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nÂş9 - Outubro/Novembro 09
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Tempestade canadense
EXTRA!!!
entrevistas:
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2 video clipes The AGONIST JOB FOR A COWBOY ^
sorteio de premios Bilhetes para o fear factory...
job for a cowboy
Burnt by the sun winds of plague mindflow cardiac desalmado ho-chi-minh u-ganga blood so pure ~
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ao vivo: GAS festivalc walls of jericho (sao paulo e campinas) c god dethroned
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índice Editorial Ganhe! ´ Noticias ~ PT saudacoes ´ Old school agenda sangue novo REC Artwork top 5 metalsplash
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The agonist job for a Cowboy burnt by the sun winds of plague Mindflow cardiac desalmado ho-chi-minh U-ganga blood so pure
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Resenhas Ao vivo
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Editorial Edit torial Money for nothing Nº9 • Outubro/Novembro 2009
Editor-chefe Matheus Moura
Colaboradores nesta edição André Henrique Franco, André Pires, Andréa Ariani, Gláucio Oliveira, Guilherme P. Santos, Hélio Azem, Igor Lemos, Italo Lemos, João Henrique, Julio Schwan, Luigi “Lula” Paolo, Paulo Vitor, PT
Fotos Bruno Massao, Georgios Sousa, Hristo Shindov, Mari Fasson, Maurício Santana, Michele Mamede, Scott Kinkade, Vitor Nomoto
Design, Paginação, Webdesign Matheus Moura
Revisão
É estranho o número de pessoas que não tem a mínima noção de como são as coisas. Falo com pessoas que pensam que “trabalho” na revista. Que fazemos dinheiro com os anúncios, que as matérias são “pagas” e que estamos num escritório conversando com as bandas por telefone e dando risada. Essas mesmas pessoas tendem a pensar que a maioria das bandas fazem turnê em ônibus, dormem em camas e recebem refeições decentes. Sinceramente, não sei de onde tiram isso, mas a realidade não passa nem perto desse cenário. Nós, assim como as bandas do underground (inclusive várias gringas bem conhecidas) fazemos isso simplesmente por gosto. Há ambição de se tornar profissional (no sentido monetário da coisa), porém, no fim do dia, percebe-se que não é o dinheiro que nos move, é o prazer. O prazer de ser independente, de ser verdadeiro consigo próprio, de fazer o que é seu, como bem entender. A gente é pobre mas se diverte!
Igor Lemos Matheus Moura
Publicidade/Contato huinfo@hornsup.net
Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net e saiba com se inscrever. Sorteio: 30 de Novembro de 2009
Website www.hornsup.net
Myspace www.myspace.com/hornsupmag
Gan Ganhe! nhe!
Envio de material Portugal/Europa HORNSUP Att: Matheus Moura Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal
A HORNSUP nº 9 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:
Brasil Paulo Vitor Macêdo Rua Joaquim Gois, nº 88, Edifício Mansão Drummond, Apartamento 102 - 13 de Julho Aracaju/SE - Brasil CEP: 49020-130
Um (1) Kit Desalmado com EP “Hereditas” + camiseta + adesivo www.myspace.com/desalmado
Igor Lins Lemos Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603 Torre - Recife/PE - Brasil CEP: 50710-140
HORNSUP Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal
Procura-se Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de nossa equipe, envie um e-mail para huinfo@hornsup.net e mostre do que é capaz!
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A TGR PROD oferece cinco (5) bilhetes para ver o Fear Factory em São Bernardo do Campo/SP (Brasil) no dia 4 de Dezembro www.tgrprod.com.br
Um (1) CD “Cardiac” da banda Cardiac www.myspace.com/cardiacrock
Vencedores das promoções HORNSUP #8 - Sharks at Abyss: Renato Marques da Costa (Aparecida de Goiânia/GO) / Mindflow: Mônica Ciconello (Sorocaba/SP) / Distraught: Marcelo Luiz Santos Da Silva (Nova Iguaçu/RJ)
not notícias tíc cias
por André Henrique Franco
MAQUINARIA FESTIVAL 2009 Engrenagens preparadas
Old School de Internet Um amigo da velha guarda cunhou o termo e um outro, também das antigas, rolou de rir quando ouviu. Senti que havia naquela expressão - Old School de Internet - um personagem clássico e muito presente naquilo que convencionamos chamar de cena. Pateticamente clássico. Pateticamente presente. Será realizada na Chácara do Jockey, em São Paulo, a segunda edição do Maquinaria Festival, que acontece nos dias 7 e 8 de Novembro. No primeiro dia do evento, Nação Zumbi e Sepultura estão encarregados de abrir o festival, cujas principais atrações serão Deftones, Jane’s Addiction e Faith No More. Já o segundo dia do festival terá o Duff Mckagan’s Loaded e o Evanescence como figuras principais. Além disso, outras bandas tocarão num segundo palco. Ingressos à venda em www.ingressorapido.com.br.
POISON THE WELL Poison the thief Após sua primeira noite de tour ao lado do Billy Talent, o Poison The Well teve sua van, juntamente com o trailer com todos os seus equipamentos, roubados em Detroit. A banda acordou de manhã, saiu do hotel aonde dormiram, porém, não encontraram a van, que havia sido roubada durante a noite. O Poison The Well já conseguiu novos instrumentos e alugaram uma nova van para continuarem com a turnê.
ATREYU Condenados Sai em 27 de Outubro o novo álbum do Atreyu, intitulado “Congregation Of The Damned”. No Myspace da banda, já é possível ouvir a duas faixas do registro: “Stop! Before It’s Too Late And We’ve Destroyed It All” e “Storm To Pass”. A banda também tem postado em seu site oficial webisodes sobre o processo de composição de “Congregation Of The Damned”. O disco tem produção de Bob Marlette (Ozzy Osbourne, Ill Niño) e mixagem de Rich Costey (System Of A Down, Rage Against The Machine).
THE RED CHORD O acorde vermelho e a máquina de dentes ”Fed Through The Teeth Machine” é como se chamará o quarto album de estudio do The Red Chord. O registro sairá pela Metal Blade Records dia 27 de Outubro nos Estados Unidos. O full length foi gravado no Jonny Fay Backyard Studios e mixado e masterizado por Chris “Zeuss” Harris (Hatebreed, Shadows Fall).
DRAGONFORCE Dragão de três cabeças Os ingleses do Dragonforce passarão pelo Brasil no início do mês de Novembro para uma série de três shows. As apresentações serão em Porto Alegre, na Casa do Gaúcho; em Curitiba, no Opera 1 e em São Paulo, no Carioca Clube. A banda ainda passa por Chile, Argentina, Colômbia e México para divulgar seu mais recente trabalho, o álbum “Ultra Beatdown”, de 2008. Maiores detalhes sobre ingressos podem ser conferidos através do seguinte link: http://www.ticketbrasil.com.br.
AUSTRIAN DEATH MACHINE Duas vezes mais brutal O Austrian Death Machine, projeto do vocalista do As I Lay Dying, Tim Lambesis, juntamente com o vocalista Ahhnold, está de volta para lançar o álbum duplo, “Double Brutal”. A banda continua baseando suas composições nos filmes estrelados pelo ator e governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. O álbum, além das faixas originais, terá covers de bandas como Metallica, Misfits, Megadeth e Judas Priest. A data de lançamento é 29 de Setembro pela Metal Blade Records.
DIMMU BORGIR Time desfalcado A banda norueguesa de Black Metal, Dimmu Borgir, anunciou oficialmente a saída de ICS Vortex e Mustis, respectivamente baixista e tecladista da banda. Aparentemente ambos foram demitidos da banda ou não tiveram outra escolha senão deixar o grupo após anos de desentendimentos. O Dimmu Borgir está atu-almente trabalhando no seu novo álbum. Não foram anunciados substitutos até o momento.
Adema De volta ao trabalho Os membros originais do Adema, Marky Chavez (vocal), David Deroo (baixo), Tim Fluckey (guitarra), Mike Ransom (guitarra) e Kris Kohls (bateria) se reuniram para o lançamento do primeiro DVD da banda, que deve sair ainda esse ano, assim como um álbum de B-sides e raridades. Além disso, anunciaram que pretendem começar a escrever um novo full-length e voltar às turnês em 2010.
Resolvi, então, dissecar a personagem. Quem é essa caricatura? Que apito toca o Old School de Internet? Senão, vejamos... Para ser old school é preciso, antes de mais nada, ser old. Dãããããã. Pois bem. O Old School de Internet se torna OSI quando ainda não é old. Como um bom uísque, fica mais amargo e mais prepotente conforme envelhece. Só que há um detalhe importante: para que a pose toda funcione, até os 30 anos de idade, a plateia precisa ser mais nova que ele. Se ele tem 21 anos, as ovelhas de seu rebanho têm 15; se ele tem 25, fala para os alunos de 20, e por aí vai. Depois dos 30, aí, meu amigo, aí já não há mais quem segure o tom professoral e pedante desta figura, sem importar a idade das vítimas. O Old School de Internet tem como requisito básico, como o nome indica, ser nerd. É com este talento tecnológico que ele consegue substituir a presença física na História por muita informação. Google? Ah, para com isso, vai! O OSI tem ferramentas de pesquisa muito mais avançadas. Extermina dúvidas, encontra datas e vasculha vídeos incríveis muito mais rápido do que qualquer batida grind que você possa imaginar. (Você tem dúvida que esta enciclopédia ame grind?) O Old School de Internet não foi ao Começo do Fim do Mundo, mas já ouviu falar TUDO a respeito. O Old School de Internet sabe, de cabeça, o tracklist de qualquer disco do Black Flag. É capaz até de já ter escutado (e por que não comprado?) um vinil de Spoken Word do Henry Rollins. O Old School de Internet a-b-o-m-i-n-a NYHC. Acha um bando de machões peludos, donos de um street cred fake e de convivência altamente dispensável. Não só no meio, mas com o resto da humanidade em geral O Old School de Internet adora hardcore europeu e melódico americano. Foi flagrado - já em idade adulta - pela mãe em processo masturbatório enquanto ouvia um vinil do Circle Jerks. (Ia finalizar o 5X1 com Heresy... ) O Old School de Internet curte muito Ratos de Porão. Curte agora. De 2000 para trás, há dúvidas. O Old School de Internet é overeducated e overpoliticized. Nada contra. A não ser o prefixo over. O Old School de Internet, como você já percebeu a esta altura, tem muito vinil em casa e usa muitas expressões em inglês. Algo a acrescentar a esta lista, meus queridos? pt saudações hornsup #9
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Tesouros do
not notícias tíc cias P.O.D. De volta ao Brasil
Superman www.youtube.com/watch?v=eU3lX5Vj_G0 Segundo a produtora Casa da Música, que trouxe o P.O.D. pela primeira vez ao Brasil em 2008, a banda se prepara para mais uma turnê sulamericana em Março de 2010. O show no dia 25 de Março em São Paulo já está acertado, entretanto, as datas para Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Recife estão em negociações.
ANTHRAX Sem vocalista e sem álbum Quer tocar? Aprende! www.youtube.com/watch?v=2MI-_jWAmlE
Sisters Of A Down www.youtube.com/watch?v=WMKmQmkJ9gg
O Anthrax partiu seus laços com o vocalista Dan Nelson em Julho, devido ao que foi descrito como “diferenças pessoais”. Com isso, o Anthrax teve que cancelar 10 shows europeus e também uma tour pelos Estados Unidos com o Slipknot, que seria realizada em Agosto e Setembro. Após a saída de Dan, John Bush (vocalista do Anthrax entre 1992 e 2005) retornou para fazer o festival Sonisphere, na Inglaterra, no que o guitarrista Scott Ian descreveu como “provavelmente o melhor show que já foi feito na história da banda”. John Bush também está confirmado para o show do dia 17 de Outubro, no Loud Park Festival, em Tóquio, Japão, porém, ainda não se sabe se o seu retorno à banda é oficial. O novo álbum do Anthrax, “Worship Music”, que estava previsto para sair na Europa em 23 de Outubro pela Nuclear Blast, terá sua data de lançamento atrasada.
RAMMSTEIN Proibido para menores
Bichanos no moshpit www.youtube.com/watch?v=_LQSoMakoIU
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hornsup #9
Os alemães do Rammstein recentemente disponibilizaram na internet (no seguinte endereço: http://visit-x.net/rammstein/) o vídeo da música “Pussy”, primeiro single do novo álbum da banda, “Liebe Ist Für Alle Da”, que deve chegar às lojas em 16 de Outubro pela Vagrant Records na Alemanha e quatro dias depois nos Estados Unidos. O clipe é proibido para menores de 18 anos por conter nudez e cenas de sexo explícito. O responsável pela gravação foi o renomado diretor sueco Jonas Åkerlund, que já trabalhou com nomes como Metallica, Satyricon, Madonna e The Prodigy.
SCAR SYMMETRY Cicatrizes escuras A banda sueca Scar Symmetry irá lançar seu quarto full-length em 2 de Outubro pela Nuclear Blast Records. O disco se chamará “Dark Matter Dimensions” e será o primeiro com a dupla de vocalistas Roberth Karlsson e Lars Palmqvist, que substituem o antigo vocal Christian Älvestam, que deixou a banda em Setembro de 2008 devido a diferenças criativas e conflitos pessoais.
KORN Head está de volta? Polêmica envolvendo o Korn e seu exguitarrista Brian “Head” Welch, que deixou a banda em Janeiro de 2005 devido a questões religiosas e hoje segue carreira solo. Em recente entrevista, James “Munky” Shaffer, guitarrista do Korn, declarou que Head entrou em contato com a banda querendo voltar e que seu pedido havia sido recusado. Em resposta aos comentários de Munky, Head disse que ele é que tem fechado as portas, pois o Korn tem insistido em contatá-lo e, além disso, o ex-guitarrista garante que a banda tem dívidas com ele relativas a direitos autorais.
AGNOSTIC FRONT / MADBALL For My Family Agnostic Front e Madball estão juntos no que pode ser considerada a maior turnê do Hardcore NY já realizada na América do Sul. Serão seis shows no continente, através da Liberation Music Company. São Paulo receberá o único show da “For My Family Tour” em terras brasileiras e o local escolhido foi o Inferno Club. Confira abaixo a rota dos shows. Maiores informações no site da Liberation (www. liberationmc.com): 14 de Novembro – Bogotá, Colômbia 15 de Novembro – Lima, Peru 17 de Novembro – Rosário, Argentina 18 de Novembro – Buenos Aires, Argentina 20 de Novembro – Santiago, Chile 21 de Novembro – São Paulo, Brasil
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Abre aspas...
SLAYER
THE DILLINGER ESCAPE PLAN
O mundo pintado de sangue
Plano de fuga paralisado
“World Painted Blood”, o novo álbum do Slayer, terá 4 capas especiais para edição de colecionador. Cada uma das capas irá mostrar um quarto do mapa da Terra ilustrado com sangue e ossos humanos, que, quando juntas, formam a imagem do mapa mundi. “World Painted Blood” foi gravado em Los Angeles em dois períodos diferentes: em Outubro de 2008 e entre Janeiro e Março de 2009. O CD foi produzido por Greg Fidelman (Metallica, The Gossip, Slipknot) e teve produção-executiva de Rick Rubin. O registro está previsto para sair em 3 de Novembro pela American Recordings.
O The Dillinger Escape Plan se encontra em estúdio juntamente com o produtor Steve Evetts (Every Time I Die, Sepultura) em meio às gravações de seu novo registro, que deve sair no início de 2010 via Season Of Mist Records, em colaboração com o novo selo da banda, Party Smasher Inc. O disco recebeu o nome de “Option Paralysis”. A banda também está disponibilizando na internet webisodes do processo de produção do novo álbum. “Option Paralysis” será o sucessor de “Ire Works” lançado em 2007.
BARONESS
Rebelião nos vocais
Do vermelho ao azul
Nathan James Biggs (ex-The Hollow Earth Theory) é o novo vocalista do Sonic Syndicate. O jovem de 23 anos assume a posição deixada por Roland Johansson, que abandonou a banda. O novo line-up já se reuniu no Abyss Studios, na Suécia, para gravar dois novos sons, “Burn This City” e “Rebellion In Nightmare Land”. Ambas as faixas irão fazer parte de um EP que será lançado pela banda em 6 de Novembro, intitulado “Rebellion”. O artwork do EP ficará a cargo do brasileiro Gustavo Sazes.
O segundo full length do Baroness, “Blue Record”, será oficialmente lançado dia 13 de Outubro via Relapse Records. Esse disco será o follow up do aclamado “The Red Album”, de 2007, e foi gravado no Texas pelo produtor John Congleton. A banda já se mobilizou para gravar o primeiro clipe em suporte ao novo álbum. A faixa escolhida foi “A Horse Called Golgotha”, sendo que o diretor Joshua Green ficará responsável pelas filmagens.
SONIC SYNDICATE
“Nada une mais as
pessoas do que o ódio mútuo.” Henry Rollings
Old School O início dos anos 90 não foi nada bom para o Heavy Metal nos Estados Unidos. O declínio do reinado do Thrash Metal no final dos anos 80 e a invasão dos cabeludos de blusas xadrez de Seattle, tornaram raras as aparições de bandas realmente pesadas, sendo que até a mídia musical já não demonstrava nenhum interesse. Eis que no meio desse clima pouco favorável (e até mesmo hostil) surge “Vulgar Display of Power”, “segundo” álbum do Pantera. Sim, segundo, pois resolvi ignorar os 4 álbuns da (terrível) fase Glam da banda, e só considerar do “Cowboys From Hell” pra frente, ok? No auge do Grunge, com Nirvana, Pearl Jam e Alice In Chains dominando o cenário, “Vulgar Display Of Power” representa exatamente o que a ilustração da capa mostra. Uma porrada na cara! Era o álbum que todos os headbangers estavam à espera naquela altura. Esse álbum é um marco na história do Pantera, como também na história do próprio Heavy Metal. Neles estão contidos os maiores hinos da banda. Todas faixas transpiram a criatividade desses 4 músicos, que criaram aqui músicas tão únicas quanto inesquecíveis. Como não vibrar com o ritmo galopante de
“Mouth Of War” ou não tremer perante a muralha de riffs de Dimebag em “New Level”? “Walk” hipnotiza e escraviza os ouvintes, sendo impossível não repetir: “Re...spect… Walk!”. Em 1992, você imaginava que alguma música era mais agressiva que “Fucking Hostile”? A decadência intoxicante de “This Love” e a pedalada absurda de “Rise” também não serão esquecidas. A diversidade do vocalista Phil Anselmo brilha em “No Good (Attack The Radical)”. Dimebag se rasga em melodias em “Live in a Hole”, enquanto seu irmão mais velho, o baterista Vinnie Paul, se desdobra nas batidas tribais e no double bass de “Regular People (Conceit)”. “By Demons be Driven” tem um breakdown monstruoso e “Hollow” encerra o álbum com uma toada calma que depois se transforma em um autêntico pesadelo. Enfim, “Vulgar Display Of Power” é um registro fundamental e indispensável. Ponto. Curiosidades: sabia que o nome do álbum foi retirado do filme “O Exorcista” (1973) e que o cara que leva um murro na capa do álbum ganhou 10 dólares por cada porrada que levou até conseguirem a foto que você vê aí ao lado? Foram necessários 30 socos! Matheus Moura
Pantera “Vulgar Display of Power” (1992)
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age agenda enda
not notícias tíc cias ENTOMBED Enterrados em solo brasileiro
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Brasil: Outubro: 09 - Living Colour - Music Hall BH, Belo Horizonte/MG 14 - Onslaught - Manifesto Rock Bar, São Paulo/SP 15 - Living Colour - Via Funchal, São Paulo/SP 16 - Living Colour - Circo Voador, Rio de Janeiro/RJ 19 - Stratovarius - Opinião, Porto Alegre/RS 20 - Stratovarius - Citybank Hall, São Paulo/SP 24 - Kreator, Exodus - Siará Hall, Fortaleza/CE 26 - Kreator, Exodus - Opinião, Porto Alegre/RS 29 - Kreator, Exodus - Chevrolet Hall, Belo Horizonte/MG 31 - Kreator, Exodus - Via Funchal, São Paulo/SP Novembro: o3 - Faith No More - Pepsi on Stage, Porto Alegre/SP o5 - Faith No More - Citibank Hall, Rio de Janeiro/RJ 07 - Faith No More, Jane’s Addiction, Deftones, Sepultura... - Festival Maquinária, Chácara do Jockey, São Paulo/SP 08 - Evanescence, Duff Mckagan’s Loaded, Danko Jones... - Festival Maquinária, Chácara do Jockey, São Paulo/SP o8 - Faith No More - Chevrolet Hall, Belo Horizonte/MG 17 - Moonspell, Tiamat - Carioca Club, São Paulo/SP 21 - Agnostic Front, Madball - Inferno Club, São Paulo/SP 29 - Entombed... - Hangar 110, São Paulo/SP
Portugal: Outubro: 15 - Vader, Marduk... - Teatro Sá da Bandeira, Porto 16 - Vader, Marduk... - Incrível Almadense, Almada 22 - Dream Theater, Opeth... - Palácio de cristal, Porto 25 - Hatesphere... - Revolver Bar, Cacilhas Novembro: o1 - Epica, Amberian Dawn, Sons of Seasons Incrível Almadense, Almada 08 - Rammstein - Pavilhão Atlântico - Lisboa 15 - Minsk, A Storm of Light... - Revolver Bar, Cacilhas 17 - Buried Inside, Tombs - Revolver Bar, Cacilhas 18 - Buried Inside, Tombs - Porto Rio, Porto 20 - Porcupine Tree, Stick Men - Incrível Almadense, Almada 21 - Porcupine Tree, Stick Men - Teatro Sá da Bandeira, Porto 28 - Isis, Keelhaul... - Incrível Almadense, Almada 29 - Isis, Keelhaul... - Teatro Sá da Bandeira, Porto Dezembro: o1 - Marilyn Manson - Campo Pequeno, Lisboa 02 - Nile, Grave, Krisiun, Ulcerate - Porto 03 - Nile, Grave, Krisiun, Ulcerate - Lisboa 05 - Arch Enemy... - Incrível Almadense, Almada
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Os suecos do Entombed vêm ao Brasil em Novembro para uma única apresentação em território nacional. O show será em São Paulo, no dia 29 de Novembro, no Hangar 110 e terá como banda de abertura os paulistanos do Desalmado. No Myspace do Entombed existem também datas agendadas para Colômbia, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Detalhes sobre ingressos podem ser conferidos no seguinte endereço: www.ticketbrasil. com.br.
HATEBREED Raça de ódio O Hatebreed decidiu por auto-intitular o seu próximo álbum de inéditas. O registro deve sair em 29 de Setembro via E1 Music na América do Norte e via Roadrunner Records nos demais continentes. A banda já lançou o primeiro vídeo em suporte ao novo álbum. O clipe é da faixa “In Ashes They Shall Reap”, que foi dirigido por Dale ‘Rage’ Resteghini, que também gravou o vídeo de “Defeatist”, além de outros clipes antigos do Hatebreed.
KILLSWITCH ENGAGE Turnê sulamericana adiada Devido a um problema de saúde do vocalista Howard Jones, o Killswitch Engage adiou toda a turnê sulamericana. Veja a seguir o comunicado oficial: “O Killswitch Engage infelizmente terá de adiar sua turnê sul-americana devido ao adoecimento de seu vocalista Howard Jones. Howard está neste momento de cama, com pedra na vesícula, e foi aconselhado por seu médico a não se levantar até receber autorização. Ele está recebendo cuidados médicos e espera estar de pé e com menos dor até o fim da semana, quando determinaremos as futuras datas da turnê sul-americana. O Killswitch gostaria de se desculpar com os seus fãs na América do Sul por esse problema e assegura a todos que a banda tem toda a intenção de compensar essas datas em um futuro próximo.” Mais detalhes em: www.killswitchengage.com
BETWEEN THE BURIED AND ME Desorientados Produzido por Jamie King, “The Great Misdirect”, o novo álbum do Between The Buried And Me, está com data de lançamento marcada para 27 de Outubro, pela Victory Records. O sucessor de “Colors”, de 2007, será o quinto álbum de estúdio da banda. No Myspace dos caras, é possível ouvir à um teaser de 4 minutos com alguns trechos das músicas do novo disco. Segundo o vocalista Tommy Rogers, “The Great Misdirect” contém um dos melhores materiais que o grupo já criou”.
CONVERGE A queda O Converge se prepara para lançar seu mais novo registro, “Axe To Fall”, em 20 de Outubro, pela Epitaph Records. O álbum foi gravado pelo guitarrista Kurt Ballou, no seu Godcity Studios em Massachusetts e conta com as participações de Steve Brodsky (Cave In), Adam McGrath (Cave In), J.R. Connors (Cave In, Doomriders), Uffe Cederlund (Disfear, ex-Entombed), John Pettibone (The Vows, Himsa), Steve Von Till (Neurosis) e Mookie Singerman (Genghis Tron).
FAITH NO MORE Datas no Brasil Além de ter presença confirmada no Maquinaria Festival, dia 7 de Novembro em São Paulo, o Faith No More ainda faz mais três apresentações no Brasil: dia 3 de Novembro em Porto Alegre, no Pepsi On Stage, dia 5 de Novembro no Rio de Janeiro, no Citibank Hall e dia 8 de Novembro em Belo Horizonte, no Chevrolet Hall. Porém, antes de se apresentarem em terras brasileiras, o grupo também passa por Chile, Peru e Argentina.
36 CRAZYFISTS DVD from Alasca Foi filmado no dia 9 de Janeiro desse ano, o primeiro DVD da carreira do 36 Crazyfists, que deve chegar as ruas em 27 de Outubro pela Ferret Music. O registro recebeu o título de “Underneath A Northern Sky” e foi gravado na cidade natal da banda, Anchorage, no Alasca (EUA). O DVD tem a direção de Todd Bell e irá conter extras como cenas do primeiro show da história do 36 Crazyfists, cenas de backstage, entrevista com os membros da banda e todos os seus clipes.
KREATOR / EXODUS Agenda lotada As bandas Kreator e Exodus vão passar todo o mês de Outubro em tour pela América Latina. No Myspace das bandas existem até o momento 17 shows marcados, sendo quatro deles no Brasil, país que fechará a extensa turnê. México, Guatemala, El Salvador, Equador, Colômbia, Venezuela, Peru, Chile, Argentina e Uruguai são os países que receberão a tour. Em território verde-e-amarelo haverá shows em Fortaleza (Siara Hall), Porto Alegre (Opinião), Belo Horizonte (Chevrolet Hall) e São Paulo (Via Funchal).
