HORNSUP Nº7

Page 1

q

52 resenhas de CDs

q

12 entrevistas

q

7 resenhas de shows

nยบ7 - Junho/Julho 09

www.hornsup.net

entrevistas:

HATESPHERE ramp

Dollar llama project 46 anomally unlife Eu serei a hiena razor of occam jeffrey dahmer malefice hornsup #7

1

ao vivo: Opeth c walls of jericho c confronto c heaven & hell c caliban c Sepultura/angra


2

hornsup #2


hornsup #2

3



20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

16 índice Editorial Ganhe! ´ Noticias ~ PT saudacoes Old school agenda sangue novo REC Artwork top 5 metalsplash

6 6 7 7 9 10 12 14 14 15 15

Chimaira The devil wears prada Hatesphere Ramp dollar llama Project 46 Anomally unlife eu serei a hiena razor of occam jeffrey dahmer malefice

16 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

Resenhas Ao vivo

42 52 hornsup #7

5


Editorial Edit torial Built To Last Nº7 • Junho/Julho 2009

Editor-chefe Matheus Moura

Colaboradores nesta edição André Henrique Franco, Andréa Ariani, Gláucio Oliveira, Hélio Azem, Igor Lemos, Italo Lemos, João Henrique, Julio Schwan, Paulo Duarte, Paulo Vitor, PT

Fotos Cátia Rodrigues, DVision Images, Eduardo Guimarães, Gorrdie Bell, M.D.M., Marcos Bacon, Maurício Santana, Michele Mamede, Renato Lorenzetto, Rita Gonçalves, Rodrigo Bertolino, Taiz Dering

Design, Paginação, Webdesign Matheus Moura

Revisão Igor Lemos

Publicidade/Contato

Primeiro aniversário da revista HORNSUP. Passou rápido, não foi? Não é preciso nos dar os parabéns (mas podem enviar presentes pelo correio), nem congratulações. Transmita o seu contentamento com o nosso aniversário divulgando a revista para os seus amigos, pois agora, a HORNSUP está consolidada e precisamos do apoio dos nossos leitores para nos mantermos por aqui por mais uns anos. Acredito que estejamos prontos para dar um salto (para o papel?), e para isso precisamos “aparecer” mais. Sabemos que o nosso público-alvo não é dos maiores, mas precisamos chegar a todos. Com a sua ajuda, pretendemos ir mais longe, agregar mais “HORNERS” a nossa legião e seguir sempre em frente. No futuro próximo teremos um novo site, com novo design e algumas mudanças. Também pretendemos incluir algumas novas seções aqui na revista. Aguardem e confiram. O caras do Immortal nos mandaram (ou não) esse cartãozinho queriduxo aí, não são fofos? xoxo Matheus Moura

Sorteio: 30 de Julho de 2009

huinfo@hornsup.net

Website www.hornsup.net

Myspace

Para concorrer às promoções visite www.hornsup.net e saiba com se inscrever.

Gan Ganhe! nhe!

www.myspace.com/hornsupmag

Envio de material Portugal/Europa HORNSUP Att: Matheus Moura Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal

A HORNSUP nº 7 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:

Brasil Paulo Vitor Macêdo Rua Joaquim Gois, nº 88, Edifício Mansão Drummond, Apartamento 102 - 13 de Julho Aracaju/SE - Brasil CEP: 49020-130

Uma (1) T-shirt do Ekoa www.myspace.com/bandaekoa

Igor Lins Lemos Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603 Torre - Recife/PE - Brasil CEP: 50710-140

HORNSUP Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal

Uma (1) T-shirt “Survival Sign” do Project 46 www.myspace.com/project46brazil

Procura-se Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de nossa equipe, envie um e-mail para huinfo@hornsup.net e mostre do que é capaz!

6

hornsup #7

Dois (2) CDs “Under The Hurricane” do Dollar Llama www.myspace.com/dollarllama

Vencedores das promoções HORNSUP #6 - Hellbreath: Nina Pontes (Rio de Janeiro/RJ) / Eu Serei a Hiena: Monica Ciconello (Sorocaba/SP) / A Trigger To Forget: Christiano de Medeiros Seabra (Itapetininga/SP), Ronaldo Luiz Pinto (Santos/SP)


not notícias tíc cias

por André Henrique Franco

~

ILL NInO Sete capitais na rota

Tempos de crise Eu até achei que fosse algo pessoal, mas a suspeita passou logo. A montanha de novidades na minha vida - em casa e no trabalho - tem roubado muito do pouco tempo que eu dispunha para mergulhar no glamoroso universo HC. Concluí, então, que o marasmo que toma conta da cena era impressão minha, que estou distante. Não é. Vivemos, claramente, uma entressafra. De shows, de CDs, de sacadas. De tudo.

Foram confirmadas sete datas no Brasil e uma na Argentina para a passagem do Ill Niño pela América do Sul durante o mês de Junho. A tour ainda terá o rapper americano Hyro Da Hero e as bandas Skin Culture (Brasil) e Skinlab (USA). A vinda da banda ao continente sul-americano faz parte da tour “Project Independent”. Confira abaixo todas as datas:

com facas enquanto estacionava seu carro. Jeff tentou fugir, foi agredido e sofreu um pequeno ferimento na cabeça. No total, 3.000 dólares em dinheiro e 4.320 dólares em material foram levados. Segundo notícias, os assaltantes ainda não foram presos e a banda não fez nenhum comentário sobre o incidente.

10 de Junho - Brasília, Brasil - Mercado Alternativo 11 de Junho - Goiânia, Brasil - Club Jao 13 de Junho - Rio de Janeiro, Brasil – Canecão 14 de Junho - Recife, Brasil - Clube Português do Recife 18 de Junho - Belo Horizonte, Brasil - Music Hall 19 de Junho - Vitória, Brasil – Ilhacústico 20 de Junho - São Paulo, Brasil - Espaço Lux 24 de Junho - Buenos Aires, Argentina - Teatro Flores

LINKIN PARK

AUGUST BURNS RED Constelações em Julho “Constellations”, o terceiro álbum do August Burns Red, será lançado dia 14 de Julho pela Solid State Records. As gravações terminaram no final de Março sob os cuidados do produtor Jason Suecof (All That Remains, God Forbid, Trivium). O tema visual de “Constellations” está relacionado à fascinação da banda pela espiritualidade e pelo destino.

PEARL JAM Baixista assaltado Na noite do último dia 27 de Abril, Jeff Ament, baixista do Pearl Jam, foi vítima de um violento assalto quando chegava ao estúdio Southern Tracks Recording, em Atlanta, onde a banda está gravando seu nono álbum de estúdio juntamente com o produtor Brendan O’Brien. Jeff, que estava acompanhado de um empregado da banda, foi atacado por 3 homens com máscaras, luvas e armados

A nova transformação Acessando o site oficial do Linkin Park (www. linkinpark.com) pode ser escutado o novo single da banda, “New Divide”, que será o tema do filme “Transformers: Revenge of The Fallen”. A faixa está disponível no iTunes e fará parte do álbum com a soundtrack do filme, que chegará as lojas em 23 de Junho.

SUICIDE SILENCE Sem tempo para suicídios O novo álbum do Suicide Silence já tem data marcada para lançamento. “No Time To Bleed” é como se chamará o registro, que está previsto para sair em 30 de Junho pela Century Media. O disco foi produzido pelo aclamado produtor Machine (Lamb Of God). O Suicide Silence recentemente terminou sua participação na “Music As A Weapon Tour”, tocando ao lado de Disturbed, Killswitch Engage, Lacuna Coil e Chimaira, entre outros.

KILLSWITCH ENGAGE Auto intitulados O Killswitch Engage escolheu por auto-intitular seu próximo álbum e também anunciou a data oficial de seu lançamento. O disco sairá em 30 de Junho pela Roadrunner Records e foi co-produzido por Brendan O’Brien (AC/DC, Rage Against The Machine) e pelo guitarrista da banda Adam Dutkiewicz.

Há quanto tempo não sai um CD bom? Alguém se lembra de algo marcante depois do “Legacy”, do Madball, o “Death to Tyrants”, do SOIA, ou o “Our Darkest Days”, do Ignite? Lembra? Em 2004, 2005 e 2006, o Metalcore alcançou o ápice e os cardeais da velha guarda voltaram com tudo. Lançaram seu melhores discos em anos. Eu morava em Nova York nesta época e cansei de perder viagem ao arriscar ir comprar ingresso na porta de show. Tudo sold out. Quando passava férias aqui, sentia a mesma empolgação com o período: Jabaquara lotado com um Libfest atrás do outro, Artery Fest, Kool Metal, Verdurada... Qualquer show furreca dos meus irmãos do Paura ou do Fim do Silêncio lotava sem precisar de divulgação. Ou seja, não se tratava de algo localizado. Era abrangente. Em 2007, o ânimo decaiu. Lá e cá. As turnês miaram nos EUA. Alguma lembrança de shows fantásticos por aqui em 2008? Ou foi aquele “putz, foi legal pra caralho” mais por falta de alternativa, hábito ou memória do que, de fato, é um show bom? Ok, o Bad Brains vale. É a exceção que confirma a regra. Dois alentos. Primeiro: a esta altura do campeonato, já me acostumei com ventos assim. Depois dos anos NYHC, SxE, Krishnacore e tal, veio uma maré de New Metal arrebatadora no começo dos 2000. Mar flat total, em que a coisa mais legal que apareceu foi o Deftones. Vejam a situação de escassez... Com o tempo, os bons voltaram à forma e o triênio 2004/2005/2006 foi o que foi. Segundo alento: tem uma porrada de show bom por aqui no horizonte -- Madball, Agnostic Front, Hatebreed etc. Que os CDs sigam este rumo e que estejamos prestes a revisitar o passado recente. pt saudações

hornsup #7 7

7


Tesouros do

not notícias tíc cias JOB FOR A COWBOY A ruína de um vaqueiro

Fã nº1 do Slayer www.youtube.com/watch?v=tLDhISoln64 O Job For a Cowboy já terminou os trabalhos em seu novo álbum, “Ruination”, que será lançado em Julho pela Metal Blade Records. As gravações aconteceram no Audio-Hammer Studios, na Flórida, com produção de Jason Suecof (The Black Dahlia Murder, Devildriver, Trivium) e mixagem de Fredrik Nordstrom (At The Gates, Opeth, In Flames, Arch Enemy). “Ruination” será o sucessor de “Gênesis”, lançado pela banda em 2007.

WTF? www.youtube.com/watch?v=TJahv0c_cJY

BLESS THE FALL

15 de Agosto (sabado) - Bogota, Colômbia 16 de Agosto (domingo) - Lima, Peru 19 de Agosto (quarta) - Buenos Aires, Argentina 20 de Agosto (quinta) - Santhiago, Chile 21 de Agosto (sexta) – Campinas, Brasil 22 de Agosto (sabado) – Curitiba, Brasil 23 de Agosto (domingo) – São Paulo, Brasil

HEAVEN SHALL BURN Heróis da resistência

Wando Mustaine www.youtube.com/watch?v=4QP4cnok1Pc

8

hornsup #7

Imortais O Throwdown se encontra em estúdio gravando material para seu novo álbum, “Deathless”, que deverá ser lançado ainda em 2009 pela E1 Music. Esse próximo álbum não terá a participação do baterista Ben Dussault, que gravou os dois últimos registros da banda e assumiu as baquetas do Madball. Em seu lugar volta o baterista Jarrod Alexander (exDeath By Stereo), que havia gravado o álbum “Haymaker”, de 2003.

A benção sul-americana A Liberation Music Company anunciou oficialmente a vinda do Bless The Fall à América do Sul. A banda fará uma série de shows, que passarão por Colômbia, Peru, Argentina, Chile e Brasil durante o mês de Agosto. Há três datas confirmadas para o Brasil: dia 21, em Campinas no Hammer Rock Bar, dia 22, em Curitiba, no Hangar Bar e, encerrando a tour, dia 23, em São Paulo, no Inferno Club.

Como não fazer stage diving www.youtube.com/watch?v=Nr4zEd__wjo

THROWDOWN

Foi lançado em 25 de Maio na Europa o primeiro DVD do Heaven Shall Burn, intitulado “Bildersturm – Iconoclast II (The Visual Resistance)”. O DVD saiu pela Century Media Records e deve ser lançado nos Estados Unidos em 11 de Agosto. O box em versão completa terá 2 DVDs e um CD ao vivo. O primeiro DVD, chamado de “Joel”, conta com o show ao vivo da banda no Summer Breeze Festival 2008, o documentário “Leitmotiv” e todos os clipes da banda. O segundo DVD, “Amarthius”, terá o show completo do Heaven Shall Burn em Viena (gravado no dia 12/09/2008) mais bônus extras. Já o CD ao vivo “Decade Of Expression” incluirá 15 faixas ao vivo de ambos os shows do DVD.

IWRESTLEDABEARONCE Debutando na praça O Iwrestledabearonce está prestes a lançar o primeiro full-length de sua carreira. A banda, que lançou um EP auto-intitulado em 2007, definiu o dia 2 de Junho como a data de lançamento do novo registro, que se chamará “It’s All Happening” e sairá pela Century Media Records.

ALEXISONFIRE Cardinals on fire O novo álbum do Alexisonfire, “Old Crows / Young Cardinals”, será lançado em 23 de Junho pela Vagrant Records nos Estados Unidos. A banda recentemente selou um acordo com a Roadrunner Records para o lançamento de seu novo disco na Europa e no Japão. “Old Crows / Young Cardinals” teve produção a cargo de Julius “Juice” Butty (Protest The Hero, City And Colour).

OTEP Vitória contras as máquinas O Otep chegou a um acordo com a Victory Records para o lançamento de seu quarto álbum de estúdio. O disco, que recebeu o título de “Smash The Control Machine”, deverá sair em 18 de Agosto pela gravadora.


not notícias tíc cias FEAR FACTORY A máquina está de volta O Fear Factory está de volta em nova versão. Dino Cazares (guitarra) e Burton C. Bell (vocal) voltam a se reunir e se juntam ao baixista Byron Strod (que tocou nos dois últimos álbuns do Fear Factory, além de fazer turnês e gravar com o Strapping Young Lad e Zimmers Hole). Para completar o grupo, foi recrutado o legendário baterista Gene Hoglan (Dethklok, Strapping Young Lad, Dark Angel, Death, Testament). A banda já tem diversos shows marcados e também a previsão de lançamento de um novo álbum. Estacionado desde 2005, o Fear Factory retornou após o reencontro de Dino e Burton durante um show do Ministry nos Estados Unidos. Dino Cazares havia deixado a banda em 2002, após Burton C. Bell declarar que nunca mais gostaria de tocar ao seu lado.

SUFFOCATION Jura de sangue Está previsto para sair em 3 de Julho na Europa e em 14 de Julho na América do Norte, via Nuclear Blast, o novo álbum do Suffocation, “Blood Oath”. A banda entrou em estúdio no dia 31 de Janeiro para iniciar as gravações

Abre aspas... do novo registro ao lado de Joe Cincotta (que trabalhou nos dois álbuns anteriores da banda). A mixagem ficou por conta de Zack Ohren (All Shall Perish, Decrepit Birth) e o artwork teve a assinatura de Jon Zig (Deeds Of Flesh, Disgorge, Gorgasm).

PROTEST THE HERO Fortaleza canadense A banda canadense Protest The Hero pretende lançar no dia 14 de Julho um CD/ DVD ao vivo que deve sair pela Underground Operations / Universal Music Canada e pela Vagrant Records nos Estados Unidos. O registro irá conter um show da banda no Sound Academy em Toronto (Canadá) no dia 18 de Dezembro de 2008.

SLIPKNOT Pintura sangrenta Uma parceria recente feita por Joey Jordison com a Pro-Mark traz uma nova linha de baquetas personalizadas do baterista do Slipknot. Por consideração à marca, Joey fez questão de misturar seu sangue à tinta que seria usada na pintura das baquetas. No Youtube é possível assistir a um vídeo que mostra todo o processo.

“Eu nunca me interessei em ser um Rock Star. Eu queria ser o Boris Karloff.” Gene Simmons (Kiss)

Old School Morbid Angel, Napalm Death e Nausea. O que essas bandas têm em comum, além de serem clássicas e influentes até hoje? Têm que os “núcleos” delas já estiveram reunidos antes. Estamos falando de Pete Sandoval, David Vincent, Jesse Pintado e Oscar Garcia, nomes que dispensam explicações para quem tem um mínimo conhecimento de Metal pesado e Grindcore. Esses caras formaram o Terrorizer em 1986, na Califórnia, e podem ser considerados como a banda que fez a mistura mais perfeita entre Death Metal e Grindcore - até os dias de hoje, sem dúvida - em decorrência desta pérola lançada em 1989, “World Downfall”. O álbum foi muito avançado para sua época de lançamento. A banda tinha aquela proposta Grindcore, com músicas velozes e dotadas de um enorme protesto político/social, tudo feito de um modo bem subversivo, com exceção para a gravação e a composição das músicas. Na contramão das bandas Grind que faziam tudo uma maneira bem podrona e despreocupada, o Terrorizer conseguiu, mesmo em 1989, efetuar uma gravação classe A. Além disso, como foi dito, a estrutura das músicas era bem trabalhada, com longas intros e muito cuidado nos arranjos de todos os instrumentos. E mesmo assim tudo soa bem

sujo e pesado, sem extrapolar. Pela capa há como ter uma noção do que é executado. Eu, inclusive, tive a felicidade de comprar o vinil a míseros R$10,00, e afirmo-lhes que ter o material original assim em mãos dá um gostinho extra, pois podemos ver claramente como as coisas funcionavam na época! Se hoje em dia ainda é difícil ter uma banda assim, imagine na época em que o estilo dava seus primeiros passos. Portanto é interessante fazer uma análise da parte estética do trabalho, mas nada que substitua a audição. Por falar nela, os grandes momentos são ocasionados por músicas como “Fear of Napalm” (intro empolgante de bateria e memoráveis versos de guitarra), “Ripped to Shreds” (mais uma com marcante intro de bateria e um refrão memorável), “Corporation Pull-In” (soco na cara, curta e grossa) e “Enslaved By Propaganda” (clássica das mais protestantes! Além de empolgante, foi coverizada pelo Total Fucking Destruction em 2006). Pouco tempo depois, mesmo com toda a qualidade do álbum, os membros se separaram. O Morbid Angel veio a nascer, Jesse foi para o Napalm e Oscar criou o Nausea. Somente em 2006 que o grupo se reuniu novamente e lançou Darker Days Ahead, um álbum bem medíocre, infelizmente. Mais

Terrorizer “World Downfall” (1989) infeliz que isso, porém, foi o fato de Jesse Pintado vir a falecer poucas semanas após o lançamento do CD. Que descanse em paz. O que importa no momento é que o Terrorizer deixou seu legado, principalmente por este álbum em questão. Juntamente com o “Scum”, do Napalm Death, é um clássico da música extrema em seus primórdios, sobrevivendo ao tempo e permanecendo essencial até os dias de hoje. Julio Schwan

hornsup #7 7

9


age agenda enda

not notícias tíc cias POISON THE WELL Podridão tropical

www.lineupbrasil.com.br

Brasil: Junho: 03 - The Sisters of Mercy - Porto Alegre/RS 05 - The Sisters of Mercy - São Paulo/SP 10 - Ill Niño - Brasília/DF 11 - Ill Niño - Goiânia/GO 13 - Ill Niño - Rio de Janeiro/RJ 14 - Ill Niño - Recife/PE 14 - Have Heart - São Paulo/SP 18 - Ill Niño - Belo Horizonte/MG 19 - Ill Niño - Vitória/ES 20 - Ill Niño - São Bernardo do Campo/SP Julho: 26 - Hatebreed - São Bernardo do Campo/SP Agosto: 21 - Blesthefall - Campinas/SP 22 - Blesthefall - Curitiba/PR 23 - Blesthefall - São Paulo/SP

“The Tropic Rot” é como se chamará o novo full-length do Poison The Well. O álbum será lançado pela Ferret Music em 7 de Julho nos Estados Unidos (um dia antes internacionalmente) e será o follow up de “Versions”, de 2007. O disco contou com a produção de Steve Evetts (The Dillinger Escape Plan, Sepultura, Every Time I Die). O Poison The Well recentemente completou sua trilogia em vinil, que recebeu o nome de “I/III II/III III/ III”, que traz seis faixas, sendo essas b-sides e músicas que não entraram em outros CDs da banda.

suicidal tendencies Retorno a Portugal O Suicidal Tendencies se apresenta em Portugal no dia 18 de Junho no Incrível Almadense, em Almada. A primeira parte será feitas pelas bandas Mr. Miyagi e Ho-Chi-Minh.

Junho: 03 - AC/DC - Lisboa 05 e 06 - Metal GDL c/ Legion of The Damned, Sinister... - Grândola 08 - Bounded by Blood, Fueled by Fire, Suicidal Angels - Lisboa 09 - Bounded by Blood, Fueled by Fire, Suicidal Angels - Braga 12 - Terror, Born from Pain... - Corroios 13 - Jarboe - Lisboa 13 - Paradise Lost - Açores 17 - Marilyn Manson - Porto 18 - Dream Theater - Lisboa 18 - Suicidal Tendencies - Almada 22 - Biohazard, Comeback Kid... - TBA 23 - Death Angel, Kataklysm... - Porto Julho: 02 - No Use For a Name... - Lisboa 03 - Benediction - Benavente 04 - benediction - Porto 09 - Festival Optimus Alive! c/ Metallica, Slipknot, Machine Head, Mastodon e Lamb Of God - Oeiras 31 - Festival Paredes de Coura c/ Nine Inch Nails... - Paredes de Coura Agosto: 07 e 08 - Vagos Open Air c/ The Gathering, Dark Tranquility, Katatonia, Epica.. - Vagos 28, 29 e 30 - Festival Ilha do Ermal c/ Sepultura, Hatesphere, Angra, Obituary, Pestilence... - Vieira do Minho

EYES SET TO KILL O Eyes Set To Kill definiu o nome e data de lançamento de seu novo registro. O álbum se chamará “The World Outside” e chegará às lojas em 2 de Junho via BreakSilence Recordings. Escrito e gravado em Los Angeles ao lado do produtor Dave Aguilera (ex-Otep, Bleed The Dream) e mixado por Thom Flowers (The Ataris), este é o segundo full-length do grupo. “Heights”, a faixa de abertura do novo CD, já recebeu um vídeo clipe, que foi gravado por Chad Archibald, do Black Fawn Films (Arise And Ruin, Farewell To Freeway).

hornsup #7

O retorno da escuridão Prestes a começar a “Summer Slaughter Tour”, ao lado de Necrophagist e Suffocation, o Darkest Hour também se prepara para o lançamento de “The Eternal Return”, seu mais novo álbum e o quinto da carreira da banda. O CD deve sair em 23 de Junho pela Victory Records e contou com produção de Brian McTernan (Senses Fail, Thrice, From Autunn To Ashes), no estúdio Salad Days.

EVERGREEN TERRACE O Evergreen Terrace está envolvido em meio às gravações de seu novo álbum, “Almost Home”, que será lançado em Setembro pela Metal Blade. As gravações estão acontecendo no Audio-Hammer Studios, na Flórida, com o produtor Jason Suecof (Trivium, The Black Dahlia Murder, Job For A Cowboy). A gravação das vozes, o restante das gravações e a mixagem estão sendo feitas no Martell Studios, sob os cuidados de Stan Martell.

MAYLENE AND THE SONS OF DISASTER O terceiro desastre

GOD FORBID Laços cortados O God Forbid confirmou no inicio do mês de Abril a saída do guitarrista Dallas Coyle. Através de uma nota publicada no Myspace da banda, Doc Coyle, irmão de Dallas e também guitarrista do grupo, disse que essa saída aconteceu por um desentendimento mútuo e que Dallas não gostaria mais de estar envolvido em tantas tours. A notícia veio poucos dias antes do God Forbid iniciar a “No Fear Tour”, juntamente com o Lamb Of God. Como solução temporária, a banda recrutou o guitarrista Kris Norris (ex-Darkest Hour).

SONIC SYNDICATE Vagas para vocalista Roland Johansson, um dos vocalistas do Sonic Syndicate, deixou a banda por motivos pessoais no último dia 30 de Março. Porém, a banda já

10

DARKEST HOUR

O bom filho à casa torna De olhos bem abertos

Portugal:

iniciou a procura de um novo vocalista e abriu espaço para seleção em seu site. Se você acha que pode ser o novo vocal do Sonic Syndicate, entre em www.sonicsyndicate.com, preencha as informações necessárias e envie um vídeo ou música mostrando do que é capaz. Porém, todos os shows do Sonic Syndicate anunciados anteriormente ainda contarão com a presença de Roland.

Originários do Alabama, o Maylene And The Sons Of Disaster irá lançar seu novo full-length, intitulado “III”, em 23 de Junho pela Ferret Music. Atualmente, a banda se encontra em tour pelos Estados Unidos com o Clutch.

THE NUMBER TWELVE LOOKS LIKE YOU Twelve minus one A banda The Number Twelve Looks Like You anunciou oficialmente a saída do vocalista Justin Pedrick. A saída de Justin aconteceu por motivos pessoais, relacionados a problemas de depressão e ansiedade. O novo álbum da banda, “Worse Than Alone” saiu em Março desse ano pela Eyeball Records. O The Number Twelve Looks Like You é Jesse Korman (vocal), Alexis Pareja (guitarra), Chris Russell-Waker (baixo) e Jon Karel (bateria).


hornsup #2

11


Sangue Novo por Igor Lemos

My Fair Lady Quem disse que pouco tempo de existência significa imaturidade sonora? A verdade é que os cearenses do My Fair Lady estão dando o que falar. Tendo retirado o nome da banda de um musical da Broadway, através de um som agressivo e técnico, estes caras irão disparar mensagens acerca dos conflitos internos e externos da mente humana. A banda é liderada por Samuel Alcântara nos vocais e seu irmão, Artur, na guitarra junto ao também guitarrista Felipe Facó. Victor Sampaio aparece no baixo, seu

Belie My Burial Ainda não fizeram o segundo aniversário de existência da banda mas dois EPs já foram lançados no mercado pelo Belie My Burial. Resultado: uma promessa para entrar em uma gravadora de bom porte. O som feito aqui gira em torno do Deathcore, porém, brincando no caminho de toques progressivos. Se você é fã, por exemplo, de breakdowns, estes caras de Pittsburgh são excelentes neste critério. É de quebrar o pescoço! Imagino que as coisas começaram

a andar positivamente para o grupo, que acabou de lançar o seu segundo video clip, agora para a música “Paper Idol”, presente no novo EP, que leva o nome da banda. A gravação está bem feita, a arte de capa desenhada com traços esquizofrênicos e pertubadores. Será que estamos diante de uma promessa que esteja com os dias contados no mundo independente? Isso só o futuro irá dizer. O que sabemos é que o cenário americano favorece incrivelmente a propagação de novos sons e o espaço que dão para os novatos é muito melhor e maior do que no Brasil.

Eccentric Toilet Ok, todo mundo sabe que em qualquer canto do mundo se faz Metal. Não é para dar uma de excêntrico que eu trago esta banda da Tailândia (apesar do nome do conjunto não colaborar com minha defesa). Eccentric Toilet, vinda de Bangkok, capital do Muay Thai (boxe tailandês), é pra lá de diferente. O fato de ter oito integrantes tocando Deathcore sinfônico é um ponto que chama atenção. Mas ter dois baixistas ainda é mais louco, certo? Quem olha para eles logo pensa que vão tocar um som

12

hornsup #7

xará, Victor Catrib, nos teclados e, por fim, Rodrigo Gomes na bateria e vocais. Mesmo com a curtíssima experiência (apenas um ano), já realizaram shows fora do estado e estão para lançar o EP “Collapse Of A Lifetime” pelo selo independente Empire Records. Se a sua praia é um som cheio de belo solos, atmosferas sinfônicas, vocais melódicos e gritados em perfeita sincronia e um instrumental de dar água na boca, este grupo cairá como uma luva! “The Brightside Of Darkness”, música disponível no Myspace, é um ótimo exemplo do que estou falando. Ainda vai pensar se confere ou não?

Pop ou algo nesta linha, contudo, se surpreende de primeira com a capacidade que Toay tem de gritar. O que dizer dos brutais pig squeals? Korn, o outro vocalista, também tem uma boa presença. Os vocais melódicos são até engraçados, lembrando música japonesa. Em relação às guitarras, Yes (ótima guitarrista) e Egg criam bons breaks e tremolos pickings. Mae, a tecladista da banda, cria uma atmosfera densa e sombria. Pex quebra tudo na bateria e Muh e Khak dão uma senhora gordura ao som nos baixos. Se você curte algo diferente, aí está: Eccentric Toilet.


Lançamentos

Inner Side Aos amantes do Metal/Hardcore, mais um nome do Rio de Janeiro: Inner Side. Formada em 2006, estes cariocas lançaram recentemente o primeiro EP, intitulado “Inside Of Your Mind”. Detalhe: o mesmo foi gravado no estúdio do próprio guitarrista da banda que, além de entender das seis cordas, fez uma boa produção a nível custo/ benefício. Fato é que as cinco músicas são muito legais. Apesar de não ser um mar de originalidade, o que mais chama a atenção é o potencial que eles possuem de conseguir um nome no cenário independente. O trabalho instrumental está bem feito em todos os pontos, desde as idéias na bateria até os breaks secos e brutais nas guitarras. A união dos vocais melódicos com os gritos ficaram interessantes, lembrando algo na linha da Trivium. Em relação ao EP, não

junho/Julho

há faixa a ser destacada. Todas merecem atenção individual, com exceção da “Hidden Track”. Se tiver que começar por uma, vá por “Enjoy Your Fucking Life”.

Killswitch Engage Killswitch Engage

Disrupted Inc. Disrupted Inc. é uma das maiores promessas do cenário nacional do Metalcore. Afirmo isso pois começaram a formar uma imagem de influenciadores de outros grupos devido ao som competente, pesado e ao mesmo tempo melódico que fazem. Após lançar um full-lenght em 2008, intitulado “Take Another Look”, voltam agora em 2009 com um novo trabalho (que será lançado em breve), ainda sem nome, mas continuando na sonoridade pesada que os vem consagrando. Novidades no som? Vamos esperar para conferir. A formação da banda conta atualmente com o vocalista Alan, os guitarristas Rafael Giovanoli e Max Arriera, o baixista Marcos 3.6.E e o baterista Dio. Em termos instrumentais os caras são fantásticos, não devendo

DevilDriver Pay For Villains

em nada ao som que bandas estrangeiras fazem. Confira músicas como “Ominous Sea” e “Journey” para ver o quanto são competentes. Carimba que o som é legal!

Cardiac Apesar da Cardiac estar com uma boa resposta no cenário independente do Metalcore melódico, ainda há pessoas que não conhecem o som que estes paulistas fazem. O primeiro ponto que me chamou a atenção foi o fato de cantarem tudo em português, o que é muito legal, diga-se de passagem. Contudo, o instrumental junto aos ótimos vocais de Jura Salas é um dos grandes trunfos do grupo. Bruno Consani e Daniel Bonavita criaram boas linhas de guitarras no processo de composição, dando destaque ao peso com breaks potentes e elementos melódicos agradáveis. “Barba” dará gordura à sonoridade nas quatro cordas e K-Borja uma pancadaria na bateria em alguns momentos e, em outros, um ritmo mais lento bem interessante. Além

Poison The Well The Tropic Rot

da forma maravilhosa que as músicas se apresentam, as letras servem como forma de reflexão. “Onde Prolifera” e “Aliança” são duas faixas que servem muito bem como apresentação do trabalho da Cardiac.

