HORNSUP nº15

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46 resenhas de CDs

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13 entrevistas

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10 resenhas de shows

nÂş15 - Outubro/Novembro 10

www.hornsup.net

apocalipse zombie entrevistas:

terror Comeback kid bleeding through hellyeah Unlife underpain Kamala ´

forceps coral de espiritos silencio do caos soulspell ^

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ao vivo: lamb of godc august burns red c reading festival c cephalic carnage...



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índice Editorial Ganhe! ´ Noticias ~ PT saudacoes ´ Old school agenda sangue novo rec Artwork top 5

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the devil wears prada bring me the horizon Terror comeback kid bleeding through hellyeah unlife underpain kamala forceps ´ Coral de espiritos silencio do caos soulspell

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Resenhas Ao vivo

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Editorial Edit torial The end Nº15 • Outubro/Novembro 2010

Editor-chefe Matheus Moura

Colaboradores nesta edição Anderson Silva, André Henrique Franco, André Pires, Andréa Ariani, Flávio Santiago, Igor Lemos, Italo Lemos, João Antonio, João Henrique, Luigi “Lula” Paolo, Pedro Humangous, PT, Thiago Oliveira

Fotos Filipe Nevares, Denis Alves, Álvaro Reis, André Pires, Flávio Santiago, Rafael Melo, Anderson Silva

Design, Paginação, Webdesign Matheus Moura

Revisão Andreá Ariani

Publicidade/Contato huinfo@hornsup.net

Website www.hornsup.net

É com muito pesar que venho comunicar que esta é a última edição de revista HORNSUP. Devido à falta de tempo (da minha parte), entre outros fatores, a revista em pdf será extinta. Foram 15 edições e dois anos e meio de aventura. Editar, diagramar e publicar uma revista a cada dois meses se tornou um trabalho muito cansativo e exigente para mim. Por isso, a HORNSUP, como revista, acaba aqui. Entretanto, a HORNSUP não morre. Dentro em breve será lançado um novo website onde publicaremos entrevistas, resenhas e todo material, exatamente como na revista. Perdemos na originalidade e no design que o pdf oferecia, mas ganhamos em agilidade e interatividade da web. Portanto, aguarde pelo novo website da HORNSUP. Já estamos trabalhando nisso e espero que essa nova fase da HORNSUP se concretize o mais rapidamente possível. Agradeço, mais uma vez, aos nossos leitores, como também a todas as bandas que figuraram nas nossas páginas. Aproveitem essa última edição. Siga-nos no Twitter (@hornsup) para saber como andam os trabalhos no novo website. Fiquem atentos! Daremos notícias. Até já. Matheus Moura

Para concorrer às promoções visite http://www.hornsup.net Preencha o formulário e use a password: cew2

Myspace www.myspace.com/hornsupmag

Envio de material Portugal/Europa HORNSUP Att: Matheus Moura Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal

Gan Ganhe! nhe! A HORNSUP nº 15 oferece aos seus leitores os seguintes prêmios:

Brasil Igor Lins Lemos Rua José de Holanda nº 580 Aptº 603 Torre - Recife/PE - Brasil CEP: 50710-140

Duas (2) camisetas + dois (2) CDs “Dead in a Second” do Lockfist 669 www.myspace.com/lockfist669

HORNSUP Rua Dr. Coutinho Paes, 167 8ºC 2725 Algueirão-Mem Martins Portugal

Procura-se Estamos sempre em busca de novos colaboradores. Se acha que pode se tornar parte de nossa equipe, envie um e-mail para huinfo@hornsup.net e mostre do que é capaz!

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hornsup #15

Três (3) CDs “Endless Circle” do UnderPain www.myspace.com/underpainbrasi Uma (1) blusa da banda Shark Attack www.myspace.com/sharkattackcrew Sorteio: 30 de Novembro de 2010 Vencedores das promoções HORNSUP #14 - Balboa: Bruno Oliveira de Alcântara (Petrópolis/RJ) / Paura: Adriana Ramires Machado (Porto Alegre/RS), Ana Paula Floriano (Campo Grande/MS) / Western Day: Luiz Antonio Rodrigues Junior (São Sebastião/SP), Jhonatan Brunaldi (Arapongas/PR)


not notícias tíc cias

por André Henrique Franco

BEHEMOTH

Nergal diagnosticado com leucemia

Conexão interrompida Havia quatro anos que não voltava a Nova York. Imaginei que fosse pouco tempo. É, aliás, pouco tempo. Bom, não foi. Muita coisa mudou. As TVs widescreen ficaram mais baratas e estão por todos os cantos. Que diferença isso faz? Para um tevêmaníaco -- ou videota, como meu pai preferia dizer --, faz toda diferença. Num campo mais próximo ao mundo da HORNSUP, a terrível percepção de que, em duas semanas, não havia um show de Hardcore/Metal decente. Procurei na Filadélfia também. Nada.

Adam “Nergal” Darski, frontman de 33 anos da banda polonesa Behemoth, foi diagnosticado com uma forma de leucemia, um câncer dos tecidos hematopoiéticos da medula óssea. A doença que Nergal está atualmente a receber tratamento na divisão de hematologia do Hospital da Universidade Médica de Gdansk avançou até o ponto onde ele está a precisar urgentemente de um transplante. Inspirados pela batalha do vocalista contra a leucemia, vários fãs organizaram doações de medula óssea durante os meses de Outubro e Novembro. Em recente entrevista, Orion, baixista do Behemoth, declarou o seguinte: “Para se inscrever em um banco de medula é necessário apenas uma amostra de sangue, por isso é o mínimo que qualquer um pode fazer. Então, se há alguma chance de alguém ir e fazer isso, então vá em frente, e isso já é uma grande ajuda. Mesmo que isso não ajude diretamente Nergal, provavelmente ajudará a outra pessoa. A cirurgia de um doador de medula óssea é simples: leva duas semanas para estar 100% curado e recuperado. Então não é uma coisa séria. E para ser compatível com alguém, leva meses de testes no banco de medula óssea”.

ALESANA / A SKYLIT DRIVE Combo screamo

A Liberation Music Company divulgou oficialmente a passagem das bandas Alesana e A Skylit Drive pela América do Sul durante o mês de Dezembro. Mais de dois anos após sua primeira passagem pelo continente, o Alesana vem promover o seu mais recente álbum, “Emptiness” (Fearless Records). Todos os shows da turnê terão também a participação do A Skylit Drive, companheiros de selo e de outras turnês ao lado do Alesana. Dois shows acontecem no Brasil, nos dias 4 de Dezembro, no Carioca Club, em São Paulo e no dia 5 de Dezembro, no John Bull Music Hall, em Curitiba. Após isso, ambas as bandas seguem com destino à Argentina, Chile e Colômbia.

SLIPKNOT

DVD doentio Saiu dia 28 de Setembro, o primeiro registro do Slipknot após a morte do baixista Paul Gray. O DVD “(sic)nesses” contém a performance ao vivo da banda no Download Festival 2009, além de um documentário de bastidores de 45 minutos criado pelo percussionista da banda Shawn “Clown” Crahan e os quatro clipes retirados do álbum “All Hope Is Gone”: “Psychosocial”, “Dead Memories”, “Sulfur” e “Snuff ”.

Como, também no glamouroso universo da música pesada, o mundo gira em torno da produção americana, acho preocupante. Talvez seja reflexo do cenário de pós(?)-recessão. As pessoas nos EUA estão sem grana. Muitas, sem emprego. A auto-estima financeira anda lá embaixo. Isso desemboca nos palcos. As bandas americanas preferem excursionar pela Europa, Japão e - tchanam! - Brasil, sil, sil. Nossas economias - Brasil e EUA - estão em pólos diferentes. Não voto e nunca votei no Lula. Não votarei na Dilma, muito menos no Serra, muito menos em ninguém, convicto de que exerço, sim, minha cidadania ao optar - e fazer campanha - pelo voto nulo.

PROTEST THE HERO

O que não quer dizer, absolutamente, que não reconheça avanços. Companheiros, agradeçam ao camarada Lula pelo crescimento galopante de shows bacanas de bandas gringas no Brasil.

Os canadenses do Protest The Hero recentemente entraram em estúdio para dar início às gravações de seu terceiro álbum. A banda disponibilizou na internet o primeiro de uma série de webisodes, que irá documentar todo o processo em estúdio. O grupo mais uma vez escolheu trabalhar com o produtor Julius “Juice” Butty, sendo que a mixagem ficou a cargo de Machine. O novo full-length deve sair no começo de 2011.

O ponto, no entanto, que mais me chamou atenção nessa viagem foi o que tem me deixado meio obcecado nos últimos tempos: como lidar (aproveitar, explorar, não ser engolido) com as novas tecnlogias.

Tudo registrado

AUGUST BURNS RED Lar doce lar

Saiu pela Solid State Records, em 28 de Setembro, o CD/DVD “Home”, do August Burns Red. O DVD traz o show ao vivo da banda filmado em 4 de Junho no Warehouse 54, em Manheim, Pennsylvania (EUA) e possui 15 faixas ao todo. Gravado e editado pelo Space Monkey Studios (Coheed And Cambria, Lamb Of God, Every Time I Die), o registro ainda traz um documentário detalhado sobre a vida da banda nas estradas e em casa, e apresenta vários fãs discutindo sobre o impacto do August Burns Red em suas vidas, de uma maneira positiva e significativa. As faixas do CD/DVD englobam os três álbuns da banda lançados até o momento: “Constellations” (2009) “Messengers” (2007) e “Thrill Seeker” (2005).

Nos EUA, mandar um torpedo, uma mensagem pelo celular tem um preço insignificante. Isso, quando não sai de graça. É o que dá contorno a uma nação de zumbis, pelo menos nos grandes centros urbanos: todo mundo anda de cabeça baixa. Foco na telinha. Teclando como se não houvesse amanhã. Encontrões, acidentes de trânsito, o fim do olho no olho. Acaba assim, claro. Só que prefiro me ater ao que a gente pode tirar de positivo a partir desta percepção. Retomo uma pergunta que já fiz aqui: estamos preparados para esta rapidez toda? Quem tem tempo para ler, assistir vídeos, ouvir o que quer que seja que dure mais de 3 minutos, 3 páginas? A nós, que estamos do lado de cá da tela, cabe caçar a respotas. Não sei se posso dizer isso publicamente, mas, nos debates internos da HU, o tema ferve. Quem se dedica à leitura de uma revista como essa em PDF? Será este o melhor formato? Para quem falamos? O que este público quer? O que nós queremos - e podemos - oferecer? Como a web, o celular, o iPhone, o Playstation entram nesta ciranda? A busca continua. pt saudações

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Tesouros do

not notícias tíc cias DREAM THEATER

Mike Portnoy deixa a banda

Mão boba e chão! www.youtube.com/watch?v=9dCV8Y_7bLE

Crowd surfing para todos www.youtube.com/watch?v=e2q1DnisQ54

Após 25 anos, o baterista Mike Portnoy deixa o Dream Theater. Ao que tudo indica, Mike continua com seus outros projetos: HAIL!, Transatlantic e Avenged Sevenfold. Em um comunicado, Portnoy diz o seguinte: “Estou prestes a escrever algo que nunca imaginei que escreveria. Após 25 anos, eu decidi deixar o Dream Theater... a banda que fundei, chefiei e amei verdadeiramente por um quarto de século. Para muitas pessoas isso virá como um choque completo, e provavelmente será mal interpretado por alguns, mas, por favor, acredite em mim que não é uma decisão precipitada... é algo que eu tenho lutado contra desde o ano passado. Depois ter experiências incríveis de tocar com HAIL!, Transatlantic e Avenged Sevenfold no ano passado, infelizmente cheguei à conclusão que tenho tido recentemente mais diversão e melhores relações pessoais com esses outros projetos que tenho há algum tempo com o Dream Theater. Por favor, não me interpretem mal, eu amo os caras do Dream Theater e nós temos uma longa história, amizade e união incrivelmente profunda... apenas acho que estamos precisando mesmo de uma pequena pausa.”

Paura

Diário do velho continente Ruivo Hering tirou uma soneca www.youtube.com/watch?v=x0VT6UgT7sg

Entre os meses de Julho e Agosto, o Paura excursionou pela segunda vez na Europa. No total, foram 23 shows em 9 países durante os 31 dias de turnê. A banda documentou tudo em um blog, que conta em detalhes o dia-a-dia do Paura no velho continente. Acesse http:// pauraeurope2010.wordpress.com e confira o diário completo da turnê com fotos e vídeos.

KYLESA

Espirais sombrias Hair Metal www.youtube.com/watch?v=FPJNQbkiLD8

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“Tired Climb”, a nova música do Kylesa, está disponível para streaming na página da banda no Myspace. O vídeo da faixa já está em processo de produção. Essa música fará parte do quinto álbum do grupo, “Spiral Shadow”, que tem data de lançamento marcada para 26 de Outubro pela Season Of Mist. O CD foi gravado no Jam Room pelo vocalista da banda, Phillip Cope (Baroness, Whitered).

TRIVIUM

Rumo à 2011 O Trivium já tem quase tudo pronto para entrar no Audiohammer Studios e começar as gravações do seu novo álbum na terceira semana de Outubro, com o time de produção de Colin Richardson (Slipknot, Bullet For My Valentine, Machine Head) e Martin “Ginge” Ford (Funeral For A Friend, Bullet For My Valentine). Segundo o vocalista/guitarrista, Matthew Heafy, eles já têm 14 músicas escritas e 3 demos completas. O registro deve sair no começo de 2011 pela Roadrunner Records.

UNDEROATH

Sem nenhum integrante da formação original Dia 9 de Novembro chega às lojas o novo CD do Underoath, intitulado “Disambiguation”. O álbum sai pela Tooth & Nail Records e foi produzido por Matt Goldman (que já trabalhou com a banda em “Lost In The Sound Of Separation” e “Define The Great Line”) e Jeremy SH Griffith. Este será o primeiro disco do grupo com o baterista Daniel Davison (exNorma Jean), já que o antigo baterista, Aaron Gillespie, o único membro remanescente da formação original do Underoath, deixou a banda em Abril desse ano.

NEAERA

Eclipse forjado O novo álbum do Neaera será lançado em 22 de Outubro pela Metal Blade Records e se chamará “Forging The Eclipse”. As baterias foram gravadas no Stage One Studio com Andy Classen, enquanto o resto do registro ficou sob a responsabilidade de Alexander Dietz. A mixagem e masterização tiveram o trabalho de Tue Madsen (Heaven Shall Burn, Dark Tranquillity). Já o artwork foi criado por Terje Johnsen (Keep Of Kalessin). Em 29 de Novembro, a banda iniciará uma turnê européia ao lado de All That Remains, Caliban, Soilwork e Bleed From Within.


not notícias tíc cias

Abre aspas...

MACHINE HEAD

GLASSJAW

No dia 7 de Setembro, a casa de Rob Flynn, vocalista/guitarrista do Machine Head, localizada na área de Martinez/Virginia Hills (Califórnia, EUA) foi roubada na hora que ele saiu para buscar seu filho na escola. Os ladrões levaram jóias da mulher de Rob, laptops, wakeboards, dinheiro e quatro guitarras. Entre elas, a guitarra que Rob gravou o primeiro álbum do Machine Head, “Burn My Eyes”, e uma guitarra que ele ganhou do falecido guitarrista do Pantera, Dimebag Darrell. Além disso, roubaram também a mini Flying V que Rob tinha dado pro seu filho no Natal. O frontman está oferecendo recompensas em dinheiro para quem encontrar alguns itens.

No dia 8 de Agosto, o Glassjaw lançou o single “All Good Junkies Go To Heaven” em vinil, no UK’s Heavy Fest. Este foi o primeiro material oficial da banda desde o EP “El Mark”, de 2005, sendo que o último fulllength dos caras, “Worship And Tribute”, foi lançado em 2002. Outro single em vinil também foi lançado no dia 9 de Setembro, desta vez para a faixa “Jesus Glue”. Porém, maiores detalhes sobre o retorno definitivo da banda e o lançamento de um terceiro álbum não foram divulgados.

Rob Flynn roubado

Aperitivos em vinil

WAR FROM A HARLOTS MOUTH ABIGAIL WILLIAMS Na ausência da luz

Foi lançado no dia 27 de Setembro pela Candlelight Records, o disco “In The Absence Of Light”, do Abigail Williams. O CD foi gravado no Conquistador Studios, em Cleveland, Ohio, e mixado por Peter Tägtgren (Dimmu Borgir, Immortal, Celtic Frost). O artwork ficou a cargo de Farron Kerzner (Nachtmystium). O álbum conta com 8 faixas e é o segundo full-length do grupo. O debut “In The Shadow Of A Thousand Suns” foi lançado em 2008.

Nunca durma

Já pode ser ouvida no Myspace do War From A Harlots Mouth, a música “Insomnia”, que faz parte do álbum “MMX”, a ser lançado em 29 de Outubro pela Lifeforce Records. No mesmo dia a banda embarca em uma turnê européia chamada “Never Say Die” ao lado de Parkway Drive, Comeback Kid, Bleeding Through, Emmure, Your Demise e We Came As Romans. A versão deluxe exclusiva para iTunes de “MMX” trará como bônus uma versão retrabalhada da música “Uptown Girl”, além de um cover de “Hexagram”, do Deftones.

“Blues é fácil de tocar, mas difícil de sentir” Jimmy Hendrix

Old School Como a notícia do momento é a saída do baterista e fundador do Dream Theater, Mike Portnoy, resolvi relembrar do álbum que não só lançou a banda ao status de “superbanda”, como ainda popularizou o Prog Metal, remodelando uma tendência que andava bem em baixa naqueles tempos (estamos falando de 1992). Foi um dos poucos álbuns onde entrei na loja perguntando “o que é que está tocando” e comprei o terceiro exemplar existente no Brasil. “Images and Words” marcava para a banda a estreia de um novo vocalista, James LaBrie e apresentava elementos mais lapidados do que outras bandas do estilo na época, como o Fates Warning – uma influência direta do Dream Theater. O Prog Metal já existia, mas não era tão “popular” até este álbum. “Pull Me Under” abre o álbum de maneira grandiosa, envolvendo o ouvinte com sua introdução lenta, despertando a curiosidade do que está por vir. E o que vem é simplesmente indescritível. Virtuosismo e técnica apurada, não de um, mas de todos os integrantes da banda. Os

tempos quebrados, as divisões rítmicas diferentes, tudo é executado com maestria em canções arrebatadoras. “Pull Me Under” termina de um jeito que você se pergunta se o CD está com defeito, até você entender tudo que ainda está por vir. “Another Day” é uma balada incrível, que cativava não só os amantes do estilo, mas também uma série de pessoas que não gosta de nenhum tipo de Heavy Metal. A música ainda apresenta elementos não muito comuns ao estilo, como um saxofone – e não desagrada. “Take the Time” e sua divisão de tempos única te levam a pensar em quantas músicas outras bandas não fariam somente de pedaços desta música. A balada “Surronded” dá uma tranquilizada para você recuperar o fôlego para a próxima música, um dos hinos do Dream Theater : “Metropolis – Part I”, uma história que deixaria fãs intrigados no mundo inteiro, esperando sua continuação por mais alguns anos. A faixa de quase dez minutos é uma viagem incrível não só na letra intrigante, mas musicalmente.

dream theater

“ Images and Words” (1992) “Under a Glass Moon” abre um riff simples e poderoso, que todo guitarrista já deve ter tentado tocar. A pequena balada “Wait for Sleep” deixa você querendo que a música fosse mais extensa, mas serve de tempero certo para o álbum fechar grandiosamente com “Learning to Live”, outra lição de música e interpretação. Indispensável não só para os fãs de Prog Metal mas para todas as pessoas que gostam de boa música. Luigi “Lula” Paolo

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age agenda enda Brasil: Outubro: 03 - Therion - Carioca Club, São Paulo/SP 06 - Bon Jovi - Estádio do Morumbi, São Paulo/SP 08 - Bon Jovi - Praça da Apoteose, Rio de Janeiro/RJ 08 - Rush - Estádio do Morumbi, São Paulo/SP 09 a 11 - SWU Music & Arts Festival c/ Rage Against The Machine, Infectious Grooves, The Mars Volta, Linkin Park, Incubus, Queens Of The Stone Age, Avenged Sevenfold e Cavalera Conspiracy - Itu/SP 10 - Rush - Praça da Apoteose, Rio de Janeiro/RJ 16 - Rotting Christ - Carioca Club, São Paulo/SP 22 - Death Angel - Porto Alegre/RS 22 - Limp Bizkit - Via Funchal, São Paulo/SP 23 - Death Angel - Clash Club, São Paulo/SP 24 - Death Angel - Rio de Janeiro/RJ 24 - Limp Bizkit - Chevrolet Hall, Belo Horizonte/ MG 24 - Rob Halford - Carioca Club, São Paulo/SP 30 - Sonata Artica - Carioca Club, São Paulo/SP Novembro: 12 - Vader - Hangar 110, São Paulo/SP 13 - Vader - Lapa Multishow, Belo Horizonte/MG 14 - Vader - Brasília/DF 15 - Vader - Bar Opinião, Porto Alegre/RS 19 - Vader - República Music Bar, Campo Grande/ MS 20 - Vader - Zoombie Ritual Festival, Rio Negrinho/SC 21 - Vader - Espaço Lux, Belém/PA 27 - Twisted Sisters - Via Funchal, São Paulo/SP 30 - Rammstein - Via Funchal, São Paulo/SP Dezembro: 01 - Rammstein - Via Funchal, São Paulo/SP 13 - Avantasia - CTN - Centro de Tradições Nordestinas, São Paulo/SP 18 - Cradle of Filth - Carioca Club, São Paulo/SP 19 - Cradle of Filth - Bar Opinião, Porto Alegre/RS

Portugal: Outubro: 03 - Dark Tranquility - Teatro Sá da Bandeira, Porto 04 - Dark Tranquility - Incrível Almadense, Almada 06 - Guns n’ Roses - Pavilhão Atlântico, Lisboa 12 - Apocalyptica - Casa da Música, Porto 13 - Apocalyptica - Aula Magna, Lisboa 22 - Sick of it All/ Madball... - Cine-Teatro, Corroios 29, 30 e 31 - LX Extreme Fest c/ Rotten Sound, Swallow The Sun, Esoteric, Sarah Jezebel Diva... - Side B, Benavente 30 e 31 - Bracara Extreme Fest c/ Primordial, Swallow The Sun, Rotten Sound, Esoteric... Braga Novembro: 12 - The Agonist - Musicbox, Lisboa 21 - Joe Satriani - Pavilhão Rosa Mota, Porto 22 - Joe Satriani - Campo Pequeno, Lisboa 28 - Parkway Drive - Santiago Alquimista, Lisboa Dezembro: 09 - Deftones - Campo Pequeno, Lisboa

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not notícias tíc cias BRING ME THE HORIZON

SWU

“There Is A Hell, Believe Me I’ve Seen It. There Is A Heaven, Let’s Keep It A Secret”. Esse é o nome do novo álbum dos britânicos do Bring Me The Horizon, que será lançado em 5 de Outubro pela Epitaph/Visible Noise. Este será o terceiro full-length do grupo, que teve produção de Fredrik Nordström e conta com as participações especiais de Josh Franceschi (You Me At Six) e Josh Scogin (The Chariot). Este é um disco conceitual em muitos aspectos. O vocalista Oli Sykes explora neste registro a natureza coletiva da humanidade e a euforia celestial associada com o amor, a luxúria, a verdade e o desejo, que é equilibrada pela escuridão e o mal que está enterrado profundamente dentro de todos nós.

Acontece nos dias 9, 10 e 11 de Outubro a primeira edição do SWU (Starts With You), na Fazenda Maeda, em Itu, no interior de São Paulo. Os grandes destaques serão as apresentações de The Mars Volta e Rage Against The Machine no dia 9 (sábado); Dave Matthews Band e Kings Of Leon no dia 10 (domingo) e Cavalera Conspiracy, Avenged Sevenfold, Incubus, Queens Of The Stone Age e Linkin Park no dia 11 (segunda). Ingressos ainda estão a venda pelo site www. ingressorapido.com.br. Para maiores informações acesse o site oficial do evento: www.swu.com.br.

Céu & Inferno

BIG FOUR

Music + Arts Festival 2010

SICK OF IT ALL / COMEBACK KID Dupla explosiva

A Universal Music irá lançar o DVD/Blu-Ray “The Big Four: Live From Sofia, Bulgaria” que contém cenas do show realizado no dia 22 de Junho de 2010, no Sonisphere, realizado pelos “Big Four” do Thrash Metal: Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax. O registro chega às lojas em 29 de Outubro. O Deluxe package terá posteres das bandas, uma revista ilustrada, palhetas personalizadas, um pacote com os CDs exclusivos de cada banda com seu setlist no show e um DVD duplo com as filmagens.

Em Março de 2011, Sick Of It All e Comeback Kid juntam forças em uma turnê sul-americana, já confirmada pela Liberation Music Company. Após cancelar a turnê que faria pelo continente ao lado do Terror, o Sick Of It All enfim vem apresentar aos seus fãs o repertório de seu mais recente álbum, “Based On A True Story”. A turnê também marca o retorno do Comeback Kid à América do Sul. Dessa vez a banda vem apresentar ao vivo seu mais novo trabalho, “Symptons + Cures”. Duas datas estão reservadas para o público brasileiro, dia 12 de Março, em Curitiba, e dia 13, em São Paulo.

IN THIS MOMENT

RAMMSTEIN

A vocalista do In This Moment, Maria Brink, se envolveu em um acidente automobilístico no último dia 31 de Agosto. Ela passa bem, sendo que não sofreu ferimentos além de uma torção no pulso. Segundo Maria, o seu carro estava parado no sinal vermelho quando outro carro o atingiu a cerca de 90 km/h. Maria foi para o hospital, tomou medicamentos para as dores provocadas pelo impacto e pela torção, e foi pra casa no mesmo dia.

Os alemães do Rammstein farão uma turnê pela América Latina entre Novembro e Dezembro desse ano. Confira abaixo as datas oficiais divulgadas no Myspace da banda (mais shows ainda podem ser confirmados): 25/11 - Santiago, Chile 27/11 - Buenos Aires, Argentina 30/11 - São Paulo, Brasil 01/12 - São Paulo, Brasil 03/12 - Bogotá, Colômbia 06/12 - Cidade do México, México As vendas de ingressos para os shows no Brasil já começaram. A banda vem divulgar seu mais recente registro, “Liebe Ist Für Alle Da”, que chegou às lojas no ano passado.

