nº10 - Dezembro/Janeiro 10
www.hornsup.net
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44 resenhas de CDs
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10 entrevistas
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8 resenhas de shows
Quando a luz do dia some entrevistas:
suicide silence August Burns Red Despided Icon Skindred baroness the red chord Questions simbiose DISTRAUGHT
EXTRA!!! ´
2 video clipes August Burns Red Skindred ´
audio QUESTIONS
hornsup #8
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ao vivo: maquinariac killswitch engage c moonspell/tiamat c stratovarius...
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índice Editorial Ganhe! ´ Noticias ~ PT saudacoes ´ Old school agenda sangue novo REC Artwork top 5 metalsplash
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KILLSWITCH ENGAGE SUICIDE SILENCE AUGUST BURNS RED DESPISED ICON SKINDRED BARONESS THE RED CHORD QUESTIONS SIMBIOSE DISTRAUGHT
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Resenhas Ao vivo
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Editorial Edit torial Desperate Times Nº10 • Dezembro/Janeiro 2010
Editor-chefe Matheus Moura
Colaboradores nesta edição André Henrique Franco, André Pires, Eduardo Guimarães, Gláucio Oliveira, Gulherme P. Santos, Igor Lemos, Italo Lemos, João Henrique, João Nascimento, Luigi “Lula” Paolo, Paulo Fioratti, Paulo Vitor, PT, Thiago Soares
Fotos André Tayar, Carina Martins, Daniel Salsicha, Flávio Santiago, GL Johnson, Hristo Shindov, Karina Kohl, Michele Mamede, Pedro Roque
Design, Paginação, Webdesign Matheus Moura
Revisão Matheus Moura
Já não é de hoje que se condena o coitado do formato físico (CD) à extinção. A moda agora é ditar o fim das gravadoras. Pois, se pensarmos bem, faz sentido. Se não houver produção de CDs e distribuição, pra que uma banda precisa de um selo? Aí vem a Earache Records oferece um disco inédito e completo de uma banda para download gratuito (“Tales from the Grave in Space” do Gama Bomb) no Rapidshare. O quê? Grátis? Como? Atualmente algumas gravadoras fazem acordos totais com as bandas, ou seja, o selo leva uma percentagem sobre tudo. Shows, merch, etc. Assim tiram o seu lucro e promovem a banda, já que dar o disco faz com que a popularidade da banda aumente, dado que atinge mais pessoas. Pode até ser um bom acordo em muitos casos, mas se pensarmos bem, pra ter distribuição e promoção online não é preciso investimento, muito menos de um selo comendo uma fatia dos redimentos. E a questão retorna: Por que uma banda precisa de um selo hoje em dia? Matheus Moura
Publicidade/Contato huinfo@hornsup.net
Website www.hornsup.net
Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net e saiba com se inscrever. Sorteio: 30 de Janeiro de 2010
Gan Ganhe! nhe!
Myspace www.myspace.com/hornsupmag
Envio de material Portugal/Europa HORNSUP Att: Matheus Moura Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal
A HORNSUP nº 10 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:
Brasil Paulo Vitor Macêdo Rua Joaquim Gois, nº 88, Edifício Mansão Drummond, Apartamento 102 - 13 de Julho Aracaju/SE - Brasil CEP: 49020-130
Três (3) CDs “Vol. 3 - Caos, Carma, Conceito” do U-Ganga www.myspace.com/uganga
Igor Lins Lemos Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603 Torre - Recife/PE - Brasil CEP: 50710-140
HORNSUP Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal
Procura-se Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de nossa equipe, envie um e-mail para huinfo@hornsup.net e mostre do que é capaz!
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hornsup #10
Um (1) pack com 4 CDs promocionais da Vic Records: Total Terror - “Total Terror” Archaic - “The Time Has Come To Envy the Dead” Alkonost - “Put’ Neprojdennyj” Rudra - “Brahmavidya: Transcendental I” www.vicrecords.com
Três (3) CDs “Behold Darkness” do Device www.myspace.com/devicebrasil
Vencedores das promoções HORNSUP #9 - Fear Factory: Yuri Murakami (São Paulo/SP), Fernanda Barbosa (São Paulo/SP), Dário Neves (São Paulo/SP), Viviane Thais da Silva (Osasco/SP), Bruno Correia (Itanhaém/SP) / Cardiac: Priscila Silva (São Paulo/SP) / Desalmado: Fabiano Silva (São Paulo/SP)
not notícias tíc cias
por André Henrique Franco
METALLICA Brasil magnetizado
Peixe grande Na entrevista com o vocalista do Killswitch Engage, que vocês podem ler nesta mesma edição de HU, Howard Jones fala sobre muita coisa interessante. Conta, em detalhes, como começou a sentir as dores por causa de pedras na vesícula e como quase passa dessa pra pior. O Metallica confirmou oficialmente algumas datas de sua turnê “World Magnetic Tour 2010”, que passará pela América do Sul em Janeiro de 2010. Duas apresentações estão agendadas para o Brasil. Confira a seguir: 19/01 – Lima, Peru – Estádio San Marcos 21/01 – Buenos Aires, Argentina – River Plate Stadium 26/01 – Santiago, Chile – Club Hípico 28/01 – Porto Alegre, Brasil – Estádio Passo D’Areia (Zequinha) 30/01 – São Paulo, Brasil – Estádio do Morumbi Também existem shows confirmados na Costa Rica, Panamá, Colômbia e Venezuela para Março.
THE OCEAN 2010 em dobro O vocalista Mike Pilat, que deixou a banda alemã The Ocean alguns meses atrás, foi substituído por Loïc Rossetti. A banda passou a maior parte desse ano trabalhando em material que será apresentado ao público em dois álbuns que serão lançados em 2010, sendo um em Março e outro em Setembro. O último disco da banda, “Precambrian” (CD duplo), foi lançado em 2007 pela Metal Blade Records.
GAMA BOMB Bomba grátis Numa manobra inédita, os irlandeses do Gama Bomb disponibilizam seu novo álbum, “Tales From The Grave In Space”, para download gratuito na internet, com total apoio de seu selo, a Earache Records. A produção do disco ficou a cargo de Scott Atkins. Desde o dia 5 de Novembro é possível baixar o CD (que também acompanha o artwork) nesse endereço: www.earache.com/gamabomb/. Basta apenas digitar seu e-mail no espaço indicado no site.
TAPROOT Longa vitória O Taproot é o mais novo contratado da Victory Records. A banda se encontra atualmente em meio aos trabalhos de seu novo álbum, que tem previsão de lançamento para 14 de Junho. O registro ainda não tem nome e o grupo deve entrar em estúdio nos próximos meses para gravá-lo.
OPETH Suicídio na rodovia No último dia 15 de Outubro, o ônibus do Opeth se envolveu em um acidente rodoviário. A banda seguia de Dublin, na Irlanda, para Bruxelas, na Bélgica, quando um carro fez um retorno inesperado no meio da rodovia. Os únicos membros do Opeth presentes naquele momento dentro do ônibus eram o baixista Martin Mendez e o tecladista Per Wiberg, junto com o resto da equipe, porém ninguém se feriu. Os outros integrantes do grupo, o vocalista e guitarrista Mikael Åkerfeldt, o baterista Martin “Axe” Axenrot e o guitarrista Fredrik Åkesson, assim como o técnico de som Pontus Norgren, decidiram pegar um vôo para casa, pelo fato da banda ter três dias de folga antes do próximo compromisso. Mais tarde, foi descoberto que o motorista do carro que se chocou com o ônibus do Opeth veio a falecer devido aos ferimentos, e em seu carro foi encontrada uma carta de despedida, o que leva a crer em m uma tentativa de suicídio.
30 SECONDS TO MARS Guerra de reis e rainhas
O que ele não conta também é bem fascinante. Considero fundamental que esta coluna chame atenção para assuntos que Mr.Jones tentou driblar ao longo da nossa conversa. Algumas vezes, ele conseguiu. Noutras, não resistiu à marcação cannavaresca (podia ser carnavalesca, mas é cannavaresca mesmo, de Cannavaro). Repare nos detalhes que pingaram gota a gota, a partir de nosso bate-papo. Howard Jones tem 38 anos de idade. Mora em Connecticut, uma região dos EUA que consegue combinar duas características bem bacanas: é tranquila, bem residencial, e, ao mesmo tempo, fica a uma hora de Manhattan, onde a bagaça ferve. Ali também vivem os Hatebreeds. O dono do vozeirão que levou o KSE a uma indicação ao Grammy, como você vai poder conferir mais à frente, curte se vestir na estica. Também gosta de cozinhar. Diz que faz de tudo: carne, pratos asiáticos, massa… Não é casado. Não tem filhos. Mora sozinho. Se pudesse escolher, seria pescador em vez de band leader. Diz que no seu iPod tem de tudo. De eletrônico a Death Metal. Será que falou que o Quickness, do Bad Brains, é fantástico só pra me agradar? Não creio.
“The Ride” é o nome de um curta metragem usado para fazer a apresentação da música “Kings + Queens” do novo álbum do 30 Seconds to Mars, “This Is War”, que sai a 8 de Dezembro. Esse será o primeiro álbum de estúdio em quatro anos, desde “A Beautiful Lie”, lançado em 2005. Esse álbum inovador deverá ter não só uma capa, mas sim 2000 capas com imagens diferentes, de fotos enviadas por fãs de todo o mundo.
Para colocar o preto no branco, aliás, Jones acha a discussão racial em torno da música pesada uma chatice. Abraça aquela filosofia Tim Maia, segundo a qual “cada um é cada um”.
THE EMPIRE SHALL FALL
O show do Killswitch Engage em São Bernardo foi perfeito. Irretocável. Profissa.
Império em ascenção The Empire Shall Fall é a nova banda do ex-vocalista do Killswitch Engage, Jesse Leach. A banda lançou seu primeiro álbum no último dia 17 de Novembro através do selo Angle Side Side Records, de propriedade do baixista Nick Sollecito. O registro também teve produção própria, por meio do guitarrista Marcus de Lisle. O artwork do disco foi criado por Matt Yazuita e as mixagens ficaram a cargo de Sean Small (ABACABB, We Were Gentlemen, Friday Night Boys). Também integram o line-up o baterista Jeff Pitts e o guitarrista Jake Davenport.
“Você acredita em Deus?”, pergunto. Ganho de volta um “Yeah” sem ânimo, incapaz de mexer os ponteiros na Escala Richter. “Sua família é batista?”, arrisco. “Essa você não vai conseguir saber, cara”, responde Howard, já com o gravador desligado.
Quanto à entrevista, fiquei satisfeito com as respostas, mas muito mais tocado pelas perguntas que nasceram da conversa. Por que um dos personagens mais bem sucedidos da cena da música pesada se sente tão desconfortável na relação com o público fora do palco? Será só timidez mesmo? Por que viver de uma atividade que parece incomodá-lo tanto? Será pela força de um contrato? Em que direção navega este pescador? Quem, afinal, é o homem por trás de Howard Jones? pt saudações hornsup #10
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Tesouros do
not notícias tíc cias CANNIBAL CORPSE Canibais à solta
Iron Maiden cantando em casamento www.youtube.com/watch?v=knC743Nds4Q O Cannibal Corpse se apresenta em São Paulo, no Santana Hall, no dia 21 de Fevereiro, como parte de sua turnê latino americana. Segundo declaração do baixista Alex Webster: “Estamos muito animados para anunciar nossa turnê Latino Americana 2010. Nós sempre tivemos shows intensos por lá e esperamos mais do mesmo nessa passagem. Estamos realmente ansiosos para nos apresentar para todos os nossos grandes fãs na América Central e do Sul.... nos vemos em Fevereiro!”. Confira abaixo as datas: Novos passos de dança www.youtube.com/watch?v=rfWumokkspQ
12 de Fevereiro – Monterrey, México – Cafe Iguana 13 de Fevereiro – Mexico City, México – Circo Volador 15 de Fevereiro – Caracas, Venezuela – Complejo Ferial San Jancinto 17 de Fevereiro – Bogota, Colômbia – Teatro Metropol 19 de Fevereiro – Santiago, Chile – Club Cadilac 20 de Fevereiro – Buenos Aires, Argentina – The End 21 de Fevereiro – São Paulo, Brasil – Santana Hall
LOSTPROPHETS Profetas traídos Mini Kiss www.youtube.com/watch?v=rVgaRz5TBCQ
“The Betrayed” será o quarto álbum de estúdio do Lostprophets. A banda já lançou o primeiro vídeo em suporte ao novo disco, “Where We Belong”. O registro está previsto para sair em 18 de Janeiro pela Visible Noise. A banda inicialmente pretendia gravar um álbum logo após o lançamento de “Liberation Transmission”, de 2006, porém, problemas com gravadoras e produtores acabaram atrasando o registro.
HIGH ON FIRE Serpentes divinas
Como vender CDs www.youtube.com/watch?v=TZ1nrCrc1VE
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hornsup #10
Os californianos do High On Fire pretendem lançar seu próximo disco (o quinto da carreira) em Fevereiro de 2010 pela E1 Music. O registro, tentativamente intitulado “Snakes For The Divine” foi gravado pelo produtor Greg Fidelman (Metallica, Slayer) no The Pass Studios, em Los Angeles. O artwork será mais uma vez criado por Arik Roper.
BENEDICTION Visita adiada Os ingleses do Benediction tiveram que cancelar a turnê que fariam pela América do Sul em Dezembro devido a problemas de visto. Segundo a banda, “Nós definitivamente ainda tocaremos por lá, mas existe apenas a necessidade de resolver essa burocracia em primeiro lugar”. A turnê incluía passagens por Brasil, Chile, Argentina, Peru e Colômbia. O último álbum dos caras, “Killing Music”, foi lançado em Setembro de 2008 pela Locomotive Records.
LIVING SACRIFICE Sacrifício Infinito A reunião do Living Sacrifice rendeu frutos e a banda já tem data marcada para o lançamento de seu próximo álbum: dia 26 de Janeiro. O disco recebeu o nome de “The Infinite Order” e sairá pela Solid State Records. Este, que é o sétimo registro do grupo, foi produzido em Nashville, Tennessee e em Little Rock, Arkansas pelo velho amigo da banda Jeremiah Scott (The Showdown, Destroy Destroy Destroy) e mixado por Andy Sneap (Megadeth, Machine Head, As I Lay Dying), que já trabalhou com o Living Sacrifice em seu último álbum, “Conceived In Fire”, de 2002.
soulfly No topo do mundo O Soulfly está desde o dia 6 de Novembro no estúdio Edge Of The Earth em Hollywood com o produtor Logan Mader (Machine Head, Cavalera Conspiracy, Divine Heresy) gravando seu novo álbum que, possivelmente, se chamará “Omen”. Além disso, irão gravar uma versão cover de “Four Sticks”, do Led Zeppelin, para futuramente, servir como B-side ou faixa bônus. De acordo com o frontman Max Cavalera o álbum será mais agressivo que “Conquer” (o último disco da banda, de 2008) e as músicas serão mais curtas.
not notícias tíc cias DEFTONES Show para Chi Cheng Robert Trujillo (Metallica), Dave Lombardo (Slayer), Shavo Odadjian, Daron Malakian (ambos do System of a Down) e Mike Muir (Suicidal Tendencies) foram alguns dos convidados no segundo show organizado pelo Deftones para angariar fundos para o tratamento de seu baixista, Chi Cheng, que se encontra em recuperação de um acidente automobilístico sofrido no ano passado. Diversas bandas também doaram objetos para serem leiloados online em benefício do músico. O dinheiro será usado para as despesas médicas. O leilão acontece aqui: www.charitybuzz.com/benefitforchi. O Deftones agora planeja lançar o seu novo álbum em Fevereiro de 2010.
BILLY TALENT Talento em Portugal A banda canadense Billy Talent irá fazer a sua estréia em Portugal no dia 22 de Janeiro no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Esse show faz parte da turnê européia da banda, que vai até o dia 26 de Fevereiro de 2010. Após isso a banda embarca em uma turnê pelo Canadá ao lado de Alexisonfire e Against Me. O mais recente disco dos caras, intitulado “Billy Talent III” foi lançado em Julho e teve produção de Brendan O’Brien.
Abre aspas... MNEMIC Fuck the system “Sounds Of The System” é como se chamará o quarto álbum de estúdio dos dinamarqueses do Mnemic. O lançamento está programado para 15 de Janeiro na Europa e 26 de Janeiro na América do Norte, pela Nuclear Blast Records. O CD foi gravado no próprio estúdio da banda sob a produção de Tue Madsen (Behemoth, The Haunted, Kataklysm) que já havia trabalhado com os caras nos álbuns “Mechanical Spin Phenomena” (2003) e “The Audio Injected Soul” (2004). O último registro do grupo, “Passenger”, foi lançado em 2007.
SEVENDUST Além das sete vidas O Sevendust entrou recentemente no Groovemaster Studios, em Chicago, Illinois, ao lado do produtor Johnny K (Disturbed, Staind, Machine Head) para dar início as gravações de seu novo álbum, planejado para sair no começo de 2010. A banda disse em um comunicado: “Nós temos apreciado o trabalho de Johnny K durante alguns anos e acreditamos que ele seja o cara para esse trabalho. Esse álbum é muito importante e temos alguns dos melhores sons indo neste processo, como nós nunca tivemos antes”.
“Um amigo não é nada
mais que um inimigo conhecido.” Kurt Cobain
Old School Pensar em um disco clássico do Judas Priest é fácil: “British Steel”. Até a capa é uma das mais famosas não só do Heavy Metal, como da cultura pop em geral. Se você toca guitarra, certamente já mandou um “Breaking the Law” várias vezes. Então deve estar se perguntando: porque esse doido está falando do “Painkiller”? Em 1990, o Heavy Metal estava em um momento espetacular. Para você ter uma idéia, alguns lançamentos desse ano: “Rust in Peace” do Megadeth, “Cowboys from Hell” do Pantera, “Seasons in the Abyss” do Slayer e “Empire” do Queenrÿche. Percebeu a qualidade do que estava acontecendo? Até então, o Judas Priest já era uma banda consagrada no Heavy Metal, tinha aproximadamente 23 anos de estrada com clássicos estabelecidos na enciclopédia de qualquer Headbanger que se preze. Não só não tinham mais nada a provar, como não se esperava mais nada inovador da banda, que em alguns momentos chegava a “flertar” com um “Rock and Roll” simples e vinha de um disco bem mal recebido por crítica e público, o “Ram it Down”, que veio até com um constrangedor cover de “Johnny B. Good”, e era difícil convencer a todos de que o baterista Dave Holland não era eletrônico. “Painkiller” foi uma surpresa para todo mundo. Primeiro pela clássica formação, onde Holland não fazia mais parte e Scott Travis, vindo do “Racer X”, assumia as baquetas. Depois, pelo decreto do fim dos sintetizadores que dominavam até
então, que foram substituídos por riffs pesados e músicas rápidas. Não o Heavy Clássico, quase rock clássico, que consagrou o Judas Priest, mas sim da nova direção que o Judas mostrava para o Heavy Metal. A música título, “Painkiller”, é um tiro, um soco no estômago, um clássico imediato. Desde a introdução da bateria – que seria pedida eternamente em qualquer solo de qualquer baterista de Metal daqui pra frente – passando pelos surpreendentes arpegios de guitarra de Glenn Tipton, que mostrava que a idade estava lhe fazendo muito bem, ao vocal sempre impressionante do “Metal God” Rob Halford, é impossível não ouvir a música e não sair cantarolando “This is the Painkiller” depois. Antes que você possa respirar, “Hell Patrol” nos atinge como outro soco no estômago, e nos deixa a pergunta de como o Halford consegue chegar nas notas do final da música. A sequência de músicas mantém o mesmo nível : “All Guns Blazing”, “Leather Rebel”, “Metal Meltdown”, o clássico “Night Crawler” e “Between the Hammer and the Anvil” são uma lição de como se fazer um disco de Heavy Metal. Finalmente uma pausa para respirar, e a balada – se é que pode ser chamada assim – “Touch of Evil” surge como ouro marco na história do Judas. Novamente o vocal de Halford nos faz lembrar porque ele é chamado de “Metal God”. A música ainda conta com os teclados de Don Airey, hoje no Deep Purple e de um solo inspiradíssimo de Glenn Tipton. Foi a única música do álbum que
Judas Priest “Painkiller” (1990) não foi composta somente pela trinca Halford – Tipton e K.K.Downing, pois contou com a ajuda do produtor Chris Tsangarides. “Battle Hymn” é uma pequena passagem instrumental que indica o fim da jornada, que terimará com a incrível “One Shot of Glory” que reúne todos os elementos marcantes das demais músicas do álbum. Não é toda banda que consegue fazer um clássico depois de um – ou no caso do Judas de vários – grande(s) clássico(s), ainda mais depois de tanto tempo de banda, e o Judas mostrou porque é uma das maiores influências dentro do HeavyMetal, talvez ficando atrás somente de nomes como Black Sabbath e Iron Maiden (eu disse “talvez”!). Renovar e mostrar um novo caminho. Essa sempre será a receita que manterá o Heavy Metal vivo. Luigi “Lula” Paolo hornsup #10
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not notícias tíc cias SUFFOCATION / NAPALM DEATH Dose dupla de brutalidade
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Brasil: Dezembro: 04 - Fear Factory - Espaço Lux, São Bernardo do Campo/SP 04 - Obituary/Belphegor - Hangar 110, São Paulo/SP 05 - Obituary/Belphegor - Bar Brasil, Belo Horizonte/MG 05 - The Casualities - Hangar 110, São Paulo/SP 06 - The Casualities - Hangar Bar, Curitiba/PR 12 - The Black Dahlia Murder - Inferno Club, São Paulo/SP 12 - Venom - Victoria Hall, São Caetano do Sul/SP 13 - Evergrey - Caroca Club, São Paulo/SP Janeiro: 15 - Deicide - Nitra Club, Cascavel/PR 16 - Deicide - Clube Asefe – Cedec, Brasília/DF 17 - Deicide - Carioca Club, São Paulo/SP 28 - Metallica - Estádio Zequinha, Porto Alegre/RS 30 - Metallica - Estádio do Morumbi, São Paulo/SP Fevereiro: 06 - Iced Earth - Via Funchal, São Paulo/SP 21 - Cannibal Corpse - Santana Hall, São Paulo/SP
Portugal: Dezembro: 01 - Marilyn Mason - Campo Pequeno, Lisboa 02 - Nile/Grave/Krisiun/Ulcerate... - C.A.E. São Mamede, Guimarães 03 - Nile/Grave/Krisiun/Ulcerate... - Cine-teatro, Corrois 04 - Arch Enemy/Abigail Willians... - Incrível Almadense, Almada 07 - The Prodigy/Enter Shikari - Pavilhão Atlântico, Lisboa 11 - Jello Biafra & Guantanamo School of Medicine - Cine-Teatro, Corrois 12 - Witchburner... - Casa de Lafões, Lisboa Janeiro: 28 - The Black Dahlia Murder/3 Inches of Blood/ Necrophobic/Obscura/The Faceless... - Cine-teatro Júlio Diniz, Porto
Suffocation e Napalm Death se unem em uma turnê que vai por fogo na América Latina durante o mês de Maio de 2010. As bandas vem divulgar seus últimos registros, “Blood Oath” (Suffocation) e “Time Waits For No Slave” (Napalm Death), Veja todas as datas confirmadas até o momento: 05/05 – México – Cidade do México (local a ser confirmado) 07/05 – Venezuela – Caracas (local a ser confirmado) 08/05 – Colômbia – Bogota – Teatro Metropol 09/05 – Equador – Quito – Bunga 11/05 – Peru – Lima – Voce 13/05 – Chile – Santiago – Teatro Caupolican 14/05 – Argentina – Buenos Aires – Teatro Flores 15/05 – Brasil – Curitiba (local a ser confirmado) 16/05 – Brasil – São Paulo (local a ser confirmado)
WINDS OF PLAGUE Musas do teclado Kristen Randall, tecladista do Winds Of Plague, anunciou sua saída da banda: “Eu decidi deixar minha atual posição como tecladista no Winds Of Plague e gostaria de pessoalmente agradecer a cada membro da banda, assim como a todos os nossos fãs”, disse Kristen. Após a sua saída, a banda recrutou Lisa Marx (ex-Kittie) para o posto. Entretanto, Lisa não conseguiu aprender as músicas a tempo da turnê e a vaga de tecladista acabou ficando com Alana Potocnik (ex-The Breathing Process) que já está com a banda em turnê com Stick To Your Guns, Circle Of Contempt, Sleeping Giant e Oceano. O Winds Of Plague recentemente gravou o vídeo da faixa “Approach The Podium” com o diretor Nic Izzy, da Reconstructed Media (Despised Icon, Protest The Hero).
MUDVAYNE Sob luz negra “Beautiful And Strange”, “Scream With Me” e “Heard It All Before” são três músicas que estarão presentes no novo álbum do Mudvayne e já podem ser ouvidas na Internet. O registro, auto-intitulado, será lançado dia 22 de Dezembro pela Epic, com produção de Jeremy Parker e, de acordo com o baterista da banda, Matt McDonough, este será o melhor CD da banda desde seu segundo álbum, “The End Of All Things To Come”. Este será o primeiro disco de que se tem notícia, que será impresso totalmente em tinta visível apenas à luz ultravioleta. A capa do CD foi criada pelo renomado tatuador Paul Booth. O último álbum do Mudvayne, “The New Game”, foi lançado em Novembro de 2008.
SOILWORK Oitavo trabalho Os suecos do Soilwork irão entrar em estúdio no mês de Janeiro para iniciarem a
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gravação de seu novo álbum, ainda sem um título definido, que sairá pela Nuclear Blast. O sucessor de “Sworn To A Great Divide” (2007) será produzido pelo guitarrista Peter Wichers e mixado por Jens Bogren (Opeth, Katatonia, Paradise Lost, Bloodbath). Esse será o oitavo registro da carreira da banda e o primeiro após o retorno de Wichers a banda em 2008. Além disso, o guitarrista Sylvain Coudret (Scarve) também debuta na banda em um CD.
FEAR FACTORY Máquina mecânica O “novo” Fear Factory, com Burton C. Bell (vocal), Dino Cazares (guitarra), Byron Stroude (baixo) e Gene Hoglan (bateria) comunicou oficialmente o lançamento de seu novo álbum, “Mechanize”, em 5 de Fevereiro na Europa, pela AFM Records e em 9 de Fevereiro nos Estados Unidos, via Candlelight Records. O CD foi co-produzido pela banda juntamente com Rhys Fulber (Front Line Assembly, Paradise Lost) e mixado por Greg Reely. E os fãs brasileiros podem comemorar, pois o Fear Factory tocará por aqui no dia 4 de Dezembro. A única apresentação ocorre em São Bernardo do Campo, São Paulo, no Espaço Lux. As bandas brasileiras Hmennon, Embrioma, Threat e Piuke serão responsáveis pela abertura.
AS I LAY DYING O som da verdade O vocalista do As I Lay Dying, Tim Lambesis, divulgou recentemente que a banda já começou seus trabalhos na composição de um novo álbum ao lado dos produtores Adam Dutkiewicz (guitarrista do Killswitch Engage) e Daniel Castleman. No momento, existe apenas a parte da bateria gravada para oito faixas. O As I Lay Dying pretende fazer apenas uma pausa durante a gravação do novo álbum, em uma breve viagem a México e Sri Lanka para uma série de shows. A banda ainda ganhou o prêmio de “Best Music Video”, no Hollywood Film Festival, pelo clipe da faixa “The Sound Of Truth”, dirigido por Brian Thompson, em cerimônia realizada dia 25 de Outubro.
EPICA Quadra brasileira Foram divulgadas oficialmente 4 datas de shows da banda holandesa Epica no Brasil, em Abril de 2010: 7 de Abril – Master Hall – Curitiba 9 de Abril – Music Hall – Belo Horizonte 10 de Abril – Via Funchal – São Paulo 11 de Abril – Circo Voador – Rio de Janeiro Após a passagem pelo Brasil, o Epica ainda toca na Argentina e no Chile. O último álbum da banda, “Design Your Universe”, foi lançado na Europa em 16 de Outubro e gravado no Gate Studio, na Alemanha, com o produtor Sascha Paeth.
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Sangue Novo por Igor Lemos
Across The Sun Com três EPs no mercado, o grupo Across The Sun aparece como uma das melhores surpresas no cenário do Metal. Eis um grupo completo em todos os quesitos: originalidade, presença nas composições, o trabalho de guitarra, dentre outros. O vocalista Brandon Davis com certeza aparecerá, em breve, ao grande público. Intraduzível como consegue gritar e criar melodias tão bonitas. O EP “Storms Weathered”, de 2008, consegue ser muito
To My Last Breath Coréia do Sul. Grande berço do Deathcore. Brincadeira. Mas qual a real razão de eu ter trazido um grupo de tão longe? Acredito que esteja ligado à necessidade de mostrar algo feito no Oriente. As influências sonoras cairão muito no que o Bring Me The Horizon e Suicide Silence fizeram nos seus primeiros trabalhos. Um som cru, com vocais variando entre o grave o agudo, e uma bateria rápida e matadora. “Beauty Of The Faceless” e “Unheard Silence”, do recém
www.myspace.com/tmlbreath
Este grupo, na verdade, é um projeto paralelo de diversos músicos experientes. Começando pelo baixista da Between The Buried and Me, Dan Briggs. Agora, sua função vai para a guitarra, junto ao também guitarrista e vocalista da Fear Before, Adam Fisher. O baterista deste último grupo, Clayton Holyoak, também se juntou ao Orbs. Chuck, do Nightbear, no baixo, e Ashley Ellyllon, teclado no Cradle of Filth, completam o time. Como dito,
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lançado EP “It Will Be Buried On Calmness” é um ótimo exemplo do que falo. O único ponto negativo é o inglês dos caras, que não é preciso, porém, quem se importa tanto com a pronúncia no Deathcore? Em alguns momentos, mostrarão suas caras, como dissonâncias e zumbidos não muito comuns no gênero. Ainda precisam lapidar bastante a sua sonoridade para chegarem longe, porém, podem causar algum estrago em um país que pouco se ouve falar de Metal. No mínimo, divertido.
