerimónia da entrega das mochilas, a qual decorreu

em ambiente noturno e envolvida numa solenidade muito especial, característica das Operações Especiais (OEsp). A cerimónia do dia 28Abr17 iniciou-se com a celebração da Missa de bênção das Boinas de OEsp, seguida da cerimónia militar, que teve como pontos de destaque a integração do estandarte nacional, a Homenagem aos Mortos, a imposição das insígnias e boinas aos novos militares de OEsp e a leitura dos Mandamentos do Militar de Opera-

ções Especiais. Como de costume, esta cerimónia foi abrilhantada com a presença dos familiares dos novos membros da “nossa família”, os quais participaram ativamente nela, através da imposição de insígnias e boinas. Dos 32 militares que iniciaram o COE P RV/RC 1ºT 2017 acabaram 18, após 3 meses de uma instrução dura e exigente, resultante em inúmeras privações e sacrifícios, com a finalidade de se formar militares de elite e Homens de exceção. Aos novos militares de Operações Especiais, pela Vontade e Valor que demonstraram, é concedido o pleno direito de gritar a viva vós “RANGER”, e nortear a sua conduta pela divisa, “Qve os mvitos, por ser povcos, nam temamos”

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Visita de despedida do Comandante da BrigRR Em 18 de maio de 2017, o Comandante da Brigada de Reação Rápida (BrigRR), MGen Carlos Alberto Grincho Cardoso Perestrelo visitou o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Nesta visita o MGen Carlos Perestrelo despediu-se dos militares e trabalhadores civis desta Unidade por, em breve, terminar o desempenho de funções de Comandante da BrigRR, aproveitando ainda a oportunidade para se despedir dos militares que vão integrar a Força Nacional Destacada que participará nas Assurance Measures, na Lituânia, a partir de fins de maio de 2017. A cerimónia decorreu na parada exterior do quartel de Santa Cruz, com uma formatura geral da Unidade, estando presentes todos os seus militares e trabalhadores civis. Seguiu-se a cerimónia de homenagem aos mortos e, mais tarde, uma cerimónia mais restrita no Salão Nobre do CTOE, onde o MGen Carlos Perestrelo proferiu algumas palavras, recebeu uma oferta honorífica e procedeu à assinatura do livro de honra.

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Visita de ex-militares do 1º CFS ao CTOE Em 09 de Agosto de 1975, o CIOE foi transformado em Escola de Formação de Sargentos, ficando com a missão de ministrar a primeira parte dos Cursos de Sargentos. O 1º Curso de Formação de Sargentos teve inicio em 7 de fevereiro de 1977. Desde esta data e até agosto de 1981, a Unidade formou 1111 Sargentos para as Armas e Serviços do Exército. Inserida no encontro convívio do 40º aniversário do 1º CFS (1977), decorreu no dia 20 de maio de 2017 uma visita ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE).

A comitiva era constituída por cerca de 40 pessoas, na sua grande maioria ex-militares, que se fizeram acompanhar dos seus familiares. Esta visita ao CTOE foi conduzida de acordo com o seguinte programa: Missa Solene na Igreja de Santa Cruz; Cerimónia de Homenagem aos Mortos; Alocução alusiva ao evento pelo TCor Monteiro, em representação do Comandante do CTOE; e, por fim, descerramento de uma Placa Comemorativa do evento, momento este com o qual se pretende eternizar a passagem destes militares por esta Unidade.

Visita do Oficial de ligação espanhol do MADOC No dia 22 de maio de 2017 o Oficial de ligação espanhol do Mando de Adiestramiento e Doctrina (MADOC), do Exército Espanhol, visitou o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). A visita realizou-se no âmbito da cooperação bilateral entre a Direção de Formação e o MADOC e contemplou o seguinte programa: Receção de boas-vindas no gabinete do Comandante do CTOE; Brífingue sobre o CTOE e as Operações Especiais do Exército Português, Visita ao aquartelamento de Penude (Batalhão de Formação); Exposição estática da Força de Operações Especiais (FOE), no aquartelamento de Penude; e almoço na Messe de Oficiais, no qual se entregou uma oferta honorífica do CTOE.

O período da tarde foi preenchido com um breve programa cultural no qual o Oficial espanhol teve a oportunidade de conhecer o Museu de Lamego e os seus 18 tesouros nacionais, o miradouro da Serra das Meadas e a sua visão abrangente e panorâmica sobre a região do rio Douro, património mundial, e, por fim, uma visita ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.


Visita de Oficiais que serviram no Regimento de Infantaria de Abrantes ao CTOE Decorreu no dia 27 de maio de 2017 uma visita de Oficiais que serviram no Regimento de Infantaria

de Abrantes, ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). A comitiva era constituída por

21 Oficiais do extinto Regimento de Infantaria de Abrantes foi acompanhado, no seu todo, pelo Exmo Comandante do CTOE, Cor Inf Valdemar Correia Lima. A visita contemplou o seguinte programa: Receção de boas vindas; Cerimónia de Homenagem aos Mortos; Visita à coleção museológica do CTOE e Igreja de Santa Cruz; Visita ao centro histórico da cidade (Sé Catedral); Café na Messe de Oficiais; Visita ao centro histórico da cidade (Museu de Lamego e Teatro Ribeiro Conceição); Subida do Escadório de Nossa Senhora dos Remédios, culminando com uma deslumbrante vista panorâmica sobre a cidade de Lamego; Visita às Caves da Raposeira; e terminou com um almoço convívio.

Visita de S.Exa. o Ministro da Defesa Nacional da RDTL No dia 29 de maio de 2017, S.Exa. o Ministro da Defesa Nacional da República Democrática de Timor-Leste (RDTL), Dr. Cirilo Cristóvão, visitou o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). S. Exa o Chefe de Estado-Maior do Exército, General Frederico José Rovisco Duarte, acompanhou esta visita que contemplou o seguinte programa: Receção e honras regulamentares; Cerimónia de Homenagem aos Mortos; Brífingue sobre o CTOE; Exposição estática de material da Força de Operações Especiais (FOE); Demonstração técnico-tática da FOE, no aquartelamento de Penude; e jantar na Messe de Oficiais, com entrega de uma oferta honorífica do CTOE e, findo o qual, S.Exa. o MDN RDLT assinou o livro de honra desta Unidade.

Durante o brífingue S.Exa. o MDN da RDTL teve a oportunidade de conhecer um pouco do passado e presente das Operações Especiais do Exército Português, bem como os anseios futuros desta Unidade. Deu-se ainda a conhecer a diversificada panóplia de missões e tarefas que estas Forças podem executar, destacando-se o fato de que as Operações Especiais estão na primeira linha no que concerne à assistência militar. No final da apresentação, S.Exa. o MDN da RDTL afirmou a intenção no incremento da cooperação militar com o Exército, em geral, e com o CTOE, em particular, através do aumento do número de formandos a frequentar os cursos ministrados nesta Unidade, bem como a possibilidade de se enviar os seus formadores para Timor-Leste. Acrescentou

que, pelo fato das Forças de Defesa de Timor-Leste serem reduzidas, pretende-se que as mesmas sejam altamente especializadas e profissionais, pelo que a cooperação com o CTOE se alinha para que este desígnio seja cumprido na sua essência. Mais tarde, na demonstração tática ficou bem patente o elevado profissionalismo e dedicação dos militares que servem nesta Unidade, a par da modernidade dos equipamentos que, no seu conjunto, garantem que as Forças de Operações Especiais possuem uma elevada prontidão operacional e contribuem deste modo para “um Exército de qualidade, ao serviço de Portugal e dos portugueses”, sem nunca esquecer o seu lema …

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Comemorações do 57º aniversário do CTOE Realizaram-se, entre os dias de 30 de junho e 02 de julho de 2017 as comemorações do 57º aniversário do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), as quais celebram a criação do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em 16 de abril de 1960, por Decreto-Lei. O momento mais alto das comemorações decorreu no dia 30 de junho com a Cerimónia Militar Comemorativa, a qual foi presidida por Sua Excelência o Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), General Frederico José Rovisco Duarte, e foi precedida pela Celebração Eucarística com Bênção das Boinas dos novos membros desta família das Operações Especiais / Ranger.

Ainda neste dia decorreu o lançamento do livro “Eu saltei em Creta”, escrito por um militar desta Unidade, no Salão Nobre dos Paços do Concelho (Lamego), tendo como entidades presentes, entre outras, o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Eng.º Francisco Lopes, e o Exmo General Carlos Jerónimo, Ex-CEME. Um outro momento de destaque ocorreu na noite do dia 01 de julho com a realização do concerto comemorativo do dia da Unidade no Teatro Ribeiro Conceição, que con-

tou com a participação dos grupos “Alma de Coimbra (AdC)” e “Universidade Sénior Jerónimo Cardoso de Lamego (USJCL)”. A par das atividades já descritas, e durante os três dias, decorreu o apoio à Associação de Operações Especiais com diversas atividades, as quais culminaram com a sua Assembleia Geral.

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Juramento de Bandeira do 2º CFGCPE/CE 17 Em 26 de maio de 2017 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia do Juramento de Bandeira do 2º Curso Formação Geral Comum – Praças do Exército 2017 (2º CFGCPE 17), composto por 20 militares. A cerimónia foi presidida pelo

Excelentíssimo Comandante do CTOE, Cor Inf Valdemar Correia Lima, havendo lugar a condecorações de militares desta Unidade e tendo como momentos de relevo a leitura dos Deveres Militares e o Juramento de Bandeira, propriamente dito, com a leitura da sua fórmula.

CTOE apoia LAMECUM TRAIL

No dia 11 de junho de 2017, o Centro de Tropas de Operações Especiais apoiou a Câmara Municipal de Lamego na organização do LAMECUM TRAIL, que se realizou neste concelho. O apoio a este evento baseou-se em reconhecimento e rescaldo dos percursos, preparação do aquartelamento de Penude para passagem das provas, apoio sanitário, fornecimento de água em dois postos de abastecimento e alojamento de atletas. Inserido na Prova, o CTOE levou a cabo algumas ações de divulgação, as quais ficaram à responsabilidade do Gabinete de Atendimento ao Público de Lamego (GAP), contando ainda com o apoio da “torre móvel de multiactividades do Exército”, sob a responsabilidade do Regimento de Infantaria N.º 13.

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Apoio ao Agrupamento do Corpo Nacional de Escutas Nos dias 07, 08 e 09 de julho de 2017, o Centro de Tropas de Operações Especiais, apoiou o Agrupamento do Corpo Nacional de Escutas da Diocese de Lamego, no Acampamento Regional designado por “ACAREG”. As atividades decorreram em Penude, no Batalhão de Formação, com a participação de cerca de 300 jovens escuteiros, com idades compreendidas entre os 06 e os 22 anos enquadrados por escuteiros monitores.

Marcha Ranger No dia 05 de julho de 2017, o CTOE executou uma marcha de coesão com toda a Unidade, desde o aquartelamento de Santa Cruz até à Serra das Meadas, culminando com um almoço de confraternização.

Foi uma excelente oportunidade de convívio entre todos os oficiais, sargentos, praças e funcionários civis que servem no CTOE, fortalecendo assim, os laços de camaradagem e espírito de corpo.


Solene Procissão em “honra” de Nossa Senhora dos Remédios

Apoio aos Escuteiros de Portugal (Grupo 49 – Lamego) Decorreu no dia 20 de agosto de 2017, no Parque Isidro Guedes, em Lamego, o evento “Lamego Solidário – Não à indiferença”. Esta atividade, levada a cabo pe-

los Escuteiros de Lamego em parceria com o Município de Lamego, Rotary Clube de Lamego e o Clube Médico Motard, teve como finalidade ajudar as vítimas dos incêndios.

Visita da Confraria Gastronómica de Lamego Decorreu no dia 03 de setembro de 2017 uma visita de diversas Confrarias a convite da Confraria Gastronómica de Lamego, ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), no âmbito do III Encontro “A Confraria na Romaria de Portugal – festas de N. Sr.ª dos Remédios. A comitiva era constituída por cerca de 80 pessoas, oriundas de diversas Confrarias Nacionais (27 confrarias) e foi acompanhada, no

seu todo, pelo Exmo. Comandante do CTOE, Coronel Infª Valdemar Correia Lima. A visita contemplou o seguinte programa: receção de boas vindas, café no bar de Oficiais, apresentação do filme do CTOE, visita à coleção museológica do CTOE e Igreja de Santa Cruz, terminando com um almoço convívio num restaurante da cidade.

No dia 06 e 08 de setembro de 2017, decorreu a procissão do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios até à Igreja das Chagas e a Solene Procissão do Triunfo em “Honra” de Nossa Senhora dos Remédios, respetivamente, na Cidade de Lamego. A procissão do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios até à Igreja das Chagas, decorreu dia no 06Set17 e contou com o apoio de cinco militares do CTOE no transporte do Pendão. A Solene Procissão do Triunfo em “Honra” de Nossa Senhora dos Remédios, decorreu no dia 08Set17 e contou com o apoio de dez militares do CTOE no transporte do Pendão bem como na Guarda de Honra ao andor de Nossa Senhora dos Remédios e de uma viatura ligeira para o transporte do respetivo andor desde a parada de Santa Cruz até ao Santuário. A Procissão do triunfo foi presidida pelo Bispo D. António José da Rocha Couto e contou com a presença do Cmdt do CTOE, entre outras entidades civis e militares da cidade de Lamego e foi presenciada por centenas de populares. Da Cerimónia de encerramento da Solene Procissão do Triunfo, destaca-se a prestação de honras à Imagem de Nossa Senhora dos Remédios, o transporte da Imagem de Nossa Senhora dos Remédios para o Santuário e a entrega da Imagem ao Juiz da Irmandade e sua colocação na Capela do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

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Apoio ao Clube Automóvel de Lamego no “GRAF ADVENTURE SERIES” Em 13 de setembro de 2017, o Centro de Tropas de Operações Especiais apoiou o Clube Automóvel de Lamego na prova “GRAF ADVENTURE SERIES”, evento Multi-Aventura de Turismo Internacional e Automóvel. A concentração e o início do evento decorreram em Penude, no Batalhão de Formação, e contou com a presença de inúmeras pessoas ligadas ao desporto automóvel,

nos quais estavam incluídos participantes nacionais e estrangeiros. Da prova inicial constou um pequeno percurso de obstáculos naturais do terreno que foi realizado por duas equipas em simultâneo. Esta prova teve como objetivo final criar a grelha de partida para a prova do dia seguinte. De salientar o agrado geral pela forma como foram recebidos e a espetacularidade do percurso realizado.

Visita ao CTOE do XVIII Curso de Defesa para Jovens do IDN Decorreu no dia 21 de setembro de 2017 a visita do XVIII Curso de Defesa para Jovens do Instituto de Defesa Nacional, ao Centro de Tropas de Operações Especiais.

Curso de Sniper de Operações Especiais 2017 Em 14 de setembro de 2017 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia de abertura do Curso de Sniper de Operações Especiais (CSOE 2017). Esta cerimónia foi presidida pelo Excelentíssimo Comandante do CTOE, Cor Infª Valdemar Lima, dando as boas vindas aos militares.

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O CSOE 2017 era composto por 13 militares (03 Oficiais,04Sargentos e 06 Praças) dos quais um oficial e dois sargentos vindos da Armada (Fuzileiros DAE). O Curso teve a duração de 11 semanas, iniciando-se a 14 de setembro de 2017 e tendo o seu terminus no dia 24 de novembro de 2017.

O Curso de Sniper de Operações Especiais tem como finalidade habilitar os militares com os conhecimentos e competências sniper necessários ao cumprimento de toda a tipologia de operações das Forças de Operações Especiais, e ainda outro tipo de tarefas, quando lhe atribuídas.


O curso, constituído por sete (7) alunos e acompanhados pelo Coronel Lourenço, do IDN - delegação do Porto, foi recebido nesta Unidade com as boas vindas do Comandante do CTOE, antecedendo a Cerimónia de Homenagem aos Mortos. Mais tarde, os alunos tiveram a possibilidade de conhecer um pouco do Exército e do CTOE, pela apresentação de um brífingue no salão de conferências, seguindo-se uma visita à coleção museológica da Unidade, exposição de material e exposição técnico-tática da Força de Operações Especiais (FOE). A visita terminou com um almoço na Messe de Oficias, durante o qual foram entregues aos alunos uma pequena lembrança do CTOE.

Cerimónia de investidura de novos membros da IMNSC No dia 30 de setembro de 2017 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia de investidura de novos membros da Irmandade Militar de Nossa Senhora da Conceição (IMNSC). Esta cerimónia de investidura teve a presença de figuras notáveis das quais se destacam o Exmo General Valença Pinto (Ex-CEMGFA), o Exmo Almirante Macieira Fragoso (Ex-CEMA) e o Exmo Vice-Almirante Sousa Pereira (Diretor-geral da

Autoridade Marítima e Comandante-geral da Polícia Marítima). O evento iniciou-se com uma celebração eucarística na Igreja de Santa Cruz, a qual foi celebrada por Sua Excelência Reverendíssima o Bispo Emérito de Lamego, D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho, e onde foram investidos os novos membros da IMNSC. A cerimónia terminou na parada interior do aquartelamento de Santa Cruz com a Cerimónia de homenagem aos Mortos.

Celebração do Dia de Finados no CTOE Realizou-se no dia 02 de novembro de 2017 a celebração do Dia de Finados, no Centro de Tropas de Operações Especiais, na qual se rezou por todos os militares e civis, especialmente aqueles que tiveram um vínculo a esta Unidade. Esta comemoração iniciou-se com uma celebração eucarística na Igreja de Santa Cruz, seguindo-se uma singela cerimónia no cemitério de Santa Cruz, no qual decorreram as honras militares e a deposição de uma coroa de flores no Mausoléu do Talhão da Liga dos Combatentes. Nestas cerimónias, que foram realizadas em coordenação com o Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes, tiveram presentes diversas entidades locais, das quais se destacam o vice-presidente da Câmara Municipal de Lamego, o presidente da Assembleia Municipal desta cidade e os representantes das Forças de Segurança locais.

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Magusto do CTOE O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) realizou o seu magusto no dia 10 de novembro de 2017, evento este que visa incrementar a moral e bem-estar de todos os que servem nesta Unidade, bem como, proporcionar aos que aqui já não servem um momento de convívio, de afetos e emoções,

relembrando o passado. Este evento iniciou-se com o preenchimento de um questionário de riscos psicossociais, seguindo-se uma sessão de palestras no auditório do CTOE, designadamente, uma sobre a participação da Special Operations Land Task Unit da FOE/CTOE na operação Assurance Measures, na Lituânia,

e uma segunda sobre o estágio de guerra na selva, o qual foi descrito na primeira pessoa por um Oficial desta Unidade que o acabou de frequentar. Mais tarde decorreu uma formatura geral na parada exterior, tendo o evento culminado com o almoço convívio no refeitório geral do aquartelamento de Santa Cruz.

Cerimónia de encerramento de Cursos Em 24 de novembro de 2017 decorreu, na parada interior do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia de encerramento do Curso de Prevenção e Combate a Ameaças Terroristas (CPCAT), do Curso de Sniper (CSnp) e do Curso de Promoção a Cabo de Operações Especiais (CPCb OE). Esta cerimónia foi presidida pelo Comandante do CTOE, Cor Inf Valdemar Lima, destacando-se ain-

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da a presença do Comandante do Destacamento de Ações Especiais (DAE), da Marinha Portuguesa, Capitão-Tenente Pereira da Silva. A cerimónia iniciou-se com as honras militares ao Comandante do CTOE, seguindo-se a Cerimónia de Homenagem aos Mortos, alocução alusiva ao ato pelo Chefe da Secção de Formação, entrega de diplomas e insígnias ao CPCAT e CSnp, termi-

nando com as honras militares ao Comandante da Unidade. Dos treze (13) militares que iniciaram o CSnp acabaram dez (10), sendo três (3) deles militares do DAE, designadamente um (1) Oficial e dois (2) Sargentos. Relativamente ao CPCAT começaram e terminaram quinze (15) militares, dos quais três (3) Oficiais e doze (12) Sargentos, de diferentes Unidades do Exército.


Juramento de bandeira do 5.º CFGCPE/CE de 2017 Em 30 de novembro de 2017 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia do Juramento de Bandeira do 5º Curso de Formação Geral Comum de Praças do Exército, do Contingente Especial, de 2017 (5ºCFGCPE/ CE17), composto por 35 militares. A cerimónia militar comemorativa, que decorreu após uma celebração eucarística na Igreja de Santa Cruz, foi presidida pelo Comandante do CTOE, Coronel de Infantaria Valdemar Correia Lima, havendo lugar a condecorações de militares

desta Unidade e tendo como momentos de relevo a leitura dos Deveres Militares e o Juramento de

Bandeira, propriamente dito, com a leitura da sua fórmula pelo 2º Comandante desta Unidade.

Cerimónia de encerramento de Cursos Em 07 de dezembro de 2017 decorreu, na parada exterior do aquartelamento de Santa Cruz, do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia de encerramento do Curso de Operações Especiais do CFS (COE/CFS) e do Curso de Operações Especiais Praças (COE/P), ambos do 2º turno de 2017. Esta cerimónia foi presidida pelo Comandante do CTOE, Cor Inf Valdemar Lima, destacando-se ainda a presença do Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Eng.º António Alves da Silva (em representação do Sr. Presidente da CML)

e do Sr. Vigário-Geral da Diocese de Lamego, Monsenhor Joaquim Dias Rebelo (em representação de Sua Excelência Reverendíssima, o Bispo de Lamego, D. António Couto). Na realidade este evento iniciou-se no dia 06Dec17 com a cerimónia de receção das mochilas na parada interor do CTOE, na qual se projetou um filme que retratou o dia-a-dia destes cursos. O dia seguinte iniciou-se com uma alvorada festiva, seguindo-se a Celebração Eucarística, com Bênção das Boinas, e mais tarde a cerimónia militar comemorativa, que teve como momento mais alto a imposição da insígnia do

curso e a boina verde seco aos militares que acabaram os respetivos cursos, na presença dos seus familiares e amigos. No final realizou-se um almoço comemorativo na Messe de Oficiais onde marcaram presença a quase totalidade das altas entidades deste município. A par deste evento decorreu a comemoração do 25º aniversário do COE/QP de 1992, contando com a presença de instrutores e instruendos e tendo como momento alto o descerramento de uma placa alusiva ao ato, nos claustros do Aquartelamento de Santa Cruz.

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Encontro convívio de ex-militares de Operações Especiais Em 09 de dezembro de 2017 decorreu um encontro convívio de militares de Operações Especiais (OE) na cidade de Lamego, no qual o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) assumiu um papel de relevância. O encontro contou com mais de 160 militares, na sua grande maioria na situação de disponibilidade e reserva/reforma, e decorreu de acordo com o seguinte programa:

Receção de boas vindas; Cerimónia de Homenagem aos Mortos em Combate; Leitura dos Mandamentos do Militar de Operações Especiais; Visita à coleção museológica do CTOE e à Igreja de Santa Cruz; Projeção do filme do CTOE no salão de conferências desta Unidade; Foto de grupo na porta de armas; Visita ao aquartelamento de Penude; Terminando com um almoço convívio num restaurante da cidade.

