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53 resenhas de CDs
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10 entrevistas
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6 resenhas de shows
nº8 - Agosto/Setembro 09
www.hornsup.net
O rosário dos vilões entrevistas:
poison the well
the chariot iwrestledabearonce war from a harlots mouth DARKNESS DYNAMITE men eater mordaca ´ dYNAHEAD CIVAIA
EXTRA!!! ´
2 video clipes The Chariot War from a harlots mouth ^
sorteio de premios cds, camisetas, mouse pad... ~
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ao vivo: OPTIMUS ALIVE c HATEBREED c DEATH THREAT c RATOS DE PORAO c DR. LIVING DEAD...
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índice Editorial Ganhe! ´ Noticias ~ PT saudacoes ´ Old school agenda sangue novo REC Artwork top 5 metalsplash
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devildriver poison the well the chariot iwrestledabearonce war from a harlots Mouth men eater mordaca ´ Darkness dynamite dynahead civaia
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Resenhas Ao vivo
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Editorial Edit torial fake sound of progress Nº8 • Agosto/Setembro 2009
Editor-chefe Matheus Moura
Colaboradores nesta edição André Henrique Franco, André Pires, Andréa Ariani, Athos Moura, Gláucio Oliveira, Hélio Azem, Igor Lemos, Italo Lemos, João Henrique, Julio Schwan, Paulo Duarte, Paulo Vitor, PT
Fotos Anthony Dubois, Cátia Rodrigues, Fernando Schlaepfer, Ivo Mendes, Mauro Pimentel, Michele Mamede, Tiago Higgs
Design, Paginação, Webdesign Matheus Moura
Revisão Igor Lemos
Publicidade/Contato
“O Michael Jackson morreu! Jura? Claro, tá no Twitter, mano! Ah, então já era. RT geral!” Hoje dia tudo tá no Twitter, essa ferramenta fantástica e única que permite a você comunicar a todos seus “seguidores” sobre o peido que acabou de dar, antes mesmo de você próprio sentir o cheiro. Magnífico! No âmbito musical também traz transformações, já que agora podemos acompanhar o que fazem as bandas e interagir com elas (quando elas querem!). Mas como tudo na Internet, o que interessa é dar a pior utilização possível à ferramenta. Seguir “celebridades” por achar que assim é “amiginho” delas, espalhar boatos e encher o saco de forma geral são comportamentos normais, mas que fazem com que o botão “Unfollow” trabalhe com mais frequência que o “Follow”. Agora com o “boom” do Twitter fica ainda mais difícil encontra conteúdo interessante nesse mar de 140 caracteres. Se quiser seguir-nos é bem vindo (@hornsup). Se espera ser seguido, mostre do que é capaz, filhote! Matheus Moura
huinfo@hornsup.net
Website www.hornsup.net
Myspace www.myspace.com/hornsupmag
Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net e saiba com se inscrever. Sorteio: 30 de Setembro de 2009
Gan Ganhe! nhe!
Envio de material Portugal/Europa HORNSUP Att: Matheus Moura Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal
A HORNSUP nº 8 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:
Um (1) Kit MindFlow com CD “Destructive Device” + mouse pad + cartões + adesivos www.myspace.com/letyourmindflow
Brasil Paulo Vitor Macêdo Rua Joaquim Gois, nº 88, Edifício Mansão Drummond, Apartamento 102 - 13 de Julho Aracaju/SE - Brasil CEP: 49020-130 Igor Lins Lemos Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603 Torre - Recife/PE - Brasil CEP: 50710-140
HORNSUP Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal
Procura-se Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de nossa equipe, envie um e-mail para huinfo@hornsup.net e mostre do que é capaz!
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hornsup #8
Uma (1) T-shirt do Sharks at Abyss www.myspace.com/sharksatabyss
Um (1) CD “Unnatural Display of Art” do Distraught www.myspace.com/bandadistraught
Vencedores das promoções HORNSUP #7 - Dollar Llama: Rui Gomes (Viseu - Portugal), Ana Machado (Viseu - Portugal) / Project 46: César Borges (Foz do Iguaçu/PR) / Ekoa: Gabriel Oliveira (Itabuna/BA)
not notícias tíc cias
por André Henrique Franco
WALLS OF JERICHO
De volta à América do Sul
Joel e Minha Lápide Vamos à verdade que acobertamos durante grande parte da vida: o que pega mesmo é o som. Tá certo, dá pra melhorar um pouco esta afirmação. O que pega primeiro é o som. Guitarra brutal, vocal monstro, batera-helicóptero ou aquela batida à velocidade da luz. Fatal. Escutou, gamou. Bom, aí vem o passo seguinte: as letras. Se forem a la Raimundos ou T.R.E.T.A., você toma a distância regulamentar e segue a vida.
Confirmada pela Liberation Music Company a terceira passagem do Walls Of Jericho pelo Brasil. A banda retorna ao continente sul-americano para divulgar seu mais recente trabalho, o álbum “The American Dream” e percorrerá todo o continente durante o mês de Setembro. Duas datas estão confirmadas para o Brasil, ambas no Estado de São Paulo: dia 19 em Campinas (Hammer Rock Bar) e dia 20 na capital (Inferno Club). Confira abaixo todos os shows agendados, mas que ainda poderão sofrer algumas alterações:
enquanto as mixagens ficaram sob a responsabilidade de Chris “Zeuss” Harris (Hatebreed,, The Acacia Strain, Whitechapel). O registro foi masterizado por Alan Douches (Mastodon, The Dillinger Scape Plan, Nile). O Despised Icon está na estrada pela The Thrash And Burn Tour 2009, ao lado de Devildriver, Emmure, Veil Of Maya, entre outros.
11 de Setembro – Quito, Equador 12 de Setembro – Bogotá, Colômbia 13 de Setembro – Bogotá, Colômbia 15 de Setembro – Lima, Peru 16 de Setembro – Rosário, Argentina 17 de Setembro – Buenos Aires, Argentina 18 de Setembro – Santiago, Chile 19 de Setembro – Campinas, Brasil 20 de Setembro – São Paulo, Brasil
O novo álbum do The Used, “Artwork”, está marcado para chegar às lojas em 1º de Setembro. O primeiro single do CD, “Blood On My Hands”, já pode ser ouvido no Myspace da banda. A produção foi realizada por Matt Squire (Panic At The Disco), fazendo deste o primeiro disco do grupo sem a participação do produtor John Feldmann. Esse também será o primeiro álbum de estúdio com o baterista Dan Whitesides, que se juntou à banda em 2006.
THE USED
Arte na pele
METALLICA
Vida e morte de Cliff Burton Foi lançada em Junho a primeira biografia do finado baixista do Metallica, Cliff Burton, intitulada “To Live Is To Die: The Life And Death Of Metallica’s Cliff Burton”. O livro foi escrito por Joel McIver e publicado pela Jawbone Press. O livro ainda traz um prefácio escrito por Kirk Hammett, guitarrista do Metallica. Sobre esse prefácio, McIver comenta: “O impacto que Burton teve sobre o resto do Metallica - tanto musicalmente quanto como um exemplo de como manter seus princípios na indústria da música - foi profundo, e Kirk mostrou uma perspectiva desse impacto que não poderia ter vindo de nenhuma outra pessoa”.
DESPISED ICON Dia de luto
Os canadenses do Despised Icon lançarão seu novo disco, “Day Of Mourning”, em 22 de Setembro pela Century Media Records. O CD teve a produção de Yannick St-Amand,
BEHEMOTH
O nono evangelho O nono álbum de estúdio do Behemoth, “Evangelion”, está marcado para sair em 7 de Agosto na Europa pela Nuclear Blast Records e em 11 de Agosto na América do Norte pela Metal Blade. O CD foi mixado no Miloco Studios, em Londres, por Colin Richardson (Machine Head, Slipknot, Napalm Death). A banda está atualmente em tour pelo Rockstar Energy Drink Mayhem Festival.
DETHKLOK
Metal animado Dethklok, a banda da série de animação Metalocalypse, do Adult Swin, vai lançar seu segundo álbum, “The Dethalbum II”, no dia 8 de Setembro pela Williams Street Records. O álbum terá 12 faixas gravadas pelo cocriador da série e guitarrista Brendon Smalls juntamente com o baterista Gene Hoglan (Strapping Young Lad).
Quando a banda é gringa ou canta em inglês, a coisa começa a complicar. Até rola de ir atrás e ver o que os caras têm pra dizer, que apito tocam e tal. Só que, em geral, tudo funciona na base daquele inglês Joel Santana, manja? “Africa plei gud gueime, Brazil plei uél tiu, queeeeee, midifiudi nóti gudi, defense mór or lés... “ e por aí vai. Uma ou outra frase, a galera até sabe ou corre atrás pra saber. Aprende que “Firestorm to purify” quer dizer “Tempestade de fogo pra purificar” e mesmo assim curte. Faz parte do jogo, da adolescência, sei lá. Depois, mais maduro, você se dá conta de que expressões assim eram uma bobajada e continuam a ser uma bobajada. Ou se dá conta de que só algumas bandas podem falar bobajadas. “Demonstrando meu estilo”, por exemplo, é uma das frases mais tontas e mais legais do hardcore porque é do Madball. Com qualquer outra banda soaria babaca. O mesmo vale para “Vamos celebrar que a gente não tá nem aí, com o dedo do meio levantado”, refrão do Sick Of It All que já nasceu clássico. Bobo. E sensacional. Com o tempo, vem também, em muitos casos, uma noção maior de inglês. Você, então, descobre mais farsas escondidas atrás de um som legal e redescobre grandes frases. Mais que isso: encontra novos significados para mensagens que, por anos e anos, passaram batidas. Sua vida toma um contorno em que “My Life”, do mesmo SOIA, passa a fazer todo sentido do mundo. O que dizer de “Pay To Cum”, do obrigatório Bad Brains? I came to know with now dismay That in this world we all must pay Pay to write, pay to play Pay to cum, pay to fight Já sabia que a minha era particular Joel Santana havia passado, mas a ficha só caiu mesmo outro dia, quando ouvi os dilemas da minha jornada na voz do poderoso James Hetfield. Tocava no rádio “Wherever I May Roam”, que nem é uma das minha favoritas. Aqueles versos dizem tanto sobre o que eu penso, no entanto, que decidi: se eu puder, na minha lápide vai estar escrito “My body lies, but still I roam”. pt saudações
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Tesouros do
not notícias tíc cias ALICE IN CHAINS A volta de Alice
Don’t mess with Mr. Rollins /www.youtube.com/watch?v=b4uahL_tQWc
Pavarotti Bloody Pavarotti www.youtube.com/watch?v=DkyAJxQs2ZM
Catorze anos após o lançamento de seu último álbum, o Alice In Chains volta com “Black Gives Way To Blue”, seu novo registro, que chega as lojas em 29 de Setembro. A banda assinou um contrato mundial com a Virgin/ EMI Records para o lançamento do CD, que será o primeiro sem o vocalista Layne Staley, que faleceu em 2002. Os trabalhos no novo disco começaram em Outubro de 2008, no Studio 606 (estúdio privado de Dave Grohl, do Foo Fighters) e, em Dezembro, mudaram para o Henson Recording Studios, em Hollywood, juntamente com o produtor Nick Raskulinecz (Death Angel, Foo Fighters). O Alice In Chains já disponibilizou em seu site oficial (www. aliceinchains.com) o vídeo de “A Looking In View”.
CALIBAN
Tragédia anunciada
O melhor de GG Allin www.youtube.com/watch?v=XCYAflHm-U4
“Say Hello To Tragedy”, o novo álbum dos alemães do Caliban, está previsto para sair em 24 de Agosto na Europa e em 25 de Agosto nos Estados Unidos. A banda assinou a distribuição mundial do novo disco pela Century Media. Este será o sétimo álbum de estúdio da banda e foi produzido por Benny Richter, co-produzido pelo guitarrista Marc Goertz e mixado por Adam Dutkiewicz (Killswitch Engage).
SHADOWS FALL
Reino das sombras
Slayer Air Sex www.youtube.com/watch?v=TJ7r3YMdaXo
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hornsup #8
Pode conferir no Myspace do Shadows Fall a música “King Of Nothing”, que estará presente no novo álbum da banda, e conta com a participação especial de Randy Blythe, frontman do Lamb Of God. “Retribution”, o quinto álbum de estúdio da banda, será lançado em 15 de Setembro pela Everblack Industries, gravadora do próprio grupo, que foi criada em conjunto com a ILG (da Warner Music Group), Ferret Music e ChannelZERO Entertainment. Chris “Zeuss” Harris (Hatebreed, Municipal Waste) foi o responsável pela produção do registro, enquanto a parte vocal ficou por conta de Elvis Baskette (Incubus, Alter Bridge). O artwork do álbum foi uma criação de Sons of Nero (Unearth, Every Time I Die, Bring Me The Horizon).
SEPULTURA / ANGRA Turnê 100% Nacional
A turnê brasileira que junta as duas bandas mais conhecidas do Heavy Metal Nacional, Sepultura e Angra, têm mais datas divulgadas no mês de Agosto. Confira abaixo os shows já agendados: 07/Ago – Maceió (AL) – Clube Fênix 08/Ago – Recife (PE) – Clube Português 15/Ago – Fortaleza (CE) – Siara Hall 21/Ago – Jundiaí (SP) – San Remo Jundiaí 22/Ago – Leme (SP) – 188 Music Hall 23/Ago – Osasco (SP) – Expo Oeste
KITTIE
Na escuridão As canadenses do Kittie estão na expectativa do lançamento de seu mais novo registro, “In The Black”. O disco sai em 15 de Setembro pela E1 Music (antiga Koch Records). O primeiro clipe em suporte ao novo álbum está sendo produzido por David Brodsky (Suicide Silence, Gwar, The Black Dahlia Murder) e sua equipe do MyGoodEye. O vídeo será da faixa “Sorrow I Know”.
EMMURE
O terceiro crime O Emmure terminou as gravações de “Felony”, seu novo disco, que está previsto para sair via Victory Records em 18 de Agosto. A banda conduziu as gravações do registro em St. Zenon, Quebec, ao lado do produtor Antoine Lussier. O Emmure também é parte da The Thrash And Burn Tour 2009.
MUNICIPAL WASTE
Agressão à portuguesa O Municipal Waste vem a Portugal no dia 19 de Setembro para um show no Incrível Almadense, em Almada. Mas antes disso a banda lança seu novo álbum, “Massive Agressive”, dia 25 de Agosto pela Earache Records. A arte do álbum ficou a cargo de Andrei Bouzikov, artista responsável também pela arte de “The Art Of Partying”, lançado em 2007.
not notícias tíc cias
Abre aspas...
DEFTONES
ROCK IN RIO
Com amor para Chi
Rio 2011
O Deftones – cujo baixista Chi Cheng está em “estado semi-consciente” após um grave acidente de carro em Outubro de 2008 – declarou que retornará ao estúdio para regravar o álbum “Eros”. Segundo nota da banda: “As músicas feitas para o álbum ‘Eros’ são muito especiais para nós, já que foram as mais recentes com Chi (e esperamos que não sejam as últimas); elas têm história e significado para nós. No entanto, nós percebemos que esse álbum não abrange e representa da melhor maneira o que somos hoje como pessoas e músicos. E, embora essas músicas irão ver a luz do dia em algum ponto, nós, coletivamente, decidimos que precisávamos tomar uma nova abordagem, e com a condição de Chi cravada em nossas mentes enquanto a fazíamos. Nós precisávamos voltar ao estúdio para fazer o que sentíamos que era certo artisticamente. Nossa inspiração e unidade como banda está mais forte do que nunca e precisávamos canalizar essa energia em nossa música, e entregar aos nossos fãs o que eles bem merecem: o melhor álbum do Deftones que podemos fazer”. Pode acompanhar atualizações sobre o estado de saúde de Chi e também fazer doações e contribuir para seu tratamento através do site www.oneloveforchi.com.
Segundo Roberto Medina, idealizador do Rock In Rio, o Rio de Janeiro deve voltar a receber o festival em 2011: “Tinha difundido a idéia de levar o festival de volta ao Brasil em 2014, na época da Copa do Mundo, mas a prefeitura do Rio quer que o evento se realize antes, em 2011”, disse Medina. Segundo declarações do empresário, estão previstas três noites ao pop rock, uma ao metal e outra ao indie. A última edição em solo brasileiro aconteceu em 2001, no Rio de Janeiro.
EVERY TIME I DIE Lixo estético
“O Every Time I Die está prestes a lançar seu quinto full-length, chamado de “New Junk Aesthetic”. O álbum sai dia 15 de Setembro pela Epitaph Records e teve as gravações realizadas no estúdio Anaheim, na Califórnia, com o produtor Steve Evetts (The Dillinger Scape Plan, Poison The Well). No Myspace da banda já pode conferir a faixa “The Marvelous Slut” que conta com a participação especial de Greg Puciato, vocalista do The Dillinger Scape Plan. Recentemente, o Every Time I Die perdeu o baterista Mike Novak por motivos pessoais, segundo declarações do próprio Mike.
“A mulher perfeita tem um QI de 150, quer transar até às 4 da madrugada e depois se transforma em uma pizza.” David Lee Roth
Old School Com todo esse “reboliço” por causa do vocalista que saiu, ou foi dispensado (whatever) da banda, o Anthrax reabriu, temporariamente, as portas para seu ex-frontman John Bush para cumprir algumas datas em shows importantes. As viúvas de Joey Belladonna que me desculpem, mas o John Bush é o cara! Ok, concordo que os discos mais expressivos do Anthrax não foram gravados com ele, e que não é tão carismático quanto o Belladonna, mas ainda assim tem um valor inestimável para o Anthrax. Prova disso é esse disco, “Sound Of White Noise”. Apesar da maioria dos metalheads não o cotar como “o melhor” álbum do Anthrax, é, sem dúvida, o mais vendido e o que deu maior projeção para a banda fora da esfera metaleira. Foi disco de ouro nos Estados Unidos e Canadá e rendeu bem na MTV com os vídeo clips de “Only” e “Black Lodge”. Nesse último inclusive tinha a participação da atriz/gatinha Jenna Elfman (quem lembra daquele seriado terrível chamado “Dharma & Greg”?). Esse álbum marcou o início da Era Bush (1992-2005) e o fim da Era Belladonna (1984–1992). Também marcou uma mudança na sonoridade do próprio Anthrax, que
nesse álbum soa mais moderno, deixando um pouco da lado a dureza Speed/Thrash Metal habitual. Mal sabiam que esse seria o último álbum com o guitarrista Dan Spitz. “Sound of White Noise” é aquele tipo, raro, de álbuns que se escuta do começo ao fim, sem ter que pular as faixas, pois não há fillers. Mesmo a faixa menos agressiva, “Black Lodge”, tem uma ambientação bem feita e todo um clima de mistério (digno do seriado “Twin Peaks”, aonde foram buscar o nome da música). As palhetadas rápidas de Scott Ian dão o ar da graça, como de costume, porém aqui são apresentadas de forma mais inteligente e criativa em relação aos álbuns anteriores. “Only”, o single mais conhecido desse álbum, não é uma música típica do Anthrax, assim como “Black Lodge”, talvez por isso tenha despertado maior interesse no público em geral. Mas os thrashers não foram esquecidos, basta dar uma sacadas nos riffs velozes de faixas como “1000 Points of Hate”, “Invisible” ou “Burst”. A inclusão de John Bush parece ter possibilitado uma abordagem melódica mais contundente como em “Room For One More” ou “This is Not an Exit”. Em resumo, esse
Anthrax
“Sound of White Noise” (1993)
é um álbum único no catálogo do Anthrax, pois se diferencia dos demais de forma positiva e marcante. Pena que nunca mais conseguiram lançar nenhum material desse nível. Quem sabe essa volta temporária de John Bush se torne permanente e possamos voltar a desfrutar de sua voz nos próximos álbuns do Anthrax. A esperança é a última que morre. Matheus Moura
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age agenda enda
not notícias tíc cias THE BLACK DAHLIA MURDER
IT DIES TODAY
“Deflorate”, o novo disco do The Black Dahlia Murder, que sairá via Metal Blade Records, em 15 de Setembro, já tem o seu primeiro single disponível na internet. Em streaming exclusivamente na página da Revolver Magazine (www.revolvermag.com/blackdahlia), pode conferir a faixa “A Selection Unnatural”. Recentemente a banda lançou o primeiro DVD de sua carreira, intitulado “Majesty”, que vendeu cerca de 2.900 cópias em sua primeira semana de comercialização nos Estados Unidos.
Está previsto para sair em 15 de Setembro pela Trustkill Records, o novo álbum do It Dies Today, “Lividity”. Esse será o terceiro full-length do grupo, o primeiro com o vocalista Jason Wood, que substituiu o vocalista original Nicholas Brooks. O álbum estava planejado para sair ainda em 2008, porém sua data de lançamento foi sendo prorrogada pela Trustkill, devido também a problemas de estúdio.
MEGADETH
Um pobre otimista
Seleção natural? www.lineupbrasil.com.br
Brasil: Agosto: 09 - Primal Fear - São Paulo/SP 21 - Blesthefall - Campinas/SP 22 - Blesthefall - Curitiba/PR 23 - Blesthefall - São Paulo/SP 29 - Xandria - São Paulo/SP Setembro: 03 - God Dethroned, Elexorien - Santo André/SP 04 - God Dethroned, Elexorien - Curitiba/PR 05 - God Dethroned, Elexorien - São Paulo/SP 06 - God Dethroned, Elexorien Campinas/SP 07 - God Dethroned, Elexorien Botucatu/SP 12 - Skid Row - São Paulo/SP 12 - Children of Bodom, Amorphis - São Paulo/SP 18 - Destroyer 666, Hate - São Paulo/SP 19 - Walls of Jericho - Campinas/SP 19 - Destroyer 666, Hate - Belo Horizonte/MG 20 - Walls of Jericho - São Paulo/SP 20 - Destroyer 666, Hate - Campinas/SP 21 - Destroyer 666, Hate - Porto Alegre/RS
Portugal: Agosto: 07 e 08 - Vagos Open Air c/ The Gathering, Dark Tranquility, Katatonia, Epica, Amon Amarth, Cynic... - Vagos 08 - Festival Sudoeste c/ Faith No More... Zambujeira do Mar 28, 29 e 30 - Festival Ilha do Ermal c/ Blind Guardian, Sepultura, Hatesphere, Angra, Obituary, Pestilence... - Vieira do Minho Setembro: 08 - Misery Signals, The Number Twelve Looks Like You - Porto Rio, Porto 11, 12 e 13 - Festival Caos Emergente c/ Destruction, Napalm Death, Behemoth, Vomitory... - Recai, Paredes 19 - Municipal Waste - Lisboa Outubro: 15 - Vader, Marduk... - Teatro Sá da Bandeira, Porto 16 - Vader, Marduk... - Incrível Almadense, Almada 22 - Dream Theater, Opeth... - Palácio de cristal, Porto
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A Garagem de Vic Foi disponibilizada no site da Roadrunner Records a faixa “Headcrusher”, que estará presente no décimo segundo álbum de estúdio do Megadeth, “Endgame”. O disco sai em 15 de Setembro pela Roadrunner e foi gravado no novo estúdio da banda em San Marcos, Califórnia, chamado Vic’s Garage – em homenagem ao mascote da banda, Vic Rattlehead. “Endgame” foi produzido pelo aclamado produtor britânico Andy Sneap (Exodus, Nevermore, Arch Enemy, Machine Head).
SKINDRED
Cães x Tubarões Dia 1º de Setembro estará nas ruas o miniálbum do Skindred, “Shark Bites And Dog Fights”, via Bieler Bros. Records. O registro terá sete faixas e teve produção de Matt LaPlant (Sikth). O último vídeo da banda, “Trouble”, foi lançado em Dezembro de 2008 e teve suas filmagens em Londres, no Greenford Studios. O clipe teve direção do Visual Abuse, cujos membros trabalharam nos efeitos visuais de filmes como “O Resgate do Soldado Ryan”, nos quatro primeiros filmes da série “Harry Potter”, em mais de 600 comerciais e vídeos promocionais de Keane, Radiohead e Nine Inch Nails.
FIVE FINGER DEATH PUNCH Guerra de socos
O Five Finger Death Punch irá lançar o segundo álbum de sua carreira. Este será o follow up do debut “The Way Of The Fist”, de 2007, e se chamará “War Is The Answer”. O disco está previsto para sair em 6 de Outubro via Prospect Park Records. A produção ficou a cargo de Kevin Churko (Ozzy Osbourne, In This Moment) e as mixagens foram feitas por Randy Staub (Metallica, Mötley Crüe, Nickelback). A banda está concorrendo no Kerrang! Awards 2009 na categoria “Best International Newcomer”.
O fim do atraso
THRICE
“Beggars” é o nome do novo álbum do Thrice. O follow up de “The Alchemy Index” (lançado em dois CDs separadamente – sendo o primeiro os Vol. I e II e o segundo os Vol. III e IV) será lançado em 13 de Setembro pela Vagrant Records e foi auto produzido pela banda. O primeiro single do novo registro, “All The World Is Mad” foi lançado como um dos sons para download do game Guitar Hero World Tour. Segundo a própria banda, “Beggars” soa “um pouco mais otimista e energético” do que os trabalhos anteriores do Thrice.
WINDS OF PLAGUE
Soldados de pedra O Winds Of Plague retorna com seu mais novo álbum. O follow up de “Decimate The Weak”, de 2008, se chamará “The Great Stone War” e será lançado em 11 de Agosto nos Estados Unidos e no dia 24 do mesmo mês na Europa, via Century Media Records. Uma faixa do novo CD intitulada “Soldiers Of Doomsday” já pode ser escutada no Myspace da banda. O artwork de “The Great Stone War” é um trabalho de Par Olofsson (The Faceless, Psycroptic, Spawn Of Possession). O sexteto passará todo o mês de Agosto em tour pelos Estados Unidos ao lado do Hatebreed.
BLEEDING THROUGH/ BRING ME THE HORIZON Dança das guitarras
Dave Nassie (No Use For A Name) entrou como guitarrista do Bleeding Through no lugar de Jona Weinhofen, que recentemente deixou o grupo para se juntar de maneira permanente ao Bring Me The Horizon. Jona já estava tocando temporariamente com o grupo para substituir o guitarrista Curtis Ward, que havia deixado o Bring Me The Horizon em Março.
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Sangue Novo por Igor Lemos
See The Light Cada vez mais cedo a juventude vem dominando o cenário Metalcore. Desta vez o nome da vez é See The Light. Ao olhar as caras de descompromissados no Myspace, todos com bonés e visual de quem saiu do jardim de infância, pensei ser uma brincadeira. Que engano! O som que fazem é de uma beleza profunda. Associando a temática cristã ao conteúdo lírico, See The Light lança o segundo EP, intitulado “Maranatha”. Cinco faixas e 28 minutos. Progressivo? É, acertou. Com o uso de breaks secos
Harp And Lyre Vez por outra o Post-Hardcore/Metalcore necessita de bandas que coloquem algo novo no estilo. Algumas conseguem inserir mais novidades, outras menos. De fato, Harp And Lyre cativa o ouvinte com o EP que leva o nome da banda. Com uma excelente divisão do vocal melódico com o gritado, estes rapazes brincam com todos os elementos da música pesada, passando por breakdowns, dissonâncias e sintetizadores, bem próximo aos usados pelos alemães da We Butter The Bread With Butter. “The World
www.myspace.com/harpandlyreband
Aos fãs de Deathcore trago um grupo que, se não possui seus méritos pela originalidade (ainda que não falhem neste ponto por completo), são promissores. October, Embrace Her, banda do cenário independente americano, lança o seu primeiro EP, intitulado “Fleeing Innocence”. São sete faixas em doze minutos. É uma pancadaria que envolve tudo de mais legal no gênero, desde os breakdowns até os pig squeals. Tudo isso em uma produção próxima de uma gravadora de médio porte, o que é
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www.myspace.com/seethelightband
Doesn’t Revolve Around You, It Revolves Around The Sun” e “Grizzly Adams Did Have A Beard” irão pontuar em muito nos players dos leitores da HORNSUP que possuem afinidade com este gênero. O destaque irá para o Tecladista/Vocalista Philip, que possui um potencial sem medidas, além de muito bom gosto com o que trabalha. Acredito que uma gravadora em breve irá contratá-los. Correspondem bem ao que uma label precisa (e ainda é melhor que muitos por aí).