Orbs
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bom. Contudo, “Pestilence & Rapture”, de 2009, chega ao ápice. “May Silence Keep You”, “The Ardent Optimist” e “Farewell The Favored” mostram como se faz um Metalcore melódico incrivelmente renovado e preparado para chegar às massas. Em suma, uma das melhores bandas a dar as caras no Sangue Novo. Se você é fã deste tipo de som, não faça a besteira de dispensar uma audição (tão merecida) a um grupo que tem tudo para chegar muito longe.
não tem nenhuma criança no mundo da música nesta reunião. O som que fazem passa por composições longas, bastante criativas, com momentos particulares de cada integrante. Nada mais esperado de um conjunto praticante de Rock Progressivo. Se você curte alguma dessas bandas já citadas e deseja ver algum instrumentista em um novo grupo ou então busca novos ares neste já congestionado mundo da música, dê uma chance a eles. Orbs é, no mínimo, de muito bom gosto. www.myspace.com/orbsband
Lançamentos
Betraying The Martyrs Misturando o Deathcore com pianos, os franceses do Betraying The Martyrs prometem vingar logo no seu primeiro trabalho, um EP intitulado de “The Hurt, The Divine, The Light”. Em alguns momentos você poderá associar com os norte-americanos da Winds Of Plague, nas típicas passagens macabras sinfônicas. Contudo, de obscuro estes caras não tem nada. De fato, utilizam o cristianismo como temática, bebendo um pouco da fonte de grupos até mais recentes como, por exemplo, o See The Light. Os breaks aqui presentes, junto aos vocais melódicos serão atrativos aos fãs de um gênero que não pretende acabar nem tão cedo, mesmo com a já conhecida satura-
dezembro/janeiro
ção. Enfim, uma dica aos que pretendem sair um pouco do ninho americano, com destino direto para a bela cidade de Paris. Material de qualidade. www.myspace.com/betrayingthemartyrs
Mudvayne “Mudvayne”
Alexis Has Taken Revenge Quando você pensa no Estado de Pernambuco, consegue associar com o Metalcore? Logicamente a resposta será negativa. Porém, apesar de haver poucos representantes do gênero na cidade de Recife, a banda Alexis Has Taken Revenge consegue vingar. Com influências de grupos com estrada nas costas, como The Devil Wears Prada e August Burns Red, o AHTK lança uma boa proposta sonora, baseando-se em melodias, teclados e a usual gritaria do estilo. Se procurares versatilidade, breaks inteligentes e composições impactantes, o que esperas para conhecer este conjunto? Vá direto ao Myspace dos caras e confira as faixas disponíveis. Não irei destacar uma
Sigh “Scenes From Hell”
ou outra, pois todas possuem seus pontos fortes. Uma das revelações do Metalcore nacional de 2009. www.myspace.com/alexishastakenrevenge
Kingdoms As duas grandes armas da banda Kingdoms são os trabalhos de guitarra, que optam por não ficar um segundo sem criar links rápidos e atraentes, e os vocais melódicos de Hutton. “Daughters Of Atlas”, primeiro EP, é um excelente cartão de visita. “Split The Sky”, com sua levada Post-Hardcore, será uma faixa presente nos players de muitos leitores da HORNSUP. “Catharsis” terá uma levada mais brutal, porém, não deixarão de apresentar as melodias vocais em “Pyramids”. “Atlantis” traz boas levadas de guitarra, em momentos mais pesados, com riffs acelerados, em outros, buscando servir como pano de fundo para mais refrões grudentos. Fiquem de olho
Living Sacrifice “The Infinite Order”
Mnemic - “Sons Of The System” Annotations Of An Autopsy - “The Reign Of Darkness” Sinister - “Prophecies Denied” em Kingdoms, grupo canadense que vem ganhando espaço, tocando ao lado de Protest The Hero, e querendo, cada vez mais, o seu lugar ao sol. www.myspace.com/kingdoms
The Binary Code - “Suspension of Disbelief ” Six Feet Under - “Graveyard Classics 3” Suicidal Angels - “Sanctify The Darkness” Alesana - “The Emptiness” Freya - “All Hail The End” Ihsahn - “After”
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Paura Fotos: André Tayar
Fomos até as entranhas do Estúdio Pucci, em São Paulo, aonde conseguimos arrancar (sem nenhum esforço) do vocalista do Paura, Fábio Pradini, novidades sobre o novo álbum que estão cozinhando por lá. Já sei que estão trabalhando na préprodução do novo álbum. Quando começam as gravações? A pré-produção está praticamente finalizada. Limamos o excesso e editamos o cru como guia pro resto das gravações, que devem começar em Dezembro. O que podemos esperar desse novo álbum? Novidades, participações especiais? Músicas mais simples e diretas, na pegada do “Reverse The Flow”. Até mais cru. Mais direto. Ainda não pensamos em participações, mas teremos participação sim. Provavelmente o Helinho do Jeffrey Dahmer, pois uma das letras dos 11 sons é dele. Já tem alguma previsão de lançamento? Esperamos realmente que até o fim do primeiro semestre de 2010. Pois queremos
fazer a próxima turnê na Europa como turnê de divulgação desse novo disco. Sai por algum selo? E em que países estará disponível? Ainda estamos sem selo. Gravadoras, entrem em contato! Por enquanto, só no Brasil, mas: labels from all over the world, contact us! Acredito que a produção ficará a cargo do Henrique Pucci, certo? Ter um dos membros da banda com produtor interfere de que forma no processo de construção do álbum? Cara, o Henrique é o homem no controle do processo todo. Mas na real a banda toda ajuda e opina, então na verdade temos toda a banda interferindo e construindo o álbum. Mas o cara que aperta os
Artwork Se costuma ler as resenhas de shows aqui da HORNSUP com certeza que já se deparou com o trabalho de Pedro Roque. Trocamos figurinhas com ele para saber o que se passa na cabeça desse fotógrafo português.
O que te levou a ser fotógrafo de concertos? Desde pequeno que sempre adorei fotografia e sou um grande apaixonado por música. Foi como juntar o útil ao agradável. Quais as dificuldades que sente em trabalhar de forma independente, já que não presta serviço a nenhum orgão de comunicação oficial? Sinto mais a nível financeiro visto que a fotografar concertos nunca vou cobrir as despesas de transporte e o dinheiro investido em material fotográfico. A creditação de eventos mais “mainstream” é mais difícil visto não estar a associado a uma revista. Qual foi o concerto mais intenso que já fotografou? Sem dúvida o de Municipal Waste, uma autêntica selvajaria. Só corpos a voar por cima de mim (risos).
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Qual história mais engraçada que já te aconteceu enquanto fotografava? Recente o espalhanço que dei num concerto em Évora. Normalmente quando estou a fotografar bandas que gosto tento fotografar e apreciar o concerto ao mesmo tempo, não havia palco e estava a curtir o concerto com o pé encostado a coluna de retorno até me desequilibrar e rebolar literalmente pela frente do “palco” (risos). Felizmente não aconteceu nada de grave a câmera. Acredita que é possível viver como fotográfo de concertos? Acho que é muito complicado ainda por cima com o digital, qualquer pessoa pode ter uma máquina e disparar o que acaba por saturar o número de fotógrafos por concerto. Acaba por ser uma actividade banal e não se dá o devido valor quando é trabalho de qualidade. Qual o seu equipamento? Uso uma Nikon D80 com uma objectiva 18135 mm 3.5-5.6 e um flash Speedlight Sb 600. Matheus Moura
www.flickr.com/proque
botões e ouve coisas que os outros não ouvem continua sendo o Henrique (risos). Tem planos de fazer todo o processo “em casa” ou terão convidados para mixar ou masterizar? A idéia é convidar alguém pra masterizar, mas isso vai depender do nosso orçamento. Ainda estamos nos organizando em relação a isso. Matheus Moura www.myspace.com/paura3rdworld
MEU TOP 5 “FAR BEYOND DRIVEN” Pantera
Simplesmente “gigante”! Quem é que ainda não fez “headbanging” a ouvir malhas como “5 Minutes Alone”, que arrastam uma pessoa ao ponto de entrar em transe completo, ou “I’m Broken”, em que só nos apetece chegar a casa e partir tudo à volta? Ou em “Becoming”, onde parece que estamos enterrados num poço sónico, em que nos afundamos mais e mais, mas nunca queremos sair do mesmo? E depois em “Planet Caravan” parece que estamos sozinhos no mundo, com uma cascavel a fazer-nos companhia, deixando-nos enterrados nas nossas dúvidas mais sombrias. Trata-se de um disco intenso como só os Pantera sabem fazer e cheio de extremos, mas ao mesmo tempo equilibrado quanto baste, para nos fazer ouvir vezes e vezes sem conta! Um “must have” que todo o bom fã de Rock e Metal deve ter na sua prateleira!
“UNPLUGGED” alice in chains Ok, se há um disco que nos faz arrepiar a pele e a espinha em cada música, só de ouvir os primeiros acordes, é este! Para mim é o melhor unplugged alguma vez feito, e a qualidade do mesmo é de tal forma avassaladora que parece que estamos a “sofrer” em sintonia, com os panoramas cinzentos e depressivos de Layne Staley e Cia. Músicas como “Nutshell”, a épica “Down In A Hole”, a intensidade de “Angry Chair”, mostram-nos a “dor e angústia” de uma mente perdida e imersa em problemas como adiçoes de droga, ou depressões suicidas. E depois os grandes refrões orelhudos de “Would?”, “Got
Maquinaria Festival Por Felipe Motta Os festivais são sempre muito comemorados e aguardados, principalmente no Brasil, sendo assim, qual seria a característica mais interessante de um festival? Assistir mais de um show no mesmo dia e, de preferência, grandes bandas no mesmo lugar. Bom! Se essa é a idéia de um festival, o Maquinária soube colocar o que há de melhor em prática. Não é novidade para ninguém que no Brasil, questões relacionadas a cultura, arte e principalmente música, são mais difíceis do que o normal. Muita burocracia, muita política e nenhuma preocupação com quem realmente interessa, o fã. A organização começa na porta, na conferência de ingressos, postura dos seguranças com o público, indicação dos locais e etc. A primeira impressão que tive quando cheguei na arena dos palcos foi a disposição, nada de palco principal no pedestal e o palco alternativo numa tenda escondida, nada disso, um palco de frente para o outro e o público no meio. Esse aspecto não deixou que as atrações fossem subjulgadas, a opção ficou a cargo de quem estava lá. Um detalhe negativo observado em muitos festivais, quando conta com muitas bandas, é o horário e comigo não será diferente, vou falar do horário, mas dessa vez para elogiar.
Me Wrong”, ou “Heaven Beside You”, fazem-nos simplesmente recordar que esta banda existe para “exorcizar” todos os nossos “demónios”. Um clássico imprescindível!
“I AM HOLLYWOOD” he is legend Posso afirmar que este foi um disco que mudou de certa forma a minha maneira de ver as coisas no panorama musical. Quando o ouvi pela primeira vez, nem sabia que banda era esta, e nem imaginava na proporção que ela iria ter num futuro próximo. Com o seu som “southern”, com laivos de Metal e Ambient, esta banda foi uma “lufada de ar fresco” em todos os níveis para mim. Refrões com power mas sempre melódicos, uma secção rítmica destacada e fora do normal, e os seus “contra-tempos” fizeram com que ficasse simplesmente viciado nas suas músicas! Músicas como “Eating a Book”, “The Seduction”, “The Creature Walks”, e claro a música que dá nome ao álbum “I Am Hollywood”, são hinos que são intemporais! Além disso todos os seus álbuns são mesmo muito bons! Infelizmente decidiram fazer uma pausa por tempo indeterminado, mas hei de cá estar para os ver triunfar outra vez!
“THE BIG DIRTY” every time i die Apesar de este ser o seu 4º trabalho, fiquei chocado e até surpreso, por nunca ter ouvido falar deles! E que banda, é esta! Eles conseguem misturar influências que vão do “Southern” com Metalcore, com Hardcore e até Pop! Após ouvir este álbum tive que arranjar os restantes, e cada
As bandas entraram no horário e sincronizadas. O Maquinária contou com o palco principal e o palco Myspace, onde as bandas independentes mostraram o seu trabalho, assim que a banda no palco “principal” encerrava, a banda do outro lado já começava a sua apresentação. No casting internacional a organização do festival conseguiu reunir três bandas consideradas riscadas do mapa. É isso mesmo! O Deftones teve um sério problema com o baixista, hospitalizado devido a um sério acidente de carro no ano passado, o Jane´s Addicition era considerada uma banda acabada e o Faith No More que estava em hiato desde 1998, praticamente sem previsão de volta não era esperada nem na gringa para possíveis shows. E aqui estavam elas, ao vivo e a cores senhores. O Deftones mesmo desfalcado esses californianos mostraram para que vieram. Às 17:40, eles subiram ao palco e oficializaram o sucesso de uma noite histórica com um repertório recheado dos clássicos e algumas músicas que faltaram na última apresentação de 2007, num dia quente e enssolarado de sábado. Depois de um show forte candidato á melhor do dia, com direito a Chino Moreno (vocalista do Deftones) na grade entoando junto com o público “Hexagram”, só restava esperar o tão aguardado Faith No More. O relógio marcava 21:00 e a ansiedade era quase incontrolável, para piorar ainda mais, uma chuva fina começa e os técnicos da banda que já passavam o som, começam a cobrir os equipamentos. O primeiro pensamento é; “Não acredito que o show mais aguardado vai ser atrapalhado pela chuva”, sim porque, depois de um dia de céu azul e sol forte só podia chover e não parar mais, ainda mais se tratando de São Paulo. Às 21:29 as luzes do palco se apagaram e já era possível ouvir os primeiros acordes de “Reunited”, cover da banda
vez que ouvia os álbuns descobria sempre algo novo! Não me saíam da cabeça músicas como “We’rewolf”, “Rebel Without Applause”, o viciante “RendezVoodo”, o dançante “Buffalo Gals” e o poder de “No Son of Mine”! Para mim melhor álbum de 2007!
Tiago Simões Dollar Llama
“MEANDERTHAL” torche Possívelmente esta é para mim a banda revelação de 2008/09 (que me desculpem os Mastodon)! Quando ouvi este álbum, fiquei atordoado com a imensidão de ambientes sónicos, e com as melodias simples e cativantes que estes rapazes da Florida fazem! Ainda hoje me é dificil categorizar o som deles, porque abrangem Sludge, Doom, Metal, Pop e Stoner. É daqueles álbuns, que quando se ouve da primeira vez, ficamos com um “gostinho na boca” já começa a entrar dentro de nós e a ecoar na cabeça e a ansiar por mais, e a partir da terceira vez, já não se consegue deixar de ouvir! A voz de Steve Brook é tão melódica e viciante, que aliada aos riffs galopantes e quase hipnóticos, transportam-nos para paisagens sonoras indescritiveis!! Desde o começo, com “Triumph of Venus”, passando por “Piranha”, o hino “Healer” a brilhante “Across The Shields”, e a gigante “ Fat Waves”, é para mim um álbum que vai ser ouvido durante anos e anos. Ouçam, porque não vão encontrar nada parecido!
Peaches & Herb, música que marcou a volta dos caras aos palcos. Ainda com as luzes apagadas, surge no palco vestindo um terno vermelho, óculos escuros, bengala e um guarda-chuva, Mike Patton. Com os berros insanos dos presentes quase passa desapercebida a fusão entre o fim do cover e a esmagadora “From Out Of Nowhere” e à partir dai, uma viagem nos maiores clássicos da banda e mais, um marco na história da música, pois com toda certeza, essa banda não volta para o Brasil tão cedo, ou diria, nunca mais. Repleto de loucura no palco, grunidos e sons indescritíveis, Mike Patton levou a noite muito a vontade. O mais incrível era ver a banda acompanhando a insanidade de Patton, não em gestos, mas garantindo o acompanhamento sonoro. Essa noite entrou para a história e para a memória, não só dos que presenciaram, mas daqueles cujo o valor da música nas suas vidas, ultrapassa preconceitos e determinações estilísticas. É muito bom saber que o Brasil ainda é rota obrigatória da música. E essas meus caros, não são apenas palavras de um réles apresentador, e sim, dos artistas de que tanto falamos, aqueles capazes de transformar melodias em trilha sonora para nossas vidas, sim ELES, repetem e não cansam de dizer o quanto o público brasileiro é diferente, devolve energia, é apaixonado e apaixonante, até louco por vezes, mas com certeza aptos a transformar um show num espetáculo e fazer com que os gringos enxerguem o quanto somos intensos e gigantes por natureza. . O programa Metalsplash é exibido todo domingo pela alltv em www.alltv.com.br das 12h às 13h (hotário de Brasília). Pelo blog, semanalmente com atualidades da cena metal em www.metalsplash.blogspot.com hornsup #10
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Foto: Michele Mamede
entrevista
Quando a luz do dia some Em entrevista à HORNSUP, o vocalista do Killswitch Engage fala pela primeira vez sobre a doença que adiou a turnê no Brasil – e quase o matou.
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assa das quatro da tarde quando a banda surge no sofisticado lobby do hotel em que se hospeda em São Paulo. Em meio ao grupo, que inclui ainda os roadies e o agente, um deles distoa. O raciocínio rápido, para quem já viu fotos ou vídeos do Killswitch Engage, pode induzir ao erro. Não, Howard Jones não chama atenção porque é o único negro entre os branquelos. Atrai o olhar, sim, porque parece o chefe – ou o pai – daqueles rapazes de bermudas e camisetas de banda. O grandalhão Adam Dutkiewicz, que costuma subir ao palco de shortinho e capa de super-heroi, aparece de chinelo e pulando numa perna só. No dia anterior, ele havia quebrado o dedão ao descer da van em Curitiba. Ao lado dele, Howard Jones veste um jeans que parece caro e um blazer cinza-chumbo, bem cortado, em cima da camiseta preta. Calça sapatos de couro de bico quadrado. Eis o figurino do homem que comanda uma das forças mais respeitadas da
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música pesada hoje em dia. Jones se despede da banda e volta para o quarto. Não vai participar da passagem de som. Duas horas mais tarde, está de novo no lobby do hotel. O traje é o mesmo. Carrega na mão um par de Nike preto, capaz de transformar um cantor de pagode num furioso vocalista de Metal. Basta se livrar do blazer na hora de assumir o microfone. Combinamos fazer a entrevista no trajeto de 40 minutos entre o hotelão na zona sul de São Paulo e a casa de shows em São Bernardo do Campo. A viagem foi bem mais longe do que eu imaginava. Naquele fim de tarde bucólico, Howard Jones contou, pela primeira vez numa entrevista, como quase se transformou em refrão. Um refrão bem emo, daqueles que falam em nunca mais ver um amanhecer. Qual foi seu problema de saúde mesmo? Eu tive pedra na vesícula. Minha vesícula infeccionou e aí a infecção foi para o meu pân-
creas, meu fígado, meu rim, meu estômago... Enfim, tudo. Eu fiquei no hospital por 12 dias. Você teve de ser operado? Não. As pedras na vesícula saíram, mas eu tinha de receber muitos antibióticos na veia, analgésicos e tudo o mais por causa da infecção. Eu não consigo nem imaginar a dor... Eu já quebrei vários ossos. Nem se compara à dor que senti desta vez. Terrível! Mesmo o resto da banda, eles sabiam que eu não estava bem, mas não sabiam que era mal assim. Para vocês, o quanto é difícil cancelar uma turnê? Foi a primeira vez que a gente fez isso. Eu e os outros caras nos esforçamos ao máximo (para que isso não aconteça), mas não havia nada que eu pudesse fazer neste caso. Eu fiquei na UTI por seis dias e sequer me lembro
de como foi este período. Foi bem pesado. Basicamente, eu quase morri. (risos nervosos) Eu estou rindo agora, mas não foi engraçado. Ainda hoje você sente alguma coisa? Eu não estou 100%... Mas o que você sente? Mais o esforço. Eu perdi muito peso e agora estou tentando recuperar. Foi difícil este período. A gente não cancela uma turnê à toa. A gente adiou dois ou três shows desde que eu entrei para a banda, mas cancelar uma turnê é algo completamente diferente. Eu estava a base de soro e, de novo, mal consigo lembrar estes dias na UTI. Foram péssimos! (risos nervosos) Espero que você esteja bem agora... É provavelmente a primeira vez que conto isso numa entrevista. É exagero dizer que você flertou com a morte? Não, não é. (enfático) Eu realmente quase morri. Uau. Sério. Eu passei por uns cinco médicos. Eles iam retirar minha vesícula na primeira noite. E então disseram: “Bom, as pedras já passaram. O problema agora é a infecção”. Eles basicamente falaram: “Se você tivesse ido para a América do Sul e não viesse ao hospital, você, provavelmente, voltaria de lá num caixão”. Eu respondi: “Eu tô bem”. E eles: “Não, você não tá bem”. (risos) Você bebe? Não, não, não. Foi do nada. Eu estava assistindo TV e, de repente, meu estômago começa a doer. Bom, continuei vendo TV. Fui pra cama. No dia seguinte, acordei mal. Não havia dormido direito. A dor se espalhou. Lá pelo terceiro dia, eu estou em estado de agonia. “O que há de errado comigo”, me perguntei. E isso tudo, vomitando... Por três dias? Por três dias. Naquelas de “ah, eu vou melhorar”. No último dia (antes de ser internado), eu vomitei algo que parecia suco de laranja. Só que eu havia tomado suco de laranja quatro dias antes. Por que eu não digeri este suco em quatro dias? Opa, isso é um problema. Vou pro hospital. Você estava comendo normalmente? Não, não comi nada, mas mesmo assim não parava de vomitar. O que me intrigou foi aquele suco de laranja. Fui pro hospital e começaram a me dar uns remédios malucos. Depois disso, não me lembro de quase nada. Eu li uma entrevista em que você foi descrito como um cara enigmático. Você imagina por quê? Sério? É. Bom... Você é um cara tímido? Mais ou menos. Veja só, todo mundo já está lá no local do show e eu fiquei no hotel, o que só aumenta meu nervosismo. Sei que muita gente pode achar que eu não curto o contato com os fãs, mas não é isso. Eu fico
nervoso quando tem muita gente. É algo contra o qual eu luto desde que entrei no KSE. Enigmático? Mmm, não sei. Eu sou só eu mesmo... Todo mundo na banda, os roadies, todos eles acham que eu sou o cara mais esquisito do mundo. (risos) Substitua “enigmático” por “esquisito” e aí acho que tudo bem. Funciona melhor. Eu perguntei isso porque li bastante sobre vocês e, desde então, tenho tentado decifrar quem, afinal, é Howard Jones. Boa sorte! (risos) Vocês, nitidamente, são caras bem-humorados. Ao mesmo tempo, você escreve frases como “Now your heart beats black with deception”(A Bid Farewell). Sério, quem é você? Eu passeio por vários sentimentos, como todo mundo, mas, considerando o que eu faço na frente das pessoas, bom, eu sou mesmo muitas vezes recluso. É um contraste estranho. As pessoas ficam se questionando: “Você chama a atenção do público. Você deve adorar isso, não?”. Bom, eu gosto de estar no palco com meus amigos, a performance em si eu curto, mas todo o resto é um pouco difícil pra mim, entende?
“Eu realmente quase morri.” (Howard Jones) O contato com o público? É meio estranho. Eu sou um cara na minha, bem quietão. É estranho quando ouço caras gritando meu nome. Isso vai acontecer de novo em 20 minutos. Putz... É tão desconfortável quanto usar a jaqueta do seu irmão caçula. “Isso não serve!” (risos) É como eu me sinto. Eu tenho a maior consideração pelos fãs, fico feliz em saber que as pessoas ligam para o que a gente faz, para as letras, as músicas, mas eu não pedi nada disso. Mas você se diverte fazendo parte deste meio... Ah, claro! Pô, como é que eu não vou me divertir? A gente tem um grupo de caras muito bacanas na banda, os roadies... Eles são muito legais. É bem divertido. Acho que para algumas pessoas, e eu me incluo neste grupo, é difícil decifrar o cara com um belo blazer, sapatos elegantes e que grita no palco. Não é a primeira vez que você escuta isso, certo? Não, não é. (risos) Sei lá... Você já esteve numa situação que parece incômoda? Me sinto meio peixe fora d’água... (respira fundo) É como eu me sinto. Todos os dias. Ainda assim, sou grato por tudo. Veja só, eu não estou reclamando. É só desconfortável. Posso concluir que este não é, então, o trabalho dos seu sonhos? Se eu pudesse viver de pescaria, isso sim seria um sonho! Sério? Maravilhoso! Mal posso esperar para chegar ao Equador. Vou pescar lá.
Que tipo de pescaria você pratica? Rio, mar? Todo tipo. Água doce, água salgada. Em qualquer lugar do mundo que eu vá, se eu puder pescar, show! Você tá com seu iPod aí? Deve estar na minha bolsa. Você se lembra das últimas músicas que ouviu? Deixa eu lembrar... Provavelmente, HIM, Massive Attack e... Decapitated! (gargalha) Essa sim é uma combinação estranha! Essa sim! Eu tenho uma lista bem variadas de bandas. É verdade que você foi cantor gospel? Não, não. Minha mãe costumava ir à igreja o tempo todo e eu cantava uma ou outra vez. Participei de corais de escola também. Só isso. De onde vem este talento para as partes melódicas, então? É um talento? Uma maldição? (risos) Não sei. É um dom, sem dúvida. Eu só canto e espero que tudo dê certo. Você nunca teve aulas de canto, algo assim? Não. Só na escola mesmo. Eu fui a um vocal coach uma vez e só por uma hora. Era um cantor de ópera. Adoraria ir de novo, o cara era muito bom, mas foi só isso. Como você começou a se envolver com música pesada? Ouvindo rádio. Ouvindo AC/DC e Kiss quando eu tinha cinco, seis anos de idade. Quando eu tinha 15 anos, conheci um cara que é um dos meus melhores amigos até hoje. Ele me apresentou ao Death Metal. E daí foi. Hoje, escuto de tudo. Você não trabalha mais como agente ou produtor de outras bandas? Não, não dá mais. Falta tempo. Eu tenho até uma gravadora, mas falta tempo. Se uma banda está em turnê em outro continente e acontece um problema, eles te ligam de madrugada. Não dá. Imagina uma banda que eu agencio na Europa e eu aqui. Dá muito trabalho. Tive de parar. Queria saber sua opinião sobre o atual momento da cena de música pesada. Tudo sobe e desce. Tem um revival de Hardcore de Nova York, depois o Metalcore volta com tudo, Emo e tal. Tudo segue em ondas. Lembra quando o Greenday começou? Eram gigantes! Aí, somem um pouco e voltam a ser gigantes. É assim que a coisa funciona. Você tem 38 anos de idade, certo? Não sei do que você está falando. (risos) Por quanto tempo você se vê fazendo o que faz? Cara, eu só faço e pronto. Procuro não olhar tão longe para a frente. Se eu estiver me divertindo, beleza. Caso contrário, ponto final. Algo que você queira acrescentar? Só queria dizer que, depois de tudo o que eu passei, nem acredito que eu estou aqui. Sou um cara de sorte. PT
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entrevista Algumas semanas depois da passagem por São Paulo, voltamos a interrogar o Killswitch Engage, desta vez a HORNSUP falou com o baixista Mike D’Antonio que jogou um pouco de luz na escuridão do novo álbum auto-intitulado. Uma das bandas americanas de maior sucesso no Metal atual revela como foram as gravações e os desafios desse registro, o sucesso do cover “Holy Diver” e a repercussão da turnê que fizeram pela América do Sul no mês de Novembro.
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ela primeira vez a banda trabalhou com um produtor que não fosse o Adam (guitarrista da banda). Como foi trabalhar com Brendan O’Brien na produção desse novo álbum? E qual a participação que Adam teve no registro, já que também o co-produziu? Brendon era um cara muito fácil de se conviver. Ele é engraçado e é bem tranqüilo. Infelizmente eu só trabalhei com ele ao fazer algumas faixas de arranjo para a bateria. Brendon tinha alguns problemas inicias de acordo que nós discutimos (coisas muito, muito pequenas), mas fora isso, tudo correu sem problemas. Pessoalmente, eu estou muito feliz com o que ele tirou do Howard vocalmente e liricamente. Eu sinto que é a melhor performance de Howard até hoje. No que diz respeito a Adam, ele produziu todas as linhas de guitarra e baixo no Zing Studios em Westfield, MA (nossa casa longe de casa). Para mim, é uma situação livre de stress no Zing. Eu adoro lá porque é perto de casa e gostei das idas e vindas que Adam e eu tivemos enquanto íamos melhorando o desempenho do baixo. Tudo somado, Adam foi definitivamente o herói desconhecido do registro. Ele amarrou todas as pontas soltas no disco, gravou metade do mesmo e mixou tudo isso em um prazo muito apertado. “Killswitch Engage” é o quinto álbum da banda, o quarto pela Roadrunner Records. A banda já tem seu nome consolidado hoje em dia. Acha que chegaram ao seu mais elevado nível e agora é só administrar as coisas e se divertir ou sempre há novas possibilidades a serem exploradas? Nós sempre nos divertimos. Sem diversão não haveria o Killswitch Engage. Até agora tudo foi um jogo de adivinhação: assinar com a Roadrunner, na verdade, ser capaz de pagar o aluguel e as contas, ficar juntos por 10 anos, ver o mundo, etc. Eu realmente não consigo dizer aonde esse “alto nível” começa ou termina, já que tudo foi uma surpresa até agora. Definitivamente, é importante reconhecer os fãs loucos que temos e sua importância para nossa existência. Enquanto eles estiverem aí, nós também estaremos. Novas possibilidades estão sempre por aí. Nós somos uma banda que sempre assumiu riscos. Crescimento verdadeiro e maturidade sempre levam à exploração. Acham que o bom humor é um ponto chave dentro da banda? Podemos afirmar isso ao ver as performances loucas de Adam, nas entrevistas e nas apresentações ao vivo. Quão importante é manter o bom humor dentro e fora dos palcos para a banda? Ter um senso de humor sem ser forçado tanto ajudou como prejudicou a banda. Sair dos padrões não é pelo que o Metal é conhecido, e nós aceitamos isso. No entanto, eu sinto que nossos fãs entendem que nós não levamos tudo tão a sério. Perder aquele
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acorde no palco ou não atingir aquela nota alta durante a apresentação não é o fim do mundo para nós. Por uma questão de fatos, nós saboreamos os erros e nos divertimos com eles. Às vezes, esses erros podem fazer a nossa noite, nos proporcionando muitas risadas nos bastidores após o show. Adam é quem ele é. Ele não está atuando, qualquer um que o conheça, sabe que ele está fora de si. Nós apenas o turbinamos (com cerveja) e o deixamos ir. Qual o motivo que levou a banda à auto-intitular esse novo álbum, já que o primeiro full-length também leva o nome “Killswitch Engage”? Ninguém chegou a um acordo sobre um título para o lançamento. Praticamente a mesma razão pela qual nosso primeiro registro tinha o mesmo nome. Quem sabe talvez os próximos não sejam auto-intitulados também. Nós somos estúpidos assim.