IWrestledABearOnce - It’s All Happening Suffocation - Blood Oath August Burns Red - Constellations Job For A Cowboy - Ruination Taking Back Sunday - New Again Alexisonfire - Old Crows/Young Cardinals Darkest Hour - The Eternal Return He Is Legend - It Hates You It Dies Today - Lividity Obituary - Darkest Day Suicide Silence - No Time To Bleed Memphis May Fire - Sleepwalking Man Must Die - No Tolerance For Imperfection Death Before Dishonor - Better Ways to Die

hornsup #7 7

13


Kandia Diretamente do Ultrasound Studios, em Braga, André, guitarrista do Kandia, deu-nos uma idéia do que podemos esperar do álbum de estréia da banda.

A

ntes de mais nada. Onde e com quem estão? Estamos a gravar novamente nos UltraSoundStudios em Braga com o Daniel Cardoso. Costuma dizer-se que em equipa vencedora não se mexe! O Daniel melhor que ninguém conhece o som do Kandia, é um ótimo produtor e uma escolha óbvia. O EP “Light” foi uma boa surpresa. Vão seguir o mesmo direcionamento musical para o álbum? Podemos dizer que sim. Continua certamente a ser Kandia, com todas as características presentes no EP mas com uma evolução bastante evidente. Depois de passarmos pelo estúdio a primeira vez e consumirmos o nosso próprio EP vezes sem conta, ficamos alerta para o que poderia ser melhorado. O álbum está mais maduro, pensamos nós.

Artwork

Revele alguns detalhes do álbum. Já tem nome? Quantas músicas? Algum convidado especial? O álbum chama-se “Inward Beauty|Outward Reflection”, no fundo é o que resume o teor das letras. Temos 10 temas novos e vamos apresentar um tema do EP renovado, a “Rise”. Parece que essa foi a favorita e numa votação online acabou por ser escolhida para figurar no álbum. Tinhamos também uma ideia fixa de quem queríamos que participasse no álbum mas, ainda não podemos dar certezas de nada. Parece que vão ter de esperar mais um pouco para saber! Com relação ao lançamento, tem algum selo em vista ou pretende fazer tudo de forma independente? Uma das razões porque decidimos gravar já o álbum e agendar o lançamento apenas para Setembro é a de que até lá muita coisa pode

Possivelmente já viu o trabalho do brasileiro Gustavo Sazes em capas de CDs por aí. Saiba o que faz dele um dos designers mais requisitados no cenário Metal atual.

D

e onde surgiu seu interesse pelo design? O ‘’interesse profissional’’ veio da necessidade. Alguns anos atrás eu tinha uma banda, não tinhamos grana e alguém tinha que fazer capa da demo. Eu ja tinha curiosidade pelo assunto e essa oportunidade foi o ponto chave pro começo da minha história. Como estabeleceu contato e conseguiu angariar tantos clientes importantes no mundo todo? Não tem nenhuma receita de bolo ou segredo miraculoso. Tudo se resume a simplicidade: fazer bons trabalhos. O network se cria naturalmente se você mantém uma constante na sua produção criativa. Tenho clientes em mais de 25 paises, mas não me deslumbro com números. O foco está sempre no próximo job. Vi que faz diversos trabalhos diferentes para variados tipos de clientes. Que tipo de trabalho é mais agradável e desafiante? Minhas preferências variam muito de job pra job. Tem horas que é legar fazer a nova coleção de inverno de uma grife gringa, como também é fazer a arte de um CD pra uma banda que eu gosto. O desafio mesmo está em não se repetir, não perder o ritmo criativo e evoluir constantemente. Normalmente, os clientes te deixam livre ou vem com uma idéia na cabeça e você trabalha em cima disso?

14

hornsup #7

acontecer. Se aparecer uma editora ficaríamos contentes pois iria ajudar a distribuir e promover o álbum mas, se ela não aparecer, queremos ter tempo e margem de manobra para fazer tudo sozinhos. Estamos empenhados em fazer um bom trabalho para que tudo seja facilitado. O que podemos esperar desse álbum de estréia dos Kandia? Uma lufada de ar fresco, esperamos. O álbum está a ser uma boa surpresa para nós, esperamos que para o público o seja também. Estamos muito satisfeitos com os temas. Há melodia, velocidade, tensão, peso... um pouco de tudo para cada estado de espírito. Reflecte o ser humano, acho que era esse o objetivo. Para nós a música é reflexo de sentimentos...e estão todos lá. Matheus Moura www.myspace.com/kandiamusic

A liberdade de criação é uma dádiva. As pessoas que me contratam confiam na minha visão/feeling artistico sobre os temas. Quanto mais livre eu fico num trabalho, melhor é o resultado. Acabo por criar coisas expressivamente diferenciadas do que eu iria fazer seguindo 200 diretrizes pré-determinadas. Trabalhar com criação não é facil. Quando falamos de arte fica mais complexo ainda. Quais os conselhos que dá aos novos designers que pretendem explorar essa área ligada a música? Sejam dedicados. Tenham paciência. Bons trabalhos não se resolvem com 4 cliques de mouse. Matheus Moura www.abstrata.net


MEU TOP 5 “For The Lions” Hatebreed

trabalho repleto de pormenores deliciosos! Créditos para os temas “Backstabber” e “ The Writings on the Wall “.

Que mais para dizer quando se ouvem os Hatebreed a tocar bandas como Slayer, Metallica, Suicidal Tendecies, Obituary, Sepultura e muitos mais...um tributo às origens desta banda! Ao início pensei que fosse uma cena que nao resultaria tao bem, mas a verdade é que o disco está fantástico! Um album de versões feito com toda a pica! Destaco os temas “Ghost War” (Slayer), “Escape”(Metallica), “Suicidal Maniac” (Suicidal Tendencies) “I’m in Pain” (Obituary)!

“The Devil You Know” HEAVEN AND HELL

“To the Nines” Hatesphere Uma banda que respira persistencia e perseverança! Depois de mudar quase todo o line-up, surgem aqui com um álbum estrondoso. Os riffs soam a Hatesphere, e isso é uma mais valia para eles. A sonoridade da banda não ficou beliscada com as mudanças, e ao vivo, também não perdeu nada! O baterista Denis Buhl assina um excelente

Dizem que Tommy Iommi “inventou” o primeiro riff metálico...pois bem, este álbum está recheado de grandes riffs e grandes malhas!O Dio está em grande forma e sem dúvida que é um disco para ouvir muitas vezes! Num registo lento, arrastado mas pesado, os temas desfilam com toda a imponência: “Atom & Evil”; “ Double the Pain” são 2 temas que mais me agarraram no álbum!

“Wrath” Lamb of God São a “maior” banda de Metal da actualidade, na minha opinião! Podemos dizer que o “Sacrament” os colocou nos olhos do mundo, mas com “ Wrath” assinam aqui o seu álbum mais brilhante...viciante!

Hugo Andrade Switchtense

Sem dúvida alguma que o trabalho de Chris Adler é fenomenal! Groove e felling juntos e de mão dada. Não menos brilhante sao os riffs de guitarra que facilmente se metem na nossa cabeça...e o que dizer de Randy Blythe: uma voz peculiar e com um grande felling! Não há aqui nada emprestado! Uma das bandas mais “originais” e com mais “identidade” dos últimos anos! Destacaria os temas “In our Words”, “Fake Messiah” e “Broken Hands”.

“Official Live 101 Proof” pantera Para mim, o melhor album ao vivo de sempre! É Pantera e está tudo dito. Desfilar de clássicos tocados ao mais alto nível e com uma super-produção! Penso que depois de ouvirem este álbum vao pensar: gostava de ver isto ao vivo e de estar aqui nestes concertos! Não há momentos mortos e toda a energia da banda esta captada de uma forma brutal! Desde o groove monstruoso de “Cowboys from Hell” ate à devastação em “New Level” está tudo aqui...

Mesmo com problemas técnicos devido a forte chuva que banhou São Paulo, a banda mostrou porque são lendas do Metal e que idade é só um detalhe temporal. Para finalizar, o show que apresentou uma união inusitada, Sepultura e Angra dividiram o palco do Via Funchal, mais um exemplo da mudança de mentalidade de bandas e profissionais do meio. Ambas conquistaram seu espaço no mercado internacional, sendo não só conhecidas, mas respeitadas por todo o mundo.

Metal will never die Por Felipe Motta Para alguns desavisados o Metal ficou nos anos 1980, mas para aqueles mais atentos é notória a evolução do estilo, não só em termos musicais, mas em questão de organização e união. No Brasil é fato, música é um mercado de difícil acesso e raríssimas exceções alcançam o sucesso desejado. Quando se fala em Metal, os empecilhos são maiores ainda. Seja por falta de incentivo, falta de espaço para mostrar o trabalho e até mesmo a baixa frequência nos shows das bandas nacionais. Mesmo com as dificuldades, algumas pessoas não desistem de tentar e trabalham forte para promover as bandas, os festivais, os lançamentos, enfim, tudo o que diz respeito ao Metal na sua mais pura essência, a música.

Desabafos à parte, vamos aos lances importantes ocorridos nos últimos meses. Apesar da estranheza que causou, por se tratar de uma casa de shows “balança buzanfa”, o Santana Hall se tornou a alternativa para bandas internacionais, muitas delas chegando as terras tupiniquins pela primeira vez. Foi o caso do Otep, In Flames e Opeth, cada um apresentando seu estilo e de maneira maestral eu diria, marcaram presença para os fãs e, com certeza, foram surpreendidos pela casa cheia e agitação contagiante do público brasileiro. Outro grande acontecimento para os fãs do Metal no Brasil foi a volta, diga-se de passagem prometida, dos Deuses do Metal Iron Maiden. Fugindo a regra dos políticos brasileiros, os ingleses mostraram que tem etiqueta além das requeridas no chá das cinco, prometeram retornar com o show completo e o fizeram.

Fechando o quadro da noite, Derik Green e Jean Dollabela mandaram “Immigrant Song” do Led Zeppelin junto com o Angra, ou seja, uma noite completamente fora do comum. É com esses exemplos e fatos ocorridos ultimamente que afirmo, muita coisa mudou e ainda vai mudar no cenário do Metal ao redor do globo. Se você é daqueles mais pessimistas e prefere continuar na garagem ouvindo plays dos anos 80, eu me desculpo, mas garanto que a sua acomodação não ajuda nem atrapalha o crescimento da música, o único a perder é você.

O programa Metalsplash é exibido todo domingo pela alltv em www.alltv.com.br das 12h às 13h (hotário de Brasília). Pelo blog, semanalmente com atualidades da cena metal em www.metalsplash.blogspot.com

hornsup #7 7

15


entrevista

16

hornsup #7

Ch


a r i a m i h Agentes infecciosos

O Chimaira está espalhando sua infecção pelo mundo. Não há vacinas nem precausões a serem tomadas. “The Infection” mostra uma banda com uma sonoridade diferente da com que nos habituou. Para falar sobre o novo álbum e as intermináveis turnês, o guitarrista Matt DeVries dedicou algumas linhas a HORNSUP.

V

ocês estão nesse momento na turnê Music As A Weapon com o Disturbed, Killswitch Engage, entre outras bandas. Como estão indo as coisas? Muito bem. Essa é, provavelmente, a melhor turnê norte-americana que já fizemos. Ótimas pessoas, público insano, muito bom mesmo! Você pessoalmente prefere grandes arenas, como as que está tocando agora, ou clubes menores? Devo dizer que quanto maior for o número de pessoal para quem tocarmos, melhor será. Tocar em grande arenas tem uma “vibe” totalmente diferente. Eu ainda amo a intimidade dos clubes pequenos mas as arenas são excelentes.

mais lento” ou simplesmente aconteceu de sair assim? Simplesmente aconteceu. Nós não planejamos com antecedência como vai sair o álbum. Escrevemos as músicas da forma que gostamos. Como foi voltar a trabalhar com o produtor Ben Schigel novamente? Foi fantástico. Como produtor, ele nos conhece profundamente pois já gravou e produziu diversas das nossas bandas antes de formarmos o Chimaira, além de ter ele próprio produzido 2 álbuns nossos antes deste. Por isso sabe exatamente o que pode extrair da gente. Além disso cria uma atmosfera muito relaxante. Estamos contentes de termos tomado a decisão

Além de Europa e América do Norte, já tem planos para turnês por outros lugares? Temos intenção de tocar em diversos países que ainda não tocamos com a turnê de promoção deste álbum e ficar na estrada o maior tempo possível. Em breve teremos as datas confirmadas em breve. Fiquem atentos. Quando começaram a escrever este novo álbum, você pensaram: “vamos fazer algo

hornsup #7 7

17


entrevista de voltar a contar com os préstimos dele para produzir o “The Infection”. Como o público tem reagido em relação a esse novo álbum? Até agora, tocamos apenas duas músicas novas nos nossos shows, “Destroy and Dominate” e “Secrets Of The Dead”, temos recibo ótimas reações! Você vê “The Infection” como um momento de mudança na carreira do Chimaira? Vejo como mais um passo honesto na caminhada do Chimaira. Mostra exatamente o que somos nessa altura da nossa carreira. A limited deluxe fan edition do “The Infection” é maravilhosa. Qual a importância de desenvolver esse tipo de produto nos dias de hoje? Nós nos sentimos muito próximos aos nossos fãs e sabemos que vários deles adoram as edições especiais limitadas. Portanto, só queríamos fazer algo divertido para os nossos fãs. Quem teve a ideia do spread-the-infection. com? Como funciona? A idéia foi do Chris (Spicuzza), do Mark (Hunter) e da Ferret Music. O site foi criado com o intuito de retribuir de alguma forma os fãs que nos ajudassem a “espalhar a infecção”, ou seja, divulgar o lançamento do novo álbum. No site encontra ferramentas para divulgar o novo álbum. Os fãs entram, pegam o material, promovem e depois mandam fotos do que fizeram, em troca damos códigos para verem clips do novo álbum (antes dele ser divulgados ao público) e vídeos. É a nossa versão de um “street team”.

Bate Bola com Matt Devries Metallica ou Slayer? Slayer Cerveja ou Whiskey? Cerveja Estúdio ou turnê? Turnê “Laranja Mecânica” ou “O Iluminado”?

“O Iluminado”

Angelina Jolie ou Scarlett Johansson?

Estou cansado das duas. Nenhuma Star Wars or Star Trek? Star Wars

Vocês filmaram recentemente o vídeo de “Destroy And Dominate”. Eu ainda não vi. O que há para saber sobre ele? Vai sair em breve (já está online agora). É complicado de explicar. Para mais detalhes vá até www.chimaira.com Como se sentiu sabendo que uma das suas músicas iria entrar no game Guitar Hero? Ótimo! Eu amo o jogo e estou sinceramente feliz e orgulhoso de fazer parte dele. O download ilegal de música e a crise financeira mundial afetou o Chimaira de alguma maneira? Acho que afetou todo mundo. Com relação aos downloads, essa situação vai durar para sempre, na minha opinião. Portanto, estamos procurando maneiras de trabalhar com isso. Ao invés de ir contra. Por exemplo, disponibilizando conteúdo no iTunes, mais coisas online, etc. No começo da carreira foram rotulados como New Metal, depois Metalcore e agora? O que as pessoas irão dizer? Isso não importa pra mim. Pra mim, somos apenas uma banda de Metal e sempre fomos. Matheus Moura

[7] Chimaira The Infection Nuclear Blast

Não foram muitas as bandas que conseguiram “renascer” pós-fase fervorosa do New Metal. O fato é que, desde o seu primeiro álbum, “Pass Out of Existence” de 2001, o Chimaira sempre teve um pé no Metal (muito mais próximo do Metal industrial) e para escapar dalí não foi uma tarefa muito difícil. E foi com o seu segundo disco, “The Impossibility of Reason”, que a banda ganhou uma nova identidade, mais madura e mais centralizada no Heavy Metal. Este ano, o quinteto de Ohio apresenta aos seus fãs seu mais novo trabalho, “The Infection”, que é o quinto álbum a entrar para a bagagem da banda. Confesso que seu último lançamento, “Resurrection” de 2007, por algum motivo, não chamou a minha atenção. Mesmo assim, tenho boas expectativas a cada lançamento e, com este novo play, não foi diferente. “The Venom Inside” abre o disco com um instrumental mais lento porém bem agressivo e bem cadenciado com riffs de guitarra bastante interessante. O começo de “Secrets Of the Dead” chega a lembrar bastante os seus primeiros trabalhos e há também um breakdown bem interessante nos seus últimos segundos. Já a quinta faixa, “The Disappearing Sun”, tem ótimas dobras de double bass da bateria de Andols Herrick e o instrumental aqui também é um pouco mais lento porém, com uma densidade enorme, com as guitarras dando um peso a mais à música. O disco definitivamente tem ótimas composições. O trabalho das guitarras comandado por Rob Arnold e Matt DeVries é, mais uma vez, de se tirar o chapéu. Andols Herrick é um monstro na bateria e tem sempre ótimas idéias. Mark Hunter parece querer cada vez mais de sua voz. Em muitos momentos, nota-se a sua vontade de deixar seu vocal ainda mais gutural e raivoso. Mesmo com boas qualidades e músicos competentes, parece que ainda falta algum tempero nas músicas do Chimaira. Por mais que as faixas tenham as suas variações, o disco tem uma pegada sempre lenta parecendo manter o mesmo rítmo do começo ao fim tornando-o um pouco cansativo. “The Infection” deverá agradar muitos fãs como também deverá fazer muitos torcerem o nariz esperando por algo mais empolgante. Além das músicas já citadas, vale destacar também as faixas “Frozen In Time”, “Impending Doom” e a ótima “Try To Survive”. João Henrique

www.myspace.com/chimaira

18

hornsup #7


hornsup #6

19


Foto: Gordie Bell

entrevista

Metalcore cristão em evolução Em entrevista para a HORNSUP, Mike Hranica, vocalista do The Devil Wears Prada, nos apresenta temáticas como crescimento na carreira, vendas na Billboard, video game, Warped Tour e o novo álbum, “With Roots Above and Branches Below”.

20

hornsup #7


P

ara esse novo trabalho, “With Roots Above and Branches Below”, muitos esperavam uma repetição da fórmula que funcionou bem em “Plagues”, entretanto aprimoram bastante sua qualidade musical. Como foi esse processo de amadurecimento para a banda? Acho que “With Roots Above and Branches Below” é uma continuação de “Plagues”, entretanto, muitas pessoas esperavam uma versão pior do “Plagues”, mas conseguimos fazer algo melhor com esse novo álbum. Toda banda procura amadurecer em cada nova material lançado. Devo dizer que estou contente pois atingimos o nosso objetivo com esse álbum. Dedicamos a ele muitas horas de composição e gravação.

Como foi a concepção do artwork do álbum e por quê escolheram o ilustrador Dan Seagrave? Portland (um dos diretores da Ferret Music e da empresa de design Sons Of Nero) nos deu várias opções baseadas nas nossas idéias para o artwork do álbum. Foi complicado escolher qual artista seria o responsável pela ilustração da capa, mas no final ficamos muito felizes em escolher o Dan, já que fez um excelente trabalho, proporcionando o melhor artwork que já tivemos até hoje. Portland tratou da diagramação com excelência, conciliando a arte e o design de acordo com as idéias que tínhamos. A música “Dez Moines” está presente no vídeogame “Guitar Hero: World Tour”. Vocês curtem games? Um bom número de membros da banda são viciados em games. Já ouvi o James (Baney, tecladista) e o Andy (Trick, baixista) detonarem a música no Guitar Hero. O Daniel (Willians, baterista) também já deve ter viciado. Eu vi alguns vídeos do pessoal tocando no Youtube. É muito louco ver uma música no Guitar Hero (risos)! É notório que a sua voz está muito mais poderosa neste novo álbum. Isso aconteceu devido a brutalidade que esse novo registro exigiu? Acho que a melhoria na gravação ajuda, mas o que mais contribuiu para esse resultado foi o processo da gravação. Eu tinha que gravar uma música por dia para conseguir fazer as coisas como eu queria. Sobre as mensagens nas letras, vocês buscam influências na doutrina cristã? Nossa crença em Cristo é o alicerce da banda, a mensagem e as letras. É algo que nos fortalece e sentimos que a mensagem deve ser disseminada.

Quais bandas de Metalcore ou com estilo semelhante ao de vocês que os inspiram? Isso varia de álbum para álbum. Quando ouço alguma coisa nova e gosto, normalmente tiro alguma inspiração daquilo para o próximo álbum. A pouco tempo atrás, quando estávamos gravando o “With Roots Above and Branches Below”, eu ouvia sempre Parkway Drive e The Ghost Inside. Como foi voltar a trabalhar com o produtor Joey Sturgis? Do mesmo jeito de sempre (risos). Uma das razões que nos levam a voltar a trabalhar com o Joey é que sabemos exatamente o que esperar dele. Além disso, ele tem melhorado bastante como engenheiro e produtor. “Sassafras”, “Assistant to the Regional Manager”, “Big Wiggly Style”, “Danger: Wildman” e “Wapakalypse” tem instrumentais profundos. Quais novas técnicas de estúdio utilizaram nesse álbum? Obviamente, hoje em dia, tocamos bem melhor. Acho que se resume a isso. Quanto mais tempo passa tocando guitarra, melhor você fica. Acho que os ensaios e o crescimento natural nos tornou melhores músicos para escrevermos melhores álbuns. Como andam os preparativos para embarcarem na Warped Tour 2009? Não vão mal. Agora mesmo estamos arrumando as coisas. Na verdade, nós iremos vagabundar e possivelmente deixar várias coisas para serem feitas no último segundo (risos). O sucesso de vocês é visível. Com vê a banda daqui a 10 anos? Gostaria de continuar fazendo músicas ou há outras atividades que gostaria de desenvolver? Eu adoraria continuar com a banda fazendo turnês. Neste ponto da minha vida, estou aonde queria estar. Agora, com 10 anos de estrada, sabe lá o que irá acontecer. O novo album atingiu a 11ª posição na Billboard. Como se sentiu em relação a isso? Muito feliz. Teria sido demais ter entrado no Top 10, mas 30.000 cópias em uma semana está muito além das minhas expectativas e estou extremamente grato por isso. Igor Lemos

www.myspace.com/tdwp

[8] The Devil Wears Prada With Roots Above and Branches Below Ferret

Antes de qualquer coisa, é impossível não pontuar que o The Devil Wears Prada é um dos maiores nomes do Metalcore contemporâneo. O interessante “Plagues”, de 2007, foi fundamental para conseguirem o nome e o número de fãs que estão indo em massa para suas apresentações. Após este avanço em sua carreira, decidem lançar mais um full-lenght, desta vez chamado de “With Roots Above and Branches Below”. Devo admitir: estão surpreendentemente melhores. O que fizeram? Pegaram tudo que já faziam bem e lapidaram, buscando chegar à perfeição. Ao mesmo tempo que se preocuparam com este ponto, quiseram agir de forma diferente em alguns momentos. Engana-se quem pensa que ficaram mais leves. Um bom exemplo é o vocalista Mike Hranica, que está gritando com mais força e brutalidade. Proporcionalmente, a sonoridade conseguiu chegar a um patamar superior em termos de agressividade também. Jeremy DePoyster e Chris Rubey criaram bons breakdowns (desde os bem quebrados, secos e lentos até os mais rápidos) junto a elementos melódicos. Importante mencionar o quanto estão cativantes os vocais melódicos de DePoyster (confira a faixa “Louder Than Thunder” - a única sem gritos). Sem este cara, estariam um passo atrás. Fato. “Sassafras”, “Assistant to the Regional Manager”, “Big Wiggly Style”, “Danger: Wildman” e “Wapakalypse” chamam atenção no instrumental das seis cordas. Uma outra peça fundamental para o sucesso deste novo trabalho é, sem dúvidas, James Baney. A sua atuação nos teclados e sintetizadores geram uma atmosfera sinfônica em alguns momentos, lembrando em muito as linhas que as bandas cristãs de Metalcore estão utilizando atualmente. Se você curte bandas como Haste The Day e o finado Still Remains, se identificará bastante com as junções de melodias/vocais/teclado. A arte de capa foi realizada por Dan Seagrave, que já trabalhou para bandas como Morbid Angel e Demon Hunter. Depois de tudo o que foi dito, torna-se uma obrigação aos fãs do Metalcore conferir o que estes americanos da TDWP fizeram. Em suma: uma ótima surpresa! Igor Lemos

hornsup #7

21


entrevista

Em busca da perfeição Mesmo após a perda de quatro de seus cinco membros e uma troca de gravadora, os dinamarqueses do Hatesphere tiveram força suficiente para seguir em frente e por nas ruas o matador “To The Nines”, seu mais novo registro. Quem revela à HORNSUP toda a tensão por trás de tantas mudanças e conta também sobre o processo de composição e gravação do novo álbum é o guitarrista Peter ‘Pepe’ Lyse Hansen, o único remanescente do “velho” Hatesphere.

A

banda sofreu recentemente com a saída de quatro dos cinco membros que gravaram o álbum “Serpent Smiles and Killer Eyes”, em 2007. O único remanescente e membro original da banda é você. O que realmente aconteceu por trás de tantas saídas? Três deles não queriam mais gastar tanto tempo na banda. Eles ainda gostavam de tocar ao vivo e escreverem músicas, mas não queriam mais gastar tanto tempo em turnês – quando eles têm uma família em casa, que precisa de mais dinheiro do que o Hatesphere podia fornecer (risos). Como todos sabemos, você não se torna rico tocando Heavy Metal (risos). Já o último membro apenas não tinha mais motivação. Portanto, apesar de ter sido uma grande mudança, isso foi bom para a banda, no sentido de que contar com novos caras que estão nisso 110% é realmente incrível! Após a saída de quatro integrantes, chegou a pensar que o Hatesphere poderia encerrar suas atividades? Nós conseguimos nosso novo baterista, baixista e guitarrista rapidamente, então nós não pensamos muito sobre isso. Mas quando nosso vocalista saiu – e um vocalista é sempre mais difícil de substituir – eu pensei por um breve

22

hornsup #7

minuto que esse seria o fim da banda. Mas após ficar pensando nisso por uma noite eu decidi que isso não iria terminar ali. A banda tem um potencial enorme – e seria uma puta vergonha terminar apenas porque um cara eventualmente deixou a banda. Então decidimos que íamos continuar com um novo vocalista – e olhando para trás, estamos realmente felizes por termos feito isso. Como aconteceram as escolhas para o novo line-up? Foi um processo mais fácil do que imaginava para escolherem as pessoas ideais? Já possuía alguns nomes em mente para todas as posições? Nós já conhecíamos Dennis, Mixen e Jakob antes de eles entrarem para a banda – então isso foi bastante fácil. Nós tivemos Dennis e Mixen em mente alguns meses antes, quando tínhamos uma turnê pelos Estados Unidos chegando. Conhecíamos Jakob de sua outra banda, Dawn of Demise, a qual fizemos várias turnês juntos na Dinamarca. Então quando viemos para pegar esses caras, tudo correu muito rápido. Mudanças em bandas é algo natural. Porém, a entrada de um novo vocalista sempre gera grandes expectativas e desconfianças. E para

esta função tão importante, recrutaram o jovem Jonathan ‘Joller’ Albrechtsen, de apenas 20 anos. Como o conheceram e como ‘Joller’ tem se saído nessa nova etapa de sua vida? Joller foi o único fator desconhecido. Após tentarmos um monte de caras, finalmente chegamos a ele por sugestão de um amigo nosso. Foi então que ele apareceu na audição e arrebentou! Foi realmente um prazer encontrar um cara desconhecido que tinha certeza do que ele estava fazendo. Ele se encaixou na banda tanto musical como pessoalmente, então não demoramos muito para decidir que ele era o cara! Desde então, ele tem apenas se desenvolvido e desenvolvido – e agora ele age como se nunca tivesse feito mais nada em sua vida! A banda lançou recentemente o sexto fulllength de sua carreira, entitulado “To The Nines”. Por que escolheram esse nome? Existe uma relação direta entre o título do álbum e o artwork da capa do CD? Como nove é o maior número, “To The Nines” significa buscar o melhor, aspirar a perfeição, o mais elevado dos padrões. Então o Hatesphere de 2009 está “vestido para os noves” – nós ainda vamos para os mais altos padrões em nossa música, mesmo tendo que mudar o line-


up. Assim, o título do álbum e as letras da faixa título são muito conectadas ao último um ano e meio no Hatesphere. A capa mostra esse cara, vestido para os noves, parecendo à milhão. Não há dúvidas de que ele está no topo do mundo – o cara com o melhor trabalho, mais dinheiro e mais belas mulheres. Tendo tudo isso, sua autoconfiança ainda é tão grande que ele pode se dar ao luxo de cortar sua própria orelha, sem hesitação. Perder a orelha não significa nada para ele – ele ainda é o melhor. Portanto, a capa mostra em um bom sentido como nos sentimos em relação à banda – e aquilo que atravessamos durante os últimos anos. Nós perdemos um pouco, mas permanecemos bons. Nós acreditamos no que fazemos!

pais (risos) – algo engraçado. Mas, de volta a questão. Como havíamos trabalhado com ele e o conhecíamos – e ele conhecia nossa música – tudo ficou muito fácil. Tue é um cara legal, e sabe como fazer seu trabalho. Sabendo que este era nosso primeiro álbum com o novo line-up – e sabendo que precisávamos de um ambiente relaxante para gravá-lo – nós naturalmente fomos até o Tue, quando chegou a hora de escolher um produtor. Outra coisa interessante é que ele mora cerca de 15 minutos de mim – então eu pude facilmente dormir em minha cama todo dia (risos). Os outros tinham que viajar todo o caminho até o outro lado do país, mas por ser a Dinamarca, isso significa apenas 300 km – portanto, tudo ficou ok.

Qual foi o efeito que essas mudanças tiveram na sonoridade do Hatesphere? Perceberam diferenças também nas letras e no processo de composição com a entrada dos novos membros? Eles tiveram um efeito muito positivo no som. Com quatro novos membros, vêm quatro vezes mais novas idéias – especialmente com quatro novos membros que estão nisso à 100%. O som do novo álbum é muito recente e de certa maneira mais brutal do que no álbum anterior. Estávamos todos super focados dessa vez, então penso que tudo isso ficou explícito na música. Eu ainda tenho escrito a maior parte das músicas, mas tenho feito um monte de coisas com Jakob, nosso outro guitarrista, e ele escreveu uma música também. Além disso, tanto Joller quanto Mixen trabalharam duro nas letras – uma coisa que anteriormente não levávamos tão a sério – portanto, todos os membros tiveram sua contribuição. Pela primeira vez também, tivemos toda a banda ensaiando junta – uma experiência totalmente nova – antes de entrarmos em estúdio. Especialmente ter nosso vocalista conosco nos ensaios significou bastante. Nós tivemos a oportunidade de ouvir os sons com os vocais antes de entrarmos em estúdio – novamente, uma coisa que nunca tínhamos feito até então – e, portanto, tivemos tempo de mudar algumas coisas que não soaram boas...

