PONTO DE
REUNIÃO REVISTA DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS DO EXÉRCITO
2020
ÍNDICE Atividades do CTOE ..................................................................04 - 49 Militares portugueses integram equipa de assessoria e treino no Mali........................................................... 52 As Operações Especiais do Exército Português em operações combinadas no TO do Iraque..............................56 O Módulo de Segurança da Branch School Advisory Team...........................................................61 A Ameaça Híbrida: Do Engodo Conceptual à Realidade da Resposta.....................................................................65 Formação de Sobrevivência, Evasão, Resistência e Extração e Personnel Recovery....................................................68 Resgate em montanha......................................................................... 73 Exercício FLINTLOCK 2020............................................................... 77 Missão de Verificação das Nações Unidas na Colômbia (UNMV)...........................................................................82
CENTRO DE TROPAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
A importância do combate corpo a corpo no desenvolvimento da capacidade de combate do soldado moderno............................................................................86 Saudação do Capelão..........................................................................94 As novas viaturas do CTOE URO VAMTAC ST5 SOF.......................................................................96 A Covid-19 junto de si .........................................................................99
Ficha Técnica Título: Ponto de Reunião | Propriedade: Centro de Tropas de Operações Especiais - CTOE | Direcção: Cor Inf Raul José Felisberto Matias | Coordenação Geral: CTOE | Fotos: CTOE | Colaboradores: Militares do CTOE | Design Gráfico: P. Hermínio Lopes | Produção: Empresa do Diário do Minho, Lda. | Tiragem: 500 Ex.
EDITORIAL PRn 2020 O COMANDANTE Raul José Felisberto Matias COR INF
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ste ano de 2020 foi e continua a ser um ano atípico. Muitas foram, são e serão as restrições decorrentes desta grave situação que todos nós vivemos, provocada pela pandemia do COVID 19. Contudo, “A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na sua capacidade de lidar com eles”. Este pensamento de Albert Einstein aplica-se à postura desta Unidade, quer na resposta aos diversos desafios e constrangimentos do dia-a-dia, quer na sua proatividade contínua no cumprimento da missão do CTOE. A presente revista “Ponto de Reunião” insere-se neste empenhamento, dando continuidade ao retomar da sua publicação há alguns anos atrás, reconhecendo por isso aqueles que contribuíram para que isso fosse possível, assim como a todos os patrocinadores e amigos. Ao invocar-se este ano o 60º aniversário da nossa Unidade, não foi possível celebrar as festividades habituais na nossa casa-mãe, em Lamego, com toda a família de Operações Especiais, devido às restrições da pandemia. Apesar desta limitação e na perspetiva de que “melhores dias virão”, elaboramos um vídeo para celebrar o nosso aniversário e relembrar essa data festiva, divulgando as principais atividades deste ano que passou (link: https:// www.facebook.com/watch/?v=740155600088513). No entanto, após mais um ano de vida, o CTOE cumpriu! Foi um ano verdadeiramente intenso, único, pleno de desafios a todos os níveis, abrangendo todas as áreas orgânicas da Unidade, sem exceção. Apesar dos constrangimentos de escassez de pessoal, essencialmente Praças das especialidades, o CTOE conseguiu responder com sucesso em todas as frentes, apesar da sobrecarga de empenho dos militares e trabalhadores civis que servem na Unidade. As várias frentes foram na verdade intensas e desafiantes, com os vários cursos ministrados aos nossos militares e a militares de forças nacionais em aprontamento, com o nosso empenhamento operacional aquém e além-fronteiras (Afeganistão, Iraque, Mali, RCA, Angola), com o apoio no âmbito do Plano de Apoio Militar de Emergência do Exército em missões de Proteção Civil. Foram também múltiplas e diversas as atividades da vida corrente da Unidade, bem como as várias visitas de Altas Entidades à nossa Unidade, como foi a visita de S. Exa. o Presidente
da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, a visita de S. Exa. o Ministro da Defesa Nacional e mais recentemente, a visita de S. Exa. a Secretária de Estado da Defesa. Em todos os momentos, o CTOE cumpriu com humildade, abnegação, profissionalismo e espírito de bem servir. Nós temos um rumo. O CTOE continua a contar com todos vós, sem exceção e a pedir-vos todo o vosso esforço e dedicação, continuando o caminho e a honrando o legado que nos deixaram, para que outros se venham a orgulhar de nós. O vosso esforço dia a dia, nem sempre reconhecido na sua verdadeira dimensão, trabalhando afincadamente para que a Unidade consiga honrar os seus compromissos, a vossa juventude e a vossa alegria contagiante frente às dificuldades, têm sido determinantes para o cumprimento da nossa missão. Aproveito este momento para, em jeito de despedida, dizer que o cargo de Comandante do CTOE constituiu para mim uma elevada honra, um estimulante desafio e uma gratificante responsabilidade. Faço-o, com o espírito de serviço e sentido de missão que sempre me animaram ao longo da vida militar que voluntariamente escolhi. Considero por isso uma honra e um privilégio poder dizer-vos estas palavras como vosso Comandante: Sinto um profundo e sincero orgulho em fazer parte desta família militar, que vem desenvolvendo o seu trabalho com determinação, com lealdade, com generosidade, com discrição e, acima de tudo, com humildade. Só desta forma contribuiremos para engrandecer sempre e mais o Centro de Tropas de Operações Especiais e, por consequência, o Exército, as Forças Armadas e Portugal. Obrigado, sem exceção, pelo vosso esforço, dedicação e lealdade. 3
1º SEMINÁRIO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
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CTOE organizou o 1º seminário de Operações Especiais (OE), o qual decorreu na cidade de Lamego no dia 12 de junho de 2019 e que contou com a presença de Oficiais e Sargentos OE do QP que servem noutras U/E/O do Exército Português e das Forças Armadas Portuguesas, bem como da maioria dos militares do QP que servem no CTOE. Durante a manhã foram realizadas algumas palestras para dar a conhecer a atualidade e perspetivar o futuro do CTOE e das Operações Especiais, designadamente: Visão geral do CTOE – passado, presente e futuro; Lições apreendidas do Módulo de Segurança da BSAT/RSM/AFG; A SOAT/ RSM/AFG como o grande desafio do CTOE; e o CTOE por terras de África na MTT/EUTM Mali. Depois de um almoço convívio na Messe de Oficiais, e já no período da tarde, decorreu uma exposição de material da Força da Operações Especiais (FOE), seguindo-se uma visita às futuras instalações do CTOE no aquartelamento de Penude, terminando com uma foto de grupo junto à Bandeira Nacional deste aquartelamento. No final, foi entregue um diploma de presença a todos os militares participantes no seminário. Com este seminário o Comando do CTOE pretendeu que os militares de Operações Especiais revisitassem a casa-mãe de modo a conhecer a sua atualidade e o caminho futuro que se irá trilhar, de modo a que estes estejam atualizados e que assim sejam dignos embaixadores das Operações Especiais. É intenção do Comando desta Unidade repetir tal evento, pelo que continuar-se-á a contar com todos os militares OE para futuras missões e desafios que sejam colocadas ao CTOE.
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OPERAÇÕES ESPECIAIS PARTICIPAM NO EXERCÍCIO INTERNACIONAL JUNCTION STRIKE 19, NA ROMÉNIA
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ilitares de Operações Especiais do Exército e da Marinha participaram no exercício internacional JUNCTION STRIKE 19 (JS19), através da Célula de Planeamento de Operações Especiais/EMGFA, que decorreu de 03 a 24 junho, na Roménia. O exercício JS19 é um exercício militar das Forças Armadas romenas, apoiado pela NATO, que visa testar as capacidades das forças armadas na defesa do território nacional (de modo independente), na interação entre as diversas componentes (Terrestre, Aérea, Marítima e Operações Especiais) para a condução de operações aos diversos níveis, e na interoperabilidade com países aliados e com países da NATO. A componente de Operações Especiais tinha como objetivos verificar e certificar a capacidade de planeamento e condução de operações de um Special Operations Component Comand (SOCC), verificar a capacidade de integração e apoio da componente de Operações Especiais à componente terrestre e marítima, e garantir o treino, o mais próximo da realidade, com e entre as unidades subordinadas. Os três (03) militares portugueses (1 Exército e 2 Marinha) foram inseridos no SOCC romeno a fim de verificar a capacidade de interoperabilidade e planeamento de Operações Especiais num ambiente conjunto e combinado. Neste exercício, e unicamente na componente de Operações Especiais, estiveram presentes militares e meios de seis (06) nações (Roménia, EUA, Reino Unido, Portugal, Moldávia e Geórgia), num total de 705 militares. O JS19 permitiu a troca de experiências e conhecimentos com militares de outras nações, as quais possuem uma vasta experiência operacional na condução de operações em teatros de operações como o Afeganistão e Iraque, permitindo a Portugal retirar um saldo positivo deste exercício e esperar que continue a integrar os próximos, de modo a continuar a desenvolver o que são as capacidades de Operações Especiais e afirmar-se no meio dos países da aliança atlântica.
PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA NO EXERCÍCIO LONG PRECISION 19
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ecorreu de 09 a 21 de junho, em Espanha, o exercício “LONG PRECISION 19”, contando, pela quarta vez, com a participação de uma equipa sniper nacional, pertencente à Força de Operações Especiais (FOE) do CTOE. O “LONG PRECISION” é um exercício internacional, organizado anualmente pela Esp Airborne Brigade Commander (BRIPAC) e operacionalizado no terreno pela Companhia de Reconhecimento Avançada (CRAV). Este exercício, desde a sua génese, conta com a presença de diferentes equipas espanholas do Exército, Marinha, Força Aérea e Polícia Nacional, sendo o convite alargado a outros países e que este ano, para além da participação nacional, teve a presença da França, Itália e Estados Unidos da América, num total de quarenta (40) equipas a dois (02) elementos cada. O “LONG PRECISION 19” foi organizado tendo por base as lições apreendidas em exercícios anteriores e a atividade operacional em diferentes Teatros de Operações. O objetivo principal para este ano foi o uso de equipas Sniper médias (calibre .308 e .338) em ambiente de guerra híbrida, especialmente em operações noturnas. A participação portuguesa neste exercício demonstrou a facilidade de integração e de interoperabilidade com as restantes forças internacionais no que diz respeito à arte Sniper. Os diferentes cenários e exercícios propostos constituíram-se numa ótima oportunidade de treino, verificando-se o excelente trabalho que o Pelotão Sniper/FOE tem realizado ao longo dos últimos anos no CTOE, sendo esta a única entidade das Forças Armadas que detém o conhecimento técnico e tático sobre o emprego Sniper e o tiro de precisão. 7
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JORNADAS DE INFANTARIA 2019 NO CTOE
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ob o tema: “O impacto nas Funções de Combate dos atuais projetos de reequipamento do Exército na Seção de Atiradores”, decorreram no dia 05 e 06 de junho de 2019, no CTOE e na cidade de Lamego, as Jornadas de Infantaria 2019 (JI19). As JI19 foram organizadas no modelo Workshop, no qual, no primeiro dia e sob a direção do Exmo. Presidente da Conselho da Arma de Infantaria (PCAI) Brigadeiro-General Jorge Manuel Barreiro Saramago, discutiu-se os trabalhos desenvolvidos por cada Un a fim de serem consolidados numa única apresentação por grupo de trabalho (GT). No segundo dia das Jornadas e com o objetivo de obter uma visão holística dos “Sistemas de Combate do Soldado”, apresentou-se e debateu-se o “estado da arte” dos temas dos três GT em sessão plenária. O encerramento das JI19 iniciou-se com a chegada ao Centro de Multiusos da cidade de Lamego de S. Exa. o Diretor Honorário da Arma de Infantaria (DHAI), Tenente-General, Rui Davide Guerra Pereira, a que se seguiu uma palestra
a cargo de um Oficial convidado, Cor Claudio Sanchez Sanchez, do Mando de Adiestramiento y Doctrina do Exercito Espanhol (MADOC), sobre o tema das Jornadas de Infantaria, adequado à realidade do seu país. Com esta sequência foram apresentadas as conclusões dos trabalhos efetuados pelos GT, a que se seguiu um período de debate. As JI19 encerraram com a intervenção final por parte do S. Exa. o DHAI, TGen Guerra Pereira, que agradeceu e felicitou o CTOE pela organização das Jornadas e a todos os participantes pelo trabalho desenvolvido. O evento terminou com a realização de um almoço convívio, que teve lugar na Messe dos Oficiais do CTOE, no qual se reuniram todos os participantes das Jornadas de Infantaria 2019 num momento único da celebração da INFANTARIA. 9
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COMEMORAÇÕES DO 59ª ANIVERSÁRIO DO CENTRO DE TROPAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
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ealizaram-se entre os dias 28 e 30 de junho de 2019 as comemorações do 59º aniversário do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), as quais celebram a criação do Centro de Instrução de Operações Especiais em 16 de abril de 1960, por Decreto-Lei. O momento mais alto das comemorações decorreu no dia 30 de junho com a Cerimónia Militar Comemorativa, a qual foi presidida por Sua Excelência o Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca, na qual se procedeu à atribuição de Membro Honorário de Operações Especiais ao Exmo. VCEME, Tenente-General RUI DAVIDE GUERRA PEREIRA. A Cerimónia Militar Comemorativa foi encerrada com uma demonstração de capacidades de uma Task Unit (TU) da Força de Operações Especiais (FOE), onde foram evidenciados quatro vetores essenciais ao elevado rendimento do militar de Operações Especiais: Domínio Técnico Individual, Trabalho Coletivo, Tecnologia e Tactical Combat Casualty Care.
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VISITA DE S. EXA. O CEMGFA DE ANGOLA AO CTOE
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Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Angola, General de Exército António Egídio de Sousa Santos, visitou, em 05Set19, o CTOE,
em Lamego. Acompanhado pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), Almirante António Silva Ribeiro, e pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca, o CEMGFA de Angola foi recebido à Porta de Armas do Quartel de Santa Cruz com as honras militares regulamentares. O programa da visita integrou um brífingue sobre o Exército e o CTOE, proferido pelo Comandante da Unidade, Coronel Raul Matias, tendo decorrido no salão de conferências. O CEMGFA de Angola deslocou-se ao Aquartelamento de Penude, onde visitou a exposição do material orgânico da Força de Operações Especiais (FOE) e assistiu a uma demonstração técnico-tática realizada por esta Força na Carreira de Tiro de 100m. A visita culminou com a assinatura no Livro de Honra do CTOE, seguindo-se de um programa cultural à cidade de Lamego.
No seu discurso, o Cmdt do CTOE, Coronel Raul Matias, realçou a importância da intensa atividade formativa da Unidade, com destaque para os cursos de Operações Especiais para Oficiais, Sargentos e Praças e curso de Sniper, bem como o seu empenhamento operacional atual, com elementos de Operações Especiais em quatro (04) Teatros de Operações: Afeganistão (2 forças), Iraque, República Centro Africana e Mali, além da assessoria com a Direção das Forças Especiais da República de Angola, no âmbito da Cooperação no Domínio da Defesa (CDD). Um outro momento de destaque ocorreu na noite de 28 de junho, com a realização do concerto do Dia da Unidade no Parque Isidoro Guedes da cidade de Lamego, com a atuação da Banda Militar/Destacamento do Porto. A par das atividades já descritas, e durante os três dias, decorreu o apoio prestado à Associação de Operações Especiais com diversas atividades, incluindo a sua Assembleia Geral.
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95º ANIVERSÁRIO DO NÚCLEO DE LAMEGO DA LIGA DOS COMBATENTES
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o dia 06 de setembro de 2019 decorreram as comemorações do 95º aniversário do Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes (NLLC), presidida pelo Exmo Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues. Depois da receção de convidados na Messe de Oficiais, seguiu-se a cerimónia militar comemorativa junto ao monumento do Soldado Desconhecido, na qual se homenagearam os mortos em combate e se impuseram condecorações a antigos combatentes. A finalizar a cerimónia, fizeram uso da palavra o Exmo. Coronel Valdemar Lima, Presidente do Núcleo de Lamego da Liga de Combatentes, o Exmo. Tenente-General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes e o Exmo. Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Dr. Ângelo Moura. O Centro de Tropas de Operações Especiais participou na cerimónia militar com uma Guarda de Honra constituída por 10 militares e garantiu todo o apoio na realização da mesma.
MAJESTOSA PROCISSÃO EM “HONRA” DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS
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encerrar as festas de “Nossa Senhora dos Remédios” e da cidade de Lamego de 2019, realizaram-se, no dia 06 e 08 de setembro, a “Procissão das Chagas” e a “Majestosa Procissão de Triunfo” em “Honra de N. Srª Remédios”. A “Procissão das Chagas” realizou-se, na manhã do dia 06, desde o Santuário de N. Srª Remédios até à Igreja das Chagas, e contou com o apoio de cinco militares do Centro de Tropas de Operações Especiais que carregaram o “Pendão de N. Srª Remédios” e de mais nove militares que escoltaram o “Andor de N. Srª Remédios”. 14
VISITA DE UMA DELEGAÇÃO DE OFICIAIS ARGELINOS AO CTOE
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o período de 17 a 19 de setembro de 2019, decorreu a visita de uma delegação de Oficiais das Forças Especiais do Exército Argelino ao Centro de Tropas de Operações Especiais, no âmbito das Relações Bilaterais Portugal-Argélia e do Intercâmbio de Forças de Operações Especiais. Esta delegação, constituída pelo Tenente-Coronel Boualem Medjahi e do Capitão Adel Khenissa, começou a visita em 18Set19, pelo Quartel de Stª Cruz, onde foi recebida pelo Comandante do CTOE. Seguidamente foi apresentado um brífingue sobre o CTOE e efetuado uma visita guiada à coleção museológica da Unidade. Após o almoço, a delegação continuou a sua visita com um programa cultural na região de Lamego e Régua, nomeadamente ao Museu de Lamego e Museu do Douro. No dia seguinte assistiram a uma exposição de material da Força de Operações Especiais (FOE) e a um treino tático de uma Unidade Tática de Operações Especiais (SOTU), no Aquartelamento de Penude. Durante a parte da tarde do dia 19 partiram para a cidade do Porto, onde efetuaram uma visita à mesma, até embarcar no voo de regresso para Argélia. A “Majestosa Procissão de Triunfo” em “Honra de N. Srª Remédios” é uma das maiores de Portugal e é o momento mais alto das festas da cidade. Esta procissão iniciou-se às 16h00 do dia 08, na “Igreja das Chagas”, percorrendo as principais “artérias” da cidade, até à parada militar do Quartel de Stª Cruz. Os seus andores ostentam imagens sagradas puxadas por juntas de bois, como manda a tradição, e contaram com o apoio de militares do CTOE para o transporte do “Pendão” e para a Escolta de Honra ao “Andor da N. Srª Remédios”. A “Majestosa Procissão de Triunfo”, presidida pelo Bispo D. António José Da Rocha Couto, contou com a presença do Exmo. Cmdt do CTOE e de S.Exa. o Presidente da Câmara de Lamego, entre outras entidades civis e militares desta cidade. Na parada de Stª Cruz, e presenciada por milhares de populares, foi realizada uma “Cerimónia de Encerramento” da “Majestosa Procissão de Triunfo”, numa “despedida” da “Imagem de N. Srª Remédios” à cidade, com “Honras” de “Fogo de Salva” de uma Guarda de Honra da Força de Operações Especiais (FOE). No final a “Imagem de Nossa Srª dos Remédios” foi transportada desde a parada de Stª Cruz, por uma viatura militar com escolta militar, para ser entregue ao Juiz da Irmandade e colocada na capela do Santuário. 15
VISITA DE S. EXA. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA AO CTOE
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Exmº Sr. Presidente da República Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, visitou, em 20Set19, o Centro de Tropas de Operações Especiais, em Lamego. Acompanhado pela Sra. Sec. de Estado da Defesa Nacional, Prof. Dra. Ana Santos Pinto e pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca, o Presidente da República foi recebido com honras militares regulamentares de uma Unidade de Escalão Batalhão, a duas Special Operations Task Units (SOTU) e 21 tiros de salvas de artilharia. O programa da visita iniciou-se com uma apresentação de cumprimentos aos ilustres convidados da localidade 16
e uma Cerimónia de Homenagem aos Mortos em combate. Seguidamente foi apresentado, na sala de conferências, um brífingue sobre o CTOE, pelo Comandante da Unidade, Coronel Raul Matias. Posteriormente, o Presidente da República, acompanhado da sua comitiva, deslocou-se ao Aquartelamento de Penude, onde assistiu a uma demonstração técnico-tática realizada pela Força de Operações Especiais (FOE), na Carreira de Tiro de 100m. Nesse local aproveitou a oportunidade para, em frente à Bandeira Nacional, tirar uma fotografia de conjunto com uma representação dos Oficiais, Sargentos, Praças e Trabalhadores Civis do CTOE. A visita culminou com a atribuição do título de membro honorário de Operações Especiais a S. Exa. o Presidente da República; emocionado com este momento disse, que se sentia muito honrado e feliz pela surpresa, enaltecendo que: “a honra de ser Portugal, de servir no CTOE, servindo a Unidade, servindo o Exército, servindo as Forças Armadas, servindo Portugal, não tem preço”. A terminar a visita, o Sr. Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas participou num almoço convívio, na companhia de todos os militares e civis do CTOE.
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DISCURSO DE S. EXA. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA NA VISITA AO CTOE EM 20 DE SETEMBRO DE 2019 “Três palavras muito rápidas. A primeira sobre a vossa história. A história, o passado, constroem a alma das Unidades e o passado desta Unidade, que foi muito variado ao longo do tempo, é antigo, são muitos séculos e é notável. Ainda há pouco víamos os vossos antepassados desfilarem em Paris, no Armistício, no fim da Grande Guerra, que pôs à prova a coragem dos militares portugueses. Mas depois, de não mais, em África nos anos 60 e 70, em Forças Nacionais Destacadas um pouco por vários continentes, essa história foi-se fazendo. Consistente, coerente, prestigiante.
A segunda palavra é sobre o presente. O vosso presente é um presente que orgulha Portugal. Todos os que conhecem esse presente, portugueses e estrangeiros, louvam as Operações Especiais. Neste momento, a vossa presença no Afeganistão, a vossa presença no Iraque, a vossa presença no Mali, a vossa presença na República Centro-Africana, como no passado próximo, significam em dimensões variadas, em missões muito diversas, aquilo que é o vosso Espírito, que é a vossa Alma, que é a vossa Determinação, que é a vossa Capacidade de Antecipação, que é a vossa Firmeza, que é a vossa Confiança. Porque ninguém intervém em Operações Especiais sem confiança, confiança em si e nos seus camaradas. E naturalmente orgulho em servir Portugal e os Portugueses. Eu ouço isso da boca de Chefes de Estado, Chefes de Governo dos países mais variados. Todos querem a vossa e nossa presença, porque é a melhor, porque é a mais qualificada, porque é a mais excelente.
E depois a terceira palavra que é o futuro. Se há instituição que tem sempre futuro, essa instituição chama-se Forças Armadas, e nas Forças Armadas chama-se também, não só, mas também, Exército. Tem futuro porque passam as épocas, tivemos monarquia, tivemos República parlamentar, tivemos República autoritária, temos República Democrática, sucedem-se os Presidentes da República, sucedem-se os governos e os parlamentos, mas conjuntamente com o País, há instituições que permanecem. Permanecem as Forças Armadas, permanece o Exército. E essa permanência é um elemento de identificação de Portugal. Não há Portugal sem essa identificação e cada um de vós é Portugal e cada um de vós não é apenas servir Portugal, é Portugal, cá dentro e lá fora, em cada momento cada um de vós sabe naquele instante em que tem de decidir, se avança mais se avança menos, se age de uma forma ou se age de outra forma, cada um de vós sabe que é Portugal. E nisso englobo também 18
aqueles que, aqui na retaguarda, militares e civis, ajudam a que a vossa missão seja cumprida. Sinto-me muito honrado e feliz com o gesto de surpresa, que me acolheu de surpresa, de me considerarem um Membro Honorário da vossa instituição. Não é muito ortodoxo, vai criar certamente problemas ao Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, porque é que é de uma e não é de outras. Por muito que explique que Lamego é uma cidade especial, por muito que explique que tem uma diocese que resistiu ao tempo, por muito que explique que o Douro tem condições especiais. O que é facto é que sendo uma decisão heterodoxa, é uma decisão que a mim muito me honra. Sentir que para além do que já estava identificado convosco todos os dias, acompanhando todos
os dias o que se passa em qualquer ponto onde haja um de entre vós, agora me sinto ainda mais parte da vossa família. Porque ainda há pouco recordávamos, sempre que há um encontro de antigos Combatentes, não é a única unidade e isto aplica-se a todas as Forças Armadas. Mas é muito visível a vossa presença nesses momentos de celebração. Lá vos vejo na vossa boina, com mais 50 anos, com mais 60 anos, às vezes com mais 70 anos do que tendes hoje, mas está a presença da instituição, e isso não tem preço. A honra de ser Portugal, servindo aqui, servindo a unidade, servindo o Exército, servindo as Forças Armadas, servindo Portugal, não tem preço. E é isso que vos queria agradecer em nome de todas as portuguesas e todos os portugueses.” 19
ESTÁGIO COMPLEMENTAR DE FORMAÇÃO 2019 AOS ALUNOS DA AM
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Centro de Tropas de Operações Especiais realizou, no período de 23 à 27Set19, no âmbito dos estágios complementares de formação, um estágio em técnicas de montanhismo e sobrevivência em ambiente tático aos Alunos do 1º ano da Academia Militar. Este tipo de formação tem por objetivo complementar a formação militar ministrada aos alunos para lhes conferir o desembaraço físico e o desenvolvimento e aperfeiçoamento das qualidades militares de comando e chefia inerentes à condição militar. O estágio, que contou com a presença da Comandante de Companhia e 83 alunos, abriu com uma Cerimónia de Homenagem aos Mortos em combate no Quartel de Stª Cruz, na qual o 2ª Comandante do CTOE proferiu uma palavras de boas vindas. O estágio constituiu-se em sessões teóricas e provas praticas no Aquartelamento de Penude, por forma a maximizar a aprendizagem e validar a formação ministrada. Com este estágio, o CTOE pretendeu também despertar os futuros Oficiais para o fascínio das Operações Especiais e voltar a recebê-los mais tarde nos cursos da especialidade.