Quarteto fantástico em DVD

Susto no trânsito

Trap Them Das trevas

Os caras do Trap Them se encontram atualmente no Godcity Studio, em Massachusetts (EUA), em meio às gravações de seu novo álbum. Kurt Ballou, guitarrista do Converge, será novamente o produtor. Este será o terceiro full-length do grupo, porém, o primeiro pela Prosthetic Records. Este será também o debut do baterista Chris Maggio (Coliseum) em um disco do Trap Them. A banda lançou um blog onde irá documentar o processo de gravação e atualizações de turnês do novo CD, que ainda não possui um título definido. Para acessar o blog, o endereço é: www.wecraftindarkness.com.

Sotaque alemão

UGANGA

Euro Trip Durante todo o mês de Setembro, os mineiros do Uganga excursionaram pela Europa fazendo shows e divulgando seu mais recente álbum, “Vol. 3: Caos Carma Conceito”. A banda passou por países como Polônia, Holanda, Alemanha, Espanha e Portugal e publicou um blog com vários updates e fotos da estrada. O material pode ser conferido em http://ugangaeurotour.blogspot.com.


hornsup #2

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Sangue Novo por Igor Lemos

Grenade Face Algumas bandas independentes parecem evitar um maior reconhecimento de um grande público. Após ouvir as composições disponíveis no Myspace do grupo Grenade Face, fico impressionado como podem disponibilizar tão poucas informações. Salvo o nome dos integrantes, não conseguimos achar em nenhum outro canto dados acerca do conjunto. É uma pena, visto que souberam criar músicas agressivas e de alto nível, como “No Witnesses”,

Shadow Of The Colossus Se você está procurando por uma banda de nível excelente e, paralelamente, ainda independente, não há outro nome: Shadow Of The Colossus. Apesar do nome do grupo não ser nem 1% original, visto que tiraram de um jogo de grande referência, o som que fazem está longe de ser clichê. Inspirados em uma mistura de Deathcore, Metal Progressivo e algumas passagens sombrias, o debut destes caras, que leva o

www.myspace.com/sotcofficial

Enquanto a maré de originalidade ainda não estiver em alta, podemos ficar com grupos que são promessas, mas, em alguns casos, vazias. Uma aposta pode até ser feita aos rapazes da Free The Fallen, grupo que objetiva fazer um som calcado nas bases do Metalcore. O que chamou a minha atenção foi a sinceridade que parecem passar nas composições, principalmente a do vocalista Kyle, que faz um grande esforço

hornsup #15

www.myspace.com/grenadefacefl

mesmo nome do conjunto, é sensacional. Não há chances de alguém comentar que é um trabalho sem um selo por trás, tamanho profissionalismo com que foi feito. As faixas podem não ser tão memoráveis, pois o conjunto ainda está em plena ascensão, porém, se fosse possível dar uma nota, não ficariam com menos de oito. Destaques: “Labor, The Enslaver”, “The Grove” e “The Prophecy”.

Free The Fallen

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que conta com lindos trabalhos de guitarra e pedais duplos brutais. “Cut The Brake Lines” brinca com os seus breakdowns, um caminho aberto aos fãs do moshpit. Mesmo sem um selo que os jogue para um grande mercado, a qualidade da gravação é interessante, porém, se não souberem se divulgar, dificilmente sairão do lugar que se encontram. Uma boa pedida aos fãs do Deathcore com traços progressivos.

em transmitir sua mensagem. Os guitarristas poderiam variar um pouco nos seus riffs, porém, não pecam. A faixa “You Can’t Teach Heart” mostra o grupo em alta, uma composição superior a “Century”. É possível que consigam contrato com um selo de pequeno/ médio porte, porém, terão que batalhar bastante para sobreviverem. Ainda assim, é um nome que poderá ecoar em um futuro não tão distante. www.myspace.com/freethefallenband


Lançamentos

Anamnesis Todos sabemos que o Metalcore possui o maior número de bandas na América do Norte, principalmente nos Estados Unidos – porém, o Canadá e o México vem buscando crescer neste cenário. Quando se fala em Europa, alguns países podem vir a sua mente: Alemanha, Suécia, França... Porém, quantos grupos russos você ouve? Por incrível que pareça, o maior país do mundo virou uma fábrica de grupos de Metalcore, ainda que muitos soem uma cópia descarada do que é feito em solo americano. Ainda assim, vez por outra é possível destacar alguém: Anamnesis. Técnico, brutal, rápido, bem feito. Uma dose maior de criatividade

outubro/novembro

e podem trocar de endereço. Um nome que pode crescer no cenário Deathcore. Confira “Obscurity” e “Fashionable Customs” e entenda o que estou falando. www.myspace.com/anamnesisband Bring Me The Horizon “There Is A Hell, Believe Me I’ve Seen It. There Is A Heaven, Let’s Keep It A Secret”

journal Segundo os mesmos, suas influências passam pelo Noisecore, o Nintendocore e uma pegada ultra-técnica. Uma mistura tão louca, que pode chegar perto do Mathcore. Porém, aparentemente, é difícil colocá-los em um só gênero. O instrumental do grupo é mais do que brilhante. Joseph Daniel e Edward Scissor Hands (?!), ambos guitarristas, são dois monstros. Você irá notar que passam pelo mundo dos jogos eletrônicos (na parte mais técnica possível), o Metalcore, Death Metal e muito mais. Confira a música “Labyrinth of Betrayal”, disponível no Myspace deste sexteto e faça disso uma mola que irá impulsioná-lo

Madball a adquirir o álbum “Unlorja”. Incrivelmente talentosos, criativos e, surpreenda-se, independentes. Impressionado até o último momento da audição. www.myspace.com/journalmusic

Shake The Pagoda Tree Eis uma banda que tem potencial e pode ser muito, mas muito lapidada. Vindos de Dortmund, Alemanha, este grupo realiza o que chamam de Progressive Electronic Deathcore (!). As composições são marcadas por breakdowns secos, com pausas enormes, porém, também apresentam melodias vocais (que em alguns momentos são sofríveis). Até então já falei de dois pontos a serem melhorados: a criatividade nas pausas de tempo e o vocal melódico. Outro fator é que ainda podem trocar um pouco algumas letras. Com tantas críticas feitas, não ficaria surpreso se você pensar que estamos diante de um nome ruim. Ao contrário, o potencial que estes alemães possuem é incrível. Um pouco de ruptura com o que é feito pelas grandes bandas do gênero é um grande passo a estes caras, que lançaram no primeiro semes-

“Empire”

Intronaut “Valley of Smoke”

tre um EP de nove faixas, que tem como nome o momento da carreira: “Beginnings”. Um fato legal é que deixaram este material disponível para download. Corra e, acredite, o próximo trabalho deles será algo grande. www.myspace.com/shakethepagodatree

Raunchy - “A Discord Electric” Your Demise - “The Kids We Used To Be…” Ill Niño - “Dead New World” Daath - “Daath” Kylesa - “Spiral Shadow” Underoath - “Disambiguation” Cradle Of Filth - “Darkly Darkly Venus Aversa” Oceano - “Contagion” The Ocean - “Anthropocentric” Neaera - “Forging The Eclipse” All That Remains - “For We Are Many” Various Artists - “The Big 4: Live From Sofia, Bulgaria” (DVD/Blu-Ray) Kill The Client - “Set For Extinction” hornsup #15

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Before The Torn A HORNSUP foi falar com Guilherme, vocalista do Before The Torn, a respeito do seu novo álbum que já se encontra em fase final de produção nos Poison Apple Studios em Lisboa.

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omo estão a correr as gravações do novo álbum? Apesar de terem existido alguns contratempos, o que nos levou a atrasar um pouco as gravações, está tudo a correr bastante bem. Estamos já na fase final do álbum. As vozes vão começar a ser gravadas a partir da última semana de Setembro, portanto em Outubro estará tudo pronto para ser misturado e masterizado. Estão a gravar no Poison Apple Studios, certo? O Vasco está a ser “mauzinho” convosco? Exatamente, estamos a gravar no Poison Apple Studios, do nosso amigo Tiago Canadas. No que toca ao Vasco, o que podemos dizer é que ele foi uma das grandes forças por detrás deste novo álbum. É extremamente fácil trabalhar com ele. É claro que, no papel de

Artwork Conversamos com Mex, fundador da Inblood Design, atelier que presta diversos serviços gráficos para bandas do underground e não só. Conheça um pouco do trabalho desse talentoso designer.

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omo entrou para o ramo de design? Eu fiz faculdade de Arquitetura e Urbanismo, sempre tive ligação forte com desenho mas não conclui o curso. Usava muito Autocad e Corel até que um dia conheci o Photoshop e ele acabou me levando para esse caminho. Como rolou a ideia de fundar a Inblood Design? Foi assim, em 2006 eu criei uma marca de roupas chamada xBLOODLINEX (www.myspace. com/xbloodlinex) dedicada a cena straight edge. Eu patrocinava algumas bandas xLinha de Frentex, Confronto, Vendetta, Percance (Chile) e ajudava com divulgação de material pra shows flyers. Só que outras bandas começaram a se interessar pelo conteúdo mesmo não sendo straight edge. Muita gente me pedia para fazer estampas para camisetas, flyer pra shows, aca-

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produtor, existem alturas em que se tem que ser mais “mauzinho” com as bandas, mas ele ajudou-nos imenso, tanto ao longo do processo de composição das músicas, como ao longo de toda a gravação, que se alargou por alguns meses. Gostamos bastante da forma como ele trabalhou as músicas conosco. Ele consegue estar sempre um passo à frente e saber exatamente que parte falta ou deve ser alterada naquela música, ou que riff deveria vir a seguir aquele breakdown, etc. É uma pessoa que vive intensamente a música e como já tem alguma experiência, isso foi muito importante para nós. Estamos muito satisfeitos com o resultado final e principalmente com o trabalho que o Vasco fez com cada um dos membros da banda. Ele foi incansável e trabalhou conosco durante dias e semanas sem parar, para que tudo soasse perfeito.

Já podem revelar alguns detalhes sobre o álbum? Tipo, nome, quantas faixas, participações especiais, etc Podemos revelar já um pouco sobre o novo álbum. O título será “The Serpent Smile” e vai ter 10 músicas. Depois de termos ponderado vários nomes, acabamos por escolher este, porque reflete um bocado aquilo que existe ainda bastante hoje em dia: pessoas que sorriem à nossa frente e que quando nos viram as costas mostram aquilo que realmente são…cínicas e hipócritas. Em relação a participações especiais, estivemos perto de garantir um convidado internacional no álbum, mas que por impossibilidade de agendas, infelizmente não se concretizou a sua participação. Tem agora um novo baterista, Nuno Cordeiro. Como ele está se saindo? O Nuno fez o seu regresso à banda no fim do ano passado. Veio em boa altura, pois estávamos no processo de escrita deste novo álbum e sem dúvida que foi um grande contributo para as novas músicas e para a banda no geral. É um baterista muito técnico e que se enquadra perfeitamente no nosso estilo musical, ou seja, exatamente aquilo que estávamos à procura. É um grande baterista e com ele ficamos mais fortes. Para além disso, é uma excelente pessoa, o que também é bastante importante, pois somos todos amigos. Não podíamos estar mais satisfeitos. Matheus Moura www.myspace.com/beforethetorn

bou consumindo mais o meu tempo foi ai que a INBLOOD nasceu para dar suporte a outras bandas e estilos variados Sei que tem trabalhado com diversas bandas de Metal/Hardcore, mas também tem outros tipos de clientes. Pessoalmente, gostar das bandas com que trabalha, faz diferença? Olha acho que faz uma diferença sim, porque trabalhar com um material da qual você está envolvido todos os dias faz com que o cliente não precise nem enviar um briefing, você já sabe do que ele precisa. Quando o material vem de algo que você não tem afinidade, exige um pouco mais da gente, um estudo mais aprofundado do que se está divulgando, o que de certa forma é muito bom, porque todo mundo preza pela perfeição. Qual tipo de trabalho gosta mais de desenvolver. Myspace, merch, logos... Adoro trabalhar com ilustrações para camisetas e artes pra CD, apesar de ter uma gama enorme de material para Myspace. Acho que pelo fato de ter trabalhado na agência do Myspace Brasil isso me consumiu mais tempo, mas minha paixão mesmo é o material impresso. Tem algum outro tipo de trabalho relacionado ao design que ainda não sabe fazer, mas que gostaria de aprender? Trabalhar com materiais em 3D, vídeos e animações. Adoro essa área, muitas das artes que tenho hoje ja possui essa mistura de Photoshop + 3D. Matheus Moura

www.inbloodesign.com


MEU TOP 5 “Killers” iron maiden

“Night of the Blade” Tokyo Blade Jairo Chaos Synopsis

Iron Maiden dispensa apresentações. Com esse álbum eles conseguem tudo que uma banda de Metal precisa: técnica, agressividade, velocidade e aquela pegada perto do Punk que da uma puta vontade de entrar no mosh.

Esse é o CD que não sai do meu carro, Heavy Metal grudento, delicioso, pra sair cantando sem medo de ser feliz, pra quem curte uma boa dose de NWOBHM, esse disco é mais que indispensável.

“demigod” behemoth

“Covenant” Morbid Angel

Nergal e cia. conseguem nesse CD dar uma aula de brutalidade e inteligência, com riffs certeiros, baterias extremamente rápidas e excelente contexto lírico. Fui muito influenciado pelo modo de cantar do Nergal.

Esse é o CD que me faz bangear no meio da rua com meu mp3. Brutal, violento, extremo, rápido e com um vocal dos mais fodas do cenário extremo.

http://attack.hornsup.net

“Ride the Lightning” Metallica

Cada riff desse CD me dá uma dose de adrenalina acima de qualquer outra coisa. O melhor CD da banda e, com certeza, um dos melhores álbuns de Thrash já executados. James Hetfield influencia muito com sua postura de palco, um exemplo de como ser um frontman.


entrevista

Apocalipse zombie Se o planeta fosse arrasado por uma epidemia de mortos-vivos já teríamos a triha sonora adequada. O EP “Zombies” do The Devil Wears Prada, narra algumas estórias acontecidas em uma realidade em que os humanos são as presas e estão em menor número. Enquanto andava em turnê pela Austrália, o vocalista Mike Hranica falou com a HORNSUP sobre esse novo trabalho e da sua paixão pelos zombies.

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novo EP, “Zombies”, foi baseado no livro “The Zombie Survival Guide”, do Max Brooks, certo? Como surgiu a ideia de fazer um álbum com a temática zombie? Na verdade o EP é baseado em zombies, não em um livro ou estória específica. A ideia surgiu quando eu estava lendo o livro do Max Brooks e quando o filme “Zombieland” saiu nos cinemas. Por que zombies e não vampiros, lobisomens ou... múmias?! Os zombies são os melhores! Eu nunca conseguiria escrever cinco músicas sobre

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outro tema. É um gênero de horror com possibilidades infinitas e com o qual muitas pessoas pode realmente se identificar. Você usou outras referências como os filmes do George A. Romero ou outras coisas do tipo? Eu já tinha visto os filmes do Romero, mas não assisti nenhum deles enquanto estava trabalhando nas letras das músicas. Acho que fui muito mais inspirado por livros sobre zombies do que pelos filmes. Esse é o teu primeiro registro temático. Vocês tiveram um processo de composição diferenciado para esse EP?

Foi um pouco diferente. Basicamente, toda a parte de composição musical ficou a cargo do Chris (Rubey, guitarrista). Individualmente todos contribuimos, mas, musicalmente falando, Chris foi o compositor principal. Não queríamos ter partes mais lentas, nem viajante no EP, por isso, ter deixado as coisas nas mão do Chris acabou por dar um resultado muito positivo. A temática zombie é muito cinemática. Não tem planos para um vídeo clipe? Realmente, esse EP tem um ótimo potencial para um vídeo, entretanto, ainda não discutimos isso. Acho que é provável que


[8] The Devil Wears Prada Zombies Ferret

façamos alguma coisa, mas ainda não nos concetramos nisso, por enquanto. Se houvesse um infestação zombie, acha que seria um dos últimos a ser contaminado? Eu fiz minha pesquisa, portanto acho que tenho boas chances de sobrevivência. Minha probabilidade não seria das melhores, mas tenho potencial. Quais os seus 5 filmes de zombies favoritos? Bem, não tenho um “top 5”. Como disse antes, sou muito mais fascinado por literatura zombie do que pelos filmes. Sou muito seletivo com os filmes para escolher meus cinco favoritos. Esse EP revela uma banda mais focada e séria. Sem título esquisitos, letra mais profundas. Podemos esperar mais maturidade do The Devil Wears Prada daqui em diante? (risos) As letras não são profundas. São estórias baseadas em ficção zombie. Acho que a única coisa que vamos levar desse EP para o nosso próximo álbum é a abordagem mais “pesada”. Ano que vem irão lançar um novo álbum. Já tem algo composto? Pode avançar alguma coisa?

Não temos nada finalizado ou que estaja pronto para mostrar a alguém, mas o Chris já começou a fazer umas demos e eu já tenho pensado bastante no direcionamento que as letras irão ter. Planejam lançar mais álbuns temáticos? É possível, mas será dentro de alguns anos, se o fizermos. Estão em turnê pela Austrália com o Parkway Drive. Como estão as coisas por aí? Tem sido excelente até agora e sei que ainda vai ficar melhor. Os números de prévenda dos ingressos são inacreditáveis. Fale um pouco sobre a turnê sulamericana. O que achou dos shows no Brasil? A turnê sulamericana foi espetacular. Passamos bons momentos e ficamos super contentes de poder ir até aí. Lembro do show em São Paulo ser uma coisa enorme. Foi incrível. Qual seu momento mais memorável no Brasil? Me lembro que a turnê correu muito bem e que os fãs daí são incrivelmente entusiasmados. Matheus Moura

Assumo que a minha primeira impressão não foi das melhores quando conheci o The Devil Wears Prada. Na altura, recebi o álbum “Plagues” e achei meio genérico e imaturo. Quando lançaram o “With Roots Above and Branches” fiquei com o “pé atrás”, mas de tanto comentarem, fui ouvir e me supreendi com o rumo que tinham tomado. Antes do próximo álbum, que sai ano que vem, a banda resolveu lançar um EP chamado “Zombies”. Como o nome indica, esse pequeno registro de 5 faixas é totalmente dedicado a temática dos mortos-vivos. Pegue os filmes do Romero e bata no liquidificador com os jogos da série “Resident Evil” e vai sacar qual o espírito da coisa. Conseguiram imprimir uma densidade incrível nos poucos mais de 20 minutos de duração do EP. Não há momentos de descanso. “Escape” é a porta de entrada para um mundo sinistro infestado de zumbis. Quando a voz de fundo diz: “Oh my God, they’re everywhere...” entra um riff brutal e você é sugado para dentro da fantasia apocalíptica arquitetada pelo The Devil Wears Prada. O som da serra-elétrica é o prelúdio dos breakdowns galopantes de “Anatomy”. Uma mensagem de emergência serve com intro da desesperada “Outnumbered”. “Revive” é uma muralha sonora e “Survivor” acaba sendo a faixa mais parecida com os álbuns anteriores. A voz melódica do guitarrista Jeremy DePoyster acaba tendo menos espaço que o normal e isso resulta bem, já que a densidade e brutalidade do instrumental acabam combinando mais com os berros de Mike Hranica. “Zombie” é pungente e intenso. Não tenho dúvidas que esse é o registro mais consistente e maduro da banda até a data. Espero que seja o prefácio do próximo álbum. Matheus Moura

www.myspace.com/tdwp

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entrevista

Céu e inferno As vésperas do lançamento do seu mais recente álbum, “There Is A Hell, Believe Me I’ve Seen It. There Is A Heaven, Let’s Keep It A Secret”, a HORNSUP conseguiu conversar com Oli Sykes, frontman da banda inglesa Bring Me The Horizon. Confira a seguir alguns detalhes sobre esse lançamento que foram revelados por Oli.

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u vi recentemente o seu mais novo vídeo, “It Never Ends”. Poderia me dar algum detalhes sobre o conceito que envolve esse vídeo clipe? O conceito gira em torno da insanidade que é estar em um banda de sucesso. Não nos interprete mal, gostamos de ter sucesso e não queremos que isso mude, mas há muitas coisas esquisitas que acontecem ao nosso redor. Muitas pessoas querem uma parte desse sucesso e fica difícil para nós saber o que as pessoas realmente pensam. Não temos descanso estando nessa banda e mesmo quando temos uns dias de folga, não paramos, daí vem o nome da música, “It Never Ends”. Não estamos reclamando de nada, apenas comentando. Qual o significado das cinco personagens do vídeo (Serpent, The Leech, Consequence, The Enabler and The Dirt)? Na verdade, o significado é um pouco ambíguo para que as pessoas possam chegar as suas conclusões sozinhas. Eu não quero dizer às pessoas o que as personagens significam. Quero que elas próprias interpretem as coisas de uma maneira totalmente diferente de mim quando tive essas ideias. Como tudo que colocamos ao alcance do público, esperamos que as pessoas tenham suas próprias impressões. Entretanto, na minha ideia original, as personagens representam uma parte da sociedade que sempre quer alguma coisa - garotas, jornalistas, policiais. Pessoas que não me deixam em paz.

O que podemos esperar do próximo álbum? Podem esperar um álbum mais pessoal. Podem esperar também muita experimentação e músicas de uma banda que já se importa mais com as regras. Quando escrevemos o álbum anterior, “Suicide Season”, havia momento que dizíamos: “esse som não é o nosso”. Mas agora, não ligamos. O que escrevemos nos representa e as pessoas tem que se acostumar com isso vindo da gente. Estamos em uma posição legal, que nos dá liberdade para fazermos o que quisermos e termos uma boa aceitação do público. Não tinham um título maior para o álbum (risos)? (risos) Pode crer! Mal posso esperar para os erros de digitação e pronúncia! Vocês escolheram novamente o Fredrik Nordström como produtor. Tinham outras opções ou ele foi sempre a primeira escolha? É claro que tínhamos outras opções, mas gostamos do que ele fez com o álbum anterior, então pensamos: “Em time que está ganhando não se mexe”. O Frederik e sua equipe são muito legais e entendem onde queremos chegar, então foi uma escolha óbvia. Esse é o primeiro álbum com o Jona Weinhofen, o novo guitarrista. Qual a contribuição dele nesse registro? O Jona já toca com a gente faz um tempo, bem antes das gravações. Portanto, para nós, parece que ele sempre fez parte da banda. Ele tem ótima ideias e uma mente muito aberta. Ele é um animal, porra! O artwork do álbum foi desenvolvido pelo Plastic Kid (Jakob Printzlau) juntamente com você, certo? O que ele simboliza? Sim, eu e o Jacob fizemos. Como disse com relação ao vídeo, gostamos de deixar as coisas abertas a interpretações ao invés de dizer as pessoas como pensar. É claro que simboliza uma temática ligada ao inferno e ao paraíso, ideia que o próprio nome do álbum reforça.

Vocês tocaram no Japão recentemente. Como foram esses shows? Os japoneses tem reações diferentes do público de outros países? O Japão é insano. Eu pessoalmente adoro aquele país e sua cultura. É tudo tão diferente. Pra ser honesto, em termos de público, todos os lugares são muito similares. Todo enloquecem e fazem walls of death quando pedimos. Os fãs japoneses às vezes esperam até depois do show para nos darem brinquedos e outros tipos de quinquilharias, o que é muito legal. Eu adoro colecionar brinquedos e material anime, portanto, acho o máximo quando recebo de graça (risos). Sobre as diferenças. Vocês estão se preparando para uma grande turnê em Outubro pelos EUA. Sendo uma banda inglesa, quais as diferenças que vê em fazer turnê na Europa e nos EUA? Como disse, acho que os jovens em todo o mundo reagem da mesma maneira. Acho que quando você fica mais velho que você acaba caindo no esteriótipo relacionado ao seu país. É claro que os países na Europa são bem diferentes dos EUA. Na verdade, na maioria das vezes não chegamos a conhecer o local que tocamos pois estamos fazendo entrevistas e coisas da banda, mas sempre tentamos dar umas voltas depois dos shows. Portanto, conhecemos bares e clubes, mas poucas atrações turísiticas (risos). Vocês estiveram gravando a participação da banda no Warped Tour para lançarem um DVD, certo? Quando esse material será lançado? Não posso dizer muito porque na verdade não sei como isso está. Gostaríamos de lançar isso em DVD, mas pode ser que não saia. Temos que ver como isso vai se resolver. Matheus Moura www.myspace.com/bmth

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entrevista

Guardiões do Hardcore Nick Jett, baterista do Terror, conversou com a HORNSUP pouco tempo depois da quinta passagem da banda pela América do Sul, que dessa vez aconteceu ao lado do H2O. Aficionados por stage dives, moshpits e platéias inflamadas, e liderados pelo carismático vocalista Scott Vogel, o Terror também mostra que tem muito a dizer quanto o assunto é Hardcore. O principal assunto do bate-papo, além da turnê e da afinidade pelo Brasil, foi o novo álbum dos caras, “Keepers Of The Faith”, um disco cuja mensagem não poderia ser mais clara: acreditar no Hardcore!

Keepers Of The Faith” sai dia 30 de Agosto na Europa e 14 de Setembro na América do Norte via Century Media Records. Esse é o quinto registro do Terror. O que esse CD tem de tão especial se comparado aos anteriores? É verdade que, dessa vez, a banda esteve bem mais envolvida na abordagem do álbum como um todo, do que em seus outros registros? Penso que este álbum é especial para nós porque colocamos todos os nossos

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esforços nele. Nós trabalhamos arduamente para escrever as músicas e as letras, nós realmente trabalhamos duro na divulgação da mensagem do registro para todo mundo antes do disco sair, nós amadurecemos muito como uma banda e, agora, somos capazes de fazer um grande álbum do Terror. Esta é também a primeira vez que toda a banda esteve envolvida no processo de escrita e isso trouxe muitos benefícios. Nós realmente fizemos tudo o que podíamos

para tentar fazer o melhor álbum possível do Terror. De onde surgiu o título do novo álbum, “Keepers Of The Faith”? É uma referência ao Warzone, uma banda de Nova York, que nos ensinou muito sobre o Hardcore. Eles estavam espalhando a mensagem do Hardcore por mais de 20 anos e agora, estamos tentando carregar a mesma mensagem em nossas músicas e letras.