O acordo com a SPV/Steamhammer chegou ao fim e a banda está agora ligada à Napalm Records. O que causou essa mudança? A SPV mudou drasticamente seu comportamento no último ano de nossa relação. Após nos dar suporte por um grande tempo no começo, tivemos problemas em tê-los respondendo coisas simples, como e-mails e até mesmo telefonemas. Nós raramente ouvíamos algo deles, e eles não se mostraram interessados em nós. Mesmo tendo alimentado eles com boas notícias, eles pareciam não se importar com isso. Então nós realmente queríamos sair e achar uma companhia que nos suportasse 100%. Mas isso não foi tão fácil assim, pois tínhamos que sair do contrato com a SPV e eles não respondiam nossas ligações e e-mails sobre essa questão. De qualquer maneira, finalmente eles nos mandaram um e-mail dizendo que poderíamos sair do contrato e imediatamente começamos a procura por um novo selo. Quando falamos com a Napalm, era óbvio que eles estavam muito interessados e, no final, essa dedicação foi o fator principal para os escolhermos. Quero dizer, o selo é extremamente profissional e tem um ótimo departamento de distribuição e promoção, mas o fato de nos apoiar tanto é simplesmente a coisa mais importante para nós. E nós estamos super felizes por assinar com eles. Eles trabalham duro pela gente... e agora temos apenas que beber algumas cervejas com eles que o círculo se completa (risos).

Certamente já ouviram comparações entre o “velho” e o “novo” Hatesphere. Com o lançamento de “To The Nines”, acha que pode provar para aqueles que desconfiavam do futuro da banda, que o Hatesphere está melhor do que nunca? Absolutamente sim! Pessoalmente sabemos que este é o melhor álbum que poderíamos ter feito – e o melhor álbum na discografia do Hatesphere – mas as pessoas precisam obviamente perceber isso. Até agora as reações tem sido muito, muito positivas, e tivemos toneladas de e-mails de fãs que queriam expressar seu alívio com o fato do Hatesphere ainda estar vivo e chutando tudo! Após já termos tocado ao vivo o último álbum, posso dizer que o público nos shows também gostou das coisas novas. A banda, mais uma vez, optou pelo produtor Tue Madsen na composição de “To The Nines”. Tue já é um velho conhecido da banda, tendo produzido seus dois últimos discos. Como é trabalhar com ele? Nós o conhecemos há muito tempo e trabalhamos com ele até agora em quatro registros. Uma história engraçada é que ele estava produzindo nossa segunda demo em 1997. Naquela época, ele não tinha nem seu próprio estúdio e eu ainda morava com meus

Sendo oriundos de Aarhus, o que pode nos dizer da cena Metal/Hardcore na Dinamarca? Sempre tivemos boas bandas, mas elas nunca tiveram sucesso fora da Dinamarca. Isso mudou e agora temos muitas bandas conseguindo acordos com gravadoras e turnês internacionais. Portanto, agora as boas bandas tem algum reconhecimento. Antes, parecia que elas nunca se atreviam a tomar o último passo para uma turnê – mas agora várias bandas felizmente saem de seus locais de ensaio para as estradas. A cena tem chamado mais e mais atenção nos últimos anos, mas eu não sei se tem ficado melhor. Como mencionei, sempre existiram ótimas bandas – mas agora há mais atenção sobre elas. Recentemente gravaram um vídeo para a faixa título do novo álbum, que recebeu até uma versão censurada, devido às cenas fortes. Qual a estória por trás desse clipe e por que tanta agressividade? A idéia para o vídeo veio de nosso diretor, Michel, do Intense Images da Dinamarca. Ele tem feito todo o tipo de merda – mas raramente trabalha com bandas de Metal. Ele é um grande fã e tem as idéias mais loucas de todas, então

– após termos visto seus outros trabalhos – o deixamos decidir totalmente o que ele queria fazer. O vídeo saiu justamente da maneira que queríamos – é chocante e bem diferente dos outros vídeos de Metal. O vídeo mostra um ditador que opera a si mesmo – inserindo alguns falantes no lugar de sua boca. Tem uma estreita conexão tanto com a letra da música e a arte da capa. Novamente, auto-mutilação não significa nada, a não ser que você tenha um propósito para isso – e, obviamente, acredita em você mesmo. Pelo menos é isso que o personagem principal do vídeo pensa. Há muita agressão no vídeo – mas não contra os outros e, sim, contra si próprio. Obrigado, e vejo vocês no Festival Ilha Do Ermal, em Vieria Do Minho, Portugal, em 29 de Agosto. André Henrique Franco

[7] Hatesphere To The Nines Napalm

Após um período de turbulência que causou a demissão de 80% da formação que gravou o aclamado “Serpent Smiles and Killer Eyes”, os dinamarqueses do Hatesphere retornam com seu sexto disco de estúdio, “To The Nines”. Seu líder Peter “Pepe” Lyse, teve a difícil tarefa de remontar a banda do zero e mostrar que seria capaz de manter o nível de intensidade e fúria que sempre alcançou em seus lançamentos. E a julgar pelas três primeiras pedradas que impiedosamente abrem esse novo álbum, podemos dizer que ele foi bem sucedido em sua empreitada. Certamente, uma boa parte desse sucesso se deve ao fato de que Pepe escolheu músicos bastante talentosos e extremamente competentes em seus respectivos instrumentos. Mas também porque a sonoridade de “To The Nines” não se distancia muito dos trabalhos anteriores da banda. As poucas novidades, se é que podemos chamá-las assim, são na adição de ainda mais peso, velocidade e de mais elementos Thrash Metal ao som da banda, tornando o que já era bom em algo ainda melhor. Logo de cara, na faixa-título que abre o disco, vemos que o novo vocalista Jonathan Albrechtsen, se não possui um vocal com tanta diversidade quanto seu antecessor, soa perfeito para o som mais agressivo que o novo Hatesphere aqui propõe. E a pancadaria continua por quase todo o álbum, sendo obrigatório destacar também a violentissima “Cloaked in Shit”, e “In The Trenches”, que contém muitos elementos do Hardcore que casam muito bem com o Thrash vigoroso praticado pela banda. “To The Nines” é um bom recomeço para o Hatesphere. Caso mantenha essa formação para os próximos lançamentos, o nome da banda certamente crescerá ainda mais na cena Thrash européia. Hélio Azem

www.myspace.com/hatesphere

hornsup #7

23


entrevista

RAMP Visionários Não se pode falar da história do Heavy Metal em Portugal sem falar no Ramp. Os 20 anos de estrada, vários registros e inúmeras turnês falam por si só. A HORNSUP trocou figurinhas com o vocalista Rui Duarte afim de saber mais sobre “Visions”, o mais recente lançamento do quinteto.

A

lém do Metal, que outras influências utilizou na composição de “Visions”? Em “Blind Enchantment” sentem-se algum “vibe” do médio oriente, por exemplo. Portugal é uma mescla de várias influências que fazem parte da construção da nossa identidade cultural. A influência árabe reflete-se em muitos âmbitos do nosso dia a dia. Quase inconscientemente essa herança mistura-se com toda a nossa ligação profunda a África e todas as suas raízes tribais. O próprio Brasil é um reflexo de toda esta fusão que consegue conciliar rituais primitivos, religião e espiritualidade. Em “Blind Enchantment” o objectivo era conseguir conciliar todas essas vertentes numa perspectiva atual em que os rituais continuam a fazer parte da nossa sociedade através das mais variadas formas de expressão. Sendo assim o Médio Oriente está presente assim como África. “Nude” soava mais introspectivo, enquanto “Visions” é mais “à flor da pele”. O que representa “Visions” na discografia dos Ramp?

24

hornsup #7

“Visions” é apenas o reflexo do Ramp de 2009. Somos neste momento uma banda muito sensível a toda uma raiva latente, uma revolta, a um variado leque de questões antropológicas em que uma grande decepção se manifesta musicalmente. Consideramos que nunca estamos sós relativamente a um leque enorme de assuntos e pontos de vista que fazem parte do contexto universal da vida e dos sentimentos. Nesse contexto, o “Visions” é um albúm que só poderia naturalmente ser “mais à flor da pele”. “Visions” foi produzido em Portugal, porém foi misturado pelo consagrado produtor suéco Daniel Bergstrand e masterizado por Jim Brick em New York. Qual a razão dessas escolhas? A razão primordial destas escolhas baseou-se em conseguir atingir o grau qualitativo que tinhamos defenido para o “Visions”. O Daniel Bergstrand foi sem dúvidas a peça chave de todo este processo. Estamos a falar de alguém que neste momento nada tem a provar dentro da produção de Metal. Basta acompanhar o seu percurso e compreender que já trabalhou

em inúmeras vertentes musicais dentro desta área atingindo sempre excelentes resultados. Além do mais é alguem com que os Ramp sentem uma enorme afinidade quanto à perpectiva com que aborda a música: sem pré concepções, sem tentar ser consensual e previsível. Foi uma pessoa excelente quanto a todo o processo mostrando-se bastante surpreendido com o nível qualitativo do nosso material musical. Quanto ao Jim Brick foi uma proposta do nosso management que fez parte de uma estratégia em que queriamos Thrash produzido em Portugal, misturado pela sua melhor escola Européia (Suécia) e masterizado no seu país de origem (América). Há planos de um video clip para este álbum? Se sim, de qual faixa? Foi gravado um videoclip no concerto de pré release que realizamos no Music Box (Lisboa). A faixa em questão foi o “Single Lines” embora essa decisão não acontecido numa perspectiva de “single” mas apenas por intermédio de uma votação democrática que venceu à tangente.


fazemos, o que é o fundamental (e que deve de ser o móbil de qualquer banda de Metal), a música que gostamos. A banda já passou por diversas gravadoras em alturas diferentes. Qual a visão que tem da indústria fonográfica hoje em dia? Infelizmente não a melhor. Neste momento conhecemos todas as regras do jogo e a nossa opinião é que toda a indústria, assim como o funcionamento de muitas bandas, é tudo menos honestidade e que se baseia na utilização do maior truque da sociedade actual: mediatismo, hype, acordos de compra de publicidade, contrapartidas e um sem números de manobras em que a música muitas das vezes é o parente pobre da equação. Já andam aí há muitos anos e tem um trabalho reconhecido nacionalmente. O que acha que faltou até hoje aos Ramp para darem o salto para o mercado estrangeiro? Possivelmente o fato de sermos adeptos convictos da capacidade do nosso país na geração de trabalhos de qualidade feito com estruturas portuguesas. Consideramos que possivelmente o nosso maior “erro” tenha sido sempre acreditar que uma gravadora portuguesa tivesse a capacidade organizativa que conseguisse exportar Metal português para o mundo. Infelizmente isso não foi concretizado, no entanto aprendemos uma grande lição de vida para todo o povo português: não ficamos atrás de ninguém, sempre fomos e continuaremos a ser um país com uma grande personalidade criativiade e com uma opinião muito própria relativamente aos nossos gostos e capacidades. Se alguém nos dias de hoje pensa o contrário nesse caso já faz parte da indústria.

Já estão em digressão a promover o novo álbum. Como tem sido a reação da audiência? Excelente. A nossa aposta era de realizar uma digressão baseada naquilo que consideramos ser a maior realidade possível. Espectáculos em salas com dimensões variadas (grandes e pequenas) e sempre numa base de promoção muito direta e não mediática. Assim conseguimos sentir o pulso à vitalidade que o Ramp emana ao fim de 20 anos de carreira. O intercambio etário foi fantástico e tivemos o prazer de poder entrar em contacto com uma nova geração que tanto tinha ouvido falar de Ramp mas nunca tinha tido a oportunidade real de nos ver ao vivo. É excelente ouvir algo como: “Nunca pensei que Ramp fosse tão poderoso, agora percebo o porquê de todo o respeito e apoio” ou “pensava que não existia uma banda assim em Portugal”. Tivemos inclusive de fazer mais uma data extra no dia 15 de Maio no D.I. Box em Arruda dos Vinhos além da atuação que já se encontra agendada na Incrivel Almadense para o dia 6 de Junho juntamente com o Cinemuerte e o More Than a Thousand. A confirmação da presença do Ramp no palco principal do mitico Festival da Ilha do Ermal (que promete ser o mais abrangente dentro das diversas propostas musicais do Metal) é já o resultado do trabalho de estrada feito nesta digressão. Como descreve essa fase que a banda atravessa agora? Considero que estamos numa fase em que nada temos de provar a ninguém. Apenas

Este ano o Ramp completa 20 anos. Vai ter festa? Neste momento estamos concentrados no “Visions”. Para nós a comemoração passa acima de tudo pela celebração em cada espetáculo. Sente que ainda tem a mesma determinação de quando iniciou a banda em 1989? Se não fosse a mesma não estariamos ainda por cá. Matheus Moura

www.myspace.com/rampmetal

Rui Duarte

Meu primeiro álbum

[8] Ramp Visions Metro Discos

“Visions”, o quinto álbum da carreira do Ramp, vem celebrar o vigésimo aniversário desta importante banda portuguesa. Verdade seja dita, experiência não lhes falta e isso é perceptível em cada segundo do álbum. Tudo é trabalhado ao pormenor e não há nada que soe mal ou pareça feito com desleixo. O padrão de qualidade Ramp é respeitado. Levam em média 4 anos para lançar cada álbum, mas quando o fazem, fazem bem. “Blind Enchantment”, a faixa de abertura, mistura agressividade tribal com tonalidades árabes muito bem sacadas. “Single Lines” apresenta uma refrão marcante, enquanto “The Cold” brilha pela brutalidade Thrash Metal. “Dusk” é uma “balada” com uma atmosfera misteriosa atraente (ideal para quem gostou de “Alone” do álbum “Nude”). Cada uma das músicas tem características próprias, o que torna a audição bastante memorável. O multifacetado vocalista Rui Duarte demonstra uma envergadura notável, sustentada por diversas variações vocais bem executadas, seja no campo melódico, quando no mais agressivo. “Visions” vinga pela solidez das composições, pela força dos arranjos e pela produção primorosa. Deixar a mixagem nas mãos do famoso produtor sueco Daniel Bergstrand (In Flames, Meshuggah, Soilwork) foi uma jogada acertada, pois deu a “Visions” um “boost”, colocando o álbum ao nível do que é feito de melhor internacionalmente. O Ramp opta por jogar pelo seguro, explorando uma sonoridade que os próprio conhecem “de-trás-pra-frente”, preservando o ouvinte de possíveis grandes surpresas, sejam boas ou más. Finalizando, “Visions” é um passo importante na carreira do Ramp, representa uma banda adulta, segura, com total controle sobre o que faz e disposta a continuar por aí por mais 20 anos. Matheus Moura

Mercyful Fate - “Melissa” O meu primeiro álbum de Metal foi o “Melissa” de Mercyful Fate. Fiquei fascinado pela voz do King Diamond. A banda tinha algo de especial e a dupla de guitarras Hank Shermann e Michael Denner era mágica. O imaginário da banda estava muito à frente e na minha modesta opinião este era o verdadeiro embrião do Black Metal enquanto imaginário mais obscuro. Músicas como “Into the Coven”, “Curse Of The Pharaohs”, “Melissa”, entre outras foram para mim o ponto de partida na incursão do mundo do Metal. De tal maneira este álbum deixou marcas que o Ricardo escolheu o nome de Melissa para a sua primeira filha.

hornsup #7

25


entrevista

No olho do furação Uma corrente fria vinda de Seattle se encontra com uma massa de ar quente originária do sul dos Estados Unidos ocasionado a formação de furações. Não, isso não é a previsão do tempo. Os portugueses do Dollar Llama põe na rua seu álbum de estréia, “Under The Huricane” e, a esse propósito, conversamos com o vocalista Tiago Simões para calcularmos a intesidade desse furação e seus estragos.

Q

ual a sensação de ter um vosso primeiro álbum lançado? Acho que é um misto de satisfação, e ansiedade ao mesmo tempo. Passo a explicar. Satisfação, porque foram 7 anos para chegar a este ponto, sempre a remar contra a maré e a lutar para mostrar o nosso trabalho. Foi algo em depositamos todas as nossas esperanças, expectativas e força, mas, que também requereu sacrifício de todos, pois como deves saber, a parte financeira, e o investimento de tempo que é dedicado para gravar um disco, praticamente, sem apoios, torna-se difícil senão quase impossível. Felizmente, e com o empenho de todos, finalmente conseguimos, o que nos deixa extremamente contentes. Por outro lado, deixanos um pouco ansiosos, porque é o nosso primeiro trabalho a nível oficial (o nosso EP anterior foi lançado como versão de autor), e queremos ver qual a reação do público (tanto o que já nos conhece e o que nos desconhece

26

hornsup #7

por completo) no geral após a audição do álbum. Temos tido até agora, críticas bastante positivas dos meios de comunicação social em relação ao disco, e vamos ver o que se vai desenrolar no futuro. “Under The Hurricane” revela grande maturidade para um debut. Foi muito trabalhoso compô-lo? Pois como já disse anteriormente, foram 7 longos anos para chegar a este objetivo, daí o fato de estares a realçar a maturidade existente. O fato de termos tocado bastante ao longo deste anos, termos passado por várias experiências, e termos ganho “calo” como se diz na gíria, fez-nos crescer, e isso reflectese no disco, mas digo-te também, que não achámos difícil compor o álbum pois, para nós é fácil escrever músicas. Até te digo mais, é algo mesmo muito natural! Temos sempre algo para levar para o estúdio, e a partir de uma simples “malha” ou “riff ”, conseguimos

compor, moldar e materializar, uma pequena idéia numa canção na sua totalidade. Para nós a composição é algo natural e surge como uma evolução dos membros da banda. Como foi trabalhar com o José Pedro Sarrufo do 31 como produtor? Foi ótimo, porque, o Sarrufo já tinha gravado o nosso EP, e além disso já conhece o nosso som, e o que cada elemento da banda consegue fazer. O fato de termos escolhido o Crossover (estúdio) e o Sarrufo para trabalhar, foi exactamente, porque se tratar de uma pessoa que já conhecia a banda e o seu som. Ainda mais, a sua experiência a produzir nomes como Peste e Sida, 31, Day Of The Dead, Blacksunrise, Dawnrider, Gazua, entre outros, influenciou bastante a nossa escolha. Ele ajudou-nos bastante na fase de préprodução do disco e além disso deu o seu contributo, com opiniões bastante positivas já na fase de gravação e mixagem, sem nunca


distorcer o próprio conceito que a banda tinha para o projeto. Trata-se de um produtor já com créditos firmados, e que respeita as opiniões da banda que está a produzir, o que é extremamente gratificante. Podemos dizer que foi como se estivéssemos a gravar em “casa”! Era a escolha ideal para este álbum de estréia. Por quê a escolha do Troy Glessner para fazer a masterização? É muito simples, a indústria nos EUA, está muito avançada neste nível, e o Troy e o Spectre Studios já têm uma larga experiência a trabalhar bandas de renome como, He Is Legend, Norma Jean, Underoath, Demon Hunter, Project 86, August Burns Red, etc, e queríamos que alguém com essa mesma experiência e “know-how”, desse o seu “input” numa banda como a nossa, que possui influências bastante “americanas”, por assim dizer. O horizonte dos trabalhos do Spectre Studios abrange uma maioridade de estilos “rock”, e daí termos optado por ele. Ele foi muito prestável em tudo, e preocupado até, dando-se ao trabalho, de nos informar o que achava do nosso som e qual as melhores escolhas para “puxar”, por assim dizer, pelo som do disco em si. Para verem bem do que estou a falar e do nível de profissionalismo do Troy e da Spectre, eles foram agora considerados “Mastering Studio of the Year” no Seattle Area Music Awards. Posso dizer que foi uma mais valia para nós, termos feito a masterização com ele, pois o som superou o nível das nossas expectativas. O álbum mostra um veia “roqueira” saliente. Acredita que o mercado português oferece poucas opções nesse estilo? Eu penso que sim, neste estilo um pouco pelo menos. As bandas que fazem o som que nós fazemos são raras senão inexistentes. É difícil haver opções quando não há conhecimento do público sobre este estilo/ movimento. É algo novo até para nós. Nós combinamos um som com influências que vão desde as bandas dos anos 70 como Led Zeppelin, Black Sabbath, Motorhead, The Who, e 90, como Soundgarden, Alice In Chains, Stone Temple Pilots, Pantera, Melvins, Queens of The Stone Age, White Zombie, com bandas de som tipicamente “southern” como Down, Alabama Thunderpussy, He Is Legend, Maylene & The Sons of Disaster, Every Time I Die. Acho que sinceramente e sem alguma impressão de prepotência ou arrogância, não conheço mais nenhuma banda que faça o mesmo, sem ser o Miss Lava, pois as suas influências são bastante semelhantes. Acho que as opções são algo limitadas, mas pode ser que isso se inverta quem sabe, com uma boa promoção e boa receptividade do público, com o passar do tempo. Tem andado a tocar em Portugal nos últimos meses. Como tem corrido? Têm corrido bastante bem e apesar das dificuldades, temos tocado sempre com casas bastante compostas a nível de público. Acho que a pouco e pouco, o pessoal começa a tomar conhecimento da banda e do projeto, e isso reflectiu-se por exemplo na nossa apresentação no Rock N Shots (antigo Lotus Bar) em Cascais, e na Casa de Lafões, onde tocámos para salas completamente cheias e até no nosso último concerto com Men Eater em Setúbal, (em que o público marioritariamente

não era o nosso) e que tivemos montes de gente no final do concerto a vir ter conosco a dar-nos os parabéns, pelo espectáculo e que não faziam a mínima ideia de quem o Dollar Llama era. Até agora têm sido bastante positivo! Vão tocar com o Valient Thorr em Lisboa em Julho. Quais as expectativas? Acho que são as melhores, não é? Não é todos os dias que partilhas o palco com uma banda como o Valient Thorr, que fazem turnê e concertos à nível mundial. É um orgulho para nós como banda, poder participar nisso e de certa forma é uma ajuda vital para promover o nosso trabalho e da melhor maneira possível. Além disso, esperamos uma casa cheia, pois as bandas são boas, o local excelente e assim estão reunidas as condições perfeitas para uma grande noite de Rock, em que toda a gente adira e faça disso uma grande festa. Da nossa parte vamos fazer o melhor possível e impossível! You can bet your life on it! O álbum sai também nos EUA pela Stik Man Records, certo? Como ocorreu esse contacto com a editora norte-americana? Olha, foi por um acaso mesmo e passo a explicar. Nós, após a gravação do álbum, começámos a contatar várias editoras, sobre a possibilidade de uma futura edição, e enviámos um “sample” do nosso álbum com 4 temas para várias labels estrangeiras. Houveram várias que responderam de forma positiva mas a Stik Man Records fez-nos a proposta mais aliciante. Nos EUA, o álbum foi lançado a nível experimental na área de Nashville/Tennessee, e correu tão bem, que agora vai ser lançado a nível nacional tal foi o feedback do público e dos responsáveis da editora. Agora estamos a ultimar pormenores relativos ao lançamento, e se tudo correr bem, esperamos lá ir nos próximos meses para fazer uma série de concertos de promoção. Vamos ver como tudo corre, mas as expectativas são as melhores, pois o mercado americano é uma óptima aposta para nós, com base no som que fazemos. Acredito que tenham terminado à pouco de gravar o vídeo para a música “Deathblow”. Revele alguns detalhes sobre as gravações e que podemos esperar do vídeo. É verdade, terminámos as gravações do nosso primeiro single, “Deathblow”, e correu muito bem! As filmagens ocorreram nas Minas do Lousal, perto de Santiago do Cacém, nas antigas minas de pirite que lá existiam, e só pelo próprio local já valeu a pena. É um local único em Portugal e digo-vos que é mesmo muito cénico devido a todo o seu ambiente “vintage” fazendo lembrar os desertos áridos do Colorado, com as suas colinas e plánicies vermelhas e douradas. O conceito do vídeo assenta no nome do álbum “Under The Hurricane”, e por isso fomos para lá filmar devido ás suas características de deserto, ventoso e árido. Foi díficil devido ao calor e as condições atmosféricas, mas no final valeu bem a pena. O vídeo foi todo gravado em HD, e vai incluir também pós-produção e elementos 3D. Acho que vai ficar bastante bom, pois as imagens captadas só por si já são muito boas. Podem esperar furacões, deserto, e muita atitude, that’s for sure. Matheus Moura

[8] Dollar Llama Under The Hurricane Illusive

O Dollar Llama é original de Portugal, porém se dissessemos que era do sul dos Estados Unidos, passava batido. Detentores de um Stoner Rock potente, que mistura algo do Grunge de Seattle com uma pitada vintage do 70’s, esses portugueses debutam em grande estilo com “Under The Hurricane”. O álbum mostra que os 7 anos de existência da banda foram bem aproveitados. Seja pelas composições ou pela produção, o registo supreende pela qualidade. Em linhas gerais, temos uma dose massiva de Rock´n´roll bruto, bem disposto e viciante. Optam por uma simplicidade muito agradável, que funciona bem com os refrões melódicos, sendo que grudam na memória, tornado difícil não cantar junto. Faixas como “Deathblow”, “Life” e “Over Rated” apresentam exatamente isso. As guitarras são fortes e trabalham bem a dosagem entre os poderosos riffs Southern, com as passagens mais Grunge. Nota-se também, em menor grau, influência de bandas mais modernas que mistura Hardcore com Southern com Maylene and the Sons of Disaster ou Every Time I Die, por exemplo. O vocalista Tiago Simões, também se utiliza de vários elementos na construção da sua voz, lembrando à Godsmack em vários momentos. Uma espécie de Sully Erna... with balls! A produção de José Pedro Sarrufo (31) puxa pela veia mais orgânica do som que fica ainda mais exposta pela masterização do norte-americano Troy Glessner. O Dollar Llama executa um estilo pouco difundido em Portugal, por isso não pode-se fazer muitas comparações, mas mesmo colocadas perto de outros nomes similares no estrangeiro não deixam por menos. Bem feito, potente e divertido. Grande estréia! Matheus Moura

Tiago Simões

Decepção Silverchair “Young Modern Station” Talvez o último álbum de Silverchair, “Young Modern Station”. Acho que após o “Diorama” estava á espera de algo mais na onda dos primeiros álbuns, mas tal não se revelou. Acho que se colaram muito á onda do Coldplay e acabaram por se vender ainda mais. Acho que perderam toda aquela essência que os caracterizava neste último álbum, porque não souberam manter um pouco o Rock que servia de pedra basilar ao seu som. Este álbum está pop-melódico demais, e Rock quase nem vê-lo. Estes não é o Silverchair que eu tanto admirava. São mais uma versão “rasca” do Coldplay. O Daniel Johns têm muito que responder...

hornsup #7

27


entrevista

O despertar O Project 46 nasceu das cinzas de uma banda de covers que resolvou escrever suas próprias músicas. “If You Want Your Survival Sign Wakes Up Tomorrow” é o resultado da primeira investida desso grupo. Jean Patt6n, guitarrista, revelou a HORNSUP pormenores sobre a história da banda e sobre esse debut EP.

O

que levou uma banda de cover do Slipknot a se tornar o Project46? Sempre gostamos de fazer covers. Tivemos o Kroach (Slipknot cover) por muito tempo, tocávamos em muitos lugares de São Paulo, interior e até em outros estados, participamos do Covernation MTV por duas vezes, mas era uma coisa mais de hobby. Um dia eu (Jean) e o Vini, estávamos conversando sobre o lance de som próprio e decidimos na mesma hora, comprar umas cervejas e tocar, juntar idéias que os dois tinham guardadas a um tempo mas nunca colocadas em prática. Daí surgiu o início do Project46. E o nome também vem daí, eu era o número 6 e ele o 4 do Slipknot cover. Seria um projeto nosso no início, onde só nós dois faríamos a produção

28

hornsup #7

de tudo, batera, baixo, guitarras, vozes e etc, mas com o tempo fomos vendo a vontade de alguns dos integrantes do Kroach (e é claro, nossos amigos) em fazer um som autoral. Foi aí que a banda se formou por completo e tomou proporções maiores e com grandes ambições.

satisfação sonora nas músicas. E com a entrada do Gui (bateria) na banda, isso foi ainda mais explorado, pois ele trouxe mais influências de outros estilos pro nosso som, então foi ótimo pra sair dos “padrões” do Metal moderno que estava e ainda está rolando por aí.

A experiência na banda cover transparece neste primeiro EP, apesar de n‹o se parecer nada com Slipknot. O que mudou para resolverem explorar outra sonoridade? O que transpareceu mais pra gente foi nossas influências na época. Estávamos ouvindo bastante bandas como Lamb of God, Chimaira, Killswitch Engage, Divine Heresy, Soilwork entre outras. Mas nunca nos prendemos em algum rótulo ou sonoridade, sempre buscamos nossa

Gravaram esse EP com o Henrique (baterista do Paura) no Estúdio Pucci. Como foi essa experiência? Foi incrível trabalhar com o Henrique. Ele desde o começo entendeu perfeitamente nosso objetivo e o conceito da banda, explorou mais nossa criatividade e musicalidade. Com a experiência que ele tem com o próprio Paura e com outras bandas que ele trabalha, ele pôde nos auxiliar nas novas tendências sonoras para a produção


do EP. Além disso, estamos sempre em contato e o processo foi bem tranquilo e profissional. As expectativas foram superadas e estamos muito satisfeitos com resultado final. Como não tem selo devem vender os EPs apenas na Internet e nos shows, certo? Chegaram a correr atrás de um selo ou vão fazê-lo agora que tem o material na mão? Vamos começar a distribuir oficialmente o EP agora com o lançamento em Junho/2009. Por enquanto estamos divulgando única e exclusivamente as músicas no MySpace e em outras redes de conteœdo na internet. Ainda não temos selo e trabalhamos totalmente independente, mas nada impede que haja algum tipo de negociação com algum selo para distribuição,o que seria bem legal. Com o material completo na mão agora também fica mais fácil pra divulgação, venda pela internet e shows. Estamos fazendo tudo com muita calma para não “trocarmos as mãos pelos pés” (risos). O EP sai esse mês (Junho), mas devido aos shows e ao MySpace já devem ter um feedback do pessoal. O que o público tem dito? O feedback está sendo muito positivo considerando a divulgação apenas pela internet. Temos comunidade no Orkut em que o pessoal sempre comenta dos shows, fazem pedidos, falam com a banda diretamente e já temos um público bem fiel à banda, que sempre nos acompanha em shows. Disponibilizamos também 3 músicas do EP pra download em alguns sites, sempre colocamos fotos e novidades nossas no Twitter, Fotolog. Com isso o pessoal já fica mais por dentro do que está acontecendo e o retorno é muito significativo, até em shows muita gente já canta junto as músicas e pedem músicas que ainda nem disponibilizamos na internet. Esperamos que após o lançamento do EP os números cresçam mais e que sejamos mais reconhecidos. Com relação ao público nos shows, sentem muita diferença, já que estiveram em uma banda de covers e agora tem uma de músicas originais? Sentimos ainda mais vontade e tesão de tocar já que estamos mostrando nosso som e não um cover, e é tão incrível que chega até a arrepiar! Nós amamos o que tocamos e fazemos

porque gostamos e queremos passar a adiante. Temos certeza que tem muita gente que faz com que o nosso som seja significativo para eles, e quando vemos a galera cantando junto o refrão de uma música com a gente, isso não tem preço, e tende a aumentar. O pessoal sente a música nos shows, a energia do palco e a vontade de fazer as pessoas de mexerem.