DEAD BY SUNRISE Cinzas ao amanhecer Projeto paralelo de Chester Bennington, vocalista do Linkin Park, o Dead By Sunrise está prestes a lançar seu debut álbum “Out Of Ashes”. O CD foi gravado em Los Angeles pelo produtor Howard Benson (Motorhead, My Chemical Romance) e sai em 13 de Outubro. O clipe da faixa “Crawl Back In” já pode ser conferido na internet.
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Sangue Novo por Igor Lemos
Beforethedevilknows youaredead Não é todo dia que uma banda independente da Grécia chama a minha atenção. Abro apenas um espaço para dizer que é uma cultura e língua que tenho procurado me informar e aprender com regularidade. Pois bem, vindos da capital grega, Atenas, estes rapazes escolheram um pequeno nome para batizar esta união: Beforethedevilknowsyouaredead. Qual o estilo que tocam? O melhor que se pode
Arkellian Mudando um pouco os gêneros que venho trazendo ao Sangue Novo, apresento agora a banda paulistana de Heavy Metal/ Thrash Metal, Arkellian. Com influências de Iron Maiden, Metallica e Annihilator, este quinteto abusa do virtuosismo que o estilo exige, sendo um prato cheio para os fãs das já citadas bandas. O trabalho das seis cordas, desempenhado por Baptista e Gui C., assim como do baixista Kadu, são bem feitos, sem espaço para frescura (vide
www.myspace.com/arkellian
Quando ouvi esse grupo de BH, Minas Gerais, fiquei com uma grande dificuldade para colocá-los em um gênero. E isso é ótimo! Em alguns momentos parece um Groove Metal, com influências da Lamb Of God; em outros algo do Nu Metal do Soulfly e, ainda, sons que podem ser próximos do Metalcore ou seus irmãos “core”. O que importa é o quanto é legal o som da Eternal Crossing. Com cinco anos de estrada, já conseguiram criar músicas de expressão, como “Come To” e a excelente “Wings”. O
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www.myspace.com/beforethedevilknowsyouaredead
“Endless War”), ou seja, mais voltados ao espírito true dos gêneros que praticam. O vocalista Kinho se coloca bem com seus vocais melódicos, ainda jogando um mega agudo na faixa “Rising To The High”. O baterista Gui Novi incrementa o som com o bom uso do pedal, sendo fundamental para as boas criações que desenvolveram. Se você se identifica com músicas com refrões, seguindo um modelo linear, porém, próprio do Heavy Metal, confira o que a Arkellian tem a oferecer. Vale seu clique.
Eternal Crossing
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esperar do Deathcore. Breaks mortais, pig squeals, bom trabalho de guitarra, bateria avassaladora e composições que em muito mostram que são capazes de alcançar um futuro promissor. As faixas que estão no Myspace são ótimos cartões de visita para qualquer amante do gênero. O destaque vai para os vocais de Jon, contudo, não percam de vista as melodias e brutalidades criadas pelos guitarristas Apo e George. O que está esperando? Vá conferir!
vocalista Bob grita muito, de forma gutural e, quando você menos espera, ele ainda mostra que é bom nas melodias também. As guitarras de Peter vivem variando, indicando existir influências das mais distintas no processo de composição. Em alguns momentos, riffs, em outros, passagens lentas. De fato, mais um nome do cenário independente brasileiro que precisa de espaço para divulgação. É fundamental dar uma passada no Myspace da banda, que disponibilizou um EP na íntegra para audição. www.myspace.com/eternalcrossing
Lançamentos
Myka, Relocate Com um som não linear, em uma mistura de melodias à lá Saosin e Greeley States, junto a gritos eufóricos, o grupo Myka, Relocate, vem buscando seu espaço no underground americano. Com o segundo trabalho de estúdio lançado em Junho deste ano, intitulado “... and of Monsters”, prometem, com este EP, alcançar novos ares. Através do seu Rock misturado com pitadas eletrônicas e Post-Hardcore, os fãs de grupos consagrados deste último gênero fatalmente irão colocar suas atenções em composições como “The Most Spetacular of Events” e “So Civilized”. Os vocais de Garrett são versáteis, sabendo o momento certo de colocar cada traço do seu bom timbre. Além de alguns breaks, o guitarrista Austin comandará linhas
Outubro/novembro
melódicas nas seis cordas, sendo um atrativo extra. Aos que ainda desconhecem o trabalho do quarteto de Louisiana, está na hora de ter uma opinião em relação a mais uma novidade. www.myspace.com/mykarelocate Converge “Axe To Fall”
Artifex Pereo Como é difícil ouvir um grupo de PostHardcore original hoje em dia. Se ainda não apareceu aquele que seja o salvador da pátria e coloque um novo rumo neste gênero, ao menos trago um que apresenta tantas qualidades que, talvez, brevemente, possam despontar. Liderados pelas melodias de Evan Redmon, o grupo norte-americano, Artifex Pereo, já começa chamando a atenção por este integrante. É fenomenal a forma que o mesmo domina sua função. Alguns ritmos quebrados do baterista Cory Eaves também servem como cartão de visita, vide a música “The Lantern and The Firefly”, que está muito mais próxima do Rock Progressivo. Infelizmente, em alguns momentos, ainda irão usar artifícios comuns neste estilo, como a dissonância e aqueles
gritos presentes em quase todas as bandas. Porém, ainda assim, indico conferirem o primeiro trabalho dos caras, o EP que tem como nome “I Am Invisible”. É tudo que não merecem ser, invisíveis. Diante de tanto lixo sonoro do Post-Hardcore, há uma luz que possa agradar a muitos ouvintes. www.myspace.com/artifexpereo
Aim For The Sunrise Aqui vem uma banda da Suécia. Death Metal Melódico? Errado. Metalcore Melódico? Sim. Muito legal ver como a globalização consegue atingir todos os países, levando esse gênero a qualquer canto que seja possível. O ponto negativo é a influência americana no som desta galera. Formada em 2008, quando tinham idades entre 16 e 18 anos, Aim For The Sunrise virá carregada de melodias vocais, uso de sintetizadores e breakdowns. Contudo, algumas passagens mais lentas farão o diferencial, mostrando um grande bom gosto pelo estilo Ambient também. O novo EP, “The Bigger Picture; Hope”, trará diversos espaços para o ouvinte
Arch Enemy “The Root Of All Evil”
Baroness “Blue Record”
viajar. Em cinco faixas, irão explorar toda a temática do Metalcore, unido a alguns elementos mais melódicos, talvez próximos do Screamo e Post-Hardcore. Inegável que fazem um som de qualidade. www.myspace.com/aimforthesunrise
Paradise Lost - “Faith Divides Us-Death Unites Us” Belphegor - “Walpurgis Rites - Hexenwahn” Atreyu - “Congregation Of The Damned” Between The Buried And Me - “The Great Misdirect” Slayer - “World Painted Blood” Katatonia - “Night Is The New Day” Scar Symmetry - “Dark Matter Dimensions” Rammstein - “Liebe Ist Für Alle Da” The Red Chord - “Fed Through The Teeth Machine” Nile - “Those Whom The Gods Detest2” Rob Zombie - “Hellbilly Deluxe 2” Throwdown - “Deathless” Miseration - “The Mirroring Shadow” Blessthefall - “Witness” The Fall Of Troy - “In the Unlikely Event” American Me - “Siberian Nightmare Machine”
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estúdio são realmente voltados para o rock e metal e bem... ter esses “brinquedinhos” em mãos é algo fantástico.
Unlife Foto: Mari Fasson
Do estúdio Mr. Som, em SP, o guitarrista do Unlife, João Bueno, nos trouxe informações do aguardado full-length da banda, intitulado “Christian Democracy”. Qual o material que estão trabalhando em estúdio, EP ou full-length? Já possuem uma temática? Quantas faixas? Estamos trabalhando em nosso primeiro fulllength intitulado “Christian Democracy”. É um álbum conceitual que traz uma temática baseada em experiências (boas e ruins) dos membros da banda dentro do cristianismo, igrejas e ministérios. Somos todos cristãos e vimos que muita coisa que é dita por vários “pregadores” acabam apenas complicando a vida e enganando a fé das pessoas. Resolvemos fazer uma crítica a isso. Serão dez faixas, sendo que oito compõem a temática principal do álbum e mais duas faixas, um pouco diferenciadas, mostrando outras influências musicais presentes na banda. Em “off” eu soube que há um grande produtor por trás deste trabalho. Queria que falassem sobre ele e como está sendo esta experiência para a Unlife.
Artwork Maurício Santana, ou simplesmente Tux, é um fotógrafo colaborador da HORNSUP que vem aqui falar um pouco sobre o seu trabalho e seus cliques por aí afora.
Por que te chamam de Tux? Ixi, isso é história de nerd (risos)! Tux é um pinguim que é o mascote do Linux, um sistema operacional, e nos tempos do cursinho, até os meus 19 anos (agora tenho 24) eu era fissurado por Linux, e no cursinho eu tinha uma camiseta com um pinguin bem grande nas costas, e a galera perguntou o que/quem era, ai eu falei que era o Tux, foi ai que pegou o apelido. De onde surgiu o primeiro impulso para começar a fotografar shows? Eu já era envolvido com shows, pois eu filmava, mas como meu tempo sempre foi corrido devido a trabalho e faculdade, não estava conseguindo administrar muitas filmagens, aí encontrei na fotografia uma forma de eu registrar o que eu queria, de uma forma mais rápida e a entrega era mais rápida também, daí uni o útil ao agradável. Como profissional, acredita que tenha mais facilidade em fotografar bandas cuja sonoridade você curte, ou nesse aspecto todas são iguais?
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A direção do álbum está sendo feita por Marcello Pompeu, produtor musical e também vocalista da renomada banda de Thrash Metal, Korzus. Está sendo algo muito legal e novo para todos na banda, o Marcello está contribuindo de uma forma extremamente profissional e o som da banda está ficando muito mais definido. O trabalho todo será mixado por Heros Trench, guitarrista do Korzus. Tanto o Heros quanto o Pompeu foram produtores do premiado álbum “Depois da Guerra”, da banda Oficina G3, e de vários discos de ótima qualidade de bandas como Torture Squad, Threat e Nitrominds. Qual o estúdio que estão realizando este trabalho? Estão gostando do ambiente? As gravações e mixagens estão sendo feitas no estúdio Mr. Som em São Paulo. O ambiente é muito “brutal” (risos), realmente não esperávamos ter essa assistência e qualidade na produção do álbum, os equipamentos do
Após terem lançado um EP, que obteve uma nota excelente na sétima edição da HORNSUP, qual o novo passo que pretendem chegar com este novo material? Em que pontos a banda conseguiu avançar musicalmente? Queremos dinheiro, fama e carros importados com videogames dentro (risos). A nota e comentários que recebemos foi uma surpresa e algo que nos motivou mais ainda a trabalhar muito no “Christian Democracy”. Toda a nossa equipe está dando o máximo para o crescimento da banda, creio que pretendemos alcançar o maior número de pessoas possível com nossa mensagem, música e diversão! Cada um na banda evoluiu muito desde a gravação do último EP. As guitarras estão muito mais trabalhadas, o baixo está insano, os vocais com uma melhor dinâmica e o novo baterista, Gustavo Paes, trouxe linhas mais elaboradas às musicas. Vemos isso como algo muito bom e que tornou o trabalho de composição e arranjos muito mais desafiador. Há previsão para lançamento? O que podemos esperar dele? O “Christian Democracy” está previsto para o final do ano, no mais tardar início de 2010 e, se realmente você quer ouvir algo diferente, pesado, que vai trazer muito mais diversão para seu mosh pit (risos), é isso que vamos proporcionar! Igor Lemos www.myspace.com/unlife
Creio que neste aspecto todos são “iguais”, até porque quando eu estou fotografando, 99% das vezes não consigo prestar atenção no que estão falando, claro que a sonoridade eu consigo, mas tento passar no momento, o que estou sentindo com o show. Facilidade de fotografar creio que tenho em todos, mas o que difere acho que é o que sinto na hora de clicar, que é o que procuro passar nas fotos. Pelo que conheço do teu trabalho, frequenta bastante a cena Hardcore. Esses shows são conhecidos pelos stage dives e mosh. Já aconteceu algum evento inusitado com você por conta dessas “acrobacias”? Muita gente me pergunta isso, mas desde que comecei a fotograr nunca tinha acontecido. Aconteceu um recentemente que uma pessoa pulou pelas minhas costas, não deu tempo de eu esquivar e o meu flash quebrou com o peso da pessoa! Qual ou quais as características nas suas fotos que acredita que personalizam o seu trabalho? Movimento, emoção, cores, feeling.... Como fotógrafo, qual o seu sonho? Viver tranquilamente só de fotos, aprender cada vez mais, buscar cada vez mais objetivos, creio que sonhos a gente sempre vai tendo, e sem dúvidas vamos realizando, mas ser conhecido pelo trabalho internacionalmente é um deles, apesar que já tem uma galera de outros países que já conhece! Matheus Moura
www.mauriciosantana.com.br
MEU TOP 5 “Vulgar display of power” Pantera Esse é meu disco preferido sem questionar. Não tem jeito, Pantera foi, é e sempre vai ser, a minha maior inspiração de agressividade e força. O disco mostra que com uma simplicidade absurda ele é altamente técnico e marcante. As composições são perfeitas, músicas se encaixam e tudo no seu devido lugar. Os riffs mais “serra osso” que se pode ouvir vem das criações de Dimebag Darrel (r.i.p). Só tenho que dizer que quem não ouviu ainda, simplesmente não conhece a melhor e mais inovadora fase do Metal mundial.
“Stabbing the drama” soilwork Esse disco caiu na minha mão sem querer. Foi a única vez em que cheguei numa loja e não sabia do que se tratava a banda. Fiquei surpreso, é um disco de muito bom gosto, pesado, melódico e gostoso de ouvir. Ainda não entendo como esse disco é tão bom e a banda não é tão mainstream como Metallica por exemplo. Sou fã de tudo da banda,
Headbangers X Lei Antifumo Por Elaine Thrash Entrou em vigor dia 7 de Agosto, na cidade de São Paulo, a bendita lei que proíbe que o cidadão fume em ambientes fechados de uso coletivo como bares, restaurantes, casas noturnas e outros estabelecimentos comerciais. Mesmo os fumódromos em ambientes de trabalho e as áreas reservadas para fumantes em restaurantes são proibidas. Já imaginaram isso em uma balada? Pleno sabadão à noite, a pessoa vai lá na sua casa noturna predileta para curtir um som legal, encontrar os amigos e beber algumas cervejas e, de repente, sente aquela vontade maldita de fumar... O que fazer? Ficar até o fim da balada sem fumar? Deixar de ir pra balada só porque lá não poderá fumar? Não! Para tudo dá-se um jeito! Agora é muito comum quando você passa em frente a uma casa noturna em plena madrugada e encontra uma concentração de pessoas do lado de fora, sendo observadas por um segurança enquanto fumam rapidamente um cigarro. Algumas casas noturnas estabelecem um período de 5 minutos para que o indivíduo fume um cigarrinho (comprovadamente impos-
mas esse disco é simplesmente meu preferido e um dos melhores que já ouvi até hoje!
“V (The New Mythology Suite)” Symphony X Uma vez uma amiga minha me chamou e disse: “comprei esse disco ontem, ouve aí!”. Pronto, fiquei impressionado. Eu tinha 10 anos só e não entendia como algo podia me fazer prestar tanta atenção numa música. Muita complexidade na dose certa. Lindas melodias, climas tensos, riffs rápidos e precisos, solos “impossíveis” do Michael Romeo e composições impressionantes. Ou seja, até hoje é muito atual e considero até uma obra de arte.
“Iowa” Slipknot Esse disco é bruto e até hoje não sei como eles conseguiram fazer um disco tão pesado e agressivo. Sou fã de Slipknot faz anos e esse disco mostrou pra mim que tudo o que eu conhecia de música pesada, poderia ser ainda mais agressivo. A banda consegue num refrão
sível, sendo que a média de tempo para fumar um cigarro é de 7 minutos...), mas até aí tudo bem, ninguém vai ficar cronometrando o tempo que o indivíduo leva pra fumar... Algumas casas distribuem senhas para os fumantes; outras deixam formar uma longa fila, mas só liberam apenas de dez em dez; outras colocam uma pulseirinha “vip” nos indivíduos, permitindo que os mesmos entrem ou saiam para fumar na hora que quiserem, enfim, cada um vai dando seu jeitinho para não deixar o cliente insatisfeito e nem descumprir a lei. O problema é quando as bandas que estão tocando naquela noite estão lá dentro da casa, se matando de tocar e metade da galera está lá fora fumando... Isso quando o show é pequeno, as bandas estão começando ou não possuem tanta visibilidade como um Sepultura ou um Torture Squad da vida... É uma falta de respeito ir pra balada ver um show com várias bandas, ficar lá o tempo todo enchendo a cara e o saco de todo mundo, e na hora em que a banda “x” - que você nem conhece muito - sobe ao palco, você inventa de ir lá fora fumar, e pior: arrasta sua turma pra ir também... Vamos respeitar as bandas que estão tocando, né? Dar um apoio, uma força, e na hora mais chata da noite, que é aquele intervalo entre uma banda e outra, aí sim vai lá fumar. Vá, mas volte! Sabemos que não é o show da sua vida, não é a sua banda predileta, mas dê um pouco de atenção. Quem sabe você não se surpreenda com o som e a proposta que a banda tem? Veja aqui em São Paulo os lugares onde não é permitido fumar: No interior de bares, boates, restaurantes, escolas, museus, áreas comuns
Jean Patton
fazer todos gritarem Project 46 “Pessoas = Merda” e pularem feito marionetes incontroladas. A voz de Corey Taylor nesse disco apresenta a melhor fase de sua carreira (na minha opinião). Foi o início da junção de estilos pra mim, vi que o Thrash Metal junto como Death Metal, New Metal e Hip Hop poderia sair um coisa que era absurdamente novo musicalmente, mas sem esquecer é claro do visual da banda com 9 integrantes todos mascarados. É simplesmente Insano!
“Alive or Just Breathing ” killswitch engage Esse disco se tornou um vício pra mim, assim como o estilo bem misturado do Hardcore/Thrash/Metal e até porque não o Pop? Refrões bem melódicos e grudendos com o contraste de vocais gritadíssimos que até então eu só ouvia o Phil Anselmo (Pantera) fazendo. Pra mim, KSE foi a banda que começou com esse lance de “Metalcore” e que abriu portas e mentes da molecada pra criar um som mais forte e pesado mas sempre com melodia e sofisticação. É grande influência pra mim e minha banda e é daqueles pra não pular nenhuma track, manja?
de condomínios e hotéis, casas de shows, açougues, padarias, farmácias e drogarias, supermercados, shoppings, repartições públicas, hospitais e táxis. E agora veja os lugares onde é permitido fumar: Em casa, em áreas ao ar livre, estádios de futebol, vias públicas, nas tabacarias e em cultos religiosos, caso isso faça parte do ritual. Quartos de hotéis e pousadas, desde que ocupados por hóspedes, estão liberados. Bom, não me admira que daqui a pouco a galera vai fazer show dentro das tabacarias e nesses tais cultos religiosos aí também! Porque shows ao ar livre já existem, em estádios de futebol, claro, existem, mas a banda tem que ser à lá Motorhead (no quesito número de fãs) pra conseguir lotar um estádio... Então, galera, bora pra tabacaria! Gente, isso é brincadeira! Todo mundo sabe dos males causados pelo tabaco, portanto se essas proibições ajudarem as pessoas a pelo menos diminuir o vício, já será de grande valia. Pesquisas comprovam que 94% dos paulistas (incluindo os próprios fumantes) aprovam essa nova lei, porque cada vez mais as pessoas estão cientes de que se trata de um problema relacionado à saúde pública e o tabagismo passivo deve ser combatido, afinal quem não fuma não é obrigado a “fumar por tabela”, seja lá onde estiver, inclusive em uma balada de headbanger, regada a cerveja e muito fumo... O programa Metalsplash é exibido todo domingo pela alltv em www.alltv.com.br das 12h às 13h (hotário de Brasília). Pelo blog, semanalmente com atualidades da cena metal em www.metalsplash.blogspot.com
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Fotos: Georgios Sousa
entrevista
Tempestade canadense Apesar de toda a turnê Latino Americana do The Agonist ter sido adiada, nós da HORNSUP não perdemos a oportunidade de trocar umas palavras com a frontwoman, Alissa White-Gluz. Nessa entrevista, conseguimos descobrir alguns detalhes interessantes sobre o álbum “Lullabies for a Dormant Mind”, e além de fazer algumas perguntinhas mais pessoais à Alissa.
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Q
uais as suas expectativas com relação a turnê latino-americana? Bem, adoraríamos fazê-la, mas tudo indica que será adiada (e foi). Estamos muito ancisos para visitar a América latina. Ouvimos dizer que tem uma ótima cena Metal. Você tem conhecimento de alguma coisa sobre a cultura brasileira ou Heavy Metal brasileiro (fora o Sepultura)? Não conheço tantas coisas quanto gostaria, mas espero aprender muita coisa quando tocarmos por lá! O novo álbum, “Lullabies For The Dormant Mind”, soa bastante teatral. Nunca pensaram em integrar mais elementos de representação teatral nos shows? Sim, sempre tentamos fazer performances com o máximo de componentes visuais e estamos trabalhando em novas ideias para trazer os elementos teatrais para o palco. O problema é que infelizmente nem sempre temos espaço no palco ou tempo de montagem suficientes para explorarmos visualmente toda a temática do álbum. O artwork do álbum é incrível, e ao mesmo tempo, estranho. Faz lembrar coisas do Tim Burton. Qual o significado por trás da ilustração? Realmente há diversas interpretações que se pode dar ao artwork, obrigada por notar! Basicamente queríamos combinar o imaginário das cantigas infantis e canções de ninar com os tópicos sombrios das músicas, já que as canções infantis já tem interpretações sombrias por natureza. Vamos falar das participações especiais. Quem são Melina Soochan e Youri, e o que fazem no álbum? Melina Soochan é a minha melhor amiga, uma talentosa pianista clássica, compositora e cantora. Ela é responsável por orquestração instrumental no álbum. O Youri é um ótimo guitarrista e vocalista (Cryptopsy, Unhuman). Ele faz uma vozes muit interessantes em “... and Their Eulogies Sang Me to Sleep” (em background na parte em que Alissa canta com a voz limpa).
“Thank You, Pain”
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entrevista
Alissa White-Gluz Vocalista do The Agonist Nasceu dia 31 de Julho de 1985 Vive em Montreal, Canadá É Straight Edge
Existe alguma confusão quando tentam associá-los a um rótulo. É algo como Metalcore com um estilo meio Gótico com uma cobertura de Death Metal. Sei lá! Quando as pessoas perguntam: “Que estilo musical tocam?”. O que costuma responder? (por favor, não diga só Metal!) A resposta mais honesta é… Metal! (risos) Acho que seria algo como Melodic/ Experimental/ Theatrical Death/ Black Metal...? Aonde foram as gravações do vídeo de “Thank You, Pain” e como foi voltar a trabalhar com o diretor David Brodsky? Nós filmamos na Old Courthouse (fórum antigo) em New Jersey. Esse é o terceiro vídeo que fazemos com o Brodsky. Ele é incrível.
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Há muitas boas bandas surgindo no Canadá nesse momento. O que pode dizer sobre a cena atual no Canadá hoje em dia? O Canadá está repletora de bandas promissoras, assim como de bandas consagradas também. Fico contente de ver que o meu país está conquistando o seu lugar no mapa do Metal. Falemos um pouco sobre o lado ativista do The Agonist. Quais causas vocês apoiam? Qualquer causa que eu acredite, geralmente são ligadas ao direito dos animais. Em toda turnê nós tentamos angariar fundos e mostrar meios das pessoas ajudarem. Já trabalhamos juntos com a PETA e a Song For Africa, por exemplo.
Uma linda menina straight edge no mundo carnívoro, bêbado e feio do Heavy Metal. Como é a sua vida durante as turnês? As turnês são duras, mas eu sou ainda mais dura! Você é dotada de uma técnica vocal fantástica. Que tipos de cuidado tem com sua voz? Eu apenas tento manter a melhor forma física, metal e emocional, não importa o que aconteça. Qual o seu poeta favorito? Hmm… é meio cliché, mas atualmente acho que é (Edgar Allan) Poe. Matheus Moura www.myspace.com/theagonist
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entrevista
“Unfurling A Darkened Gospel”
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A caminho do juízo final Depois de ter ganho a atenção das spotlights com o lançamento do afamado EP “Doom” em 2005, o Job For A Cowboy mantêm-se “firme na cela” e botam na rua seu segundo álbum, “Ruination”. Por conta desse lançamento, a HORNSUP foi trocar umas palavrinhas com o guitarrista Bobby Thompson.
A
ntes de começarmos, tenho que fazer essa pergunta (que já devem ter ouvido mil vezes), por que a banda se chama Job For A Cowboy? É meio difícil imaginar um cowboy fazendo Metal extremo… Bem, infelizmente não há nenhuma história interessante por detrás disso. O Jonny (“The Navy” Davy, vocalista) inventou esse nome na brincadeira e acabou pegando. Em 2005, lançaram o EP “Doom”, que trouxe muitos fâs e reconhecimento à banda. Hoje em dia, dois álbuns depois, como você analisa esse primeiro EP? Na verdade, eu não estava na banda nessa altura. Eu entrei antes de começarem a escrever o “Genesis” (primeiro álbum). Acho que o “Doom” foi um bom ponto de partida, entretanto acho que foi superado pelos dois álbuns seguintes, na minha opinião. Lembro-me quando “Genesis” saiu os comentários forma algo como: “Uau! O JFAC é agora Death Metal puro sem os breakdowns “core”. Essa mudança no direcionamento do som ocorreu naturalmente ou houve um planejamento nesse sentido? Definitivamente, aconteceu de forma natural. Quando me juntei a banda, começamos a escrever as músicas e foi assim que saiu. Não estávamos interessados em estar conectados a cena “core”, queríamos expandir nossos limites. Ainda falando sobre o “Genesis”, é possível notar uma evolução nas letras que se tornaram mais sérias e fortes. Há uma grande diferença entre escrever sobre um sepultamento louco de uma máquina e sobre religiões, certo? Sim, o Jonny, juntamente com todos nós, amadureceu bastante como músico. Atualmente, suas letras reservam bastante substância em seu contexto.