O novo disco foi produzido por Chad Gilbert (guitarrista do New Found Glory) no Studio Buzzbomb, na Califórnia. Como foi trabalhar com ele na composição do CD? Foi incrível trabalhar com Chad. Nós não sabíamos o que esperar e ele realmente nos surpreendeu com todas as suas ideias e se tornou parte da banda ao longo das gravações. Ele teve muitas ideias legais e realmente sabia como trazer o melhor de nós. Eu definitivamente aprendi muito com ele e não consigo pensar em alguém que poderia ter feito um trabalho melhor. Para esse novo álbum a banda montou um site que deve agradar muito aos fãs. Além de atualizações e imagens do estúdio e da estrada, o blog também publica fotos enviadas pelos fãs ao redor do mundo mostrando seu carinho com a banda e com a chegada do novo registro. Da onde surgiu essa idéia? Como os fãs podem participar e enviar suas fotos para o site e como vocês escolhem as imagens que serão publicadas? Chad surgiu com a idéia e, de fato, ele começou o blog para nós. Foi uma ótima maneira de se conectar com as pessoas e animá-las para o novo álbum. É muito legal ver quantas pessoas apoiam a nossa banda de todos os lugares do mundo. Nós colocamos praticamente qualquer coisa que os fãs nos mandam. Nós queríamos que as pessoas se sentissem como se fossem parte do registro e eles definitivamente foram. Obrigado a todos que conferiram o blog. Nós continuaremos com as atualizações mesmo após o álbum sair. A banda teve alguma troca de membros desde o lançamento de “The Damned, The Shamed”, de 2008? Sim, nós temos um novo baixista. Seu nome é David, ele é de Virginia e toca também no Down To Nothing. Ele é louco. Ele irá cagar no seu banco traseiro. E nós também temos Jordan, novo na guitarra, de uma banda chamada No Warning. A combinação de todos na banda agora é insana. Nós nos divertimos muito e as coisas hoje em dia estão indo melhor do que nunca. Parece que vocês gostam bastante do Brasil. Essa última passagem da banda por aqui (31 de Julho, em Curitiba, e 1º de Agosto, em São Paulo) foi a quinta vez que se apresentaram em solo brasileiro. Além disso, o clipe da música “Rise Of The Poisoned Youth” foi gravado no show que a banda fez em São Paulo, em 2008, e termina com uma bandeira do Brasil hasteada sobre a banda. De onde vem essa identificação e do que vocês mais gostam quando vem ao Brasil? Uhhh. O churrasco (risos). Os shows. O Marcos, da Liberation. As lindas mulheres (risos). Eu não sei. Eu amo o Brasil. Nós sempre tivemos grandes momentos lá e os shows são sempre insanos. Eu amo a dedicação de todos os garotos que, constantemente, vem sempre nos ver. É um belo lugar. Nessa última turnê pela América do Sul vocês vieram acompanhados de outra lenda do Hardcore, o H2O. Como rolou essa parceria e como vocês avaliam essa turnê? A turnê foi incrível. Obrigado ao Marcos, da Liberation, por fazer desta uma turnê perfeita.

Nós estávamos planejando ir à América do Sul ao mesmo tempo que o H2O e nós somos bons amigos deles, então, funcionou perfeitamente para virmos juntos. Isso fez com que os shows fossem bem maiores, já que o nosso público é um pouco diferente e isso fez com que tivéssemos vários bons momentos. Eu já quero voltar. Uma coisa é certa: a banda é aficionada em stage dives! Já estive presente em shows do Terror no Brasil e posso dizer que a energia é das mais positivas e o público simplesmente fica insano. Nos shows da banda ninguém fica parado, o tráfego em cima do palco é grande, ainda mais com a banda incentivando a galera a todo o momento a subir no palco e pular. Qual é o valor de um stage dive em um show ao vivo do Terror? O que essa interação com os fãs representa para a banda? É fundamental um show do Terror ter essa interação com o público. Nós queremos que todos façam parte do show. A última coisa que queremos é apenas ficar em pé no palco tocando para todos. Então, ter todo mundo no palco ficando louco é o que faz um show do Terror ser bom para nós. O Terror já fez turnês com as mais diversas bandas, dos mais diversos gêneros. Acham que isso é bom para a banda, variar um pouco e tocar para um público diferente, que não seja estritamente Hardcore, em certas ocasiões? Com certeza. Todos que entraram no Hardcore mais provavelmente entrou indo à outros tipos de show e vendo uma banda de Hardcore. Que seja Metal, Punk ou qualquer outra. Portanto, sermos capazes de tocar para diferentes platéias é a chave para manter o Hardcore forte. Se pudermos mostrar à um jovem garoto o que é o verdadeiro Hardcore em algum outro tipo de show, então estamos fazendo algo muito positivo para o nosso movimento. Tenho certeza de que todos podem se relacionar com isso. A banda é uma máquina de turnês. Li em um press release que vocês fazem mais de 300 shows por ano desde seu início em 2003. Como é estar longe de casa e viajando de um lugar a outro durante tanto tempo? Eu amo isso. Nós vivemos grandes momentos e podemos ver o mundo. Eu também gosto de estar em casa, mas é realmente impressionante ser capaz de viajar o mundo fazendo shows. Nós experimentamos coisas que eu nunca imaginei fazer e sou muito grato à isso. O vocalista Scott Vogel é uma das figuras chave da cena Hardcore atual e também é reconhecido pelas suas frases marcantes durante os shows. Uma prova disso é um site que contém várias frases do frontman, que, sempre que atualizado, mostra uma citação diferente (www.vogelisms.com), todas elas muito engraçadas. De onde vem a inspiração para as frases? Isso é apenas ele. Ele tem muito o que dizer e as pessoas gostam de ouvÍ-lo. Às vezes ele pode dizer algo que as pessoas pensam que seja engraçado e acho que por isso as frases acabaram parando nesse site, mas ele diz tudo isso porque ele se importa muito com o Hardcore e adora ver os shows enlouque-

cerem. Então ele está sempre tentando inflamar o público e fazer com que todos percam suas cabeças. O que a palavra “Hardcore” representa para o Terror? Para nós, é a nossa vida. Nós vivemos o Hardcore todos os dias. Mesmo se não estamos em turnê, estamos em shows quando voltamos pra casa ou saindo com todos os nossos amigos que conhecemos através do Hardcore. Para nós é um estilo de vida e uma maneira de lidar com ela e aproveitá-la tanto quanto nós podemos. O Hardcore fez tantas coisas por nós e faremos o que for para retribuir. André Henrique Franco

[9] Terror Keepers Of The Faith Century Media

São anos de estrada de um dos mais emblemáticos representantes do Hardcore mundial. “Keepers of the Faith” só vem reafirmar ainda mais a importância do Terror para esse cenário. Sem dó e nenhuma frescura, são quatorze faixas de puro peso, energia e paixão. É, paixão, sim. Este o quinto álbum da carreira e mais do que ser fiel ao estilo, é preciso muita dedicação para construir uma carreira tão sólida e fiel aos seus principios. Como poucos, o Terror é um dos grandes que vive e pratica intensamente o Hardcore lifestyle. O que muitos, gringos e nativos, nem sequer chegam aos pés de conseguir. Pode até soar um tanto mulherzinha demais dizer que é um disco repleto de testosterona, mas é exatamente isso. “Your Enemies are Mine” já chega chutando a porta, preparando o terreno para o quem vem na sequência. “Stick Tight” é uma delas, old school até o osso e a primeira a ter videoclipe, gravado durante apresentação da banda no Sound and Fury Festival. A faixa título tem mais dessa característica mas todo o disco tem guitarras rápidas e o vocal nervoso de Scott Vogel. “Return to Strength” mantém a pressão nos ouvidos, captando toda a energia da banda, o que se traduz muito facilmente ao vivo, como alguns felizardos puderam conferir dias antes do lançamento no Inferno Club em São Paulo. Com produção de Chad Gilbert do New Found Glory e mixado por Matt Hyde (que, entre outros, trabalhou também com Slayer e Hatebreed), o disco saiu em várias versões pelo mundo, sendo que as edições americana e europeia sairam como um digipack repleto de brindes e poster gigante. Lançado pela Century Media, saiu em 30 de Agosto na Europa, em 14 de Setembro nos Estados Unidos. É muito mais do que somente uma banda com muita lenha pra gastar e que ainda tem muito a oferecer e ensinar. Ouça com a certeza que vai encontrar exatamente o que eles sabem fazer de melhor. Espere de tudo, menos mesmice. Andréa Ariani

www.myspace.com/terror hornsup #15

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entrevista

A cura para os piores sintomas Desde o lançamento de seu primeiro full-length, em 2003, esse quinteto de Winnipeg, Canadá, vem construindo sua reputação álbum após álbum, enquanto estão continuamente experimentando e incorporando novos elementos musicais ao seu já refinado Hardcore moderno. “Symptoms + Cures”, o novo disco do Comeback Kid, que saiu em 31 de Agosto, traz Andrew Neufeld (ex-guitarrista da banda) em seu segundo registro nos vocais. Além dos detalhes do novo CD, a banda também falou à HORNSUP sobre sua volta ao Brasil em Março de 2011 ao lado do Sick Of It All. Com vocês, o guitarrista Jeremy Hiebert.

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Comeback Kid era inicialmente um projeto paralelo da banda Figure Four, cujos membros eram Andrew Neufeld e você. Como o Comeback Kid saiu da sombra do Figure Four e assumiu o posto de banda principal? Como foi esse processo? Bem, na verdade, nós nunca vimos essa banda como um projeto paralelo. Nós queríamos fazer as duas bandas igualmente, mas com o passar do tempo as coisas mudaram, as pessoas mudaram e começamos a focar mais no Comeback Kid, além do que mais turnês estavam sendo oferecidas para a gente e o interesse no Figure Four estava morrendo em alguns membros. Qual a razão da saída do vocalista original Scott Wade em 2006? E o que levou o, até então, guitarrista Andrew Neufeld, a assumir os vocais? De onde partiu essa decisão?

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Eu acho que Scott simplesmente chegou a um ponto aonde já havia tido o suficiente da estrada e queria passar mais tempo em casa e se focar nessa vida. Nós sentimos que a escolha lógica seria ter Andrew nos vocais porque ele já tinha uma forte presença vocal na banda e já havia sido frontman de um outro grupo anteriormente. “Symptoms + Cures” é como se chama o novo álbum da banda e será o segundo com Andrew Neufeld nos vocais. Acham que nesse trabalho vocês encontraram a sonoridade ideal do Comeback Kid? Qual a diferença em relação ao disco anterior “Broadcasting...”? Eu acho que nós encontramos um lugar onde estamos muito confortáveis com Andrew nos vocais. No último registro havia mais uma ênfase em encontrar um estilo vocal que fosse similar com os álbuns anteriores do

Comeback Kid com nosso antigo vocalista, mas agora, com mais de quatro anos fazendo shows ao vivo com o Comeback Kid, penso que Andrew encontrou um lugar onde ele está confortável vocalmente. “Symptoms + Cures” será distribuído nos EUA pela Victory Records e no Canadá pela Distort Entertainment, após seu antigo selo, Smallman Records, fechar as portas. Esse será o primeiro trabalho de vocês pela Distort, que também tem em seu elenco bandas como Alexisonfire e Cancer Bats. Como chegaram a esse acordo? Para nós foi muito importante permanecer em um selo canadense em nosso país. Há muitas coisas que podem passar despercebidas por você estar em um selo dos Estados Unidos quando está falando sobre o Canadá. Para nós, a Distort pareceu ser o passo lógico.


Eles tem uma grande reputação trabalhando com bandas e ajudando a construí-las e estamos muito animados para tentarmos algo diferente; mesmo nos sentindo um pouco estranhos por não termos escolhido nos mover para outro lugar, porque fomos muito bem tratados na Smallman Records durante todo nosso tempo com eles. Como foi trabalhar com os produtores Eric Ratz e Kenny Luong nesse novo CD? Eles foram ótimos para se trabalhar junto. Eles têm esse equilíbrio saudável de querer traduzir o que você tem em um registro, mas ao mesmo tempo, também tem várias ideias onde eles não ficam te pressionando, mas as apresentam, para que possamos fazer o melhor registro possível. O novo álbum possui alguma participação especial? Sim, fomos capazes de conseguir alguns de nossos amigos para cantar algumas partes no álbum. Os vocais de A Wilhelm Scream, Cancer Bats e Architects, todos aparecem no registro de várias maneiras. É sempre divertido ser capaz de colocar os seus amigos em partes das músicas que façam sentido para eles aparecerem. Em Setembro a banda embarca em uma turnê canadense ao lado de Madball e A Wilhelm Scream. Quais são as expectativas para essa turnê, já que estarão tocando músicas do álbum novo em sua terra natal?

Estamos animados para finalmente voltarmos às estradas do Canadá com algumas músicas novas. Fazem dois anos desde a última vez que excursionamos pelo Canadá. Temos também um pacote muito forte conosco que deve fazer dessa uma turnê incrivelmente forte. Junto com as bandas que você mencionou também estamos levando o Living With Lions, de Vancouver, e o Devil In Me, de Portugal, então, estamos muito felizes. Em Novembro de 2008, a banda fez a sua primeira turnê pela América do Sul. O que tem a dizer sobre esses shows, em especial os que fizeram no Brasil? A América do Sul foi absolutamente incrível. Conhecemos um monte de pessoas legais ao longo do caminho e tocamos alguns shows intensos. A sede de Hardcore era muito evidente por lá. O Marcos (Liberation), de São Paulo, Brasil, que nos trouxe até lá, nos tratou tão bem que estamos animados para voltar em Março de 2011 com o Sick Of It All. Ficamos muito gratos por essa experiência incrível. Como é o processo de composição das músicas no Comeback Kid? E de onde vêm as inspirações para as letras? O processo de composição das músicas no Comeback Kid geralmente começa com Andrew ou comigo mesmo chegando com uma parte de uma canção ou uma música inteira e trazendo isso para uma jam session com Kyle, nosso baterista, onde nós três trabalhamos e retrabalhamos as partes até

estarmos satisfeitos. As vezes é um processo rápido, outras vezes leva mais tempo e é muito mais difícil, pois há diferentes opiniões sobre como abordar uma canção. Eu não escrevo as letras, mas as inspirações básicas para elas vem simplesmente das nossas interações e observações do dia-a-dia. Como lidam com as questões do cristianismo e do vegetarianismo no Comeback Kid? Não há duas pessoas iguais no Comeback Kid. Todo mundo tem suas próprias crenças e prioridades. Há aqueles que acreditam, há aqueles que não. Há aqueles que acreditam no estilo de vida vegan e há aqueles que consumem carne. Há aqueles que bebem e há aqueles que não. Nós nunca fomos o tipo de banda que pudesse ser rotulada como uma banda cristã, straight edge ou o que quer que seja, mas ao invés disso, apenas focamos no que temos em comum e no que é importante para nós coletivamente. Quais as principais influências da banda? Musicalmente é muito difícil pensar em influências específicas. Nós somos influenciados por muitas bandas de Hardcore e Punk, mas também escutamos muito outras músicas que, definitivamente, estimula o nosso lado criativo. Bandas como Arcade Fire, Sigur Ros, Air, Foo Fighters e Queens Of The Stone Age são apenas algumas das muitas bandas que nos faz olhar para a música de uma forma emocionante. André Henrique Franco www.myspace.com/comebackkid

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entrevista

Firmes e fortes A HORNSUP arrumou um tempinho na apertada agenda do Bleeding Through para ter uma breve conversa com o novo guitarrista da banda, Dave Nassie. Apesar de ser o mais recente membro do grupo, Dave participou da composição do mais recente álbum, “Bleeding Through”, e esse foi um dos assuntos do diálogo abaixo.

E

u ouvi o novo álbum e senti a mesma “vibe” do álbum anterior, “Declaration”. Existe alguma conexão entre os dois? A única conexão existente entre os dois álbuns é que o que foi aprendido na confecção do “Declaration” foi trazido para a abordagem do nosso novo álbum. Lapidar as ideias e ter uma visão geral de um álbum é uma habilidade que se desenvolve através do tempo. Como criar os tons e camadas certas de determinados instrumentos. Nesse tipo de coisas é que o Devin (Townsend, produtor do álbum anterior) é incrível e ajudou todo mundo. O que esse álbum em especial representa para a banda? Um novo começo. Esse álbum é declaração como banda em relação a tudo que mudou na indústria ao nosso redor. Durante os anos de shows vimos muita gente chegar e ir, como também ficar. Nós celebramos essa experiência como um todo e nos mantemos verdadeiros como banda. Este é o teu primeiro álbum lançado pela Rise Records. Como estão indo as coisas no novo selo?

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A Rise é um selo incrível e nos apoiam de todas as maneiras. Ter um ótimo selo com boas pessoas é crucial. Gostamos muito deles. A banda já está ativa à 11 anos. Já viram muitas modas irem e virem. O rótulo “Metalcore” significa algum coisa pra você? Tem algum problema com esses rótulos? Os rótulos são sempre “colados” às bandas não importa a maneira que elas se expressem. Não nos importamos com os selos, mas sim em fazer boa música. A música “Anti-Hero” fala sobre as novas bandas que se inspiraram em vocês de alguma forma. Como vêem essa nova geração de bandas? Há muitas bandas incríveis por aí, fazendo coisas novas e explorando os limites. Eu acho que as coisas mais fortes sempre acabam tendo algum destaque e, com o tempo, conquistam seu espaço. O mais importante é nunca parar e ser verdadeiro com relação a si próprio e a sua banda.

Algumas bandas seguem uma fórmula. Usam o mesmo produtor, mesmo estúdio, etc. Vocês, definitivamente, não trabalham desta maneira. Por que optaram por Zeuss como produtor e o que ele ofereceu à esse novo álbum? Trabalhar com o Zeuss foi irreal! Tem uma forma de trabalho incrível e uma visão clara do que é preciso para ter um álbum forte. É importante trabalhar com pessoas honestas que tem consideração pelas pessoas da banda como indivíduos. Ele deixou que cada um de nós desse o seu “input” enquanto nos guiava para aquilo que ele e o Brandan (Schieppati , vocalista) visionavam para o álbum. O Zeuss é realmente talentoso. Vocês estão agora na Spring Breakdown Tour nos EUA com Born of Osisis, Sleeping Giant, Oceano, entre outros. Tem muitas datas agendadas. Tocam praticamente todos os dias. Como lida com essa sobrecarga de shows? Nós gostamos de tocar. É pra isso que fazemos o que fazemos. Matheus Moura www.myspace.com/bleedingthrough


Cowboys de peso Assim que surgiu, o Hellyeah foi logo chamado de projeto paralelo de membros de bandas como Mudvayne, Damage Plan e Nothingface. Entretanto, a banda ganhou força e já lançou seu segundo álbum. O guitarrista Greg Tribbett revelou a HORNSUP pormenores da situação atual da banda.

C

omo lida com o rótulo de “supergrupo” que colocaram do Hellyeah? O nome “supergrupo” foi dado a nós pela mídia. Acho tem haver com os membros da banda e não vemos mal nenhum nisso. Esse segundo álbum mostra que são mais do que músicos famosos tocando juntos. Estão aqui pra ficar. O que “Stampede” representa na carreira da banda? Acho que “Stampede” mostra que a banda nunca foi uma piada e que nós sempre consideramos esse projeto como uma banda de verdade. Como foi o processo de gravação? Muita bebida e churrascos, acredito. A gravação foi o máximo! Sim, tinha muita bebida e churrasco, como sempre. A única diferença é que gravamos na cada do Vinnie (Paul, baterista). É verdade, gravaram na casa do Vinnie. Como foi essa experiência? Gravar na casa do Vinnie foi incrível! Usamos 4 cômodos e tínhamos monitores de vídeo para vermos uns aos outros. Por que escolheram produzir vocês próprios o álbum? Essa banda faz tudo sozinha. Nunca escolhemos produzir, simplesmente fizemos.

Os chapéus de cowboy e as bebedeiras fazem parte do imaginário do Hellyeah. Nas turnês, estão “chapados” o tempo todo? Sim!!! Nessa altura você tem duas bandas principais, o Mudvayne e o Hellyeah. Tem muita dificudade em concilhar as agendas? Minha agenda é bastante caótica no momento, justamente por estar nessas duas bandas. Nunca tenho tempo livre, estou sempre muito ocupado. O que costuma fazer nos seus dias de descanso e nas férias? Tento relaxar o máximo possível. Ir pescar ou jogar golfe. As música do Hellyeah estão cheias de elementos tipicamente americanos. O público fora dos Estados Unidos reage de forma diferente nos shows? Nunca tivemos nenhum problema fora dos EUA. Nossos fãs são leais. Vocês estão em turnê pelos EUA agora e irão para o Japão em Outubro. Quais as próximas turnês? Talvez Europa ou América do Sul... Sim, iremos a Europa em Outubro/Novembro. Estamos, agora mesmo, trabalhando para ir para a América do Sul. Matheus Moura

[6] Hellyeah Stampede Spinefarm

“Stampede” é o nome do mais novo álbum do Hellyeah, que já chega demonstrando definitivamente que não é somente um projeto e sim uma banda de verdade mostrando cada vez mais força e até um certo “amadurecimento” pós-disco de estreia, lançado no ano de 2007. Para começo de conversa, não custa lembrar que a banda conta com ninguém menos que Vinnie Paul, aquele baterista que demolia as baquetas no Pantera e no Damage Plan. Além dele, integrantes do Mudvayne e do Nothingface, ao lado do baixista Bob Zilla, que também era do Damage Plan, compõem esse “supergrupo” do Texas. Assim como o seu antecessor “Hellyeah”, o quinteto traz mais uma vez o bom e velho Heavy Metal com aquela veia texana de se fazer Rock ’n’ Roll, com muito peso nos instrumentais acompanhados dos vocais rasgados de Chad Gray. O álbum traz também alguns bons momentos mais harmoniosos, como na ótima balada “Better Man” e na mais pesada, porém, não menos melódica, “Hell of a Time”, que apesar de ser a mais comercial, é uma das mais legais do CD. “Cowboy Way”, “It’s On!” e “Pole Rider” também merecem destaque como as mais “kick ass”! De fato “Stampede” não traz nenhuma inovação, podendo-se até dizer que é mais do mesmo, porém, nos apresenta 12 boas faixas de Heavy Metal com sangue e espírito do Rock ’n’ Roll pesado! João Henrique

www.myspace.com/hellyeah hornsup #15

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Foto: Filipe Nevares

entrevista

O sonho cristão vive Eis que chega o debut do Unlife. O crescimento e amadurecimento da banda estão manifestados neste material e, para isso, a HORNSUP contou com o guitarrista Wagner Creoruska para falar sobre este fulllength e outros assuntos. É chegada a hora da mensagem cristã se propagar.

C

omo ainda existem leitores que ainda não conhecem 0 Unlife, tomarei como preferência iniciar esta entrevista com um apontamento clichê: por favor, apresentem-se ao público. Senhoras e senhores, nós somos o Unlife. O prazer é nosso de mais uma vez poder participar da HORNSUP e, para quem não nos conhece, somos uma banda de São Paulo e fazemos um som “pesado”, não querendo fugir de rotulações. Contudo, acho legal deixar claro que não procuramos nos enquadrar em algum

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estilo específico, seguimos uma linha Metalcore, um pouco de Hardcore e Mathcore ou ainda qualquer coisa com “core” no final, mas com muito breakdown! No dia 21 de Agosto vocês se apresentaram com os grupos August Burns Red e Blessthefall. Como dois nomes pertencentes à vertente cristã, a mesma do Unlife, houve trocas de valores e/ou aprendizado neste momento singular na carreira do conjunto?

Poder se apresentar com essas bandas que sempre foram de certa forma nossas influências é um bom momento para compartilhar ideias, e porque não aprender um pouco mais, o mesmo vale para o show que fizemos no começo do ano com o The Devil Wears Prada, tivemos a oportunidade de ouvir deles como é levar a mensagem do cristianismo mais pelas atitudes do que pela própria música. Não que a música não apresente as ideologias, mas mais importante do que passar uma mensagem é viver


essa mensagem, não adianta você falar sobre algo que não condiz com sua vida e a galera das bandas procura, assim como a gente, falar mais pelas ações do que pelas palavras. Sem contar que é a realização de um sonho poder estar compartilhando os palcos com essas bandas.

a banda já deu desde que começamos a tocar. O CD saiu exatamente como planejávamos, muitas oportunidades estão aparecendo agora e isso vai repercutir bastante no futuro. Com essa etapa da carreira concluída o próximo passo agora é tocar muito e crescer o máximo possível pra um segundo e terceiro disco.

Devo dizer que este é o melhor álbum nacional independente que ouvi este ano. Finalmente o “Christian Democracy” foi lançado (realizando uma paródia com a banda Guns n’ Roses). A saída da Oxigênio Records para um processo independente permitiu que realizassem um trabalho ainda melhor que o anterior? Há relações diretas ou indiretas nesta transição? Nós trabalhamos muito e duro em toda a produção do CD e ouvir isso de vocês é muito gratificante. A Oxigênio Records teve um papel importante para que pudéssemos chegar ao processo de produção e gravação do “Christian Democracy”. Infelizmente alguns problemas com a gravadora fizeram com que tomássemos o partido do CD e fossemos atrás de tudo, desde a escolha do estúdio até a prensagem do CD físico. Nós quebramos a cabeça, mas fizemos tudo nós mesmos. Claro que tivemos ajuda de pessoas que foram importantíssimas para a concretização desse trabalho, algumas delas foram o Marcello Pompeu e Heros Trench (Korzus) que dirigiram e ajudaram na produção do disco, aprendemos muito com eles de verdade. Teve o Marcos Brito também que fez a pintura da capa e muitas outras pessoas que se houvesse espaço colocaríamos aqui.

Uma grande ruptura na carreira da banda foi a mudança das letras em inglês para o português, porém, mantendo o mesmo conteúdo lírico, que é a temática cristã. Como se deu essa interessante passagem? Nós já cogitávamos lançar algumas faixas do CD em português, estávamos com tudo pronto e quando começamos a gravar o instrumental o álbum ainda seria em inglês. Um pouco antes de terminar a gravação de guitarras fizemos uma reunião com o Marcello Pompeu e ele sugeriu a mudança. Foi bem em cima, achamos que não daria tempo de re-adaptar todas as letras, mas topamos o desafio. O Renato e a Marina correram atrás e aos 45 do segundo tempo mudamos tudo para o português, acho que quem escuta em um primeiro momento pode achar estranho, as melodias do inglês foram ao máximo mantidas, tinha coisa que teve que mudar e isso fica bem audível nas faixas que regravamos para o full-length, mas no final gostamos muito do resultado, enfim, valeu a pena fazer a correria.