“Sem diversão não haveria Killswitch Engage.” (Mike D’Antonio) Em outras entrevistas a banda deixou bem claro que esse álbum era o mais diferente se comparado aos trabalhos anteriores; que a banda, dessa vez, havia deixado sua zona de conforto. Por quê? Como conviveram com essas mudanças? Acham que elas foram benéficas para o crescimento do Killswitch Engage? Parecia que era hora de tentar um produtor de fora... quinto álbum, era um período de agora ou nunca para nós. Como eu disse antes, eu amo o que o Brendon fez com os vocais de Howard, nesse sentido valeu a pena o “desconforto”. Eu sinto que foi benéfico para o crescimento da banda trabalhar com ajuda externa, isso vai certamente desempenhar um papel importante na forma como gravaremos o próximo álbum, com certeza. O primeiro vídeo em suporte ao novo álbum, “Starting Over” já foi lançado e teve a direção de Lex Halaby, que também gravou os vídeos de “My Curse” e “Rose Of Sharyn”. Qual a idéia por trás do vídeo e como foi trabalhar com Lex novamente? Lex sempre fez as coisas certas para nós. Sua visão sempre nos trouxe de volta (ele também fez a parte ao vivo de nosso DVD). Pessoalmente, eu não li o roteiro para a filmagem do vídeo. Eu tinha ouvido que Lex estava fazendo isso e imediatamente apoiei a 100%. Ao dizer isto, eu não tenho idéia sobre o que é o vídeo, mas ele parece legal? Talvez? Quem é o responsável pelas letras das músicas? O que elas exploram no novo álbum? Howard é o responsável pelas letras. Eu parei
de escrever letras em 1995, então não tenho nada a dizer sobre o assunto. Elas são um pouco mais ‘dark’ do que nos álbuns anteriores, mas ainda existe uma tendência a ter ‘uma luz no fim do túnel’. A origem do Killswitch Engage é bastante enraizada em outras bandas. A banda foi originalmente formada com outro vocalista (Jesse Leach), e já teve Adam D. como baterista. Nos conte como foram os primeiros anos de banda e como chegaram à formação atual. A banda original lutou um pouco. Levou 6 meses até encontrarmos um vocal, o que foi difícil. Assim que pegamos Jesse, houve muitos shows ruins e dívidas suficientes para durar uma vida. Mas isso é tudo parte do jogo... chegar nos lugares, tocar sem ganhar dinheiro, fazer turnês em uma van quebrada, dirigir por 11 horas para shows que nunca aconteceram. Era tudo o que fazia uma banda ficar com sedenta e decepcionada, tudo ao mesmo tempo. O momento chave foi na época foi assinar com a Roadrunner Records. De repente, havia legitimidade para a loucura que é uma banda pequena tocando em shows pequenos. Nós deixamos nossos trabalhos e nos tornamos muito conscientes de que poderíamos potencialmente sobreviver da música ou sofrer um duro golpe. A banda fez uma sessão de autógrafos do novo álbum em 2 de Julho, no Eastfield Mall, em Massachusetts. Como explica a relação da banda com os fãs e qual a importância deles no trabalho do Killswitch Engage? Como eu disse anteriormente, os fãs fazem e desfazem a banda. Não temos nada além de muito respeito e agradecimento à nossa dedicada base de fãs. Eles entendem a piada, eles vêm para nos ver tocar e eles são a razão pela qual estamos onde estamos hoje. Nós gostaríamos de avisá-los, através dessas sessões, encontros e cumprimentos que somos apenas cinco caras se divertindo e fazendo música. Nós somos como eles, não há nenhuma diferença ou barreiras. Recentemente tocaram na “Music As A Weapon Tour”, que teve o Disturbed como banda principal. Foi um desafio para a banda, tocar para um público diferente do que estão acostumados? Não, tudo correu muito bem. Todo mundo era legal e super agradável. Quanto à multidão, eles foram muito receptivos, e estou certo de que saímos de lá com alguns fãs novos por causa disso. Eu faria de novo, se me pedissem. Estiveram na Rockstar Energy Drink Mayhem Festival, ao lado de nomes como Slayer, Marilyn Manson, Bullet For My Valentine, Cannibal Corpse, Trivium, entre outros. Esta foi uma das turnês mais aguardadas do ano. Como foi? Correu tudo muito bem. Foi legal nos divertir com nossos velhos camaradas do All That
Remains, Bury Your Dead, Bullet e Trivium e isso fez com que a turnê passasse muito mais rápida. Mas o maior destaque foi encontrar o Cannibal Corpse. Nós somos grandes fãs e adorávamos vê-los todos os dias. Eu odeio arruinar suas reputações, mas eles são um bando de caras legais e nos divertimos muito com eles. No geral, a única parte difícil do verão foi tocar em lugares com o público sentado. Nós nunca estamos acostumados com essa situação, metade da diversão em nossos shows tende a ser a participação do público. Fizemos o melhor da única maneira que sabíamos: adicionando pirofagia (algo que era muito novo para nós). Na verdade, explodindo e tacando fogo em merdas pode iluminar qualquer humor. O que acharam de turnê pela América do Sul? Acabamos de voltar da América do Sul. Nós tocamos no Brasil, Argentina, Chile, Equador e Colômbia. Inquestionavelmente, presenciamos os melhores sing-a-longs que já tivemos no palco. Nós amamos isso: a comida, a cultura, os fãs... Pode ter sido a turnê mais memorável do Killswitch Engage até hoje. Nós gostaríamos de fazer isso novamente, em breve. O cover de “Holy Diver”, do Dio, já foi incorporado ao setlist da banda. Acharam que iriam ser tão bem sucedidos ao gravarem um cover? Não, nós fizemos o cover dessa música porque fomos convidados pela revista Ker-
rang! Nós fizemos isso apenas por fazer, o resultado foi totalmente inesperado. A Roadrunner ouviu o cover e queria colocá-lo no álbum “As Daylight Dies” como a faixa de abertura e primeiro single. Nós rejeitamos essa idéia, tentando permanecer fiel ao que somos e não ser mais uma daquelas bandas que faz cover de músicas o tempo todo. Eventualmente, colocamos a faixa na edição especial como bônus e a Roadrunner levou isso para as rádios, mas isso foi após o fato. “Holy Diver” se deu tão bem nas rádios, que estendemos nosso ciclo de turnês por mais meio ano... isso fundiu nossas mentes. Agora, “Holy Diver” está em nosso set ao vivo permanentemente, não há como ficarmos longe disso. Nós aprendemos a adotá-la, assim como os fãs. A maioria dos membros possuem projetos paralelos, seja tocando em outras bandas ou em trabalhos relacionados à música. Nos conte o que cada um faz quando não está envolvido com o Killswitch Engage. Eu não sei 100% a função de todos os demais fora da banda, então, para além do óbvio (Adam produzindo outras bandas), eu posso apenas responder por mim mesmo. Recentemente, minha antiga banda Overcast voltou a se reunir para fazer um álbum de ‘best of’ para a Metal Blade Records. Nós também fizemos várias turnês nessa parada do Killswitch Engage para as gravações do registro mais recente. Eu também administro
uma empresa de design gráfico chamada ‘DarkicoN Design’ (www.myspace.com/darkicon7). Minha lista de clientes incluem: Killswitch Engage, New England Metal and Hardcore Fest, Shadows Fall, Overcast, Soilwork, Unearth, All That Remains, Ibanez Guitars/Basses, Tama Drums, Roadrunner Records, Throwdown, Bandmerch, Only Crime, Six Feet Under, Rock and Shock Fest, Ferret Music, Metal Blade Records, Harley Davidson, Lifeforce Records, Mass Concerts, 36 Crazyfists, Trivium, Blood Has Been Shed, Cannibal Corpse, Sworn Enemy, Madball, Chimaira, Caliban, Pressure Fest, Clear Channel, Disembodied, Godbelow e muitos outros. Recentemente tocaram no primeiro Revolver Golden Gods Awards. Quão importante você acha que seja esse tipo de evento para as bandas? Gostaram do que viram? Premiações são algo que eles tem feito no Reino Unido durante bastante tempo. Não era uma idéia nova, por qualquer meio, mas era importante, no mínimo. Quanto mais promoção para o Metal, melhor para todos os envolvidos. Para uma primeira vez, o show foi como esperado. Poderiam haver coisas a serem aprovadas em cima da hora? Claro, mas eles tentaram e isso já conta para alguma coisa. André Henrique Franco
www.myspace.com/killswitchengage
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Foto: Hristo Shindov
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Ascensão violenta e silenciosa Polêmicas acerca do rótulo “Deathcore”, curiosidades sobre o novo álbum “No Time To Bleed”, crescimento diante dos fãs, amadurecimento instrumental e lírico. Estes e outros conteúdos foram falados, de forma aberta, pelo guitarrista Mark Helymun da banda americana Suicide Silence.
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nome “Deathcore”, que a mídia musical rotula vocês, deixa a banda puta da vida ou vocês concordam com esta nomenclatura? Não, não nos deixa irritados de forma alguma. O Deathcore é como um meio-irmão desajeitado do Death Metal. Eu estou em bandas de Metal há muito tempo e a única banda que consigo ter sucesso é chamada de “Deathcore”. Então, é algo meio sem sentido. Mas isso não é nenhuma novidade, o Metal tem que se reinventar de tempo em tempo de uma forma ou de outra, então eu acho que o “Deathcore” pode entrar neste sentido. Qual o conceito do novo álbum, “No Time To Bleed”? Não é exatamente um álbum conceitual, mas musicalmente possui uma vibração negativa e é cheio de sons assustadores. A intenção do álbum é justamente este, fazer o ouvinte se sentir de algum modo assustado, puto da
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vida, ou então apenas achar que fizemos um bom trabalho mesmo. Este é o segundo álbum lançado pela Century Media. Esta gravadora está fazendo uma boa divulgação em relação à banda? Como vocês estão se relacionando com este selo? A gravadora tem sido ótima. Nós tivemos ambos trabalhos no Top 100 da Billboard nos Estados Unidos. Eles são muito bons, cheios de boas ideias e realmente se importam com o que nós pensamos e sabem o que podem fazer para agradar nossos fãs. É sempre bom o trabalho que a Century Media faz em qualquer canto conosco. E isso não se limita apenas ao pessoal que trabalha na Century Media americana. Uma vez tivemos contato com o pessoal da gravadora na Austrália e podemos ver que todos que trabalham neste selo são metaleiros pra caralho, então o que mais poderíamos querer?
Quem teve a ideia de colocar aquele jogo macabro no site da banda para divulgação do novo álbum? Aquilo foi ideia da Century Media europeia. Eles nos perguntaram se nós queríamos colocar um joguinho on-line para promover o novo álbum e respondemos que é lógico, porra! É meio besta, mas ao mesmo tempo é legal ter um jogo assustador baseado na sua banda. Acredito que a banda mudou o conteúdo lírico. Agora vejo algo mais voltado para o lado pessoal ao invés de trabalhar com as temáticas de religião e política. Que novas problemáticas são faladas? Eu acredito que é mais pessoal mesmo. Eu não tenho influências nas letras, Mitch é quem faz e sempre pergunta o que nós achamos e eu acho que elas são muito boas. Originalmente nossas letras eram apenas blasfêmias e cheias de ódio pra deixar as
pessoas putas mesmo. Agora eu posso dizer que possuem um conteúdo, uma visão, um objetivo. Elas agora trabalham de modo superficial conteúdos sobre vício em drogas e todo o descontentamento da vida humana. Eu acho que quanto mais as letras forem pessoais, mais as pessoas poderão nos entender enquanto pessoas. Mas elas devem ser interpretadas, de qualquer forma. “Wake Up” e “Smoke” são insanas. Suicide Silence mostra um novo passo agora. Como essa mudança foi sendo desenvolvida? Ambas composições vieram naturalmente, como quase todas as outras faixas do álbum. É apenas a banda em um ensaio, fazendo o que realmente gosta de fazer, criar as músicas de forma natural, como em uma jam session. É como nós gostamos de fazer e nos sentimos bem fazendo. Compor é algo maravilhoso, mas compor o que é natural você não aprende, simplesmente tem que sentir isso. Qual a ideia por trás da música “... And Then She Bled”? É a única faixa instrumental e é muito estranha e obscura. É como eu disse na última resposta. É apenas a banda tentando mostrar nossas influências de uma forma natural. Nós estávamos afim de tocar algo nesse sentido no dia em que fomos ensaiar e, originalmente, escrevemos uma música que tinha aproximadamente oito minutos, cheia de coisas esquisitas e
toneladas de riffs, melodias e até um solo de blues. Claro que isso foi legal, mas tivemos que encurtar, e não ficou tão foda quanto originalmente queríamos. Mas ainda assim somos nós nos divertindo e tentando fazer o ouvinte sentir algo. Você poderia nos dizer cinco bandas do cenário Metalcore ou Deathcore que vocês vêm ouvindo ultimamente? Eu assisti uma apresentação da Darkest Hour há um tempo. Mas eu tenho que dizer que ouvir estas bandas Metalcore ou Deathcore é meio estranho pra mim. Eu normalmente ouço Behemoth ou Alice in Chains ou mesmo Deftones. Mas eu realmente gosto de After the Burial, Oblige... mas fora isso eu não tenho o hábito de ouvir coisas recentes. Como andaram as turnês? Sei que dividiram palcos com nomes como Mudvayne, Dope e Static-X, Slayer, Megadeath e Machine Head estiveram em seus caminhos também. Como foi tocar com estas bandas? Nós nos divertimos bastante com Mudvayne e aprendemos bastante também. Eles vieram mais ou menos da mesma merda que estamos lidando agora. Por exemplo, foram considerados Nu Metal, quando queriam apenas ser uma banda de Metal. Foi bem legal ouvir o que eles pensam sobre isso. Estou bastante animado por tocar com Megadeath novamente, especialmente por termos tocado com eles antes e agora querem tocar conosco novamente.
A banda possui uma visão diferente em relação às religiões. Tomado isso, que modelo de sociedade, então, satisfaria você? Diga-nos mais ou menos como o mundo deveria ser. Bom, eu acho que se as religiões organizadas fossem banidas já seria um bom começo e se você tentasse trazer Deus à escola ou trabalho, deveria ser colocado na cadeia para sempre, ao invés de ser consagrado. Eu tive, uma vez, que fazer um projeto na escola, onde tinha que fazer coisas desse tipo. Eu nunca fazia minhas lições de casa, mas uma vez eu fiz só para ver a reação do professor em relação a isso e eu tirei um A. Felizmente, esse professor era ateu. Política é parecido. Que tipo de carreira é essa que você cria leis para os outros e não aplica a você mesmo? Política e religião são a mesma coisa e apenas ferraram com os serem humanos desde suas criações. O que a banda geralmente faz nos espaços entre os shows? Eu não faço merda alguma. Eu jogo videogame e saio com meus amigos que nunca vejo. Eu vou para bares, pego algumas garotas e faço coisas usuais. Eu fico em turnê por tanto tempo que quando estou em casa ser preguiçoso já é legal pra mim. Igor lemos
www.myspace.com/suicidesilence
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Paraíso estelar O que podemos esperar de uma banda que é intitulada como uma das melhores do Metalcore atual? Qual a razão do nome do grupo ser exatamente esse? Que planos possuem para tocar no Brasil? De que forma a fé cristã os impulsiona ao processo de criação musical? Respondendo a esses e outros questionamentos, o baterista Matt Greiner, do August Burns Red, nos coloca algumas coisas do cotidiano do grupo. 20
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uvi uma história um tanto estranha sobre o nome da banda. Você poderia nos falar melhor sobre isso? Eu acho que poucos sabem sobre essa trágica história. A história trágica é verdadeira. Nosso primeiro vocalista, Jon Hershey, estava namorando uma garota chamada August no tempo da escola. As coisas estavam meio que saindo do controle, tanto físico quanto emocionalmente, e Jon acabou o relacionamento com ela. Então, pouco tempo depois, August foi para a casa de Jon e ateou fogo na casa do cachorro dele, com o seu cão, Redd, lá dentro, que morreu. No dia seguinte, os jornais diziam “August Burns Redd”. Então achamos que era uma história maluca para nomear nossa banda! O conceito da capa do mais recente álbum representa, realmente, um menino tentando alcançar o paraíso, como Jake disse em uma entrevista? Por favor, fale mais sobre isso e tente explicar relacionando a arte com a fé cristã. A figura na capa representa aqueles de nossa geração que estão procurando Deus em suas vidas. Nós estamos focados no que Deus quer para nossas vidas, representado através da estrela no céu, aquilo que nunca muda, sempre eternizado no céu. Ainda há a figura de uma pipa, ligada à estrela. O rapaz na capa representa aqueles que buscam seus próprios talentos, habilidades e paixão durante a vida. Quando nós nos dedicamos apenas aos nossos objetivos, acabamos, sempre, sem direção no fim do dia. Mas, quando procuramos Deus, nós estamos aptos a buscar nossos talentos e habilidades e Ele nunca deixará essas metas saírem de nossas vidas. Resumindo, a arte significa puxar o paraíso à Terra, é o que devemos experienciar em nossas vidas ao máximo. Como foi trabalhar com o vocalista do Between The Buried and Me, Tommy Rogers, na faixa “Indonesia”? Foi incrível! Tommy vem sendo um amigo há um tempo e nós sempre consideramos a possibilidade dele fazer algum vocal em uma música nossa. Quando apresentamos a oportunidade para ele, ele pegou a ideia e gravou alguns
vocais em “Indonesia”. Eu fiquei muito contente com o resultado da música e de ter Tommy em nosso álbum. O August Burns Red é considerada uma das melhores bandas na cena atual do Metalcore. Isso é o que os fãs e a mídia musical afirmam. Então, como vocês se sentem diante disso? Soa irreal? Verdade. É surpreendente ter essa resposta positiva da crítica. Dito isso, nós sempre trabalhamos muito pesado durante todos esses anos para chegar onde estamos. Nós nos orgulhamos em fazer o melhor que podemos no estúdio e nos shows. Fiquei muito feliz pelo fato do novo álbum soar tão pesado quanto “Messengers”. Além disso, “Constellations” possui algumas partes mais limpas. Por favor, explique como vocês usam os mais diferentes tipos de sonoridade nas composições. “Constellations” é mais dinâmico do que qualquer outro álbum que fizemos anteriormente. As partes rápidas são mais rápidas, as partes pesadas são mais pesadas, etc. Nós nos focamos realmente em montar um som mais elaborado e, ao mesmo tempo, abrir novas portas com o álbum. O trabalho instrumental está melhor do que nunca, confirmo o que você falou. Também penso que há mais paixão nos vocais também. Como o produtor Jason Suecof trabalhou com esses elementos? O Suecof foi um grande produtor para se trabalhar. Eu acho que seu talento se mostrou ainda mais enquanto trabalhava com Jake (vocalista). Ele realmente soube aprimorar os vocais de Jake e colocar isso no estúdio, nos dando o que de melhor podemos ter e ouvir de Jake. “Meridian” e “Crusades”. Duas músicas que representam paixão e fé. Como essas faixas foram feitas? Elas são tão diferentes do resto do álbum... “Meridian” é uma dessas músicas que nós queríamos escrever há um bom tempo. É pesada, destruidora, lenta e emocional. De
fato, é a minha faixa favorita nesse álbum. Eu realmente acho que é importante para qualquer banda ter músicas que se diferenciem das outras no álbum, então músicas como “Meridian”, “Crusades” e “Mariana’s Trench” foram todas incluídas nesse álbum. A música “Hit Me Baby One More Time” ficou muito engraçada. Como vocês escolheram uma faixa de sucesso da Britney Spears para colocar na coletânea “Punk Goes Pop 2”? Nós pegamos uma lista de músicas que poderíamos colocar nesta coletânea na verdade. Nós achamos que essa música tinha a velocidade e a melodia para um bom cover de Metal e até que ficou legal! “Meddler” foi a primeira faixa escolhida para ser feita um vlipe nesse álbum. Como foi produzir este vídeo? Nós filmamos esse vídeo com a Endeavor Media, que já fez todos os nossos clipes no passado. Esse clipe foi feito em um campo com grandes luzes e muitos ângulos incríveis. Para quem ainda não viu, assista, está por toda a internet. Nos diga bandas que representem a fé cristã e que a August Burns Red usualmente ouve. Além das bandas que “representam a fé cristã”, nós ouvimos diversos tipos de música. Coisas como Jimmy Eat World, The Arcade Fire, Between the Buried and Me e Björk, por exemplo. Eu realmente preciso perguntar isso. Quando a banda virá ao Brasil? Eu tenho que dizer que bandas de Metalcore como Bleeding Through, As I Lay Dying e Caliban amaram tocar aqui. Eles afirmam, com razão, que o público é insano. Quer tentar também? Eu tenho esperança de ir para o Brasil no final de 2010 ou início de 2011. Nós estamos agendados por vários meses e isso ainda não entrou em nossos planos ainda. Mas nos veremos em breve! Igor Lemos www.myspace.com/augustburnsred
“Meddler” hornsup #10
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Luto decretado Após o excelente “The Ills Of Modern Man”, de 2007, o sexteto canadense Despised Icon retorna para mais uma dose cavalar de brutalidade com “Day Of Mourning”, seu quarto álbum de estúdio. À respeito de todos os detalhes que cercam o novo lançamento e outras particularidades do grupo, a HORNSUP conversou com o guitarrista Ben Landreville. Apprécier!
A
maioria de vocês são franco-canadenses e falam francês. Porém, as letras das músicas do Despised Icon são todas em inglês. Já enfrentaram algum problema ou situação inusitada em relação à língua? E por que a opção de cantarem em inglês? Nós somos franco-canadenses, mas de Montreal, que é uma cidade bilíngüe. Então a opção de escrever em inglês veio muito naturalmente, eu acho. O primeiro álbum tem algumas músicas em francês e “Day Of Mourning” tem duas músicas em francês também. O Despised Icon teve início em 2002, em Quebec, no Canadá. De onde surgiu a idéia de formarem uma banda e como foram os primeiros dias? A idéia veio de Alex Erian (vocal) e Eric Jarrin (guitarra). Eles queriam criar uma banda que
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combinasse tudo o que eles gostavam de ouvir naquele tempo. A partir daí eles se ligaram com pessoas, a fim de completar o line-up e foi isso! Os primeiros dias da banda foram bastante normais: tocando em shows locais, todos quebrados e dirigindo para os shows com 3 carros carregados! Assim como em todos os registros anteriores, “Day Of Mourning” foi produzido pelo antigo guitarrista da banda, Yannick St-Amand. Como é trabalhar com um produtor que conhecem há tanto tempo e está familiarizado com a banda? É ótimo! O Yannick conhece a banda e como ela deve soar. Tudo o que ele faz é consequente da visão da banda, mesmo sem termos que falar sobre o assunto. Além disso, ele é um produtor incrível e um grande amigo e isso torna o processo muito mais agradável.
Vocês escolheram nomes de peso na concepção desse novo álbum: Andreas Magnusson (The Black Dahlia Murder, Born Of Osiris) na mixagem e Alan Douches (Mastodon, The Dillinger Escape Plan, Nile) na masterização. Ficaram satisfeitos com o resultado final? Nós ficamos mais do que satisfeitos com o resultado final, este álbum é tudo o que gostaríamos que fosse e não poderíamos estar mais felizes com isso! Andreas certamente se tornará um dos grandes nomes do mercado, pois ele faz um trabalho fantástico com tudo o que lhe é entregue. Como é o processo de composição das músicas no Despised Icon? Tiveram alguma mudança significativa nesse processo se comparado aos álbuns anteriores? Costumamos fazer uma prévia dos riffs, ou, às vezes, músicas inteiras e mostrá-las uns
aos outros. Em seguida, modificamos o que precisa ser mudado, a fim de fazer todos felizes com isso e partimos daí. A única coisa que mudou na escrita de “Day Of Mourning” é que ele foi escrito principalmente enquanto estávamos na estrada, que é algo que nós nunca fizemos antes. O vídeo da faixa-título do novo álbum, “Day Of Mourning” já pode ser visto na internet. Qual a história por trás do clipe e quem foi o responsável pelas filmagens? O vídeo foi feito pela Kartel Film, uma empresa que normalmente faz vídeos de hip-hop em Montreal. Nós queríamos tentar algo diferente, mais limpo, que pegasse as pessoas falando, então a Kartel montou o que queríamos. Não há realmente uma história por trás disso, a não ser o fato de que o tema se encaixa com a música. Nós realmente queríamos enfatizar o aspecto visual e tentamos fazer algo diferente dos vídeos de Metal habituais. A banda está promovendo o novo CD com uma turnê ao lado de Through The Eyes Of The Dead, ABACABB e Molotov Solution. Como está sendo a aceitação dos fãs em relação ao novo trabalho? A reação tem sido ótima até agora! Os fãs estão muito contentes, as opiniões são boas e os shows nessa turnê têm sido incríveis. Não poderíamos pedir mais!
Antes de lançarem o novo álbum, colocaram nas ruas o primeiro DVD da carreira do Despised Icon, “Montreal Assault Live”. Nos conte um pouco sobre esse registro e o que ele representa para a banda. O DVD contém um monte de entrevistas e resume a história da banda com imagens antigas e cenas engraçadas de bastidores. Eu acho que é uma ótima maneira para os fãs e as pessoas que não conhecem a banda, descobrirem aonde tudo começou e como são as coisas na estrada. Há um show filmado no Club Soda, em Montreal, que captura a energia da banda ao vivo muito bem. No geral, é um completo retrato do trabalho da banda. Como descrevem a relação de vocês com a Century Media Records, que lançou os últimos três álbuns do grupo? A Century Media nos ajudou com tudo o que lançamos, e somos realmente sortudos de estarmos num dos melhores selos do mercado! Nós trabalhamos duro como banda e eles nos ajudam muito para podermos estar onde queremos. Vocês disponibilizaram na internet seis episódios mostrando todo o processo de gravação de “Day Of Mourning”. De onde surgiu a idéia de divulgar o trabalho em estúdio para os fãs? A idéia dos studio reports veio de mim e de Alex. Nós queríamos documentar o processo
de gravação e responder a maioria das perguntas que nossos fãs nos questionavam: os equipamentos que usamos, como as coisa são feitas, etc Nós simplesmente queríamos mantê-los satisfeitos e informados, pois, como músicos, é algo que gostaríamos de obter das bandas que admiramos. Em Dezembro do ano passado, o guitarrista Al Glassman deixou a banda para se juntar ao Job For A Cowboy. Houve algum motivo para sua saída? Há algum ressentimento por parte da banda? Al saiu em um prazo muito curto, e não, não foi a melhor despedida. Se há algum ressentimento? O que tinha que acontecer aconteceu, e a banda ganhou muito com a sua saída, então, no fim das contas, foi uma coisa boa. Cite algumas das melhores cidades aonde já tocaram. Moscou, na Rússia, é doentia como o inferno. Worcester é como uma casa longe de casa. Montreal e Toronto, porque, obviamente, nós somos de lá. E qualquer lugar na Alemanha, porque eles nos tratam muito bem e os shows são sempre incríveis. André Henrique Franco
www.myspace.com/despisedicon
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Ataque surpresa
“Stand for Something�
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Por ser uma das poucas (senão a única) banda a misturar Ragga / Dancehall com Metal / Punk, os ingleses do Skindred conseguiram tornar o seu som tão autêntico quanto inconfundível. O frontman Benji Webbe reservou uns minutinhos para falar com a HORNSUP sobre como anda a banda e, principalmente, sobre o recém-lançado álbum, “Shark Bites and Dog Fights”.
Q
ual o significado por trás do nome “Shark Bites and Dog Fights”? Como não há maneira de prever um ataque de tubarão, também não há maneira de prever o acontecimento de uma guerra mundial. Dentro de uma disputa entre dois aviões de guerra (”Dog Fight”) é como me sinto em relação a esse álbum. É livre e pode ir pra qualquer direção que quiser. O propósito na nossa música é seguir adiante, avançar, e sabemos que conseguimos esse avanço com esse álbum. Com a liberdade e desprendimento total, esmagamos a intolerância musical e detonamos. Esse é porquê do álbum se chamar “Shark Bites and Dog Fights”. Incrível, não é? Como correu a produção desse álbum? Nós, a banda, co-produzimos o álbum com o jovem e talentoso produtor Matt Leplant. O estúdio do Matt fica em Miami, Flórida (EUA). Ele já trabalhou nos nossos álbuns anteriores e sabemos que faz um ótimo trabalho. Uma particularidade sobre esse álbum é o fato que tivemos apenas 3 semanas para gravá-lo antes de começar a turnê americana. Os músicos gravaram todos os instrumentos e estávamos satisfeitos com o som, entretanto, 60% das músicas não tinham as vozes gravadas, sendo que muitas delas nem tinham letras sequer. Então, o Matt trouxe um estúdio portátil pro nosso tour bus e trabalhamos as músicas juntos. O que gostei mais era que às vezes, após os sound checks ou mesmo após os show, estava empolgado e ia pro ônibus gravar. Sinto que a energia de tocar ao vivo que estava em mim naquele momento, foi parar nas gravações. Nós nunca tínhamos gravado dessa maneira antes e acho que a “vibe” certa foi capturada nessa gravação. Essa é a nossa 3ª gravação e não queríamos apressar as coisas e fazer mais do mesmo. Já que éramos co-produtores foi muito difícil satisfazer 4 produtores, nós próprios. Era frustrante chegar com uma ideia e metade deles não aprovar. Portanto, trabalhamos duro nesse álbum até chegarmos a um acordo. Quais reações o álbum tem causado até o momento? Até agora a maioria das críticas tem sido positivas. As maioria das resenhas dão 8/10 e isso é ótimo. O cover de “Electric Avenue” de Eddy Grant ficou muito bom. Quais outras músicas gostariam de fazer covers? Nós nunca pensamos em fazer outro cover e não serão uma coisa que se tornará um hábito para nós.