Foi com muito agrado que se denotou que estes ex-militares OE, mantêm bem vivos os princípios e os valores incutidos nesta Unidade, sendo este evento, mais um entre muitos nos quais o CTOE pretende homenagear e reconhecer todos aqueles que demonstraram vontade e valor e assim puderam gritar “Ranger”, e deste modo contribuíram para a edificação desta Unidade e das Operações Especiais do Exército Português.

Visita de uma delegação das Forças de Operações Especiais da Tunísia

Decorreu no dia 21 de dezembro de 2017 uma visita de uma delegação das Special Operations Forces (SOF) da Tunísia ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), no âmbito da Componente de Operações Especiais. Esta delegação, constituída pelo

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Coronel Major (Brigadeiro-General) Neffati Chaker, Comandante do Groupement des Forces Spéciales (GFS), Tenente-Coronel Anis Lamouchi e Major Dridi Mohamed, teve a possibilidade de conhecer um pouco da realidade das Operações Especiais do Exército Português.

A visita ao CTOE foi acompanhada por elementos da Célula de Planeamento de Operações Especiais (CPOE/EMGFA), e contemplou o seguinte programa: Receção e boas-vindas pelo Comandante do CTOE; Cerimónia de homenagem aos mortos; Brífingue sobre o CTOE; Visita à coleção visitável da Unidade; Exposição estática de armamento e equipamento da Força de Operações Especiais (FOE); Visita ao Batalhão de Formação; Demonstração tática da FOE na carreira de tiro do Aquartelamento de Penude; Culminando com um almoço convívio na Messe de Oficiais. Este tipo de eventos constitui-se numa mais valia na edificação da capacidade de Operações Especiais, nomeadamente no estabelecimento de contactos pessoais e institucionais reforçando desta forma a relação bilateral entre os dois países.


Curso de Operações Especiais do quadro permanente 2018 Em 08 de janeiro de 2018 decorreu, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a cerimónia de abertura do Curso de Operações Especiais do Quadro Permanente 2018 (COE/QP 18). O COE/QP 18 é composto por 22 militares, dos quais 4 Oficiais e 12 Sargentos do Exército Português, 2

Oficiais da Guarda Nacional Republicana e 1 Oficial e 3 Sargentos da República Democrática de Timor. A cerimónia militar decorreu na parada interior do aquartelamento de Santa Cruz e foi presidida pelo 2.º Comandante do CTOE, TCor Francisco Narciso, que mais tarde, e já no salão nobre da Unidade e peran-

te os seus Oficiais e Sargentos, deu as boas vindas aos militares que se voluntariaram para a formação na área das Operações Especiais. O referido curso tem a duração de 6 meses, iniciando-se a 08 de janeiro de 2018 e tendo o seu fim previsto para o dia 29 de junho de 2018

Visita dos auditores do XI Curso de Segurança e Defesa para Jornalistas do IDN

No dia 9 de janeiro, três dos auditores do XI Curso de Segurança e Defesa para Jornalistas (XI CSDJ), do Instituto da Defesa Nacional (IDN), efetuaram uma visita ao Centro de Tropas de Operações especiais (CTOE), em Lamego, acompanhados pelo Sargento-Mor António Podence, do IDN. Esta visita iniciou-se com a re-

ceção de boas vindas, seguindo-se a cerimónia de homenagem aos mortos, que segundo relatos dos próprios jornalistas os marcou de uma maneira muito especial. Mais tarde foi-lhes apresentado, no salão de conferências desta Unidade, um brífingue sobre o passado, presente e futuro do CTOE, seguindo-se uma exposição estática

de material utilizado pela Força de Operações Especiais (FOE). No final da manhã e já nas instalações do Batalhão de Formação, em Penude, o XI CSDJ teve a oportunidade de assistir a uma demonstração tática com munição real na carreira de tiro desta Subunidade. Segundo relatos dos próprios esta demonstração “deixou-nos verdadeiramente impressionados”. O final da visita terminou com um almoço convívio na Messe de Oficiais, onde os elementos do curso tiveram a oportunidade de expressar os seus sentimentos e relatos aos Oficias do Comando e Estado-Maior e Comandantes das Subunidades do CTOE.

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Exercício Leopardo 181 & 182 No âmbito do treino operacional para 2018, a Força de Operações Especiais (FOE) realizou o exercício LEOPARDO 181, na região da Serra do Marão, no período de 15 a 19 de janeiro de 2018. Este exercício teve como finalidade a validação do treino operacional individual e coletivo das Unidades de Tarefa de Operações Especiais (UTOE) e Companhia de Comando e Apoio (CCA) da FOE em missões de operações especiais em ambiente de montanha. Com este exercício pretendeu-se maximizar a prática de Tácticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) nas missões de operações especiais, nomeadamente através do desenvolvimento das qualidades de comando na organização, planeamento e execução desta tipologia de missões, tendo participado 96 militares da FOE. Entre 26 de fevereiro e 2 de março de 2018 decorreu na região de Tancos – Sta Margarida, o exercício LEOPARDO 182, o qual fora antecedido de um cross-training no Regimento de Paraquedistas (RParas), entre 19 a 23 de fevereiro de 2018. Este exercício teve como finalidade a validação do treino operacional individual e coletivo da UTOE A1 da FOE na execução de operações especiais de ação direta (AD) e na inserção por meios aéreos através de saltos de paraquedas.

Visita do Exmo Cmdt da BrigRR ao CTOE Em 16 de janeiro de 2018 o Excelentíssimo Comandante da Brigada de Reação Rápida (BrigRR), Brigadeiro-General José António Coelho Rebelo, realizou a sua primeira visita ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) na qualidade de Comandante da BrigRR. Esta visita teve como finalidade dar a conhecer a realidade atual do CTOE ao seu comandante de brigada, pelo que lhe foi apresentado um brífingue sobre o passado, presente e perspetivas de futuro desta Unidade, ao qual se segui uma visita ao Aquartelamento de Santa

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Cruz, designadamente às obras no âmbito do Plano Diretor do CTOE,

e mais tarde ao Aquartelamento de Penude.


Jantar do Rigulamento O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) realizou o seu tradicional e carismático “jantar do Rigulamento” no passado dia 18 de janeiro de 2018, evento este que visa incrementar a moral e bem-estar de todos os Oficiais que servem nesta Unidade, proporcionando-lhes um momento único de convívio que devido aos seus múltiplos empenhamentos diários não é fácil de se concretizar. Este evento tem uma periocidade anual e as suas tradições remontam, pelo menos, ao ano de 1961, ano em que foi lavrado o texto do Rigulamento.

Visita do Exmo Cmdt do CFT ao CTOE Em 18 de janeiro de 2018 o Exmo Tenente-General Rui Davide Guerra Pereira, realizou a sua primeira visita ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) na qualidade de Comandante das Forças Terrestres (CFT). A agenda desta sua visita focou-se em dois pontos, as obras no âmbito do Plano Diretor do CTOE e o contingente desta Unidade que se

constitui como Módulo de Segurança da Army Institutional Advisory Team (AIAT), que integra a Resolute Support Mission, no Teatro de Operações do Afeganistão. Foi apresentado um brífingue sobre as temáticas supracitadas, ao qual se segui uma visita ao Aquartelamento de Santa Cruz e, mais tarde, uma ao Aquartelamento de Penude.

Exercício Wet Boat 181 No âmbito do Treino Operacional para 2018 da Força de Operações Especiais (FOE) decorreu, nos dias 23 e 24 de janeiro de 2018, na região da Barragem do Varosa, o Exercício WET BOAT 181 (WB 181) no âmbito do treino das operações anfíbias. O WB 181 teve como finalidade a validação do treino operacional individual e coletivo da SPECIAL OPERATIONS TASK UNIT BRAVO 1 (SOTU B1) da FOE no que respeita à Técnica, Tática e Procedimentos (TTP) das missões de Operações Especiais em ambiente anfíbio. O exercício visou maximizar a prática de TTP nas m i ss õ e s de Ope-

rações Especiais, nomeadamente através do desenvolvimento das qualidades de comando na organização, planeamento e execução de missões de Operações Especiais. Com este exercício pretendeu-se ainda testar e verificar as compo-

nentes e equipamentos anfíbios. Os objetivos definidos para este treino foram alcançados com sucesso, permitindo à Força de Operações Especiais reiniciar o desenvolvimento da sua capacidade operacional anfíbia.

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Exercício Milhafre 181 No âmbito do Treino Operacional para 2018 da Força de Operações Especiais (FOE) decorreu, entre 29 de janeiro de 2018 e 02 de fevereiro de 2018, na região da Serra das Meadas o Exercício MILHAFRE 181 (Ex MILHAFRE 181). O Ex MILHAFRE 181 teve como finalidade a consolidação e a validação do treino operacional individual e coletivo, dos militares que terminaram o Curso de Operações Especiais no mês de dezembro de 2017, no que respeita à Técnica, Tática e Procedimentos (TTP) das missões de Operações Especiais. Com este exercício pretendeu-

-se maximizar o treino de operações das Forças de Operações Especiais, nomeadamente Técnica de Operações Especiais, no Reconhecimento Especial e Ação Direta e ainda procedimentos de Comunicações e dos meios de Vigilância do Campo de Batalha à disposição na FOE, dos militares em Formação no âmbito do contexto de trabalho, tendo participado 30 militares no total. Os objetivos definidos para este treino foram amplamente alcançados por todos, concluindo-se assim mais uma etapa no processo de formação dos militares que concluíram, com aproveitamento os últi-

mos cursos de operações especiais para Oficiais, Sargentos e Praças no regime de voluntariado e contrato.

Formação SERE ao 7CN/FND/OIR No âmbito do aprontamento da Força Nacional Destacada (FND) para ser empregue no Teatro de Operações (TO) do IRAQUE, na Operation Inherent Resolve (OIR), decorreu no CTOE, entre 02 a 09 de fevereiro de 2018, a formação ao 7CN/FND/OIR no âmbito do SERE – Sobrevivência, Evasão, Resistência e Extração. A formação NATO SERE nível B, aos militares do 7CN, teve como finalidade proporcionar o treino e as competências necessárias na compreensão completa do concei-

to NATO Joint Personnel Recovery (JPR), na capacidade de sobreviver e escapar a uma força em perseguição, na resistência à exploração em situação de cativeiro e ao uso de equipamento operacional de extração. A atividade finalizou com um exercício, onde o 7CN teve a oportunidade de colocar em prática, num cenário próximo ao que vão encontrar no TO, todas as Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) necessárias a executar por uma força numa situação de isolamento.

SERE: Consiste num conjunto de táticas, técnicas e procedimentos (TTP) que dão ao pessoal isolado, os conhecimentos necessários para sobreviver em qualquer ambiente, evitando a sua captura. Em caso de captura, consiga resistir à exploração pelos captores, e se a situação permitir, escapar ao cativeiro a fim de apoiar a sua recuperação e o regresso com dignidade. (STANAG – 7196 / Bi-SC Joint Operational Guidelines - Joint Personnel Recovery (JPR), NATO, 2011).

Palestra sobre prevenção rodoviária No âmbito da segurança, mais concretamente no domínio da prevenção rodoviário, o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) realizou uma palestra de sensibilização no passado dia 14 de fevereiro de 2018. Esta palestra, que contou com a prestimosa colaboração da GNR na pessoa do Comandante do Destacamento de Trânsito do Comando Territorial de Viseu, o Sr. º Capitão Pedro Reis, decorreu no auditório do aquartelamento de Santa Cruz e teve como audiência alvo a maioria dos militares com responsabilidade rodoviária, desde o Comando até aos condutores.

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Com este evento de sensibilização o Comando do CTOE pretende sensibilizar todos os militares sobre

riscos e responsabilidades rodoviários e, como desígnio final, diminuir a sinistralidade desta Unidade.


Cerimónia de apresentação do 1º COE CFO/CFP RV/RC 2018

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o passado dia 15 de março pelas 11h00, o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) realizou a cerimónia de apresentação do 1º Curso de Operações Especiais para o Curso de Formação de Oficiais e Curso de Formação de Praças, em regime de voluntariado e de contrato, de 2018 (1ºCOE CFO/CFP RV/RC 2018).

O curso constituído por 2 Cadetes do CFO, 30 Praças do CFP e 9 Praças formandos da República Democrática de Timor-Leste foi apresentado ao Comandante do CTOE, Coronel Valdemar Correia Lima, pelo Comandante de Companhia, Capitão Daniel Silva. Esta singela cerimónia de apresentação contou com a presença dos Oficiais e Sargentos da Unidade.

Do programa da cerimónia releva-se o ato de homenagem aos militares mortos em combate na qual o Comandante do CTOE, acompanhado do Cadete e do Formando Timorense mais antigos, depositou uma coroa de flores junto ao monumento. A cerimónia terminou no salão nobre da Unidade onde o Comandante desejou a todos os novos formandos boa sorte para o curso.

Visita de ex-militares do COM/CSM-68/OE

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ecorreu no dia 17 de março de 2017, uma visita de ex-militares do Curso de Oficiais Milicianos e Curso de Sargentos Milicianos de 1968 (COM-CSM/68) ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Este evento inseriu-se nas comemorações do 50º aniversário do fim do COM-CSM/68, tendo o seu programa começado por uma visita às instalações do aquar-

telamento de Penude, seguindo-se a Cerimónia de Homenagem aos Mortos em Combate no aquartelamento de Santa Cruz, descerramento de uma placa alusiva à efeméride, visita à coleção museológica do CTOE e visualização do filme oficial da Unidade e das Operações Especiais do Exército Português. A comitiva era constituída por 32 pessoas, das quais se destacavam os 19 ex-militares do COM-CSM/68.

Durante a visita recordaram-se tempos passados nas fileiras ao serviço do CTOE e do Exército. A visita teve o seu términus com uma fotografia de grupo junto à Bandeira Nacional, no aquartelamento de Santa Cruz, tendo o CTOE colaborado também com a organização, no apoio que foi dado ao concerto levado a cabo à noite no Teatro Ribeiro da Conceição através do grupo “Alma de Coimbra”.

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Comunhão Pascal no CTOE Decorreu nos dias 21 e 22 de março de 2018 a Celebração Pascal no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), que contou com a participação da GNR, PSP, Guarda Prisional, Irmandade Militar de

Nossa Senhora da Conceição, Delegação de Lamego da Cruz Vermelha e Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes. Para além das entidades supracitadas estiveram presentes outras

entidades locais, destacando-se a presença do Exmo Presidente da Assembleia Municipal de Lamego, Dr. José Lourenço, e da Doutora Ana Branca de Carvalho, em representação do Exmo Presidente da Câmara Municipal de Lamego. Este evento iniciou-se no dia 21Mar18 com uma conferência preparatória e formativa, subordinada à temática «O QUE QUEREMOS RECEBER DOS OUTROS… FAÇAMOS AOS OUTROS. MEDITAÇÃO SOBRE O AMOR FRATERNO», apresentada pelo Sr. Cónego João Teixeira. O momento alto materializou-se com a Celebração Eucarística no dia 22Mar18, que decorreu na Igreja de Santa Cruz, presidida pelo Sr. Cónego João Teixeira e concelebrada por Mons. José Guedes, Cónego José Ferreira, P. Agostinho Pereira, Cónego Joaquim Ferreira e pelo Capelão do CTOE, TCor António Loureiro, que muito nos honraram com a sua presença amiga.

Ação de sensibilização para a limpeza de áreas florestais e prevenção de fogos rurais pelo CTOE No dia 24 de março de 2018 o Exército participou, nas áreas do Território Nacional designadas, na primeira ação de sensibilização nacional para a limpeza de áreas florestais e prevenção de fogos rurais. Neste âmbito o Centro de Tropas de Operações Especiais destacou uma unidade de escalão pelotão, constituída por um Oficial, três Sargentos e dezoito Praças, para a criação de uma faixa de contenção em redor da Aldeia de S. João, localizada na Serra das Meadas, em Lamego. Os trabalhos foram realizados em coordenação com a Câmara Municipal de Lamego e com os Sapadores Florestais, e constaram de limpeza de floresta (“desmatação”) numa extensão de cerca de 20.000 m2 (2 ha), com a finalidade de se obter uma cintura externa de proteção contrafogos florestais, com cerca de 100 m de largura. Entre outros meios destacam-se o emprego de uma viatura pesada e uma viatura

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ligeira, bem como, três moto roçadoras. Todas as tarefas foram execu-

tadas de acordo com as normas de segurança em vigor.


II Edição do Orçamento Participativo – Encontro Participativo de Lamego Decorreu no dia 06 de abril de 2018, pelas 18 horas, nas instalações do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), o encontro participativo de Lamego da II Edição do Orçamento Participativo Portugal 2018 (OPP 2018). Este evento, da responsabilidade da Câmara Municipal de Lamego (CML), contou com a presença de Sr.ª Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, Dr.ª Graça Fonseca. Participaram também nesta edição do OPP 2018 cerca de 50 pessoas representativas da sociedade lamecense, tendo toda a comitiva sido recebida pelo Comandante do CTOE. Uma das novidades desta Edição é o recurso às redes de bibliotecas públicas e municipais e de Espaços Cidadão como redes parceiras do

OPP, para acolher e apoiar as pessoas que queiram submeter as suas propostas para o OPP 2018. A utilização destas redes físicas de participação é fundamental para a mobilização e inclusão de todos como forma de complementar a abertura do canal online para apresentação de propostas, que é outra

das novidades do OPP 2018. Neste evento o CTOE apoiou a CML com a cedência de infraestruturas, designadamente uma sala de reuniões. No final da reunião os participantes tiveram a oportunidade de visitar a coleção museológica desta Unidade, bem como, a Igreja de Santa Cruz.

Apoio ao Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes No dia 11 de abril de 2018, decorreram as comemorações do centenário da Grande Guerra (I GG) e Armistício, levadas a cabo pelo Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes (NLLC). O evento iniciou-se com uma exposição alusiva à I GG no centro da cidade de Lamego. Mais tarde decorreu uma cerimónia militar comemorativa (CMC) junto ao monumento do Soldado Desconhecido deste município, na qual se homenagearam os mortos em combate e impuseram condecorações a ex-combatentes. No final da CMC foi apresentada uma representação cénica em homenagem ao Capitão David Magno, ilustre lamecense que combateu e se destacou na I GG. Para abrilhantar esta representação o CTOE construiu uma trincheira e colocou uma das suas peças museológicas de artilharia junto ao monumento supracitado. Na cerimónia estiveram presen-

tes, para além do Comandante do CTOE, diversas entidades desta cidade, destacando-se o Presidente e Vice-Presidente da Câmara Municipal da Lamego, bem como, o Presidente do NLLC. Do programa destas comemorações destaca-se ainda um almoço de

confraternização dos ex-combatentes no refeitório geral do aquartelamento de Santa Cruz e uma conferência alusiva ao tema “O Corpo Expedicionário Português na Grande Guerra na Flandres e em Portugal”, que decorreu no Teatro Ribeiro Conceição.

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Visita do Exmo Presidente da CML Em 12 de abril de 2018, o Presidente da Câmara Municipal de Lamego (CML), Dr. Ângelo Moura, realizou uma visita oficial ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Nesta visita o Sr. Presidente fez-se acompanhar por uma delega-

ção da CML, constituída pelo Sr. Vice-Presidente, Eng.º António Alves da Silva, pela Sra. Vereadora da Educação, Cultura e Desporto, Dra. Ana Catarina Rocha, e pelo Eng.º Pedro Torres. Esta comitiva foi recebida à porta d’armas pelo Comandante do

Tertúlia das Artes e Letras de Lamego Sob o tema “Portugal na Grande Guerra – Pina de Morais e David Magno, escritores lamecenses” decorreu no dia 21 de abril de 2018, pelas 21h30, nas instalações do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a Tertúlia das Artes e Letras de Lamego. Organizada e coordenada pela professora e escritora Aurora Simões de Matos, com o apoio do CTOE, a Tertúlia teve a presença de cerca de 40 participantes e vários oradores.

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Destacaram-se as excelentes exposições dos historiadores Dr. Joaquim de Melo e Dr. José Pessoa que os expuseram os temas “Os portugueses na I Grande Guerra, em França” e “La Lys, uma grande flor de morte” respetivamente. No final da reunião os participantes tiveram a oportunidade de visitar a coleção museológica desta Unidade, bem como, a Igreja de Santa Cruz.

CTOE, onde decorreu a apresentação de cumprimentos, seguindo-se, no imediato, a Cerimónia de Homenagem aos Mortos. Do programa da visita destaca-se ainda um brífingue do CTOE, no qual se apresentou a história desta Unidade até à atualidade, perspetivando-se o futuro, dando ainda a conhecer a sua missão, capacidades, empenhamento operacional e missões, nas quais se destacaram o apoio à segurança e bem-estar da população, em especial à comunidade lamecense. Mais tarde a comitiva teve a possibilidade de contactar de perto com o equipamento existente no CTOE através de uma exposição estática de material, nos claustros do aquartelamento de Santa Cruz, à qual se seguiu uma demonstração de tiro com as novas armas que equipam a Força de Operações Especiais, na carreira de tiro do aquartelamento de Penude. A visita terminou com um almoço na Messe de Oficiais, onde estiveram presentes Oficiais e Sargentos desta Unidade.


Inauguração das novas instalações Messe de Praças Em 16 de abril de 2018, o Comandante do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), Coronel de Infantaria Valdemar Lima, inaugurou os novos alojamentos para Praças, no aquartelamento de Santa Cruz. Esta edificação, insere-se no “Plano Diretor do CTOE” e visa melhorar as condições de vida das Praças que servem nesta Unidade, e assim, incrementar a sua moral e bem-estar, contribuindo desta forma para a retenção dos militares que servem o Exército no Regime de Voluntariado e de Contrato. Esta nova estrutura é constituída por quatro (04) quartos para quatro (04) militares, um (01) quarto para dois (02) militares e um (01) quarto para seis (06) militares, perfazendo um total de vinte e quatro (24) camas. De destacar ainda que esta caserna possui quatro (04) casas de banho e todos os quartos têm serviço WI-FI, televisão e ar condicionado. De realçar que a inauguração teve lugar num dia especial (16 de abril) para o CTOE, ou seja, coincidiu com o da criação do CTOE, mais concretamente com o seu 58º aniversário.

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Paulo Soares Maj Inf

Real Thaw 2018 Exercício conjunto e combinado Entre os dias 29 de janeiro e 09 de fevereiro de 2018 realizou-se a décima edição do exercício conjunto e combinado Real Thaw 18 (RT18), da Força Aérea Portuguesa. O exercício RT18, à semelhança dos anos anteriores, foi planeado e conduzido pelo Comando Aéreo e coordenado a partir da Base Aérea Nº5 (BA5), em Monte Real, na modalidade LIVEX. Teve como principais objetivos a avaliação e a certificação das capacidades operacionais das forças, preparação dos militares para as missões internacionais e testar a interoperabilidade dos meios dos diferentes países participantes. Durante o RT 18 foram executadas as seguintes missões:

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• Defesa do espaço aéreo; • Apoio aéreo próximo a forças terrestres e operações especiais; • Extração de elementos militares ou civis, com e sem ameaça aérea; • Lançamento de carga e de Pára-quedistas; • Busca e salvamento em zonas de combate; • Evacuações aeromédicas; • Operações CIMIC (Cooperação civil – militar); • Defesa de meios aéreos de importância estratégica; • Ataque convencional com armamento guiado e de alta precisão a alvos fixos e móveis; • Ataque convencional a forças marítimas.