Como os ouvintes vêm avaliando este novo trabalho ao vivo? Vocês estão conseguindo atingir o público da forma que esperavam? Sim! Uma das principais mudanças dos EP’s para esse primeiro álbum é a mudança do inglês para o português e é outra coisa você fazer um show onde todo mundo canta sua música, a interação com a galera é mais intensa, a energia do show é outra. Essa era uma das coisas que buscávamos com esse trabalho e já podemos dizer que conseguimos alcançar, fora que as mensagens das músicas agora estão mais claras. Tanto a prensagem quanto a venda estão sendo feitas de forma independente. Como está se dando este árduo trabalho? Há estratégias de marketing? Antes de lançar o CD físico fizemos algumas reuniões e fechamos o apoio com a Agência DDA, que é uma agência de marketing e propaganda, eles nos deram uma grande ajuda montando o site oficial e dando idéias de como trabalhar na divulgação. Tendo a estrutura para começar a trabalhar foi só por a mão na massa e correr atrás. Toda a parte de vendas e entregas nós mesmo estamos cuidando, tem o lado bom, claro, pudemos acompanhar de perto todo o processo de produção de um CD desde a ideia da música até produto final, acho que se alguém da banda quiser abrir um selo já sabemos pra que lado ir pelo menos. Na primeira entrevista de vocês na HORNSUP, #7, foram comentados os planos de lançar, futuramente, um full-length. Agora, com este sonho realizado, como vocês avaliam o primeiro trabalho completo do grupo? Essa primeira experiência trabalhando com produtores de nome foi muito valiosa para todo mundo na banda, nós aprendemos muito. Esse foi com certeza um dos melhores passos que

Este novo material possui uma qualidade comparável às gravadoras americanas no âmbito da produção. Com o Marcello Pompeu (produtor) e Heros Trench (mixagem), ambos da banda brasileira Korzus, como responsáveis pela edição e técnicos do Unlife, de que forma vocês poderiam comentar acerca desta experiência com músicos tão experientes? Foi uma escola, com certeza! Imagina uma escola divertida onde as matérias são “História dos timbres de Metal”, “Educação Rock’n Roll” e “mixagem nos tempos modernos”. Nunca antes havíamos trabalhado com pessoas no nível deles e foi muito bom pra todo mundo, não só pelo fato de gravar lá no Mr. Sound mas por participar e ter contato com os músicos que passam ali, a galera do Oficina G3, Hangar, do próprio Korzus... A arte de capa ficou excelente. Como se deu o processo de escolha e criação da mesma? Eu tive contato com o trabalho do Marcos Brito bem antes de começarmos a produção do CD, além de artista ele é músico e conheceu e passou a admirar o trabalho da banda já na época. Quando pensamos no tema “Christian Democracy”, todas as idéias de letra, músicas, nós estávamos procurando compor e gravar algo “épico”, que remetesse à igreja medieval, Martinho Lutero e a reforma protestante. Olhando os quadros do Marcos Brito, eu identifiquei bastante o estilo dele com o que queríamos para o CD, ligamos e ele topou de imediato fazer a pintura. Conversamos, falamos do CD e ele “captou” a mensagem na hora, isso foi muito legal porque tínhamos uma idéia do que queríamos, mas só na imaginação, ele conseguiu transpor com perfeição e detalhes aquilo que pensávamos, quando ele entregou a arte a gente não conseguia acreditar que aquilo era real. Quais são os novos planos da banda? Há uma turnê a caminho? Nossos planos agora são tocar e tocar o CD ao vivo até todo mundo cansar e nós termos que fazer outro. Brincadeiras à parte, já estamos

com algumas datas legais para a turnê do disco aqui em SP, pro final do ano e ano que vem pretendemos viajar bastante divulgando o trabalho. Posso adiantar que estamos quase fechando a produção de um clipe e tem muita coisa legal vindo aí pela frente. Igor Lemos

[10] Unlife Christian Democracy Independente

Impressionado. Este é o termo mais preciso para descrever a minha reação ao ouvir este álbum. E não foi apenas uma vez. O meu contador já deve ter passado dos quarenta facilmente. Qual será então o motivo para se ouvir uma banda nacional underground com tanta frequência? Criatividade, produção de primeira linha e letras cantadas em português. Sim, esta foi uma das mudanças mais importantes que poderiam ter feito. Utilizar-se de letras na língua materna é mais do que um respeito ao solo brasileiro, é um sinal de que há grupos dispostos a fortalecer uma cena que busca sua voz a cada dia. Com temáticas envolvendo o cristianismo, o debut, intitulado de “Christian Democracy”, vai dar o que falar. “Help! Saint Anna, I will become a monk!” começa com sinfonias próprias de igrejas, porém, logo o ritmo é quebrado e entram os riffs violentos de “Welcome To The Candy Church”. Uma música que ficou belíssima na sua nova versão, assim como a brutal “Teoria da Hipocrisia” e “Silêncio dos Culpados”. Uma composição que gostei muito foi “Almas de Cera”, que tem uma pegada forte, além de um refrão grudento na voz de Marina. Devo abrir uma observação aqui: esta moça está excelente nos vocais melódicos, sua evolução é respeitável - vai longe, com certeza. Idem aos gritos de Renato Ribeiro. “Cântico dos Arrependidos” é um murro na cara. Há momentos mais lentos no álbum que elevam o critério do material, sendo um sinal de versatilidade. “Posso Ouvir um Amém?” é uma das minhas favoritas. A quebra de tempo está lindíssima. É a maior faixa e uma das mais inteligentes. “Não há Lugar Como Nossa Casa” me faz ir para outro plano no seu início com a belíssima introdução na guitarra de Wagner Jr., que dispensa comentários de seu trabalho, assim como o também guitarrista João. Quem acha que o baixo ficou de fora, está enganado. Finalmente você ouve um full-length com momentos pesados em que este instrumento não é esquecido. O responsável pelas quatro cordas, Lemonz, varia sempre que pode, em linhas interessantíssimas. “Gênesis” me deu um susto (no bom sentido). Achei impecável a inserção de elementos eletrônicos. E, para finalizar, um breakdown que pode entrar em qualquer álbum de Metalcore de primeira linha: brutal, seco e pronto para criar um moshpit de primeira. Tomando como critérios a evolução do grupo, arte de capa, produção, letras em português e, o principal, que é a criatividade, cabe a nota máxima pelo debut mais quente que já ouvi de um grupo nacional. Excelente do começo ao fim. Igor Lemos

www.myspace.com/unlife

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entrevista

Novo círculo Enquanto uns dormem, outros trabalham. Com apenas dois anos de banda, o Underpain já tem uma boa quantidade de material em circulação, o que lhes rendeu inclusive atenção de fora do país. A HORNSUP aproveitou o lançamento do álbum de estreia, “Endless Circle”, para saber quais os planos e ambições da banda, além dos detalhes deste debut.

O

está ótimo, mas temos certeza que naquele momento fizemos o que estava de melhor ao nosso alcance, talvez este esforço tenha trazido o real interesse da BlackSun Management.

nasceram quase todas as composições, quando voltamos pra cidade só tivemos o trabalho de fazer uma pequena pré-produção e partir para as gravações.

Muita bandas buscam um selo, tanto dentro com fora do país. Vocês conseguiram isso em pouco espaço de tempo. Pois é, considerando que a UnderPain só tem dois anos sim é pouco espaço de tempo, mas é muito relativo porque não é todo dia que vemos uma banda com dois anos com dois vídeos clipes, EP edição européia e um CD pronto. Não podemos afirmar que o trabalho

Tiveram algum método de trabalho para atingir esse objetivo? Tem alguma dica para dar a outras bandas que estão na “correria”? Há sim, dicas temos várias, quem quiser realmente e tiver perguntas legais pode mandar e-mail pra gente que responderemos, por favor sem questões financeiras pois disso não temos o controle total. Mas pra deixarmos algo, fica uma pequena dica: Tenham sempre profissionalismo e respeitem a profissão que escolheram, não se vendam, tudo que estão fazendo tem um valor, lembrem-se disso. Com relação ao processo foi bem legal, a BlackSun tinha uma certa pressa para termos algo, um CD de verdade e ai decidimos nos isolar, ficamos 10 dias em uma fazenda e foi lá que

Hoje em dia, muitas bandas optam por mixar ou masterizar o álbum lá fora. Vocês, apesar de terem contatos no exterior, escolheram produzir o álbum todo no Brasil. Alguma razão especial para isso? Bem, a gente tentou masterizar com o Russ Russel (Napalm Death, Dimmu Borgir), contudo houve uma incompatibilidade nas agendas e isso não foi um problemão tão grande em nossas cabeças, temos muitos talentos no Brasil e por sorte nossa conhecemos duas grandes promessas, o Jesiel Candeia (Coda Studios) e o Caio Duarte (Broadband Studio) que em nosso ponto de vista fizeram um trabalho muito bom. Acho que vale a pena acreditar em talentos nacionais, aquela coisa de que santo da casa

álbum de estreia, “Endless Circle”, foi lançado algumas semanas atrás. Já tem recebido algum feedback do público e da crítica? Bem, na verdade ainda não temos um real feedback, gerou bastante movimento, tivemos uma pré venda legal, entretanto o CD foi feito em Londres e quando enviaram as unidades pro Brasil atrasou tudo por conta da alfândega que ainda encontra problemas mesmo depois de todos os tributos devidamente pagos.

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não faz milagre é papo furado, isso é só pra quem não acredita, se investir vale a pena, tá ai o “Endless Circle” como prova. Culturalmente temos essa mania de buscarmos sempre o que há de melhor em outro país, mas a globalização acabou com isso, a informação tá ai pra todos, se o cara estudar e se dedicar (além de ter o talento) ele chega lá. Ter um designer na banda (Carlos Fides, teclados) com certeza é uma mais-valia. Fale um pouco sobre o conceito visual que envolve a banda. É verdade, mas não é só um designer que faz a diferença na banda todo talento tem o seu reconhecimento e a UnderPain é cheia deles, cada um tem sua função especifica a soma é que faz o conjunto. Mas o caso do Carlos é legal falarmos um pouco, ele começou exatamente na outra banda, não sabia nada e como sempre precisávamos de algo do tipo ele resolveu engatar seriamente e virou sucesso graças ao esforço pessoal e coragem, atualmente é um dos talentos que mais aproveitamos na UnderPain podem ver pelos tratamentos fotográficos, capa, logo, site, myspace e etc. Todo material visual tem participação da ArtSide e isso tem feito grande diferença. Com relação ao conceito visual não temos nada definido, a gente só pensa em fazer algo com qualidade, quando pensamos em foto pensamos que tem que ser as melhores fotos e não apenas uma sessão com maquininha digital comprada no mercado, este é nosso pensamento atual, dar

para o público o que ele realmente merece: Classe (risos). Vejo também que apostam nas redes socias e em conteúdo para download. Qual a importância desse tipo de ferramentas pra uma banda relativamente recente com o UnderPain? Esta é a era da informação não é? Não sabemos se estamos no rumo certo, mas com certeza ter rede social e bons amigos nela tem nos ajudado muito, no começo a gente ficava adicionando pessoas e pedindo por favor para ouvirem a gente.- Com o passar do tempo, as pessoas estão nos pedindo para aceitarmos o convite delas. A importância disso não é a publicidade em si, mas o feedback que conseguimos ter da galera, se está bom, se está ruim, se querem show se não querem nada. Isto é importante, o contato direto com os amigos e fãs, banda intocável é banda distante da realidade usamos a Internet para estamos próximos da galera que curte a gente e nosso som. Qual o conceito de vídeo de “Endless Circle” e como foi gravá-lo? O conceito do vídeo é bem simples fala dessa coisa infinita que somos condicionados a viver, a cultura, ela te guia, te corrompe, te polui, te devora você tenta escapar indo pra um outro ciclo de vivência, mas não adianta você estará apenas mudando a posição da sua forca, de todo jeito estamos com a corda no pescoço, somos escravos disto. O importante é sabermos que isto existe e como lidar no dia-a-dia. Gravar algo novo é sempre legal, cansativo, mas

legal. É uma experiência nova, aprendemos o máximo que podemos e sempre nos divertimos em nossos trabalhos sem contar que passar o dia junto nos lembra de comprarmos algumas cervejas e isto é sempre bom. Vocês tem agendada uma turnê pelo Japão em Novembro. Como conseguiram essa turnê? Pois é, as coisas para qualquer turnê internacional é muito difícil, temos que resolver muitas coisas, consegue-se algumas datas e outras não e isso é um atraso no trabalho pois não compensa sairmos do Brasil para o Japão ou para Europa para fazermos 10 shows, tem que ter uma agenda local bem recheada senão mal cobre custos com passagens, e isto tem acontecido frequentemente, já adiamos duas vezes viagens a Europa e tudo indica que a viagem ao Japão será adiada, alguns promoters de lá adiantaram uma grana pra não perderem o show, mas mesmo assim é uma época de vacas magras em shows até para bandas com maior reconhecimento. Se tudo der certo, quando voltarem ao Brasil. Quais seus planos? Os planos são de tentar ir, e tentar produzir algo por lá para não voltarmos de mãos vazias, assim teríamos algo pra passar pra galera aqui, não sabemos exatamente o que, mas é ir e trabalhar. Além disso queremos tocar em muitos lugares do Brasil, conhecer pessoas de norte a sul e fazer grandes amizades. Matheus Moura www.myspace.com/underpainbrasil

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Thrash Zen O Kamala é de São Paulo, mas com a qualidade de seu trabalho poderia ser facilmente confundido como uma banda gringa. Para saber mais sobre os planos da turnê internacional conversamos com a banda que acaba de lançar um novo videoclipe, retirado do seu segundo trabalho “Fractal”. Raphael Olmos (guitarra e vocal), Andreas Dehn (guitarra), Adriano Martins (baixo), Nicolas Andrade (bateria) participaram do bate papo com HORNSUP.

O

Kamala sempre foi um quarteto? Como foi o início de vocês, como se conheceram? Raphael: Formei o Kamala em 2003, a primeira formação era um quarteto, porém curiosamente o vocalista era o Nicolas (baterista da demo, do debut “Kamala” e do “Fractal”), existia outro baterista, o Adriano no baixo e eu era apenas guitarrista. Aconteceram alguns problemas e tive que fazer uma mudança na formação, que foi a saída do baterista. Então o Nicolas falou que gostaria mesmo de ser o baterista da banda, e a procura por um vocalista não deu certo, pois não achávamos ninguém com as características que procurávamos. Com isso, resolvi tocar e cantar. Comecei a ter aulas de canto e tudo mais, pois nunca tinha me imaginado como vocalista. Então na demo “Corrosive” a formação foi um trio. Para o debut “Kamala”, resolvi colocar outra guitarra, pois nos shows sentíamos o peso cair na hora dos solos, foi ai que convidei o Ralph (que era meu amigo a alguns anos e meu roadie) para entrar fazendo a segunda guitarra. No final de 2008, o Ralph por motivos pessoais, comunicou que gostaria de sair da banda e foi então que convidei o Andreas (que conheci logo que chegou ao Brasil, quando

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nem falava português ainda) para fazer um teste. Poucos meses antes disso acontecer, foi onde trabalhei a primeira vez com o Andreas, justamente em um projeto que nosso produtor, Ricardo Piccoli, estava fazendo e falou que gostaria que eu e o Andreas fôssemos os guitarristas e percebemos que existia uma química juntos. Quando o Andreas tocou a segunda música do teste, sabíamos que ele era o cara certo para a banda. O som é mais na linha Metal melódico, mas aliado ao peso, a pegada mais agressiva, tem uma série de experimentações, um som trabalhado. A opção por essa mistura de ritmos aconteceu desde o primeiro disco? Tem a ver também a ver com a escolha do nome da banda? Andreas: No Thrash, o ritmo e a pegada são o coração da música, mas ao mesmo tempo, para não perder a dinâmica, trabalhamos com mudanças de ritmos e clima nas músicas. Trabalhamos com melodias como contraponto para o peso dos riffs. E realmente escutando o “Fractal”, é um álbum e mais melódico e pesado do que o primeiro, justamente ganhando o peso por causa do contraste das melodias. Nicolas: É fato que um pouco dessas experi-

mentações com sons orientais tem haver com o nome da banda, que vêm do Hinduísmo, mas não procuramos nos prender a essa temática trabalhando essas doses de forma a apenas complementar as músicas. Vocês têm como uma das fortes características o fato de ter um trabalho voltado para tornar-se uma banda internacional: as letras em inglês, o cuidado com a produção de cada detalhe, clipes bem gravados. Mas, no entanto, os discos são gravados aqui no Brasil, os clipes também e inclusive na cidade natal de vocês - Campinas. Vocês acham que essa escolha hoje é mais fácil, é o caminho inverso que as bandas dos 80 e 90 faziam de sair pra produzir fora para ter um trabalho de qualidade? Andreas: Quando estamos falando dos EUA e a Europa em geral, sim, o patamar é outro, principalmente tendo uma cultura de música na Europa mais antiga do que o Brasil, e os EUA sendo líder geral no século 20 por quebrar as doutrinas da Europa. Mas o que isso significa para o Kamala? Nos orientamos muito com os trabalhos de estúdios fora do Brasil, e podem acreditar quando eu digo que nem todos estúdios da Alemanha são de ponta.


Claro que os equipamentos nos estúdios de fora em geral são melhores, principalmente sendo bem mais barato do que no Brasil por causa de uma proteção de mercado bem menor, resultando numa evolução técnica mais rápida e atingível do que aqui. Mas enfim, o que faz a diferença não e o equipamento, mas a forma de trabalhar. Muitas gravações de Metal brasileiro tem o problema da voz “afundar” no instrumental da banda. Mas isso não é um problema técnico, mas referente ao jeito de gravar e mixar, e já escutei isso várias vezes em gravações alemãs também, só que essas gravações ruins de lá não chegam aqui. Quem conheceu o estúdio antigo do Piccoli sempre se surpreendeu como um estúdio tão pequeno e básico, conseguiu fazer discos com aquela excelente sonoridade. Enfim a decisão de gravar no Brasil foi principalmente por causa de ter todo o tempo e os meios para influenciar a qualidade e a sonoridade do álbum do início até o fim, inclusive os recursos necessários para a viagem, vistos, hotéis e alugueis. Durante o processo refizemos tudo que não gostamos. Quem manda material para um estúdio de qualidade remoto tem que ficar satisfeito com o que esta sendo mandado de volta ou não perde muito tempo e dinheiro no processo, isso não queremos de jeito nenhum. E se algum dia gravarmos fora com certeza o Piccoli será obrigado a ir junto. Como foi a produção de “Fractal”? E como tem sido a repercussão? Andreas: A produção foi um processo de um meio ano com a composição de cerca de 24 músicas. Foram escolhidas as melhores músicas e pré-produzidos em casa. Com essa produção chegamos no inverno de 2009 ao Ricardo Piccoli para fazer a gravação completa do álbum. Terminamos em Agosto e logo em seguida, foram marcadas algumas reuniões com alguns selos nacionais e os CDs chegaram em Dezembro nas nossas mãos. Recebemos resenhas muito positivas do álbum em todos os lugares, foram abertas muitas portas e sentimos que ganhamos mais fãs também, ou seja, o saldo geral foi muito positivo! E estamos continuando a divulgação deste trabalho com shows e agora com o clipe da “Stand On My Manger” e para o final do ano a filmagem de mais um clipe pela Studio Kaiowas já está acertada também. Como foi o contato com a Free Mind Records, que também é um selo nacional? Raphael: Assim que finalizamos o “Fractal”, foram marcadas algumas reuniões com selos daqui do Brasil, para o lançamento. E a Free Mind foi a que apresentou a melhor proposta para esse lançamento na época. O clipe de “Consequences” foi lançado recentemente, mas já tem mais de 5.000 views no Youtube. Como foi a produção, foi gravado onde? Raphael: A produção ficou a cargo da Studio Kaiowas, produtora daqui de Campinas/SP mesmo. O clipe foi filmado em dois dias, um para a captação das imagens da banda e outra para a captação das imagens do ator. Estávamos procurando um lugar com clima “zen”, e o pessoal do Studio Kaiowas achou esse local, que também fica em Campinas, em uma reportagem de um jornal local. Marcaram uma reunião para explicar a proposta e os proprietários foram 100% favoráveis, e fomos muito bem tratados. O local pertence a uma família oriental. Depois da captação foram

alguns meses de edição, e desde que foi lançado, o feedback foi totalmente positivo. A música fala de que todos têm opções na vida, caminhos a escolher, e assim suas consequencias. O Studio Kaiowas é uma produtora nova, porém vem aparecendo cada vez mais, devido eles entenderem mesmo o que a banda procura passar, possuírem equipamentos de ótima qualidade e uma edição diferenciada. Tanto é que já fechamos mais dois clipes com eles, recentemente lançado em Setembro, da faixa “Stand On My Manger”, capta a energia dos shows da banda e no final do ano vamos filmar mais uma música do “Fractal”. Qual a evolução que vocês sentem que a banda teve nesses quatro anos desde a primeira demo em 2005 (“Corrosive”) até o lançamento do mais recente trabalho “Fractal”? Raphael: A principal evolução foi de como se trabalhar com a banda. Hoje, o Kamala trabalha de forma muito mais organizada. E musicalmente falando, estamos mais maduros, trabalhando melhor com estruturas, camadas e melodias. As músicas da demo, que também estão no debut, porém com arranjos e execução melhores, são mais diretas e rápidas. No “Fractal” sentimos que atingimos um outro nível, mas isso foi um processo natural de evolução, aliás, justamente por sentir essa evolução dentro da banda, foi um dos motivos da escolha do nome “Fractal” para o álbum, pois é uma figura que tende ao infinito, e isso vai ser uma constante na carreira do Kamala, sempre buscar a evolução a cada trabalho lançado. Ricardo Piccoli é o produtor dos dois discos de vocês. Para quem não sabe ele produziu o Krotalus (EUA) e o P.I.M.P (BEL), além de inúmeras bandas nacionais e tributos do Ruuning Wild e Blind Guardian, por exemplo. Como aconteceu esse encontro de vocês e o convite para trabalharem juntos? Raphael: Conheci o Ricardo Piccoli logo quando ele mudou do Rio de Janeiro para Campinas, e começou a frequentar os bares para divulgar seu estúdio. Depois de um tempo, gravamos uma música e fiquei impressionado com o resultado! Após isso, já tinhamos a certeza que o debut do Kamala seria gravado no Piccoli Studio. Logo que lançamos o primeiro álbum oficial, o pessoal também gostou muito da sonoridade e já sabíamos que o segundo também seria gravado com o Piccoli, pois ele entendeu perfeitamente a proposta da banda e nos sentimos muito bem quando estávamos gravando em seu estúdio. O resultado que ele conseguiu no “Fractal” é realmente impressionante, e muitas pessoas não acreditaram que estavam escutando um álbum nacional, devido à produção e sonoridade. Assim como já tínhamos a certeza para o segundo, já sabemos que o terceiro será com o Piccoli novamente! Geralmente o acesso à mídias, a interação com os fãs, costuma ser feito mais em outros segmentos do Rock como o Hardcore e o Punk. Ao contrário de muita banda de Metal, vocês tem essa preocupação de interação, o site é bilíngüe, está sempre atualizado, o twitter em constante atividade, existe uma autodivulgação, estão sempre na mídia, lançaram um single virtual Vocês acham que fogem um pouco desse estigma do Metal sisudo? Acham que também por isso o retorno de mídia é natural, é mais espontâneo?

Nicolas: Sempre digo que a internet é uma mão na roda para divulgação de um modo geral, principalmente quando se diz respeito à cultura. As pessoas deixam de ser apenas receptores e passam a ser comunicadores, disseminadores de informação e críticos. Eu sempre achei importante manter os fãs a par de tudo que a banda tem feito, e as mídias sociais são os melhores canais para isso, pois além de ter essa função disseminadora serve como um termômetro, onde conseguimos ver como está repercutindo tudo o que fazemos e conseguimos filtrar muitas coisas boas. Além disso, essas ferramentas nos permitem manter contatos com empresas e com a mídia de um modo geral, o que seria muito mais difícil sem elas. Falando em coletânea, vocês também fizeram parte da primeira coletânea aqui da HORNSUP. Como foi a repercussão? Nicolas: A repercussão foi muito positiva! Por ser uma coletânea virtual ela alcança muito mais facilmente o objetivo, que é divulgar as bandas que participaram. Chegam com mais facilidade a mídia especializada e por isso tive a oportunidade de ler vários reviews sobre a iniciativa. Todo material foi muito elogiado e recebeu atenção muito especial. Foi muito bom para nós participar desse projeto e acredito que idéias como esta devem ser ampliadas. Inclusive gostaria de parabenizar a revista pelo excelente trabalho na divulgação! Vocês foram a primeira banda anunciada pro Roça n´Roll deste ano. Para quem não sabe é festival grandioso que acontece numa fazenda em Varginha/MG, uma espécie de primo mais humilde do Wacken europeu. Como foi essa experiência? Raphael: Foi uma experiência fantástica e gelada (rs). O festival vem crescendo a cada ano que passa e se tornando uma rota cada vez mais importante para o Metal nacional. O público presente, foi simplesmente insano! No novo clipe “Stand On My Manger” (feito com várias imagens da banda ao vivo) existem várias imagens desse show. No clipe, o pessoal que nunca teve a oportunidade de ver um show da banda, vai poder ter um aperitivo de como é um show do Kamala e o poder do público presente no Roça n´Roll. Vocês já fizeram alguma turnê internacional? Quais os planos para o futuro? Raphael: Não, ainda não fizemos nossa primeira turnê internacional, mas sem dúvida isso está em nossos planos. Para o “Fractal”, vamos lançar 3 clipes no total, “Consequences”, “Stand On My Manger” e mais um a ser gravado no final do ano, novamente pela produtora Studio Kaiowas que vem desenvolvendo um trabalho espetacular, e continuar marcar mais datas para shows do “Fractal” em todo Brasil. E paralelamente estamos trabalhando o terceiro álbum, no momento, já temos 29 idéias, e pretendemos entrar em estúdio novamente, para a gravação do terceiro álbum no segundo semestre de 2011, até lá novas ideias vão surgir e daí no processo de pré-produção vemos o que entra e o que sai para esse terceiro álbum. O plano é lançar esse terceiro álbum no final de 2011 ou inicio de 2012. Aí sim, para esse terceiro lançamento oficial vai tentar realizar uma turnê de divulgação fora do país. Andréa Ariani www.myspace.com/kmlthrash

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Foto: Denis Alves

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Nascimento da brutalidade Praticando um estilo relativamente incomum às bandas brasileiras, a banda Forceps mostra que o Rio de Janeiro ainda respira forte o Heavy Metal. Com uma agenda cheia de eventos, conseguimos um espaço para conversarmos com a banda e expor o belo trabalho que vem fazendo nos shows e em estúdio, já que está em processo de finalização de um vindouro EP.

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Deathcore tem se espalhado com velocidade pelo mundo afora, mais precisamente na América do Norte. Aqui no Brasil, infelizmente a coisa anda um pouco mais lenta. O que levou vocês a praticarem esse estilo tão escasso no país? Nós simplesmente não paramos mais para pensar nisso. As poucas vezes que nós discutimos o estilo das músicas que estamos fazendo, não chegamos a nenhuma resposta comum. Acabamos deixando toda essa discussão de lado, apenas fazemos as músicas da forma que nos agrada, que nos faça querer tocar e que nos deixe motivados e completos. Definir o nosso estilo é algo difícil de se fazer, já fomos classificados como Brutal Death, Deathcore, Deathgrind, Technical Death e por aí vai, uma infinidade de rótulos que na minha opinião variam pouco na realidade, mudam mesmo na concepção de quem está lendo ou ouvindo e no ponto de vista de cada um. Nós somos muito abertos com

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relação a isso, não temos preconceito com ninguém, da mesma forma que participaremos esse ano de uma Coletânea chamada “Zombiegeddon” com o foco somente em bandas de Brutal Death e Grind, nós também já participamos de vários festivais e shows com bandas de Deathcore, o cara que curte agente vai ser nosso fã e terá o nosso respeito independente do estilo que ele siga.

qualquer um de nós pensava em conquistar apenas com a demo. Esse novo material vem pra sacramentar essa fase da banda, com re-gravações e músicas inéditas que vão mostrar pra galera que nos acompanha o que esta por vir. As gravações foram excelentes e fluíram muito bem. Nossas raízes musicais estão estampadas nesse EP, mais a nossa verdadeira identidade musical ainda esta por vir.