October, Embrace Her
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e pesados, gritos muito bem colocados, momentos melódicos, passagens lentas e uma estrutura de composição com faixas longas e bem elaboradas, quem se torna destaque é o tecladista Mike. Suas criações em muito superam as já conhecidas bandas de Metalcore que usam este artifício. Indicado para os fãs de In Fear and Faith, The Devil Wears Prada, assim como os que preferem uma sonoridade não linear. Se fosse uma avaliação, estariam perto da nota máxima certamente. Um dos melhores EPs do ano.
gratificante. Acredito ser uma vitória a saída deste material, visto que tinham tudo pra acabar devido às constantes mudanças de line-up. Os pontos altos vão para os ótimos gritos de Peter Jones. As guitarras formam paredes pesadas e estruturadas, indicando que podem ser lapidadas e jogadas em uma direção que faça com que o grupo se torne “único”, se é que isso é possível no Metal ultimamente. Indicado para admiradores de Suicide Silence, As Blood Runs Black e afins. www.myspace.com/oehband
Lançamentos
Desalmado Grindcore. Sujeira. Violência sonora. Eis termos que podem cair como uma luva ao grupo paulista Desalmado. Um ponto que muito chama atenção é a referência que possuem ao estilo, mostrando uma postura fiel às raízes Grind e Hardcore. Quais as temáticas que são disparadas pelo vocalista Caio? Um murro em relação a forma de manipulação imposta pelo sistema, além do que é conhecido por todos e que, infelizmente, jamais mudou: concentração de riqueza e poder na mão de poucos. Para isso, os guitarristas Estevam e Bruno criaram paredes de guitarras com riffs marcantes. Maria dará uma gordura fundamental no baixo. Por fim, o animal Ricardo destroi tudo que pode na bateria, o que é esperado visto que tocam um gênero rápido. “Em sua Honra” é uma das faixas que podem ser vistas no Myspace da
agosto/setembro
banda, assim como outras do EP “Hereditas”, avaliado positivamente, sendo um prato cheio aos amantes do peso vinculado às questões políticas de conscientização que tanto nos falta contemporaneamente. Que venha mais material da Desalmado. Empolgante em todos os sentidos. www.myspace.com/desalmado
Burnt By The Sun “Heart of Darkness”
Miss May I Esta banda não é independente. Tem contrato com a Rise. Então por qual motivo está figurando as páginas desta coluna? Por duas questões que faço questão de citar: talento e pouca idade. Nenhum integrante tem mais de 19 anos. Concordo que existem diversas bandas com este perfil. Não são os mais criativos do mundo também, mas possuem algo que não vejo em muitos grupos novos de Metalcore: potencial. Eis o que vai cativar o ouvinte. É fácil enxergar que conseguirão fazer algo mais memorável futuramente. “A Dance With Aera Cura”, “Not Our Tomorrow”, “Apologies Are For The Weak” e “Harlots Breath”, do álbum “Apologies Are for the Weak” irão fazer a festa dos fãs do Metalcore. Além de ser incrivelmente viciante, criaram
Behemoth “Evangelion” faixas maduras e capazes de figurar, brevemente, em maiores eventos. Agora é esperar o amadurecimento pleno e um álbum que esteja à altura do que são capazes. É uma aposta que tenho. www.myspace.com/missmayi
Thriven O que mais chamará atenção no som da banda brazuca, Thriven, é como conseguem fazer um som caótico que prende o ouvinte do início ao fim das faixas. O vocalista Pedro apresenta gritos muito bem colocados, auxiliado pelo também vocal e guitarrista Felipe Benetti que, ao lado do outro dono das seis cordas, Sidnei Siqueira, cria diversos riffs e elementos complexos originais. O baterista Gigante prova a verdade no seu apelido, sendo um integrante de grande capacidade no seu trabalho. Por fim, o baixista Fox aumentará o peso de porradas como “Spring” e “Cave”. O EP pode ser baixado gratuitamente no Myspace da banda, o que é um incentivo para os que reclamam de pagar para ouvir. A verdade é que, no meio de um mar de bandas que pecam na cria-
Shadows Fall “Retribution”
tividade e buscam seguir aquilo que já está consolidado, Thriven dá um passo ao novo, sem querer saber se serão aceitos ou não pelo que tocam. De fato, estão chamando atenção. Não deixe de conferir. www.myspace.com/thriven1
Every Time I Die - “New Junk Aesthetic” Otep - “Smash The Control Machine” Municipal Waste - “Massive Aggressive” The Psyke Project - “Dead Storm” Skindred - “Shark Bites and Dog Fights” The Black Dahlia Murder - “Deflorate” Despised Icon - “Day Of Mourning” Alice In Chains - “Black Gives Way To Blue” Winds Of Plague - “The Great Stone War” Threat Signal - “Vigilance” Dying Fetus - “Descend Into Depravity” Kittie - “In The Black” Megadeth - “Endgame” Porcupine Tree - “The Incident” Arsonists Get All the Girls - “Portals” Caliban - “Say Hello to Tragedy” Most Precious Blood - “Do No Resuscitate” hornsup #8
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Sharks at Abyss Conversamos com o guitarrista Vitor Pazim do Sharks At Abyss a respeito do álbum que estão gravando.
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onde estão gravando o álbum e quem é o produtor? Estamos fazendo todo processo de gravação desde o início no Estúdio Dragster (Rua Serra De Japi, 1330 Sala 2, Tatuapé - São Paulo/SP). Nosso produtor é o Rafael, mais conhecido como Prego, ele não só é nosso produtor como um grande amigo. Como está sendo o processo de gravação? Ensaiamos durante alguns meses, para podermos terminar as músicas, depois fizemos uma pré-produção de todas, a partir daí fizemos algumas mudanças para melhorar as músicas a serem gravadas. O processo de gravação da bateria e das guitarras já esta concluído, neste mês vamos começar o baixo e provavelmente a voz. O álbum vai sair por algum selo ou é totalmente independente? Totalmente Independente! Não estamos
Artwork Vamos dar um lustre à prata da casa. A fotógrafa Cátia Rodrigues, uma das mais ativas colaboradores da HORNSUP em Portugal, fala um pouco sobre sua vida, seus clicks e aventuras.
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omo começou a fotografar concertos? Tinha comprado a minha máquina há dois meses e na altura andava numa de fotografia paisagistica quando fui ver o concerto de The Young Gods no cinema S.Jorge. Na altura tinha levado a máquina comigo e decidi experimentar. Fiquei encantada. A partir desse dia comecei a fotografar todos os concertos que ia ver. For the Glory, Shattered Realm, Riding Pânico, foram algumas das minhas primeiras experiências que foram alimentando este gosto enorme da junção de duas áreas que adorava: música e fotografia. Pouco tempo depois comecei também a fotografar em salas grandes como o Coliseu dos Recreios, Pavilhão Atlântico, Campo Pequeno e Aula Magna, o que para mim é sem dúvida fantástico. O que há de especial nos concertos, que não há em fotografar outros tipos de eventos? Quando fotografo concertos tento retratar ao maximo as emoções dos músicos e do público assim como todo o ambiente presente nesse espectáculo. Essa característica faz com que foto fotografar concertos, e sem dúvida o próprio con concerto em si, se torne único.
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recebendo ajuda financeira, tudo está sendo por conta própria, estamos batalhando muito para pagar tudo, vendendo até objetos pessoais, ralando mesmo, com 2 anos e meio de banda já sofremos muito e ainda temos certos problemas financeiros, mas para tudo tem um jeito, vivemos pela banda! Dê aí uns detalhes sobre o álbum. Nós não revelamos isso pra ninguém ainda, então com exclusividade estamos divulgando para vocês, leitores da HORNSUP! O álbum vai se chamar “Bite Them All”, e irá conter 10 faixas : 01 – Bite Them All, 02 – Nothing Is Like Before, 03 – My Sick Mind, 04 – Bad Souvenirs Of A Shady Past, 05 – Living In War Or Living In Peace, 06 – Through My Promises, 07 – Salvation, 08 – Queen Has Departed, 09 – Forever, 10 – Together We Can Arrive At The Sky. Como ainda não terminamos de gravar, não definimos nenhuma data de lançamento, mas o CD sairá esse ano com toda certeza e
quando estivermos com tudo em mãos vamos escolher o dia para o lançamento. Poderá ter a participação de um vocalista muito conhecido em São Paulo e até no Brasil, mas como ainda não tem nada definido não podemos revelar nada, pois ainda não fizemos ensaios constantes com ele. Então achamos melhor só falar que há uma possibilidade de participação sim e não haverá nenhum cover no CD, todas as músicas são de autoria própria. Se pudessem escolher um produtor, a nível mundial, qual acha que seria o mais adequado para produzir esse álbum do Sharks At Abyss? Por que ele? Adam Dutkiewicz, que é o guitarrista do Killswitch Engage. Ele já produziu inúmeras bandas do mesmo estilo de som. Seria o mais apropriado pra gente, e uma grande experiência. Matheus Moura www.myspace.com/sharksatabyss
A quantidade enorme de pessoas com máquinas e telemóveis a fotografar os concertos oferecem alguma dificuldade para um fotógrafo? Como nos concertos onde isso acontece não temos limite de músicas a fotografar, sinceramente não me incomoda, só mesmo quando perco algum momento especial porque alguém se colocou à frente (risos), mas não. Eu também comecei por ter uma máquina compacta e apesar de não fotografar concertos nessa altura compreendo quando alguém tenta guardar boas recordações do espectáculo. Qual a principal dificuldade que enfrenta nessa atividade? Acho que a fotografia de concertos é um mercado muito complicado de entrar. Além do material ser muito caro, é muito complicado arranjar uma entidade para onde trabalhar. A maioria das entidades não lucram, o que faz com que os fotógrafos não sejam remunerados deixando apenas a promessa de adquirir um bom portefólio. Qual a história mais engraçada (ou bizarra) que já aconteceu enquanto fotografava um concerto? A minha história mais engraçada, que de engraçada não tem nada, aconteceu no concerto de lançamento do novo albúm de Men Eater no Music Box em que levei as duas baterias da máquina... descarregadas! O que me valeu foi que ando sempre com o carregador na mala e lá pedi para me colocarem uma das baterias a carregar. Foi uma pena pois não consegui fotografar Lobo e gosto bastante dessa banda.
Qual o seu equipamento? Canon 350D, Canon 80-200mm, Canon 50mm, Canon 18-55mm. Matheus Moura www.catiarodrigues.com
MEU TOP 5 “JANE DOE” converge
Sujo, intenso, rápido, perturbador, corrosivo, violento e com uma das artes mais belas que eu já vi! Existem discos que já nascem clássicos e este sem sombra de dúvidas é um deles. Desde a primeira vez, até hoje, ouço-o com o mesmo fulgor.
“JAWBOX” JAWBOX
Banda de Washington DC que assim como Fugazi influenciou uma geração nos anos 90. Este é um dos discos que mudaram minha vida, doce melodia e um ritmo contagiante. J. Robbins provou que é um gênio na arte de fazer música.
Pirataria outra vez... Por Elaine Thrash Eis um assunto extremamente manjado, porém muito importante de ser tratado até que um dia se resolva – Pirataria. Você se incomoda com ela? Sendo você músico ou não, você se importa com a questão da Pirataria? Sinceramente muita gente não se incomoda, afinal cada um pensa no seu próprio bolso e não pára pra pensar no trabalho envolvido por trás da obra que está agora em suas mãos. Se a pessoa tem a possibilidade de poder ouvir os sucessos de sua banda predileta a preços ínfimos e com uma qualidade audível, porque essa pessoa pagaria o triplo do preço em um álbum original? Durante o nosso programa, o Metalsplash, sempre tratamos desse assunto com as bandas que levamos lá para entrevistar. É uma tecla tão gasta que dá até desânimo continuar nela, mas infelizmente é necessário fazê-lo, afinal existem muitas bandas por
“aeNIMA” tool
Inteligente, criativo, dono de uma atmosfera própria. Nutrido de uma criatividade musical e visual deslumbrantes. Muito mais que um simples álbum, muito mais que uma simples banda. Este disco é uma obra de arte.
“BLESS THE MARTYR AND KISS THE CHILD” norma jean
Disco intimidativo, convidativo ao caos que se segue ao longo de todo o álbum e dono de uma energia descomunal, ele entra em sua mente e lhe torna escravo de uma fúria canalizada em 58 minutos e 17 segundos.
aí, muitos músicos que dividem suas vidas em se dedicar à música e conciliar com um emprego dito “normal”. Afinal, ainda é extremamente difícil viver só de música, a não ser que o cara tenha um papaizinho milionário ou coisa do gênero. Mas vagando um pouco pela cabeça das pessoas, vemos que elas compram álbuns pirateados porque acham injusto o preço dos originais. Você também acha? Por acaso a matéria prima para confeccionar o álbum, o trabalho gráfico dos encartes, a arte da capa, a criatividade dos músicos, o tempo que eles tiveram para compor, o tempo de gravação, sendo horas e horas de estúdio gravando, mixando, ajeitando tudo, a questão da prensagem e tudo mais... Por acaso tudo isso não tem valor? Não é importante? Estamos falando de obras, galera! Obras de arte! E simplesmente aparece alguém que copia tudo mal e porcamente e sai vendendo por aí a preço de feira (lucrando com um trabalho que nem é dele).
Hélio Siqueira Jeffrey Dahmer
“THE GREAT SOUTHERN TRENDKILL” pantera
É completamente indispensável um disco do Pantera na coleção de qualquer pessoa. E entre os discos da banda este é que mais gosto, trilha sonora do dia-a-dia. Instrumental de deixar qualquer um com a boca aberta, Dimebag era simplesmente um deus na guitarra. Além do que, este disco tem a seqüência matadora “Suicide Note Pt. I e Pt II”.
É óbvio que não está certo, é óbvio que é crime, mas de quem é a culpa por isso ainda existir? Daqueles que pirateiam ou dos trouxas que se acham espertalhões e compram esses produtos? Se você se diz fã mesmo, vai lá e compra o original! Não existe coisa melhor do que ficar viajando no encarte, com letra, com foto, com cheirinho de gráfica (risos)! E ouvir o álbum direitinho, colocar na caixinha com carinho e na estante repleta de álbuns! Verdadeiros troféus para quem realmente aprecia toda a essência de uma boa música... Se o receio de pagar caro é não conhecer o álbum e se arrepender depois, eis aí o myspace para dar uma luz! Muitas bandas disponibilizam álbuns ou partes deles para a galera baixar tanto no próprio site, quanto no playlist do myspace. Então não tem desculpa para não comprar o álbum original. Ouça as músicas, se você gostou, ótimo, compre seu álbum. Se não gostou, paciência, mas nem por isso vá comprar o pirata também, né? E é isso, galera. Infelizmente a pirataria não será exterminada tão cedo, mas exterminea você da sua própria vida. Abomine tudo que não seja original, CDs, livros, revistas, programas, pessoas... Seja original ao querer só o que é original também! O programa Metalsplash é exibido todo domingo pela alltv em www.alltv.com.br das 12h às 13h (hotário de Brasília). Pelo blog, semanalmente com atualidades da cena metal em www.metalsplash.blogspot.com
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Quando seus heróis os abandonam... ...então é hora de rezar pelos vilões. É com esse refrão que o Devildriver chega com seu quarto e mais novo álbum, intitulado “Pray For Villains”. Em conversa à HORNSUP, o frontman Dez Fafara revela porque 2009 pode ser considerado o ano do Devildriver, além de outros assuntos bem peculiares, como o Coal Chamber (sua ex-banda), longas turnês, o maior circle pit de todos os tempos e até o fim do mundo em 2012.
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banda vem trabalhando firme, tendo lançado quatro álbuns em pouco mais de 7 anos de carreira. Além disso, possuem um contrato sólido com a Roadrunner Records e passam grande parte do seu tempo em tours, divulgando seu trabalho. Todo esse esforço culminou com o lançamento de “Pray For Villains”, seu mais novo registro. Você concorda com aqueles que dizem que 2009 é, definitivamente, o ano do Devildriver? Eu tenho ouvido que 2009 e 2010 serão os anos do Devildriver. Se eu concordo? Eu certamente acho que o ponto culminante de todos os anos de tours bem como o lançamento freqüente de material ajudou a construir a nossa base de fãs de tal forma que sim, essa é a nossa vez... Nossa vez de trabalhar mais duro, de ter um melhor desempenho e de fazer turnês mais longas!
Vocês gostam de deixar bem claro a idéia de “não fazer o mesmo álbum duas vezes”. Sendo assim, o que trouxeram de novo em “Pray For Villains”? Acham que a banda se encontra atualmente em seu mais elevado nível? Os membros trouxeram a música que eles achavam que continuaria a definir e mover o Devildriver à frente. Tecnicamente todos se superaram. Eu não escrevo as músicas. A música que é entregue a mim me força a melhorar minha voz e também a trazer algo diferente à mesa. Com o novo álbum saindo em Julho é bem provável que a banda já tenha algumas tours marcadas e outras a serem agendadas. Quanto tempo vocês planejam permanecer na estrada divulgando “Pray For Villains”? Ficaremos em tour até o meio de 2012 ou até mais neste álbum. Longo o suficiente para
colocar nossos estados físicos e mentais no limite dos testes. “Eu amo a estrada!” O nome Devildriver é frequentemente associado à alguma coisa má. O que realmente significa o nome da banda? É verdade que este nome foi uma sugestão da esposa de Dez? Existe alguma relação entre o nome Devildriver e a Cruz da Confusão, que alguns dizem ser a origem do símbolo da banda? O nome “Devildriver” vem da feitiçaria italiana, são os sinos que as bruxas usam para “afastar o mal” (“Drive Away Evil”). A cruz do Devildriver é baseada na Cruz da Confusão, um símbolo conhecido por questionar a religião e tudo ao seu redor. Nós não somos uma banda satânica.
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entrevista A banda dessa vez escolheu o produtor Logan Mader (ex-guitarrista do Machine Head e Soulfly e responsável pela produção de álbuns de Cavalera Conspiracy, Divine Heresy e Five Finger Death Punch) para às gravações do novo disco. Como foi trabalhar com ele? Fizeram desta vez algo diferente em relação as gravações dos álbuns anteriores? Trabalhar com Logan foi um prazer e de certa forma estivemos mais focados do que em nossos trabalhos anteriores. Ele é um produtor que permite que a sonoridade da banda permaneça única e ao mesmo tempo dá conselhos de como conseguir isso. No Download Festival de 2007 a banda tentou entrar para o Guinness Book com o “maior circle pit” de todos os tempos, porém, teve sua proposta rejeitada, visto que, de acordo com o Guinness, era impossível medir fisicamente aonde um circle/mosh pit começava e terminava. Qual a sensação de serem reconhecidos como uma das bandas que possuem um dos maiores e mais destruidores circle/mosh pits no metal hoje em dia e da onde veio a idéia de tentar registrar esse acontecimento como um recorde mundial? Isso foi feito apenas para termos uma boa diversão. Não tínhamos a menor idéia de que eles iriam reconhecer isso, mas eles reconheceram. É tudo uma diversão Rock n’Roll! A banda já lançou seu primeiro clipe em suporte ao novo álbum, cuja gravação ficou a cargo de Nathan Cox. Qual a idéia por trás do vídeo da faixa-título “Pray For Villains”? “Eles oram pelos vilões quando seus heróis o decepcionam” é o refrão. Isso vem da minha vida de anti-heróis, como Clint Eastwood. Quando seu herói o decepciona, na maioria das vezes, o vilão aparece para salvar o dia e se tornar o herói. Quem é o responsável pelas letras das músicas? Este é um processo exclusivo de Dez ou uma tarefa onde todos tem sua parcela de colaboração? Eu escrevo todas as letras e faço todos os conceitos por trás da arte. Recentemente tocaram no Metal Hammer Golden Gods Awards e estiveram presentes também no Revolver Golden Gods Awards. Quão importante você acha que seja esse tipo de evento para as bandas? Esses tipos de eventos são muito importantes para uma arte underground como o metal. Nós tivemos um grande momento em ambos!
É verdade que no caminho para o Download Festival 2009, o trailer com o material da banda se desencaixou da van e vocês só foram perceber a falta dele quando pararam em um posto de gasolina? Nos conte como foi essa situação. Vocês tiveram algum prejuízo? Sim. O trailer se desencaixou do nosso ônibus e nós dirigimos de volta por horas para encontrá-lo. Ele se desprendeu sozinho e nenhum de nossos equipamentos foi destruído! Sem prejuízos, obrigado aos deuses. A crise mundial chegou a afetar ou ainda afeta de alguma maneira o Devildriver ou o metal de uma maneira geral? Tudo e todos são afetados por isso, seja pessoalmente, financeiramente, etc. É quase impossível desvincular o nome de Dez Fafara (vocalista) de sua ex-banda, o Coal Chamber. Ainda resta algo do Coal Chamber em Dez? Existe a possibilidade de uma reunião ou um show de despedida do Coal Chamber? Eu olho para trás com carinho, em meus últimos dias com o Coal Chamber, e tenho aprendido a “nunca dizer nunca”. Está para ser lançado nos cinemas o filme “2012”, do diretor holandês Roland Emmerich, no qual um cataclisma global aconteceria e resultaria no aniquilamento da civilização humana. Você crê que essa hipótese seria plausível, não tanto pelo fim dos tempos, mas por uma mudança drástica no planeta da maneira que o conhecemos? Fato... A cada 3600 anos essa biosfera é destruída. Isso é devido ao planeta Niburu, que a NASA conhece como “Planeta X”, que oscila em nosso campo gravitacional transformando a Terra em acesso. Estamos fodendo de maneira tão ruim o planeta que iria dar as boas vindas à isso de braços abertos e uma boa garrafa de vinho. Como encaram a questão da internet e do MP3 hoje em dia na divulgação do trabalho da banda? A Internet pode ser uma ferramenta ou um destruidor, depende de como você olha para ela... Eu, pessoalmente, “poderia me importar menos” (“I Could Care Less”, fazendo referência à musica do Devildriver). A banda tem projetos de lançar um DVD ao vivo? O DVD ao vivo de 7 anos em produção. No próximo ano com certeza! André Henrique Franco www.myspace.com/devildriver
[7] Devildriver
Pray For Villains Roadrunner
Porra, esse já é o quarto álbum do Devildriver e, até hoje, não há uma resenha que ignore o fato de Dez Fafara ter liderado o extinto Coal Chamber. O pior é que esses comentários sempre trazem um tom pejorativo. Desde seu primeiro trabalho, o Devildriver se mostrou competente e com uma sonoridade totalmente distinta da banda anterior de Dez, portanto, já está mais que na hora de enterrarmos o passado, pois o presente já nos oferece bastante para comentar. “Pray For Villains” vem na mesma onda de “Last Kind Words”, o último álbum, ou seja, tomam maior distância da matriz soturna e investindo cada vez no equilíbrio entre o peso e groove. Tiram na velocidade e agressividade para carregar no peso e balanço, por assim dizer. O resultado é positivo, apesar de haver alguns altos e baixos. A parte técnica está impecável assim como a produção de Logan Maden (ex-guitarrista do Machine Head), porém, em linhas gerais, o Devildriver não desbrava novos horizontes e oferece um pouco “mais do mesmo”. Isso não é mal, afinal quem conhece a banda sabe que sempre apresentam qualidade, mas deixa um pouco a desejar tendo como base o seu histórico. Mantém sua identidade intacta, aquela que sempre foi tão difícil de definir. Algo como um cruzamento de Machine Head com Arch Enemy (?). Todos elementos dos outros discos do Devildriver marcam presença, além de alguns novos, entretanto falta alguma coisa, um agente de ligação, que reúna todas as peças e torne tudo verdadeiramente explosivo. Faltam mais riffs matadores, mais refrões marcantes e mais pegada, acima de tudo. Dez, como sempre, não deixa a peteca cair, dando mais uma prova que sua voz é única e de uma brutalidade ímpar. O baterista John Boecklin continua a extrair o máximo de seu instrumento, abusando de sua versatilidade no double bass. Não tenho o que reclamar das guitarras também, mas como já disse, falta qualquer coisa. Destaco o single, “Pray For Villains”, a empolgante “I’ve Been Sober” e “Ressurection BLVD”, pela linda prestação de Mr. Boecklin. É um bom álbum dentro da discografia do Devildriver, mas não faz sombra ao que apresentaram anteriormente. Matheus Moura
discografia
Devildriver (2003)
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The Fury Of Our Maker’s Hand (2005)
The Last Kind Words (2007)
Pray For Villains (2009)
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entrevista
Veneno tropical Esqueçam a constante troca de membros ao longo dos anos. Esqueçam a ascensão e queda a uma grande gravadora. O fato é que o Poison The Well continua sendo um dos nomes mais reconhecidos da cena (post) hardcore hoje em dia. E para sedimentar sua reputação, a banda vem com “The Tropic Rot”, seu mais novo álbum de estúdio. Brad Clifford, guitarrista da banda, trocou uma idéia com a HORNSUP e é quem nos conta os detalhes sobre esse novo registro.