Em Monte Real estiveram estacionados a maioria dos meios aéreos e terrestres das forças participantes, e contou com a presença da Força Aérea, do Exército e da Marinha, assim como forças da Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, França, Holanda e ainda de meios aéreos da NATO, num total de 1500 militares e 35 aeronaves de diversas tipologias. O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) esteve, uma vez mais, presente neste exercício anual com um efetivo total de 44 militares (7 Oficiais, 20 Sargentos e 17 Praças) integrados em 2 Special Operations Land Task Unit (SOLTU), 2 Equipas Sniper (EqSnp), 1 militar que integrou as equipas Joint Terminal Attack Controller (JTAC) em apoio às operações realizadas, 1 militar no EXCON do exercício, 1 equipa de apoio, 1 equipa de forças de cenário e uma equipa de controlo e validação. O RT18, para a Força de Operações Especiais (FOE), teve como finalidade primária o treino de Técnicas, Táticas e Procedimentos

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(TTP) de missões de Operações Especiais de Ação Direta (Golpes de mão, Sniping, Guiamento Terminal e Recuperação) e Reconhecimento Especial (Avaliação de objetivos e da ameaça) de forma conjunta e combinada num território em conflito onde as minorias étnicas estavam a ser alvo de uma campanha de terror por parte de grupos armados

insurgentes que, entre outras, desenvolviam na região de Tancos e Santa Margarida atividades de carácter financeiro-logístico e de Comando e Controlo das ações dentro do país fictício e criado para o efeito. Por forma a eliminar e anular as atividades insurgentes no terreno as SOLTU, cada uma apoiada por uma EqSnp, em controlo tático, iniciaram a preparação e planeamento das missões na FOE, simbolizando o território nacional e, após a proje-

ção da força, prosseguiram as mesmas tarefas na Forward Operational Base (FOB), localizada na BA5. Posteriormente, de acordo com as missões que lhe foram sendo atribuídas, foram infiltrados por meios aéreos na área de operações onde foram executando um conjunto de ações diversificadas com Close Air Suport (CAS) enquadrado no terreno pelas equipas JTAC, onde estava inserido um militar do CTOE, sendo no final exfiltrados por meios aéreos para a FOB. Para além da consolidação do treino individual e coletivo, desenvolvido a montante na FOE, este exercício serviu também para testar e desenvolver a interoperabilidade dos meios envolvidos; todas as atividades decorrentes da projeção de uma força de Operações Especiais preparada para combate com o seu equipamento orgânico; assim como a certificação no transporte aéreo tático das novas viaturas ultraligeiras de Operações Especiais MRZR2 e MV850.

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O NOSSO MAIOR PRÉMIO É BEBER CAFÉ CONSIGO TODOS OS DIAS.

Mais do que um café, Delta é partilha. É acordar com um bom dia e desejá-lo aos outros. É o pretexto para mais uma conversa sem horas contadas. A desculpa para estar com os amigos vezes sem conta. Em 2018 continuamos a ser o café da vida dos portugueses. E os portugueses continuam a ser quem diariamente nos enche de vida. Esta é a partilha diária que queremos continuar a saborear consigo. Sempre.

DELTA, O CAFÉ DA SUA VIDA.

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Carlos Cordeiro Maj Inf Gonçalo Pereira Cap Inf

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Exercício ORION 18

Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) participou com um Special Operations Task Group (SOTG) da Componente de Operações Especiais, no Exercício ORION 2018 (Ex ORION 18) na modalidade LIVEX/

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FTX com a integração de uma Special Operations Land Task Unit Espanhola (SOLTU SPN), no período de 28 de abril e 06 de maio de 2018. Este exercício planeado e executado pelo Exército Português decorreu nas áreas de treino militar de Viseu, Santa Margarida, Beja, Madeira e Açores, e teve como finalidade o desenvolvimento de planeamento e execução

tática de operações de combate de alta intensidade e de assistência às autoridades governamentais, enquadradas numa operação multinacional em ambiente operacional volátil, complexo, ambíguo e urbano. O CTOE esteve, uma vez mais, presente neste exercício anual com um efetivo total de 70 elementos, dos quais 23 de origem espanhola. O Ex ORION 18, permitiu ainda a execução positiva da SOFEVAL a que a Special Operations Land Task Unit (SOLTU) foi submetida. Durante o exercício as SOLTU (portuguesa e espanhola) efetuaram o planeamento e preparação das missões em conjunto, foram inseridos por meios aéreos na região de Tancos e executaram ações de Reconhecimento Especial, Ação Direta e Key Leader Engagement. Neste exercício os militares aproveitaram para consolidar o treino individual e coletivo, que foi desenvolvido durante o Cross-Training efetuado no CTOE entre as SOLTU durante os três dias que antecederam o exercício ORION 18.


Ricardo Horta Cap Inf

Exercício HOT BLADE 18 O Ex HotBlade 18 permitiu a execução de varias tarefas essenciais ao cumprimento das missões de Operações Especiais com recurso a aeronaves.

O

Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) participou no Exercício HOTBLADE 2018 (Ex HotBlade18), na modalidade LIVEX/FTX no período de 08 de maio a 23 de maio de 2018, com um efetivo total de 55 elementos da Força de Operações Especiais (FOE), constituído por um (1) Special

Operations Planning and Liaision Element (SOPLE), três (3) Special Operation Land Task Unit (SOLTU) e uma (1) Equipa Sniper. Este exercício, conjunto e combinado da European Defense Agency-Helicopter Exercise Programme (EDA HEP) e organizado pela Força Aérea Portuguesa, decorreu nas áreas de treino militar de Beja, Santa Margarida, Tancos, Alcochete, Serra da Estrela e Estremoz. Numa primeira fase, o exercício teve como finalidade a padronização de Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) entre os meios aéreos disponíveis e as Forças de Operações Especiais participantes; numa segunda fase envolveu o planeamento, integração e execução de operações táticas com o apoio de aeronaves de asa rotativa nacionais e internacionais. Participaram no exercício um conjunto de nações europeias com diversos meios aéreos, dos quais se destacam: Alemanha (NH90), Eslovénia (AS 532 - Cougar), Hungria (MI17), Holanda (CH-47D/F Chinnook e AS 532U2 Cougar), Bélgica

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(A109 BA) e Portugal (EH101 Merlin e Alouette III). O Ex HotBlade 18 permitiu a execução de varias tarefas essenciais ao cumprimento das missões de Operações Especiais com recurso a aeronaves. Das missões atribuídas destacam-se as de High Risk Arest (HRA), Hostage Rescue Operations (HRO), Vehicle Interdition (VI), Non-Combatent Evacuation Operations (NEO) e Combat Search and Rescue (CSAR). No decorrer das mesmas foi possível treinar diversas técnicas de inserção (Fast Rope Insertion System – FRIS, Táctical Landing, Over Jump, saltos para meio aquático) e técnicas de extração (Bording e guincho de recuperação). A equipa Sniper, no âmbito da sua especificidade, executou o seu treino apoiando as SOLTU em ações de TOP COVER da aeronave, isolamento de objetivos e tiro real usando as aeronaves como plataformas. Neste exercício os militares aproveitaram para consolidar o treino das suas TTP quando apoiados por meios aéreos, sendo neste caso aeronaves de asa rotativa.

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Fotografia 1 - Parada militar do RI 9

António Osório Cap TPesSecr

Das origens até à atualidade Breve síntese histórica do CTOE A História de uma Unidade Militar é a continuidade dos legados daqueles que nos antecederam. Por isso, não se pode falar de continuidade sem apresentar o porquê da nossa existência. A História do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) confunde-se com a própria história das operações especiais portuguesas, pois foi nesta Unidade que se ensinaram e ensinam, ao longo dos últimos cerca de 55 anos, as soluções que mais se adequaram e ainda adequam aos problemas que Portugal enfrentou e enfrenta no que se refere ao emprego das Forças de Operações Especiais. A primeira referência a esta Unidade aparece em 1642. Designava-se então como Terço Velho de Entre Douro e Minho, tendo tomado parte em diversas ações da Guerra da Restauração. Finda esta guerra e na sequência das várias reorgani-

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zações militares que se lhe seguiram, em 24 de novembro de 1707 foi transformado em Regimento de Infantaria de Monção, tendo então sido transferido para Viana da Foz de Lima (Viana do Castelo) passando então a designar-se por Regimento de Infantaria de Viana. Pela reorganização militar de 6 de maio de 1806 tomou a designação de Regimento de Infantaria N.º 9 (RI 9), tendo sido transferido para Lamego em 1839, onde se manteve durante cerca de 121 anos. [Fotografia 1 - Parada militar do RI 9] Em 1960, o RI 9 foi extinto e em sua substituição, pelo Decreto-Lei n.º 42926 de 16 de abril desse mesmo ano, foi criado o Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) que herdou todas as tradições e património histórico-militar, bem como as instalações do velho 9 de Infantaria. No ato da sua criação, ao CIOE foi atribuída a divisa «QUE

OS MUITOS, POR SER POUCOS, NAM TEMAMOS». [Fotografia 2 – Um dos primeiros Desfiles do CIOE em Parada] A criação do CIOE a 16 de abril de 1960 e sua instalação em Lamego foi, como se demonstrou no ano seguinte, uma decisão que indiciava uma avaliação séria de uma potencial ameaça que pairava sobre a soberania portuguesa nos territórios ultramarinos, identificada com a necessidade de criar uma Força que, pela sua organização, equipamento e preparação, pudesse ser empregue pronta e eficazmente na resolução de qualquer situação que envolvesse a segurança e integridade das populações na metrópole e, sobretudo, nas províncias ultramarinas. Portugal com a sua entrada na ONU, em 1955, vê, na Assembleia Geral, o seu domínio sobre os territórios africanos ser cada vez mais contestado ao mesmo tempo que os movimentos


Fotografia 2 – Um dos primeiros Desfiles do CIOE em Parada

independentistas emergiam nas províncias ultramarinas, pelo que urgia serem tomadas medidas preventivas no sentido de preservar a integridade nacional e impedir a insurreição nos territórios portugueses de além-mar. [Fotografia 3 Conflito em África] Aliás, a vontade de criação de uma Força apta a responder a tais riscos evidenciados encontrava-se expressa na Diretiva de 22 de abril de 1959 do Ministro do Exército, Brigadeiro Almeida Fernandes, sobre as “unidades para intervenção imediata”. Pretendia-se que este tipo de Unidade: tivesse um elevado grau de prontidão operacional; pudesse ser subdividida em frações capazes de realizar missões independentes; estivesse, com um tempo mínimo de aviso, em condições de ser transportada por ar ou mar, total ou parcialmente, para qualquer parte do território nacional e pudesse entrar rapidamente em ação, assim que desembarcada; tivesse armamento, equipamento e fardamento que lhe permitisse cumprir, com a maior flexibilidade, as tarefas que lhe fos-

sem destinadas; estivesse preparada moral e taticamente para o fim em vista (guerra subversiva e contraguerrilha), constituindo-se assim como uma Unidade de elite dentro do Exército, servindo de padrão e de estímulo para a elevação do espírito militar de todas as outras Forças. O grupo de trabalho nomeado para o efeito, chefiado pelo Major Hermes de Araújo Oliveira, foi incumbido de definir: as medidas gerais tendentes à transformação do Batalhão de

Caçadores N.º 5 (BC 5) na primeira Unidade com as valências acima referidas; a sua organização geral e territorial; o material e equipamento a adotar; o esquema geral de um programa de preparação e instrução das Forças, tendo em vista a formação de pessoal com um elevado espírito combativo e boas qualidades de resistência moral e física e um programa de treino na utilização de transportes aéreos e marítimos; e, na sequência da primeira missão à Fotografia 3 - Conflito em África

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Argélia, realizada em 1958, providenciar pela frequência de estágios ao pessoal indigitado para dirigir o CIOE ou ali desempenhar funções de instrutor e monitor. [Fotografia 4 - Grupo de trabalho incumbido de transformar o BC 5 na primeira Unidade para intervenção imediata] Apoiando-se nos resultados dessa primeira missão e assente numa perspetiva preventiva e de aprendizagem, o envio de militares portugueses à Argélia foi encarado como uma excelente oportunidade de aprofundamento da temática do novo tipo de guerra, que claramente se afastava da convencional. Assim, não tardou muito até serem enviados mais Oficiais portugueses aos centros especializados e aos teatros de operações da Argélia. Foi neste sentido que foram em missão ao Centre d'Instruction de Pacification et Contre-Guerrilla, em Arzew-Oran, Argélia, o Major Nunes Igreja e os Capitães Aquilino Miranda, Luz de Almeida, Vaz Antunes e Lemos Pires, que viriam a ser alguns dos ilustres “fundadores” do CIOE. Tratou-se em seguida de criar um Centro com a missão de preparar militares para a luta de contraguerrilha e contra-subversão, para a ação psicossocial e para as técnicas de montanhismo, especificidades estas que, pela sua natureza, obrigaram a um aprofundado estudo acerca da sua localização, pois a sua missão e o tipo de instrução a realizar requeriam determinadas características geográficas, demográficas e ambientais, destacando-se também como essencial que a Força estivesse pronta a embarcar a qualquer momento para o Ultramar. Assim, a presença relativamente próxima de um aeródromo e de um porto, era um requisito fundamental, o que assumia ainda mais importância devido ao facto de ser essencial o treino de embarque e desembarque durante o período de instrução. O reconhecimento levado a efeito para a possível localização do CIOE orientou-se então para três regiões que primeiramente se reconheceram como sendo as que ofereciam mais vantagens: Covilhã, Lamego e Lagos. Os resultados dos estudos realizados apontaram Lamego como o local que melhor correspondia aos

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Fotografia 4 - Grupo de trabalho incumbido de transformar o BC 5 na primeira Unidade para intervenção imediata

requisitos e comparativamente aos outros locais beneficiava da relativa proximidade ao porto de Leixões e do aeroporto de Pedras Rubras, ou mesmo, do aeródromo de Viseu. Também no capítulo das instalações tinha mais vantagens, uma vez que, embora deficientes, as que dispunha eram as menos más e ofereciam maiores possibilidades de adaptação. Em consonância com aludidos estudos realizados, o Decreto-Lei n.º 42926, de 16 de abril de 1960, ao criar o CIOE atribuiu-lhe a missão de instruir os quadros do Exército nas várias modalidades de “Operações Especiais”, realizar estágios de subunidades, tendo em vista aperfeiçoar a sua atuação numa ou mais modalidades destas operações e levar a efeito estudos que, de qualquer modo, pudessem contribuir para

melhorar a eficiência das Forças Armadas, no que diz respeito à sua atuação em “Operações Especiais”, designadamente nas de maior interesse para a defesa do Território Nacional. Mais estabeleceu aquele diploma que a localização do CIOE seria em Lamego, nas instalações do RI 9, ficando-lhe, durante a fase de organização, adstrito e dele dependente apenas para efeitos administrativos. [Fotografia 5 - Cerimónia de encerramento dos primeiros Cursos de Operações Especiais] Para efeitos de instrução, ficou dependente da direção da Arma de Infantaria. O CIOE, sob o comando do Major Henriques da Silva, entrou então imediatamente em atividade. A 20 de abril deram-se as primeiras apresentações de Oficiais, Sargentos e Praças, e a 27 do mesmo mês a

Fotografia 5 - Cerimónia de encerramento dos primeiros Cursos de Operações Especiais


população de Lamego recebeu efusivamente, vindo do Batalhão de Caçadores Nº 5 (BC 5), o primeiro grande contingente de militares, constituído por três companhias que, a 4 de Janeiro de 1960, haviam iniciado, no BC 5, a sua fase instrutória. Foram estas as três primeiras Companhias de Caçadores Especiais (CCaçEsp) a apresentarem-se no CIOE para iniciarem o seu período de cinco semanas de instrução especial, cuja seleção e preparação foi criteriosa. [Fotografia 6 – Chegada a Lamego das primeiras 3 Companhias de Caçadores Especiais] Neste sentido, as Praças selecionadas possuíam, pelo menos, a 4.ª classe e contavam com a presença de vários militares do quadro permanente (três Oficiais, oito Sargentos e três Cabos). O corpo de instrutores havia sido devidamente preparado e o armamento, equipamento e fardamento objeto de aturado estudo. Nada havia sido deixado ao acaso, pelo que a resposta foi a esperada. Porém, os acontecimentos de 15 de março de 1961, em Angola, deram início à guerra, o que de certa forma já se previa, e com ela o necessário aumento dos efetivos. O tempo, facto necessário para formar Forças com as características e qualidade das primeiras CCaçEsp, escasseava. Tratava-se então de aprontar o maior número de homens com a maior rapidez possível. Em consequência, a capacidade das CCaçEsp foi diminuindo: deixou de haver seleção de Praças, diminuiu o número de militares do QP, o estágio final de cinco semanas, no CIOE, foi substituído por um estágio de preparação para os Quadros precedendo a recruta. Em 1963, acabaram as CCaçEsp, tendo passado ao todo pelo CIOE oito CCaçEsp para receber a segunda parte da instrução antes de seguirem para o Ultramar. [Fotografia 7 - Última Companhia de Caçadores Especiais no CIOE] Com o fim das CCaçEsp, o CIOE passou a uma nova fase: formar nos cursos de Operações Especiais, Oficiais e Sargentos nas áreas de contra-guerrilha e contra-subversão, quadros esses destinados às Armas de Infantaria, Cavalaria e Artilharia. Estes cursos de Operações Especiais iniciaram-se, em 1963, com

Fotografia 6 – Chegada a Lamego das primeiras 3 Companhias de Caçadores Especiais

um curso experimental organizado com base no curso Ranger dos EUA e teve como diretor o então Capitão Rodolfo Begonha. O primeiro curso, em Portugal, teve uma primeira fase no Centro Militar de Educação Física e Desportos, em Mafra, e uma segunda fase em Lamego. Todavia, foi o único a decorrer nesses moldes, pois, a partir de 1964 o curso passou a ser ministrado na íntegra em Lamego, tendo inclusivamente sido objeto de profunda e constante reorganização com o objetivo de preparar os militares para a realidade do Ultramar. Aliás, as constantes alterações aos programas de instrução eram sustentadas na experiência acumulada no desenrolar do conflito, nas lições aprendidas e no feedback vindo do ultramar. Era um processo de adaptação constante, baseada no sistema então implantado no Exército da “experiência de todos para todos”. Viveu-se, durante o decurso do conflito em África, um período de intensa atividade. Foram organizadas e preparadas Companhias de Comandos, em reforço das que eram formadas em Angola, a par de toda a instrução de Operações Especiais, estágios de atualização para grande parte dos Oficiais mobilizados, alguns cursos para comandantes de companhia e instrução de algumas subunidades. Durante o conflito em África, os elementos de Operações Especiais (Rangers) tiveram uma atuação muito diversifica-

da, tomando parte em todo o tipo de operações vividas nos três teatros de operações, aplicando a doutrina criada para a contra-subversão, com técnicas e táticas próprias, testadas, ensinadas e difundidas pelo CIOE, especialmente a ação psicológica sobre as populações − uma das áreas de intervenção de maior importância, uma vez que neste tipo de conflito as populações eram o objetivo a conquistar. Foram, também, importantes auxiliares dos comandantes de companhia e de outros escalões de comando, devido à especificidade da sua formação, adaptando-se facilmente às diferentes situações

Fotografia 7 - Última Companhia de Caçadores Especiais no CIOE

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pelo treino diversificado que tiveram. Por toda a sua ação neste período, a Unidade ostenta no seu estandarte a legenda Angola, Moçambique e Guiné, 1961-1974. [Fotografia 8 - O conflito em África] O golpe militar de 25 de abril de 1974, planeado e desencadeado pelos capitães, pôs fim à guerra, tendo o movimento tido origem nas diversas reuniões, cartas de protesto e movimentações corporativistas surgidas no verão de 1973, em contestação ao Decreto-Lei n.º 353 de 13 de julho e Decreto-Lei n.º 409 de 20 de agosto, ambos de 1973. Ao cansaço causado pela guerra, à exiguidade dos quadros, principalmente de capitães e subalternos, e às sucessivas comissões, somou-se a consciencialização de que o fim da guerra só poderia ser alcançado através do derrube do regime. Nesse sentido, o movimento foi-se estendendo e ganhando apoiantes através de uma rede relativamente bem montada. No CIOE, alguns dos seus Oficiais participaram ativamente nas ações e movimentações preparatórias. Aliás, no plano de manobra da operação “viragem histórica” o CIOE era considerado uma Unidade importante face às ações a decorrer no norte do país. Assim, na madrugada de 25 de abril de 1974, marchou, do CIOE para o Quartel-General da Região Militar do Norte, no Porto, a Companhia de Comandos 4041 sob o comando do Capitão Delgado da Fonseca. O período decorrido entre o 25 de abril de 1974 e o 25 de novembro de 1975 foi extremamente agitado, atingindo o pico de tensão durante o verão de 1975, numa altura em que já se contavam espingardas num clima de pré-guerra civil. Na Região Militar Norte (RMN), o CIOE era uma Unidade chave pelo tipo de Forças que aprontava, pela localização, pelo grau de influência que provocaria nas Unidades próximas e nos restantes quadros do Exército, cuja importância não passou despercebida aos militantes da esquerda radical, e cedo se notou essa preferência, que se fez sentir, especialmente entre fevereiro e julho de 1975, período de grande influência da ala comunista e de significativa atividade, durante o qual a Unidade se encontrou pra-

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Fotografia 8 - O conflito em África

ticamente dominada. Todavia, a situação reverter-se-ia durante o mês de julho de 1975 com o regresso de alguns Oficiais e Sargentos ao CIOE, o que conduziu à normalização da Unidade pois, os elementos radicais foram sendo afastados, contendo-se assim a ameaça radical. Após este saneamento, o CIOE colocou-se à disposição do Brigadeiro Pires Veloso, Comandante da RMN, na defesa da disciplina, da ordem e dos valores democráticos, juntando-se a outras Unidades e, especialmente, à sua Reserva Pessoal (Companhia Operacional de Leixões) que com o seu efetivo de 150 a 200 militares com a especialidade de Operações Especiais, era a única Força de que o Comando do Quartel-General se podia socorrer para resolver as mais diversas situações. Assim, a 27 de novembro de 1975, na sequência de uma ordem telefónica do Coman-

dante da RMN, uma Força constituída por 38 militares e comandada pelo Capitão Angeja marchou para o Regimento de Infantaria do Porto e, posteriormente, para o Regimento de Artilharia de Lisboa, onde permaneceu até 6 de dezembro de 1975, desempenhando missões de elevado risco, numa época de enorme instabilidade política e militar. Após o sucesso do golpe militar de 25 de abril e durante o “Verão Quente”, uma série de reformas foram ocorrendo. Por outro lado, o fim da Guerra em África acarretou alterações significativas ao nível da organização do Exército e a 9 de agosto de 1975 o CIOE foi transformado em Escola de Formação de Sargentos (EFS), cuja missão era ministrar a primeira parte dos Cursos de Formação de Sargentos. [Fotografia 9 - Cerimónia de encerramento dos primeiros Cursos de Formação

Fotografia 9 - Cerimónia de encerramento dos primeiros Cursos de Formação de Sargentos


de Sargentos] De 1977 a 1981, formaram-se em Lamego 1111 Sargentos das diversas Armas e Serviços do Exército. Contudo, a Unidade continuou a ministrar o Curso de Operações Especiais a Oficiais e Sargentos dos Quadros Permanente e de Complemento, nunca se perdendo a experiência acumulada. Aliás, como herdeira da tradição e espírito do CIOE, a EFS recebeu da extinta Unidade instalações e terrenos extremamente propícios para a instrução de Operações Especiais e, dos seus quadros, alguns dos bons especialistas que o Exército Português possuía nessa área. Tornou-se evidente para o Comando e militares da EFS que o desenvolvimento das técnicas e o aprofundamento dos conhecimentos na área das Operações Especiais continuava a ser essencial para a componente operacional do Exército. Julgou-se importante não se perder uma técnica, um nível de conhecimento e uma formação de espírito que atingira, durante a vigência do CIOE, elevada eficácia. Tendo esta consciência, a EFS manteve a formação em dois turnos de incorporação de pessoal recruta, que recebia instrução do tipo “Operações Especiais”, mantendo assim viva a especialidade. Porém, esta situação não se manteve por muito tempo. Com efeito, a 1 de fevereiro de 1981, por Despacho do General Chefe do Estado-Maior do Exército, voltou esta Unidade à sua anterior designação de CIOE, recebendo nova missão, similar à estabelecida anteriormente. Mais determinou aquele despacho que fossem desenvolvidas todas as ações na área das Operações Não Convencionais, instruindo quadros e tropas de Operações Especiais, formadas e preparadas para atuarem com um elevado grau de independência, para cumprirem missões de grande dificuldade e risco. Também por Despacho do General Chefe do Estado-Maior do Exército, de 3 de dezembro 1983, foi criado o Curso de Operações Irregulares (COIR), tendo como objetivo a qualificação de quadros em Operações Irregulares aptos para organizar, instruir e orientar Forças Irregulares, tendo em vista a defesa do Território Nacional com o recurso à resistência.