[7] Project 46 IfYou WantYour Survival Sign Wakes UpTomorrow Independente

Como rolou a gravação do clip de “Tomorrow”? Unimos o útil ao agradável (risos). Já que não tínhamos muita verba para a produção, paramos e pensamos: “Como podemos fazer isso, sem gastar muito dinheiro?”. Então o Caio veio com uma proposta de roteiro para nós que posteriormente apresentou para a faculdade dele (Rádio e Tv, Anhembi Morumbi), que aprovou o projeto e assim conseguimos toda a estrutura para a gravação e pós-produção do vídeo. O clipe foi dirigido e editado pelo Caio mesmo. E o resultado saiu bem além do que imaginávamos para um primeiro clipe e com um pequeno orçamento. Ficamos muito satisfeitos e já estamos a caminho do 2º projeto! Não tem medo do rótulo Metalcore. Não acreditam que essa classificação possa trazer algo pejorativo atualmente? Nós mesmos não nos prendemos em nenhum rótulo, seja Metalcore, Thrash, Death, Hardcore. Nós temos sim muitas influências que ficam nítidas no nosso som, mas cada um ouve de um jeito com um repertório de conhecimento diferente e tem uma opinião diferente. Nós apenas falamos que somos uma banda de Metal. Se o chamado “Metalcore” vai nos prejudicar eu não sei, mas acredito que não. Fiquei sabendo que fazem ao vivo um cover de “Wannabe” das Spices Girls. Isso é sério? (risos) É Sim. Nós sempre fomos uma banda divertida, somos muito descontraídos e de bom humor. E sempre quisemos fazer alguma versão de música pop ou algo que tenha muito contraste com o nosso som, então o Vini deu a idéia de fazermos Spice Girls. Às vezes a tocamos nos shows e o pessoal gosta bastante, fizemos ela um pouco mais pesadinha né! (risos) Mas o mais legal é ver as meninas e os eternos “jovens” cantando a música! Matheus Moura

Formada com ex-membros de uma banda cover do Slipknot, o Project 46 não lembra muito os nove mascarados de Iowa. Influenciados por Thrash Metal e principalmente por Metalcore, o “projeto” resolveu escrever suas músicas próprias. O primeiro fruto é o EP “If You Want Your Survival Sign Wakes Up Tomorrow”, que sintetiza em 4 faixas a proposta desta nova banda. Como já foi dito, a base é Metalcore, por isso, obviamente, não espere por algo muito inovador. Mesmo andando em terrenos já bastante explorados, ainda conseguem apresentar composições decentes e convincentes, evitando que os coloque diretamente na “prateleira” dos genéricos. Os riffs puxam pelo power do Thrash Metal norte-americano, flertando levemente com algumas técnicas do tão copiado Death Metal escandinavo. O uso de breakdowns é bem dosado, contrastando com momentos mais melódicos, inclusive nas vozes (“If You Want”). A característica mais notável é a preocupação em fazer músicas energéticas, que estimulem o moshpit, nesse aspecto, em semelhança com que fazem os americanos do Lamb Of God. Porrada atrás de porrada! Todas músicas são grandes, sendo que a menor delas tem mais de 4 minutos, porém não “enchem linguiça” apenas. Preenchem com variações interessantes, mostrando tudo que são capazes de fazer. Esse registro é o cartão de visita de uma banda que vai gostar de ouvir notícias no futuro. Com uma produção de primeira e mais uma 10 músicas na bagagem são capazes de ter um álbum compatível com o que se faz lá fora no estilo. Talento não lhes falta. Matheus Moura

www.myspace.com/project46brazil

hornsup #7

29


entrevista

Inferno insular No arquipélado dos Açores também se faz Metal. Um bom exemplo atende pelo nome de Anomally. O sexteto lançou à pouco tempo seu primeiro registro, “Once in Hell...”, e é sobre esse e outros assuntos que a HORNSUP conversou com o tecladisca Miguel Aguiar.

O

álbum “Once In Hell...” apresenta bastante maturidade para um primeiro registro. Como correu o processo de composição? Ao longo de praticamente 3 anos fomos compondo vários temas que serviram para definir o nosso estilo para nos conhecermos uns aos outros como músicos e julgo que terá sido essa a fórmula para a maturidade apresentada neste primeiro registro. Também de salientar o fato de alguns dos membros da banda já terem pertencido anteriormente a outras bandas o que lhes deu alguma maturidade. O processo de composição acabou por correr naturalmente, sem qualquer tipo de pressão. O álbum foi gravado nos Açores, no Watt Studios, com a produção de João Mendes.

30

hornsup #7

Chegaram a pensar em gravá-lo no continente? Sim, aliás este era o nosso objetivo no entanto acabou por ser impossível concretizálo já neste primeiro registro. Felizmente surgiu a oportunidade de podermos graválo na nossa terra permitindo assim gravar com custos reduzidos pois não tivemos de dispensar dinheiro em deslocações para o continente estadia e alimentação. Lançaram o registro de forma independente. Receberam algum tipo de apoio? Não recebemos um único apoio, no entanto esta acabou por ser uma decisão tomada por nós pois estávamos conscientes de que seria muito difícil conseguir obter algum apoio para um primeiro registro de uma banda que ainda pouco tinha mostrado.

Com este registro esperamos conseguir algum apoio para o próximo. Qual o simbolismo do artwork (a anja sem uma das asas)? O artwork acaba por ser um pouco subjetivo e em parte fica ao critério de cada um o seu simbolismo pois tanto podem imaginar que a asa do anjo foi arrancada por alguém ou pelo próprio anjo. Pessoalmente prefiro a segunda versão pois acaba por simbolizar a rebelião de alguém contra a religião. De que maneira a insularidade afecta a personalidade da banda? Afeta no sentido de dificultar um pouco o nosso trabalho a nível de divulgação e até mesmo de gravação. Felizmente tem surgido cá alguns estúdios semi-profissionais que


tem permitido às bandas gravar com maior facilidade, no entanto mantêm-se o grande problema da falta de oportunidade para dar concertos dificultando a divulgação do mesmo. Felizmente a Internet tem facilitado e muito no que diz respeito à promoção do que temos vindo a fazer mas mesmo assim sinto que não é o suficiente. Como tem sido as reações a “Once in Hell...”? As reacções por parte dos media tem sido bastante positivas tendo inclusive sido destacado como álbum do mês no jornal Feedback 100% na rubrica Olhar Sonoro. Penso que para um primeiro álbum auto financiado e sem qualquer editora as críticas estão a superar as nossas expectativas. Além de Portugal continental, recebem algum feedback de outros países? Sim, fazia parte do nosso plano de divulgação promover o nosso trabalho em outros

países. Temos recebido boas críticas por parte de webzines alemãs, francesas, suíças, gregas, holandesas e temos tido ainda algum air play em vários programas de rádio. Tiveram a oportunidade de dividir o palco com bandas estrangeiras de algum renome como Mnemic, Dagoba e Fear My Thoughts. Como foi essa experiência? Foi uma grande honra para nós poder partilhar o palco com as bandas referidas. Acabou por ser bastante gratificante e ajudou-nos a promover o nosso trabalho pois acabámos por tocar para um público que praticamente nos desconhecia. O fato de estarem em uma ilha reduz a possibilidade de concertos. De qualquer forma, como anda a agenda? Infelizmente e como já disse anteriormente, este é um dos maiores problemas inerentes

à insularidade. Como tal neste momento temos a agenda ainda por preencher, já existem alguns concertos em vista mas ainda nada em concreto. Quais as pretenções da banda para 2009? Todos os anos nós temos objectivos e este ano de 2009 não foi excepção. Divulgar “Once in Hell…” ao máximo, tentar assinar um contrato com uma editora e tocar em Portugal continental são os 3 maiores objectivos da banda para este ano. Temos noção que se torna complicado para os promotores de festivais no continente levarem uma banda dos Açores ao continente devido às despesas de deslocação, mas estamos dispostos a pagar estas despesas no sentido de facilitar a nossa ida ao continente. Matheus Moura

www.myspace.com/theanomally

hornsup #7

31


Foto: Rodrigo Bertolino

entrevista

Cristianismo, humor e caos sonoro O Unlife vem aparecendo como uma das revelações do Metal paulistano. Seu som caótico, longe da fórmula linear e com pitadas de divertimento são um dos aspectos que cativam facilmente o ouvinte. Em entrevista a HORNSUP, o vocalista Cidobandido fala sobre o processo de composição, futuro da banda e Deus.

C

omo banda vocês não se definem em um rótulo sonoro, pois misturam diversos gêneros. Como modo de vida, estão ligados ao cristianismo. Fora isso, o que um leigo precisa saber de qualquer maneira sobre a Unlife? Somos uma banda paulistana que simplesmente faz o que gosta e tenta dar o seu melhor tanto no estúdio quanto no palco, tentamos fazer algo que seja diferente e agradável, explorando todos os extremos musicais independente de quais sejam eles. O Unlife evita esbarrar em rótulos sonoros, tentamos fugir o máximo possível de parecer com alguma banda ou movimento. O lance é sermos nós mesmos e sorrir pra vida, acreditamos que Deus é a nossa gasolina e que nossas vidas são apenas uma forma de agradecer a Ele por tudo que temos e vivenciamos no dia a dia. O segundo EP, “Silence Of A Guilty, Noise Of The Lambs”, é mais maduro e inteligente do que o “Good Night, Good Dreams”, de 2007. Que outras mudanças significativas aconteceram nestes últimos dois anos, além do aspecto sonoro? Em 2007 estávamos em outra pegada e a identidade musical da banda ainda era remota. O

32

hornsup #7

“Good Night, Good Dreams” é um EP bastante experimental. Tentávamos reunir o máximo de coisas que gostávamos na época. Já o “Silence Of A Guilty, Noise Of The Lambs” é um EP que tem mais a nossa cara e podemos ver o início do nosso caráter musical nas faixas. Crescemos espiritualmente, como amigos e, principalmente como banda, passamos praticamente todo tempo ouvindo, analisando e comentando novas bandas, novos CD’s, e só isso em si já agrega muitas coisas ao nosso repertório pessoal e como banda. Acredito que um dos feitos mais relevantes na carreira do grupo, até o momento, foi a participação em uma coletânea intitulada “No Racism No Violence II Secound Edition”, de 2008. Como foi a experiência para o Unlife, desde o convite para participar da compilação até o lançamento da mesma? A El Sonora, que é o selo responsável pelo projeto, fica aqui no Brasil. Nós recebemos a proposta e o convite para participar depois de uma seleção feita por eles e aceitamos. O que mais chamou a atenção é o ideal por trás da compilação, algo que ultrapassa as barreiras da regionalidade e mesmo os estilos de som,

sem racismo e sem violência. Não estamos aqui para engolirmos uns aos outros e sim para nos unirmos em prol de um cenário musical melhor. Além de outras coisas isso abriu as portas para termos nosso som divulgado tanto aqui na América do Sul quanto na Europa e participarmos de uma coletânea virtual também lançada por eles que pode ser baixada gratuitamente no site do selo (www.elsonora.com). Como funciona o processo de composição em relação aos vocais? Há controvérsias no momento de colocar os vocais melódicos de Japagirl com os gritos de Cidobandido? Ao contrário do que todos pensam, nunca existiu problema algum para criar linhas vocais, a Marina (Japagirl) e eu sempre sentamos nos ensaios e definimos a música toda juntos. Isso não quer dizer que ela simplesmente faça a parte dela e eu a minha, sempre criamos linhas um para o outro e analisamos detalhadamente o que ficou melhor e mais confortável para ambos. A grande idéia é mostrar pro pessoal que não existem divisões nos vocais, gostamos de misturar e diferenciar o máximo possível de uma música para outra, isso evita cair naquela mesmice de que já falamos.


Qual a idéia que a banda possui para juntar o humor à temática cristã nas composições? A idéia é deixar de lado aquela visão rígida que as pessoas geralmente têm sobre o cristianismo. Tentamos mostrar para o público que pra ser filho de Deus você não precisa ser necessariamente aquele cara com um terno engomado e uma bíblia embaixo do braço. O Unlife passa a idéia de que ser um cara cristão é muito divertido, é se sentir bem por saber que Deus te aceita assim desse seu jeito, mesmo estando errado às vezes, mesmo sendo questionador. Essa essência é tão pura que penetra nas nossas músicas de forma que hoje é muito difícil deixar de inserir nosso humor no som, certamente é algo que sempre vai caminhar conosco. Cada faixa do novo EP é única, pois não seguem uma forma linear na hora da criação. Dentre elas, qual possui melhor receptividade dos fãs? E por qual razão isto ocorre? Acredito que a “Welcome To The Candy Church” tem uma aceitação boa dos fãs, e foi a nossa música mais tocada até hoje. Exploramos de uma forma legal a mensagem que queríamos passar nela. É bem nítido o contraste entre os screams e os melódicos, o refrão é marcante e divertido e claro que os riffs brutais não deixam de estar presentes. Quem ouve fica meio confuso com tanta informação misturada, são temas caóticos que no fim resultam em um momento de calmaria provando que nada termina igual ao que começa, pelo mesmo pra nós do Unlife (risos).

Algumas pessoas, quando ouvem o som de vocês, lembram da Iwrestledabearonce, uma banda de Mathcore que vem ganhando uma excelente aceitação na mídia ultimamente. Como encaram esta comparação? É muito legal quando o pessoal nos diz isso, particularmente me sinto feliz de nos colocarem ao lado de uma banda tão forte como o IWABO. Claro que eles têm um som inusitado e eu mesmo já coloquei no papel e reparei que algumas coisas até lembram a gente, mas se analisarmos bem isso não passa de teoria. Eles têm uma pegada bem mais Grind. Acho que o pessoal assimila muito pelo contraste entre os melódicos femininos e screams, tudo isso com uma pitada de bom humor, mas são apenas semelhanças, nunca nos baseamos neles para compor. A Oxigênio Digital apostou no trabalho de vocês e agora a Unlife participa do seu staff. Quais as expectativas diante deste novo estágio para o grupo? Estamos ansiosos! O pessoal da Oxigênio Digital foi muito receptivo ao nosso som e ao nosso propósito como cristãos. Trocamos uma idéia com eles, mostramos nosso projeto e eles nos deram total liberdade para tocarmos o trabalho. Isso é ótimo, mas implica em termos uma grande responsabilidade nas mãos. Um imenso leque de oportunidades está se abrindo. Com certeza não vamos desperdiçar nenhuma delas. Por isso, estamos fazendo o nosso melhor para que o som que vocês ouvirão aí seja tão divertido e agradável quanto o que vamos tocar daqui.

De fato, “Welcome To The Candy Church” é uma junção perfeita da melodia com a brutalidade. Qual foi a grande sacada para incluir esta variedade caótica de sons em um único pacote? A idéia foi explorar ao máximo as extremidades musicais e contrasta-las de forma inusitada, provando que é possível misturar caos com harmonia, quebrar qualquer barreira sonora. Calculamos detalhadamente todo o sincronismo e colocamos os instrumentos de uma forma que acompanhassem a mensagem da letra, isso fez com que consequentemente tudo se encaixasse no seu devido lugar. É verdade que um mini-documentário da banda está sendo feito? Quais as coisas que os fãs podem esperar deste material e quando pretendem lançar? Durante a Walking With Dinossaurs Tour, nós filmamos alguns momentos legais com as bandas amigas, entrevistas, opiniões e muita zoeira. O resultado não é nada digno de um globo de ouro (risos), mas já da pra entender como a banda pensa e age. Pelo que eu vi até agora a produção vai juntar alguns arquivos antigo de viagens o que com certeza vai arrancar algumas gargalhadas dos fãs. O material tem previsão para sair no final de Julho e tem como objetivo também apresentar o cotidiano da banda pra galera que curte na gringa, com legendas e cenas de shows. Quais os planos para o futuro da banda? Há um full-lenght previsto para o segundo semestre de 2009 mesmo? Como ele soará? Sim, estamos a mil por hora com nosso novo projeto, ele é basicamente a extensão do “Silence Of A Guilty, Noise Of The Lambs” e irá se chamar “Christian Democracy”. Será nosso primeiro trabalho conceitual e tratará de assuntos religiosos como o preconceito,

[9] Unlife Silence of a Guilty, Noise of the Lambs Oxigênio Digital

”O que vamos tocar?”, “Que som podemos usar como influência?”. Essas são perguntas comuns na gênese de qualquer banda. Contudo, quantas delas vão para o lado do clichê e pouco irão merecer reconhecimento da mídia por fazerem um som baseado em tudo que já existe? Uma parcela enorme. Apenas os que possuem coragem se habilitam a fugir do lugar comum. E, dentre esse mar de pessoas que resolvem tocar um som pesado, surgem alguns aventureiros que preferem quebrar correntes baseadas em linearidade, ou seja, nada do óbvio. Unlife, vindo de São Paulo, não se limita a tocar apenas a junção do Metal com o Hardcore. Seus elementos vão além, trazendo traços de música circense, Rock, ambiente e qualquer coisa que surgir na cabeça desses caras. Digo “caras”, porém, possuem uma vocalista que realiza as melodias. Japagirl, como é chamada, cativa o ouvinte com seu timbre suave e belíssimo. O responsável pelos gritos é o competente Cidobandido. Já perceberam que há senso de humor, certo? O trabalho em análise é o segundo da carreira da Unlife e foi intitulado “Silence of a Guilty, Noise of the Lambs”. A capa já mostra que algo divertido e confuso está por vir. Começando pela faixa título, a variação de linhas musicais domina claramente. Gritaria, vocais melódicos, som suave, distorção na guitarra, música de circo, tremolo picking, bateria insana, breakdowns, ambiente e dissonância. Pode ser mais caótico do que isso? Um começo excelente. “Smells Like Whitney Spears” inicia com um “E lá vamos nós...!”. Única frase em português aqui. Outra obra de arte, deixando evidente suas crenças cristãs. Tento imaginar como é a execução dela ao vivo - insana. “With Eyes Rolled Back Again”, mais uma caoticagem, com direito a algumas brincadeiras durante a música. Por fim, minha faixa favorita, “Welcome to the Candy Church”. Esta irá agradar aos fãs de Norma Jean em vários momentos. Porém, não é o peso o mais chamativo, mas sim as melodias vocais, seguidas por gritos enfurecidos e breaks. Acabou a faixa? Claro que não. O final é belo, pois há uma criação de uma atmosfera ao mesmo tempo agressiva e suave. Ao acabar o curto EP, você sentirá vontade de ouvi-lo muitas vezes mais, pois é um banho de instrumental bem feito, desde o baixo (que possui vários momentos de destaque) até elementos eletrônicos, tudo isso com criatividade em alta, a chave fundamental para o reconhecimento. Precisa falar mais? Igor Lemos

hipocrisia e até mesmo fé. Pra quem não entendeu ainda é só ouvir o “Silence...” e tentar imaginar como tudo aquilo vai acabar. Por base, o full-lenght tem aproximadamente 10 músicas, mas com certeza teremos surpresas, estamos apenas no começo do processo de gravação. Vocês podem esperar algo bem mais trabalhado e técnico, mas sem deixar de lado a agressividade e a diversão. Igor Lemos www.myspace.com/unlife

hornsup #7

33


entrevista Para quem não ã sabe, b o Eu serei a Hiena é uma banda paulistana que reuni membros do Ratos de Porão, Discarga, O Inimigo, Tri Lambda, Good Intentions e Isosceles Kramer para fazer um som. Com o segundo disco, “Hominis canidae” lançado recentemente e sempre na correria para conciliar a agenda de shows e divulgar esse trabalho, conseguimos falar com o Fausto, que toca guitarra no Hiena e também é conhecido por tocar baixo no Dance of Days. Confira o bate papo e saiba mais sobre a banda, o disco e os novos projetos.

Q

ual a ligação do nome da banda com o som? A princípio, o nome foi inspirado em uma música da banda At The Drive-in, da qual gostamos muito e nos influencia até hoje. Mas acho que ao longo do tempo foi adquirindo novos significados. A hiena é um animal estranho, meio repudiado, que se alimenta geralmente de restos. É um animal que geralmente ninguém pensa em ser (como um tigre, um leão, animais imponentes e vistosos). É um animal marginal. E nossa música é de certa forma estranha, e não deixa de ser marginal, meio contra a corrente das coisas que geralmente temos por aí. Diferente.

Outra coisa que todo mundo sempre quer saber é sobre a formação. Vocês são uma das primeiras a juntar membros de outras bandas para fazer um som diferente do que costumam tocar em suas bandas originais. O que vocês acham de isso meio que virar uma tendência num curto intervalo de tempo voltou o Total Terror e surgiu o Zander, o Música Diablo e essa mais nova, o Colaterall? Eu acho que isso não necessariamente pode ser uma tendência, mas é simplesmente a base de quando se pensa em formar uma banda, lá no início, quando se começa a tocar. E é isso, o Hiena são 4 amigos que só queriam fazer algo diferente do que fazem em suas outras bandas. Temos um gosto musical em comum, não igual, mas com similaridades, e fizemos tudo sem pretensão nenhuma, de se tornar uma banda que as pessoas gostassem. E quando amigos querem fazer um som, nada melhor. Isso é a essência de uma banda, fazer música sem se importar se vai vender ou não, mas pensando em passar bons momentos com os amigos. Legal que gente mais velha ainda se interessa em fazer bandas novas, assim como pessoas mais novas. Isso aí não tem idade pra começar nem terminar. Como aconteceu e quem teve a idéia de se juntarem para formar o Eu serei a Hiena? Olha só, o Nino (baterista) já tinha tocado com o Wash (baixista) em uma banda que era mais pra essa linha do Hiena, o Nitrate Kid, nos anos 90. Bom, eles se conhecem tem um tempão. Tocaram, juntamente com o Juninho (guitarrista), no Rethink, gravaram demo, fizeram shows, foi uma banda importante no cenário Hardcore paulista. Daí o Wash acabou indo pro Japão, o Rethink continuou com o Jonas no baixo e assim foi. Eu conheci o Rethink por essa época e gostava muito da banda. Eu já tocava no Good Intentions e conheci o Juninho, o Nino e a galera do Rethink. Eu sinceramente não me lembro muito bem da época, acho que 2001 ou 2002, o Juninho me chamou pra tocar a segunda guitarra no Rethink. Topei, lógico, pois é uma das bandas que mais gosto até hoje. Mas aí a banda parou, fiz meio ensaio e meio show, hehehe. Ficamos um tempo nisso, mas aí o Wash voltou do Japão (foi nessa época que eu conheci ele). E o Nino e o Juninho só falavam nele, e a gente tava pirando muito nuns sons mais mai aii tortos assim, tipo At The Drive-in, Fugazi...

34

hornsup #7

Daí a gente resolveu se juntar e fazer um som nessa linha, isso deve ser em 2002. O Wash voltou do Japão e abriu o estúdio Caffeine, e começamos a ensaiar lá, com vocalista e tudo mais (Marcelo, ex-Constrito, atual O Cúmplice). Por que a escolha de fazer a maioria dos sons instrumentais? E se o projeto nasceu instrumental, por que mudar o conceito e trazer convidados para cantar no segundo disco? E qual o critério para a escolha dos convidados? Bem no início, o projeto não era pra ser instrumental, era pra ter vocal, ser mais At The Drivein. Mas aí acabou não casando muito bem com o Marcelo e nem com o Rogério (que participou do nosso último disco). Quando fomos gravar nosso primeiro disco (quer era pra ser uma demo e deixar registrada aquelas músicas), veio a idéia de chamar uma galera que a gente admirava pra cantar. Não sei, a gente é uma banda instrumental com músicas cantadas. Meio estranho isso, né? Mas a gente não tá se importando com rótulo, ou seguir isso ou aquilo. Se a gente acha que a música pode ser cantada, por que não? Ah, o critério pra chamar os convidados, pelo menos no último disco, foi bem esse, de achar que alguma música combinaria com determinada pessoa, foi mais pensado. E foram pessoas que tinham algum contato com a banda toda ou amigo de alguém da banda. Por exemplo, eu não conheço a Blue Bell (possível vocalista) pessoalmente até agora! Mas ela é amiga do Wash. O disco saiu no inicio do ano, como tem sido a repercussão? Muita gente na verdade já o indica como, se não o melhor, um dos melhores lançamentos de 2009. O que acha disso? Poxa, pra uma banda que toca pouco, no meio da semana, de madrugada, com um som não muito usual, tem sido ótimo. Sabe, tem gente que ouve porque gosta de nossas outras bandas... Não tem nada a ver com elas, mas algumas pessoas gostam, e isso é ótimo. Vai que dali a pessoa começa a gostar de um som diferente? Já tá ótimo. Eu tô muito feliz com esse segundo disco, o formato diferente, as participações e o interesse das pessoas. Acho que é muito cedo pra falar em melhor disco do ano. Ficamos muito felizes com o disco, desde a arte gráfica feita pelo Tony Superxoxo, a gravação feita no Rock Together e a masterização no estúdio Rocha. Foi um disco que nos dedicamos mas deixamos a espontaneidade fluir. Isso é muito importante. A idéia da banda foi só juntar objetivos em comum e fazer um som diferenciado ou é um pouco de decepção com o que representa e como está a cena do Punk/Hardcore? Foi mais pra juntar e fazer um som diferente que não cabia em nossas bandas mesmo. Tem espaço pra tudo na música, Hardcore, Punk, Pop... o público tem que saber o que mais lhe agrada. Não é nada contra o estilo musical que está em evidencia atualmente. Sim, é diferente, vai contra a corrente, mas não pensamos nisso na hora de compor.

Não tem jeito, já que são tão diferentes, a gente quer saber da criatividade de vocês para os nomes. De onde a inspiração para “Hominis Canidae”? Quem deu o nome do disco e da maioria das músicas foi o Wash. Ele é um cara que tem uns pensamentos meio doidos, gosta de escrever, ler e compor. Conhece muita coisa diferente. Segundo ele mesmo: “a idéia básica é a vida difícil e sofrida, às vezes solitária numa cidade grande como São Paulo. Uma vida de cão que algumas pessoas levam, meio que deixam as pessoas rudes e solitárias, como um cão de rua. Ao mesmo tempo lembra um lobisomem, de habitos noturnos e solitários também... e que a figura do lobisomem era ligada a da hiena até o seculo 18.”

[8] Eu Serei a Hiena Hominis Canidae Travolta

Eu Serei a Hiena é um projeto tão especial, que não deve ser analisado sob a óptica normal. Ignore rótulos, modas e (pré) conceitos mais banais. Apesar de parecerem complicados, até no nome, fica fácil entedêlos depois de ouvir “Hominis Canidae”, difícil mesmo é explicar para os outros. Começando que é uma banda instrumental, que tem vocalistas... às vezes. Na real, são convidados como Leo Kobbaz do Street Bulldogs na faixa “Migraine”, Rogério Salles em “Blank Pages” e a adorável Isabel Garcia (Blubell) em “Yes (I Do)”. Sendo assim, algumas faixas tem letras, entretanto, a maioria delas são exclusivamente instrumentais. Tudo é regido pela descontração. Mesmo sabendo que estamos ouvindo algo bem composto e trabalhado, o clima de “jam” e descompromisso é extremamente agradável. Na sua formação, a banda carrega membros (e ex-membros) de bandas como Ratos de Porão, Dance Of Days, Good Intentions, Discarga e por aí vai. Esse descomprometimento e diversidade dá liberdade para a Hiena correr solta por onde quiser. Podem inventar nomes como Post-isso ou aquilo-Rock, mas quando se ouve algo com este álbum, esse tipo de nomenclaturas se tornam incoerentes. O Eu Serei a Hiena tem um carácter único, que por si só já representa muito, principalmente se levarmos em consideração a levianidade exacerbada no cenário atual. São pessoas comuns, tocando instrumentos normais, de maneira natural, mas com um resultado explosivo, envolvente e hipnótico. Para completar a “viagem”, o álbum vem com um packing personalizado, com um livreto no formato da cabeça da Hiena estilizado pelo artista Tony SuperXoxo. Seja você também a hiena! Matheus Moura


Como rolou a idéia do livrinho no lugar de uma embalagem normal e da arte do CD? A idéia veio do Ailton (Travolta Discos) e do Tony (Superxoxo). Pra mim, ia ser um encarte normal, na caixinha. Daí vieram com essa idéia meio doida. achávamos que não daria certo, eu tava preocupado se não ia ficar “os olhos da cara”. Mas ficou lindo, fiquei orgulhoso. E acho que muita gente gostou também. Quando estávamos gravando, comentei com o Ailton sobre as artes do Tony, pois achamos que ele manda muito bem. E rolou, ficou ótimo.

Você costuma ler publicações de música ou revistas em geral? Já que a internet é o canal da divulgação para música, propaganda e todo tipo de assunto, o que acham de revistas nesse formato virtual? Acho super legal, pois as revistas em banca são muito caras. Mas acho que é preciso ter as duas coisas. Eu não consigo ler um livro no computador nem ferrando. Mas de um tempo pra cá tenho comprado muitos livros em sebos e livrarias, assim como discos e cds, dvds... Acho que o formato digital é bem legal, mas não devemos nos esquecer do formato físico. Por isso é bacana, pra quem não pode comprar publicações, procurar outros meios de leitura, como bibliotecas ou publicações digitais. Alguns de vocês já teve a experiência de fazer shows fora do Brasil. Como a revista tem circulação na Europa, há alguma previsão de o Hiena também fazer algo fora? Já tiveram vontade ou algum convite? Vontade temos, mas o mais longe que chegamos com a banda foi em São José dos Campos, hehe. O Juninho e o Nino já

tocaram na Europa. Espero que role, de verdade, ia ser o máximo. Lançar o disco em outros países também, gostaria muito. Para encerrar, só diga quando serão os próximos shows e projetos de vocês e deixem um recado para o pessoal que está lendo. Tentaremos tocar no máximo de lugares que for possível e divulgar o disco novo. Quem sabe um clipe e mais shows fora de São Paulo. Quando pintar espaço e possibilidade de tocar, estaremos lá. Não importa se pra 10, 100 ou 1000 pessoas. Obrigado a todos que acompanham a banda, se interessaram por ouvir, baixaram ou compraram o disco. Escutem aquilo que agradam a vocês, e não para agradar o gosto de um amigo ou algo do tipo. Ninguém é mais que ninguém porque conhece mais bandas conceituadas ou desconhecidas do grande público. Faça aquilo que te deixe feliz. Andrea Ariani

www.myspace.com/ahiena

Foto: Rita Gonçalves

Já que todos vocês tem bandas ativas e estão sempre em alguma atividade, como fazem para fazer shows, as gravações e composições para o Hiena? Apesar desse disco ser melhor produzido, acho que na verdade ele foi mais corrido. Levávamos idéias uns pros outros nos ensaios e daí que foram surgindo as músicas. Tiramos uma espécie de férias e ensaiamos muito antes de gravar, mas muita coisa acabou sendo feita no estúdio, na hora de gravação. Tempo é algo problemático para nós, mas tentamos compensar com um entrosamento natural que temos.

O sorriso da hiena

hornsup #7

35


Foto: M.D.M.

entrevista

A lâmina da razão Inspirados na teoria de William de Ockham, o Razor of Occam vem bombardeando os ouvidos alheios com um Black Metal ríspido aliado ao mais furioso Thrash, marcando também pelas fortes letras que expressam claramente o lado da razão, não da fé. O guitarrista Ian afia a lâmina nas páginas da HORNSUP.