CERIMÓNIA DE INVESTIDURA DE NOVOS MEMBROS DA IMNSC NA IGREJA DE STª CRUZ
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o dia 28 de setembro de 2019, decorreu na Igreja de Stª Cruz do Centro de Tropas de Operações Especiais, a cerimónia de investidura de novos membros da Irmandade Militar de Nossa Senhora da Conceição (IMNSC). Esta cerimónia de investidura teve a presença de figuras notáveis das quais se destacam: S. Exa o Almirante CEMGFA, Almirante Silva Ribeiro; S. Exa. o Diretor Geral da Autoridade Marítima, Vice-Almirante Sousa Pereira; o Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Dr. Ângelo Moura; o 2º Cmdt do CTOE, TCor Monteiro, assim como Representantes de três Ordens Religiosas Militares. O evento iniciou-se com uma celebração eucarística na Igreja de Stª Cruz, a qual foi celebrada por S. Exa. Reverendíssima o Bispo Emérito de Lamego, D. Jacinto Tomás de Carvalho Botelho e onde foram investidos os novos membros da IMNSC, terminando na parada interior do Quartel de Stª Cruz com a Cerimónia de Homenagem aos Mortos em Combate.
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A FORÇA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS NO EXERCÍCIO REAL THAW 2019
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o âmbito do Plano Anual de Treino Operacional, a Força de Operações Especiais (FOE) do CTOE participou, entre os dias 29 de setembro e 03 de outubro de 2019, no exercício Real Thaw 2019, um exercício multinacional da Força Aérea Portuguesa com o objetivo de avaliar e certificar a sua capacidade operacional. Neste exercício, alguns operacionais da FOE treinaram tarefas críticas com a utilização de aeronaves de asa rotativa, muitas vezes utilizados como meio de infiltração ou exfiltração nos diversos Teatros de Operações, e execução de missões com o apoio de Joint Terminal Attack Controller (JTAC) no emprego de armamento ar/terra de precisão. As aeronaves de asa rotativa são multiplicadores de potencial de combate para as Forças de Operações Especiais, pois garantem uma velocidade de projeção e flexibilidade superior na execução das suas missões. O Tactical Air Control Party apresenta-se como uma capacidade essencial ao cumprimento de tarefas primárias da FOE, como o guiamento terminal de munições e em apoio ao desempenho de operações terrestres, através do emprego de armamento de meios aéreos.
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CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DE PRAÇAS
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o dia 04 de novembro de 2019 decorreu no Salão Nobre do Centro de Tropas de Operações Especiais a cerimónia de despedida de três Praças (1 Cab Loureiro, Sold Pinto e Sold Ferreira) que passaram à situação de disponibilidade por terem cumprido o tempo máximo de contratos estabelecidos por lei. O comandante do CTOE, Coronel Raul Matias, agradeceu o empenho, a dedicação e o trabalho realizado pelos militares ao serviço desta Unidade e desejou-lhes os maiores sucessos profissionais e familiares no regresso à vida civil, mantendo as portas abertas para futuras visitas à casa-mãe, que foi e será a sua casa também.
CERIMÓNIA DO DIA DE FINADOS 2019 NO CTOE
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m coordenação com o Núcleo de Lamego da Liga dos Combatentes, realizou-se no dia 04 de novembro de 2019 no Centro de Tropas de Operações Especiais, a Cerimónia do Dia de Finados em memória dos militares falecidos. A cerimónia foi precedida da celebração da eucaristia na Igreja de Santa Cruz, em sufrágio por todos os militares e trabalhadores civis que serviram nesta Unidade e pelos seus familiares. De seguida, nos claustros do Aquartelamento de Santa Cruz, realizou-se uma singela cerimónia com as honras militares em homenagem aos combatentes mortos em defesa da pátria e a deposição de uma coroa de flores no Mausoléu da capela dos combatentes defuntos. Após esta cerimónia e já com melhores condições atmosféricas, procedeu-se à romagem ao cemitério de Santa Cruz onde foi depositada uma coroa de flores no Mausoléu do talhão da Liga dos Combatentes. A cerimónia contou com a presença de Entidades Civis e Militares, representantes das Forças de Segurança e associados da Liga dos Combatentes. 24
CERIMÓNIA DE PROMOÇÃO DE OFICIAIS E SARGENTOS DO CTOE
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eve lugar no Salão Nobre do CTOE, no dia 11 de novembro de 2019, a cerimónia de promoção de Oficiais e Sargentos aos postos de Coronel, Major, Capitão, Tenente, Alferes, Sargento-Chefe, Sargento-Ajudante, Primeiro-Sargento e Furriel. A cerimónia foi presidida pelo Comandante do CTOE, Coronel de Infantaria Raul Matias, que após efetuada a leitura dos despachos de promoção, procedeu à imposição dos Galões e Divisas aos militares promovidos. Seguidamente proferiu umas breves palavras alusivas ao momento marcante no percurso de um militar, tendo salientado a necessidade dos promovidos assumirem novas responsabilidades e ainda lhes desejar as maiores felicidades.
A cerimónia terminou com o tradicional Porto de Honra. Os militares promovidos foram: - Ao posto de Coronel: TCor Joaquim Camilo Monteiro; - Ao posto de Major: Cap Maria João Oliveira; Cap Carlos Oliveira; Cap Rui Cardoso; - Ao posto de Capitão: Ten Rui Gomes; Ten Rafael Almeida; - Ao posto de Tenente: Alf Tiago Freitas; Alf Álvaro Neiva; - Ao posto de Alferes: Asp Maximiliano ParkesAllen; Asp Rui Teixeira; - Ao posto de Sargento-Chefe: SAj António Ruivo; SAj Hélder Regada; - Ao posto de Sargento-Ajudante: 1Sarg Nuno Ferreira; 1Sarg Francisco Carrulo; - Ao posto de Primeiro-Sargento: 2Sarg Carlos Carvalho; 2Sarg David Pimentel; 2Sarg Ricardo Nicolau; - Ao posto de Furriel: 2Furr Marta Lopes.
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DESPEDIDA DO 2º COMANDANTE DO CTOE
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o dia 11 de novembro de 2019 realizou-se no Salão Nobre do CTOE, a cerimónia de despedida do 2º Comandante desta Unidade, TCor Inf Joaquim Camilo de Sousa Monteiro, por deixar de desempenhar estas funções em virtude de ter sido promovido ao posto de Coronel. A cerimónia contou com a presença de uma delegação de Oficiais, Sargentos, Praças e de Trabalhadores Civis. O Comandante do CTOE, Coronel Raul Matias, proferiu algumas palavras, fazendo uma retrospetiva do percurso da carreira do TCor Monteiro enquanto militar colocado durante muitos anos nesta Unidade, enaltecendo o excelente e muito meritório trabalho desenvolvido em prol do CTOE. Como prova de agradecimento, foi-lhe oferecido uma singela lembrança de reconhecimento. O Exmo. Comandante desejou-lhe em seu nome e em nome de todos os Militares e Trabalhadores Civis desta Unidade, as maiores venturas profissionais no novo posto e nas novas funções de Comandante do RI10. De seguida decorreu um almoço convívio na Messe de Oficiais.
MARCHA “RANGER” E MAGUSTO DO CTOE
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o dia 13 de novembro de 2019, o CTOE executou uma marcha de coesão, pela cidade de Lamego. Esta atividade iniciou-se pelas 11h00 com uma formatura geral da Unidade na parada interior e tomou o seguinte itinerário: CTOE – Vila da Ponte – Avª Dr Alfredo Sousa – Santuário da Nossa Senhora dos Remédios – CTOE. À chegada à Unidade, realizou-se, com a participação de antigos Militares e Trabalhadores Civis da Unidade, o tradicional magusto do CTOE, que visou incrementar a moral e bem-estar, bem como proporcionar aos que aqui já não servem um momento de convívio, de afetos e emoções, relembrando o passado. Para terminar a atividade, aproveitou-se para cantar os “Parabéns” ao Exmo. Comandante do Centro de Tropas de Operações Especiais, dia coincidente com o seu aniversário.
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2º CURSO DE OPERAÇÕES DE RESGATE EM MONTANHA NA ILHA DA MADEIRA
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eve lugar na Ilha da Madeira, no período de 29 de outubro a 19 de novembro de 2019, o 2º Curso de Operações de Resgate em Montanha (CORMont), ministrado por elementos de Operações Especiais do CTOE. Esta formação teve como finalidade a manutenção desta capacidade no seio do Batalhão de Infantaria (BI) do Regimento de Guarnição nº3 (RG3) da Zona Militar da Madeira (ZMM), visando habilitar os militares com as táticas, técnicas e procedimentos que lhes permitam desenvolver operações de busca, resgate e salvamento em ambientes de média e baixa montanha. O CORMont teve uma componente predominante prática e desenvolveu-se, numa primeira fase, nas instalações e infraestruturas do RG3 e, numa fase subsequente, em locais de formação tão próximos quanto possível do real, tirando partido da riqueza do relevo e orografia que a Ilha da Madeira proporciona para este tipo de atividade. Terminada esta fase, os militares formados irão reverter para as já constituídas Equipas de Resgate do BI/RG3, onde poderão vir a ser empregues, primariamente, em apoio às missões operacionais atribuídas ao mesmo e, ainda, em apoio/reforço à Proteção Civil, no âmbito dos planos da ZMM previstos para situações de acidentes ou catástrofes.
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CERIMÓNIA DO JURAMENTO DE BANDEIRA DO 8º CFGCPE-CE 2019
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m 22 de novembro de 2019 teve lugar na Parada Interior do Quartel de Stª Cruz do CTOE, a cerimónia de ratificação do Juramento de Bandeira dos soldados recrutas do 8º Curso de Formação Geral Comum de Praças do Exército – Contingente Especial – 2019 (8ºCFGCPE-CE 2019), a qual foi presidida pelo Exmo. Comandante do CTOE, Cor Inf Raul Matias. As Forças em Parada, comandadas pelo Comandante da Companhia de Formação, Cap Inf Hugo Gouveia, eram constituídas pela Banda do Exército/Destacamento do Porto, Fanfarra do Exército/Destacamento de Coimbra, Pelotão de Formação de Soldados Recrutas e uma Unidade Tarefa de Operações Especiais (UTOE). A cerimónia simples, mas cheia de significado, teve como momento mais marcante a ratificação do Juramento de Bandeira, onde os 46 Formandos do 8ºCFGCPE-CE 2019 assumiram publicamente, perante a Bandeira Nacional, defender a Pátria. Fez parte ainda da cerimónia a imposição de condecorações a militares do CTOE. A testemunhar este evento, esteve presente uma vasta assistência de familiares e amigos dos militares que Juraram Bandeira e que, deste modo, se associaram a esta importante e significativa cerimónia.
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TORNEIO DE VOLEIBOL DO CTOE
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ecorreu de 11 de 22 de novembro de 2019, o Torneio de Voleibol do CTOE, atividade desportiva organizada pela Associação de Voleibol de Viseu, com o apoio do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). O torneio realizou-se no pavilhão desportivo do Colégio de Lamego e contou com a participação de sete (07) equipas de ambos os géneros, que compreenderam alunos e professores de diversas escolas dos distritos de Viseu e Vila Real, assim como uma equipa de militares do CTOE. O primeiro lugar do torneio coube à equipa sénior local de antigos alunos do Colégio de Lamego e o CTOE conquistou uma honrosa quarta posição. O CTOE colaborou nesta iniciativa com o apoio de uma equipa sanitária e na organização da cerimónia de encerramento do torneio, no Quartel de Stª Cruz, onde foi servido o tradicional rancho e entregues os prémios aos participantes.
VISITA DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LAMEGO AO CENTRO DE TROPAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
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a sequência do interesse manifestado por parte de S. Exa. o Presidente da Assembleia Municipal de Lamego (AML), decorreu no dia 27 de novembro de 2019 a visita desse organismo ao Centro de Tropas de Operações Especiais. Nesta visita participaram todos os membros da AML (39 Deputados Municipais), e a convite desta, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lamego e os respetivos Vereadores autárquicos. O principal motivo da visita foi dar a conhecer melhor o CTOE e inteirar os Deputados da AML das obras que decorrem na Unidade. As revistas internacionais militares: “Soldiers”, “Warriors” e “defensa.com”, através dos Repórteres: Octavio Diez, Bryan Ferreira e Guillermo Piz Gonzales, manifestaram interesse em fazer uma reportagem ao CTOE. A data escolhida coincidiu com a visita da AML. Do programa da visita destaca-se: - Briefing do CTOE; - Apresentação do Plano Diretor de Infraestruturas (PDI) da Unidade; - Exposição estática de armamento/equipamento de Operações Especiais; - Demonstração dinâmica da capacidade de Operações Especiais (na Carreira de Tiro de 100m); - Fotografia de grupo. O final da visita foi assinalado com a assinatura do Livro de Honra do CTOE por parte do S. Exa. o Presidente da Assembleia Municipal de Lamego. 29
CERIMÓNIA DO ENCERRAMENTO DOS 2ºCOE CFS/CFP RC 2019
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m 06 de dezembro de 2019 decorreu, na parada interior do Quartel de Santa Cruz do CTOE, a cerimónia de encerramento do 2º Curso de Operações Especiais para Sargentos e Praças em Regime de Contrato de 2019 (2ºCOE CFS/CFP RC 2019). Esta cerimónia foi presidida pelo Comandante do CTOE, Cor Raul Matias, destacando-se ainda a presença de ex-Comandantes desta Unidade. A preceder esta cerimónia, realizou-se no mesmo local e na noite anterior, a cerimónia de receção das mochilas tendo sido projetado numa tela, um filme que retratou o dia-a-dia destes cursos.
PRIMEIRA MISSÃO NA TF 431 NO IRAQUE
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ilitares portugueses de Operações Especiais (OE) integraram a Special Operations Joint Task Force - Operation Enduring Freedom (SOJTF – OIR), incluídos numa unidade tática de OE Espanholas. Após o aprontamento de quatro meses, que incluiu duas semanas em Alicante – Espanha, os militares portugueses, 1 Oficial e 1 Sargento, foram projetados para o Teatro de Operações do Iraque durante seis meses, integrados na Task Force 431. Os dois elementos demonstraram o elevado nível e competência dos militares do CTOE, correspondendo a todas as solicitações e ultrapassando todos os obstáculos que a primeira missão do CTOE na componente de OE no Iraque os colocou. As dificuldades das altas temperaturas, da ameaça experiente, das diversas nações e culturas, da sociedade iraquiana que está em guerra há quase duas décadas, da normal complexidade do ambiente conjunto e combinado, e o facto de ser a primeira missão contribuíram para alimentar a vontade de hastear a bandeira portuguesa de forma memorável. Após o términus da missão em 25 de novembro de 2019, foram rendidos por outros dois (02) militares do CTOE. 30
A cerimónia de encerramento dos cursos iniciou-se com a celebração da eucaristia, na qual o Capelão Coronel Loureiro procedeu à bênção das boinas e das insígnias de Operações Especiais (OEsp) dos militares que terminaram o curso (01 Sargento e 13 Praças). Seguiu-se a cerimónia militar, que teve como pontos de destaque a integração do Estandarte Nacional, a Homenagem aos Mortos, a imposição das insígnias e boinas “verde seco” aos novos militares de OEsp e a leitura dos Mandamentos do Militar de Operações Especiais. Como de costume, esta cerimónia foi abrilhantada com a presença dos familiares dos novos membros da “nossa família”, os quais participaram ativamente nela, através da imposição de insígnias e boinas. Por último foi atribuída a “Insígnia Dourada” de OEsp ao pai e ex-militar de OEsp de um formando que concluiu neste dia o Curso de Operações Especiais.
REGRESSO DA 1ª FND/SOAT/RSM-A AO CTOE
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egressou no passado dia 04 de dezembro de 2019, do Teatro de Operacões (TO) do Afeganistão, a 1ª Força Nacional Destacada / Special Operations Advisory Team / Resolute Support Mission (1FND/SOAT/RSM), que integrou o Comando de Operações Especiais no TO, denominado por NATO Special Operations Component Command – Afghanistan (NSOCC-A), desde 26 de maio de 2019 a 03 de dezembro de 2019. A Estrutura Operacional da NATO no TO do Afeganistão denomina-se por Resolute Support (RS), cuja missão é “… in strategic partnership with the Government of the Islamic Republic of Afghanistan (GIRoA), conducts Functionally Based Security Force Assistance (SFA) of Train, Advise and Assist (TAA), to enable a credible, capable and increasingly sustainable Afghan Security Institutions (ASI) and Afghan National Defense and Security Forces (ANDSF)”. O NSOCC-A contempla a Task Force 7 (TF-7) que é responsável pelo TAA ao Afghan National Army Special Operations Command (ANASOC), onde se inclui a respetiva escola de formação designada por School of Excelence (SoE). A missão da 1FND/SOAT/RSM foi treinar, aconselhar e assistir (Train, Advise and Assist – TAA) a estrutura de Comando da SoE do ANASOC, executando um total de 85 missões1 de TAA e 148 sessões2 de assessoria. Simultaneamente, concebeu e facilitou a implementação de um processo de desenvolvimento e validação curricular, programas de avaliação tipo SOFEVAL (Special Operations Forces Evaluation) para as unidades operacionais, e um sistema de lições aprendidas da componente operacional integrado na gestão da instrução, designado por “Afghan SOF Training Management System”. De igual forma, e de acordo com o CJSOR aprovado, foi responsável pela ligação, coordenação e supervisão das diversas SOAT a executar TAA nos departamentos da SoE, e pela função J37 da TF-7 nos diversos eventos do seu Battle Rhythm. 1 Missões de TAA: cada missão considera uma saída de Camp Morehead (CMH) que seja planeada e preparada de acordo com os procedimentos das RS SOP sobre Force Protection e sobre o planeamento e aprovação de operações, nomeadamente um CONOPS que contemple uma saída com viaturas blindadas, elementos de FP, MEDEVAC, QRF, TOC, PPE para Advisors e FP, etc.). 2 Sessões de assessoria: consideram-se sessões de assessoria todas as atividades relacionadas e que são incluídas em cada missão de TAA, assim como na modalidade de Host-to-Advise em CMH ou sessões que não se englobem nos conceitos referidos anteriormente.
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ASSESSORIA E TREINO NA EUTMMALI POR EQUIPA SNIPER DO CTOE
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VISITA AO CTOE, DE S. EXA O VCEMG DAS FALINTIL-FORÇAS DE DEFESA DE TIMOR LESTE (F-FDTL)
ois militares do Centro de Tropas de Operações Especiais, integrados na Missão de Treino da União Europeia no Mali (EUTM-Mali), fizeram parte, da Equipa Móvel de Treino (MTT), na região de Koulikoro, para instrução de forças malianas, no período de 20 de maio a 25 de novembro Esta equipa de formação contou com a presença de militares de 22 diferentes nacionalidades europeias. Os militares portugueses foram responsáveis por instruir militares malianos no manejo de armas, Sharpshooter, topografia, “Counter Improvised Explosive Devices”, “Checkpoint”, “Base Defense”, “Tactical Combat Casualty Care”, entre outras. Durante este período, os nossos militares de OEsp foram destacados para diversas regiões do país, nomeadamente Tombouktou, Séveré, Keyes, Katy e Bamako. Os operacionais do CTOE continuam a apoiar o esforço da União Europeia na formação das forças malianas, contribuindo para o desenvolvimento das suas capacidades técnicas e táticas, permitindo-lhes melhorar ainda as suas capacidades de resposta no decorrer das operações contra as ameaças terroristas.
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o âmbito da visita oficial a Portugal do Vice-Chefe do Estado Maior General das Forças de Defesa de Timor Leste (VCEMG F-FDTL), Brigadeiro-General (BGen) FALUR RATE LAEK, com a passagem pelos três Ramos das Forças Armadas e suas Escolas Militares, também constou a visita ao Centro de Tropas de Operações Especiais, na qualidade de Polo de Formação da Escola das Armas, em 11 de dezembro de 2019. À chegada da comitiva à Porta de Armas do Quartel de Santa Cruz, a Guarda de Policia executou as honras regulamentares. Seguiu-se uma Cerimónia de Homenagem aos Mortos na capela interior de Stª Cruz com a deposição de uma coroa de flores. Depois da realização de um briefing pelo Comandante do CTOE, procedeu-se a uma visita ao Museu e à Igreja de Santa Cruz. Após o almoço de cortesia que teve lugar na Messe de Oficiais, a visita ao CTOE prosseguiu no aquartelamento de Penude, com uma demonstração Técnico-Tática da FOE, que executou um “resgate de reféns” na carreira de tiro de 100m. A terminar a visita ao CTOE, procedeu-se à Foto de Grupo, seguida da assinatura do Livro de Honra pelo VCEMG F-FDTL e à troca de ofertas honoríficas. 33
2º ENCONTRO NACIONAL DE MILITARES DE OPERAÇÕES ESPECIAIS
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m 14 de dezembro de 2019, decorreu no CTOE o 2º Encontro convívio de militares de Operações Especiais.
REGRESSO DOS MILITARES DO MÓDULO DE SEGURANÇA DA 3ªFND/BSAT/RSM AO CTOE
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ecorreu no dia 13 de dezembro de 2019, na Sala de Honra do Centro de Tropas de Operações Especiais, a cerimónia que marcou a apresentação do Módulo de Segurança da 3.ª Força Nacional Destacada (FND), Branch School Advisory Team (BSAT), no âmbito da Resolute Support Mission (RSM) da NATO, no Teatro de Operações (TO) do Afeganistão. O Módulo de Segurança da 3ªFND/BSAT/RSM, composto por 15 elementos de Operações Especiais, esteve projetado por um período de seis meses em Cabul, tendo como principal missão a proteção dos restantes elementos que constituíam a força, em todos os movimentos terrestres executados. Com o ModSeg/3BSAT formado e na presença do Comando e Estado-Maior da Unidade, o Exmo. Comandante louvou o trabalho realizado e deu pessoalmente as boas vindas a todos os elementos da Força. A fim de eternizar a missão nos corredores do EM da Unidade, o Comandante do ModSeg/3BSAT entregou ao Comandante do CTOE uma oferta honorífica, gravada com os nomes de todos os militares da Força.
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O encontro contou com a presença de mais de 200 participantes, na sua grande maioria ex-militares na situação de disponibilidade e reserva/reforma, e de acordo com o seguinte programa: - Inicialmente, no Quartel de Stª Cruz: • Receção de boas vindas pelo Exmo. Cmdt e Smor da Unidade (Un); • Cerimónia de Homenagem aos Mortos em combate; • Briefing da Un pelo Exmo. Cmdt; • Visita ao Espaço Museológico da Unidade; • Exposição de armamento e equipamento da Força de Operações Especiais; • Foto de grupo na Porta de Armas. - No Aquartelamento de Penude: • Formatura Geral, com leitura dos mandamentos RANGER; - No final, jantar convívio de um serviço de Catering nas instalações do Refeitório Geral da Unidade. Foi com muito agrado que se verificou que o espírito das Operações Especiais e os respetivos valores ensinados nesta Unidade se mantêm bem vivo neste ex-militares, mesmo noutra fase da vida deles e já sem envergar um “camuflado”, e tudo ficou demonstrado no grito “RANGER” estrondeado na geografia de rigor e clima agreste da parada de Penude, quando o Comandante do CTOE mandou destroçar, após a leitura dos Mandamentos.