R
yan Primack (guitarrista), Chris Hornbrook (baterista) e Jeffrey Moreira (vocalista) são considerados os pilares do Poison The Well, enquanto vários outros membros já entraram e saíram da banda em diferentes períodos. Ao que atribuem essa longevidade e o desejo de estarem sempre presentes tocando no Poison The Well? O simples fato de sermos amigos e querermos criar músicas uns com os outros. Esse é definitivamente o maior objetivo por trás de tudo, e o resto parece apenas ser detalhe. “The Tropic Rot”, o novo álbum da banda, saiu pela Ferret Music em Julho e tem recebido grandes elogios da mídia especializada. O que nos tem a dizer sobre esse, que é o quinto registro do Poison The Well? Nós estamos muito, muito orgulhosos disso. Nós tínhamos alguns objetivos em mente quando começamos a escrever o registro, e eu penso que nós realmente realizamos a grande maioria deles, o que é bastante monumental. Nós queríamos que isso tivesse mais energia, que tivesse mais levadas vocais que pudessem afundar no seu cérebro, que ainda tivesse experimentação e dinâmica, e nos impulsionar em nossos respectivos instrumentos. Acabou dando tudo certo e todos estão realmente animados com esse registro. Desde “Tear From The Red”, de 2002, que a banda não grava um álbum tão perto de casa (ambos os álbuns “You Come Before You”, de
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2003 e “Versions”, de 2007, foram gravados na Suécia). Qual o impacto que essa proximidade do lar (Flórida) trouxe ao registro? Ser capaz de gravar nos Estados Unidos definitivamente nos ajudou a viver algo como uma vida normal enquanto gravávamos e de termos os confortos de estarmos, ao menos, em nosso próprio país. Produtor foi definitivamente um problema maior do que a localização. Não nos importamos de onde temos que ir, desde que estejamos confiantes de que conseguiremos um grande registro sonoro, seja quem for que escolhemos. O álbum foi gravado na Califórnia pelo legendário produtor Steve Evetts (Every Time I Die, The Dillinger Escape Plan, The Cure). Como foi o trabalho com ele no estúdio? A banda chegou a usar algum instrumento não tradicional na composição de “The Tropic Rot”? Gravar com Steve foi bacana e estamos muito contentes da maneira que tudo saiu. Soou muito legal e a banda nunca esteve tão orgulhosa de um álbum. A instrumentação nesse registro foi muito mais focada e acabou, principalmente, dentro das orientações do rock. Nós não vimos muita necessidade para coisas loucas nesse álbum, apenas pela questão de tê-las, mas existem alguns órgãos e outros teclados e um florescer sônico nesse disco para dar-lhe um tempero e alguma dimensão. Após tantas trocas, atualmente contam com Bradley Grace no baixo e Bradley Clifford na
guitarra. Acham que esse line-up do Poison The Well se manterá sólido por um tempo maior do que os que tiveram anteriormente? Eu acho que temos um time muito sólido com todos agora. Está funcionando de maneira bem fluida. Termos escrito juntos, como um grupo, para o “The Tropic Rot” foi maravilhoso, e estamos todos muito contentes com cada um e as coisas que fazemos como uma equipe. Antes do lançamento do novo álbum, a banda colocou nas ruas uma série de 3 EPs em vinil intitulado “I/III / II/III / III/III”. Qual foi o objetivo por trás do lançamento desse EP? Basicamente havia uma tonelada de músicas gravadas na Suécia durante as sessões de “Versions”. Uma boa parte delas acabou não entrando no álbum porque não se enquadraram por algum motivo. Ainda assim, como músicas individuais, eu acho que há alguns cortes realmente fortes, e uma dessas músicas é uma das minhas favoritas de todos os tempos do Poison The Well. Nós achamos que seria legal lançá-las para os outros ouvirem e fazer isso de uma forma única e bacana. Então, optamos por fazê-las em 3 vinis distintos, com a arte coerente de maneira que todas juntas formam uma figura maior. A banda iniciou recentemente, como atração principal, a “10 For $10 Tour”, onde por apenas 10 dólares o público poderá conferir 10 grandes bandas da cena Hardcore atual,
lado bom e um lado ruim nisso. Esperamos que bandas que estão fazendo isso com o coração recebam alguma atenção. Estiveram pela primeira vez na América do Sul em Agosto de 2008, tocando no Equador, Colômbia, Chile e Brasil. O que acharam da tour? Algum fato curioso de que se lembrem? Tocar na América do Sul foi incrível para nós. Todos os dias foram cheios de pessoas inacreditavelmente prestativas e amáveis que estavam realmente empolgadas. Nós mantínhamos a expectativa de chegar ao próximo país e ficarmos totalmente desapontados, não sabendo como seria se comparado ao dia anterior, mas cada um dos shows foi incrível e não temos como suficientemente agradecer as pessoas que ajudaram para que isso acontecesse. Nós todos fomos nos divertir na casa de nossos amigos na Colômbia e brincar com um macaco de estimação ilegal. Foi incrível pra caralho. Após começarem pela Trustkill Records, assinaram com uma grande gravadora: a Atlantic Records, por onde lançaram o álbum “You Come Before You”, em 2003. Porém, no mesmo ano, saíram da Atlantic e se juntaram à Ferret Music. Foi uma escolha da banda voltar a trabalhar por um selo independente? Quais os motivos que levaram a saída do Poison The Well da Atlantic Records? A Atlantic tinha certas expectativas que eu não acho que a banda estivesse confortável nem a tentar, então, a troca pela Ferret foi boa. A banda tem amizade com Carl e a Ferret Records por um longo tempo, e é sempre bom trabalhar com amigos que entendem e respeitam as mesmas coisas estimadas que carregamos.
incluindo Madball, Bane, Vision Of Disorder, entre outras. Qual a idéia por trás dessa tour e quais as expectativas, sendo que o Poison The Well tocará em todas as datas? Na situação econômica de hoje em dia, ter dez bandas por dez dólares é algo inédito, especialmente pela estatura das bandas que estão envolvidas. Nós somos meio que os estranhos na tour, a maioria das bandas fazem um hardcore bem direto, e nós somos uma das únicas bandas que tem bastante canto e melodia, então, quem sabe o que esperar? Tenho certeza que, de qualquer forma, será legal e estamos muito empolgados em fazer uma turnê com algumas das bandas que farão parte dela. Ainda sobre a “10 For $10 Tour”, o vocalista do Madball, Freddy Cricien, disse que a cena hardcore nos Estados Unidos passa, atualmente, por uma ‘fase estranha’. Você concorda com essa afirmação? Como vê o Hardcore hoje em dia nos Estados Unidos? Sim, definitivamente há uma cena estranha. Uma boa parte da “cena” é invadida por bandas com camisetas neon e partes mosh / Death Metal com vocais Pop Punk que chamam isso de hardcore. Por outro lado, há também uma tonelada de bandas que estão tocando músicas que estão cheias de coração, alma e integridade, e, talvez, não obtém tanto respeito quanto eu pessoalmente penso que eles merecem. Música pesada como um todo é bastante popular agora e existe um
Sendo uma banda que faz turnês por todos os lugares do mundo e está sempre em contato com os fãs, sentem algum receio em relação a “gripe suína”? Não realmente. Mais pessoas contraem gripe normal todo ano do que a gripe suína, é só porque ela é nova e as pessoas ainda não desenvolveram uma imunidade à ela, mas por outro lado isso pareceu passar pela cobertura da mídia muito rapidamente. Viajar muito e estar sempre em contato com as pessoas deixa qualquer um exposto aos elementos do mundo, mas enquanto não estamos nos descuidando exageradamente sobre isso, eu acho que vamos ficar bem. Como reagiram à morte do cantor Michael Jackson, o “Rei do pop”? Eu escrevi uma pequena nota no Noisecreep sobre como costumava dançar pela minha sala com uma luva, ouvindo “Thriller”. Estou ouvindo a um monte de péssimas piadas sobre Michael Jackson que ainda estão vindo! Passados 10 anos desde o lançamento de seu primeiro álbum (“The Opposite Of December”, em 1999), o que você diria que mais mudou no Poison The Well? Menos partes de mosh, melhor escrita de música, nos forçando mais musicalmente, mais Yanni Vera. Estamos empolgados com o futuro e realmente animados sobre o novo álbum e pra onde o futuro pode nos levar. André Henrique Franco
[9] Poison The Well Tropic Rot Ferret
Antes de analisar este álbum, vamos fazer uma breve análise de tudo que o grupo já fez em sua carreira. “The Opposite of December”, primeiro full-lenght, com músicas como “Nerdy” e “Slice Paper Wrists” conduziram uma nova geração ao Metalcore em 1999. Um álbum memorável. Em seguida, lançam a segunda obra de arte pela Trustkill Records: “Tear from the Red”. “Botchla”, “Lazzaro” e “Pieces of You in Me” são apenas algumas composições que causaram fervor. Em seguida, “You Come Before You”, com músicas mais bem elaboradas e abstratas como “Apathy Is a Cold Body”. Encerrado este momento de violência sonora pura, quatro anos mais tarde, em 2007, chega “Version”, primeiro pela Ferret Music. Esta mudança sonora é a que está mais próxima de “The Tropic Rot”, o quinto full-lenght da Poison The Well. Muita água já correu nesta tragetória, que já contou com 23 mudanças de instrumentistas. Aqui, a abertura é ampla para momentos melancólicos, em um clima hipnótico, com muitos efeitos de guitarra e uma sensação de tontura. Contudo, realizam uma simbiose com gritos e passagens mais pesadas, ainda que não tão frequentes. Jeff Moreira mais uma vez dá um show nos vocais, podendo ser considerado um dos melhores no gênero. Aliás, a qual gênero PTW está associado? Quem sabe? Já passaram do Metalcore, Post Hardcore e Experimental. Isso pouco importa de qualquer forma. “Exist Underground” abre de forma maestral, com uma certa agressividade e um bom trabalho de bateria. “Sparks It Will Rain” continua o clima dissonante do grupo em alto nível. “Cinema” tem a cara da capa do full-lenght, com seus tremolos pickings dá uma imagem de clima praieiro, ainda que não tão empírico. “Pamplemousse” é uma das mais loucas, absorvendo o ouvinte com os efeitos de guitarra e os vocais melódicos, semelhante a um caleidoscópio. “Who Doesn’t Love a Good Dismemberment?” é uma mistura da faixa anterior com as duas primeiras, momentos pesados e leves variam perfeitamente. “Antarctica Inside Me” lembra algo da antiga fase da Poison The Well, com os usuais vocais gritados de Jeff. Contudo, as guitarras começam a destoar propositalmente, mostrando que estão em outra fase na carreira. “When You Lose I Lose as Well” é a mais diferente, um clima quase acústico em sua maior parte, um trabalho bem diferente do que conhecemos. “Celebrate The Pyre” volta aos momentos mais pesados, que é logo quebrado com os minutos iniciais de “Are You Anywhere?”. “Makeshift Clay You” mais uma vez volta à agressividade, tornando o álbum versátil e longe de ser linear. “Without You and One Other I Am Nothing” encerra muito bem este quinto elemento na vida do conjunto, com uma composição que traduz toda a capacidade criativa que possuem. Não podemos julgar o PTW realizando comparações com cada momento que passaram, visto que já foram mais pesados, diretos, porém, jamais perderam o toque que os faz serem diferenciados e venerados. Excelente! Igor Lemos
www.myspace.com/poisonthewell
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entrevista
Guerra santa Cristianismo e pancadaria. Parece contraditório? A entrevista concedida a HORNSUP por Jon “KC Wolf” Kindler, baixista do The Chariot, revela qual a visão da banda em relação à música, a evolução da banda em relação aos álbuns anteriores e o longo caminho para a entrada do massacrante álbum “Wars and Rumors of Wars”. Esses atrativos e um pouco mais em um relato regado a religiosidade, musicalidade e sinceridade.
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álbum “Wars and Rumors of Wars” é curto, direto e pesado como um soco. Quais tipos de sentimentos vocês tentaram refletir com este álbum? Quando nós escrevemos os nossos álbuns nós temos a intenção de captar a essência de nosso desempenho ao vivo e encaixa-la em um álbum, ao invés de gravar um CD e tentar executa-lo ao vivo. Caso nós cometamos algum erro durante a gravação, nós normalmente preferimos deixa-lo do jeito que ficou. Queremos apenas fazer algo real. O novo álbum, em minha opinião, contém as melhores músicas já produzidas pela banda. Na sua opinião, quais foram as principais mudanças em relação aos dois álbuns anteriores? Uma diferença fundamental entre esse álbum e os anteriores é que, na verdade, nós conseguimos uma fatia maior de tempo para compô-lo. “The Fiancee” foi escrito em menos de uma semana, enquanto nós ganhamos a possibilidade de escrever este último (álbum) em um mês e meio. O novo álbum, em minha opinião, possui uma sonoridade mais completa. A influência principal da banda é baseada na imagem de Jesus Cristo e em todo o credo cristão? A única razão de eu estar aqui é por causa de Jesus Cristo e pela sua capacidade de me salvar de mim mesmo. Todos os aspectos das nossas letras em relação a nossa performance ao vivo é uma oportunidade de louvá-lo. Existe algum tipo de pré-conceito entre a fé referente ao Cristianismo e o Metal? Vocês acham que os moshpits, que são comuns em um show, são maneiras de agressão ou apenas instrumentos para a diversão do público? As músicas pesadas são belas oportunidades em que podemos louvar a Deus. Eu acredito que são raros os momentos e as oportunidades em que você pode pular e gritar
livremente para demonstrar o quão entusiasmado você está em relação a algo. É claro que as pessoas são livres para fazerem o que quiserem, então posso dizer que são divertidos para alguns, mas pode ser uma maneira de machucar pessoas para outros. O título “Wars and Rumors of Wars” (Guerras e Rumores de Guerras) aparenta ser um pouco politizado. Qual é a visão da banda em relação ao imperialismo executado pelos Estados Unidos no Oriente Médio? O título de fato não é politizado. Na verdade, ele foi retirado do livro de Matheus (uma passagem bíblica) que citava o momento em que Jesus argumentava sobre o fim dos tempos. Em relação à banda, nós realmente não abordamos o lado político em nossas letras. Vocês acham que a música em geral tem a capacidade de mudar a mente humana de uma maneira positiva? Mesmo quando a música ela mesma se torna uma fonte de alienação? A música definitivamente tem a capacidade de mudar a mente humana. Para mim, não é apenas a melodia, mas o significado que podemos alcançar por detrás dela. Em relação à alienação, eu nunca tive essa experiência. Eu sempre pensei que a música tem o poder de unir as pessoas, abrindo uma oportunidade para um diálogo cujo conteúdo retoma a um assunto em comum. No dia 29 de abril de 2009 o álbum encontrava-se integralmente disponível para a audição no Myspace. Qual é a opinião da banda em relação aos downloads? Na verdade, a banda não sabia que isto iria ocorrer, mas posso dizer que supostamente isso foi feito para auxiliar as vendas do álbum. Em relação ao fato do download ser executado de forma ilegal, parece-me um ato bastante esquisito. Nós sabemos que há casos em que alguém não irá gostar da nossa banda o
suficiente para ter vontade de comprar nosso álbum. Mas através do download do mesmo há uma chance dessa mesma pessoa começar a gostar, e, caso este fato faça brotar uma vontade de nos ver ao vivo, então, para nós, é extremamente válido. Mas eu não me sentiria correto ao fazer um download ilegal. Vinte e cinco mil cópias do CD foram autografadas e enumeradas pela própria banda. De quem surgiu essa idéia? Vocês acham que isso serviu para estimular os fãs a comprarem o álbum? A idéia surgiu em uma das várias noites em que passamos no Waffle House nos divertindo e pensando em coisas absurdas a se fazer. Nosso vocalista (Josh Scogin) e nosso guitarrista pensaram nisso e resolvemos acatar a decisão. A razão em termos feito isso não foi exatamente com o intuito de aumentar as nossas vendas, mas sim em fazer algo especial para aqueles que estavam comprando o nosso material. Há inúmeras bandas que estão desconectadas dessa parte dos próprios álbuns. É realmente gratificante ir a um lugar como o Best Buy e encontrar algo feito à mão pela própria banda. Em relação às turnês, qual foi o evento mais gratificante em que já tiveram a oportunidade de tocar?Vocês são uma das bandas mais energéticas em palco e possuem uma das performances mais destrutivas que eu tive o prazer em presenciar. Alguma vez algum integrante da banda machucou-se em cima do palco? Viajar cruzando os mares tem sido a experiência mais divertida e gratificante para nós. Nós tivemos uma oportunidade de ir para a Rússia no inverno passado e o público foi maravilhoso. Eles estavam escalando uns nos outros e pulando do palco. Em relação a ficar machucado enquanto tocando, Deus tem nos abençoado com alguns poucos cortes e machucados. Ítalo Lemos www.myspace.com/thechariot
Solid State Records 2009
“Daggers”
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entrevista
Som matemático e brutalidade feminina Utilizando o Mathcore como arma sonora, a Iwrestledabearonce, banda que agora figura no time da Century Media, acaba de lançar seu primeiro álbum. Para falar sobre isso e outras curiosidades, como o video clipe, fãs e shows nas terras canarinhas, o guitarrista e programador Steven Bradley falou com o pessoal da HORNSUP.
O
álbum “It’s All Happening” é absurdo em todos os sentidos! Gostaria que você nos falasse como se deu o processo de composição do mesmo. Foi um processo muito corrido e louco! Nós estávamos sempre em turnês antes de gravar, por isso nós não tínhamos muito tempo para trabalhar no novo material. Quando nós chegamos ao estúdio, nós tivemos que compor cerca de 90% do álbum! Foi maluco e eu acho que nossas noites em claro e o estresse contribuíram, com certeza, no processo de composição. A banda passou por algumas mudanças na formação. Como isso afetou a sonoridade da IWABO? Não afetou de forma alguma realmente. No nosso primeiro EP que lançamos, nosso outro guitarrista (John) e eu escrevemos todo o material de guitarra/bateria/programação e Krysta fez todos os vocais. E no full-lenght foi a mesma coisa. O único aspecto que mudou é que agora temos um baterista de verdade. Ele é excelente e pode tocar todas as coisas malucas que criamos assim como escrever suas partes boa parte do tempo.
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Nos fale sobre a experiência de terem saído do cenário Independente para um grande selo como a Century Media. Bom, nós realmente nunca tivemos uma gravadora antes da Century Media, apenas assinamos um acordo com uma distribuidora junto a outro selo para relançar o EP. Nós ficamos malucos por estarmos na Century Media e eles fazem um trabalho muito bom com a gente, colocando nosso álbum nas lojas e ajudando em outras coisas também. As letras no novo álbum são mais pessoais e menos abstratas comparando ao EP. De onde veio a inspiração para essas mudanças? O que houve para que este processo fosse possível? A Krysta decidiu que queria ir a um rumo diferente com este álbum. Tentar algo novo e pressionar mais a si mesma. Eu acho que ficar na casa de Ross Robinson (famoso produtor) ajudou também, porque ele incentiva aos vocalistas serem mais íntimos com as letras. Muitos vocais memoráveis de diversas bandas foram feitos com ele em sua sala de gravação.
Como foi trabalhar com Ross Robinson e o engenheiro de som Ryan Boesch? Grande responsabilidade essa, não é? Bom, Ross não produziu nosso álbum, apenas gravamos no estúdio dele, o que ainda pode ser considerado insano por ele se divertir todos os dias com a gente e nos ajudar com algumas coisas aqui e ali. Ryan Boesch foi o escolhido para produzir o álbum conosco, e ele é o cara! Foi um sonho se tornando realidade estar dentro de um estúdio excelente na praia da Califórnia olhando para os álbuns de platina de Korn e Slipknot nas paredes. Mas eu acho que a pressão, combinada com o curto tempo que tínhamos, foi o que ajudou a que nós déssemos o máximo a fazermos o álbum estar assim agora. O novo álbum alcançou a primeira posição na Billboard Heatseekers. O grande público está adorando o som de vocês. Como a banda se vê diante deste fato? Eu com certeza não diria que o público como um todo está curtindo o nosso som. Ainda há muitas e muitas pessoas para conquistar e muitas outras que nunca entenderão o que nós fazemos! Nós ficamos realmente
chocados quando vimos que ficamos em #1 no Heatseeker (uma espécie de Billboard para as novas bandas) e que ficamos em #121 no geral. Para uma banda como a nossa que não possui refrão ou músicas no estilo radio-friendly, foi realmente incrível. Todos os nossos agradecimentos vão aos fãs que espalharam a palavra e compraram o álbum quando ele saiu por eles quererem nos ajudar sempre. “You Ain’t No Family” possui um estranho (positivamente falando) clipe. Qual o conceito por trás deste vídeo? O conceito ou a idéia foi para nós entrarmos em um bar de caipiras e basicamente dançarmos com os matutos de lá! Eu acho que ficou bem legal, pontuando que queríamos fazer algo diferente dos clipes habituais de Metal. De fato, ele é diferenciado no meio de milhares de clipes, é melhor até do que o que fizemos para “Tastes Like Kevin Bacon”. “Black-Eyed Bush” possui uma união muito legal de elementos eletrônicos com vocais melódicos. É bem diferente de outras faixas inclusive. Como essa faixa apareceu? Honestamente nós tínhamos centenas de músicas mais leves como esta em que estávamos trabalhando o tempo todo. Esta simplesmente apareceu e soou legal, então resolvemos colocá-la no álbum. Nós já sabíamos que iríamos colocar uma faixa deste tipo no álbum, apenas para tirar um pouco a imagem de “faça a porra que você quiser” e isso ficou muito legal! “Tastes Like Kevin Bacon” está ainda melhor agora! Qual a razão de terem buscado uma faixa antiga, que não saiu no último EP, apenas em demo, para o novo álbum? É, de fato, esta música nunca foi lançada anteriormente. Nós a gravamos como uma demo, com a formação completa da banda depois do EP já estar lançado, então nós sempre tivemos a vontade de gravá-la novamente com uma qualidade melhor e algumas mudanças pequenas. A primeira versão foi gravada por mim em um quarto com um
pequeno arsenal e pouco tempo, então esta nova versão é muito melhor em nossa opinião! “I’m Cold And There Are Wolves After Me” possui ótimas partes de piano e Jazz. A mídia pontua que isto faz parte do gênero Mathcore. Como estes sons criaram vida nas composições? Todos nós sempre amamos todos os estilos musicais, então isso acaba vindo no nosso processo de composição. Nós nunca saímos da nossa raiz, das nossas vontades, apenas vai acontecendo. Nós sempre tivemos esta vontade de incorporar cada estilo de música dentro do que pode ser considerado “Metal”. Acredito que isso ajuda as pessoas a abrirem os olhos para outros estilos. Nos diga cinco álbuns que a banda vem escutando ultimamente e são destaques, para vocês. Eu gostaria de saber alguns deles e, se possível, deste ano. Hum... pergunta difícil... Nós temos ouvindo mais coisas antigas! O único álbum lançado este ano que nós ouvimos bastante mesmo é o novo do Dredg! De coisas antigas que ouvimos há uma longa lista, mas posso citar algumas como Radiohead, Bjork, Cynic, Cephalic Carnage, Tears for Fears, Sigur Ros, Nasum, etc. Quando Iwrestledabearonce irá mostrar a sua cara no Brasil? O que vocês sabem sobre nosso país? Nós temos um público insano apenas esperando por vocês. Nós iríamos amar ir para o Brasil agora! É um país que parece ser maravilhoso e eu tenho certeza que os shows são malucos. Bandas americanas sempre dizem que o Brasil é incrível para shows e é um local que possui pessoas legais e que dão um ótimo suporte. Eu prometo que estaremos aí um dia, mas ainda é necessário realizarmos algumas turnês nos Estados Unidos e Europa para que tenhamos permissão de visitá-los, caras! Igor Lemos www.myspace.com/iwrestledabearonce
[9] Iwrestledabearonce It’s All Happening Century Media
Após ter acompanhado a banda no seu EP de estreia, no qual rendeu ótimas críticas ao redor do mundo, não era de se esperar que uma gravadora de grande porte os contratasse. Isso foi dito na coluna Sangue Novo na edição de número 2 da HORNSUP. Sempre existe medo do que poderá acontecer quando uma label pega qualquer banda independente que faz um trabalho original. Contudo, aparentemente, a Century Media abriu espaço para a Iwrestledabearonce continuar realizando um som caótico, calcado nas bases do Mathcore com todos os elementos que ele pode oferecer, variando do tempo Grindcore até elementos do Jazz, etc. O som agora está ainda mais lapidado, com os vocais de Krysta Cameron em primeiro plano em quase todos os momentos. Incrível como sua capacidade de gritar e de fazer melodias está beirando a perfeição. Atualmente contam com Steven Bradley e John Ganey nas seis cordas, dois instrumentistas competentes que são estupidamente criativos. O baixista Dave Branch dá ainda mais corpo ao som, porém, Mical Montgomery é um ponto fundamental na bateria, um verdadeiro monstro. “You Ain’t No Family”, faixa de abertura, mostra o virtuosismo de todos eles. “Danger In The Manger” é uma porrada com tremolo pickings, breakdowns e muita gritaria, assim como a excelente “I’m Cold And There Are Wolves After Me” com suas passagens jazzísticas. “Tastes Like Kevin Bacon” ficou ainda mais legal, tornando-se um clássico. “The Cat’s Pajamas” aponta ótimas passagens melódicas nos vocais e bom uso de elementos eletrônicos (o que é uma constante no fulllenght). “Black Eyed Bush” é a mais diferente. Sua atmosfera é densa e ofuscada, como uma neblina, não possuindo gritos, apenas cantos ao fundo. “Eli Cash vs. The Godless Savages” é uma outra violência musical, bem assemelhada ao Grindcore em alguns momentos. Como o próprio nome do álbum diz, está tudo acontecendo aqui. Há inserção de diversas vertentes do Metal e fazem isso com maestria. Não há como esperar muito mais do que isso. Apenas um conselho, não julgue o álbum ouvindo apenas uma vez, pois irá quebrar a cara. Mathcore se digere aos poucos, ok? O melhor lançamento do gênero no ano. Igor Lemos
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entrevista
Sob vigilância “In Shoals”, o segundo álbum da banda alemã War From A Harlots Mouth retrata uma atmosfera de paranóia constante, aonde o “Big Brother” é real e não brinca em serviço. A HORNSUP conversou com o guitarrista Simon sobre essa aura sombria e opressiva que ronda o registro.
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e tivemos que levá-lo ao hospital duas vezes e tocar dois shows sem a presença dele. No final das contas ele tinha mesmo um disco da coluna deslocado, o que não poderia ser pior.
Qual foi a pior coisa que já aconteceu com você durante um turnê? Acho que foi quando noss guitarrista Daniel deslocou um disco da coluna. No final da turnê Thrash and Burn ele reclama de dores nas costas
O novo vocalista, Nico (ex-The Ocean), trouxe mais versatilidade a esse novo álbum. Fale um pouco sobre ele como músico. Sua voz tornou o nosso trabalho nesse novo álbum muito mais interessante. Sem ele algumas partes seriam diferentes, com certeza. Sua versatilidade nos permitiu tentar coisas diferentes, como no final de “The Certain Nothing”, por exemplo. Ele é um grande vocalista e um grande frontman, portanto tem tudo!
ocês estiveram recentemente na turnê Thrash and Burn (com Darkest Hour, Bleeding Through entre outros) pela Europa. Como foi? Foi ótimo. Dividimos o palco com bandas incríveis, conhecemos pessoas formidáveis e fizemos ótimos shows. Nós realmente adoramos e esperamos encontrar com essas bandas novamente algum dia em outra turnê.
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Dê-nos um preview do novo álbum, “In Shoals”. Bem, lançamos enquanto estávamos na turnê Thrash and Burn e as reações tem sido bem positivas até agora, principalmente ao vivo. Acredito que “In Shoals” tem um som e atmosfera mais envolvente. Tentamos conectar as músicas umas as outras. Ficamos muito felizes com o resultado final pois fizemos tudo que realmente queríamos fazer. Qual o significado no homem sem rosto na capa do álbum? É ligado a um clima de conspiração. “In Shoals” trata sobre vigilância e o homem sem
[6] War From A Harlots Mouth In Shoals Lifeforce
Trazer uma proposta inovadora. Este parece ser o princípio que envolve “In Shoals”, o segundo álbum da banda alemã War From A Harlots Mouth. Quem teve contato com o registro de estréia, “Transmetropolitan”, sabe que a sonoridade apresentada não é das mais corriqueiras. “In Shoals” apresenta uma colisão de Hardcore com Mathcore que espalha cacos de Jazz por todos os lados. Em relação ao álbum anterior, tem menor agressividade, por outro lado, ganha na construção de uma personalidade mais vincada. Personalidade difícil, diga-se de passagem. As mudanças de tempo nada óbvias e falta de um fio condutor tornam a audição complicada, sendo que a absorção do álbum é lenta. Complexidade e uma boa dose de insanidade rendem boas faixas como a violenta “Crooks At Your Door” e a dramática “The Certain Nothing”. Esse álbum marca a estreia do vocalista Nico Weber (exThe Ocean), que não tem a mesma fúria do antigo frontman, mas parece ser o mais adequado para as músicas atuais. “In Shoals” é denso e bem menos eficaz, ao início, do que “Transmetropolitan”, que é uma brutalidade totalmente “in-your-face”. Portanto, se espera algo na linha mais agressiva e rápida, “In Shoal” pode decepcioná-lo. Entretanto, o álbum demonstra uma banda madura, disposta a demarcar o seu espaço e fazer a diferença. Acredito que possam dar bons frutos, de preferência com menos caroços e fiapos. Matheus Moura
Simon
Eu gosto (mas não conte a ninguém, ok?)
Lifeforce Records 2009
“Crooks At Your Door”
rosto representa o fato que não podemos ver quem nos observa, as pessoas por trás das câmeras de vigilância e não sabemos o que eles sabem a nosso respeito. Talvez sabia muito sobre nós mas não temos conhecimento que estão nos observando. O vídeo de “Crooks At Your Door” é bastante opressivo. O que representam os homens mascarados? Eles são a personificação da vigilância. Eles mostram que uma câmera de vigilância não evita coisas como a violência, por exemplo, mas, de qualquer forma, essas medidas de
vigilãncia tem aumentado bastante, portanto temos que cuidar da nossa privacidade. Sua música é difícil de descrever. Algo como seilácore (risos). Qual a pior descrição que já fizeram sobre a música de vocês? Deathcore. Suas letras falam sobre direitos civis e apresentam alguma interpretações políticas. Não é segredo que apoiam os ideais antifa, mas vocês tem alguma ligação política com algum movimento ou partido?