V

ocês estão na ativa desde 1998. De lá para cá foram lançadas duas demos e dois EP’s, e a banda mudou-se da Austrália para a Inglaterra. Dê-nos um breve resumo do que aconteceu durante todo esse tempo. Bom dia, Shrapnel falando aqui. Razor of Occam nasceu do repugnante fedor da “navalha” do Matt. Depois de gravar a demo, ele mudou-se para a Europa a trabalho, metal e festas. Ele viveu em Paris por algum tempo, ficando com a “metal militia” francesa, bebendo e levando a vida... Ele também viveu em algum lugar da Bélgica. Festivais, bebedeiras, mais festivais e mais bebedeiras foram ocupando o tempo. Só anos depois que ele mudou-se para Londres que a banda

36

hornsup #6

virou o Razor of Occam que é hoje. Um encontro nas ruas de Londres deu a Matt a chance de recrutar o monstro baterista, Peter Hunt. Então logo juntou-se a ele o Chris, que é o Nunravager, do Adorior. A banda começou a tocar regularmente. O mini-álbum estava quase completo, quando mudei-me para Londres e comecei a tocar com eles. Esse foi o line-up do EP “Pillars”. Depois disso houve vários ensaios para tentar moldar as músicas. Chris saiu e Alexandros, do Macabre Omen, pegou seu lugar. Todos os membros do Razor estavam em outras bandas, o que ocupava certo tempo, mas esse foi o line-up que gravou o “Homage to Martyrs”. Desde que Pete deixou Londres para voltar à Austrália, temos um novo baterista chamado Didier.

“Homage to Martyrs” é o primeiro CD. A banda está satisfeita com tudo envolvendo o álbum? Sim, estamos realmente felizes com o resultado. Necromorbus realizou um trabalho fantástico com a produção. Não acredito que nós poderíamos ter feito algo realmente melhor no momento. Não há dúvida, mesmo nas primeiras audições, de que aqui há um álbum matador. Soa principalmente como uma fusão de Marduk e Black Metal em geral com Thrash furioso! Quem são as influências da banda? Somos todos grandes fãs de Metal. Acredito que escutamos uma grande quantidade de bandas. Para mim, são várias dos anos 80


- King Diamond, Slayer, Metallica, Bathory, Venom. Poderia continuar falando o dia inteiro. Acho que todos os álbuns da minha coleção me influenciam em certo grau. Sua coleção musical é como seus livros de referência, como voltar à escola. O que você escuta certamente afeta altamente a música que você produz. Se tudo que você escuta é Black Metal sujo, então sua música acabará soando similar. Eu também escuto muita coisa que não é Metal. O álbum todo está cheio de grandes momentos, mas eu devo dizer que os solos nos dão um “turbo”! Entre a velocidade e a brutalidade, posso sentir uma influência do Heavy Metal clássico. Como isso é uma característica incomum no Black Metal, como foi a receptividade do público nos shows no momento em que os solos eram tocados? Quando estou tocando ao vivo, eu realmente não sei o que a galera está fazendo. É como você estar na sua própria zona. Você está certo em dizer que há muita influência do Heavy Metal clássico no som do Razor. Sou um grande fã de Judas Priest e Mercyful Fate. A música deles teve um forte efeito em mim. Para o álbum, passei muito tempo focando em como fazê-los ficar bem com a música. Eu não estava envolvido com a composição dos riffs/música em geral. Tudo foi feito pelo Matt. Foi uma ótima maneira de trabalhar no álbum, através dela eu pude canalizar toda minha energia. “Altar of Corruption” e “Heat of Battle” são os melhores sons para mim. Fale-nos a respeito de suas faixas favoritas e o porquê. Estou realmente satisfeito com o álbum todo, acho que as músicas saíram muito boas. Se tivesse que escolher uma faixa em particular, devo dizer que “Pattern on the Stone” é uma música especial para mim. Há um grande sentimento em tocá-la. Grandes pegadas. Pessoalmente, eu amo Metal com pegada. Todas as bandas clássicas fazem isso. Vocês têm uma ligação com o Deströyer 666, Agatus, Adorior e muitas outras bandas. Quais delas (e das muitas outras) ainda estão ativas? E há alguém tocando tanto no Razor of Occam como em outra? Eu e Matt tocamos no Deströyer 666. Matt também é o baixista do D666. Também estou envolvido com o Adorior. Matt deixou o Agatus há muitos anos atrás. De fato, isso era o que ele estava fazendo antes de gravar a demo do Razor no fim dos anos 90. Agatus ainda está vivo, com alguns shows marcados na Europa esse ano. Agora vocês têm contrato com a Metal Blade. Certamente será ótimo ao desenvolvimento da banda. Como tu vês a situação? A Metal Blade é um selo onipotente com uma história incrível. Muitas bandas excelentes já estiveram envolvidas com ele. É uma honra absoluta trabalhar com eles. Nós ficamos excitados em saber que eles estavam interessados no Razor e igualmente impressionados pelo fato de terem nos feito uma oferta. Eles estão divulgando bem a banda. Então tudo está muito bem, mesmo.

Explique-nos a origem do nome da banda (sei que ela é muito interessante!). O nome da banda foi pego da “Lâmina de Ockham”, que é de um cara chamado William de Ockham. Ele basicamente disse que se algo não é baseado em evidências, então para quaisquer intenções e propósitos isso não existe. Se tudo é apoiado em contenções infundadas, então a lâmina corta isso da realidade para o esquecimento. “A Lâmina de Occam” é sobre destruir superstições e instalar a razão, usando explicações simples com o mínimo de pressupostos. É certamente uma maneira útil de filtrar toda a mentira do mundo de hoje, onde ainda estamos infectados pelo vírus chamado religião. Pelo que posso ver nas letras, há um forte raiva contra a intervenção religiosa na ciência. Temas como cosmologia também estão presentes. Se não houvesse religião, como você imagina que estaria o conhecimento humano em relação a tudo envolvendo o universo? A ciência não tem a pretensão de ter todas as respostas. Na verdade, cientistas admitem que muitas vezes eles não sabem as respostas para alguns problemas que a mente humana tem suscitado. Mas a religião, sem dúvidas, não pode ser tão submissa. Ela alega ter todas as respostas. Se nós não podemos fazer algo a certa altura do tempo, certamente é por causa de Deus. É estupidamente ridículo! Não há evidência de que o universo possui um criador. Por que esses religiosos retardados não provam suas teses com fortes evidências? Porque eles não tem uma sequer! A ciência nos mostrou várias coisas e nós aprendemos bastante sobre o univero e como a vida se desenvolveu na Terra. Há milhares e milhares de vertentes reforçando as provas de que a evolução ainda continua a ser contestada pela dogmática, irracional elite religiosa. Há milhares de anos atrás, desastres naturais, como tsunamis, foram atribuídos à ira dos deuses. Hoje sabemos que as placas da terra, movendo-se abaixo do oceano, causam os tsunamis. Aprendemos o que os causam, aprendemos que não se precisa de deuses para isso acontecer, e trocamos a inútil superstição pelo poder do conhecimento. A raça humana, no geral, tem crescido com a necessidade de recorrer à religião. Estamos cada vez mais aprendendo sobre coisas que costumávamos render somente à religião. O fato é que as principais religiões monoteístas são baseadas em uma mentalidade muito primitiva. São basicamente crenças muito antigas de pessoas semi-alfabetizadas. Estamos em 2009, cresça, porra! E quais os futuros planos da banda? Mais turnês. Parece que tocaremos na Noruega, mais tarde. Também no “Summer Breeze Festival”, na Alemanha, e também no “Hell’s Pleasure”. Também já começamos a compor um novo álbum. Estamos começando a ficar ocupados.

[7] Razor Of Occam Homage to Martyrs Metal Blade

É interessante notar como o Black Metal evoluiu dos anos 80 para os 90, mais ainda na atual década em que vivemos. Só que mais interessante que isso foram as fusões, principalmente com o Thrash e o Death. O Blackened Thrash Metal e Blackened Death Metal já revelaram bandas matadoras, como Toxic Holocaust e God Dethroned (ambas na ativa e com ótimos trabalhos recentes). Pois bem, Razor of Occam com seu atual trabalho tende a ser mais um nome entre os mais apreciados. Criada por membros do Deströyer 666 (possivelmente o melhor expoente da Austrália, de onde já vieram várias outras bandas), fulminam a raiva apocalípitica do Black Metal aliada ao trabalho do Thrash! Após dois EP’s e duas demos, “Homage to Martyrs” é o debut que muita banda gostaria de conseguir compor. Podera, lá se vão dez anos desde o início das atividades. Logo na primeira faixa, “Altar of Corruption”, percebemos os principais elementos constituintes da sonoridade do conjunto: vocal rasgado e furioso bem Black Metal - com a incrível diferença de as letras serem entendíveis, na contramão da maioria das bandas - , solos inesperados, intercalando entre velocidade/ brutalidade com certa técnica e um tempo mais modesto (“Heat of Battle” expõe isso com maestria); bateria transitando do blast-beat às viradas precisas e ao “tu-pa-tu-pa-tu-pa”, ainda com um contra-baixo sem grandes atributos, mas capaz de acompanhar os hábeis músicos. Entre todas essas boas características, vale a pena focar a atenção nos solos de guitarra, bem como nos riffs e na estrutura geral. O guitarrista/vocalista Matt e o guitarrista principal, Ian, merecem elogios devido à versatilidade, principalmente por conseguirem acrescentar até certos elementos de Heavy Metal, porém sem perder o forte peso e a adrenalina emanada dos dois estilos predominantes, fato que “estraga” muitas bandas, pois algumas não sabem efetuar mudanças bruscas de clima sem atingir negativamente os nossos ouvidos. Mesmo com apenas oito músicas e não mais do que meia hora de duração, é um CD altamente empolgante e atraente, daqueles que se escuta por inteiro e com prazer, deixando a vontade de repetir certas faixas, como “Day of Wrath”. A quem é leigo no assunto, digamos que nesse disco temos o Marduk do “Panzer Division Marduk” (a afinação é a mesma e a produção altamente semelhante) tocando Thrash Metal! Ou seja, vale - e muito - a audição. No momento, Razor of Occam encontra-se na Inglaterra, provavelmente porque na Europa eles têm o público que merecem. Julio Schwan

Em suas palavras: devem ouvir a “Homage to Martyrs” as pessoas que... Gostam de Thrash extremo, com letras grandiosas! Se é muito pesado para você...caia fora, Marica! Julio Schwan

www.myspace.com/razoroccam

hornsup #6

37


Foto: Michele Mamede

entrevista

Filosofia do caos Donos de uma sonoridade ímpar e caótica, os paulistanos do Jeffrey Dahmer, por meio de Hélio, Japa e Nelson, concederam uma inusitada entrevista à HORNSUP, refletindo desde arte, música e essência da vida, até o estado atual da cena underground.

G

ostaria que fizessem um resgate às raízes da banda. Como ela se formou? Quais foram os altos e baixos nesses quatro anos de existência? Nelson - Bem, a banda foi formada através de uma conversa entre eu, Hélio e Sérgio sobre música e sobre arte em geral. Começamos a compor no mesmo dia, do que seria a música “Sombras a espera de um rosto”, e pouco tempo depois chamamos o Japa (Rodrigo) para tocar bateria. Começamos então a ensaiar e a compor o que viria a ser o nosso EP “Aurora”. Hélio – Particularmente, creio que o ponto alto tenha sido o ano passado, quando começamos a fazer uma bateria de shows e quando lançamos no final do mesmo ano nosso EP. O ponto baixo para nós foi a gravação [do EP], que nos consumiu de uma maneira despótica por problemas internos. Japa – Após uma conversa sobre música recebi o convite do Sérgio para fazer as bateras do que se tornaria o JD. O início foi tenso pra mim, os caras chegaram com um som de 40 riffs e tempos totalmente “tortos”,

38

hornsup #7

suei bastante (risos). Conseguimos um ótimo entrosamento em um tempo mínimo e isso ajudou muito para as coisas fluírem. São vários altos e baixos como em qualquer banda, concordo com os dois fatos que o Hélio destacou. Em que medida a história do JD se relaciona com a de outras bandas paulistanas, a citar: Are You God?, Presto?, Hutt, dentre outras? Nelson – Quando começamos a banda, o Sérgio já havia tocado no Hutt e estava tocando no Are You God?, o Japa quando entrou na banda já havia tocado no Presto? e um tempo depois chegou a tocar bateria no Hutt também quando o Marcelo saiu das baquetas. Japa – Acho que devido à participação que eu e o Sérgio tivemos com essas bandas citadas, quem nunca ouviu o JD sempre espera um som no mínimo parecido. Muitos estranham, uns gostam, outros não. Acho que ao longo do tempo conseguimos uma “identidade”. Jeffrey Dahmer foi um serial killer estadunidense relativamente conhecido. Qual a razão do

batismo da banda em homenagem a esse homem? Há alguma relação entre o assassino e a temática geral abordada pela banda? Hélio – Na verdade procurávamos um nome simples e fácil de memorizar. O Nelson teve a idéia, então, de utilizarmos o nome de um serial killer, pois gostamos de coisas do gênero e, além disso, aborda o indivíduo como potencialidade ou a negação de tal potência de um vir a ser no mundo, entre valores, moral, afirmação ou negação daquilo que chamamos vida. Nelson - De princípio escolhemos apenas Dahmer, mas descobrimos um tempo depois que uma antiga banda canadense já havia usado tal nome, e como já estávamos tocando, acrescentamos mais o Jeffrey. Como se deu todo o processo de gravação e produção que culminou no lançamento de “Aurora”, o EP de estréia da banda? A que se atribui o fato de as gravações terem se iniciado em 2006, e o próprio só ter sido lançado mais de dois anos depois?


levamos um tempo maior para criar o “esqueleto”, mas nada que fique indecifrável. Já tiveram a oportunidade de tocar com grandes nomes internacionais como Walls of Jericho, Poison The Well, e mais recentemente com o Silverstein e As I Lay Dying. Conte-nos o que representou para vocês da banda essas experiências? Nelson – Para nós foi um grande prazer, especialmente porque alguns de nós ouvem tais bandas e nunca imaginávamos estarmos dividindo o mesmo palco. Hélio - Exato, para nós foi uma grande realização fazer parte disso junto ao Marcos e Liberation. Japa – Para quem há 13 anos atrás batucava em livros amarrados sobre uma cadeira, é a realização de um sonho. São momentos incríveis que nunca esquecerei. Obrigado Lib.

Hélio – O processo foi quase destrutivo, estávamos passando por graves problemas internos durante a gravação somada a problemas individuais, o que culminou em um longo tempo para finalização. Passamos quase 2007 inteiro sem fazer nada relacionado à banda, e no final do mesmo ano voltamos ao estúdio junto ao nosso grande amigo Luiz (C4) para concretizar o EP com a mixagem e masterização. Japa – Foi zica. O lançamento do disco em formato digital pela Internet se deu por força das circunstâncias, ou, de fato, havia a intenção de lançá-lo dessa forma? Nelson – Nós havíamos decidido junto a uma gravadora lançar o disco em forma de material físico, a mesma nos pediu um tempo devido a outras atividades relacionadas a ela. Mas próximo ao prazo dado a nós, percebemos que o disco demoraria mais do que o esperado, e como já havíamos perdido muito tempo com a finalização do mesmo, resolvemos simplesmente lançá-lo através do veículo de comunicação chamado Internet. Uma característica bastante nítida nas letras das músicas em “Aurora” é o uso constante de figuras de linguagem. Essa abordagem de escrita próxima à literatura é inspirada em alguma fonte em especial? Hélio – Sim, em qualquer forma de expressão através da arte, na relação empírica ou ato cognoscente do indivíduo para com a vida, por exemplo, a [música] “Sementes corporati-

vas” que fala sobre adaptação, no constante processo do ser tentando sobreviver ao caos a sua volta, no vir a ser no mundo e no fardo de uma falácia liberdade subjugada, ou mesmo a [música] “Primeiro erro, dois tempos...” que é uma letra explicitamente niilista e aborda o homem e suas ações. Existem ainda outros aspectos inusitados que me chamam atenção na banda, são eles: a opção por dois vocalistas e a existência de apenas um guitarrista; e a forma original com que estruturaram esse som caótico que praticam, quase indecifrável. Poderiam comentar tais aspectos? Hélio – Obrigado pelas palavras. O aspecto de termos dois vocalistas foi algo natural entre nós, começamos desde o primeiro momento a trabalhar assim. Já sobre a guitarra, pensamos inúmeras vezes em colocar outra pessoa para tocar conosco, mas ao longo do tempo resolvemos permanecer como estamos. Nelson - Sobre a estrutura de composição foi algo tão natural também, que as músicas do “Aurora” foram construídas sobre bases e idéias minhas, do Hélio, Sérgio e do Japa. Deixamos no disco separado o modo de composição apenas por uma questão didática. Japa – Tocar com dois vocais é muito bom, o som fica mais caótico. Os sons são criados, na maioria das vezes, sobre bases muito simples que vamos preenchendo até chegar no feeling que queremos. Outra maneira é quando alguém já chega com a base praticamente pronta. Usando segunda maneira,

Poderia fazer um prognóstico da cena underground paulistana, ou até mesmo da cena brasileira, considerando obstáculos e oportunidades? Ainda nesse aspecto, poderia citar algumas bandas que lhe chamam a atenção? Hélio – Particularmente eu vejo a “cena” atual como decadente e medíocre em oposição a ótimas bandas que estão surgindo. Quase não há mais valor sobre a música e arte, e sim, sobre o que se deve vestir ou sobre qual banda deve-se ouvir. Conseqüentemente, quase não há mais pessoas ajudando as bandas a continuarem em existência, tanto aquelas que não vão aos shows ou comprar material, quanto àquelas que organizam e ajudam a banda a divulgar seu trabalho. Japa – Houve uma mudança de valores e a cena foi literalmente abandonada. Acho que é conseqüência da facilidade de informação que temos hoje. O que surgiu como oportunidade de evolução para a cena, é o seu maior obstáculo. Estamos passando por um período de adaptação, tanto as bandas e quem organiza os shows, quanto à galera que curte as bandas da cena underground paulistana. Sai zica! Planejam algo para o futuro, ou mesmo estão atualmente executando algum projeto? Podemos aguardar a gravação de um videoclipe, confirmação de turnês, ou ainda o início da composição de músicas para um próximo registro? Hélio – Atualmente, nós temos algumas músicas novas prontas, mas demos uma parada na banda por estarmos muito ocupados com nossas vidas pessoais. Nelson - Mas podemos adiantar que há projetos sim entre os membros da banda, e que logo mais iremos anunciar algo de grande importância sobre a banda. Japa – Estou me dedicando ao estudo de novas técnicas de batera para complicar um pouco as novas criações (risos). Também pretendo ensinar. Tem um pessoal que está começando e que sempre me questiona em relação às técnicas que uso, pedem dicas disso, daquilo... Espero poder corresponder. Paulo Vitor www.myspace.com/dahmermurdermusic

hornsup #7

39


Foto: DVision Images

entrevista

Título Alvorada da represália Malefice, banda relativamente nova, vem nos mostrar com seu novo álbum que apesar de toda a destruição humana, ainda há como reverter o processo e até melhorar o mundo! E tudo isso através do Metal - o estilo não só de som, mas de vida deles, segundos os próprios. Confira na conversa que a HORNSUP teve com o guitarrista Ben Symons.

M

alefice existe desde 2003. Dê-nos um breve resumo de tudo que ocorreu em todos esses anos. Passamos os primeiros anos tentando ficar mais profisssionais, então, por causa disso e todos os shows e o tempo que passamos tocando, nosso modo de compor e nossas habilidades ficaram melhores. Compusemos um álbum chamado “Entities”, o qual nos trouxe a atenção de muitos fãs de Metal enquanto fazíamos grandes shows. Isso nos fez tocar no Download Festival, onde nós fomos bem vistos e depois assinamos contrato com a Metal Blade. Então criamos, gravamos e lançamos nosso último CD, “Dawn of Reprisal”. “Entities” foi o primeiro full-lenght após o EP “Relentless”. O que há de diferente dessas gravações antigas para a nova, “Dawn of Reprisal”? Os dois primeiros registros foram nossa primeira tentativa real de compor muitas

40

hornsup #7

músicas em um curto período de tempo. Éramos novos e inexperientes, então estávamos apenas encontrando nosso caminho. Mas enquanto estávamos compondo e gravando “Dawn of Reprisal”, tivemos uma ideia muito melhor do que estávamos fazendo e soubemos o que estávamos tentando atingir. A capa do álbum é fantástica! Parece um novo dia nascendo com cometas atingindo a Terra e destruindo tudo. Estou certo? Fale um pouco mais sobre o conceito dessa capa. Muito obrigado, estamos realmente satisfeitos com ela. Você está muito certo em sua interpretação. É sobre a mãe natureza retribuindo todos os erros da humanidade. Você apenas precisa olhar ao redor para perceber de quantos modos nós estamos fodendo com nosso futuro: guerra, poluição, terrorismo, ganância, etc, mas é também sobre esperança, segundas chances, sobre todos ficando juntos e não apenas sobrevivendo, mas melhorando.

E com esse novo registro, quais países irão lhes ver em turnê? Esperançosamente todos! Teremos que esperar e ver. Há planos para a Europa e, talvez mais tarde no fim do ano, EUA. Recentemente, uma postagem no MySpace disse que Malefice fora nominado para o “Golden Gods” na categoria de melhor banda nova. O que isso representa a você? Acho que representa reconhecimento por tudo que estamos fazendo, o tempo e a dedicação que demos ao Malefice. Gostaríamos de ganhar, muito certamente, mas o velho clichê é verídico: apenas em ser nominado já é uma honra, e isso não mudará nada para nós. Apenas continuaremos a fazer o que fazemos, trabalhando duro e tocando o máximo que podermos. Porque quando você desce de lá, os fãs são tudo que temos e para eles também é o que fazemos.


[3] Malefice Dawn Of Reprisal Metalblade

Qual a pior dificuldade que a banda já enfrentou? Pouco antes de gravar “Entities”, nosso antigo baixista decidiu que não estava feliz e não poderia dar à banda o compromisso que ela precisava. Quisemos, então, fazer a coisa certa o mais rápido possível, para poder entrar no estúdio e gravar o álbum. Felizmente, funcionou melhor do que esperávamos, e com Tom (Hynes) temos a sonoridade e a qualidade que queremos para levar o Malefice à frente, rumo a coisas maiores e melhores. Houve um show gravado em Janeiro de 2008, supostamente para ser o primeiro DVD da banda. O que aconteceu com ele? Está pronto, mas 2008 foi um ano cheio para nós, e agora com esse contrato com a Metal Blade no último Outono houve várias negociações. Também que ele foi para o álbum “Entities”, então faz mais sentido esperar um pouco mais e fazê-lo com algo a mais. Tudo depende do que a Metal Blade decidir.

Agora que o Malefice tem esse contrato com a Metal Blade, como você vê esse fato para o desenvolvimento da banda? De longe, para uma banda de Metal do nosso tamanho, é o único selo para se estar. Eles são os caras que trabalharão conosco para nos levar à potência máxima. Você apenas precisar olhar para eles para constatar que nos juntamos a uma família massiva de Metal, cheia de qualidade. Quais são as futuras ambições da banda? Continuar fazendo o que fazemos: trabalhar arduamente. Tocar o máximo que podermos nas turnês, então voltar e escrever outro álbum. Nunca iremos parar e pensar que já fizemos o bastante, sempre haverá um próximo passo. Além da banda, o que vocês fazem? Hah, nós fazemos qualquer coisa que podermos para ganhar dinheiro e nos manter, comprar cerveja e comida quando saímos, que é o que sempre fazemos!

Por mais que hoje em dia usamos o termo “genérico” de um modo pejorativo, realmente não há grande mal em uma banda soar genérica, desde que baseie seu trabalho em alguma obra ou banda clássica de determinado gênero. Por exemplo: surge uma banda nova detonando um Thrash Metal na veia do “Reign in Blood”, do Slayer. Será dito, de fato, que possuem forte influência (ou até que copiam descaradamente) e tudo mais, entretanto será uma banda deveras apreciada e possivelmente elogiada por conseguir tal feito. Mas caso fosse um genérico do Exumer - banda legal, mas que, honestamente, não é nenhum marco no Thrash Metal - os caras seriam escurraçados, não? Pois é. O caso do Malefice é semelhante, mas em vez de Thrash anos 80 estamos falando de um genérico de bandas nada exepcionais dos tempos modernos, mais precisamente do já saturado “Metalcore”. Isso é um grande problema! E como existem desde 2003, já deveriam ter revelado traços próprios. “Dawn Of Reprisal” é o segundo álbum dos britânicos. Sua fórmula é composta de guitarras tentando soar como aqueles que tentam copiar o Killswitch Engage, solos de Metal melódico, vocal um tanto quanto similar ao do Lamb of God (mas não chega muito perto) e demais elementos já existentes em outros trabalhos de outras bandas (os quais acabam soando melhores, por razões de construção e até de época). Ora, se quisermos conferir essas bandas já temos diversos álbuns, inclusive lançamentos recentes. Sinto-me desapontado em um alto grau, porque realmente sempre tento mostrar os dois lados de um trabalho - nesse caso, porém, sou obrigado a citar o que predomina e, 90% do tempo, por assim dizer. De bom? Somente uma parte da produção, que deixou todos instrumentos audíveis. Fora isso, a timbragem já fora utilizada por dezenas de outras bandas. Vai da banda esforçar-se na próxima para fazer algo mais diferenciado e, por acarretamento, receber críticas mais positivas e um público mais seletivo. Caso continuem assim, serão só mais uma banda (independente de contrato com a Metal Blade) entre tantas outras. Dá para escutar o álbum inteiro que nada (ou muito pouco) é absorvido. Basta saber disso. Julio Schwan

Além disso, só coisas normais, como ficar um pouco em casa, com os amigos, etc. Deixe uma mensagem dizendo porque as pessoas devem escutar Malefice! Se você quer música atual, poderosa, agressiva, então precisa de Malefice em sua vida. Muito simples, nós não temos bonitos cortes de cabelo e não usamos jeans para magrelos, nós tocamos Metal, e quando você tiver escutado o CD, vá a um show, nós apenas deixamos as coisas fluirem ao vivo! Julio Schwan

www.myspace.com/malefice

hornsup #7

41


resenhas

des destaque staque

[10]

Mastodon Crack The Skye Warner

42

hornsup #7

Mastodon surgiu em 2000, mas veio à tona em 2004, com o excelente “Leviathan”. Após “Blood Mountain”, lançado em 2006, finalmente chegam ao ponto crucial da carreira, com essa obra-prima chamada “Crack the Skye”. A chave fundamental é que não foram somente mais afundo na questão do que eles já fizeram, mas sim do que até os outros artistas fizeram. A priori, um registro único e que merece atenção total. O trabalho é como uma epopéia! Temos do início ao fim uma contínua narrativa, passando de temas como a Rússia Tsarista, projeção astral, experiências extra-corporais e teorias de Stephen Hawking, confabulando algo que só será compreendido quando você ler as letras. Na questão musical, temos uma mistura mais que bem feita de Heavy Metal, Sludge, Ambient, Rock clássico, música oriental e progressão generalizada, fora outros gêneros em menor escala. “Oblivion” abre a pérola já inovando com voz de Brann Dailor (sim, o baterista arriscou-se nos vocais), intercalando a função com Troy Sanders e Brent Hinds. Seu refrão vicia logo de primeira e seu solo é altamente influenciado pelo rock clássico. “Divinations”, por outro lado, vem bem mais focada na pegada metálica do que na suavidade. Após a intro de banjo, temos o peso notável dos outros álbuns e um vocal muito agressivo. “Quintessence” apresenta escalas típicas de Mathcore e uma linha de bateria deveras complexa, tudo progredindo lentamente a uma passagem etérea e experimental, bem Ambient. Mas é em “The Czar” que conferimos a grande proposta do álbum: fazer músicas longas e muito progressivas. A faixa divide-se em quatro partes, cada uma com suas particularidades, totalizando 11 minutos de pura viagem. “Ghost of Karelia” tem a intro com as duas guitarras executando um riff altamente memorável, ambas cristalinas. A suavidade dos vocais dança com essas guitarras, acompanhado-as em ritmo e tom. Quanto à faixa-título, ela é uma das mais pesadas e experimentais. Primeiro por causa da participação do excelente vocalista do Neurosis, Scott Kelly, com sua voz grave e rasgada. Depois, ela também é experimental, visto que há um plugin em duas passagens dos vocais, deixando um som altamente robótico. Para encerrar com chave de ouro, “The Last Baron” é a mais progressiva e longa, com 13 minutos dos mais variados. A melhor parte foi chamada pelos fãs de “rush part”, pois bruscamente muda de clima aos 5:58. Paira uma atmosfera circense, quebrada e técnica, indo até os 6:20, numa pura demonstração de criatividade e versatilidade de todos os instrumentistas. O impacto, obviamente, será diferente em todas as pessoas, mas o que importa é que “Crack The Skye” vem carregado com uma forte atmosfera emocional (diferente de piegas, veja bem), muito conhecimento musical e capaz de efetuar a catarse. Cabe a você gostar pela compreensão ou odiar/ desgostar pela ignorância. “Mais ou menos” não existe, nesse caso, e quem afirmar isso pode estar até mais perdido que aquele que odeia/desgosta. Baseado no que fora bem expresso por Anatole France, “o bom crítico marca as aventuras de sua alma entre obras-primas”, a nota 10 é justa, merecida e justificável. Julio Schwan


[8] Antigama Warning Relapse

O último massacre da banda polaca Antigama atende pelo nome de “Warning”. Assim como fizeram no seu álbum de estréia sob a escuderia Relapse (“Resonance”, 2007), não deixam pedra sobre pedra. O Grindcore é a base, o alicerce aonde apoiam o seu espetáculo calculista e metódico vincado na precisão e controle absoluto. Cada faixa é uma surpresa, dificilmente se pode saber para que lado irão atirar, só imaginamos que será rápido e barulhento. O domínio absoluto sobre as composições, assim como dos instrumentos, destacam-se como sendo os pontos fundamentais de “Warning”. Todo caos apresentado é meticulosamente manipulado de forma simétrica. Todas peças do quebracabeças grind-insano do Antigama se encaixam ao milímetro, sem sobras. A complexidade salta, principalmente, das peles do baterista Krzysztof Bentkowski, que não dá descanso ao seu kit nem por frações de segundo. Utiliza alguns tomtom’s pouco convencionais, conseguindo um resultado diferenciado e uma sonoridade algo estranha (como em “Heartbeat”). Os riffs de Sebastian Rokicki são afiados, velozes e tomam rumos inesperados no decorrer de cada uma das faixas. O vocalista Lukasz Myszkowski hurra como um ogro raivoso, dando toda a agressividade e urgência necessárias a um registro desse gabarito. Há algumas faixas calmas espalhadas pelo álbum, para dar aquele relax aos ouvidos até entrar a nova marretada. “Warning” expõe grande brutalidade e precisão, jogando uma nova luz sob o desgastado Grindcore. Matheus Moura