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CERIMÓNIA DE ABERTURA DO COE QP20
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m 07 de janeiro de 2020 decorreu no CTOE, a cerimónia de abertura do Curso de Operações Especiais do Quadro Permanente 2020 (COE QP 20). O COE QP 20 é composto por 17 militares, dos quais 3 Oficiais e 11 Sargentos do Exército Português, e 3 Sargentos das Forças de Defesa de Timor-Leste. A cerimónia militar decorreu na parada interior do Aquartelamento de Santa Cruz e foi presidida pelo Exmo. Comandante do CTOE, Coronel de Infantaria Raul Matias, que mais tarde, e já no salão nobre da Unidade e perante os seus Oficiais e Sargentos, deu as boas vindas e os parabéns aos militares que se voluntariaram para a formação na área das Operações Especiais. Pelas 21h00, no Aquartelamento de Penude, em ambiente noturno e enquadrados pela geografia de rigor da Serra das Meadas, foi efetuado o cerimonial da entregue das mochilas, símbolo internacional das tropas de elite, pelos Oficiais e Sargentos de Operações Especiais aos novos formandos. O Exmo. Comandante do CTOE entregou a mochila ao militar “mais antigo” e proferiu palavras de coragem e boa sorte ao curso.
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CTOE RECEBE CANTARES TRADICIONAIS DAS JANEIRAS
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o dia 08 de janeiro de 2020, reviveu-se no Salão Nobre do CTOE o cantar das Janeiras à moda antiga. A iniciativa partiu do Grupo de Cavaquinhos da Universidade Sénior de Lamego, que no Salão Nobre da Unidade e perante os Oficiais, Sargentos, Praças e Trabalhadores Civis, anunciaram com cantos tradicionais o nascimento de Jesus Cristo e desejaram um Bom Ano a todos quanto servem nesta Unidade. No seu canto, o Grupo desejou paz e sossego ao Cmdt da Unidade, que esta se estenda aos seus militares e a toda a nossa sociedade. O Comandante da Unidade proferiu umas breves palavras de agradecimento, entregando uma oferta honorífica do CTOE.
CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DE MILITARES
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m 10 de janeiro de 2020, teve lugar no Salão Nobre do CTOE a cerimónia de despedida do Primeiro-Sargento Tiago Correia por ter sido transferido para o RC6 e as seguintes Praças:
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CAdj Carlos Ascenso; CAdj David Pereira; CAdj Fábio Campos; CAdj Micael Bastos; CAdj Miguel Ribeiro; Sold Hugo Silva; Sold Artur Martins; Sold Jonas Cardoso,
que passaram à situação de disponibilidade por terem cumprido o tempo máximo de contratos estabelecidos por lei. A cerimónia contou com a presença de Oficiais, Sargentos e uma representação de Praças e de Trabalhadores Civis, que tiveram a oportunidade de se despedirem dos militares que deixaram esta Unidade e como reconhecimento de apreço e dedicação, foi-lhes entregue pelo Exmo. Comandante do CTOE, Coronel Raul Matias, umas lembranças institucionais.
O Comandante do CTOE proferiu algumas palavras alusivas ao ato, tendo referido que sentia tristeza por ver partir desta Unidade mais alguns militares e agradeceu a forma empenhada e a dedicação como esses militares desenvolveram as suas atividades em prol do cumprimento da missão do CTOE. Desejou-lhes ainda os maiores sucessos profissionais e familiares e referiu que esta Unidade manterá sempre as portas abertas para poderem visitar os camaradas. No final da cerimónia, os militares que deixaram o CTOE tiveram a oportunidade de conviver mais um pouco com os Militares e Trabalhadores Civis presentes, num almoço que decorreu na Messe de Oficiais.
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CERIMÓNIA DE APRESENTAÇÃO NO CTOE DO NOVO 2º COMANDANTE
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o dia 20 de janeiro de 2019, teve lugar no Salão Nobre do CTOE a Cerimónia de Apresentação do novo 2º Comandante desta Unidade, Tenente-Coronel de Infantaria DELFIM CONSTANTINO VALENTE DA FONSECA, por ter sido nomeado “Por Escolha”, nos termos do Despacho de 13 de janeiro de 2020, do Exmo. Tenente-General Ajudante General do Exército. A Cerimónia foi presidida pelo Comandante do CTOE, Cor Inf Raul Matias e estiveram presentes os Oficiais, Sargentos e uma representação de Praças e de Trabalhadores Civis da Unidade. O Comandante impôs o crachá do CTOE ao novo 2º Comandante e de seguida usou da palavra, desejando as maiores venturas e dando as boas vindas de regresso a esta Unidade. O novo 2º Comandante, TCor Delfim da Fonseca também proferiu algumas palavras de agradecimento e manifestou a sua satisfação por voltar ao CTOE e referiu que a Unidade e todos os seus Militares e Trabalhadores Civis podem contar com todo o seu empenho e disponibilidade para o cumprimento da missão. A concluir a cerimónia, o 2º Comandante recebeu a apresentação de cumprimentos de todos os presentes.
VISITA DE S. EXA O MINISTRO DA DEFESA NACIONAL AO CTOE
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Ministro da Defesa Nacional, Professor Doutor João Gomes Cravinho, visitou o CTOE em 28 de janeiro de 2020, acompanhado do Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca, e pelo Vice-CEME, Tenente-General Davide Guerra Pereira, entre outras entidades militares e civis. Esta visita inseriu-se no âmbito do 1.º Roteiro da Defesa Nacional, que visa aproximar decisores e cidadãos, administração central e local, sociedade civil e família militar, tendo o Ministro da Defesa Nacional visitado no dia anterior, 27 de janeiro, o Gabinete de Atendimento ao Público (GAP) de Lamego e posteriormente prosseguido a sua visita à autarquia da cidade. Após ser recebido à Porta de Armas do Quartel de Santa Cruz, com as honras militares, seguiu a cerimónia de Homenagem aos Mortos que combateram com honra, 38
coragem e lealdade ao serviço de Portugal. O programa do evento prosseguiu com a sessão de apresentação de cumprimentos, por parte de uma representação de Oficiais, Sargentos, Praças e Trabalhadores Civis da Unidade, e uma apresentação pelo Comandante da Unidade, Coronel Raul Matias, que teve como finalidade apresentar as principais atividades e empenhamentos do CTOE. O Ministro da Defesa Nacional teve ainda a oportunidade de visitar os novos alojamentos das Praças, localizados num edifício recentemente reabilitado, que segundo o Comandante do CTOE abrange um “conceito novo, denominado de Messe de Praças”. No Aquartelamento de Penude, o Professor Doutor João Gomes Cravinho visitou os novos edifícios criados de raiz e destinados aos militares da Special Operation Task Unit (SOTU) e ficou a conhecer com maior detalhe os meios e capacidades da Força de Operações Especiais do Exército, através de uma exposição de material orgânico e de uma demonstração técnico-tática da SOTU, que teve lugar na Carreira de Tiro de 100m. A visita oficial do Professor Doutor João Gomes Cravinho terminou com a sua assinatura no Livro de Honra da Unidade e a fotografia de grupo. 39
CURSO SERE PARA END INDIGITADOS PARA O TO DO MALI
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ecorreu no CTOE, em 06 e 07 de fevereiro de 2020, o Curso de Sobrevivência, Evasão, Resistência e Extração (CSERE) nível A, no âmbito do Treino Orientado para a Missão para os Elementos Nacionais Destacados indigitados para o Teatro de Operações do Mali, Cap PA Vasco Rafael Rodrigues Nunes e 1Sarg PA David António Pereira Viegas, da Força Aérea Portuguesa.
AÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS HIGIÉNICO-SANITÁRIAS, NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE VILA NOVA DE PAIVA
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Centro de Tropas de Operações Especiais, à semelhança do que efetuou em diversas escolas do ensino secundário dentro da sua área de responsabilidade, realizou em 14 de maio de 2019 uma ação de sensibilização de boas práticas higiénico-sanitárias, desta vez na Escola Secundária de Vila Nova de Paiva, tendo sido presenciada pelo Comandante das Forças Terrestres, Tenente-General Martins Pereira, pelo Comandante da Brigada de Reação Rápida em suplência, Coronel Tirocinado Francisco Duarte, pelo Comandante do CTOE, Coronel de Inf Raúl Matias e ainda pelo Diretor desta escola, Dr. João Santos. Estas ações de sensibilização destinam-se à preparação de pessoal para a supervisão e desempenho de tarefas relacionadas com a limpeza e desinfeção de espaços, equipamentos e materiais, por forma a garantir um ambiente de segurança e confiança na reabertura dos estabelecimentos de ensino secundário. Em simultâneo, foi efetuada a distribuição de equipamentos de proteção individual e de solução antissética de base alcoólica, na referida escola. 40
EXERCÍCIO “FLINTLOCK20” NO ÂMBITO DAS OPERAÇÕES ESPECIAIS
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Centro de Tropas de Operações Especiais participou no exercício “FLINTLOCK 20”, juntamente com o Destacamento de Ações Especiais (DAE) da Marinha Portuguesa, que decorreu no período de 17 de fevereiro a 26 de fevereiro de 2020, na Mauritânia e no Senegal, contando com uma participação geral de 30 países e cerca de 1500 militares. A participação portuguesa consistiu em 2 Special Operations Task Units (SOTU), uma do Exército (Força de Operações Especiais) e outra da Marinha, integradas no Special Operations Task Group (SOTG) conjunto com Espanha, contando também com a participação de um Oficial de Operações Especiais do CTOE neste comando.
O exercício “FLINTLOCK 20”, da responsabilidade do Special Operations Command Africa (SOCAFRICA), está vocacionado para a temática do contra terrorismo, tendo em conta o aumento da ameaça nesta região de África. Neste âmbito, as Forças dos países participantes executaram missões de Operações Especiais no âmbito da Assistência Militar (Train, Advise and Assist) aos países G5 do Sahel. O G5 do Sahel (ou G5S) é um grupo institucional para a coordenação da cooperação regional em políticas de desenvolvimento e questões de segurança na África Central. Foi formado em 16 de fevereiro de 2014 em Nouakchott, na Mauritânia, constituído pelos seguintes países: Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger. 41
AÇÃO DE HOMENAGEM E AGRADECIMENTO NO ÂMBITO COVID-19 NA CIDADE DE LAMEGO
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Clube Automóvel de Lamego (CAL), com o apoio do Serviço Municipal de Proteção Civil da cidade, organizou no dia 24 de maio de 2020, na cidade de Lamego, uma ação pública de Reconhecimento e Agradecimento a todos os que estiveram e estão na linha da frente no combate contra a COVID-19, nomeadamente a todos os profissionais de saúde, de emergência e segurança, Bombeiros, Forças de Segurança, Forças Armadas e Serviço Municipal de Proteção Civil, pela dedicação e trabalho exemplar que têm colocado no combate a esta pandemia. Este evento constou da realização de um “passeio” pelas ruas da cidade, com o desfile de automóveis clássicos e um grande número de motos e motociclos, tendo terminado no Hospital de Lamego. Neste local, o Presidente do Clube Automóvel de Lamego, Sr. Paulo Gonçalves, entregou aos homenageados “um Certificado de Reconhecimento e Agradecimento”, tendo sido ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), a entrega efetuada pessoalmente ao seu Comandante, Coronel de Infantaria Raul Matias. Esta iniciativa contou com uma grande adesão, quer de sócios e amigos do Clube, bem como de muitos elementos da sociedade civil, que se quiseram associar a esta “simples e simbólica” homenagem.
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2ª SOAT/NSOCC-A/ RSM-A REFORÇA PREVENÇÃO DA SOE NO AFEGANISTÃO
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o âmbito das medidas de prevenção contra a pandemia COVID-19, a 2ª SOAT/NSOCC-A/ RSM-A, que opera em Camp Morehead, no Afeganistão, assegurou a distribuição de equipamentos de proteção individual (máscaras cirúrgicas e luvas) ao Comando da Escola de Excelência (SoE) do Comando de Operações Especiais do Exército Nacional Afegão. Esta ação de apoio assumiu particular relevância ao ser conjugada com o retomar da plenitude da atividade de formação e treino da SoE. Assim, a distribuição destes artigos visou aumentar a capacidade de autoproteção da SoE e contribuir para que as atividades formativas nesta Escola continuem a decorrer em segurança. Bem como, assegurou o reforço da relação de apoio aos nossos parceiros afegãos e, consequentemente, um contributo significativo para a continuação da geração de forças dentro do Comando de Operações Especiais, com o objetivo final de promover a segurança neste país e de uma forma indireta nos países aliados da NATO. A 2ª Força Conjunta de Operações Especiais Portuguesa desempenha funções de treino, aconselhamento e assistência ao Comando da Escola de Excelência, na Resolute Support Mission, no Afeganistão.
CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DO ALFERES FONSECA
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o dia 24 de junho de 2020, realizou-se uma singela cerimónia de despedida do Alferes RC RAFAEL FONSECA, que depois de mais de 4 anos de serviço prestado nesta Unidade, foi transferido para o Regimento de Infantaria 14. Tendo desempenhado as funções de Chefe da Subsecção de Recursos Financeiros, o Alferes Fonseca foi sempre reconhecido pela sua dedicação ao trabalho, que desempenhou de forma a aplicar os três princípios de uma subsecção financeira: a economia, a eficiência e a eficácia. Esta cerimónia contou com a presença de alguns Oficiais, Sargentos e Trabalhadores Civis, que com ele mais diretamente trabalharam, cumprindo-se assim as restrições impostas devido ao risco de contágio derivado da situação epidemiológica da COVID-19. O Comandante do CTOE proferiu algumas palavras de apreço e reconhecimento ao contributo que o militar deu a esta Unidade, tendo-lhe posteriormente efetuado a entrega de uma lembrança institucional.
EXERCÍCIO MOREHEAD APRONTAMENTO DA 3º SOAT/NSOCC-A/ RSM-A
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ealizou-se de 29 de junho a 01 de julho de 2020, no Centro de Tropas de Operações Especiais, o exercício final de aprontamento MOREHEAD 201, que incluiu a certificação, através da respetiva Special Operations Forces Evaluation (SOFEVAL) conduzida pela Inspeção Geral do Exército, da 3ª Special Operations Advisory Team (3ª SOAT) / Força Nacional Destacada(FND) para o Teatro de Operações (TO) do Afeganistão no âmbito da Resolute Support Mission-Afghanistan (RSM-A) da NATO. No dia 01 de julho, o Comandante das Forças Terrestres, Tenente-General Martins Pereira, acompanhado do Comandante da Brigada de Reação Rápida, Brigadeiro General Gonçalves Soares, efetuaram uma visita de trabalho ao exercício. 43
VISITA DO EXMO. TGEN COMANDANTE DAS FORÇAS TERRESTRES AO CTOE
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Exmo. Comandante das Forças Terrestres (CFT), Tenente-General Martins Pereira, efetuou uma visita de trabalho ao Centro de Tropas de Operações Especiais, em 02 de setembro de 2020. O TGen CFT foi recebido no Aquartelamento de Santa Cruz, pelo Exmo. 2º Comandante da Brigada de Reação Rápida, Cor Tir Ferreira Duarte e pelo Comandante do CTOE, Coronel Raul Matias. Após receber as Honras Militares pela Guarda de Policia, seguiu-se a Cerimónia de Homenagem aos Mortos em Combate e a apresentação de cumprimentos no salão nobre desta Unidade. Seguidamente foi apresentado um brífingue sobre o CTOE, pelo Exmo. Comandante da Unidade, Coronel Raul Matias. Posteriormente, deslocou-se ao Aquartelamento de Penude, onde assistiu a uma demonstração técnico-tática de
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uma Unidade Tática de Operações Especiais (UTOE / SOTU), na Carreira de Tiro de 100m, seguindo-se uma exposição de material orgânico da Força de Operações Especiais. De regresso ao Aquartelamento de Santa Cruz, teve lugar no salão nobre a cerimónia de condecoração do Cor Inf Res Valdemar Lima (ex-Comandante do CTOE) com a medalha de Mérito Militar – 1ª classe e ainda uma visita às novas instalações das Praças (Messe de Praças). Antes de terminar a visita, ainda teve a oportunidade de verificar as instalações da Messe de Sargentos e do Aquartelamento da Cruz Alta, tendo aqui observado as condições do edifício do paiol e na passagem novamente pelo Aquartelamento de Penude visitou as novas instalações da Arrecadação Geral de Material de Guerra, o Edifício 1 da SOTU e as obras do novo paiol.
ESTÁGIO COMPLEMENTAR DE FORMAÇÃO 2020 AOS ALUNOS DA AM NO CTOE
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Centro de Tropas de Operações Especiais ministrou uma formação em técnicas de montanhismo e sobrevivência em ambiente tático aos alunos do 1º ano da Academia Militar, no âmbito dos estágios complementares de formação, no período de 14Set20 a 18Set20. Este tipo de formação tem por objetivo complementar a formação militar ministrada aos alunos para lhes conferir o desembaraço físico e o desenvolvimento e aperfeiçoamento das qualidades militares de comando e chefia inerentes à condição militar. Mais uma vez, a exemplo de anos anteriores, o CTOE pretendeu também com este estágio despertar os futuros Oficiais para o interesse e curiosidade das Operações Especiais. 45
SECRETÁRIA DE ESTADO DOS RECURSOS HUMANOS E ANTIGOS COMBATENTES VISITA CTOE
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Exército recebeu a 23 de setembro de 2020, no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), em Lamego, a visita da Secretária de Estado dos Recursos Humanos e Antigos Combatentes (SERHAC), Professora Doutora Catarina Sarmento e Castro. Acompanhada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca, pelo Vice-CEME, Tenente-General Davide Guerra Pereira, entre outras entidades, a SERHAC recebeu as honras militares no Quartel de Santa Cruz, seguindo-se a cerimónia de Homenagem aos Mortos que combateram com honra, coragem e lealdade ao serviço de Portugal. Após a sessão de apresentação de cumprimentos, o General CEME, na sua intervenção, enalteceu a importância de obter e reter os recursos humanos, não só pelas qualificações que lhes são conferidas, como também pelas condições que lhes são proporcionadas quando abraçam a vida militar. O programa da visita prosseguiu com uma apresenta46
ção pelo Comandante da Unidade, Coronel Raul Matias, que teve como finalidade dar a conhecer as principais atividades e empenhamentos do CTOE. No Aquartelamento de Penude, a Professora Doutora Catarina Sarmento e Castro visitou os novos edifícios criados de raiz, destinados aos militares da Special Operation Task Unit (SOTU), e ficou a conhecer com maior detalhe os meios e capacidades da Força de Operações Especiais do Exército, através de uma exposição de material orgânico e de uma demonstração técnico-tática da SOTU, que teve lugar na Carreira de Tiro de 100m. A primeira visita oficial da Professora Doutora Catarina Sarmento e Castro ao CTOE terminou com a sua assinatura no Livro de Honra da Unidade.
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S.EXA. O GEN CEME VISITA CURSO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS PARA SARGENTOS E PRAÇAS, EM RC
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o dia 14 de outubro de 2020, S.Exa. o Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca, acompanhado pelo Comandante das Forças Terrestres, Tenente-General Martins Pereira e pelo Comandante da Brigada de Reação Rápida, Brigadeiro-General Pedro Soares. deslocou-se à Barragem do Vilar na região de Moimenta da Beira, local onde decorre a “Prova Especial 3” no período de 12 a 15 de outubro de 2020, referente aos Cursos de Operações Especiais do Curso de Formação de Sargentos e Curso de Formação de Praças RV/RC (COE-CFS/CFP). Esta prova pretende recriar uma situação em que militares de Operações Especiais estão a cumprir uma série de ações sucessivas com elevado grau de independência, em condições de grande risco e de desgaste psicofísico. 48
Logo após a chegada ao referido local, S.Exa. o General CEME assistiu a um Briefing de enquadramento da “Prova Especial 3” e de seguida visitou os formandos do COE-CFS/ CFP, onde se inteirou das atividades que estavam a ser executadas. Após o jantar que decorreu no local do exercício e que contou com a presença dos instrutores, S.Exa. o General CEME assistiu a uma instrução noturna dirigida aos instruendos, sobre “aproximação por via aquática a alvo numa operação”.
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NLAW Next generation Light Anti-tank Weapon
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A situação política global está a mudar. Depois de muitos anos de estabilidade, as nações europeias estão preocupadas com a ameaça do leste e procuram aumentar substancialmente suas defesas nacionais. Ao mesmo tempo, os principais carros de combate tornaram-se uma força ainda mais dominante nos conflitos armados. Equipados com armas mais sofisticadas e contramedidas, eles são agora uma ferramenta inestimável em terrenos complexos, ajudando o avanço das forças a destruir edifícios inteiros para erradicar o inimigo. O que é necessário é uma arma capaz de tirar a vantagem tática dos MBTs e restaurar o equilíbrio de poder para as forças de defesa. Pesando apenas 12,5 kg, o NLAW é um sistema de ombro portátil que pode ser usado por um único operador. Sua ogiva perfurante de blindagem pode destruir um carro de combate moderno fortemente protegido com um único tiro, sendo o sistema eficaz em distâncias entre 20 e 800 metros. O “NLAW é o melhor da classe para que forças ligeiras apeadas se possam deslocar rapidamente em áreas urbanas; e se necessário, o sistema pode ser disparado dentro de um edifício “espaço confinado”, proporcionando ao seu operador uma cobertura máxima. Oculto e no posse de tal poder, deixa o inimigo confuso não sabendo se está sendo alvejado por um indivíduo ou por um pelotão”, diz Lars-Örjan Hovbrandt, especialista em NLAW da Saab Dynamics.
O modo “Overflying Top Attack” do NLAW aumenta a probabilidade de qualquer WtanEqAue sPONer f acilmenELIMINAte neutTralEizadS EVEo. QuN andTo oHE modo é selecionado pelo operador, o míssil procura a área menos protegida do tanque, incluindo o topo da torre e os componentes do chassi sobrejacentes. Enquanto isso, no modo Ataque Direto, o NLAW torna-se eficaz contra alvos de veículos ligeiros, como camiões. Como os soldados de hoje estão cada vez mais envolvidos na guerra urbana em todo o mundo, o sistema foi projetado para operar em todos os climas. Para manter a confiabilidade e facilidade de uso, o NLAW não requer manutenção e tem vida útil de 20 anos. Outro benefício importante é o seu rápido tempo de resposta. “Para um atirador treinado, leva apenas cinco ou seis segundos para carregá-lo na mão esquerda, levantá-lo até o ombro, sair do local, selecionar o suporte de tiro e obter o alvo”. O míssil pode cobrir 400 metros em menos de dois segundos. Portanto, pode estar a até 600 metros de distância em menos de 10 segundos. Isso é muito rápido”. diz Lars-Örjan Hovbrandt, Vários países já beneficiaram do sistema, como Suécia, Reino Unido, Finlândia, Luxemburgo, Suíça e outros. Com muitas nações voltando a priorizar as armas anticarro, sistema está a gerar um interesse significativo em toda a Europa, Ásia e América do Norte.
Novos recursos para o futuro Novos tempos resultam em novos requisitos. Na área de armas e munições, e especialmente para sistemas de armas portáteis, os utilizadores de hoje colocam alta demanda, não apenas por efeitos melhorados ou diferAentes eT4maior segurança do produto, mas também que os sistemas de armas sejam mais leves e fáceis de transportar para o único soldado. Cada detalhe é importante. Combate em áreas edificadas O combate em áreas edificadas requer sistemas de armas robustos, leves e fáceis de transportar e que tenham bom efeito em vários tipos de alvos, incluindo veículos blindados. Para o combate fora das áreas edificadas, os requisitos para armas de longo alcance de combate e com várias ogivas permanecem ou até aumentaram. Com a família AT4, a sueca Saab tem uma solução para cada situação.