Fotografia 10 - Um dos primeiros Cursos de Operações Irregulares

Apoiou-se a criação deste curso na Lei de Defesa Nacional de 1982, que determinava como dever de todos os portugueses a passagem à resistência, ativa ou passiva, em caso de agressão, sendo de revelar que estávamos no auge da “Guerra-fria”. [Fotografia 10 - Um dos primeiros Cursos de Operações Irregulares] O curso tinha carácter obrigatório e destinava-se a formar Oficiais e Sargentos do Quadro Permanente do Exército, das diversas Armas e Serviços, tendo-se mantido com pequenas alterações este formato e objetivo até ao ano de 2002. A clarificação da missão e da natureza do empenhamento das Operações Especiais contribuiu para que, a partir da década de 90, se registasse uma evolução notável nas áreas do saber fazer, cimentada através das experiências recolhidas pela frequência de diversos cursos no estrangeiro e da participação em vários exercícios bilaterais, combinados e conjuntos. Em 1996, o CIOE integrou a ACE Mobile Force (Land) (AMF(L)), da NATO, participando num primeiro exercício na Bélgica, iniciando-se,

ainda durante esse ano, no EMGFA, em ambiente muito reservado, o planeamento de operações de contingência, apenas com militares do CIOE, do que vieram a ser mais tarde as Operações de Evacuação de Não-Combatentes (NEO). O plano, então elaborado, serviu como referência ao planeamento e execução da Operação “Leopardo”, em maio de 1997, em que uma Força Conjunta, onde estava integrado o Destacamento de Operações Especiais, operou no Congo e Zaire. [Fotografia 11 - Recolha de cidadãos nacionais no Zaire em 1997] Em janeiro de 1997, integrando a AMF(L), um Destacamento de Operações Especiais partiu para a Noruega para um período de aclimatização de três meses que culminaria com um grande exercício da NATO naquele país. Também durante o ano de 1997, para execução em 1998, foi atribuída ao CIOE a responsabilidade de comandar a componente de Operações Especiais da NATO no exercício “Strong Resolve 98”, que era, à época, o maior exercício da NATO, envolvendo 68.000 homens nas suas duas áreas

Fotografia 11 - Recolha de cidadãos nacionais no Zaire em 1997

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geográficas, Atlântico e Europa do Norte, “Crisis North”, onde se treinou operações do Artigo 5º, e Europa do Sul e Atlântico, “Crisis South”, onde se treinaram as Operações de Paz. Este exercício envolveu todos os militares do CIOE e augmentees de Operações Especiais. Ainda entre 1997 e 1998, um Destacamento de Operações Especiais operou na Bósnia e Herzegovina, integrado na Força Nacional Destacada (FND) no âmbito da missão SFOR da NATO. De 1999 a 2001, outro Destacamento de Operações Especiais operou na Kosovo Force (KFOR/Kosovo), integrado numa Brigada de comando italiano. Já de 2000 a 2004 mais um Destacamento de Operações Especiais operou em Timor-Leste, integrados na FND sob a designação de Destacamento de Apoio no âmbito da ONU. No âmbito dos exercícios combinados foi no CIOE que se iniciaram os primeiros exercícios da série “Felino”, nos quais também participaram inicialmente as forças especiais dos países da CPLP. De referir também que, a partir de 1991, o CIOE formou militares dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) na especialidade de Operações Especiais, sendo que, desde 1995 esta Unidade mantém responsabilidade no âmbito da Cooperação Técnico-Militar. [Fotografia 12 - Cooperação Técnico-Militar em Moçambique] Ainda ao nível das NEO, merece especial referência toda a ação dos militares de Operações Especiais que, em 1998 e 2000, integraram a Força de Resgate (FORREG) para recolha dos cidadãos nacionais na Guiné-Bissau, onde o seu elevado empenho e competência, as suas qualidades de abnegação e sacrifício exemplares, contribuíram para que o repatriamento dos nossos concidadãos tivesse sido um êxito, numa situação muito difícil e de elevado risco. [Fotografia 13 - Recolha de cidadãos nacionais na Guiné-Bissau em 1998] Em 1 de julho de 2006, em virtude do processo de transformação do Exército, que se encontra materializado no Decreto-Lei N.º 61/2006, de 21 de março e por Despacho N.º 12 555/2006 de 24 de maio, do Ministro da Defesa Nacional, o CIOE

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Fotografia 12 - Cooperação Técnico-Militar em Moçambique

passou a designar-se por CTOE e, no âmbito da mesma reestruturação, passou a integrar a Brigada de Reação Rápida, continuando o CTOE com a missão de formar militares na área das Operações Não Convencionais e aprontar Forças de Operações Especiais. Assim como no passado, os militares de Operações Especiais continuam a ser empregues, quer em operações militares no âmbito da ONU e NATO, quer em missões de formação da União Europeia. De 2005 a 2016, um Destacamento de Operações Especiais, com a designação de Módulo de Apoio, operou no Kosovo, integrando a FND que constituiu a KFOR Tactical Reserve Manoeuver Battalion (KTM) - Reserva Tática do Comandante da KFOR. Em 2007, 2008 e 2010, uma equipa sniper operou no Afeganistão, tendo neste último ano integrado a FND que teve a missão de Quick Reaction Force do Comandante da International Security Assistance Force - ISAF/NATO, sendo de realçar também que vários Oficiais de Operações Especiais prestaram e ainda prestam serviço em funções de Estado-Maior ligados à Componente de Operações Especiais quer da ISAF quer da atual Resolute Support Mission. Nos últimos anos, os militares de Operações Especiais têm operado no Uganda, Somália, Mali, República Centro Africana, nas missões de

formação da União Europeia, com a mesma tónica com que no passado participaram em missões da ONU no Sara Ocidental, em Angola, em Moçambique e, mais recentemente, na Colômbia. Mais recentemente, em 2015 e 2016, vários militares de Operações Especiais operaram no Iraque, integrados na FND Operation Inherent Resolve, no âmbito da coligação internacional. Ainda mais recentemente, em 2017, uma Special Operations Land Task Unit (SOLTU) da Força de Operações Especiais/CTOE operou durante quatro meses na Lituânia no âmbito das Assurance Measures da NATO, numa missão considerada por Portugal como FND e que se traduziu, na prática, num período muito alargado de exercícios em ambiente multinacional. [Fotografias 14 e 15 - Special Operations Land Task Unit /CTOE na Lituânia] Já este ano, uma SOLTU da mesma Força irá atuar no Afeganistão no âmbito da participação portuguesa na Resolute Support Mission da NATO como “módulo de segurança” para a Equipa de Mentoria (Army Institutional Advisory Team - AIAT) composta por militares de artilharia do Exército Português que vão ajudar a formar militares afegãos na sua Escola de Artilharia, nos arredores de Cabul. Cada tempo escreve sua história à luz das circunstâncias da época,


Fotografia 13 - Recolha de cidadãos nacionais na Guiné-Bissau em 1998

e é muito difícil reconstituí-las no presente para que se tenha uma visão clara da realidade que inspirou razões para tudo que aconteceu nesse tempo. Como vimos, o início da História desta nossa Unidade foi marcado por anos de grande provação. Foi talvez por isso que os líderes, que superaram aqueles dias, puderam sobreviver às provações quase insuperáveis da árdua tarefa de cruzar os oceanos e defender a Pátria. A guerra, esse monstro devorador de homens e fazenda, como lhe chamou o Padre António Vieira, apesar de todos os esforços de homens de boa vontade, ainda é e será uma realidade inevitável entre as sociedades humanas. E se, na maior parte das vezes, na sua origem está uma decisão política e quase nunca apenas militar, a verdade é que é aos militares, que cabe o pesado e duríssimo encargo de “limpar” aquilo que de negativo possa ter uma decisão política. Foi isso que fizeram no Ultramar os promotores dessa drástica iniciativa, aos nossos bravos solda-

dos, num prolongado conflito que privou muitas famílias portuguesas dos seus entes mais queridos, que pelo bom nome de Portugal combateram e lutaram, alguns (muitos) com o sacrifício da própria vida. Olhando respeitosamente para o passado, encontramos cidadãos

honrados que se dedicaram incansavelmente ao RI 9/CIOE/CTOE que são hoje referência na sociedade e, por isso, merecem sagrado respeito, especialmente quando já não estão entre nós. Atualmente, os militares desta Unidade operam em ambientes com dimensões e características

Fotografia 14 - Special Operations Land Task Unit / CTOE na Lituânia

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Fotografia 15 - Special Operations Land Task Unit - Lituânia

diferentes dos da Primeira Grande Guerra e da Guerra do Ultramar, executando outro tipo de operações, agora designadas de paz e de apoio humanitário, em Teatros como o Kosovo, o Iraque, o Afeganistão, etc., onde a tónica e a forma de ser e de estar do militar de Operações Especiais continua a evidenciar-se (com o mesmo espírito de sacrifício e sentido do dever) no cumprimento da sua missão, sempre com a honra e exemplar dignidade como aconteceu no passado. Devemos muito aos pioneiros e jamais devemos esquecer que o sucesso de hoje foi edificado sobre o legado e a coragem dos humildes gigantes do passado, pelo que, se não caminhássemos na defesa da memória, especialmente daqueles que dormem no silêncio das idades, seríamos indignos do legado que recebemos. É preciso, pois, continuarmos a caminhar juntos como os pioneiros de hoje, vivendo como os nossos antecessores viveram, apoiando boas causas na nossa Comunidade e fortalecendo a nossa Família Militar.

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Atualmente, os militares desta Unidade operam em ambientes com dimensões e características diferentes dos da Primeira Grande Guerra e da Guerra do Ultramar, executando outro tipo de operações, agora designadas de paz e de apoio humanitário, em Teatros como o Kosovo, o Iraque, o Afeganistão, etc., onde a tónica e a forma de ser e de estar do militar de Operações Especiais continua a evidenciar-se (com o mesmo espírito de sacrifício e sentido do dever) no cumprimento da sua missão, sempre com a honra e exemplar dignidade como aconteceu no passado.



Entrevista Esta entrevista foi levada a cabo no início de 2018, através do envio, por email, de um conjunto de perguntas às quais o Exmo MGen Bacelar Begonha teve a amabilidade e disponibilidade de responder.

Entrevista ao Exmo Major-General (MGen) Rodolfo António Cabrita Bacelar Begonha, Diretor do primeiro curso de instrutores e monitores de operações especiais 1. CTOE: Meu General, sendo uma figura que marcará para sempre as Operações Especiais (OEsp) do Exército Português, é com um enorme prazer podermos contar com os seus contributos para a elaboração da revista “Ponto de Reunião 2018”. A sua experiência e os seus conhecimentos, com toda a certeza, irão acrescentar um valor inestimável a esta publicação que pretende ser uma revista de referência das OEsp de Portugal. Neste sentido poder-nos-ia descrever a sua carreira militar, em especial, o seu percurso até se tornar no diretor do primeiro curso de instrutores e monitores de operações especiais (1CIMOEsp)? MGen Bacelar Begonha (MGen BB): Tive oportunidade, durante o ensino primário e secundário, de ter tido uma boa aprendizagem de muitas modalidades desportivas e experiência de participação em competições federadas. Como cadete continuei com grande prática desportiva dentro da Escola do Exército e em competições desportivas universitárias, não abandonando as competições federadas. O desporto representou sempre um papel importante ao longo da vida. Após o tirocínio em Vendas Novas, fui colocado no Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa (RAAF), em Queluz, onde me concederam grande liberdade de ação e, entre outras tarefas, fiquei responsável pela atividade física da Unidade. O RAAF, nessa altura, tinha recrutas de centenas

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de jovens. Proporcionou-me a constituição de muitas equipas em competições internas e em campeonatos militares, com bons resultados. Pude preparar até uma excelente equipa de saltos de mesa alemã. Pude ainda frequentar o Curso de Instrutores de Educação Física, no Centro Militar de Educação Física e Desportos (CMEFED), em Mafra. Nessa altura estava colocado no RAAF o futuro General Themudo Barata, que realizara uma obra notável na unidade, em todos os campos, tendo-se distinguido também na área desportiva, e, decerto por isso, foi incumbido da preparação da equipa militar de futebol das Forças Armadas que representou o país nos campeonatos militares de futebol do Campeonato Internacional de Desporto Militar (CISM). Nomeou-me preparador físico dessa equipa cujo treinador se chamava Béla Guttmann, e que jogou em Portugal, Luxemburgo e França. Por mera curiosidade o guarda-redes dessa equipa era o pai do conhecido

O CIOE FOI CRIADO EM 1960 E COMEÇOU A TRABALHAR NO ESTUDO DA DOUTRINA E NAS ALTERAÇÕES DA INSTRUÇÃO MUITO SIGNIFICATIVAS.

treinador José Mourinho. Ainda saliento que o RAAF me proporcionou grande experiência, por ter desempenhado um conjunto de funções muito diferenciadas. Entretanto o Estado-Maior do Exército (EME) colocou-me, em acumulação, na Academia Militar como instrutor de educação física, o que, para além das aulas, implicou treino das equipas desportivas que participaram nos campeonatos universitários. Em 1962 fui nomeado para o Curso Ranger, nos EUA, após ter vencido as provas de seleção que decorreram em Mafra, no CMEFED. 2. CTOE: Na altura o Capitão de Artilharia Bacelar Begonha teve alguma preparação anterior, formação ou requisitos necessários para se constituir como Diretor do 1CIMOEsp? MGen BB: Dos cinco aos dez anos, na Escola Valsassina, tive oportunidade de ter aulas de ginástica com um professor que tinha sido um atleta de grande nível do Ginásio Clube Português. A prática desportiva posterior permitiu-me frequentar o Ginásio Clube Português com iniciação importantíssima à então ginástica desportiva; de ser atleta do Sporting Clube de Portugal (SCP), onde joguei voleibol vários anos até chegar à equipa principal, que chegou a ser a melhor do país; de ser campeão nacional de ténis de mesa em aspirantes, equipas e pares (SCP); de praticar atletismo no Sport Lisboa e


Apresentação do 1ºCIMOEsp (ABR-MAI de 1963) _ Instrutores e instruendos

Benfica, onde fui campeão nacional de aspirantes em peso, disco e salto em altura; no CDUL onde joguei Rugby, fui capitão da equipa, fiz parte da equipa campeã nacional e, mais tarde, fui capitão da seleção nacional de Rugby, no que tenho muito orgulho. Esta experiência adicionada à do CMEFED, à da Escola do Exército, depois Academia Militar, onde obtive 20 valores em Educação Física no último ano do meu curso, contribuíram para a minha ida ao curso Ranger dos EUA, em 1962, e a ser encarregado de organizar e dirigir o Primeiro Curso de Instrutores e Monitores de Operações Especiais em Lamego, em 1963. 3. CTOE: Estando a falar no ano já distante de 1963, como é que o Meu General caracterizava a situação socioeconómica e cultural de Portugal à época? MGen BB: De uma forma muito geral, posso dizer que Portugal estava atrasado em relação aos países mais desenvolvidos, em muitas áreas, e que era muito evidente a diferença de nível de vida entre o campo e as cidades. Os nossos soldados foram recrutados em grande quantidade, provenientes de famílias com baixos rendimentos, que trabalhavam na agricultura, tendo baixos níveis de escolaridade. Em contrapartida demonstraram grande generosidade e

Militares do 1ºCIMOEsp em instrução de aplicação militar

boa adaptação ao tipo de guerra que enfrentámos em África. 4. CTOE: E o ambiente operacional vivido nos prelúdios do início do curso? MGen BB: O Exército realizou um grande esforço de reestruturação entre 1958 e 1961, de certa forma pouco divulgado, para cumprir as missões atribuídas (independentemente de posições políticas) para se atualizar e responder ao novo tipo de guerra subversiva e anti guerrilha. O CIOE foi criado em 1960 e começou a trabalhar no estudo da doutrina e nas alterações da instrução muito significativas. Trabalho esse notável que não pode deixar de ser salientado.

TRABALHO ESSE NOTÁVEL QUE NÃO PODE DEIXAR DE SER SALIENTADO.

...sempre que se processam mudanças profundas, há necessidade de alteração de mentalidades.

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Slide na foz do rio Lizandro (Ericeira)

5. CTOE: Na sua opinião quais foram os fatores determinantes que levaram à necessidade de se criar e iniciar este curso no Centro de Instruções de Operações Especiais (CIOE)? A própria criação do CIOE, por decreto de abril de 1960, já teria sido um passo determinante para que se ministrasse esta tipologia de curso? MGen BB: O curso de Instrutores e Monitores de Operações Especiais insere-se nesse esforço de atualização e adaptação do Exército às novas realidades, diferentes das da guerra clássica, em que se encontravam, ainda, as Forças Armadas. Há que compreender, sempre que se processam mudanças profundas, há necessidade de alteração de mentalidades. No caso português notou-se em alguns casos, diferença natural e maior dificuldade de adaptação das gerações mais idosas e muito menor entre os capitães, embora a nível geral se possa considerar ter havido uma adaptação notável, realizada com êxito. A repartição de instrução do EME sentiu necessidade de termos entre nós um curso de “endurecimento”, termo que não aprecio, mas que significa um reconhecimento da necessidade de possuirmos um tipo de unidades mais ligeiras, compostas por pessoal fisicamente resiliente e resistente ao cansaço, à fome, ao clima e a ataques de surpresa, que permitisse deslocações mais rápidas. Isso foi traduzido na reorganização do Exército e nas respetivas alte-

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rações no sistema de instrução. O CIOE, como já se disse acima, teve um papel determinante. Sei que o local do curso foi discutido, embora eu não tenha participado nessa discussão. Há sempre interesses a exigirem opções e nem todos os militares têm preparação para tomarem decisões sobre as necessidades de formação de tropa especial. Esta, no meu ponto de vista, deve ser apoiada numa “Escola” onde se estude a doutrina e a integração no sistema global de instrução. Mas é pelo menos discutível, se a preparação de militares para os TO africanos se deveria realizar num local onde, num período anual, se cobre de neve. De qualquer forma, hoje, Lamego e o CTOE

são referências incontornáveis na estrutura militar portuguesa. Se formos a 1960 ver a diretiva do General CEMGFA, esta pode considerar-se como ponto de viragem do esforço militar da Europa para África. E virá na sequência de Diretiva do Ministro do Exército, Almeida Fernandes (29/04/1959) que referia: “a urgente disponibilidade de unidades terrestres que, pela sua organização, apetrechamento e preparação possam ser empregadas na execução de operações de tipo especial: operações de segurança interna de contrassubversão e de contraguerrilha”. 6. CTOE: Sendo um curso bastante diferente dos ministrados na altura no Exército, quem determinou o início do mesmo? Existiram ainda outras entidades que mereçam destaque na criação deste curso? MGen BB: O livro que me encontro a escrever tentará esclarecer alguns pormenores que conduziram ao início do curso. Quando regressei do curso Ranger dos EUA o EME solicitou-me um relatório sobre o mesmo, que entreguei. Em seguida recebi ordem para me apresentar numa reunião no EME que reconhecia vantagem em “generalizar, aperfeiçoar, e coordenar entre nós, a instrução de endurecimento, aproveitando, no que seja razoável, os ensinamentos colhidos naquele curso”. Nesta reunião compareceram os então capiMarcha com equipamento para a prova especial “Dureza 11”


tães Soares Carneiro, Ceia Ramos e Santos e Castro. Foi dirigida pelo Coronel Fernando Valença, oficial de elevadíssimo nível cultural, não especializado em educação física nem operações especiais. Sendo uma forte personalidade calculo que tenha sido decisivo nas opções a tomar pela repartição de instrução do EME. A reunião não me agradou porque me impediram de explicar o que era o curso Ranger dos EUA. A repartição de instrução do EME entendeu não ser necessário, dada a sua larga experiência, quando eu tinha uma série de questões a colocar… Isto levou-me, posteriormente, a solicitar a missão por escrito, o que foi feito: “montar um curso no estilo do curso Ranger dos EUA”. Mensagem curta, mas que me proporcionou liberdade de ação. 7. CTOE: O que era na altura a Unidade militar instalada na cidade de Lamego? Pode descrevê-la? MGen BB: A cidade, uma das mais interessantes de Portugal, era mais pequena e vivia-se um clima de instrução intenso e preparação para a guerra. O estado psicológico resultante desta situação é hoje muito difícil de traduzir. O facto de a unidade estar dispersa por vários pontos da cidade, reforçou a ligação entre os militares e a cidade. Os militares atravessavam a cidade fardados a pé, para se deslocarem para o quartel. Essa ligação foi sempre importante, mais a mais quando a informação pública era controlada e dirigida politicamente.

de de Lisboa, ao comandante (coronel Flamínio Machado da Silveira). Partiu no dia seguinte para a capital. 3. Solicitei um oficial para dirigir um pequeno secretariado, indispensável, e a nomeação urgente de instrutores e monitores. 4. Tendo eu simultaneamente sido nomeado para comandar uma Companhia para seguir para Angola, logo após o curso, solicitara ao EME que colocasse a referida Companhia em Lamego, o que foi feito, e solicitei ao CIOE um oficial para dirigir a instrução da mesma, enquanto eu ministrava instrução, primeiro aos instrutores e monitores do curso e seguidamente aos instruendos. Esta situação não deixou de me preocupar pelo que tentei acompanhar sempre a instrução da Companhia. 5. Estudar e discutir as possibilidades reais de apoio que o CIOE podia fornecer. 9. CTOE: Na preparação de um curso um dos elementos fundamentais é a nomeação dos instrutores/ formadores? Ainda se lembra deles? Como decorreu a seleção destes? MGen BB: É óbvio que o nível de qualquer curso relaciona-se com a competência dos respetivos instrutores. Estes constituíram, portanto, uma preocupação que foi minorada porque me enviaram cinco oficiais do quadro permanente: - Ten Cavª Manuel Barão da Cunha, com experiência de combate em Angola, na qual foi condecorado. Além de instrutor coordenou as ati-