Por lançaram um mini-álbum ao invés de um álbum completo? As pessoas sempre me perguntam isso. Eu não vejo como um mini-álbum. Nós pusémos nosso coração e alma nessas músicas. Muitos álbuns clássicos tem apenas 8 músicas, como “Sabbath Bloody Sabbath” do Black Sabbath, por exemplo. Alguém considera aquilo um mini-álbum? “Shark Bites and Dog Fights” é o terceiro album do Skindred. Simples… Suas letras contêm um certo positivismo Rastafari. A banda tem algum envolvimento com o movimento Rastafari? É evidente que amamos a cultura Reggae e Dancehall, mas o conceito de Rastafari como religião não é abordado pelo Skindred. Nós sabemos, que a primeira impressão é uma pessoa olhar pra mim e ver um negro com Dreadlocks e dizer que sou um “Rasta Man”, mas não é o caso. Nós adoramos todos aspectos do Dancehall jamaicano, desde de os primeiros passos até hoje. Nós usamos os ornamentos do Rasta Reggae como as cores vermelho, amarelo e verde e o imaginário estilo sound system (em trabalhos anteriores), mas não compartilhamos nenhum tipo de religiosidade. Vocês são bem conhecidos na Inglaterra e agora estão ficando maiores nos EUA. Qual a diferença que sente no público? O Skindred traz liberdade em suas performances ao vivo, o que nem todas bandas podem oferecer. Quando entramos no palco e começamos a tocar não importa onde estamos, é contagioso, o ritmo bate e uma energia é criada entre nós e o público. Não importa em que país estamos, os espíritos são os mesmo, na Inglaterra ou nos EUA… Acredito que a maior parte dos fãs da banda venha do Metal. Vocês tem alguns fãs na comunidadade Reggae também? Nós nos temos apresentado como uma banda de Ragga Punk Metal, fomos “abraçados” pela mídia do Rock e adoramos a comunidade do Metal por nos mostrar tanto amor e respeito todos esses anos. Considero o Skindred com uma ponte sonora. Muito fãs de Metal vem falar comigo que não gostavam de Reggae até nos ouvirem e que agora ouvem os 2 estilos e já não sabem bem onde um acaba e o outro começa. Também há pessoas que só gostavam de Dancehall Reggae e R n’B e entraram mais Rock por causa da gente. Pra mim, essa banda também diz respeito a apresentar as pessoas outros estilos musicais que eles não ouviriam normalmente.
Você ainda tem contato com Max Cavalera? Eu nunca fui muito chegado do Max. Ele era fã da minha banda anterior (Dub War) e me convidou pra fazer uma participação no álbum de estreia do Soulfly. Me diverti bastante e fui apresentado aos membros do Soulfly na época, que se tornaram meus amigos e com os quais ainda mantenho contato. Matheus Moura
[7] Skindred Shark Bites and Dog Fights Bieler Bros.
É muito grande para ser um EP e pequeno demais para chamar de álbum. Dizem que é um mini-álbum. Que seja! A denominação faz sentido já que “Shark Bites and Dog Fights” traz 8 faixas inéditas dos Ragga-Rockers do Skindred. Essa “fast-food” dos ingleses peca na duração apenas, sendo que a qualidade, tanto a artística como no que diz respeito a produção, mantém-se. Não vão muito além do que apresentaram no seu último registro, “Roots Rock Riot”, sendo que parecem seguir a mesma fórmula. A inovação explítica mostrada no álbum de estréia, “Babylon”, foi lapidada em “Roots Rock Riot” e agora, em “Shark Bites and Dog Fights”, se apresenta maquiada, até demais. A simplicidade e honestidade na mistura de Reggae, Punk e Metal que marcou o início da carreira, soa abafada pelo excessivo uso de elementos eletrônicos e de produção. Resumindo: muita perfumaria. De qualquer forma, ainda conseguimos sentir o feeling característico do Skindred, principalmente na singular voz de Benji Webbe. As três primeiras faixas são os pontos fortes, sendo que as restantes tem altos e baixos. Abrem em grande forma com “Stand for Something”. A faixa tem peso, groove e um refrão matador. Boa escolha como single. “You Can´t Stop It” destoa pelo entrosamento do vibe Ragga com os riffs agressivos e o refrão melódico marcante. O cover criativo e bem executado de “Electric Avenue” de Eddy Grant deu uma roupagem moderna (e mais pesada) a esse clássico do Reggae dos anos 80. “Shark Bites and Dog Fights” não acrescenta muito ao que o Skindred já provou que sabe fazer, além de carregar uma abordagem radio-friendly demasiado evidente. É agradável, mas já não tem o mesmo impacto. Matheus Moura
www.myspace.com/skindred
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Tudo azul
Foto: GL Johnson
“Blue Record”, o novo disco do Baroness, vem para dar continuidade ao excelente legado que “Red Album” deixou há dois anos atrás. Considerado por toda a mídia especializada como um dos melhores registros do ano (senão o melhor, por algumas delas), a banda vem construindo uma enorme reputação com apenas dois álbuns nas costas. O baixista Summer Welch é quem conta a HORNSUP os segredos por trás de “Blue Record” e qual a fórmula mágica para se compor álbuns que encabeçam todas as listas de melhores do ano.
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uais são as origens do Baroness e porque adotaram esse nome? Somos todos amigos de longa data que estamos tocando música juntos de várias formas por quase quinze anos. Para responder à sua pergunta corretamente tomaria um tempo muito longo. No que diz respeito ao nome, foi o que nós concordamos naquele momento. O que o Estado da Geórgia tem de tão mágico para lançar bandas como Baroness, Mastodon, Kylesa, entre outras? Eu não posso dizer com certeza. Talvez haja alguma coisa na água. Vamos falar sobre o novo álbum. Vocês gravaram “Blue Record” no The Track Studio, no Texas, juntamente com o produtor John Congleton. Como foi trabalhar com ele? Foi um prazer. John Congleton é um especialista. Você pode aprender muito com um especialista. Nós todos gostamos de aprender. Vocês têm uma mudança no line-up em relação àqueles que gravaram o full-length anterior “Red Album”. Peter Adams entrou no lugar de Brian Blickle na guitarra. Houve alguma razão para sua saída do Baroness? E é verdade que já conheciam Peter desde a infância? Brian sentiu a necessidade de prosseguir por um caminho diferente. Peter sempre foi uma parte do que estávamos fazendo, embora ele não estivesse realmente escrevendo e tocando com a gente. Eu o conheci quando eu tinha oito anos de idade. Nossa amizade é aquela que é verdadeira em todos os sentidos da palavra. Com o trabalho anterior, “Red Album”, de 2007, a banda alcançou grande prestígio e teve seu disco citado entre os melhores do ano pela crítica especializada, chegando a ganhar o título de ‘Álbum do Ano’ pela Revolver Magazine. Esperam repetir a dose com “Blue Record” ou acham que podem ir ainda mais longe? Nós criamos algo que sentimos que representa quem somos de uma forma genuína e honesta. As pessoas parecem apreciar o que estamos fazendo. Por isso estou honrado e muito grato. Espero que eles continuem a fazê-lo porque isso nos permite fazer turnês pelo mundo e continuar fazendo o que fazemos. Consegue me explicar como chegaram a essa sonoridade tão peculiar? O Baroness normalmente não é uma banda a qual digerimos e nos identificamos logo na primeira escuta. É necessário um esforço maior para compreender o que há por trás de tudo isso. Existe alguma receita? Paciência e um desejo de sair da sua zona de conforto. O Baroness tem compromissos até o fim do ano pela Blue Record Tour. Quais as expectativas para essa turnê de divulgação do novo álbum e com quais bandas estarão dividindo o palco? Eu estou escrevendo essa entrevista da estrada. Nós estamos atualmente em turnê com Earthless e US Christmas. Nós próximos
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meses estaremos dividindo o palco com bandas como Torche, Pig Destroyer, Dark Castle, Iron Age, Isis e An Albatross. Em Janeiro vamos para a Europa e Austrália, e ao Japão depois disso.
Baroness A banda gravou o primeiro clipe em suporte ao novo álbum, cuja faixa é “A Horse Called Golgotha”, com Joshua Green, o mesmo diretor com que gravaram seu primeiro clipe “Wanderlust”. Nos conte um pouco sobre o vídeo e sobre o trabalho com Green. Nós deixamos tudo nas mãos do Joshua nesse vídeo. Nós ficamos muito envolvidos na concepção e na execução de nosso último vídeo. No entanto, dessa vez dissemos para o Green apenas viajar em suas idéias. Nós o conhecemos há muitos anos e todos nós gostamos das suas idéias criativas e de suas perspectivas sobre as coisas. O vocalista John Baizley é o responsável por todos os artworks do Baroness até o momento e também o criador de artes para bandas e selos, como Darkest Hour, The Red Chord, Kylesa, Torche, Pig Destroyer, Sounds Of The Underground tour, etc. Posso dizer que os desenhos são fantásticos e que a capa do novo álbum é muito bonita. De onde vem essa inspiração para a arte e como consegue conciliar o lado artístico com o trabalho na banda? John se inspira em muitas coisas. Eu não posso falar diretamente sobre o que são essas influências. Sua arte e música andam de mãos dadas na minha opinião. Elas se complementam. Uma não é a mesma coisa sem a outra. Como descrevem sua relação com a Relapse Records, já que este é o segundo álbum lançado através do selo? A Relapse é um grande selo para se estar. Nós temos uma boa relação de trabalho com todos lá. Eles fazem muito por nós no lado promocional das coisas e, do outro lado, nós tentamos chegar lá e fazer tantas turnês quanto somos capazes de fazer. É verdade que antes de se juntar ao Baroness, o guitarrista Peter Adams estava em missão pelo exército dos Estados Unidos no Iraque e chegou até a ser ferido em batalha, quando uma granada explodiu em sua cara? Ele chegou a ter sérios ferimentos? É verdade, e ele foi ferido. Seus ferimentos eram graves, no entanto, ele aprendeu a superar os inconvenientes e continuar com a sua vida em um sentido muito positivo. Outra história curiosa é de que o frontman John Baizley também trabalha em restaurantes e adora cozinhar. Podem nos dizer quais são as suas especialidades? John se sai melhor como músico, artista ou cozinheiro? Isso é parcialmente verdadeiro. Ele costumava trabalhar em restaurantes. Ele faz uma boa refeição, isso é certeza. Eu não acho que ele tem uma carreira na culinária, porém, se ele colocar sua mente nisso, eu estou certo de que ele iria fazer tudo certo. André Henrique Franco
Blue Record Relapse
Baroness, caso traduzido do inglês para o português, acaba sendo sinônimo de nobreza. E é nesse antro de coroação que os norteamericanos de Savannah, Georgia, lançam seu segundo LP, de nome “Blue Record”, que dá uma continuidade fotocromática ao trabalho anterior, entitulado “Red Album”. É bem fácil de perceber quão artístico o Baroness é, já que o guitarrista e vocalista John Baizley, além de ser extremamente criativo musicalmente falando, também trabalha com artes gráficas, sendo ele o responsável pelas capas de algumas capas de albuns, encartes e camisas de bandas como Kylesa e Darkest Hour. Das cores para a música, nós podemos perceber que o azul, na maior parte das vezes simboliza a calma, o mar, o céu. Podemos então ver isso refletido em várias passagens do álbum como a faixa de introdução “Bullhead’s Psalm” e sua continuação na conclusão do álbum em “Bullhead’s Lament”. Mas não pense que o álbum é uma calmaria, pois conseguiram misturar de uma maneira espetacular as guitarras e a bateria do Hardcore e Post-Punk, os riffs oitavados do Heavy Metal, o baixo distorcido do Metal progressivo e os vocais do Thrash Metal, que unidos, dão nome ao Sludge Metal. Como citado que a introdução com “Bullhead’s Psalm” é melódica, posso ir além e dizer que ela é instrumental, lembrando a época em que os alemães do Heaven Shall Burn produziam músicas clássicas, a exemplo do álbum “Antigone”. A sequência, entretando, já demonstra, à lá o cineasta Las von Trier que o “caos reina”. “The Sweetest Curse” e “Jake Leg” uma das mais instigantes do CD - expressam os vocais sempre gritados de uma maneira na qual a técnica de canto parece não existir e que a ordem realmente não existe. Variando de músicas melódicas e em sua maioria instrumentais como em “Steel that Sleeps the Eye”, “Ogeechee Hymnal”, “O’er Hell and Hide” para músicas agressivas - e em até certo ponto, dançantes - como a excelente “Swollen and Halo”, “A Horse Called Golgotha” e “War, Wisdom and Rhyme”, é tranquila a percepção que o trabalho do baterista Allen Blicke, com suas viradas maravilhosas e um perfil catchy, é excelente e muito bem ritmado. E é exatamente na faixa “A Horse Called Golgotha” que percebemos o excelente trabalho das guitarras de John Baizley e Peter Adams, que com suas seis cordas muitas vezes em estilo oitavado - mesmas notas, mas em diferentes tons - variam do leve para o pesado em poucos minutos, com o uso, inclusive, de cordas de nylon nos violões. Mesmo sendo bastante experimental, o Baroness fez com que esta gravação fosse exemplarmente coesa, me fazendo concluir que eles conseguem ser simples quando necessário e complexos quando requisitado. Para os Sludge Metal addicteds, o “Blue Record” pode ser considerado um dos melhores lançamentos do ano. Ítalo Lemos
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entrevista
Armados até os dentes Alimentados pela agressividade em seu som, o The Red Chord chega com “Fed Through The Teeth Machine”, o quarto álbum de sua carreira. O guitarrista Mike “Gunface” McKenzie dedicou um tempo à HORNSUP para responder algumas questões a respeito do novo registro. Entre os melhores momentos, ele destaca a mania de controle que a banda possui, as mudanças que ocorreram ao longo do tempo, projetos paralelos totalmente pirados e nos revela o que exatamente é uma “máquina de dentes”. 28
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V
ocês gostam de óperas? Fiquei curioso quando soube que o nome da banda é derivado da ópera Wozzeck, de Alban Berg. Isso é verdade? Como é que chegaram a esse nome? Estamos interessados em todas as formas de música e arte. Creio que o Guy (vocalista) estava lendo sobre isso na escola quando surgiu esse nome. “Fed Through The Teeth Machine” é o quarto full-length da banda que saiu pela Metal Blade em 27 de Outubro. De onde surgiu a idéia para um nome tão estranho? O que diabos seria exatamente uma “máquina de dentes” (Teeth Machine)? O Greg (baixista) estava assistindo ao programa “How It’s Made” no Discovery Channel. É um programa que leva você através das etapas de produção de diferentes produtos. Neste episódio, blusas estavam sendo feitas. O narrador usou o termo “alimentados pela máquina de dentes” (“fed through the teeth machine”), ao falar sobre uma máquina que prende o zíper na blusa. Assim, uma máquina de dentes é basicamente um instalador de zíper. Mas nós sentimos que a expressão soava muito mais sinistra do que apenas isso, então nós a usamos. E a partir daí se desenvolveu uma idéia das pessoas serem exploradas e maltratadas. Existe algum conceito por trás das letras, do som ou da arte do novo álbum? O conceito geral é a idéia das pessoas serem utilizadas ou ferradas. Musicalmente, nós queríamos que o registro soasse mais agressivo e amargo do que em nossos trabalhos anteriores, mas ao mesmo tempo, mais interessante e genuíno. “Fed Through The Teeth Machine” foi gravado no estúdio do antigo guitarrista da banda, o Jonny Fay Backyard Studios e foi masterizado pelo aclamado produtor Chris “Zeuss” Harris (Hatebreed, Shadows Fall), que já havia trabalhado com a banda em 2005, no álbum “Clients”. Após terem três produtores diferentes em seus três primeiros álbuns, porque voltaram suas escolhas para Zeuss? Ele foi o melhor produtor com quem já trabalharam? Zeuss não produziu o álbum, ele o mixou e o masterizou. Nós trabalhamos com ele porque achamos que ele é um dos melhores. Ele é extremamente hábil em encontrar a combinação perfeita. Mesmo quando há um milhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo, você ainda pode ouvir tudo em suas mixagens. Apesar de terem Zeuss na masterização, optaram por auto-produzir o novo full-length. Por que? Foi uma opção acertada? Mesmo que tenhamos dado crédito às pessoas que no passado produziram nossos registros, nós sempre fomos a força motriz por trás de tudo isso. Ninguém de fora da banda jamais contribuiu para a escrita das letras. Nós somos maníacos pelo controle. Então, nada mudou realmente. Esse novo disco é o primeiro da banda desde a saída do guitarrista Jonny Fay em 2007. Porque a decisão de não substituí-lo? Houve alguma mudança na maneira com que passaram a trabalhar, agora com apenas quatro membros?
Nós apenas nos sentimos mais confortáveis tocando como um quarteto. Nós havíamos acenado com essa idéia por um longo tempo e, desta vez, apenas fomos em frente. É um som muito mais limpo agora. Nada mudou, exceto que temos um compositor a menos. Vocês já tiveram várias mudanças no line-up. Três diferentes guitarristas e três diferentes bateristas já passaram pela banda. Por que tantas mudanças ao longo dos anos? Vocês são pessoas tão difíceis assim de se lidar? Eu não acho que somos difíceis de lidar, eu acho que as turnês são difíceis de lidar. Alguns membros saíram porque queriam ficar em casa com suas namoradas / esposas / famílias. Alguns deles queriam um salário mais estável. Alguns saíram para se juntar a outras bandas. E poucos foram demitidos. Voltando alguns anos atrás, conte-nos como se conheceram e da onde surgiu a vontade de criarem uma banda, como foram os primeiros ensaios, os primeiros shows, e que tipos de influência tiveram e ainda têm dentro da música. O Guy e eu somos os únicos membros que sobraram desde os primeiros dias. Conheci o Guy em uma “batalha de bandas” em 1999, eu acho. Sua antiga banda, Ictus, estava tocando e minha antiga banda, The Flux Capacitor, também. Acabamos conversando sobre fazermos alguns shows juntos. Eventualmente, eles estavam procurando por um segundo guitarrista para o The Red Chord. Os primeiros shows foram muito bons, eu acho. Ainda estávamos ficando confortáveis em tocar ao vivo. Nós éramos realmente influenciados por Human Remains e Suffocation. Ainda somos grandes fãs dessas bandas e eles ainda continuam a nos influenciar, mas um monte de outras músicas nos afetou ao longo do caminho. O The Red Chord tem datas marcadas até o fim do ano (13 de Dezembro) ao lado de GWAR e Job For A Cowboy. Estão preparados para mostrar ao público todo o potencial das novas músicas? Nós estamos tocando duas músicas novas nessa turnê. Sim, estamos muito animados para tocarmos o material novo. Falando em turnês, vocês preferem tocar em grandes festivais ou em lugares menores? Explique sua opinião. Eu, pessoalmente, gosto de grandes festivais. Eu adoro ser capaz de tocar música para tantas pessoas ao mesmo tempo. Eu acho que os outros caras gostam mais da atmosfera de pequenos shows. Eles gostam de um ambiente mais íntimo. O The Red Chord tem a pretensão de lançar um DVD? Em algum momento, sim. Mas temos aguardado isso porque queremos que ele seja o melhor DVD que possamos fazer, e agora, ainda não temos todas as filmagens que queremos. Ouvi falar que o baixista Greg Weeks e você tem vários projetos paralelos, que
[8] The Red Chord Fed Through The Teeth Machine Metal Blade
Se você não curte um som pesado baseado na estrutura sonora vinculada ao Grindcore e ao Death Metal Técnico, dificilmente o quarto álbum dos americanos da The Red Chord irá chamar alguma atenção. Porém, se és um amante desse tipo de brutalidade, devo mencionar, obrigatoriamente, que esse full-lenght é necessário em sua coleção. Com vocais que envolvem todo o ambiente tamanha agressividade, “Fed Through the Teeth Machine” é um convite à destruição e ao caos. Começando pela “Demoralizer” até a “Sleepless Nights in the Compound”, o ouvinte será premiado pela velocidade de Brad Fickeisen na bateria e, principalmente, pela genialidade dos guitarristas Greg Weeks e Mike McKenzie. Apesar de não serem muito famosos, conseguiram um interessante feito: chegar ao número 180 da Billboard, com 2.700 cópias na primeira semana. Para um grupo que pratica esse tipo de som, com um número de fãs reduzidos, porém fiéis, The Red Chord mostra como se faz uma obra de arte, desde a bela capa até cada composição, que fica impossível de destacar uma por uma, pois é um banho de virtuosismo. Mais um grande lançamento da Metal Blade. Um álbum que tem tudo para ser uma febre nas turnês underground. Igor Lemos
de vez em quando fazem alguns shows e possuem nomes bem engraçados como Tit Beard, Mt. Fuckasaurus, Dirt Mistaken For Weed, Mun, Ladder Up An Ass. O que são exatamente esses projetos? Muitas vezes colocamos juntas diferentes bandas ridículas para abrir os nossos shows. Elas sempre incluem membros de outras bandas da turnê. Geralmente começa com alguns de nós conversando sobre uma idéia idiota e termina com um show em algum lugar. Ladder Up An Ass foi a nossa maior banda até agora. Membros da nossa banda, Slipknot, Mastodon, Walls Of Jericho e outros mais, corremos pelo palco com trajes estranhos, jogando comida no público e pregando sobre ursinhos Gummy. Além de nossos projetos mais estranhos, também temos alguns sérios. O Greg está tocando com seu amigo Chris (do New Idea Society and Trades) em uma banda Folk/Rock/um pouco de tudo. Ele e eu também tocamos no Beyond The Sixth Seal e eu tenho um novo projeto com minha amiga Erica chamado All Rivers. É um projeto de sonoridade Folk acústico. Links para os projetos estão em nosso Myspace. André Henrique Franco
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Perseverante Os quase 10 anos de “janela” do Questions, por si só, já teriam conteúdo para muitas entrevistas como essa. A HORNSUP se aproveitou do lançamento de “Rise Up”, o novo álbum dessa banda paulistana, para ter uma conversa com Edu Andrade (voz) e Pablo Menna (guitarra/voz).
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á se vão nove anos de existência de banda com três discos lançados, vários videoclipes gravados, inúmeros shows bem sucedidos no Brasil e duas turnês européias na bagagem. Do que imaginaram que alcançariam com a banda ainda no seu surgimento, o que se cumpriu e o que ainda pretendem realizar? Edu - Para nós o que se cumpriu foi o sonho realizado de ter tocado com todas as bandas que sonhávamos (que escrevemos em algum fanzine do passado) como Sepultura, R.D.P., Korzus, Sick of it All e Agnostic Front. Na época era um sonho compartilhar o mesmo palco com estas bandas, a outra foi sem dúvida ter tocado na Europa pela primeira vez em 2007, tocado com Iggor Cavalera no nosso segundo álbum e ter tocado na Rússia agora em 2009. E o que pretendemos realizar ainda, e uma única coisa: abrir pro Max Cavalera! Este é o único sonho que está faltando de fato. Os outros, nós conseguimos com muito suor, determinação e ajuda dos amigos. Fight for what you believe! Não se pode alegar que o Questions é uma banda estática. Sempre estão realizando coisas novas. Gostaria que comentasse sobre a mais recente turnê européia. Quais países visitaram, como foi a recepção da banda e quais as impressões gerais dessa aventura? Pablo - A turnê foi melhor do que a gente imaginava, foi ainda melhor do que a primeira vez que a gente foi em 2007. A gente fez shows por todo o leste da Europa, tocamos em países onde já tínhamos passado como
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Alemanha, Polônia, Romênia, Bulgária, Letônia, Estônia e fomos também para outros “inéditos” como Macedônia, Eslováquia, Grécia e Rússia. Tínhamos muita vontade de conhecer esses dois últimos, principalmente, e a recepção que tivemos foi muito calorosa. O público de praticamente todos os shows se identificou e nos apoiou muito. Nos sentimos muito à vontade, mesmo estando a milhares de quilômetros de casa, tocando para pessoas que falam línguas que a gente não entende, com uma cultura totalmente diferente. A impressão geral é que uma viagem dessas é uma das grandes coisas para se fazer nessa vida, uma recordação que iremos guardar como uma grande conquista. Voltamos com a intenção de planejar e fazer outras turnês por onde for possível. Revendo a discografia da banda, observei que tanto no encarte de “Resista!” quanto no de “Rise Up” escreveram textos curtos e interessantes, transmitindo mensagens em que crêem ao público. O Questions seria isso: mais do que uma banda, mas também um meio de se transmitir idéias e valores? E quais seriam eles? Pablo - Sim, com certeza. O Questions é um veículo para a gente dizer o que pensa sobre a vida que levamos. É um espaço para expressarmos livremente o que achamos importante, o que achamos que está errado, enfim, provocar alguma reflexão. É claro que a música é o mais importante (senão não seria uma banda!) mas não é apenas música, é um conjunto de ideias e valores que também tentamos passar através de textos, imagens, etc. A gente
acredita num mundo mais solidário e menos competitivo, a gente acredita em chavões como união e respeito. Pode soar como um clichê ou como uma coisa óbvia, mas insistimos nesses temas porque realmente sentimos falta disso. As pessoas parecem ser valorizadas de acordo com o dinheiro que têm, com os bens que possuem, com o carro que dirigem, etc. Vivemos em São Paulo, precisamos trabalhar como qualquer outro brasileiro que não faz parte da elite, fazemos parte desse mundo, é claro, mas não é por isso que nos sentimos confortáveis nele. O Questions tenta colocar para fora os problemas que sentimos na pele. Outra observação a partir da discografia da banda foi a constante alteração no line-up que sofreram ao longo dos anos. Não seria conveniente entrar em maiores detalhes, mas como ocorreu a última mudança de formação e como reagiram a ela? Edu - O Questions sempre foi uma banda de amigos, cremos nisso. Eu, Pablo Menna e o Edu (bateria) nos conhecemos desde os 15 anos de idade, somos do mesmo bairro. Já sabíamos que as pessoas que entraram no Questions um dia iriam sair, é muito difícil permanecer em uma banda de Hardcore aqui no Brasil não ganhando nenhum centavo por isso, todos integrantes que entraram no Questions nunca ganharam nada com isso, então é difícil prender as pessoas em uma coisa que não dá grana e toma muito tempo. Foi o que ocorreu com a saída do Marcelo Papa (baixista), ele já tinha mais 2 outras bandas que ele havia fundado, chegou uma hora em que ele não
tinha mais tempo para as 3 ele conversou conosco dizendo que sairia pela falta de tempo e tal. Somos amigos e nos vemos em shows e a amizade é a mesma e até melhorou (risos). Hoje temos o Helinho Suzuki no baixo que é amigo nosso de bairro há mais de 15 anos e o outro integrante que entrou é o Pablo Lucente (segunda guitarra). Vamos ver até quando estes vão suportar não ganhar nada com o Questions (risos). Gostaria que nos relatasse a construção do álbum que acabam de lançar, o “Rise Up”. Qual a sua temática, suas inspirações, e a impressão de vocês integrantes a respeito desse terceiro disco? Pablo - Esse disco foi feito com a segunda turnê na Europa sendo agendada, então teve uma pressão muito saudável para que a gente fizesse algo melhor do que a gente tinha feito antes (e com o prazo muito rigoroso também). Por isso, o tema foi se desenvolvendo naturalmente, partimos da ideia de que sempre temos que dar uma passo para frente nas nossas vidas, buscar algo melhor. Estabelecer uma meta, se dedicar, se esforçar e batalhar por aquele objetivo. Como ir tocar em Moscou, por exemplo. A gente sempre quis, não sabia como fazer, mas estava disposto a tentar. E batalhamos bastante até chegar lá. Ai as letras foram seguindo esse caminho e a construção das músicas foi relativamente rápida: em aproximadamente um ano fizemos toda a composição, gravamos algumas demos e depois finalizamos o disco, a arte e o vídeo da faixa multimídia. Estamos bastante orgulhosos do resultado, acho que é um disco que tem uma pegada “ao vivo” bem legal, um disco de Hardcore cru e direto. Mas é aquela coisa, acho que o nosso melhor disco ainda está por vir! Até onde puderam perceber, como está sendo a aceitação do público a respeito deste novo trabalho? Edu - Está sendo a melhor possível, 90 por cento dos que vieram falar conosco disseram que é o melhor trabalho nosso. Na Europa também. Pô, então ficamos contentes né. Também acho que este é o melhor apesar que gosto muito dos outros (risos). Cada um tem o seu destaque, mas como um todo este realmente é o melhor. Queríamos que soasse como estivessemos tocando ao vivo, com pegada e tal, acho que conseguimos. Pois no show do Inferno foi isto que disseram para nós, como se o disco estivesse rolando e não nós tocando. O lancamento do “Rise Up” foi bem legal, casa cheia, todos CDs que estavam na nossa mão vendidos, camisetas, bonés esgotados. Foi uma festa, do jeito que pensamos que fosse e foi! Valeu a todos que compareceram. Alguns de vocês possuem projetos paralelos? E o que fazem quando não estão trabalhando com a banda? Pablo - Todo mundo trabalha. Eu faço vídeos diversos com a minha produtora Toro. O Edu e o Duzinho fazem trampos comigo, além de frilas por ai. O Duzinho está dando aulas de
“Born and Raised”
batera também. O Helinho é jornalista com trampo fixo e o Pablo Lucente trabalha de roadie. Após passagens pelo velho continente, gostaria que fizessem uma reflexão sobre o que precisa ser desenvolvido no cenário musical independente brasileiro, e também que ressaltassem as qualidades desse mesmo cenário. Edu - Algumas casas (tidas como médias) de shows tratam o músico como músico e não como uma banda que vai tocar na sua casa, botar uma mínima estrutura de palco como acontece na Europa em qualquer squat podre de lá. Agora as qualidades daqui é que existem pessoas batalhadoras e que, sem nenhum tostão, organizam shows de Hardcore em suas cidades sem ajuda nenhuma e apenas pela força da amizade e amor pelo estilo. Na condição de veteranos do meio underground e experimentados na vida de músicos, peço que compartilhe um pouco do que se precisa ter em mente quando se monta uma banda. Quais são os principais percalços que a estrada apresenta aos grupos que tentam a carreira musical? Pablo - Veteranos! Calma ai (risos). Não estamos tão velhos assim! Agora, sério, para a molecada que está querendo começar, acho que o principal é ter a cabeça no lugar e saber onde você está pisando. Por exemplo, nós viemos de um lugar onde Hardcore pesado cantado em inglês não é nem nunca foi uma música para multidões. Então nunca achamos que iríamos ficar ricos e famosos, como de fato não ficamos. O que nos mantém fazendo o que fazemos é uma paixão verdadeira pela música, pelas turnês, por estar entre amigos fazendo algo em que acreditamos. Os percalços, obstáculos, desafios, são inúmeros e às vezes muito difíceis de se enfrentar, mas eles vão estar sempre ai. O que a banda tem que ter é pegada e perseverança, porque com insistência e dedicação você chega em algum lugar. Mas também é importante lembrar que a molecada que está começando agora não tem tanto para reclamar, já que tudo está muito mais fácil: o acesso a instrumentos, ao aprendizado (tá cheio de professor de guitarra no youtube), à gravação de uma música e sua exposição nos myspaces da vida, enfim, muito diferente da época em que a gente começou. O negócio é se mexer para fazer as coisas acontecerem. Tendo em vista a proximidade do aniversário de 10 anos da banda, preparam algum projeto comemorativo para essa data? Algo como um DVD revivendo toda essa década de história, ou mesmo qualquer outra novidade? Edu - Com certeza queremos fazer algo, pois não é fácil uma banda underground brasileira sobreviver sem ajuda da mídia. Devemos isto aos amigos e fãs, e o que nos fortalecem a continuar. Então é claro que tentaremos fazer algo para eles, pois temos com certeza mais de 200 horas de material gravado do Ques-
tions. E quilos de fotos com imagens memoráveis com Iggor Cavalera, Freddy Cricien, Stigma, Europa, Rússia e etc. Entao 2 horinhas de história teremos para mostrar (risos). Como se deu e qual o motivo da mudança de selo para o Seven Eight Life? Pablo - A gente já tinha se aproximado da Seven Eight Life por causa de outros projetos com a minha produtora, no caso o DVD do Confronto. E vimos que o selo tem uma postura muito parecida com a nossa de encarar os seus projetos. Eles são batalhadores e buscam sempre aprimorar o que estão fazendo, o que fez com com que as conversas surgissem naturalmente. O fato deles lançarem bandas straight edges não é algo que seja um problema para nós, pelo contrário, já que sempre tivemos amigos nesse meio. E, por outro lado, eles não viram nenhum problema em lançar uma banda que não tem integrantes sxe, já que eles se identificam com a postura e as ideias do Questions. A parceria está rendendo bons frutos para todos! Paulo Vitor
[8] Questions Rise Up Seven Eight Life
Há de se convir que um novo disco lançamento pelo Questions é sempre muito aguardado, dada a dimensão alcançada pela banda nos últimos anos. E é em meio a grandes expectativas que “Rise Up” acaba de chegar. O terceiro álbum do agora quinteto paulistano vai de encontro ao Hardcore feito à velha maneira. Segundo o próprio vocalista Edu Andrade “enquanto muitas bandas por aí estão tentando soar mais pesadas, o Questions não, voltou às raízes”. De fato, o estilo que se verifica no novo álbum destoa dos anteriores. As novas músicas mostram-se mais lineares e contínuas, sem grandes pausas ou quebras de ritmo. Em termos mais palpáveis, a bateria de Edu Akira apresenta-se mais objetiva e funcional, concentrando-se no simples “tupá, tupá”. Mas houve também o que se mantivesse como antes: o estilo vocálico de Edu; as linhas de baixo, aplicadas com eficiência pelo novo membro Hélio Suzuki; e a fábrica de riffs contagiantes que atente pelo nome de Pablo Menna, a alma da banda por assim dizer, agora ineditamente auxiliado por outro Pablo, o Lucente. O resultado disso, muito em parte ao ótimo trabalho de produção realizado por Fernando Sanches e Philippe Fargnoli nos estúdios El Rocha e na Casa do Metal, é um disco coeso e, acima de tudo, sincero. Destaque para a magnífica faixa inicial “The Victory Speech” e o cover de “Show No Mercy”, do Cro-Mags. Por essas e outras que o Questions prova novamente a sua qualidade, além de contribuir para a cultura underground, nos presenteando com mais uma bela obra e mostrando que a evolução da cena é possível. We shall rise up! Paulo Vitor
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Foto: Carina Martins
entrevista
Simbiose Dimensão Crust Os quase vinte anos de estrada tornaram o Simbiose numa espécie instituição do underground português. O lançamento do quarto álbum, “Fake Dimension” foi mote da conversa que a HORNSUP com o vocalista Jonhie.