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AT4
Flexible, Man-portable, disposable, support weapon system meeting the most demanding requirements
A família de produtos AT4 - uma história de sucesso O AT4 é uma das armas anti blindagem de maior sucesso já desenvolvidas. A capacidade de enfrentar e derrotar tropas mecanizadas e blindadas com eficácia é vital para uma unidade de combate terrestre. O sistema combina versatilidade, facilidade de uso e alto desempenho num sistema de armas multifuncionais altamente flexível e eficaz que pode ser empregado numa ampla gama de cenários e contra uma ampla variedade de alvos. Suas ogivas de calibre 84 mm fornecem poder de fogo suficiente para lidar com a maioria das ameaças que o soldado de infantaria enfrenta hoje no campo de batalha . O seu alto nível de flexibilidade significa que seu uso não se limita a tanques de combate e veículos de combate - é igualmente eficaz contra ameaças em edifícios e fortificações. Também pode ser empregado para proteger instalações fixas, pontos de abastecimento e outros ativos vitais. A família AT4 de hoje inclui recursos para Anticarro-Blindado, Anti Estrutural e Anti Pessoal.
Carl-Gustaf® M4
“The capability that the Carl-Gustaf brought to play was a game changer”
For Sergeant Raymond Miller of the US Army’s 82nd Airborne Division, the Carl-Gustaf system has been a game changer during operations.
Flexibilidade crucial para o paraquedista Miller diz que, uma vez no solo, a leveza e versatilidade do sistema Carl-Gustaf o torna adequado para operações de tropas paraquedistas, como missões de entrada forçada. “Depois de inserirmos, temos que nos sustentar por 72 horas”, diz ele. “Isso significa que temos que ser capazes de lidar com qualquer ameaça que surgir no nosso caminho. O Carl-Gustaf dá-nos a capacidade de lidar com ameaças anti blindagem leves ou pessoal com entrincheirado.” Miller observa que, desde sua introdução, a arma provou ser útil para o 82º Aerotransportada no Afeganistão. “Tem sido usado com grande sucesso”, diz ele. “Os Taliban estavam enviando fogo de assédio a longa distância, porque nos antes não tínhamos fogo efetivo para além de 600 metros. A capacidade que Carl-Gustaf trouxe foi uma alteração ao jogo, pois deu-nos algo para ultrapassar isso e sermos capazes de detê-los.” Desde seu lançamento em 2014, treze clientes adquiriram o sistema mais recente, incluindo o Exército australiano, as Forças Armadas Suecas e o Exército dos EUA. Com todos os sucessos na história do sistema Carl-Gustaf e da sua versão mais recente, não há indicação que ele esteja prestes a parar ou mesmo desacelerar. Os clientes que usam versões antigas do sistema estão agora a procurar uma atualização para a versão mais recente. Com a mente no futuro ao projetar Carl-Gustaf M4, o sistema adaptar-se-á ás futuras necessidades e operações. Atualmente, estão a ser desenvolvidas novas munições , por exemplo, uma granada programável de alta explosividade e uma munição guiada Carl-Gustaf, que a Saab juntamente com a Raytheon demonstrarão ao Exército dos EUA. Quando membros da 82ª Divisão Aerotransportada do Exército dos EUA saltam de uma aeronave numa missão, é crucial que eles possam contar com seu equipamento. O sargento Raymond Miller, um mestre artilheiro de armas ligeiras da divisão, diz que as condições extremamente desafiadoras envolvidas em ataques com para-quedistas significa que as armas que as tropas carregam devem ser robustas, duráveis e fáceis de operar. É uma das razões pelas quais ele é um fã do sistema de armas de lançamento de ombro Carl-Gustaf, que após um período de implementação de dois anos está agora a ser adotado em toda a divisão.
“A simplicidade de Carl-Gustaf é um de seus maiores pontos fortes”, diz Miller. “Quando você está em combate, as baterias podem ficar vazias e os visores e lentes podem quebrar. Mas nunca ouvi falar do Carl-Gustaf ter tido qualquer um desses tipos de problemas.” Um veterano de 19 anos nas forças armadas dos EUA que serviu no Iraque, Miller não tem problemas em identificar o que considera as características mais destacadas do sistema Carl-Gustaf, começando pela sua resiliência. “É um sistema robusto que podemos usar em operações aerotransportadas para chegar ao objetivo rapidamente”, diz ele. “Outros sistemas não são tão duráveis e não podem ser largados - isso é um grande benefício”. Outra grande vantagem do o sistema é que ele é reutilizável, reduzindo muito a quantidade de equipamento que os paraquedistas precisam carregar em comparação com armas descartáveis. “Você só tem as munições, ao contrário de um monte de tubos descartáveis”, diz Miller. “Então, é muito mais fácil de embalar e transportar a carga numa organização que tem que carregar tudo nas costas.” 51
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MILITARES PORTUGUESES INTEGRAM EQUIPA DE ASSESSORIA E TREINO NO MALI Mali, país africano com o nome oficial “República do Mali”, apresenta uma área de 1.240.000 Km2 e uma população de 18 milhões de habitantes. Este país tem como capital a cidade de Bamako e é limitado a Norte pela Argélia, a Este por Níger, a Oeste pela Mauritânia e Senegal, e a Sul pela Guiné, Costa do Marfim e Burkina Faso.
Formação às Forças Armadas Malianas
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Mali apresenta várias fontes de riqueza, como o Ouro (sendo o terceiro maior produtor no continente africano), o sal e o urânio. Cerca de metade da população vive abaixo da linha de pobreza internacional (1.01€ diários). A sua população é constituída maioritariamente (90%) por muçulmanos. Mali é uma ex-colónia francesa, que declarou a sua Independência em 1960. A 4 de abril de 1959, juntamente com o Senegal, tornou-se Federação do Mali. Mais tarde, em 22 de setembro de 1960, a Federação do Mali dividiu-se em dois países: Mali e Senegal. Ao longo dos anos, o regime do Mali enfrentou diversas tentativas falhadas de golpe de estado. Em janeiro de 2012, um conflito armado irrompeu no Norte do Mali, nos quais os tuaregues e rebeldes islâmicos tomaram controlo do norte do país, onde declararam um novo estado, Azawad. Atualmente, o Mali conta já com várias operações militares, a fim de apoiar no restabelecimento da paz e passar a autoridade às forças malianas leais ao governo. Em 2013, dá-se o envio de uma força internacional de manutenção de paz da ONU, a United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in Mali (MINUSMA), onde atualmente Portugal também participa com militares. Em fevereiro de 2014 é lançada a operação G5 Sahel, constituída pelo Mali, Burkina Faso, Chade, Mauritânia e Níger. Em agosto do mesmo ano teve início a operação “BARKHANE”, uma nova missão liderada pela França, com o intuito de proteger o Sahel de grupos insurgentes islâmicos expulsos do norte do Mali. Com a evolução da crise, a pedido das autoridades do Mali, a União Europeia (UE) lançou uma missão de treino para as Forças Armadas do Mali (Decisão 2013/87/PESC), constituída por quase 600 soldados de 25 países europeus, incluindo 21 membros da UE e 4 países terceiros. Atualmente, a missão EUTM já está no seu quarto mandato. Presente53
Rally Run Competition
mente a sua área de operações já compreende as regiões de Kayes, Kati, Koulikoro, Sikasso, Ségou, Sévaré, Timbuktu, Gao. A EUTM Mali constitui-se como o pilar militar da estratégia da UE no país e inclui outros pilares como o desenvolvimento político e humanitário. A missão tem como objetivo responder à necessidade de fortalecer as capacidades das Forças Armadas do Mali (FAMA), com o resultado final de serem forças armadas autossustentáveis e capazes de contribuir para a defesa da sua população e território. A estrutura da EUTM Mali é comandada no seu nível estratégico pela Military Planning and Conduct Capability (MPCC). Esta é a estrutura permanente de comando e controlo do Estado Maior da União Europeia que assume a liderança das missões militares não executivas, atualmente representadas pelas missões de treino (EUTM) na Somália, República Centro-Africana e Mali. Sob essa estrutura de nível estratégico-militar, está o Mission Force Commander (MFCdr). O Brigadeiro-General português, João Pedro Rato Boga de Oliveira Ribeiro exerce recentemente esse comando. Desde 04Dec19, esse comando 54
tem a seguinte estrutura de força: Mission Force Headquarters (MFHQ) em Bamako, que é a componente principal de apoio ao comandante da missão (MFCdr), e onde está o controlo das forças da EUTM Mali; Educational And Training Task Force (ETTF), sediada em Koulikoro Training Camp (KTC), localidade a cerca de 60 km a nordeste de Bamako, fornece o treino às FAMA; Advisory Task Force (ATF), localizada em Bamako, é a Unidade responsável por aconselhar e treinar o pessoal do Ministério da Defesa, o Estado-Maior do Exército Maliano e a Sede das Regiões Militares, que fornece também aconselhamento e treino à Força Conjunta do G5 Sahel; Force Protection Units (FP); e Medical Units (MED). Na continuidade da sustentação/rendição desta missão do CTOE, três militares de Operações Especiais, nomeadamente do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) e do Destacamento de Ações Especiais (DAE), integraram a Missão de Treino da União Europeia no Mali (EUTM-Mali),no período de 20 de maio a 25 de novembro, onde fizeram parte da Equipa Móvel de Treino (MTT), comandada pela ETTF, na região de Koulikoro, para instrução de forças malianas.
O aprontamento para este TO assenta em 3 fases: o Aprontamento Administrativo-Logístico; a Preparação dos END das MTT; e a Projeção da Força. Esta equipa de formação contou com a presença de 22 nacionalidades europeias diferentes. Os militares portugueses foram responsáveis por instruir malianos no manejo de armas, Sharpshooter, topografia, “Counter Improvised Explosive Devices”, “Checkpoint”, “Base Defense”, “Tactical Combat Casualty Care”, entre outras. Durante este período, os mesmos foram destacados para diversas regiões do país, nomeadamente Tombouktou, Séveré, Keyes, Katy e Bamako. Os militares nacionais destacados, geralmente, e no seu dia-a-dia, dão formação das 08h até às 18h, podendo esta ser estendida para o período noturno, dependendo da temática a ser ministrada. O período da formação depende do curso a ser ministrado, contudo pode variar entre 2 semanas a 3 meses, decorrendo esta cinco dias por semana (segunda a sexta-feira). Após a instrução existem inúmeras atividades livres, a fim dos militares poderem ocupar os seus tempos livres, nomeadamente o regular treino físico,
feito geralmente no ginásio, corrida contínua, ou até mesmo diversas competições físicas com outras nacionalidades. Também o treino operacional dos militares nacionais é sempre efetuado em todos os períodos de tempo disponíveis, garantindo assim a proficiência técnica quando esta seja necessária. Com vista à coesão entre as diversas nacionalidades, durante os “Rest Days” (Sábado e Domingo), existem competições entre os diversos militares presentes no campo KTC, como os “Cohesion day”. Nestes dias os militares executam diversas atividades (nomeadamente Human kickers, Rally run, Photography contest, Burpees challenge, entre outras) terminando o dia com um jantar de coesão. Os END portugueses continuam a apoiar o esforço da União Europeia na formação das forças malianas, contribuindo para o desenvolvimento das suas capacidades técnicas e táticas, permitindo-lhes melhorar ainda as suas capacidades de resposta no decorrer das operações contra as ameaças terroristas. Autor: Ten Gaspar 55
AS OPERAÇÕES ESPECIAIS DO EXÉRCITO PORTUGUÊS EM OPERAÇÕES COMBINADAS NO TO DO IRAQUE Combined Joint Special Operation Task Force (Operation Inherent Resolve - Iraq)
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situação no Médio Oriente e no Magrebe, desde a denominada “Primavera Árabe” de 2011, continua a atravessar um período de crise e instabilidade, caracterizado por um padrão comum de atuação das organizações islâmicas extremistas. Estes grupos operam em áreas onde a autoridade central dos estados é fraca ou inexistente. O ambiente estratégico neste território sofreu uma transformação significativa, relacionada com o surgimento e desenvolvimento do autoproclamado “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, conhecido por “DAESH”. Esta organização tem como objetivo principal estabelecer um “Califado” (Estado Islâmico) que englobe as regiões entre o norte da Síria e a província de Diyala, no Leste do Iraque. O DAESH representa um tipo de organização terrorista que, pela sua ação de destruição, levou a comunidade internacional a tomar medidas para travar a sua expansão e promover a sua erradicação. Face a isto, a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 2170 (2014), relativa às ameaças à paz e segurança internacional causada por atos terroristas, foi difundida por forma a impor sanções contra essa organização terrorista. À margem da Cimeira de Gales, de 2014, começou a ser desenhada a composição de uma Coligação Internacional (CI) contra o DAESH, com o objetivo de “degradar e 56
destruir” a ameaça que o autodenominado Estado Islâmico constitui. A CI, liderada pelos EUA e apoiados por países da NATO, juntamente com outros países amigos e aliados, deu início, em 2014, à Operation Inherent Resolve (OIR), no Iraque e na Síria, tendo em vista mitigar a capacidade militar do DAESH. Para o cumprimento do plano de ação por parte da CI, o planeamento e a condução da operação militar estão a ser liderados pelo United States Central Command (USCENTCOM), com um Combined Joint Task Force (CJTF-OIR) e com um Combined Joint Special Operations Task Force – Iraq (CJSOTF-I), o qual integra toda a comunidade SOF (Special Operations Forces) para executar operações Defeat-DAESH (D-DAESH). As nações que contribuem para o CJSOTF-I com unidades SOF organizam-se por Task Forces (TF), sendo que Portugal integra dois (02) elementos de Operações Especiais no Estado-Maior (EM) da TF espanhola. A colocação destes elementos de Operações Especiais (OEsp) nacionais foi de encontro a uma intenção de maior integração com a Componente de Operações Especiais de Espanha. Os dois (02) Elementos Nacionais Destacados (END) (Foto 1) pertencentes ao Centro de Tropas de Operações Especiais, que renderam outros dois militares desta mesma
Foto 1 END do CTOE no Iraque
Unidade, fizeram o aprontamento entre julho e novembro de 2019, sendo que três (03) semanas deste aprontamento foram efetuadas na Unidade de Operações Especiais da Marinha de Espanha, em Cartagena, Unidade esta que liderou a TF durante os seis (06) meses de missão. No final deste período, os militares da TF constituíam uma equipa coesa e estavam familiarizados com a situação, condicionantes e enquadrantes do Teatro de Operações (TO), tendo em conta que houve oportunidade para recriar o ambiente operacional do Iraque de modo a adaptar o método de trabalho para o mais aproximado à realidade. A projeção dos END, para a base militar em Bagdad, ocorreu em novembro, juntamente com o restante pessoal do EM. A integração no TO foi rápida e as tarefas nos respetivos postos rapidamente assimiladas. As funções desempenhadas pelos dois END foram na área da formação e treino, orientando o treino e mentoria dado pela TF espanhola na academia do Counter Terrorism Service (CTS) (Foto 2 e 3), e na área de informações/analista, mais especificamente da área de Bagdad.
Foto 2 Durante a realização do curso Close Target Reconnaisance – instrutores explicam o reconhecimento em áreas urbanas
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Foto 3 Instrutores espanhóis e holandeses na entrega de diplomas na academia CTS. O END português foi o diretor de curso tendo liderado os instrutores das diferentes nações.
Foto 4 Visita do Primeiro ministro ao TO Iraque. Entrega de lembrança pelo Comandante da TF espanhola.
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Foto 5 Reconhecimento aos campos de treino pelo Oficial de Treino da TF espanhola.
Num TO com uma situação política tão instável e sensível, os militares da CI viveram períodos bastante conturbados e inquietantes. Os ataques às bases americanas por parte das milícias iraquianas obrigaram a um ataque unilateral dos EUA, provocando a morte do General Iraniano Qassen Soleimani, em 3 de janeiro de 2020. Este assassinato foi o ponto de viragem da presença militar no Iraque. Inúmeras manifestações e pressão contínua por parte do Iraque e Irão, para a retirada das forças da CI, obrigaram a um reajuste de pessoal. A pandemia mundial do novo COVID-19 acelerou esta reorganização e obrigou a retirada de bastantes forças, de modo a fazer face a este perigo mundial.
integração portuguesa, bem como a nossa aprendizagem no seio das SOF. O ganho e a experiência em trabalhar no SOTG espanhol é notória. Após 5 meses de missão, a aquisição de novos conhecimentos no âmbito de um EM/SOTG, bem como o contacto e trabalho constante com várias ferramentas de trabalho, a referir os sistemas de comando e controlo, sistemas de comunicação, equipamentos e software de site exploitation, contato com viaturas (fig. 5), equipamento e armamento dos países da CI, entre outras ferramentas consideradas relevantes, constitui sem dúvida um marco importante na carreira profissional dos militares que integraram a missão em parceria com o país vizinho.
Independentemente destes episódios, que fazem parte de um ambiente tão complexo, os militares portugueses presentes no Iraque receberam a visita do Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, acompanhado pelo Ministro da Defesa Nacional, Dr. João Gomes Cravinho, a 18 de dezembro, tendo havido oportunidade para conhecerem o trabalho dos dois END a exercer funções na TF espanhola (Foto 4). De salientar também as inúmeras visitas de entidades espanholas, que bem demonstraram a importância que é dada a este TO.
Continuando a acompanhar o desenvolvimento da OIR, os militares da TF seguem expectantes e confiantes que depois deste período de pandemia haja novos desafios e que uma Special Operations Task Unit portuguesa possa, finalmente, integrar a TF espanhola para continuar as operações D-DAESH e testemunhar o profissionalismo e integridade das SOF portuguesas. Sem dúvida que este desafio irá novamente provar que o CTOE é uma Unidade de excelência para a formação, treino e aprontamento de elementos de Operações Especiais, capazes de integrarem uma Special Operations Land Task Unit num ambiente tão complexo como é o Iraque.
A participação portuguesa nesta missão revela-se inquestionavelmente importante. O facto de trabalharmos num ambiente combinado com os países aliados que vieram a adquirir experiências ao longo dos últimos anos, facilitou a
Autor: Cap Pereira 59
Luzes químicas
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MÓDULO DE SEGURANÇA / BSAT
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O MÓDULO DE SEGURANÇA DA BRANCH SCHOOL ADVISORY TEAM
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participação de Portugal no Teatro de Operações (TO) do Afeganistão com Forças Nacionais Destacadas (FND) integradas na Resolute Support Mission - Afghanistan (RSM-A) da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) retomou-se em 2018. O compromisso de Portugal para com os seus parceiros foi o de contribuir, entre outras forças, com uma Branch School Advisory Team (BSAT). A BSAT esteve presente no TO do Afeganistão entre junho de 2018 e dezembro de 2019. Esta força contribuiu para a missão primordial da RSM-A, de Train, Advise and Assist (TAA) – treinar e assessorar as forças de segurança e de defesa afegãs. No caso da BSAT, a missão foi assessorar a estrutura de comando da School of Artillery (SoA) do exército afegão na conceção, desenvolvimento e produção de treino eficaz e eficiente, de acordo com os requisitos operacionais do Afghan National Army (ANA).
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O processo de geração, aprontamento e emprego da FND/BSAT não foi simples, abriu espaço para várias incógnitas, levantou várias questões que se revestiram sobretudo no emprego operacional desta Força e dos riscos que se assomavam e que era necessário mitigar com o emprego da mesma no TO do Afeganistão. As FND/BSAT foram constituídas por duas Subunidades, um módulo de assessoria, com oito assessores e uma Unidade de Proteção da Força (Módulo de Segurança), com quinze militares, constituída por elementos de uma Unidade Tarefa de Operações Especiais (UTOE) do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE).
Foto 1 Módulo de Segurança em HKIA.
Foto 2 Treino de TTP
As FND/BSAT ficaram aquarteladas na base da RSM-A de Hamid Karzai International Airport (HKIA), conduzindo as suas operações e a sua atividade de assessoria na sua Área de Operações (AO) materializada no terreno pela cidade de Cabul. Contudo a maior parte dos movimentos foram realizados para o Kabul Military Training Center (KMTC), localizado a cerca de 15 Km a Este de HKIA. Por necessidades da missão, a BSAT desenvolveu também atividade no Construction Property Management Department (CPMD), organismo responsável pela gestão e projeto das infraestruturas do ANA e na Marshal Fahim National Defense University (MFNDU), onde se encontra a Academia de Oficiais e a Escola de Sargentos do ANA. Com o processo de união das diferentes escolas para a Combat Arms School, a BSAT recebeu ainda a tarefa adicional de apoiar o treino dos soldados do KMTC. O Módulo de Segurança era responsável por providenciar a segurança da BSAT e todo o tipo de Force Protection1 durante as operações militares da BSAT, além de executar toda a análise detalhada da AO, de forma a elaborar o planeamento das operações. Estava organizado em termos de quadro orgânico com um comandante, cinco equipas de segurança próxima (Guardian Angel2) e uma equipa de transportes, totalizando quinze militares. Devido a aspetos de caráter operacional todos os militares do módulo eram Guardian Angel. Numa fase inicial, até atingir a Full Operational Capability (FOC), o Módulo de Segurança desenvolvia um conjunto de atividades de adaptação ao TO e tarefas específicas adequadas às características da missão. De 1 Nome dado no TO às Unidades que executam a segurança durante os movimentos e durante as sessões de TAA aos assessores. 2 sors.
Designação dada aos militares que prestam segurança aos asses-
realçar a fase de treino de Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP), o treino de condução de viaturas MRAP3 Maxx Pro, a formação médica avançada (TCCC) no ROLE II, o curso de Guardian Angel, o treino de comunicações, a execução de tiro e o reconhecimento dos itinerários. Para entendermos o motivo da necessidade de segurança da BSAT, temos de perceber a situação da ameaça do TO do Afeganistão e, respetivamente, a situação na AO de Cabul. A ameaça em Cabul era evidente e elevada ao mesmo tempo, sendo também imprevisível, volátil, difusa e acima de tudo complexa. No Afeganistão são várias as células terroristas a realizar ataques, sendo que todas elas pretendem atingir objetivos distintos. Em Cabul existiam quatro principais células terroristas, os Taliban (TB), a Rede Haqqani (HQN), o ISIS-K e por fim a Rede Al-Qaeda. Cada uma destas células realizava ações contra vários alvos, sendo os principais as Afghan National Defense and Security Forces (ANDSF), as Forças da RS, elementos do Government of the Islamic Republic of Afghanistan (GIRoA) e elementos estrangeiros. Os ataques eram levados a cabo por pequenos efetivos que atuavam maioritariamente isolados dando enorme importância à surpresa. Dos modus operandi mais frequentes destacavam-se os Small Arms Fire (SAF), os Indirect Fire (IDF), os Complex Attack (CA), os Vehicle Borne Improvised Explosive Device (VBIED), os Suicide Bomber Improvised Explosive Device (SBIED), os Magnetically Attached Improvised Explosive Device (MAIED), os Large Vehicle-Borne Improvised Explosive Device (LVBIED) e por fim, os Insider Threat. Além da necessidade da avaliação da ameaça, o Módulo de Segurança tinha de analisar, para cada local de assessoria qual o seu nível de TIER4, os condicionamentos e as restrições que esse nível implicava para as operações no que respeitava ao número de Guardian Angel5 por assessor e equipamento obrigatório a usar durante a assessoria. O número mínimo de viaturas a usar nos movimentos era determinado pela avaliação da Kabul Security Force6 (KSF), de acordo com o nível de ameaça. Para a realização deste estudo dentro da AO de Cabul, o Módulo de Segurança trabalhava diretamente com diversos elementos responsáveis pelo estudo da INTEL, além de ser apoiado pelos dois Elementos Nacionais Destacados (END), um com funções no NSOCC-A / SOSTF-A7, e outro com funções no RS CJOC/ CJ28. Da parte da KSF o apoio era garantido pela célula do J2 e do Chief of Operations do Combined Joint Operations Center (CJOC) em NKC9.
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Mine-Resistant Ambush Protected.
4 Avaliação dos locais de assessoria tendo em conta a segurança do local. Os níveis de TIER vão de TIER 0 a TIER 3, sendo que quanto maior o nivel de TIER, menor a segurança do local e por consequente maior as medidas de proteção da força. 5 Designação dada aos militares que prestam segurança aos assessores. Este curso é obrigatório tanto para os militares que efetuam proteção como para os assessores. 6 Força da RS responsável pelo controlo de movimentos na cidade de Cabul. 7 NSOCC-A: NATO Special Operations Component Command Afghanistan; SOSTF-A: Special Operations Joint Task Force – Afghanistan; 8 Resolute Support Combined Joint Operations Center/Combined Joint Intelligence Currents Operations 9
New Kabul Compound – Base da RS em Cabul.