A demo lançada em 2009 chamada “Corporeality”, funcionou como um cartão de visitas pela qualidade das composições. Agora que vocês estão lançando um novo EP, conte-nos um pouco sobre essa experiência e como foram as gravações. Realmente a demo “Corporeality” teve uma aceitação muito boa e em muitos aspectos superou nossas expectativas. Tivemos respostas do público que não esperávamos, principalmente em relação a qualidade das composições, conquistamos mais do que

Após o lançamento desse material, quais são os planos da banda? Nós já estamos em fase de composição do full-lenght, sete faixas já estão prontas e pretendemos lançar o nosso primeiro CD com nove faixas inéditas e produção profissional. Mas até o material pronto ainda falta muito, estamos avaliando e pesquisando bem as opções em relação a estúdios e gravadoras para lançamento desse material que ainda não tem data prevista. Estamos batalhando muito para conseguir fazer um CD único e com


qualidade, mas infelizmente a nossa realidade no Brasil ainda é difícil, vamos batalhar para conseguir isso e com certeza o debut será um sonho realizado para todos nós. O Rio de Janeiro vem sofrendo com a diminuição dos grandes shows na cidade e de certa forma da participação mais ativas do público. O que você acha que anda acontecendo com a cidade e o que pode ser feito para reverter essa situação? Eu acredito que o Metal se tornou desvalorizado durante muito tempo, os eventos foram diminuindo gradativamente conforme ninguém ganhava dinheiro com isso. Infelizmente a realidade é essa, se não der grana pra quem tá ralando pra produzir, ou se pelo menos não tiver um mínimo retorno, o negócio não anda. Mas aí vem a questão da organização. Era falta de público ou falta de eventos bem produzidos? Não vou entrar nesse mérito, até por que pra mim isso já acabou. Sou muito otimista com relação a cena no Rio de Janeiro, conhecemos praticamente todos os produtores da cidade e estão fazendo ótimos trabalhos, aos poucos os grandes eventos estão voltando, mas destaco principalmente a cena Underground, já tocamos em vários outros estados e cada um tem a sua realidade, mas aqui todo final de semana tem show de Heavy Metal, pra todos os gostos, de Hard Rock a Goregrind, acho que a maturidade da sociedade está trazendo benefícios até para cena Metal e o público está se tornando mais maduro também. Muitas bandas boas, no estilo que vocês praticam, apareceram ultimamente. Quais vocês mais gostam de ouvir e quais realmente influenciam o som do Forceps? Essa sim é uma pergunta complicada (risos). Nós temos gostos variados dentro do Metal, estamos na mesma sintonia quando o assunto é compor mas somos influenciados por vários gêneros distintos, por incrível que

pareça não ouvimos apenas Death Metal (risos). Ouvimos tantas bandas que fica até difícil listar apenas algumas, mas vou destacar Cynic, Tool, Meshuggah, Opeth, Neurosis e Animals as Leaders como influências variadas. De influências que tem mais haver com o nosso som eu destacaria bandas não tão recentes como Necrophagist, Death, Decapitated, Nephast, Nile, Suffocation e mais recentemente The Faceless e Decrepit Birth. Normalmente as bandas têm um mentor, aquele que escreve as músicas ou as letras. Como é o processo de composição de vocês? Quais os conceitos utilizados nas letras? Em relação a composição musical todos participam, o Fernando chega com um riff, o Raphael chega com outro, nos reunimos nos ensaios e as ideias vão surgindo, assim as músicas meio que vão fluindo naturalmente. Já as letras ficam a meu encargo, principalmente por que as linhas de voz que estamos aplicando nas novas composições estão bem diferenciadas e fica muito difícil encaixar algo dentro de uma métrica certa, daí eu mesmo fazendo já facilita, um pouco, mas facilita. Mesmo assim todos participam também principalmente com idéias em relação ao tema. Nós temos uma temática bem específica, em resumo fazemos uma crítica do passado por um ótica futurista e pós-apocalíptica. Não vamos revelar tudo aqui Mas no full-lenght que estamos compondo terão detalhes em profundidade de toda essa história. O nome da banda é interessante por ser uma palavra que funciona bem em inglês e português. De quem foi a idéia? Essa é uma ótima pergunta, por que lá no início do que seria o Forceps, estávamos reunidos eu, Hugo e Fernando planejando fazer uma banda porradera e foda-se (risos). Essa era a nossa única referência, naturalmente tínhamos gostos, idéias e influências diferentes de hoje em dia, mas quando

fomos decidir o nome pensamos exatamente isso, queríamos um nome que soasse pesado e passasse essa idéia de agressividade, mas principalmente um que funcionasse tanto em inglês quanto português, após muitos nomes ridículos e assombrosos que apareceram, o Hugo (batera) surgiu com Forceps e caiu como uma luva, ou diria, pedra (risos). A arte da capa é bem característica pelo som que praticam. Quem é o responsável pelo belo logotipo e a imagem da capa? Tanto o logotipo quanto a arte estão a cargo do nosso baixista Raphael Gabrio, que trabalha profissionalmente como designer. Recentemente fez alguns trabalhos para bandas como Dying Fetus, Prostitute Disfigurement e Soreption, além de várias bandas nacionais. Vocês tem tocado bastante nos últimos meses em vários eventos. Como anda a divulgação do trabalho e a agenda de shows até o fim do ano? Esses últimos meses foram muito bons para nós, tocamos em vários lugares, conhecemos pessoas fantásticas, os shows foram ótimos e a resposta do público, principalmente com as músicas novas, foi o melhor possível. A nossa essência e a nossa principal motivação pra continuar batalhando está nos shows que fazemos, e acho até que tudo o que conseguimos até agora é boa parte resultado dos shows que fizemos, mas agente já tocou bastante, e nenhuma banda sobrevive só de shows, estamos entrando numa fase importante de novos lançamentos e composições, nosso foco até o final do ano vai ser o lançamento do CD e vamos batalhar para isso acontecer. Infelizmente a frequência dos shows vai diminuir bastante até o final desse processo, mas em compensação quando estivermos com o CD em mãos, vai ser difícil de achar agente em casa! Pedro Humangous www.myspace.com/forcepsdeath

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Sussuros do planalto central Criada em 2002 na cidade de Brasília, a banda Coral de Espíritos foi formada em 2002 pelos irmãos Diego Moscardini, guitarrista e vocalista, e Daniel Moscardini, baterista. Juntos, solidificaram a base da banda e seguiram firmes em frente, culminando no debut “Whisper Of Dead Light”, lançado esse ano de forma independente. Os irmãos Moscardini conversaram com a HORNSUP e nos contam um pouco sobre a banda e os planejamentos para um futuro próximo.

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ormalmente, bandas que tem o nome em português, cantam na mesma língua. Qual o motivo da escolha do nome da banda em português se as letras são todas em inglês? Ao almejarem vôos mais altos, como o mercado internacional por exemplo, não temem pela dificuldade na pronúncia do nome da banda? Diego Moscardini: Essa é uma pergunta muito recorrente. No início a gente queria um nome que fosse diferente, em outra língua mesmo, pensamos em algo em latim. Todo nome em inglês parecia soar manjado, foi aí que decidimos por Coral de Espíritos, fechava legal com a proposta da banda. É mais ou menos o que acontece com outras bandas brasileiras como Seputura e Angra, que hoje não encontram problemas pelo nome em português. Você é um grande desenhista e foi o responsável pela bela arte que ilustra a capa. Existe alguma conexão entre o conceito da imagem com o nome do álbum e a temática contida nas letras? Diego Moscardini: Obrigado (risos)! Tenho feito ilustrações para bandas de um tempo pra cá, desenho desde pequeno e acabei juntando as duas coisas. A capa mostra espíritos sussurrando ao ouvido de uma mulher, que aparentemente é tomada por algo negativo. As composições são histórias que contam a loucura das pessoas, a fraqueza e o domínio exercido por influências negativas, entre outros temas, é claro. As semelhanças na sonoridade entre o Coral de Espíritos e a banda Death são inegáveis. Vocês se inspiraram na banda na hora de compor ou foi algo totalmente sem querer? Quais as outras influências da banda? Daniel Moscardini: Com certeza a inspiração vem de todas as nossas influências, e Death certamente é uma delas. Na hora de compor não pensamos nessa ou naquela banda, mas acaba que a sonoridade vem daí. Outras bandas que gostamos muito são Slayer, Behemoth, Blotted Science, Dream Theater e muitas outras que dariam várias linhas escritas. “Whispers Of Dead Light” foi lançado de forma independente. Como está sendo o trabalho de divulgação desse debut ? Existe alguma negociação para o lançamento desse álbum através de uma gravadora? Daniel Moscardini: Estamos começando a divulgação agora, a pouco pegamos o CD em mãos. Estamos enviando material para resenhas e conversando com vários selos para a divulgação.

Como foi o processo de gravação? Contenos um pouco sobre o trabalho feito no BroadBand Studio e a participação de Caio Duarte como produtor. Diego Moscardini: O processo de gravação foi bem tranquilo. O Caio é um cara tranquilo. Em estúdio a gente trocava muita idéia sobre arranjos e definíamos vários detalhes. O Caio tem experiência em gravar bandas de Metal, foi uma parceria que deu muito certo. A cidade de Brasília tem revelado ótimas bandas nos últimos anos, desde os primórdios com o Abhorrent e atualmente com o Zilla, Mortaes, Device, Mork, Dynahead, Violator, entre outros. Como é a cena do underground na cidade e a agenda de shows do Coral de Espíritos fora dela? Diego Moscardini: Realmente, ultimamente surgiram muitas bandas em Brasília e com muita qualidade, o que faltava um pouco antes. Falta um pouco o pessoal resolver ir aos shows, sair de casa pra acompanhar as bandas. Fizemos shows muito bons ultimamente, entre eles destaco o Marreco’s Fest, onde tocamos junto ao Tim Ripper Owens, Almah e Mork, dentre outras bandas muito boas. Um detalhe legal foi que nesse festival o Daniel recebeu o prêmio de melhor baterista em 2010! Várias bandas têm parentes na formação. No caso de vocês, possuem dois irmãos. Temos casos conhecidos de desentendimentos entre eles e que acabam com a saída de alguém. Como é a convivência de vocês dentro da banda? Já tiveram algum problema pessoal por conta disso? Diego Moscardini: A gente briga desde pequeno, quase todo dia (risos). Com a banda não é diferente. Estamos sempre discutindo sobre os detalhes das músicas. Mas no fim a gente se entende e dá tudo certo. Acho qua a banda já acabou umas 30 vezes e voltou no fim do ensaio (risos). Com um belo trabalho em mãos, muita técnica e disposição, quais os planos da banda daqui pra frente? Daniel Moscardini: Daqui pra frente é divulgar nosso disco em grandes festivais, em Brasília e no Brasil todo. Apresentar nosso trabalho à mídia especializada e ver o que sai disso. Trabalhamos bastante nesse CD de estréia, vamos ver qual será a repercussão, até o momento é muito positiva. Estamos apenas começando. Pedro Humangous

[9] Coral de Espíritos Whisper Of Dead Light Independente

O nome curioso da banda em português já chama a atenção logo de cara, e quando descobri que se tratava de uma banda da minha cidade, fui conferir a bolacha imediatamente. Criada em Brasília pelos irmãos Diego (vocais e guitarra) e Daniel Moscardini (bateria), a banda vem crescendo exponencialmente através de seu Death Metal técnico, agressivo e de certa forma cativante. Logo nos primeiros acordes, nota-se uma semelhança com a banda de Chuck Schuldiner (Death), mas nada que seja uma mera cópia. O Coral de Espíritos vai muito além disso, mostrando personalidade e criatividade na composição das sete faixas que ilustram esse debut. O lineup é completo com a presença de Eduardo Stefano no baixo e Victor Hormidas na guitarra. Logo na primeira faixa “Reborn Through The Sorrow” já podemos ter noção da pancadaria que está por vir. Daniel desce o braço sem dó nas peles de sua bateria e mostra toda sua criatividade e técnica apurada. Os vocais de Diego não ficam para trás e mantêm o ótimo padrão de qualidade, bastante agressivo e agoniante, mas muito agradável de ouvir. Influências de música erudita e toques progressivos podem ser notados ao longo de todo álbum, sendo essa a marca registrada da banda. A segunda faixa do disco “Tales Of The Endless Sea” e suas guitarras dobradas fazem a alegria dos fãs e se mostra forte candidata a melhor dentre as demais. Além das já mencionadas anteriormente, destaque para as faixas “Dirty And Human” e a instrumental “Leaf In The Wind Of Fall”. A arte da capa criada por Diego Moscardini surpreende bela beleza e qualidade no resultado final. O Coral de Espíritos mostra que tem muito potencial e deve figurar entre os grandes do estilo em breve. Parece que cada vez mais o Metal extremo tem ganhado espaço na mídia especializada e na coleção dos headbangers. “Whispers Of Dead Light” já ocupa posição de destaque na minha. Não hesite, confira e compre! Pedro Humangous

www.myspace.com/coraldeespiritos

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A guerra do underground nunca acabará Representando com o sangue e o suor a cena carioca, os rapazes do Silêncio do Caos possuem uma interessante proposta: realizar um Thrash Metal sem frescuras, atingir o maior número de ouvintes através de suas letras obscuras e, por fim, levar uma música pesada ao sedentos por moshpit. O vocalista João Valentim e o baterista Gabriel Souza trocaram uma ideia com a HORNSUP sobre isso e outros assuntos.

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omo se deu o processo de formação do grupo e quais são os seus ideais com o mesmo? João Valentim: O Silêncio do Caos surgiu da nossa paixão pelo Metal e pela música, que é a válvula de escape onde podemos nos diferenciar do restante do mundo e nos expressar como um todo tanto pessoalmente como artisticamente. Nossa meta é a evolução constante como músicos e pessoas. Com a banda e inseridos no underground nós reforçamos valores como respeito e perseverança. Tendo sempre como meta a evolução. Gabriel Souza: Todos na banda procuram se divertir, seja tocando, nas viagens, ensaiando e compondo. A ideia surgiu meio que do nada. O Dino, Diego e eu queríamos voltar a tocar juntos e então decidimos montar uma nova banda. Chamamos o João pros vocais, que atendeu as expectativas e por último entrou o Willian como outro guitarrista.

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Qual o objetivo nas letras das composições contidas no EP de estreia “Thrown Into The Silence”? João Valentim: As nossas letras abordam temas bem variados, mas tudo a partir de um ponto de vista obscuro. Especificando as composições desse EP: “Comes Fire Now” fala sobre pontos chave de nossas vidas aos quais não podemos mudar nem para melhor nem para pior e com isso a única coisa a fazer é esperar a morte. “Tumor” é sobre o estado decadente da saúde no terceiro mundo, onde só nos restam incubadoras de doenças. “Bloody Awakening” é sobre uma pessoa que um dia despertou sobre uma poça de sangue sem saber muito sobre si, mas percebeu que só agora pôde enxergar o mundo real. “Nocturnal Hunter” é apenas uma letra sobre horror e serial killers e “Silêncio do Caos” é uma porrada na cara daqueles que acham que a cena não é levada a sério, é um grito do ideal underground. Gabriel Souza: Sempre quem escreve as letras é

o João, mas ele sempre chega e explica o conceito, daí partimos para o resto da composição. Sempre começa com um riff de guitarra, nisso João já coloca a letra em cima, fazemos a estrutura e começamos a ensaiar. Através do som que praticam, uma mescla de Thrash Metal com outros gêneros, o que podemos esperar da Silêncio do Caos como forma de diferenciação das atuais bandas existentes no cenário do Metal? João Valentim: Nós funcionamos como um todo, então você verá características marcantes não só nas composições, mas também em nossos shows onde damos o máximo e saímos moídos de cada um. A nossa preocupação na diferenciação não é só no som, mas também em presença, atitude e pegada. Se você procura uma banda pelo visual então o Silêncio do Caos não é a certa, nossa diferenciação não está aí, está na presença. Damos todo o foco à música e aos shows em si.


[8] Silêncio do Caos Thrown Into The Silence Independente

Gabriel Souza: O foco das composições é buscar sempre inovação, cada um tem uma influência diferente, então chegamos com o que gostamos e misturamos e dá o Silêncio do Caos. Dentre as cinco faixas do EP, apenas uma é cantada em português. Vocês possuem uma noção do caminho que pretendem trilhar futuramente? Será no idioma inglês ou na nossa língua materna? João Valentim: Nossa base é o inglês mesmo, porém, em todos os nossos lançamentos terá pelo menos uma música cantada em português, não abandonaremos nossa língua mãe. Particularmente eu acho o português uma boa língua para o Metal, mas tratando em passar a mensagem a todos o inglês se sobressai. Gabriel Souza: Não temos problema com composição de letra, mas desde o começo o objetivo era fazer letras em inglês e buscar um cenário mais amplo. O trabalho foi inteiramente produzido pela banda no estúdio Pombo Produções. Quais foram as maiores dificuldades neste processo e quais fatores possibilitaram a banda amadurecer e crescer profissionalmente? João Valentim: Foram muitas as dificuldades pela curta verba e pela pouca experiência, gravávamos uma hora uma vez por semana apenas, o que acabou se tornando um processo longo e cansativo. Isso quando dava também, por motivos maiores chegamos a ficar até duas semanas sem gravar nada. Mas tudo é aprendizado, nada é em vão. Garanto que o próximo trabalho terá composições mais maduras e intrincadas e uma produção muito melhor acabada.

Gabriel Souza: A gravação foi um período desgastante como João falou, mas demos nosso máximo e ficamos satisfeitos pelo primeiro trabalho e, é claro, já pensando no próximo com muito mais peso e amadurecimento. Nos conte as maiores dificuldades que vocês possuem para divulgação do trabalho que realizam e quais as estratégias que possuem para perpassar estas barreiras? João Valentim: São mais dificuldades do que glórias. A cena no Brasil ainda não apóia bandas com uma sonoridade mais moderna, há muito mais apoio de mídia e gravadoras ao old school, todo mundo torce o nariz para o novo. Tiramos tudo do bolso para viajar e tocar para um público diferente e ainda assim tem gente que acha que é moleza e simples. Eles acham que é fácil arrumar show com boa estrutura e é só pegar a estrada e conquistar tudo e todos, mas só quem anda com a gente é que vê os perrengues que passamos a cada viagem. Infelizmente, o underground não tem retorno nenhum, vemos várias bandas ótimas acabarem por total falta de apoio e nós sobrevivemos de moshs (risos). Porém temos apenas dois anos de banda, e temos consciência do que é o Metal underground nacional. Não estamos nessa achando que vamos ficar ricos e famosos, estamos nessa para levar isso como aprendizado para nossas vidas. Faça o que gosta acima de tudo. Gabriel Souza: Hoje em dia é difícil ver bandas nacionais com um reconhecimento favorável ao som que faz. Existe muita “panela” na cena nacional onde fulano só toca com sicrano e vice versa. Falta união de todas as tribos sem

Vindos do Rio de Janeiro e com pouco mais de dois anos de existência, os rapazes do Silêncio do Caos começam a dar passos maiores no mundo do Metal. Não é tão simples definir o som que fazem, pois passeiam por algumas vertentes, desde o Thrash Metal até o Death Metal. Este material, que vocês podem conferir no Myspace do grupo, na íntegra, é apenas o início de uma longa jornada. O EP, intitulado “Thrown Into The Silence”, contém cinco faixas. As composições possuem como grande sacada belos solos de guitarra, vide a faixa “Comes Fire Now”. Contudo, um ponto que me deixou triste é a qualidade da gravação. A bateria possui uma pegada excelente, assim como os instrumentos de corda, porém, em alguns momentos, você fica imaginando como ficaria o som dos caras se houvesse uma grande produção. “Tumor” começa destruidora, com uma pegada animal na bateria, tendo como responsável o Gabriel, que é um dos destaques do conjunto. O vocalista João administra muito bem seus gritos que, por incrível que pareça, soa antigo e atual ao mesmo tempo, podendo encaixar seu timbre em várias épocas do Metal. Os guitarristas William e Dino sabem criar riffs e solos também, cada faixa possui momentos altos nas seis cordas e isso é um grande ponto positivo. “Bloody Awakening” apresenta interessantes passagens do baixista Diego, ficando como sugestão mostrar outros desdobramentos nas quatro cordas em composições futuras. “Nocturnal Hunter” é um murro na cara. Sombria, direta, irá fazer a festa dos ouvintes. Por fim, a quinta faixa, que leva o nome da banda, é uma música que me chamou a atenção por ser a única cantada em português. Sempre fico contente quando vejo grupos honrando o Brasil. Pena que isso não é uma constante. Nossa nação, infelizmente, ainda é carente no Metal comparada a outros países como Estados Unidos ou Alemanha, o que justifica muitas bandas brazucas desejarem produzir com letras em inglês mesmo. Ainda assim podemos ficar esperançosos, pois temos mais um bom nome na cena do Metal. Igor Lemos

preconceito, para a cena do Brasil se tornar tão grande como as bandas que tem. Quais são as projeções que a banda possui para o ano de 2010 e 2011? João Valentim: Bom, 2010 é só tocar e tocar. Esperamos aí com o espaço concedido pela revista maior divulgação de nossa música e que surjam oportunidades de tocar fora do Estado. 2011 estamos preparando mais um lançamento para o segundo semestre, se não rolar acho que ele fica para o início de 2012. Gabriel Souza: Nosso foco em 2010 é divulgar o EP “Thrown Into The Silence” para o máximo de pessoas possível, e tocar... Já em 2011 é isso que o João falou, temos um projeto para começar a gravação de um novo EP ou até mesmo um full-length. Igor Lemos www.myspace.com/silenciodocaos

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Metal Ópera sem limites Pela primeira vez no Brasil, mais precisamente no ano de 2008, surge uma Metal Ópera totalmente brasileira, contando com vários dos melhores músicos do país e criando um trabalho incrível, tanto na parte lírica quanto musical. O mentor desse projeto, Heleno Vale, conversou com a HORNSUP e nos conta sobre o segundo capítulo do Soulspell, com o lançamento de “The Labyrinth Of Truths”.

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Souspell é o primeiro projeto no estilo Metal Ópera do Brasil. Conte-nos um pouco como foi o processo desde a concepção da idéia até a execução. O que posso dizer sobre o início do projeto é que, desde o primeiro tijolo, o projeto teve a mente focada na grandiosidade dos músicos brasileiros. Nosso país é bastante grande e repleto de músicos e vocalistas talentosos, portanto não foi difícil montar um time com nível técnico mais que suficiente para os discos. Porém, todos sabemos das dificuldades financeiras e de logística para a execução de um trabalho desse porte. Não foi e não está sendo nada fácil.

Houve algum processo seletivo dos músicos que participaram de ambos os álbuns, ou foi uma escolha pessoal sua visando o que cada faixa pedia? No primeiro disco foi uma escolha pessoal minha. Convidei os músicos dos quais sempre fui fã número um. No segundo disco também (risos). Exceto pelo concurso que promovi para escolha de um vocalista. Esse concurso acabou revelando vários talentos e arrumei espaço para quatro deles cantarem no disco. Talentosíssimos sem dúvida e com timbres que faltavam no disco. São eles: Gui Antonioli, Jefferson Albert, Lucas Martins e Raphael Dantas.

Para a primeira parte da história, contaram com as participações de diverso nomes do Metal nacional. Quem participa do segundo álbum desta vez? Essa é simples. Dessa vez temos algumas participações especiais internacionais, como Jon Oliva (Savatage), Zak Stevens (Savatage), Roland Grapow (ex-Helloween/Masterplan), Germán Pascual (ex-Narnia) e ainda nossos queridos e talentosíssimos vocalistas: Edu Falaschi (Angra), Iuri Sanson (Hibria), Daisa Munhoz, Nando Fernandes, Mário Pastore, Leandro Caçoilo, Manuela Saggioro, Alex Voorhees, Carlos Zema, Gui Antonioli, Maurício Del Bianco, Raphael Dantas (vencedor do concurso Cante no Soulspell ACT 2, dentre 100 candidatos), Tito Falaschi, Lucas Martins, Rafael Gubert, Dan Rubin e Jefferson Albert. É um super time, eu garanto. Fez valer a pena cada nota desse disco. Os instrumentistas não ficam atrás: Rodolfo Pagotto, Demian Tiguez, Leandro Erba, Heleno Vale, Marco Lambert, Cleiton Carvalho, Fernando Giovannetti, Wanner Maurício, Gabriel Magioni, Maurício Del Bianco, Caetano Ranieri e Tito Falaschi. Para o terceiro álbum, que será lançado em 2011, já temos as participações especiais confirmadas de: Blaze Bayley (ex-Iron Maiden) e Tim Ripper Owens (ex-Judas Priest).

A história por trás do disco é bastante interessante e intriga o ouvinte. De onde veio a inspiração para as letras e quem as escreveu? As letras foram escritas por mim e toda a história por trás dos álbuns também. Gosto muito de compor, mas dou o mesmo valor para a criação da arte gráfica, história e principalmente letras. Acho que o Soulspell tem que funcionar como um projeto completo, que consiga levar o leitor e ouvinte a entender e desfrutar de todo potencial da trama. Portanto, os shows do Soulspell serão, também, muito bem produzidos. Quero o Soulspell sempre como um projeto fantasioso, que seja uma válvula de escape, um portal para outra dimensão. Mas, claro, se você reparar bem, as letras possuem muitas críticas sociais associadas e muitos conselhos, até mesmo uma filosofia de vida própria. É bastante legal essa ligação sutil da fantasia com a realidade. Pelo menos eu acho (risos).

Para o primeiro disco, foram utilizados apenas músicos brasileiros. Por que resolveu mudar para esse segundo disco trazendo atrações internacionais? Devido a vários fatores. Um deles é o fato de o primeiro disco não ter sido lançado na Europa e EUA, mas sim apenas Japão e Brasil. Achei que, com algumas participações de peso internacional, o projeto poderia conseguir esses contratos. E, tem dado certo. Um outro fator que posso citar é o fato de que eu acho que cantar ao lado de um gigante do Heavy Metal mundial pode mostrar o quanto vale de verdade o talento de um músico brasileiro e colocar no mesmo patamar, de igual pra igual, gringos e brasileiros. Não é óbvio? Essa é a minha opinião. Porém muita gente não tem essa visão. Paciência. É como um jogador do futebol brasileiro que é transferido para o futebol europeu. Onde vocês acham que o trabalho dele vai ser mais visto? No futebol respeitam e dão valor a isso, vamos aprender com eles.