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uase 20 anos de carreira. Olhando pra trás, como vê todo o percurso do Simbiose até hoje? Foi um percurso longo, mas com experiências muito positivas. Sempre em evolução conseguindo chegar a um estatuto merecido.
Para nós é o melhor disco que fizemos até agora, mas o quinto álbum ainda queremos algo melhor e assim sucessivamente! Acho que é a evolução natural da banda em estar preocupada em fazer aquilo que gosta e isso se reflete nas gravações naturalmente.
Todos sabemos que viver de música pesada em Portugal é uma utopia. Qual o segredo para conquistar longevidade numa “instituição” com o Simbiose? (risos) O segredo é de muita insistência e levar a banda como uma diversão e um escape da tua vida e para a raiva que nos dão no nosso dia-a-dia. Esse é o segredo!
Como aconteceu a participação do Jão do Ratos de Porão? Foi muito simples. O Jão curte Simbiose e nós adoramos Ratos de Porão. Já tocamos juntos. Eu especialmente tenho uma grande amizade com ele (é meu camarada) e certo dia no nosso ensaio, quando estávamos a fazer uma música que nem tinha letra, falamos: “épa, ficava bem aqui um solo à Jão”. E assim foi no dia seguinte telefonei ele aceitou logo o convite e mais tarde gravou o solo na nossa música, e foi assim. Resultado muito bom!
“Fake Dimension”, o vosso quarto álbum, é mais um passo à frente, em todos os níveis. O que representa esse álbum da discografia da banda?
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Esse é o vosso primeiro álbum pela Rastilho. Como foi essa mudança de editora, já que o álbum anterior, “Evolution?”, saiu pela Major Label Industries? Mudança normal. A Rastilho nos ofereceu no momento melhores condições, a nível financeiro, de distribuição e edição, então decidimos mudar. Nada mais que isso. Qual a importância de relançarem seus 2 primeiros álbuns agora em 2009? É muito bom, porque pelo menos o “Naked Mental Violence” já estava esgotado à mais de 3 anos. Na altura estes discos foram editados pela Anti-Corpos d.i.y. que era a gravadora minha e do Nuno (guitarrista) e teve uma distribuição mais underground. Neste momento o circuito da Major Label (que está relançando os CDs) é outro , abrange outro tipo de público e consegue chegar a pessoas
[8] Simbiose Fake Dimension Rastilho
Se a pergunta no álbum anterior era “Evolution?”, a resposta agora é, com certeza! O quarto álbum dos veteranos do Crust/Punk/ Metal português, Simbiose, realmente se trata de mais um passo no processo evolutivo da banda, talvez o maior deles. Em “Fake Dimension” conseguem mesclar a sua típica dureza e frontalidade com alguma melodia sem perder um pingo da agressividade. A produção do experiente Ulf Bloomberg dá uma mãozinha, porém, a estrutura das composições é realmente o ponto forte. O Dbeat por si só é um estilo bastante limitado, e para os ouvidos menos sensíveis pode parecer tudo igual. O diferencial é exatamente o que o Simbiose oferece. Não gira tudo em torno de ser o mais veloz ou mais brutal, mas também em criar músicas memoráveis. O som dos instrumentos está cheio e claro, assim como as vozes, aonde é possível entender parte do que é dito sem ajuda das letras, o que facilita a digestão dos refrões, que soam mais a gritos de guerra. Em suma, se tornaram um pouco mais acessíveis da forma mais positiva possível. No mais, podemos contar com os elementos naturais do Simbiose. Letras em português e em inglês, contestação sócio-política e muita, muita atitude. Os detalhes são “United” com seu balanço pesadão e solo de guitarra de Jão do Ratos de Porão, a faixa de abertura “A Solução” e “Vai pra Pior”. Tudo isso embrulhado num digpak com um artwork maneiro, faz de “Fake Dimension” o disco mais rico e completo do Simbiose até a data. Matheus Moura
que não viram a primeira edição. Por isso, acho que foi muito positivo para a banda. No ano que vem tem algumas datas pela Europa. Já tem programado o retorno ao Brasil? Por nós, íamos amanhã! (risos) No Brasil o disco sai em Novembro pela Redstar Records e vamos ver o que ela consegue fazer aí. Deixá-la distribuir bem o disco para que quando voltarmos ao Brasil, o “Fake Dimension” esteja bem rodado pelo público brasileiro. Por isso, neste momento ainda não temos nada em concreto. Mas sabemos bem que é um país que está sempre de porta aberta para o Simbiose. Qual o retrato que fazem do underground português neste momento?
O underground português não existe neste momento ou se existe é a uma escala muito pequena, casos isolados aqui e ali. Esta nova geração não sabe o que é underground! Não querem saber e têm raiva de quem sabe. Por isso as coisas acabam por morrer por si! Enfim, nós seguimos o nosso caminho. Enquanto as pessoas ficarem em casa e não forem aos shows e não apoiarem bandas que estão começando e que e se ninguém as ajudar elas não conseguem sobreviver, não existe underground! A vossa música traz (e sempre trouxe) mensagens relacionadas à política e a sociedade em geral. Acha que os problemas que Portugal (ou o mundo) enfrentam tem mudado ou permanecem os mesmos?
Muitos permanecem e cada vez estão piores. Já não há retorno! Só destruindo este mundo e esta sociedade e começando um novo novo e esquecendo a historia do mundo até aqui. O Simbiose está engajado a full-time em alguma causa ou movimento? Neste momento com filhos e cada um com sua vida temos muito pouco tempo. Eu gostava de ter mais tempo para certas causas que já estive mais envolvido que estou neste momento, mas apoiamos sempre todas as causas que defendemos, desde apoiar bandas novas (comprar discos ir aos shows) até ao movimento anti-facista. Matheus Moura www.myspace.com/simbiose
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entrevista Thrash Art Fazendo justiça à fama de bons prosadores dos gaúchos, conversamos com Marcos Machado, guitarrista do Distraught, que nos concedeu uma agradável entrevista. Carreira, shows memoráveis, e claro, o novo disco “Unnatural Display of Art”, não podiam ficar de fora. Deixou ainda um recado esperançoso ao público português da HORNSUP.
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alvez isso não ocorra tão comumente, mas como respondem quando lhes pedem uma explicação a respeito do som que executam? Tentamos não cair em um rótulo específico, mas a banda executa uma mistura de vários gêneros dentro do Heavy Metal, buscando o melhor resultado musical possível. Diante da proximidade de longos 20 anos de banda, qual o balanço que faz de todo esse tempo de existência do Distraught? Entre altos e baixos, o próprio fato de ainda estarem na ativa após tantos anos de estrada, seria por si só algo do que se orgulhar? Com certeza, já é um grande motivo de orgulho estar na ativa até hoje. Mas o melhor é ver que estamos sempre evoluindo e conquistando mais e mais espaço e em lugares que antes nem imaginávamos chegar. Isso não nos faz acomodados, pelo contrário, pesa cada vez mais a responsabilidade e o compromisso de executar cada vez melhor nossa música para um público que notamos ser cada vez mais exigente.
Foto: Karina Kohl
Considerando o tempo em que se encontram em atividade e relacionando-o com a quantidade de material lançado até o momento, notase hiatos consideráveis. A que se pode atribuir esses espaçamentos entre um registro e outro? A Distraught existe porque damos o nosso sangue por ela. Nossas produções são feitas
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com muito suor e batalha. Procuramos dar um passo de cada vez mantendo qualidade e evolução. Acreditamos que a cada lançamento, estamos crescendo e conquistando mais espaço, e isso é o que importa, ou seja, apresentar o melhor possível para o público. Se pudéssemos fazer mais lançamentos seguidamente, faríamos com certeza. Mas o grande problema nesses espaçamentos é de ordem financeira. A banda caminha com suas próprias pernas, ou seja, não temos uma grande gravadora por trás para nos financiar, o que hoje em dia está cada vez mais difícil, por causa da grande queda nas vendas de CD’s e a grande elevação da quantidade de downloads na Internet. Peço que nos relate todo processo de criação do quarto álbum da banda, o “Unnatural Display of Art”, desde a sua fase de composição até o momento em que o trabalho estivesse encerrado. Sempre se quer uma evolução em relação ao trabalho anterior, mas com a preocupação de manter o que funcionou nas músicas que fizemos anteriormente. Trabalhamos nas novas composições exaustivamente, e às vezes, a música estava praticamente pronta, mas havia a possibilidade de fazer um arranjo melhor, ou incluir mais uma passagem de um refrão, ou ainda mexer no andamento (beat) da música. Então, sem medo, experimentamos muitas fórmulas até chegar à conclusão de que a música estava definitivamente pronta. Há alguns anos
usamos guitarras Ledur (que são fabricadas aqui em Porto Alegre/RS), e junto com o amp Mesa Boogie, conseguimos tirar um timbre bem venenoso nas guitarras. No geral eu diria que conseguimos bons timbres, mas fica sempre aquela sensação de que poderia ficar melhor - neurose de músico [risos]. A captação de todos os instrumentos e voz foram feitos em Porto Alegre no Estúdio Live, e a mixagem e masterização em São Paulo, no estúdio Mr. Som, com produção de Marcelo Pompeu e Heros Trench (Korzus). Uma curiosidade interessante deste álbum é que após a terceira tentativa de melhorar a mixagem/masterização do CD, chegamos à conclusão que a primeira tentativa registrada era a melhor de todas, ou seja, o disco já estava pronto. Qual a temática do novo disco? Houve alguma banda específica ou um conjunto delas servindo de fonte de inspiração? Por último, quais idéias e sensações pretendem transmitir com esse novo lançamento? Basicamente a temática é sobre a violência humana em todas as suas formas, e a sua propagação pela mão do homem. Tentamos sempre buscar a inspiração na sonoridade de nossos instrumentos, mas sempre há alguma influência misturada no conjunto, nada específico. Estamos sempre tentando fazer um álbum melhor para o público. Deixamos para o público nos dizer qual a sensação que tiveram de nossas músicas.
Como se concretizou a distribuição do novo trabalho em solo brasileiro pelo selo Voice Music? Qual a dimensão desse acordo? Conhecemos o Silvio, da Voice Music, através de nossa ex-gravadora, Marquee Records, e começamos a ver que o trabalho dele era bem feito, pois encontramos os CDs do selo dele por todo o Brasil. Acredito que hoje não há uma distribuição melhor. Estamos satisfeitos com o selo. Até onde conseguem mensurar, quão divulgada está a imagem do Distraught no exterior? Para tanto, já realizaram alguma turnê internacional ou mesmo ocorre a comercialização de discos da banda em outros países? Estamos sempre trabalhando na divulgação da banda no exterior. É um trabalho que não pára nunca. Hoje, acredito que estamos mais conhecidos, mas há muito o que fazer ainda. Já tocamos no Uruguai em 1998 e 2001, e na Argentina mais recentemente. Conseguimos o licenciamento do “Unnatural Display of Art” no Japão pela Spiritual Beast, e há outras negociações de licenciamento em andamento que ainda não podemos revelar, mas informaremos assim que possível. Gostaria que enumerasse, não necessariamente em ordem de importância, algumas das apresentações que mais lhe marcaram e por qual motivo. Porto Alegre, em 98, no lançamento do primeiro álbum “Nervous System”. Foi o primeiro show que fiz com a banda e uma afirmação do que eu queria, que era estar levando o Metal ao público. Em geral há vários shows em Porto Alegre muito bons para serem lembrados,
mas vamos a outras cidades. Belém (Pará), o público foi muito animal e foi o primeiro show da turnê no Nordeste em 2005. Na Argentina, recentemente em Setembro, vou destacar a cidade de Córdoba, que foi muito receptiva conosco. Tivemos os shows com o: Destruction & Tankard no Opinião, em Porto Alegre; Vader em Florianópolis (Santa Catarina); Criminal no Uruguai; e nossos conterrâneos do Krisiun diversas vezes, com destaque em especial para o show na cidade de Indaial (Santa Catarina), que estava muito furiosa. Houveram participações especiais de músicos conterrâneos no novo álbum. Fale um pouco a respeito das bandas de onde esses músicos provêm. Tivemos as participações de Diego Kasper (guitarrista da Hibria) na composição da música “Hellucinations”, e ainda nesta música tivemos o backing vocal infernal do Clark (vocalista da banda Unmaker). Flávio Soares, vocalista da Leviaethan, fez os backing vocals da música “The End of Times”. Pode-se esperar alguma novidade a curto ou médio prazo do Distraught? Gostaria de deixar algum recado em especial ao público brasileiro e português que nos acompanha? Não podemos estabelecer uma data específica nem promessa, mas acredito que teremos mais novidades dentro de pouco tempo. Para o público brasileiro que sempre nos acompanha onde comparecemos, em primeiro lugar queremos agradecer por dividir os shows conosco. Em segundo lugar gostaríamos de convidar a todos os brasileiros para ver e conhecer o novo trabalho da Distraught, pois não se arrependerão. Ao público português, sempre escutamos dizer que proporcionam shows muito quentes, e que é um dos melhores lugares para se tocar na Europa. Estamos negociando uma turnê européia ainda para o 1º semestre de 2010. Então, se algum produdor estiver interessado na Distraught em Portugal, entrem em contato conosco. Um grande abraço a todos. Keep Metal! Paulo Vitor www.myspace.com/bandadistraught
[8] Distraught Unnatural Display of Art Voice
Thrash Metal puro e cheio de vida. Se é isso que anda procurando por aí e ainda não encontrou, sugiro que dê uma conferida em “Unnatural Display of Art”, o quarto full length dos gaúchos do Distraught. Veteraníssimos na cena brasileira, já há praticamente duas décadas na estrada, mostram que sabem muito bem o que fazem. Aos poucos, a audição do disco irá te ajudar a elucidar a razão de estarem a tanto tempo em atividade. Do início ao fim ao álbum, praticamente não encontrará suavizações ou interlúdios à massacrante correnteza de riffs endiabrados, e portanto, simplesmente impossíveis de não serem notados. A presença das guitarras é tamanha, que, no bom sentido, se colocam em um plano mais imediato de percepção. Desse modo, a cooperação entre Marcos Machado e Ricardo Silveira não merece qualificações que não sejam positivas. Os dois integrantes formaram uma base concreta que possibilitou ao baixista Nelson Casagrande e ao baterista Éverson Krentz, incorporarem ainda mais peso e dinâmica às músicas. As vocalizações de André Meyer são ainda mais engrandecedoras nesse sentido, pois este soube se situar muito bem, fazendo suas aparições apenas nos momentos mais oportunos, com a devida entonação, e com um bom senso rítmico. Ou seja, não saiu simplesmente “vomitando” as letras à torto e à direita. Mas estes não são todos os pontos fortes deste álbum. A impecabilidade técnica na gravação, mixagem e masterização do disco e a acertada ordem do tracklist, conferindo lógica à sequência do álbum, foram nada menos do que cruciais na garantia do ótimo trabalho em “Unnatural Display of Art”. Um disco que cumpriu a sua proposta de criação (pequeno detalhe negligenciado hoje em dia!): apresentar as facetas e a propagação da violência humana, de uma forma agressiva e impactante. Paulo Vitor
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Between The Buried And me The Great Misdirect Victory
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“The Great Misdirect” foi provavelmente o álbum mais aguardado de 2009 pelos amantes do Metal progressivo. O motivo dessa ânsia descomunal se dá pela consciência dos fãs de que o Between the Buried and Me é uma das poucas fontes de pura criatividade e exuberante técnica no cenário não apenas do Metal, mas da música como um todo. Meu sincero receio em relação ao sexto trabalho de estúdio da banda dava-se pela suspeita de que o mesmo não seria superior ao full-lengh anterior, “Colors”, que, em minha opinião, já havia alcançado a perfeição. Bem, para a felicidade da nação, eu estava enganado. Com uma qualidade técnica indiscutivelmente aprimorada, “The Great Misdirect”, que conta apenas com seis faixas, introduz a trama com “Mirrors”, um calmo e melódico Space Rock com entonações puxadas ao Jazz tradicional sem instrumentos de sopro. A parte b) é denominada “Obfuscation”, cuja letra relata a evolução humana e seus critérios de dominação, contando com uma musicalidade que varia do Deathcore ao Blues, passando inclusive por um dueto de guitarra e baixo. Mas é em “Disease, Injury, Madness” que começamos a perceber o quão fantástico o álbum é. Confie em mim: é impossível não colocar em “repeat” após a primeira audição, pois, entre seus atributos há partes pesadas, psicodélicas, dois solos de guitarra fantásticos e um solo de baixo indescritível, onde até a onomatopéia produzida por cavalo torna-se sensacional. Uma das melhores músicas da banda até a data, sem dúvidas. A sequência em “Fossil Genera” é avassaladora: a ironia embutida nos teclados e vocais de Tommy Rogers e nos assovios do guitarrista Paul Waggoner trazem uma sensação única à lá circo dos horrores com algo mais místico. “Desert of Song”, penúltima faixa do álbum, conta apenas com violões, vocalizações melódicas e uma bateria acústica, sendo uma balada que serve para acalmar os ânimos dos que ouvem. Inclusive, ela tem um quê da “Shevanel Take a Flip” do álbum “Silent Circus”. Os quase 18 minutos da épica “Swim to the Moon” são revestidos com um solo de guitarra magnífico de 5 minutos de duração, violões à lá faroeste, vocais avassaladores, enfim, algo além do imaginável. Sim, é bem verdade que “The Great Misdirect” seguiu a teoria do “Colors”, mas é inegável que ele foi além do horizonte de sua moldura. Entre apitos, relinchos, assovios e riffs históricos, o Between the Buried and Me consagrou um rebento que é candidato a melhor álbum da década. Se alguns podem falar que foram da época de Metallica, Iron Maiden ou Deep Purple, nós podemos garantir, com todos os dentes na boca e orgulho, que “somos da época do Between the Buried and Me”. Ítalo Lemos
[7] Scar Symmetry Dark Matter Dimensions Nuclear Blast
Havia um certo receio dos fãs em relação à este 4º álbum dos suecos do Scar Symmetry. O motivo é que o excelente vocalista Christian Älvestam havia deixado a banda logo após o lançamento de “Holographic Universe”, de 2008. Älvestam, dono de excelente performace vocal, fazendo tantos os cantos limpos como os urros guturais dos álbuns anteriores, não seria facilmente substituído. A solução encontrada foi contratar não um, mas dois vocalistas para o posto deixado por Älvestam. Robert Karlsson (guturais) e Lars Palmqvist (vocais limpos) assumiram a bronca, e este “Dark Matter Dimensions” é o batismo de fogo dos novos integrantes. E não há motivos para preocupação. O trabalho dos rapazes se assemelha em muito com o de Älvestam, portanto a banda não perdeu nada de essencial, inclusive nas composições, que seguem a mesma linha do Death Metal melódico já característica do grupo. De maneira geral, o que ouço em “Dark Matter Dimensions” são músicas tecnicamente perfeitas (grande trabalho da dupla de guitarristas Per Nilsson e Jonas Kjellgren), cozinha pesadíssima (Henrik Ohlsson moe a batera), produção moderna pro gênero, o que dá ao álbum uma sonoridade um pouco diferente do que costumamos ouvir em outras bandas de Death melódico. O fator que distingue o Scar Symmetry dentre tantas bandas é o uso (exagerado?) de refrões pegajosos com um acento Pop, e neste álbum não está diferente. O disco começa com a cafoníssima introdução de “The Iconoclast”. Você achará que está ouvindo algum som Gospel, ou Forró, sei lá. Feio mesmo. “The Consciousness Eaters” entra pesada, é uma bordoada moderna e já mostra que Palmqvist é o cara certo pra posição dos vocais limpos. “Mechanical Soul – Cybernetics” é cansativa, mas na seqüência vem “NonHuman Era”, talvez a melhor faixa do disco. O vocal Power-Prog de Palmqvist se alterna a todo momento com o gutural de Karlsson, casando perfeitamente com o peso do som. Muito boa! Pra quem já é conhecedor do som do Scar Symmetry, encontrará aqui mais um bom álbum. André Pires
[7] Inhale Exhale Bury Me Alive Solid State
O terceiro álbum. Um momento muito importante para qualquer banda. Digo isto com a certeza de que, caso um grupo faça algo medíocre, os fãs deixarão seus ídolos na lama. O abandono seria inevitável. Fato é que, após se consolidar com a terceira porrada, as bandas possuem uma grande chance de não serem mais esquecidas. No quesito do Metalcore Cristão, o Inhale Exhale entrou neste seleto time – o hall da fama do gênero mais babado no Metal contemporâneo pelos jovens. “Bury Me Alive”, mais novo empreendimento
destes rapazes de Ohio, irá agradar aos headbangers. Sua mistura de sonoridades experimentais, melodias vocais e elementos do PostHardcore consegue deixar tudo ainda mais atraente. O full-lenght começa com a agressiva “Rooms”, que joga as usuais dissonâncias, breakdowns, melodias vocais e gritarias típicas do Metalcore. “Did You Ever Have A Touch To Lose” possui belas linhas de guitarra, tendo John LaRussa como responsável pelo quadro caótico. De fato, é um dos integrantes de maior destaque. O baterista Gator também fará um belo trabalho, como na faixa “Over And Out”, no qual o vocalista Ryland Raus grita semelhantemente ao frontman do Norma Jean. As faixas vão apresentando seus desenvolvimentos, com os integrantes mostrando grande habilidade de criar composições que marquem, porém, e é este “porém” que faz com que eu não possa pontuar o grupo de uma forma mais elevada, que devo mencionar. Inhale Exhale peca em dois pontos. Apesar do quesito experimental, ainda assim conseguem alcançar a linearidade em alguns momentos. O outro fator é o que toca ao processo de criatividade. Inegável que são muito bons no que fazem, porém, quase não há inovação. As formas de cantar, principalmente melódicas, lembram Haste The Day, Oh, Sleeper, e qualquer outra banda do cenário Post-Hardcore/Metalcore com melodias. Entretanto, há pontos positivos, como “Intentions”, “A Dark Place For Your Mind To Be” e a mais lenta “Better Her Than Me”, que irão agradar. Em suma, tem altos e baixos. Felizmente, tem momentos melhores na maior parte do tempo. Igor Lemos
[8] Epica Design your Universe Nuclear Blast
Os holandeses do Epica retornam a tratar sobre assuntos profundos, desta vez sobre as novas descobertas da física quântica, em seu quarto álbum de estúdio, e quinto álbum de sua discografia, “Design Your Universe”, mantendo a impecável produção de seus álbuns, com diversas orquestrações, peso na medida certa, com os vocais guturais e guitarras de Mark Jansen e a voz cristalina da belíssima Simone Simons por cima de tudo isso. O tom grandioso da produção é necessário pelo tom épico das músicas, mesmo músicas pesadas como “Resign to Surrender” que abre o disco após o prelúdio “Samadhi”, pois faz parte da peça “A New Age Dawns” - é a quarta parte. A música seguinte, “Unleashed”, foi escolhida certeiramente como primeiro single e música de trabalho, que já ganhou inclusive um insólito clipe – que homem em sã consciência, por Cristo, teria medo se a Simone Simons aparecesse de repente no seu quarto? “Martyr of the Free World” é outro bom momento do álbum, seguida da ótima “Our Destiny” e chegamos ao momento mais “épico” do álbum com “Kingdom of Heaven” – que é a quinta parte de “A New Age of Downs” – e seus mais de 13 minutos de duração. Apesar de seus ótimos momentos, tive a impressão de que foi “um pouco demais” (principalmente pela parte mais lenta), mas tenho a certeza de quem é fã da banda achará um das melhores músicas feitas pelo Epica. Vale destacar o
[9] Set Your Goals This Will Be the Death of Us Epitaph
Quando tomei conhecimento desse sexteto de San Francisco (EUA) em 2006 com o álbum “Mutiny!”, foi uma grande descoberta, pois já não era comum (ainda não é) ouvir uma banda fazer Hardcore melódico com sinceridade e empolgação, que não se apegue demais a receita viciada e cansativa dos grandes nomes do estilo. Esse álbum perdurou por um bom tempo na minha playlist. Passados 3 anos, tenho em mãos “This Will Be the Death of Us”, novo trabalho do Set Your Goals. Assumo que a primeira audição achei estranho e que não faria sombra ao seu antecessor. Mas, algumas audições depois, minha opinião mudou completamente. Esse registro supera “Mutiny!” em todos os sentidos. Não só pelo investimento de um selo maior como a Epitaph ou pela produção de Mike Green (Paramore), como também pela qualidade incrível das composições. Todas faixas são autênticas e memoráveis. Seja pelos refrões e sing-a-longs, como pelos breakdowns e riffs, “This Will Be the Death of Us” se caracteriza com um conjunto vencedor de músicas consistentes e divertidas. O lado Pop Punk está perfeitamente sincronizado com a parte mais Hardcore, proporcionado bons momentos como na intensa faixa de abertura “This Will Be the Death of Us” ou a divertida “Summer Jam”. Os maiores destaques ficam com o groove energético de “The Few That Remain”, que conta com uma participação especial da vocalista do Paramore, Hayley Williams, e com “Gaia Bleeds (Make Way for Man)” pelo peso e breakdown genial. Um álbum impressionante, que pode cataputar o Set Your Goals para junto de grandes nomes do Pop Punk/Hardcore. Matheus Moura
belíssimo solo próximo do final da música. A sublime balada “Tides of Time” mostra um lindo trabalho vocal de Simone, que emociona, e ainda dá um fôlego em meio a tanta coisa que o álbum mostra até agora. Seguimos com a excelente “Desconstruct”, “Semblance of Liberty” – que talvez seja a mais pesada do álbum e “White Water” que conta com a participação de Tony Kakko, da banda finlandesa Sonata Arctica, em outra excelente balada, uma das melhores canções do álbum. Os quase dez minutos de “Design Your Universe” fecham este excelente álbum do Epica, que apesar de ainda ser comparada por muitos com outras bandas do gênero, já tem seu nome firmado como uma das grandes forças do Metal mundial. Meu único “porém” foi justamente com um dos pontos altos do álbum, a produção. Não foi o caso aqui, mas muitas bandas acabam compensando composições pobres com grandes produções, se preocupando mais com a “cobertura” do que com o “bolo”. Mas enquanto o Epica manter essa qualidade de “Design Your Universe”, isso nunca será um problema. Luigi “Lula” Paolo
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resenhas [7] A Skylit Drive Adelphia Fearless
O sexteto californiano, A Skylit Drive, tem como segundo álbum o “Adelphia”, lançado pela Fearless. Se você ouviu o full-lenght anterior, o “Wires... and the Concept of Breathing” e gostou, pode esperar algo um pouco diferente aqui. As composições estão mais maduras, com um instrumental aprimorado e grande destaque aos vocais agudos de Jag. Aí sim é agudo! O som ficou um pouco mais leve também. Tendo chegado ao 64º lugar na Billboard, estes caras sabem fazer um bom Post-Hardcore, desprendendo-se dos clichês cometidos no debut. Um ótimo passo. As estruturas das composições giram em torno de alguns breakdowns, gritarias ao fundo, teclados, refrões grudentos e guitarras acompanhando através de notas mais agudas. “Prelude to a Dream”, “Those Cannons Could Sink a Ship”, “Heaven” e “Running with the Light”, que são as quatro primeiras faixas, fará o ouvinte entrar no mundo da Skylit Drive, com todos os aspectos já comentados. Outra faixa de destaque é a interessante e melancólica “The Boy Without a Demon”. Para uma banda que já teve como vocal improvisado em turnês o Jonny Craig (Emarosa) e o Craig Mabbit (Escape The Fate), torna-se um tanto complicado achar alguém de nível para se tornar o frontman. Mas eis um talento: Jag é muito bom! Só tem um problema, que para muitos já será motivo para deixar de conferir o “Adelphia”: o vocal fica em um plano de muito mais destaque do que o instrumental. Mas, sinceramente, aí está um álbum que me tornou viciado. Cativante e obscuro ao mesmo tempo, posso considerá-lo como um dos mais legais no ramo do Post-Hc/Screamo de 2009. Indicado também para fãs de Alesana e Blessthefall. Igor Lemos
[7] Unborn Dogma Massacra Mountain Distro