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Foto 3 Módulo de Segurança durante uma sessão de assessoria nas carreiras de tiro do KMTC
Foto 4 Movimento na cidade de Cabul
Foto 5 Módulo de Segurança durante uma sessão de assessorial no KMTC
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Os planeamentos das operações realizado pelo Módulo de Segurança culminavam sempre com uma ordem de operações (OPORDER) à Força, ondem eram transmitidos todos os detalhes e procedimentos a executar durante o movimento e a sessão de assessoria. A esta ordem assistiam todos os militares do Módulo de Segurança e os assessores que iriam executar a sessão de assessoria. A preparação da operação começava cedo, pois a saída da base requeria um conjunto de procedimentos obrigatórios, como uma última inspeção às viaturas, a verificação das comunicações com a KSF e o briefing de segurança ministrado aos assessores e intérpretes. Seguidamente os Vehicle Commander procediam à inspeção do equipamento de todos os elementos da sua viatura e acompanhavam o municiamento do armamento. Os movimentos eram realizados, no mínimo, com três viaturas MRAP Maxx Pro e cada uma com uma tripulação de três elementos (Vehicle commander, Driver, Gunner), que se reorganizam em Guardian Angels quando chegavam ao local de assessoria, ou seja, a tripulação da viatura passava a ser uma equipa de segurança próxima. A avaliação das condições de segurança do local de assessoria era realizada logo na chegada ao local pelos GA, que só após estarem garantidas se dava início as sessões de assessoria. Após a sessão estar concluída era realizado o movimento de regresso. A preocupação com a segurança no movimento da coluna de viaturas era uma constante. Chegados ao parque de viaturas, em HKIA, todos os militares desmuniciavam e procediam a operações de segurança com o armamento. Realizavam-se verificações às viaturas de modo a garantir que as mesmas estavam prontas para uma próxima operação. A operação só terminava com a Revisão Após a Ação, onde se abordava o que estava planeado, como tinha decorrido, se tinha havido diferenças e o impacto destas no cumprimento da missão. Num teatro onde a ameaça é um fator extremamente real a considerar, a BSAT é o resultado das capacidades complementares que se oferecem entre as duas Subunidades. As missões desenvolvem-se de forma concorrente e complementar, resultando no desenho de uma operação, onde se desenvolve em simultâneo, duas ações táticas: a ação do Módulo de Assessoria, que contribui diretamente para o estado final pretendido e a ação do Módulo de Segurança, cuja função permite estruturar as condições de segurança necessárias ao sucesso das assessorias. Foi desafiador solicitar aos nossos militares de Operações Especiais que desenvolvessem competências táticas que não são estritas e atendem a novas premissas e princípios de ação. Contudo, todos os militares do CTOE que serviram nos diferentes Módulos de Segurança mostraram saber superarem-se pela sua firme vontade e seu indómito valor, pois através do esforço, da competência, da coragem, da lealdade e pelo espírito de sacrifício e de abnegação, cumpriram a missão que Portugal decidiu atribuir.
Autor: Cap Afonso, Cap Gouveia e Cap Pina
A AMEAÇA HÍBRIDA: DO ENGODO CONCEPTUAL À REALIDADE DA RESPOSTA “Em estratégia, a dissuasão é sempre um objetivo, porém a dissuasão requer capacidade militar e compromisso político para usá-la. Um sem o outro é insuficiente.” TCor Bryan Groves
A
inda que o título deste texto estimule uma diálise, o substrato que nos conduz na elaboração deste ensaio resume-se a uma Questão: O que é a Ameaça Híbrida? O conceito de Ameaça Híbrida, conhece a sua génese na definição de guerra híbrida. Segundo Nemeth (2002), a noção de definição de guerra híbrida remete-nos para a cumulação da improvisação de capacidades, ou se preferirmos, para a improvisação de respostas dos Estados em sede de conflito armado, que usam um modelo assimétrico que combina meios convencionais e não convencionais de gestão da violência. O termo “guerra híbrida” foi utilizado pela primeira vez em 2002 por Nemeth, para descrever as campanhas de violência armada desenvolvidas pelo Hezbollah. Porém, esta terminologia, só veio a ser usada de uma forma generalizada, a partir de 2014, quando as organizações internacionais de segurança cooperativa e coletiva estabeleceram, na sua prática discursiva o uso do termo ameaça híbrida. Segundo João Pereira (2018), “as ameaças híbridas
combinam atividades convencionais e não-convencionais, militares e não militares, utilizadas de forma coordenada por atores estatais e não-estatais, recorrendo ainda a campanhas multidimensionais que combinam medidas coercivas e subversivas, com vista ao alcance de objetivos políticos". Se atendermos exclusivamente a esta definição, torna-se evidente a dificuldade na distinção do quadro de ameaças que poderão estar incluídas ou excluídas neste acto de intelecção, já que, na justaposição do conceito proposto, poderá caber a quase totalidade das realidades conflituais. As ameaças híbridas poderão assim, estender e incluir no seu campo de realidade, as campanhas mediáticas, a utilização de armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, os ciber-ataques contra os sistemas informáticos de infraestruturas estratégicas ou a utilização da subversão enquanto processo de gestão da violência. Porém, os processos de violência até aqui identificados não são novos! Existirá espaço para classificar este conceito de ameaça híbrida como novo ou pertinente? Não representará esta definição, um engodo conceptual? 65
“as ameaças híbridas combinam atividades convencionais e não-convencionais, militares e não militares, utilizadas de forma coordenada por atores estatais e não-estatais, recorrendo ainda a campanhas multidimensionais que combinam medidas coercivas e subversivas, com vista ao alcance de objetivos políticos"
A exploração da definição conceptual da ameaça híbrida até aqui levantada, permite-nos deduzir que este conceito assume uma natureza particularmente complexa, tornando difícil determinar que tipo de ocorrências podem ser efetivamente classificadas de híbridas. Segundo Andersson e Tardy (2015), é difícil definir ameaça híbrida, sobretudo porque a profusão da literatura sobre esta temática é lacónica, uma vez que se associa à sua definição conceitos que lhe são redundantes como, guerra não convencional ou guerra irregular. Estes autores preferem isolar o conceito de ameaça híbrida, através da noção dos efeitos que os métodos tidos nesta “modalidade de ação” suscitam sobre os seus alvos. Andersson e Tardy (2015) revelam que o alvo da ameaça híbrida é sempre um Estado, sendo que o foco da acção pela ameaça híbrida é a capitulação dos órgãos de soberania deste Estado, através de uma abordagem indirecta, ou se preferirmos em linguagem militar, através da acção indirecta, a qual neste contexto não se cinge ou é estrita ao campo da violência armada. Neste contexto existirá a tentação para correlacionar o conceito de acção indirecta com o conceito de ameaça híbrida, pois em ambas as conceptualizações, a índole da acção é a disrupção ou a destruição das funções de soberania de um Estado, através da fracturação da sua sociedade. Porém é no limite da noção de acção indirecta, que distinguimos este conceito da conceptualização de ameaça híbrida, na justa medida em que a primeira se cinge de forma estrita, aos recursos da violência, ao passo que a segunda admite a profusão de múltiplos instrumentos de poder em acção combinada. É, neste estrato do nosso ensaio que concluímos, que o conceito de ameaça híbrida, embora seja complexo e difícil de determinar, não é um engodo lacónico ou uma redundância conceptual. Podemos, pois verificar que o seu substrato é mensurável, apesar de complexo. As definições sobre o termo ameaça híbrida são múltiplas e pouco consensuais. De entre o quórum de definições, podemos eleger como mais completa, a conceptualização que o Colégio de Defesa Sueco postula, onde Traverton (2018) refere a ameaça híbrida, como: a ação efetiva ou potencial de um actor, que faz o uso sincronizado e objetivo dos múltiplos instrumentos de poder, para causar a destruição ou a disrupção das funções de soberania de um Estado. A observação deste conceito sintetiza a mais objetiva definição do “fenómeno” da ameaça híbrida, na medida em que a reduz à configuração de uma estratégia de gestão da violência, a qual “é perpetrada por um actor que procura acima de tudo, fraturar uma determinada sociedade, minando a confiança que os cidadãos, constituintes dessa sociedade, detém nos órgãos de soberania do Estado que os serve.”, (Traverton, 2018).
As campanhas russas, na Geórgia, Crimeia e Ucrânia, são exemplo deste novo método de gestão da violência. A Rússia ocupou o território soberano da Geórgia, anexou de forma fulminante a Crimeia e continua a apoiar o separatismo na região de Donbass, no Leste da Ucrânia. As ações russas provocaram e provocam continuamente os interesses dos países ocidentais, sem, contudo, desencadear um conflito massivo. Porquê? E como? A estratégia de violência da Rússia combina a ação de múltiplos instrumentos de 66
poder, na consecução de um plano que antecipa e supera a capacidade de reação dos seus adversários. Sob o pretexto de proteger "compatriotas", a Rússia utiliza populações de origem “russófona”, residentes nas regiões que disputa para justificar uma intervenção “humanitária”, a qual é solicitada por uma “população de origem russófona” nestes territórios, (Groves, 2020). A consecução da estratégia russa demonstra a sua capacidade para atuar num quadro de ambiguidade legal, usando múltiplos instrumentos de poder, a uma velocidade vertiginosa. A forma ambígua, a velocidade e a unidade de ação das campanhas russas, revelaram uma incapacidade dos países ocidentais na produção de uma resposta rápida e assertiva. Porquê? Porque no quadro de actuação, perpetrado pela Rússia, esta permanece no limiar do conflito armado formal, paralisando os processos de tomada de decisão política, por meio do uso de operações de informação e de mecanismos não convencionais de gestão da violência. Desta forma, a Rússia não faz recurso aos seus meios militares convencionais. Este actor usa antes, meios não convencionais, os quais dispõem entre a profusão das suas Agências de Informação e Forças de Operações Especiais e conjuga a sua acção com a modulação do espaço de batalha. Nesta concepção, a estratégia russa só considera a condução de operações com recurso à violência, onde esta, (a Rússia), dispuser de uma vantagem decisiva, (Groves, 2020). Deste modo este actor escolhe criteriosamente os espaços de batalha onde vai desenvolver as suas operações, pois procura dominar por curtos períodos, o conflito armado, combinando a utilização de Forças de Operações Especiais, as quais controlam Forças Irregulares, com o emprego de sistemas de armas estratégicos, para obter uma superioridade relativa. O “novo método” de gestão da violência da Rússia, que poderá ser apelidado de híbrido, apresenta um conjunto de desafios à defesa tradicional, pela dissuasão dos meios convencionais. Como podemos então travar este “novo método” de gestão da Violência? Como prevenimos e combatemos uma ameaça híbrida? A dissuasão tradicional apoia-se nos recursos militares convencionais. Porém, os recursos militares convencionais não são suficientes para fazer prevalecer a identidade e soberania de um Estado perante o quadro de uma ameaça híbrida. Fazer prevalecer a soberania de um Estado, perante
um quadro de ameaças híbridas requer uma abordagem, diferente, a qual obriga a uma estratégia de defesa, que se define como Defesa Total. Quando os Estados, através dos seus governos, reforçam a capacidade das suas Forças Armadas, desenvolvem e aprofundam o esforço de defesa colectivo e cooperativo com outros Estados que lhe são aliados, e quando através da educação, consolidam os valores e a identidade nacional da população que o seu Estado serve, estão a desenvolver uma estratégia de Defesa Total. Neste quadro de estratégia, as Forças Armadas exercem a mais crítica e ulterior função do Estado, pois constituem-se como o recurso de defesa nacional, na medida em que em si, e só em si, residem as capacidades duras para exercer a violência, na prossecução do interesse do Estado. Porém, desenvolver as capacidades convencionais de defesa não será suficiente. É necessário que as Forças Armadas desenvolvam as suas capacidades não convencionais de defesa e consigam estender as mesmas a outros vectores de promoção de Defesa e Segurança do Estado. É neste contexto que devemos evidenciar o papel da nossa instituição. O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) constitui-se como um importante actor, para atingir um desiderato de dissuasão não convencional em Portugal. A oferta formativa do CTOE, (que inclui o Curso de Operações Especiais (COE), o Curso de Operações Irregulares (COIR) e o Curso de Prevenção e Combate a Ameaças Terroristas (CPCAT), representa a parte prática consubstanciada de uma estratégia que urge fazer nascer e consolidar. Em sede nacional, esta estratégia terá ainda de ser mais desenvolvida e aprofundada. Porém, o contributo da nossa Unidade, é e continuará a ser, singular e rico. O CTOE é, em sede das instituições portuguesas, uma das instâncias institucionais, com maiores recursos para cooperar e fazer operacionalizar uma estratégia de dissuasão não convencional, uma vez que em si reside a capacidade, (conscrita nas suas Forças de Operações Especiais), e o conhecimento, (que se traduz na sua competência de formação), para fazer o reforço das capacidades não convencionais das Forças Armadas e preparar os Quadros das Forças Armadas e Forças e Serviços de Segurança para prevenir e combater a ameaça híbrida. Autor: Cap Afonso
Bibliografia: ANDERSSON & TARDY, (2015). Hybrid: what’s in a name? Brussels: EUISS. DF. (2018). Referencial de Curso - Operações Irregulares. Évora: Direção de Formação. EME. (1966). O Exército na Guerra Subversiva. Lisboa: Ministério do Exército. EME. (2010). PDE 3-09-00 Operações Não Convencionais. Lisboa: EME. EME. (2014). PDE 3-67-00 Operações Especiais. Lisboa: EME. GROVES & FERENZI, (2020). Unconventional Deterrence. Washington: RCD. OTAN. (2014). Wales Summit Declaration. Brussels: NATO. PEREIRA, J. (2018). Hybrid Threats - A Conceptual Approach Frameworks. Lisboa: FDUNL. TRAVERTON, G. (2018). Adressing Hybrid Threats. Estocolmo: SDU. 67
FORMAÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA, EVASÃO, RESISTÊNCIA E EXTRAÇÃO E PERSONNEL RECOVERY A formação de Sobrevivência, Evasão, Resistência e Extração (SERE1) e o Personnel Recovery (PR2) no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE)
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experiência nos diferentes Teatros de Operações (TO) tem mostrado que os indivíduos que participam em conflitos (pessoal militar e não militar) enfrentam situações em que podem ficar isolados ou ser capturados, sendo sujeitos à exploração por parte de grupos adversários que poderão seguir ou não as convenções de Genebra e outras convenções de direitos humanos. O isolamento, a captura e a exploração do pessoal durante as operações tem um impacto muito negativo na moral das Forças, nas famílias e no apoio público. É neste contexto que surge a necessidade de o pessoal militar e não militar envolvido em operações, receber treino específico para enfrentar situações onde seja necessário resistir ou evadir-se em território hostil, criando as condições para ser recuperado. Atualmente, e de acordo com a política doutrinária NATO, antes de entrar num TO, todos os militares devem receber treino específico e ser preparados no nível adequado de operações de Joint Personnel Recovery (JPR). Além do mais, o Comandante da Força deverá estar consciente do nível de treino SERE das unidades sob o seu comando. 1 SERE: Survival, Evasion, Resistance and Extraction. Na doutrina EUA, a última letra “E” significa “Escape”. 2 Definição: “The sum of military, diplomatic and civil efforts to effect the recovery and reintegration of isolated personnel.” (AJP 3.7 Allied Joint Doctrine for Recovery of Personnel in a Hostile Environment, NATO, 2016, pág. 22)
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A NATO assume a responsabilidade de garantir que haja meios disponíveis para recuperar os elementos sob seu encargo que fiquem isolados, mas são as nações que devem assegurar que os seus militares recebem formação, treino e equipamento adequado para ajudar na sua recuperação. Estrutura NATO Personnel Recovery A estrutura NATO de PR, está assente em duas partes fundamentais. Uma primeira, onde se concentra todo o sistema para efetuar a recuperação de pessoal isolado3, e uma segunda, direcionada para as áreas de formação, o conhecimento a adquirir e os níveis de treino SERE na preparação dos militares para um TO. Quando acontece um incidente que resulta a perda de controlo de elementos de uma Força, com a consequência de estes ficarem isolados no terreno, a NATO pode optar por três opções de intervenção, para executar a recuperação desses elementos: • Diplomática – Ao nível dos governos dos países. Neste caso, o poder político que está no governo lidera todas as atividades diplomáticas a fim de preparar, apoiar e executar a recuperação do pessoal isolado. • Militar – A opção militar engloba o planeamento pelos comandantes e respetivos estado-maior e a preparação da execução de tarefas críticas por parte das Forças de Recuperação a fim localizar, apoiar, recuperar e reintegrar4 o pessoal isolado. 3 “Militares ou civis que se separaram da sua unidade ou organização e encontram-se numa situação que os obrigue a sobreviver, evadir, resistir ou escapar enquanto aguardam a recuperação. (AJP 3.7 Recovery of Personnel in Hostile Enviromnent, 2016, pág 22); 4 Consultar o Capítulo 5 – PR OPERATION do manual NATO Joint Operational Guidelines (JOG), Joint Personnel Recovery (JPR), 2011, para mais informação sobre as fases de uma Operação PR.
Foto 1 UTOE da FOE atuando como força de recuperação no exercício HotBlade18
• Civil – A recuperação é apoiada em organizações civis, tais como, organizações governamentais, organizações não-governamentais, autoridades civis e cidadãos particulares. A NATO pode usar isoladamente uma opção ou optar por uma combinação entre estas. Independentemente da decisão adotada, todos devem trabalhar em conjunto de modo a construir um sistema de informações credível e a obter os dados necessários para a realização da recuperação com sucesso. No que respeita à opção militar, esta deverá ser a primeira a ser preparada, mas a última a ser esgotada. A PRCC (Personnel Recovery Coordination Cell), localizada no Comando e Estado-Maior, executa o planeamento e sincroniza todas as operações de recuperação. A avaliação das operações tem em conta fatores como a formação, o treino, o equipamento, o conhecimento e a capacidade de resistir a uma situação de isolamento do pessoal isolado, a ameaça na área de operações, as condições meteorológicas, o terreno, a análise do risco e os meios disponíveis para a operação. As “Forças de Recuperação” deverão estar treinadas e equipadas para executar este tipo de missões, de acordo com as exigências da recuperação a executar. Após a análise dos fatores mencionados anteriormente, é escolhido o método de recuperação a ser efetuado pela força (Fig. 2): As operações de Busca e Salvamento (Search and Rescue - SAR) são caraterizadas por se executarem num ambiente de perigo, mas onde não é esperada interferência hostil. Consiste na assistência a pessoas (localizar e recuperar) que se encontrem em perigo na sequência de um acidente ou uma situação de emergência. São operações num ambiente de contexto civil, ou militar, como em operações de apoio à paz ou exercícios militares. Apesar do esforço ser dirigido para as operações militares, a assistência SAR militar é empregue primariamente em apoio às autoridades
civis, como é exemplo de Portugal5. As operações de recuperação através de combate são caraterizadas por se executarem num ambiente de perigo, onde é esperada interferência hostil e estão divididas em três métodos diferentes: • Combat Recovery – Consiste na recuperação de pessoal isolado a partir de uma situação em que é esperada interferência Hostil. Contudo a Força de recuperação, o pessoal isolado, ou mesmo ambos, não possuem treino especializado em PR. • Combat Search and Rescue (CSAR) – Consiste na deteção, localização, identificação e recuperação de pessoal isolado em território hostil, em tempo de crise ou guerra. Tanto a “Força de Recuperação” como o pessoal isolado, estão treinados e equipados para executar procedimentos de PR. • Non-conventional Assisted Recovery (NAR)6 – Consiste na recuperação de pessoal isolado por Forças não convencionais ou quando os meios convencionais não são adequados. Estes tipos de forças vão desde as Special Operations Forces (SOF) a forças especializadas em contra terrorismo, normalmente escolhidas devido ao grande treino específico inerente à ação em causa. Este método engloba também os canais de evasão até controlo amigável e a utilização de agentes clandestinos. Empregue frequentemente na recuperação de pessoal diplomático e em situações de golpe de estado ou de estado de sítio.
5 Decreto-Lei n.º 15/94 de 22JAN - Estabelece o Serviço Nacional para a Busca e Salvamento Marítimo. Decreto-Lei n.º 253/95 de 30SET - Estabelece o Serviço Nacional para a Busca e Salvamento Aéreo. 6 Em alguns manuais este método de recuperação aparece designado por SOF (Special Operations Forces).
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Foto 2 UTOE da FOE executando uma missão de CSAR durante o exercício HotBlade18
A Formação NATO SERE7 A formação SERE teórica e prática na NATO é baseada na intenção de fornecer informação, o mais eficiente possível, de acordo com o TO onde se opera. Como a maior parte das operações atuais são conjuntas e combinadas, a NATO chegou à conclusão que o mesmo tipo de treino em todas as nações é essencial para a capacidade de recuperar elementos isolados independentemente da nação a que pertençam. O STANAG 7196 e o APRP-3.3.7.5 NATO SERE Training Standard são os documentos que definem os níveis, as áreas de treino e os requisitos mínimos que todas as entidades formadoras de cursos SERE estão obrigadas a adotar dentro da comunidade NATO. O conceito de formação SERE é baseado em três níveis de treino: Nível A (basic Training), nível B (intermediate training) e nível C (advanced training). A principal diferença entre os diferentes níveis é a quantidade de informação que será fornecida nas áreas da Sobrevivência, Evasão, Resistência e Extração. O nível A é o treino mínimo de SERE, com uma formação inicial em Joint Personnel Recovery (JPR) para o pessoal envolvido em operações militares (normalmente ministrado antes da primeira participação em missões) em TO onde a probabilidade de ficar isolado é baixa. Os formandos rece7 SERE - Conjunto de táticas, técnicas e procedimentos (TTP`s) que dão ao pessoal isolado, os conhecimentos necessários para sobreviver em qualquer ambiente, evitando a sua captura. Em caso de captura, consigam resistir à exploração da informação pelos captores, e se a situação permitir, fugir ao cativeiro a fim de apoiar a sua extração e o regresso com dignidade. (STANAG 7196, 2007)
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bem formação teórica sobre o conceito NATO JPR, como otimizar a sobrevivência, como aumentar o “awareness” em situação de cativeiro e como aumentar as hipóteses de recuperação/extração. O nível B é um nível intermédio de treino que aprofunda os conceitos teóricos do nível A, acrescentando uma vertente prática, na experimentação das técnicas e equipamentos operacionais em algumas das áreas. Deve ser minis-
Foto 3 Formação SERE nível B a uma FND
trado a pessoal cujas funções são propensas ao isolamento, à captura e à exploração em situação de risco moderado. Independentemente do equipamento individual o treino deve permitir cumprir qualquer procedimento CSAR ou de Combat Recovery. O nível C é o nível de treino que permite uma abordagem prática a todas as áreas do SERE. Está vocacionado para pessoal cujo as funções são muito propensas ao isolamento, à captura e exploração em situação de risco elevadas e dá a todos os elementos um conhecimento teórico e prático, através de um exercício, da compreensão completa do conceito NATO JPR, de como sobreviver e escapar a uma Força em perseguição, como resistir à exploração em situação de cativeiro e como usar equipamento operacional de extração. Esta formação envolve material especializado em recuperação, uma “Força de Perseguição” durante um período mínimo de 72 horas e uma simulação de cativeiro de pelo menos 12 horas. Após completar o nível C o pessoal adquire os conhecimentos necessários para sobreviver, evadir-se, resistir e criar as condições para ser extraído do terreno, obter as capacidades para se opor à perseguição e resistir à exploração de informação por parte destas.