Alien Ant Farm “ANThology” Costumo ouvir o “Anthology” do Alien Ant Farm, menos o cover chato de Michael Jackson. É embaraçoso suficiente?
Nós damos forte apoio aquilo que acreditamos e que achamos correto, mas não somos realmente ativistas. Como liberal, qual sua opinião a respeito de Barack Obama? Não sei ao certo, é o que posso dizer. Acho que é o presidente certo, na hora certa. Só não tenho certeza se tudo o que é apresentado é real. Matheus Moura
www.myspace.com/warfromaharlotsmouth
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Foto: Tiago Higgs
entrevista
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Ventos e trovoadas Depois de um debut muito bem recebido tanto à nível de público como de crítica, o Men Eater retorna com “Vendaval”, o segundo álbum. À respeito do lançamento e de tudo que envolve a banda nesse momento, a HORNSUP trocou algumas palavras com o vocalista/guitarrista Mike Ghost.
A
o ouvir “Vendaval” nota-se diversas mudanças com relação ao seu antecessor, “Hellstone”. O que esse álbum representa para os Men Eater? Este álbum mostra o caminho que nós queremos percorrer. O “Hellstone” ainda estávamos numa fase de remar contra a maré , queríamos compor e compor e tocar e tocar o que levou ao facto de não nos preocuparmos muito com o trabalho individual e só olharmos ao final, daí se ter dado todo aquele atraso no lançamento assim como a saída do vocalista durante as gravações. Já o “Vendaval” foi todo ele estruturado a pensar em todos. Nas vozes, o que cada um iria fazer, dividir partes para todos, foi minimamente muito mais calculado. O álbum revela um maior grau de requinte e sofisticação nas melodias, além de explorar melhor os vocais. Agora, com o álbum pronto, podem afirmar que ele saiu exatamente como imaginaram? Sim, saiu mesmo como o queríamos sem mais nem menos, como é certo se fosse hoje alterávamos mais qualquer coisa mas na altura todo o plano e trajecto, tanto de composição como de gravação, correu mesmo como queríamos, ninguém falhou em nada com ninguém, houve entrega máxima e deu-nos um resultado que todos nós gostamos. Qual o contexto ou significado por trás de “Vendaval”? De que se trata? Quando começamos a composição do “Vendaval” já tínhamos o nome, mas só a meio desta comecei a sentar e anotar qualquer coisa, como o nome era soante e difícil de se esquecer e não o iríamos mudar por nada. Então resolvi imaginar uma história baseada num vendaval ou em que um vendaval nesta houvesse. Escrevi sobre alguém que pretende sair do seu sítio para algum lugar mais longe onde possa ter a vida que quer, mais oportunidades por assim dizer começa pela música “First Season” onde fala da nossa sociadade, já a faixa “Heartbeating Locomotiva” fala de uma possível saída e compromisso contigo mesmo. Todas elas tem uma fase na história desde da decisão em terra de abandonares, as razões que levaram a sair, a viajem de barco na qual se dá o “Vendaval” e o final em que ao voltares questionas se é mesmo que queres ou se preferes estar longe no teu mundo. Como aconteceu a participação de Valient Himself (dos Valient Thor) na faixa “Man Hates Space”? Tão simples como 1 + 1 ser igual a 2. Juntamos idéias em 2007 , continuamos a falar sobre tudo e mais alguma cena ao longo desse ano, em 2008 quando cá voltaram, al-
gum tempo antes, tínhamos lhe perguntado se ele se importava e como podem ver não se importou nada mesmo, e foi bom e uma tarde muito bem passada, a contar histórias e a planejar outras coisas. Por que optaram, desta vez, por fazer toda a produção e mistura com o Makoto Yagyu no Blacksheep Studios? Porque não? O Makoto tem potencial e uma ligação enorme com a banda antes de os Men Eater existirem já nós éramos grandes amigos e ele tem tudo para podermos ter este resultado final, apenas precisava que alguém o desse e, de certo modo, entregasse tudo a ele! Muito melhor assim, pois não queríamos mais uma vez estar a correr o risco de a mistura ser feita às cegas, visto que não poderíamos estar presentes na mistura se esta não fosse feita em Portugal. Mesmo estando catalogados em uma sonoridade praticada por poucas bandas no país, conseguiram reunir um bom número de fãs com o primeiro álbum. Quais as expectativas para esse novo lançamento? Nós não temos quaisquer expectativas por assim dizer, se gostamos de ser reconhecidos por isso, claro que sim, nós não somos ninguém neste meio, muito menos neste mundo, mas gostamos de levar as coisas à sério e com a maior humildade possivel, temos e continuaremos a agradecer todo o apoio e força que nos tem dado, porque só nos ajuda a querer isto cada vez mais sem nunca virar as costas à alguem. Vamos estar cá para tudo, vamos continuar a fazer o que queremos até não dar para mais, e tudo isto porque os “fãs” se é que os Men Eater tem fãs. Ficaram surpresos com os resultados alcançados com o álbum anterior? Muito mesmo, nunca pensamos que uma banda que nasceu por mera diversão tivesse tantos resultados em tão pouco tempo, foi muito divertido e gratificante daí termos seguido este caminho e subido a fasquia entre nós como banda, temos muita vontande para isto e muito mais, e é o que iremos fazer. Se estivessen em algum outro país mais desenvolvido da Europa, acredita que as coisa seriam diferentes para a banda? Gostaria de poder responder, mas vamos ser sinceros. Não fazemos idéia, pois não estamos fora do país e sonhar não faz bem à ninguém. Iremos e estamos a trabalhar para poder “ter” mais e “ser” mais e isso dependera muito de nós. Gostamos de trabalho árduo e dedicarnos a isto para o bem melhor e para maior alento como banda e amigos que o somos.
Tem planos para o lançamento do álbum fora de Portugal ou alguma turnê? Sim e já está tudo a ser tratado e marcado, passará por Portugal por isso não desesperem (risos). Matheus Moura
[7] Men Eater Vendaval
Raging Planet
“Hellstone”, o álbum de estreia do Men Eater catapultou o nome da banda a nível português, sendo que adjetivos como “revelação” e “o melhor” foram usados com justiça. Ter um debut desse gabarito gera expectativas que nem sempre são fáceis de superar. Felizmente, os rapazes não precisam ficar aflitos com isso, já que “Vendaval”, o segundo álbum, enche as medidas e não desaponta. Tem uma abordagem diferente do registro anterior, sendo que possui uma tonalidade mais requintada e trabalhada, ao passo que “Hellstone” tinha como base os riffs monolíticos calçados na dureza Stoner. Em termos musicais dão um passo a frente, dado que apresentam uma maior diversidade rítmica, melodia e técnica. O vocalista/ guitarrista Mike Ghost responde muito bem às exigências vocais propostas pelas novas composições, que contém mais letras e variações. O instrumental está mais “aveludado” e bem melhor estruturado, proporcionado momentos de grande imersão seja na pequena e arrastada “Quatero” como na “pinkfloydiana” “Drunk Flies, Druged Souls”. A oscilação entre o Stoner truculento e as atmosferas viajantes continua sendo a marca registrada do quarteto, e é exatamente onde brilham com maior intensidade. O álbum não se mostrar por inteiro às primeiras audições, hornsup #8 portanto exige alguma paciência pois não tem o impacto imediato e o peso demolidor de “Hellstone”. Aliás, essa falta de peso, em relação ao álbum anterior, é o único fator que pode ser considerada como um contra-ponto. Vale resaltar a participação especial de Valient Himself do Valient Thor na faixa “Man Hates Space”. Com “Vendaval”, o Men Eater se consolida como um projeto de futuro, com personalidade vincada, pronto para voos mais altos, deixando para trás boa parte das suas influências, afim de torna-se um influenciador. Matheus Moura
www.myspace.com/meneaterdoom
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entrevista
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banda é formada por músicos de diversos outros projectos do “underground” português. Como se reuniram e qual a proposta de vocês como Mordaça? Mike: Inicialmente quando nos reunimos apenas o Jony pertencia aos Colisão Frontal, os restantes (Foito, eu e Pimentel) tinham pertencido a projectos que na altura se encontravam extintos. Entretanto o Pimentel teve de sair e assim entrou o Pina e logo de seguida o Déris e assim nos temos mantido. A ideia foi criar o que hoje Mordaça apresenta: um Hardcore típico de Linda-a-Velha, rápido e bruto! Foito: A nossa proposta como Mordaça é muito simples: tocarmos o máximo possível ao vivo para que as pessoas que nos vão ver se divirtam o mais que possam... se tal acontecer, para nós já nos satisfaz. Pina: Continuar a tocar e a divertir... e por quanto mais tempo melhor. Queremos que tentem ver este projecto como uma “coisa” séria e sentida.
O que tem a dizer sobre esse self-titled debut? Como foi a processo de composição, quem produziu, etc.. Pina: Este é o primeiro álbum de Mordaça. Maior parte dele é composto por músicas “antigas”, mas reestruturadas para a formação actual. Com saídas e entradas de elementos, é óbvio que se perde e ganham pormenores e conosco passou-se a mesma coisa. O álbum foi gravado e tratado no Crossover Estúdios, pelo Sarrufo (31, Pé de Cabra) que nos ajudou imenso e deu boas ideias para certas modificações “de última hora”. É um excelente profissional que não perde a paciência e aconselha muito e bem! Foi quase um mês para gravar e ficar pronto. Foito: Estamos muitos satisfeitos com o trabalho final e com a aceitação que tem tido por parte do público. Esperamos que continue assim A influência de veteranos do Punk português como 31 e Metralhas é bem presente. O que tem a dizer sobre as bandas do LVHC? Pina: Parece um bocado “cliché”, mas o ambiente do Hardcore de Linda-A-Velha é muito forte e sentido. Antigamente havia bandas muito boas que marcaram muitos de nós. Como um exemplo temos os Pé de Cabra (mais de 10 anos) e que hoje tocam e enchem uma salita de boas recordações e bom ambiente, Braço de Ferro, outra banda da velha guarda que voltou, os “manos” 31, enfim... existe uma grande ligação entre as pessoas, o bicho (carpinteiro) continua vivo e bem vivo dentro de nós. Como muita gente, crescemos a ouvir estas bandas, a apoiar e segui-las. Mordaça tenta não ser um “copy/paste” desses momentos, mas tenta relembrar e mostrar ao público o sentimento puro que nos liga a este movimento e esses momentos passados que para nós nunca ficam no passado. Foito: Penso que essa influência esteja bem patente no nosso som, todos nós fomos influenciados pelas bandas que existiram aqui na nossa terra. Eu cresci a ouvir este tipo de bandas, por isso para mim serão sempre grandes influências.
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[6] Mordaça Mordaça Hellxis
Depois de algumas alterações na formação da banda desde o seu início em 2005 e dos altos e baixos normais que um percurso neste ramo apresenta, os Mordaça chegam ao ano de 2009 em grande e com o lançamento do seu álbum de estreia que tem o selo da Hellxis Records. O álbum da banda de Linda-a-Velha é composto por 8 temas totalmente em português das quais se destacam músicas como “Quem Eu Sou“, “De Costas Voltadas” ou “Lição de Vida”, temas que se encontram disponíveis no Myspace da banda para quem ainda não teve oportunidade de ouvir, e conta ainda com uma faixa multimédia retirada do concerto que a banda deu com The Exploited. A banda é formada por 5 elementos, o F8 na voz, Deris e Pina nas guitarras, Mike na batera e Jony no baixo, e tem como grande influência a escola de Linda-a-Velha Hardcore da qual se destacam bandas como Metralhas ou Trinta E Um. São 8 temas de puro Punk/ Hardcore, músicas com mensagem directa que reflectem um pensamento da sociedade actual e os problemas que ela vive, com uma sonoridade pesada de riffs rápidos e guitarras de presença forte no meio de uma linha de baixo clássico bem posicionados na mistura das músicas realçando uma voz que encaixa como uma luva neste som e é também uma boa aposta nas letras em português. Paulo Duarte
As letras em português limitam a internacionalização, por outro lado facilitam a assimilação pelo público nativo. Qual a importância de cantar em português? Mike: Julgo não ser uma questão de importância, mas talvez de influência. Não quer isto dizer que não temos influências de bandas internacionais, obviamente que temos e muita. É um facto que cantar em português dificulta a internacionalização da banda, mas honestamente, julgo que ninguém esteja nesta banda para enriquecer. Estamos nisto por puro e genuíno gosto pelo Hardcore cantado em português que infelizmente parece estar à beira da extinção. Tocaram com alguns nomes relevantes do underground internacional como The Exploited, por exemplo. Como foi essa experiência? Dado que até gravam o vídeo desse concerto como extra no vosso CD. Mike: Até à data julgo ter sido das nossas melhores experiências a nível de banda. Foi óptimo pudermos tocar com uma banda tão experiente como os The Exploited. Positivo foi também actuar ao lado dos Subcaos na mesma noite. Sem dúvida das noites
mais memoráveis de 2008. O vídeo no CD foi gravado pela Central Musical e fizeram um trabalho fantástico. Para quem não nos viu nessa noite de Novembro pode sempre adquirir o CD e ver-nos ao vivo. Foito: É sempre bom tocar com bandas de renome como os The Exploited. Além deles tocámos também nesse ano com Ratos do Porão, e grandes bandas da cena nacional como 31, Grankapo, Devil in Me, entre outras. O concerto correu bem, foi um dia diferente. O pessoal de The Exploited foi muito bacano, viram o nosso concerto e disseram que tinham gostado do nosso concerto, o que é sempre bacano ouvir vindo deles! Pina: Têm uma energia formidável, um poder inesgotável e são bastante sociais (q.b). Também tocámos com uma banda francesa (Monsieur P.O.) e foi bom, no final, podermos estar a trocar ideias e experiências diferentes. É sempre bom a “confraternização” entre pessoas, quer nacionais ou internacionais. Como aconteceu o acordo com a Hellxis Records? Pina: Foi muito bom... deram “boleia” mesmo na altura em que Mordaça estava
Ninguém os cala
Perseverança e tradição. Esses são os alicerces do Mordaça, banda portuguesa de Hardcore, que mantém vivas as raízes do LVHC (Linda-a-Velha Hardcore). As letras em português e a frontalidade são as caraterística de álbum de estreia sobre o qual a HORNSUP conversou com Mike, Foito e Pina, respectivamente baterista, vocalista e guitarrista da banda.
com o polegar levantado e saltámos logo para dentro do grande caminhão TIR que muito raramente aparece. Mike: O acordo com a HellXis surgiu pouco tempo depois de termos gravado o álbum. Eu já era cliente da loja do Emanuel (que tem roupa brutal para pessoal bruto!), pelo que falávamos várias vezes de concertos e bandas e etc. O Emanuel ouviu o nosso álbum, curtiu e decidiu dar-nos então uma “mãozinha”, que tem sido do caraças. Em nome dos Mordaça fica o nosso agradecimento à Hellxis Records e ao Emanuel por todo o apoio e força que nos têm dado. Obrigadão! O ano de 2008 foi bom para a banda, já que lançaram seu primeiro registo e deram diversos concertos. Como está a correr 2009 até agora? Mike: Até agora o ano de 2009 tem sido bom. Demos 9 concertos até agora, portanto em meio ano sensivelmente, e gostávamos de
conseguir mais 9 no restante meio ano (dois já estão marcados para Agosto). Este ano de 2009 fica desde já marcado pelos concertos dados em Faro, que para os Mordaça foram de estreia fora de Lisboa, e foram brutais! Obrigado Faro! E o futuro, o que reserva aos Mordaça? Mike: Espero que o futuro nos traga coisas boas pois os Mordaça têm coisas boas para o futuro. Já andamos a pensar na gravação de um próximo álbum e até já temos algumas novidades no nosso portfólio… mas tenham calma que ainda não é este ano! Talvez a seguir ao Verão possa surgir um vídeo clip mais elaborado. Foito: O futuro dos Mordaça passará por continuar a tocar ao vivo o máximo possível, criar mais músicas novas porque queremos entrar em estúdio para a gravação de um novo álbum lá para o final/início do ano.
Como vê a cena Hardcore em Lisboa actualmente? Mike: Julgo que está cada vez mais “adulta”, não só em Lisboa mas como a nível nacional. Cada vez mais se nota que bandas como Grankapo, For the Glory e muitas outras de Norte a Sul do País dão sinais e provas de segurarem um futuro positivo para o Hardcore nacional (acho que nos podemos meter neste mesmo “saco”). Reparo também que há cada vez mais vontade de criar bandas, só espero que haja a mesma vontade de as manter activas. Pessoalmente tenho pena de não surgirem bandas que cantem em português, mas são gostos e isso não se discute. O espírito não pode morrer! Matheus Moura
www.myspace.com/mordaca
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Foto: Anthony Dubois
entrevista
Os últimos anos, a França tem apresentado boas propostas no espectro do Metal à nível internacional. A exemplo do Gojira, o Darkness Dynamite também parecem dispostos a conquistar novos territórios. A HORNSUP conversou com Junior Rodriguez, vocalista dessa banda 60% portuguesa, à respeito do álbum de estreia e o contrato com a Metal Blade Records.
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ocês são uma banda muito nova. Como se juntaram? A banda foi formada em 2007 por Eddie (Voz) e Zack (Guitarra), depois seguidos por Cris (Baixo) e Nelson (Guitarra). Em Abril de 2008, a banda decide mudar a orientação musical por um estilo mais puro de Metal, mais influenciada por as bandas da década de 80 e 90, por isso surge um distanciamento entre Eddie, que prefere fazer um Metal mais moderno no estilo de bandas como Suicide Silence e Job for a Cowboy, e o resto da banda que se sente mais influenciada por bandas como Pantera, Machine Head e Metallica. Então, Eddie deixou a banda. Já fazia um tempo que andávamos juntos e que somos amigos e eles sabiam que eu cantava e que tinha uma voz mais no estilo que queriam. Fizemos um teste e resultou exatamente como esperavam. E assim foi...
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Dois anos de bandas e já tem com contrato discográfico. Foram rápidos! Como aconteceu o processo de assinarem com a Metal Blade Records? Foi mesmo muito simples. Quando acabamos de gravar o disco, Florent, o nosso manager enviou um email à Metal Blade com 5 temas, no dia seguinte tínhamos uma resposta positiva com um primeiro acordo. Ficamos todos espantados com a rapidez da resposta! Fale sobre o álbum “The Astonishing Fury of Mankind”. O que podemos esperar? Podem esperar uma mistura entre o Metal moderno e o Metal tradicional. O que está neste disco é a nossa visão do Metal. Uma música dos anos 80 e 90 vista através dos olhos de miúdos dos anos 2000. Não queremos ser mais uma banda de “Metalcore myspace.” Back to basics. The trend is dead!
O album mostra diversas influências. Metalcore, Death Metal e algumas coisas mais melódicas também. Na verdade, é difícil descrever. Como definem o seu som? Basicamente Metal! Escutamos muitas coisas diferentes de todos os estilos. Vai do Trip Hop ao Grindcore e acho que é isto que faz a particularidade de nossa música. Já tem algum feedback sobre o álbum? Sim! E é muito positivo. As vendas são muito boas e o nosso público não para de crescer. A Metal Blade está muito feliz por ter editado este disco. O EP “Through the Ashes of the Wolves” tem uma música chamada “Save the Cheerleader”. Essa música foi baseada no seriado “Heroes”? Sim.
Explosivo francês
[7] Darkness Dynamite The Astonishing Fury of Mankind Metal Blade
Como anda a cena metal na França hoje em dia? Boa, temos cada vez mais bandas de qualidade, os Gojira, Dagoba e Hacride abriram muitas portas para nós. E estão a surgir mais algumas que tem o potencial de aparecer ao nível internacional como nós, por exemplo, os nossos amigos Hewitt que acabaram de gravar o primeiro álbum que vai ser editado em breve. Mas nós não nos sentimos em alguma “cena” francesa, mas em uma cena internacional. Me corrija se eu estiver errado, mas há sangue português na banda, certo? (risos) Claro! Somos 3 portugueses. Eu, Cris e Nelson. Julien, o nosso baterista, pode ser considerado por metade português, já que ele gosta muito de Portugal e já foi comigo de férias ao Algarve com a minha famílla. Cris é de Lisboa e Nelson do Porto.
Quais os planos do Darkness Dynamite? Concertos em Portugal? Turnê pelo mundo! Vamos tocar ao Bloodstock Festival em Inglaterra no dia 16 de Agosto, depois vamos para o Canadá aonde vamos fazer 15 datas. Depois uma turnê na Europa, América do Sul e claro que estamos a preparar uma passagem por Portugal ! Mas ainda não sabemos quando exatamente. Qual a melhor banda francesa de Metal de todos os tempos? Escreva umas linhas sobre ela. Darkness Dynamite, claro! Em 5 linhas: Junior Rodriguez Zack Larbi Nelson Martins Chris de Oliveira Julien “Power” Granger Matheus Moura
www.myspace.com/darknessdynamitemusic
Há certas bandas que levam décadas para fazerem as coisas acontecerem, por outro lado, há outras em que um par de anos já conseguem se impor. Veja o caso da banda francesa Darkness Dynamite, que com apenas 2 anos de existência já colocou na rua seu primeiro álbum, “The Astonishing Fury Of Mankind”, pelas mãos da Metal Blade Records. A gravadora tem apostado em várias bandas novas, principalmente nas vertentes mais em voga e com o Darkness Dynamite não é muito diferente. Em linhas gerais é uma banda de Metalcore, porém introduzem alguns elementos que tornam a audição interessante. Diluem diversas influências nas suas composições, mas sem torná-las em uma complexa colcha de retalhos. O álbum carrega a técnica e melodia do Death Metal europeu juntamente com a pedalada do Metalcore norte-americano além de algum groove mais roqueiro. Apesar de notar diversas influências diretas, conseguem fundir as coisas de forma que não parecem apenas uma cópia disso ou daquilo. Os riffs e a voz são os pontos de maior destaque. As 6 cordas perambulam pelo Thrash old school rasgado (“Dare I Say”) com pelo Deathcore modernoso (“Hell Eve Hate”) com fluidez, deixando espaço ainda para um solo grandioso em “15$”. O dinamismo e o poder do vocalista português Junior Rodriguez acrescenta a variedade melódica agradável, seja nos momentos mais agressivos, como nos mais calmos. Ainda não é desta vez que conseguem definir sua identidade, pois ainda faltam alguns ingredientes par torná-los distintos, mas a qualidade das composições, assim como da produção, transmitem seguranças e solidez de uma banda que ainda pode mostrar muito mais. Matheus Moura
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Diversidade no cerrado Dotada de uma sonoridade eclética e ímpar, a banda brasiliense Dynahead fala à HORNSUP, por meio do vocalista Caio Duarte, sobre o cenário musical brasileiro, inspirações, e é claro, “Antigen”, o álbum de estreia desse quinteto promissor.
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notória a enorme confluência de estilos que permeia a música do Dynahead. Sendo assim, peço que destaque os estilos presentes na sonoridade da banda, e ainda, o que considera como referência dentro de cada um deles? São realmente muitas coisas. Considero um privilégio tocar com músicos tão ecléticos, acho que isso é um fator crucial para a nossa música. Como nosso gosto musical é muito amplo fica difícil de apontar somente um ou outro gênero, principalmente por que acredito que música boa independe de estilo - afinal, gêneros musicais são mera estética, o importante é a música em si. Presumo que ainda não gozam de um contundente reconhecimento nacional. No entanto, no próprio Distrito Federal, no estado vizinho (Goiás), e principalmente no exterior, nota-se que existe sim um público atento ao
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trabalho que realizam. Como explicar esse fato? Isso infelizmente é um bocado comum no Brasil. Ainda existe muito preconceito contra o produto nacional, e uma parcela grande dos fãs ainda está enclausurada no que acontece na cena paulista, pois lá se tem um acesso muito mais fácil às grandes mídias. É diferente do que acontece para o estrangeiro, para quem a cidade de onde a banda vem não é importante, mas sim a qualidade. Seria muito legal se a mídia brazuca compartilhasse essa visão. “Antigen” é o primeiro full length da banda, mas é o primeiro registro do Dynahead? Como é composta, portanto, a discografia completa do Dynahead? Nós gravamos nossa primeira demo, “Unknown”, em 2004. De lá para cá gravamos um EP e até um DVD ao vivo, além de termos
participado de diversas coletâneas brasileiras e estrangeiras. Foi um longo caminho até chegarmos a este álbum! Gostaria que nos relatasse a construção do álbum de estreia da banda, desde as primeiras idéias a seu respeito, até a fase final da obra, especialmente através da sua ótica de produtor e responsável pela mixagem do mesmo. O disco está em desenvolvimento desde que criamos a banda, então composições bem recentes estão lado a lado com músicas bastante antigas. Isso é interessante para nós, pois vários momentos das nossas vidas estão retratados lá. O disco deveria ter sido gravado em 2006, mas com a saída do nosso ex-guitarrista Victor, não pudemos mais usar todas as composições feitas por ele. Isso atrasou um pouco o lançamento, mas veio a calhar, pois pudemos escrever músicas novas e imprimir ainda mais da nossa cara ao disco.