Depois de todas as exaustivas turnês e outros compromissos, aonde foram buscar inspiração para o novo álbum, “Ruination”? Quando chega a hora de começar a trabalhar em um novo álbum, nos concentramos apenas em escrever as músicas que gostamos de tocar e de ouvir. Nós buscamos inspiração em várias bandas como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Aeon, Hate Eternal e Decapitated. Definitivamente, o novo album é melhor que os anteriores. Soa mais trabalhado, com mais peso e “feeling”. O que acha que o torna melhor? Acho que “Ruination” é mais maduro do que tudo que já tenhamos feito. Nós trabalhamos, mais do que nunca, nas composições e no desenvolvimento das nossas ideias. Nós também somos mais detalhistas pois sabíamos da importância deste álbum. Observando o artwork, analizando o título das faixas e as letras, acho que o conjunto cria a impressão de um álbum conceitual, certo? Explique melhor do que se trata o álbum. Não é necessariamente um disco conceitual. As ideias que se baseiam as letras estão englobadas em temas mais politizados e contextualizadas com a situação atual do mundo. Este é o primeiro álbum com o baterista Jon Rice e com o guitarrista All Glassman. Com foi a adaptação deles ao grupo? Tem sido ótimo tê-los conosco na banda. São ambos realmente talentosos e tem uma mais-valia para a banda. Nesse momento, depois do lançamento de “Ruination”, há planos para grandes turnês pela frente. Alguma chance de vê-los no Brasil? Espero que possamos ir até aí em breve! Eu sempre quis viajar para o Brasil e para
Bobby Thompson
Indica
Ulcerate www.myspace.com/ulcerate
outros lugares na América do Sul. Espero que seja logo! Uma pergunta pessoal. Qual álbum considera como o clássico inquestionável do Death Metal? “Domination” do Morbid Angel. Escuto esse álbum direto e acho que arrebenta. Fale algum momento memorável que vivenciou recentemente juntamente com a banda? Nós vimos o show do At The Gates no festival Wacken na Alemanha. Foi do caralho! Pra terminar. Acho que se houvesse um apocalipse ou fim do mundo, o solo macabro de “March To Global Enslavement” seria a trilha sonora perfeita. Qual música gostaria de ouvir no juízo final? Humm, acho que queria ouvir “Final Countdown” do Europe. Julio Schwan www.myspace.com/jobforacowboy
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Foto: Scott Kinkade
entrevista
Escuridão pessoal Depois da saída de dois membros em 2004 e um período de seis anos sem lançamentos, a máquina Burnt By The Sun, retorna para encerrar sua carreira com seu álbum derradeiro, “Heart Of Darkness”. O baixista Ted Patterson e o vocalista Mike Olender revelam a HORNSUP destalhes interessantes sobre essa fase “terminal” da banda e a respeito do conteúdo do novo registro.
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uando Dave Witte (bateria) e Mike Olender (voz) deixaram a banda em 2004, você pensou: “Nós ainda vamos nos reunir no futuro” ou “Ok, a banda acabou de vez”? Ted Patterson: Acho que todos nós sabíamos que iríamos voltar a tocar junto um dia. A música “Goliath” foi elemento catalisador dessa reunião. Como está a energia da banda hoje? Vocês se sentem da mesma maneira? Mike Olender: A experiência com o “Heart of Darkness” foi definitivamente diferente dos
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álbuns anteriores e o fato de não fazermos mais turnês também tornou as coisas ainda mais diferentes, mas, em termos de energia, acho que nada mudou entre nós. Esses caras são meus irmãos e sempre serão. Nós temos uma forte ligação, tanto pessoal quanto criativa, que se tornou evidente desde o primeiro dia e se mantém até hoje. Você está certo sobre a música “Goliath”. Foi ela que trouxe o Dave e eu de volta a banda. Vendo bem, foi a melhor coisa que poderia acontecer. Eu não estava satisfeito com o fato de “The Perfect Is The Enemy Of
The Good” ser o nosso último álbum. Ele “fugiu” um pouco daquilo que queríamos que fosse e, de certa forma, a mensagem do álbum se perdeu pelo caminho. Quando o John e o Ted escreveram “Goliath”, aquilo superou de tal maneira o que fizemos no “Perfect…”, que nos permitiu seguir em frente e recuperar a energia original do Burnt By The Sun. Essa faixa também foi o mote para fazermos um álbum baseado no livro “Coração das Trevas” (“Heart of Darkness”), o que era algo que queria fazer há muito tempo.
O livro “Coração das Trevas” de Joseph Conrad foi a principal influência no álbum. Como um livro de 1902 se encaixa na nossa realidade atual? Mike Olender: O que faz desse livro único e atemporal são os questionamentos sobre a natureza humana, questões essas que tornam o tempo irrelevante. Entretanto, é possível traçar paralelos com a atualidade. Não importa quem está no poder na Casa Branca, continuamos a lutar para manter a nossa “fatia do bolo” do oriente médio. A postura não é tão clara e sem remorso quanto na administração Bush, entretanto, nossos interesses políticos estrangeiros não mudaram desde que Obama assumiu a presidência. A faixa de abertura do álbum, “Inner Station”, faz uma metáfora com isso, mas, assim como no livro, não faz julgamento, apenas apresenta as coisas como são. O livro retrata a dualidade do ser humano. A batalha interna entre o bem e o mal dentro de cada um de nós. Você acredita que a sociedade é um reflexo dos nossos conflitos pessoais? Mike Olender: Em geral, sim. Sendo assim, já que se trata da natureza humana, que é universal, essas lutas internas transcendem as linhas culturais e sociais. Uma das provas disso, hoje em dia, residem no grau de egoísmo das pessoas. Aqui nos Estados Unidos, há momentos que parecemos uma perfeita sociedade egoísta. Nossas virtudes de liberdade e independência são fortes, porém dão indícios que estamos valorizando coisas erradas como o materialismo e orgulho. Por outro caso, temos momentos de humildade e união, com no 11 de Setembro ou depois do furacão Katrina. Paradoxalmente, assistimos os horrores do 11 de Setembro e do Katrina várias vezes na TV pois nos sentimos atraídos pela dor das outras pessoas. Concluindo e respondendo a tua pergunta, sim. A natureza humana e as lutas internas entre o bem e o mal são inevitáveis e influnciam todas as sociedades, sem exceção. A sociedade é composta por indivíduos que seguem valores e necessidades e estão, querendo ou não, ligados a esses conflitos internos. Este é o chamado pecado original, a consciência do bem e do mal e as disputas que acarretam. O que acha das alegações de racismo associadas a esse livro? Mike Olender: São fundamentadas. Eu li o “Coração das Trevas” para uma das matérias na faculdade e, eu e meus colegas, passávamos muito tempo discutindo as implicações sociais e raciais desse livro. Nos últimos 100 anos, os estudantes vem chamando Conrad de racista e, se prestar atenção na escolha das palavras, fica claro que o autor se coloca acima dos africanos que estão sendo brutalizados. Ele não promove os maus tratos aos africanos, porém, em momento algum, questiona as origens raciais do maus tratos. Para ser honesto, ele é um produto dos acontecimentos. Dada a gravidade dos outros temas do livro, acho que a questão do racismo é pequena, e não exploramos isso no nosso álbum. Esse novo álbum é inteligente e ríspido. Qual o ingrediente especial de “Heart Of Darkness”?
Ted Patterson: Acredito que seja a amizade. Eu conheço e toco com o John e o Dave desde 1989, basicamente. Somos amigos à muito tempo e isso nos torna muito mais do que uma banda. O Burnt By The Sun teve um começo à moda antiga: um bando de amigos que se reunia para tocar as músicas que amavam. A banda mantém se estilo intacto. Qual sua opinião em relação às bandas que pulam de estilos consoante às modas? Mike Olender: Sinceramente, eu não dou atenção a essas bandas. Está fora da minha “onda”. Acho chato que muitas bandas sejam montadas apenas para buscar o sucesso. As pessoas começam as bandas com uma carreira e muitos esperam ser tratados como deuses simplesmente porque seguem um livro de regras que ensina como fazer música chata e sem inspiração ou como aplicar maquiagem e rebolar no palco. Eles não sabem o que é trabalho árduo, só dormem em hotéis durante as turnês e, muitos deles, só fizeram turnês de ônibus. Acredito que isso seja melhor que um trabalho medíocre, mas não torna sua música mais interessante pra mim. Como foi trabalhar com o produtor Eric Rachel? Ele ajudou nas gravações do álbum “Soundtrack To The Personal Revolution”, certo? Mike Olender: Eric participou muito pouco no “Soundtrack”. Aquela era a primeira vez que o Matt Bayles estava no estúdio Trax East, então o Eric deu uma “forcinha”. O “Heart of Darkness” é o primeiro álbum do Burnt By The Sun com o Eric como produtor e tudo funcionou muito bem. As únicas dificuldades encontradas foram relacionadas a banda. É muito fácil trabalhar com o Eric, além do que ele tem um excelente “ouvido”. Ele já faz isso a muito tempo e isso fica evidente quando vemos como ele trabalha. Eu já tinha trabalhado com ele antes nas gravações do disco do Nora e tinha gostado muito, portanto fiquei contente em poder trabalhar com ele no nosso disco. Adoramos trabalhar com o Matt Bayles nos álbuns anteriores, e por razões diversas, não podemos contar com ele para esse álbum, mas trabalhar com o Eric foi ótimo e não poderiam ter saído melhor. Esse é o derradeiro álbum. Vocês pararam, tipo... para sempre? Nenhuma chance de retorno ou coisa assim? Mike Olender: Não quero esgotar minhas alternativas, pois a música tem sido a “grande festa” da minha vida. Tenho estado em bandas desde os 16 anos e não sei como seria a vida sem fazer música. Vou ter meu primeiro filho em Dezembro e agora minha prioridade será aprender a ser um bom pai. Se, daqui a algum tempo, tiver a oportunidade de escrever e tocar novamente, voltar com o BBTS é uma possibilidade. De qualquer forma, é uma decisão difícil. Estou feliz que tenhamos terminado a banda com esse status. Acho que esse é o melhor álbum que fizemos, e nas letras, pude finalmente dizer diversas coisas que queria botar pra fora. Pra mim, tudo depende de como vai estar minha cabeça daqui pra frente. Matheus Moura
Mike Olender
Filme “Um Corpo que Cai” (1958) Meu filme predileto é Vertigo (“Um corpo que cai”). Tudo nesse filme é incrível. Tem um final trágico. Foi o primeiro filme sem um final feliz, que vi quando era criança. Na verdade, o final é deprimente. Me lembro de sentir um frio na barriga uma semana depois de ter visto pela primeira vez. È um daqueles filmes que ficam melhores a cada vez que se assiste. As cores, a nostalgia de São Francisco (cidade), os temas explorados, a história e os atores fazem desse um grande filme. Recomendo que todos assistam. Assista sem distrações e fique extasiado.
[8] Burnt By The Sun Heart of Darkness Relapse
Custa-me acreditar que esse é o fim. Que uma banda lança um álbum após 6 anos de silêncio só pra dizer: tchau! Mas foi o que o Burnt By The Sun fez. “Heart Of Darkness” é o derradeiro registro dessa banda americana que, insatisfeita como seu último suspiro (“The Perfect is The Enemy of the Good” de 2003), resolveu voltar do limbo para encerrar a sua carreira com chave de ouro. Sua mistura única do peso do Metal, da violência do Grindcore e da frontalidade do Hardcore ainda se apresenta genial e com o mesmo “felling” brutal dos álbuns anteriores. Os primeiros segundos de “Inner Station” já não deixam dúvidas que a banda mantêmse tão explosiva quanto antes. O álbum foi baseado no livro “Coração das Trevas” de Joseph Conrad (o mesmo livro que inspirou o filme “Apocalypse Now”), sendo assim, a temática debruça sobre a dualidade dos seres humanos e na constante batalha interna entre o bem e o mal. O vocalista Mike Olender se entrega completamente, botando pra fora toda sua fúria numa prestação impecável. Bigornas com “F-Unit” e “Cardiff Giant” fustigam os ouvidos com um embate viciante de punch e groove. “Goliath”, primeira faixa composta para esse álbum, e “Rust | Future Primitive” mostram uma faceta mais profunda e corrosiva, aonde adicionam alguns elementos melódicos, sem perder a aspereza. No final das contas, esse álbum nos deixa com a mesma sensação que a banda nos acostumou. É como se estivéssemos digirindo um caminhão de nitroglicerina sem freios, à 200 km por hora na contra-mão. Típico Burnt By The Sun. Espero que o “adeus” não seja “pra sempre”. Matheus Moura
www.myspace.com/burntbythesun
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Foto: Hristo Shindov
entrevista
Ventos apocalípticos Sobreviver no mundo do Metal não é uma tarefa simples. Contudo, com uma boa dose de violência, paixão e dedicação, os americanos da Winds Of Plague seguem em frente como uma bala, sem nenhuma lei da física que a faça parar. Com um novo álbum na praça, participações especiais e algumas curiosidades, o vocalista Jonathan Cooke, mais conhecido como Johnny Plague, cedeu uma entrevista à HORNSUP. 22
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pós vender cerca de 45.000 cópias com “Decimate the Weak”, a banda vem com o terceiro full-length, agora com mais experiência e um álbum conceitual. Qual o objetivo ou razão desta temática escolhida? A história do álbum é o apocalipse visto pelos olhos de um pagão. Passando pelas onze faixas você observará, em terceira pessoa, a sociedade que se vê em uma inevitável guerra mundial, que é lutada com pedra, ao invés de tecnologia. Ainda falando sobre o novo álbum, em algumas faixas como “Forged In Fire” e “Classic Struggle”, a banda convidou algumas participações especiais. Como foi trabalhar com Mitch Lucker (Suicide Silence) e Martin Stewart (Terror)? Foi incrível! Por um milagre isso tudo acabou funcionando, pois no exato momento em que estávamos gravando, a Suicide Silence tinha algum tempo livre, então Mitch (vocalista do SS) veio ao nosso estúdio e nos emprestou sua voz para a música “Classic Struggle”. Enquanto nós estávamos gravando a música “Forged In Fire”, aconteceu de nós estarmos na turnê Atticus Metal com Terror, então nós originalmente escrevemos aquela sessão da música para Scott Voguel, mas Martin ouviu a música e tapou o “buraco” que ficou faltando para o vocal. Nós trabalhamos em uma pré-produção e então ele gravou conosco enquanto estávamos em turnê pela Europa. A arte da capa está fantástica! Par Olofsson fez um trabalho surpreendente. Como foi o processo para escolher esta imagem? É sempre um prazer trabalhar com Par. Nós apenas começamos com um conceito e montamos a partir disso. Eu tinha uma visão relativamente sólida de como eu queria que o desenho ficasse e Par teve o dom de trazer minha imaginação à vida. “The Great Stone War” é ainda mais sinfônico em relação ao último álbum. É minha impressão, claro. Kristen Randall criou belas linhas e colocou a banda em um outro nível. Você poderia falar mais sobre essa ascensão e a entrada dela no grupo? Embora Kristen tenha entrado na banda e feito um impacto positivo, eu devo também apontar que Nick Eash teve uma grande parcela de importância nos arranjos da orquestra. Ele usa Guitar Pro para montar todas as músicas e enquanto ele escreve os riffs de guitarra, também acaba criando linhas de como os teclados devem soar. Então, nos fale sobre as novas turnês. Como foi a Summer Slaughter? E o que a banda está esperando para a Decimation of the Nation? A Summer Slaughter foi uma grande experiência e tivemos que dividir o palco com muitas bandas legais. Decimation of the Nation é uma grande oportunidade para crescermos musicalmente, visto que tocaremos junto a Hatebreed e Chimaira, e estou amando cada momento desta turnê. Como foi gravar com Daniel Castleman novamente e Tue Madsen? Eu acho que eles empurraram a banda até o limite, certo? Daniel vem se tornando um bom amigo para a banda e eu acho que é por isso que nós
estamos tendo grandes momentos com ele e, junto a isso, poder produzir o melhor trabalho possível. Ele sabe nos empurrar ao mesmo tempo em que nos encoraja a que possamos dar o nosso melhor e tudo parece se encaixar no final. Após o estúdio, nós mandamos para ele as faixas para que elas fossem polidas e soassem monstruosas no álbum. Que tipo de “praga” o mundo está vivendo hoje? Qual a visão da banda sobre política, H1N1, Iraque e outras coisas caóticas? Eu acredito que a maior praga do mundo é a ganância. Parece que ganho pessoal é o que dirige a maioria das pessoas e deixar o nosso destino nas mãos disso é uma coisa assombrosa de se pensar. A banda, na verdade, não possui um tema político forte, o que apenas sabemos é que o mundo está de cabeça para baixo e mudanças devem ocorrer antes que nos encontremos na guerra da pedra (uma referência ao nome do novo álbum). O que a banda geralmente faz enquanto está em turnê? Diga-nos alguns hobbies (estranhos ou não) que vocês possuem. Bom, se estivermos em turnê no verão, nós tentamos ir à praia, piscina, lagos, parques aquáticos ou qualquer local para que possamos nos divertir. Também comemos bastante churrasco nos estacionamentos. Há alguma chance de os fãs terem um DVD da banda em breve? Nós fizemos um pequeno DVD para este álbum, mas é exclusivamente para a Hot Topic (cadeia de lojas). Mas, um dia, em um futuro próximo, eu gostaria realmente de fazer um DVD completo da banda, pois somos, de verdade, uma estranha coleção de pessoas e eu gostaria de documentar nossas vidas dentro e fora do Winds of Plague. Qual foi a melhor e a pior experiência da banda na carreira até hoje? A melhor experiência é o sentimento de acordar todos os dias e reconhecer o quanto tanto eu quanto meus amigos do colégio alcançamos um objetivo. Faz alguns anos que tivemos nosso primeiro ensaio em minha garagem e pensar no passado me traz um verdadeiro sentimento de que alcançamos algo, de dever cumprido. A pior experiência foi quando pegamos Jeff Tenney, nosso antigo baterista, roubando uma grana considerável da gente. Ele cresceu conosco como um irmão e foi devastador descobrir que ele estava nos apunhalando pelas costas. Eu sei que você não possui uma bola de cristal, mas como enxergas o futuro da banda e o tipo de música que vocês tocam? Algumas vezes a mídia rotula o grupo como “Deathcore Sinfônico”. “Deathcore” é um gênero que está explodindo contemporaneamente. Mas, como outros gêneros, um dia ficará mais frágil (ou então, com menos atenção). A banda pensa algo em relação a isso? Qual o grande segredo para sobreviver neste oceano de bandas? Sim. Antes de sermos considerados “Deathcore”, nós éramos considerados “Metalcore”. Então, enquanto os rótulos mudam e bandas vêm e vão, eu tenho certeza que seremos rotulados de qualquer coisa. Porém, para nós, seremos sempre o Winds Of Plague. A
[9] Winds of Plague The Great Stone War Century Media
Resenhar é uma tarefa indiscutivelmente praze-rosa. Quando me deparo com bandas que vivem no meu playlist há anos e, depois de um tempo, aparecem com um novo álbum, minhas expectativas são elevadíssimas. Com Winds Of Plague não é diferente. O álbum anterior, “Decimate The Weak”, foi um grande sucesso pela Century Media, tendo vendido 45.000 cópias até agora. Com isso, as atenções se dirigem ao que virá no novo full-lentgh, intitulado “The Great Stone War”. Duas mudanças no line-up foram feitas. A entrada do baterista Art Cruz e da lindíssima tecladista Kristen Randall. Com a temática envolvendo guerras, além de ser um trabalho conceitual, por contar uma história nas faixas, uma análise torna-se fundamental. “Earth” nada mais é do que uma abertura sinfônica com um narrador introduzindo o que o ouvinte irá se deparar. Há um pico de ansiedade ao que estar por vir. “Forged in Fire” traz toda a pancadaria que marca o som do WoP. Com os usuais breakdowns, os gritos insanos de Johnny Plague viram uma verdadeira arma de destruição. Quer mais? Participação de Martin Stewart da banda Terror e Lion Crew. Ao final da faixa, mandarão um break de quebrar o local que você estiver ouvindo. “Soldiers of Doomsday” é essencialmente sinfônica, com um bom trabalho dos guitarristas Nick Piunno e Nick Eash. “Approach the Podium” tem um curto início acústico, que logo cai para o Deathcore que realizam sem dó. Neste momento, apenas uma coisa vem a minha mente: como evoluíram em sua sonoridade! “Battle Scars” vem com belas guitarras gêmeas cantarolando, como se o mundo estivesse acabando naquele momento e nada mais importasse. Fantástico. E que produção! Daniel Castleman (As I Lay Dying) e o mixador Tue Madsen (Himsa, The Haunted) levaram a Winds Of Plague ao máximo de suas forças. No final desta faixa, uma parte com violão de muito bom gosto aparece. “Chest And Horns”, “Creed of Tyrants” e “Our Requiem” manterão o espírito da morte no som, até chegar a “Classic Struggle”, que conta com a participação de Mitch Lucker, da Suicide Silence. A faixa-título, “The Great Stone War”, vem com tantos breaks que, com certeza, irá figurar no Youtube nos famosos vídeos de “Top 10 breakdowns”. “Tides of Change” encerra o álbum com o bom e velho piano, além do narrador. Ufa! É uma verdadeira maratona escutar estes caras e, mais uma vez, me deixaram com um sorriso infernal na cara! Que venha outro. Igor Lemos
nossa música é um reflexo do que somos e do que gostamos. Enquanto a direção da música permanecer a mesma nós estaremos avançando de álbum para álbum. Enquanto nós crescemos, a música irá crescer. E, acredito que, para sobreviver no Metal, você tem que ser apaixonado com o que você cria e pensar fora da caixa. Igor Lemos www.myspace.com/windsofplague
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Progressive device Logo após retornarem do festival ProgPower USA, nos Estados Unidos, a HORNSUP foi saber com o Mindflow como foram as coisas por lá, e também desvendar como funciona o curiso processo de produção e divulgação do novo álbum, “365”. Com a palavra, o vocalista Danilo Herbert.
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omo funciona o projeto de divulgação do novo álbum, “365”? Funciona de forma bem simples: a partir da data inicial do MindFlow 365 (09/09/09), as pessoas receberão notícias regularmente por meio de nossos canais de comunicação (nosso mailing list e nossos web sites: mindflow.com. br, mindflow365.com, myspace.com/letyourmindflow, entre outros), dando informações a respeito das datas de novos lançamentos mensais, que incluem novas músicas, novos produtos, novas enquetes e eventos, todos relacionados ao conceito MindFlow 365 e suas músicas. Pode revelar alguns detalhes? O que podemos esperar deste novo álbum? Algo muito diferente? O MindFlow 365 é uma experiência totalmente nova para nós e para nossos fãs. Pensávamos em como poderíamos lançar um álbum de maneira em que suas ideias fossem apresentadas
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da forma mais rápida possível, sem perderem o frescor do momento devido a todo processo de concepção, pré e pós-produção e ainda todo o processo burocrático e físico que a confecção do disco envolve, isso tudo costuma levar meses para ser feito, às vezes até anos. A proposta agora é sintetizar tudo isso em apenas um mês. Queremos que o ouvinte tenha acesso ao que há de mais recente em nosso trabalho. Colocando-o em uma posição privilegiada, tendo acesso em primeira mão ao que acaba de sair do forno e ainda lhe dando poder até para opinar em coisas do projeto que estão por vir através de enquetes sobre quais serão os próximos produtos exclusivos a serem lançados, qual nome seria mais adequado para um novo evento, canal ou nova música, entre outras coisas. Em suma, nesse novo projeto, queremos levar a nossa interação com os fãs a um novo nível.
O álbum já está completo ou estão compondo à medida que as faixas vão sendo divulgadas? Isso é, na minha opinião, umas das coisas mais interessantes a respeito do MindFlow 365, nós realmente não sabemos o que virá pela frente, o que sabemos é que algo será feito. E isso pode ser uma grande surpresa até para nós! É claro que temos algumas ideias na manga, pois estamos sempre criando coisas, mas o resultado final dessas ideias é totalmente imprevisível. Está sendo um grande desafio para a banda fazer o trabalho dessa forma pois estamos acostumados a fazer coisas muito elaboradas sempre, ao contrário do MindFlow 365 que está envolvendo muito do nosso improviso e espontaneidade. Acho isso muito positivo para nós e para os fãs, pois mais uma vez, uma nova faceta do MindFlow está sendo apresentada.
que eu acredito ser o maior festival de música progressiva da atualidade. Foi uma experiência única para a banda e que nos abrirá muitas portas daqui para a frente. Esperamos repetir a dose algum dia. Vocês já fizeram algumas turnês do exterior. Acredito que esse é o desejo de grande parte das bandas. O que foi preciso para que conseguissem realizar esse feito? Poder mostrar sua música para um público diferente em um lugar no qual que você nunca esteve antes é uma experiência inigualável. O que tornou isso possível para nós foi muita comunicação e persistência, creio eu. Foi necessário muita pesquisa e muita negociação para tornar nosso trabalho visível em outros continentes, tentamos várias vezes e não foram em todas elas que conseguimos sucesso. Mas depois de um tempo as oportunidades começaram a aparecer, cabe a você enxergá-las. Mesmo assim, sei que há ainda um longo caminho a ser percorrido, muito trabalho a ser feito. Ainda estamos longe de chegar aonde queremos chegar. Baseado nas experiências que tiveram “lá fora”, quais os principais fatores que impedem ou prejudicam a consolidação de um circuito ou uma cena nacional decente? Na minha opinião, os fatores são diversos e envolvem todas as partes envolvidas... músicos, público, empresários e produtores. Há uma falta de interesse, profissionalismo, boa vontade entre outras coisas que prejudicam a base de uma cena musical nacional forte, acho até que a própria cultura local favorece essa dificuldade. Mas apesar de tudo isso, sou otimista em relação ao futuro. Acho que esse quadro mudará.
As músicas do álbum vão ser distribuídas pelos meses do ano, mas não vai haver lançamento físico, com todas faixas reunidas? Sim! Realmente haverá um lançamento físico do 365, mas só no segundo semestre do ano que vem, quando estivermos com todas as faixas já lançadas e reunidas. Será uma comemoração marcando o fim dessa jornada de um ano. Particularmente, esse será um dos momentos mais esperados para mim, pois não sabemos como o álbum soará com todas as faixas juntas em sequência. Definitivamente será uma grande surpresa para todos nós!