A Formação SERE no CTOE O Centro de Tropas de Operações Especiais ministra esta formação nos Cursos de Operações Especiais e no âmbito do aprontamento de Forças Nacionais Destacadas (FND) e Elementos Nacionais Destacados (END). No que concerne às FND e END, tem vindo a ministrar formação SERE nível A e nível B, que contempla uma parte teórica e, em consonância com os parâmetros NATO, uma parte prática no âmbito da evasão e extração para a formação SERE nível B. A formação SERE nível C é parte integrante dos cursos de Operações Especiais, sendo decomposta em duas partes: uma primeira parte teórico-prática (1 semana) onde são ministrados todos os submódulos do SERE juntamente com uma prática didática, uma segunda parte (2 semanas) em que se realiza integrada num exercício, sendo o foco a evasão e a resistência. O Curso de Sobrevivência, Evasão, Resistência e Extração (CSERE) nos níveis A, B e C é ministrado no CTOE, de acordo com os parâmetros NATO, através de Recursos Humanos especializados, nas seguintes áreas: • Formação SERE nos Cursos de Operações Especiais. • Militares com o curso SERE da Força Aérea Portuguesa. • Sobrevivência – Militares com formação específica em climas/ambientes deserto, selva, polares e montanha através de formações no estrangeiro (e.g. Curso Guerra na Selva do Brasil, Curso de Guerra na Selva na Guiana Francesa, Estágio de Sobrevivência no Deserto na Argélia, Curso de Montanhismo no Chile e Curso de Montanhismo na Geórgia). • Resistência – Militares com formação específica na área de Resistência através do Curso de Interrogadores da Força Aérea. • Evasão e Extração – Militares com formação específica na Evasão e Extração através do curso de Personnel Recovery Oficcer frequentado no TO do Afeganistão. O CTOE, em coordenação com a Escola das Armas e a Direção de Formação, está a desenvolver e ultimar o referencial do CSERE em que a finalidade é habilitar os militares com as competências e Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP), de acordo o STANAG 7196 e o APRP-3.3.7.5 NATO SERE Training Standard. O curso divide-se em três níveis (A, B e C), de acordo com a avaliação do risco de isolamento das FND ou END no TO, ou ainda, outras situações de empenhamento de militares no quadro externo que poderão requerer formação SERE (e.g. Cooperação Técnico-Militar). Autor: Maj Horta e Cap Gouveia
Foto 4 e 5 Formação SERE nível C a um Curso de Operações Especiais
Referências bibliográficas: STANAG 7196 - Study-Draft, NATO, 2007. STANAG 7196, Edition 1, NATO, 2018. APRP-3.3.7.5 The NATO Survival, Escape/Evasion, Resistance and Extraction (SERE) Training Standard, Edition A, Version 1, NATO, 2018. Joint Operational Guidelines (JOG) - Joint Personnel Recovery (JPR), NATO, Norfolk, 2011. AJP 3.7 Recovery of Personnel in Hostile Enviromnent, NATO, 2016. EU Military Concept for Personnel Recovery, European Union Military Committee (EUMC), Brussels, 2018. 71
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RESGATE EM MONTANHA O terreno em montanha, dado a orografia que o caracteriza, assume-se como um espaço onde as atividades que nele têm lugar se encontram envoltas por um vasto conjunto de riscos. Nesta perspetiva, é essencial aos utilizadores desta tipologia de áreas que, a montante da sua exploração, tenham em consideração determinados aspetos específicos como: o comportamento do meio envolvente, as variações climáticas que nele têm lugar e, acima de tudo, a procura de formação especializada para a tipologia de tarefas que se pretendem vir a desenvolver.
Foto 1 Formação CORMont
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Foto 2 Formação CMont 2013 (Pico do Areeiro - Madeira)
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esde a sua génese, o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) assume-se como uma Unidade de referência no seio das Forças Armadas nacionais, onde o conhecimento e a experiência, no âmbito das atividades enquadrantes ao trabalho em montanha, melhor servem as necessidades formativas e operacionais, que careçam do uso e da aplicação de material e equipamento de montanha. Neste sentido, no que concerne à área das operações em montanha, o CTOE tem vindo a ministrar duas formações essenciais para operar em média e baixa montanha, designadamente: O Curso de Montanhismo (CMont) – Este curso visa formar elementos para a execução de movimentos em média e baixa montanha, transposição de obstáculos verticais através de escalada e rapel e transposição de obstáculos horizontais, através de transposição de vãos de cursos de água; O Curso de Operações de Resgate em Montanha (CORMont)1 – Este curso visa formar elementos para o planeamento e execução de operações de busca e salvamento em média e baixa montanha, com recurso a técnicas de manobra de cordas específicas, que permitam aceder e recuperar elementos acidentados em áreas de difícil acesso.2
Resgate em montanha vertente formativa O CORMont, como já foi feito referência, trata-se de um bloco de formação com vista a disponibilizar aos seus formandos um conjunto de conhecimentos teóricos e técnicos, para que consigam levar a cabo, num ambiente de média e baixa montanha, operações de busca e salvamento, passando pelas quatro fases principais deste tipo de missões: planeamento, acesso à área do objetivo, recuperação e evacuação.
1 Para a frequência do CORMont é necessário que, à priori, se frequente o CMont ou formação base em montanhismo equivalente, devidamente certificada. 2 O CMont e o CORMont estão “abertos” a elementos das FFAA e Forças de Segurança.
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Foto 3 Formação CMont 2013 (Pico do Areeiro - Madeira)
Desta forma, e dada a complexidade desta tipologia de operações, o CORMont destaca-se como a disciplina da área das operações em montanha onde o fator segurança assume, particularmente, um elaborado e exaustivo estudo, dado o meio e o ambiente envolvente e, ainda, a complexidade das tarefas e das técnicas a executar. A origem do CORMont remonta a 2014, aquando do levantamento de uma necessidade de carácter operacional por parte do Comando da Zona Militar da Madeira (ZMM), no âmbito da interoperabilidade entre os militares do Regimento de Guarnição Nº3 (RG3) e os restantes agentes que compõem o sistema de proteção civil, para atividades de busca e salvamento. Assim, em fevereiro e março desse ano, teve lugar no RG3, a título experimental, uma formação de Resgate em Montanha nos moldes em que hoje é ministrada, tendo esta primeira pedra sido lançada com dois objetivos primordiais: num primeiro plano, validar a estrutura desenhada para aquilo que mais tarde se viria a constituir como o atual CORMont e, num segundo plano, embora com a mesma urgência e relevância do primeiro, dotar os militares do Batalhão de Infantaria (BI) do RG3 com as valências essenciais, para que pudessem participar, na vertente da busca e salvamento, com forças homólogas constituintes da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em situações de catástrofe e calamidade, como foram exemplo os acontecimentos das cheias e incêndios na Região Autónoma da Madeira. Concluída esta primeira abordagem, que se revelou extremamente produtiva para a entidade formadora (CTOE), como também para o levantamento da capacidade no RG3, no que concerne à resposta a assuntos de apoio militar enquadrados pela ANEPC em matérias desta tipologia, em julho de 2015, em contexto de treino operacional com as equipas de Busca e Salvamento do BI/RG3, teve lugar, no mesmo Regimento, uma parceria de treino entre estas Unidades com os objetivos de validar aspetos pontuais, efetuar um refrescamento às equipas de resgate do BI/RG3 e ultimar o referencial de curso, nesta fase já em processo de redação.
Foto 4 Formação CORMont 2019 (Pico do Areeiro - Madeira)
Foto 5 Exercício Final CORMont 2014 (Pico do Areeiro - Madeira)
Com o intuito de tornar o CORMont mais holístico, abrangendo simultaneamente aspetos de carácter técnico praticados ao nível civil e militar, alguns elementos do CTOE frequentaram formações ministradas por entidades civis e militares, nacionais e internacionais, no âmbito desta temática e, desta forma, em finais de 2016, refinou-se e concluiu-se o documento enquadrante (referencial de curso) desta formação. Assim, em setembro de 2017, após aprovado o referencial de curso pela estrutura superior do Exército, é ministrado o primeiro CORMont, validado e certificado de acordo com a organização e conteúdo desse documento e, dois anos depois, em outubro e novembro de 2019, ministrou-se a segunda edição desta formação. Foto 6 Treino BI/RG3 2015 (RG3 – Madeira)
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Foto 7 Formação CORMont 2019 (Câmara de Lobos - Madeira)
O CORMont tem a duração de 15 dias úteis de formação e está organizado de acordo com o seguinte racional: compreende uma pequena componente teórica inicial, seguida de uma fase intermédia onde são ministradas e testadas todas as Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) e, num último bloco formativo, desenvolvem-se um conjunto de exercícios que pretendem simular situações reais e onde são aplicados todos os conhecimentos ministrados e testados nas primeiras duas fases.
Resgate em montanha vertente emprego operacional Para além de toda a componente de formação que envolve a área do Resgate em Montanha, o CTOE participa anualmente com as suas equipas no exercício Fénix onde, integrado na estrutura do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) e em parceria com as forças constituintes da ANEPC, desenvolve atividades de treino no que concerne ao cumprimento de tarefas de busca e salvamento terrestre com a finalidade de, numa situação real de emergência e caso se verifique a necessidade de reforço dos agentes de Proteção Civil, criar um conjunto de sinergias e procedimentos por forma a contribuir para uma melhor interoperabilidade entre instituições e para a eficiência da resposta a solicitações desta temática. 76
Considerações finais O conhecimento técnico e tático na vertente do Resgate em Montanha assume, na conjuntura atual, uma valência de duplo uso que, simultaneamente, serve as atividades de carácter militar, na vertente da busca e salvamento terrestre, podendo ainda, as técnicas que no CORMont são ministradas serem adaptadas e empregues a outras tarefas que concorrem para o cumprimento de missões de outra tipologia. Podemos, também, fazer uso e aplicar estes conhecimentos técnicos em atividades no âmbito do apoio civil, pois pese embora o CORMont seja uma formação de carácter militar, orientado para o desenvolvimento de atividades militares, parte da sua componente técnica foi pensada e estruturada para criar espaço à sua empregabilidade com os agentes que compõem o sistema de Proteção Civil, concorrendo assim para a interoperabilidade entre as partes e facilitando o processo de integração operacional das mesmas.
Autores: Cap Baptista e 1Sarg Borges
EXERCÍCIO FLINTLOCK 2020 77
EXERCÍCIO FLINTLOCK 2020 FLINTLOCK é o nome dado ao exercício de Forças de Operações Especiais (FOEsp) conduzido pelo Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos para África (United States Special Operations Command Africa - SOCAFRICA) que é realizado na região do Sahel desde 2005. Este exercício ocorre anualmente, com localização rotativa entre os países da região do Sahel, e é considerado como um dos mais relevantes exercícios conjuntos e combinados de FOEsp. O mesmo integra Forças Militares e Forças de Segurança de países do Norte e Oeste de África, Europa Ocidental e Estados Unidos da América com o objetivo de fomentar a capacidade dos diferentes países no combate a grupos armados extremistas, protegendo as suas fronteiras e conferindo segurança à população.
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edição de 2020 do exercício (FLINTLOCK20) decorreu em diferentes locais da Mauritânia e do Senegal e contou com a participação de cerca de 1500 elementos oriundos de 30 países diferentes, entre eles Alemanha, Áustria, Bélgica, Benim, Brasil, Burkina Faso, Cabo Verde, Chade, Camarões, Canadá, Costa do Marfim, Espanha, Estados Unidos da América, França, Gana, Guiné, Holanda, Itália, Japão, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Nigéria, Noruega, Polónia, Reino Unido, República Checa, Senegal e Togo.
Fig 1 Mapa das áreas do Exercício
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Foto 1 Cidade de Atar
O tema central do exercício foi o combate ao terrorismo, tendo em conta o aumento da ameaça na região, cuja finalidade foi executar tarefas de Operações Especiais no âmbito da Assistência Militar (Train, Advise and Assist) a alguns países da região do Sahel. O SOCAFRICA, que planeou, conduziu e dirigiu este exercício criando um Joint Multinational Headquarters (JMHQ), aquartelada nas instalações militares da cidade de Atar, a cerca de 450 Km a NE de Nouakchott, capital da Mauritânia, e quatro Special Operations Task Group (SOTG), dos quais três estabeleceram as suas bases em solo mauritano, nomeadamente nas cidades de Nouakchott, Atar e Kaedi, e o quarto em território senegalês, na cidade de Thies. O exercício decorreu essencialmente em duas fases, sendo elas: • Fase I – Realização de treino de técnicas e táticas entre os Special Operations Task Unit (SOTU) e a audiência de treino africana. • Fase II – Execução de um Field Training Exercise (FTX) com planeamento, condução e execução de operações pelo SOTG e as várias SOTU (Fig. 1; Foto 1). Portugal fez parte do SOTG que operou em Atar e participou neste exercício com seis militares do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) e cinco militares do Destacamento de Ações Especiais (DAE). Portugal já havia participado com militares tanto do Exército como da Marinha, no entanto foi a primeira vez que participou com uma SOTU, contribuindo diretamente para o treino técnico e tático da audiência de treino dos países africanos. Um dos militares do CTOE integrou, juntamente com militares de operações especiais da Bélgica, Espanha e Itália, o EstadoMaior do SOTG de Atar, realizando treino, aconselhamento e mentoria à audiência de treino africana, que fazia também parte desse Estado-Maior. As Unidades de tarefa do CTOE e do DAE formaram, conjuntamente com forças congêneres espanholas, as SOTU06 e SOTU07, respetivamente, e tiveram a responsabilidade de conduzir treino, aconselhamento e mentoria de uma audiência de treino africana (Foto 2 e 3).
Foto 2 e 3 Close Quarters Shooting
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Foto 4 Close Quarters Battle
A SOTU a cinco militares do CTOE, juntamente com uma Unidade Tarefa de Espanha, a SOTU do Mando de Operaciones Especiales (MOE), formaram a SOTU06 com a tarefa de treinar, aconselhar e mentorar uma audiência de treino composta por 20 militares mauritanos e 20 militares chadianos. Durante duas semanas desenvolveram-se treino em diversas áreas como Close Quarters Battle, Tactical Combat Casualty Care, Close Quarters Combat, Mobility, Counter-Improvised Explosive Devices e Close Quarters Shooting, culminando com um exercício final onde os militares da Mauritânia e Chade demonstraram, numa missão de ação direta, a capacidade para operar em conjunto de forma eficiente. Face à experiência e capacidade técnica dos militares portugueses e espanhóis, também neste exercício, a cooperação entre estas duas nações mostrou ser um potenciador de capacidades que se manifestou no elevado progresso sentido nas audiências de treino, revelando que estes dois países estão capazes de desenvolver missões de forma combinada (Foto 5).
Foto 5 Close Quarters Combat
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Foto 6 SOLTU
Este exercício é considerado pelo AFRICOM como um dos mais relevantes exercícios onde operam FOEsp. Além de toda a partilha de conhecimento, desenvolvimento das Forças envolventes e maior consciencialização para o combate aos grupos armados extremistas que transitam e operam nesta região (Sahel), este exercício também fomenta a dinâmica entre as Forças constituintes do G5 Sahel1 e do Trans-Sahara Counter-terrorism Partnership2, de forma a cada vez mais unir estes países no combate a um inimigo comum: o Terrorismo.
1 G5 Sahel ou G5S é um grupo de cooperação intergovernamental criado por iniciativa da presidência mauritana da União Africana em 16 de fevereiro de 2014. Os cinco países da região do Sahel que o compõem (Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger) têm como objetivo o desenvolvimento das condições de segurança e económicas da região. Tem sede na capital mauritana, Nouakchott. Disponível em https://www.g5sahel.org/ qui-sommes-nous/le-g5-sahel, consultado em 13 de abril de 2020. 2 Trans-Sahara Counter-terrorism Partnership é uma parceria desenvolvida pelos EUA com o objetivo estratégico de desenvolver as capacidades de combate ao terrorismo dos países daquela região. Atualmente são doze os países parceiros Argélia, Burkina Faso, Camarões, Chade, Líbia, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal e Tunísia. A participação no exercício FLINTLOCK é uma das atividades previstas por esta parceria. Disponível em https://www.state.gov/trans-sahara-counterterrorism-partnership/ e https://www.cna.org/cna_files/pdf/crm-2014-u-007203-final. pdf, consultados em 13 de abril de 2020.
O exercício FLINTLOCK é uma excelente oportunidade para as FOEsp portuguesas treinarem aquela que é uma das suas missões primárias, a Assistência Militar, considerada nos dias de hoje como uma das mais importantes nos atuais Teatros de Operações e para as quais as FOEsp são as forças militares mais capacitadas. A Assistência Militar, missão característica de FOEsp, cuja finalidade é apoiar e influenciar forças amigas e que engloba um largo número de tarefas de organização do treino, aconselhamento, mentoria ou condução de operações combinadas, inclui não só a construção de capacidades de forças de segurança amigas mas também o estabelecimento de contatos com líderes e organizações locais, regionais ou nacionais, bem como ações para apoiar e influenciar a população local3. O sucesso deste tipo de missão reside não só nas capacidades dos militares de Operações Especiais, mas também no conhecimento aprofundado do país e da Força a quem presta apoio. Este tipo de exercícios internacionais, além de produzirem incrementos na experiência da comunidade de Operações Especiais portuguesa, também fornece informações e estabelece contactos numa das regiões que atualmente regista maior atividade de grupos rebeldes armados, conferindo deste modo a estas Forças um conhecimento situacional e um treino adicional e específico, que poderá facilitar operações futuras nesta zona do globo (Foto 6).
Autor: Cap Correia
3 Segundo a PDE 3-67-00 Operações Especiais de Fevereiro 2014, pág. 2-5
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MISSÃO DE VERIFICAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NA COLÔMBIA (UNMV) Introdução 1 O conflito colombiano é um dos mais antigos da América Latina causou 250 mil mortos, 60 mil desaparecidos e mais de sete milhões de deslocados. Após longas negociações entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o Governo da Colômbia mediado por outros países, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) aprovou, em 2016, as resoluções 2261 e 2307, e iniciado a primeira missão no terreno em novembro de 2016, por um período de 12 meses, para verificação do cessar-fogo e da cessação das hostilidades, a pedido do Governo Colombiano e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Portugal participou na primeira missão com 08 Oficiais das Forças Armadas, 02 da Guarda Nacional Republicana e 04 Oficiais da Polícia de Segurança Pública.
1 O presente artigo pretende apenas transmitir aquela que foi a experiência do autor, atual 2º Cmdt CTOE, numa das missões em que participou, sendo esta, em particular, no âmbito da missão das Forças Armadas Portuguesas. Com a finalidade de não tornar o artigo extenso recorreu-se a fazer referência em notas de rodapé a certos documentos ou definições de conceitos. Para um conhecimento mais aprofundado sugere-se a consulta através da internet da página das Nações Unidas e da própria UNMMV.
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Preparação/Projeção
Após um período de aprontamento, à responsabilidade da Marinha Portuguesa, a 15 de novembro de 2016 eu mais 02 Oficiais da Marinha, 03 da Força Aérea e 02 da PSP embarcamos com destino a Bogotá (os restantes Oficiais embarcaram posteriormente). No dia seguinte apresentamo-nos no “Quartel General” (Sede Nacional) da United Mission in Colombia (UNMV) e iniciamos o designado “Induction Training”, que decorreu até 03 de dezembro e nos permitiu ficar a conhecer a organização da missão e quais as tarefas e regras para o desempenho das nossas tarefas. A 03 de dezembro ficamos a conhecer quais seriam as funções que nos tinham sido atribuídas e qual o nosso destino. A mim foi-me atribuída a função de Chefe de Sede Local, na Sede Regional de Medellín, capital do departamento (divisão administrativa equivalente ao nosso distrito) de Antioquia. Assim, a 06 de dezembro, viajei para a cidade de Medellín. Nesse mesmo dia apresentei-me na Sede Regional de Medellín e fiquei a saber que iria ser o Chefe da Sede Local de “La Plancha”. A 23 de dezembro recebi os primeiros Observadores das Nações Unidas que iriam constituir a “minha equipa”2. A 16 de janeiro deixei Medellín e com a “minha equipa” partimos para La Plancha. La Plancha é um “lugar perdido” na cordilheira central dos Andes, a uma altitude média de 1700 mt a cerca de 10 Km, com um acesso por um único caminho de terra batida (mais ou menos uma hora de viagem) da sede do município de Anori, que não dispõe de eletricidade, acesso a telefone ou redes moveis de comunicações. Anori é um município fundamentalmente rural, a cerca de 180 Km a noroeste de Medellín, (mais ou menos 5 horas de viagem), com uma população estimada de 17.500 habitantes. Em termos económicos é extremamente pobre. Estima-se que cerca de 70% a 75% da população se dedique à 2 Na fase inicial apenas disponha de 05 Observadores (militares e polícias) dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Espanha, El Salvador e Honduras. Quando completa dispunha de 10 Observadores, tendo passado a integrar militares, polícias de: Argentina, Chile, Costa Rica, Cuba e Portugal. À equipa de Observadores foram posteriormente “agregados” 03 “Voluntários da UN” (França, Chile e Venezuela).
Foto 1 A Sede Local de “La Plancha”
exploração e cultivo da coca e exploração ilegal de minérios, estimando-se que apenas 15% a 20% se dedica à criação de gado e a uma agricultura de subsistência. A Sede Local era fisicamente constituída por tendas. Na fase inicial apenas dispunha de uma tenda (16X6m) cozinha, uma tenda refeitório, uma tenda alojamento (para homens) (a Observadora da UN que integrava a “minha equipa” dormia na tenda de trabalho), uma tenda para alojar o pessoal de segurança, e uma zona comum de sanitários e banhos. Dispunha de um gerador e era abastecida por água do rio. Apenas em 16 de abril foram instaladas as comunicações que assentavam exclusivamente na ligação satélite de internet, dado que as comunicações rádio nunca funcionaram. Os relatórios diários, e outros, eram, até à data anteriormente referida, enviados com apoio da Alcaidia (Câmara Municipal) de Anori e para tal tinha de todos os dias me deslocar à sede do Município. Estes deslocamentos diários
à sede do município eram aproveitados para estabelecer contactos com a família, aproveitando o acesso à internet e à rede de telemóvel. Como Chefe da Sede Local tinha a responsabilidade de coordenar a atividade do “Mecanismo de Monitoreo e Verificación” (MM&V)3 e era o chefe dos de Observadores da UN. Tinha por inerência a tarefa de supervisão do abastecimento logístico da sede local e da segurança das instalações e dos membros do MM&V. A segurança afastada era garantida por um batalhão do Exército da Colômbia, que formava um “anel” de segurança. A segurança próxima das instalações dos membros do MM&V e seus deslocamentos era garantida através da UNIPEP4.
Condução das Operações
A 18 de janeiro tive o primeiro contacto com os “ex-guerrilheiros” da Frente 365 das FARC-EP, que estavam “acantonados” num local designado de S. Isidro, a cerca de hora e meia de carro a Oeste de La Plancha. Era um local embrenhado na selva colombiana que se via tinha sido cuidadosamente escolhido para permitir a sua defesa. Neste primeiro contacto os elementos integrantes das FARC – EP 3 “Mecanismo de Monitoreo & Verificación” (MM&V) – “Estrutura/ Entidade” prevista, com responsabilidades e deveres definidos no Acordo de Paz. Integrava Observadores da UN, Militares e Polícias da Forças Armadas da Colômbia e da Polícia Nacional (representantes do “Gobierno”) e ex-combatentes das FARC – EP. Como principal particularidade destaca-se o facto de todas as atividades, com a exceção das relacionadas com a “Dejácion de Armas”, de verificação e monitorização terem de ser presenciadas pelas três partes e de as decisões terem de ser consensuais. 4 Unidade constituída para o efeito, de efetivo pelotão por Sede Local, por Polícias da Polícia Nacional da Colômbia. Os Polícias que a integravam foram sujeitos a um processo de seleção e de formação específico para apoio da UNMV.
Foto 2 Equipa de Observadores da UN da Sede Local de La Plancha
5 Frente – Estrutura hierárquica na organização das FARC-EP. Por analogia com a organização de Forças Convencionais poderemos considera-la equivalente a uma Companhia de Atiradores de Infantaria.
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Foto 3 “Transferência” dos Ex-guerrilheiros da Frente 36
do MM&V juntaram-se ao MM&V. Neste primeiro contacto foi feito o levantamento de quantos “ex-guerrelheiros” integravam a Frente 36, as condições em que viviam e “auscultadas” as suas preocupações e perceções relativamente ao “Acuerdo de Cese al Fuego y de Hostilidades Bilateral y Definitivo y Dejación de Armas” (CFHBD), a seguir apenas designado de Acordo de Paz. Nos dias seguintes foram várias as visitas à Frente 36 e das longas conversas com o comandante da Frente 36 e alguns elementos do seu Estado-Maior permitiu ter uma primeira impressão “do caminho a percorrer”. A 27 de janeiro procedeu-se à “transferência” dos ex-guerilheiros da Frente 36 do seu local de “acantonamento” para o “Punto de Transition y Normalizacion”6 (PTN), que estava a uma distância de cerca de 2 Km da Sede Local de La Plancha e que se encontrava apenas na fase inicial da sua construção. A partir desse dia e até final da missão o MM&V manteve o contacto diário com a Frente 36, monitorizando as condições de segurança em permanência e executando outras tarefas. Uma das primeiras tarefas que o MM&V realizou foi o levantamento da identificação dos ex-guerrilheiros da Frente 36, tendo-se verificado que uma grande maioria não dispunha de qualquer documento que os identificasse como cidadãos colombianos. Efetuou-se também o levantamento do grau de escolaridade, verificando-se que alguns deles não tinham qualquer tipo de literacia. Igualmente, com o apoio do hospital de Anori, foi feito o rastreio médico sanitário dos ex-guerrilheiros. Estes e outros dados foram objeto de relatórios, e através da Sede Regional, passados às entidades 6 Área que tinha que obedecer a uma série de condições pré-definidas no Acordo de Paz.