[8] Dynahead Antigen
Independente
Enquanto visitava a página do MySpace da banda, me deparei com as duas charadas ali presentes. Não pude conter a curiosidade, e como não consigo chegar à resposta, aproveito para perguntar: em quais livros se baseiam, respectivamente, as letras das músicas “Clockwork” e “Layers of Days”? Na verdade várias músicas do disco tiveram alguma inspiração em livros, tanto que nós fizemos uma promoção na nossa comunidade no Orkut, para ver quem adivinharia o livro através da letra! No disco existem letras e partes inspiradas em Saramago, Neruda, Orwell, Sagan, Kafka, e até uma música inspirada numa graphic novel do Art Spiegelman. “Clockwork” é inspirada em “Ensaio Sobre a Cegueira”, e Layers of Days é inspirada em “Maus”. Observei que entre as avaliações da crítica especializada sobre o trabalho da banda, uma reação muito frequente é o espanto quando se descobre que o Dynahead é uma banda brasileira. E esse espanto seria devido à qualidade excepcional das músicas da banda. A seu ver, essa incompatibilidade entre Brasil e alto nível tem coerência, ou trata-se de um engano pensar que não há como conciliar essas variáveis? Não acho coerente, pois creio que o Brasil é uma das melhores cenas do mundo! Só não sabe disso. Bandas como Sepultura, Krisiun e Angra já provaram essa realidade ao mundo, e ainda exportamos muita música de enorme qualidade. Quais bandas ou músicos brasileiros, dos mais variados gêneros, tem prestado mais
atenção ultimamente? Faz alguma recomendação oriunda de Brasília? É tanta coisa boa que é até difícil de acompanhar... O Brasil tem muitas bandas excelentes, mas acho que o grande funil, principalmente em longo prazo, é a barreira da originalidade. É mais fácil chamar a atenção clonando alguma banda já famosa, e muitos músicos no Brasil preferem seguir esse caminho. Mas as bandas que fogem a essa regra e conseguem criar algo novo e de qualidade são, a meu ver, o grande orgulho do país. Citaria, pelo trabalho duro e musicalidade corajosa, bandas como o Mindflow, Imago Mortis, Malefactor, Thessera, Subtera, Tuatha de Danann, Pandora 101... De Brasília, seguindo esse critério, citaria o Etno, Miasthenia, Mortaes, Scania, Lesto... E muitas outras. É ingrato tentar lembrar todas assim na paulada, mas no Brasil temos muitos motivos para ter orgulho! O quê representou para o Dynahead, a experiência de se apresentar juntamente com o Ill Niño, durante a passagem da banda norteamericana pela capital federal? E como têm sido o saldo geral das outras apresentações que vêm realizando? Foi muito legal, o pessoal do Ill Niño é muito gente fina e é sempre um prazer tocar com bandas que respeitamos e admiramos. O mais importante nesse caso, assim como em todos os outros eventos onde tocamos com bandas estrangeiras de renome, é que não pagamos para tocar. É importante que os promoters tenham seriedade e as bandas dignidade para colocarmos um fim nessa
É tarefa altamente prazerosa comentar esse belíssimo debut dos brasilienses do Dynahead. Assim como em pouquíssimas obras, “Antigen” transmite instantaneamente sua magnitude e excelência ao ouvinte. Ouvinte privilegiado, diria. Não por menos: trata-se de uma rara junção de competência, maturidade musical, versatilidade, vigor e transparência. Dada a dimensão da sonoridade desse quinteto, seria uma enorme injustiça tentar enquadrá-los em algum estilo mais conveniente. Ocorre que a dinâmica das músicas em “Antigen” sufoca a necessidade de rotulação, dada a peculiaridade de cada uma delas. “Layers of Days” é o ponto forte do disco quando se trata da união entre peso e melodias contagiantes. Com a base construída a partir de riffs poderosos que se fazem sentir, adicionada à pegada altamente técnica e cheia de groove de Rafael Dantas, à boa encorpada do baixista Diego, lapidada por vocalizações muito bem trabalhadas, é sem dúvida uma música que se destaca. “Tactile Haven”, por sua vez, é uma amostra do quão volátil e repleto de variações o grupo pode se mostrar. Entre os 3’10’’ e os 4’30’’ dessa faixa, tem-se um período bastante ilustrativo a esse respeito. Outra faceta a ser destacada é a suavidade de “Depart Now”. Sobre o aspecto delicado da música, o vocalista Caio Duarte alerta: “essa música foi escrita para parecer uma música ‘de amor’, quando na verdade não é. Ela fala de uma despedida (...) dos elementos do nosso ‘eu’ dos quais temos que abrir mão no processo de nos ajustarmos à sociedade”. Além de polifacético, o primeiro full length da banda é dotado ainda de um profissionalismo latente. Não obstante, é impecável o seu acabamento sonoro (mixado por James Murphy, por sinal), e sua arte gráfica, assinada pelo artista Gustavo Sazes. Álbum altamente recomendável e sem restrições, portanto. Paulo Vitor
prática asquerosa. Quanto aos outros shows, sempre é uma grande curtição, afinal é o que mais gostamos de fazer! Estamos procurando datas pelo Brasil afora, queremos tocar no máximo de lugares por onde nunca passamos quanto for possível. Além da divulgação de “Antigen”, atualmente, a banda está envolvida em algo mais? O que se pode esperar em um futuro próximo do Dynahead? Várias coisas, ainda temos muito trabalho pela frente antes de pensar no próximo (risos)! No momento estamos envolvidos no agendamento de shows, além do lançamento do disco mundo afora. Também estamos planejando a gravação de nosso primeiro videoclipe, que certamente será algo bem legal de se fazer! Paulo Vitor www.myspace.com/dynahead
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Experimentalismo e Rock Progressivo Contrariando a cena pernambucana, a banda formada por oito elementos, Civaia, apresenta ao público uma sonoridade baseada em influências progressivas, contudo, inserindo uma ampla gama de características próprias, tudo isso dentro do paradigma cristão. Confira agora a entrevista que o vocalista Victor e o sampler Fernando cederam a HORNSUP. Civaia é uma banda que confronta a cena local, não se aproximando de nenhum tipo de sonoridade feita em Pernambuco. Como poderia ser traduzido o som deste conjunto que possui oito integrantes? Além disso, qual a história que o nome carrega? Realmente, o som que tiramos é incomum por esta região, mas aqui pode tudo, a cena é muito rica e abrangente, vemos de tudo e admiramos muitos músicos locais pela forma brilhante como misturam música de raiz a estilos já explorados no exterior, e criam um som híbrido, porém bastante original e diversificado. O som que tiramos é uma mistura do Progressivo com o Punk, evidenciando escalas caóticas e sujas, melodias e harmonias, mesclando várias destas bases a ritmos como o Jazz e a música Latina. Quanto ao nome do grupo, surgiu de forma inusitada. Antes de tocar num evento muito importante pra gente, estava faltando o nome da banda que até então era Projeto Sinai, e que colocamos por falta de criativade (risos), mas o nome Civaia veio por uma necessidade de exprimir os conceitos que a nova fase traria, mas que viria depois desta época. A palavra vem do Umbundo, dialeto
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Angolano, e significa “louvar”, o que completa a expressão “Louve a Deus”. No caso, “Civaia SUKU”, na língua local. Escolhemos, porque a avó de Victor cantava em um coral que tinha uma letra onde se usava essa expressão. Dentre as influências no som da banda, The Mars Volta aparenta possuir um grande peso no processo de composição. Como é caracterizada a dinâmica de criação das músicas e como as diversas influências aparecem? A gente tem um bocado de influência, mas a gente segue uma tendência, apesar de sermos uma banda nova, sabemos já o que podemos fazer dentro de nossas limitações e tentamos vencê-las a cada show e melhorar como músicos. The Mars Volta é a unanimidade no nosso tipo de criação, mas a quantidade de instrumentos dá margem a muita coisa. Sinceramente, cada coisa tem uma identidade própria, as guitarras flertam com o Queens Of The Stone Age, At The Drive-In e o The Mars Volta, claro; o baixo é diversificado, Júnior gosta de alguns timbres diferentes como o de um baixo agudo mas sem parecer sujo, a bateria é sempre frenética, sendo uma coisa
que o estilo pede; o teclado, o saxofone e os efeitos são atmosferas que mudam de acordo com o clima da música, sendo tensão, correria ou caos! A criação das músicas, por incrível que pareça, é ditado pelas linhas de baixo, que criam uma batida e, por conseqüência, nascem as outras linhas, buscando uma intenção parecida com as influências, que vão do Dub clássico ao Hardcore Progressivo. A fé cristã é uma representação constante no que é proposto liricamente. Gostaria que, baseado nesta crença, nos falasse como esta ligação é feita com a música e por qual razão. “Eu acredito no cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor”. Baseado nesta frase de C.S Lewis, influente escritor cristão, é que o Civaia diz o que acredita. Cristianismo não é um estilo, não é uma vertente religiosa, não é uma filosofia, mas sim a própria vida. Não somos religiosos radicais, mas sim cristãos que têm uma banda, e, consequentemente, passam as experiências para as letras. O que queremos dizer é que não há como separar aquilo que
acreditamos da nossa música, então as letras vêm carregadas de experiências cotidianas com um contexto específico.
que nomeia nosso segundo EP, e envolvemse numa série de tramas que denotam vários conceitos do que acreditamos e sentimos.
A utilização do saxofone, samplers e teclado acabam por resultar em uma atmosfera envolvente e experimental no som da banda. Qual a idéia na inserção destes elementos? Você usou as palavras certas, o uso destes três elementos nada mais é do que uma atmosfera no meio dos instrumentos tradicionais, a chamada cozinha (baixo, guitarra e bateria), que dão um aspecto experimental para a banda. A identificação com a psicodelia também pode ser uma vertente, pela qual usamos esta forma de pensar, pois a criatividade e a música fogem para um limiar que não é finito de jeito nenhum, dando possibilidade ao improviso, e às sensações que queremos passar.
A utilização de letras em português permite uma união maior com a nossa nacionalidade. Existe algum ideal em relação a limitar a audição da banda aos países que falam este idioma ao invés de optar pelo idioma universal, o inglês? Não nos sentimos confortáveis em usar o inglês, não seria tão sincero quanto usar nossa própria língua para expressar tudo que a gente sente com sinônimos universais, mas não locais, e até porque ninguém da banda fala inglês (Risos).
Qual o conceito que envolve as músicas “Tradere” e “Povo Maldito”? Há uma interessante referência à literatura brasileira, correto? (risos) Rapaz, talvez se pense isso por conta de Policarpo, que é o mesmo nome do personagem de Lima Barreto, mas não tem nenhuma ligação. O conceito que envolve “Tradere”, “Povo Maldito” e as demais músicas são histórias conceituais sim, mas que conta um romance, de Policarpo e Maristela, dois argelianos que vêem suas vidas mudarem quando tem que fugir de seu país natal para Angola, mais especificamente, o Musseque Meijieluo,
Quais são as novidades que o grupo vem preparando e apresentará futuramente ao público? Existem músicas sendo feitas? Há um EP por vir? As novidades são várias, temos um EP em processo de gravação, o “Meijieluo”, que pretendemos lançar até metade do ano que vem, um storybook que explica toda a historia conceitual por trás do EP, o Meijieluo Sessions, que nada mais seria que uma demo com músicas acústicas experimentais complementares à historia do Meijieluo e, lógico, o show, que ao que tudo indica estará pronto no mês que vem, já com o EP fechado. Quais álbuns lançados este ano chamaram a atenção da Civaia e poderiam ser citados
aqui? Gostaria de saber quais álbuns de 2009 também frustraram a banda. O “Cryptomnesia” do El Grupo Nuevo pela progressividade que, ouso dizer, jamais vista até hoje. O “Mandala” do RX Bandits, pela proposta progressiva latina e a bela voz de Matt Embree, e já que a gente está aqui, vou falar do “Constellations” do August Burns Red, que a cada dia se supera nos breakdowns, que era uma das raízes da formação antiga. O álbum de uma banda do Rio muito interessante, o R.Sigma, por ser cativante e criativo, e o Calistoga, pelo Hardcore inteligente. Álbuns que frustraram... Por incrível que pareça, o “Octahedron” do The Mars Volta é um álbum que causa impasse por aqui, alguns gostaram muito, outros nem tanto, mas está meio a meio. Portugal.The Man, por tentar repetir a forma dos outros álbuns no “The Satanic Satanist”, e por nunca terem chegado aos pés do seu primeiro CD o “Waiter: ‘You Vultures’”. Até agora é só. Que recado vocês gostariam de dar aos leitores da HORNSUP divulgando o trabalho de vocês? Bem, conhecemos bem o trabalho da revista, e sabemos mais ou menos o público leitor, música é universal, que vocês sintam-se livres pra decidir o que é qualidade e dizer se o nosso som é bom ou não independente de qualquer coisa. Igor Lemos www.myspace.com/civaia
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resenhas
des destaque staque
[8]
Alexisonfire
Old Crows/Young Cardinals Roadrunner
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“Now, we are not the kids we used to be”. Esta frase no refrão da faixa de abertura, “Old Crows”, reflete exatamente a fase atravessada pela banda canadense Alexisonfire. Depois de diversos rumores sobre o fim da banda, sendo que seus membros estavam envolvidos em outros projetos, a banda ressurge com boas surpresas. Nos 8 anos de carreira, os meninos cresceram, evoluíram, sendo que o ápice desse desenvolvimento pode ser vislumbrado nesse novo registro. Deixam para trás quase todo o Screamo/Post-Hardcore convencional presente nos seus trabalhos anteriores e mergulham numa sonoridade mais personalizada, adulta e sentimental. Esse amadurecimento pode não ser bem digerido pelo público logo de imediato, pois com “Old Crows / Young Cardinals” constroem uma imagem própria, tomando distância do que é feito na “cena”, por assim dizer. Como dito anteriormente, os resquícios de Screamo são poucos. A banda assume uma postura mais direcionada ao Punk e ao Rock em geral. A voz de George Pettit está mais grave, mais rocker. O guitarrista Wade McNeil ganha maior protagonismo, sendo que tem diversas partes cantadas por ele, somando assim 3 vocalistas, já que o guitarrista Dallas Green também continua soltando a voz nos momentos melódicos memoráveis, como de costume. A estrutura das faixas é simples, e até previsível, se comparadas aos dos álbuns anteriores. Focam mais na energia do que na complexidade. Há também faixas mais viajantes e atmosféricas, em um estilo nunca abordado anteriormente pelo Alexisonfire, como pode ser conferido em “The Northern” e “Burial”. Os pontos alto são “Young Cardinals” aonde Dallas Green capricha em um refrão inesquecível, o groove de “Born and Raised” e a excitação de “Midnight Regulations”. O pessoal mais “trend” pode torcer o nariz ou não dar a devida atenção, mas a verdade é que temos aqui um belo álbum. Matheus Moura
[6] Molotov Solution The Harbinger Metal Blade
Deathcore é um dos gêneros mais comentados ultimamente. Não há dúvidas de que a junção do Death Metal com o Hardcore vingou. Com isso, uma tempestade de bandas aparece. Por vezes, nuvens carregadas de força, de inovação. Em outros momentos, uma nuvem que rapidamente se dissipa. Para se manter neste estilo musical é necessário alguns pontos: criatividade, um bom nível de virtuosismo e algo que se diferencie significativamente do restante (aparência, atitude, etc). Molotov Solution, mais um nome que surge. Em 2006, praticavam Grindcore, agora, mudaram para o Deathcore. E será que isso foi legal? Nem tanto. Os guitarristas Robbie e Joe criam uma atmosfera recheada de breakdowns e passagens melódicas que já foram vistas, testadas e tocadas diversas vezes. Em alguns momentos, soam legais, em outros, saturados. O vocalista Nick pouco se afasta do que já foi feito por outros também. Não há como pontuar de forma elevada quando neste quesito já estão falhando. Porém, as composições são maduras e bebem na fonte de conjuntos como Impending Doom e Whitechapel. Ainda pode ser comentado de forma positiva a temática política (ou anti-política) que disseminam. Bem interessante. Mas ainda assim algo fica faltando. É um daqueles grupos que só o tempo irá dizer se é possível sobreviver, diferente de outros nomes que já estão consolidados. Cabe destacar as faixas “Warlords”, “Enslaved”, “Monolithic Apparatus” e “The Dawn of Ascendancy”. Uma boa produção, um álbum razoável visto pelo critério “criatividade”. Vale a pena dar uma conferida, mas não espere nada surpreendente. Igor Lemos
[7] Mumakil Behold The Failure Relapse
O Senhor dos Anéis, Grindcore e Suíça. Aparentemente, nada mais que uma saga de livros, um estilo musical deveras brutal e um país cheio de alpes e chocolates - os quais não possuem semelhança alguma. Ao escutar e pesquisar acerca do quarteto Mumakil, porém, a situação é completamente revertida. O nome da banda fora tirado dos elefantes gigantes da já citada obra literária (hoje conhecida por muitos somente como película cinematográfica), os quais injetavam medo a quem lhes encarasse no fundo do olho. Detonam Grindcore contemporâneo na mesma veia de bandas como Rotten Sound e Kill The Client. São provenientes da Genebra. Unidos desde 2004, ganharam certa notoriedade na cena internacional devido à enorme quantidade de splits que lançaram com nomes do calibre de Misery Index. “Behold the Failure” é o segundo full-lenght (e bota full nisso, visto que são 27 voadeiras nas costelas, digo, músicas) e vem recheado de uma impiedosa mistura de ódio com velocidade! A maioria das canções têm um minuto ou poucos segundos, sendo que
nenhuma chega aos dois minutos. A partir daí já fica claro o espírito Grindcore, mas não se limita a isso. Devido à esmagadora sonoridade, bem como pela execução recheada de outros elementos e técnicas mais precisas, é aceitável considerá-los, também, como um grupo de brutal Death Metal. Esses são fatores perceptíveis em todas as músicas, contudo até surpreendentes em faixas como “Let There Be Meat”, em decorrência do uso de guturais no estilo “slamming”. Já em outras, maestricamente dominam ritmos empolgantes, vide “Wish You The Worst”. E assim vai, com cada música apresentando um ou outro detalhe diferente, embora todas soem muito parecidas ao final do disco. Nuamente descrevendo, nada único ou que cause um impacto severamente diferente da maioria dos álbuns de maior parte das bandas de Grind. Mesmo assim, é muito bom no que se propõe a ser - rápido, pesado e sem frescuras! Outro fato interessante acerca da banda é o modo como os próprios descrevem a parede sonora que executam: “Blastcore”. Talvez por ter muitos blast-beats, possivelmente pelas “arrancadas” velozes e certamente por ser nada indiferente de uma chuva de tiros nos seus ouvidos. Julio Schwan
[6] Thick As Blood Embrace Eulogy
“Embrace” é o nome do novo álbum dos Thick As Blood, um registo composto por 11 temas numa linha de continuidade dos sons que conhecemos desta banda em trabalhos anteriores, música rápida, bastante pesada e com bastante intensidade vocal. Hardcore duro com recortes metalizados que nos fazem lembrar bandas como Full Blown Chaos ou All Out War. Com o selo da Eulogy Records, sendo, aliás uma grande aposta da editora, este regresso denota uma maior maturidade da banda após “Moment Of Truth” de 2007. Grande parte da edição deste albúm, gravação, mistura e masterização, ficou a responsabilidade do Machine Shop, estúdio bastante requisitado por bandas como Lamb Of God ou Every Time I Die. A banda de agora 5 elementos lançou o álbum em Abril e disponibilizou pelo youtube algumas imagens das sessões de gravação. Paulo Duarte
[7] Inevitable End The Severed Inception Relapse
A partir do momento que damos “Play” no álbum de estreia da banda sueca Inevitable End é como se uma tsunami invadisse o ambiente. Sentimos o impacto de uma onda devastadora de Death/Grind técnico ultra veloz que destroi tudo em seu caminho. A faixa-título, que abre o registro, tem a sutileza de um soco na cara e já dá indícios do que vem a seguir. Uma mescla de Death Metal diabólico com Grindcore rasgado acompanhado de uma complexidade tipicamente sueca. Não há momentos de des-
[8] Killswitch Engage Killswitch Engage Roadrunner
Com 11 anos de estrada, o Killswitch Engage carrega em sua bagagem grandes músicas com composições pra nenhum fã de Heavy Metal botar defeito. Este ano, o quinteto americano volta com o seu mais recente trabalho de estúdio chamado “Killswitch Engage”, ou talvez Killswitch Engage II, já que em 2000 o primeiro trabalho também tinha o mesmo título. O disco começa muito bem com “Never Again”, com um refrão que martela e gruda facilmente na cabeça assim como a ótima “Starting Over”, que foi a primeira faixa a ganhar video clip. Sem dar brecha para respiro, “The Forgotten” já chega na cola brutalizando com gritarras palhetadíssimas, impossível de não agitar com a cabeça. “Reckoning” é a primeira do disco que os fãs puderam conhecer e “The Return” é uma bela canção que soa como uma espécie de balada pesada, no melhor estilo KSE. Sem altos e baixos o disco segue inteiramente do começo ao fim, em suas 11 faixas, com uma ótima energia, dobras de guitarras completamente matadoras, melodias incríveis e riffs esmagadores. Howard Jones mais uma vez nos poupa palavras e mantem-se firme e forte no seu posto com a sua poderosíssima voz gutural e melódica. Mike D’Antonio e Justin Foley (respectivamente baixista e baterista) continuam comandando a cozinha da banda da melhor forma possível; tecnicamente brutal e encorpada. “I Would Do Anything” e “Save Me” tem ótimas guitarras e “Lost” é outra grande faixa que possui uma melodia incrível, merecendo o seu destaque. Por fim, “This is Goodbye” finaliza o disco com chave de ouro, com o instrumental agressivo e um refrão mais uma vez marcante. Vida longa ao KSE! João Henrique
canso ou melodias (com excepção de um riff estranho em “Firstborn Of All Dead”), porém consegue integrar andamentos diferenciados sem perder pontos no quesito brutalidade, tornando a audição interessante e não um amontoado de blast beats. Aliás, às vezes querem ser tão agressivos que dá a impressão que vão rápido demais e as músicas começam a “descarrilhar”, mas, no final das contas, permanecem nos trilhos. As 6 cordas de Marcus Bertilsson debitam riffs furiosos, ora indo para o lado mais “evil” do Death Metal, ora pendendo para a velocidade e perícia quase inacreditáveis influenciadas pelo Grindcore. Além disso, flerta em diversos momentos com outros estilos, como no riff Doom em “The Art Of Corruption”, por exemplo. O baterista Joakim Malmborg debulha o kit dando uma bela exibição de versatilidade e controle. O álbum apresenta uma produção decente, sem exageros e com punch suficiente para fazer qualquer adepto das sonoridades extremas sentir o sangue correr nas veias. “The Severed Inception” é o primeiro álbum dessa banda formada em 2003, portanto ainda tem muito para mostrar. Mais uma boa aposta da Relapse. Matheus Moura
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resenhas [9] The Prophecy Into The Light Code666
Confesso que foi minha primeira exposição ao som do The Prophecy, e a banda me surpreendeu! A primeira metade da faixa título causa a impressão que o Doom Metal do The Prophecy será todo calcado num Death Metal arrastadão e melancólico. É então que o vocal limpo de Matt Lawson aparece e toma conta do álbum. Sabendo balanceá-lo com seu gutural cavernoso sem soar forçado, Lawson ganha o ouvinte logo na primeira audição. Arranjos de extremo bom gosto é o que não falta nas faixas, com destaque para a poderosa “All Is Lost”, para a longa e bela “Echoes”, com seus quase dez minutos, e “Water´s Deep”, que em momentos lembra a nova fase do Amorphis. “Belief Means Nothing” também é incrível, com mudanças de clima e uma levada cativante. “Into the Light”, o terceiro disco do quarteto inglês, mostra um Doom / Progressive Death Metal muito maduro e bem produzido. Apesar de não inovar no gênero, de forma alguma soa como cópia de bandas mais conhecidas no estilo. O álbum traz medidas certas de velocidade, peso e melodia, e não deve ser ignorado por fãs de My Dying Bride, Anathema antigo e qualquer apreciador de Metal bem trabalhado. André Pires
[8] It Dies Today Lividity Trustkill
Após três anos de considerável espera, It Dies Today, grupo praticante do Metalcore melódico, lança mais um álbum, ao qual intitularam “Lividity”. Como o trabalho em “Sirens”, full-lenght anterior a este, não chegou nem próximo do bom resultado do debut “The Caitiff Choir”, parece que resolveram se vingar neste terceiro lançamento. Após ouvir o mesmo por cerca de 30 vezes, procurando encontrar os mínimos detalhes nas estruturas de composição, apenas uma coisa veio a minha mente: não há como esperar muito mais do que isso do Metalcore contemporâneo. “Lividity” aponta sucesso nos vocais melódicos, como em “Reckless Abandon”, “Nihility” e “Life of Uncertainty”. Os breakdowns são destaque de cabo a rabo. “Thank You For Drinking” e “The Architects” são dois exemplos do grande trabalho feito neste quesito. Outro ponto positivo foi a entrada do vocalista, em 2007, Jason Wood. Seus gritos são precisos, consistentes e não deixam nada a desejar. Os instrumentos de corda apontam sinais predominantes de maturidade nas criações, contudo, ainda precisam direcionar a algo maior se quiserem chegar à perfeição. A bateria de Nick Mirusso é envolvente, vide a faixa “This Ghost”. Alcançaram resultado amplamente satisfatório. A arte gráfica de capa também cativa quem se deparar com o álbum. Mas será que não há aspectos negativos? Poucos. Linearidade sonora é a única questão que falham, ssendo um Metalcore friendly album. Mas e daí? sen
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hornsup #8
Não há nada que estes caras precisem provar. Estão consolidados como um dos melhores nomes do Metalcore. Estão perdoados da besteira que fizeram em “Sirens” e ganham a admiração de ainda mais fãs (incluindo a mim, claro). Uma excelente surpresa, pois esperava muito pouco ou quase nada deste grupo. Quem disse que ser original é sempre legal? Aqui vai um exemplo de que isso não é - tão necessário e se deram bem. Igor Lemos
[7] Endless Desire Moonstruck Spook
Formados algures no Verão de 2005, os polacos Endless Desire entraram nos estúdios “Q” e lançaram-se em grande no seu primeiro trabalho de longa duração. Depois de uma demo enraizada por influências de antigos membros, o novo trabalho nasce com a atual formação numa sonoridade Hardcore bastante old school com fugas que em alguns momentos essa raíz ainda se encontra presente podendo o ouvinte entrar numa linha mais Metalcore. Um CD com 10 músicas com o selo da Spook Records que entre outros trabalhos lançou ha pouco tempo o mini CD de Reborn To Conquer, banda que já partilhou o palco com Endless Desire. As grandes influências actuais da banda passam por bandas como Madball, Hatebreed e Born From Pain, sendo um bom álbum para figurar ao lado destes, se bem que em algumas prateleiras mais abaixo, para não se começar a confundir as coisas. Apesar de soar um pouco ao clássico NYHC style e não vir por isso acrescentar grande coisa ao que já conhecemos, “Moonstruck” é uma obra com uma boa edição, na qual a mistura e a boa masterização realizada dão uma vida diferente ao álbum ao longo da sua audição, da qual destaco a faixa 2 “ Worthless Fuck” e faixa 4 “Revenge”. A banda disponibiliza no seu myspace as duas últimas faixas do álbum, passa por lá e descobre-os. Paulo Duarte
[5] Lay Down Rotten Gospel of the Wreched Metal Blade
Lay Down Rotten é uma banda alemã cuja musicalidade foca naquele Death Metal característico da Europa, mais precisamente da Suécia, com direito também a riffs e solos melódicos em meio à pancadaria e à mistura da modernidade com o tradicionalismo mórbido. “Gospel of the Wretched” é o quinto álbum dos tiozões, com 9 faixas em 44 minutos. É não mais que regular e nem menos que mediano, ou seja, é um disco “na metade”. Possui boas intenções, mas “afunda” na hora de aplicá-las, visto que (quase) tudo soa bem genérico. Poucos são os highlights, o que não é bom num álbum onde a maioria das músicas possui mais de 5 minutos, visto que a audição torna-se entediante. Afirmo-lhe que de pouco servem