A arte da capa do primeiro álbum foi criada pelo renomado artista J.P. Founier, que também já trabalhou com o Edguy e Avantasia. Quem ficou responsável pela criação da arte de “The Labyrinth Of Truth”? Quem fez a arte da capa do nosso segundo álbum foi o inglês John Avon, o mesmo que criava os cards de Magic, lembra? É um excelente artista. Gosto muito da nova capa, bastante sombria. Hoje em dia, as bandas estão cada vez mais ligadas aos fãs através da internet. O Soulspell sempre manteve um contato bem próximo com seus admiradores. Qual a importância dessas pessoas nas decisões do projeto? Essas pessoas são o projeto. Se não fossem esses fãs mais próximos o projeto sequer existiria. Acho que, aos poucos, as bandas estão começando a perceber que isso é necessário hoje em dia. Os tempos estão diferentes, ou como diria Gandalf: “os céus estão cinzentos, mas ainda há a esperança de um tolo”. Quem não se adequar ao novo mercado está fadado ao fracasso. Os fãs são os donos do projeto hoje em dia e não as gravadoras. E você desrespeitaria seu chefe? O estilo musical do Soulspell sempre foi voltado para o lado mais melódico e épico do Metal.

Existe alguma possibilidade de inserirem outros estilos mais extremos ao projeto futuramente? Sim, claro. Outros estilos estão sendo inseridos constantemente. Nesse segundo disco muita coisa nova já foi inserida em comparação ao primeiro. Ele já possui doses leves de Progressivo, Thrash etc, mas, nada que vá fazer você chamar o projeto de cópia de Dark Tranquility ou Slayer (risos). Continuamos firmes ao nosso público: o Heavy Metal rápido, direto e cheio de vozes. Leandro Caçoilo (Eterna) desempenhou o papel principal em “A Legacy Of Honor”. De quem é o papel principal em “The Labyrinth Of Truth” e quais critérios utilizados para a escolha? O papel principal para o segundo disco foi interpretado por Mário Pastore. O critério é simples: Leandro Caçoilo e Mário Pastore são, tecnicamente, dois dos melhores vocalistas do Brasil e do mundo. E, ambos possuem vozes versáteis e que não enjoam, o que é muito importante para poder fazer o papel principal de forma adequada. Porém, queria deixar claro que quando eu anuncio alguém como principal de alguma coisa, seja instrumento ou voz, eu não estou querendo dizer que está pessoa é melhor ou mais importante que quaisquer outras pessoas envolvidas no projeto. O projeto simplesmente precisa de seus personagens e esses personagens precisam de vozes que se encaixem em suas descrições. Para o projeto ou para mim, todos os envolvidos possuem o mesmíssimo valor. Como funciona a parte de shows do Soulspell? Alguma idéia para uma gravação de um DVD com todo o elenco? Essa é uma pergunta interessantíssima. Sim. Há planos para gravação de um DVD em breve. Vou esperar lançar o terceiro disco. Por enquanto posso adiantar que estou agendando datas para apresentações do projeto já para este final de ano. Será um trabalho grandioso. Não percam. A idealização desse projeto é louvável exatamente por colocar em evidência o nome do Brasil e a qualidade de seus músicos, em especial dentro do Heavy Metal. Qual tem sido o retorno desse projeto e como está sendo a repercussão dessas músicas no Brasil e fora dele? Na verdade, financeiramente não vale a pena. Ainda estou bastante no vermelho com o projeto. Tem que gostar muito para continuar (risos). Porém a satisfação é recompensadora e maravilhosa. A vida vale a pena quando alguém elogia seu trabalho. Dentro do Brasil crescemos cada vez mais e espero que, com os shows, possamos levar algo ainda mais especial para nosso público. Fora do Brasil estamos crescendo bastante no Japão e procurando nosso espaço na Europa e EUA. 70% dos nossos 50 mil acessos de Myspace são dos EUA. Acho que com mais um pouco de trabalho sério muita coisa boa pode aparecer para o Soulspell. Pedro Humangous www.myspace.com/soulspellmetalopera

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Iron Maiden The Final Frontier EMI

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Ultimamente falar de Iron Maiden anda complicado. Os fãs estão agora bem divididos entre os que gostam somente dos clássicos (do “Fear of the Dark” pra trás) e os que vibram com a banda após tantos álbuns ainda tentar fazer algo novo. Foi assim com o disco anterior (“A Matter of Life and Death”) e está sendo agora com o décimo quinto álbum, “The Final Frontier”. E já vou adiantar que estou nessa segunda facção de fãs. Depois de tantos álbuns, de tantos clássicos, o Iron Maiden é uma banda que poderia encostar e não procurar mais inovar, seguir os velhos clichês e agradar os fãs como sempre fizeram. Mas desde o álbum passado, a banda procura seguir uma dinâmica diferente, com novas ambientações e arranjos não muito comuns. É o exemplo da abertura do álbum, “Satellite 15...The Final Frontier”, que mostra uma atmosfera densa e temática sobre um álbum que falará sobre viagens especiais. Esta inclusive é a acertadamente a primeira música de trabalho, já possuindo inclusive um vídeo clipe. A música é dividida entre uma intro ,“Satellite 15”, muito interessante e quase progressiva, e “The Final Frontier” com um refrão clássico, que gruda na orelha. “El Dorado” vem na sequência, e muita gente pensou que essa era a música de trabalho, pois vazou primeiro pela Internet. Confesso que torci o nariz a primeira vez que ouvi, mas foi com ela que percebi mais uma mudança na banda: a escolha mais preocupada de timbres dos instrumentos. Neste álbum é possível escutar diferentes timbres de guitarra, como poucas vezes se sentiu no Iron Maiden, além das três guitarras estarem sendo efetivamente utilizadas. Influências de Adrian Smith? Tomara. “Mother of Mercy”, “Coming Home” e “The Alchemist” seguem em uma trinca excelente e empolgante, com diversos elementos de diferentes fases da banda. A letra de “Coming Home” é um destaque à parte, e confesso também que “The Alchemist” me conquistou de imediato, com duetos empolgantes de guitarra em uma música rápida que se tornou minha preferida do álbum. “Isle of Avalon” é uma música mais parada e relativamente grande (mais de oito minutos), que tem seus bons momentos, mas cansa em determinadas partes. Começa aqui o pecado do álbum, as músicas passam a ser muito grandes, todas tem em média 8 minutos ou mais, com aquela máxima que o Iron Maiden anda repetindo muito: intros lentas e longas. “Starblind” é tem um ar “épico” e solos de guitarra interessantes, o que garante uma boa viagem para quem escuta. Não é exatamente o caso de “The Talisman” que vem na sequência. Apesar de partes muito interessantes na música, as mesmas se repetem muitas vezes, cansando o ouvinte. O mesmo se passa com “The Man Who Would Be King” (o ponto baixo do álbum), e fechando com a bela “When the Wild Wind Blows”, a maior do álbum, com onze minutos, mas aqui a música tem um ar de “hino”, que pode se tornar um dos clássicos da banda. No final, é um ótimo álbum desta lenda do Heavy Metal, que se recusa a jogar a toalha e procura ainda agradar os velhos e os novos fãs com novas músicas. Porém, não deve agradar os fãs que preferem os clássicos, pois o álbum não é de “riffs” fortes de guitarra, que tanto marcaram a banda, mas de canções e melodias, às vezes não comuns à banda. Eu gostei – e bastante. Mas tem que abrir a mente para ouvir. Luigi “Lula” Paolo


[8] Helmet Seeing Eye Dog Work Song

Um dos segredos da longevidade e o respeito de uma banda é sem dúvida sua postura, coerência com o som que se propõe a fazer e representa, e mais, sua capacidade de mesmo sendo fiel às suas convicções e seu estilo, manter-se jovem. Sem dúvida, “Seeing Eye Dog” trás de volta toda aquela energia dos anos 90, do início do Helmet e faz lembrar os bons tempos de “In the Meantime” e “Unsung”. A diferença de estar numa outra década é poder usufruir e todas as possibilidades da tecnologia e documentar cada passo, cada acorde, cada som, como fizeram num mini doc das gravações e ter a mão toda a tranquilidade de poder fazer um disco livre, descontraído, ou como disse o vocal Page Hamilton no release do myspace da banda: “um álbum humano e honesto”. Lançado no dia 7 de Setembro, este é o sétimo álbum da carreira e a máxima de fazer um disco livre foi levado muito à risca pois, além da sonoridade, foi lançado pelo selo próprio da banda, o Work Song Label. O álbum foi produzido pelo próprio Hamilton em parceria com Toshi Kasai (do Melvins) e produção de vocais de Mark Renk. A faixa título abre o disco e é de fato espetacular, rockaço de primeira. Ela foi inspirada em um poema de mesmo título do poeta Ezra Pound. Segundo Hamilton, foi esse texto que deu direção para o restante das letras do disco - todas dele, inclusive. A combinação de comédia hilariante e repulsa está bem descrita nas faixas “Welcome to Algiers” e “In Person.” Os Beatles, mesmo sem ser uma influência explícita fizeram indiretamente parte dessa atmosfera. Uma balada, “White City” coisa rara na discografia nasceu dessa “interferência”. Outras que parecem surgir deste contato são “LA Water” e “And Your Bird Can Sing”. Um certo virtuosismo também está presente em “Morphing”. Além das dez faixas, o disco conta com um bônus: um som ao vivo retirado de um show em San Francisco (EUA) durante a Warped Tour de 2006. Corre lá para descobrir qual é. Além do formato convencional saiu em cinco versões diferentes, incluindo uma caixa incluindo CD e LP Duplo com quatro álbuns ao vivo compilados numa pen drive e outro em CD duplo com um código para acesso a conteúdo exclusivo digital. É, sinal dos tempos. Vários formatos mas com que Helmet mais Helmet que nunca. Andréa Ariani

direto. Alia velocidade, técnica e agressividade de maneira consistente. Os riffs tem uma boa variedade indo dos mais intrincados e rápidos até os diabólicos e cadenciados. O baterista transpira segurança e precisão. O elo mais fraco é o vocalista Joss Fredette, que apesar de ter uns bons urros, não acompanha a complexidade e variações ditadas pelo instrumental. Sua prestação é uniforme do começo ao fim do álbum, o que causa algum cansaço. “Too Many Humans” impressiona à primeira audição, mas logo percebe-se que as composições, mesmo que potentes, carecem de elementos mais distintos e memoráveis. Concluindo, dentro dessa sonoridade, há outras bandas com mais personalidade, porém isso não desabona esse trabalho do The Last Felony. Tem todos elementos para no futuro apresentar algo realmente surpreendente. Matheus Moura

[5] The Autumn Offering The Autumn Offering Victory

Apesar de ter sido formada em 1999, apenas em 2005 a banda de Metal (e suas várias vertentes: “Core”, “Death”, “Melódico”) The Autumn Offering iria vingar, através do seu debut pela gravadora Victory. Em 2006, o álbum de estreia, “Revelations of the Unsung”, foi relançado pelo mesmo selo. Este foi o meu primeiro contato com o grupo. Naquele momento, eu ainda estava impressionado com a cena do Metalcore e acabei por torná-los uma das minhas bandas favoritas no gênero. Daí em diante mais quatro álbuns foram criados: “Embrace the Gutter”, “Fear Will Cast No Shadow”, “Requiem” e, o mais recente, “The Autumn Offering”. Em poucas palavras, apenas o primeiro sopro de existência me chamou atenção. Praticamente, ano após ano, tento recuperar a empolgação que tive em 2006, mas isso não ocorre. Os full-lengths vêm sendo bem produzidos? Sim. O grupo evoluiu? Sim. Porém, se perderam em uma fórmula chata em mais um trabalho que só mostra a cara do Metal atual: saturado. Não há uma faixa que possa ser colocada em oposição ao antecessor, que saiu ano passado – é tudo semelhante. A impressão que dá é que querem fechar o contrato e, para isso, é necessário lançar o número de álbuns que a gravadora determinou. Desta vez, desisto de buscar algo interessante e novo na The Autumn Offering. É um grupo de Metalcore com roupa de outros gêneros do Metal. Obsoleto e falso. Igor Lemos

[6] The Last Felony Too Many Humans Lifeforce

Bruto, veloz e consistente. “Too Many Humans” é dotado de todos esses adjetivos. O primeiro álbum desses canadenses apresenta um imenso poderio, entretanto deixa a desejar no que toca a criatividade. Desempenham um Death Metal moderno super bem executado, carregando, por breves momentos, traços de Deathcore nos escassos breakdowns. O registro é violento,

[6] Loathe Despondent by Design Independente

A banda Loathe vem de Malta, e faz um Thrash Metal competente em seu álbum de estreia “Despondent by Design”. Os problemas no álbum são os vocais de David Fenech que faz um estilo de gutural mais agudo, que por vezes cansa rápido e deixa tudo meio repetitivo, e as composições que não chegam a empolgar. Veja, não estou dizendo que são ruins. O álbum

[9] Soilwork The Panic Broadcast Nuclear Blast

Soilwork, um dos grandes representantes do chamado Death Metal de Gotemburgo, chega ao seu oitavo full lenght cheios de inspiração. Aproveitando a volta do antigo guitarrista Peter Wichers, que havia saído da banda em 2005, a banda faz o melhor disco de sua história recente, provando que ainda tem muito a acrescentar para a cena metálica. Uma saraivada Thrash Metal abre o álbum. “Late For The Kill, Early For The Slaughter” é perfeita pra arrebentar ao vivo. A música é rápida e vibrante, não perde o pique. Nela já detectamos que, diferentemente do antecessor “Sworn to a Great Divide”, aqui há mais espaços para solos, uma característica que Witchers trouxe pra banda. Mas é na segunda faixa, “Two Lives Worth Of Reckoning”, que sacamos qual tom de “The Panic Broadcast”: excelentes vocais limpos intercalados com o agressiva voz de Speed. Principalmente nos refrões, Björn “Speed” Strid mostra técnica invejável, melodias de bom gosto e talento admirável. O trampo de guitarras acompanha a evolução da linha vocal, criando atmosferas simples mas grandiosas. Ouça “The Thrill” e “The Akuma Afterglow” e entenda. “Deliverance Is Mine” começa com uma pegada típica dos conterrâneos The Haunted, provando que o Thrash Metal substitui por completo o outrora Death Metal melódico praticado pela banda em suas origens. “Night Comes Clean” é um Prog Metal com abundância de pedal duplo. Grande trabalho de bateria de Dirk Verbeuren! É difícil escolher a melhor música do álbum, pois ele todo mantém alto um nível de excelência, mas “Epitome” está entre as mais legais pois é destaque mesmo sem ter velocidade e agressividade. “The Panic Broadcast” foi um álbum que eu protelei para fazer a resenha, porque percebia que, a cada nova ouvida, era novamente maravilhado e surpreendido com a simplicidade, técnica e o bom gosto da banda sueca. Não há aqui música ruim, ou que não mereça ser citada. Dê oportunidade ao álbum e escolha suas favoritas. Já está na minha lista dos melhores do ano. André Pires

está bem produzido, mas está mal arranjado. Por diversas vezes eu tive a impressão de já ter escutado uma determinada faixa alguns minutos antes. Os riffs não são muito inspirados, e muitas vezes as músicas são baseadas na velocidade e no peso somente, apesar de bons momentos como em “As Cold As They Come”, pra mim a melhor do álbum. Apesar da versatilidade do vocal alternado entre seus guturais, acho que este é efetivamente o ponto fraco. O instrumental apesar de não muito criativo é competente, e mostra toda aquela vontade típica de álbuns de estreia. Tudo muito bem executado, bons timbres de guitarra, algumas boas variações nos temas como em “Black Light” e uma cozinha coesa. Faltou a “cereja do bolo”. Destaques também para “Children of a Lesser God” e “This Overwhelming Frasp of Solitude”. É um bom álbum de estréia, mas acredito que os próximos trabalhos do Loathe serão bem melhores. É bem promissor. Luigi “Lula” Paolo

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resenhas [9] Wretched Beyond The Gate Victory

Menos de um ano e meio. Esse foi o tempo que a banda Wretched teve para lançar o seu segundo álbum. Quem ouviu “The Exodus Of Autonomy”, no ano passado, sabe que estamos falando de um nome em potencial no campo do Death Metal. Se você gostou do que fizeram antes, então é indiscutível o quanto ficarás impressionado com o “Beyond The Gate”. É fundamental comentar acerca deste novo material, faixa por faixa. “Birthing Sloth” é de uma brutalidade só. O vocalista Billy Powers mostra sua evolução, com gritos muito bem colocados. Porém, os trabalhos de guitarra são memoráveis, as cordas ficam em primeiro plano. “The Deed Of Elturiel” é ainda melhor, desta vez com o baterista Marshall Wieczorek matando a pau. Duas faixas. Quem ouvir até este momento vai pensar que o trabalho é interessante, mas que não é tão inovador. Pois bem, “In The Marrow” possui um minuto, sendo uma pancada de abertura para “A Still Mantra”, que conta com um belo solo. E daí em diante, o full-length muda completamente. “Cimmerian Shamballa” é uma puta faixa, com traços orientais que ficaram brilhantes - e ainda conta com alguns breakdowns. “On The Horizon” é um tipo de sinfonia, profunda e melancólica. “Part I: Aberration” é mais uma instrumental, desta vez com todos os instrumentos, e contando, mais uma vez, com uma atmosfera oriental. Até aí já temos mais de cinco minutos sem vocal. Então você se depara com “Part II: Beyond The Gate”, faixa de mais de seis minutos. Surpresa - outra instrumental. Não me lembro da última vez que ouvi uma banda, sem ser instrumental, contar com três faixas seguidas sem o vocalista. E o resultado é maravilhoso, parecendo um filme em que o personagem principal está apenas esperando o momento certo de aparecer. “My Carrion” traz o vocal de volta. “The Guardians Of Uraitahn”, que conta apenas com dois minutos, é outro murro na cara. Extremamente técnicos, não permitirão ao sortudo que adquirir este álbum ficar entediado. “The Talisman” me lembrou vagamente músicas da banda Within The Ruins. Belíssima. E, para finalizar, “Eternal Translucence” - realmente uma faixa de finalização, com uma sonoridade diferenciada, em um estilo de fim dos tempos. Ultimamente eu vinha reclamando bastante da falta de originalidade no mundo do Metal, porém, eis uma esperança. Consuma sem moderação. Indicado é pouco - é obrigação! Igor Lemos

[6] Greensleeves The Elephant Truth Independente

O que se passa na cabeça de alguém em estado de coma? Até hoje a ciência e a religião especulam sem sucesso sobre o fato. Descontentes e curiosos os rapazes do Greensleves resolveram criar um épico de 70 minutos baseados num poema de John

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Godfrey Saxe (1816-1887) onde o surreal reina poeticamente. Instrumental virtuoso. “The Elephant Truth”, um álbum pra se ouvir com atenção. Direcionado pra quem realmente admira e respeita o estilo. Prog Metal, Power Metal, Heavy Metal, Speed Metal convivem harmoniosamente nas faixas. Um álbum conceitual por esses tempos em terras brasileiras é uma ato de ousadia. O único ponto negativo é o vocal lembrar de maneira exacerbada Bruce Dickinson. Acho que dentro do estilo tem como utilizar outros padrões vocálicos sem descaracterizar a idéia original, tornando assim menos óbvio e cansativo. No mais é um disco de várias facetas com uma espinha dorsal coerente. Transmite a mensagem ambicionada. Para os amantes do estilo é um prato cheio. João Antonio

[8] Danzig Deth Red Sabaoth Evilive/The End

Diz a lenda que a esposa de Satã traiu o rei das profundezas com ninguém mais ninguém menos que Elvis Presley, e dessa improvável união surgiu Glenn Danzig. O baixinho que, como todos deveriam saber, foi durante muitos anos, membro fundador e vocalista do Misfits até o final da década de 80, quando iniciou seu próprio projeto. Músicos, fãs, imprensa, muita gente já sofreu com o ego inchado e pedância do homem, mas todos tem que concordar: o cara canta, e muito! Sua banda solo teve imediato sucesso emplacando uma sucessão de excelentes discos, até que, no famigerado “Danzig 5: Blackacidevil”, um súbito de modernidade acometeu o rapaz quando misturou ingredientes industriais/eletrônicos ao seu som. Ah, todo mundo torceu o nariz! A partir daí, sempre tive um pé atrás em algum novo lançamento de Danzig e desta vez não foi diferente. Apesar do anterior a este “Deth Red Sabaoth”, “Circles of Snakes”, de 2004, ser um bom álbum. Ouvindo as duas faixas iniciais, temos a certeza de que não iremos nos decepcionar com algum novo experimentalismo de Glenn Danzig. Isso porque “Hammer of the Gods” e “The Revengeful” tem o que esperamos de uma típica música de Danzig: Dark Rock ‘n’ Roll contando refrões marcantes e uma das mais privilegiadas vozes da música pesada em ótima forma. Mas o som que fará o fã tremer está logo na terceira faixa. “Rebel Spirits” nos transporta de volta ao início da década de 90, pois tem toda aquela sonoridade dos seus clássicos álbuns. Melancólica e grandiosa. “On a Wicked Night” já vem sendo usada como música de trabalho deste novo álbum. Se não é a que mais me impressionou, concordo que tem tudo pra cativar de imediato nas primeiras ouvidas, pois conta com um refrão grudento, que volta e meia martela tua cabeça. Ainda prefiro as mais sérias e introspectivas. É quando Danzig consegue, através de sua potente voz interpretar seus sentimentos da melhor maneira. Por isso “Deth Red Moon” é mais uma música soberba. Em “Ju Ju Bone” já estamos na sétima faixa e ainda demora a crer que o disco não se trata de um apanhado de faixas perdidas de “Danzig III”. Irretocável! Há ainda “Pyre of Souls”, em suas duas partes, para fazerem deste álbum uma audição obrigatória. “Deth Red Sabaoth” tem alguns momentos um pouco sonolentos, como

“Night Star Hel”, que demora para “pegar”, e “Left Hand Rise Above”, mas ainda assim longe de serem ruins. Conta com músicas que remetem à época áurea de Danzig, mas, importante, não soam datadas. Junte tudo isso à um artwork muito legal, e temos aqui um álbum que vale cada centavo. Longa vida ao Elvis maldito! André Pires

[2] Titus Tommy Gunn La Peneratica Svavolya Mystic

Titus é o baixista e da banda polonesa de Thrash Metal Acid Drinkers, já há alguns anos na estrada e que resolveu fazer um projeto solo, o Titus Tommy Gunn. “La Peneratica Svavolya” é o primeiro álbum deste projeto, e não sei se gostaria que já fosse o último. Apesar de bem produzido as músicas são fracas, e tem letras que não passam de medíocres. Talvez seja essa mesmo a intenção, se divertir, e por isso do projeto solo. Como o som do Titus Tommy Gunn é bem diferente do Acid Drinkers, a ideia do álbum solo foi para Titus liberar sua “veia criativa”, mas pelo nível musical. Ficou parecendo um preciosismo desnecessário, pois o álbum é completa perda de tempo – tanto para quem o fez como para quem o escutar. Se estiver tocando em uma festa e ninguém prestar atenção, pode até passar. Medíocre. Luigi “Lula” Paolo

[6] Nonsense Trilha Sonora Em Quadrinhos RV

Os cariocas da banda Nonsense demonstram persistência saudável em “Trilha Sonora Em Quadrinhos”, novo álbum que transborda psicodelia esquizofrênica a todo vapor. Um mosaico de referências cinematográficas, musicais, e obviamente quadrinhos. Quem não leu tiras de jornal, quem não teve um herói preferido, quem não teve uma revistinha debaixo do travesseiro? Masterização despojada mas que dá conta do recado de maneira sublime. Capa corresponde ao caleidoscópio sonoro. “Fantasia” parece doce mas descamba pra vocais lúgubres, riff minimalista, vocais em megafone, para terminar num clima de apoteose caótica. “Robôs” é como se o Kraftwerk tivesse se encontrado com o Melvins. “Quentin Tarantino” é brincadeira pop retrô. Samplers, teclados, poesia dadaísta. “A luta” vinheta paranóica, ligeira, um tiro. “Efeito borboleta” mergulha numa atmosfera free jazz meio muzak, cada membro em viagem própria mas todos em harmonia. Uma das melhores faixas. “O pistoleiro” é uma ode ao anti-herói. A influência da Música Atonal de Vanguarda se faz presente. Texturas sonoras claustrofóbicas. “Sopro” fecha com chave de ouro o petardo dissonante; som de algo queimando, amassado, não sei bem definir o que seja, em contraste com som de sinos, teclados é onírico e entorpecedor. Pra ouvir lúcido nas primeiras horas da manhã. João Antonio


[3] Sonic Syndicate We Rule The Night Nuclear Blast

Todos sabem que o Heavy Metal com o passar dos anos criou seus diversos subgêneros para definir o som de uma banda. Pois bem, acaba de surgir mais um estilo: o Pop Metal. E se tem uma banda que é mestre nessa sonoridade é o Sonic Syndicate. Assusta bastante o que ouvimos nesse mais recente trabalho de estúdio chamado “We Rule The Night”. Pra quem ouviu os trabalhos anteriores, realmente é algo difícil de entender o motivo desse direcionamento tão meloso e extremamente acessível, sem que isso seja uma coisa positiva. Não entrarei no mérito do visual dos integrantes da banda, mas certamente é algo discutível e passível de indagações. Musicalmente falando, o álbum começa flertando com o Melodic Death lembrando algo de Soilwork. Os vocais rasgados agradam bastante, mas os mais limpos deixam a desejar um pouco. Os teclados sempre tiveram papel importante na sonoridade do Sonic Syndicate, mas dessa vez abusam para o lado mais dançante e quase Techno. Quando a coisa embala parece que vai ficar bom, mas logo em seguida vem aquele apelo pop que deixa tudo bem sem graça, pelo menos para os amantes da música pesada. Alguém pode me explicar o que são as faixas “Turn It Up”, “My Own Life” e “Miles Apart”? Pode ser tudo, menos Metal. O CD segue a mesma fórmula através de suas 11 faixas. Intro pesada com vocais agressivos e refrão meloso. As últimas faixas “Plans Are For The People”, “Leave Me Alone”, “Break Of Day” misturam um pouco de Metalcore e salvam um pouco o álbum da falha total, exatamente por fugir do padrão já manjado. Fãs da banda que me perdoem, mas não entrei nesse ramo pra ouvir esse tipo de banda. Indicado para meninas na fase da puberdade. Pedro Humangous