Fazer o vídeo para a música “Breakthough” foi uma experiência ótima. Gravamos todas as cenas em um único dia, em duas localidades na cidade de São Paulo, a primeira em uma antiga vila de trabalhadores abandonada e a segunda no restaurante do Jockey club de São Paulo. Todo o processo de filmagem foi muito intenso mas o resultado valeu a pena. Conseguimos dar às imagens aquele “clima” de máfia que queríamos, juntamente com alguns elementos de HQ, o que deu uma roupagem mais moderna para o vídeo. O resultado pode ser conferido em nossa página no Myspace.
A Internet parece ser a base de todo processo que atravessam atualmente. Acha que, em determinada altura, todo business musical vai se focar exclusivamente em conteúdo online? Certamente! Assim como vários outros ramos, o comércio da música parece estar cada vez menos físico. Não sei se isso é realmente bom ou ruim, mas com certeza é uma realidade, portanto, temos que nos adaptar às novas condições e tentar tirar o máximo proveito das novas ferramentas que a Internet nos permite usar. Acho que em termos gerais a rede só veio para ajudar as novas bandas, pois a sua divulgação não tem fronteiras e sem elas a relação artista/fã é cada vez mais estreita.
Como rolou o convite para tocarem no festival ProgPower USA deste ano? Já faz um bom tempo que sonhávamos com uma chance de tocar no PPUSA. Já mandamos muitos materiais promocionais para a organização do festival e felizmente dessa vez nossas preces foram ouvidas. Tudo aconteceu muito rápido, recebemos o convite um pouco mais de um mês antes que o festival acontecesse. A informação que chegou até nós foi que houveram problemas para levar a banda de André Mattos até Atlanta, e como acredito que já estivéssemos na fila, a oportunidade finalmente bateu à nossa porta. Mesmo com todas as dificuldades burocráticas para se concretizar essa viagem, agarramos essa oportunidade com todas as forças. Mal acreditávamos que o MindFlow representaria o Brasil no
Como foram as gravações do vídeo clip de “Breakthrough”?
Pelo que vejo, “DIY” é o segundo nome do Mindflow, já que tratam da divulgação, promoção, artwork, merch... enfim, tudo. Se fossem aguardar pela ajuda de terceiros, onde estariam hoje? Com certeza!(risos) E esse seria até um bom nome para um disco ou uma música... colocaremos essa pauta numa próxima enquete do 365! (risos) Realmente essa é uma regra importante para uma banda e não me refiro apenas àquelas que estão começando. A internet veio para tirar o poder dos grandes selos e distribuí-lo ao resto do mundo, aumentando o número de oportunidades para as bandas menos conhecidas, o que é bom, mas isso não quer dizer as coisas ficaram mais fáceis. Apenas estão diferentes. O tão famoso sonho no qual um cara com um cartão de visita procura o artistas depois de um show pequeno e lhes oferece um contrato que contém a solução para todos os seus problemas é praticamente uma piada hoje em dia. Além da música, todo trabalho de divulgação, relacionamento com os fãs e mídia, construção de imagem e todos os outros aspectos artísticos, podem ser acompanhados ou feitos pelo próprio artista. É apenas uma questão de escolha. Temos ótimas ferramentas reais e virtuais à disposição de qualquer pessoa para ajudar em todos esses campos, mas juntamente com isso também temos a responsabilidade de fazer tudo por nós mesmos. Por que se não fizermos, quem fará isso por nós? Uma coisa é certa, você aprende a dar muito mais valor às suas vitórias e elas se tornam muito mais doces. Matheus Moura www.myspace.com/letyourmindflow
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Foto: Vitor Nomoto
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Em ebulição Com o seu primeiro álbum no mercado e prestes a abrir o show da banda norte-americana de Metalcore Killswitch Engage, os guitarristas do Cardiac, Bruno Consani e Daniel Bona, nos falam sobre expectativas, produção do full-lenght, conteúdo lírico e outros temas em entrevista à HORNSUP.
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os apresente a banda. Quem são os integrantes, o que cada um faz e como se conheceram até chegar ao que a Cardiac é hoje? Atualmente somos: Jura (voz), Bruno Consani e Daniel Bona (guitarras), Guilherme Barba (baixo) e Leandro Kborja (bateria). Jura e Kborja já possuíam histórico de outras bandas e iniciaram o Cardiac junto com o Daniel, que já tocava com o Bruno. Por último (mas não menos importante), Barba, pra fechar o time.
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Muitos consideram o grupo como inserido no gênero do Metalcore melódico. Em parte, há uma razão para isso, pois também sinto uma forte influência de nomes como All That Remains e Killswitch Engage na sonoridade da Cardiac. De que forma vocês encaram isso e que outros conjuntos possuem um peso no que vocês tocam? A gente mesmo nunca definiu o tipo de som que tocamos, porque as influências são diversas, mas como a nossa proposta é fazer um som pesado com linhas melódicas e sentimento, acho que é isso que acaba
saindo. Alguns conjuntos que possuem o tipo de peso que admiramos bastante. Podemos citar, além do Killswith Engage: Pantera, In Flames, Iron Maiden, Trivium, Poison the Well, Megadeth, Soilwork, e por aí vai. Após abrir para diversas bandas gringas, como Blessthefall e Underoath, agora chega a hora de participar de um show com a Killswitch Engage. Como estão as expectativas diante deste evento? Haverá alguma novidade para este show?
As expectativas são mais para vermos o show dos caras do que para abrir (risos). Brincadeira, mas com certeza vai ser um show bem legal para o Cardiac, e sem dúvidas é um grande passo para a banda, é uma coisa que a gente queria muito que acontecesse e está rolando, já fica aqui o agradecimento à Liberation por este e todos os outros shows que nos cederam o espaço para mostrar nosso trabalho. Para este show iremos tocar as músicas novas do CD recém lançado e vamos ver como será a aceitação do público. Até agora tivemos um retorno bem positivo. Em pouco menos de três anos de existência, o Cardiac conseguiu uma repercussão louvável no cenário da música pesada no Brasil. De que formas vocês se armam para divulgação do grupo e em que patamar pretendem chegar a curto e longo prazo? É o que a gente fala em todo show, toda entrevista e sempre vamos continuar falando. “Faça você mesmo”. Acho que o Cardiac conseguiu colher alguns frutos em um curto prazo de tempo devido a isso. A gente se desdobra com meio a trabalho, família, faculdade, todo mundo na maior correria, e mesmo assim dividimos tarefas para a coisa girar. A gente corre atrás de patrocínio, parcerias, eventos, o lance é bem isso, não ficar parado. Hoje, a cada dia nasce uma banda nova e de boa qualidade, se essa banda ficar parada, ensaiando na garagem sempre, não vai sair disso. Tem que sair pra rua, se sujar, tomar na cara e assim por diante, tem que correr atrás sempre. Agora, com o lançamento virtual do CD, estamos na divulgação para armarmos a tour de lançamento, assim que chegar o CD da fábrica. Chegando o CD físico a gente vai rodar o país, e a partir daí vão rolando outros projetos em paralelos, como um videoclipe que já está encaminhado e alguns outros shows importantes. Vocês acabaram de lançar um álbum, que leva o mesmo nome da banda. Conte-nos sobre informações técnicas do álbum como produção, mixagem e o conceito que envolve as letras. A gente fez uma correria enorme (como sempre) pra esse CD sair, só quem esteve envolvido tem noção. Tivemos o apoio do Estúdio Boombox para captação de bateria e do nosso amigo Luigi Zampiere captando guitarras e baixo. A partir daí foi tudo para a mão do nosso amigo, produtor, técnico e personal trainer Ricardo Piccoli, do Piccoli Studio. Ele cuidou de toda a produção, mixagem, masterização, e deixou o CD do jeito que a gente queria. Sem dúvidas trabalhar com ele é uma experiência única, pois já havíamos gravado dois singles com ele e com certeza o CD tinha que ter a assinatura dele. Um ponto que chamou minha atenção é o fato de estarem disponibilizando, de forma gratuita, o novo álbum, na íntegra, no site da banda. Como vocês avaliam esta atitude da Cardiac e qual o posicionamento de vocês em relação ao download de álbuns? A gente tem o seguinte ponto de vista: hoje o negócio é MP3, e poucos pagam por isso, ainda mais no Brasil. Temos como objetivo, tomando essa atitude, fazer o CD chegar pra galera de maneira rápida, sem custo e de fácil acesso à maioria. A ideia é fazer o cara ter o CD no mp3 player, no pendrive; tecnologia é o canal. Não tem como a gente
fugir do tempo em que estamos. Hoje a coisa gira assim, tem que ser tudo fácil, rápido e barato. E mesmo com tudo isso, ainda vamos lançar o CD físico para a galera que ainda curte ter o CD em mãos, guardar na prateleira e tudo mais. Vamos jogar pros dois lados da moeda, a galera moderna e o pessoal das antigas (risos). Bom, vamos falar do novo álbum, agora no que toca às composições. Na terceira faixa, “Aliança”, vocês colocam a mensagem: “É preciso ter confiança ao seu próximo, E o passado deve ser esquecido, E um passo a frente tem que ser dado, Dar a mão é melhor opção, respeito às diferenças”. De onde surgiu a inspiração para esta letra? Todas as nossas letras são inspiradas no nosso cotidiano, situações que enfrentamos no dia-a-dia e reflexões que nos vêem a mente às vezes, tudo de forma bem positiva. No caso de “Aliança” é bem isso, passamos a ideia de o quanto é importante ter alguém em quem confiar e sempre seguir em frente. Isso você reflete no seu trabalho, na sua família, em seu relacionamento pessoal, no seu grupo de amigos e tudo mais, são coisas para se pensar e seguir adiante. “Morre mais um” apresenta uma temática que envolve o sistema penitenciário e capitalista? Como as letras possuem um caráter subjetivo nas interpretações (cada um tem uma conclusão), é difícil sacar onde queriam chegar. Contudo, se o que falei tiver alguma ligação com o que passam nesta música, qual a visão do grupo do sistema em que vivemos? A música retrata o sofrimento das vítimas do Furacão Katrina que atingiu Nova Orleans no final de 2005. É mais um desabafo de como o governo norte-americano lidou com a situação toda e como as pessoas foram mal-tratadas durante o processo de recuperação da cidade, que tem uma história muito importante por ser a capital mundial do Jazz. Bom, minha interpretação saiu errada (risos). Já em “Tempestade”, a banda apresenta belas passagens melódicas e é a única instrumental. Como se deu o surgimento desta faixa? De antemão digo que gostei de vê-la no meio de tantas porradas. Em uma jam session, num ensaio, tivemos como proposta criar uma música para passarmos o som nos shows, uma música que fosse instrumental e que tivesse partes leves com guitarras limpas, partes de apenas bateria, bumbo, caixa, etc., e partes pesadas. Dessa brincadeira saiu “Tempestade”, e a gente gostou tanto do som que decidimos gravar e colocar no meio do CD para servir como se fosse um ponto de fuga entre as faixas, adicionamos alguns efeitos de ambiente na música e gostamos do resultado. Você falou em relação a um videoclipe em uma das respostas. Como esta ideia está andando? Exatamente, como mencionei acima, vai rolar o videoclipe sim, estamos correndo atrás de parceiros e apoios para fazer rolar. Já temos o roteiro pronto, se conseguirmos realizar do jeito que projetamos vai ficar bem legal. Hoje o audiovisual vem ganhando muito espaço e é legal ver o lado independente da coisa, vemos bandas que sem muitos recursos fazem vídeos muito bons e criativos é ai que está a grande sacada.
Que mensagem vocês gostariam de passar aos leitores da HORNSUP para que compareçam ao próximo show de vocês com a Killswitch Engage? Esperamos que tenham gostado da entrevista, pedimos que baixem o CD em nosso site e nos vemos no Killswitch Engage. Será uma honra para nós estarmos lá curtindo com vocês, vai ser uma festa e tanto. Gostaríamos de agradecer a todo o pessoal da HORNSUP pelo espaço e ao Igor Lemos pela entrevista, nos vemos no show também! Abraços a todos! Igor Lemos
[8] Cardiac Cardiac Independente
Menos de três anos. Este foi o tempo necessário para que o grupo de Campinas, São Paulo, conseguisse chegar aos ouvidos de um bom público. Praticantes de uma sonoridade próxima do Metalcore Melódico, a verdade é que a Cardiac não mais vem se firmando como um grande nome do gênero no Brasil, eles já alcançaram este patamar. Após a abertura de shows de várias bandas gringas, e na proximidade de abrir para a Killswitch Engage, estes cinco rapazes lançam um full-lenght de expressão, que leva o mesmo nome do grupo. Com letras cantadas em português, mensagens que posicionam o ouvinte a uma tomada de atitude crítica em relação ao mundo que habita, instrumental bem trabalhado e ótimos vocais, é impossível não pegar a sua cópia deste álbum. Aliás, fizeram questão de disponibilizar o mesmo no site da banda. Uma ótima iniciativa para calar a boca daqueles que reclamam de ter que pagar para ouvir um full-lenght. Analisando a parte instrumental das guitarras, inicialmente, Bruno Consani e Daniel Bonavita souberam criar, com muito bom gosto, passagens melódicas e paredes de riffs potentes, assim como breakdowns que serão a festa dos fãs do Moshpit. O baixista Guilherme “Barba” dá um grande peso ao som, seja acompanhando as guitarras ou criando suas linhas individualmente, sendo um integrante de forte presença neste trabalho. Leandro, ou “K-Borja”, chamará atenção pelo controle e técnica nos pratos e pedais duplos. Por fim, o vocalista Jura Sales, que parece estar vivendo o último dia de sua vida a cada faixa que grita, tamanha veracidade e presença nas suas mensagens (um dos atrativos da Cardiac). Em meio a esse caos e beleza sonora, destaco faixas como “19 Mentiras e Uma Verdade”, “Aliança”, “Morre Mais Um” e “Onde Prolifera o Desespero”. É chegado o momento de parar de, como diz o senso comum, “pagar pau pra banda gringa”. Se você ainda não conhece a Cardiac, abra um espaço em seu playlist para eles. Com certeza não irá se arrepender, tamanha competência e disponibilidade que permitiram ao público com esta porrada sonora. Igor Lemos
www.myspace.com/cardiacrock
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Herança de ódio Enquanto se preparavam para entrar em estúdio para dar início às gravações do seu novo álbum, a HORNSUP abordou Estevam Romena e Caio Augusttus, respectivamente, guitarrista e vocalista da banda paulistana de Grincore Desalmado, para nos prestar esclarecimentos sobre como andam as coisas.
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bandas e é isso que conta. Pelo menos é o povo como a gente, que faz o som e está lá ajudando de alguma forma. Um leva batera, outro leva ampli e assim os shows acontecem.
Como é manter uma banda num nincho tão específico como o Grindcore? Estevam: É uma bosta. Estamos aqui porque somos chatos mesmo e porque gostamos de tocar o som. Aqui em São Paulo não tem cena, não tem nada. Molecada não vai em show, nem de graça. Só paga pau para banda gringa. Normalmente a gente toca para as outras
Quando a banda se chamava El Fuego, por que optaram por utilizar a língua espanhola? Caio: Pensavamos no início em passar uma mensagem mais abrangente, que chegasse aos povos com a mesma realidade que a nossa, somos latino americanos e, apesar de nossa língua ser o português, o barco é o mesmo. Europa ou EUA estão pouco se fodendo para nossa realidade, então temos que nos manter fortes em nossas raizes, buscando expressar o ódio do povo que é excluido, nós latinos americanos. A tentativa sempre será de passar a mensagem de forma universal, que possa criar a reflexão primeiro nos que desconhecem sua própria realidade, consequentemente, criar alguma mudança, para de alguma forma reivindicar direitos iguais e ir contra tudo o que este sistema
á são 5 anos de Desalmado. Olhando para trás, como vê a trajetória da banda? Estevam: Trajetória de aprendizado e conquistas. É difícil manter uma banda e fazer um trabalho legal. A gente ta aí ainda porque gostamos de fazer o som e de se divertir. E fazemos de verdade. Hoje somos uma banda de verdade. O Alemão entrou um pouco antes de gravarmos o Hereditas (em 2007) e trouxe toda a técnica dele, que tem feito a diferença no som. E ano passado veio a Piti, que fechou o pacote. Todo mundo tocando no mesmo nível e os lances fluindo fácil.
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neo liberalista em prol do capital impõe sobre as classes menos favorecidas. Como foi a experiência de gravar o vídeo clip da música “Hereditas”? Estevam: Foi bem legal. Nunca tínhamos pensado em gravar um clipe. Na verdade foi meio sem querer. O Pedro (Gomide, diretor do clipe) me escreveu querendo comprar uma camiseta da banda. Conversa vai, conversa vem, ele trabalha com vídeo e ofereceu de fazermos um clipe. Tudo em família. Pai dele filmou, o Pedro mesmo editou, amigo dele (Douglas Terciano) fez a correção de cor e no fim ficou bom demais! O EP “Hereditas” apresenta uma grande evolução em comparação ao lançamento anterior. Tanto a nível de composição como de gravação. O que mudou na banda nesses dois anos de intervalo entre os lançamentos? Estevam: Mudou o baterista, saiu o Thiago Sonho, entrou o Alemão. E eles são bem
diferentes. Nem pela questão técnica, os dois tocam muito. Mas o Alemão vem de outra escola, Hardcore e Crossover desde sempre. As levadas mais retas, viradas rápidas. Inevitável mudar o som da banda. E também do nosso lado. As músicas mais antigas eram por tentativa e erro. Hoje a gente sabe o que a gente quer compor e tocar. Conseguimos dar uma cara ao nosso som com o Hereditas e manteremos isso. Como é comum nas bandas de Grindcore, há sempre algum contexto sócio-político relacionado as letras. O Desalmado tem algum engajamento político ou alguma causa que defenda? Caio: Se existe um posicionamento político na banda, é contra todo o tipo de injustiça social que é comum no nosso dia a dia, como dito na pergunta referente ao idioma, pertencemos a um país de terceiro mundo, o nosso dia a dia nos faz ter um engajamento político por instinto, não há possibilidade de tocar o som que tocamos simplesmente por tocar, o som do Desalmado é a representação do ódio e repúdio a toda essa luta de classes que estamos diretamente envolvidos. Pertencemos ao lado que sempre irá contestar o conservadorismo esmagador que manipulou esta massa por centenas de anos. Se você pensa em respeito e igualdade, é impossível olhar a sua volta e sentir-se à vontade com tudo o que acontece. Estevam: A gente não faz parte de nenhum movimento, turma, gang, clube, nada. A gente acredita e prega o respeito ao outro. A gente vive em sociedade e se todo mundo se respeitar, tudo funciona. Normalmente a
bosta acontece quando um tenta se impor ou controlar a vida de outro. E é isso que a gente é contra. Entenda como quiser. Tem dois shows importantes pela frente. O show de lançamento do novo álbum do Claustrofobia e o show com os suecos do Entombed. Quais as expectativas para essas apresentações? Estevam: Muito importantes. Os maiores que já fizemos até hoje. Honrados em sermos convidados pelo Claustro para participar da festa e ansiosos para o Entombed. Eu particularmente ouço os caras desde moleque, são influência e toda aquela história. Ensaio, ensaio, ensaio e representar no dia. O que podemos esperar do álbum que irão gravar em Novembro? Estevam: Sinceramente, não sei dizer. Ontem fizemos a 12a música das 13 que pretendemos para o álbum. Cada uma diferente da outra, mas a característica da banda está em todas. Estamos muito empolgados com os sons. Quando estamos no estúdio compondo, só usamos as coisas que realmente gostamos. E as influências são todas as possíveis. Tem crossover, tem hardcore, tem blast beat, crust… tudo que a gente gosta, misturado. Onde e com quem irão gravar o álbum? Já há uma data de lançamento? Estevam: Vamos gravar no Pucci, estúdio do Henrique Pucci (batera do Paura), aqui em São Paulo. Ele e o Carlinhos (Fim do Silêncio) que gravaram o Hereditas em tempo recorde. Foram 20 horas (gravação e mixagem) e o
resultado, para mim, é irretocável. Não tem porque arriscar gravar em outro lugar. A ideia é lançar perto de Março de 2010. Estamos em busca de um selo para lançar aqui e onde for possível. Conseguiram recentemente o endorse da Meteoro. Vão ter mais algum apoio para o lançamento do próximo álbum? Estevam: Esse lance da Meteoro vai funcionar para tudo, principalmente nos shows. Agora temos equipamento bom para levar nos shows e garantir que o pessoal vai ouvir tudo, alto. Acho que é uma puta conquista para uma banda do underground como a gente. Muito lugar que a gente toca não tem a estrutura legal. Agora com esse apoio da Meteoro a gente se garante um pouco mais. Além da gravação, tem mais alguns planos pro futuro da banda? Estevam: Como todo moleque que curte Metal e começa a tocar um instrumento, temos o sonho de fazer uma tour na Europa. Estamos trabalhando para que isso aconteça em 2010. Queremos lançar esse disco em Março para poder divulgar o máximo possível e tentar a tour em Outubro ou Novembro. O Pedro, que fez nosso clipe, também está com várias ideias para projetos de vídeo com a banda. Então pode esperar que a gente vai usar mais nossa conta no Youtube também. Matheus Moura
www.myspace.com/desalmado
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entrevista
Ho-Chi-Mihn Ignição
“Quem espera sempre alcança”. Apesar do ditado não ser infalível, faz jus à carreira do Ho-Chi-Minh, banda portuguesa oriunda de Beja, que finalmente tem a chance de trazer à tona seu álbum de estreia, “It Has Begun”. Falamos com o guitarrista Aresta sobre o álbum e tudo que envolve essa nova fase que a banda atravessa.
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[7] Ho-Chi-Minh It Has Begun Raging Planet
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ito anos depois do início das atividades, vem o primeiro álbum. Qual o significado dessa conquista? Este álbum é, sem dúvida, uma grande conquista para nós e uma motivação extra para começarmos a compor o segundo álbum, pois trata-se de um ponto final na composição musical da banda dos últimos 5 anos de existência. Existe alguma razão para demorarem tanto para colocar o primeiro álbum na rua? Há várias razões para que tal tenha acontecido. Primeiro, após o lançamento do EP todos começamos a trabalhar em profissões fora da música, e isso encurtou bastante o tempo que poderíamos dedicar à composição, ensaios e concertos. Segundo, somos bastante selectivos quando compomos e isso faz com que levemos algum tempo a chegar onde queremos em cada música. Terceiro, estar um pouco afastados de cidades como Lisboa, Porto, etc. As músicas de “It Has Begun” já foram compostas há muito tempo? Sim, 8 delas há 5 anos e 3 há 2 anos. Os elementos eletrônicos, o clima futurista e a cadência industrial sempre marcaram o som do Ho-Chi-Minh. Por serem diferentes, fica difícil enquadrá-los dentro de um cenário específico. Veem isso como um obstáculo ou uma mais-valia? Penso que é uma mais-valia e digo isto tendo em conta o feedback das pessoas, que a maior parte das vezes gosta do nosso som mesmo por essa mistura de electrônico e a música mais pesada. Acredito que seja comum ouvirem comparações com bandas como Pitchshifter,
Spineshank ou Static-X. Isso o incomoda de alguma maneira? Qual definição que dá aos Ho-Chi-Minh? Não nos incomoda nada pois como é evidente no nosso som temos algumas influências dessas bandas, e é um elogio até ouvir comparações com bandas que gostamos. Em relação à definição deixamos isso para quem ouve o som. O facto de serem de Beja e estarem algo distante dos grande centros (Lisboa, Porto) afecta de alguma maneira o desenvolvimento da banda? Afecta um pouco no que diz respeito a concertos e editoras, se morássemos mais perto de onde tudo acontece no underground metaleiro português possivelmente não teríamos levado 8 anos para lançar o primeiro álbum. O nome da banda desperta curiosidade devido ao contexto histórico. Entretanto, a vossa música não reflete nenhuma convicção política ou activismo. Como chegaram a esse nome? Um amigo nosso propôs esse nome para a banda, e nós gostamos à primeira da sonoridade, só depois fomos investigar e deparamo-nos com o cognome de um líder vietnamita, que na realidade quer dizer “aquele que ilumina”, pois o seu povo achava que ele os tinha iluminado para a libertação, mesmo depois de saber o significado decidimos manter o nome porque gostámos logo da sonoridade da palavra. Acredito que até a agora, a popularidade que têm se deve a Internet. O que esperam que mude agora que tem um registro físico e qual a importância que dão a esse formato? A internet é uma ferramenta que permite divulgar a nossa música e dar a conhecer a banda a um número infinito de pessoas, em qualquer parte do mundo. No entanto, os concertos são também uma forma de mostrar o nosso som e têm permitido interagir com muita gente e também com outras bandas. Fazer um álbum é um dos objectivos de qualquer banda; é uma prova física do trabalho que tem sido feito. Há ainda muita gente que gosta de comprar CDs e que pro-
Apesar de estarem lançando seu primeiro álbum, o Ho-Chi-Minh é um velho conhecido do pessoal que costuma ir aos concertos no underground português, afinal já existem desde 2001 e lançaram um EP com 4 músicas em 2004, que deu a conhecer quem são e o que fazem. Após superarem todas as dificuldades que as bandas pequenas tem para colocar seus discos na prateleira, finalmente temos “It Has Begun”, o debut. Logo à primeira audição já detecto velhas conhecidas, como as faixas “Reload” e “Way of Retain”, resgatadas do EP e reeditadas aqui. Ainda em relação ao EP, esse álbum segue exatamente a mesma linha que delinearam há 5 anos atrás, ou seja, apresenta uma banda que continua apostando no Metal industrial com toques hi-tech eletrônicos. Nomes como Static-X ou Spineshank vem logo a mente com o passar das faixas. Apesar de não soar como uma mera cópia, o Ho-Chi-Minh se enquadra confortavelmente na mesma categoria das bandas citadas anteriormente. “It Has Begun” é, de certa forma, uma faca de dois gumes, pois nos entrega uma sonoridade algo datada e batida (principalmente para quem já os conhece e espera por algo diferente), mas, por outro lado, representa um projeto com características bem delineadas e que trabalha, com maestria e personalidade, numa sonoridade pouco explorada, ainda mais à nível português. Ficamos com um bom álbum, vibrante e enérgico, porém temos a impressão de estar ouvindo algo que já devíamos ter escutado a uns anos atrás. Matheus Moura
cura nas lojas novas bandas e sonoridades, servindo também neste caso para divulgação da banda noutros locais que não apenas a internet. Os vários anos de carreira fez com que atravessassem várias fases no underground nacional. Como é a realidade de uma banda no underground português nos dias de hoje? É melhor do que quando começamos, mas ainda podia ser melhor em relação a sítios para concertos, pois muitos bares aparecem e desaparecem num piscar de olhos. Depois temos o fato de haver mais estúdios e produtores de qualidade, o que faz com que a cena underground tenha evoluído e bem nos últimos 10 anos. A julgar pelo nome do álbum, “It Has Begun”, este é apenas o início. Quais os próximos passos? Composição e gravação de novas musicas e continuar a dar concertos por esse Portugal fora e quem sabe no estrangeiro. Matheus Moura www.myspace.com/hochiminh
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Resistência mineira O U-Ganga há 15 anos estremece o Triângulo Mineiro e o Brasil com seu som pesado. Partindo para o lançamento do terceiro CD, os irmãos Manu (vocal) e Marco (bateria) contam à HORNSUP como estão os preparativos para o lançamento, como foi a produção e quais os próximos planos da banda.