Das profundezas da Jamaica brasileira, o Unborn (MA) mantém-se firme no Metal. “Dogmas Massacra” é o que poderíamos dizer, um CD-demo de qualidade que nos presenteia com composições sérias, esmeradas. Letras que remetem à filosofia, política, críticas ácidas, reflexões metafísicas. Deaththrasher Metal com influências claras dos clássicos dos anos 80. Bom saber que nem todas as bandas caíram no pastiche da velocidade excessiva e maçante. Som pra bater cabeça até umas horas. A capa traz um belo trabalho do Alcides Burns responsável por belíssimos trabalhos na cena Metal (Acheron, Headhunder DC, Sanctifier, Torture Squad). Masterização fica por conta de Fabiano Penna (The Ordher, ex-Rebaelliun), mão exímia na escolha dos timbres exaltando o peso e a sujeira fazendo da audição um deleite. A faixa que dá título ao CD é puro Death Thrash.Destaque para
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o refrão pegajoso de “The Fall of Ideology”. Mas como tudo tem um porém, após uma audição exaustiva e cuidadosa percebe-se que a bateria poderia ter tido um resultado mais interessante, ser mais encorpada no que concerne aos pratos. O baixo presente ajuda a cozinha ganhar a força necessária para levar a banda. O vocal semi-gutural traduz de maneira visceral o conteúdo das letras num niilismo belíssimo. Backing vocals e vocal sincronizados. Solos sem excessos. Bases graves e cadenciadas. Detalhe que preciso enaltecer: a citação de Michel Foucault. Isso mostra aos conservadores de plantão que a coisa tem essência. Heróis? Não! Seres humanos competentes e inconformados. Traduzindo o banal da existência em arte caótica. Reverberando e provando ao mundo que não importa qual o limbo onde estejas sempre vai haver “desequilibrados” para exercer o contraponto necessário a todos aqueles que não conseguem andar com as próprias pernas. Em alguns momentos bateu um revival, lembrei dos tempos que ouvia Obituary no vinil. Memórias a parte temos em mãos um CD-demo de qualidade que promete um álbum poderoso. Faço votos de que não demore tal acontecimento. Aumente o volume e aprecie com orgulho. João Nascimento
[9] Goatwhore Carving out the Eyes of God Metal Blade
Rajadas de baterias precisas muito bem sincronizadas com guitarras raivosas complementados pelo alto nivel baixo e um vocal que dispensa apresentações. Assim pode-se dizer de forma resumida o novo disco do Goatwhore, “Carving out the Eyes of God”, o sucessor de “A Haunting Curse” de 2006. Logo em seus primeiros segundos de audição, nota-se um Death Metal muito bem trabalhado com algumas pitadas de Hardcore Old School e vocais rasgados já característicos da banda. Na introdução de “Apocalyptic Havoc” (faixa que abre o disco) riffs poderosos daqueles que faz você querer bater cabeça a noite toda, e nas 9 faixas seguintes a “porradaria” também come solta como em “Provoking the Ritual of Death” e “Shadow of a Rising Knife” (minha preferida). Atualmente a banda se encontra em turnê dividindo o palco com nomes como Obituary e Krisiun. Os amantes da verdadeira música pesada, não irão se arrepender de ouvir essa bela obra do Metal que pode ser chamada de disco, em tempos que a “música feliz” infesta rádios e TV´s de todo o mundo a Metal Blade vem com mais um lançamento destruidor para provar ao contrário e acima de tudo provar para a grande mídia que o Metal tem sim um grande público fiel. Thiago Soares
[8] Evergreen Terrace Almost Home Metal Blade
O Evergreen Terrace completou uma década de vida. Motivos a serem comemorados? Certamente. Ainda lembro o quanto era (e ainda é) brutal o segundo álbum destes caras, o “Burned Alive By Time”. Lotado de breakdowns sujos, uma gravação pra lá de despretensiosa; fazia a festa em festivais como Hellfest. Agora estamos diante do quinto álbum de estúdio. Logicamente o som está em outro nível de gravação, principalmente pelo fato de já serem membros da gravadora Metal Blade desde o full-lenght anterior. E o que mudou de lá pra cá? De certa forma, a sujeira que predominava com os breaks matadores foi diminuindo, entrando um espaço para ótimas melodias vocais. Mas o espírito da Evergreen Terrace ainda está aqui. A faixa título apresenta boas passagens melódicas, “God Rocky, Is This Your Face?” detona com os tempos quebrados da guitarra, mostrando que ainda podem montar um moshpit seja na velocidade Hardcore que sempre marcaram ou nos artifícios usados nos gêneros como Metalcore. “Sending Signals” é uma das melhores faixas, com uma estrutura vinculada ao Hardcore melódico, fará a festa dos amantes do gênero, possui um refrão pegajoso e muito bem elaborado. Momentos pesados também serão bem vindos, mostrando a energia que sempre tiveram no nível máximo, vide a faixa “Mario Speedwagon” (uma das minhas favoritas) e “The Letdown” (com menos de dois minutos). Se você já vem acompanhando o grupo há alguns anos, não irá se decepcionar com este, que pode ser um dos melhores da banda. Já se você não os conhece, comece pelo 2º álbum, que eu comentei anteriormente, e depois caia para este aqui. Igor Lemos
[7] Revolution Within Collision Rastilho
“Collison” é o álbum de estreia do Revolution Within, banda de São João da Madeira (Portugal) que vem se juntar ao atual rooster de peso da Rastilho Records que já conta com Spiteful, Simbiose, Echidna e Switchtense. As 8 faixas do disco apresentam um Thrash Metal recheado de groove bem trabalhado e contagiante. Soa com se pegássemos a pedalada de bandas americanas, como Pantera e Machine Head, e misturássemos com a riffs melódicos do Metal escandinavo. A conciliação entre e peso e balanço funciona bem, sendo que boa parte das faixas são cativantes tanto pelos riffs como pelos refrões. A faixa de abertura, que dá nome ao álbum, é uma intro que cria a ambientação para a descarga que se segue. “Stand Tall” não faz prisioneiros, mete o pé na porta com poder e velocidade. Já “Surrounded By Evil” marca pela pegada e refrão memorável. Acredito que as duas faixas comentadas anteriormente revelem o que há de melhor em “Collison”. O bom trabalho realizado por Paulo Lopes (Soundvision Studio) na produção faz com que o registro tenha todo “punch” que merece. Em suma, não trazem nada de inédito, mas conseguem apresentar, com sinceridade e profissionalismo, um álbum relevante de Thrash Metal moderno. Um nome pra ter atenção dentro da cena Metal portuguesa. Matheus Moura
[4] Throwdown Deathless E1
Conforme o tempo passa, o Throwdown vai se distanciando cada vez mais do seu Hardcore recheado de breakdowns como era feito em seu primeiro trabalho, o bem criticado “Haymaker” de 2004, para se fixar definitivamente no Heavy Metal. Ou pelo menos tentar. Em seu antecessor, “Venom & Tears” de 2007, era praticamente impossível não dizer que todas as músicas, tanto na parte do instrumental quanto nos vocais, eram idênticas as do Pantera. Em seu mais novo trabalho “Deathless”, essas comparações podem até ser deixadas de lado um pouco com a inclusão de melodias (até demais) às músicas pois, desta vez, o Throwndown pode ser comparado com o Godsmack por exemplo, só que, de certa forma mais pesado. Claro que os berros de Dave Peters continuam fiéis, querendo ou não, ao soar bastante como os de Phil Anselmo. Mas o fato é que, agora fica meio difícil de entender o que os caras realmente querem “ser quando crescer”. O instrumental não decepciona variando bastante. Ora brutal, com passagens rápidas com riffs esmagadores, ora mais lento, com um peso maçante e certos momentos melódicos. As faixas “This Continuum”, “Tombs” e “Burial At Sea” que encerra o disco, são músicas bem legais, O problema é que ouvindo o trabalho como um todo fica difícil de convencer e acaba deixando a audição cansativa. Quem sabe na próxima! João Henrique
[8] Empty Grace Subterranean Souls March Independente
“O inferno é aqui.” Não vejo frase melhor pra definir o Empty Grace (PI) que nos presenteia com o debut “Subterranean Souls March”. Vindo de onde veio não é de se espantar que esse power trio traga em suas músicas um carga sincera de ódio, desgosto, poesia fúnebre. Afinal 40 graus a sombra não é pra todo mundo. Oito anos depois de lançarem demos e serem uma presença ativa na cena nordestina e nacional a banda chega com qualidade ao primeiro álbum. A primeira faixa “Rotten Reflections”; pegada segura, som bem definido de todos os instrumentos, vocal gutural demonstrando domínio em pronúncia e exe-cução. Letras objetivas. Percebe-se a influência de Death, Thrash e Black, conduzindo quem ouve ao um redemoinho de sensações. Empty Grace demonstra nesse álbum a possibilidade da fusão sem tornar-se um estilo inexpressivo como acontece com tantas outras bandas. “Bloody Battles in Great Field” é daquelas faixas que soa como uma digital da banda. Onde ouvir a identificação será imediata. Deixando um pouco o som de lado. O material gráfico condiz com as qualidades sonoras da banda, bom gosto no acabamento, na escolhas das fotos e no design. O álbum transcorre como se fosse numa evolução, as
faixas vão ficando mais rápidas, sem exageros. Passagens de velocidade executadas com maestria. Riffs cadenciados convidam o ouvinte a “bater cabeça”. Belíssima masterização. Destaque para “Rising Blood”, que equilibra a atmosfera Thrash com blast beats agradando aos ouvidos apreciadores de algo mais veloz. A faixa que dá o nome ao álbum é um bom exemplo de quando a fusão de estilos dentro do Metal extremo é feita com qualidade; curta e grossa, de estrutura variada sem buscar o excesso de virtuose. Enfim eis um álbum que merece estar na estante de todo headbanger que respeite e valorize a cena nacional. É disso que precisamos: profissionalismo, dedicação e simplicidade. João Nascimento
[7] The Fall of Troy In the Unlikely Event Equal Vision
Aos dezessete anos, enquanto a puberdade e problemas com acnes florescem, quem nunca pensou em reunir amigos do colégio, formar uma banda de Rock, e imaginar quão gratificante seria uma vida inspirada, aspirada e respirada estritamente pela música? Desde cedo, guiados por uma qualidade técnica incomum em pessoas tão jovens e um espírito tão vívido e elétrico quanto suas idades, os norteamericanos do The Fall of Troy vêm fazendo um excelente trabalho, fortalecendo a marca de um estilo tão difuso hodiernamente que é o Rock progressivo. Ou ainda, para os mais modernos, o Mathcore. As guitarras frenéticas, os nervosos breakdowns e os slow-tempos marcantes executados por Thomas Erak (vocalista e guitarrista), Andrew Forsman (baterista) e Frank Ene (baixista e vocalista) merecidamente levaram o trio vindo de Washington do anonimato ao mercado mainstream do Rock experimental. “In the Unlikely Event”, o quarto full-lengh, recebeu uma missão um tanto quanto ingrata: manter a imagem do The Fall of Troy brilhando. E, com um objetivo tão desvirtuado, já que o principal pensamento deveria ser a tentativa de garantir uma boa receptividade dos fãs, ocorreu um passo para trás, visto que o álbum é uma mistura de Post-Hardcore, Screamo e conta com elementos Pop desgastantes. Não que essa mistura por si só seja um problema, mas ela simplesmente não garantiu o resultado esperado, já que deixa a impressão da banda ter perdido sua identidade musical, como se estivesse entrando em uma multidão monocromática nesse cenário “post-hardcoriano” tão desgastado. Mesmo assim, o CD conta com três ótimas faixas iniciais, sendo aberto pela animada “Panic Attack!”, que possui guitarras pesadas e cadenciadas com efeitos de delay, levando facilmente o ouvinte a “bater cabeça”. Mantendo o ritmo agressivo, em seqüência, “Straight-Jacket Keelhauled”, a mais pesada da gravação, aparece para levantar os ânimos de quem não havia ainda acordado com o barulho, lembrando a velha e potente fase dos canadenses do Alexisonfire. Fechando a trilogia inicial, a bela “Battleship Graveyard” demonstra mil possibilidades de quebrar o ritmo com riffs que aparentemente vão entrar em um refrão melódico, mas que voltam à pancadaria, enganando os que estão acostumados com clichês musicais, deixando até um estóico permitir-se
[9] Revocation Existence is Futile Relapse
Vem de Boston (EUA) o mais novo sopro de originalidade do Metal atual. Debutando pela Relapse, “Existence Is Futile” é somente o segundo full-lenght do Revocation, mas parece algo feito por veterenos da cena, e não por rapazes que talvez sejam mais novos que você. O power trio formado por David Davidson (guitarra/vocal), Anthony Buda (baixo/vocal) e Phil Dubois (bateria) manda um som difícil de ser rotulado. É totalmente calcado no Thrash/ Death, mas vai muito além disso. Parece que os caras tiveram a seguinte conversa: “E aí, que subgênero do Metal nós iremos tocar?” “Que tal todos? Prepare-se pra ouvir os mais bem encaixados blast beats e pedais duplos, grandes variações harmônicas, e um trabalho de cordas genial, mantendo uma linha Technical Death sem sacrificar a melodia, diferentemente de bandas como Obscura, Necrophagist e afins, que massacram riffs em uma velocidade absurda, sem respiro. Sobra espaço até para o baixo aparecer, e não é raro alguns slaps despotarem. Slap em Metal extremo? É, meu amigo, neste “Existence Is Futile” rola sim. Daidson e Buda dividem os vocais, mas, diferentemente do que poderíamos supor, seus timbres são parecidos, e têm aquele punch “in your face”, contando com a violência do Death Metal e a agressividade espontânea do Thrash Crossover. Todas as músicas são ótimas, não há um escorregão, mas posso citar a faixa-título como a primeira que chamou minha atenção. O baixo sobreposto e a cadência da música são de enlouquecer! “Across Forest And Fjords” é uma incrível instrumental, onde o trio mostra toda a variedade de sua música, do virtuosismo das guitarras às passagens extremas típicas de Black Metal. “Anthem Of the Betrayed” traz momentos de guitarras sem distorção que só abrirão sorrisos de quem curte música bem tocada. Lindo! “Dismantle The Dictat”, com sua curiosa influência jazzística, faz de “Existence Is Futile” um álbum ainda mais variado. “The Tragedy of Modern Ages” fecha magistralmente o álbum, e te fará querer repetir sua audição por várias vezes. O Revocation é uma das melhores bandas que aparecerem nos últimos anos e este “Existence Is Futile” é uma grata surpresa na lista dos melhores álbuns de 2009. Imperdível pra quem procura por algo novo e original no Metal extremo. André Pires
à emoção de “headbangear”. “In the Unlikely Event” conta, inclusive, com uma bela balada (“Webs”), mas, por inevitavelmente lembrar as vocalizações de Cláudio Sanchez do Coheed and Cambria, essa faixa parece mais uma cover, dentre tantas outras aparentemente existentes na gravação. O irônico é que, por mais que a criatividade não tenha sido tão forte neste álbum, tudo é produzido com uma excelente técnica musical: todas as boas referências são mantidas em relação às guitarras e à agressividade. Contudo, o que deixa a desejar é a falta de energia, pois o CD é um tanto quanto mecânico, deixando o pensamento de que, pelo potencial da banda, poderíamos ter recebido algo muito melhor. Ítalo Lemos
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resenhas [8] Miseration The Mirroring Shadow Lifeforce
Enquanto algumas bandas suecas de Death Metal estão tomando um rumo mais suave e comercial, outras enveredam na direção oposta, felizmente. Vejamos o caso do Miseration. Seu segundo álbum, “The Mirroring Shadow”, mostra uma banda mais pesada, agressiva e rápida em relação ao trabalho anterior, o debut “Your Demons - Their Angels”. Apesar de não abdicarem das gélidas melodias do Death Metal escadivano, o Miseration se mostra claramente influênciado pelo Brutal Death Metal da ensolarada Flórida (EUA). Dessa colisão de estilos extremos surge um álbum que transborda em técnica e ferocidade. Christian Alvestam, põe de lado as vocalizações melódicas que executava no Scar Symmetry (banda que deixou para se focar no Miseration), dedicando-se exclusivamente as vocalizações guturais. A sonoridade de modo geral é hiper densa, com um peso avassaldor e precisão milimétrica. As passagens melódicas trazem o dinamismo e moldam algumas ambientações sinfônicas com contornos sombrios. Os riffs criados pelo multi-instrumentista, Jani Stefanovic são 100% evil e super velores, fazendo com que os braços (e pés!) do baterista Rolf Pilve não tenham frações de segundo de descanço. “Dreamdecipher”, “Voyaging The Seas Of Thought” e a faixa-título se destacam. Assim como o Bloodbath, o Miseration merece estar na primeira fila das bandas suecas de Death Metal que não envergam. Keep it brutal! Matheus Moura
[7] Gwen Stacy A Dialogue Solid State
O segundo álbum de estúdio do Gwen Stacy acaba de sair, o mesmo foi intitulado “A Dialogue” e tem como selo a Solid State. Bom, como muitos sabem, trata-se de uma gravadora cristã. Então, fica evidente que teremos um fulllenght dedicado ao conteúdo religioso. O nome Gwen Stacy não necessita de explicação aos fãs de HQs. Contudo, se você nunca se interessou pelas aventuras do Homem-Aranha, o batismo do grupo é uma homenagem à primeira namorada do Peter Parker. Diferentemente do fim desta belíssima loira, a banda em questão está muito viva. Porém, duas coisas vieram a minha mente ao ouvir o álbum e ver a arte de capa. Primeiro, a Solid State foi responsável pela mudança sonora dos caras? Segundo, por qual razão fizeram uma arte gráfica que poderia ser, com certeza, do Norma Jean (banda da mesma gravadora)? É um pouco estranho, mas nada que tenha sido negativo. De fato, você irá se deparar com uma porrada Hardcore com diversos traços do Metal. Conseguem impressionar aquele ouvinte que não deixa de lado uma boa junção de melodias vocais, gritaria, breaks e uma bateria rápida e diversificada. Eis o espírito de d b batalha do conjunto. Não são os salvadores
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da pátria, pois estão longe de trazerem algo inovador ao mercado, mas, será que posso ficar exigindo constantemente esse critério nas bandas contemporâneas? É claro que sim. É essa a única razão de perderem alguns pontos. Mas vamos aos aspectos legais. Se prepare para ouvir o novo vocalista Geoff Jenkins, que saiu das guitarras na Once Nothing para figurar na Gwen Stacy; composições interessantes como a faixa-título, “The First Words”, “Devil Devil” e “A Middle Ground”; além de toda a violência que o estilo propõe: tudo em alto nível. Se interessou? Igor Lemos
[8] Bornholm March for Glory and Revenge Vic
Oriundos da Hungria, o Bornholm lança seu segundo álbum, “March For Glory And Revenge”, depois de muitas mudanças de formação e seis anos após seu debut, “...On the Way of the Hunting Moon”. Apesar de serem do leste europeu, os espíritos dos antigos deuses nórdicos estão presentes, então pode esperar um Pagan Black Metal ríspido, frio e cativante. “March For Glory And Revenge” contém nove faixas onde permeiam sentimentos de glórias de batalhas do passado, derramamento de sangue e vingança. Logo após a atmosférica introdução, que muitas bandas ainda acham necessário, a ameaçadora “The Call of the Heathen Horns” inicia o massacre. A épica “From the Blackness of Aeons” se sobressai. Gélida, rápida, sufocante. Outro destaque é “Where the Light Was Born”, que te faz sentir em um tortuoso ritual pagão, com direito a instrumentos de sopro em seu final. Infernal! Baphomet, entidade preferida de nove entre dez bandas do mal, também é aqui reverenciada na maléfica “Light Burst into Flames on the Horns of Baphomet”. Chega então o momento do vocal impiedoso de Thorgor dar um ligeiro descanso. “Towering Clouds Over the Fields of Carnuntum” é uma excelente instrumental, e ao final de seus 3:29 minutos, já preparou o ouvinte para a fantástica “Consecrating the Spear of Destiny”. Riffs cortantes, vocais em cima da linha da guitarra e o clima soturno fazem da faixa o ápice do álbum. Não duvido que, em pouco tempo, o Bornholm estará no topo das bandas Atmospheric/Pagan Black Metal. “March For Glory And Revenge” é o triunfo húngaro da VIC Records e não deve deixar de ser ouvido por quem aprecia o gênero. André Pires
[5] Echoes of Eternity As Shadows Burn Nuclear Blast
“As Shadows Burns” é o segundo álbum da banda californiana Echoes of Eternity. Duas coisas em particular me chamaram a atenção nessa banda: primeiro por ser uma banda norte-americana, de Heavy Metal, que tem uma “frontwoman”, e não faz música como Evanescence. A segunda coisa que me chamou a atenção foi justamente por não fazer o mesmo tipo de som que boa parte das bandas com
vocais femininos fazem. O Echos of Eternity não parece Nightwish ou Epica, tem um som pesado e mais direto, e só por isso já vale a experiência de conhecer seu trabalho. Seu trabalho anterior, “The Forgotten Goddess” foi bem recebido pelo público, e a banda está construindo uma história dentro da cena. Mas o que era pra ser um diferencial interessante acaba se tornando uma relativa decepção, quando músicas pesadas não soam tão pesadas como deveriam ser. Em alguns momentos, cheguei a sentir que estava escutando a uma demo, ou um EP bem produzido. Em diversas músicas não escutei nem sinal do baixo, não senti muita interpretação da vocalista Francine Boucher e as variações nas músicas algumas vezes pareceram “colagens” – e isso em curto espaço de tempo, pois as músicas não são longas. Acredito que tenha faltado direção musical, pois se percebe que a banda é excelente, tem boas ideias e bons temas, mas a produção pecou no registro final. Independente da produção do álbum, existem bons momentos como “Ten of Swords”, música rápida que abre o álbum, “The Scarlet Embrace”, com sua interessante linha de guitarras, “Descente of a Blackned Soul” – para mim, sem dúvidas o destaque - e a veloz “Twilight of Times”, a mais pesada do álbum. O Echos of Eternity se mostra como um grande potencial, mas ainda não acertou todos os detalhes nesse álbum. De qualquer maneira, vale a ouvida pela proposta interessante. Luigi “Lula” Paolo
[7] Man Must Die No Tolerance For Imperfection Relapse
É fato, a cena Death atual não é mais a mesma. De um lado, os integrantes do gênero Deathcore, de outro, os membros do Death Metal. Indiscutivelmente, o primeiro estilo vem crescendo de forma espantosa, contudo, o Death Metal jamais saiu do cenário, não sendo um tipo de sonoridade que tenha uma tendência de sumir com o tempo. Mostrando suas raízes fiéis ao que fazem, os escoceses do Man Must Die chegam com o terceiro álbum de estúdio, intitulado “No Tolerance For Imperfection”. Liderados pelo consistente vocalista Joe McGlynn, que dispara muito bem seus gritos, a banda produz um full-lenght sólido, sem espaços para frescuras. O destaque vai para o baterista Matt Holland, com a sua velocidade esperada e o trabalho muito bem feito, seja nos riffs brutais ou nas linhas mais melódicas, do guitarrista Alan McNab. Experimente essa viagem ao mundo do Death Metal Técnico, através da pancadaria da faixa de abertura, que leva o mesmo nome do álbum, as melodias de “Gainsayer”, os pedais duplos de “Kill It Skin It Wear It” e não perca tempo e vá mexer a cabeça na introdução de “It Comes In Threes”. Aos que ficam torcendo para que um breakdown apareça, irá perder o seu tempo. Não há espaço para este artifício aqui. Se você ainda não se sentir motivado a ouvir Man Must Die, aposte nos bons solos de “Hide The Knives” e na velocidade de “How The Might Have Fallen”. Um som direto, muito bem executado. Só peca em um critério - não tem muitas novidades, o que não chega a estragar o que foi criado por estes caras que estão na ativa desde 2002 e mostram amadurecimento a cada lançamento. Igor Lemos
[8] Paradise Lost Faith Divides Us Death Unites Us Century Media
Depois de tantos álbuns, teria o Paradise Lost fôlego para alguma coisa nova – e principalmente de boa qualidade depois de tantos altos e baixos? “Faith Divides Us – Death Unites Us” é o décimo segundo álbum da banda, que mostra que a resposta é “sim”. Para quem conhece a banda desde o início, sabe que o Paradise Lost não faz mais o mesmo som Doom e gótico do passado que a consagrou como uma das maiores bandas do estilo – quem tem saudades do ”Draconinan Times” aqui, levante a mão. Mas quem não desistiu da banda e acompa-nhou todas as mudanças sonoras que a banda passou ao longo dos seus mais de vinte anos, percebe nesse álbum uma volta às origens que já estavam sendo anunciadas desde os últimos álbuns, principalmente com o anterior “In Requiem”. Desde a abertura do álbum com a grande “As Horizon Ends” você sente uma banda inspirada, com vontade de retomar o lugar que sempre lhe pertenceu. “Frailty” é seguramente a mais pesada do álbum – e talvez da própria banda. “I remain”, “Living with Scars”, “Universal Dream” e a melancólica “In Truth” que fecha o álbum também merecem destaque. Um destaque especial para “The Rise of Denial” que junto com “Frailty” foram para mim os destaques. As viagens pelo álbum nos levam a lugares distintos, mostrando que não só a banda ainda sabe – e muito bem – fazer o som que a consagrou, como ainda tem versatilidade para mostrar outras facetas igualmente interessantes. A versão europeia ainda conta com um bônus, a boa “Cardinal Zero”, além de “Faith Divides Us – Death Unites Us” e “Last Regret”, ambas em versões executadas pela orquestra filarmônica de Praga, que emocionam. Pra quem era fã, um belo presente, mostrando que a banda voltou às origens. Se você deixou de acompanhar a carreira do Paradise Lost, pode seguramente voltar por aqui. Se você não conhece, é também um ótimo momento pra começar. Pois se continuar nessa linha, o Paradise Lost ainda tem fôlego pra muita coisa. Luigi “Lula” Paolo
[4] Arch Enemy The Root of All Evil Century Media
Um álbum de regravações é sempre suspeito. Geralmente com a intenção de “dar uma cara nova” às velhas músicas, acaba sendo somente um caça-níquel pra atrair fãs que querem colecionar tudo da banda. Talvez o motivo aqui não seja só esse, teria uma causa “mais nobre”, afinal, regravar algumas músicas da era Johan Liiva (entenda-se pelos álbuns “Black Earth”, “Stigmata” and “Burning Bridges”) dá a chance do fã do Arch Enemy conhecer parte do material antigo com os vocais de Angela Gossow, que assumiu o posto em 2000. Mas era isso mesmo necessário? Ok, “The Root Of All Evil” foi mixado e masterizado pelo famoso produtor britânico Andy Sneap, e, como não podia deixar de ser,
tem um som cristalino, produção excelente. Mas é muito pouco pra justificar este álbum, simplesmente porque principalmente os dois primeiros discos com Liiva têm uma atmosfera pesada, sombria, um clima sinistro que não acompanhou a banda nos álbuns subseqüentes, e o principal responsável pela tensão toda era exatamente o vocal de Liiva. Mas resolvi dar uma chance à moça mostrar que ela é capaz (não me entendam mal, gosto do vocal da Ângela, mas os álbuns com ela não são os meus favoritos do AE), então ouvi cada música de “The Root Of All Evil” antecedida pela sua versão original, para melhor compará-las. E foi pouca coisa que salvou! Achei razoáveis as versões para as músicas do “Burning Bridges” (1999), talvez por este ser um álbum (o último de Johan Liiva na banda) mais parecido com o que o Arch Enemy viria a fazer no futuro. Neste disco, Liiva já arriscava um vocal mais rasgado, então Ângela tira de letra músicas como “The Immortal”, “Dead Inside” (soou-me um pouco mais acelerada, ficou boa) e “Pilgrim”. Também gostei de “Diva Satânica”, que ficou mais sujona, realmente é uma nova versão. Quando a gente parte para as músicas do clássico “Black Earth” (1996) e do fodido “Stigmata” (1998) é que as coisas complicam. E olhe que “Dark Insanity” até que ficou legal, combinou com o vocal demoníaco da loira. Mas “Transmigration Macabre” perdeu totalmente o punch. Curte “Bury Me An Angel”? Então fique com a original, foi acrescentado nesta versão aqui. Em “Best Of Man”, Angela exagerou demais, utilizando alguma distorção pra talvez soar tão brutal e áspera quanto Liiva. Ficou horrível, e a música ainda perdeu grande parte daquela atmosfera cabulosa já citada. A estupenda “Bridge of Destiny” é simplesmente assassinada por Ms. Gossow. É ouvir pra crer. E não dá pra entender a inclusão de “Demoniality”. Se o atrativo principal é mostrar músicas antigas com o vocal da Angela, o que uma faixa instrumental que contém apenas alguns urros está fazendo aqui? Vai entender. Acredito que o Arch Enemy tenha muitos fãs que preferem o vocal de Angela Gossow e ponto final. Se você se encaixa nessa, então este disco possa ser interessante para você. Caso contrário, vá ouvir “Single Ticket To Paradise”, o novo álbum do Hearse, atual banda do grande Johan Liiva. André Pires
[6] Belphegor Walpurgis Rites Hexewahn Nuclear Blast