[6] Jelonek Jelonek Mystic

Michael Jelonek é um violinista polonês multi performático, participando desde orquestras filarmônicas até bandas de Pop, Rock e Heavy Metal, gravando mais de 30 álbuns com variados artistas. Recebeu várias indicações como melhor instrumentista polonês e é um inovador de seu instrumento (tocando, entre outras coisas, um violino elétrico de seis cordas). Com este currículo todo, um álbum solo deste incrível músico era mais do que aguardado; até que em 2007 ele lançou “Jelonek” seu primeiro (e até então único) álbum. Apesar de seu inegável talento – tanto para composições como o domínio completo de seu instrumento – Jelonek pecou onde muitos outros já pecaram: um álbum de Heavy Metal com belos temas, arranjos e riffs, porém completamente instrumental. Assim, o ouvinte não preparado se cansa

rapidamente. Após a impressionante música de abertura, “BaRock” (uma influência direta de Beethoven), que deixa qualquer um de queixo caído, as demais músicas apresentam alguns bons momentos e outros maçantes. A vantagem é que as músicas são curtas (o álbum completo não tem cinquenta minutos), e assim é possível escutá-lo todo antes que se canse completamente. Algumas das canções facilmente figurariam em diversos tipos de filmes, tamanho o cuidado com o arranjo e a ótima produção, como é o caso de “Steppe”, “Funeral of Provincial Vampire”, ”Miserere Mei Deus” e “Pizzicato Asceticism”. Os temas são realmente interessantes e, para quem é músico, é uma aula de interpretação e composição. Além de “BaRock”, os destaques vão para “Vendome 1212”, a belíssima “Akka”, a pesada “Lorr” e seus interessantes riffs em guitarra de sete cordas e a temática “War in the Kids Room”. No final das contas, se você já ouviu bandas como Apocalyptica, fica com aquela impressão de “já ouvi isso antes”. De qualquer maneira, é uma interessante audição especialmente se você é músico, gosta de música clássica e dos elementos em comum que este estilo possui com o Heavy Metal. Luigi “Lula” Paolo

[8] Angra Aqua SPV/Steamhammer

Depois de quatro anos, um álbum anterior não muito bem recebido pela crítica e público, rumores do final da banda, membros em diversos projetos paralelos, saída de integrantes e até mesmo briga judicial pelo nome da banda, “Aqua” - sétimo álbum de estúdio do Angra - era mais do que aguardado. De mudança imediata, o retorno do baterista Ricardo Confessori também gerava expectativa, uma vez que o estilo virtuose que a banda assumiu após “Rebirth” diferenciava do estilo mais rítmico dos tempos de “Holy Land”. Para “Aqua”, a banda retomou uma técnica utilizada anteriormente para outros álbuns: Isolar-se em um sítio para compor e também para aproveitar e estreitar o entrosamento entre os membros de diferentes fases do grupo. O resultado foi uma “repassada” pela carreira da banda. “Aqua” reúne diversos momentos de épocas distintas. Um pouco de cada álbum está lá, desde os duetos virtuosos após a intro “Viderunt Te Aque”, na música de abertura “Arising Thunder”, uma música rápida com riffs e duetos virtuosos já esperados dos sempre excelentes guitarristas Rafael e Kiko. Os ritmos brasileiros já mostram sua cara em “Awake From Darkness”, seguida da balada “Lease of Life”, a música de trabalho, de clima bastante interessante e bela melodia e um trabalho impecável do vocalista (e ótimo compositor) Edu Falaschi. “The Rage of Waters” é uma música forte, com refrão poderoso, e um solo de baixo incrível do polivalente Felipe Andreoli. “Spirit of the Air” tem uma ambiência cativante com belos arranjos e belas melodias em uma música tranquila – mas não chega a ser uma balada. O estilo mais pesado e quase progressivo em “Hollow” são elementos muito bem vindos e interessantes musicalmente. A balada “A

[8] Stone Sour Audio Secrecy Roadrunner

Numa cronologia planejada e em doses homeopáticas, assim foi lançado o que viria a ser o sucessor do “Come What(ever) May” de 2006. Em Março deste ano, o Stone Sour entra em estúdio com o produtor Nick Raskulinecz (Foo Fighters, Alice In Chains); no início de Maio, mesmo mês da morte de Paul Gray, baixista do Slipknot, anunciam “Audio Secrecy” como nome do aguardado segundo disco. Mais interativo, várias músicas foram divulgadas antes em vídeos das gravações em estúdio. Novamente pela Roadrunner, o disco foi lançado oficialmente no dia 7 de Setembro. Uma semana depois, “Audio Secrecy” vendeu cerca de 46.000 cópias só nos EUA. Mais pop, as músicas estão incrivelmente grudentas e radiofônicas, talvez se explique um pouco desse sucesso de venda. A faixa título abre o disco. Pelo barulho que causou, se esperava uma tijolada na fuça. Que nada! É um instrumental de pouco mais de 1 minuto e que, sem os vocais e com piano, parece um plágio descarado de “Danger – keep Away” música que encerra o “Subliminal Verses”, um dos álbuns do Slipknot; esta vem emendada na ótima e melhor do álbum “Mission Statement”. Vai bem até a quarta faixa “Say You’ll Haunt Me”. Em “Dying” você começa a achar estranho o violãozinho, a letrinha rimada e um sonzinho à la Nickelback. “Let’s Be Honest” vem na sequência para mostrar que talvez você esteja errado, mas, no restante o disco realmente se perde. Caso de “Hesitate” que quebra totalmente o ritmo entre as pesadonas “Unfinished” e a ótima “Nylon”. “Miracles” lembra muito (sem exagero) o Stone Temple Pilots do primeiro disco. O peso só retorna depois com a candidata a hit “The Bitter End”. Duas baladas, “Imperfect” e “Theadbare”, encerram a versão normal do álbum de 14 faixas. Não é de todo ruim. A guitarra de James Root e o baixo poderoso de Shawn Economaki continuam mantendo o equilíbrio e o peso, mas está longe de ser o melhor disco do ano. A turnê tem datas definidas até Março de 2011, logo, goste você ou não, eles tem muito trabalho a fazer e no mais, 46.000 pessoas não estão de todo erradas, vale a pena ouvir. Andréa Ariani

Monster in Her Eyes” é cativante, e “Weakness Of a Man” tem diversas passagens diferentes em um tema interessante (eu consegui encontrar até influências de Steve Morse aqui). Para fechar, a “baladaça” “Ashes”, é bonita, mas foi a música que mais me cansou no álbum. Tem um belo arranjo de piano, vocais interessantes, mas não empolga. O CD que ouvi ainda contava com uma faixa bônus: a versão remixada de “Lease of Life”, deixando a música com um clima definitivo de balada. No fim, “Aqua” é um ótimo álbum para os fãs, dando uma completa repassada na carreira do Angra, e mostrando que a banda ainda tem muito a oferecer. Valem um destaque: foi o primeiro álbum completamente produzido pela própria banda (os anteriores tiveram algumas co-produções) e o resultado foi ótimo. Luigi “Lula” Paolo

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resenhas [5] Mechanical God Creation Cell XIII WormHoleDeath

Debut desta banda de Milão, Itália, que traz como curiosidade (se bem que cada vez menos raro) o fato de ser capitaneada por uma mulher, a vocalista Lucy. O grupo nasceu em 2006, e, antes deste álbum, havia lançado somente uma demo, “... And the Battle becomes War”, em 2007, o que abriu espaço para tocar em alguns festivais italianos. Já que foi citada como líder da banda, podemos começar por ela. O vocal de Lucy não tem nada de excepcional. É um gutural de boa potência, tem alcance, e possui aquele típico timbre feminino. Pensou em Angela Gossow? Pensou certo. Gossow parecer ser a grande inspiração de Lucy, e se você foi esperto já percebeu que o nome da banda é totalmente inspirado em uma música do Arch Enemy (“Mechanic God Creation, do álbum “Doomsday Machine”), mas as semelhanças param por aí. O som do Mechanical God Creation pouco tem a ver com o da banda sueca. O grupo italiano envereda para um veloz Death Metal com algo de Deathcore, além de utilizar alguns toques modernos, como elementos de Metal industrial e uns pig squeals perdidos. Senti falta imediata de uma cozinha mais pesada. “Process of Mental Killing” traz um dos raros momentos em que o baixo é destaque, e a bateria, apesar de bem executada, cheia de blast beats, viradas e levadas bacanas, não preenche intensamente o som, algo que o estilo pede. Para um álbum ser marcante ele precisa de músicas que te fazem querer ouví-lo repetidas vezes. “Cell XIII” precisaria de mais músicas como “I Shall Remain Unforgiven”. Outras, como “Divinity”, “Inhuman Torture Surgery” e “Trepass Kill” são interessantes, mas não chegam lá. “Death Business” seria fodíssima, não fosse o forçado gutural que a srta. Lucy manda no refrão. Matou o som, infelizmente. O curioso é que todas essas faixas agora citadas encontram-se do meio pra frente do álbum. A primeira parte do disco é bem fraca. Então se só metade das faixas vale ser ouvida, “Cell XIII” leva metade da nota máxima. Justo. André Pires

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Lovers Curse”, “I’d Never Let Her Go” e “Drive Me Wild” dariam uma boa trilha para qualquer filme daqueles do Elvis com muito sol, praia e violão. Bebem diretamente na fonte da surf music dos Beach Boys. Jaqueta de couro, visual invocado, vocal empostado e sessentista, trazendo a banda de volta aos discos e palcos e você diretamente para os anos da brilhantina numa qualidade tecnológica do século 21. Andréa Ariani

[9] Within the Ruins Invade Victory

Finalmente chega ao mercado o segundo álbum do grupo Within The Ruins. Quem é antigo leitor da HORNSUP lembrará da entrevista feita com eles na edição de número seis. Naquela época contavam com um time em pleno crescimento. Pouco mais de um ano depois, o trabalho feito por eles conseguiu ficar ainda melhor. Algumas alterações foram feitas na banda, a mais notável sendo o vocalista. Se a sua praia é ouvir breakdowns recheados de passagens progressivas e uma gritaria infernal, essa é a grande pedida do ano. Todos os instrumentistas são virtuosos, principalmente a dupla de guitarristas, Joe Cocchi e Jay van Schelt. “Versus” já mostra toda a brutalidade que os consagrou no álbum anterior, seguida pela anormal “Behold The Harlot”. Breakdowns que irão torcer o pescoço são frequentes, porém, não se engane, não estamos diante de um conjunto de Metalcore, aliás, esse é um gênero que não cola tanto com a sonoridade que praticam, apesar de tentarem rotulá-los desta forma. “Red Flagged” traz diversas quebras de tempo, mas a parte técnica das guitarras, com suas passagens complexas, fica em primeiro plano. De fato, não há como apontá-los como fazendo um som clichê. E isso já é mais que suficiente. A faixa-título, “Invade”, é um show de talento, com uma pegada violenta que agradará a muitos. “Ataxia” conseguiu me impressionar: é uma faixa instrumental interessantíssima, assim como “Roads”, que encerra o álbum. Porém, o ouvinte ainda será presenteado com porradas como “Crossbuster” e “Oath”. Se você não ouvir este material, será uma grande desconsideração com o esforço que tiveram de fazer um full-length quase perfeito. Obrigação é pouco! Igor Lemos

[8]

The Dixie Boys Mean Mean Gal Raginplanet/Raising Legends

Jerry Lew Lewis remoçou e foi morar em Portugal? Houvesse no som do The Dixie Boys um piano envenenado era bem capaz de você os confundir com o loirão endiabrado ou alguma banda dos rock bluseiro dos anos 60. O EP “Mean Mean Gal” mais um lançamento dos selos Raging Planet e Raising Legends mostra que o quarteto português quer mesmo manter vivo o Rockabilly consagrado por Johnny Cash. O visual deles próprios e do site e myspace deixa isso mais evidente nos topetes, camisas e suspensórios bem como na jukebox e comportadinhas pinups que ilustram os flyers e o site oficial. A música título é sem dúvida uma das melhores do disco. Já as faixas “The

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Anarbor The Words You Don’t Swallow Hopeless

Talvez você, desantenado das tendências, nunca tenha sequer ouvido falar do Anarbor. Ok, eu até ontem também não. Não é muito o estilo do que costumamos ouvir aqui, mas, de fato, é uma banda muito boa. A história de amigos que estudam na mesma escola, se junta e forma uma banda não é muito diferente de uma porção de outras tantas por ai; para eles é sinônimo de criar bases e ter raízes. A bio até faz um trocadilho com árvores

e poesia (!). Bastante jovens, não se engane: com o visual cabeludo e descolado de três dos quatro integrantes mostra que eles não querem fazer a pose de bons moços. A banda de Phoenix/EUA não se sabe se é ou será a grande novidade do verão, mas tem música e atitude para fazer um bom barulho. O mais recente disco “The Words You Don’t Swallow” pelo menos não quer passar em branco. Um vídeo de divulgação do disco disponível no Youtube tem quatro minutos e dá idéia de que a banda quer ser tudo menos pequena, tocar pouco e para pequenas platéias. Pelo jeito estão conseguindo já que a turnê começou em Março e se estendeu até Agosto com várias datas na gigante Vans Warped Tour. Quatro das onze músicas estão no Myspace. O som continua o mesmo Rock/Pop meio Marron 5 meio Fall Out Boy do EP anterior, “Free Your Mind”. O full lenght lançado pela Hopeless Records alterna baladas e sons que embalam os jovens e as diversões e suas aflições como a perda de um amor, as dúvidas, as amizades, as festas. Capitaneado pelo já hit “Gypsy Woman”, o disco vale mais pelos sons mais rockers do que as baladas que são legais como “Useless” e “Contagius”, mas deixam o disco cair numa mesmice e o torna chato. Bons destaques são “Let the Games Begin”, “Mr. Big Shot” e “Drugstore Diest”. Se ouvir sem preconceito vai perceber as qualidades apesar da forte vontade de compará-los com o The Used e outras do mesmo estilo. Andréa Ariani

[9] Painside Dark World Burden Inner Wound

Mais uma banda vinda das terras brasileiras que surpreende pela qualidade nas composições e técnica irrepreensível. O Painside está lançando, agora em 2010, seu álbum de estréia intitulado “Dark World Burden”. Produzido por Renato Tribuzy, os cariocas mostram que o velho e cansado Power Metal tradicional ainda tem muita lenha pra queimar. São músicas muito potentes, bem estruturadas e de extremo bom gosto e elegância. A produção é maravilhosa, dando nitidez a todos os instrumentos, valorizando o que há de melhor: a música. A semelhança com os vocais de Renato Tribuzy são visíveis e creio eu que esse álbum poderia facilmente ser o segundo álbum do cantor. Algo de Bruce Dickinson também pode ser conferido nas linhas vocais de Sevens. O restante do time é completo por Saione (guitarras), Ross (guitarras), Val (baixo) e Andrade (bateria). O que já era bom fica ainda melhor com as participações especiais de Chris Boltendhal (Grave Digger) na faixa “Redeemers Blood”, Gus Monsanto (Revolution Renassance) na faixa “The Egde” e do já mencionado Renato Tribuzy (Tribuzy) na faixa “This Dark World”. Todos os músicos se superam faixa a faixa e mostram um domínio incrível de seus instrumentos. Destaque para o timbre das guitarras e os riffs criados por elas. O repertório se mostra bastante consistente, sendo que todas as faixas têm seu brilho próprio e especial. Um registro que merece mais atenção e definitivamente uma audição urgente. O Painside soa moderno e ainda assim tradicional. A cena clama por mais bandas como essa. Pedro Humangous


[8] The Eyes of a Traitor Breathless Listenable

Eis o segundo álbum do grupo britânico The Eyes of a Traitor – bastante aguardado pela comunidade underground do Metalcore. Aos que conferiram o debut destes jovens, no ano passado, devem ter ficado ansiosos pelo sucessor. “A Clear Perception”, de fato, me surpreendeu – faixas como “Under Siege” e “Misconceptions” viraram obrigatórias na minha lista. Porém, será que esta estreia seria ofuscada ou continuariam brilhantes? Ainda com idades inferiores a 20 anos, o segundo full-length me deixou muito contente. Porém, não agradou a todos. Aos que estavam acostumados ao som mais Metalcore, irão notar diferenças, já que caíram mais para o lado “Core” do que o “Metal”. Considerei isso uma grande decisão. O vocalista Jack Delany agora pode gritar de uma forma encaixada com o som que estão fazendo, há mais sentido. A simplicidade em algumas composições é notável, porém, podemos encarar como uma sonoridade mais coesa, estruturada e limpa. “The Birth”, uma pancadaria sem limites, apresenta diversos breakdowns, é claro, porém, já é um sinal das mudanças que foram comentadas. A pegada da composição agrada bastante, não deixando o ouvinte parado. “Come to My Senses” é a minha favorita – talvez pelo fato de ter um clipe da mesma. Nela há pequenas inserções de vocais melódicos. Os instrumentos de corda deram um peso incrível – tanto as guitarras como a gordura do baixo, fazendo ressoar no seu cérebro os ótimos riffs. “The Real You” começa com uma brutalidade de primeira, me deixando empolgado em saber que ainda são feitas boas músicas neste gênero. O baterista Sam Brennan está em alto nível nesta pancada. “Your Old Ways” já possui momentos mais técnicos, vide a introdução à lá In Flames. Temos um ótimo refrão aqui também. Ainda cabe destacar a monstruosa “Talk Of The Town”, pelas paredes de guitarra e suas passagens melódicas – principalmente o solo; “Breathless” e “Grounded”. Isso que eu posso chamar de evolução. Logicamente tomaram uma direção diferente. Enquanto alguns dizem que foram pelo caminho errado, só posso dizer que estão no rumo perfeito. Igor Lemos

[7] Votum Metafiction Mystic

A Polônia concentra uma boa parcela de bandas excelentes que surgem em seu continente, com destaque para o Metal extremo. O caso aqui é diferente, bem diferente. A banda Votum nos brinda com um Rock progressivo, com poucas nuances de Metal propriamente dito. Passagens leves e atmosféricas dominam o álbum, com bastante feeling e dedilhados de guitarra, ambientações de teclado e ritmos quebrados de bateria, sem muita pancadaria e mais técnica apurada comedida. Maciej

Kosinski (vocais), Alek Salamonik (guitarra); Adam Kaczmarek (guitarra), Zbigniew Szatkowski (teclados), Bartek Turkowski (baixo) e Adam Lukaszek (bateria), começam o álbum “Metafiction” com uma música com mais de nove minutos de pura viagem e calmarias agradáveis, fator típico para bandas do estilo. Pitadas de Evergrey, Pain Of Salvation e Riverside aqui e ali podem ser encontradas. Na faixa seguinte, os músicos resolvem acelerar um pouco mais, lembrando o Dream Theater nos primeiros discos. Assim, o álbum vai se desenrolando entre passagens lentas e outras nem tanto. Nada de muito especial aqui em termos técnicos, porém esbanja bom gosto nas composições. Já que o instrumental é bastante calmo e coeso, o destaque fica para o vocalista, possuidor de um timbre bonito e distinto. Algumas gratas surpresas aparecem no decorrer do disco como a ótima faixa “Stranger Than Fiction”, que conta inclusive com uns vocais mais nervosos e agressivos, fugindo um pouco do padrão adotado. Uma boa pedida para se descansar os ouvidos. Pedro Humangous

[6] Kamelot Poerty For The Poisoned Edel

Faz algum tempo que o Kamelot usa uma fórmula: fazer as mesmas músicas em álbuns diferentes, uma fórmula conhecida, usada por grandes bandas como o AC/DC. E isso não é necessariamente uma coisa ruim. De “The Fourth Legacy” até o “The Black Halo”, o Kamelot foi fazendo um álbum melhor que o outro – e isso utilizando a mesma fórmula em todas as músicas. Já em “Ghost Opera”, o Kamelot percebou que precisava se renovar, e a primeira tentativa acabou não resultando em um álbum muito “vigoroso”. Agora em “Poetry For The Poisoned” fica evidente que o Kamelot está sem rumo. Eu teria preferido que eles tivessem apostado em fazer “mais do mesmo”, como antes, mas infelizmente não é o caso. Não é um álbum ruim, mas está longe dos grandes da banda. Tem seus bons momentos e diversas participações especiais, como a faixa de abertura “The Great Pandemonium” com a participação de Bjorn Strid (Soilwork), a temática “The Zodiac” que tem a participação do grande (e grande mesmo) Jon Oliva (Savatage), a bela balada “House On A Hill” que novamente tem a participação especial de Simone Simons (Epica) que deixou a música com aquela cara de “Já ouvi isso antes”. Ela também participa de “Seal of Woven Years”, música dividida em quatro partes, comum nos discos da banda, que também conta com a participação de Amanda Somerville. Outro bom momento é “Hunter’s Season”, cujo solo de guitarra surpreende para quem está acostumado com Thomas Youngblood. E aí você descobre que é mais um convidade especial : Gus G. (Ozzy Osbourne), em um solo excelente. Enfim, é um bom disco, indispensável para os fãs da banda, mas longe do Power Metal que consagrou a banda. Luigi “Lula” Paolo

[7] Avenged Sevenfold Nightmare Warner

Comentar sobre os norte-americanos do Avenged Sevenfold não é um dos eventos mais simples para mim. Digo isso porque sou fã da banda há quase dez anos e sempre acompanhei de perto o trabalho dos talentosos artistas oriundos de Orange County, Califórnia. Entretanto, não é com um sorriso no rosto que chego à conclusão de que a banda vive de seu brilhante passado. Quando falo de um belo antecedente, me refiro aos grandiosos álbuns “Waking the Fallen” e “City of Evil”. É um infortúnio ter de declarar que a partir do quarto álbum de estúdio, o sucesso da banda foi inversamente proporcional à qualidade das músicas. Os norte-americanos, desde que o quarto álbum mencionado (self-titled) foi lançado, tornaram-se uma febre principalmente entre os mais jovens e entusiasmados. E é neste contexto que encontramos pela frente o sexto trabalho de estúdio: “Nightmare”. Não posso abstrair a mudança principal do álbum em questão: a morte do baterista Jimmy “Rev” Sullivan. E em torno do falecimento do talentoso integrante formou-se um forte burburinho acerca do lançamento de “Nightmare”. A audição é introduzida pela faixa-título, que tenta ser macabra com o uso de xilofones ao nascer, com uma boa levada no decorrer e relatos de “fucking nightmares” no crepúsculo. Pode-se notar pela audição da primeira faixa como será a postura de todos os integrantes da banda: o vocalista Matt Shadows harmonioso, agressivo, firme e impecável (um verdadeiro front-man); Zacky e Synyster Gates perdidos nos solos (que são tolos e sem energia) e empolgados nos riffs (ponto forte do álbum); Johnny Christ praticamente inaudível e seguindo apenas as linhas de guitarra e, por fim, Mike Portnoy - sim, baterista do Dream Theater fechando as batidas deixadas pelo Rev. Portnoy, entretanto, não consegue executar com tanta perfeição as batidas - e para falar tanto, não preciso entrar em analogias com o ex-baterista da banda. Logo na terceira faixa, “Danger Line”, encontramos um ambiente distinto do que vinha a ser executado pelas duas faixas anteriores: uma música melancólica, que ganha um feeling tremendo da metade para o final. “Buried Alive”, por sua vez, lembra bastante “The Unforgiven” do Metallica com uma pegada cujo caráter é do Pantera. “Natural Born Killer” e “God Hates Us”, como os nomes podem autonomamente simbolizar, são as mais pesadas - inclusive, para os que sentiam falta dos gritos do Shadows, a saudade pode ser saciada. “Fiction”, a faixa que resgatou a voz do Rev que estava contida em gravações caseiras é um tanto boba, mas, para os fãs da banda que se envolveram de alguma forma com a morte do integrante, chega a ser emocionante. E, por fim, “Save Me”, uma música sem gás que demonstra como o álbum “Nightmare” não veio para envolver os menos adeptos da banda. “Nightmare” parece um álbum feito às pressas, que falta um ponto de sentimento que possa envolver o ouvinte. Apesar de Nightmare ter uma postura mais agradável que os dois álbuns que o antecederam, o Avenged Sevenfold ainda está devendo muito para o mundo da música. Italo Lemos

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resenhas [9] Reviolence Modern Beast Marquee

Muitos se dizem cansados de toda essa história de revival das bandas de Thrash Metal anos oitenta. A resposta para esse suposto modismo atual é o Reviolence e seu debut “Modern Beast”. A maestria com que conseguem unir o Thrash ao Heavy Tradicional, poucos se arriscam e acertam de forma tão coesa. Outra união na medida certa é o balanço entre o ld school e new school se assim podemos dizer. O Reviolence bebe na fonte dos grandes nomes que inventaram o estilo há trinta anos, ainda assim soando genuíno e relevante para a cena. Eu poderia citar uma porção de bandas consagradas em que o som do Reviolence se assemelha, mas basta uma ouvida que certamente o ouvinte irá se identificar com uma infinidade delas. Todos os músicos se destacam em seus instrumentos, desde os vocais incríveis de Rod Starscream, passando pelos riffs e solos perfeitos de Guilherme Spilack e fechando com a cozinha bem entrosada entre Maurício Cliff no baixo e Edson Graseffi, que, diga-se de passagem, dá uma aula de bateria. Destaques para as faixas “Modern Beast”, “Metal Church” e “Zero Of Me”, com refrãos fortes e viciantes. A ótima produção veio somente abrilhantar o restante do trabalho. A besta moderna está solta e pronta para dominar o cenário caótico em que vivemos. Altamente recomendado! Pedro Humangous

[8] Device Antagonistic Independente

Depois do EP “Behold Darkness” (2007) o Device nos presenteia com o full-lenght “Antagonistic” (2010). Trilha perfeita para uma tarde headbanger. Sem deixar a qualidade cair em todos os sentidos. Material gráfico de excelente nível. A solução da capa é simplesmente engenhosa e encaixa-se perfeitamente à nossa realidade cultural. Ainda traz o toque mágico de Russ Russel responsável por ícones da cultura extrema tais como: Napalm Death, Brujeria, Dimmur Borgir, The Exploited. Resultando numa produção esmerada que acaricia ouvidos sedentos por uma boa dose de peso, virtuose e potência sonora. “Let Burn” inicia a porrada com um tapa na orelha, percebese uma tendência mais compassada sem esquecer a velocidade, tudo no lugar certo, sem exageros. A letra traduz o apocalipse da burrice humana. Dicção clara. Backing vocals agudos soando em perfeita união. “Bankrupt” continua com a fábrica de riffs. Bumbos precisos. Solo de melodia simples e eficiente. Pratos aplicados com maestria abrilhantam o peso. Termina com o refrão martelando o miolo. “Under the Cross” apenas atesta a profunda influência do Thrash Metal, blast beats contrastando com uma cama sonora grave e quase lenta. “Insanity” mostra um lado mais