solos inspirados ou demonstrações de um pulmão com grande capacidade de armazenar ar para soltá-lo lentamente através de um gutural profundo e que perdura por tantos segundos, se as introduções, os versos e a maior parte do que é tocado já foi feita tantas vezes que acaba por soar como uma má reciclagem. Em contrapartida, merecem elogios pelo balanço dos “climas” em algumas das faixas. Criam uma atmosfera mórbida e densa bem repentina, como em “Conditioning the Weak”, a qual altera de riffs modernos e bateria hardcore para um tradicional death metal dos anos 90, com escalas rápidas e de sonoridade inquietante. É o que deveria ser feito em todo ou em grande parte do disco, mas ocorre somente em poucos momentos. Em decorrência disso, poucas músicas são realmente aproveitáveis. No mais, ganham mais alguns pontinhos pela ótima gravação e produção, pois ela deixou tudo bem alto, perceptível e sujo sem saturação. Vale mais a pena conferir algum outro disco deles, como o debut Paralyzed By Fear, que soa um tanto quanto o clássico At The Gates. Julio Schwan
[8] Death Before Dishonor Better Ways To Die Bridge Nine
Death Before Dishonor é dos nomes mais fortes do movimento Hardcore em Boston, uma banda que aproveita o ano de 2009 para solidificar mais uma vez o seu nome no panorama Hardcore mundial com o seu mais recente álbum, “Better Ways To Die“. Um trabalho constituido por 11 faixas cheias de agressividade, ao velho estilo que a banda nos habituou em “Count Me In” ou “Friends Family Forever“, e da qual resulta num dos mais esperados lançamentos deste ano da Bridge Nine Records. A banda liderada pelo vocalista Bryan Harris apresenta-nos um excelente álbum, primeiro pela qualidade dos músicos e segundo pela produção do trabalho. Gravados por um nome gigante da cena Hardcore, Jim Siegel não fez por menos e mostra-nos que na maior parte das vezes o que é simples é bom e é eficaz, simplificando certamente o trabalho de Eric Baird que nos estúdios Half Son Of Audio fez o trabalho de masterização. Uma mistura coerente entre as guitarras ao qual se juntou uma linha de baixo muito complexa, o que cada vez me surpreende mais em Death Before Dishonor confesso, e que prova a grande qualidade do baixista Rob. Andrew Murphy (Memphis) mostra que está em grande forma ao comando da bateria somando ao colectivo uma fórmula de sucesso da qual resultam rápidos e furiosos breakdowns, riffs limpos e muito bem conseguidos, letras com sentido crítico e uma voz bem ao estilo Hardcore de timbre grave que acaba por não fugir muito a um padrão que já reconhecemos em Death Before Dishonor. Certamente dos registos mais importantes para a banda a qual aconselho uma audição atenta, um álbum que vale pelo seu todo e pela forma como parece ter sido concebido. Uma excelente compra! Paulo Duarte
[7] Maylene and the Sons of Disaster III
Conflict” é apenas a primeira amostra do que está para vir. O EP é constituido por 6 músicas e no myspace da banda tens disponível a faixa 3 “Line Of Fire” como aperitivo até comprares o disco. A não perder de vista! Paulo Duarte
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Ferrer
A criatividade que abundou na hora de batizar a banda com uma nomenclatura cheia de história e significado, falhou na hora de dar nome aos álbuns. O terceiro álbum do Maylene and the Sons of Disaster chama-se “III”, assim como o segundo chamava-se “II” (adivinha qual será o nome do próximo álbum?). Depois de perderem 4 dos seus 6 membros em 2008, o MATSOD se recompôs, sendo que só o vocalista Dallas Taylor e o baixista Roman Haviland restaram da formação original. Esse terceiro episódio não apresenta grande diferença em relação ao anterior, ou seja, continuam investindo no seu Southern Rock estiloso, que carrega tanto no peso como no balanço, sempre com aquele tempero sulista típico dos Estados Unidos. As características “core” ficaram mais abafadas nesse novo registro, dando maior espaço ao groove e a melodia. As 3 guitarras em conjunto trabalham bem, deixando as músicas preenchidas e ricas em pormenores. O que fala mais alto em “III” é ambientação Southern bem construída com visto na faixa de abertura, “Waiting on my Deathbed”. A utilização de banjos e gaitas enriquecem a experiência, criando um clima confortável e adequado às composições. Os tons mais agressivos saem da garganta de Dallas Taylor, que, quando é preciso, mostra que ainda sabe gritar como nos tempos do Underoath, porém, cada vez mais, mostra sua faceta melódica como na bonitinha “Listen Close” e na inebriante “Oh Lonely Grave”. “III” revela uma banda que se distancia cada vez mais das suas influências “core” e mergulha de cabeça, sem medo e com propriedade, na sonoridade Southern. Trilha sonora para dar uma volta pela vizinha à milhão com seu Dodge Charger 1969 ou começar uma briga de bar. Matheus Moura
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Fischel’s Beast Commencement Stormspell
O Fichel’s Beast é o projeto solo de Barry Fischel, ex-guitarrista do Sentinel Beast, e debuta com este EP, consistindo em 5 faixas, lançado via Stormspell Records. Na minha primeira audição deste “Commencement“, não sabia do que se tratava. Mas logo as primeiras palhetadas já deixavam claro: Old School Thrash Metal! Imaginei que o Fischel’s Beast seria mais uma banda dessa recente safra (liderada por bandas como o Municipal Waste) que vêem retomando o Thrash/Speed metal dos anos 80. Mas a sua principal virtude também seria um problema: o som dos caras tem toda aquela áurea oitentista, porém soa datado demais. Mas muita calma! Com um pouco mais de conhecimento do que eu tinha em mãos, veio o motivo desta minha percepção: “Commencement” consiste inteiramente de material escrito em 1987, para um segundo álbum do Sentinel Beast, que nunca foi lançado. E, pra quem conhece a banda, já sabe o que irá encontrar aqui: riffs típicos da época, duetos de guitarra, cozinha veloz e precisa e aquela atmosfera que fará delirar os mais saudosistas. O vocal de Anthony Cross tem uma veia melódica que lembra Joey Belladonna (ex-Anthrax), diferente do estilo mais gritado de Debbie Gunn, vocalista do Sentinel Beast (que recentemente reativou o grupo). Chris Caffery (ex-Savatage), aparece como guitarrista convidado fazendo solos em “Fate of Kings” e “Forbidden Territories”. Apesar de honesto e eficiente, e principalmente por se tratar de material antigo, “Commencement” não traz nada de novo pra quem já gastou os ouvidos na adolescência escutando bandas similares, mas é aposta certa para aficionados em Speed/ Thrash 80’s. André Pires
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Cold Hard Truth Reflect The Conflict Independente
Cold Hard Truth é uma banda com pouco mais de um ano, influênciados pelas suas raízes (UK) e por bandas como Bulldoze, Irate ou Shattered Realm nasce “Reflect The Conflict”, o primeiro trabalho da banda a solo em formato de EP. A banda é formada por cinco elementos que já partilharam o palco com bandas como Arkangel, In Blood We Trust, TRC ou Bun Dem Out. Musicalmente tocam um hardcore bastante rápido e violento, com uma presença nos microfones bastante forte, uso de beatdowns constantes capazes de fazer explodir muitas cabeças. Conta quem já presenciou ao vivo que Cold Hard Truth é completamente destrutivo, fazendo acontecer mosh pits que tornam qualquer pista num ringue de artes marciais. Transformou-se numa das bandas que mais ouço em 2009, e certamente “Reflect The
Eternal Tears of Sorrow
Children of the Dark Waters Massacre
Das terras geladas da Finlândia eis que vem a tona o sexto álbum da banda Eternal Tears of Sorrow, o genial e muito bem produzido (os próprios integrantes da banda assinam a produção), “Children Of The Dark Waters”. O trabalho é simplesmente impecável onde são observados os mínimos detalhes em todas as faixas, criando uma ambientação perfeita e cheia de nuances épicas e saudosas. A faixa de abertura “Angelheart, Ravenheart” faz as honras da casa e transporta o ouvinte para um limbo de onde só se consegue sair após a audição da última faixa do registro. Posso afirmar sem dúvida que a sequência
[8] Suicide Silence No Time To Bleed Century Media
Após bandas pesadas virarem febre, como Bring Me The Horizon e Job For A Cowboy, mais um nome vem se firmando nos últimos dois anos. Desta vez é o grupo Suicide Silence. Após lançar “The Cleansing”, seu debut, em 2007, muitos torceram o nariz e outros se aproximaram deste som. Houve até um relativo sucesso, visto que o álbum foi o segundo mais vendido da história da Century Media. Agora, em “No Time To Bleed”, estes americanos resolveram aprimorar o que já estava sendo bem feito. O vocalista Mitch Lucker está gritando ainda melhor. Incrível como consegue variar dos seus gritos no estilo Death Metal para os rasgados do Black Metal. Chris Garza e Mark Heylmun demonstram ter amadurecido a sonoridade do SS nas seis cordas. Alguns solos e passagens mais complexas se destacam no meio de tantos breakdowns. Contudo, cabe destacar, de fato, o excelente baterista Alex Lopez, que desmonta qualquer coisa que vier pela frente com sua batida calcada no Grindcore. “Wake Up” é uma violência sonora, começando o álbum em uma das melhores porradas do Deathcore que já ouvi. “Lifted” cria um ambiente diferente com os efeitos de guitarra e tem passagens progressivas bem legais. “Smoke” inicia com fúria, com ótimos breakdowns e viradas de bateria. Os grooves também cativam. “Something Invisible” e “No Time To Bleed” apontam os mesmos elementos, mas sem perder o fôlego. “Suffer” deixa tudo ainda mais brutal, um massacre correndo solto, mostrando que não perderam as influências do debut. “…And Then She Bled” é uma faixa desnecessária, com um diálogo idiota e breakdowns lamentáveis. Felizmente “Wasted” traz de volta a banda. Contudo, quando você chega em “Your Creations” já começa a cansar, pois o som não sai muito do que é proposto no início do álbum. Por fim, “Disengage” varia um pouco nos instrumentais, encerrando bem este segundo trabalho de estúdio (tirando os Eps). Em suma, um interessante esforço para se destacarem em um gênero saturado. Conseguiram. Igor Lemos
das faixas do registro tem a finalidade de causar a sensação de turbilhão na mente do ouvinte incauto, percebe-se isso ao ouvir a intensa segunda faixa ”Baptized By The Blood Of Angels” e a maravilhosa e intimista “Tears Of Autumn Rain”. Impressiona a harmonia e sinergia de todos os temas do registro por isso falar sobre cada uma das 10 músicas seria definitivamente chover no molhado, é algo que é indescritível e com certeza será melhor assimilado sendo ouvido. Apenas evidenciando mais destaques do registro é essencial ouvir as faixas “Midnight Bird” e a “Nocturne Thule”. “Children Of The Dark Waters” é um daqueles álbuns que se pode recomendar para os amigos sem medo de errar. Com produção impecável e composições idem, se você precisava presentear alguém e não sabia o que dar, suas buscas acabaram. Odilon Herculano
hornsup #8
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resenhas [6] Obituary Darkest Day Candlelight
Se você acompanha a revista, deve estar lembrado do álbum “Bloodline”, dos Tardy Brothers, resenhado aqui há poucos meses atrás. Lembra-se do que eu disse acerca de o álbum ser um aperitivo para o novo do Obituary? Pois é! “Darkest Day” vem absolutamente melhor do que o aperitivo! Ao dar o play, não se apavore com os segundos iniciais de “List of Dead”. Aparentemente, não passam de uma zoeira, pois a qualidade é horrível, pior do que uma fita cassete. Logo, porém, a sonoridade real vem à tona e a música dotada das já tradicionais características memoráveis do veterano grupo oriundo da Flórida: Vocal rasgadão e com tonalidade praticamente única de John Tardy, progressões de tempo efetuadas por todos os instrumentistas e, no mínimo, uns 4 solos de guitarra! Infelizmente, as outras músicas não mantêm o mesmo potencial, mas não por isso que sejam desapontadoras. Ao longo das canções, despejam aquele death metal bem variado, ora mais cadenciado (“Your Darkest Day”) e ora em tempo médio avançando para rápido (“Blood to Give”). Digamos que o clima é mantido em menor ou em semelhante grau durante o álbum, em decorrência das dezenas de solos (isso realmente foi legal! Não cheguei a contar todos, mas certamente são dezenas de solos virtuosos ou no feeling) e dos elementos tradicionais do Obituary. Apesar de tudo, não chega a ser um CD excelente. Como diria alguém que conheço, é “mais do mesmo”. Um tanto quanto surpreendente é o fato de a obra possuir 52 minutos de duração em 13 faixas! É uma quantia bem alta até, levando em conta o fato de terem lançado o disco anterior, Xecutioner’s Return, em 2007. Nada melhor nem inferior aos outros discos lançados recentemente. Obviamente é aquele play que agrada, permanecerá algum tempo no seu rádio - ou playlist -, mas depois será só um álbum. A quem não conhece esses tiozões veteranos do death metal americano, aqui está uma ótima oportunidade. A quem já conhece e aprecia, mais um álbum digno de se ouvir. Julio Schwan
[8] Sacred Mother Tongue
petardo barulhento e pulsante que mostra o que esperar do resto do material. Na sequencia vem “Anger of Reflection” com sua pegada rápida e “Force Fed” com sua levada cheia de firulas. Embora o álbum seja um daqueles onde só encontramos musicas diferenciadas vou fazer um apanhado dos destaques, incluindo claro o primeiro single da banda “Ten Thousand Eight Hundred”, a alucinante “Suffering”, “Wake Up Call”, “Numb” e “Hour Glass” fecham o pacote. Muita atenção para Sacred Mother Tongue, esses britânicos tem tudo para mostrar bons trabalhos agregar valor ao metal atual que anda meio em baixa diga-se de passagem. Deus salve o SMT. Odilon Herculano
[8] Eryn Non Dae. Hydra Lernaia Metal Blade
Encabeçado pelo excelente Gojira, o Metal extremo francês vem surpreendendo e rendendo ótimos frutos, e o Eryn Non Dae. é mais uma banda da cena que merece atenção. “Hydra Lernaia”, o primeiro full-lenght do grupo (antes já haviam lançado um EP, sob o nome de END.), traz um Metal complexo com influências do já citado Gojira, Neurosis e Meshuggah. E é na banda sueca que o Eryn Non Dae. mais bebeu da fonte. Linhas vocais e construções complexas e brutais das música, com tempos quebrados, realmente fazem lembrar o Meshuggah, mas também flerta com o Doom e o progressivo, com passagens lentas e densas. Exatamente por seguir essa construção extrema e ao mesmo tempo experimental, alterando o andamento e a intensidade ao longo das músicas (“The Decline And The Fall” e “Through Dark Skies” são dois ótimos exemplos), “Hydra Lernaia” merece várias audições, e mesmo assim não agradará a todos os fãs de Metal, por não ser de fácil assimilação. Em algumas músicas a falta de melodia é evidente, e uma aparente repetição causa um certo tédio. Mas logo surge um riff matador, um vocal desesperado, tudo em meio a um avassalador clima apocalíptico, e já te faz perceber que o Eryn Non Dae. é diferenciado. A banda agora não pode se repetir e cair no marasmo, pois tem técnica e criatividade de sobra pra fazer um próximo álbum ainda mais interessante e tornar-se um grande nome do Metal extremo europeu. André Pires
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The Ruin Of Man Transcend
O quarteto britânico Sacred Mother Tongue, com o lançamento do seu primeiro full-length, “The Ruin Of Man”, mostra com todas as letras que não é uma banda que vive as custas de apenas um bom single. O Metal vigoroso e criativo está presente em abundância em todas as faixas do registro. Não é por menos que os caras são frequentemente comparados a bandas de peso como System Of A Down e At The Drive-in, com musicas swingadas e cheias de energia a audição de “The Ruin Of Man” é agradável e empolgante de cabo a rabo. “The End”, faixa de abertura, é um
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hornsup #8
Sworn Enemy Total World Domination Century Media
O Sworn Enemy praticamente dispensa apresentações, e da minha parte requer sempre um cuidado muito especial quando ouço novo material. Chegou-me a pouco tempo pela editora Century Media o novo albúm que apenas está disponível na Europa a partir do dia 22 de Junho, e foi sem surpresa que “Total World Domination” passou a fazer
parte de uma audição mais do que diária. Uma banda que sempre balançou muito entre Hardcore e Metal, apresenta-nos um álbum desta vez mais virado para o Metal como o seu vocalista Sal Lococo deixou mais ou menos no ar em entrevistas de divulgação do mesmo, ele que na banda é o grande influenciador de Hardcore. A verdade é que as semelhanças entre este trabalho e o último, “Maniacal”, existem, mas daí para trás conseguem-se notar uma diferença um pouco maior. E quando falo em semelhanças não me refiro as óbvias, pois tal como no anterior álbum este foi gravado por Tim Lambesis (As I Lay Dying). No entanto não espere que isto seja uma crítica negativa pois a verdade é que em declarações pelo mundo à fora, elementos dos Sworn Enemy sempre deram a entender que a evolução da banda não estaria muito longe disso, de uma aposta mais no Metal e num público que sempre os apreciou mas que agora tem maiores razões para tal, mas a verdade é que o Metalcore de Sworn Enemy continua brutal, e nenhum fâ, independentemente da geração, deveria deixar de adequirir este álbum composto por 11 faixas cheias de agressividade, gritos de revolta e que marca também a primeira gravação do baixista Sid e do baterista Jerad Buckwalter. Um álbum que 2009 não vai esquecer. Paulo Duarte
[8] Minsk With Echoes In The Movement of Stone Relapse
É com o nome da capital da Bielorrúsia que este quarteto americano despeja criatividade e psicodelia em seu terceiro álbum. Minsk está na ativa desde 2002, fazendo um som auto-batizado de “Psychedelic Metal”. Sempre foram adeptos de músicas longas e progressivas, oscilando muito entre as velocidades, recheando-as de teclados, samples e atmosferas, também com muito peso em todos os instrumentos e uma enorme variação vocal (desde limpos em dupla, à maneira Pink Floyd, a gritados desesperados). Os climas transitam entre uma calmaria serena a momentos densos e macabros. Como já dá para ir imaginando por essas características, absorvem muito do Doom Metal, do Sludge contemporâneo, da música ambient e da tendência experimental. “With Echoes In The Movement of Stone” possui uma hora de duração e fora produzido pelo baixista, vocalista e tecladista do grupo, senhor Sanford Parker. Faixas como “The Shores of Transcendance” e “Requiem: From Substance to Silence” certamente lhe renderão uma grande viagem, caso escutadas nas condições exatas. Digo isso porque é aquele álbum para ser apreciado com calma, sem demais ocupações, preferencialmente à noite. Assim, dará para perceber muito do trabalho “escondido” nos detalhes, compreender as progressões e contemplar a beleza das melodias. Minsk, a par da Rosetta, é uma bandas que conseguiu absorver influências de Neurosis e Isis sem soar como uma cópia, visto que há todo um experimentalismo flertando com estilos mais incoumuns e técnicas mais distintas. Uma audição obrigatória para quem aprecia bandas do gênero. Julio schwan
[7] Darkest Hour The Eternal Return Victory
Os americanos do Darkest Hour sempre conseguiram chamar atenção no badalado cenário do Metalcore por possuir uma pegada puxada para estilos de Metal mais tradicionais como o Thrash e o Death. Essa influência viu-se consagrada com os lançamentos dos álbuns “Undoing Ruin” em 2005 e “Deliver Us” em 2007, este, por sinal, chegando a ser o 110° álbum mais vendido do ano em que entrou no mercado dos Estados Unidos. Na tentativa de manter os fãs excitados com um novo full-lengh, o Darkest Hour emplacou o álbum “The Eternal Return”, para demonstrar que apesar da saturação no mercado do Metal contemporâneo, eles vieram para ficar. Uma tentativa válida, porém, não tão bem sucedida como as gravações anteriores em nível de inovação. “The Eternal Return” conta com tudo que já foi produzido pela banda: os berros inconfundíveis do vocalista John Henry, a insana influência do Hardcore do baterista Ryan Parrish, o pesado, mas imperceptível baixo de Paul Burnette e os belos riffs de guitarra de Mike Schleibaum e do novato Mike Carrigan. O cartão de boas-vindas do álbum chama-se “Devolution of the Flesh”, e o mesmo faz-nos perceber que apesar do vocalista John Henry berrar do início ao fim do CD, o Darkest Hour tem um quê de melodia. Este arsenal melódico se dá pelos belos solos de guitarras gêmeas, trazendo então a especialidade da banda: um sentimento difuso entre rancor e calmaria. As faixas de destaque são a agnóstica e pesada “No God”, a rápida “A Distorted Utopia” e a de fechamento, “Into the Grey”. “The Eternal Return” trás a exata maneira de o Darkest Hour encarar suas composições que, apesar de não ser inovadora, é uma fórmula que tem dado certo. Ítalo Lemos
[5] Witchbreed Heretic Rapture Ascendance
Caro leitor, você se lembra do Ares? Não?! Tudo bem, eu também não me lembrava, até receber a missão de resenhar o debut da nova banda do nosso ilustre desconhecido. Bem, Ares é o cara que tocou baixo no Moonspell, sendo parte da banda desde a época das demos até o “Irreligious”, de 1996. Lembrou né? Pois bem, desde então o cara simplesmente sumiu da cena musical, mas resolveu reaparecer e formar o Witchbreed em 2006. “Heretic Rapture”, que só agora chega ao mercado, é o debut da banda. A proposta da nova banda de Ares é um Gothic Metal com vocais femininos com grande foco no peso. Realmente, os riffs aqui apresentados vão muito além do que o termo “Gothic Metal” pode sugerir, sendo bem pesados e energéticos. Ponto para a banda, que alías é bem técnica e tem sacadas bem inteligentes. Temos trechos bastante técnicos, que chegaram a
me lembrar, em alguns momentos, o Symphony X. Outra coisa que merece destaque é o gogó da vocalista Ruby Roque. A menina realmente arrebenta, tem uma voz bastante poderosa, e que passa longe dos clichés do gênero. Após uma pesquisa rápida sobre ela, me deparei com diversos comentários que a chamava de “Doro portuguesa”. Acredito que tais comparações se devam à atitude e à postura adotadas por Ruby, já que a voz em sí não é muito parecida. Mas temos algumas escorregadas também. Primeiro, não sei se pela quantidade de músicas, ou se pela falta de maior diversidade entre elas, mas o disco, da metade para o final me pareceu um pouco enjoativo e repetitivo. Os vocais guturais, espalhados aqui e ali ao longo do disco, também não casaram bem com o som da banda, soando bastante deslocados. E, em certos momentos, especialmente em alguns refrãos, me pareceu que a banda exagerou na quantidade de “açúcar”, talvez na tentativa de deixá-los mais acessíveis e alcançar uma maior audiência, mas conseguindo, no máximo, soar um tanto quanto piegas. Por ser um debut, “Heretic Rapture” nos dá a certeza que o Witchbreed ainda nos brindará com um álbum mais consistente em um futuro próximo, pois demonstra que potencial a banda tem de sobra. Ares só não pode inventar de sair de cena por mais 10 anos, pois se fizer isso, não será esse álbum que o fará ser lembrado caso apareça com uma terceira banda. Hélio Azem
[7] Minus Blindess Choleric the Aversion Torto Fono Gramas
Não sei como ainda tem quem ache que aqui no Brasil não se faz mais Metal de qualidade como antigamente. Pois bem, o Minus Blindess vem lá de Salvador pra mostrar que este tipo de coisa realmente é uma besteira, e das grandes! Formado em 2006, o trio toca um Thrash Metal raíz pra nenhum gringo botar defeito. Após lançar o seu EP independente “War Zone”, os caras estão de volta lançando seu primeiro álbum pela Torto Fono Gramas chamado “Choleric the Aversion” que teve a ótima produção de Jera Cravo, que já trabalhou com bandas como Malefactor e Cobalto. O disco é composto por 15 músicas de porradaria do começo ao fim! Riffs muito bem arranjados com guitarras massacrantes porém bastante harmoniosas, com belas melodias. A cozinha da banda também não deixa por menos e coloca alta dosagem de brutalidade dando mais agressividade ao lado do vocal rasgado, que é praticamente um esguelamento, do guitarrista Tassio Bacelar. É notável também, fortes influências de Death Metal no som do Minus Blindess. Realmente a banda está mostrando a que veio unindo duas peças essenciais para um ótimo resultado: técnica e qualidade. Vale a conferida! João Henrique
[7] Birds of Prey The Hellpreacher Relapse
[9] Vomitory
Carnage Euphoria Metal Blade
Está aí um disco que, para quem conhece o Vomitory, nem é necessario escutar para saber que será espetacular. Dei pulos de alegria ao saber que resenharia o novo disco desses suecos, pois além de ser uma tarefa muito fácil para um fã da banda como eu, também seria extremamente prazeiroso, uma vez que a violência sonora praticada por eles é simplesmente de fazer cair o queixo. Sendo formada em 1989, a banda sempre se caracterizou por um Death Metal “old school” sem firulas, direto, rápido e pesado, baseado em riffs que fazem a cabeça de qualquer headbanger que se preze praticamente balançar sozinha. Passados 20 anos, o que encontramos em “Carnage Euphoria” é exatamente a mesma coisa, pois o Vomitory não é uma banda que ainda procura sua identidade musical, mas uma que se vem mantendo fiel à sua tradição e a seus fãs ao longo dos anos. A brutalidade incansável flui em cada uma das dez músicas presentes aqui. A combinação da guitarra cortante de Urban Gustafsson e Peter Ostlund com a bateria furiosa de Tobias Gustafsson e as linhas de baixo e vocais cavernosos de Erik Rundqvist criam um redemoinho que simplesmente destruirá a todos que se puserem em seu caminho, deixando em qualquer pessoa que curta Death Metal um sorrisão de alegria. Coisas que só uma banda como o o Vomitory pode fazer. Por que ? Pois eles são o que 90% das bandas de Death Metal hoje não são: honestos, brutais e capazes de deslocar seu pescoço de tanto bangear com uma facilidade incrível. Compre! Hélio Azem
Confesso que não esperava muita coisa do novo álbum do Birds Of Prey também conhecido como “The Hellpreacher”. Não esperava nada diferente de algo como um disco sombrio, sinistro e cheio de mau agouro. Essa sensação de desânimo e falta de energia perdurou durante todos os quase quatro minutos da faixa de abertura “Momma”. De repente inicia-se a melhor faixa do álbum, “Juvie” com o seu ótimo trabalho de guitarra e baixo e um peso cadenciado e bem mais Doom Metal vai prendendo a minha atenção e me convidando a ser mais otimista em relação ao restante do registro. Outro ponto alto do álbum é a quarta faixa “Alive Inside”, Thrash de primeira com push e velocidade que exorciza toda e qualquer falsa má impressão que remanesça. O registro conta ainda com mais destaques de peso, como nas faixas “Taking on Our Winter Blood” e “False Prophet” onde o grupo americano mostra saber fazer aquele bom, velho e potente Thrash Metal que agrada a qualquer ouvinte, desde os mais conservadores até os moderninhos. Mau agouros a parte, “The Hellpreacher” foi uma surpresa boa pra mim e mesmo não sendo a obra prima do Metal merece atenção. Odilon Herculano
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resenhas [9] Agoraphobic Nosebleed Agorapocalypse Relapse
Fãs de Grindcore, podem começar comemorar: Scott Hull está de volta. E o título escolhido por ele para o quarto álbum do Agoraphobic Nosebleed não poderia ter sido mais apropriado, pois aqui temos aqui um verdadeiro apocalipse auditivo, onde ao ouvinte restará nada menos que o caos. Temos algumas diferenças significativas nesse novo trabalho da banda. Quem pega “Agorapocalypse” pode se surpreender devido ao número baixo de músicas nele contido para o padrão Agoraphobic Nosebleed. Aqui são apenas 13, contra 99 de seu antecessor, o aclamado “Altered States of America”. Ponto para Hull, que deixou o álbum mais coeso e com uma melhor fluidez compondo canções maiores, ao invés das tradicionais músicas de 10 segundos que costumavam estar presentes nos discos do ANb. Outra novidade que merece destaque é a utilização de três vocalistas diferentes se revezando no microfone. Temos aqui as vozes de Richard Johnson, Jay Randall, que também canta na outra banda de Hull, o Pig Destroyer, e a talentosa loirinha Katherine Katz (quem achava que Angela Gossow do Arch Enemy era a rainha dos guturais pode começar a rever seus conceitos). Cada um deles traz vocais bem distintos para as músicas, fazendo com que a audição nunca se torne cansativa ou repetitiva. Como era de se esperar, as 13 músicas são simplesmente matadoras. A mistura com alto grau de insanidade de Crust, Hardcore e Metal extremo em altíssima velocidade que sempre caracterizou o ANb aqui está em seu ápice, com destaque para a deliciosamente Crust “Moral Distortion”, onde Kathy Katz se esgoela e impressiona com sua performance, e para “A Question of Integrity”, que tem um solo de bateria bem criativo, mesmo que tenha sido feito eletronicamente, já que Hull usou o software Drumkit From Hell para programa-la e gravá-la. Sem sombra de dúvidas esse é um dos melhores lançamentos de música extrema do ano, a acho que até quem não é fã de grindcore vai conseguir apreciar. Palmas para Scott Hull, e que venha logo o próximo do Pig Destroyer, pois certamente os fãs já estão aguardando ansiosamente após ouvir essa obra-prima do ANb. Hélio Azem