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competentes da Colômbia. Neste processo foi muito importante a “Oficina del Alto Comisionado para la Paz”7 (OACP). Durante toda a missão o MM&V monitorizou a evolução destes processos, agindo como um facilitador para que os problemas fossem solucionados e numa base, quase diária, acompanhava ex-guerrilheiros da Frente 36 a Anori e outros locais, para consultas médicas, e tratar de outros assuntos. À medida que as infraestruturas do PTN iam sendo construídas, o MM&V monitorizava o estado de construção das mesmas. Outras das tarefas que o MM&V executou com uma periodicidade, no mínimo semanal, foi a monitorização do reabastecimento de víveres e outros bens ao PTN. Ainda, numa base quase diária, e uma vez que os ex-guerrilheiros não estavam autorizados a sair da área definida para o PTN, uma das tarefas do MM&V era obter autorização para saída do PTN, desde que os motivos invocados assim o permitissem. Em meados de fevereiro os Observadores da UN e os integrantes das FARC –EP do MM&V iniciaram o processo de registo e controlo das armas da Frente 36, no processo de “Dejacíon de Armas”. Após ter sido feita a identificação das armas passou a ser feito controlo periódico, e por vezes aleatório das mesmas. Para isso era utilizado um sistema eletrónico que registava o código de barras que tinha sido colocado na arma. O resultado desse registo era depois comunicado ao escalão superior. No início de março os Observadores da UN iniciaram o processo de planeamento das designadas operações “Caletas”8, em coordenação com a Frente 36 e o integrantes das FARC – EP do MM&V. Foi um 7 “Oficina del Alto Comisionado para la Paz” (OACP) – Gabinete na direta dependência da Presidência e que tinha ligações a todos os níveis da UNMV. 8 Caletas – Nome atribuído a depósitos clandestinos (“Caixa Morta”) de armamento, munições explosivos, artigos militares e outros.
processo longo e complexo pois não existia um registro da localização cartográfica das “Caletas” ou do seu conteúdo exato, sendo por isso necessário à memória dos “Caleteiros”, que tinham uma ideia geral de localização das mesmas. O planeamento das operações implicava coordenações ao mais alto nível da UNMV e a sua execução com Exército e Polícia da Colômbia. A operação envolvia no mínimo 02 Observadores da UN, um integrante das FRAC –EP do MM&V, polícias para garantir a segurança próxima e o Exército para garantir a segurança afastada e apoio sanitário. Se fosse previsível que durante a operação fossem encontrados explosivos, uma EOD do Exército acompanhava a operação, sendo a destruição dos explosivos feita no local. As operações tinham normalmente uma duração média de no mínimo 03 dias; um para deslocamento para zona das “Caletas”, outro para ir recuperar o material e outro para regressar à “base”. A execução das operações era particularmente exigente do ponto de vista físico, pois os deslocamentos até às “Caletas” eram na sua maioria realizados a pé, em terreno de densa vegetação e muito acidentado, recorrendo a mulas para o transporte do material recuperado. Simultaneamente, envolvia alguns riscos, pois algumas das “Caletas” estavam localizadas em territórios onde havia a presença de guerrilheiros do E.L.N. e de grupos armados. Até 08 de agosto a Sede Local executou mais de uma centena destas operações. Desde os finais de março as armas da Frente 36 e o “material recuperado” nas operações passou a ser armazenado em contentores, ou quais passaram a ter “a guarda permanente” de 02 Observadores da UN, em regime de H24/7, até ao dia em que os contentores foram transportados para o depósito central da UN, em Bogotá. No final de julho cumprimos a tarefa de “queima” de munições e destruição de granadas. No final da primeira semana de agosto recebemos instruções para preparar o armamento armazenado nos contentores para ser evacuado para Bogotá. Assim, na madrugada de dia 13 de agosto de 2017, após assinatura da ata pelo comandante da Frente 36 e eu como representante da UN, as armas passaram à responsabilidade da UN e os dois contentores com as armas foram transportados para Bogotá.
A Retração
Após a evacuação e a receção da ordem para não serem executadas mais operações de “Caletas” antevia-se o aproximar do fim da missão. Em finais de agosto alguns Observadores da UN recebem ordem para terminar a sua missão e regressar aos seus países de origem o que incluiu alguns do Observadores da Sede Local de La Plancha. Com o aproximar do fim missão havia a necessidade de realizar o processo de entrega dos equipamentos e meios que eram propriedade da UN que estavam à minha responsabilidade e o processo de “desmontagem” da Sede Local. Oficialmente o MM&V terminou atividades em 22 de setembro, e a primeira missão da UNMV terminou a 26 de setembro. A 26 de setembro regressei a Medellín, onde me mantive até 18 de outubro como coordenador do processo de retração dos restantes Observadores da Sede Regional de Medellín. A 18 de outubro viajei para Bogotá e iniciei o processo de “Chek-Out” da missão. A 21 de outubro de 2017 regressei a Portugal.
Conclusão
Das missões em que já participei esta revelou-se a mais desafiante e gratificante. Desafiante, desde logo pelo fato de ter sido o líder de uma equipa constituída por Oficiais e Sargentos, militares e polícias, e civis de tantas nacionalidades, que naturalmente refletem nos seus comportamentos e na forma como realizam as tarefas, as particularidades da cultura e “modus operandi” dos países e organizações de onde provêm. No “pico da operação”, a Sede Local chegou a ter cerca de 70 homens e mulheres e gerir as “sensibilidades” de cada um, em harmonia, constituiu o verdadeiro desafio. Desafiante também pelas difíceis condições de vida e de trabalho, escassez de recursos e por vezes falta de orientações claras e precisas. Gratificante por estar ciente que o trabalho executado, embora seja sempre possível melhorar, foi realizado com dedicação, profissionalismo e que dele resultou, como dizem os colombianos, o nosso contributo com um “granito de arena” para a Paz. Passados quase três anos, julgo poder afirmar: “Missão Cumprida!”. Autor: TCor Delfim Fonseca
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A IMPORTÂNCIA DO COMBATE CORPO A CORPO NO DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE COMBATE DO SOLDADO MODERNO “… there are two types of fighters, the former strike all over the place hoping one would land, the latter, assured of their prowess and capabilities, hit once and destroy the opponent’s desire to continue the fight.” Soke Behzad Ahmadi
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esde a pré-história que o Homem desenvolveu a arte de matar para sobreviver, seja para comer, ou para se proteger. As habilidades que ele possuía para caçar eram semelhantes às habilidades que ele possuía para lutar, o que nos leva a pensar que as táticas fossem semelhantes. O Homem sempre entendeu que a sua sobrevivência dependeria em grande parte das habilidades conseguidas pelas suas mãos. Ao longo das gerações, a arte de combater sofreu melhorias, deixou de se combater a ver a cor branca dos olhos do inimigo e começou-se a criar distância entre os contendores, desde a construção de espadas e flechas, até à pólvora e munições. Com estas descobertas, inevitavelmente, atrofiaram-se as habilidades no combate desarmado do soldado, contudo, nos últimos confrontos mundiais, onde a ameaça é irregular e surge de forma inesperada, verificou-se que o último recurso pela garantia da sua sobrevivência está nas suas habilidades motoras. Neste artigo abordaremos, numa fase inicial, as caraterísticas do atual Ambiente Operacional (AO), para percebermos o quão importante é o domínio da “arte de combate próximo” na atualidade, e de seguida, focar-nos-e-
mos no conceito de Combate Corpo a Corpo (CCC), sendo este o pináculo da questão central: “Apesar da componente tecnológica do novo infante ter uma importância considerável, o CCC afigura-se perene. De que modo?”. Terminaremos com uma síntese conclusiva onde procuraremos identificar as vantagens do CCC para o desenvolvimento da capacidade de combate do Soldado Moderno, bem como, sugerir o modo mais adequado de como esta disciplina deve ser abordada. O ATUAL AMBIENTE OPERACIONAL O atual AO desvaloriza as grandes guerras convencionais, cujo objetivo era a disputa de terreno entre duas fações com potencial e táticas conhecidas pela ciência militar, obrigando a confrontos cada vez mais incertos no seio de uma população que acolhe um adversário peculiar e que é necessário preservar, evitando assim, acima de tudo, danos colaterais. 87
No atual AO, dá-se ênfase a dois fatores cruciais no que se refere à resposta para as novas ameaças. O primeiro diz respeito ao facto de haver uma ampliação do “espaço” onde se desenrola a operação, passando a informação a assumir um estatuto preponderante ao nível operacional e estratégico e que por sua vez contribui para o nível tático. Por outro lado, deve considerar-se a dimensão do terrorismo, sem limites éticos e que se assume com um carácter predominantemente assimétrico. É evidente a possibilidade de uma ameaça de operações de combate em larga escala, devido ao surgimento de grandes potências estratégicas que se rivalizam, algo que não era observado desde a Guerra Fria. Contudo, a maioria das hostilidades na atualidade é classificada como “Guerra Híbrida” ou “Guerra Irregular”, que atua lentamente no meio do espectro dos conflitos, concretamente, paz instável e guerra subversiva (PDE 3-00, 2012, p. 2-1). A natureza das designadas novas ameaças determinam um AO que condiciona de forma decisiva a seleção e treino das diferentes tipologias de forças, nascendo a necessidade de as adequar com conhecimento e tecnologia para mitigar as dificuldades da correta identificação, caracterização, localização das ameaças. É por esta assimetria que se caracteriza o atual AO, que devido às suas condicionantes, trouxe novidades às estruturas militares e, consequentemente obrigou à restruturação da sua doutrina e alteração das Técnicas, Táticas e Procedimentos, bem como “obrigou” os comandantes a aceitar que o termo “guerra” é extremamente restritiva e não reflete os conflitos da época atual, de tal forma que o conceito de segurança e defesa tende a ser alargado, atribuindo novas missões às Forças Armadas num momento em que o mundo tende a transitar para uma Era de competição entre potências, antevendo-se assim conflitos futuros pelo prisma de operações em múltiplos domínios1.
1 Desde 2017, o Exército dos Estados Unidos da América (EUA) promove o conceito de combate (ou batalha) em múltiplos domínios (multi-domain battle). O General Stephen Townsend, Comandante do U.S. Army Training and Doctrine Command — TRADOC (Comando de Instrução e Doutrina do Exército dos EUA), defende a substituição da palavra “battle” por “operations” para ampliar o conceito para “Operações em Múltiplos Domínios”, uma vez que reflete melhor o atual ambiente operacional.
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COMBATE CORPO A CORPO E DEFESA PESSOAL Qualquer militar em virtude da sua função e da natureza das tarefas que executa, pode, a qualquer momento, tornar-se um alvo de vários ataques à sua integridade física. Sendo assim, torna-se vital que saiba dar resposta a essas ameaças, seja numa situação de intimidação, ameaça verbal, combate desarmado e combate armado. “Método de Aplicação Militar que tem por finalidade a aquisição de técnicas eficazes para utilização no combate com contacto físico, desenvolvendo características tais como a adaptabilidade, a autoconfiança, a combatividade, a coragem e a decisão e servindo-se de qualidades físicas como a força – a flexibilidade, e rapidez de reação, a coordenação e o sentido cinético.” (Comando de Instrução do Exército, 2002, p. 7 anexo “B” ao REFE).
O CCC está inserido na componente de Treino Físico de Aplicação Militar, sendo consequentemente uma atividade prevista no âmbito da Educação Física Militar, onde se realizam um conjunto de atividades visando a aquisição, o desenvolvimento e a manutenção de determinados gestos, técnicas e capacidades psicomotoras preparatórias para o combate. Em suma, o CCC deve ser entendido como a luta entre dois ou mais oponentes, recorrendo ou não, ao uso de armas para o confronto que se tornou inevitável, onde serão testadas as suas qualidades físicas, técnicas e psicológicas a par da sua destreza para a combatividade, flexibilidade e velocidade, melhorando substancialmente os seus reflexos naturais, a sua coragem, confiança, espírito de corpo e autodisciplina, permitindo assim, a sobrevivência do militar no campo de batalha. “A verdadeira e difícil essência da Defesa Pessoal (DP), em traços gerais, consiste em prevenir a agressão e controlar o(s) agressor(es), valendo-se de métodos e ferramentas estudadas.” (Costa, 2006, p. 21).
Entende-se por DP como a arte de prevenir a agressão ou minimizar o risco dela, socorrendo-se da mesma para proteção e preservação individual, evitando assim constituir-se uma vítima. Para tal, implica que o militar permaneça constantemente em estado de alerta e desperto para todas as situações que possam surgir próximo da sua área de atuação. A aprendizagem da arte de combate próximo concorre para o aumento da proficiência técnica do soldado nas várias fases do espectro do conflito, em qualquer operação
militar. Tem como princípios: Serenidade – O militar deve lidar e enfrentar mentalmente as situações sem que o medo ou ódio controlem as suas ações; Perceção – Num ambiente de combate é fundamental o militar estar ciente de tudo o que o rodeia, nomeadamente nos 180º da sua retaguarda. Ao longo do combate mais oponentes podem aparecer, e nesses casos a situação é extremamente complicada, uma vez que estamos a lidar com múltiplos oponentes; Posição Dominante – Durante o combate é crucial o militar garantir uma boa postura de combate, isto é, a postura ideal e essa deve-se traduzir na correta posição das suas pernas e braços, permitindo desta forma um bom equilíbrio mantendo o peso corporal distribuído, mas ao mesmo tempo deve ser uma posição que lhe confira fácil movimentação, necessária para as técnicas de ataque e de defesa; Distância – A distância é diferenciada em virtude dos golpes e técnicas que o militar utiliza quando em combate. Deve ser feito o raciocínio lógico da técnica utilizada de acordo com a distância a que o oponente se encontra; Agressividade – Possivelmente o princípio mais importante no CCC. Quando o militar recorre ao combate próximo, o nível de agressividade deve ser progressivo. Uma vez quebrado este princípio, a derrota é inevitável. O combate só terá o seu fim, quando o oponente estiver neutralizado; Fluidez – No Processo de
combate a técnica deve estar em harmonia com a tática utilizada de forma a maximizar o potencial e causando efeito desejado no oponente o mais rápido possível; Simplicidade – As técnicas utilizadas em combate devem seguir a linha da simplicidade, mas procurando sempre a eficácia. Quanto menos movimentos elaborados, menos possibilidade existe de comprometer os princípios enunciados. Apesar de vulgarmente associarmos o termo “Combate Corpo a Corpo” ao confronto entre duas ou mais pessoas que combatem a curtas distâncias, onde o recurso a armas de fogo se torna desadequado, não é de todo o mais correto, pelo que arrisco-me a dizer que ao longo de muitos anos, fomos “desastrados” na forma como avaliamos este vetor, prova inequívoca da necessidade urgente em se priorizar e integrar esta temática na formação e treino do Soldado Moderno do exército português, por forma a prepará-lo para os obstáculos que podem opor-se ao cumprimento de várias tarefas/missões. Alguns autores defendem que o conceito DP está associado à vertente civil enquanto o conceito CCC está 89
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associado à vertente militar, uma vez que o primeiro tem por base medidas preventivas/defensivas, ao contrário do segundo que se socorre de medidas ofensivas/letais. Outros acrescentam ainda que a DP tem por princípio evitar o conflito e que deve ser aplicada dentro de uma lógica de salvaguarda da integridade física e sobrevivência, ao contrário do CCC que pode ser utilizado para causar resultados letais. Portanto, é possível verificarmos que existe alguma disparidade quanto ao propósito e enquadramento de cada uma das disciplinas. Quer na vertente civil, quer na vertente militar, o uso proporcional da força deve ter-se sempre em consideração. Os civis regem-se pelo código penal, os militares, pelas ROE2. Nem sempre os militares podem matar, como o “matar” não deixa de ser uma possibilidade para um civil, quando e só a sua vida depende disso. Isto para concluir que ambas as disciplinas podem estar presentes quer numa vertente, quer noutra. Regressando à nossa questão central: “Apesar da componente tecnológica do novo infante ter uma importância considerável, o CCC afigura-se perene. De que modo?”, comecemos por referir que o Soldado Moderno deve ser capaz de combater nas várias modalidades: combater com arma longa (espingarda - arma principal); combater com arma curta (pistola - arma de recurso/arma secundária); combater com recurso a objetos de corte (faca de combate); e por fim, sem armas, socorrendo-se apenas das suas habilidades motoras. Esta será portanto a lógica de necessidades para atribuição de competências motoras do Soldado Moderno no vetor Close Quarters Combat/Confrontation (CQC)3. A aplicação do vetor CQC, na formação e treino do Soldado Moderno, trás muitas vantagens, designadamente o desenvolvimento das suas capacidades motoras, bem como despertar os sentidos que originam o reflexo. Atribui a cada elemento, sentido defensivo e estimula o sentido ofensivo que, naturalmente, é ausente à maioria dos militares iniciantes, mas que deve estar latente nos mais avançados. Este vetor está subdividido na disciplina de técnicas CCC e técnicas DP. Com o CCC procura-se, através da utilização de várias técnicas de combate, desenvolver a coordenação motora do militar para superar com inteligência e técnica, as variáveis de uma possível agressão de contacto violento. Esta subfase visa expulsar o receio, desenvolver a condição física, a coragem, a combatividade e o controlo de movimentos, resultando no total equilíbrio da mente e do corpo. Com a DP, procura-se capacitar o militar a defender-se de adversários, armados ou não, através dos seus membros e/ou com auxílio de armas ou objetos, sem especial propósito. Indica-se ao militar, um conjunto de pontos críticos no corpo do oponente que juntamente com técni2 Rules of Engagement - “ROE are Directives issued by competent military authority that delineate the circumstances and limitations under which United States forces will initiate and/or continue combat engagement with other forces encountered.” (Joint Publication 1-02, Dictionary of Military and Associated Terms, 2016, p.207) 3 Terminologia Anglo-saxônica para Combate/Confronto Próximo. Normalmente Close Quarters Combat aborda a temática de combate com o uso de armas de fogo, enquanto o Close Quarters Confrontation aborda a temática de combate desarmado. No entanto, alguns autores não fazem essa distinção e assumem o CQC como combate próximo em que podemos fazer uso de armas de fogo, facas ou apenas as mãos para alcançar um finalidade, seja ela defesa, ou ataque.
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cas simples vão aumentar as suas capacidades no combate desarmado. Esta subfase procura desenvolver capacidades como a adaptabilidade, a autoconfiança, o reflexo e a velocidade do militar. Em suma, e fazendo referência aos quatro pilares da sobrevivência: mentalidade adequada; consciência da situação; proficiência em habilidades; e aptidão física, o Soldado Moderno após adquirir todas estas competências, que constituem a base para o sucesso em todas as situações de combate, vai ser capaz de dar uma resposta firme, explosiva e letal, de acordo com as situações.
E nas Forças de Operações Especiais (FOEsp), o domínio das técnicas de CCC têm impacto no cumprimento da missão? Como é rentabilizado por estes Soldados de Elite o conhecimento técnico adquirido? Sim! É extremamente importante. Digamos que é o expoente máximo de capacidades adquiridas por um Operador4. 4 No seio militar é frequente ouvirmos o termo “Operator” (“Operador”), nomeadamente quando falamos de FOEsp. É um termo que está
The first SOF Truth5, “Humans are more important than hardware”, quando falamos de combate próximo, esta verdade faz ainda mais sentido. Como sabemos, o sucesso das SOF depende em muito da agilidade e flexibilidade dos seus operacionais, mas acima de tudo da simbiose de quatro fatores de destaque: o homem certo; no lugar certo; há hora certa; com treino e conhecimento certos. Dentro das missões principais das FOEsp, Reconhecimento Especial (RE), Assistência Militar (AM) e Ação Direta (AD), destaque para a última por ser aquela que maior exigência e precisão obriga por parte dos operacionais que a executam. Caracterizada por ser uma ação precisa e direta sobre um alvo específico, limitada quanto à ação e duração e que geralmente é executada sobre alvos bem definidos, de elevada criticidade e de elevado significado estratégico ou intrínseco à comunidade SOF (Special Operations Forces). No entanto é um termo vulgarmente mal aplicado quando o associamos a qualquer elemento de Operações Especiais. O termo teve a sua origem na década de 1950 e foi criado pelas SF (Special Forces) quando redigiram o “Code of the Special Forces Operator” (Código do Operador de Forças Especiais”) que era um código sobre princípios de conduta para o voluntário das SF. Atualmente, é um termo adaptado pelas Unidades TIER 1 (e.g.: DEVGRU e DELTA FORCE) que defendem que para se ter este título é necessário uma longa caminhada no mundo das SOF. 5
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operacional, é por si só uma ação que obriga a um domínio completo por parte dos operacionais. O conjunto de “skills” mais rentabilizadas neste tipo de ações são aquelas onde o contacto próximo estará garantido, ou seja, o tiro discricionário a curta distância e o CCC. Em momentos em que o combate ocorre rápido e em ambiente tridimensional/Close Quarters Battle (CQB), há coisas que poderão falhar e por norma é quando mais precisamos delas. Mas, se isso acontecer o operacional tem de se adaptar, e se necessário estreitar o contacto o mais rápido possível para eliminar a ameaça de forma eficaz. E é aqui, que reside a separação relativamente ao Soldado convencional. Enquanto forças convencionais devem estar preparadas para a utilização de técnicas de CCC no limite, FOEsp têm de adaptar o seu treino para não ter de as utilizar apenas no limite, mas sim a determinada altura em que a missão assim o exige. Quanto à utilização de CCC por FOEsp, o conceito de sobrevivência continua presente, mas acima de tudo deve ser evidenciado o conceito “Cumprimento de Missão”. Quando se aplica o CCC para sobreviver, há o entendimento que o foco está apenas numa ameaça e após a neutralização da mesma há um tempo de recuperação para reorganizar e continuar se for necessário, ao contrário do objetivo da aplicação do CCC para cumprimento de uma tarefa específica ou eliminação de um obstáculo. As FOEsp, em CQB, têm de ser furtivas e letais, não havendo tempo para parar e reorganizar na maioria das vezes. É por isso que o Operacional tem de dominar e aplicar, sem dúvidas ou hesitação, o conjunto de habilidades que detém, de forma a garantir o sucesso da missão. Não há tempo para lutar de forma equilibrada, tem de se ser inteligente e perspicaz para se perder o menor tempo possível e evitar o máximo de exposição. Relacionando o CCC nas FOEsp com um conceito de cumprimento de missão e não apenas o de sobrevivência, isto explica a razão de várias forças congéneres estarem constantemente a alterar os seus programas de treino de CCC. Sendo uma das tarefas elementares para o Operacional, o domínio das técnicas de CCC, há necessidade de se dedicar horas de treino para alcançar a proficiência técnica. E são essas horas de treino e a procura incansável em identificar e corrigir lacunas, que obrigará à alteração constante dos programas técnicos. Esta alteração é positiva, pois procura dar respostas às fraquezas e deficiências encontradas nos programas anteriores. As alterações constantes das características do campo de batalha, exige que os operacionais das FOEsp sejam mestres no CQB, o que acarreta enormes responsabilidades, nomeadamente na adequada e sólida aprendizagem das habilidades para combate, num curto espaço de tempo e bem definido, ou seja, não se podem passar anos a desenvolver metodologias, sem que possam ser aplicadas em segurança e com eficácia. Criatividade e Adaptação serão sempre dois aliados para o desenvolvimento cognitivo e motor do Operacional das FOEsp.
Bibliografia: PDE 3-00 Operações, 2012 Manual de Combate Corpo a Corpo Nível 1, Exército Português, 2013 Manual de CCC do Exército Brasileiro, 2017 Manual de Luta e Defesa Pessoal GNR, 2010 Ponto de Reunião nº3, CTOE, 2019 Tiro Específico das FOEsp, TCor Prata, 2019 FOEsp Identidade Encoberta, TCor Prata, 2019 Manual de Combate Corpo a Corpo e Defesa Pessoal para Elementos de Operações Especiais (Draft), CTOE, 2018 Manual de Apoio à Aprendizagem, Gabi Noah IKM, 2012 CIC Manual, Gabi Noah IKM, 2016 Conselhos Práticos para pensar além do Nível Tático, Maj Patrick Naughton JP 1-02, 2015 Not just a sidearm: Army’s new handgun marks first step to changing how soldiers fight, Todd South, 2018 When SF Applies Handguns, Leroy Thompson, 2010
Autor: Cap Pedro Miranda 93
SAUDAÇÃO DO CAPELÃO A minha cordial saudação a quantos me é dado acompanhar na sua dedicação ao serviço de defesa da Pátria e no apoio à segurança e bem-estar das nossas populações.