A CIDADE, UMA DAS MAIS INTERESSANTES DE PORTUGAL, ERA MAIS PEQUENA E VIVIA-SE UM CLIMA DE INSTRUÇÃO INTENSO E PREPARAÇÃO PARA A GUERRA.

vidades de instrução. - Alf Infª José Alberto Reynolds Mendes (já falecido) - Alf Infª António Nogueira de Albuquerque (já falecido) - Alf Infª Manuel Botelho dos Santos Clara, já condecorado em Angola - Alf Infª Martinho de Sousa Pereira Estes oficiais vieram com a vantagem de terem experiência em zona operacional de Angola. Além disso o CIOE cedeu três monitores experimentados: - 2º Sarg Artª Lúcio de Jesus Ponte - 2º Sarg Engª Madail Dionísio Cruz - 2º Sarg Infª Joaquim António Charneca (já falecido) Instrução de natação na piscina do CMEFED

8. CTOE: Quais as principais atividades que foram edificadas e levadas a cabo na preparação do 1CIMOEsp? MGen BB: Recebida a missão cheguei a Lamego, digamos, para começar do zero! Instrutores não havia, monitores não havia, instalações não havia, programa era preciso construí-lo. Face às circunstâncias segui uma metodologia: 1. Solicitar do CIOE o máximo apoio possível para um mínimo aceitável de rendimento. 2. Entreguei uma lista de necessidades “imperiosas” da responsabilida-

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10. CTOE: Um outro elemento essencial são os recursos materiais. Quais foram os meios alocados para que o 1CIMOEsp fosse ministrado? MGen BB: As primeiras questões para resolver foram as do alojamento e alimentação. Foi aproveitado um barracão com condições muito sóbrias, mas os Ranger devem habituar-se e adaptar-se o melhor possível a viver em condições difíceis. A alimentação foi fornecida pelo CIOE e os instruendos comiam numas banquetas de tiro próximas do local do alojamento. Por outro lado, o CIOE forneceu sempre os transportes solicitados. O restante material teve falhas que foram identificadas e que constam do relatório final do curso. 11. CTOE: Como é que o curso estava estruturado, designadamente na sua duração e matérias ministradas? MGen BB: Dada a dificuldade de preparação de instrutores e monitores, foi tomada a decisão de dividir o curso em duas partes: A primeira parte foi realizada no CMEFED, em Mafra, que dispunha da melhor capacidade técnica do Exército para fazer um programa de preparação física adequado (29 de abril a 08 de junho); a segunda parte realizou-se no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) (11 de junho a 06 de julho). Desta forma foi-me possível, durante o primeiro período, dar instrução aos instrutores e monitores, com incidência particular na técnica de patrulhas, área que considero fundamental. O programa de instruções da segunda parte constou do seguinte: A. Educação física..................4 horas B. Revistas ..............................2 horas C. Esclarecimentos iniciais e finais / Código de conduta / Testes...9 horas D. Cartas, fotografia aérea ....4 horas E. Navegação terrestre ....... 15 horas F. Transmissões ......................2 horas G. Minas e armadilhas / Destruições, explosivos .....................6 horas H. Técnica de montanha ... 12 horas I. Técnica de patrulhas ...... 23 horas J. Sobrevivência .....................9 horas K. Travessia cursos água .... 12 horas L. Patrulhas reconhecimento 47 horas

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Instrução de navegação com botes em Penude

M. Patrulhas de combate.. 145 horas N. Tempo livre .......................4 horas O. Armamento .......................3 horas TOTAL .............................. 297 horas 12. CTOE: Onde decorreu o curso e em que período? E quanto à localização específica, onde é que eram ministradas as instruções? MGen BB: A segunda parte do curso foi montada com incidência em patrulhas de reconhecimento e combate. Além das instalações do CIOE, o palco natural foram as serras que rodeiam Lamego para a execução dos exercícios, embora a última ação de três dias englobasse várias áreas diferenciadas. 13. CTOE: Neste primeiro curso já haviam provas especiais? Quais? MGen BB: Na última patrulha de três dias, foram incluídos três tipos de ações especiais: uma foi a descida do Douro, do Pinhão para a Régua, em barcos de borracha. Convém explicar que nessa altura não existiam barragens e que a corrente era um obstáculo de respeito, tendo-se de correr o risco de evitar rochas, por vezes afiadas, que chegavam ao nível superior da água, sem grande visibilidade. Outra ação foi a da travessia noturna da serra do Marão, e a última o assalto a um comboio em andamen-

to, de que consta a “lenda” que os passageiros apanharam um certo susto. 14. CTOE: Em qualquer curso o elemento essencial e preponderante é o instruendo/formando. Como é que os caracterizava? MGen BB: O problema da seleção dos instruendos seria um daqueles assuntos que poderia ter sido discutido antes do início do curso. Gostaríamos que fossem todos voluntários. Alguns não receberam o diploma antes de provarem que sabiam nadar. De uma forma geral todos colaboraram bem e mantiveram bom espírito, como convém a um Ranger. 15. CTOE: Ainda se lembra de quantos instruendos/formandos iniciaram e terminaram o curso? E qual foi o processo de seleção dos mesmos? MGen BB: Dos 29 instruendos que se apresentaram no CIOE concluíram o curso com aproveitamento os seguintes oficiais e sargentos: 4 oficiais, 2 aspirantes, 3 sargentos e 2 furriéis. O processo de seleção foi tratado pela Direção de Educação Física do Exército e executado pelo CMEFED. 16. CTOE: Na generalidade sentiu que houve um esforço na cadeia de


comando do Exército no sentido de levar a cabo tal desígnio, ou seja, a realização de um novo curso, diferente dos que eram ministrados na época? Sentiu em algum momento que esta missão era uma prioridade do Exército? MGen BB: O curso Ranger pode ter várias finalidades, uma é a preparação de combatentes, outra é a preparação de instrutores e monitores como líderes, uma terceira será a preparação de unidades Ranger para combate. A vontade do EME foi de adaptar e alterar o sistema de instrução incorporando a instrução tipo Ranger na instrução global do Exército. Verificou-se posteriormente que a decisão do EME foi colocar oficiais e sargentos com o curso, individualmente em unidades, para poderem auxiliar na instrução tipo Ranger. 17. CTOE: A Unidade (CIOE) estava preparada para esta nova missão que lhe tida sido atribuída? MGen BB: O CIOE foi um dos agentes principais das alterações introduzidas na instrução do Exército para o novo tipo de guerra. Tanto quanto sei cumpriu sempre, da melhor forma, as missões que lhe foram atribuídas, procurando ultrapassar a limitação de meios.

Hastear da bandeira nacional na Colónia Dr. Mário Madeira (S. Julião / Ericeira)

MGen BB: Atualmente não disponho de grande informação sobre o tema, mas tenho a ideia de que as relações entre o CIOE e a sociedade civil de Lamego são boas e julgo até perceber que alguns jovens de Lamego têm um certo orgulho no Centro e nos Rangers, cujo nome em parte se ligou ao da cidade. Parece-me ser do interesse de todos que as boas relações se mantenham e se reforcem.

18. CTOE: Lembra-se de alguma situação em particular que tenha ocorrido durante o curso e que queira partilhar connosco? MGen BB: Apesar dos cuidados permanentes com a segurança, num exercício de rappel, soltou-se-me um mosquetão e não caí. Até hoje não sei porquê…

20. CTOE: A título de resumo quais foram os grandes desafios na realização do 1CIMOEsp, desde a sua preparação até ao términus do mesmo? MGen BB: O principal desafio foi o de ser partir do zero, aproveitar todas as oportunidades possíveis, ultrapassando todos os obstáculos, procurando sempre fazer o melhor sem desistir ou vacilar, como compete a qualquer Ranger.

19. CTOE: Um dos pontos que sempre caracterizou o CTOE foi a ligação profunda que esta Unidade teve, e continua a ter, com a sociedade civil, mais concretamente com as “Gentes” de Lamego. Como é que caracteriza esta relação que se vivia no período do curso e se este último, eventualmente, teve algum impacto na sociedade civil? Ao longo dos anos tem notado algumas alterações nesta relação de “cumplicidade”?

21. CTOE: No atual ambiente operacional e na grande maioria dos Teatros de Operações as forças de operações especiais têm um papel de destaque na prossecução de alguns dos desígnios de seu respetivo país. Com base na sua experiência, em especial a que adquiriu durante a preparação e realização do 1CIMOEsp, que ensinamentos nos poderá transmitir no sentido da formação dos atuais elementos de operações especiais?

MGen BB: Da observação do que se passa nos conflitos mais recentes, a maior parte dos países envolvidos tem tendência para emprego crescente de forças especiais. A instrução das nossas tropas especiais deve continuar a ter um cuidado especial com a conservação dos valores essenciais Ranger, com um planeamento muito rigoroso de cada ação e que exista sempre uma avaliação cuidada dos resultados. Só assim poderá haver reflexão e atualização com introdução de alterações fundamentadas. A história indica que sendo as forças especiais de elevado nível, alguns comandantes têm procurado empregá-las em missões de grande dificuldade o que levou, em vários casos, a sofrerem baixas elevadas. Mais uma razão para que a instrução atinja os níveis mais elevados possíveis. 22. CTOE: Meu General uma vez mais o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) fica muito grato por tão nobre contributo para esta revista e para a Unidade. Sabendo nós que está a escrever um livro sobre o primeiro curso de instrutores e monitores de operações especiais, queremos desejar-lhe as melhores felicidades pessoais, em especial neste seu novo desafio, pelo que aguardamos com enorme expectativa o lançamento deste seu livro.

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Joaquim Monteiro TCor Inf

A capacidade de Operações Especiais e o contributo do CTOE para a doutrina no Exército O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), como Unidade ímpar no Exército português, materializa a capacidade de Operações Especiais (OE) definida no Sistema de Forças de 2014. Nesta condição e desde a sua criação, a esta Unidade é dada a competência de participar em estudos técnicos, no que diz respeito à organização, doutrina, material e emprego da Força de Operações Especiais (FOE). A frequência de cursos no estrangeiro, o desenvolvimento de doutrina, a formação, o treino operacional e a experiência de participação em missões militares, foram, à data da criação desta Unidade, a 16 de abril de 1960 em Lamego, os pilares fundamentais para o desen-

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volvimento da doutrina em Operações Não Convencionais (ONC) e que se mantêm na atualidade para o desenvolvimento da capacidade de Operações Especiais. A “doutrina compreende um conjunto de conceitos, táticas, técnicas, procedimentos e termos de carácter operacional, resultantes da experiência ou das deduções de âmbito teórico, técnico ou prático, e que, estabelecidos em adequada sistematização, se constituem como princípios e regras de uniformização, contribuindo para a unidade de interpretação, de difusão e de procedimento.” 1 A definição da doutrina da subversão e da contrassubversão, 1 PAD 320-01 – Publicações do Exército

da guerrilha e da contraguerrilha, publicada no início da década de 1960 nos vulgarmente conhecidos “manuais azuis” está presente nesta Unidade e no seio da North Atlantic Treaty Organization (NATO) que adotou a terminologia de insurgência e contrainsurgência.


executadas por civis combatentes e organizados em forças paramilitares designam-se por Operações Irregulares. Estas forças, como organizações civis que apoiam ou conduzem um ou o outro tipo de operações, constituem as Forças Irregulares e no seu conjunto desenvolvem Atividades Irregulares. Consideram-se Atividades Irregulares, todos os atos agressivos de carácter militar, político, psicológico ou económico, levados a efeito por Forças Irregulares, contra o poder de direito ou de facto estabelecido num dado território. Por último, esta PDE detalha os conceitos e os conteúdos das ONC na contrassubversão. Esta última consiste no esforço conduzido pelas autoridades de facto, no sentido de conservar ou reconquistar a aceitação, pela população, do regime e sistema políticos vigentes, de forma a que essa população se torne impermeável às ações de subversão.

PDE 3-67-00 Operações Especiais PDE 3-09-00 Operações Não Convencionais

No atual quadro das Publicações Doutrinárias do Exército (PDE) de nível 2 (doutrina executiva ou operativa do Exército), o CTOE participou na elaboração da “PDE 3-0900 Operações Não Convencionais” aprovada por Despacho de 29 de setembro de 2010, de Sua Excelência o General CEME e da “PDE 3-6700 Operações Especiais” aprovada por Despacho de 27 de fevereiro de 2014. No âmbito do nível 3 (doutrina executiva ou operativa dos escalões operacionais do Exército) está em elaboração a “PDE 3-67-34 Manual do Special Operations Task Group (SOTG)”.

No contexto das ONC esta PDE detalha os conceitos e os conteúdos das operações que podem ser conduzidas por militares, ou por civis com organização diversificada, com a ajuda de grupos e redes de apoio organizadas para o efeito. As ações militares, de natureza não convencional, desenvolvidas em qualquer tipo de ambiente operacional e executadas por forças militares para o efeito organizadas, em cumprimento de missões de âmbito estratégico, operacional ou eventualmente tácito, com elevado grau de independência e em condições de grande risco, de forma independente, em apoio ou como complemento de outras operações militares, são designadas por Operações Especiais. As forças militares organizadas, preparadas e treinadas para realizar este tipo de operações designam-se por Forças de Operações Especiais. As ações de natureza idêntica

A “Comunidade de Forças de Operações Especiais” (FOEsp) da NATO tem vindo a fazer uma aproximação coordenada no sentido de obter interoperabilidade e sinergias entre as FOEsp dos diversos países da Aliança, quando estas operam em conjunto. Esta aproximação tem implicações nos diferentes “Vetores de Desenvolvimento” da capacidade de OE: Doutrina, Organização, Formação, Treino, Pessoal e Liderança, Material, e Infraestruturas. Neste contexto, a necessidade desta PDE surge na sequência do Military Committee Special Operations Policy – MC 437/2, que define a política da NATO para as Operações Especiais e do Allied Joint Doctrine for Special Operations – AJP-3.5, que define a doutrina desta Aliança. Esta doutrina foi amplamente adotada pelos diversos países, onde se inclui o Exército português em que a PDE define, entre outros conceitos, o contexto de emprego, a tipologia de tarefas, a organização e as entidades com responsabilidade do comando e controlo das FOEsp.

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PDE 3-67-34

Capacidade de

Manual do SOTG

Operações Especiais

A elaboração deste manual surge na sequência do Special Operations Task Group Command Manual – SOTG MANUAL, da NATO. Este documento doutrinário vai pormenorizar, entre outros conceitos, a Organização do SOTG, o Comando e Controlo (C2), o Planeamento das Operações, as Informações, a Logística, o Apoio Médico e Sanitário e os Sistemas de Comunicações. De acordo com este corpo doutrinário de referência, o Comando, Controlo e Coordenação durante a execução de Operações Especiais é efetuado por um Comando de Componente funcional próprio ou através de um Elemento de Comando e Controlo dedicado, no caso da atribuição de FOEsp a outras Componentes. Esta doutrina tem sido posta em prática nas operações da Aliança e tem tido repercussões na estrutura de C2 das FOEsp dentro do Dispositivo e Sistema de Forças dos diversos países, onde estes as colocaram com relações funcionais próprias e individualizadas em relação às Forças Convencionais. No caso nacional, este requisito de Comando e Controlo foi salvaguardado com o levantamento de uma Célula de Planeamento de Operações Especiais (CPOE) no Comando Conjunto para as Operações Militares (CCOM) do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA). A CPOE constitui o núcleo inicial do Comando de Componente de Operações Especiais e tem por missão garantir ao CEMGFA o apoio no planeamento, integração e sincronização da preparação e emprego das FOEsp.

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A doutrina de Operações Especiais define de forma explícita as capacidades e os requisitos que uma Força deve possuir para ser considerada uma FOEsp no contexto NATO e que os diversos países estão a adotar internamente. A capacidade de Operações Especiais para estar dentro dos padrões definidos implica alguma adequação da organização interna e, essencialmente, o repensar nos recursos humanos, cujas competências é fundamental consolidar, e nos equipamentos que garantam a mais-valia operacional destas Forças. No campo da organização interna, o Exército aprovou em setembro de 2016 um Quadro Orgânico (QO) da FOE de acordo com a doutrina NATO e com capacidade para gerar 03 (três) SOTG. Assim, no âmbito dos recursos humanos, o QO adotou um rácio equilibrado entre graduados (Oficiais e Sargentos) e Praças. Este novo paradigma associado à seleção e formação das FOEsp do Exército, segundo os padrões técnicos e culturais em referência na NATO, permite a obtenção e manutenção de um produto operacional mais próximo da Excelência. No entanto a reduzida permanência dos militares contratados nas subunidades operacionais continua a afetar os padrões adequados a esta tipologia de Forças. Continua-se a equacionar a possibilidade das FOEsp serem constituídas, à semelhança do que está a ser adotado nos países de referência, apenas por militares do quadro

permanente e militares em situação de contrato de longa duração. No que concerne aos equipamentos é fundamental que estes permitam o salto tecnológico da FOE, para que esta possa de facto, executar operações para além das capacidades de outras Forças. Entre os equipamentos fundamentais para garantir capacidades diferenciadas realça-se as aquisições que estão a ser executadas no âmbito da Lei de Programação Militar e do Projeto do Material Específico para a FOE, como por exemplo: designadores de objetivos, câmaras térmicas, meios de comunicação seguros (TACSAT, SATCOM), meios de reconhecimento e vigilância (câmaras, sensores, alças sniper noturnas, visores noturnos), meios de Technical Exploitation Operations (TEO), armamento adequado, viaturas especiais, paraquedas para salto operacional com asa automática, entre outros. O treino operacional é considerado fundamental para obtenção e manutenção do mínimo de operacionalidade deste tipo de Forças e requer um conjunto de infraestruturas adequadas que serão salvaguardadas pelo Plano Diretor do CTOE em execução. No entanto, o salto qualitativo é obtido com a experiência operacional, apenas obtida com o emprego real. As nossas Forças têm em termos de preparação, aprontamento e prontidão, as valências e as competências necessárias para serem empregues operacionalmente e o Exército pode contar com as FOEsp para a execução de missões nos diferentes Teatros de Operações.


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Militares da UTOE (Prt) e da UTOE (Ltu) “TAUROS”, durante um treino de MOUT (Military Operations In Urban Terrain)

Francisco Narciso TCor Inf

Teatro de Operações do Kosovo O contributo das Forças de Operações Especiais INTRODUÇÃO

A passagem das Forças de Operações Especiais (FOEsp) pelo teatro de operações (TO) do Kosovo foi, sem dúvida alguma, uma importante página na história das Operações Especiais portuguesas. Estas Forças, com elevado espírito de dedicação e que sempre pautaram a sua conduta por valores tão singelos como a “Vontade e Valor”, sempre manifestaram um orgulho profundo em servir Portugal. A participação das FOEsp no TO do Kosovo dividiu-se em duas fases que se distinguem de forma clara, quer pelo seu conceito doutrinário e modo de emprego, quer pelo ambiente operacional vivido à data no TO, quer ainda pela estrutura orgânica destas Forças, bem como, a estrutura superior na qual estas foram

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inseridas. Durante estas duas fases passaram no TO do Kosovo 203 militares de Operações Especiais integrados em FOEsp.

FASE I

A FASE I de empenhamento de FOEsp no TO do Kosovo decorreu de agosto de 1999 a setembro de 2001, e nesse período foram empenhados quatro (4) Destacamentos de Operações Especiais (DOE). Os DOE portugueses, conjuntamente com os DOE italianos e espanhóis, estavam integrados numa estrutura de operações especiais e dispunham de autonomia e independência, tendo como missão conduzir operações especiais em apoio à Multinational Brigade West (MNB-W), a qual detinha o controlo tático (TACON) destas FOEsp.

A Ordem de Operações N.º 001 (OPORD 001) da BMN-W, no seu Anexo J (Special Opertions Forces), estabelecia a seguinte missão para as FOEsp: “As FOEsp ITA, ESP e PRT conduzem operações especiais em apoio do Comandante da BMN-W para contribuir para a Paz e estabilidade no Kosovo”. A mesma OPORD atribui às FOEsp ITA, ESP e PRT as seguintes tarefas: conduzir atividades HUMINT, de acordo com os elementos de informação definidos pelo Comandante da BMN-W; estar preparado para, à ordem, conduzir operações de Reconhecimento Especial (RE); planear operações de Ação Direta (AD) de contingência, nacionais ou combinadas, e estar preparado para as executar, à ordem, e após prévia autorização das respetivas autoridades nacionais;


à ordem, estabelecer ligação com os líderes do Exército de Libertação do Kosovo (UÇK) e outras fações hostis em coordenação com a Joint Implementation Commission (JIC); conduzir treino combinado; e, à ordem, planear e executar operações, em coordenação com as Unidades de Polícia Militar. Nesta fase há a realçar o trabalho realizado pelo DOE K1, de 14Jun99 a 18Jul99, que se materializou em missões de reconhecimento, estudo e avaliação inicial da área de operações à responsabilidade da Força Nacional Destacada (FND) portuguesa (Agrupamento Bravo (AgrBravo)), servindo assim de elemento facilitador para a ambientação e entrada desta Força no TO, auxiliando ainda o seu Comandante na tomada de decisão e elaboração do conceito de emprego. Neste período destacam-se as seguintes operações realizadas: * Monitorização do processo de desmilitarização do UÇK e a sua transformação no Corpo de Proteção do Kosovo (KPC). * Recolha de informações na área de responsabilidade da BMN-W, utilizando técnicas de HUMINT. * Reconhecimento e vigilância das fronteiras da Federal Republic of Yugoslavia (FRY) e da Albânia, na área de responsabilidade (AOR) da BMN-W, com a finalidade de recolher dados sobre rotas de contrabando, tendo contribuído significativamente para a apreensão de diversos ti-

pos de armamento e artifícios de fogo. * Operações de RE, para localização de um possível ponto de detenção ilegal de pessoas, e sobre atividades ilegais em local suspeito. * Operação Mitrovica III, onde foram executadas operações de RE e anti sniper, num período de grande agitação e aumento do grau de ameaça. De notar que, geralmente, todos os incidentes se materializavam na ponte de Mitrovica, que dividia as duas fações em confronto, tendo uma elevada projeção nos meios de comunicação social internacionais. * Execução de várias ordens parcelares (FRAGO), reforçando as medidas de segurança à povoação de Gorazdevac (enclave sérvio, perto da cidade de Peć), com cerca de 1000 habitantes, através de operações de reconhecimento e vigilância, com a finalidade de impedir o ataque aos seus habitantes, que normalmente era efetuado com morteiretes 60 mm LONG RANGER, nas principais datas das efemérides ortodoxas. * Operação de proteção (anti sniper) durante a visita de altas entidades à AOR da BMN-W.

FASE II

A FASE II de empenhamento das FOEsp no TO do Kosovo decorreu de 26 de janeiro 2005 a 11 de maio de 2017, sendo que nesse período as FOEsp passaram a ser destacadas sob a designação de “Módulo de Apoio”, ficando na direta dependência, e sob comando completo, do Comandante da FND. O “Módulo de Apoio”, com uma constituição diferente da dos DOE até então empregues, garantia à FND capacidades que as restantes tipologias de forças que a constituíam não dispunham. Apesar deste modelo não ser a forma mais usual de emprego de FOEsp, acabou por estar preconizado na doutrina de operações especiais1. 1 PDE 3-67-00 Operações Especiais.