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alvez muita gente ainda não conheça a banda, apesar de já terem 15 anos de estrada. Falem então sobre o começo de carreira, como a banda começou, como surgiu a ideia. Manu “Joker” Henriques: Nós começamos em 93 ainda com o nome de Ganga Zumba. No começo era mais um projeto paralelo do Nuts, que era outra banda onde eu tocava. Com o tempo o Nuts acabou e o Ganga Zumba passou a ser prioridade. Desde o início a proposta era misturar Metal, Hardcore e elementos Dub, enfim, fazer algo pesado e com groove influenciados por bandas como Helmet, Biohazard, Faith No More, Prong, Bad Brains, etc. Lançamos 2 demos ainda com o antigo nome e depois em 97 passamos para U-Ganga. Tivemos várias mudanças de formação e numa época muito tumultuada gravamos o primeiro CD “Atitude Lotus”(2003 - Independente), que é um trampo mais calmo. Pra você ter uma ideia até entrarmos no estúdio eu era batera e quando o CD saiu tinha virado vocalista (risos)! Em 2006 lançamos o segundo CD, “Na Trilha Do Homem De Bem” (Incêndio Discos), mais pesado e ligado a proposta inicial, e agora estamos prestes a lançar o terceiro, “Vol. 3: Caos Carma Conceito”, por uma parceria de 4 selos: Freemind, Goma Discos, Incêndio Discos e Metal Soldiers de Portugal. Minas Gerais é um celeiro produtor de grandes bandas de Metal. Inclusive o vocalista fez parte de uma dessas, o clássico Sarcófago. Como foi sair de trás da bateria e encarar os vocais?
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Manu: Tranquilo. Eu sempre cantei e toquei bateria, desde 1986 no Angel Butcher, minha primeira banda. Antes eu fazia uns 20% de vocais no U-Ganga, e com a saída do segundo vocalista passei a me ocupar totalmente dessa função, chamando meu irmão pra assumir as baquetas. Vocês sentem a responsabilidade por ter surgido e continuar fazendo Metal num lugar tão emblemático? Até que ponto isso ajuda e como vocês se sentem de carregar esse histórico? O que isso influencia na forma de produzir? Manu: Minas Gerais realmente tem muita tradição e continua gerando bandas competentes. Eu não diria que somos uma banda puramente Metal, mas com certeza temos muito do estilo em nossa música, em especial Thrash Metal e Crossover. Sobre a responsabilidade é tranqüilo, acho que antes de tudo o importante é fazer aquilo que você realmente quer, como fizeram o Sarcófago, Holocausto, Witch Hammer, Sepultura e tantas outras bandas que nos inspiram a seguir em frente. E nesse tempo todo, aí em Minas e de uma forma geral, o que acham que mudou para melhor ou para pior? Falando em termos de cenário musical, não só para o metal ou estilos mais extremos. Manu: É impossível comparar as épocas... Os anos 80 foram muito importantes, pois colocaram a cena Metal mineira no mapa com a criação do selo Cogumelo Records e todo
o hype criado em cima das bandas de Belo Horizonte, merecido, diga-se de passagem. Hoje em dia também está legal, temos vários festivais importantes, não só na capital, mas também aqui na nossa região (Triângulo Mineiro) como Jambolada, Udi Rock Scene, União, HC Reunion, etc. Selos estão surgindo, zines, casas onde bandas autorais têm espaço. Eu diria que estamos vivendo uma retomada na cena mineira em geral, seja no Metal, Hardcore, Rock, etc. Qual a maior dificuldade que vocês acreditam que existe para bandas do mesmo estilo que, como vocês, optam por fazer letras em português? Manu: Já foi um problema, mas hoje em dia as pessoas de outros países recebem bem quem canta em português. No nosso caso, sempre foi essa a proposta, desde quando não era algo tão legal assim (risos). Marco: Acho que a maior dificuldade é compor em português (risos). A sonoridade do inglês é mais fácil de encaixar em letras. Mas eu acho bem mais foda em português, fica um lance mais direto mesmo, as pessoas entendendo o que você tá falando, cantando junto com você, se identificando com a letra. Houve uma evolução natural do primeiro CD de 2003 que era bem menos agressivo do que foi o “Na trilha do homem de bem” de 2006. Como vocês viram essa evolução? O que acham que mudou nesse tempo? Manu: O principal com certeza foram as
mudanças de formação. No primeiro CD nem todos curtiam sons mais pesados, nosso então guitarrista era mais influenciado por Classic Rock, Funk anos 70, etc. Pra mim ficarmos mais pesados foi algo natural, é a escola de todos que estão no U-Ganga hoje em dia. Assim que estabilizamos a formação a banda adquiriu mais personalidade e consequentemente mais peso. Marco: Eu entrei na banda durante a gravação do primeiro CD, o Ras (baixo) também entrou nessa época e a maior parte das músicas haviam sido compostas pela formação anterior. Só depois desse álbum que começamos a compor juntos e a colocar as características dessa nova formação no som. Não foi nada planejado, foi bem natural. É proposital lançar CD de 3 em 3 anos ou foi mera coincidência? Manu: Foi coincidência, mas uma coincidência legal já que o número 3 tem uma ligação forte com a banda. Somos de 93, temos 3 discos, cada disco tem 13 faixas e por aí vai (risos). Marco: Não tinha reparado isso (risos). Que da hora! Viva o 3! O proximo CD será lançado logo mais e algumas das músicas já estão no myspace. Como tem sido a reação da galera? E o que o CD trará de novidade que vocês já podem adiantar pra aguçar um pouco mais a curiosidade dos fãs? Marco: A resposta tem sido muito boa. Já ouvimos muitos elogios sobre as músicas do MySpace e acima de tudo nós da banda estamos muito felizes com o resultado desse trabalho. Fizemos a parada com muito cuidado e carinho e acho que alcançamos nosso objetivo. Logo logo estaremos postando mais uns 2 sons no MySpace e logo depois o CD chega. Muitas pessoas comentaram que está mais pesado e, como dissemos, foi uma coisa que aconteceu bem naturalmente, mas ainda há todas aquelas viagens que a gente curte, umas paradas eletrônicas, umas influências de dub, hip hop, enfim, a mistura que caracteriza o som do U-ganga. A tendência das maioria das bandas é sempre procurar gravar e fazer o CD fora do Brasil, por questão de tecnologia ou qualidade de produção. Vocês gravaram o novo CD em Brasília e foram masterizar na Alemanha. Como rolou essa idéia e aconteceu o contato e a participação do Harris Johns? Manu: Eu acompanho o trabalho do Harris desde os anos 80 quando ele gravou discos fantásticos como “Killing Tecnology” do VoiVod, “Pleasure To Kill” do Kreator e “Brasil” e “Anarkophobia” do Ratos de Porão. O cara é foda e super gente fina! Buscamos nesse CD tanto na gravação quanto na master soarmos mais orgânicos, sem maquiagens de estúdio. O que você ouve no CD é o que a banda faz ao vivo. Vocês sentiram que o fato de ele produzir bandas mais pesadas como Cro Mags e Kreator influenciou no resultado final? E o que vocês acharam? Ficou como esperado? Manu: Não, de forma alguma. Desde 2004 nosso som foi ficando naturalmente mais pesado e mais próximo do que era no começo da banda em 93. Isso foi única e exclusivamente por que queríamos seguir esse caminho e quando fechamos com o Harris o material já estava todo gravado.
O disco tem algumas participações especiais e bem diferentes, em uma delas o guitarrista Fabio Jhasko (também ex-Sarcófago) toca violino e em outra o X (ex-Câmbio Negro), correto? Apesar de vocês já terem a idéia de misturar sons e principalmente o CD anterior ser bem aberto à experimentações. Como rolou a ideia de convidá-los? Manu: Ter esses dois participando foi muito foda. Sou amigo do Fábio desde que tocamos juntos no Sarcófago na época dos shows com o DxRxIx em São Paulo. É um músico de grande talento e um cara muito tranqüilo. Depois que voltamos a tocar juntos no “Tributo Ao Sarcófago” em 2007 nos aproximamos ainda mais e rolou o convite que foi prontamente aceito. O X também foi demais, um sonho na verdade. Curto muito o Câmbio Negro, acho uma banda fantástica e tê-lo no “Vol. 3” foi algo que nos deixou muito honrados. Acho emblemático termos um ícone do Death Metal e um do Rap no mesmo CD. Tudo a ver com o U-Ganga, porém se não tivesse amizade e admiração mútuas não rolaria. Marco: Certeza, esse lance das participações tão diferentes, um vindo do Death, mas tocando violino e outro vindo do Hip Hop. Mostra bem nossa fusão. E ainda tem também o Edinho da banda Seu Juvenal tocando guitarra em um som e o Guilherme do Krow dando uns berros. Vocês conseguiram fazer uma boa divulgação, tocando em vários lugares e festivais com a turnê do CD anterior. Qual a expectativa da banda para esse lançamento? Já tem alguma ideia ou planos? Tipo, concretizar o que acham que a turnê passada deixou a desejar ou que vocês ainda querem fazer? Marco: Os planos são muitos. Iniciar a turnê aqui na nossa região, depois ir caindo pra outras áreas como interior de SP, Nordeste, Sul, voltar em cidades que fomos na turnê do CD anterior, tocar em cidades quem nunca fomos. E temos também planos pra alguns shows na América do Sul, ainda esse ano e pro ano que vem uma turnê na Europa. A HORNSUP é uma revista que circula no Brasil e em Portugal. Como aconteceu essa parceira com Metal Soldier Records, que coincidentemente é uma gravadora portuguesa? Manu: Cara, são frutos de raízes plantadas nos anos 80. Eu era bastante envolvido com troca de fitas e conheci por intermédio de cartas o Fernando da “Metal Soldiers”. Na verdade na época o selo dele nem existia mas ele também já estava bastante inserido na cena “tape-trader” mundial. Eu tocava no Angel Butcher nessa fase e até o início dos anos 90 ainda tínhamos algum contato via cartas, porém depois não tive mais notícias dele. Uns 3 anos atrás nos reencontramos na Internet e voltamos a manter contato. Só mudou a forma (risos). Ele conheceu o U-Ganga, curtiu o som e nos convidou para integrar o selo. Além do U-Ganga a “Metal Soldiers” também trabalha com o Stress de Belém do Pará, que é uma das bandas mais antigas de Metal da América Latina. Já existe algo planejado ou mais certo para essa possível turnê europeia no ano que vem? Manu: Sim, os contatos estão sendo feitos e ao que parece iremos em Julho de 2010. Espero que tudo dê certo! Marco: É uma parada que toda banda tem
[7] U-ganga Vol. 3: Caos Carma Conceito Freemind/Goma/Incêndio
Outros estilos também tem lá as suas regras, mas o Metal, por anos a fio, foi um dos mais ortodoxos do planeta. Era o único que não admitia entre os seus “seguidores” nada diferente da combinação de guitarras rápidas, vocais urrados, camiseta preta, cabelo comprido e bate-cabeça. Seja lá qual tenha sido o momento em que as mentes se abriram para mudanças e misturas, agradeça. Graças a isso é que é possível ter todo o poder do velho Metal aliado fusões com Reggae, Ska, Groove, Crossover, um scratch de DJ, num único som e tudo isso não te soar estranho. E o melhor é que você vai curtir e aceitar numa boa. O mais novo CD do U-Ganga traz exatamente isso. O terceiro disco da carreira, não por um acaso chamado de “Volume 3” é um dos lançamentos mais democráticos em termos de misturas de toda a carreira. A HORNSUP foi um dos primeiros veículos a ter com exclusividade aos novos sons. O peso, a rapidez, o vocal poderoso continuam lá aliados a temas atuais como cotidiano, regras da sociedade, leis e tudo que é criado para te fazer engolir, e se adequar. Em bom português, a banda vai na contramão pra te fazer refletir sobre a realidade e não acreditar facilmente no que querem que você acredite. Destaques para “Iso 666”, “3XC” com a participação de X (ex-vocal do Câmbio Negro) e as pesadonas “Meus velhos olhos” e “Inquilino”. Com alguns sons de degustação no Myspace, a previsão é que o disco seja lançado em Outubro numa parceria entre os selos Freemind, Goma Discos, Incêndio Discos (brasileiros) e Metal Soldiers (de Portugal) e com a produção de nada menos que Harris Johns (Ratos de Porão, Voi-vod, Kreator, entre outros). São 15 anos de estrada, meus queridos. Não conhece? O Myspace e os links da banda estão ai, facilmente encontrados numa googlada. As 13 faixas, logo mais disponíveis, serão uma ótima oportunidade de curtir sons novos e se redimir. Andréa Ariani
vontade de fazer e agora tendo um selo em Portugal lançando nosso álbum as coisas podem ficar mais fáceis. E estamos trabalhando forte pra que isso aconteça. Com revistas como a nossa circulando só no formato online, com o Twitter e novas formas de chegar aos fãs e fazer o som de vocês ser ouvido, como vocês lidam com a divulgação pela internet? Marco: Não tem como ficar de fora. Usamos todas essas formas como Twitter, Orkut, Fotolog, Youtube e principalmente o MySpace que atualmente é a melhor ferramenta para divulgação de bandas. E por estar envolvido com a banda, com o Páginas Vazias Zine (www. paginasvazias.com.br) e com a Incêndio Discos, sempre estou em contato com novidades do cenário alternativo/independente em geral e claro, sempre aproveitando pra divulgar nosso som nesse meio. Andréa Ariani www.myspace.com/uganga
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Cães de caça
Oriundos de Piracicaba, interior de São Paulo, o Blood So Pure enfrenta os desafios do início de carreira em busca de reconhecimento e oportunidades. Em bate-papo com a HORNSUP antes do maior compromisso da banda (a abertura do show do Walls Of Jericho em São Paulo), o guitarrista Guilherme Motta fala sobre as expectativas de dividir o palco com um dos grandes nomes do Hardcore atual e sobre o lançamento do EP “Hunter”, o primeiro trabalho da banda. 34
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rimeiramente nos apresente os membros da banda e suas respectivas funções no Blood So Pure. Atualmente, a banda conta com Caio nos vocais, eu (Guilherme) e Miguel nas guitarras, Carrara no baixo e Mário na bateria. De onde surgiu a idéia de formarem uma banda? Desde quando estão juntos? Todos já se conheciam antes do Blood So Pure ter início? A idéia de montar a banda começou no meio de 2007. Eu, o Mário e o Bruno (exguitarrista), nos conhecíamos da escola em que estudávamos, e tocávamos juntos fazia 2 ou 3 anos. Tocávamos numa banda de cover de músicas de Pop Rock, só para diversão mesmo, até que um dia surgiu a ideia de fazer musicas próprias e um pouco diferente do que estávamos acostumados a tocar. Então chamamos o Carrara para assumir o baixo e começamos a compor as músicas, ainda sem vocalista. Quando tínhamos 3 músicas prontas começamos a ir atrás de possíveis vocalistas. Eis então que surge o Caio, que já no primeiro ensaio agradou e assumiu o posto de vocalista. A banda acaba de lançar o EP “Hunter”, que contém 5 faixas. Como foi o processo de composição e gravação das músicas? O EP foi lançado de forma totalmente independente? As músicas que compõem o EP, foram compostas ao longo do tempo, com calma e sempre buscando melhorar a cada música feita. Começamos a pensar em gravar o EP para que pudéssemos divulgar melhor o nosso trabalho, e mostrar que estamos buscando um bom reconhecimento. O EP foi gravado de forma totalmente independente, com muito suor e muitas horas de comprometimento. Mas nunca esquecendo do apoio que recebemos dos nossos amigos aqui de Piracicaba. O EP “Hunter” também foi disponibilizado para audição na internet. Quão importante consideram esse meio para uma banda independente divulgar o seu trabalho? Hoje em dia é muito mais fácil divulgar um trabalho, ou qualquer outro tipo de coisa pela internet. A internet é basicamente o único meio, sem que se gaste muito dinheiro, em que a divulgação atinge muitas pessoas, de outros estados e até de outros paises, favorecendo assim bandas novas e independentes. As músicas do EP são todas cantadas em inglês. Do que falam as letras do Blood So Pure? Todas as letras do Blood So Pure retratam aquilo que sentimos em algum momento. Nós, pelo menos como banda, não levantamos nenhuma bandeira, nem nenhuma ideologia, tentamos apenas fazer músicas que passem o que enfrentamos na vida. O Blood So Pure é de Piracicaba, cidade que tem mostrado bastante força na cena Hardcore do interior de São Paulo. As bandas e festivais da região favorecem o crescimento da banda? A cena de Piracicaba sempre nos ajudou muito. Por ser um tipo de som um tanto
quanto especifico, as bandas da região acabam por consolidar amizades, o que ajuda muita quando se quer divulgar um show, um EP, ou até ser convidado para alguns eventos. Em Piracicaba há a atuação da Hardcore Pride, que consideramos uma das mais importantes produtoras de evento de Hardcore, que sempre confiou em nosso potencial e desde o início da banda estavam lá para nos apoiar. A banda tem um compromisso importante no dia 20 de Setembro, quando será a única banda de abertura para o show do Walls Of Jericho, no Inferno Club, em São Paulo. Quais são as expectativas para essa apresentação? Como surgiu essa oportunidade? Não podíamos estar mais felizes e realizados com essa chance. Também estamos com um pouco de receio, até porque não é fácil dividir um palco com uma das grandes bandas de Hardcore, com nome no mundo inteiro. Muita gente pode estar pensando que estamos pagando, ou que nos beneficiamos de algum meio além de nosso som, porém não é nada disso. Quando soubemos do show do Walls Of Jericho no Brasil, entramos em contato com a Liberation, para que pudéssemos ter uma chance. Ao contrário das lendas que por ai dizem, o pessoal da Liberation, principalmente o Marcos, sempre nos tratou muito bem e sempre foi muito atencioso com a banda, e aceitou que tocássemos neste evento. Quais são as maiores dificuldades que uma banda como o Blood So Pure enfrenta hoje em dia? Acredito que, não só nós do Blood So Pure, mas como muitas pessoas de outras bandas, as maiores dificuldades sejam o apoio e a disponibilidade de eventos que realmente prezam pela qualidade do som. Há muitas oportunidades para as bandas tocarem, mas na maioria dos eventos as bandas têm que vender uma quantidade de ingressos muito grande para que possam mostrar, ou seja, a banda não é escolhida porque é boa, e sim porque vende muitos ingressos, o que não tem necessariamente relação de um com outro. Quais são as principais influências da banda? As influências da Blood So Pure são muito variáveis, sempre buscamos fazer músicas conforme o tipo de som que estamos escutando no momento, como August Burns Red e The Devil Wears Prada, porém temos como principais algumas das grandes bandas deste cenário, que são: Madball, Terror, As I Lay Dying, Caliban e etc. Qual o próximo passo do Blood So Pure? Desde que começamos a banda estamos tentando cada vez mais ser melhores, esperamos que as coisas continuem a dar certo para a banda, que apareçam shows e quem sabe algum apoio concreto que nos dê possibilidade de seguir em frente, porque uma das coisas que mais gostamos é de tocar. André Henrique Franco www.myspace.com/xbloodsopure
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resenhas
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The Black Dahlia Murder Deflorate Metal Blade
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Como é bom ouvir um álbum que atinge a perfeição em quase todos os pontos: criatividade, presença, letras, artwork, dentre outros. The Black Dahlia Murder, uma das maiores bandas contemporâneas, praticante do Death Metal Melódico (por favor, nunca coloquem este grupo como Metalcore), lança o quarto álbum de estúdio (em intervalos quase fiéis de 2 anos entre eles), intitulado “Deflorate”. Quais as diferenças deste para o anterior? A entrada do guitarrista Ryan Knight. Não apenas isso, voltaram às origens, em uma perspectiva mais clássica, em detrimento do som que as bandas mais “moderninhas” estão fazendo. Um ponto que me deixou muito contente é ver como a capacidade do vocalista Trevor Strnad melhora a cada material que produzem. Suas variações são dignas de um grande frontman. Não há como dizer o contrário. As composições soam como um upgrade de “Nocturnal” (2007). Alguns toques vindos do debut “Unhallowed” (2003) e do impactante “Miasma” (2005) também estão aqui. Contudo, é a primeira vez que realmente podem ser excluídos, completamente, de qualquer vaga ligação com o Deathcore ou algo que não seja o puro Death Metal. “Black Valor” coloca o time em campo, mostrando toda a técnica instrumental e o majestoso trabalho do baterista Shannon Lucas. “Necropolis”, primeiro single de “Deflorate”, é uma das melhores, ainda tendo um clipe bem engraçado em um salão de boliche. O álbum ainda mostrará belos solos, como em “Denounced, Disgraced” e “Throne Of Lunacy”. Ainda há uma porrada de menos de dois minutos, “Death Panorama”, e a longa “I Will Return”, que passa dos cinco minutos, algo não muito comum nas músicas do TBDM. Analisando por técnica e o quanto estão acima do trabalho que 95% das bandas do gênero fazem, é impossível não vangloriar o que foi feito neste full-lenght. Este grupo já se firmou na história do Metal. Igor Lemos
[6] bibleblack The Black Swan Epilogue Vic
“The Black Swan Epilogue” é o álbum de estreia do bibleblack (escrito assim mesmo, em minúsculo), projeto de Mike Wead, guitarrista do Mercyful Fate/King Diamond, e que conta com o também guitarrista Simon Johansson, da banda de Heavy/Doom Metal, Memory Garden. Notasse já de cara é que o bibleblack é muito mais agressivo que o som das bandas originais de seus membros. Algumas harmonias nos sons mais rápidos me lembraram Ihsahn, o ótimo projeto do “faztudo” do Emperor. Inclusive o vocal de Kacper Rozanski é bem parecido com o de Ihsahn. Mas as comparações acabam por aí. Isahn tem músicas memoráveis, o que não acontece aqui. Claro que tem coisa boa, como “Mourning Becomes Me”, a porradeira “Bleed” e “The Dark Engine”. O problema maior de “The Black Swan Epilogue” é que ele é curto. Não em seu tempo de duração, mas em relação ao seu número de músicas “aproveitáveis”. O álbum tem 8 faixas. Dessas, a primeira, “Leaving Shangrila” é a introdução de “Mourning Becomes Me”, e deveria estar na mesma faixa. “Stigma Diaboli” é um amontoado de gemidos. E a faixa-título, que encerra o álbum, só “pega” de verdade em seus últimos 2 minutos. Música pra encerrar álbum mesmo. Sobram cinco sons para serem avaliados. Além dos três já citados, temos “Walk Into Light”, que é bem fraquinha e tem backing vocals chatíssimos, e “I Am Legion”, que tem um riff bem legal, mas que fica perdido em seus desnecessários 7 minutos. Mike Wead tem tudo pra por o bibleblack na lista de preferidos de muita gente, mas deve perceber a tempo que seu forte é a linha mais rápida e agressiva, sem tentar soar épico. André Pires
[6] Kittie In The Black E1 Entertainment
Quem te ouviu e quem te ouve! Foi-se o tempo em que o Nu-Metal saiu das esquinas do underground pro mainstream e, como tantas bandas como Korn, Limp bizkit e Coal Chamber, o Kittie também embarcou nessa. Primeiro por ser uma banda com integrantes mulheres (bonitas), e depois pelo feminismo imposto nas letras, o que também acabou atraindo a atenção das meninas. Mas, como tudo na vida passa, essas gatinhas do Canadá deixaram as notas quebradas do Nu-Metal de lado e assumiram neste último álbum, “In the Black”, uma nova postura, criando composições mais cruas voltados pro Metal, com riffs mais tradicionais, cavalgados e até solos. A front woman Morgan Lander, que tem uma voz bem particular, libera o gogó e canta bastante nesse álbum. Tal mudança já se era prevista, já que os dois últimos álbuns “Until the End” e “Funeral for Yesterday” demonstravam uma certa tendência a isso. “In the Black”, quinto álbum oficial da banda, lançado recentemente
pela E1 Entertainment (antiga Koch Records), consegue uma conexão atmosférica muito boa, com uma distinção musical e tanto. Nota-se isso comparando os tracks menos pesados de “Falling Down” e “Sleepwalking”, e também nos pesos de “Forgive & Forget” e na faixa “Cut Throat”, primeira a virar clip e que também fará parte da trilha sonora do filme “Saw VI” (Jogos Mortais 6), junto com as bandas Chimaira, Hatebreed entre outros. Obviamente que elas não perderam suas origens musicais do Nu-Metal, mas podem não ser tão levadas a sério devido a essa mudança, se é que ainda podemos denominá-las como Nu-Metal. Mas quem é fã, provável que não irá atentar pra isso. “In the Black” é um álbum simples, com 12 faixas (uma intro instrumental), sem muitas surpresas e/ou novidades. A banda que é formada pelas irmãs Morgan Lander (guitarra e voz) e Mercedes Lander (bateria), as únicas da formação original desde 1996, contam ainda com Tara McLeod (guitarra) e a baixista não oficial Ivy Vujic. Gláucio Oliveira
[8] Oh, Sleeper Son of the Mourning Solic State
Nem tudo que vem do Texas é Southern Rock. Brincadeiras à parte, a verdade é que o grupo de Post-Hardcore cristão, Oh, Sleeper, chega com o seu segundo álbum no mercado, e o nome escolhido foi “Son of the Morning”. Após o interessante debut, “When I Am God” (2007), a banda apresentou uma evolução cativante. Com uma capa provocativa ao usual pentagrama invertido, também mostram as caras e ousadia no instrumental, que está belíssimo. As composições formam paredes de guitarras, com ritmos cadenciados e exatos da bateria junto aos breakdowns irregulares e elementos progressivos das seis cordas. O som caótico tem início com a faixa título, que possui também uma bela melodia vocal, presente em diversas faixas. A terceira faixa traz Cody Bonnette, do grupo As Cities Burn (que infelizmente acabou). Um ponto que chama atenção é o quanto conseguem tocar o ouvinte, principalmente com a emoção que o vocalista Micah Kinard dispara em suas letras, narrando a batalha entre Deus e o Diabo, já que se trata de um álbum conceitual. “Breathing Blood” e “Reveries Of Flight”, que mostra todo o potencial vocal de Micah, seja nos melódicos ou nos gritos, demonstram a emoção que me refiro. “World Without A Sun” começa com um puta pedal duplo e elementos progressivos nas guitarras. E, neste seguimento, o álbum se desdobra, com um banho de bom gosto na criação de notas. Mais um trabalho consolidado e lançado pela Solid State. De fato, estão no caminho certo. Procure conferir, não se arrependerá. Igor Lemos
[6] Archaic Time Has Come To Envy The Dead Vic