[7] Brutal Truth Evolution Through Revolution Relapse

Nome de respeito no cenário do Grindcore mundial, visto que surgiram em 1990 e, de lá para cá, lançaram pérolas do gênero, como “Sounds of the Animal Kingdom” e o debut “Extreme Conditions Demand Extreme Responses”. Tudo de positivo que é dito acerca da banda é justo, basta lembrarmos que uma das principais cabeças do grupo é Dan Lilker, ninguém menos que um dos mais experientes músicos do cenário Metal/Hardcore dos EUA, mais lembrado por seu belo trabalho no Nuclear Assault. ”Evolution Through Revolution” chega mais de 10 anos após o último álbum, mas não que esse tenha sido o último lançamento. De qualquer modo, a espera compensou. Temos a oportunidade de conferir um Grindcore bem sujo, ríspido e com toques experimentais, tudo feito de um modo bem atraente. Fora o que já era tradicional do grupo, temos a adição de uns solos bem Rock and Roll, passagens com instrumentos desconexos um dos outros (como se cada um tocasse traços de determinado estilo), jazz técnico e muito mais. A faixa que melhor exprime tudo isso é “Semi-Automatic Carnation”, vide sua linha de bateria e as atmosferas da produção de estúdio. Ainda na questão

do experimentalismo, temos muito efeito em alguns vocais, a ponto de deixá-los soando eletrônicos, sem esquecer das guitarras de trás para frente. Outro fato notório é que devido à modernidade da produção, conseguiram deixar o contra-baixo como uma aperfeiçoação daquele típico dos anos 80 (mais para médio do que grave, com muita sujeira de fundo). No mais, pancadarias como a primeira faixa “Sugardaddy”, a estranha “Detached” e a humorística “Bob Dylan Wrote Propaganda Songs” rendem picos de empolgação na audição do disco. Um bom álbum, numa ánalise geral. Dão-nos o que era esperado - velocidade, brutalidade, certa técnica e experimentalismo - só que de uma maneira não muito convencional. Sinal de que a banda conseguiu se reciclar sem perder a essência. Indispensável a quem aprecia uma sonoridade voraz. Julio Schwan

[7] Success Will Write Apocalypse Across The Sky “The Grand Partition...” Nuclear Blast

O longo nome irá enganar aos que pensam que aqui tudo é gigante. Na verdade, as faixas giram em torno de 1 a 3 minutos, com exceção da última, que passa dos oito. Algum gênero aparece em sua mente com esta informação? Se você disse Grindcore, acertou. Parcialmente. Não pense em composições parecendo uma bala sem direção. Success Will Write Apocalypse Across The Sky beberá de outra fonte também: o Death Metal. Em algum momento eu disse Deathcore? Então não pense que ouvirá breakdowns em “The Grand Partition And The Abrogation Of Idolatry”. Não haverá nada voltado ao que as bandas mais recentes que se intitulam “Death” estão fazendo. E isso acaba se tornando um alívio diante dos milhares de grupos que vêm utilizando este artifício no Metal contemporâneo. Com apenas três anos de existência já realizam um som capaz de quebrar o pescoço do mais fiel headbanger. O som é brutal, com uma bateria impiedosa e muito tremolo nas guitarras. Tudo isso aliado a dois vocais. É pouco ou quer mais? O conteúdo das letras envolvem deseperança e todas as desgraças do cotidiano. “10,000 Sermons, One Solution”, “Despot”, “A Path” e “Of Worms, Jesus Christ, and Jackson County Missouri” irão envolver o ouvinte em um ambiente pertubador e bastante negativo. Só erram em colocar algumas faixas com samplers estúpidos, principalmente a última. Fora isso, será uma forma de confrontar as bandas que fazem suas músicas seguindo tendências de moda. Igor Lemos

[7] ZAO Awake? Ferret

”Awake?” é o título do mais recente trabalho da banda norte-americana ZAO. Para quem já conhecia sabe que esta é uma banda com um conceito um pouco diferente do habitual. Praticantes de um Metal muito característico com uns toques de Hardcore sempre muito originais. A verdade é que ZAO podia cair na tendência de

[9] The NumberTwelve Looks LikeYou Worse Than Alone Eyeball

Infelizmente ainda existem pessoas que não conhecem o mundo do The Number Twelve Looks Like You, mais conhecida como TNTLLY. Se você procura uma sonoridade única, criativa e com influências de Mathcore, Jazz, Samba e outras vertentes, aqui é o seu lugar. É inegável o progresso que foi feito desde o maravilhoso, cru e insano “Put On Your Rosy Red Glasses” de 2003, passando pelos álbuns que os impulsionou para um público maior, o “Nuclear. Sad. Nuclear.” de 2005 e o “Mongrel”, de 2007. “Worse Than Alone”, o quarto full-lenght, marca um importante passo na carreira destes americanos de New Jersey: a identidade musical está formada. Se já eram autênticos, agora partem para serem influenciadores de outros que estão por vir. As dez faixas, muito bem divididas, são marcantes em todos os seus aspectos. “Glory Kingdom” é uma abertura que mostra a agressividade manifestada em cada segundo, porém, sofre uma forte mudança com as melodias de “Given Life”. “To Catch A Tiger” será a festa dos que curtem breakdowns junto aos elementos progressivos que só estes caras sabem fazer. Acha que isso é muito comum? O que dizer do Jazz na “Marvin’s Jungle”? E o samba em “The Garden’s All Nighters”? Absurdo de tão bom. “If They Holler, Don’t Let Go” voltará à loucura sonora, que só será quebrada em “Retort, Rebuild, Remind”, uma das melhores. “The League of Endangered Oddities” possui uma bela introdução clean, que logo cai para vocais melódicos que são a cara desta banda: levemente desafinados e bem agudos. “Serpentine” servirá como um interlúdio para os nove minutos de “I’ll Make My Own Hours” que possui um berro que lembrará a intro de “Jesus and Tori” do primeiro álbum, porém, flutuará em diversas ambientações. Ao acabar a audição você poderá pensar ser a coisa mais estranha do mundo ou a mais legal. Quem sabe ambas? Estão chegando ao ápice, isso é certo. Igor Lemos

se copiarem a eles mesmos, mas a cada trabalho novo, e já é o décimo desde 1995, aparece sempre algo novo e original, uma banda sempre fresca de idéias, que demonstra qualidade na concepção musical dos seus elementos. “Awake?” é um álbum composto por 10 faixas das quais algumas se encontram já disponíveis no myspace para um primeiro contacto com este novo projeto liderado por Daniel Weyandt. Ao longo do álbum vamos formando a idéia de músicas muito cuidadas, estruturalmente processadas com um fim contemplando a combinação de um Metal ora por vezes progressivo, ora com pausas desconcertantes requintadas com melodias que dão um toque sublime a este novo álbum. O alinhamento é progressivamente mais preenchido com peso e agressividade ao longo da sua escuta, encontrando em músicas como “What Will You Find” ou “Reveal” uma explosão sonora nas guitarras com gritos exorcisados, no entanto, “Awake?”, a faixa 7 que dá nome ao álbum poderá considerar-se a exceção visto conter ritmos mais lentos e um refrão bastante melódico, tal como a música que fecha o CD que nos embala numa história. Paulo Duarte hornsup #7 7

43


resenhas [5] Lazarus A.D. The Onslaught Metal Blade

Originalmente batizada de Lazarus, em 2005, a banda não perdeu tempo e logo em 2006 já foi despejando Thrash Metal com uma demo. Para evitar problemas com outras bandas que já usavam o nome, acrescentaram o “A.D.” e pouco tempo após isso lançaram este álbum, em 2007, que agora é lançado novamente devido a contrato com a Metal Blade. “The Onslaught” é o Thrash dos anos 80 sendo gravado com uma produção moderna. Há ainda um e outro toque de outros estilos, mas o que predomina é o Thrash - e na melhor veia americana. Uma pena, contudo, que a banda careça fortemente de toques próprios, acabando por soar como uma junção de várias bandas clássicas, o que não é ruim, porém obviamente jamais será uma maravilha. Alguns minutos já são o suficiente para perceber a forte influência do Metallica primordial nas guitarras e o vocal à la Obituary. Os melhores momentos ficam por conta das passagens super velozes na bateria (escute “Lust”, pois essa já começa arregaçando tudo) e dos solos exorbitantes em matéria de criar uma atmosfera empolgante (“Revolution” é o melhor exemplo). Numa análise geral, todavia, o álbum soa bem repetitivo, o que tira a vontade de escutá-lo por inteiro ou mais do que uma vez, principalmente porque não são todas as músicas “aquele tesão”, como as citadas acima. Por se tratar de uma banda relativamente nova e cuja experiência tende a aumentar devido à divulgação do consagrado selo que é a Metal Blade, há a possibilidade de melhorarem fortemente e, por conseqüência, lançarem um álbum melhor. Por enquanto - verdade seja dita - um material até legal de conferir, mas que não causa nenhum impacto seminal ao ouvinte. Julio Schwan

[6] Maroon Order Century Media

Maroon é uma banda relativamente conhecida pelos fãs do Metalcore. Estes caras, participantes do movimento straight edge, praticam um som bastante envolvente, contudo, pouco se arriscam em inovações neste novo álbum, o quinto de sua carreira, intitulado “Order”. Apesar de haver alguns elementos bem interessantes neste full-lenght, como a primeira composição cantada em alemão, “Schatten”, ambientações mais calmas, solos muito bonitos e uma produção impecável, não conseguiram fazer aquilo que é o mais importante e, diga-se de passagem, uma forma de sobrevivência no meio de grupos de Metalcore: originalidade. Tudo o que você irá ouvir aqui já foi feito por qualquer outra banda deste gênero que a cada dia consegue, incrivelmente, ficar mais saturado. Não digo com isso que estamos diante de um lixo tóxico, ao contrário, pontuam bem em diver-

44

hornsup #7

sos critérios (produção, arte de capa, letras), porém, perdem feio na hora de sair do lugar comum. Faixas como “Erode”, “A New Order”, “Bleak” e “Children of the Next Level” trazem tudo do genérico ao qual todos conhecem na palma na mão: breakdowns, guitarras progressivas, solos e muita gritaria. Mas até onde vão com isso? Já conseguiram criar loucuras em apresentações na Alemanha e outros países, possuem gabarito para tocar com Black Dahlia Murder, Korn e As I Lay Dying, mas não se renovam. Por este ponto, irá valer mais a pena voltar a ouvir o “When Worlds Collide”, de 2006. A direção não está correta, Maroon, melhor fazer o retorno enquanto há tempo. Indicado apenas aos que pouco se importam com criatividade e desejam apenas curtir algo batido. Uma decepção. Igor Lemos

[7] Hermh Cold Blood Messiah Regain

A banda polonesa Hermh está na ativa desde 1993 e inclusive já contou em sua formação com Nergal do Behemoth como membro convidado em 1995. “Cold Blood Messiah” é seu quarto disco, e foi lançado originalmente em 2008 pela gravadora Mystic Productions. Agora, ganha distribuição em todo o mundo pela Regain. A banda descreve seu som como “Gothic Black Metal”, e essa é uma descrição razoavelmente consistente com o som apresentado aqui: Black Metal com uma boa dose de melodia, na linha dos últimos discos do Dimmu Borgir, porém com mais agressividade do que os noruegueses. As guitarras e os teclados se combinam de uma maneira quase anárquica, e essa combinação estrutura todo o disco. Temos, então, entre passagens orquestradas e cheias de corais masculinos, intervenções praticamente Thrash Metal, tornando o disco uma audição muito agradável. Completando o pacote, merece destaque a produção, bastante eficiente e que permite que o ouvinte ouça com bastante clareza todos os instrumentos, mesmo no meio de tantos elementos que a banda faz uso. Um bom disco que certamente tornará o nome da banda mais forte na cena e fará frente aos lançamentos dos medalhões do gênero. Pode pegar sem medo. Héilo Azem

[8] Silverstein A Shipwreck In the Sand Victory

Os canadenses da Silverstein estão de volta com mais um álbum, o quarto da sua carreira, mostrando o quanto são bons no seu PostHardcore e jogando a crítica musical para baixo. Quanto mais falam mal do grupo, musicalmente, os chamando de genéricos, mais conseguem se firmar como um dos grandes nomes neste estilo que já se encontra bastante saturado. Desde o excelente “When Broken Is Easily Fixed”, de 2003, estes rapazes da Victory estão criando composições grudentas, pesadas e melódicas.

Desta vez, resolveram lançar um full-lenght que conta uma história, dividida em quatro capítulos: o tema central é a traição. Não necessariamente de casal apenas, mas de amizade também. Logo na primeira faixa, “A Great Fire”, você irá se deparar com sua versátil linha gritaria-melodias. Não há como esquecer as linhas melódicas do refrão. “Vices”, o primeiro single, trará a participação do vocalista da Cancer Bats, Lian Cormier. Mais uma vez capricharam no trabalho de guitarras junto aos vocais. A gritaria toma conta aqui também. “Broken Stars” é puramente melódica, até que perto do final colocam ótimas quebras de tempo junto aos gritos de Shane Told. E nesta linha o álbum vai correndo, passando por “American Dream”, que sofre uma curta interrupção com o interlúdio “Their Lips Sink Ships”, chegando até a “I Knew I Couldn’t Trust You” (impecavelmente melódica e bela). Sétima faixa, “Born Dead”, gritaria volta comendo solta junto a mais um convidado: Scott Wade, da Comeback Kid. Ficou ótimo! “A Shipwreck in The Sand”, a faixa título, é a mais diferente, contando com algumas atmosferas diferenciadas e vocais em conjunto. “You’re All I Have” irá grudar, lembrando composições da antiga fase da banda. “We Are Not The World” não trás nada de novo, sendo mais uma criação usual. Nesta parte já começam a mostrar alguns sinais de cansaço pela linearidade do som que fazem. Contudo, não é um ponto que os prejudique. Resultado: eis um álbum de Post-Hardcore que vale a pena ser comprado, contando com pouquíssimos pontos baixos e mostrando que Silverstein está caminhando para a perfeição no seu som. Igor Lemos

[6] War From a Harlots Mouth In Shoals Lifeforce

Trazer uma proposta inovadora. Este parece ser o princípio que envolve “In Shoals”, o segundo álbum da banda alemã War From A Harlots Mouth. Quem teve contato com o registro de estréia, “Transmetropolitan”, sabe que a sonoridade apresentada não é das mais corriqueiras. “In Shoals” apresenta uma colisão de Hardcore com Mathcore que espalha cacos de Jazz por todos lados. Em relação ao álbum anterior, tem menor agressividade, por outro lado, ganha na construção de uma personalidade mais vincada. Personalidade difícil, diga-se de passagem. As mudanças de tempo nada óbvias e falta de um fio condutor tornam a audição complicada, sendo que a absorção do álbum é lenta. Complexidade e uma boa dose de insanidade rendem boas faixas como a violenta “Crooks At Your Door” e a dramática “The Certain Nothing”. Esse álbum marca a estréia do vocalista Nico Weber (The Ocean), que não tem a mesma fúria do antigo frontman, mas parece ser o mais adequado para as músicas atuais. “In Shoals” é denso e bem menos eficaz, ao início, do que “Transmetropolitan”, que é uma brutalidade totalmente “in-your-face”. Portanto, se espera algo na linha mais agressiva e rápida, “In Shoal” pode decepcioná-lo. Entretanto, o álbum demonstra uma banda madura, disposta a demarcar o seu espaço e fazer a diferença. Acredito que possam dar bons frutos, de preferência com menos caroços e fiapos. Matheus Moura


[8] Impending Doom The Serpent Servant Facedown

O criado da serpente. Logo pelo título a pessoa pode imaginar que se trata de uma banda com temática demoníaca ou algo assim. Ao contrário, o grupo Impending Doom, praticante do Deathcore cristão, está longe de ter contato com a negatividade. “The Serpent Servant”, segundo álbum na carreira, ambos pela Facedown Records, é uma tapa no clichê. Com uma sonoridade densa, bastante grave (afinação em A - uma das mais baixas possíveis), cheia de blast beats, breakdowns e tremolo picking, conseguem impor suas crenças em meio a onze faixas pertubadoras. O full-lenght pontuou em #3 na Billboard Heatseekers. Um excelente resultado, que conta diretamente com o empurrão do produtor Tim Lambesis, frontman da As I Lay Dying. Se você curte quebras de tempo inteligentes e destruidoras, irá se interessar por composições como “Storming The Gates Of Hell”, “More Than Conquerors” e “Revival: America”. Destaques do vocalista Brook Reeves estão multifacetadas. Apesar do seu modo de cantar unilateral, sem alternâncias significativas, não se torna um ponto negativo, pois cativa com o grave em faixas como “Welcome To Forever” e “The Serpent Servant”. Bateria? Chad Blackwell é o responsável pelo massacre nas baquetas e pedal duplo, um monstro incansável. Após ouvir várias vezes, o álbum se torna ainda mais potente e único. Por fim, a arte de capa está louvável, sendo um fator que chamará atenção. Acredito que se Deus resolver falar nos gritos com a humanidade, Impending Doom certamente é o mensageiro mais interessante para isso no momento. Igor Lemos

[4] Yumma-Re

sem dúvida, bastante original, porém para o ouvinte casual acaba soando desconexo e sem foco, tornando a audição do álbum de ponta a ponta um exercício de paciência. Fica a sugestão para que o Yumma-Re opte por focar sua sonoridade em apenas alguns dos elementos colocados em “Eden” para que, da próxima vez, possa alçar voos mais altos e alcançar um público maior. Hélio Azem

[3] Oceano Depths Earache

Quinteto oriundo de Chicago, juntos desde 2006, sendo que nessa época eram ainda uma banda de Grindcore. Hoje não passam de uma forte cópia do The Acacia Strain, infelizmente, acrescentando um e outro blast-beat. E quando digo cópia, estou falando de um verdadeiro xerox! TAS até que tem momentos legais, mas já basta os álbuns deles. Fora a timbragem da produção, os breakdowns são descaradamente plagiados, o vocal idêntico em diversas passagens (exceção para o rasgado), as bases das guitarras já foram utilizadas não só por eles, mas por diversas outras bandas, etc e etc. Ou seja, é uma banda só repetindo o que já fora e continua a ser feito por outras, sem grandes elementos atrativos. Ok, há duas faixas levemente distintas, as duas instrumentais. A primeira é a faixa-homônima e a outra é a que encerra o álbum. Ambas apresentam certas passagens mais atmosféricas - algo que ainda não foi explorado por bandas do gênero. Mas o tempo total disso fica insignificante se analisarmos a duração total da obra: 44 minutos. São mais de 35 minutos puramente monotônicos, totalmente genéricos, demasiadamente previsíveis e, portanto, enjoativos e nada surpreendentes. Não há quem aguente escutar a mesma coisa por todo esse tempo, vamos combinar! A sensação final que “Depths” nos deixa é similar àquela que um trabalhador de uma grande construção tem ao fim do dia: cansaço! A diferença é que ele escuta martelos repetindo sem parar em vez de instrumentos. Julio Schwan

Eden My Kingdom Music

Taí uma banda cuja categorização ou inclusão em algum gênero específico é tarefa praticamente impossível. Com elementos de Dark Ambient, World Music, Jazz, Trip-Hop, Electro, Indie Rock e, claro, Metal, os salerlitanos do Yumma-Re nos brindam com uma verdadeira salada musical que em alguns momentos funciona bem, mas no geral falha ao exagerar no quesito diversidade. O disco é conceitual e tenta levar o ouvinte a uma jornada pela paranóia e o medo do indivíduo do novo milênio. A vocalista Patrizia Giannattasio se mostra bastante influenciada por nomes como The 3rd and the Mortal e Portishead com seus vocais sussurrados que soam “hipnóticos”. Após a 3ª faixa, porém, eles se tornam bastante monótonos e carentes de maior variação. Já na parte instrumental, variação é o que não falta, com a banda flertando com gêneros como PopJazz em ‘Babylon’ e ‘Mydream’, Indie-Rock em ‘Nations’, Reggae (sim, Reggae!!) em “Sleepin ‘On A Satellite” e até música popular francesa em ‘Killer’. Com tantos elementos, “Eden” é,

[8] Here Comes The Kraken

[8] God Dethroned Passiondale Metal Blade

om 18 anos de existência e diversos álbuns de Blackened Death Metal no currículo, o God Dethroned ganhou certa popularidade em 2004, com o excelente “The Lair of The White Worm”. Foi a partir desse álbum que deixaram um pouco de lado o Black Metal e passaram a dedicar a maior parte do trabalho às linhas de Death com melodias dotadas de feeling. Em 2006, com “The Toxic Touch”, porém, veio o primeiro tropeço da carreira: álbum muito fraco, sem as características marcantes do grupo. Felizmente, “Passiondale” traz de volta os bons momentos. E por isso é impossível não dar aquele sorrisão logo após a intro. O vocal de Henri Sattler continua inconfundível. Possivelmente a melhor característica do grupo, acompanhada das linhas de guitarra do próprio. Os novos guitarrista e baterista ajudaram a dar uma renovada na musicalidade em geral, pois o álbum está realmente muito distinto do anterior. O registro é conceitual, baseado na história da cidade de (quase) mesmo nome - Passendale - no período da primeira guerra mundial. “The cross of sacrifice”, a anteriormente citada intro, nos apresenta sons de guerra junto a uma apocalíptica guitarra limpa. Na seqüência, há o depoimento de uma mulher, soando totalmente agoniante e triste. Mal isso acaba e “Under a darkening sky” já vem com seus versos de fácil absorção, forte ataque vocal e solos com a alavanca comendo solta (lembram o final da “Raining Blood”, do Slayer). Com esse começo sagaz, vem a impressão de que o álbum tende a ser muito bom. A tendência vai virando realidade, vide “Poison Fog” com suas épicas melodias (as quais ainda não haviam aparecido fortemente). O grande mérito das melodias do God Dethroned é que não soam apelativas ou puramente mecânicas, pois são recheadas de feeling, ou seja, algo realmente emocionante e vindo da mente - não uma simples escala. Logo em seguida temos “Drowning in mud”, com uma rifferama desgraçadamente técnica e um baterista voraz na hora de sair do blast-beat para emendar uma virada ágil e retornar à pancadaria. A qualidade é mantida até o fim do trabalho, encerrado por “Artifacts of the Great War” (instrumental épica, com êxtase no lindo solo de guitarra). Julio Schwan

Here Comes The Kraken Endependente

Esperar uma boa qualidade na gravação de bandas com gravadora é algo que ninguém fica pensando antes de ouvir um álbum, pois é absurdo vir mal feito (salvo se for de propósito). Contudo, quando você fica em dúvida se o som que estás se deparando é independente ou é retrato de alguma label e você descobre ser a primeira opção, é uma boa surpresa. Here Comes The Kraken, um grupo relativamente conhecido apesar do pouco tempo de existência. Deathcore, um gênero que vem ficando a cada dia mais conhecido e proporcionalmente saturado. Apesar deste conjunto mexicano não trazer muitas inovações, o som que fazem é brutal e primam pela grande quantidade de bons elementos nas composições. Além disso, o vocal é excelente, os

breakdowns são matadores, o baixo tem belas linhas e a bateria é uma verdadeira arma. Nada de artificial, ao contrário, são verdadeiros no que fazem e passam esta emoção diante de porradas como “Don’t Fail Me Darko”, “Into the Slaughter Basement, “Confessions of What I’ve Done”, “The Legend of the Rent Is Way Hardcore” e “I Shawtrcwbky”. A produção lembra vagamente o primeiro álbum de bandas como Bring Me The Horizon e Across Five Aprils, onde o som era cru, pesado e sem muitas firulas. Porém, não se assemelham a estes grupos em momento algum. Será uma questão de tempo acharem uma gravadora que produza o som deles. Não tem como fugir disso, merecem pelo bom trabalho feito neste debut. Dê uma chance para a HCTK, não irá se arrepender. Curte Whitechapel, Suicide Silence? Este é o seu lugar. Aqui vem o Kraken, se prepare! Igor Lemos hornsup #7

45


resenhas [8] Fen The Malediction Fields Code666

Ultimamente tenho visto excelentes bandas de Black Metal aparecendo na Inglaterra. O Fen é mais uma delas, e após lançarem um EP em 2007, retornam agora com “The Malediction Fields”, seu disco de estréia. E que bela estréia! Temos aqui um disco de Black Metal atmosférico com muitas influências do chamado Post-Rock e do Shoegaze de bandas como My Bloody Valentine. Ao incorporarem vocais limpos e toques sinfônicos bem sutis às já citadas influências, o Fen conseguiu criar um som bastante original e orgânico. Um trabalho bastante emocional que, embora esteja invariavelmente envolto por uma aura de tristeza e depressão, nunca deixa de soar pesado, cru e raivoso. É impossivel não se sentir hipnotizado ao ouvir faixas como a maravilhosa “A Witness To The Passing Of Aeons”, com seus vocais sussurrados, a quase psicodélica “The Warren” e a belíssima “Colossal Voids”, que é a faixa que mais se aproxima de um single, e que vai agradar fãs de bandas como Opeth e Agalloch. “The Malediction Fields” é um trabalho riquíssimo, recheado de texturas interessantes e que fará com que o ouvinte, a cada nova audição, descubra novos elementos nele. Já estou no aguardo do próximo lançamento dessa que é uma das mais promissoras bandas da nova safra do Black Metal. Recomendadissimo! Hélio Azem

[7] Vários Punk Goes Pop II Fearless

A segunda coletânea da “Punk Goes Pop” trouxe uma melhora significativa em relação ao que fizeram em 2002 no primeiro volume. Os resultados mostram que as bandas que participaram deste projeto da gravadora Fearless atrairam os ouvintes. O número de vendas da primeira semana foi de 21.000 álbuns. Um resultado expressivo, colocando-o na 15ª posição da Billboard. Apesar do título, a maioria das bandas são do Post-Hardcore. Mas isso pouco importa. O que vale a pena é apreciar diversos covers que ficaram excelentes. Fazendo uma breve passada no full-lenght faixa-a-faixa, começaremos com Alesana. Um cover sem muita expressão, deixando a música do Justin Timberlake do mesmo modo que ela é na versão original: sem a menor graça. Silverstein, August Burns Red (destruiram - positivamente - a versão de “...Baby One More Time” da Britney Spears), Mayday Parade, A Day Remember (deixando The Fray comendo poeira) e Escape The Fate (Santana ficará com inveja desta versão) fizeram uma ótima sequência de boas repaginadas. There For Tomorrow não mexeu muito na música de Omarion, porém, o resultado agradou. O que realmente ficou ruim foi a música que a Chiodos escolheu. Que coisa chata! E pensar que essa única faixa atrasou o álbum em um mês. Bayside recupera os pontos com uma versão Punk Rock bem divertida do gordinho simpático Sean Kingston com “Beautiful Girls”. Breath Carolina dá um tombo na escol-

46

hornsup #7

ha da música. Miley Cyrus já é demais também. O susto foi passageiro, pois The Cab fez uma divertida interpretação da música “Disturbia” da Rihanna. O mesmo pode ser dito da A Static Lullaby, que pegou a música “Toxic” da Britney. O segundo cover dela aqui. Four Year Strong enxe o saco com a cover de Sara Bareilles e, por fim, uma versão com pouca gritaria do Attack Attack!. Katy Pery irá se identificar com ela, pois ficou quase igual. Ao finalizar o “Punk Goes Pop II” você saberá quais faixas irá ouvir novamente e pulará algumas na segunda audição. Contudo, no final das contas, metade das bandas salvou este lançamento. Que venha o terceiro. Algum dia. Igor Lemos

[4] Agathodaimon Phoenix

mente desconhecido: Seneca. “Reflections” é o segundo álbum da carreira destes americanos de Charlotte. Também é o segundo pela gravadora, que também lançou o self-titled deles de 2004, agora, em 2009. Mas quais méritos estes caras possuem para entrar nesta label? O primeiro deles é a competência na produção de linhas de guitarra, além de breaks muito legais. Joe Miller e Rico Marziali, guitarristas, são facilmente o destaque de Seneca. Segundo, a variação de gritos e melodias de Corey Spencer também irá agradar bastante. Terceiro, apostar em promessas do Metalcore ainda gera lucro (não sei até quando). Tendo sido produzido por Jaime King (Between the Buried and Me, Glass Casket, Beneath the Sky), o full-length traz ótimas porradas como “Palehorse”, “Carousels”, “Birds” e “Creator”. Pontos fortes: composições grudentas e pesadas, além de um produtor muito bom. Pontos fracos: seguimento linear e originalidade em segundo plano. Indicado aos admiradores do Metalcore com traços progressivos e melódicos. Igor Lemos

Massacre

Eu sou o tipo de pessoa que acha louvável quando uma banda já estabelecida na cena dá um chute na preguiça e no comodismo e, em vez de lançar o mesmo álbum de tempos em tempos, arrisca desagradar sua base de fãs adicionando outros elementos em sua sonoridade. Não são todas, evidentemente, que acertam e o Agathodaimon, se ganha pontos por tentar algo diferente em “Phoenix”, perde muitos com o resultado final alcançado aqui. A banda já existe a mais de 13 anos e, o que começou como um conjunto praticando um Black Metal sinfônico bastante poderoso, agora soa como um Dark Metal à la Craddle of Filth com muitas influências góticas. Não é exagero dizer que, caso algum desavisado escute um disco do início da carreira desses alemães e, em seguida, “Phoenix”, não dirá que são álbuns mesma banda. Aqui, os riffs são poucos inspirados, quase genéricos, e deixam o ouvinte com a sensação de já os ter escutado antes em algum lançamento de outras bandas do gênero. Os vocais do novo integrante Chris “Ashtrael” Bonner são bem inferiores ao de seu antecessor, e, talvez por em muitos momentos quererem soar acessíveis, acabam por se tornar monótonos em demasia. Claro, temos algumas raros bons momentos que salvam “Phoenix” de ser um desastre completo, como na faixa de abertura, “Heliopolis”, que possui um refrão que não sairá da cabeça de quem a escutar, e a bem trabalhada “Throughout The Fields Of Unshaded Grace”, que conta com muitas variações rítmicas e foge um pouco da mesmice do resto do disco. A produção também merece destaque, sendo cristalina. Mas é muito pouco para uma banda com a vivência do Agathodaimon. Talvez eles devessem investir mais em suas raízes para, no próximo lançamento, conseguir novamente a atenção de seus fãs que, fatalmente, a perderão quando colocarem “Phoenix” para tocar. Hélio Azem

[6] Seneca Reflections Lifeforce

A Lifeforce Records, gravadora que já teve em seu time bandas como Caliban e Trivium, resolveu apostar agora em um grupo relativa-