Nesta fase, as FOEsp (Módulo de Apoio) apoiavam diretamente a FND onde estavam inseridas, executando maioritariamente as seguintes operações: * RE e vigilância: Reconhecimento de área e/ou zona, em todo o TO; Vigilância de áreas, de objetivos e de itinerários; Recolha de informação em todo o TO, através de técnicas HUMINT ou através de meios óticos; Identificação e sinalização de situações passíveis de serem alvo de ações de cooperação civil-militar (CIMIC) por parte da KTM, de acordo com as ordens difundidas pelo comando da KTM. * Proteção da força: Apoio às escoltas em pontos críticos; Apoio em Operações de Controlo de Tumultos (CRC), através da monotorização, segurança próxima e segurança afastada; Proteção de altas entidades; Condução e guiamento de forças no terreno. A participação das FOEsp no TO do Kosovo durante a FASE I constituiu um marco histórico para as Operações Especiais portuguesas, por ser a primeira vez que estas integraram as Forças da NATO na execução de uma operação real, e por ser a primeira Força portuguesa a entrar neste TO tão complexo. O conceito de emprego dos DOE, as tarefas que desempenharam e a estrutura orgânica onde foram inseridos estavam em conformidade com doutrina de emprego de FOEsp. De realçar que neste período as FOEsp foram as primeiras a entrar e as últimas a sair do TO. Na FASE II as FOEsp, com a designação de Módulo de Apoio, estavam sob comando de uma Unidade de escalão batalhão (KTM Battalion), a qual apoiavam com as suas capacidades únicas, necessárias ou úteis para cumprir tarefas no âmbito de uma missão mais abrangente. Nestas situações, as FOEsp eram empregues como força especializada numa unidade com missão atribuída, integrando a sua estrutura 2. 2 PDE 3-67-00 Operações Especiais // CAPÍTULO 3 EMPREGO E INTEGRAÇÃO // 301. COMANDO E CONTROLO b.(3) Outras situações

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As FOEsp que participaram no TO do Kosovo tiveram a preocupação constante de cumprir a sua missão, dentro das suas capacidades, tendo como fim último o bom desempenho e o prestígio da FND portuguesa, como um todo. Com a sua ação ter-se-á contribuído para que, uma vez mais, as Forças Armadas Portuguesas, no cumprimento de mais uma missão no complexo cenário dos Balcãs, tenham dado o seu contributo para a paz e estabilidade num cenário internacional, prestigiando o nome de Portugal, através da ação dos seus Soldados.

RELAÇÃO DOS MILITRES DO CTOE QUE PARTICIPARAM EM MISSÕES NO TEATRO DE OPERAÇÕES DO KOSOVO DOE K1 (Jul1999 a Jan2000)

DOE K2 (Jan2000 a Jun2000)

TCOR NIM 07392978 EDUARDO JOSÉ MARTINS VELOSO

TCOR NIM 07349075 ARMINIO JOSÉ TEIXEIRA MENDES

CAP NIM 19486091 ANTÓNIO JOSÉ FERNANDES OLIVEIRA

CAP NIM 15756386 FRANCISCO JOSÉ BERNARDO AZEVEDO NARCISO

TEN NIM 00223793 LUCIANO JOAQUIM FREIRE MONTEIRO

TEN NIM 08778292 JOÃO PAULO ALVES

1SAR NIM 08096686 JOSÉ ANTÓNIO DUARTE REBELO CRUZ

SAJ NIM 05182182 FRANCISCO ALBERTO PIRES

1SAR NIM 10456187 PAULO CARLOS COSTA VIEIRA GOMES

1SAR NIM 18879386 JOSÉ CARLOS LOPES OSÓRIO LIMA

1SAR NIM 15451088 MANUEL VASCO ESCALHÃO PINHEL

1SAR NIM 15824589 PAULINO DA SILVA PEREIRINHA

1SAR NIM 15268390 HELDER ANTÓNIO RIBEIRO AZEVEDO

1SAR NIM 15243685 ARTUR FERNANDES BARBOSA

1SAR NIM 10690890 CARLOS ALBERTO MARQUES CALVÃO

1SAR NIM 19754590 ROGÉRIO VIEIRA DE SOUSA

1SAR NIM 14012592 RUI ALEXANDRE DUARTE PINTO

1SAR NIM 22797291 ARIEL MILTON PINTO DE SOUSA

1SAR NIM 06399190 ANTÓNIO FERNANDO DIAS

2SAR NIM 28278693 FILIPE AUGUSTO VELOSO COELHO

1SAR NIM 08121492 JORGE HUMBERTO NUNES DA SILVA

CADJ NIM 00626292 JOSÉ MIGUEL COSTA GUEDES

1SAR NIM 10311891 FERNANDO JORGE BOTELHO FIGUEIREDO

1CB NIM 24852292 NUNO RAFAEL MEDEIROS RUA

1SAR NIM 00233891 JORGE EDUARDO SANTOS MENDES VICENTE

2CB NIM 17400995 PAULO MANUEL SOARES TORRES

DOE K3 (Jul2000 a Jan2001)

DOE K4 (Jan2001 a Ago2001)

TCOR NIM 10991678 ANTÓNIO AUGUSTO

TCOR NIM 03722781 MANUEL DA SILVA

CAP NIM 01260491 PEDRO MIGUEL VALE CRUZ

CAP NIM 00602185 ANTÓNIO CARLOS PINTO PRATA

TEN NIM 39466492 LUIS MIGUEL MESTRES C PATRÃO

TEN NIM 20569992 PEDRO ANTÓNIO MARQUES DA COSTA

SAJ NIM 06033178 GENTIL PEREIRA DE SOUSA

SAJ NIM 02103483 ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO GUEDES

1SAR NIM 09483387 JOÃO CARLOS GOMES SANTOS

SAJ NIM 09911682 CARLOS MANUEL LOUREIRO DOS SANTOS

1SAR NIM 22467391 FREDERICO MARTINS RORIZ

SAJ NIM 15647582 JOSÉ AUGUSTO DA SILVA BARROSO GOMES

2SAR NIM 06904094 SALOMÃO PESSOA MATOS BARBOSA

SAJ NIM 04912883 HENRIQUE HUMBERTO FERREIRA TEIXEIRA ROCHA

1CB NIM 31133393 LUIS ANTÓNIO COELHO DIAS

1SAR NIM 04798992 CARLOS MANUEL DA COSTA PEREIRA

1CB NIM 21213092 MARCELO EMANUEL AGUIAR BARROS

2SAR NIM 03375791 CARLOS JOSÉ ALMEIDA CABRINHA RAMOS

1CB NIM 03848694 ARTUR JORGE COSTA NUNES

1CB NIM 10044196 JOÃO CLÁUDIO SOUSA FERNANDES

1CB NIM 13068995 ARTUR JORGE ALMEIDA CORREIA

SOLD NIM 02323997 SIMÃO PEDRO MOURÃO AZEVEDO

1CB NIM 13540196 JOSÉ MANUEL GOMES DA SILVA

SOLD NIM 02279397 VITOR HUGO DIOGO FERNANDES

1CB NIM 02015695 CARLOS ALBERTO OLIVEIRA JOSÉ

SOLD NIM 06492195 NELSON MIGUEL RAPOSO SANTOS SOLD NIM 08542095 HELDER MANUEL CAMPOS CORREIA SOLD NIM 00247298 JOAQUIM ILIDIO BAPTISTA FONSECA

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DOE K5 (Fev2005 a Set2005)

DOE K6 (Set2005 a Mar2006)

TEN NIM 03462195 NUNO ALEXANDRE LARANJEIRO NETO

TEN NIM 10552797 JOSÉ CARLOS PEREIRA DE ANDRADE

1SAR NIM 15824589 PAULINO DA SILVA PEREIRINHA

1SAR NIM 18156594 PEDRO FILIPE BATISTA BERNARDO

1SAR NIM 14012592 RUI ALEXANDRE DUARTE PINTO

1SAR NIM 08894093 PAULO ALEXANDRE CRUZ LOPES A. FIGUEIREDO

1CB NIM 04259397 FILIPE MANUEL MOREIRA DA SILVA

CADJ NIM 13068995 ARTUR JORGE ALMEIDA CORREIA

1CB NIM 10881600 RÚBEN OSVALDO FREITAS DOS REIS

1CB NIM 02911998 RUI MANUEL MARTINS FERRAZ

1CB NIM 02781099 HUGO MIGUEL DOS SANTOS MARQUES

1CB NIM 11235198 FRANCISCO JOSÉ RODRIGUES FERRÃO

DOE K7 (Mar2006 a Set2006)

DOE K8 (Set2006 a Mar2007)

TEN NIM 03139297 LUIS RICARDO FRANCO PEREIRA

CAP NIM 34194793 HUGO JOSÉ DUARTE FERREIRA

1SAR NIM 16580390 CARLOS MIGUEL OLIVEIRA RODRIGUES

1SAR NIM 10690890 CARLOS ALBERTO MARQUES CALVÃO

1SAR NIM 22797291 ARIEL MILTON PINTO DE SOUSA

2SAR NIM 05970002 RUI MANUEL FONSECA DA SILVA

1CB NIM 13465702 EMANUEL NEVES MESQUITA

1CB NIM 03970701 RICARDO FERNANDO DE JESUS ALEXANDRE SIMÕES

1CB NIM 03304902 JOSÉ HENRIQUE GOMES DE OLIVEIRA

1CB NIM 10036600 CARLOS ALBERTO DE ALMEIDA CORREIA

1CB NIM 17339502 ANTÓNIO ALBINO LOPES MOTA

1CB NIM 16496500 MIGUEL ÂNGELO DOS SANTOS MARTINS

DOE K9 (Mar2007 a Set2007)

DOE K10 (Set2007 a Mar2008)

CAP NIM 14886795 VITOR MIGUEL MADEIRA DA COSTA

TEN NIM 08119398 PAULO ALEXANDRE MARTINS CARDOSO SOARES

1SAR NIM 12669896 JOSÉ CARLOS MOTA GONÇALVES

1SAR NIM 04733291 JOSÉ MARIA XAVIER CORREIA

1SAR NIM 11066696 SÉRGIO FILIPE DUARTE SANTOS

1SAR NIM 05787594 ANTÓNIO MANUEL MARQUES DE MATOS ALMEIDA

CADJ NIM 13388198 NUNO EMANUEL CIPRIANO EVANGELISTA

1CB NIM 14961200 RICARDO JOÃO FERREIRA RIBEIRO

1CB NIM 08828401 JOSÉ MANUEL FERREIRA DA SILVA

1CB NIM 00907400 AVELINO JOSÉ CORREIA MARTINS

1CB NIM 11329901 RICARDO EMANUEL XAVIER RODRIGUES

1CB NIM 00107502 MANUEL ANTÓNIO MARQUES SOARES

DOE K11 (Mar2008 a Set2008)

DOE K12 (Set2008 a Mar2009)

TEN NIM 24446793 JOSÉ CARLOS FERREIRA VIVEIROS

TEN NIM 18148100 JOÃO CARLOS GONÇALVES DOS REIS

1SAR NIM 04798992 CARLOS MANUEL DA COSTA PEREIRA

1SAR NIM 09324685 HIGINO FERNANDO NEVES ESTEVES

1SAR NIM 07206797 CARLOS MIGUEL COSTA CUNHA

1SAR NIM 07730895 PEDRO JOÃO RIBEIRO AZEVEDO

CADJ NIM 03360402 ALCINO JOSÉ LAMELAS MENDONÇA

CADJ NIM 17319200 PAULO ALEXANDRE SOARES DA COSTA

CADJ NIM 19303601 DANIEL JOSÉ SANTOS NEVES

CADJ NIM 19466502 CARLOS MANUEL GONÇALVES ROCHA

CADJ NIM 11348199 ANDRÉ MIGUEL NOGUEIRA DA SILVA

CADJ NIM 06556102 BRUNO MIGUEL FRANCISCO

DOE K13 (Mar2009 a Set2009)

DOE K14 (Set2009 a Mar2010)

CAP NIM 02275698 DIOGO LOURENÇO SERRÃO

TEN NIM 11806700 LUÍS MANUEL COELHO FERNANDES

1SAR NIM 00027900 LUIS CARLOS BATISTA FERREIRA

1SAR NIM 18156594 PEDRO FILIPE BATISTA BERNARDO

1SAR NIM 18237600 HUGO ALEXANDRE MAÇÃS FERNANDES

1SAR NIM 38149793 JOÃO SALVADOR RIBEIRO CARDOSO DOS REIS

CADJ NIM 09143402 BRUNO FILIPE TÁRTARO D ARAUJO

CADJ NIM 14741302 JOAQUIM MANUEL VAZ VIANA

CADJ NIM 11863502 TIAGO MANUEL MARQUES LEITE

CADJ NIM 03304902 JOSÉ HENRIQUE GOMES DE OLIVEIRA

CADJ NIM 16583402 JOÃO MIGUEL ROQUES ANTUNES

CADJ NIM 00745702 JÚLIO EDUARDO BORGES SIMÕES

DOE K15 (Mar2010 a Set2010)

DOE K16 (Set2010 a Mar2011)

TEN NIM 06700600 CARLOS EDUARDO BERNARDO OLIVEIRA

TEN NIM 02419202 RICARDO MANUEL CAVADAS DA HORTA

1SAR NIM 12542297 FREDERICO AQUILES MONTEIRO

1SAR NIM 08972199 CARLOS MANUEL MENDES PEREIRA

2SAR NIM 03661798 PAULO JORGE DA ROCHA MOTA

1SAR NIM 04532201 ANTÓNIO PEDRO SANTOS SARAIVA DE OLIVEIRA

CADJ NIM 18494302 EDUARDO MANUEL VILAMARIM SARAIVA

CADJ NIM 06009801 JOSÉ LUIS OLIVEIRA DA SILVA

CADJ NIM 17855500 RICARDO MIGUEL FARIA DIAS

CADJ NIM 05056503 DANIEL FILIPE SOARES TEIXEIRA

CADJ NIM 04378004 CARLOS MANUEL ABREU PINTO

1CB NIM 16156604 BRUNO FILIPE MOTA SILVA

DOE K17 (Mar2011 a Set2011)

DOE K18 (Set2011 a Mar2012)

TEN NIM 09401300 RUI PEDRO GOMES AGUIAR CARDOSO

TEN NIM 17845899 MARCOS CÉSAR MONTEIRO SOUSA

1SAR NIM 02035198 FRANCISCO MANUEL GOMES CARRULO

1SAR NIM 18284600 NUNO JOSÉ DA FONSECA LOPES

CADJ NIM 11522699 GILBERTO CARVALHO OLIVEIRA

1SAR NIM 01855699 CLÁUDIO MANUEL RIBEIRO LOUREIRO

CADJ NIM 19690104 FÁBIO MANUEL COSTA RIBEIRO

CADJ NIM 09548304 ANTÓNIO MIGUEL SILVA TRINDADE LOPES

CADJ NIM 16460203 LUIS MIGUEL PINHEIRO RODRIGUES

CADJ NIM 12125506 PEDRO TIAGO DA COSTA REIS

CADJ NIM 13479304 RICARDO FILIPE MOTA SOUSA

CADJ NIM 07726905 JORGE FILIPE NEVES PINTO

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DOE K19 (Mar2012 a Set2012)

DOE K20 (Set2012 a Mar2013)

TEN NIM 17745102 HUGO M. MANSINHO BARROTE RODRIGUES

TEN NIM 00130402 DANIEL FILIPE FÉLIX FERREIRA DA SILVA

2SAR NIM 04097302 HERNÂNI MANUEL SOUSA ARAÚJO

1SAR NIM 04016701 ALEXIS DOS SANTOS GONÇALVES

2SAR NIM 15279505 ANTÓNIO LUIS GIL MATOS BARBOSA LUCAS

1SAR NIM 04237900 RICARDO JOSÉ SIMÕES VIEIRA

1CB NIM 11133706 JOSÉ MANUEL PINA ABREU

CADJ NIM 05772304 DINIS CARLOS CARRELAS LOURO

1CB NIM 09586606 SWEN CEDRIC DOS SANTOS CARREIRA

1CB NIM 12442506 LUIS MIGUEL SILVA OLIVEIRA

1CB NIM 06448209 MLINARZIC PEREIRA LOURENÇO

1CB NIM 02555106 JOSÉ FILIPE MOREIRA SILVA

DOE K21 (Mar2013 a Set2013)

DOE K22 (Set2013 a Mar2014)

TEN NIM 14487803 PEDRO CRISTIANO DE JESUS MIRANDA

TEN NIM 12247804 SEVERO ANTÓNIO MARQUES MONTEIRO

1SAR NIM 05920202 ÓSCAR MANUEL PAULO DELGADO

1SAR NIM 06771905 HUGO EMANUEL PEREIRA BARROS

FURR NIM 14388006 NUNO RICARDO MATOS DA SILVA

FURR NIM 05665204 LUIS MIGUEL CARRILHO MARTINHO

1CB NIM 19911409 MICAEL JOÃO DOS SANTOS PESTANA

1CB NIM 00625709 JANDIR EMANUEL BARBOSA VIEIRA

1CB NIM 04154109 PEDRO RICARDO MOREIRA FOLGADO

1CB NIM 10550909 TIAGO MANUEL DO AMARAL CALDEIRA TORCATO

1CB NIM 18017706 EDUARDO MANUEL DE SOUSA VIDINHA

1CB NIM 10287006 ANDRÉ FRANCISCO SOUSA ALMEIDA

DOE K21 (Mar2014 a Set2014)

DOE K24 (Set2014 a Mar2015)

TEN NIM 08821703 BRUNO AGUIAR COUTO

TEN NIM 19833605 ADRIANO MANUEL DA COSTA AFONSO

1SAR NIM 10967001 LUIS MIGUEL DE JESUS MONTEIRO

1SAR NIM 19011000 RUI PEDRO CAMPOS FRANCISCO

FURR NIM 15202806 RICARDO JORGE ALVES SANTOS

1SAR NIM 02676902 CLÁUDIO SAMUEL MACHADO AZEVEDO

CADJ NIM 00790210 RICARDO JOSÉ DE SOUSA FLORES

CADJ NIM 15913606 LUIS FILIPE SERDEIRA FELICIO

CADJ NIM 16794305 AMARO JOSÉ ALMEIDA CUNHA

CADJ NIM 02154306 SÉRGIO DANIEL CRUZ PINTO

1CB NIM 04510709 RICARDO AMORIM DOS SANTOS

CADJ NIM 14902809 PEDRO MIGUEL MOREIRA DE CARVALHO

DOE K25 (Mar2015 a Set2015)

DOE K26 (Set2015 a Abr2016)

TEN NIM 19957601 BRUNO DANIEL OLIVEIRA CARAVANA

TEN NIM 08676306 MIGUEL ALEXANDRE DAS NEVES NUNES GAMEIRO

1SAR NIM 02035198 FRANCISCO MANUEL GOMES CARRULO

1SAR NIM 18284600 NUNO JOSÉ DA FONSECA LOPES

1SAR NIM 17397099 RICARDO JOSÉ CARVALHO DOS SANTOS

1SAR NIM 16296604 CARLOS ANTÓNIO PEREIRA ALVES

CADJ NIM 02269509 HELDER FILIPE SIMÕES HENRIQUES

CADJ NIM 08449210 BRUNO ANDRÉ FREITAS MARTINS

CADJ NIM 07286509 PAULO JORGE MOREIRA RIBEIRO

CADJ NIM 00985210 CHRISTOFER GOMES DOS SANTOS

CADJ NIM 02191502 NELSON DOMINGOS MENDES FURTADO

CADJ NIM 11210410 ANDRÉ CRISTIANO DA SILVA MALICIA CADJ NIM 14085109 RICARDO JORGE BREJO VARELA

DOE K27 (Abr2016 a Out2016)

DOE K28 (Out2016 a Abr2017)

TEN NIM 11122506 JOÃO FRANCISCO GODINHO BAPTISTA

TEN NIM 09761509 RUI MANUEL MARTINS PINA

1SAR NIM 15154102 PAULO RICARDO FERREIRA TORRES

1SAR NIM 07730895 PEDRO JOÃO RIBEIRO AZEVEDO

1SAR NIM 08041703 FRANCISCO XAVIER FREITAS BASTOS

1SAR NIM 14917597 ROWLLINGS GOMES ANTUNES CORREIA

CADJ NIM 07757111 PEDRO MIGUEL DOS SANTOS DE ABREU

CADJ NIM 03691211 FRANCISCO MANUEL FERREIRA DA COSTA

CADJ NIM 19572306 ANDRÉ ALEXANDRE MARQUES DA CRUZ

CADJ NIM 01287712 RÚBEN MANUEL TAVARES BARRETO

CADJ NIM 04504711 RODRIGO SAMUEL DA MAIA ALVES

CADJ NIM 16545109 NÉLIO ASCENSÃO DA SILVA

CADJ NIM 08235309 JORGE DANIEL COELHO NUNES

CADJ NIM 16223011 EDUARDO JOEL DA SILVA REIS

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Edif ício D. Pedro I, Piso 3, quinta da Fonte, 2770-071 Paço de Arcos - Portugal contact@corpdefense.eu | +351 214 402 210

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Foto 1: Viaturas TP 1 e TP 2 no exercício Real Thaw 2018

António Lopes Cap Inf

Mobilidade das FOEsp Emprego das viaturas TP1 e TP2 O sucesso das missões de Operações Especiais (OE) depende em grande medida da capacidade de colocar os elementos de OE no local da ação da forma mais discreta possível, tendo sido historicamente esse o grande desafio desta tipologia de forças. A infiltração é a fase mais crítica das operações, sendo um dos eventos chave na probabilidade de sucesso da missão desde o ponto de vulnerabilidade até atingir a superioridade relativa segundo a teoria do Almirante William McRaven1. A primeira operação executada com sucesso na génese do Special Air Service (SAS) inglês2 foi conseguida com a utilização das viaturas do 1 McRaven W. (1996) SPEC OPS, Case Studies in Special Operations Warfare: Theory and Practice. Presidio Press Book, New York.