[8] Despised Icon Day of Mourning Century Media
Despised Icon é resumido em: dois vocalistas, diversos breakdowns inteligentes, um baterista que parece estar tocando na velocidade máxima e muita técnica nas cordas. Aos amantes do Deathcore, eis que é lançado o quarto álbum de estúdio destes seis rapazes vindos do Canadá. Na ativa desde 2002, “Day Of Mourning”, é uma verdadeira manifestação do bom gosto no estilo que praticam. Como a grande maioria dos álbuns do gênero, em alguns momentos torna-se cansativo, mas nada que afaste o bom trabalho feito. Produzido por Yannick St-Amand, mixado pelo Andreas Magnusson (Haste The Day, Born of Osiris) e com o processo de masterização de Alan Douches (Mastodon, The Dillinger Escape Plan, Nile), não há como dizer que este artefato de destruição não é convidativo ao seu player, seja ele qual for. “Les Temps Changent” começa em alto nível, enfiando riffs memoráveis no cérebro do ouvinte. “Day of Mourning”, single que já tem clipe (até interessante), é um murro, tamanha agressividade, ainda somando pontos com os breakdowns, que irão chegar ao ápice em “MVP” (além do excelente trabalho do batera Alex Peletier). As variações entre os vocais de Alex Erian e Steve Marois deixam o som ainda mais encorpado. Outros fatores que também chamam a atenção são os solos em “Eulogy” e “Black Lungs”. Contudo, como foi dito, o som que fazem, por mais bem feito e técnico que seja, ainda não consegue ser único em cada faixa, o que impede de alcançarem uma nota ainda maior. A arte de capa não te deixa com água na boca do que irás ouvir? Não perca tempo. Viciante. Igor Lemos
Ah, que rifferama! Como é bom ouvir música vinda de lugares inesperados. Os húngaros do Archaic destroem num ataque Thrash Metal que fica entre aquele tradicional da Bay Area (particularmente Testament) e Slayer. Claro que não há novidade alguma nisso, mas nem precisaria! O som é tão bem executado, e exala tanta honestidade, que não tem como não banguear o tempo todo. O vocal de Laszlo Puski, apesar de não ser tecnicamente perfeito, é bem descompromissado e tem um timbre quase Death Metal, causando um bom contraste com a limpeza do som das guitarras e bateria. “The Archer” e “Cornu” são duas pedradas extraordinárias, agressividade total. E a banda não tem medo de arriscar algo diferente. “Memories” é arrastada e sombria, com um vocal limpo muito usado em Doom Metal. “Woodland of the Black Treasury” é ainda mais interessante e diferente. A música começa com uma levada de baixo e batera totalmente Gothic Rock, até cair na thrasheira total. “Time Has Come To Envy The Dead” é Thrash Metal na veia, dos bons. Um álbum que celebra esse gênero e deixa qualquer fã satisfeito. André Pires
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resenhas [8]
Diablo Swing Orchestra
Sing-Along Songs for the Damned... Vic
O segundo álbum é um momento delicado para qualquer banda, pois pode ser sua afirmação ou destruição dentro do cenário musical, especialmente quando seu primeiro álbum é sucesso aclamado por público e crítica. Em “Sing-Along Songs for the Damned & Delirious”, a banda sueca Diablo Swing Orchestra mostra a evolução natural de sua proposta inovadora, iniciado pelo EP “Borderline Hymns” de 2003, e em seu aclamado debut “The Butcher’s Ballroom”, de 2006. Mostrando ser um dos principais nomes do que está sendo chamado de “Avant-Garde Metal”, o D.S.O. volta feroz, reforçando suas influências de Jazz, Blues, música latina e música erudita sobre bases pesadas e extremamente bem executadas e produzidas. A evolução nota-se pelo tom mais “caricato” das músicas, mostrando que o experimental do álbum anterior deu resultado e trouxe segurança para novas atuações e inovações, sentidas especialmente dos vocais líricos de Annlouice Wolgers. O álbum abre com a excelente “A Taperdancer’s Dillemma”, que já dá uma idéia completa do que está por vir, com belos ataques de metais (os instrumentos, não só o estilo): “riffs” de trompete em cima de uma base pesada de uma música de cabaret, no melhor estilo Big Band. Nota-se um tom mais “animado”, ligeiramente diferente do álbum anterior, que é reforçado pelas operetas “A Rancid Romance”, “Bedlam Sticks”, “Vodka Inferno” e a vinheta “Siberian Love Affairs”. Este clima “opereta” ainda é reforçado pela ajuda do barítono convidado Kosma Ranuer, que trava intensos duetos com Annlouice. Mas também não falta peso como “Lucy Fears the Mourning Star” e a excelente “New World Windows”, assim como é fácil imaginar um poderoso riff de guitarra que é realizado por um cello em “Stratosphere Serenade”. Diferente de outras bandas do estilo (como Unexpected, Akphaezya e Pin Up Went Down), o D.S.O. apresenta músicas estruturadas, de maneira coesa, misturando os estilos fluentemente, sem alterações bruscas de ritmo, sem “assustar” o ouvinte despreparado. Assim, se você quer conhecer o que é “Avant-Garde Metal”, o D.S.O. é uma ótima maneira de começar, e esse álbum pode tornar-se uma das melhores referências no estilo. E se você já conhece a banda, deverá gostar do caminho que a banda está seguindo. Luigi “Lula” Paolo
[9] Nightrage Wearing A Martyr’s Crown Lifeforce
Com produção impecável de Fedrik Nordstrom (que já trabalhou com bandas como At the Gates, Arch Enemy), o Nightrage traz em “Wearing A Martyr’s Crown” um Death Metal melódico na linha de Dark Tranquility e In Flames da fase “Clayman”. A banda é uma formação grego-sueca com inúmeras mudanças em seu lineup (já passaram pela banda Tomas Lindberg, Nicholas pass
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hornsup #9
Barker, Mikael Stanne, entre outros nomes), e é liderada por Marios Iliopoulos, guitarrista fundador juntamente com o conhecido guiarrista grego Gus G, que já tocou com o Arch Enemy. Gus G, inclusive, aparece como convidado fazendo um solo em “Sting of Remorse”. Mas calma lá, mais uma banda de Death melódico com influências do som de Gotemburgo? E o que que tem demais nisso? Acontece que o álbum é viciante! O grande mérito do Nightrage é fazer riffs agressivos, rápidos e, ao mesmo tempo, melódicos, ao invés de alterná-los, como é muito comum encontrar por ai. Simplesmente não consigo parar de ouvir “Shed the Blood”, “Mocking Modesty”, “A Grim Struggle”, “Collision of Fate” (essa colou no meu subconsciente e não quer sair), “Among Wolves”... Na verdade é injusto citar só algumas, porque praticamente todas as músicas são ótimas! A faixa-título tem um trecho com dedilhados e voz limpa, espetacular. O vocal rasgado de Antony Hämäläinen (ex-Burn Your Halo, debutando na banda neste disco) imprime emoção na dose certa que pede o estilo.De ponto negativo, cito somente a cansativa faixa instrumental (a já citada “Sting of Remorse”), o que em nada mancha o maravilhoso trabalho encontrado aqui. Fãs do gênero, façam um favor a si próprios e não deixem de ouvir! André Pires
[8] Porcupine Tree The Incident Roadrunner
O ambiente se dá em uma viagem conduzida por um automóvel que trafega calmamente por uma auto-estrada durante um final de semana pelo interior da Inglaterra. Em meio à vasta vegetação típica a se correr em highways, feixes de luz vermelha são disparados recordando a iluminação de um farol abandonado. Ambulâncias e policiais parecem surgir meio ao horizonte enquanto o trânsito é mantido em um caminho alternativo. Em meio ao acontecimento, uma placa cromatizada em listras amarelas e pretas informa: “The Incident”. O carro em questão era conduzido pelo cérebro do Porcupine Tree, Steven Wilson, que, analisando cuidadosamente a situação a qual viveu, passou a escrever e compor instrumentalmente o décimo álbum da carreira da banda cujo título já foi mencionado pela placa que simbolizava o acidente na estrada. Logicamente o fruto concebido por essa árvore tornou-se melancólico e fundido a passagens agressivas na guitarra, confirmando a citação do próprio Steven de que “o nome do álbum - Incidente - é uma palavra que remete a algo destrutivo e traumático para as pessoas envolvidas”. Mas, talvez não fosse de se esperar que “The Incident” fosse tão inspirador ao ponto de produzir dois CDS, cuja primeira parte possui apenas uma faixa, denominada com o nome do álbum, que conta com incríveis cinquenta e cinco minutos de duração. Canção essa que é dividida em quatorze partes, e conta a lúgubre história citada e vivida pelo coração da banda, dando margem então à taxação de “álbum conceitual”, ou em outras palavras, de um tema único. A influência não foi apenas temática, mas também sonora. Basicamente tudo que essa gravação transmite já foi apreciado, pois é uma mistura do rock alternativo dos também ingleses do Oceansize, do melodramático indie rock do Cool Hand Luke, das tendências suicidas
do Radiohead com pitadas do Space Rock do histórico Pink Floyd dos anos 70. Por sinal, “Time Flies”, a mais longa e cativante faixa do álbum, foi indiscutivelmente influenciada pelos britânicos do Pink Floyd, já que sua introdução recorda a canção “Dogs” do álbum “Animals”, o desenvolvimento, “Atom Heart Mother” da gravação de mesmo título, e a letra, remete ao mesmo tema de “Time” do CD “Dark Side of the Moon”. As partes “Occam’s Razor”, “The Blind House” e “Degree Zero of Liberty” são menos marcantes que a canção “As the Smoke Clears” do Oceansize, apesar de serem bastante parecidas. Pode-se perceber também que entre as partes mais agressivas como “The Blind House”, “Drawing the Line”, “Degree Zero of Liberty” e “Circle of Manias”, excelentes passagens de violão acústico e vocalizações marcantes são produzidas, com ênfase à que termina a música, “I Drive the Hearse”. A única passagem que pode ser conduzida ao termo “progressivo” é a de número onze, “Octane Twisted”, com pesadas guitarras e mudanças de ritmo constantes. O segundo CD, de apenas vinte minutos de duração, manifesta quatro faixas e difere levemente da linha executada anteriormente pela “mega canção” anterior, já que conta com atributos eletrônicos e uma temática mais leve nas letras. O destaque do CD de número dois é a bela “Black Dahlia”, pois é completa enquanto música, já que possui belas melodias, passagens com violão e aparece após os eletrônicos marcantes em “Bonnie the Cat”. Talvez “The Incident” não seja um álbum original, ou não venha a agradar todos os fãs da banda, mas sem dúvidas é extremamente bem feito, e os seus pontos fortes no quesito melancolia são realmente impressionantes, fazendo com que seja extremamente válida sua audição porque como alguns dizem “as músicas mais tristes também são as mais bonitas”. Italo Lemos
[6] Ribspreader Opus Ribcage Vic
Os Suecos do Ribspreader, após quatro anos do lançamento do seu último full-length “Congregating The Sick”, voltam à cena para mostrar ao mundo “Opus Ribcage”, seu terceiro trabalho. O hiato se deve ao líder da banda Roger “Rogga” Johansson tocar vários outros projetos paralelos e com isso não tem possibilitado uma maior dedicação à banda. A boa notícia e que nada mudou no modelo original da banda. O segundo trabalho lançado sob o selo da Vic Records é um pouco... digamos, sujo com tons repulsivos e destreza gutural fora da média. Artwork feio à parte, o que interessa na realidade é o que se encontra no interior, como diria minha finada mãe “O segredo está no recheio!”. O retorno à ativa do trio sueco pode ser considerado mais do mesmo tomando como parâmetro os seus dois primeiros álbuns. Essa sensação de figurinha repetida vai tomando forma no decorrer de toda audição. Mesmo com pequenas falhas como a bateria meio sem vida e a extrema falta de solos, “Opus Ribcage” não pode ser jogado na vala comum, pois o material mostrado pela banda mesmo não trazendo novidades mantém o nivel dos trabalhos anteriores e não deve desagradar quem gosta do bom Death Metal Sueco. Odilon Herculano
[7] The Mars Volta Octahedron Warner
No intuito de produzir um álbum tipicamente acústico, o vocalista Cedric Bixler-Zavala e o guitarrista Omar Rodríguez-López começaram a montar o esqueleto de seu quinto álbum de estúdio, “Octahedron”, concomitantemente ao aclamado trabalho anterior, “The Bedlam in Goliath”. Segundo o próprio vocalista, a vontade era “fazer o oposto de todas as gravações anteriores”, pois o The Mars Volta “sempre quis ter um álbum pop na carreira”. E agora definitivamente o tem, embora não seja exatamente um ponto negativo. A agressividade instrumental foi praticamente deixada ao léu, dando ênfase ao que já era a marca registrada da banda: a sonoridade psicodélica. Ausência de agressividade essa que caracteriza esta quinta gravação da carreira da banda como a mais fácil de ser apreciada pelo público geral. “Octahedron” é composto por canções nas quais o violão acústico de Omar Rodríguez e a bela voz de Cedric são os pontos principais. As melodias vocais são o destaque, por exemplo, na excelente faixa “With Twilight As My Guide”, fazendo com que seja possível o título de “melhor do álbum”, já que possui todos os atributos indicados. Os leves efeitos de delay na guitarra e aparelhos eletrônicos cadenciados ao fundo são atributos secundários que conseguem deixar a atmosfera densa, à lá Pink Floyd dos anos 70, a exemplo da anti-penúltima canção, “Copernicus” e da de fechamento, “Luciforms”. A abertura da audição se dá com a inicialmente silenciosa “Since We’ve Been Wrong” e segue com “Teflon”, que possui um refrão que gruda facilmente na mente do ouvinte. “Cotopaxi” aparece como a única canção agressiva do álbum, onde as guitarras possuem riffs e dedilhados poderosos, e a bateria faz um trabalho frenético, lembrando um pouco da essência de seus álbuns anteriores. Os cinquenta minutos mais calmos da carreira do The Mars Volta poderiam ter ofuscado levemente a história de uma das poucas bandas de rock progressivo que sustentam-se hodiernamente, mas provavelmente conseguirá atrair mais súditos e fará com que continuem a influenciar os jovens músicos do cenário da música, pois a alta qualidade das composições também é uma marca registrada da banda. Italo Lemos
[8] Dying Fetus Descend Into Depravity Relapse
Quando lançado o aclamado “Destroy The Opposition”, em 2000, o Dying Fetus virou referência no estilo, e foi muito copiado. Afinal, misturaram com competência elementos de Hardcore, Punk, Thrash, e Grind como poucas bandas de Death Metal conseguiram. Mas quando pareciam ter atingido o ápice, veio a queda. Kevin Talley, Jason Netherton e “Sparky” Voyles deixaram a banda para formar o Misery Index em 2001. Foi então que o líder John Gallagher foi obrigado a juntar os cacos e reestruturar o Dying Fetus. Du-
rante os últimos anos, com formações variadas, lançaram mais dois álbuns, que não chegaram nem perto do sucesso causado pelo clássico de 2000. Mas parece que a busca terminou. “Descend Into Depravity” é o álbum que fãs já duvidavam que o Dying Fetus conseguisse fazer. Da produção do vocal e instrumentos, fica óbvio que a banda tentou recapturar o clima do “Destroy The Opposition”. E conseguiram! O ponto principal é que Gallagher (que divide os vocais com o baixista Sean Beasly) encontrou em Trey Williams o baterista que buscava desde a saída de Talley.Se você já conhece o Dying Fetus, sabe o que esperar: brutal death metal com direito a vocais guturais o tempo todo, muito blast beats na batera, e guitarra destilando tremolo picks sem cansar. Desta vez o grupo apresenta um som bem mais técnico e preciso, sem abrir mão do peso. “Shepherd’s Commandment” é a primeira faixa que chama a atenção, pela cabulosa levada inicial, que já é assimilada logo de cara, seguida da fritação característica do grupo. “Atrocius By Nature” é bem padrão, até migrar pra um grind/hardcore no talo e ficar incrível! “At What Expense” não fica atrás, e seu riff final é maravilhoso.Porém, faixas que não tem esse apelo pro grindcore, como “Hopeless Insurrection”, acabam passando batidas. Não que sejam ruins, mas não fogem do death metal usual. “Descend Into Depravity” é uma aposta certeira do Dying Fetus para voltar ao topo do Metal extremo. André Pires
[7] Arsonists Get All the Girls Portals Century Media
Metalcore, Progressivo, Death Metal, Grindcore, Experimental, Eletrônico. Coloque todos estes estilos no liquidificador. O que irá sair? Algo entre o Avant-Garde e o Mathcore. Eis o tipo de som que os americanos de Santa Cruz, Califórnia, realizam. Em atividade desde 2005, “Portals” é o terceiro álbum lançado por estes rapazes (sem contar um relançamento do “Hits From The Bow”). O que faz a Arsonists Get All the Girls possuir um contrato com uma gravadora grande como a Century Media? Um dos pontos é o caráter da inovação/criatividade. Não há linearidade entre as faixas, assim como o tédio ficará longe neste full-lenght. “Portals” marca também a entrada de um novo vocalista. Cameron Reed, o antigo vocal, afirmou que Deus o estava chamando e que não estava mais se sentindo bem na banda. Esta não foi a única perda que o grupo teve. No final de Novembro de 2007, o baixista Patrick Mason foi encontrado morto após uma noite de bebedeira. Não é de se estranhar que este álbum seja o mais profundo e enigmático do AGATG. Jared Monette, o responsável pelas vozes, em nada deixa a desejar, acrescentando em muito no som da banda com seus vocais graves. O instrumental é um show. Colocaram tudo que desse na telha, desde passagens de piano com som de bar, riffs pesadíssimos, bateria destruidora, momentos calmos, ou seja, um caos. “Interdimensionary” é uma intro puramente eletrônica, vindo logo em seguida a porrada “The 42nd Ego”, que não deixa de lado os sintetizadores. “My Cup’s Half Empty” é uma porrada bem legal, com quebras de tempo bem inteligentes (não me refiro a
[9] Every Time I Die New Junk Aesthetic Epitaph
Destruidor! Essa é a primeira palavra que me vem em mente ao descrever o novo trabalho dos caras do Every time I Die. E devo dizer que esta não é a primeira vez em que me surpreendo com um álbum deste quinteto americano. “Gutter Phenomenon” de 2005 e “The Big Dirty “ de 2007 foram particularmente sensacionais, e agora, a história se repete. “New Junk Aesthetic” é o quinto CD de estúdio a entrar na digníssima bagagem da banda, sendo este o primeiro lançado por sua nova gravadora, a Epitaph Records. O disco já começa bem em “Roman Holiday”, um rock’n’roll com uma pegada mais lenta, pesado e bem sujo graças aos berros desesperadores de Keith Buckley. Na segunda faixa, “The Marvelous Slut”, a banda já começa a brutalizar com o seu Post-hardcore caótico contando, neste momento, com uma pequena participação de Greg Puciato do Dillinger Escape Plan. “Wanderlust” é a primeira faixa a ganhar um video clipe que, por sinal, é tão bom quanto a música, uma das melhores do disco e mostra a forte influência de Southern Rock, equilibrando muito bem belas melodias com agressividade. A faixa “Turtles All The Way Down” também é outra música que possui um groove fantástico com ótimos riffs de guitarras. As seguintes, “Organ Grinder”, “Host Disorder” e “After One Quarter Of A Revolution” são completamente ass kicker! Um verdadeiro chuta bundas para qualquer fã do estilo chutar tudo sem o menor pudor. “The Sweet Life” segue nesse mesmo apetite do Punk Rock brutal e conta com mais uma nova participação, desta vez de Matt Caughthran, do The Bronx. “New Junk Aesthetic” possui uma versão deluxe que, além de vir com um DVD exclusivo, contém 2 bonus track; as excelentes “Buffalo 666” e “Goddamn Kids These Days”. Por fim, é impossível não destacar também o belo artwork elaborada pelo guitarrista Jordan Buckley, tornando a compra do disco obrigatória! João Henrique
breakdowns). Já “In The Empyreans” apresenta uma passagem lenta no meio da composição, fazendo o ouvinte flutuar nesse mar de fogo e agressividade que o full-lenght vinha apresentando até o momento. “Violence In Fluid: Triceratops” ganha pela linda passagem progressiva, mais uma vez dando um alívio na porrada na cara que fazem. Com certeza, uma das melhores. “Portals”, a faixa-título, a segunda mais longa, nos faz entrar em diversos gêneros em pouco mais de sete minutos. “I Lost My Loss Of Ruin” inventa colocar uma mistura de Ska com piano e Grind. Dá pra ser mais doido? Um destaque, de fato. Há uma certa divisão entre as faixas, mesmo que aparentemente seja imperceptível. O estrago já foi feito em “Portals”. Não é o que existe de mais surpreendente, mas, de alguma forma, chamou minha atenção. E imaginar que a banda só foi criada para imitarem o som do Horse The Band. Pois é, deixaram os influenciadores no chinelo. Igor Lemos
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resenhas [1] Emmure Felony Victory
Analisar Emmure. Tarefa difícil. O debut do grupo, de 2007, chamado “Goodbye to the Gallows” tem umas duas faixas legais. “The Respect Issue”, de 2008, nenhuma. Sempre critiquei duramente o que estes caras produziram. Porém, nunca perco as esperanças de que possam melhorar como músicos. Agora, em 2009, lançam “Felony”. Um full-lenght por ano. Criatividade em excesso? Infelizmente não. Jogada de marketing? Logicamente. Enquanto Emmure vem crescendo no cenário da música “pesada” (leia-se “modinha”) americana, vem ganhando inúmeras críticas negativas da cena musical especializada. Mas qual a razão de, a cada álbum, venderem mais, chegando agora ao 60º lugar da Billboard, com 8.000 cópias na primeira semana? Bom, é isso que vamos tentar entender. Como guitarrista de carteirinha, posso dizer que as composições da banda são entendiantes, clichês, baseadas em breaks e infinitas dissonâncias que doem no ouvido. Os vocais agora ficaram mais estúpidos, com letras infantis e ainda mais simples. “Sunday Bacon” e “I Thought You Met Telly And Turned Me Into Casper” fazem parte de uma mesma música? Bom, não sei se entendi bem, mas são duas, pelo visto. “I<3 EC2” consegue melhorar um pouquinho, porém, o que trazem de novo? Nada. Vocais chorados, gritos sem muita força e aquelas guitarras que fazem o mesmo som. Uma melodia aparece no meio da música. Isso já foi suficiente para os fãs perguntarem: virou Nu Metal (com todo respeito ao gênero)? Depois vem a faixa título, “Felony”, umas das primeiras escolhidas para divulgação. Mantendo a mesma linha chorona da composição anterior. E daí as faixas vão passando, sem ter nada que chame a atenção. Incrível como as distorções conseguem me deixar com raiva. Que porcaria de efeito ralo é esse que usam? Em um momento, chegará outra música de divulgação: “Bars In Astoria”. Porra! Essas dissonâncias não param! Ah! E o que foi que fizeram em “Don’t Be One”? Querem soar como quem com essas melodias? Quase 32 minutos e o álbum acaba. Ufa! Respondendo a pergunta feita inicialmente: como podem vender tanto? Não sei. Se você curte banda da moda, moshpit, e não dá a mínima pra o que foi falado, compre sua cópia. Igor Lemos
[6] Hearse Single Ticket To Paradise Vic
“Single Ticket To Paradise” é o quinto álbum do Hearse, banda que, não tem como fugir, será sempre associada por ser do ex-vocalista do Arch Enemy, Johan Liiva. E não tem jeito. O vocal do cara, mesmo depois de tantos anos, ainda me remete ao AE. Ouvir Hearse é imaginar como seria o Arch Enemy se Liiva tivesse continuado na banda. Passado o hype da eentrada ent r da Angela Gossow (o que trouxe muita
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visibilidade por colocar uma mulher bonita como vocalista), é nitidamente perceptível que o AE perdeu um puta dum vocalista, e que está fazendo muita falta (considero “Stigmata” o melhor álbum do Arch Enemy, mas isso já é outra história...). Mas vamos ao álbum em si. Já logo de cara torci o nariz. E não estou falando da intro à lá Van Halen. “Misanthropic Charades” tem um refrão pegajoso e enjoativo, não gostei mesmo. Ainda bem que são poucos os momentos como esse. “Sundow”, com um trabalho de guitarras bem bacana, me deu esperanças de um bom álbum, e então, pra salvar de vez, vem na sequência a veloz e pesada “The Moth” (com direito a vocais cavernosos de Liiva), “An Emotional Fraud”, e a diferente e interessante faixa-título. The Fericious Embrace, apesar de uns estranhos arranjos de guitarra espanhola (!?), tem aquele climão de Arch Enemy antigo. E não é só Johan Liiva que é destaque na banda. Quem destroi durante todo o álbum é o guitarrista Mattias Ljung. Um dos motivos para que “Single Ticket To Paradise” seja tão legal é que ele mostra diversas influências ao longo das músicas. Cavalgadas, solos, dedilhados, riffs ora totalmente Punk, ora descambando pro Doom Metal. Tem pra todos os gostos! O Hearse faz um Melodic Death Metal com uma espinha Death’n’roll, o que dá uma cara old school ao som. Sonzera de qualidade pra novos e velhos apreciadores do gênero! André Pires
[8] Resurrecturis Non Voglio Morire Copro
Carlos Strappa, a mente por tras do Resurrecturis, foi um dos pioneiros do Death / Grind italiano nos anos 80. Hoje, apesar de estar a algum tempo afastado da cena, resolveu mostrar que quem é rei nunca perde a majestade. O disco, desde seu título, tenta refletir o desejo do artista de se imortalizar através da música, a utilizando como preservação de sua alma, e mostrando de uma forma intimista basicamente os últimos 20 anos de sua vida. Filosófico, não? Ainda bem que Carlos tornou toda essa filosofia em uma pancadaria sem limites e bastante variada e interessante, onde temos flertes com Death Metal bem old-school em “Corpses Forever”, Death melódico em “Calling Our Names”, e até com algumas pitadas de Hardcore que poderiam estar tranquilamente em um disco do Bioharzard em “After The Show”. Apesar da variedade de estilos, todas os sons são tocados de maneira impecável, e o disco, embora beba de diversas fontes, soa bastante coeso. Outra coisa que chama a atenção é o profissionalismo da arte gráfica. A começar pela capa, que contém uma ilustração bem bacana, a bolacha vem em um digipack duplo com um livreto de 12 páginas e ainda dá de brinde um DVD. É mole? Bom, Carlos hoje trabalha com marketing, então tamanho cuidado com esses detalhes se explica. Mas são justamente eles, somados ao grande trabalho musical mostrado pela banda, que nos provam que a verdadeira vocação de Carlos Strappa, e consequentemente do Resurrecturis, é o bom e velho Metal. Hélio Azem