[7] Isis Wavering Radiant Ipecac

Eis aqui um exemplo de banda que prefere investir novamente em algo diferente a se repetir. Ao contrário do que a maioria esperava, o Isis não fez mais um “In The Absence of Truth”. Calma! Isso não quer dizer que voltaram a fazer som completamente sujão na linha do “The Red Sea”, mas há algo que será dito logo de cara, mais a frente, e que possui semelhança, de certo modo, com essa época. Ainda a respeito deste “diferente”, não é nada mais que um aprofundamento de determinados traços e a volta a outros, mais precisamente estou me referindo à grande exploração do lado harmonioso e a reutilização de muitos vocais agressivos, bem como certas passagens bem agressivas do instrumental e mais experimentalismo de estúdio que em qualquer outro disco deles. Pois bem, apesar de se atreverem a irem bem afundo em misturar as melodias com mais agressividade, “Wavering Radiant” não tem o mesmo feeling dos outros álbuns, fato que nos impede daquele “apego” como há para com os outros. Refiro-me àquele “quê” épico e um tanto quanto inexplicável contido nos registros anteriores, os quais davam gosto de apreciar, sendo perceptíveis logo na primeira escutada. Em contrapartida, Jeff Caxide é responsável por manter uma bela característica do Isis: aquele contra-baixo destacado. Quem conhece sabe muito bem do que estou falando. Quem não conhece, deve, portanto, escutar o álbum ou tentar imaginar dois contra-baixos gravados: Um normal e outro mais “acústico”, flutuante, com um som agudo e grave ao mesmo tempo, sempre tocando somente em passagens memoráveis. Mesmo tocando também no Red Sparowes e no Spylacopa, fica extremamente evidente que é no Isis onde ele despeja seu verdadeiro talento.Percebe-se que temos em mão mais um CD excepcional. Possui mais prós do que contras, por assim dizer. Conforme fora bem expresso, não é aquele que agradará logo de cara, muito menos o melhor deles, todavia que tem seu enorme valor, revelando a cada audição vários detalhes novos e, com tempo, sendo absorvido com mais facilidade. Em decorrência disso, vai ficando mais agradável e atraente. Julio Schwan


[8] Ukrurku Demo-core Independente

Hoje em dia, poucas são as bandas que executam aquele Grindcore porcão na veia de seu surgimento. Bom, falando sinceramente não é bem assim. Se garimparmos pelo mundo underground do underground, certamente encontraremos várias bandas aptas a realizar tal proposta. É o caso da Ukrurku, banda gaúcha oriunda da cidade de Gravataí, cuja sonoridade abrange diversos ramos da podreira generalizada. A priori, é aquele Grind com a cara da grande pérola do gênero, o clássico “Scum”, do Napalm Death, ou seja, é mal gravado, muito sujo e bem pesado. Há ainda influências de Punk Rock, Death Metal e outros estilos em menor escala. As músicas passam dos tradicionais “30 segundos porrada na cara” (“Rumo à Extinção”) aos arrastados e “longos” minutos (“Campo de Batalha” e “Puta Destroçada”). É interessante notar como a banda passa da mais séria crítica lírica (“Cruel Realidade”, “Reciclar é a Solução”) à zoeira total, tanto sonora como liricamente (“Só eu entendo o que eu canto” e na faixa homônima do trabalho, vide linha vocal). Já viu aquela imagem símbolo do grindcore? Sim, aquela da nota musical dentro do símbolo de proibido ou a mesma nota sendo atirada numa lata de lixo. Pois essa é a intenção do grupo em diversos momentos, tanto que os próprios se rotulam de “lixocore”. Os solos de “Cruel Realidade”, “Tai-ma-go” e a intro desorientada de “Justiça Macabra” deixam isso bem claro. E o melhor é que a desgraça acaba soando muito bem e empolgando geral! Claro que só se você realmente entender a proposta da banda, a qual é executar o verdadeiro grindcore, naquela veia primordial, como já fora deixado bem claro.Por outro lado, algumas músicas apresentam forte firmeza na execução e nada de zoeira, como podemos conferir em “Inferno H”. No total, são 14 músicas que compõem essa maravilhosa demo! O espírito do Grindcore envolvido numa atitude Punk e numa sonoridade abrangente faz da Ukrurku uma ótima representante da pancadaria nacional, junto de nomes como Hutt e Facada. Julio Schwan

[4] Nachtgeschrei Am Rande Der Welt Massacre

Segundo álbum do Nachtgeschrei, lançado apenas um ano após o debut “Hoffnungsschimmer”. A banda, que possui um nome capaz de dar um nó na lingua de muita gente, é oriunda de Frankfurt, Alemanha, e pratica, de acordo com sua gravadora, Metal medieval. Espere um minuto, Metal medieval? Eu realmente não faço idéia de até que ponto esse termo é correto ou válido. A música aqui presente é uma mistura do chamado Folk Metal (praticado por nomes como Korpiklaani, Ensiferum, In Extremo, entre outros) com alguns toques de Rock/Metal mais modernos. Espere ouvir muitos elementos de música folclórica, como flautas, gaitas-de-fole, acordeons mesclados com momentos de muita

melodia, e um certo peso aqui e alí. De uma maneira geral, esse disco não me agradou. Apesar do início promissor, com a bela introdução intrumental “Fiur” e da bacana faixa de abertura “Muspili”, o resto do disco não é muito inspirado, com mais alguns (poucos) pontos altos (como a boa faixa “Niob”) e muitos pontos baixos. Para os fãs do gênero, existem outras opções muito melhores no mercado. Para o público em geral, passar longe é a melhor opção. Hélio Azem

[6] Believer Gabriel Metal Blade

“Gabriel”, o novo álbum da banda NorteAmericana Believer, traz a cena um Thrash com estrutura simples, mas tecnicamente perfeita. Acoplado a uma forte influência progressiva mostra um conteúdo novo nesta era de metal, onde o tecnicismo parece ser a única forma de manter uma atenção ouvintes. A gravação ficou um pouco a desejar se tratando de uma banda de um grande selo como a Metal Blade, mas é fato que todas as faixas tem progressões de ritmos. Os destaques ficam por conta das faixas “A moment in prime”, “Redshift”, “History of decline” e “The brave”. Poderia apontar como fator negativo o fato de que as 4 ultimas faixas do álbum ficarem sem muito nexo e dão a impressão que estão lá apenas para “encher linguiça” pois não passam de uma série de efeitos sonoros sem sentidos e uma série de mixagens de ritmos tecno, o que na minha humilde opinião descaracterizou completamente a vibe do trabalho. Mesmo assim as outras faixas ainda fazem o álbum valer a audição. Globalmente “Gabriel” não é ruim, se você é um fã fiel, então provavelmente você vai querer adicionar esta obra a sua coleção, caso contrário vá sem muita pretensão pois o mesmo pode não corresponder a suas expectativas. Odilon Herculano

[8] Forever in Terror The End Independente

Mais uma banda de Metalcore que aparece na infinita lista de “lá vem mais uma coisa qualquer no meu caminho”. Nossa! Que erro meu (ainda bem)! Perceber que “The End” é um diferencial no meio dos grupos Metalcore já é um grande começo. Mas não fica por aí. Quem ouviu o debut “Restless in the Tides”, de 2007, viu que eles são bons no que fazem. Excelentes instrumentistas, antes de mais nada. Mas ainda tinham aquele ritmo que parecia em muito com a As I Lay Dying em alguns momentos e os gritos pouco inovavam. Faltava um algo extra. Possuiam também um contrato com a Metal Blade. Agora são independentes. Será que o som piorou? Exatamente o oposto. As composições estão mais sólidas, recheadas de elementos progressivos, técnicas de guitarra à mil, bateria mais veloz e melhor trabalhada além de elementos belíssimos de teclado. O vocalista Chris Bianchi está gritando de forma mais madura. Melodias nos vocais também aparecem de forma mais

[8] Kylesa Static Tensions Prostetic

O que esperar de uma banda com dois bateristas? Aliás, além disso também há três vozes, duas masculinas e uma feminina. Mais ainda: O que será que uma banda desse porte faz em seu quarto CD? Pois saiba que somente escutando “Static Tensions” você compreenderá. Notórios por essas características e também pela complexidade de suas criações. Temos elementos de Hardcore old-school, peso tradicional de Sludge, vocais passando desde os agudos desesperados, furiosos graves e também os belos e suaves da guitarrista Laura, bem como muitos efeitos de Rock psicodélico dos primórdios e Stoner Metal dos tempos modernos. Não obstante, o método de gravação das baterias é muito notável, pois cada uma toca em um lado - com fones de ouvido dá para perceber cada detalhe diferente, seja uma virada ou um kick a mais. A constante mudança de ritmos na bateria impõe um clima brusco, pois da pancadaria tudo pode tranquilamente mudar para batidas rítmicas e tribais. Em decorrência de tudo isso, podemos encaixar a banda no ramo do Metal Avant-garde, sem dúvida alguma. Todas as faixas são bem distintas umas das outras, o que vai prendendo à audição, pois jamais cai na mesmice. Como destaques, é justo mencionar a pegada faixa de abertura, “Scapegoat”, devido à empolgação que passa com seu memorável verso de guitarra e pelo “duelo” dos bateristas na intro, sem esquecer o momento de experimentalismo psicodélico ocasionado por diversos efeitos de produção numa guitarra que se transforma em vento, voltando a ser guitarra, voltando a ser vento. Sempre é difícil descrever esses elementos de psicodelia, por isso nada como ouví-los e experimentar das mais diversas sensações. Isso é só para você ter uma noção, pois todas as faixas apresentam algo interessante, em maior ou menor escala. Já está mais que explícito o quanto essa banda merece ser conferida. Julio Schwan

lapidada. “Sunlight Sands” resume o que estou falando. Logo depois vem “Overboard”. Que raios é essa música? Uma das melhores de Metal Progressivo/Metalcore que já ouvi. É feito tivessem roubado o que há de melhor do The Human Abstract (fase antiga) e acoplassem à sonoridade do Forever In Terror. No final da faixa, o som fica diferente, algo como uma levada circense, que serve como passagem para “Lunar Fortress”, outra paulada sensacional, faixa esta que se destaca pela junção do teclado com breakdowns à lá As Blood Runs Black. “V.2009” inicia com uma ambientação bastante peculiar, lembrando, de algum forma, o instrumental melódico de Metallica, mas diferenciado. Não sei como me passaram esta impressão, mas é como eu consigo explicar. O importante é que logo ela cai para a gritaria e o virtuosismo dos guitarristas Ben Kantura e Glenn Moore. “Fallacy of a Memory”, a quinta composição, retoma as melodias no vocal, que ficaram ausentes desde a segunda faixa. Ainda cabe destaque para “Vertical Horizon” e a instrumental “Finate Infinate”. De fato, um orgulho para Ohio, Estados Unidos, que possui como grande nome o Chimaira. E agora, Forever In Terror no campo do Metalcore! Igor Lemos

hornsup #7 7

47


resenhas [7] Icon In Me Human Museum Massacre

Icon in Me é um projeto Russo/Europeu que conta com um dupla de conhecidos nomes do cenário Metal. Com os vocais de Tony JJ (M.A.N., ex-Mnemic, ex-Transport League) e o guitarrista D.Frans (Hostile Breed). Mostrando um Thrash moderno, “Human Museum” se álbum de estreia esta em consonância com as bandas dos lideres da banda. Pensando musicalmente o som dos caras parece uma mistura de thrash com ligeiras influências industriais. Contando com composições mais atraentes e variadas o ouvinte logo se sente intimo da banda, o feeling destilado no som é logo absorvido na primeira audição. Todas as faixas são executadas de maneira simples e direta sem muita firulas deixando com saudades de um pouco de ferocidade e intensidade característica das bandas do estilo. Faixas como “Empty Hands” possui um ritmo mais compassado e repetitivo, tornando os seis minutos um caminho longo, “Dislocated” inicia cheia de efeitos até culminar com gritos ferozes e pegada das guitarras. Outra faixa “That Day, That Sorrow” começa com uma bateria Thrash matadora que dinamicamente vai dando a forma do caos sendo um dos hits do registro. “End Of File” e outra musica que mantem o caráter do álbum com um Thrash rápido e consistente. Infelizmente, Icon in Me ainda é uma banda jovem mas por “Human Museum” deve agradar aos ouvintes fãs de sons como o do Mnemic vale a pena conferir. Odilon Herculano

[7] Zombi Spirit Animal Relapse

Poucas são as informações que encontramos a respeito deste duo americano de música progressiva e instrumental, mas, em contrapartida, cheia de detalhes e de riqueza é a música deles. Ambos os músicos tocam sintetizadores (vários modelos, mas todos são ‘arquétipos’, ou seja, dos primeiros modelos, aqueles que soam “levinhos” se comparados aos de hoje). Depois, um foca no baixo (Steve Moore, o qual inclusive tem ainda uma carreira solo) e o outro (A.E. Paterra) na bateria. Por mais que a descrição dê uma idéia de limitação, a realidade ao reproduzir as músicas é bem ao contrário. Com faixas que vão de 6 a 17 minutos, conferimos muita variação de clima, progressão, criatividade e emoção. Exatamente isso: Emoção. Há uma questão mais forte envolvendo a musicalidade deles, e isso é até um tanto quanto difícil de descrever, entretanto leia títulos como “Cosmic Powers” e “Spirit Warrior” para ter uma ideia do que os inspira a compor. Algumas passagens melódicas, recehadas de atmosfera dos synths, acompanhadas da leve bateria e das boas levadas do baixo passam uma sensação tranquila e gostosa, tornando Spirit Animal um bom álbum para aqueles momentos em que queremos escutar apenas som instrumental! q que

48

hornsup #7

A priori, um lançamento muito interessante para quem aprecia bandas de rock progressivo e instrumental, bem como aquele clima original de Pink Floyd, Yes, Rush. A sensação final absorvida através da audição do álbum deve ser similar a de entrar num “buraco de minhoca” e cair no finalzinho dos anos 70, na era pré-digital, e se deliciar com as maravilhas “modernas”. Julio Schwan

[6] Static-X Cult of Static Reprise

Quinze anos se passaram e muitos artistas do New Metal surgiram e foram a pique nesse intervalo, dessa safra de artistas poucos conseguiram estourar a bolha do estilo e se mantém forte no cenário do metal. O Static-X é um desses remanescentes, seguindo uma linha musical já conhecida do fã (a banda deve acreditar que time que está ganhando não se mexe). “Cult of Static” o sétimo trabalho da banda , traz 11 músicas em pouco mais de 40 minutos de um industrial mais evidente, o que não é nenhuma novidade. “Cult of Static” é mais um disco para os fãs se deliciarem, com vocal um tanto rouco, ‘riffs’ pesados, quadradões, bateria e baixo com timbre agudo, inserções eletrônicas e solinhos nas músicas. A faixa que abre o álbum, “Lunatic”, já é conhecida dos fãs por ter sido incluída na trilha sonora do filme “Punisher: War Zone”. Mas a versão do álbum tem como convidado especial o “Fodástico” vocalista e guitarrista do Megadeth Dave Mustaine que faz um solo nesta música e ainda assim não consegue salvar da mesmice. Na sequencia vem “Z28” que é uma das legais do registro, com uma sonoridade peculiar e cativante, menos quebradeira e mais melodia. Duas músicas do álbum foram inspiradas na esposa do vocalista, “Tera-Fied” e “Stingwray”. A musa inspiradora é Tera Wray, ex-atriz pornô norteamericana. “Grind 2 Half ” tem como destaque a introdução cheia de efeitos que dá um clima todo diferenciado em relação às outras faixas. O álbum não é ruim mas por vezes soa bem massante deixando aquela incomoda sensação de “Isso novamente?!”. Entretanto para quem tava esperando mais do mesmo, bem vindo ao culto. Odilon Herculano

[4] Lacuna Coil Shallow Life Century Media

A cidade de Milão, marcada na Idade Média pelo domínio celta e arruinada nos séculos V e VI pelos góticos parece manter suas influências históricas até à contemporaneidade. Uma prova disso, musicalmente, é a existência do grupo já consagrado pelo cenário Mainstream do New Metal Gótico, o Lacuna Coil. Mas, em seu quinto álbum de estúdio, denominado Shallow Life, os italianos que já encaram o mundo da música há mais de dez anos parecem estar perdendo a cada segundo sua identidade para o mundo industrializado americano. Em “Shallow Life”, o

equilíbrio entre melodias e vocais graves exercido pela bela Cristina Scabbia e por Andrea Ferro encontra-se presente, embora aquela não tenha feito uma participação merecedora de aplausos, já que a única canção em que o vocal feminino realmente demonstra-se um diferencial é “Wide Awake”, uma balada. Os guitarristas Cristiano Migliore e Marco Biazzi compuseram riifs lentos que não entravam em harmonia, sendo seguidos pelo sofrível trabalho de bateria de Cristiano Mozzati, cuja camisa deve ter permanecido seca do início ao fim das gravações deste CD. O trabalho dos teclados e dos samplers de Marco Coti Zelati foi bem exercido em músicas como “The Pain” e “I Won’t Tell You”, mas conseguiu abstrair o caráter metálico destas faixas. Dez das treze músicas estão na faixa de três minutos, embora todas devessem possuir apenas a metade deste tempo de duração; pois ao ter ouvido a um minuto e meio de qualquer composição, é uma evidência clara de que o restante será uma repetição do que já foi apresentado. Fatos curiosos deste lançamento é o de que “I’m Not Afraid” conta com um refrão que lembra bastante os americanos do Linkin Park e, o que chega até a ser engraçado, a “The Pain” lembra músicas da Madonna. As únicas faixas que, para os adeptos do New Metal, conseguirão balançar algum pé inconstante e ansioso são “Underdog” e “Spellbound”, pois são mais diretas e cadenciadas. Para os fãs que esperavam um álbum ao nível dos bons tempos da banda, o sentimento de frustração será evidente já que além de haver nada de novo presente, este novo, não é de qualidade. Ítalo Lemos

[7] The Chariot Wars and Rumors of Wars Solid State

A Guerras e rumores de guerras? Neste terceiro trabalho de estúdio, os cristãos do The Chariot conseguiram gravar trinta minutos de pura brutalidade, levando o ouvinte ao final da audição concluir que isto não é apenas um rumor, mas uma guerra declarada. A gritaria aleatória de Josh Scogin e os contra-tempos do baterista David Kennedy fazem lembrar os bons tempos da banda Norma Jean no álbum “Bless the Martyr and Kiss the Child”, o que não chega a ser uma coincidência, já que Josh era o vocalista da banda citada nesta época. Os riffs de guitarras atordoantes de Bryan Russell e Dan Vokey e o peso das quatro cordas de Jon Kindles em “War and Rumors of Wars” são de alta qualidade, pois além de originais, são esmagadores; apesar de não demonstrarem serem técnicos em demasia no assunto. Uma característica deste álbum é a constante qualidade entre as músicas, pois apesar da duração curta, as faixas são tão diretas e cativantes que fica praticamente impossível citar a de maior destaque. Pra quem gostaria de ter um lançamento que recorda os bons tempos do Norma Jean e a brutalidade do The Architects de um modo único, “Wars and Rumors of Wars” poderá travar uma guerra cujo vencedor será aquele que permanecer intacto após a pancadaria proporcionada pelo álbum. Ítalo Lemos


[5]

[8]

uma década, ainda será muito comentado por aí a fora. Gláucio Oliveira

[6]

Disbelief Protected Hell

Earth Crisis To The Death

Massacre

Century Media

Tombs Diretamente da Alemanha, o Disbelief resurge com o seu Sludge Death Metal apresentando seu mais novo trabalho intitulado “Protected Hell”. A banda já está a 19 anos estrada e carrega em sua bagagem 8 álbuns, contando com o seu mais recém trabalho de estúdio. O disco já começa literalmente no inferno com a introdução “Hell” para preparar qualquer headbanger do que está por vir. O álbum contém 12 faixas que trazem um ambiente completamente claustrofóbico e um clima quase que caótico mesmo não sendo tão barulhento quanto possa aparentar. Essa “atmosfera” quase que brutalmente melancólica que o instrumental e os vocais criam, chega a lembrar, de longe, algumas coisas da banda Neurosis. “A Place To Hide”, “Nemesis Rising” e “Hell Goes On” são as faixas mais empolgantes do disco, mas também devo destacar a faixa “Room 309 (Kraftprinzip)”, a melhor do álbum, com uma levada mais lenta e com um peso grandioso de guitarra para nenhum fã do estilo botar defeito. Aos apreciadores de Doom Metal e de um bom barulho depressivo, certamente, “Protected Hell” pode ser uma boa pedida. João Henrique

[8] Nahemah A New Constelation Lifeforce

Às vezes ouvimos bandas estranhas, com nomes estranhos e com pessoas estranhas. Bom, banda boa tem que ter algo que a diferencie e neste caso, Nahemah, banda espanhola, traz em seu terceiro CD, “A New Constalation”, uma sonoridade diferenciada, bem Dark Ambient, com um vocal que varia do inferno para o céu, pois o vocalista Pablo Egido solta uns berros bem demoníacos e depois, utiliza sua suavidade vocal que funciona muito bem como contraste. Apesar da leve comparação com A Perfect Circle ou até mesmo Opeth, Nahemah também é uma ótima banda. “A New Constalation”, que foi lançado em Maio é um álbum bastante experimental com detalhes meio Eletro e, inclusive, meio a tanta viagem, podemos ouvir o som de um saxofone. É nítido que a banda se preocupou com cada detalhe nas faixas deste álbum, e devem ter passado um bom período em estúdio para chegar a tal ponto, pois “A New Constalation” é um álbum que merece ser ouvido. Todas as faixas são interessantes. “Follow me”, “Reaching the Stars” e “Much us”, faixa de abertura do álbum, podem ser utilizadas inclusive como trilhas sonoras de filmes. Na verdade, todas as músicas se enquadrariam muito bem em filmes de ficção, drama ou outro gênero de acordo com a necessidade. Este álbum é mais suave que os anteriores e isso o destaca, tendo faixas mais sutís que deixam o peso das músicas não tão agressivo, apesar do vocal rasgado. Com certeza, Nahemah, que existe a praticamente

Winter Hours Relapse

Nome novo, todavia promissor, visto que surgiram apenas em 2007 e já nos apresentam um EP e este interessante full-lenght. A banda descreve-se como “Post-Hardcore influenciado por Black Metal”, mas me atrevo a contestá-los, porque isso é deveras limitado, apesar de já nos dar uma noção do que vem quando damos o play em “Winter Hours”. Num grosseiro resumo, é conveniente dizer que tratam-se de músicas recheadas de peso e distorção, lembrando os grandes nomes do Sludge. Entre uma passagem e outra são incorporadas melodias atmosféricas sombrias (muito lindas, por sinal), melancólicas, depressivas.Feito isso, vários riffs de guitarra, escalas ríspidas e uma bateria pegada de Black Metal dão a cobertura, fora as demais influências de outros estilos presentes em menor escala. Os vocais variam de limpos em tom médio (cristalinos, mas nem agudos nem graves, lembrando muito bandas como Mastodon) a guturais fortes e marcantes (soam iguais aos do Isis, falando francamente), com o revezamento dependendo da faixa, pois não seguem os mesmos padrões em todas as canções. Nossa atenção é sugada em vários momentos da obra, tais como em “Beneath the Toxic Jungle” (começa bem Black Metal e ao final apresenta melodias surreais, cadenciadas e memoráveis, penetrando direto na alma), “Merrimack” (excelente e sincera inerpretação vocal somada a mais melodias agradáveis) e “Story of a Room” (belíssimo instrumental somente de guitarras com efeitos da produção de estúdio). Em contrapartida, numa análise geral, a maioria das músicas carece de partes assim, completamente boas. Talvez por se tratar de um power-trio, a questão de não ir mais afundo nas composições pode ser compreendida. Como já foi dito, Tombs é uma banda nova. Mesmo com seus músicos possuindo experiência, quem também é músico bem sabe como é difícil e demorado (na maior parte dos casos) rolar aquele entrosamento tão rapidamente, o qual rende ótimos frutos em termos de composição. Resta-nos aguardar, pois o tempo e a experiência certamente trarão um lançamento tão bom quanto este. Ah, e fazer turnê ao lado do Pelican e do Isis para divulgar um lançamento deve render numa forte inspiração, não? Julio Schwan

[8] Buried Inside Spoils of Failure Relapse

Caso ainda estivesse vivo, o ilustre filósofo alemão Friedrich Nietzsche haveria definido este quarto álbum de estúdio dos canadenses do Buried Inside como uma obra “para espíritos livres”, por ser um enfático apreciador da música enquanto modificadora das emoções da alma. Longe de qualquer clichê exibido diariamente pela mídia, “Spoils of Failure” demonstra sua irreverência a começar pelos

Lançado no primeiro semestre de 2009, “To the Death” é o sexto álbum da banda que existe desde 1991, e é o tipo de álbum que você ouve e no dia seguinte se lembra da porrada sonora e ouve mais e mais vezes. São 10 faixas muito boas, com riffs pesados, backing vocals em coro e paletadas cavalgadas e arrastadas, ideal para os mosheiros e adeptos do circle pit, ou seja, é um álbum com bastante energia e vida onde Karl Buechner (vocalista) demostra com seu potente e berrado vocal sua fúria contra aqueles que estão no alvo do ideal da banda. Realmente é uma pancada na orelha. Com letras que passam mensagens de libertação e falam sobre o Straight Edge, a banda que também é Vegan, recebe o apoio do grupo PETA e segue seu estilo de vida, atraindo mais e mais adeptos do movimento SxE. A faixa “Against the Curre” que inicia o álbum, fala justamente desta questão, inclusive quando gritam em coro “Straight Edge in contrast”. “To The Death” é um álbum muito bom e ao vivo o som deve ser “animal”,mas pelo fato da fidelidade com o estilo, o álbum é muito segmentado se comparado aos demais. A sensação que se tem é que o vocal é imposto da mesma maneira em todas as faixas. Mas isso acontece com todas as bandas e sem dúvida é um detalhe a parte meio a riffs muito bem desenvolvidos e atrativos. Se você gosta de Madball, Sick Of It All, com certeza irá amar este álbum. E quem ainda não conhece o som do Earth Crisis, aconselho a adquirir o mais breve possível pelo menos este último álbum, que está matador, literalmente! Gláucio Oliveira

títulos das músicas, que nada são além de algarismos romanos referentes ao número das mesmas. Este corte com o popular da música contemporânea nos trás à memória a psicodelia do Giant Squid, a pegada do Radiohead e a agressividade dos primórdios do Hopesfall em uma mirabolante mistura entre Atmospheric Sludge Metal e Screamo. Os “screaming vocals” exercidos por Nick Shaw empolgam o ouvinte pois provém da perfeita harmonia com o groove das guitarras pesadas de Emmanuel Sayer e Andrew Tweedy, proporcionando momentos anestésicos. O trabalho do baterista Mike Godbout é extraordinário: seu ritmo influenciado pelo jazz e sua técnica proveniente do metalcore impressionam os adeptos do metal progressivo. As faixas “IV”, “VII” e “VIII” chamam a atenção pela diferença entre melancolia e caos, mas acabam não destoando das outras faixas, que são de igual qualidade. “Spoils of Failure” não é recomendado para aqueles que deixam detalhes passarem em branco já que cada nota musical deste álbum tem seu sentido e deve ser apreciado como um bom vinho. Já aqueles que respeitam a esta regra, este é um álbum para ser ouvido mais de uma vez sem remorsos. Italo Lemos

hornsup #7 7

49


resenhas [7] Hatebreed For The Lions E1 Music

”For The Lions” é o nome escolhido para o novo e inédito trabalho de estúdio dos americanos do Hatebreed, já que desta vez trata-se de um álbum só de covers, com músicas de bandas que foram uma grande influência e inspiração para o quinteto que hoje é reconhecido como um dos maiores grupos de Hardcore da atualidade. A banda selecionou 18 músicas que vão do Hardcore/Punk ao Heavy/ Thrash/Death Metal pegando as décadas de 80 e 90. Todas as escolhidas foram executadas da maneira mais fiel possível, sem nenhuma mudança de tempo, firúlas a mais ou a menos resultando em covers bem parecidos, mantendo a agressividade dos originais mas, é claro, com a veia brutal de sempre do Hatebreed. “Ghosts of War” do Slayer, foi a música escolhida para divulgar este trabalho e logo de cara já ganhou um video-clip bem interessante. A sonoridade manteve-se devidamente agressiva, praticamente igual, porém, deixando bem claro que é Hatebreed. É até novidade ver os caras devorando as guitarras nos solos, e o melhor: sem perder a qualidade. Faixas como “Set It Off ” (Madball), “Your Mistake”(Agnostic Front), “Shut Me Out” (Sick Of It All), “Thirsty and Miserable” (Black Flag),”Evil Minds” (D.R.I) e “It’s the Limit” (Cro-Mags) são realmente muito próximas às versões originais até por que são da mesma praia dos caras. Entre as mais fiéis vale destacar a música “All I Had I Gave” do Crowbar, pois Jamey Jasta tem a voz muito parecida com a do vocalista Kirk Windstein. Outras faixas, já aparentam ser um pouco mais complexas como a música “Suicidal Maniac” dos Suicidal Tendencies, já que interpretar os vocais de Mike Muir não é uma tarefa nada fácil. “Escape” do Metallica pesa também por ter partes mais melódicas, o que não é muito comum no som do Hatebreed. Devo incluir aqui também a música “Refuse, Resist” do Sepultura. Mesmo Jasta cumprindo bem o seu papel, manter a mesma pegada dos brazucas realmente não é pra qualquer um. “For The Lions” é um grande disco e talvez uma grande homenagem a estes monstros que tiveram uma grande importância para a música pesada em si. João Henrique

[6] Hand to Hand Design the End / Follow the Horizon

pela frente. Provável que algumas pessoas não gostem da banda pelo simples fato do vocal ser muito sofrido, e outras possam a preferiar os álbuns anteriores, mas vale ouvir pelos arranjos e sonoridade. O problema deste álbum é que se você escutar outra banda do mesmo estilo, possivelmente ouvirá músicas bem parecidas, como se fossem 10 bandas que fizeram uma música juntas e depois cada uma a executou separadamente. “Design the End / Follow the Horizon” é o terceiro álbum do Hand to Hand e logicamente o mais maduro e complexo. Um prato cheio principalmente pras menininhas que adoram bandas com caras de franja e que cantam melodicamente. Gláucio Oliveira

[9] Mindflow Destructive Device Unlock Your Mind Productions

Um dos grandes expoentes do Prog Metal brasileiro, o Mindflow apresenta seu novo álbum: “Destructive Device”. Trata-se do terceiro full length da banda, cuja produção discográfica é completada por “Just the two of us... Me and Them” de 2004, e “Mind Over Body” de 2006. Apesar da carreira um tanto quanto recente, o grupo já vem colhendo respeitável retorno do público, inclusive no exterior. Apresentações bem-sucedidas no continente europeu, na América do Norte e Ásia, além de atestarem a excelência dos músicos expandem a boa base de admiradores conterrâneos. “Destructive Device” é, portanto, a continuação desse trabalho bem feito. Impecável em sua totalidade, e claramente concebido por meio de um projeto meticuloso, o novo disco da banda mostra resultados impressionantes. O perfeccionismo instrumental e vocálico é latente. Os créditos podem ir tanto para Rodrigo Hidalgo (guitarra); Ricardo Winandy (baixo); Rafael Pensado (bateria); Miguel Espada (teclado) e para o frontman Danilo Herbert, quanto para os produtores americanos Ben Grosse (produziu, gravou e mixou o disco) e Ted Jensen (a cargo da masterização). Arquitetado para ser extremamente coeso, o conceito que fundamenta o álbum estabelece várias ligações. Desde a arte gráfica, elaborada como um relatório do serviço secreto que investiga suspeitos de atividade “terrorista”, que se conecta à temática lírica (essencialmente focada nos dilemas da humanidade), até a embalagem do próprio que se relaciona aos materiais multimídia disponibilizados pela banda na Internet. Músicas como “Breakthrough”; “Under An Alias”; “Destructive Device”, entre outras, satisfarão os anseios dos admiradores de metal progressivo refinado. Álbum altamente recomendável, portanto. Paulo Vitor