Long Range Desert Group, pois as duas tentativas anteriores com recurso a infiltração por salto de para-quedas tinham saído frustradas. Das variadas tipologias de viaturas utilizadas pelas Forças de Operações Especiais (FOEsp) congéneres, o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) recebeu em 2017 viaturas ultraligeiras. A vinda destas viaturas apenas em 2017, 57 anos após a fundação do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE)3 deveu-se a constrangimentos de vária ordem ao longo destes anos, mas tem por base o nascimento do CIOE. A escola francesa que serviu de base para as primeiras companhias de Caçadores Especiais e a escola Americana que serviu de base para a tipologia de instrução

2 James M. (2001) BORN OF THE DESERT With the SAS in North Africa. Greenhill Bokks, London.

3 Serrão H. (2011) CIOE/CTOE Operações Especiais 50 anos. Edições Esgotadas, Lamego.

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Ranger do CIOE apenas se dedicavam a treinos táticos apeados e as viaturas eram somente utilizadas em deslocamentos, não sendo necessária a introdução nem de doutrina nem de viaturas específicas. Durante os anos 90 e o início do século XXI a utilização tática de viaturas por parte de FOEsp congéneres estava limitada a poucas unidades. Por exemplo apenas uma mobility troop em cada esquadrão de SAS (UK) ou a apenas um Operacional Detachment Alfa (ODA) em cada Companhia de Special Forces (SF) (US) tinha viaturas táticas específicas para o cumprimento de missões de OE. No seguimento das operações militares após o ataque às torres gémeas a mobilidade tática integral das FOE foi sendo equacionada e sustentada, sendo atualmente indispensável em diversos Teatros de


Operações (TO), o que leva a que na prática praticamente todas as unidades de OE atualmente dispõem de viaturas específicas. As viaturas ultraligeiras adquiridas em 2017 (foto1) foram as primeiras viaturas táticas adquiridas para o CTOE especificamente para realizar ações de OE e não viaturas táticas que estão ao serviço do Exército Português (EP) e que podem cumprir algumas missões com limitações. Em Timor-Leste foram utilizadas motos 4 pelos Destacamentos de Operações Especiais (DOE), mas foram viaturas adquiridas para o TO e não para o CTOE. Essas viaturas ficaram em Timor-Leste após o término da missão. Nos anos 90 existiam motos que o EP adquiriu para os estafetas e para ligações entre unidades que estavam também no CIOE. Os DOE nos diversos TO dispunham das mesmas viaturas ligeiras ao serviço de todas as restantes Unidades do EP. O levantamento da capacidade ultraligeira surgiu depois de outras necessidades identificadas de diferentes tipologias de viaturas utilizadas pelas FOEsp congéneres. As várias tipologias de viaturas estão vocacionadas para diferentes tipos de OE. A utilização específica para cada tipo de operações não é estanque mas é algo diferenciador na forma de trabalhar das OE, contrariamente a forças convencionais, que têm uma tipologia de viaturas à sua disposição e cumpre todas as tarefas táticas com elas. A utilização de diferentes tipos de viaturas é também condicionada por vários constrangimentos, como a capacidade de projeção, a necessidade de descrição ou de regras inerentes ao TO em que atuam. Podem igualmente ser utilizadas diferentes tipologias de viaturas na mesma operação. De forma simplista as necessidades de viaturas estão associadas da seguinte forma: viaturas ligeiras de longo raio de ação para reconhecimento especial, viaturas ligeiras ou médias com proteção blindada, para ação direta e viaturas ligeiras descaracterizadas para assistência militar ou ação indireta. As viaturas ultraligeiras surgiram no seio das Unidades de OE de forma sustentada apenas nos últimos 15 anos. Numa primeira fase

Foto 2: Saída de um avião C 295 da Força Aérea Portuguesa no exercício Real Thaw 2018

eram viaturas utilitárias que estavam disponíveis no mercado civil, nomeadamente as motos 4 e as viaturas normalmente designadas por Utility Task Vehicle (UTV), que utilizam motores de moto 4 com uma carroçaria ligeiramente maior e que permitem transportarem os seus ocupantes em bancos como os carros. Foram inicialmente utilizadas no interior das bases para o transporte de pequenas quantidades de equipamento e para patrulhas de segurança e depois começaram a ser utilizadas em operações por duas grandes razões. A primeira foi a capacidade de transporte no interior de helicópteros pesados, não sendo necessário uma sling load como são transportadas as viaturas ligeiras. A técnica de sling load tem mais riscos no voo, apenas pode transportar uma viatura por aeronave e é utilizada sobretudo em grandes movimentações aeromóveis e não na inserção de pequenos grupos, como são as típicas missões de OE. A segunda razão deveu-se à tipologia de terreno do Afeganistão, que tem regiões muito montanhosas, que limita o uso de viaturas ligeiras e que com as ultraligeiras permite uma mobilidade e capacidade de carga que apenas os animais conseguiriam garantir. Estas duas grandes razões, somadas ao proliferar de competições de viaturas desta tipologia, levou os construtores a desenharem viaturas com especificações pedidas por militares, como por exemplo o aumento das capacidades de combustível e de carga. As viaturas ultraligeiras são viaturas com uma capacidade de carga

limitada e uma autonomia limitada, mas que têm uma capacidade de serem projetadas muito elevada, fruto do seu baixo peso. Têm igualmente uma capacidade de movimentação todo o terreno, que permite que sejam muito utilizadas em média montanha ou em terrenos com maior densidade de vegetação. A sua utilização é variada e flexível, tanto podem ser utilizadas como viatura de apoio, quer no apoio a um deslocamento apeado, transportando mais carga do que é possível pelos elementos apeados, quer apoiando deslocamentos motorizados servindo como batedores, ficando em posições de sobre apoio ou em pontos de vigilância dominantes. Estas viaturas têm uma configuração minimalista na sua gênese mas são extremamente versáteis na sua utilização. Esta capacidade permite que possa ser colocado qualquer tipo de carga, sistemas de vigilância do campo de batalha ou, inclusive, sistemas autónomos de deslocamento. Podem ser colocadas armas em reparos, podem transportar misseis anticarro ou morteiros que são proibitivos de transportar por elementos apeados, quer pelo peso do sistema, mas sobretudo pelo peso de munições em quantidades que são minimamente válidas a nível tático. Podem igualmente ser equipadas com sistemas de comunicações que aumentam a capacidade de comando e controlo de operações em que a maioria dos elementos vai apeada, aumentando as capacidades e quantidades de mais rádios transportados ou podem ser um meio

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mais rápido de operações de rastreamento de comunicações inimigas. São igualmente utilizadas como evacuação médica pois permitem que o ferido, depois de estabilizado, seja transportado de forma mais rápida, segura e com menor necessidade de efetivos para o próximo ponto de recolha do ferido para um hospital de campanha. A grande capacidade de carga é igualmente útil pois em vez de transportar equipamento específico mais pesado pode ser utilizada para o transporte de maior quantidade de combustível e alimentação, permitindo desta forma o deslocamento das viaturas a mais de 300 km desde o ponto de infiltração até ao local do objetivo e diminuir o risco de serem detetados comparativamente a aeronaves que têm uma maior assinatura sonora e visual. Uma das suas capacidades mais interessantes é a possibilidade de várias destas viaturas serem transportadas no interior de aeronaves, (foto2) quer aviões quer helicópteros, permitindo a colocação de um elemento tático de OE com bastante capacidade de sustentação em projeções cujo transporte de viaturas mais pesadas é inviável. É possível assim infiltrar cerca de 16 elementos e uma moto 4 em apenas um helicóptero pesado ou infiltrar 16 elementos em viaturas UTV em apenas um avião de transporte como o C-130. Esta nova capacidade permite enquadrar tarefas táticas de outra forma. É possível que o armamento disponível seja mais pesado e com mais mobilidade, permitindo a um número mais reduzido de homens isolar um objetivo maior e mais rapidamente. É possível que uma missão tenha maior extensão temporal com o aumento da capacidade de carga. É possível infiltrar uma unidade tática a maior distância do objetivo. É possível que num contacto inopinado com uma ameaça a capacidade de reação pelo fogo ser superior, através de armas em reparos, e a mobilidade acrescida permite uma maior rapidez na quebra de contacto a esse ataque e uma maior dificuldade da ameaça de alcançar a Unidade tática na fuga para um local seguro. Ao utilizar a viatura é preciso conhecer a fundo todas as suas van-

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tagens e desvantagens para que se entenda as limitações táticas na sua utilização. As limitações são várias mas a que mais se destaca é o seu baixo nível de proteção, que é limitado à proteção individual de cada elemento de OE. Outra limitação é a mobilidade, se tivermos em conta a sua capacidade todo o terreno poderemos ser levados a pensar que a viatura só tem limitações de transpor grandes ângulos e locais de vegetação densa, no entanto a transposição de cursos de água e dos diversos muros existentes nas áreas rurais e urbanas limita algumas vezes a utilização das viaturas a caminhos já existentes. A viatura tem uma assinatura sonora assinalável, sobretudo em velocidades mais elevadas e o motor tem uma assinatura térmica muito superior do que um ser humano, sendo mais fácil a sua deteção através de sistemas de visualização térmicos. A utilização cabal de viaturas táticas no CTOE tem um longo caminho a percorrer pois é uma capacidade que não existe nem na cultura nem nos procedimentos da Unidade. Existe um conjunto grande de formação e treino que é necessário conquistar, como a condução (todo o terreno, noturna, ofensiva, defensiva) ou conhecimentos de ancoragem de viaturas em aeronaves e navios, de mecânica e de procedimentos de emergência com as viaturas (como um incêndio por exemplo), entre outros. No decorrer do treino tem sido possível verificar quais os melhores métodos de transporte das

cargas e como otimizar o transporte do armamento, desde o que tem que ser imediatamente utilizado quer o que é para ser utilizado em ações específicas. A doutrina tática requer ainda mais trabalho pois terá que ser verificado qual a melhor forma de camuflar a viatura nos diversos ambientes onde ela pode ser utilizada, verificar quais os procedimentos de pequeno e grande alto e quem e como ficará a garantir a segurança das viaturas numa ação tática, qual a melhor forma de otimizar a viatura para evacuação médica, como efetuar um deslocamento da viatura ou de diversas viaturas. Falta, no fundo, a descoberta de pormenores inerentes ao seu emprego e das diversas tarefas que podem ser desempenhadas com recurso às viaturas. Este conhecimento tem sido adquirido através de treinos com forças congéneres mas sobretudo na normal tentativa erro que permite identificar lições e alterar os procedimentos. As viaturas recebidas pelo CTOE são do fabricante Polaris, fabricante de renome internacional e que possui viaturas que equipam várias forças em todo o mundo, inclusive dos mesmos modelos que equipam o CTOE. A viatura ultraligeira Polaris MV 850 é designada por TP 1 (foto3) por transportar normalmente um elemento. No entanto pode, por curtos períodos de tempo, transportar mais um elemento à retaguarda do condutor e inclusive um terceiro numa maca na sua retaguarda. A viatura dispõe de motor a 4 tempos a gasolina, com 850 cc, com 77cv de

Foto 3: Polaris MV 850


potência, 4 válvulas por cilindro e injeção eletrónica de combustível. Tem dois depósitos internos de combustível, totalizando cerca de 45 litros, um peso de 485 quilos, uma capacidade de carga de 385 quilos e uma capacidade de reboque de 680 quilos. Tem uma tomada para ligar dispositivos como GPS ou Tablet. Dispõe de um guincho frontal e tem um controlo de tração que permite tração às duas rodas ou às quatro e uma marcha atrás. É uma viatura relativamente fácil de conduzir em velocidades baixas e sem carga. No entanto em terreno mais acidentado e com carga já carece de alguma experiência do condutor. A viatura ultraligeira Polaris MRZR 2 é designada por TP 2 (foto4) por transportar normalmente dois elementos sentados na frente da viatura. A Polaris MRZR 2 pode, à semelhança da MV 850, transportar por curtos períodos de tempo mais elementos, quer à retaguarda sentados na caixa ou em bancos ou numa maca, quer lateralmente nos apoios de pés. A viatura já transportou um total de 12 militares, dois homens sentados à frente, dois homens de cada lado de pé e quatro homens e dois cães de guerra na parte de trás, numa situação pontual de retirada rápida do objetivo. A viatura dispõe de motor a 4 tempos a gasolina, com 875 cc, com 88 cv de potência. O motor é bi-cilindrico com dupla árvore de cames à cabeça, 4 válvulas por cilindro e injeção eletrónica de combustível. Tem um depósito interno de combustível de 27 litros com capacidade de transportar jerricans no exterior, um peso de 730 quilos, uma capacidade de carga de 453 quilos e uma capacidade de reboque de 680 quilos. Tem duas tomadas para ligar dispositivos como GPS ou Tablet. Dispõe de um guincho frontal e tem um controlo de tração que permite tração às duas rodas ou às quatro e uma marcha atrás. À semelhança da Polaris MV 850 é uma viatura relativamente fácil de conduzir em velocidades baixas e sem carga, sendo semelhante às viaturas civis da mesma tipologia não tem uma performance tão desportiva como as viaturas civis do mesmo fabricante mas é possível

u m a condução com prestações muito boas em todo o terreno se não tiver carga. Em terreno mais acidentado e com carga a experiência do condutor é ditadora para se conseguir boas performances. Esta viatura tem uma enorme potencialidade de progressão visto que é utilizada por várias forças em todo o mundo que estão constantemente a pedir ao fabricante mais acessórios, reparos de diferentes armas ou outras características que potenciam o seu uso.

Conclusão A capacidade de mobilidade tática é uma novidade no CTOE, necessitando de treino, dedicação e experiencia para que se potencie e se desenvolva (foto5). É necessário igualmente desenvolver uma cultura de utilização de viaturas, como

Foto 4: Polaris MRZR 2

do restante equipamento do combatente, sendo que a viatura é um sistema muito mais complexo e mais dependente de uma boa manutenção do que os restantes equipamentos. O aumento da sustentação que as viaturas permitem a elementos de OE irá aumentar a sua capacidade de combate ao possibilitar o transporte de mais carga, que se traduz em mais munições, armas mais pesadas, mais víveres, mais baterias e maior quantidade de equipamento essencial. Perspetiva-se para breve trecho a colocação no CTOE de mais viaturas ultraligeiras e viaturas ligeiras com características próprias para missões de OE mas foram estas as primeiras viaturas táticas de OE que o CTOE recebeu durante os seus 57 anos de história.

Foto 5: Exercícios internos da FOE (Foto de Centro de Audiovisuais do Exército)

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Miguel Gameiro Cap Inf

KASOTC na Jordânia

Militares da Força de Operações Especiais participam na 10th Annual Warrior Competiton Militares da Força de Operações Especiais (FOE), participam pela primeira vez e representam Portugal na décima edição da Annual Warrior Competition (AWC), no King Abdullah II Special Operations Training Center (KASOTC). Esta competição decorreu em Amã, na Jordânia, entre os

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dias 29 abril a 07 maio de 2018. O KASOTC é um centro de excelência com elevado avanço tecnológico, especificamente para o treino de Forças de Operações Especiais, com a combinação de formação, formadores e infraestruturas para o desenvolvimento das Operações Especiais e treino das suas forças. A AWC ocorre anualmente, desde a criação do KASOTC em 2009 e tem como objetivo testar os seus participantes até ao limite num conjunto de provas e desafios ao nível físico, psíquico e técnico e sempre recriando situações táticas, procurando expor fraquezas e pontos fortes das equipas para correção e fortalecimento de falhas e troca de conhecimento entre as diver-

sas equipas, fomentando também o espírito de corpo e a criação de laços entre as diversas equipas. Nesta décima edição, participaram 28 países com 40 equipas de Forças Operações Especiais, Unidades Anti-Terrorismo e Unidades de Forças Especiais Policiais. Os militares portugueses apuraram-se para a fase final da competição (onde só eram apurados as 15 melhores classificadas) e obtiveram o 11º lugar no final da competição. O trabalho e esforço desenvolvido durante a competição foi observado e realçado pelos responsáveis da competição e pelas demais nações presentes, elevando o nome de Portugal e referindo que os seus militares seguem e praticam valores como a Honra, Justiça, Camaradagem, Espírito de Sacrifício e Camaradagem e claramente irão ser convidados a participar na próxima edição.


O Quartel-General de Operações Especiais da NATO Relato de uma experiência Este artigo de opinião pretende divulgar uma experiência profissional, na qualidade de elemento integrante do Quartel-General de Operações Especiais da NATO (NSHQ), entre julho de 2014 e agosto de 2017. Considerando as questões de segurança da informação, o conteúdo deste artigo é do domínio público e apenas reflecte a opinião própria do seu autor.

Contexto histórico

A intenção de integrar no seio da NATO uma estrutura permanente para as Operações Especiais foi formalmente anunciada na Cimeira de Riga, em novembro de 2006, na qual, os Chefes de Estado e do Governo decidiram implementar a designada Iniciativa de Transformação das Forças de Operações Especiais (SOF) da NATO (NSTI). Em junho de 2007 era então criado o Centro de Coordenação de Operações Especiais da NATO (NSCC), por Memorando de Entendimento

Paulo Roxo TCor Inf

(MoU), co-localizado com o Comando Aliado para as Operações (ACO – SHAPE, no Reino da Bélgica), sendo os Estados Unidos da América a Framework Nation (FN) desta organização, que seria sempre comandado por um Tenente-General americano, Special Forces se oriundo do Exército ou Piloto Aviador de Operações Especiais, ou Vice-Almirante se oriundo dos SEAL. O MoU teve como signatários 26 países da NATO (a Islândia e o Luxemburgo ficaram de fora por razões evidentes) e 3 países parceiros permanentes

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A afirmação do NSHQ

(Áustria, Finlândia e Suécia), patrocinados pela Alemanha e Noruega, respectivamente. O NSCC embora estivesse fora da Estrutura de Comando da NATO (NCS), com tudo o que isso implica do ponto de vista legal, financeiro e dos mecanismos de tomada de decisão da NATO, era de jure e de facto o ponto focal das SOF com um âmbito de actuação e autoridade, transversal e similar às estruturas de comando existentes para as restantes Forças da NATO. Resumidamente, à época, a missão do NSCC era de promover e coordenar o desenvolvimento e a edificação da capacidade SOF dos países da NATO e aliados; e, providenciar o aconselhamento estraté-

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gico para a geração e emprego das SOF na condução de operações da NATO. É relevante salientar que o NSCC foi reconhecido, pelas entidades competentes nesta matéria, como custódio para todas a publicações, manuais e demais documentos relacionados com a doutrina, táticas, técnicas e procedimentos (TTP) de Operações Especiais da NATO. O mecanismo de revisão e promulgação destes documentos, genericamente falando, foi desenhado para ser coerente com o processo interno de lições aprendidas e verificação em contexto operacional, portanto, muito mais rápido, dinâmico e flexível que o processo estabelecido para as restantes publicações da NATO.

Imediatamente após a sua implementação, a importância e a credibilidade do NSCC foram sendo reconhecidas por todas as entidades políticas e militares da NATO. Sustentada por um MoU muito robusto, pela quantidade de signatários, e flexível na sua aplicação, pela grande autonomia e autoridade conferida à FN e, como tal, à acção de comando do seu Comandante (Cmdt), esta jovem organização rapidamente se adaptou às exigências das circunstâncias e expectativa dos Países que a suportam. Colocando a SOF Network como centro de gravidade deste projeto, gradualmente foram ultrapassadas as dificuldades históricas de algum secretismo e relutância das SOF nacionais partilharem e integrarem processos comuns (de planeamento de defesa, geração de forças, emprego operacional, educação e treino, etc), ainda que sob a égide da NATO. Finalmente as SOF dos países da NATO tinham um patrono, uma referência e uma casa comum muito bem localizada na estrutura superior de decisão da NATO. Assim, através de uma revisão do MoU, prevista e como sequência natural do desenvolvimento desta organização, em março de 2010 o NSCC passa a ser designado por NSHQ , com uma missão reforçada e mais abrangente. Das alterações introduzidas destacam-se duas: a criação de forma sustentada e permanente da Escola de Operações Especiais da NATO (NSOS), na Base Aérea de Chievres (cerca de 20 Km a norte do SHAPE), para uniformizar e dar resposta às necessidades de formação e treino individual de Operações Especiais ao nível operacional e estratégico (ao nível tático poder-se-á dizer que essa tarefa está atribuída ao International Special Training Centre – ISTC, na Alemanha). A outra alteração importante é o estabelecimento de um Comando de Componente de Operações Especiais (SOCC-Core), com um núcleo inicial permanente, certificado anualmente e atribuído em Comando Operacional (OPCOM) ao SACEUR. O SOCC-Core é sempre


comandado pelo 2Cmdt do NSHQ (BGen GBR), constituído por cerca de 72 elementos do NSHQ em acumulação de funções, projetável e com uma organização à imagem do preconizado pela doutrina, nível de prontidão escalonado e gradual, compatível com as Forças de elevada prontidão da NATO.

A experiência pessoal A única posição atribuída a Portugal, num total de cerca de 200 posições, está integrada na NSOS em Chievres, designadamente, no Operational Studies Branch / Education / DCOS Education and Doctrine / NSHQ. De acordo com o Job Description, as principais funções eram: atuar como Director de Curso a fim de coordenar, ministrar e gerir um ou mais cursos; integrar a doutrina NATO e NATO SOF, assim como as lições aprendidas em operações, no desenvolvimento e desenho curricular dos cursos; estar pronto para ser projectável para qualquer Teatro de Operações (TO) onde actualmente decorrem missões NATO e/ ou fazer parte do Comando de Componente de Operações Especiais do NSHQ , designado por SOCC-Core. Após a apresentação no NSHQ , e depois de cumprir com o pacote de formação e treino obrigatório para todos os recém-chegados, foi-me atribuída a responsabilidade de ser o Director de Curso do SOCC Joint Operations Centre (JOC) e coadjuvar o SOCC Planning Course e o SOCC Staff Course, conforme necessário. Durante os três anos da comissão foram formados mais de 250 Oficiais e Sargentos no SOCC JOC Course. Em acumulação com as funções na Escola, fui nomeado pelo Cmdt do NSHQ como membro do SOCC-Core na função de JOC Battle Space Manager, para o biénio

2015/2016 (um ano em preparação e um ano em prontidão). No entanto, o início desta experiência profissional no NSHQ ficou associado à Cimeira de Gales, em setembro de 2014. Entre muitas decisões importantes que foram tomadas, para a NATO como um todo e até mesmo para os países do ponto de vista do compromisso financeiro e prontidão das Forças, com impacto para o NSHQ destacam-se duas: foi declarada a Full Operational Capability (FOC) do SOCC-Core e a disponibilidade em “operacionalizar” o NSHQ. Relativamente à primeira, o Cmdt do NSHQ decidiu validar a FOC então declarada, solicitando que o SOCC-Core fosse certificado em contexto de exercício na forma LIVEX e do tipo Command Field Exercise (CFX). Pela primeira vez a NATO iria projectar um Comando de Componente de Operações Especiais, neste caso para a Estónia, integrado no Exercício TRIDENT JAGUAR 2015. Sobre a “operacionalização” do NSHQ , a consequência imediata desta iniciativa traduziu-se num processo de restruturação interna, conferindo-lhe uma organização mais aproximada de um Comando de Componente. De igual forma, e uma vez falhada a atribuição a um país a responsabilidade em estabelecer o Comando de Componente de Operações Especiais da eNRF 2017, o NSHQ assumiu esse compromisso em finais de 2015. Foi um desafio enorme, em várias dimensões e com reflexos no trabalho diário da NSHQ , nomeadamente na Escola. No que ao manning diz respeito, o SOCC-Core teve que ser reforçado em cerca de 50 mili-

tares vindos dos países, por forma a cumprir com os requisitos mais exigentes da eNRF. Estes augmentees não estavam colocados no NSHQ de forma permanente, mas foram convocados em vários momentos para cumprir com o programa de preparação e prontidão definido para a eNRF. Portugal contribuiu para este esforço do NSHQ com três militares, dois Sargentos de Operações Especiais do Exército vindos da Célula de Planeamento de Operações Especiais (CPOE) e um Oficial controlador aéreo avançado (FAC) da Força Aérea Portuguesa.