E
m tempo de mudança no meu percurso sacerdotal e militar, marcada pela entrada ao serviço no CTOE, para uma nova experiência de vida e trabalho, afigura-se-me pertinente sublinhar a vertente de “peregrinação” que atravessa a vida de todas as pessoas: temos efetivamente neste mundo a missão de cuidar de nós próprios, do próximo e das coisas, de modo a legarmos aos vindouros um eloquente teste94
munho de humanidade e satisfazermos, na perspetiva dos crentes, a ânsia da imortalidade. No quadro desta condição de peregrinos, têm peculiar relevo os servidores da Igreja e os elementos das forças armadas e das forças de segurança. Quanto à Igreja, o Papa Francisco entende-a como sempre em saída na missão de serviço a quem mais dele necessita ou vier a necessitar ou, dito de outro modo, a caminhar e a cuidar. E para que o desempenho da missão e a eficácia do serviço não sejam impedidos ou dificultados pela instalação ou pelo acomodamento, os decisores eclesiais de vez em quando determinam a transferência dos servidores numa ótica de renovação e eficiência. Assim, não há lugares cativos e sobrepõe-se a todas as demais perspetivas o serviço ao bem-estar global, com destaque para o espiritual.
De modo muito semelhante acontece com os militares e as forças de segurança. Sem perderem a noção de pertença a um quadro, a uma unidade, estarão sempre, não onde lhes daria mais jeito, mas onde o serviço, a missão na ótica do interesse público os chama a trabalhar. E, como raramente alguém será juiz em causa própria, é natural que incumba aos superiores a decisão de colocar os servidores do povo nos lugares que entendem como mais ajustados a cada um e a cada missão. Por outro lado, não será descabido salientar o sentido de prontidão e de missão que é próprio das unidades que vão sempre aonde forem chamadas, desde que estejam em causa a dignidade da pessoa humana ou a comunidade. Nestes termos, servidores da Igreja e servidores das forças armadas e de segurança sabem cooperar dedicadamente, dar parecer quando necessário e obedecer de forma esclarecida, na convicção de que, acima de tudo, está o serviço e a missão, acima de tudo está a Pátria, o Povo, a Pessoa Humana. Por isso, iremos sempre até onde for necessário ir: desbravar terreno, defender o território, apoiar as populações, sobretudo em situação de calamidade e emergência, restabelecer a ordem ou zelar por ela e saltar para lá onde o sentido humanitário exigir a nossa presença e ação. Enfim, neste contexto de ideias em que sobressai a vertente humanitária, ocorre-me a citação de Públio Terêncio Afro no prólogo da comédia “Adephoe”: “Sou homem: nada do que é humano me é estranho”. É um pensamento que a Gaudium et Spes (Constituição Pastoral do concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo contemporâneo) parafraseia nos termos seguintes: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS, 1). Não raro se estabelece o paralelo entre os detalhados rituais da Igreja e os das forças armadas e policiais, bem como o culto daqueles e daquelas que tombam em serviço, sendo que, apesar das debilidades que a vida tantas vezes proporciona, sobressai a solidariedade (em termos militares, camaradagem, e em termos eclesiais, caridade), a esperança e a festa. Com efeito, todos os dias os militares acordam com o toque de alvorada, o qual também finaliza a homenagem aos mortos, festejam a entrada nas fileiras, o dia da Unidade e as grandes efemérides. De semelhante modo, a Igreja abre o dia com a Missa, celebra os diversos momentos da vida do crente, incluindo o funeral em ambiente de esperança e celebra as solenidades e festas. Em suma, mais iguais que diferentes, estamos para servir e em missão, prontos para o caminho e o cuidado. E, neste espírito, me encontro entre vós, no CTOE, vos saúdo, espero escutar-vos e quero cooperar convosco. Padre Luís Seixeira, capelão
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AS NOVAS VIATURAS DO CTOE URO VAMTAC ST5 SOF
O
Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) irá receber num futuro próximo viaturas tálicas ligeiras blindadas da família de viaturas URO VAMTAC, Veiculo de Alta Mobilidade Tático ST5. O processo de aquisição foi realizado através da NSPA (NATO Support and Procurement Agency), tendo sido adjudicado à empresa UROVESA mais de uma centena destes veículos ao Exército Português com várias configurações. No seio desse processo, o CTOE irá receber doze (12) viaturas em duas versões, uma versão base e uma versão de comando e controle. Estas viaturas serão utiliza96
das pelas unidades táticas de Operações Especiais (OE) e a premissa dessa aquisição foi de que seriam umas viaturas do mesmo modelo, mas com características que as OE identificaram como necessárias para o cumprimento das suas missões. Na génese das modernas OE, durante a Segunda Guerra Mundial, a utilização de viaturas adaptadas foi fundamental para a realização de missões com sucesso nos desertos de Norte de África, onde nasceu o Special Air Service inglês. No decorrer da evolução tecnológica e do tipo de conflitos, as viaturas evoluíram em variadas direções, desde
a adaptação de viaturas comerciais, mais ou menos discretas, até à construção de viaturas especificamente adaptadas a determinadas funções. Nos mais recentes conflitos com um elevado risco de engenhos explosivos improvisados (IED) observou-se uma proliferação de viaturas com blindagem na base das mesmas, e uma grande variedade de tipos de configurações superiores, desde a totalmente blindada até a viaturas sem qualquer tipo de blindagem superior, existindo inclusive a utilização de viaturas blindadas de rodas Pandur no seio das OE. Antes do 11 de setembro, as viaturas ligeiras sem blindagem superior eram normalmente adaptadas de viaturas militares existentes, como é o caso no Exército americano, com as várias variantes do USSOCOM Ground Mobility Vehicle 1.0 GMV, ou os britânicos Land Rovers. Da evolução que surgiu com os recentes conflitos, as viaturas utilizadas sem proteção são normalmente as ultraligeiras, como as polaris MRZR, em utilização no CTOE, ou as viaturas com peso inferior a 3 ton, o caso do GMV 1.1, do holandês VECTOR, ou do Tahalb FOX. No caso das viaturas serem blindadas, existem as totalmente blindadas ou as sem blindagem superior. As viaturas totalmente blindadas são do tipo Mine-Resistant Ambush Protected (MRAP), muito difundidas nos conflitos do Médio Oriente e já utilizadas em missões por militares do CTOE. Das viaturas sem blindagem superior são dois grandes exemplos a família Supacat HMT. utilizada pelas OE ingleses e o francês SABRE. Este último é uma versão de OE do veículo SHERPA, que tem características similares ao URO VAMTAC ST5. É neste conceito que a URO VAMTAC ST5 SOF (Special Operations Forces) se insere, uma viatura sustentada numa plataforma utilizada como padrão no Exército, o que facilita o reabastecimento de componentes logísticos e a formação de condução, mas que está concebida para maximizar a autonomia e o poder de fogo. A autonomia é importante para permitir que um reduzido número de viaturas consiga ter um raio de ação muito longo, sobretudo em terrenos desérticos, montanhosos e de savana tipicamente encontrados em muitos dos países africanos e Asiáticos. Neste países proliferam conflitos assimétricos, em que as distâncias sem pontos de apoio logístico são longas e as bases militares locais e os agregados populacionais são escassos e não confiáveis. O poder de fogo é fundamental para permitir romper o contacto no caso de se deparar com
uma ameaça superior, ou garantir que num pequeno espaço de tempo consiga apoiar uma ação do elemento de assalto com um poder de fogo avassalador, sustentado na surpresa. Acrescenta-se a estas capacidades o aumento dos meios rádios disponíveis que permitirá alimentar a estrutura superior das unidades táticas com muita mais informação. Estas novas viaturas constituem-se como uma plataforma com capacidades superiores para longas missões de reconhecimento especial e possuem uma grande capacidade de poder de fogo e de comando e controle para missões de ação direta. Elas são um desafio para os militares do CTOE, nomeadamente no que diz respeito ao aumento de conhecimentos de condução todo o terreno, de mecânica e de táticas de mobilidade, que são base para a utilização da viatura. Após essa base ser cimentada é necessário alicerçar o conhecimento de armamento mais pesado que elas são capazes de transportar, como metralhadoras pesadas, lança granadas automáticos ou sistemas anticarro, e tirar rendimento do acréscimo dos rádios que estarão disponíveis. Com o conhecimento de mobilidade e do poder de fogo será necessário aprimorar as diversas configurações em que o material pode ser transportado na viatura e sustentar em treinos e operações as limitações da viatura e como se ultrapassam todas essas dificuldades. Irá ser também interessante descobrir a configuração, o número de viaturas ou a diversificação de viaturas que melhor responde a cada problema tático encontrado nas diversas operações. A conjugação da VAMTAC ST5 SOF com viaturas ultraligeiras polaris, ou outras viaturas, desde blindadas a motas de duas rodas, é algo que é bastante utilizado por forças congéneres e estas viaturas constituem-se como uma plataforma logística de apoio a viaturas mais leves. Outro dos grandes desafios é a camuflagem das viaturas relativamente a drones e a meios aéreos hostis, nomeadamente de drones “suicidas” que estão atualmente a proliferar em vários conflitos. As viaturas irão com certeza ser mais um passo importante na consolidação das capacidades das Operações Especiais do Exército Português, contribuindo para o aumento das missões no futuro e na afirmação das OE Portugueses no seio da NATO. Autor: Maj António Lopes
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A COVID-19 JUNTO DE SI COVID-19 é a designação atribuída à doença infeciosa causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A doença foi identificada pela primeira vez em Wuhan, na República Popular da China, em 1 de dezembro de 2019. Em 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto uma pandemia. Ao contrário do que acontecia há 6 meses atrás, atualmente todos já ouviram descrições e explicações acerca da COVID-19, mas ela está aqui, mesmo junto de si! Será que já sabe o essencial? O que é que fizemos e o que poderemos fazer relativamente à COVID-19? O ESSENCIAL SOBRE COVID-19 - Causa O SARS-CoV-2 é um vírus que pertence a uma grande família de vírus denominada coronavírus. Os coronavírus causam várias infeções respiratórias em seres humanos, desde simples constipações até doenças mais graves como a síndrome respiratória aguda grave. Estima-se que o número básico de reprodução do vírus seja de entre 1,4 e 3,9. Isto significa que é esperado que cada infeção pelo vírus resulte entre 1,4 a 3,9 novas infeções, isto quando a comunidade não é imune e não é tomada nenhuma medida preventiva1,2. - Sinais e sintomas A gravidade dos sintomas varia, desde sintomas ligeiros semelhantes a uma constipação até pneumonia viral grave com insuficiência respiratória potencialmente fatal3. Os casos de infeção podem ser assintomáticos ou sintomáticos (vêr sintomas no Quadro 1). Entre as possíveis complicações estão a pneumonia grave, falência de vários órgãos e morte4. Quadro 1: Sintomas de COVID-195-8 Muito frequentes: febre, tosse e dificuldade em respirar, perda de olfato e paladar Pouco frequentes: garganta inflamada, corrimento nasal, espirros ou diarreia
- Modo de transmissão9 A COVID-19 transmite-se pessoa-a-pessoa por contacto próximo com pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2 (transmissão direta), ou através do contacto com superfícies e objetos contaminados (transmissão indireta). A transmissão por contacto próximo ocorre principalmente através de gotículas que contêm partículas virais que são libertadas pelo nariz ou boca de pessoas infetadas, quando tossem ou espirram, e que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. As gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada e, desta forma, infetar outras pessoas quando tocam com as mãos nestes objetos ou superfícies, tocando depois nos seus olhos, nariz ou boca. Por vezes é usada a expressão “transmissão comunitária”, que significa que o vírus circula na comunidade sem que seja possível identificar a origem de todas as cadeias de transmissão. O período de incubação, ou seja, o período entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas é, em média, de 5 dias, embora possa variar entre 1 e 14 dias. A doença é contagiosa durante o período de incubação, pelo que uma pessoa infetada pode contagiar outras, antes de começar a manifestar sintomas. A pessoa é mais infeciosa durante o período sintomático, mesmo que os sintomas sejam leves e muito inespecíficos. Estima-se que o período infecioso dure de 7 a 12 dias em casos moderados, podendo ser superior em casos graves. - TRATAMENTO Não existem medicamentos antivirais aprovados para o tratamento da COVID-19, embora estejam vários a ser desenvolvidos e a serem testados medicamentos já existentes10. O tratamento para esta infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam e tem como objetivo proporcionar alívio e maior conforto aos doentes. Atualmente não existe vacina que previna a infeção por SARS-CoV-2. Sendo um vírus recentemente identificado, estão ainda em curso investigações em diversos países para o desenvolvimento de uma vacina com eficácia comprovada e que respeite os requisitos necessários de segurança. 99
AÇÕES DO CTOE Desde o início da pandemia, o CTOE assumiu uma atitude responsável, segura, de colaboração e disponibilidade, integrada na resposta do Exército e das Forças Armadas, em geral, à comunidade. O apoio do CTOE não se limitou à realização de inúmeras ações de sensibilização, executando ações de apoio à proteção e salvaguarda de pessoas e bens e ainda ao apoio ao Hospital das Forças Armadas – Pólo Porto (HFAR-PP) e ao Centro de Apoio Militar COVID de Belém, com elementos da equipa sanitária da Unidade de Saúde Role 2 do CTOE. Essas ações de sensibilização decorreram em escolas (nomeadamente em Lamego, Castro Daire, Cinfães, Moimenta da Beira, Armamar, Meda, São João da Pesqueira, Tabuaço, Tarouca, Vila Nova de Paiva, entre outras), com elevada aceitação por parte da comunidade escolar e de acordo com o referencial de Ação de Sensibilização de Boas Práticas de Procedimentos Higiénico-Sanitários. As audiências compreenderam o processo de transmissão do vírus, identificaram as vias de contacto, compreenderam os conceitos e princípios relacionados com infeção por SARS-Cov-2, identificaram áreas de risco e princípios básicos de limpeza e desinfeção e identificaram adequadamente o equipamento de proteção individual. No âmbito civil, foi feito apoio à proteção e salvaguarda de pessoas e bens, através da cedência de materiais e equipamentos, tais como camas, tendas, roupa de cama, a diversas entidades, entre elas, a Câmara Municipal de Lamego, Câmara Municipal de São João da Madeira, CDOS Viseu – São Pedro do Sul e Santa Casa da Misericórdia de Lamego. Foi ainda feito reconhecimento a diversos estabelecimentos escolares a fim de serem realizadas atividades de descontaminação. No âmbito militar, foram cedidos equipamentos de descontaminação MAVA dentro da Brigada de Reação Rápida (RI 10, RI 15, RC 3 e RA 4), e foi cedida uma ambulância ao CAM/RTm.
A equipa sanitária da Unidade de Saúde Role 2 do CTOE apoiou o HFAR-PP (com a diligência de um Oficial enfermeiro e uma socorrista e ainda com o apoio da médica pneumologista da Unidade no trabalho desenvolvido nas enfermarias COVID do HFAR) e o Centro de Apoio Militar COVID-19 Belém (com a diligência de um Oficial enfermeiro que foi reforçar a equipa do ex-HMB). Em sintonia com a postura de todas as UEO do Exército, o CTOE mantém a disponibilidade de apoio à população, estando pronto para executar outro tipo de ações nesta área.
O QUE PODEREMOS FAZER RELATIVAMENTE À COVID-19? As estratégias para prevenir a transmissão da COVID-19 estão listadas no Quadro 29.
Quadro 2: Estratégias de prevenção de transmissão da COVID-19 Higiene das mãos Etiqueta respiratória Distanciamento social Uso de máscara Limpeza das superfícies Cuidados com alimentos
- Higiene das mãos A higiene das mãos deve ser feita várias vezes ao longo do dia, antes e depois das refeições, antes e depois de ir à casa de banho, ao chegar a casa ou ao trabalho, ou sempre que se justifique. As mãos devem ser lavadas com água e sabão durante pelo menos 20 segundos, esfregando sequencialmente as palmas, dorso, cada um dos dedos e o pulso, secando-as bem no final. Caso não tenha acesso a água e sabão, desinfete as mãos com solução à base de álcool a 70%. Não se esqueça de remover anéis, pulseiras, relógios, ou outros objetos, antes da lavagem das mãos. Estes adereços deverão também ser higienizados após a sua utilização. - Etiqueta respiratória A etiqueta respiratória é constituída por medidas a aplicar para evitar a transmissão de gotículas respiratórias. Quando tossir ou espirrar, proteja o nariz e a boca com um lenço descartável ou com o antebraço. Após a utilização do lenço descartável, deite-o imediatamente no lixo. De seguida lave de imediato, as mãos. Caso tenha utilizado o braço, lave-o, ou à camisola, assim que possível. - Distanciamento social O distanciamento social inclui ações de controlo de infeção destinadas a retardar a propagação da doença, mi-
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nimizando o contacto próximo entre indivíduos. Os métodos incluem: quarentenas, restrições em viagem, encerramento de escolas, locais de trabalho, estádios, teatros e/ou outros estabelecimentos públicos. Os indivíduos podem aplicar métodos de distanciamento social ficando em casa, limitando viagens, evitando áreas lotadas, usando saudações sem contato e distanciando-se fisicamente dos outros. - Uso de máscara O uso de máscaras é uma medida adicional de proteção, que deve ser complementar às medidas de higiene das mãos, etiqueta respiratória e distanciamento social. A sua utilização é obrigatória em espaços públicos fechados, como transportes públicos ou estabelecimentos comerciais. Para utilizar máscara de forma efetiva deve garantir que a coloca e remove em segurança. No Quadro 3 está enumerado o procedimento correto de colocação e remoção da máscara. A viseira deve ser usada complementarmente com um método barreira que permita proteger a boca e o nariz.
Quadro 3: Procedimento de colocação e remoção de máscara9 Colocar a máscara: - Lave as mãos com água e sabão ou com uma solução à base de álcool (antes de colocar a máscara); - Colocar a máscara na posição correta. A borda dobrável deve estar para cima e a parte colorida para fora; - Segurar a máscara pelas linhas de suporte/elásticos e adaptar a cada orelha; - Ajustar a máscara junto ao nariz e queixo, sem tocar na face da máscara. Retirar a máscara: - Lavar as mãos com água e sabão ou solução à base de álcool; - Retirar a máscara apenas segurando nas linhas de suporte/elásticos; - Manter a máscara longe do rosto e da roupa, para evitar tocar em superfícies potencialmente contaminadas da máscara; - Colocar a máscara no recipiente adequado e lavar novamente as mãos. 101
- Limpeza das superfícies O tempo que o vírus persiste nas superfícies pode variar sob diferentes condições (por exemplo, tipo de superfície, temperatura ou humidade do ambiente e a carga viral inicial que originou a exposição). Estudos recentes mostram que o SARS-CoV-2 se pode manter viável em superfícies como plástico ou metal por um período máximo de cerca de 72 horas e em aerossóis por um período máximo de 3h. Em superfícies mais porosas como cartão, o SARS-CoV-2 pode manter-se viável por um período de 24h. A frequência da limpeza nos domicílios ou em espaços públicos deve ser aumentada, de modo a que não haja acumulação de vírus nas superfícies. Deve utilizar-se detergente e desinfetante comum de uso doméstico (como lixívia ou álcool). - Cuidados relativos a alimentos Atualmente, não há evidência que suporte a transmissão do SARS-CoV-2 pelos alimentos. De acordo com as recomendações internacionais (OMS) e nacionais (ASAE) destaca-se o reforço das seguintes boas práticas de higiene: • Lavagem frequente e prolongada das mãos (com água e sabão durante 20 segundos), seguida de secagem apropriada; • Desinfeção apropriada das bancadas de trabalho e das mesas com produtos apropriados (o vírus pode sobreviver em superfícies durante horas ou até dias, se estas não forem limpas e desinfetadas); • Evicção da contaminação entre comida crua e cozinhada.
Referências: 1. Li Q, Guan X, Wu P, Wang X, Zhou L, Tong Y, et al. Early Transmission Dynamics in Wuhan, China, of Novel Coronavirus-Infected Pneumonia. N Engl J Med. 2020. 382:11991207. 2. Riou J, Althaus CL. Pattern of early human-to-human transmission of Wuhan 2019 novel coronavirus (2019nCoV). Euro Surveill. 2020. 25(4):pii=2000058. 3. Beeching NJ, Fletcher TE, Fowler R. BMJ Best Practices: COVID-19. BMJ. 2020. 4. Hui DS, Azhar EI, Madani TA, Ntoumi F, Kock R, Dar O, Ippolito G, Mchugh TD, Memish ZA, Drosten C, Zumla A. The continuing epidemic threat of novel coronaviruses to global health - the latest novel coronavirus outbreak in Wuhan, China. Int J Infect Dis. 2020. 91: 264–266. 5. Symptoms of Coronavirus Disease (COVID-19). Centers for Disease Control and PreventionCDC. 13/03/ 2020. Consultado em 05/10/2020. 6. Chen N, Zhou M, Dong X, Qu J, Gong F, Han Y, Qiu Y, Wang J, Liu Y, Wei Y, Xia J. Epidemiological and clinical characteristics of 99 cases of 2019 novel coronavirus pneumonia in Wuhan, China: a descriptive study. Lancet. 2020. 395(10223):507-513. 7. Hessen MT. Novel Coronavirus Information Center: Expert guidance and commentary. Elsevier Connect. 27/01/2020 (atualizado em 18/09/2020). Consultado em 05/10/2020. 8. Huang C, Wang Y, Li X, Ren L, Zhao J, Hu Y, Zhang L, Fan G, Xu J, Gu X, Cheng Z. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet. 2020. 395(10223): 497-506. 9. Direção Geral de Saúde. COVID 19. 2020. Disponível em: <https:// https://covid19.min-saude.pt/category/perguntas-frequentes/> Acesso em: 05/10/2020. 10. Li G, De Clercq E. Therapeutic options for the 2019 novel coronavirus (2019-nCoV). Nature Reviews: Drug Discovery. 2019. 19(3): 149–150.
Autor: Maj MED Maria João Oliveira
CONCLUSÃO No dia um de abril de 2020, o Secretário-geral das Nações Unidas, Dr. António Guterres, afirmou que “a crise do novo coronavírus é o maior desafio da humanidade desde a Segunda Guerra Mundial, tanto pela ameaça às vidas quanto pelas consequências à economia mundial”. O impacto político, cultural e sócio-económico da pandemia pode causar alterações profundas na sociedade humana. Cabe a cada um de nós, cidadãos e militares, com uma atitude informada e responsável, zelar pela segurança e saúde individual e, por conseguinte, de todos. Que os muitos por ser poucos nam temamos. 103
TESTEMUNHO DE GRATIDÃO AO REV. P. HERMÍNIO LOPES
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ela sua constante disponibilidade e assídua cooperação manifestada desde há muito, entende o comando do CTOE dever prestar – e fá-lo com enorme prazer e subida honra – ao Reverendo Padre Hermínio Manuel Lopes o testemunho de gratidão desta unidade militar sediada em território da Diocese de Lamego e que se habituou a ver no senhor Padre Hermínio um dos nossos, porque irmanado no objetivo comum da promoção do desenvolvimento pessoal e social das pessoas que nos são confiadas e pelo bem-estar da população lamecense, que sempre tem facilitado a nossa atividade. Sobressai no homem e no sacerdote o sentido da simpática proximidade e da generosa cooperação com as pessoas e com as instituições, de tal modo que, entre os muitos afazeres inerentes ao pastoreio das paróquias de Magueija, Bigorne e Pretarouca, bem como à responsabilidade pelos serviços informáticos e telecomunicações da Diocese e como membro do Departamento das Comunicações, Gabinete de Imprensa e Publicações e, ainda, como designer gráfico do Jornal Voz de Lamego, sempre tem encontrado um espaço no seu tempo para orientar graficamente o periódico deste CTOE, o que muito nos tem honrado.
Tem o Reverendo Padre Hermínio Manuel Lopes honrado este Centro de Tropas de Operações Especiais com a sua prestimosa colaboração, o que penhoradamente agradecemos, sempre na ótica daquilo que almejamos para os nossos militares e para todas aquelas pessoas e instituições que aceitam cooperar connosco, bem como no estilo de relação ditado pelos corações agradecidos. E este sacerdote tem sido exemplar. O nosso bem-haja.
Sabe-se antigamente que trezentos Já contra mil Romanos pelejaram, No tempo que os viris atrevimentos De Viriato tanto se ilustraram, E deles alcançando vencimentos Memoráveis, de herança nos deixaram Que os muitos, por ser poucos, não temamos; O que despois mil vezes amostramos. Os Lusiadas, Estância XXXVI Canto VIII
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