Lifeforce

De Orlando, Flórida, essa galera segue a linha das bandas com visual e atitude do Post-Hardcore, com sonoridade bem melódica. “Design the End / Follow the Horizon”, lançado em Maio pela Lifeforce Records pode soar meio clichê se formos analizar o que temos ouvido de bandas com o mesmo estilo, mas não chega a ser enjoativo. Logo de cara, com as faixas “In this City” (faixa de abertura) e “State of Emergency” (faixa seguinte) é possível sacar logo o que vem

50

hornsup #7

[7] Evil Class Beware Of Man Independente

Quando essa demo do Evil Class chegou as minhas mãos, devo dizer que não dei liguei de imediato, afinal, um CD-R com artwork xôxo,

feito em casa, não é a primeira coisa a chamar a atenção em meio a tantos CDs. Mas, no final das contas, “Beware of Man”, acaba por dar razão ao velho ditado: “não julgue um livro pela capa”. Em meio a diversas bandas novas que não fazem mais do que imitar seus ídolos ou tentar achar uma fresta “trend” para se enfiar, o Evil Class demonstra um caráter invejável. Claro que se sente fortes influências, principalmente de bandas de Death´n’roll (leia-se Entombed), porém filtram isso de uma forma autêntica e sincera. Logo que ouvi a faixa de abertura, “Nuclear Powered Fear”, achei que se tratava de um registro de Crustcore, dado descarrego violento proporcionado logo ao primeiro contato, porém, no desenrolar das restantes 5 faixas, nota-se que diversas outras vertentes do som pesado também tem vez. “One More Step Away” sobresai pelo riff arrastadão. A brutalidade retorna com mais impacto em “The House of Pleasure” aonde a veia “thrasher” vem à tona com toda força. “R.I.P.” é um bom exemplo da diversidade encontrada aqui. O andamento lento, pesado, Sludge, se assemelha ao trabalho do Down. “Acess of Evil” reacende a veia Death-roqueira, aliada a uma vitalidade do Sepultura das antigas. “Death For a Living” encerra a demo deixando um gostinho de quero mais. Um projeto português que sem grandes firulas, produção simples e pouquíssima exposição mediática, tem talento suficiente para desejarmos saber o que farão no futuro. Matheus Moura

[8] The Ocean Fluxion Pelagic

O álbum “Fluxion” do coletivo alemão The Ocean foi lançado originalmente em 2004, entretanto a banda nunca ficou satisfeita com essa edição. Passados 5 anos e com mais 2 álbuns nas costas, sendo que o último deles, “Precambian” vendeu mais de 20.000 cópias, finalmente alguém deu crédito a banda e relançou “Fluxion”. Esse álbum foi gravado juntamente com o álbum “Aeolian” (2005, Metal Blade) e a intenção inicial era lança-los juntos. Entretanto, esse álbum saiu um ano antes, por um selo menor e sem grande expressão. Depois de ouvir (e ver) o álbum, acho que o termo relançamento é inadequado, na verdade é um “reboot”. Normalmente os relançamentos incluem umas faixas bônus, capa diferennte, etc. Neste caso, o The Ocean remixou e remasterizou o álbum todo, ainda incluiu a voz do novo vocalista, Mike Pilat, e criou um artwork incrível, na linha de “Precambiam”. Resumindo, reconstruiram tudo que podiam sem ter que regravar o álbum de raiz, e o resultado é fabuloso. “Fluxion” é o irmão mais calmo de “Aeolian”, ou seja, envereda por caminhos mais viajantes, sendo até acompanhado por uma orquestra (“The Human Stain”). Mas nem por isso deixa de ser pesado e impactante, com em “Comfort Zones” ou “Dead On The Whole”. Nessa fase a banda transparecia mais suas influências, como Neurosis e Mastodon, mostrando um entrosamento único de Sludge com ambientes sónicos inebriantes. Quem já conhece o álbum, irá se supreender com a qualidade dessa nova versão, já que não conhece, tem aqui uma bela oportunidade que ter contato com uma excelente banda. Matheus Moura



ao vivo

Opeth Santana Hall 05/04/09 São Paulo/SP (Bra) Eu me lembro que, alguns anos atrás, antes do Opeth assinar com a Roadrunner Records e seus discos passarem a ter edições nacionais, costumava pensar: “Vai chover o dia que o Opeth tocar no Brasil”. Choveu. E muito. Mas mesmo debaixo de um dilúvio de proporções bíblicas, finalmente o público brasileiro pode conferir a apresentação dessa que é uma das maiores bandas da atualidade. Devido a justamente esse temporal que desabou sobre São Paulo, perdi o show dos paulistas do Of The Archangel, que ficaram encarregados de aquecer o público. Quando cheguei ao Santana Hall, já estavam desmontando seus instrumentos, ao mesmo tempo que os roadies da banda sueca já faziam os últimos acertos para o show principal da noite. Quarenta minutos antes do previsto (o que fez com que muita gente perdesse boa parte do show, numa atitude bastante questionável da organização, diga-se de passagem), por volta das 19:20, as luzes se apagam e Mikael Akerfeld e sua trupe entram no palco, sendo prontamente ovacionados por todos os presentes, que naquele momento praticamente lotavam o Santana Hall. “Heir Apparent”, de seu mais recente disco, o excelente “Watershed”, foi a música escolhida para iniciar a apresenta-

Opeth

52

hornsup #7

ção. Os vocais de Mikael estavam um pouco baixo, porém antes mesmo do fim dessa primeira música esse problema foi corrigido. “Ghost of Perdition”, do disco anterior “Ghost Reveries” é tocada na sequência, seguida de “Godhead’s Lamment”, do Still Life de 1999. Nessa, podemos ver que a escolha de Fredrik Åkesson para o posto de Peter Lindgren, que deixou a banda em 2007 após 16 anos nela, foi acertada, já que ele executou a partes de Lindgren com uma precisão milimétrica, além de adicionar mais punch em determinados momentos e de ter uma presença de palco bem superior à de seu antecessor. Um ponto que merece destaque é a simpatia e o senso de humor de Mikael Akerfeld: o cara, além de excelente compositor e vocalista, é um comediante de primeira. Algum desavisado que entrasse no Santana Hall entre uma música e outra ia achar que tinha ido parar em um desses stand-up comedies que tanto estão na moda em nosso país. Só pra que se tenha uma noção, em um determinado momento da noite, após notar que boa parte do público fazia o tradicional sinal de “horns up”, pediu que deixassem-no para Ronnie James Dio (seu inventor) e propôs um novo símbolo para o metal contemporâneo: “The Hook”, onde as pessoas deveriam usar o indicador e o polegar, formando uma forma bizarra de gancho. Em outro momento, chamou a atenção do público para sua camisa, que possuia a estampa do filme “Conan: O Bárbaro”, para depois emendar “Vocês já viram esse filme? É um dos piores que eu

já vi”. Um show a parte, que só abrilhantou mais ainda o espetáculo. Piadas a parte, veio a primeira balada da noite, a belíssima “Credence”, do disco “My Arms Your Hearse”, que literalmente levou alguns dos presentes às lagrimas. “Hessian Peel”, também do disco novo, ganhou ainda mais peso em sua execução ao vivo. Já “The Lepper Affinity”, faixa que abre o álbum mais bem sucedido da banda, “Blackwater Park”, de 2001, literalmente trouxe a casa abaixo, com alguns dos presentes até esboçando um mosh, tamanha a catarse coletiva causada por essa obra-prima. Eu, como fã assumido que sou, por muitos momentos me arrepiei durante a execução dessa música. Só quem estava lá pra saber o que foi. Para acalmar os ânimos, veio na sequencia “Closure”, do disco “Damnation”, que apesar do início calminho, vai em uma crescente até seu final bastante energético e com um certo tempero oriental, onde o baterista Axe Axenrot roubou a cena, tocando com muito feeling. Sem deixar a peteca cair, a banda resgata um dos pontos altos de seu segundo disco com “Night and the Silent Water” e encerra o set principal com “The Lotus Eater”, talvez a mais popular música de “Watershed”, e que foi cantada por todo uníssono Santana Hall. Mas ainda havia mais: “Deliverance”, talvez uma das mais pesadas canções do quinteto, finaliza de vez o show com seus 13 minutos de brutalidade. Uma noite que fez valer a espera de 14 anos dos fãs. Show do ano, sem sombra de dúvidas. Hélio Azem Foto: Eduardo Guimarães


Confronto

Confronto/bandanos/linha de frente/stillxstrong Galpão do Jabaquara 25/04/09 São Paulo/SP (Bra) Você aí na sua cabecinha consegue imaginar o que é para uma banda independente, surgida numa cidade que não tem uma tradição tão forte de Hardcore ou que seja tão referência com as cenas de São Paulo, Brasília e Espírito Santo, ter méritos incríveis como 4 turnês gringas, shows históricos e memoráveis mas com a humildade de não buscar sucesso ou ser referência (o que indiretamente acaba sendo, mesmo sem querer) chegar aos 10 anos? E o que fazer para comemorar? Só mesmo registrar tudo isso em DVD. Confronto no Galpão Jabaquara, que para quem não sabe é o tradicional palco das Verduradas e festivais Straigh Edge na capital paulista, é sempre celebração, recorde de público e dessa vez, apesar de ser um evento mais que especial, não foi diferente. Enquanto a produção do DVD registrava imagens e depoimentos ainda na fila que dobrava a esquina lá fora; lá dentro outra parte ajustava som, palco, deixando tudo impecável para o show de logo mais. Galpão arrumadinho, quase irreconhecível, com torre de som, luz, pano de fundo, estrutura de câmeras em pontos estratégicos e grua (aquela camera flutuante) - tudo milimetricamente pensado e arrumado para uma produção impecável. Ansiedade no ar e algum tempo de espera básico mas ainda começou cedo. Por volta das 7 da noite a primeira banda subiu ao palco. Vinte dias antes, na gravação do DVD dos argenti-

nos do Nueva Etica no Hangar 110, o vocalista Gabriel do StillxStrong fez um show tenso e passou mal no palco (ainda que levando o show até o fim) e essa foi a primeira apresentação depois desse episódio - ainda bem ficou para trás e a banda fez um show inspirado. Tanto que surpreendentemente abriram com uma introdução de “For Whom the Bell Tolls” do Metallica e além das conhecidas músicas cantadas por boa parte dos presentes, como a música que leva o nome da banda, tocaram “Step Down”, clássico do Sick Of It All para encerrar. Na sequência, uma das mais esperadas apresentações da noite (além da banda principal, é claro). Diretamente de Brasília, o Linha de Frente, uma das bandas mais atuantes da cena sxe e que há muito era aguardada por aqui. E fizeram jus fazendo um show brutal, com todos cantando os sons entre eles “Gritos do Silêncio”. Eles anunciam que logo mais lançarão um novo EP enquanto divulgam o que já foi gravado com a banda Dzespero (ES). Em seguida, veio o Bandanos. Infelizmente boa parte da galera dispersou. Destoando um pouco do estilo das demais, ainda fizeram um show legal mas que é certo: não agradou muito o público presente. Na galera, muitos integrantes de bandas amigas dos Confronto: Eu serei a Hiena, Good Intentions, Ataque Periférico, Dead Fish, Terror, além de fãs que vieram de várias partes de São Paulo e do Brasil para também presenciar esse momento histórico. Luzes apagadas, vinheta rolando enquanto a banda surge, visivelmente nervosa e emocionada. Aglomeração em frente ao palco e o circle pit já pegava brutal. Um filminho básico deve ter passado na cabeça deles nesse momento, afinal é muito estrada para chegar num momento como esse. Estar de volta num palco que os consagra sempre e

com um cartaz de sold out no portão, é bonito de ver. Hora de deixar a humildade de lado e mostrar porque a banda é o que é e chegou onde chegou. Assim como nos shows atuais “Abolição” e “Santuário das Almas” foram as que abriram o set, som um tanto embolado e ensurdecedor mas que melhorou logo depois da terceira música. Para formar o set, a banda postou num tópico no Orkut uma votação para que os fãs sugerissem o que gostariam de ouvir, quais seriam as mais pedidas. E apesar de muitos pedirem covers e músicas pouco tocadas, eles priorizaram sua discografia e montaram um com sons como “Corporações assassinas” e “Guerra, queda e morte” (para delírio e surpresa geral) do Insurreição, além dos mais recentes como “Sem perdão”, “Ocupação” e “Calvário” do Sanctuarium que, sem desmerecer os anteriores, é de longe o melhor disco da banda. Fecharam com “Negação”, também como tem sido feito tradicionalmente nos shows dessa turnê. Para garantir a gravação, “Santuário das Almas” e “Negação” foram repetidas e o público agitou nessas como na quase uma hora de show, mostrando que tinha gás para, se fosse possível, mais umas três horas pelo menos. Sem previsão ainda para o lançamento e fazendo algo colaborativo com os fãs, novamente na comunidade no Orkut há um tópico para que quem fez imagens ou fotos do show possa enviar para, sendo selecionado, entrar também no DVD. Se esse é seu caso, envie e-mail para contato@ revolutaproducoes.com.br, com o vídeo, nome e seu contato. Memorável, histórico e de nos encher de orgulho de fazer um pouco parte dessa história. É só o que se pode dizer. Faça sua parte e compre assim que sair. Andréa Ariane Foto: Maurício Santana

hornsup #7

53


ao vivo

GARAGE FUZZ Outs 25/o4/09 São Paulo/SP (Bra) Ao subir ao palco e assumir os microfones, Farofa (vocalista) disse que chegar a maturidade não para qualquer um. É até clichê dizer ainda mais quando se trata de uma banda comemorar 18 anos com uma reputação intacta (musicalmente falando, já que em outro sentido cada um que cuide da sua), histórico respeitável e fãs que adoraram e são seguidores apaixonados. E não tem como não ser. Sabedoria para escolher onde comemorar também faz parte. A Outs foi palco já de shows memoráveis do Garage e os dos 18 também, por respeito a tudo isso, deveria e aconteceu lá - tudo estrategicamente pensado para ser mesmo inesquecível. Dias antes na comunidade da banda no Orkut, a galera já se mobiliza para dar dicas do que seria o set list perfeito - ou seja, com todos os clássicos mas também com todas aquelas que particularmente cada um quer ouvir. Se não foi possível agradar 100%, o set fez justiça para muitos e atendeu boa parte dos pedidos. A expectativa e a mobilização em frente à casa era grande, muito gente na rua fazendo a Augusta ferver em uma noite de tempo bom para a balada. Se antes do show, Ramones, Nirvana e bebidinhas animavam a galera, foi em plena alta madrugada, 2 da manhã cravada no relógio que a banda, depois de ajustar todos os mínimos detalhes, cercando-se de todos os cuidados para esse show especial, subiu ao palco. Sem falsa modéstia e na certeza de ter feito história e serem percussores da cena que, pensando nesse momento só no lado bom, muitas bandas surgiram e continuam surgindo influenciados por eles. Então, para quem é esperto, a aula continua sendo ali, ao vivo, no palco. Agitando o bate-cabeça, um tanto agressivo ao extremo em alguns momentos, vale dizer, abriram com “Ignore list” para gritaria geral, já indicando mesmo que o show seria mais do que especial. Sintonia total entre banda e público. “Wrapping Paper”, “Friends in a Ship”, “When no One is Around”, “Lead A Pointless Life”, “Replace” “Some Warm at Least” foram algumas das 19 músicas que fizeram parte do set, além de “Dear Cinnamon Tea” clássico máximo, trilha sonora de muita gente e indispensável nos show dos caras, para fechar. Esporte é assunto recorrente e o público que os acompanha sabe disso. Aquela madrugada antecedia a final do campeonato paulista que foi entre Santos x Corinthians. Como bons santistas que são, a expectativa (por mais improvável que fosse a vitória do time deles, já que a vantagem do outro era muito maior) agitou também a galera. A brincadeira e torcida valeram mas no fim das contas venceu o favoritismo. Mas se no set faltou muita música, inclusive “When all the Things” (sempre bastante aguardada), foi um show para ninguém botar defeito, seja fã seguidor ou não - 2 horas no palco num dos shows mais intensos que a banda já fez. Enquanto aguardamos o DVD (também comemorativo) gravado ano passado, foi digno fazer parte disso e ver uma banda comemorar seus 18 anos com espírito de um moleque de 14 deslumbrado em cima de um skate e que ainda tem muita vida pela frente. Parabéns Garage! Andréa Ariane Fotos: Marcos Bacon

54

hornsup #7


Walls Of Jericho

hellxis fest Caixa Económica Operária 09/04/09 Lisboa (Por) A produtora Hellxis, uma das mais atuantes do cenário Hardcore português, realizou o festival Hellxis Fest trazendo a Lisboa grandes nomes como Death Before Dishonor e Walls Of Jericho. Além das duas bandas conhecidas já citadas, ainda passaram pelo palco mais 4 outras, sendo que a única banda portuguesa a tocar foi o Broken Distance. Infelizmente, devido ao meu atraso, não puder ver a atuação da banda. Quando cheguei a Caixa Económica, os espanhóis do Twenty Fighters já se preparavam para iniciar sua apresentação. O fato do som estar bem ruim prejudicou os espanhóis, de qualquer forma, o pessoal não se empolgou. Praticam um Hardcore com algum peso, mas também com bastante melodia com letras cantadas em espanhol. Não surtiram o efeito que deveriam, talvez porque o grosso da audiência estava lá para ouvir algo com mais impacto e brutalidade. E foi exatamente isso que receberam da banda seguinte. Emulando do groove pesadão do Hardcore de New York, esses alemães colocam o pessoal do Moshpit em movimento. O ritmo cadenciado, double Bass matador, gang vocals e a brutalidade originaram os primeiros passos de Slam dancing da noite. Fizeram uma apresentação muito boa e segura, mantendo o público “aceso” do início ao fim destilando faixas do álbum “Filling The Void” lançado no ano passado. A banda californiana Nations Afire meio que “caiu de para-quedas” no cartaz do festival. Sua sonoridade ronda o Rock Alternativo com descargas de Hardcore melódico. Logo nos primeiros agudos do vocalista, já se via o pessoal torcendo o nariz. Mesmo não tendo grande receptividade, mandaram bem, apesar de algumas derrapadas do vocalista nos momentos que lhe era exigido

Death Before Dishonor

mais da voz. Finalmente era chegada a hora de botar a casa abaixo! Bryan, frontman do Death Before Dishonor, desde os primeiros shows já estava agitando na frente no palco com o copo na mão. Em consequência disso, na hora de subir ao palco, já se encontrava bem “alegre”. A boa disposição de Bryan, aliada a sede por agressividade do público, proporcionaram um grande espetáculo, tanto no palco, com fora dele, O Moshpit, com direito a figuras fantasiadas de megulhadores e pranchas de Body Boarding, era incessante e movido a músicas como “Family Friends Forever”, “Boston Belongs To Me”, “Born From Misery” e “Break Through It All”. A satisfação nos rostos dos músicos e o público refletia o clima de festa e união que se viveu ali. Já

com o clima mais que aquecido o Walls Of Jericho inicia mais um ciclo de brutalidade. Começam com “New Ministry”, do álbum mais recente, que é justamente uma música de boas-vindas (como a própria letra indica). As mais antigas também não foram esquecidas com “Trigger Full of Promises” ou “All Hail The Dead”. Durante todo (curto) tempo de show, Candace Kucsulain, assim como o restante dos músicos, deram tudo em palco. Candace intimava o pessoal a subir e cantar, enquanto na pista lutava-se contra “ninjas invisíveis”. Os breakdowns monstruosos tremiam a sala e o público respondeu a altura, tornando o Hellxis Fest em uma grande celebração ao Hardcore. Matheus Moura Fotos: Cátia Rodrigues

hornsup #7

55


ao vivo

Heaven and Hell Credicard Hall 16/04/09 São Paulo/SP (Bra) É de se lamentar quando um espetáculo, que tinha tudo para ser histórico, fica prejudicado unicamente pela péssima escolha de seu local de execução. E o Heaven & Hell, que é o Black Sabbath da era Ronnie James Dio, infelizmente ficou prejudicado por ter sido escalado para tocar nessa que, ao menos para shows de Metal, é disparada uma das piores casas de show da capital Paulistana: o Credicard Hall. Para quem não conhece, a pista do Credicard Hall é plana. Em casas de show assim, se o palco não for relativamente alto, a visão de qualquer pessoa com menos de 1,90 fica seriamente prejudicada se ela não estiver bem próxima a ele. E o palco do Credicard Hall é bastante baixo para uma casa de shows com seu tamanho. Bem, bastava então, para quem não conseguisse ver se aproximar do palco, certo? Errado, pois, numa iniciativa que não sei se partiu da produção ou da própria casa, a área da pista mais próxima ao palco foi isolada. Esse setor, chamado de “Pista VIP”, tinha o ingresso 2 vezes mais caro que o da pista normal, e seu isolamento fez com que as pessoas na pista normal ocupassem um área distante

56

hornsup #7

do palco. Evidentemente, nem todos em um país como o Brasil podem se dar ao luxo de gastar R$300,00 em um ingresso e, enquanto tinhamos espaços sobrando na tal Pista VIP, o aperto na pista normal era de matar. A lotação era tamanha que haviam pessoas assistindo ao show do corredor que dá acesso à pista. Foi triste ver que inúmeras pessoas que pagaram o exorbitante preço de R$150,00 tiveram que assistir a um espetáculo dessa importancia através dos telões da casa. E telões com qualidade dignas de VHS, diga-se de passagem. E isso sem falar que haviam apenas 2 banheiros para aproximadamente 4000 pessoas, e da truculência dos seguranças do local, que mesmo vendo que que era difícil sequer dar um passo para o lado, empurravam a todos que estivessem na sua frente quando queriam se deslocar. Só posso definir tamanha falta de respeito com o público de uma forma: lamentável. Absurdos à parte, vamos ao show. Mas caro leitor, fica a pergunta: o que ainda há para ser dito sobre mestres do quilate de Ronnie James Dio, uma das maiores e mais marcantes vozes de todos os tempos? De Tony Iommi, que é simplesmente creditado por muitos como o inventor do Heavy Metal? E de Geezer Butler, que além de um monstro no baixo, era o principal letrista e um dos responsáveis pelo sucesso alcançado pelo Black Sabbath? A resposta, de quem quer que tente responder a essas perguntas invariavelmente conterá

os adjetivos “estupendo”, “fabuloso” e “irrepreensivel”. Num setlist que contou com clássicos dos três discos do baixinho com o Sabbath, além de 3 músicas do excelente “The Devil You Know”, disco esse lançado esse ano e já com o pseudônimo Heaven & Hell, esses três senhores, do alto de seus sessenta e muitos anos de idade, e acompanhados pelo fiel escudeiro de Dio, o sempre competente baterista Vinny Appice, nos deram uma verdadeira aula de como se tocar Metal com a alma. Era fácil ver a alegria estampada no rosto dos presentes enquanto viam uma das maiores formações da história destilar clássicos como “Die Young”, “Children of the Sea”, “The Mob Rules” e “Falling Off the Edge of the World”, entre outros. Apesar de bastante curto, o show, que contou ainda com uma versão de cerca de 17 minutos monumental do petardo “Heaven and Hell” e foi encerrado com um dos maiores hinos do Metal, a catártica “Neon Knights”, sem dúvida foi um marco na vida de todos que tiveram o privilégio de assistí-lo. Uma rara ocasião em que apenas a paixão que o Heavy Metal desperta faz um sujeito sair com um sorriso de orelha a orelha de um local onde sofreu todo tipo de desrespeito possivel. Heavy Metal esse o qual os membros do Heaven & Hell podem se orgulhar por ter ajudado, e muito, a tornar o que é hoje em dia. Hélio Azem Foto: Eduardo Guimarães


Angra

Sepultura

Sepultura/angra Via Funchal 09/05/09 São Paulo/SP (Bra) Para quem tem pelo menos mais de 25 anos de idade e acompanha a cena de Heavy Metal no Brasil deve saber que pelo menos há uns dez anos é que esperava-se por uma notícia como essa: Angra e Sepultura em turnê e no mesmo palco. O show faz parte das comemorações de 25 anos do Sepultura e pretende passar por várias capitais brasileiras até o final de Maio. Começou em Porto Alegre no dia 6 e tem a última apresentação marcada para dia 31 em Belo Horizonte. E ainda há planos de que venha a ser estendida também para alguns países da América Latina. Nada mal se se estendesse além das fronteiras das Américas, já que as duas são mundialmente respeitadas e conhecidas. No dia 9, as bandas disputaram a atenção com os fãs do Oasis que também estava em São Paulo com sua estrutura e turnê arrasa-quarteirão. Só que enquanto lá rolava muita lama e chuva, na Via Funchal a chuva não espantou ou desanimou os presentes. Lá também não,

mas aqui certamente é carregado de muito mais história pelo momento tão aguardado. E sem lama nas canelas. Digamos que fazer uma resenha “assistindo” do lado de fora não é das situações mais agradáveis já que, por motivos alheios a nossa vontade, em nome de priorizar (sempre) os grandes veículos, revistas e sites independentes, nos grandes eventos ficam assim: ou bancam do bolso ou ficam de fora. Mas se o importante é documentar, seja lá como, vamos lá! A primeira foi o Angra. Com o baterista Ricardo Confessori recentemente re-integrado ao grupo, abriram de cara com “Carry on”, um dos clássicos mais queridos da banda. Foi inclusive recheado deles como “Angels cry” e “Make Believe”- ambos da fase do antigo vocal André Matos. Mas representaram com músicas de todas as fases. Edu Falaschi (atual vocal) continua em grande forma, cada vez mais maduro ao vivo enquanto a dupla Rafa e Kiko continuam fazendo o duo mais poderoso de guitarras que se tem notícia. Não foi lotado mas a maioria dos fãs, como se pode observar, estava lá mais por causa do Sepultura. O grande show deles por aqui tinha sido há um ano atrás dentro do festival Maquinaria. Na ocasião, foi um dos primeiros shows no Brasil com Jean Dolabella assumindo as baquetas. Antes a

banda teve pouco shows para deixá-lo em forma já que estavam em plena produção do novo disco (A-lex).Já agora mais seguro e totalmente em sintonia com a banda, fizeram um show emocionante. E assim como o Angra, de cara foram tocando os clássicos para fazer a casa vir a baixo. A terceira do set foi “Refuse/Resist” - a partir viesse o que viesse, o púlico já estava na mão dos caras.Além de “Arise”, “Inner self ” e “Roots, bloody roots” que encerrou o show, músicas do novo A-lex não ficaram de fora. Para encerrar de vez nada como uma jam session que teve, entre outras, “Highway star” do Deep Purple e “Immigrant song” do Led Zeppelin. Nessa altura, eram os 9 integrantes mais Marcelo Pompeu, vocalista do Korzus, outra clássica banda do Metal/Thrash brasileiro, integrando a trupe. Enquanto Max vai muito bem, obrigado, com seu Soufly e com o projeto Cavalera Conspiracy junto com seu irmão Iggor, também segue no seu projeto Mixhell e não há, pelo menos até o momento, algum rumor ou possibilidade de que a formação original se reuna para shows comemorativos, vamos vivendo e sonhando com mais momentos como esse, históricos. Andréa Ariane Foto: Taiz Dering

hornsup #7

57


ao vivo

Caliban

Caliban/Last Sign Via Funchal 09/05/09 São Paulo/SP (Bra) Já não é a primeira vez que os alemães do Caliban tocam no Brasil (passaram por aqui em 2005 e em 2007) e voltaram a São Paulo no penúltimo fim de semana de Maio, em única data brasileira dentro da turnê pela América Latina. Vindos da Argentina, antes do show no Inferno Club, a banda atendeu aproximadamente 100 felizardos fãs numa tarde de autógrafos exclusiva. O local já estava com bom número de pessoas quando os curitibanos do Last Sigh começaram a tocar. O show começou cedo (antes das 8 da noite, apesar de mais tarde do que o previsto) e a galera já ansiosa, curtiu, se jogou no circle pit mas queria mesmo era ver os gringos. Numa troca rápida de palco, o produtor avisa: “Ontem o Caliban tocou na Argentina e disseram que queriam encerrar essa tour com um show brutal. Para ser melhor do que foi ontem e agradar os caras, só depende de vocês”. Gritaria geral e a roda gigante continua armada e o bate cabeça rolando. Banda no palco, todos vestidos de preto e o visual emo/new gótico do vocal Andy Dörner (voz) chama muita atenção, não mais do que sua simpatia. Apesar

58

hornsup #7

do palco pequeno, a empolgação da banda ultrapassava as fronteiras e o público cantava todas com a banda que soube mesclar bem o set tocando vários sons da discografia própria. É muito difícil ver uma banda com um som tão poderoso e muito (ou quase muito igual) ao som original, do CD. Tudo funciona perfeitamente, banda inteirada, empolgada e com um som poderoso, redondo e na pegada do melhor do Metalcore. Não é a toa que o Caliban é hoje, com seus mais de 10 anos de estrada, uma das mais importantes bandas do estilo. Apesar de a maioria estar ali mesmo para ver a banda e cantar junto, independente de ser fã ou não, foi um show pra te fazer querer pular, moshar ou simplesmente não desviar a atenção do palco. Para Andy, interatividade é a palavra do show. Jogou água, distribui palhetas personalizadas aos montes, chamou o tempo todo para pular e “invadir” o palco. Em “I´ve sold myself ” pegou sua camerazinha e pediu para acender as luzes para captar as imagens da wall of death, já famosa por aqui e formada toda vez que a banda toca a música. E deve ter ficado bonito o registro ja que a galera representou. Em outros momentos pediu para todos levantarem as mãos e sorrirem para as fotos; clicou várias e informou que os esses registros ele mesmo posta no myspace da banda. Só se ligar depois, de repente você que foi no show e pode aparecer lá na página dos

caras. “It’s Our Burden to Bleed” e “I Will Never Let You Down” foram algumas das que também rolaram também no set. Uma das músicas que fará parte do sucessor de “The Awakening”, lançado de 2007, foi executada. Numa entrevista recente, poucos dias antes do show por aqui, o guitarrista Marc Görtz disse que esse lançamento será algo ainda mais pesado que o último álbum. Os vocais limpos mudaram um pouco, há menos vocais assim e eles emergem misturando-se aos gritos. Serão 20 músicas novas e dentro elas, selecionaram as 11 melhores (mais um cover) para formarem o lançamento. A previsão é que saia entre Agosto e Setembro deste ano. Muito aplaudida, a banda sai do palco e volta rapidamente para o bis que inclui a linda “The Beloved and the Hatred” com o backing perfeito de Denis Schmidt (guitarra). Boris Pracht (baixo) e Patrick Grün (bateria) também agitaram, cantando com a galera e quase derretaram sob os holofotes. Para encerrar, “Nothing is forever”. Andy agradeceu muito a todos que ficaram do início ao fim, que foi muito bom estar de volta e que espera regressar em breve. Enquanto aguardamos novos sons e (quem sabe) novas datas, a banda continua a turnê pela Europa, com datas já fechadas na Alemanha. Volte sempre, Caliban! Bom revê-los. Andréa Ariane Foto: Renato Lorenzetto


hornsup #7

59



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.