[6] Amberian Dawn The Clouds Of Northland Thunder Ascendance
A Amberian Dawn está na ativa desde 2006, e ano passado lançaram seu debut, “River Of Tuoni”, que obteve um relativo sucesso na Europa e deu à banda a oportunidade de fazer uma extensiva turnê ao lado do Epica. Agora, com seu segundo trabalho, “The Clouds Of Northland Thunder”, foi recrutado um segundo guitarrista, Emil Pohjalainen, para que o dono e líder do negócio, Tuomas Seppälä, possa se concentrar nos teclados nos shows ao vivo daqui pra frente. Mas o objetivo dessa resenha é justamente o novo lançamento, então vamos a ele. “The Clouds Of Northland Thunder”, lançado no fim de Junho, contém aquele típico Power Metal com influências neo-clássicas e vocais femininos no estilo soprano. Aí o caro leitor vai me perguntar: “Já ouvimos trocentos discos como essa mesma descrição?” Com certeza! Mas isso torna esse disco necessáriamente ruim? Negativo. Em primeiro lugar, os instrumentistas aqui são todos de primeira linha. Espere encontrar solos de guitarra no estilo neo-clássico à velocidade da luz, um verdadeiro ataque no bumbo duplo, cortesia do excelente baterista Joonas Pykäläaho, e intervenções de teclado sempre bem encaixadas. Músicas bastante aceleradas, como a a faixa de abertura “He Sleeps In A Grove’” provam que, mesmo com toda a virtuose instrumental que a banda faz questão de mostrar, a bela vocalização de Heidi Parviainen ainda se faz presente e marcante. Porém, ao longo de toda a audição, o excesso de intervenções operísticas me pareceu um tanto monótono e cansativo. Aos fãs do gênero, no entanto, isso não deve ser um grande problema. Se você for um deles, pode procurar sem medo que a diversão é garantida. Hélio Azem
[6] Simbiose Naked Mental Violence Major Label Industries
Como falar de Crustcore em Portugal, sem citar o Simbiose? Sabendo da relevância dessa banda, o selo Major Label Industries relançou “Naked Mental Violence” e “Bounded in Adversity”, os dois primeiros álbuns do Simbiose. First things first. Já com 10 anos de estrada nas costas, a banda resolveu reunir todo seu vasto repertório disperso em EPs e splits e agrupá-lo num único álbum. Regravaram tudo e ainda adicionaram mais algumas faixas, concebendo “Naked Mental Violence” em 2002. São simplesmente 23 pedradas Punk/ Crust, sem frescuras ou desvios. A frontalidade dispensa maiores explicações. As letras se dividem, sendo umas em português, outras em inglês, entretanto, no fim não importa já que pouco (ou nada) se entende. Esse álbum “empacota” os 10 primeiros anos de vida do Simbiose com dignidade e retrata a alta voltagem que os caracteriza até hoje. Um registro fulcral na história do Punk/Crustcore em Portugal. Matheus Moura
[7] Caliban Say Hello To Tragedy Century Media
O Caliban é uma das bandas mais importantes do estilo Metalcore e, a cada álbum lançado, vem ganhando mais espaço na música pesada, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Após 2 anos do lançamento de seu último trabalho de inéditas, “The Awakening”, o quinteto alemão está de volta apresentando o seu mais recente álbum, “Say Hello to Tragedy”. Enquanto muitas bandas se preocupam em estar sempre se inovando seja lá de qual jeito for, outras preferem permanecer com a sua velha e boa fórmula de se fazer música, como é o caso do Caliban. Os caras continuam competentes e bastante técnicos no que fazem e as músicas permanecem fiéis ao estilo. Colocando o play para rodar notei que, além do nível de qualidade permanecer o mesmo, com breakdowns extremamente nervosos, instrumental bem tocado, ora rápido, ora cadenciado e a mistura de vocais insanamente rasgados de Andreas Dörner com os melodicamente limpos do guitarrista Denis Schmidt, a banda parece ter dado um toque a mais na brutalidade de cada uma de suas músicas. “24 Years” abre o disco muito bem, com uma tijolada bem dada na orelha de quem ouve. Já a faixa “Caliban´s Revenge”, tem um refrão marcante e um ótimo instrumental mantendo o peso ideal para a música. Logo em seguida vem mais uma martelada, a “End This Sickness”, com uma pegada violentamente maravilhosa. “Walk Like The Dead” é uma típica música no estilo Caliban, refrões belos com melodias vocais marcantes e passagens extremamente brutais. A música “The Denegation Of Humanity”, definitivamente merece o seu destaque como uma das mais legais do álbum. Ela possui as melhores guitarras do disco, talvez um das mais trabalhadas que o Caliban já fez. Tem até solos de guitarra numa passagem rápida digna de um circle pit. “Unleash Your Voice” vem logo em seguida mandando um breakdown impossível de ficar com os braços cruzados. Para finalizar com chave de ouro, “Coma” é outra faixa que merece o seu destaque como uma das melhores. Bem variada com um peso na medida certa! Não penso que o álbum tenha algum tipo de progresso ou regresso. “Say Hello To Tragedy” é apenas mais um bom álbum do Caliban. João Henrique
[7] Shadows Fall
Warner Music e Ferret distribuírem o seu mais novo trabalho “Retribution” que é certamente uma adição digna à discografia da banda, mesmo a banda não se aventurando por novos terrenos, nem tendo mesma potência que os consagraram no passado. O registro começa com uma guitarra clássica instrumental em “The Path To Imminent Ruin” que abre de maneira ímpar para as faixas seguintes. “My Demise” é uma das faixas destaque do álbum conta com algumas transições que causam um impacto sonoro pegajoso desde primeira audição. Outro dos destaque do trabalho fica a cargo de “King of Nothing” com uma das mais intensas e vigorosas pegadas na do Metal atual. Outros destaques incluem as harmonias vocais e guitarras fortemente agressivas em “A Taste of Fear”, a intensidade de condução de “Picture Perfect”, com um trabalho inicial quase acústico, furiosos riffs e refrão épico em “Dead and Gone”. Em geral, isso é pouco mais do que a média de boas músicas nos álbuns do Shadows Fall, mas para ser justo, as letras são uma exceção. Com uma postura mais pessoal eles exploram a uma faceta que não estava inclusa no trabalhos anteriores da banda. Com certeza é um trabalho de qualidade e não deve decepcionar aos velhos e atuais fãs dos caras. Odilon Herculano
[7] Simbiose Bounded in Adversity Major Label Industries
Como citado na resenha do Simbiose na página anterior, o selo Major Label Industries resolveu reeditar os 2 primeiros álbuns da banda. “Bounded in Adversity” é a segunda entrega desses senhores do Crust/Punk lusitano. Apresenta um bom grau de evolução com relação ao seu antecessor, já que soam mais coesos e experientes. As influências metálicas saltam logo aos ouvidos. Os flertes com o Thrash Metal e com o Punk ficam evidentes, dando nuances bem interessantes e tirando um pouco do aspecto “cansativo” e massudo que um disco de Crustcore pode ter. Com uma produção mais nítida, as 6 cordas ganham protagonistmo, assim como a dinâmica entre os 2 vocalistas, aonde um berra e o outro berra mais ainda. A grande surpresa é a música “Pedophile” aonde cruzam Crust com Death Metal com um resultado espetacular. Em suma, esse álbum revela um Simbiose mais bem formado, com mais skills e capaz de injetar variações muita bem vindas no seu som, sem perder a pedrada tradicional. Essa reedição traz como brinde a faixa “Ghoul Night Out”, cover do Misfits que faz parte do álbum “Portuguese Nightmare”, o tributo português aos Misfists. Matheus Moura
[9]
Retribution Everblack Industries
Mesmo sendo considerados os pioneiros do Metalcore, mesmo indo para uma gravadora maior, os últimos anos não tem sido de moleza para o Shadows Fall. O fraco desempenho (em vendas diga-se de passagem) do último álbum “Threads of Life”, fez com que a banda encarasse uma nova empreitada e desse um novo rumo para a carreira. Decidiram então cria um selo próprio e numa parceria com a
Rudra Brahmavidya: Transcendental I Vic
Provando que o Death Metal é mais do que sangue e tripas, o Rudra (nome do Deus da morte hindú), vindo diretamente de Singapura,
[9] Behemoth Evangelion Nuclear Blast
“Espalhar a palavra de Deus” é a nova premissa dos poloneses do Behemoth. E caro leitor, a julgar pelo que se ouve no novo lançamento desses mestres do Death Metal, a palavra será ouvida por muitas, mas muitas pessoas. Após o lançamento do espetacular “The Apostasy” e de uma extensa turnê mundial, Nergal e sua trupe se reuniram no estúdio Radio Gdansk na Polônia, e após alguns meses de árduo trabalho nos brindam com mais uma obra-prima onde, por mais incrivel que possa parecer, novamente se superaram. A produção, propositalmente crua, cria um clima maligno e assustador que perdura durante todo o disco. Cada linha de guitarra, cada levada de bateria, cada intervenção do baixo soam absurdamente obscuros. O baterista Inferno está mais veloz do que nunca e em momento algum dá descanso para seus pés. Os solos, como sempre, possuem uma melodia estranha, porém invariavelmente grudenta e brutal, graças ao trabalho extremamente profissional de Nergal, que também dá mais uma aula com seus assustadores vocais. O conceito aqui explorado pela banda, tanto pelas letras, quanto pelas intervenções mezzo orientais inseridas cirurgicamente pela banda entre as músicas, criam um clima único em “Evangelion”, tornando o disco praticamente uma blasfema versão do livro do Apocalipse da bíblia cristã. Temos aqui, sem sombra de dúvida, um dos melhores discos do ano. Ouça “Evangelion” e você terá a sensação de que a pedra dos 10 mandamentos de cristo foi quebrada ao final dos 42 minutos desse estupendo disco. Hélio Azem
nos apresenta mais uma obra extremamente complexa, tanto musicalmente quanto liricamente. O caro leitor já ouvir falar de um Veda? De uma Brahmavidya? Ou talvez de um Smrti? É, imaginei que não. O conteúdo lírico é tão complexo que cada um dos álbuns do Rudra (e esse é o sexto) contém notas de rodapé para que as pessoas que não está por dentro do assunto possam compreender do que fala a banda. Em “Brahmavidya: Transcendental I”, temos até uma introdução escrita no encarte que é um curso relâmpago do pensamento hindú. Tudo bastante profissional e extremamente interessante. Já o som, embora contenha interlúdios pra lá de exóticos como “Adiguru Namastubhyam”, “Meditations At Dawn” e “Immortality Roars”, só pra citar algumas, vai agradar quem curte um bom Metal extremo, através de cacetadas como “Ravens of Paradise”, “Reversing the Currents” e “Hymns from the Blazing Chariot”, onde a banda passeia com fluência e facilidade pelo Thrash, Death e Black Metal, fundindo todos os mais brutais estilos em momentos que farão com que o ouvinte se descabele de tão pesados.“Brahmavidya: Transcendental I” é um álbum que merece ser ouvido por todos. Seja pelo peso, pela excentricidade ou pela mera curiosidade de se conhecer um pouco mais uma cultura diferente e inusitada aos padrões ocidentais. Recomendadissimo! Hélio Azem hornsup #9
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resenhas [8] Divine Heresy Bringer of Plagues Century Media
Pensem como quiser, mas quando Tommy Vext abandonou os vocais do Divine Heresy no ano passado, muitos acreditavam mais em uma reunião do Fear Factory do que em um novo álbum do Divine Heresy. Surpreendendo a todos a banda ressurgiu com um novo vocalista e um novo disco logo em seguida. Não que “Bleed the Filth”(2007) fosse um álbum ruim, mas ainda não estava a altura do Fear Factory, Vital Remains e todas as outras bandas de seus integrantes. “Bringer of Plagues” definitivamente acabou com isso. Logo nas primeiras faixas como “The Battle of J.Casey” a banda mostra a que veio. Mudanças constantes de tempo e até uma dose de progressividade, mostrou um trabalho único e bem composto por Dino Cazares e cia. Por trás de tudo isso, a precisão e a vitalidade de Tim Yeung (ex-Vital Remains). Tim trás uma excelente dinâmica e brutalidade às músicas com o peso de suas baquetadas. Não se trata de um típico baterista veloz, pois Tim ainda consegue soar técnico e poderoso. Seu pedal duplo é simplesmente devastador especialmente na faixa título “Bringuer of Plagues” e na “abre-alas” “Facebreaker”. O novo vocalista Travis Neal, demonstra realmente ter sido uma boa escolha para assumir os vocais da banda. Tem boas passagens melódicas e um talento como poucos. Faixas como “Redefine” mostram um pouco de seu lado agressivo. Travis ainda demonstrou uma boa versatilidade e conduz com lucidez seu vocal. “Anarchaos” carrega a essência contestadora do metal com uma boa letra e um bom refrão o que a caracteriza como aquelas típicas faixas para dar uma levantada nos shows. Em um único momento de “paz” dentro do álbum surge a canção “Darkness Embedded” em um tom de “balada romântica”. Neal demonstra toda sua potência e sua habilidade maior que o seu estilo musical. Interessante pensar que a modernidade do Metal e o poder do pedal duplo de Tim, transformam essa canção em uma verdadeira balada de Metal. Tenho certeza de que “Bringer of Plagues” ainda não é o álbum definitivo do Divine Heresy, porém o demonstrado por Dino Cazares, Tim Yeung, Travis Neal e Joe Payne é que a banda está no caminho certo. Guilherme P.Santos
[8] Megadeth Endgame Roadrunner
Dois anos depois do lançamento de “United Abominations”, Mr. Mustaine coloca no mercado o 12º álbum do Megadeth, intitulado “Endgame”. O trabalho é puro Metal e já entrou nas paradas como um dos mais vendidos. Com as famosas letras ácidas e repletas de um forte conteúdo político, Mustaine e sua trupe mostram que sabem evoluir seu som no passar dos anos agradando a gregos e troianos e sem perder o respeito dos fãs. A audição começa com a vertiginosa “Dialectic Chaos”, nos seus 2
minutos cheios de solos, os ouvintes incautos devem ficar de boca aberta. Segundo o próprio Mustaine, 50% dos créditos devem ir para a conta do ex-guitarrista do Nevermore e Jag Panzer, Chris Broderick. No decorrer do álbum todos os solos são divididos entre os dois para o deleite dos ouvintes. “This Day We Fight!” já entra com um riff impiedoso e com uma linha vocal raivosa de Mustaine fazem a ambientação sombria e carregada que dão um toque de Midas na música. Com uma introdução que, entre outras coisas, é complementada com o rádio da polícia ao fundo anunciando um crime em andamento, “44 Minutes” embala um riff gritante e é seguido por um refrão melódico, também é introduzido um solo com influências orientais. “1,320’” traz de volta o estilo oitentista de fazer Metal acompanhando por uma batida forte na caixa de bateria, bem ao estilo “Motorcycle”, é acompanhada de um riff cheio de gás. Esse é o quarteto de abertura que mostra toda a vibe do álbum. Num ano que houveram lançamentos de vários bons álbuns, “Endgame” tem tudo para ter um destaque especial no universo do Metal. Odilon Herculano
[7] Facínora Independente
Não é nenhuma surpresa anunciar aqui mais uma banda promissora oriunda de Minas Gerais. Acredito que tampouco seja outra novidade comentar sobre um trabalho que busca resgatar as raízes sonoras de um dado gênero. Mas isso não tira de forma alguma o brilho de “Born In Fear”, EP de estréia do Facínora. A então dupla, hoje quarteto, responsável pelo trabalho, deixa claro logo na faixa inicial “Empty Illusions” as qualidades que a fez destacar-se, indo parar num patamar acima da média. Desenvolvendo linhas velocíssimas de guitarra com acompanhamento preciso e vibrante de baixo e bateria, além de vocalizações muito bem aclimatadas, a música faz com que até mesmo os descrentes da nova geração percebam que trata-se de algo que mereça sua atenção. E isso se deve muito em parte da provável comparação com o Metallica, e até certo ponto com Slayer e Anthrax. A crítica especializada internacional, por sua vez, tem frisado com reincidência esse aspecto do “novo com cara de velho” em tom bastante positivo, quase ufanista. Mas ainda há muito caminho a percorrer até que a banda se consolide como uma boa revelação. A qualidade da gravação, apesar das composições não exigirem muito apuro técnico, é razoável. As demais canções não conseguem imprimir ou manter o impacto inicial, e por fim, a pronúncia de Ígor necessita ser aprimorada, pois o sotaque carregado em trechos de “Despair” chega a ser um problema. Contudo, apontar defeitos, como já diriam os mais velhos, não representa necessariamente implicância ou rabujisse. É, pelo contrário, sinal de crença e torcida por crescimento. Paulo Vitor
[7] Total Terror Vic
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hornsup #9
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Born In Fear
Total Terror
Apesar de não ser uma figura tão conhecida para muitos, Dan Swano é um dos principais nomes da música pesada em seu país, a Suécia. Todos as suas bandas e projetos são conhecidos não só pela sua qualidade, mas por toda intensidade que Dan propôs em cada um deles. A história do Total Terror começa quando Dan, ainda junto com sua banda chamada Edge of Sanity, decidiu junto a esses dois amigos formar uma inconseqüente e insana banda de Crust/ Punk. E logo após formada, lançaram uma série de demos ao longo de 93/94 quando, enfim, saiu um álbum completo da banda. Pouco tempo depois, ela acabou e só em 2008 foi que Dan resolveu mixar e masterizar todo o material que a banda havia composto. O que na verdade despertou o interesse em Swano em lançar esse material após tantos anos foi o fato deste release esconder 27 faixas do mais puro Crust: músicas curtas, completamente agressivas, violentas e muito honestas. É apenas a diversão de três caras criando músicas e escrevendo suas letras em sua língua de origem: o sueco. Não há nada técnico para se discutir, muito menos profissional, mas a vibração amadora no Total Terror não pode ser deixada de lado. As guitarras barulhentas, o vocal desengonçado e a bateria categórica são os principais ingredientes que fazem deste registro um ponto destacável não só na carreira de Dan Swano, mas em toda a música pesada sueca. Guilherme P.Santos
The Casualties We Are All We Have Side One Dummy
Tem bandas que merecem ser ouvidas. Seja pela história, pelo contexto, nem que seja pela curiosidade. E o The Casualties é uma dessas bandas que mantém-se firme e forte no Punk sujo, escroto, escarrado, gritado e violento (no sentido musical, é claro) e que faça ou curta o que estilo que quiser, sempre vale a pena escutar pra saber o que os caras anda fazendo de novo.“We Are All We Have” foi lançado no Myspace, como tem sido de costume por 99,9% das bandas que se prezem. O resultado era muito aguardado já que o último álbum (“Under Attack”) saiu em 2006 e assim que os rumores de um novo disco e a track list de 14 músicas saiu, foi divulgado aos 4 ventos que desta vez a banda traria de surpresa algumas misturas no som, com Reggae, Ska e Dub. Se causou durante a espera um certo, “ok, vamos ver no que vai dar”, quem ouviu teve mesmo (boa) surpresa. Sejamos sinceros, das mais profundas e reais raízes do Punk novaiorquino eles entendem, mantém vivo e é claro, está lá estampado em cada letra, em cada protesto”Fight for your rights” e “Punk against the system”, nos quase hinos de em média 4 minutos. Ideiais imortalizadas em músicas como “War is business”, “Rise and fall”, “Carry on the flag” que abre o disco e na faixa título (a segunda faixa do cD) em que o título entrega a proposta.“Rockers Reggae” é a surpresa de quase 8 minutos de puro ragga roots à la Peter Tosh (impossível não lembrar de “Johnny B Good”). Se o disco começa cuspindo toda a revolta acumulada em três anos de hiato, termina calminho e positivo, sem pressa de recomeçar. Saudações de Jah e vida longa ao The Casualties, que por um acaso, voltam ao Brasil antes do fim do ano. Aguardemos. Andréa Ariani
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[8]
Fools Die
Municipal Waste
Alice in Chains
Keeping The Thrust
Massive Aggressive
Black Gives Way to Blue
Independente
Earache
Virgin
Temos Every Time I Die em Portugal! Ok, isso pode parecer brusco e simplista, mas explico. Primeiro pensei em contornar as semelhanças entre os portugueses de Viana do Castelo, Fools Die, com os americanos de forma sutil e elaborada. Então pensei: Qual o problema em traçar o paralelo? Ao ouvir o EP “Keeping The Thrust” é nítida a similaridade entre as bandas, principalmente se considerar a fase “Gutter Phenomenon” do Every Time I Die. Não estou a falar em cópias, simplesmente emanam a mesma vibe, o que posso dizer que se traduz em postos positivos para os portugueses. Com os pézinhos mais fincados no Rock do que propriamente no Hardcore, o Fools Die descarrega 20 minutos de energia tresloucada e sincera com esse segundo registro, que segue a Demo de 2007. As investidas em experimentalismo resultam muito bem, dando caráter e vivacidade às faixas, o que consequentemente abre alguma distância do que é normalmente feito por outras bandas dentro dessa nova onda do Southern Rock. O produtor Makoto Yagyu parece ter dado o mesmo verniz e polimento que deu a sua própria banda, If Lucy Fell, sendo que consegue obter o mesmo brilho. Portanto, voltando a comparação inicial, não pensem em consumir esse EP como uma segunda linha de entalado americano. Imagine algo mais exótico, mais personalizado e, acima de tudo, com mais possibilidades. É aí que “Keeping The Thrust” se encaixa. Matheus Moura
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Não precisava mas “Massive Agressive”, quarto disco da carreira dos norte-americanos do Municipal Waste, vem reafirmar sua importância como uma das mais importantes bandas da atual cena Thrash. A idéia, segundo declarações dos integrantes, principalmente do vocal Tony Foresta, era fazer um álbum com algumas mudanças e dar uma cara nova aos sons sem parecer “mais do mesmo” dos trabalhos anteriores. Para isso, durante a produção ouviram muito da velha cena NWOBHM junto com alguns sons do Poison Idea e estas foram as principais influências para os novos sons. No final de Agosto, via Earache Records, o disco foi lançado. E pode ser definido como o que veio mostrar a maturidade da banda, tanto nas composições e letras como musicalmente. Mas esta mistura de Metal fast foward com Punk ficou claramente explícita em todas as 13 faixas do disco: os sons curtos (em média 2 minutos), pesados e rápidos como o bom Thrash tem que ser. A guitarra poderosa de Ryan Waste é a prova disso e é o grande destaque em “Shredded Offering”. Pode-se comprovar ao ver que algumas músicas tem a veia Thrash mas outras tem (principalmente nos vocais) a vibe Punk Hardcore impera como em “Wrong Answer”, nos primeiros 45 segundos de “Upside Down Church” e na inesquecível “Relentless Threat”, com algumas pitadas de Crossover. Cada som tem uma intro de guitarra e bateria e cada uma com um riff marcante. O ponto positivo? Fazer com que os mais velhos sintam-se naqueles 80’s novamente e que os mais novos se arrependam de terem nascido na época errada. Nada de banalidade passiva. Municipal Waste stills burn. Fast, furious and funny. God bless! Andréa Ariani
Process of Guilt
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Erosion Major Label Industries
Process the Guilt não toca, esmaga. Esse colosso do Doom Metal português já havia mostrado as garras no álbum anterior, “Renounce”, entretanto, voltam mais ambiciosos e grandiosos do que se poderia imaginar. Ponha seu iPod de lado, meta o disco no stereo, arranje uma posição confortável (alucinógenos são bem vindos, mas não necessários) e tecle “Play”. “Erosion” é o passaporte para o universo negro e melancólico do Process the Guilt. Desde o início somos envoltos em uma atmosférica gélida, densa e prazeirosamente desconfortável, em certos momentos. A jornada segue por paisagens vastas e calmas como também atravessa desfiladeiros escuros e sufocantes. O instrumental monolítico, arrastado e pulsante parecer carregar o peso do mundo nas costas. Toda essa entrega sonora desperta o imaginário do ouvinte, que não se limita apenas a ouvir e começa a visualizar a sua própria versão do que está a ouvir de maneira quase cinematográfica, e é aí que o Process the Guilt toca realmente nas pessoas, pois consegue hipnotizar pacificamente. Poderia falar sobre uma ou outra faixas, mas a experiência de escutar o álbum como um todo é tão gratificante e completa, que se torna difícil dissecá-lo. Um álbum não só para ouvir como para se sentir. Matheus Moura
Sugar Kane A Máquina Que Sonha Colorido Olelê Music
Sabe aquele ditado de que o bom filho à casa torna? Pois bem, demorou mas aconteceu e o Sugar Kane definitivamente está de volta a sua velha forma. Lançado pela Olelê Music, a data não poderia ser mais oportuna: 7 de Setembro, feriado em comemoração à Independência do Brasil. A Internet continua sendo a grande aliada na divulgação da banda que fez um documentário exclusivo para a rede sobre o projeto e o processo de gravação e via Twitter anunciou o disco e o clipe do primeiro hit tirado do novo álbum “Todos nós vamos morrer”. Depois de mudanças de cidade (a banda saiu de Curitiba, cidade natal da grande maioria e mudou-se para a São Paulo para investir definitivamente no seu trabalho), troca de integrantes, altos e baixos entre um disco e outro, depois de um tempo parado enfim pode-se dizer que a máquina do Sugar realmente não pára tão cedo. A faixa título (que abre o disco) resume tudo isso, além de questionar a atual “cena Hardcore” e os rumos que vem tomado. A segunda é a já supra citada “Todos nós vamos morrer” -