Desafios do NSHQ Para além do problema da falta de pessoal, que é muito pertinente, o NSHQ está a ser confrontado com vários desafios, normais num processo de consolidação e afirmação. Gostaria de destacar dois, pela sua relevância e atualidade, relacionados com a área das Operações e com a área da Formação e Treino. A NATO está neste momento a desenvolver estudos tendo em vista ajustar e adaptar a sua estrutura de comando, e julgo que a Cimeira de Bruxelas, em junho próximo, trará novidades neste domínio. Neste âmbito, e à semelhança do SHAPE por exemplo, está a ser analisado qual o papel que o NSHQ deve ter num cenário de conflitualidade mais bélico, e que até há bem pouco tempo era considerado pouco provável. Na atual conjuntura internacional, é prudente considerar-se um cenário de Artigo 5.º, de Major Joint Operations reforçadas (MJO+),

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área do ACO) com autoridade para definir os requisitos e as capacidades operacionais. As únicas excepções a esta regra, são precisamente as Operações Especiais e as Operações Nucleares. No caso das Operações Especiais, é o NSHQ que integra e concentra as competências das duas entidades, pois, tem um encargo operacional permanente e relevante, e a Escola de Operações Especiais que irá certamente liderar todo este processo.

Conclusões

vários TO em simultâneo, ou, numa designação nova para fazer face ao conceito do modelo russo de Guerra Híbrida, Comprehensive All Domain Operations (CADO). É para este cenário que se deve equacionar o papel do NSHQ , enquanto estrutura de comando de nível estratégico. No âmbito da Formação e Treino, o maior desafio designa-se por Global Programming. Este projeto transversal pretende criar sinergias entre as ofertas existentes e os requisitos operacionais das Forças

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para operações. Neste contexto, a NATO sistematiza e agrupa todas as suas atividades em 29 disciplinas diferentes. Estas podem ser tão distintas como: Operações Especiais, Nucleares, Terrestres, etc… ou Questões de Género nas Operações Militares, Finanças, StratCom, etc… Para cada uma destas disciplinas, a NATO define um Department Head (na área do ACT) com autoridade para tutelar os currículos e sincronizar todas as ofertas existentes; e um Requirements Authority (na

As Operações Especiais da NATO estão num processo de afirmação crescente e incontornável, não para competir com outras áreas de atuação e respetivas Forças, mas para providenciar opções supletivas e diferenciadas aos decisores. Muito mais haveria a dizer sobre esta experiência, no entanto, fica o essencial e o possível de ser divulgado. O cargo em apreço neste artigo é rotativo entre a Marinha e o Exército, sendo neste momento ocupado por um distinto e reconhecido antigo Cmdt do Destacamento de Ações Especiais da Marinha Portuguesa.


José Lima SCh Inf

O Sargento de Operações Especiais do Exército Português

O

Um curso de uma exigência física e psicológica, acima da média, que requer uma vontade férrea capaz de aguentar a dureza, a rusticidade e todo o tipo de contrariedades que uma formação deste tipo exige.

Sargento do Exército Português, deve estar munido de todas as capacidades (skills) que o capacitem e habilitem para o cabal cumprimento das suas funções, sejam elas, de carácter operacional, administrativo, logístico ou de formação, pelo que, deve socorrer-se de todas as ferramentas à sua disposição, para que, a missão seja executada no patamar de excelência. O Sargento de operações especiais, tem na sua formação base, em operações especiais, no Batalhão de Formação, um curso de uma exigência física e psicológica, acima

da média, que requer uma vontade férrea capaz de aguentar a dureza, a rusticidade e todo o tipo de contrariedades que uma formação deste tipo exige. Sargento qualificado em várias valências de operações especiais, as quais serão colmatadas e reforçadas aquando da sua passagem para o encargo operacional, na Força de Operações Especiais (FOE), onde vai continuar a sua formação, enriquecendo-a, tornando-o num militar de elite, ao mais alto nível, com qualificações, que vão desde a execução de uma infiltração em salto de para-

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quedas de abertura manual até à capacidade de atirador sniper. Para ser Sargento de operações especiais não é necessário ser especial, talvez diferente, na vontade e no valor, que lhe permitem aguentar e suportar a exigência e a

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complexidade da sua contínua formação, ombreando as suas capacidades ímpares com o moderno equipamento e armamento existente na FOE, que o tornam num especialista de excelência, no seio do nosso Exército. No entanto como especialista

não deixou de ser comandante de homens, continuando a ser uma peça fulcral e fundamental no cumprimento das missões atribuídas, sejam elas, de âmbito operacional ou de formação, que se vão tornando cada vez mais criteriosas, complexas e de repercussões a vários níveis, quer de carácter tático, operacional ou estratégico, continuando o Sargento de operações especiais a servir de charneira, constituindo-se como elo fundamental, preponderante e conciliador na hierarquia militar. Na FOE, o Sargento de operações especiais é um especialista no seio da Unidade Tarefa (Task Unit), que se transcende, tornando-se numa referência de bem fazer, num agregador de consensos e num facilitador, apoiando o seu comandante em todo o processo de decisão.


Para ser Sargento de operações especiais, não é necessário ser especial, talvez diferente, na vontade e no valor, que lhe permitem aguentar e suportar a exigência e a complexidade da sua contínua formação, ombreando as suas capacidades ímpares com o moderno equipamento e armamento existente na FOE, que o tornam num especialista de excelência, no seio do nosso Exército.

No Batalhão de Formação, o Sargento formador concilia o conhecimento e a experiência adquirida, com o intuito de elevar e humanizar uma formação dura e exigente, sem, contudo, perder o seu cariz especial e peculiar tão próprio desta especialidade. Além de possuir uma formação sólida, o Sargento de operações especiais deve primar por uma inteligência emocional acima da média, não só pelo seu posicionamento intermédio na hierarquia militar, mas acima de tudo, por pautar toda a sua conduta pelo exemplo, sendo uma referência para todos os militares, tornando-se desse modo, no garante da estabilidade e do equilíbrio, contribuindo assim, de uma forma simples, mas eficaz, para que o bom ambiente prevaleça e o êxito coletivo aconteça.

A disponibilidade e a entrega no cumprimento da missão, sempre foram apanágio do Sargento de operações especiais, tantas vezes, em prejuízo da sua própria vida pessoal e familiar. O Sargento de operações especiais está sempre pronto, porque a sua formação e o seu contínuo treino operacional assim o permitem, estando disponível para ser empregue individualmente em cargos ou integrado em forças de operações especiais constituídas, nos diversos teatros de operações. Elemento fundamental e estruturante no seio das operações especiais e no Exército Português, é hoje, e continuará a sê-lo no futuro, um digno representante, carregando na sua mochila o legado deixado pelos camaradas, Sargentos de operações especiais, que já tombaram, e aqui, neste Centro de Tropas de Operações Especiais gritaram “RANGER”.

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Militares da UTOE (PRT) e da UTOE (LTU) “TAUROS”, durante um treino de MOUT (Military Operations In Urban Terrain)

Ricardo Horta Cap Inf Pedro Miranda Cap Inf

Assurance Measures Participação da FOE

O Conselho Superior de Defesa Nacional, na sua reunião de 06 de dezembro de 2016, deliberou dar parecer favorável à contribuição de Portugal para as Assurance Measures (AM), em 2017, resultando assim a Diretiva N.º 61/CEMGFA/16, de 21 de dezembro de 2016, que estabelece o empenhamento das Forças Armadas para 2017, no âmbito das Forças Nacionais Destacadas (FND). Na Diretiva Operacional N.º 15/ CEMGFA/17, o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) atribui meios do Exército à participação nesta missão ficando definido que Portugal participa, no âmbito terrestre, num período de quatro meses com um Contingente Nacional (CN) com cento e quarenta militares na Lituânia.

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A missão da FND/AM/Lituânia 2017 consistiu em conduzir ações de treino e participar em Exercícios Combinados, com as Forças Armadas da Lituânia e outros países aliados

Ficou determinado que o CN é constituído por uma Companhia de Atiradores Mecanizada (CAtMec), sendo a Unidade aprontadora o Regimento de Infantaria 14, e uma Special Operations Land Task Unit (SOLTU) sendo, a Unidade aprontadora o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Estas duas forças ficavam instaladas em diferentes locais operando em Comandos Militares Lituanos diferentes. A missão da FND/AM/Lituânia 2017 consistiu em conduzir ações de treino e participar em exercícios combinados, com as Forças Armadas da Lituânia e outros países aliados, no período de 29 de maio a 29 de se-


tembro de 2017, a fim de reforçar o efetivo de forças terrestres da NATO presentes na Lituânia, no quadro das AM. A projeção do material, foi efetuada por via marítima a partir do porto de Leixões e ocorreu no final de maio, tendo a projeção do pessoal sido por via aérea através do aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa. A SOLTU do CTOE foi projetada para o Teatro de Operações (TO) na Lituânia, com a finalidade de conduzir ações de treino e participar em exercícios combinados com a Componente de Operações Especiais Lituanas e outros países aliados, a fim de reforçar o efetivo de forças terrestres da NATO presentes na Lituânia, no quadro das AM. A SOLTU foi constituída por uma célula de Comando e duas subunidades, concretamente uma Unidade Tarefa de Operações Especiais e uma Unidade de Apoio de Combate. Durante a permanência no TO da Lituânia, a SOLTU desenvolveu

treinos de natureza combinada e participou em exercícios multinacionais que decorreram nesse período.

Militares da UTOE (PRT) durante a demonstração de capacidades aquando da visita de Sª. Exª. Sr. Presidente da República Portuguesa

Militares da UTOE (Prt) e da UTOE (Ltu) “TAUROS”, durante um treino de CQB (Close Quarter Battle)

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Formação de Combate Corpo a Corpo e Defesa Pessoal Militar

Na área do treino cruzado, conduzido maioritariamente com os Operacionais do Vytautas the Great Jaeger Battalion, os objetivos de treino levantados focaram-se essencialmente em quatro ambientes distintos: Urbano; Aquático; Aéreo e Montanhoso. Inserido em cada um dos ambientes, foram treinadas de forma sistemática algumas áreas nas quais atualmente se identificam como es-

senciais, nomeadamente: MOUNT (Military Operations in Urban Terrain); CQB (Close Quarter Battle); Tiro Tático (Pistol Combat and Rifle Combat); Tiro de Precisão (Sniper); CQC (Close Quarter Combat/Hand-to-Hand Combat); EOD (Explosive Ordnance Disposal); Queda Livre Operacional; Mergulho de Combate; Operação com KAYAK e Botes; TCCC (Tactical Combat Casualty Care) e Comunicações.

Tratando-se de treino conjunto, algumas das áreas foram da responsabilidade da força portuguesa e outras áreas da responsabilidade da força lituana. Tentou-se assim dar prioridade à nação que melhor podia rentabilizar o treino, tendo por base, a especialização individual dos operacionais e também a sua experiência em TO onde desempenharam funções específicas, retirando dessa experiência o maior número de lições aprendidas. Na área dos exercícios multinacionais, a SOLTU participou no exercício de grande dimensão, Exercício “IRON WOLF”, que teve como finalidade avaliar e treinar as SPECIAL OPERATIONS FORCES (SOF) no planeamento e na condução de Operações Especiais, bem como

Militares da UTOE (Prt) e da UTOE (Ltu) “CATFISH”, durante treino noturno em ambiente aquático

Militares da UTOE (Prt) e da UTOE (Ltu) “CATFISH”, durante treino noturno em ambiente aquático

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Militares da UTOE (PRT), durante exercício “IRON WOLF”.

melhorar o nível de interoperabilidade entre forças multinacionais congéneres, tendo como linhas de orientação: avaliar e treinar as SOF no planeamento e na condução de Reconhecimento Especial, nomeadamente, avaliação do objetivo e da ameaça. Neste exercício a SOLTU operou com forças congéneres, concretamente, lituanas e americanas, onde foram constituídas Forças de Tarefa Multinacionais. Por último, já na fase final da missão, a SOLTU planeou, conduziu e executou o Exercício “ÉREBOS SWORD”, que teve como objetivo a partilha de experiências em Operações Irregulares e desenvolver relações entre os militares de Operações Especiais portugueses, lituanos, ingleses e americanos. Todos os objetivos levantados, aquando da fase de planeamento para a missão, foram concretizados,

tendo as forças intervenientes estabelecido relações profissionais, facilitando deste modo o trabalho desenvolvido ao longo dos quatro meses no TO da Lituânia. A retração desta força ocorreu em 29 de setembro de 2017.

A SOLTU participou no exercício de grande dimensão, Exercício “IRON WOLF”, que teve como finalidade avaliar e treinar as SPECIAL OPERATIONS FORCES (SOF) no planeamento e na condução de Operações Especiais 73


O capelão do CTOE António Loureiro TCor SAR

Capelania Militar ou Serviços de Assistência Religiosa 1. ENQUADRAMENTO LEGAL O Decreto-Lei nº 251/2009, de 23 de setembro, estabelece a regulamentação da assistência religiosa nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, em concretização do disposto no artigo 17º da Concordata, de 18 de maio de 2004, celebrada entre a Santa Sé e a República Portuguesa e, quanto às demais confissões religiosas, no artigo 13º da Lei da Liberdade Religiosa, aprovada pela Lei nº 16/2001, de 22 de junho. Em boa verdade, e nos termos da Concordata, a República Portuguesa garante à Igreja Católica “o livre exercício da liberdade religiosa através da assistência religiosa católica aos membros das Forças Armadas e de Segurança que a solicitem e, bem assim, através da prática dos respectivos actos de culto”. Por outro lado, a Lei da Liberdade Religiosa estabelece que a qualidade de membro das Forças Armadas e de Segurança não impede “o exercício da liberdade religiosa, nomeadamente do direito à assistên-

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O CAPELÃO MILITAR POSICIONA-SE, ANTES DE MAIS, COMO UM COMPANHEIRO, COMO UM AMIGO E COMO UM CONFIDENTE.

Crentes ou não crentes, todos vão ganhando a certeza de que Alguém passa nas suas vidas através dessa disponibilidade.

cia religiuosa e à prática dos atos de culto”, devendo o Estado, com respeito pelo princípio da separação e de acordo com o princípio da cooperação, criar “as condições adequadas ao exercício da assistência religiosa nas instituições públicas”. Ora o Decreto-Lei nº 93/91, de 26 de fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei nº 54/97, de 06 de março, regulou o Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas e estabeleceu que a assistência religiosa nas Forças Armadas seria prestada dentro do espírito de liberdade de consciência garantido pela lei e que o serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas deveria ser extensivo, através de ministros próprios e em condições a estabelecer, aos militares das diferentes confissões e comunidades religiosas.


2. O SEU SIGNIFICADO Talvez poucos saibam, mas será interessante saber que «capelão» — como «capela» — vem de «capa». Trata-se da célebre «capa» que São Martinho repartiu com um mendigo. O gesto celebrizou-se de tal maneira que a metade da capa que lhe restou (denominada «cappella», isto é, «capinha») foi guardada num oratório. Este, segundo alguns, foi mandado construir por Carlos Magno. Sucede que tal oratório passou a ser chamado «capela». Com o tempo, esta palavra acabou por designar os lugares de culto de pequenas dimensões. Efectivamente, «capela» vem de «capa», mais concretamente da metade da capa de São Martinho. Esta tornou-se a relíquia mais sagrada dos reis francos, sobre a qual se faziam os juramentos. Os que a guardavam receberam o nome de «cappellani» (capelães). Portanto, os «capelães» começaram por ser os guardiães da «capa» e da «capela», onde a «capa» se encontrava.

DAÍ QUE, COMO MUITOS REFEREM, EM RELAÇÃO A DEUS, O MAIS DIFÍCIL NÃO SEJA DESCOBRI-LO, MAS ENCOBRI-LO.

3. BELEZA E OBJETIVO DA MISSÃO No fundo, está aqui incoada a missão de todo o capelão e, «a fortiori», do capelão militar. O capelão é, sem dúvida, uma espécie de guardião. É um guardião da «capa» que cobre e do que, ao mesmo tempo, deixa a descoberto. Muitas vezes, o ser humano transporta camadas vivenciais que o trazem encoberto para si mesmo. Nem ele próprio consegue conhecer-se. A autodescoberta é um caminho, mas é um caminho frequentemente ínvio, intransitável. É preciso que alguém nos ajude a «descobrir» o que nos «encobre». Já Nietzsche reconheceu que «o homem é o ser mais distante de si mesmo». E, muito antes, o genial Santo Agostinho notara ter-se transformado num «terreno de dificuldades». Por isso, orava: «Que eu me conheça, Senhor, como por Ti sou conhecido». Ele achava que o célebre «oráculo de Delfos» só tem resposta na companhia de Deus. O homem só se conhece na fonte do conhecimento. Deus é, pois, a resposta para toda a pergunta, Deus é o horizonte para todo o questionamento. Daí que, como muitos referem, em relação a Deus, o mais difícil não seja descobri-Lo, mas encobri-Lo. É que Deus está presente na alma humana. Só que é uma presença soterrada, que o homem nem sempre é capaz de advertir. Muitas são as vezes em que andamos distantes do que é mais próximo e mais próximos do que é distante.

Neste quadro, o capelão militar posiciona-se, antes de mais, como um companheiro, como um amigo e como um confidente. É um companheiro que partilha a vida militar. Procura estar onde os militares estão. Acompanha as suas atividades, perscruta os seus estados de alma e, na medida do possível, vai entrando na sua interioridade mais funda. Torna-se, então, um amigo que vai ao encontro e que se deixa encontrar. Procura aproximar-se daqueles que poderão estar em maior aperto ou dificuldade. E acolhe os que solicitam uma abordagem para uma conversa. São «pedaços de vida» que ficam para sempre guardados nos ouvidos e mantidos no coração. Se, tantas vezes, o capelão é conferente através das suas palavras, outras vezes torna-se o confidente através do seu silêncio, da sua escuta e da sua disponibilidade. O importante é que todos saibam — e sintam — que o capelão está onde está o militar. Que pode contar com ele: com a sua palavra e com o seu silêncio. Crentes ou não crentes, todos vão ganhando a certeza de que Alguém passa nas suas vidas através dessa disponibilidade. Deus passa, quase sempre, discretamente pela nossa vida. Sem o saber, é Ele que está ao «comando» das mais diversas «operações» da nossa existência. Sempre ao dispor, o capelão militar é de todos um humilde servidor!

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O médico do CTOE Rafael Pombo Maj MED

O Oficial Médico na formação dos novos quadros das Operações Especiais Fazendo uma análise do meu percurso como médico, nestes quase vinte (20) anos de atividade, olho para trás com um orgulho imenso de um dia ter tomado a decisão de enveredar por uma carreira militar. Ortopedista e traumatologista de formação, tive a sorte e a oportunidade de desenvolver sempre a minha atividade clínica em ambiente operacional e de treino das chamadas Forças Especiais do Exército, aliando a mesma ao treino médico e cirúrgico a que a minha especialidade obriga. Integrado na Brigada de Reação rápida, cumpri cinco (5) anos completos numa das três grandes Unidades do Exército Português (EP),

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constituída por forças de elevada prontidão, rápida reação e de fácil projeção, onde me senti sempre útil e um elemento fundamental na formação dos novos militares destas Forças Especiais. Como TEN MED fui nomeado como Oficial Médico na reativação do curso de Comandos (100º curso CMDS, após 10 anos de interregno) onde tive a minha primeira experiência numa Unidade de elevado empenho operacional. Após esta experiência, servi uma vez mais o Exército Português no teatro de operações (TO) de Timor-Leste (onde tive o primeiro contacto com as operações especiais). Mas foi no Centro de Tropas de Opera-

ções Especiais (CTOE) onde vivi os mais marcantes momentos da minha vida militar. Senti-me, desde o primeiro momento, extremamente bem-recebido e respeitado, numa Unidade constituída por gente humilde, extremamente profissional, com um espírito de bem servir notável e de uma resiliência extraordinária. No decurso do ano de 2011 (ano em que ocorreu a captura de Osama Bin Laden, justamente por uma força de operações especiais), fui promovido a MAJ MED no campo, mais concretamente na Barragem do Vilar1, onde decorria a prova es1 Local mítico na formação dos militares de operações especiais e onde decorre a PE3, designada por “Dureza 11”, a qual se constitui, por norma, no momento mais marcante dos COE.


pecial n.º 3 (PE3) do 2.º Curso de Operações Especiais (COE) de 2011, pelo então Comandante do CTOE, Coronel de Infantaria Gomes Teixeira, sendo o 2.º Comandante o atual Comandante do CTOE, Coronel de Infantaria Valdemar Lima. Momento inesquecível, porque único, na carreira de um oficial médico do EP. Tendo sempre consciência de que a minha função era de extrema importância, contei sempre com a elevada competência e experiência dos enfermeiros do CTOE, ALF TS OE Maravilha e ALF TS Cardoso que, por estarem em permanente contac-

to com os militares e trabalhadores civis do CTOE, me ajudaram sempre a garantir a estabilidade emocional e física destes profissionais. Para que exista no Exército Português uma força especial como a dos “Rangers de Lamego”, é necessária uma seleção criteriosa dos candidatos a nível físico, psicológico e também emocional, na qual o médico e restantes profissionais de saúde assumem particular relevância. Esta seleção é indispensável visto ser o “core” do CTOE a formação de militares com capacidade de conduzir operações não convencionais,

sob forte carga emocional, física e psicológica em qualquer TO e sob quaisquer condições meteorológicas. Os cursos de OE encerram, per si, algum risco, minimizado pelo estrito cumprimento dos referenciais de curso, mas nunca considerado desprezível. É no decorrer dos COE (COEQP, COCFO/CFS RV/RC, COEP RV/RC), nomeadamente nas provas especiais, que o papel do médico assume maior importância, pois pode depender da avaliação deste a continuidade ou o abandono do curso, por parte dos candidatos. É durante estas provas que o senso clínico, aliado à experiência dos instrutores, assume particular relevância, no intuito de passados 3 ou 6 meses se virem a obter militares de elevada proficiência e rentabilidade ao serviço do País. Estou certo de que, findo o meu tempo de permanência no CTOE, ficarei sempre “deslocado”, tal é o apreço que tenho por esta Unidade e pelas suas gentes. Termino, em jeito de conclusão, olhando para trás com o orgulho do dever cumprido, esquecendo os dias e as noites de algum desconforto nas mais de 10 semanas “Dureza” que cumpri ao serviço do CTOE, longe da minha família, mas junto daquela que considero a minha segunda família, os “Green Berets” de Lamego, com os quais convivi durante quatro (4) anos. A todos o meu muito obrigado e até sempre!

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O militar de Operações Especiais pondera conscientemente todas as suas decisões, não voltando nunca a cara ao perigo

O militar de Operações Especiais orgulha-se da dignidade da sua missão, devotando-se a ela com entusiasmo e abnegação

O militar de Operações Especiais está sempre pronto porque sua razão o impõe e a sua preparação o permite

O militar 78 de Operações Especiais supera-se constantemente pela sua firme vontade e pelo seu indómito valor


OPERAÇÕES ESPECIAIS homem

Equipamento

Treino

“Qve os mvitos, por ser povcos, nam temamos”

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de Jaime Clemente Av. D. Egas Moniz 1, 5100-196 Lamego 254 656 038



Cheio de Deus, não temo o que virá, Pois venha o que vier, nunca será Maior do que a minha alma.

OPERAÇÕES ESPECIAIS

Hermínio Lopes

Fernando Pessoa


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