Com 18 anos de janela e muita lenha pra queimar, a banda austríaca Belphegor lança “Walpurgis Rites - Hexewahn” e chegam assim ao seu 8º álbum de originais, sendo que recentemente editaram o “Bondage Goat Zombie” que é de 2008 e que teve boas críticas. Nesse disco a banda investiu pesado em composições longas e cheias de meandros e firulas, apostando nos riffs complexos, introduções intermináveis (que na primeira audição você chega a pensar que a faixa é instrumental) e refrões em coro que se são cativantes e amenizam a complexibilidade musical das faixas. A verdade é que o disco até foi bem recebido, muito fãs da velha guarda acusavam o grupo de ter tornado o seu som “comercial” demais devido ao fato da banda ter assinado contrato com a gigante Nuclear Blast. “Walpurgis Rites - Hexewahn” deveria marcar
[ 10 ] Skeletonwitch Breathing The Fire Prosthetic
Em meio a toda esse chamado Thrash revival, com ótimas bandas como Toxic Holocaust, Warbringer e Municipal Waste, o Skeletonwitch traz uma proposta interessante. Ao invés de buscar a similaridade do 80’s Thrash Metal, ele o revitaliza. Claro, as influências estão todas lá, mas o Skeletonwitch se diferencia por não tentar soar retro. O que esses americanos de Ohio fazem é um Blackned Thrash Metal violentíssimo, calcado no puro Thrash da década de 80, porém moderno, mas sem cair no uso de afinações baixas para soar mais pesado. Juntando com a ótima e apropriada produção, voltada para as guitarras, está feita a maravilha: ouve-se cada palhetada, e bateria e baixo ganham amplo espaço. Nada embola, é tudo muito limpo apesar da velocidade que os sons são executados. Chega a lembrar o Bewitch, mas, apesar de possuir essa chama Black dos suecos, “Breathing The Fire” é totalmente orientado ao Thrash Metal, despejando riffs precisos e matadores, prontos pra quebrar muito pescoço por aí. É impressionante como os guitarristas Nate “N8 Feet Under” Garnette e Scott “Scunty D” Hedrick alternam riffs influenciados por NWOBHV com passagens extremas e melódicas com tamanha naturalidade e eficiência, fazendo músicas curtas, diretas e totalmente destruidoras. O vocal com entonação Black de Chance Garnette, irmão de Nate, também se utiliza de urros totalmente Death, dando o tom ao álbum. “Submit To The Suffering” e “Longing For Domination” aquecem o ouvinte, já mostrando que “Breathing The Fire” é um álbum diferenciado. Aí então vem “Where The Light Has Failed” e “Stand Fight And Die”, ambas com riffs finais paralizantes! A violentíssima “Released From The Catacombs” conta com uma fascinante condução de baixo. A este momento o disco já está justificado, mas ainda tem muito mais. “The Despoiler Of Human Life” e “Crushed Beyond Dust” não dão descanso, “Repulsion Salvation” tem uma levada assassina, e “Upon Gorge My Soul” é magnífica em suas passagens extremas e velozes palhetadas. “...And Into The Flame” só vem finalizar o que já está perfeito, e não também decepciona. Juro que estou boquiaberto. “Breathing The Fire”, terceiro full lenght do Skeletonwitch, é certamente o disco de Thrash Metal que mais me impressionou nos últimos anos. Imprescindível! André Pires
para esses fãs o regresso do som feito na origens da banda como em “Blutsabbath” de 1997 e mais recentemente em “Pestapocalypse VI” de 2006, faixas como a agressiva “Der Geistertreiber” e a épica “Veneratio Diaboli - I Am Sin” realmente ilustram essa fase “post-comercial” que a banda quer imprimir. Mesmo sendo um álbum explicitamente com a cara do Belphegor, “Walpurgis Rites - Hexewahn” é um trabalho muito menos excitante do que o seus antecessores. Fora as faixas já citadas apenas “The Crosses Made Of Bone” com os seus riffs meio thrashados e um solo de respeito consegue ser simultaneamente agressiva e épica. Eu sei que parece pouco mas são apenas essas canções que verdadeiramente são dignas de registo. Resto é puro blá blá blá. E tenho dito! Odilon Herculano
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resenhas [9] Austrian Death Machine Double Brutal Metal Blade
O título do disco é exatamente a palavra certa para descrever o conteúdo deste mais novo trabalho do Austrian Death Machine, projeto tributo/paródia aos filmes do ator Arnold Schwarzenegger fundado pelo vocalista do As I Lay Dying, Tim Lambesis, responsável não só pelos vocais como também pelas guitarras, keyboards, baixo, bateria e todo o instrumental existente, com exceção dos solos de guitarras, que tem participação de vários guitarristas de bandas diferentes para cada música. Do mesmo jeito feito no álbum de estréia, o “Total Brutal”, de 2008. “Double Brutal” já começa massacrante com a ótima “I Need Your Clothes, Your Boots, And Your Motorcycle”, um Thrash Metal 80’s de primeira, impossível de ficar com a cabeça parada. A partir daí, a destruição “bem humorada” toma conta de todo o disco que é disponível em 2 CDs contendo 13 faixas no disco 1 com músicas inéditas e 11 no segundo disco, sendo este com covers de bandas como Judas Priest, Metallica, Motorhead, Misfits, Megadeath, Goretorture e Agnostic Front. Felizmente, no disco não há momentos de altos e baixos. Aqui a porradaria segue o tempo todo com uma sonoridade rápida composta por um bumbo duplo que esmaga os nossos ouvidos em todas as músicas juntamente com os riffs massacrantes das guitarras. É difícil destacar alguma faixa, mas “Who Told You You Could Eat My Cookies?”, “Come On Cohaagen, Give Deez People Ehyar”, a cover do Goretorture “Tactically Dangerous - Cannibal Commando” e a ótima “Gotta Go” do Agnostic Front não podem ficar de fora do destaque. A idéia é genial, o trabalho é muito bem feito, bem elaborado, destruidor e muito divertido. Que venha a terceira brutalidade! João Henrique
[7] Lástima/Inrisório Split SataniCrew
Dois petardos de pura selvageria e niilismo: Lástima (RJ), Inrisório(SE), respectivamente. “Sacroholocausto” inicia-se com “Celebração dos porcos”; dedilhados, texturas, enfim, uma boa introdução ao caos que se anuncia em seguida na faixa que dá nome ao disco. Riffs pegajosos e harmonia hipnótica permeada com uma linhagem old school. Mais uma vez a música extrema revela-se um estilo singular, pois do seio do caos carioca, da pantomima do funk, pagode e do crime organizado, ferve uma cena rica e, diga-se de passagem, organizada. Lástima está com timbres mais definidos, transmitindo segurança e entrosamento a cada faixa. Letras irônicas adentram seu ser destruindo todas as esperanças. A cozinha soa uníssona conduzindo a disarmônica orquestra com precisão biológica. Ainda nos reservam o cover de um clássico do Splatter “Excavating the Illiac Fossa” do Haemorrage, e de quebra, quatro bônus com gravação mais inferior, porém, mais glamourosa. Apenas um ponto negativo: priorizar o visual e esquecer
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das letras no encarte. Inrisório chega atropelando os sentidos com “Teatro da Horrificia”. Blasfêmia, ódio, inconformismo e acidez, é o que sai desse quinteto sergipano, que afundados no limbo, arranjaram forças pra desaguar suas esquizofrênicas personalidades num vórtice de Death Metal, Crustcore, Deathcore, Grind, resquícios vocais de Splatter e Gore, e alguns experimentalismos. Sequelado, responsável pelos vocais, põe “as tripas pra fora com qualidade e louvor”! “Solidão Ateísta” traz uma pegada puramente Death Metal descendo a madeira nos dogmas religiosos. “Zumbi Caseiro”, por sua vez, poderia ser roteiro de Peter Baiestorf. Já “Apóstolos de Ninguém”, com riffs cadenciados, soa Crustcore até o osso. As guitarras parecem uma parede sonora, bateria e baixo dialogam coesos. Solos sem excessos. Dinâmica harmoniosa. O único empecilho da banda talvez tenha sido um estúdio bom. Inrisório segue a funesta luta de criar e ser diferente num limbo de iguais! Espero ansioso pelo álbum de cada um deles. Afinal, cariocas ou sergipanos ambos estão no “bom caminho”, e detém qualidades técnicas e intelectuais para tanto. João Nascimento
[7] Rammstein Liebe Ist Für Alle Da Universal
Se existe algo que você deve levar a sério é o aviso de conteúdo explicito na capa do “Liebe Ist Für Alle Da”, novo trabalho da banda alemã Rammstein. Foram quarto anos de espera pelo novo álbum desde o lançamento do último trabalho de estúdio, “Rosenrot” de 2005. A menção que fiz ao explícito se dá por conta do polêmico video do single “Pussy” onde a letra (bastante escrachada e cheia de termos digamos “chulos”) fala sobre turismo sexual, o vídeo mostra cenas de sexo explícito feito pelos própios integrantes da banda. Pornôs a parte, o álbum conta com mísicas marcantes como “Rammlied” com sua introdução sombria no teclado de Christian Lorentz, que se une ao vocal inconfundível de Till Lindemann. Outra faixa de qualidade é “Waidmanns Heil”, onde a bateria de Christoph Schneider mesmo sem ter bumbos vertiginosos, nem viradas mirabolantes, chama atenção justamente pela simplicidade. No quesito riffs bem pesados a campeã é “B********” que tem uma pegada alterofilista. No quesito incursões por outros idiomas a banda apresenta “Frühling in Paris”, que traz a frase em francês “Non je ne regrette rien” que em bom português é algo como “Não, eu não me arrependo de nada”. O que posso dizer é que “Liebe Ist Für Alle Da” não é tão interessante quanto os experimentais “Reise, Reise” e “Rosenrot”, o trabalho é até bacana mas sabe quando fica aquela sensação de que poderia ser melhor. Odilon Herculano
[8] Hatebreed Hatebreed E1
Depois de “Supremacy” e do álbum de covers, “For The Lions”, a banda liderada pelo carismático Jamey Jasta volta em grande com o seu mais
recente álbum ao qual a banda decidiu dar o seu próprio nome. É um CD composto por 15 músicas e conta com o regresso de Wayne Lozinak para uma das guitarras (ele que já tinha feito parte da banda no inicio da sua cami-nhada). O Hatebreed tornou-se uma banda “top”, por isso a exigência é cada vez maior a cada trabalho, a cada concerto, e a verdade é que a banda não faz por menos e faz-nos o favor de arrasar a cada música que cria. “Hatebreed” abre logo com duas faixas devastadoras, “Become The Fuse” e “Not My Master” prometem agitar muitas cabeças, fazer mexer muitas salas por este mundo fora. A imagem geral do álbum é composta por músicas de um Hardcore pesado, um groove solto e caracteristico da banda, uma excelente voz que grita a cada frase palavras de ordem tão reais e directas que entram logo na cabeça e nos fazem cantarolar o dia inteiro. As músicas são de curta duração, como habitualmente, sendo “Undiminished” a mais longa com 4:19. Difere um pouco do resto do álbum não só pela própria duração mas por ser instrumentalmente diferente, mais progressiva e estruturada sem qualquer presença de voz, com solos magistrais. Acrescentar a curiosidade da última faixa ser uma re-edição da cover de Metallica, “Escape”, que também já tinha saído em “For The Lions”. Certamente 2009 não terá muitos álbuns com a qualidade que “Hatebreed” apresenta, este que é mais um trabalho de estúdio de Zeuss, um produtor que já trabalha há alguns anos com Hatebreed e eu não me canso de considerar o melhor dentro do movimento Hardcore a produzir álbuns, sobretudo pela qualidade de gravação e mistura. Uma mistura explosiva que resulta, provavelmente, num dos melhores álbuns do ano de 2009. Paulo Duarte
[8] Siege of Hate Deathmocracy Independente
A falta de meios de comunicação social que prestem atenção na cena de música pesada no Brasil, faz com que muita coisa boa passe desapercebida, até pra quem acompanha os acontecimentos. Se não fosse o Siege of Hate entrar em contato comigo, possivelmente não teria dado conta tão cedo dessa impressio-nante banda de Grind/Metal cearense. Fizeram chegar as minhas mãos seu segundo álbum, “Deathmocracy”. Por não conhecer a banda, não havia expectativas o que tornou a audição ainda mais surpreendente. Executam um Grindcore metálico encorpado, orgânico e muito bem tocado. Descem o sarrafo sem dó e a pancadaria só dá descanço em alguns interlúdios falados que retratam um realidade caótica que ambienta toda loucura e miséria humana relatada nas letras. O registro é sujo, cruel e direto. Fazem uma linha mais Old School, mas sem revivalismo, sendo que não soam como uma banda antiga. A base das músicas é simples, mas conseguem enriquecer as composições e personalizá-las, criando alguma distinção entre as mesmas. A segurança e qualidade das composições impressionam, principalmente se levarmos em consideração que uma banda independente do nordeste do país. A Europa já descobriu a banda, sendo que recentemente retornaram de uma turnê européia. Talvez seja a hora do Brasil descobrir o Siege of Hate. Matheus Moura
[8] American Me Siberian Nightmare Machine Rise
Depois de um debut impressionante em 2008 (“Heat”), nutri alguma expectativa pelo novo trabalho do American Me. Felizmente, o estilo Beatdown Hardcore super pesado que apresentaram no primeiro trabalho permance intacto. “Siberian Nightmare Machine”, o segundo registro, segue a mesma linha do seu antecessor, reforçando a identidade do grupo e carregando um pouco mais no quesito agressividade. A curta duração do disco é compensada por uma overdose de balanço, breakdowns e brutalidade. A produção está consistente, gorda e adequada a proposta do álbum. A interação entre as duas vozes foi dinamizada, assim como alguns breakdowns que foram melhor trabalhados, evitando certos clichês. A densidade e a tonalidade ultra grave são utilizadas como armas destruição maciça como pode ser constado em faixas como “Infected”, “Bastardmaker” ou “Die Faster”. Apesar de “jogar pelo seguro”, o American Me consegue botar na rua mais um álbum cheio de pegada e se mostra como uma opção autêntica dentro de um universo de bandas com breakdowns manjados e falta de personalidade. Matheus Moura
[8] Atreyu Congregation of the Damned Hollywood
“Congregation of the Damned” é o quinto álbum da carreira do Atreyu, sendo o segundo por sua “nova” gravadora, a Hollywood Records. A intenção era de que este disco fosse, de certa forma, uma “recapitulação” do lado mais “dark” e sombrio da banda trazendo de volta também mais peso em suas composições. Ou seja, uma tentativa de fazer um “mix” de todos os trabalhos produzidos até então. O fato é que, a época mais Hard Rocker que o quinteto trouxe com o seu antecessor “Lead Sails Paper Anchor” lançado em 2007 veio realmente para ficar. É claramente notável em cada uma das novas músicas a presença deste “novo estilo” adotado pelos caras. O que não deve ser muito agradável para os fãs mais radicais que preferem o Atreyu até o ano de 2006 onde eram fortemente rotulados como uma banda de Metalcore. Essa tão esperada volta às raízes é um item difícil de avaliar, porém, há muitos momentos grandiosos e bem pesados como na faixa de abertura “Stop! Before It’s Too Late and We’ve Destroyed It All”, na pesadíssima e empolgante “Black Days Begin”, na agitada “Gallows”, em “You Were the King, Now You’re Unconscious” que começa com uma ótima introdução de batalha e segue com muito peso e um excelente instrumental e a boa e rápida “Ravenous”. Como a parte melódica sempre foi um lado forte dos caras, “Coffin Nails” e “Lonely” não decepcionam! são ótimas faixas que trazem toda a essência da banda com dobras de guitarras dando um sabor ainda mais especial as melodias.
O baterista Brandon Saller que também é responsável pelos vocais melódicos merece mais uma vez o seu destaque por ambas as funções. Alex Varkatzas que deixou seus gritos muito de lado no disco antecessor, finalmente trouxe os seus berros de volta como muitos fãs esperavam! Além das faixas já citadas, destaco também “Bleeding Is a Luxury” e “So Wrong”. “Congregation of the Damned” é definitivamente mais um ótimo trabalho que entra na bagagem da banda que vale a pena ser conferido. João Henrique
[7] 8 Control You Should Have Cared Nothing But A Beatdown
“You Should Have Cared “ é o titulo do mais recente trabalho dos franceses 8Control que mais uma vez disponibiliza na Internet, links para o seu download para dessa forma tentar atingir mais público utilizando esta técnica cada vez mais comum no mercado. Eles esta fórmula depois de o terem feito, como a HORNSUP adiantou, com os seus trabalhos anteriores “Catharsis Act I e II” ambos de 2008. A Nothing But A Beatdown Records volta apostar neste quinteto que não fazendo parte da primeira linha francesa da cena Hardcore já está nestas andanças desde 1999. Um trabalho que sai em forma de EP e que conta com três músicas, ou melhor, duas músicas e uma intro. “Surrender”, “Bad Client” e “No Way Out” dão o titulo a músicas curtas, rápidas, num Hardcore explosivo com pitadas de um Thrash bem elaborado e bem construido no que promete ser um bom exemplo para o próximo álbum de longa duração que a banda prepara para este ano, mas refira-se não se tratar de uma sonoridade ao estilo old school um pouco como a banda fazia no seu inicio, tendo evoluido o seu som para um crossover de Hardcore e Thrash. Para quem gosta de Your Demise, Cataract ou Disturb aconselha-se uma passagem pelo Myspace da banda, onde podes fazer o download do EP e conhecer um pouco melhor os 8Control que prometem novidades para breve. Paulo Duarte
[6] The Destro Harmony of Dischord Ironclad/Metal Blade
Logo após uma turnê com o Unearth, a banda The Destro lança seu segundo full-lenght, com o nome de “Harmony of Discord”. Assim como a turnê, o disco tem como intenção abrir portas no caminho da banda. Entender o som da banda é algo complicado, mas não tem nada que você já não tenha ouvido antes. Aplicam muitos tempos diferentes, uma boa combinação de riffs com um vocal de Death Metal estilizado e um toque de Southern e groove. Se já não fosse o suficiente ainda conseguem acrescentar traços de Thrash Metal e breakdowns em meio as faixas do disco. Por falar no disco, em meio a toda essa diversidade de influências, ele
[8] Slayer World Painted Blood American, Sony Music
Tom Araya e sua trupe de infiéis, estão novamente no mercado com o “World Painted Blood” seu décimo full-length. O novo trabalho do Slayer materializa alguns elementos que mostram que os caras estão em busca de outros ares, mesmo que apenas para dar uma retocatada no estilo que os consagrou. O registro chama atenção pela diversidade e pelo cuidadoso foco dado a cada um dos instrumentos e não apenas a bateria, mas o espaço dado ao baixo de Araya e o peso das guitarras é bastante evidente. O álbum começa com uma bateria em marcha e algumas frases que não são faceis de entender (pelo menos eu não entendi), até surgem os riffs bem ao estilo dos caras e é ai que pau começa a quebrar na faixa homônima. A presença dramática da voz rouca de Mr. Araya adiciona um peso extra às letras de horror, com um riff principal absolutamente matador, o único ponto fraco da faixa e ter muitas ideias juntas tornando difícil metabolizar tudo. Posso enumerar os pontos altos do registro como sendo além da faixa título também as faixas “Snuff” que como o próprio nome entrega fala sobre os filmes onde pessoas são mortas de verdade, “Hate Worldwide” essa é uma faixa que foi lançada para os fãs a mais Punk de todas do registro, pegada valente, solos barulhentos e um refrão que eu diria gracioso, “Public Display of Dismemberment” faixa onde o Dave Lombardo mostrou seu poderio, bateria a mil e conteúdo político nas letras, pra completar um solo quase vertiginoso fecham o pacote e a pancadaria geral de “Psychopathy Red” uma explosão de ódio cego nos gritos enlouquecido de Araya. Esse álbum é uma resposta aos que falaram que o Slayer não era tão grande desde o “Seasons in the Abyss”. O Slayer sabe como experimentar um pouco de dissonância e melodia para alçar seu próprio estilo de música e composição a um nível acima quando eles quiserem. Altamente recomendado seja você fã ou não. Odilon Herculano
se mantem com uma conduta linear, caminha da primeira a última nota sem variação alguma. A primeira faixa “Justifier of Malice” começa com um groove que se transforma em um lento riff de Sludge. Os breakdowns também dão as caras no final da faixa.”Face Down in Regret” fecha o disco com um riff meio tempo com um bom groove que é interrompido por um incessante breakdown. “Harmony of Discord” em sua essência soa basicamente o mesmo a maior parte do tempo. Em partes especificas aparecem bons riffs e breakdowns interessantes. As únicas faixa que podemos apontar como um diferencial é a já citada “Justifier of Malice” e “Mouth of the Heretic”. Apesar de não ter nenhum elemento excitante, o The Destro conseguiu construir algo consistente, um disco recheado de riffs de Sludge, com breakdowns e bom groove o que certamente poderá abrir algumas portas para a banda. Guilherme P. Santos
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resenhas [7] Blessthefall Witness Fearless
Quando ouvi o presente álbum pela primeira vez, fiquei surpreso ao sentir a grande evolução que obtiveram em sua sonoridade. Blessthefall é, claramente, uma banda que atende aos anseios do público mais jovem. Através de muitas melodias em refrões, berros enfurecidos, breakdowns e algumas técnicas de guitarra que prometem conquistar o ouvinte, “Witness” mostra-se bem sucedido em sua proposta. Contudo, não é de hoje que o Metalcore/PostHardcore está com os seus dias contados. Pode até parecer uma visão apocalíptica, mas acredito que o atento leitor pensará de forma semelhante. Há um grande e infernal congelamento da criatividade em conjuntos neste gênero. O Blessthefall está longe de ser inovador, mas consegue ser agradável. Ao menos se destacam neste universo de covers. Inegável que é um grupo a ser seguido constantemente por outros. Em relação ao line-up, não vou me prender às trocas de vocais que tiveram, quem foi para qual banda, quem chegou, etc. Bom, quem é fã sabe de tudo isso, quem não é, dificilmente terá interesse em saber. Apenas um pequeno comentário: essa mudança fez bem ao grupo. Que a multidão viúva de Crag Mabbit me perdoe. O grupo cresceu como um todo e Beau Bokan é excelente. Diversas faixas irão estrelar nos players de diversos ouvintes. São aquelas velhas melodias grudentas que, quando você menos se der conta, estará cantarolando, vide “To Hell and Back” e “God Wears Gucci”, por exemplo. O trabalho de guitarra me chamou atenção, não pelo virtuosismo, mas pela simplicidade de criar ambientes inteligentes com um grande cuidado. E neste ritmo o álbum irá mostrando sua cara, não fugindo muito do que já foi comentado. De diferente mesmo apenas a última faixa, que fica próxima de uma balada, e o começo mais pesado na faixa-título. Excelente no que fazem, mas, ainda pobres em expandir seu som a outros patamares. Bom, se o lugar comum ainda é sinônimo de uma certa segurança ao Blessthefall, que assim seja. Ao menos saíram da mediocridade radio-friendly simplista do álbum anterior, que tem faixas legais, mas não passa de mais um trabalho no Post-Hardcore. Uma interessante – e lenta – evolução. Igor Lemos
[8] Skinlab
mais próximo, o disco caminha assim até sua metade quando nos deparamos com algumas faixas mais “calmas” como é o caso de “Karma Burns” e algumas outras faixas na sequência que as vezes podem deixar os desavisados um pouco decepcionados, mas a agressividade adquirida no começo do disco volta e assim prossegue até o seu fim. Em resumo, um bom disco para ouvidos exigentes e que gostem de barulho. Thiago Soares
[8] Katatonia Night Is The New Day Peaceville
Em seu oitavo álbum de estúdio, os suecos do Katatonia estavam inspirados em fazer uma viagem sombria através de músicas densas, porém com belíssimas e tristes melodias. “Night Is the New Day” é diferente do que o Katatonia fez até então, e ainda sim, segue no melhor estilo Doom / gótico característico da banda. Os vocais de Jonas Renkse dão o tom melancólico exato para que as músicas mantenham o clima pesado, mas ainda assim as melodias são lindíssimas e os trabalhos de vocalização somados à produção impecável criam uma atmosfera incrivelmente envolvente. A temática, não só das letras como das músicas, criam um vínculo com o trabalho anterior, “The Great Cold Distance”, e a música de abertura, “Forsaken” é encarregada de abrir esse novo capítulo para o Katatonia. “The Longest Year” tem uma levada eletrônica e sintetizadores modernos, que surpreendem de como estão bem usados para gerar o clima ideal. E junto com esses elementos modernos “Idle Blood” mostra um belíssimo trabalho de um instrumento mais clássico: o violão. E é nessa mistura de ritmos e sons que o álbum vai envolvendo, como em “Liberation” e seus riffs pesados entre baterias eletrônicas e guitarras limpas, somados com vocais e teclados sintetizados, que são usados de uma nova maneira em “The Promise of Deceit”, mostrando que a fórmula não será a mesma de uma canção para outra. O interessante trabalho de guitarras em “New Night”, o clima depressivo de “Inheritance” e seu belíssimo arranjo de cordas e a pancada “Day and then the Shade” – que também é o single e música de trabalho – merecem destaque. O álbum fecha com uma surpresa, “Departed” que é cantada pelo vocalista Krister Linder, da banda Enter the Hunt, fechando o álbum com uma grande canção que chega a ter seus ares de progressivo. O Katatonia surpreende neste álbum, que desponta como um de seus melhores e mais inspirados trabalhos. Vai agradar não só fãs de um estilo Gothic / Doom Metal, mas também todo apreciador de boa música. Luigi “Lula” Paolo
The Scars Between Us
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Stand and Deliver
Esse disco pode ser considerado um presente para os fãs do Skinlab. Primeiro pela alta qualidade de gravação e segundo pois marca o retorno do guitarrista Glen Telford (apesar do mesmo já se encontrar fora da banda). “The Scars of Between Us” é um disco agressivo com riffs pesados e passagem mais “melódicas”. “Face of Agression” faixa que abre o disco logo de cara já faz com que ninguém fique parado e corra para o pogo
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Horse The Band Desperate Living Vagrant
Nintendocore! Não. Horse The Band não pratica mais uma sonoridade tão próxima do 8-bit. Agora, com um som aprimorado, com
mais maturidade e composições estupidamente criativas, podem ser vistos como um Post-Hardcore com elementos eletrônicos. E tem diferença? Lógico que sim. Antes deixavam os sintetizadores comandarem o rumo das músicas. Agora, não. Bom, isso só ouvindo pra se entender melhor. “Desperate Living” é o quarto álbum destes malucos, o primeiro pela gravadora Vagrant. Bem avaliado pela crítica, estamos diante do melhor álbum do conjunto. É quase impossível destacar uma faixa, pois todas elas são distintas, impossibilitando a exaustão do ouvinte durante o processo de quase uma hora, em 12 faixas. Não-linear, caótico e impactante. O álbum possui momentos mais profundos e reflexivos também. Porém, não vou mentir, sem apontar os diversos momentos divertidos, acelerados e insanos que só a “’H’ the ‘B’” sabe fazer. O álbum é, em suma, um presente aos fãs e ao próprio grupo, que acaba de completar uma década de carreira. Mas não fique triste, fiel fã do Nintendocore, pois momentos a la Mario World também aparecerão aqui – ainda que não tão frequentes. Vida longa à Horse The Band! Ah! Nem vou comentar a arte de capa. Igor Lemos
[8] Grind-O-Matic Welcome to de Grindland Independente
Imagine seu corpo no chão e o mundo caindo sobre você de forma violenta. Pois é, GrindO-Matic é uma dessas bandas que promovem uma verdadeira perturbação sonora, com muito peso e brutalidade. Mas não é apenas uma perturbação, é “a” perturbação. Muitas paletadas rápidas, vocal rasgadaço mesclado com urros e claro, a clássica bateria no melhor estilo “fast/ grind” que ajuda a embelezar este álbum. A maioria das músicas são bem curtias o que deixa o álbum com 17 faixas de pura pressão. Algumas com pegadas bem na linha do Hardcore, mas a barbárie não diminui em momento algum. O som segue a linha de bandas como Brutal Truth e até mesmo o Fuck on the Beach, sendo que mais violento. Por se tratar de uma banda de Grind, as faixas são bem parecidas, mas algumas com intervenções que servem como interlúdios, conforme na faixa “The Groundbreaking Looping”, com um lance meio pula pula/arrastado. A faixa “Nigger Segragation VS. Honky Arrogancy” sem dúvidas é a mais louca. Com um início meio perturbador (parece vocalização daqueles filmes com zumbis), a faixa é bem diferente, e assim como outras que já são loucas, os caras conseguem deixá-las mais absurdas do que já são. É até injusto citar alguma faixa já que todas são bem violentas e cada uma tem seu “charme”. Mas comparando aos 3 álbuns anteriores, “Welcome to de Grindland” está mais trabalhado. A qualidade do CD também está melhor e os instrumentos mais vivos. É nítido o brilho no álbum. A banda francesa que está na estrada desde 2003 trás como líder do power trio o vocalista Roger, o guitarra Manu e o batera Clem. Pois é, parece doidera, mas a banda não possui baixista, e mesmo assim possui um baita peso. Este é o quarto álbum deles, produzido, gravado, mixado, masterizado e lançado de forma independente pela própria. Gláucio Oliveira