[7] He Is Legend It Hates you Solid State
Após quase 3 anos de espera, o He Is Legend nos apresenta finalmente sua mais nova obra intitulada “It Hates You”. Com o lançamento de “Suck Out The Poison!” de 2006, a banda aderiu a uma pequena mudança, pode-se dizer, no sabor de sua sonoridade, ficando com um ar mais “maduro”, old school ou talvez mais “sério”. Aquela pegada mais Post-Hardcore que o He is Legend se mostrava em “I am Hollywood” e principalmente no seu primeiro EP “91025” mesclando um Rock’n’ Roll com pitadas de breakdowns com vozes guturais
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completamente esgueladas se misturando com uma voz sutil e melódica, foi substituida pelo lado mais sério da banda, focando mais no Rock’n Roll melódico/alternativo evidenciando ainda mais o Southern Rock que sempre esteve presente no sangue dos caras. Outro ponto crucial nesta “mudança” foi a voz do vocalista Schuylar Croom que apareceu mais rouca e menos agressiva, porém, não impotente. “It Hates You” nada mais é que uma continuidade do seu antecessor, prosseguindo com estes “ajustes” citados que parecem estar cada vez mais crescente no som da banda, que agora é um quarteto. Não aponto isto como algum ruim, apenas como uma mudança. O amadurecimento da banda teve este resultado mas que de maneira nenhuma fez perder a sua personalidade. No decorrer do ano passado já estavam postando algumas amostras das (ótimas) músicas “Stranger Danger,” “Don’t Touch That Dial,” “Everyone I Know Has Fangs,” e “Decisions, Decisions, Decisions” para audição. Como eram demos, ouve alguns ajustes e agora nota-se as músicas com um andamento mais lento. “China White” não poderia ficar de fora deste novo trabalho pois é com certeza a filha predileta do He is Legend. Contando sua história no primeiro e no segundo álbum, os caras agora dão mais uma continuidade com “China White III”, uma linda música acústica com uma excelente melodia pra nenhum fã botar defeito. O play contém 12 grandes faixas que devem agradar a muitos e fazer torcer o nariz de outros mas, o fato é que o He Is legend continua incrível a cada lançamento. João Henrique
[6] Wolfchant Determined Damnation Massacre
É visível que a popularidade de bandas que misturam Black Metal com Folk tem crescido bastante nos últimos dois ou três anos. O Wolfchant, banda alemã, aposta nessa proposta em “Determined Damnation”, que é o seu terceiro disco de estúdio. De cara já percebemos que a banda está soando mais melódica, porém sem abrir mão de um pingo do peso. Aliás, desde a 1ª faixa, “World of Ice”, o Wolfchant mostra que finalmente encontrou o ponto de equilíbrio perfeito entre melodia, velocidade e agressividade, algo que deixou a desejar em seus discos anteriores. Outra grande melhoria encontrada em “Determined Damnation” é nos vocais: aqui, eles soam menos ríspidos e possuem mais momentos épicos, que prontamente evocam aquele feeling de “vamos beber e ir para a guerra” que todo disco do estilo que se preze tem que ter. Mas, claro, ainda há pontos a melhorar. Primeiramente, apesar de termos momentos muito fortes como “In War”, que tem excelentes harmonias dobradas de guitarra, “Never Drunk”, “Under The Wolves’ Banner” e a já citada “World of Ice”, acho que a banda exagerou ao colocar 14 músicas no álbum, tornando a audição um pouco longa e, consequentemente, cansativa. Também por alguns momentos senti falta de um tecladista, especialmente nos momentos mais Folk. De maneira geral, “Determined Damnation” mostra uma banda muito mais madura, porém ainda claramente em franca evolução. Se mantiverem o ritmo, seu próximo disco pode levar a banda
a um patamar muito maior do que o que ocupa atualmente na cena. Por hora, esse é um disco bastante satisfatório, que vai agradar em cheio fãs de Eluveitie, Elexorien e Ensiferum. Hélio Azem
[7] Suffocation Blood Oath Nuclear Blast
Poucas bandas possuem uma experiência comparável a do Suffocation. São vários discos embrionários - alguns clássicos, como “Effigy of the Forgotten” - do Death Metal no currículo e mais de 200 shows realizados em toda carreira. O fato de terem surgido em uma época na qual o Metal atingia sua forma mais encorpada e maligna também é digno de menção, visto que hoje em dia as coisas são mais fáceis e não vemos muitas das bandas atuais fazendo algo comparável ao que eles fazem e já fizeram. “Blood Oath” elimina qualquer dúvida acerca do reconhecimento dado a eles e ainda solidifica: é Suffocation com todas as características originais. A estrutura musical é a mesma de todos os discos, ou seja, possui muita variação de clima, um bom equilíbrio entre técnica e simplicidade (em todos os instrumentos), extrema alternância de velocidade, solos apocalípticos, vocal sempre gutural e breakdowns trabalhados. A parte lírica não é diferente, portanto já dá para ter noção que por aí vem temas anti-religião e muito obscuros. Em suma, é a típica banda que não possui dois guitarristas para questões estéticas, em decorrência de cada um geralmente “seguir seu caminho”. Dá prazer escutar o álbum com fones de ouvido, porque cada guitarra fora colocada em um lado. Portanto, é perceptível cada mudança em cada uma! Além do mais, quando ambas se propõe a executar as mesmas notas, sentimos uma parede sonora! Junte a estes dois guitarristas um baterista forte (caso você procure fotos de Mike Smith e preste atenção nos braços, certamente entenderá porque ele trucida o instrumento com tanta facilidade e freqüência) e um baixista ousado (foque a atenção nos slaps mega velozes da faixa-título em sua passagem mais ousada) que o vocal dá o complemento. Os melhores momentos ficam para o breakdown apavorante de “Undeserving”, à toda trabalhada “Pray for Forgiveness” (a parte mais memorável é onde a guitarra segue uma escala de harmônicas, das graves às agudas) e à regravação matadora de “Marital Decimation” (originalmente lançada no “Breeding the Spawn”, de 1993). “Blood Oath”, como era de se esperar, é mais um álbum marcante na carreira do grupo. Não é o mais veloz, nem o mais trabalhado, tampouco o mais empolgante numa análise geral, porém carrega consigo a atmosfera mais macabra de todos! É denso demasiadamente, não só em decorrência da produção, mas pelo clima sombrio e brutal gerado nas músicas. Ideal a quem procura por isso! Além do mais, serve de aula para essa molecada que está começando a tocar mais seriamente (Job For A Cowboy, Graves of Valor e diversas bandas vestem a camiseta do Suffocation e andaram a absorver certa influência em seus trabalhos mais recentes). Julio Schwan
[8] Goatwhore Carving Out the Eyes of God Metal Blade
Ódio. Essa foi a primeira palavra que me veio à mente ao ouvir o novo disco do Goatwhore, “Carving Out the Eyes of God”. Não é para menos. Além do furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans, cidade da banda, eles ainda tiveram que enfrentar um acidente de carro que quase deixou paraplégico o vocalista Ben Falgoust. E se alguém ainda duvidava da famosa frase “o que não mata te deixa mais forte”, está aí um disco que vai convencer que essa máxima é, sim, verdadeira. Misturando pitadas de Motorhead, Venom, Kreator e Celtic Frost com uma veia Punk e um toque sulista como só o pessoal de Nova Orleans sabe fazer, “Carving Out the Eyes of God” não tem uma única faixa que seja mais fraca ou que não se destaque. Desde momentos mais acelerados como “Reckoning of The Soul Made Godless” e “Apocalyptic Havoc” a outros de mais groove como “Blood Guilt Eucharist”, cada uma das dez composições dificilmente deixará de agradar, pois nenhuma delas chega aos 5 minutos de duração, e cada nota está encaixada exatamente onde deveria estar. É tudo bem direto, bem na cara, nada de firulas e nem de passagens desnecessárias, que aumentam as músicas apenas em duração, mas nem sempre em qualidade. Esta aí um disco que veremos em muitas listas de melhores do ano. Com um disco que transborda honestidade, o Goatwhore consegue agradar em cheio a fãs das vertentes mais extremas do Metal. Se o nome da banda esta cada vez mais consolidado na cena, essa é a principal razão. Hélio Azem
[7] Mystic Prophecy Fireangel Massacre
Antes de mais nada, já vou logo confessando: não sou grande fã de Power Metal. Dito isso, o leitor já pode imaginar o quão animado eu fiquei ao receber o novo do Mystic Prophecy para resenhar. Por sorte, essa foi uma daquelas ocasiões em que, mesmo me considerando uma pessoa bem cabeça-dura, dou o braço a torcer e admito que quebrei a cara. “Fireangel” é um belo álbum e conseguiu me surpreender positivamente em diversos sentidos e vencer minha má vontade contra bandas do estilo. Até então, tudo que eu sabia sobre o Mystic Prophecy era que essa é a banda onde até 2004 tocava o talentosíssimo guitarrista Gus G (Firewind, Nightrage e Dream Evil). Aparentemente, a saída dele, mesmo sendo um músico da melhor qualidade e dificil de se substituir, não afetou em nada a banda. Afinal, “Fireangel” já é o terceiro disco da banda sem Gus, e os mostra mais pesados, agressivos e afiados do que nunca. A principal razão para isso é que em “Fireangel” o ritmo se mantém frenético durante todo o álbum. Não há nenhuma balada, nenhum trecho no qual a banda faça referências à música clássica, nenhum riff açucarado. Aqui o negócio é
Metal direto, rápido, pesado, e com melodias intercaladas a trechos beirando o Thrash Metal, bem na linha do Iced Earth. É cacetada atrás de cacetada: “Across the Gates of Hell”, “We Kill!! You Die!!” (que ao vivo deve ser estupenda) e a sensacional “Forever Betrayed”, que fecha o álbum, são alguns dos temas que vão fazer qualquer headbanger maltratar o pescoço sem dó. Um disco recomendadíssimo, feito com tanta paixão, velocidade e agressividade que vai convencer qualquer apreciador de um bom heavy metal, por mais turrão que seja. A mim, pelo menos, convenceu. Hélio Azem
[8] Memphis May Fire Sleepwalking Trustkill
Post-Hardcore? Southern Rock? Não importa muito em qual gênero estes rapazes da Memphis May Fire irão entrar. O que realmente é digno de ser mencionado é o ótimo trabalho que realizaram neste debut pela Trustkill Records. “Sleepwalking” é um show de bom gosto das guitarras, melodias e gritos. Ainda é o primeiro trabalho que colocam um novo vocalista, visto que Chase Ryan saiu no ano passado. Matt Mullins, seu substituto, é digno de estar neste grupo. “North Atlantic vs North Carolina” começa em alto nível, com uma composição melódica e bastante Southern no instrumental. O refrão grudento é bastante atraente. “You’re Lucky It’s Not 1692” se assemelha com a primeira faixa no tocante ao bom uso das melodias, porém, antes passando pela agressiva “A Giant In a Giants World”, uma das melhores. Os guitarristas Ryan Bentley e Kellen McGregor não fazem feio um segundo, dando um banho de criatividade. E como isso é bom! Nada melhor do que algo próprio no som de uma banda. “Quantity Is Their Quality” é muito bem aproveitada em toda sua dinâmica, com ótimas passagens gritadas e um conteúdo lírico interessante. Daí em diante outras faixas realizam tudo que estes caras possuem de positivo, sempre mantendo o ouvinte grudado nas composições, sem permitir momentos de tédio, o que é uma tarefa bem difícil de conseguir atualmente. No final das contas, “Sleepwalking” acaba se tornando uma obrigação para quem gosta desta sonoridade. Um álbum de expressão, animado, melódico e agressivo. Igor Lemos
[6] Miss May I Apologies Are for the Weak Rise
Metalcore. Como fã do gênero, sempre trago algo para vocês. Vamos analisar o álbum partindo de um ponto principal. Nenhum integrante tem mais de 19 anos. Primeiro lançamento pela Rise Records. O que esperar? Imaturidade? Não. Muitas influências musicais? Sim. “Apologies Are for the Weak” não tem nada que possa ser apontado como “isso é criativo” ou “isso é novidade”. É um ponto negativo, mas vamos nos lembrar do que foi citado no início: são todos muito novos. Ok, há bandas que com
[9] August Burns Red Constellations Solid State
Ser considerada uma das cinco melhores bandas de Metalcore do mundo tem seus méritos, apesar de ser um prêmio que pode ser perdido, visto que este gênero não irá durar por mais cinco anos (salvo seja modificado). August Burns Red possui realmente bolas para segurar este posto de qualquer forma. O debut “Thrill Seeker” (2005) foi o ponto de partida para que chegassem aos ouvidos das massas. Em seguida, “Messengers” (2007). Um álbum que beirou a perfeição. Agora, “Constellations” promete seguir a excelente fórmula e produção utilizado no full-lenght anterior. Obviamente foram espertos e buscaram se distanciar de alguns elementos clichês do gênero. Iniciando a análise pelo vocalista Jake Luhrs, não houve uma mudança significativa em relação aos seus trabalhos anteriores, contudo, isso não é visto como um ponto negativo. Os guitarristas JB Brubaker e Brent Rambler deram seguimento aos seus breakdowns diversificados, links, tremolos, tappings, solos e agora passagens lentas. Não há nada a ser apontado negativamente aos donos das seis cordas. Dustin Davidson põe a gordura necessária no baixo e, por fim, o baterista Matt Greiner, que evoluiu bastante, utilizando os pratos com ainda mais maestria. “Thirty And Seven” e “Existence” trazem toda a violência sonora que os consagrou, com destaque para um solo na segunda faixa. “Ocean Of Apathy” possui um momento mais lento durante a composição, o que deu um ar bem legal. “White Washed” vem quebrando tudo com breakdowns e dissonâncias levemente distorcidas, além do bom trabalho de bateria. “Marianas Trench” pode ser vista como uma das melhores criações da ABR. Nela, utilizam passagens lentas, camadas de sons diferenciadas e os usuais sons agressivos. Daí pra frente há mais momentos especiais como a participação do vocalista Tommy Rogers do Between The Buried and Me, na faixa “Indonesia”, o excelente trabalho instrumental em “Meridian” e a belíssima “Crusades”. Não há como negar o quão excelentes são no Metal. Apenas uma coisa a ser acrescentada: compre! Igor Lemos
esta idade já lançaram excelentes álbuns, vide The Fall Of Troy. Contudo, não é todo dia que encontramos prodígios, certo? Bom, neste fulllenght há elementos (até demais) de conjuntos como The Devil Wears Prada (banda da mesma gravadora) e August Burns Red. Não há um único breakdown que possa ser apontado como criativo. Mas são todos legais, todos bem feitos. Eis o que vai cativar o ouvinte. A disponibilidade e potencialidade que possuem. É fácil enxergar que conseguirão fazer algo mais memorável futuramente. “A Dance With Aera Cura”, “Not Our Tomorrow”, “Apologies Are For The Weak” e “Harlots Breath” irão fazer a festa dos fãs do Metalcore. Contudo, se este gênero não te atrai, sugiro nem pegar Miss May I. A nota dada não serve como uma forma de avaliar o trabalho como regular apenas, mas sim uma boa aceitação e uma esperança real de que possam se firmar como um bom nome do Metalcore - mas não agora. Incrivelmente viciante. Igor Lemos hornsup #8
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resenhas [4] Valkyria The Invocation Of Demise Metal Blade
Black Metal é um estilo com altos e baixos - infelizmente mais baixos do que altos. Tomamos como exemplo a Suécia. De lá que vieram Dark Funeral, Marduk e Vintersorg - algumas das mais interessantes bandas do estilo no mundo inteiro. O grande problema é quando os conterrâneos deles acabam por fazer uma cópia pouco fiel de alguma delas ou juntam influências de várias para compor um material que acaba por sair bem inferior ao que se espera. É o caso da Valkyrja. Tudo que há em “The Invocation Of Demise”, o primeiro fulllenght do grupo, lançado em 2007 e relançado agora em 2009 pela Metal Blade, é deveras genérico e sem grandes atrativos. Em suma, a síntese das canções é uma breve pincelada dos grupos já citados acima com aquele clima mais lento e frio, em certos momentos, e um tanto quanto trabalhado (em comparação ao Black Metal moderno, o qual costuma ser muito reto e veloz) em decorrência do provável fato dos membros terem apreciado muito Bathory durante a formação de seus gostos musicais. O ponto mais fraco do álbum vem em decorrência do vocal. Pouco expressivo, de tonalidade bem “morna”, chegando a cantar sem vontade, de um modo que nem a produção o salva. “The Vigil” e “As Everything Ruptures” evidenciam isso muito bem ao final de alguns versos. Em contrapartida, os highlights ficam a cargo dos guitarristas, ambos conseguindo criar uma e outra parte que é o que salva o material, tais como em “Stillborn Wings” (fundindo violões mórbidos às guitarras estridentes) e no solo recheado de feeling (raridade, hein?) da já mencionada “The Vigil” - reparando o estrago ocasionado pelo vocal. Considerando também o fato de que duas músicas são regravações, não resta dúvida de que o disco deixa a desejar. A não ser que você seja um fanático pelo gênero, a audição é desnecessária, pois há bandas muito melhores (IXXI, por exemplo, resenhada há algumas edições atrás) a se conhecer. Julio Schwan
[8] Desire Crowcifix Independente
O Desire é um dos nomes mais conhecidos do Doom Metal português, estando ativo na cena desde 92. O EP “Crowcifix”, recém lançado de forma independente, traz 30 minutos de música fúnebre divididos em três faixas. A banda se auto-intitula como Melancholic Dark Metal, e definição melhor não há para o que ouvimos neste “Crowcifix”. “Frozen Heart.. Lonely Soul”, é uma antiga gravação ao vivo (2003) de uma faixa do último disco da banda, “Locus Horrendus”, de 2002. São quase quatro minutos de barulhos indecifráveis até a música realmente começar, o que a ajuda a torná-la uma cansativa faixa com mais de 13 minutos. Então vamos nos concentrar nas
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duas inéditas apresentadas neste EP. “White Falling Room” abre com um belíssimo fundo de teclado e sussurros que logo dão lugar a poderosa voz de Tear. Por quase 10 minutos, a faixa se arrasta no mesmo tom, sofrida e angustiante, exatamente como pede o estilo. Mas está longe de ser monótona. O trabalho das guitarras e bateria é excelente e trazem diversidade à canção. “Funeral Doomentia” é ainda mais sombria, e arrisca alguns vocais em coro no refrão, que se encaixaram perfeitamente ao som da banda. Pela amostra dada neste “Crowcifix”, o próximo álbum do Desire tem tudo pra agradar em cheio apreciadores do mais melancólico e soturno metal. André Pires
[8] Neaera Omnicide - Creation Unleash Metal Blade
Lançado em Maio deste ano, “Omnicide Creation Unleash”, quarto álbum do quinteto de Münster, Alemanha, está repleto de notas brutais, rápidas e violentas. A banda faz a linha do Death Metal/Hardcore, e com Benny Hilleke, vocalizando, digamos “bem demoniacamente”, urra, berra e rasga o ar, transformando as músicas deste álbum num verdadeiro caldeirão de brutalidade. Com o baixo e guitarras harmoniosas, bateria que horas segue as paletadas ligeiras das cordas e um pedal duplo que deve ser bem dificultoso de se sustentar por longos períodos, promovem um coletivo sonoro que transita do rápido ao mosh. Na verdade, este álbum não chega a ser extremamente malvado, mas é um pouco diferente dos anteriores, com mais peso, porém bem animador, que promove uma alteração mental nada sentimental. Alguns podem achar o som um pouco clichê, mas é um clichê com qualidade. Cada trecho e notas foram bem produzidos e estão limpos e nítidos. A gravação está muito boa e bem detalhada. No geral todas as outras faixas são verdadeiras porradas. Diferente dos álbuns anteriores que possuem mais de 11 faixas, “Omnicide Creation Unleash”, compõe um repertório de 10 músicas que funcionam muito bem, sem serem repetitivas. Só peca em um aspecto: quase todas as músicas possuem mais de 4 minutos e isso pode cansar um pouco os ouvidos de alguns. Não querendo ser tendencioso, mas já sendo, Neaera possui um pouco da sonoridade de bandas como Job For A Cowboy e Lamb of God, chegando a criar um pouco de dúvida quanto a suas influências. É de se esperar que da Alemanha encontremos bandas muito boas e com sonoridade cada vez mais pesada, e como prova disso, Neaera, é mais uma banda que podemos dizer... sehr gut! Gláucio Oliveira
[3] Winterborn Farewell to Saints Massacre
É surpreendente a quantidade de materiais extremos que recebemos recentemente! E quando digo isso, não estou dizendo que foram vários CD’s super pesados ou que correspondam
ao termo “extremo” nesse sentido. Digo isso porque alguns dos materiais aqui encontrados foram feitos unicamente para fãs de determinado gênero, conforme fica nítido em “Farewell To Saints”, “novo” (ano passado fora lançado exclusivamente no Japão) e segundo full-lenght dos finlandeses Winterborn. A banda que iniciou tocando Hard Rock hoje se parece mais com o filho vindo de um caso mal resolvido entre o Metal melódico e a progressão. Por quê? Porque é muito, muito leve, limpo e piegas (bem mais do que muitas bandas “emo” tão criticadas pelos headbangers), com tentativas frustradas de criar uma aura progressiva - de fato, há a variação, mas a progressão não é executada, porque “andam” em círculos. Lembra-se de quando Angus Young disse que não tocava guitarra, mas fazia amor com ela? Pois é, além dele houve um outro grande guitarrista, o veterano albino Johnny Winter, que disse o seguinte: “Tocar é como fazer sexo! Quando se é jovem, acredita-se que basta ser rápido. Quando se envelhece, aprende-se que o grande lance é tocar cada nota no tempo certo”. São as lições que os rapazes finlandeses precisam aprender, visto que ficam literalmente a masturbar os intrumentos, deixando tudo soando mecânico e sem sentimento. Exemplos são desnecessários, pelo simples fato de todas as músicas esbarrarem nesses mesmos problemas. Se quiser conferir, é por sua conta e risco. Feito unicamente a quem não quer peso e agressividade, somente melodias em demasia! E até o mais ardente fã do estilo tende a escutar o disco uma ou duas vezes e voltar à rotina de Angra, Dream Theater, Stratovarius... Júlio Schwan
[3] The Autumn Offering Requiem Victory
Quarto álbum de estúdio da banda de Metalcore, The Autumn Offering. Devo ser muito honesto antes de qualquer coisa, apenas o primeiro álbum que lançaram, o “Revelations of the Unsung” (2004), me chamou - alguma - atenção. Após este, vieram mais dois, “Embrace the Gutter” e “Fear Will Cast No Shadow” (este último contou com uma troca de vocalista, que também participa de “Requiem”). O full-lenght que analiso é uma verdadeira piada. Instrumental clichê, total falta de direção para criatividade e, o pior de tudo (e nisso fizeram uma das maiores porcarias da história da banda), Matt McChesney acha que é Robb Flynn (vocalista do Machine Head) ou Matt Tuck (vocalista da Bullet For My Valentine). Que raios é isso? Alguma brincadeira? Por qual razão estão imitando estes dois grupos? É uma banda cover de vocal? Isso se chama perda de identidade, aliás, isso é algo que nunca tiveram mesmo. De qualquer forma, apenas com este “detalhe” o álbum não vale um centavo. Porém, ainda tentaram fazer uma desgraça ainda maior, criando solos genéricos, breakdowns que...(bom, nem vou complementar). O único ponto positivo é a habilidade instrumental que possuem (muito mal usada) e a produção também pode ser mencionada. Não há faixas a serem destacadas (levando em consideração o critério que utilizo). Porém, se mesmo assim você pouco se importar com o que foi dito, pode pegar sua cópia. É audível. Igor Lemos
[7] As You Drown Refelction Metal Blade
Vindos de Borås, Suécia, o quinteto As You Drown lança seu debut pela Metal Blade. Uma gravadora de grande porte, com bandas conceituais em seu time. O que esperar? Aparentemente, uma junção do antigo Death Metal, na linha do Cannibal Corpse, com uma nova roupagem, algo mais atualizado, além de (alguns) breaks, muito usados pelos grupos de Deathcore, o que não significa que esta banda entre neste último gênero. “Reflection” alcança pontos altos com o instrumental de bom nível que produziram, com riffs rápidos e pesados e uma bateria muito bem trabalhada. O vocal não foge do que é esperado para este estilo de música, não podendo ser considerado um destaque. O ponto negativo gira em torno de uma temática que é sinônimo de sobrevivência na contemporaneidade, o fator criatividade. Simplesmente nada do que for ouvido neste full-lenght poderá ser classificado como idiossincrático, ou seja, não há nada que possa ser visto como próprio da As You Drown, apenas recortes e recortes de materiais (de boa qualidade) já existentes. Porém, a pouca idade dos integrantes pode pesar neste sentido, visto que possuem potencial para um álbum superior a este. “Ruins and Dead Ends”, “Driven by Hatred” e “Swallow” são porradas que garantem a diversão dos menos exigentes com inovações e fazem valer uma audição. Em suma, são nove faixas bem produzidas, composições maduras, mas ainda faltando um tempero que os jogue adiante neste inferno de grupos que não conseguem ter algo único, o que é visto como ouro atualmente. O jeito é esperar. Igor Lemos
[8] Coalesce Ox Relapse
O Coalesce, banda de Kansas City, EUA, faz um Mathcore que, diferentemente da imensa maioria das bandas do estilo, não opta pelo ritmo desgovernado e muitas vezes desconexo de suas composições. Claro que passagens quebradas, viradas de tempo, e clima caótico estão todos presentes, mas o que diferencia é que a banda prefere cadenciar o som e opta por um clima Sludge, causado principalmente pelo baixão distorcido a lá Kyuss. O quarto álbum de estúdio, “Ox”, surge dez anos após lançar o ótimo “0:12 Revolution in Just Listening”. Nesse meio tempo, o único registro da banda foi em 2004, quando o álbum “Give Them Rope”, de 1998, foi remasterizado e relançado sob o nome de “Give Them Rope, She Said”. Minha dúvida era se o Coalesce, após tanto tempo sem gravar material inédito, manteria a mesma pegada. E o tempo fez bem a Sean Ingram. Seu vocal rouco, seco e potente, está melhor do que nunca, e casa perfeitamente com o som do quarteto. Logo de cara, “The Plot Against My Love” mostra a que não perderam a forma, sendo uma das melhores faixas do disco. De-
staque também para a excelente “The Purveyor Of Novelty And Nonsense”, que termina com uma tensa pegada de arrepiar, lembrando bons momentos do Neurosis. É nítida a inclusão de novos elementos no som do Coalesce. Alguns funcionam bem, como no vocal lisérgico em “The Comedian In Question”, em outros momentos causa estranhamento, como nas duas desnecessárias (ao menos curtas) faixas instrumentais, e no início country de “Ox Moan”. Mas, mesmo experimentando mais, o Coalesce não perdeu suas características e continua agressivo. Um grande retorno! André Pires
[8] Graves of Valor Salarian Gate Relapse
Originalmente batizada de “From Graves Of Valor” e tocando um som mediano, a banda oriunda da Carolina do Sul (terra do Nile) e criada por três ex-membros do Through The Eyes Of The Dead e mais dois rapazes, revigorou toda sua sonoridade e postura com “Salarian Gate”. Escancara-se a mudança logo nos primeiros acordes da primeira música - também faixatítulo -, onde o peso e a sujeira da produção apresentam uma sonoridade similar àquela utilizada por bandas mais antigas da Escola Death Metal americana, tais como Deicide e Cannibal Corpse. Em seguida, a estrutura das composições, então, eliminam as dúvidas sobre este álbum ter ou não relação com a agressiva capa: Sim! Ele tem. “To Breathe Blood” e sua mórbida introdução podem ser comparadas à visão de alguém na mira daquele cavaleiro: morte certa. Obviamente, como fica perceptível no decorrer da mesma canção, manteram alguns traços utilizados quando a banda ainda usava o “From” no nome - principalmente o vocal, embora o timbre está um pouco diferenciado. São características de bandas mais modernas, com as quais não vejo problema algum, embora devo falar que se o álbum fosse feito só delas, a capa seria ilusória e, por lógica, causaria repulsão ao ouvinte que o procurasse esperando um massacre sonoro. Retomando, eles vão criando uma atmosfera atraente durante todo o disco, tendo como destaques as rifferamas técnicas em “Suffocation of the Last King”, os solos de guitarras presentes em várias das faixas e um final matador com “No Gods Left”, muito resumidamente falando. Além disso, o conceito geral é muito interessante! Vai além das músicas, pois houve toda uma pesquisa sobre a Porta Salaria e seus diversos acontecimentos. Em decorrência disso, absorvem da história para retratar sonoramente uma cena de violência perpetrada por diversos tipos de poderes que dominaram o poder no mundo atual. Duas audições foram necessárias para mostrar o quanto os rapazes evoluíram desde seu primeiro EP! As músicas ficaram bem mais criativas, menos apelativas, bem pesadas e geralmente bem velozes! E quando cadenciadas, conforme fora apresentado acima, são domadas com maestria. Um bom sinal de que a gurizada lá dos EUA está expandido conhecimentos ao prestar tributos às bandas mais antigas e tradicionais do gênero. Em decorrência disso tudo, soam bem mais cativantes e quase nada monótonos (e monotônicos). Dê o play e aprecia o massacre! Julio Schwan