O Alice in Chains foi uma das principais bandas de Seattle nos anos 90, na qual foi reconhecida não só como uma das melhores do “movimento Grunge”, mas também bastante respeitada por muitos fãs de Heavy Metal, se destacando por incorporarem muito mais peso em suas músicas (assim como o Soundgarden que também seguia por este caminho mais “metálico”) do que outras bandas do estilo como o Nirvana e o Pearl Jam. Após a morte de Layne Staley em 2002, a banda só se reuniu novamente 3 anos depois para alguns shows com grandes participações mas, somente agora, estão retornando definitivamente para nos presentear com mais um disco de inéditas que, desta vez, conta com o seu mais novo vocalista, William DuVall. “Black Gives Way to Blue” é o quarto álbum da carreira, sendo este o primeiro a ser lançado após esta longa pausa de quase quatorze anos depois do lançamento de seu último disco, o auto-intitulado “Alice in Chains”. Jerry Cantrell realmente acreditou em todo o seu potencial e na história do Alice in Chains e correu atrás para fazer deste um dos melhores e mais competentes retornos do rock´n roll! O trabalho com William DuVall realmente foi muito bem feito. O cara assume com coragem e competência o posto tragicamente deixado por Staley. A parceria vocal de Duvall com a de Jerry Cantrell está muito boa, com timbres muito semelhantes pra nenhum fã botar defeito. É claro que a comparação é e sempre será inevitável, porém, o fato é que, tudo foi feito com muito cuidado para que chegasse no melhor resultado possível para manter toda a essência do Alice in Chains!.“Black Gives Way to Blue” é composto por 11 faixas de peso repleto de melodias marcantes, guitarras fortes e imponentes e um clima sempre sombrio e melancólico. Destaque para “Check My Brain”, “Last Of My Kind” e “A Looking In View”. As acústicas “Your Decision” e a faixa título que encerra o disco também merecem o seu destaque, principalmente esta última música que tem a participação de ninguém menos que Elton John no piano. Se os caras ainda novamente serão reconhecidos como naquela época, não se pode garantir, mas que o trabalho sério e muito bem feito foi realizado, isso realmente foi. Vida longa ao Alice in Chains! João Henrique
consumismo, sonhos descartáveis retratados num video clipe mega bem produzido com cara de gringo na qualidade, mas bem paulista, no jeito de “estrangeiro adaptado” a nova casa, já que as gravações foram feitas às margens do Rio Tietê. Todos os assuntos contidos foram retratados em cada uma das letras: inversão de valores, sobre ideais e idéias vendidas ou perdidas, questionando a condição de que alguns músicos se (auto) impõem de serem um rockstar e o mais recorrente de continuar e não desistir. “Repito” tem a cara do Sugar antigo ,rockão responsa e “Pedras” encerra na porrada o disco de 10 faixas. Parafraseando os títulos e letras , contra quem torceu por um destino diferente, o Sugar continua seguindo o caminho das pedras, sonhando colorido e fazendo rock e a sua própria revolução. Ainda bem! Andréa Ariani
hornsup #9
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resenhas [8] Otep Smash The Control Machine Victory
Avaliar uma banda gabaritada como a Otep não é uma tarefa simples. Quando falam sobre Nu Metal com vocal feminino, raramente você não se lembra da Otep Shamaya. Neste quarto álbum de estúdio, trouxeram duas novidades que são importantes serem mencionadas. A primeira delas é o contrato que assinaram com a Victory Records. Isso deu um grande susto aos fãs, já que este selo não tem o hábito de trabalhar com esta sonoridade. O segundo ponto foi a volta do guitarrista Rob Patterson e o baterista Mark Bistany. E daí? Simplesmente possuem, novamente, a formação original que lançou o melhor álbum do grupo até hoje, o “Sevas Tra”, de 2002. “Rise Rebel Resist” começa logo na porrada, com um refrão grudento, mostrando todo o potencial da voz de Otep. “Sweet Tooth” já vem com momentos mais cadenciados, com os típicos timbres melancólicos da vocalista. O trabalho de baixo nesta faixa é um dos destaques. A terceira composição é o primeiro single do álbum, que leva o mesmo nome. “Smash the Control Machine” é até interessante, por trazer algumas melodias vocais e um refrão semelhante ao da primeira faixa do full-lenght, quando o nome da música é gritado, mas o melhor é a crítica que fazem ao capitalismo, quando é disparado, durante a faixa, “Work! Buy! Consume! Die!”. “Head of Medusa” é uma mistura de momentos lentos, com um ótimo trabalho de guitarra, com partes mais rápidas, criando um resultado satisfatório. Daí em diante a fórmula pancadaria/melancolia vai se formando, com alguns momentos diferenciados, como a forma mais ritmada de cantar em “Run For Cover” (lembrando a faixa “T.R.I.C”. do debut “Sevas Tra”). Contudo, o que mais chamará atenção é a balada (sim, balada) “Ur A WMN Now”, no qual Otep mostra que melodias também é com ela. Violino e piano fazem parte do quadro também. Em suma, um álbum com a cara da banda, colocando-os no que fazem de melhor, com seu Nu Metal carregado de emoções negativas e críticas. Igor Lemos
[8] The Project Hate MCMXCIX The Lustrate Process Vic
Taí uma banda que alcançou a tão desejada identidade musical. A proposta de misturar Death Metal, música industrial, vocais angelicais femininos contrastando com os urros típicos do Death e ainda alguns toques progressivos, especialmente no que diz respeito ao tamanho das músicas, todas quilométricas, é bastante original, e apesar do balaio de gatos que possa parecer, convence. E muito. “The Lustrate Process” tem uma hora e quatro minutos de duração e apenas 7 músicas. Mas não se assuste, a banda
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hornsup #9
realmente consegue manter cada minuto das músicas bastante interessante e em momento algum a audição se torna cansativa. Tome, por exemplo, a bombástica faixa de abertura “Descend Into the Pits Of Eternal Possession”, onde os ouvintes são introduzidos à formula simples porém eficaz da banda, onde épicos e brutais arranjos do mais violento Death Metal tem interlúdios industriais que fazem com que os próximos arranjos brutais soem mais brutais ainda! Abrilhantando ainda mais o disco, temos uma penca de participações especiais, como a de Christian Alvestam, do Scar Symetry, em “You Come To me Through Hell” e “The Locust Principles”, e também do sempre espetacular Martin van Drunen, do Hail of Bullets. Um disco que merece diversas audições, e o ouvinte que se propuser a escutá-las será brindado a cada uma delas com novos detalhes e nuances não descobertos antes. Recomendado a todos que gostam de música bem tocada e principalmente surpreendente. Hélio Azem
usuário que esperava apenas o estilo feroz que marca o início do álbum. Mas não pense que o peso não está mais presente. “Divinity” é um soco no estômago, “Religious Plagues” se divide em momentos de extremo peso e belas harmonias, assim como o excelente trabalho de guitarras de “Under seas of Silence” é de cair o queixo. Os ouvidos mais apurados irão perceber detalhes de produção musical, que não prejudicam em nada na apreciação do álbum. Outro ponto interessante são as letras conscientes, com ferozes críticas a determinados elementos da sociedade, mostrando que não é só o peso que interessa. Além da vontade imediata de sentir essas músicas ao vivo em um show do Noctem, “Divinity” indica que devemos ficar atentos aos próximos trabalhos da banda, que está trilhando um caminho único dentro dos grandes nomes do Black / Death Metal e voltando nossos olhos para a Espanha, que não costuma ter muitos representantes entre as bandas do gênero. Luigi “Lula” Paolo
[7] Noctem Divinity Noisehead
“Divinity” é o debut da banda espanhola de Black/Death Metal, Noctem, apesar de já serem bem conhecidos na cena local de seu país e estarem na ativa desde 2001. Este reconhecimento veio através de duas demos, “Unholy Blood” (2001) e “God Among Slaves” (2007), que conseguiram se tornar muito populares ultrapassando os limites da cena espanhola, chegando a render um registro ao vivo em 2004. Agora, o Noctem alcança o mundo com seu aguardado álbum de estreia, que já chega com a responsabilidade de os firmar como um dos grandes nomes no estilo. A produção gráfica e a identidade visual da banda estão impecáveis, já passando visualmente a imagem do que está por vir. E logo após a breve e bela introdução clássica “Atlas Death”, você consegue sentir o peso e a ansiedade de tantos anos em “In The Path of Heleim”. E a primeira impressão talvez possa ser: “muita informação”. É possível sentir a vontade da banda em cada palhetada das guitarras, em cada pedalada de bumbo, tudo executado de maneira excelente e bem distribuída, não criando massas de poluição sonora que poderiam comprometer o resultado final. Após a pancada inicial dá tempo de respirar pouco antes de “Realms In Decay”, onde podemos ver a versatilidade dos vocais de Beleth, indo dos guturais característicos do Death Metal ao vocal mais seco e gritado presente no Black Metal. “The Sanctuary”, que vem a seguir, é seguramente uma das melhores músicas do álbum, mas percebe-se que o tom do álbum vai mudando ligeiramente, e é possível sentir algumas referências ao Thrash Metal mais “tradicional”, como em “Across Heracles Towards”, apesar de sentir a influência de Cradle of Filth por todo o álbum. “In the Aeons of Time” merece destaque por sua beleza acústica, e o álbum segue uma nova temática diferente do impacto inicial – mostrando a versatilidade da banda, mas talvez confundindo o
[8] The Psyke Project Dead Storm Lifeforce
Formada há oito anos na cidade de Helsinque, Dinamarca, os malucos da The Psyke Project fazem um som que, há um bom tempo, vem chamando a atenção da mídia musical, assim como os fãs de Sludge. Após uma avaliação amplamente satisfatória do álbum “Apnea”, de 2007, agora voltam com mais uma porrada, intitulada “Dead Storm”. Obviamente não se pode ouvir poucas vezes um material como este para que uma resenha saia, visto que o som é caótico e denso. Com influências que passam desde Converge e Neurosis, até chegar à Norma Jean, The Psyke Project possui um amor profundo e verdadeiro pelo sombrio, além das usuais batidas do Hardcore. Mikkel Vadstrup e Christian Bonnesen criaram milhões de paredes de guitarras, com uma sonoridade dissonante na maior parte do tempo, porém, alguns espaços para momentos do tipo clean também são vistos, vide “Dead People Never Lie”, “Polaris” (umas das melhores) e “Winter”. Um ponto positivo é o trabalho do baixista Jeppe Skouv, deixando o seu instrumento audível do início ao fim deste full-lenght. Usando distorção e efeitos, a gordura no som é inevitável. O baterista Rasmus Sejersen não perdoa um segundo, criando variações e tempos quebrados ininterruptamente. Por fim, Martin Nielskov grita o necessário no meio deste caos, não sendo um destaque, mas ainda sim uma peça importante. Uma faixa que precisa de um olhar especial é a “Forget The Forgotten”, que possui levadas cadenciadas bem interessantes. O único ponto negativo vai para a “Storms Of The North”, sendo a mais longa e chata, devido aos seus momentos de quase silêncio desnecessários. No final das contas, “Dead Storm” é um álbum dedicado principalmente aos amantes do Sludge. Mas, se você é do tipo que não se importa com a falta de linearidade, aposte nestes caras também. Não irá perder seu tempo, garanto. Igor Lemos
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Face to Face
Gas Festival Chácara do Jockey 29/08/09 São Paulo/SP (Bra) A cada edição, o Gás Festival se supera em termos de organização e produção. Estando na terceira edição seguida é bom ver que temos esse tipo de evento no Brasil, anual, e com atrações sempre interessantes. A real sensação de estar dentro de um circuito de grandes shows acontece em eventos deste porte. E o grande barato é que até então nenhuma edição teve as mesmas coisas, sempre tem algo novo acontecendo. O Gassound, concurso que escolhe bandas nacionais, em geral, independentes, para fazer parte do casting de artistas foi menos
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barulhento que o ano passado mas trouxe a Marauê, banda vencedora, para abrir os shows no palco principal. Desta vez, só um palco mas outras atrações como os b-boys e grafiteiros permaneceram. Surpresa para todos foi a escalação da banda Cine. Tem sido a grande sensação das bandas rock pop por aqui. O show agradou boa parte da galera que acompanhava os shows durante o dia mas a coletiva rendeu um certo desconforto já que a maioria dos jornalistas nem sabiam exatamente o que perguntar, sem uma pauta pronta. Por falar em sala de
imprensa, o ritmo era frenético, e boa parte usava o Twitter para informar o que estava acontecendo. Antes do Cine, o Fresno e os skatistas fizeram também suas coletivas. Para as competições de skate, o Half do ano passado deu lugar a Super Bowl, uma espécie de piscina de madeira com 27 metros de comprimento X 20 metros de largura e 3,30 metros de altura. Senhas foram distribuidas e com acesso restrito, quem não conseguiu ver lá dentro contentou-se mesmo com os telões. O quarteto fantástico do skate nacional, Bob Burnquist, Lincoln Ueda, Edgard “Vovô” e o Sandro Dias foram os grandes destaques, dando show como sempre. Mas o foco são os shows. Fresno fez um show cheio de energia e a reação do público surpreendeu. Quem esperava um show mais calmo e com as baladas melódicas, frustrou-se. E entre um cover de “Radio Gaga” do Queen e “Pólo”, um dos sons mais conhecidos deles, o Face to Face, ou melhor, Trever Keith (vocal) e o baixista Rob surgem para uma coletiva que não durou nem 10 minutos. Falaram sobre a produção de material novo e a volta da banda aos palcos simplesmente pela vontade de estarem juntos, tocando. O show da Fresno continuou e sem o Charlie Brown Jr para a entrevistar antes do show, aguardamos twittando sobre a troca de palco. Pelo segundo ano seguido, o CBJ tocou e diferente do vexame do ano passado do vocalista Chorão que teve o som cortado e o show interrompido pelo atraso, desta vez estava mais tranquilo. A mini ramp no palco e os grandes sucessos não faltaram. “Rubão”, “Zóio de Lula” e até uma cover de “Break on through” do The Doors foram algumas das que rolaram. E enfim, o show principal. Enquanto twitamos tudo o que rolava dentro e fora da sala de imprensa, todos já se preparvam para encerrar a cobertura via PC e curtir o show in loco. E quando estamos encerrando a transmissão, tal qual a entrada do Bad Religion, sem boa noite nem nada, já chegaram mandando ver som. Era dúvida se a galera ia debandar ou se ia ficar mesmo até o último show e em menos de um ano de sua primeira passagem por aqui, eis que temos a chance de ver o Face to Face de novo. Numa votação na internet, o público escolheu e já sabia mais ou menos o que iria escutar e sem sons novos, foram os velhos e bons clássicos que agitaram a noite, até o início da madrugada. “Disconnected”, “Blind” e a sempre sensacional “A-ok” foram algumas do longo e perfeito set list. Apesar de a banda ser indiscutivelmente ótima ao vivo e Trever saber como poucos como comandar a multidão com extrema simpatia, aqueles shows do ano passado, em lugares menores e mais intimistas foram mais cheios de energia. Não só pelo fato de terem sido os primeiros mas por surtirem mais efeito com a proposta da banda, se é que me entendem. De qualquer forma, foi ótimo para quem tinha perdido da vez passada e bom para que reviu. Depois de muitos “We love São Paulo”, Trever disse para esperamos a banda de volta em 6 meses. E da próxima vez eles virão para abir um show do Iron Maiden. Piada ou não, seria no mínimo curioso. Eu certamente estaria lá na primeira fila de novo e você? Andréa Ariani Foto: Bruno Massao
Walls Of Jericho/ Blood so Pure Inferno Clube 20/09/2009 São Paulo /SP (Bra) Em sua terceira passagem pelo Brasil, o Walls Of Jericho vem divulgar o seu mais recente álbum, “The American Dream”, o quarto da carreira da banda. No dia anterior ao show de São Paulo, o interior paulista também pode conferir o quinteto na cidade de Campinas. Como de costume, o show na capital fechava a tour sul-americana, que também passou por Equador, Colômbia, Venezuela, Argentina e Chile. Confesso que foi minha primeira ida ao Inferno Clube, localizado no nº 501 da Rua Augusta. O espaço era pequeno, assim como o palco, porém, a acústica do lugar merece certo destaque. Os shows da Liberation, que antes rolavam no Hangar 110, estão sendo agora realizados no Inferno Clube. Nenhum dos dois lugares chega a agradar 100%, cada um possui seus defeitos e virtudes, porém, achei o Inferno um lugar bem acanhado. A banda encarregada de abrir o espetáculo foi o Blood So Pure, de Piracicaba, interior de São Paulo. A apresentação foi baseada principalmente nas músicas do EP “Hunter”, que a banda lançou recentemente. O público já começava a se esquentar nos moshes e circle pits e a banda, apesar de debutar em grandes shows, mostrou personalidade. Mandaram até um cover do Terror, da música “Push It Away”. Transição bem rápida entre uma banda e outra e já se podia ver os membros do Walls Of Jericho em cima do palco arrumando seus instrumentos e brincando com o público. Desde antes do show já dava para perceber que energia não iria faltar naquela noite. O Walls Of Jericho deu início à brutalidade ao som de “The New Ministry”, a primeira faixa do mais novo álbum da banda, “The American Dream”. Logo na seqüência emendaram um de seus maiores sucessos, “A Trigger Full Of Promises”. Segundo palavras da própria Candace, a frente do palco parecia um verdadeiro campo de batalha. E as ameaças vinham de todo o lado. O mosh era apertado, principalmente devido ao pequeno espaço do Inferno Clube. E se os tiros e bombas não vinham pelo chão, certamente chegariam pelo alto com muitos stage dives insanos e vários head walks. Pra quebrar a cabeça de quem se arriscava a ficar lá na frente e cantar junto ao microfone de Candace, sempre energética e muito receptiva ao público. Aliás, energia é o que não faltou a nenhum integrante da banda durante toda a apresentação. Chris Rawson e Mike Hasty (guitarras), Aaron Ruby (baixo) e Dustin Schoenhofer (bateria) não pararam um só minuto, agitando durante todo o show. A música seguinte, “A Little Piece Of Me” contou com uma dose violenta de brutalidade e teve direito até a um stage dive de Candace! A banda seguiu com “Welcome Home” e “Feeding Frenzy”. Um grande circle pit foi aberto antes do início de “I Know Hollywood And You Ain’t It”. Entre outras, o Walls Of Jericho ainda tocou “II The Prey” e “Try.Fail. Repeat”, do álbum “With Devil Amongst Us All”. Candace era um show à parte. Líder feminina da banda, ela não deixava ninguém ileso e chamava os fãs para participarem e cantarem a todo momento. Seu modelito
Walls of Jericho
(com direito a um minúsculo shortinho) fez grande sucesso, arrancando suspiros do lado masculino (e feminino também)! “The American Dream” começou quente. Candace pediu a todos para que erguessem seus dedos médios e gritassem “Fuck! Fuck! Fuck!” até o início da música, que diz “Fuck the American Dream”. Ao fim desse som, muitos aplausos e uma breve pausa. A banda voltou com mais duas músicas para fechar a noite: “Playing Soldier Again”, do primeiro álbum da banda “The Bound Feed The Gagged”, que teve participação de Michele Mamede (fotógrafa da Liberation) nos vocais e, como de costume, encerraram com “Revival Never Goes Out Of Style”, que contou com o público subindo no palco (em pequena escala,
é verdade, já que o palco do Inferno Clube é bem pequeno) para cantar em coro o refrão. A banda sai de cena, mas não totalmente, pois permanecem no palco cumprimentando os fãs e solícitos a pedidos de autógrafos e fotos. Para quem perdeu as apresentações passadas, esse show não deixou dúvidas do gás e da simpatia que o Walls Of Jericho demonstra em seus shows. Para quem já os viu em outras oportunidades, puderam conferir que a banda não perde sua força e, apesar do setlist ter sido um pouco curto, mandaram bronca em cada música e não deixaram ninguém parado. Como disse a própria Candace ao fim do show: “See you next time!”. André Franco Filho Foto: Maurício santana
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Walls Of Jericho/ maguerbes Hammer Rock Bar 19/09/2009 Campinas /SP (Bra) O Walls Of Jericho esteve de volta ao Brasil, e desta vez Campinas foi incluída na rota da turnê. Bom para o pessoal do interior de São Paulo, que pode conferir de perto o massacre sonoro da banda americana. O Hammer Rock Bar, mesmo não sendo espaçoso, tem um palco com ótima visibilidade, e mostrou competência pra abrigar eventos desse porte. A banda de Americana/SP, Maguerbes fez um show curto pra aquecer o bom público. Pouco tempo depois o Walls Of Jericho subiu no palco e iniciou a apresentação com “The New Ministry”, primeira faixa do último álbum da banda, “The American Dream”. Daí pra frente, foi breakdown atrás de breakdown. A vocalista Candace domina o palco. Chama o pessoal a toda hora pro stage dive, pede pra agitarem no mosh pit, e canta muito! O público correspondia e mosheava sem parar. Num set list com “II The Prey”, “A Trigger Full of Promises”, “The American Dream” e “There’s No I in Fuck You” não tem como não ir pra quebração pura. O Som do Walls of Jericho funciona muito bem ao vivo, e a presença de palco da banda entusiasma. Uma verdadeira aula do Hardcore moderno! André Pires Foto: Michele Mamede
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God Dethroned/ Elexorien/ Desdominus/ Vulture Hammer Rock Bar 07/09/2009 Campinas /SP (Bra) O Já não é de hoje que a cidade de Campinas, situada no interior de São Paulo, a aproximadamente 90km da capital paulistana, virou um ponto de passagem para bandas em turnê em nosso país, especialmente no que diz respeito ao Metal extremo. Já tivemos por aqui nomes como Cannibal Corpse, Dark Funeral, Sodom e Nargaroth, só para citar algumas. Dessa vez, tivemos uma inusitada turnê, contando com os death metallers do God Dethroned e da banda de Folk Metal Elexorien, ambos da Holanda. Como já é de praxe no Hammer Rock Bar, o evento começou com duas horas de atraso. Talvez essa razão, aliada ao fato das tanto o God Dethroned e especialmente o Elexorien não serem tão divulgados e conhecidos em nosso país, fez com que o público não comparecesse em grande número. Esse fato me causou uma certa estranheza, visto que o show que aconteceria em São Paulo, 3 dias antes no Hangar 110, foi cancelado, e imaginei que as pessoas viriam assistí-los em Campinas, devido à pouca distância e a facilidade de acesso entre as duas cidades. A primeira banda a pisar no palco foi a Vulture, de Itapetininga, que me impressionou bastante com um Death Metal de altíssima qualidade. Com 14 anos de estrada, a banda que em sua formação atual conta com Adauto M. Xavier (vocal e guitarra), André M. Xavier (bateria), Yuri Schumann (guitarra) e Max Schumann (baixo), curiosamente duas duplas de irmãos, divulgava seu lançamento mais recente, “hrough The Eyes Of Vulture” e desde o início de seu set até seu
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final mostrou um profissionalismo invejável, com uma grande qualidade sonora, presença de palco intensa e principalmente músicas que mostram que nosso underground não deve nada ao de nenhum outro país no que diz respeito à qualidade das bandas. Petardos como “Godless Age”, “Blessedness Thru Emptyness”, “Your Savior Will Never Come” e “Abençoado seja o homem Ateu” fizeram todo o Hammer bater cabeça com força, sendo a banda não só um ótimo aperitivo para o que ainda estava por vir, mas facilmente um dos ingredientes do prato principal. Parabéns a todos os integrantes pelo excepcional show. Logo em seguida, e sem deixar a peteca cair, entra em cena o Desdominus, uma das, na humilde opinião desse que vos escreve, melhores bandas, senão a melhor, de Black Metal do Brasil. Na ativa desde 1993, e focando seu set no único disco lançado por eles, “Without Domain” de 2003, a banda simplesmente matou a pau. Paolo Bruno urrava como um verdadeiro demônio enfurecido, ao mesmo tempo que, em conjunto com o seugundo guitarrista Wilian Gonçalves, mandavam riffs que trouxeram o Hammer abaixo, tamanho o pandemônio que se instaurou durante o set. A cozinha, com uma competência ímpar, e contando com Rafael de Faria no baixo e o insano Ney Paulino na bateria não só proveram o suporte necessário à fantástica dupla de guitarristas, como também brilharam, adicionando muito peso e punch às músicas. Sem sombra de dúvidas, o Desdominus ofuscou os gringos headliners e foi o melhor show da noite. Que venham outros e um novo disco em breve. Após alguns ajustes, entra o Elexorien. Sinceramente, mesmo com com toda simpatia e humildade dos membros da banda, que pude conhecer pouco antes do show começar, a banda estava visivelmente deslocada no meio de tantos atos extremos, o que ofuscou um pouco seu
show. A maioria dos presentes aproveitou para ir ao bar se recuperar após o showzaço do Desdominus ou sair do Hammer para fumar, já que está em vigor a famigerada lei anti-fumo no estado de SP que nos proíbe de fumar dentro do recinto. Destaque mesmo vai para a beleza da vocalista Iné, que arrancou suspiros de vários dos presentes com seu decote. Musicalmente, eles soam ligeiramente mais pesados ao vivo do que em estúdio, e mandaram sons como “Dryads & Trolls” e “For Those Who Remain”, uma das poucas a prender minha atenção. Talvez em uma outra ocasião, e com um público mais apropriado, o show fosse melhor aproveitado, mas de qualquer forma pelo menos uma má impressão não deixaram. Por fim, entra o headliner da noite. Divulgando seu oitavo (e melhor) disco de estúdio, “Passiondale”, o God Dethroned já entrou fazendo muito barulho com “Under a Darkening Sky”, que também abre o disco novo. Aliás, essa obra-prima lançada pelos holandeses nesse ano foi a base do set list, que contou ainda com “Poison Fog”, “Drowing In Mud”, “No Survivors” e “No Man’s Land”, além de sons mais antigos como “Hating Life”, “Boiling Blood” e “Nihilism “. O vocalista/guitarrista Henri Sattler foi o mestre de cerimonias, se mostrando bastante simpático e até arriscando algumas palavras em um português um tanto quanto macarrônico. Bastante profissionais, o God Dethroned também certamente deixou uma boa impressão no público brasileiro e fatalmente aumentaram sua pularidade por aqui. Uma grande noite em Campinas, que, além de testemunhar ao vivo o massacre do God Dethroned, pode comprovar que temos bandas que caso dispusessem dos mesmos recursos que tem os gringos em matéria de gravação e divulgação, estariam em um patamar tão ou mais alto que os headliners. Hélio Azem
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