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Simbiose
Simbiose/Switchtense/ MG15/Grankapo Santiago Alquimista 03/10/09 Lisboa (Por) O lançamento do quarto álbum do Simbiose “Fake Dimension” foi celebrado no Santiago Alquimista em Lisboa no passado dia 3 de Outubro. Os veteranos do Crust/ Punk português convidaram par a festa as bandas Grankapo, MG15 e Switchtense. Foi uma noite para todos os gostos, começando pelo Hardcore. A sonoridade in-your-face do Grankapo, dá a largada as apresentações. Com uma sala ainda bem pouco preenchida, a banda promove seu álbum “Confessions”, lançado no ano passado. Foi uma boa prestação, com a mesma enrgia que a banda costuma despejar em suas atuações, mas, infelizmente com pouca audiência. A única banda da noite que não tinha nenhum conhecimento era o MG15. Talvez por isso tenha ficado surpreso. São espanhóis, de Málaga, e praticam um Hardcore old school rápido e direto (d-beat). Os cabelos brancos do vocalista mostra que são veteranos e
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essa experiência fica evidente em palco. A atitude Punk, a precisão e som veloz atraiu os olhares dos presentes, que apesar de não se mexerem muito, estiveram atentos. Finalmente é chegada a hora de alguma ação por parte do público, e o Switchtense não precisa nem sequer pedir, pois o moshpit já está formado. Esses rapazes da Moita, andam por Portugal (e por fora) espalhando seu Thrash Metal empolgante e incendiando audiências por onde passa, e nessa noite, não foi diferente. “Into the Words of Chaos”, “State of Resignation” e “Infected Blood” parecem velhas conhecidas do público. O cover de “Cowboys from Hell” do Pantera assenta bem com o repertório da banda, sendo um dos momentos altos da apresentação. Já com as devidas introduções feitas, é chegado o momento dos senhores do Punk/ Crust português fazerem as honras da casa. Como se tratava do
lançamento do novo álbum, trataram logo de mostrar as novidades, com um setlist mais focado no novo registro. Apesar da audiência não ser massiva, era bastante ativa e marcou presença durante toda atuação, tanto no moshpit, quanto nos festivos stage dives. A descarga Crust foi violenta, às vezes, até demais, dado que o som da casa parecia não dar o suporte adequado a toda brutalidade demonstrada pela banda. João Ribas, frontman do tara Perdida fez uma participação especial (com a letra da música em punho) em “Evolução é Regressão”, faixa na qual também participa no novo álbum. Essa foi mais uma amostra que o Simbiose é uma instituição da música extrema em Portugal e uma prova que vão andar por aqui até quando quiserem. Matheus Moura Foto: Pedro Roque
stratovarius Citibank Hall 20/10/09 São Paulo /SP (Bra)
Stratovarius
Em divulgação de seu novo álbum “Polaris”, os finlandeses do Stratovarius retornam ao Brasil para uma turnê de 4 shows. A etapa de São Paulo foi realizada no Citibank Hall, apesar das constantes vindas da banda ao Brasil, o Stratovarius comprovou a força e prestígio que tem com os fãs brasileiros, apesar do show ser realizado em um dia de semana, a casa apresentava um grande número de fãs, que ovacionavam sem parar o nome da banda. O grupo capitaneado por Timo Kotipelto fez um show que agradou aos fãs de todas as fases da banda, era a chance também de conhecer o guitarrista que substituiu Timo Tolkki que deixou a banda. O seu nome é Matias Kupiainen e o mesmo não decepcionou aos fãs, tocando com maestria as músicas. Claramente falta o carisma de Tolkki, mas com o tempo certo o jovem guitarrista terá seu espaço firmado. O show foi iniciado as 21:40 hs com “Destiny”, seguida de “Hunting High and Low”, foi o suficiente para o Citibank Hall vir abaixo e os fãs cantarem a cada refrão. O show prosseguiu com “Speed of Light” e “The Kiss of Judas”, a banda sempre muito simpática e performática agitava o público que não parava sequer um minuto. Músicas do novo trabalho da banda, “Polaris”, foram tocadas e agradaram aos fãs novos e de longa data do grupo finlandês, destaque para “Forever is Today” e “Higher We Go”. Como em todo show do Stratovarius, há sempre um momento em que os músicos podem demonstrar um pouco da técnica que tem, e esse momento foi protagonizado pelo baixista Lauri Porra e o guitarrista Matias Kupiainen que arrancou muitos aplausos da plateia. O solo de Lauri foi mais além e o mesmo fez trocadilhos com seu sobrenome enquanto solava seu baixo com extrema técnica e precisão. Se de um lado temos o carismático Lauri Porra e o técnico guitarrista Matias Kupiainen, do outro temos Timo Kotipleto um autêntico frontman que se movimenta de um lado a outro do palco e cativa ao público por sua simplicidade e carisma, o vocalista chegou a pegar duas máquinas fotográficas de fãs que estavam do lado direito da platéia para fazer fotos. Para encerrar o show, após a execução das belíssimas “Paradise, Eagleheart” e “Twilight Symphony”, a banda retorna com “Forever” na qual o vocalista dedica a sua avó que faleceu a poucos dias seguida de “Father Time” e a matadora “Black Diamond”. Sem dúvidas um show primoroso e que merece ressalva como um dos melhores deste ano, pelo menos na opinião dos fervorosos seguidores da banda. Texto e foto: Flávio Santiago
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The exploited/busscops agrotoxico Inferno Club 14/11/09 São Paulo /SP (Bra) Dia quente em São Paulo e um bom público na porta do Inferno Club, nada que não se visse em qualquer outro dia de agitação na Rua Augusta de São Paulo, exceto pelo fato de ser a apresentação de um dos ícones do punk mundial os escoceses do The Exploited. O clima era de muita expectativa e ansiedade, afinal não era sempre que uma banda como o Exploited se apresentava em solo brasileiro. A abertura ficou por conta das bandas Busscops e Agrotóxico que realizaram bons shows e serviram para esquentar mais ainda o afoito público que lotava o Inferno. Por volta das 23:30 hs e já com um considerável atraso é a vez dos> escoceses subirem ao palco e aos gritos dos fãs surgirem os primeiros acordes de Start a War, foi o suficiente para o Inferno vir abaixo, Wattie Buchan com seu moicano
vermelho tipico puxava o público ao caos com suas letras com temáticas politizadas e com críticas a sociedade, a banda já existe há quase 30 anos mas ainda possui o mesmo vigor do início de carreira e nem o quente Inferno Club atrapalhou a performance da banda. Uma sequência de suas melhores músicas, muito bem executadas fizeram cada um dos presentes cantar, gritar, suar, bater, apanhar, morrer. Um repertório de clássicos: “Fightback”, “Massacre of Innocents”, “U.K.82”, “Alternative” , The Massacre”, “Fuck the System” e “Porno Slut” também fizeram parte do set list. E para o bis, “Punx Not Dead” e “Was it Me” para satisfazer cada Punk presente naquele lugar. Há bandas que fazem parte da história da música e o Exploited pode se colocar neste seleto grupo , passando mensagens contra o preconceito e contra a política e ao mesmo tempo que passa essas mensagens descarrega uma carga de energia violenta em suas músicas, fazendo com que marquem os fãs tanto pela mensagem, quanto pela intensidade. Show primoroso e dificilmente comparável ao de bandas da atualidade. Flávio Santiago Foto: Daniel Salsicha
RX Bandits
The Exploited
Rx bandits/sapo banjo esquesitossomos Jennifer lo fi Hangar 110 24/10/09 São Paulo /SP (Bra) Em sua primeira passagem pelo Brasil os americanos do RX Bandits vêm ao país para a divulgação do álbum “Mandala”, havia uma grande expectativa no show da banda que é sempre elogiado por sua versatilidade e passeio de estilos que passam pelo Reggae, Jazz e Hardcore, para a abertura dos shows em São Paulo foram chamadas as bandas Jennifer Lo fi, Esquesitossomos e Sapo Banjo, a primeira banda a se apresentar foi a Jennifer Lo Fi, mostrando uma sonoridade calcada no experimentalismo e efeitos soando como um At The Drive In, mais experimental, o som prejudicou um pouco a apresentação da banda que parece não ter agradado aos fãs que ainda chegavam ao Hangar 110. Em seguida foi a vez do Esquesitossomos, banda de skacore que já possui algum tempo de estrada e realizaram um show mais propício para a ocasião do show, com sonoridade influenciada por Voodoo Glow Skulls, a banda fez um show rápido e direto agradando ao público presente que já estava em maior
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número na casa. Após o Esquesitossomos chega a vez do Sapo Banjo tentar incendiar o Hangar 110 para os anfitriões da noite, e o grupo não decepciona e consegue trazer o público que só assistia aos show para próximo ao palco, com músicas como “Larga mão de treta”, “Cassino” e “Sapo Rastaman”, show eficiente e que agradou a maioria dos que estavam presentes. Após rápida troca de palco, chega a vez do RX Bandits mostrar ao público brasileiro para que veio e não decepcionaram, abriram o show com “In Her Drawer”, agitando de vez o Hangar 110, a banda sempre muito entrosada abusa da versatilidade e improviso, fazendo com
que o show pareça uma grande jam ao vivo, músicas como “Bring Our Children Home” e “Never Slept So Soundly” e “Apparition” são provas incontestáveis da espontaniedade e versatilidade do RX Bandits, os fãs pareciam hipnotizados pelas linha de baixo de Joseph Troy e as guitarras de Matthew Embree e Steve Choi. A banda fez um show rápido mas intenso o suficiente para empolgar e surpreender aos fãs presentes, na volta para o bis a banda toca a excelente “Overcome” e “Only for the Night” numa versão extendida e cheia de improvisos que encerra a noite e o excelente show do Rx Bandits que poderia ter sido maior. Texto e Foto: Flávio Santiago
Killswitch Engage
killswitch Engage Espaço Lux 01/11/09 São Bernardo do Campo /SP (Bra) A tão aguardada apresentação do Killswitch Engage em São Paulo, um dos grandes nomes do Metal/Hardcore atual, estava previamente agendada para o dia 3 de Outubro. Porém, um repentino adoecimento do vocalista Howard Jones fez com que o público sul-americano esperasse um pouco mais para receber a banda em seu continente. Após ter o aval médico, a Liberation Music Company divulgou as novas datas do Killswitch Engage no Brasil: dia 31 de Outubro em Curitiba e dia 1º de Novembro em São Bernardo do Campo, no Espaço Lux. Além dos shows em terras brasileiras, a banda completaria sua rota passando também por Argentina, Chile, Equador e Colômbia. O Espaço Lux se mostrou novamente o local adequado para um show do porte do Killswitch Engage. Apesar da enorme fila e do excelente público que se via do lado de fora, a casa abrigou todos de maneira confortável. Fila essa que me impediu de ver a única banda escalada para a abertura do evento, os campineiros do Cardiac. Pude apenas conferir o último som dos caras, que lançaram recentemente seu debut álbum auto-intitulado. Após o acerto de som por parte dos roadies da banda, surgem os acordes suaves de “My Last Serenade” e um a um, os integrantes do Killswitch Engage adentram ao palco do Lux para dar início a destruição. A galera de cara já da a demonstração do que seria aquele show. Podemos dizer que a banda foi totalmente correspondida ao longo de sua apresentação, com o público cantando em coro absoluto todas as músicas. E “My Last Serenade” era só o começo. As faixas
seguintes, “Reckoning”, presente no álbum que leva o mesmo nome da banda, seu mais recente lançamento, e a clássica “Fixation On The Darkness” inflamaram ainda mais os fãs. Estranhamente, não foram vistos grandes mosh pits. O que se via era um público querendo se aproximar ao máximo da banda e cantar do início ao fim todas as faixas. E isso eles conseguiram, deixando surpresos os próprios membros do Killswitch Engage, que certamente não esperavam por uma recepção tão calorosa. Eis que em cima do palco surge uma bandeira brasileira com o símbolo da banda, devidamente levantada pelo guitarrista Joel Stroetzel e Howard Jones rege a platéia, como se fosse um maestro, em “Starting Over”. O show segue com “This Is Absolution”, onde os backing vocals de Adam D. ficam evidentes. O cara é uma figura, um show a parte. Não só rouba a cena entre seus urros guturais e vocais limpos nas participações vocais, como faz poses, caretas e interage com os fãs o tempo todo. Brincalhão, pulava em uma perna só durante todo o show. Fato que só foi esclarecido depois, já que ele havia quebrado um dedo do pé um dia antes do show. Mas entre as tantas palhaçadas do guitarrista, aquela parecia ser apenas mais uma. Do álbum “The End Of Heartache” vem os próximos dois sons: “Take This Oath” e “Rose Of Sharyn”. Porém, antes de inicarem “Rose Of Sharyn”, Howard pede para que o público se divida em dois e deixe um grande corredor ao centro. Todos prontamente atendem formando a maior Wall Of Death que já vi ao vivo. O entrosamento dos caras é notório, mas a banda já foi criticada por suas performances no palco. Kerry King, do Slayer, disse que o guitarrista Adam Dutkiewicz só fala besteira e Max Cavalera considerou as brincadeiras da banda gays e ridículas. Particularmente, achei a banda bem energética e bem humorada ao vivo, quebrando aquele paradigma de que banda de Metal tem que fazer pose de mau em cima do palco. E
é sempre bom ver bandas se divertindo ao tocar para um público tão animado. “Light In A Darkened World” põe um pouco de melodia no ar, seguida de “A Bid Farewell” e “Arms Of Sorrow”, do álbum “As Daylight Dies”, todas cantadas em uma só voz pelo Espaço Lux. Nas declarações de Howard e Adam, muitos agradecimentos ao público, interação e pedidos de desculpas pelas datas que tiveram que ser adiadas. O baterista Justin Foley e o baixista Mike D’Antonio davam o peso e o suporte necessário para as guitarras de Joel e Adam, que chegou a chamar a cidade de ‘Show’ Paulo. Caminhando para a reta final do show pudemos ouvir “This Fire Burns”, “Life To Lifeless” (do álbum “Alive Or Just Breathing”, quando o vocal ainda era Jesse Leach) e “My Curse”. Howard não poupava suas cordas vocais e despejava sua voz, ora brutal, ora calma, em seus fãs. A única ressalva a ser feita era o microfone do vocalista que soou baixo em parte do show. Um dos momentos mais belos aconteceu na faixa “The End Of Heartache”. Ficou claro que todos estavam impressionados com o público brasileiro. Dava para perceber no sorriso de satisfação de cada membro. A voz que vinha da platéia encobria o vocal de Howard, que apenas abria os braços, se rendendo e deixando a galera levar o som. A banda se despede e o coro de “Holy Diver” é entoado. Todos voltam ao palco e a pergunta de Adam D. é apenas para confirmar qual o som que encerraria aquela bela apresentação: “Do you want us to play ‘Holy Diver’?”. O cover de Dio empolgou os presentes e finalizou um grande show de uma grande banda. Muitos agradecimentos e aplausos ao fim do espetáculo e a promessa de uma volta no futuro. O público brasileiro adorou presenciar o espetáculo que o Kilswitch Engage proporcionou e a recíproca nunca foi tão verdadeira. André Henrique Franco foto: Michele Mamede
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Moonspell
moonspell/tiamat Carioca Clube 17/11/09 São Paulo /SP (Bra) Em plena terça-feira, São Paulo, mais especificamente o Carioca Clube, foi o palco para a última data da turnê sulamericana das bandas Tiamat e Moonspell. Um encontro que provavelmente poucos fãs esperavam presenciar, principalmente em terras brasileiras. Os fãs compareceram em bom número e demonstraram mais uma vez que a paixão pela música é mais forte que qualquer dificuldade que possa surgir seja referente a data do show como a valores de ingressos. Sem bandas nacionais de abertura, a primeira atração da noite foram os suecos do Tiamat, liderado pelo vocalista e guitarrista Johan Edlund. Essa foi a primeira vez que o grupo se apresentou no Brasil e vieram para a divulgação de seu novo álbum “Amanethes”. A expectativa para o show era grande por boa parte do público e as 21h30 a banda adentra ao palco com “Will They Come?”, uma das faixas do mais recente álbum. Logo em seguida o grupo apresenta uma das músicas mais importantes do Tiamat:
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hornsup #10
“Whatever That Hurts”, do “Wildhoney”, álbum que foi marco de vendas na carreira da banda e um dos grandes clássicos do estilo. “Children of the Underworld, “Cain”, “Vote for Love”, “Do You Dream of Me?”, “Cold Seed”, “Until the Hellhounds Sleep Again”, “Brigther Than the Sun” e “The Sleeping Beauty” fizeram parte do repertório do show que durou cerca de uma hora. O show contou com a participação de Fernando Ribeiro do Moonspell em “The Sleeping Beauty”, para dividir os vocais. Logo em seguida, todos os outros integrantes da banda portuguesa também apareceram no palco para dar sua contribuição. Após a bagunça, o Tiamat ainda apresentou “Gaia”, que encerrou o show. Após um intervalo para arrumações no palco, os portugueses do Moonspell assumem seus postos enquanto ao fundo do palco uma projeção mostra cenas com dunas, explosões e as frases da introdução de “At Tragic Heights”, música de abertura do mais recente álbum, “Night Eternal”. Nos últimos dois álbuns, o Moonspell resgatou um peso similar ao que tinha nos primórdios da banda, antes mesmo do “Wolfheart”. Tocando pela terceira vez no Brasil, a banda foi ovacionada a todo instante pelo público que mostrou que aquela noite era mesmo dos portugueses. Como era de
se esperar, o repertório do show deixou de fora músicas dos álbuns “Sin / Pecado” e do experimental “Butterfly Effect”. Fizeram parte do show “Night Eternal”, “The Southern Deathstyle”, “Wolfshade”, “Opium”, “Blood Tells” e “Scorpion Flower”. Durante a execução dessa música a projeção ao fundo do palco mostrava cenas do videoclipe “trazendo” a vocalista Anneke van Giesbergen para participar do show. Fernando Ribeiro chamou ao palco uma convidada especial, Camila Raven, vocalista da banda Ravenland. Juntos cantaram “Luna”, faixa do álbum “Memorial”. Ainda foram tocadas “Vampiria” e “Mephisto” antes da banda sair do palco. Para o bis o público já gritava “Alma Mater” e foi com essa música que o grupo voltou ao palco, chamando também Dewindson Wolfheart, também vocalista do Ravenland. Ainda tocaram “Everything Invaded” e “Ruin & Misery”. Fernando Ribeiro estava bem mais simpático do que na última visita ao país e conversou bastante com o público. Antes de terminar agradeceu aos colegas do Tiamat, que voltaram ao palco com cestas cheias de bombons que foram devidamente jogados para a platéia. Após duas horas no palco o Moonspell se despediu do Brasil com “Full Moon Madness”. Flávio Santiago / Eduardo Guimarães foto: Flávio Santiago
Faith No More
Maquinaria Chácara do Jockey 07/11/09 São Paulo /SP (Bra) 7 de Novembro de 2009. Chega o dia que uma geração inteira esperava. O dia em que veríamos Mike Patton no palco novamente. Desde que o Faith no More anunciou sua volta, já se sabia que passariam por aqui. “Mr. 1000 voices” sabe que deixou vários “órfãos” em terras tupiniquins. Logo nas primeiras horas do sábado, algumas nuvens já indicavam o prelúdio do que aconteceria durante a noite. Mas chega de enrolação e vamos ao que importa. Aliás. Mais um pouco de blá blá blá. Não iria entrar no assunto, afinal, já rendeu o que poderia ter rendido. Mas, na boa. Imbecilidade brutal fazer dois festivais no mesmo dia, hein? Puta merda, é o fim da picada. Puta descaso com o público. Não que esses produtores de show desse Brasil que lhes pariu estejam preocupados conosco. Mas pelo menos, se fizessem separado sairiam ganhando mais grana, não? Chegamos na Chácara do Jockey e, de cara, me espantei com a organização da pista Premium. Foi a primeira vez que fui nessa situação em um show. Confesso ser totalmente contra a prática, mas dessa vez, resolvi arriscar pagar mais pra ter um pouco mais de conforto. Afinal, pai de família e com vários fios brancos teimando em aparecer, deixando meu cabelo alvinegro (vai Corinthians!), me senti no direito. E valeu muito a pena. Um lounge bacana, com restaurantes exclusivos, lojas e até algumas redes pra dar uma descansada. A pista era realmente VIP. Praticamente colados no palco vimos a equipe do Sepultura começar a montagem (infelizmente não cheguei a tempo de ver o Nação Zumbi). Andreas e cia. Fizeram aquele show de sempre, né? Não quero começar uma discussão aqui, mas o Sepultura já não é mais aquela banda do “Chaos A.D.” faz tempo. Não tinha como ser, é bem verdade. Indiscutível a qualidade de todos os músicos. O Jean destrói a bateria. Mas o vocal do Derrick não me convence, não tem jeito. Foi aquilo. Rolou “Arise”, “Innerself”, “Roots”,
algumas novas. Show do Sepultura, pra mim, não apresenta mais novidades. Algumas cervejas e voltei pra pista pra ver o Deftones. Caralho, o que foi aquilo? A atmosfera que os caras criam ao vivo e fantástica. Deftones é aquela banda que não importa muito se o som está bom, sabe? Todas as vezes que tocaram por aqui, eles arregaçaram. Dessa vez não foi diferente. Os californianos sobem no palco e simplesmente vomitam sentimento na galera. É algo impressionante. Abriram com “Rocket Skates” do novo álbum, “Eros” e, daí em diante foi uma hora de total entrega ao público. O baixista Sergio Vegas, do finado Quicksand, se mostrou um substituto a altura do Chi Cheng, que, há um ano, se encontra em coma devido a um acidente de carro. Stephen dita as bases com uma desenvoltura sobre-humana e Abe é um baterista fenomenal. Chino Moreno é um caso a parte. O cara ama o que faz, acredita no que escreve, e realmente quer passar isso pra quem está ali embaixo, assistindo. Em “Hexagram”, Chino foi pra galera tirar o que restava de energia. Enfim, só o Deftones já teria valido o ingresso. Depois do Deftones veio o Janes Addiction. O som tava bem melhor do que no Deftones. Mas o show não. Se por um lado o Deftones é pura adrenalina, a turma de Farrel é o oposto absoluto. Tudo muito redondo, tudo muito mastigado. Tudo muito produzido. Gosto do Janes Addiction, mas acho que ao vivo eles tem que dar uma desencanada. Quando a coisa é muito perfeitinha, fica meio sacal. Mas foi um show interessante. Perry Farrel é uma figura. O cara estava vestindo algo que parecia um macacão de malabarista, mostrando a insustentável magreza de seu ser. Dave Navarro manda bem ao vivo, mas com aquela cara de “acaba logo que eu quero ir pra casa”. Não tem uma improvisada. No final, rolou uma batucada, com direito a passistas dançando no palco. Até a batucada estava bem ensaiadinha. Boring. Nessa hora, a chuva que parecia ter esquecido de mim, resolveu cair. Forte, chata e bem molhada. Uma atrasada básica pra cobrir os instrumentos e dar uma secada no palco. De repente, os primeiros acordes de “Reunited”, do Peaches & Herb. Mike Patton entrando de guarda chuva e bengala causou uma síncope coletiva. Puta som Classe A
eles escolheram pra abrir os shows dessa tour. “From Out of Nowhere” vem logo depois. Aí os caras já tinham o público nas mãos. Se eles sentassem e ficassem dando tchauzinho durante duas horas, todo mundo sairia feliz. O que se viu daí pra frente foi realmente um espetáculo. Ver esses caras no palco, depois de tantos anos foi muito emocionante. A vibe era tanta que dava pra ver a chuva evaporando antes de encostar na galera. Fica meio chover no molhado(?) falar dos caras no palco. Bill Gould é foda. Roddy Bottum é foda. Joe Hudson é foda. Mike Bordin simplesmente me fez querer ser baterista. O que falar deles? Mike Patton é uma das cabeças mais inteligentes que já apareceram no Rock. Sem sombra de dúvidas. Gênio é a palavra que mais se encaixa em sua descrição. Pra ser um quinto do frontman que ele é, nego tem que se esforçar MUITO. Carisma de sobra, falando em português sempre que possível. “Sacanagem, São Paulo!”, “Porra, caralho!”. Cantar “Evidence” na nossa língua. Foi surreal. “Easy”, (me desculpem os puristas, mas pra mim essa musica já e deles. O Commodores deveria ceder os direitos) foi perfeita. “Midlife Crisis”, “Ashes to Ashes”, “Be Aggressive”, “Epic”… Não tem muito o que escrever do FNM. Primeiro encore “Stripsearch” e “We Care a Lot”. Segundo encore, “This Guy is in Love With You”, de Burt Bacharach, e “Digging The Grave”. Este cidadão, que já estava com um sorriso de dar inveja ao Coringa do Jack Nicholson, quase teve um ataque cardíaco. Não por tocarem uma das músicas mais perfeitas já escritas na história, mas por saber que a noite estava acabando. Pouco menos de duas horas que se passaram em alguns minutos. Ainda tinha aquela esperança do baixo estalar para “Falling to Pieces”, mas parabéns aos cariocas pela exclusividade. Enfim. Alma lavada, literalmente. Presenciar tudo isso, mais o fato de rever velhos amigos e de estar com meus camaradas, fez dessa chuvosa noite de Novembro um dos melhores dias da minha humilde vida. Quem não viu, me desculpe, perdeu um fato histórico. Quem estava lá, nunca mais vai esquecer. Agora é esperar uns meses pro Metallica tentar superar. Vai dar um trampo hein Mr. Hetfield? Paulo Fioratti Foto: Charline Messa
hornsup #10
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ao vivo
dragonforce Carioca Clube 08/11/09 São Paulo /SP (Bra)
Dragonforce
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hornsup #10
Queimei minha língua de novo. Isso aconteceu menos vezes do que a quantidade de dedos da mão esquerda do Lula. Mas numa destas raras vezes, aconteceu de novo. Não tinha expectativa alguma para ver o Dragonforce. Quando ouvi os primeiros discos, tinha achado uma banda de Power Metal muito boa, uma revelação, bem clichê, mas muito talentosa. Mas achei seu som esquisito e o último disco, “Ultra Beatdown”, um saco. Não consegui ouví-lo inteiro. Músicas muito rápidas, guitarras e batidas na velocidade da luz, deixando Yngwie Mamlsteen e todos os blast beats do Black Metal parecendo tartarugas. “Ultra Beatdown” beira o inescutável, e para complementar, possui muitas batidas eletrônicas e industriais. As músicas deste disco parecem trilha sonora de videogame, e deve ter sido essa a intenção, já que, a banda é uma das participantes do game Guitar Hero. A primeira impressão que tive na primeira música do show, era essa, pois abriram com a faixa de abertura do disco novo. Até dava impressão de playback na parte instrumental, pois é muito rápido e ainda os caras fazendo acrobacias no palco. Vi várias pessoas perguntando “eles estão tocando mesmo?”. Mas depois, as coisas foram se formando e voltando ao normal e o que assistimos, foi um verdadeiro espetáculo. Sim! Apesar de não ter firulas em termos de iluminação e efeitos pirotécnicos, e a casa ser
modesta, ainda que com estrutura e boa para se assistir em todos os seus locais, a apresentação da banda foi um espetáculo. Apesar do palco pequeno, havia uma intensa movimentação de palco. Zp Theart (vocal) com seu visual quase “Piratas do Caribe”, canta muito, tem carisma e promoveu um banho de água na platéia, começando com garrafinhas, e culminando com verdadeiros baldes de água, num público que chegou molhado ao show (choveu muito, até a hora do show). Herman Li (guitarra), que é a estrela, mas não o único cara bom da banda, toca muito. Faz muitas caras e bocas, as vezes canta trechos das músicas, as vezes com a boca aberta fortuitamente, como Eddie Van Halen fazia, as vezes, fazia movimentos com a boca de forma desconexa à música. Sam Totman (outra guitarra) também toca muito e agita ainda mais, pula sem parar, faz brincadeiras e caretas, encaixando com a proposta da banda. Vadim Pruzhanov (teclados), tem uma performance exagerada, com visual e roupas distintas do resto da banda. Enquanto todos tem um visual Heavy Metal comum, ele já parece um surfista, parecendo um integrante de alguma banda engraçadinha dos anos 90, como Ugly Kid Joe, Scatterbrain ou outra. Dave Mackintosh (batera) desce a mão em seu kit, com muita pegada e terminando, o francês Frédéric Leclercq (baixo), é o novato da banda e só arregala os olhos, sem nenhuma performance exagerada. Era nítida a diferença das músicas mais antigas, mais Power Metal tradicional, com uma performance mais clássica, das novas, mais rápidas e com o grupo parecendo fazer um circo o palco. Eu cansei só de ver! Texto e Foto: Flávio Santiago
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