[7] Job For A Cowboy Ruination Metal Blade
Um nome estranho e uma abordagem sonora distinta fizeram os americanos do JFAC explodirem em 2005 após o lançamento do EP “Doom”. Considerado por muitos como mais um material do famigerado “Deathcore”, a realidade é que o trabalho do grupo já ia bem mais além (de “core” só os breaks monotônicos, pois a estrutura geral era de um Death progressivo sem traços genéricos), fator que não foi o suficiente para livrar a banda da perseguição dos tr00 headbangers que, em muitos casos, nem ouviam o material, apenas julgavam a banda pelo visual “franjinha no olho” e pronto. Não obstante a qualidade do EP, os caras decidiram mudar radicalmente. Tornaram-se adeptos de um Death Metal reto, sem breakdowns, com letras criticando a religião cristã e por aí vai. “Genesis”, de 2007, foi o álbum que marcou essa mudança. Mas não foi o suficiente, pois a banda estava bem imatura e despreparada para executar tal proposta com firmeza. Agora, finalmente, dá para dizer que alcançaram o tão almejado objetivo. “Ruination” mantém a mesma idéia de “Genesis”, todavia aprofunda-se bem mais. Musicalidade mais cativante, interpretações mais maléficas, uma precisão enorme, mais criatividade, temas mais macabros e uma produção ‘classe A’ fazem dele o disco que a banda, ou melhor, que Jonny Davy e Brent Riggs - os únicos membros originais - quiseram fazer antes e não conseguiram. O álbum abre com uma das melhores faixas: “Unfurling a Darkened Gospel”. Vorazmente veloz, (re)apresentando a síntese dos vocais rasgados e guturais, ainda com direito a solo de guitarra em dupla no seu clímax, a música é um excelente prólogo à porradaria desenfreada que se segue. “Summon the Hounds” vem na seqüência e não dá folga ao ouvinte. Sua “invocação” é realmente malevolente e faz-nos dar aquele sorriso à primeira audição, visto que é um belo modo de representar o título. “Regurgitated Desinformation” traz uma rifferama muito técnica, veloz e empolgante, sendo também um dos grandes destaques, ao lado de “Constitutional Masturbation” e sua memorável linha geral dos instrumentos (cativante e de fácil absorção). No mais, escute o avassalador e apocalíptico solo de “March To Global Enslavement” e preste atenção no final trabalhado e épico dado pela faixa-título - depois disso não haverá dúvida do quanto os moleques progrediram e caminham em direção a algo muito maior. Se manterem a intensidade deste melhoramento, o próximo álbum será um marco. “Ruination” é bom, inquestionavelmente melhor que seu antecessor, embora não seja excelente. Apesar da melhora, os rapazes precisam ter umas aulinhas de Suffocation, Deicide e Nile para soarem totalmente “do mal”, como pretendem. Julio Schwan
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ao vivo
Dr. Living Dead
DR. LIVING DEAD
Planet Music 17/07/09 Rio de Janeiro/RJ (Bra) Vindo da Suécia, o Dr. Living Dead fez o primeiro show da sua turnê brasileira, na cidade maravilhosa. Para completar o cast da noite, os locais, Confronto e Farscape; os potiguares da Lei do Cão; e o Bandana Revenge, de Resende (interior do Rio). Esta última teve a missão de fazer soarem os primeiros acordes da noite e os últimos de seu guitarrista, Fritz, que fez sua apresentação de despedida. A banda vem se apresentando com frequência no RJ. O público largou a apatia e foi pogar logo nos primeiros sons. Com seu Thrash totalmente influenciado por filmes B’s, a banda fez um bom show. No repertório, músicas como “Ídolos”, “Já me cansei de você” e “Ignorância”. O ponto alto foi o cover de “Necromancer”, do Sepultura. Na sequência, diretamente de Mossoró (RN), o Lei do Cão. Músicas para fãs de skate tubarão e filmes do Tarantino, como os próprios integrantes anunciaram. A banda veio para a turnê no Sudeste sem o seu guitarrista. O vocalista que também é ex-integrante da banda Catarro, acumulou as funções. Eles ganharam o público que
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armou o mosh pit desde o início. O set list foi composto por músicas próprias e um cover, “Couch Slouch” do DRI. Terceira banda da noite: Confronto. Só precisaram entrar em campo, matar a bola no peito e fazer o gol. Em casa, eles são reis. O show estava bastante cheio, o que me surpreendeu. Ultimamente o quorum dos shows no Rio não tem sido muito grande. Mérito da Revoluta Produções que organizou o evento e o divulgou muito bem. O Confronto dividiu águas no show. O público Hardcore em geral os adora. Mas muitos “Thashers True” não viam a hora do show dos caras terminar. A banda mudou o set list. As músicas continuam as mesmas dos últimos shows, mas eles trocaram à ordem. Tocaram os sons dos três álbuns em sequência. Essa ideia pareceu agradar o público, que acostumado a escutarem os CD’s já sabiam os sons que rolariam. Acredito que essa escolha tenha refletido na banda também que parecia se divertir mais do que o costume. Após o show do Confronto algumas pessoas foram embora. Mas o que mais se viu foram pessoas com jaquetas com inúmeros patchs costurados indo para frente do palco. Chegou a vez do Farscape mandar o seu Thrash Metal. Tocaram um cover do Exploited e fecharam o show com “Carrasco do Metal”, que foi bastante pedida durante a apresentação deles. Faltavam apenas os
gringos. E antes da banda subir no palco eu escutei a seguinte conversa: - “Cara, eu não consegui entrar no myspace dos caras para ouvir as músicas. Nem tô ligado nos sons.”- “O som deles é bom. Imagina um Municipal Waste menos pesado, mais rápido e mais divertido.” E o moleque estava certo. Eu acrescentaria um pouco de Slayer, Motorhead e Misfits também. Coloca tudo no liquidificador, bate e sai o Dr. Living Dead. Os caras têm um show bem ensaiado. Começaram com uma vinheta no melhor estilo “Dancing Days” e emendaram um Thrash bacana. Poderia ter sido melhor se o guitarrista conseguisse regular o seu instrumento de forma adequada, o som estava muito baixo. Os músicos tocam usando máscaras, pareciam o Esqueleto, aquele inimigo do He-Man, lembra? Cheguei a pensar que prejudicaria na hora de cantar, mas rolou tudo nos conformes. O vocalista estava muito animado e passou a vibração para o público. A galera se comportou de forma insana o show todo. Algumas pessoas inclusive estavam cantando as músicas. E digo: que coisa boa é a internet! Senão fosse ela ninguém estaria ali cantando os sons ou lendo esta resenha. Athos Moura Edição: Andréa Ariani Foto: Mauro Pimentel
Death Threat
Death Threat/ No Turning Back/ For The Glory/ Reality Slap Musicbox 22/06/09 Lisboa (Por)
O Music Box viveu no passado dia 22 de Junho, uma grande noite de Hardcore. Pela primeira vez em Portugal os Death Threat trouxeram até a sala lisboeta um número extenso de pessoas que praticamente encheram o recinto, acompanhados por uns cada vez mais imperdíveis No Turning Back e uma das principais forças do Hardcore nacional, For The Glory, todos estes lançados numa grande noite por outra banda nacional, os Reality Slap, cada vez mais um valor seguro do nosso Hardcore. Os Reality Slap continuam a cativar cada vez mais público e mostraram-nos uma banda cada vez mais segura de si. Um concerto naturalmente curto mas cheio de energia e movimento, com muita gente a cantar as músicas e com a demonstração clara que o hardcore nacional está bem vivo para todos nós. Uma actuação que certamente inspirou um resto de noite bem “quente” para quem esteve no Music Box. A próxima actuação dos Reality Slap é dia 18 de Julho em Cacilhas com Your Demise. Os For The Glory sobem ao palco e começa mais uma actuação de umas das melhores bandas portuguesas de Hardcore, liderados pelo King Kongas, um dos maiores responsáveis pelo evento, os
For The Glory são certamente das bandas que mais movimento e que mais stage dives proporcionam ao seu público. As músicas de “Drown in Blood” e “Survival of The Fittest” são cantadas de trás para a frente por toda a gente, um show fernético que demonstra bem a força da relação entre a banda e o público do Hardcore. For The Glory tocaram músicas como “Drown in Blood”, “To Your Place”, “Fall In Disgrace” ou “All Alone”. Os holandeses No Turning Back foram a banda seguinte, eles que confessam ter um gosto especial por Portugal e pelo nosso público adorando tocar pelas nossas salas de espetáculos. E nós agradecemos. No Turning Back começam a ter um elevado número de concertos em Portugal, e a verdade é que esses mesmos concertos têm sempre grande qualidade e uma atitude de referência. “Take Your Guilt” iniciou mais uma dessas actuações, tendo tocado ainda músicas como “Never Give Up”, “Watch Your Step”, “Do You Care”, “Same Sad Song” ou “Stronger”. Um grande concerto que fez tremer um Music Box cada vez mais cheio de gente, gente que demonstrou o porquê de No Turning Back querer ca voltar, e uma banda que nos mostrou o porquê de nós querermos que
eles cá voltem. E por fim, chegam os Death Threat, primeira actuação em Portugal da banda americana um pouco antes do lançamento do seu mais recente trabalho “Lost At Sea” que conta com 3 novas músicas e uma cover de Outburst. “Death At Birth” e “As One We Stand” foram as primeiras músicas que fizeram um Music Box com uma temperatura por si só muito elevada ficar ainda pior, muitos braços a rodar, muitos stage dives, muito movimento e a certeza que em cima do palco estava uma banda de uma qualidade extrema que se mantém verdadeira ao seu som há muitos anos e eleva o seu nome ao mais alto degrau no mundo Hardcore. “Last Dayz”, “Peace and Security” entre outras, fizeram a delicia dos presentes, que diga-se ca entre nós, já mereciamos Death Threat em Portugal. Mais um conjunto de concertos e um conjunto de pessoas que se juntaram numa segunda-feira a noite, de Lisboa, do Algarve, do Porto, de Viseu e até mesmo de Londres e sabe-se lá mais de onde, que demonstraram que o Hardcore em Portugal vive e está para durar. Paulo Duarte Fotos: Ivo Mendes
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ratos de porao Studio Rock Bar 28/06/09 Canoas/RS (Bra)
Domingo geralmente é aquele dia em que as pessoas já acordam pensando: “Droga! Amanhã tenho que acordar cedo e começar a rotina de novo...”. No dia 28 de Junho de 2009, em contrapartida, a situação fora completamente distinta. As pessoas que compareceriam ao espetáculo proporcionado pelo coletivo B.I.L. (Bandas Independentes Locais), de Canoas, certamente pensaram algo como: “É hoje!” - desejando com ansiedade o fato de as horas passarem para trazer a noite. É a única conclusão a que consigo chegar após observar tudo que ocorreu naquela noite, de fato, e relembrar neste exato momento. A festa fora iniciada pela banda Nunca Mais!, tocando seu som veloz, empolgante e energético. Em decorrência disso, não tardou para a galera iniciar
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as rodinhas, agitar junto no palco e cantar algumas músicas. Este clima positivo foi mantido nas duas apresentações seguintes, das bandas ICH e The Efficients - as quais não deixaram dúvida de quanto a cena Hardcore gaúcha está forte. Antes mesmo de o show mais esperado da noite iniciar, a galera já lotava as imediações do maior palco da casa. Logo o show começou e depois disso... Depois disso é a história! Muita agitação, muitos stage-dives, muita gente insandecida dando um jeito de subir no palco para cantar algum trecho de um clássico como “Agressão/Repressão”, “Expresso da Escravidão”, “Crucificados pelo Sistema” e até “John Travolta”. Não foi só isso: alguns subiam e ficavam lá curtindo ao máximo, até serem jogados para baixo. O que mais me surpreendeu, porém, foi a proeza de um certo rapaz: subiu, cantou junto, abraçou o João e deu literalmente um salto mortal em direção às mãos erguidas da galera que provavelmente nem o via também não o vi depois disso, mas acredito
que tenha sobrevivido, já que não apareceu nenhuma ambulância. A banda Ratos de Porão mostrou-se, além de ótima no palco, muito humilde e carismática. Antes mesmo da apresentação os músicos já transitavam entre o público, conversando, tirando fotos e realizando demais atividades. Antes, durante e depois do show agradeceram pela oportunidade de comparecer pela primeira vez a Canoas, vibravam junto com o público e até perguntaram quem estava no show de 1993 em POA, numa clara alusão ao fato de que se lembram com carinho até hoje, entre diversos outros atos memoráveis. Ao final de tudo, todos pareciam se retirar da casa dominados por um certo sentimento: satisfação! Satisfação por estar com os amigos, por viver e respirar a música, por mostrar a força da união, por apreciar um show matador de um dos maiores nomes do som pesado nacional, por uma série de coisas que não cabem em uma mera resenha! No mais, entre tantas certeza predomina uma: memorável esse dia. Julio Schwan
zander
Drinkeria Maldita Copa 04/07/09 Rio de Janeiro/RJ (Bra) “Já faz algum tempo” é o nome do novo EP do Zander. Combina bem já que a banda passou um período sem tocar ao vivo para produzir esse novo trabalho. E após dois meses fora dos palcos, o grupo fez o lançamento no último dia 4 de Julho, na Drinkeria Maldita Copa, no Rio de Janeiro. Assim que os músicos começaram a se ajeitar com seus instrumentos, o público presente, um bom público por sinal, foi se aglomerando na frente do palco. Na abertura, “Do The Shindo” que foi lançada recentemente na coletânea do estúdio SuperFuzz, que reuniu algumas das bandas que ensaiaram, gravaram ou produziram algum material nos últimos meses, no estúdio carioca. A primeira parte do show seguiu com canções que estão no novo EP. Duas delas, “Senso” e “Dub”, apesar do pouco tempo de lançamento via myspace, foram cantadas por grande parte do público. Para fechar o primeiro bloco, as já conhecidas “Dezesseis” e “Pólvora”. “Pegue a Senha e aguarde”, outra das novas, o vocal Gabriel Zander dedicou para todos que fazem o que gostam há tanto tempo, assim como eles. A música destoa um pouco das demais do grupo; é um Hardcore rápido e pesado. Em seguida tocaram “Battlefield” e para surpresa de todos, Phil puxa na guitarra e começa a cantar a música “Water”, de sua finada banda, Reffer. “Dialeto” fechou o bloco. “Outro Dia Mais”, abriu a última sequência e Gabriel ofereceu para sua mãe, que foi ao local vê-lo. “Depois da Enchente” contou com a participação do público que cantou em uníssono o refrão. Para concluir, “Ponte Aérea” e “Como Arde, Sô”, e duas do primeiro EP “Em Construção” (faixa título) e “Ar”. O show foi muito bem executado e o novo setlist da banda pelo visto foi montado com muito cuidado. As músicas novas e antigas conversaram perfeitamente durante o show. O público não perdeu a atenção na apresentação do grupo um segundo sequer. Agora é esperar o Zander passar por sua cidade e assistir ao show deles com seus próprios olhos. Athos Moura Edição: Andréa Ariani Fotos: Fernando Schlaepfer/Flickr Maldita Copa hornsup #8
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Lamb of God
Metallica
Mastodon
Slipknot
Ramp
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Optimus Alive 2009
Passeio Marítimo de Algés 09/07/09 Oeiras (Por) Um cartaz de luxo levou cerca de 40.000 pessoas ao passeio marítimo de Algés em Oeiras, para acompanhar o dia do “Metal” no festival Optimus Alive. Só não percebi bem porque colocar grandes bandas de Metal no palco principal e DJs e outras bandas nada a ver nos outros dois palcos, ao invés de fazer um dia realmente dedicado ao peso. Uma pessoa que paga 50 euros para ver Metallica e afins deveria ter mais opções, não? A solução pela maioria do público foi, infelizmente, ignorar os outros palcos, afinal, quem tem Ramp, Mastodon, Lamb of God, Machine Head, Slipknot e Metallica está minimamente bem servido. Os únicos representantes portugueses no palco principal, o Ramp, vem divulgar o seu novo registro, “Visions”, e já abrem com “Blind Enchantment” que também é a primeira música do álbum. Esses veteranos já tem bagagem suficiente para encarar um festival desse porte com naturalidade, por isso comportam-se bem, sem tropeços. O tempo reduzido em palco faz com que deixem as músicas mais calmas de lado e avancem com as agressivas “How” e “The Cold”. Abriram o festival mostrando que o Ramp está vivo e tem muito gás para queimar. Como toda boa banda de culto, o Mastodon conta com a fidelidade e devoção dos seus seguidores. E lá estavam todos eles, ansiosos para ouvir algumas músicas do novo álbum, “Crack The Skye”, e foi o que receberam. “Oblivion” inicia a jornada extracorporal coletiva. A sonoridade viajante não pôde ser aproveitada no seu máximo nessa apresentação, pois o som e o vento não cooperaram muito, mas isso não parecia incomodar os presentes que agitavam ao som de “Wolf is Loose” e “Blood & Thunder”. Brann Dailor, Troy Sanders e Brent Hinds dividem as vozes criando uma dinâmica muito interessante de se ver ao vivo (detalhe da imagem de Randy Rhoads no bumbo do Brann). A prestação do Mastodon teve energia suficiente para contentar qualquer apreciador, apesar de deixar um desejo de revê-lo indoor com um som impecável. Encerraram em grande estilo com a “velhinha” “March of the Fire Ants”. A grande novidade desse festival foi o Lamb of God que fez a sua estréia em Portugal. Randy Blythe & cia iniciam com as 3 primeiras faixas de “Wrath”, o mais recente álbum. “The Passing” foi a introdução para a devastação que se seguiu com “In Your Words” e o single “Set to Fail”. O som, mais uma vez, não estava dos melhores, não sei se foi por conta das duas muralhas de amplificadores que a banda colocou no palco, mas a verdade é que não se ouvia com clareza os instrumentos e a voz de Randy estava baixa no início da apresentação. Mais uma vez isso não foi pretexto para desmotivar a audiência. Os circle pits se espalhavam ao som the “Walk With Me In Hell”, “Ruin” e “Laid to Rest”. Guardaram o melhor para o final, aonde quase botaram a casa abaixo com “Redneck” e “Black Label” com direto a Wall of Death. Uma grande estréia do Lamb of God em Portugal. Quem já teve o prazer de ver o Machine Head sabe que dão o melhor em cada show e esse não foi exceção. Mesmo tendo lançado o álbum “The Blackening” em 2007, mantém a abertura do espetáculo como na turnê de “Through the Ashes of
Empires” de 2003, ou seja arrancam com “Imperium” e todos já sabem, quando Rob Flynn diz “Hear me now!” começa o caos. “Old” colocar os milhares de espectadores para pular, enquanto “Struck A Nerve” cria circle pits gigantescos na multidão. Um momento interessante é quando a mãe do guitarrista Phil Demmel sobe ao palco a convite de Rob Flynn. Ela é portuguesa mas nunca tinha voltado ao seu país de origem. Deu um tchazinho, recebeu uma salva de palmas e foi embora. Depois desse interlúdio, foi a hora de todos cantarem “Halo” em uníssono e encerrarem a apresentação com a poderosa “Davidian”. Já faziam 5 anos que o Slipknot não retornava a Portugal (a última vez foi no Rock In Rio Lisboa de 2004), portanto era natural a expectativa pela apresentação dos nove mascarados de Iowa. Como estão comemorando os 10 anos de lançamento do álbum “Slipknot”, presenteram o pessoal com várias faixas desse álbum. Logo de cara foram 4 na sequência: a intro com “742617000027”, depois “(sic)”, “Eyeless” e “Wait and Bleed”. O percussionista Chris Fehn não compareceu pois teve que voltar aos Estados Unidos devido a morte de um familiar. As músicas do novo álbum “All Hope is Gone” tem boa resposta, pois o público sabe as letras, mas a nível de agitação deixa a desejar. Os pontos altos da apresentação é o coro incrível no início de “Duality”, o solo de bateria acrobático de Joey Jordison e o ritual de mandar o pessoal se sentar no chão em “Spit It Out”, música que encerrou a apresentação. O cansaço físico não era aparente e todos presentes pareciam prontos para ter suas 2 horas de Metallica no palco. O som de “The Ecstasy Of Gold” (Ennio Morricone) acompanhado pelo vídeo do clássico “The Good, The Bad and The Ugly” serviram como introdução, pra a largada em grande estilo com “Blackened”. Desde o princípio a público teve contato com um James Hetfield simpático e visivelmente contente por estar ali. A setlist foi um passeio pelo melhor já feito pela banda, sendo assim os álbuns “Load”, “Reload” e “St. Anger” foram ignorados, literalmente. As músicas do novo álbum, “Death Magnetic”, são visivelmente menos celebradas, sendo que algumas resultam melhor ao vivo que outras. “All Nightmare Long” e “Broken, Beat And Scarred” são bem-vindas, já “Cyanide” não compreendo porque insistem em tocar. Conjuram bem os momentos mais calmos como “One” (com direito a explosões no palco), “The Day That Never Comes” e “Nothing Else Matters” com as porradas Thrash Metal old school “Leper Messiah”, “Master Of Puppets” e “Fight fire With Fire”. Encerraram a primeira parte com seu maior hit, “Enter Sandman”. No encore tocaram sua cover mais famosa, “Die, Die My Darling” e fazeram uma viagem à 26 anos atrás, terminando a apresentação com “Whiplash” e “Seek and Destroy”, saídas do álbum de estreia, “Kill’Em All” de 1983. Esse grande cartaz é o segredo do sucesso desse dia do festival Optimus Alive 2009. Como dito anteriomente, o único ponto fraco é a falta de coerência entre o palco principal e os demais palcos, pois era terrivelmente chato para um fã do Slipknot ir ao outro palco e ver Klaxons. Das duas uma, ou abaixam os preços ou proporcionem uma experiência mais completa à audiência. Que tal um dia só de Metal ano que vem, hein? Matheus Moura Fotos: Cátia Rodrigues
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Hatebreed
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Espaço Lux 26/07/09 São Bernardo do Campo/SP (Bra) Mais um fim de tarde cinzento e nublado em São Paulo em shows da Liberation. A garoa e o tempo frio já é rotina para quem vai aos shows do selo. Porém, para os amantes do hardcore, nem a chuva, nem a distância poderiam impedir a tão aguardada apresentação do Hatebreed no Brasil. O dia 26 de Julho de 2009 estava reservado para isso. A última passagem do Hatebreed pelo continente sul-americano foi em 2005, numa tour ao lado do Agnostic Front. Esses quatro anos que se passaram serviram para solidificar de vez o nome da banda como uma das maiores do hardcore/metal no mundo nesta década. Nos dois dias anteriores a banda já havia destruído Santiago, no Chile e Buenos Aires, na Argentina. Assim como no show do As I Lay Dying, o Espaço Lux, em São Bernardo do Campo, foi o lugar escolhido para a batalha. Apesar de ser distante até para quem mora na capital, o local se mostrou novamente a melhor opção para um show desse porte. Devido a atrasos (já que moro no interior de São Paulo e a distância e a dependência de transporte são fatores que contribuem ainda mais para isso), não pude conferir a primeira banda de abertura da noite, o Clearview, que está em turnê de divulgação do álbum “Love It Or Leave It”. Quando entrei no Espaço Lux, o Endrah já se preparava para despejar brutalidade aos presentes. Tocando faixas de seu álbum autointitulado de 2006 e algumas músicas novas, o grupo, liderado pelo baterista Fernando Schaefer e contando agora com o novo vocalista Lincoln (que substitui o gringo Ryan “Relentless” Raes) não deixou ninguém indiferente e destruiu tudo, criando uma verdadeira parede sonora, graças principalmente à violenta bateria de Fernandão, que chamou o público para a
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‘porrada com respeito e amizade’ no moshpit. Faixas como “61 Rounds”, “Turns Blue” e “The Emetic Manifesto” serviram de aquecimento para o prato principal da noite. Antes das cortinas se abrirem a Liberation anunciou seu pacote de shows para o restante de 2009. Além dos já confirmados Walls Of Jericho e a tour conjunta de Agnostic Front e Madball, foram divulgadas oficialmente as tours do Killswitch Engage em Outubro e a volta do The Black Dahlia Murder em Dezembro. Os organizadores do show também pediram ao público que evitassem os famosos stage-dives por determinação da casa e em respeito aos músicos e instrumentos, porém, o pedido foi completamente ignorado logo a partir dos primeiros sons. Enfim, Hatebreed e o início da devastação. O amplo palco do Espaço Lux trazia ao fundo uma imensa bandeira com as inscrições da banda. Comandados pelo vocalista Jamey Jasta, adentraram ao palco Matt Byrne na bateria, a dupla de guitarristas Frank ‘3 Gun’ Novinec e Wayne Lozinak e o baixista Chris Beattie. E a banda não poupou os fãs. De cara começaram quebrando tudo com “Doomsayer”, para depois emendarem “Never Let It Die”, do mais recente álbum de inéditas “Supremacy”. Jasta perguntava “Will we let it die?” e o público respondia em uma só voz “Never!”. De arrepiar. Passado o baque dos primeiros sons, o Espaço Lux foi tomado de assalto. Um imenso mosh pit se abriu, o pessoal da frente cantava e os stage dives se tornaram incessantes. Tirando um ou outro infeliz que teimava em aparecer lá em cima (chegaram até a tirar foto ao lado de Jamey Jasta cantando e tentaram até uma bitoca do baixisa Chris Beattie), os stages só enriqueceram o show. Pra não deixar ninguém parado, vieram com “Perseverance” e a old-school “Before Dishonor”. A brutalidade seguiu com “Defeatist”, “Beholder Of Justice” e “Proven”, e o recinto virou um caldeirão. O circle pit se abriu ao som de “Thirsty And Miserable”, cover do Black Flag, que está presente no mais novo álbum da banda, o disco de covers “For The
Lions”. Numa seqüência de tirar o fôlego e sem maiores firulas tivemos “To The Threshold”, “A Call For Blood”, “Last Breath” e “Tear It Down”, música que abre o álbum “The Rise Of Brutality”. O mosh era violento, porém sem desavenças. A casa dava até a impressão de estar algo vazia em alguns momentos, devido à dimensão do lugar. O fato é que estávamos diante de um barril de pólvora prestes a explodir ao som do Hatebreed. “Empty Promises” (dedicada às bandas de abertura), “Divine Judgement” e “Smash Your Enemies” seguiram na mesma toada, esbanjando energia. Espaço para mais um cover, dessa vez “Ghosts Of War”, do Slayer, e o circo pegou fogo. Destaque para o solo de Wayne Lozinak e Jasta, que provou porque é uma das figuras mais celebradas do hardcore na atualidade, mandando toda a galera se movimentar, formando um dos maiores circle pits da noite. O set não podia parar e a banda não decepcionou. Não faltaram músicas e tinha pra todos os gostos, de todos os álbuns: “This Is Now”, “As Diehard As They Come”, “Hollow Ground”, “The Most Truth”, “Straight To Your Face” e, por fim, “Live For This”. As luzes se apagam, mas só por alguns instantes. O ‘gran finale’ ainda estava por vir. Para dar o golpe de misericórdia, o Hatebreed convidou todos para cantarem “Destroy Everything” e encerraram com a música que marcou a carreira da banda, “I Will Be Heard”. O público ainda pediu em coro o cover de “Refuse/Resist”, do Sepultura, mas esse pedido o Hatebreed não pôde atender. Esperamos que a banda não demore outros 4 anos para voltar. Quem não compareceu em 2005 e viu a banda pela primeira vez, se impressionou. Quem havia presenciado a banda em sua primeira passagem, disseram que estavam ainda mais brutais. O setlist foi extenso, mas nem um pouco cansativo e tivemos o privilégio de ver a banda em sua melhor forma, como uma das mais importantes do hardcore da atualidade. O Hatebreed destruiu tudo no Brasil. André Henrique Franco Foto: Michele Mamede
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