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melodioso, lembrando a boa influência do Doom Metal, de cadência lenta, mas de uma força brutal a melodia arrasta o ouvinte ao um suposto labirinto de dor e imagens delirantes. Guitarras dialogam em solos perfeitos. Repentinamente “Mind Decay” começa. Vocais em destaque. Toda a banda soa uníssona. Sem surpresas o álbum segue a preciosa receita Old School. E talvez seja essa surpresa, manter-se incólume diante de tantas vertentes sem sentido. “Temptations desert” é pura energia, riffs envolventes, camadas sonoras revelando um caminho de êxitos no destino dos brasilienses. “The meaning of horror” é puro clima de pesadelo. Uma das melhores faixas onde se equilibram todos os elementos da banda. Atmosfera sombria. Final suave e inesperado. “Welcome” é um muro sonoro caindo sobre a consciência. Bateria explorada com vigor. Variedade sonora explorada a exaustão. Música perfeita pra amainar os ânimos. “Thanatos (morbidy curiosity)” é hipnótica com as guitarras em duo. Faixa de estrutura mais quebrada. Passagens mais longas. Guturais reverberando em alto e bom som. “Pátria dos Porcos” ataca com um “lixo humano” deliberando no senado. Interessante isso de cada trabalho da banda ter uma música em português. E o resultado ficou excelente. A crítica social destilada em versos de pura ira. Que levantem os zumbis e caminhem sobre a terra devastada! João Antonio

[2] Pathology Legacy Of The Ancients Victory

Formado em 2006, o grupo de Brutal Death Metal, Pathology, chega para fazer um terremoto, tamanha pancada do seu som. Ao menos essa é a promessa que fazem. Com antigos membros de nomes como Cattle Decapitation e Disgorge, é esperado um mínimo de criatividade neste material. E é tudo que não vemos (ou ouvimos) aqui. Após assinar um contrato com a Victory Records, a tendência é que chegassem ao grande público. Porém, dificilmente conseguirão muita coisa com o álbum “Legacy Of The Ancients”. A capa não engana, estamos diante de um full-length pesado, entretanto, de tanto quererem insistir na mesmice durante exatos trinta minutos, o trabalho acaba por perder toda a agressividade que se pretendia. A primeira crítica vai ao vocal Matti Way. Além de não ser possível entender quase nada do que é gritado (e não tem como dizer que é devido ao gênero!), o mesmo não varia em quase nenhum segundo. O outro ponto negativo são os trabalhos de guitarra, que são simples, com afinações super baixas, que não trazem nada de novo - riffs mais batidos impossível. O álbum abre com “Intro”, vinte segundos que servem para nada. Logo em seguida chega a faixa escolhida para o primeiro vídeo vlipe deste álbum: “Code Injection”. A música é muito ruim. O que poderá salvar é a boa produção. Daí em diante poucos momentos serão memoráveis, visto que as composições se misturam, raramente trazendo variações ou um surto de criatividade que anime o ouvinte. Após ouvir várias vezes, não há como chegar a outra conclusão: é um dos piores álbuns do ano. Se for fazer algo brutal, ao menos tente se espelhar nos grandes nomes da brutalidade. Um fiasco, prefira os clássicos. Igor Lemos

[8] Ethereal Blue Essays In Rhyme On Passion & Ethics Casket

Infelizmente poucas bandas da Grécia realmente se destacam no cenário mundial. Potencial, muitas delas têm para isso, como o Firewind, Rotting Christ ou Septic Flesh, por exemplo. O Etherial Blue ainda não chegou lá, talvez pelo estilo que resolveram tocar, um Death/Black atmosférico e experimental de difícil absorção. Logo na primeira faixa temos mais de 10 minutos de música, onde encontramos um pouco de tudo. Passagens ríspidas e velozes, vocais cavernosos, belíssimos dedilhados de violão e quebras de ritmos inesperadas. Impossível não relacionar o som desses gregos ao praticado pelo Opeth ou mesmo pelo Orphaned Land em alguns casos. Outros poderão afirmar que influências de Baroness e Mastodon também estão presentes. A banda não poupa o ouvinte de experimentações incessantes, sendo impossível prever os segundos que vem pela frente. Ouvir “Essays In Rhyme On Passion & Ethics” de cabo a rabo é uma verdadeira viajem, e de impossível assimilação na primeira ouvida. Destaque para a faixa “John Wood”, com belas e sutis inserções de sintetizadores e sua variação rítmica coordenada pelo excelente baterista Dimitris. O ponto negativo aqui fica para a produção e mixagem que deixou o som um pouco fraco e seco, mas nada que atrapalhe a audição do álbum. A quantidade de bandas excelentes que existem mundo afora e que infelizmente desconhecemos é que deixam as coisas mais interessantes. Grata surpresa, definitivamente. Pedro Humangous

[5] Raunchy A Discord Electric Lifeforce

Posso dizer que a banda Raunchy foi uma grata surpresa para mim, pois confesso que ao ouvir bandas novas com essa proposta Heavy Metal com refrões mais “limpos”, fico desconfiado achando que são cópias de Avenged Sevenfold. E na verdade são, mas normalmente não tão bem feitas como o original. O Raunchy peca por não saber “de que lado está”. As partes pesadas são todos excelentes, mas as partes mais “limpas” beiram o pop, o que irrita um pouco. O álbum começa bem com “Dim The Lights and Run” que ilustra bem o que falo. Em seguida, “Rumors of Worship” – que em sua maioria é bem pesada – é para mim a melhor do álbum. Todo o álbum mantém a mesma temática e alterna entre bons e maus momentos – dentro das próprias músicas. Vale escutar e conhecer, mas não chega a empolgar, pois no “ápice” da música, aparece um refrão leve que simplesmente não casa com as ótimas bases pesadas. Luigi “Lula” Paolo


[9] Zander Brasa Independente

O primeiro full lenght a gente nunca esquece. Mas para falar dele, é preciso dizer: está mais do que na hora de parar de bancar a eterna viúva de bandas que não voltam mais. Passados dois anos de formação e com mais feitos e estrada que muito veterano por aí, o Zander já construiu sua própria trajetória. Os dois EP´s anteriores deram ainda mais a direção de como e quando este primeiro disco de inéditas iria soar.Com a intro da marchinha que tem nos versos a palavra malandra que dá nome ao álbum e margem para uma porção de trocadilhos, “Brasa” começa alto astral com a ótima “Auto falantes” seguida por uma das lindas músicas, sem exagero, já feitas na atualidade: “Terreiro”, que na semana de estréia arrancou lágrimas de muito marmanjo . Este, devido a problemas de agenda, não contou com o Phil (guitarrista) nas gravações. Entre os temas amor, religião, insatisfação como em “Motim”, umas das mais nervosas e pesadas músicas da discografia, vida na estrada, tours, shows, roupa amassada, trabalho e vida comum de qualquer cidadão que tem um dia de rotina, emprego, hora do almoço, que sai tarde, pega ônibus (em “Simples assim”- outra das mais bonitas do disco). No som, alterna as já conhecidas e boas baladas com rock de mais pegada, em algumas faixas a inovação com backing vocals, mais solos de baixo e traz também a belíssima “Sunglasses” - a primeira em inglês. E “Sem fim” sugestivamente encerra o álbum emendada na marchinha que abre o disco. Mais do que boas músicas, o que o Zander quer é mostrar justamente isso: seguir na estrada, continuar um trabalho que vem dando certo, como simples cidadãos que são seres normais, sem rótulos, com desejos, vontades, uma vida, uma ocupação e muitos sonhos. Como eu e vocês. Exatamente como diz a música, simples assim. Andréa Ariani

[7] Blackjackers Held Open May Cause Delay Ragingplanet/Raising Legends

Pelo nome da banda você deve imaginar que é um algum grupo de novaiorquinos ou ingleses metidos em pubs amantes do uísque e do carteado. É quase isso. O quinteto magrelo e engraçado é de Porto, Portugal e apesar das letras recheadas de histórias de sexo e bebedeiras a banda é boa e leva bem a sério quando o assunto é tocar e estar no palco. Bem gravado, o EP “Held Open Cause Delay” tem sete faixas e trás boas surpresas. Lançado pelos selos Raging Planet e Raising Legends, com músicas em inglês, quatro das faixas do disco estão disponíveis no Myspace da banda. Não tem muito segredo, é rock n´roll puro e genuíno. O vocal Tex Tone tem o jeitão de cantar despojado e preguiçoso semelhante ao timbre de Julian Casablancas dos Strokes. Dos sons destacam-se a bluseira

“Snailspoting” e as melhores são mesmo as que estão lá em stream como “Waterproof is a Lightfast” e “Backed Beans” com a participação de Richie Harps na gaita. “Trade Sex for Love” é outra que além da versão normal vem de bônus como última faixa numa versão remix e eletrônica. A banda é sem frescura, não gosta de por seus rostinhos bonitos em milhões de fotos e vídeos, usam codinomes como Big Bad John (baixista) e Marley The Dog (baterista), sabe-se pouco na biografia do Myspace, mas buscam ser interativos já que tem perfis no Facebook e Twitter. Como eles se autodefinem, os “Blackjackers” destacam-se pelos seus sons rock’n’roll, letras sem sentido e pelas atuações cheias de energia, imprevisíveis, loucura e “sex appeal” que contagiam o público e proporcionam momentos de euforia coletiva. Acenda um cigarro, encha um copo com dois dedos de bebida barata, coloque uma pedra de gelo e entre no clima, afinal, histórias de bêbados são geralmente as melhores. Andréa Ariani

[4] Wodenthrone Loss Candlelight

A Inglaterra é um país que pariu filhos maduros para diversos subgêneros na história do metal como o Doom, Death e o próprio Black Metal. Porém falar de bandas inglesas de Black Metal, remete às de temáticas pagãs e mitológicas como o Forefather e Bal Sagoth ou ao frenético Anaal Nathrakh e entre elas tem as bandas de Gothic Black Metal, como é o caso do Cradle of Filth e sua cria decrépita, o Hecate Enthroned. O Wodenthrone é uma banda que vaga entre o primeiro e o último caso, logo, é certo que você encontrará de tudo aqui. De introdução épica aos teclados guiando a música em 90% dos caso, passando por violões e flautas, deixando assim, as guitarras apenas uma camada do todo. Em “Loss”, o Wodenthrone mostra potencial criativo, mas ainda falta maturidade para chegar à sua identidade. Algumas músicas tem momentos brilhantes, como “Upon the Stones” com uma bela mistura de texturas e tempos alternados ao longo do som, mas esses momentos são raros, o que torna a audição um pouco cansativa. A banda tem membros em diversas bandas como o Atavist (Sludge) e o Fen (Post-Black Metal), bandas que causam comentários em suas respectivas cenas. O Fen ainda mais por estar envolvido com as bandas do momento como Alcest, Amesoeurs, Celeste entre outras. Isso pode ser um bom indicador para o futuro do Wodenthrone, pois o que têm hoje com “Loss”, se comparássemos a um filme, seriam apenas os figurantes. Thiago Oliveira

[6] System Divide The Conscious Sedation Metal Blade

Álbum de estréia da banda do System Divide, que faz um Heavy Metal moderno, e

[8] Disturbed Asylum Reprise

Com certeza estamos diante de uma banda que dispensa apresentação. Com vários e vários milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, Disturbed chega com o quinto full-length. O nome para este grande trabalho é “Asylum”. Aos que acompanham Disturbed desde 2000, quando lançaram o melhor álbum da carreira, o incomparável “The Sickness”, sabem que podemos esperar sempre algo de alto nível. Se pensarmos um pouco, Disturbed já lançou mais de 50 músicas e, nenhuma, é fraca. Porém, nossa análise irá se deter a mais uma obra prima do conjunto. Com letras baseadas em experiências negativas do vocalista e líder da banda, “Asylum” é uma peça importante na coleção dos fãs dos caras. Vejamos o motivo: “Remnants” é uma interessante abertura, sem contar com vocais, porém, na faixa-título já temos David Draiman com suas melodias únicas. Nota-se que os trabalhos de guitarra possuem a pegada dos álbuns mais recentes, sem a pancadaria do debut, porém, os aspectos melódicos continuam em alta - é o melhor deles. “The Infection” cativa pelos riffs de guitarra mais suaves, mas muito bem encaixados por Dan Donegan. “Warrior” mantém a energia das composições, já em “Another Way to Die” sentimos uma cadenciada no ritmo, em uma pegada mais lenta em vários momentos. Felizmente alguns riffs aparecem para deixar a faixa menos monótona. “Never Again” possui como destaque as guitarras, principalmente o solo. E daí em diante teremos as velhas e conhecidas estruturas sonoras. Refrões pegajosos, riffs pesados e canções comerciais. De fato, Disturbed ainda possui gás e mostra que sempre podem nos presentear com um material de primeira. Contudo, se você já ouviu algo deles e não curtiu, continuará na mesma opinião. Igor Lemos

apresenta dois vocalistas: Sven De Caluwé (Aborted) e Miri Milman (ex-Distorted). A vantagem sobre outras bandas de Metal que possuem vocal feminino, é que aqui é extremamente bem utilizado, nada estilizado e consegue dar uma “liga” no som, que intercala com levadas rápidas e do Speed Metal com riffs pesados do Thrash Metal. Mas por ser um álbum de estréia apresenta os problemas de uma banda com curta experiência (foi fundada em 2008), e toda essa miscelânea de estilos acaba não criando uma identidade, e em alguns momentos fica difícil entender qual a intenção da música. A parte boa e que é um álbum de estréia, com material muito bom, o que quer dizer que os próximos álbuns devem ser bem surpreendentes. Destaque para a faixa de abertura “Vagaries of Perception”, a excelente “Lethargy” e a faixa título “The Consicous Sedation”, que apresenta os melhores exemplos da excelente utilização do vocal feminino de Milman com os guturais de Calawé. Luigi “Lula” Paolo

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resenhas [7] Armagedon Death Then Nothing Mystic

A Polônia entrou definitivamente no mapa das grandes bandas de Metal extremo atráves do estrondoso sucesso do Behemoth. A banda atingiu um nível de produção e vendas poucas vezes visto por uma banda Death/Black no mundo. Clipes com orçamentos dignos de produções hollywoodiana e tudo o que uma banda top tem direito. Porém, o país já tinha uma cena sólida no estilo, assim como você ouve falar “Death Metal Suéco”, “Death Metal Americano”, cada uma com sua particularidade, o “Death Metal Polonês” também entra nessa divisão territorial com bandas como Vader, Hate, Yattering, Decapitated, Sceptic, entre outras, e a essas está se juntando o reunido Armagedon, banda que em 2011 completa 25 anos de existência e lançou apenas 2 CDs, sendo o excelente “Invisible Circle” de 1993 e um ano depois encerrou as ativitades. Treze anos depois, em 2006 se juntaram para alguns shows locais e finalmente em 2009, saiu o segundo álbum, “Death Then Nothing”. Um disco que faz a alegria dos entusiastas do Death Metal. Certamente, os longos 17 anos de hiato foi o tempo necessário para fazer a lição de casa e voltar para se alinhar com os grandes. A produção é excelente, timbres de guitarras na medida, riffs marcantes, levadas de bateria muito variadas. “Death Then Nothing” abre com a faixa título que já empolga com um riff matador e uma levada mais cadenciada, alterando com blasts em alguns momentos. Já a segunda música, “Dead Code”, também com um riff fantástico e ainda sobra tem tema de teclado, que não dura muito no riff introdutório. Porém o ponto alto do CD é “Blanked of Silence”, com um riff simples mas extremamente cativante, a música é a soma do que há de melhor no CD, levadas mais olds chool à lá Vader do “Black to the Blind”, blasts inesperados, cadência, peso e um vocal com um timbre monstruosamente eficaz. Se não resolverem parar por mais alguns anos, o Armagedon tem tudo para, em breve, estar consolidado como mais um grande nome da cena polonesa. Thiago Oliveira

[8] Corpus Christi A Feast For Crows Victory

Esta é a resenha do primeiro álbum do Corpus Christi. Aliás, é o segundo, não? Brincadeiras a parte, após o debut dos caras no ano passado, intitulado “The Darker Shades of White”, eis que voltam com o seu sucessor, também pela gravadora Victory. Então, qual o motivo de eu ter dito que este é o primeiro full-length? Simples, do ano passado para cá, dos cinco integrantes, apenas um está no line-up atual. É isso aí, um! É uma outra banda, convenhamos. Vários leitores da HORNSUP podem não conhecê-los, porém, aos que quiserem comparar o que fizeram em 2009 e este ano, podem ficar felizes: evoluíram infinitamente. Conseguiram

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sair de um Metalcore simples para uma sonoridade incrementada, criativa e matadora. O sobrevivente, o guitarrista e vocalista melódico Jarrod Christman, parece ter tomado a banda para si, ao menos por enquanto. Suas melodias vocais estão em maior evidência, além do trabalho das seis cordas estar mais maduro. O novo vocalista não fica devendo ao anterior. Derek Ayres é seguro no que faz e sabe gritar. As letras estão ainda melhores, com a temática cristã como base para as mesmas. A introdução “The Red Horse Is Upon Us” já mostra que se trata de um grupo seguidor de Jesus Cristo. “A Portrait of Modern Greed” e “Monuments” são duas expressões de que o Metalcore, definitivamente, ainda possui vida. “Little Miss Let You Know” possui um toque de Unearth em alguns momentos, porém, apresenta também influências do Southern Rock. Ainda cabe destacar: “Broken Man” e “Blood In The Water”. Apenas a faixa “Invictus” não me chamou atenção. Este é um álbum que serve como uma ressurreição para a Corpus Christi (sem duplo sentido). Igor Lemos

[7] Blood Of Kingu Sun In The House of The Scorpion Candlelight

Se os Deuses africanos se unissem para fazer um som, possivelmente essa banda seria o Blood Of Kingu. Formado na Ucrânia, o grupo pratica um Black Metal muito bem feito, baseado na mitologia egípcia, suméria e tibetana. Fortes influências dos sons tribais, tanto na parte da percussão quanto nas inserções vocais e ambientações. Ao final de várias faixas é possível acompanhar um som típico de tribos indígenas, aquelas usadas em rituais sinistros. Característica essa, bem atípica em termos de Black Metal. Tudo aqui é muito obscuro, desde a arte da capa até o timbre mórbido das guitarras. Falando um pouco do som, os vocais, apesar de abafados, agradam bastante e me lembraram um pouco os guturais de Mikael Akerfeldt, do Opeth. A bateria, quando mais cadenciada e variada, é bem interessante e agradável. Porém, quando resolve apelar para os blast beats, torna-se cansativa e irritante. Apesar desses detalhes, o álbum é bem produzido, e após alguns minutos de audição você acaba se acostumando. As faixas seguem mais ou menos o mesmo padrão, com muita agressividade, rispidez e impiedade. Com exceção da penúltima faixa intitulada “Morbid Black Dreams Bringing Madness”, que é totalmente instrumental, precedendo o fim desse terrível massacre, no bom sentido claro. Ao tentarem voltar às raízes do Black Metal, o Blood Of Kingu acaba criando uma nova sonoridade e mostra que tem muito a acrescentar nesse estilo já bastante saturado. Pedro Humangous

[7] Madness Factory The Madness Factory Independente

Uma das intros mais interessantes que ouvi em anos. A maioria faz aquelas introduções desnecessárias, cheias de ruídos aleatórios, mas aqui não. Bases de guitarra que lembram o Annihilator dos anos 80 trazem certa esperança de que algo bom está por vir. O Thrash Metal transborda nos riffs e palhetadas certeiras, tudo acompanhado de uma bateria incessante e baixo cavalgado. O Power trio formado por Diego Nóbrega (guitarra), Cléber Campos (baixo e vocal) e Jorge Augusto (bateria), tem bastante força nas composições datadas, sem que isso seja um ponto negativo. Impossível não associar o som desses paraibanos ao praticado por bandas de sucesso do passado. Pitadas de Metal tradicional fazem com que as músicas se tornem mais interessantes, juntamente com coros no refrão tipicamente Hardcore. As linhas vocais conseguiram agradar e desagradar ao mesmo tempo, se isso é possível de alguma forma. São agressivos e rasgados, mas demasiadamente agudos e tendem a manter o mesmo tom, ficando um pouco maçante no decorrer do álbum. Talvez um “approach” mais agressivo e sujo se encaixe melhor com a proposta apresentada pelo instrumental. Destaque para as ótimas faixas “GxOxDx” e “Satanic Western”, quinta e sexta faixas respectivamente. A cena do Metal no nordeste brasileiro vem crescendo assustadoramente e revelando ótimas bandas. O Madness Factory mostrase uma boa banda, com bastante técnica e perseverança, basta apenas dar uma melhor lapidada nesse diamante bruto. Pedro Humangous

[6] Serj Tankian Imperfect Harmonies Serjical Strike

Bem, que o System of a Down foi uma das melhores surpresas dos anos 2000 e que deixou um largo hiato na música, é fato. Como uma onda que passou, arrasa quarteirão diga-se de passagem, a banda desmanchou-se e deixou os integrantes em trabalhos mais intimitas e experimentais. Caso de “Imperfect Harmonies” do vocalista Serj Tankian. Exímio compositor, a voz poderosa agora alia-se melodias mais calmas, repletas de arranjos de orquestas, piano e sintetizadores. A inovação dá a tônica mas fãs e críticos, não sem razão, estranharam essa nova linha, longe do rock raivoso de outrora. Para quem não se prende a preconceitos e está bem disposto a novas sonoridades, faixas como “Reconstructive Demonstrations” e “Wings of Summer” são boas pedidas. A proposta das onze faixas é justamente sair do comum em busca de sons que despertem emoções. Não é nada inovador e talvez nem se pretenda ser. Vale como registro de um artista, no mínimo, corajoso em sons únicos e, como diz o título, harmonias imperfeitas. Andréa Ariani



ao vivo

August Burns Red/ Blessthefall Carioca Club 21/08/10 São Paulo/SP (Bra)

Antecipando uma turnê européia que teve início em Setembro e se extenderá até Outubro de 2010, o Carioca Club, em São Paulo, recebeu no dia 21 de Agosto, uma dobradinha norte-americana: August Burns Red e Blessthefall. Essa seria a segunda passagem do Blessthefall pela América do Sul, já que há exatamente um ano, debutaram no continente, passando por Colômbia, Peru, Argentina, Chile e Brasil. O August Burns Red pisava em solo sulamericano pela primeira vez. Ambas as bandas vinham divulgar seus mais recentes discos: “Constellations” (August Burns Red, 2009) e “Witness” (Blessthefall, 2009). Infelizmente ao chegar ao Carioca Club, as duas bandas de abertura já haviam se apresentado: Unlife e Sharks At Abyss. O público era bom e mais pessoas chegavam com o passar do tempo. Alguns vieram principalmente para ver o Blessthefall, enquanto outros aguardavam ansiosamente o August Burns Red, que fecharia a noite. Boa parte

August Burns Red

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do público, porém, estava interessado em ambas as bandas. A estrutura do Carioca Club se mostrou segura e agradável para um show desse calibre, tanto para os fãs, já que o espaço era suficiente para quem gosta de curtir o show de perto e também para quem gosta de moshar; como para as bandas, já que o palco era espaçoso. A iluminação simples e o som da casa decepcionaram um pouco, mas nada que estragasse o evento. O público foi ao delírio quando o Blessthefall iníciou o seu set. Não me agrada o som e o estilo dos caras, porém, não posso deixar de elogiar a banda quando o assunto é agitar a galera. Os fãs não pararam um só minuto durante toda a apresentação. O moshpit era brutal e o pessoal fazia barulho nos sing alongs. Fiquei de longe, apenas visualizando a destruição. “What’s Left Of Me”, “To Hell And Back”, “Five Ninety”, “Higinia”, “Guys Like You Make Us Look Bad” e “Skinwalkers” foram alguns dos sons tocados pela banda do Arizona. Um detalhe era que o som do Blessthefall estava melhor equalizado do que o do August Burns Red. Fechando a noite, sobe no palco a principal atração: August Burns Red. A banda já entrou quebrando tudo com “Back Burner”, seguido de “White Washed” e “Your Little Suburbia Is In Ruins”, do primeiro álbum da banda, “Thrill Seeker”. Apesar do som não estar tão bom, era notável o entrosamento dos caras, que tocavam com dinamismo e habilidade técnica. Achei que as guitarras e os pratos da bateria deveriam estar mais altos, já que são marcas registradas da banda. O som estava meio abafado no

Carioca Club. As guitarras anunciavam o começo da próxima música quando uma bandeira do Brasil foi extendida ao fundo nos equipamentos da banda. Após “Marianas Trench”, foi a vez de “Meddler”, single do mais recente álbum “Constellations”. A dupla de guitarristas JB Brubaker e Brent Rambler era afinadíssima e o vocal de Jake Luhrs ecoava na multidão, poderoso. Sua performance de palco já conhecida, sempre rodando o cabo do microfone e o pegando de volta, inflamava os presentes. O August Burns Red seguiu com “The Truth Of A Liar”, do álbum “Messengers”, “Thirty And Seven”, “Existence” e “The Eleventh Hour”, numa sequência matadora. Uma das músicas que mais aprecio da banda fez tremer o chão: “Up Against The Ropes” abriu um circle pit furioso. Antes do break tocaram uma música não muito conhecida do público, “The Seventh Trumpet”, uma verdadeira surpresa. Ao saírem do palco, logo se ouviram gritos de “one more song”. A banda então voltou para tocar a música derradeira e o vocalista Jake berrou lá do alto, sem microfone em mãos, para todos ouvirem: o último som seria “Composure”, que não poderia faltar nesse show. Após muita quebradeira e com a galera mandando ver no sing along ao final da música, o August Burns Red encerrou sua primeira passagem pelo Brasil de parabéns. O público compareceu e certamente não ficou decepcionado com essa dobradinha norte-americana, que virou o Carioca Club de ponta cabeça. André Franco Filho Foto: Álvaro Reis


Hypocrisy

hypocrisy

Carioca Club 22/09/2010 São Paulo/SP (Bra) Segundo a mitologia grega, Midas foi um rei cujo toque transformava qualquer coisa em ouro. Na música extrema, quem tem o toque de Midas é o sueco Peter Tägtgren. Obviamente não estou me referindo a riquezas, afinal estamos no underground, e o retorno financeiro nunca será equivalente ao talento e à dedicação. Mas tudo o que esse rapaz põe a mão fica com uma qualidade absurda. Além de ser o fundador, principal compositor, vocalista e guitarrista do Hypocrisy, Tägtgren, participa/participou de inúmeros projetos, como o de Metal industrial, Pain, em que ele é o responsável por

Cephalic Carnage/ Psycroptic/ Ion Dissonance

absolutamente tudo, e o Abyss, de Black Metal, onde ele cuidou da bateria, baixo e vocais. E não podemos esquecer a vida paralela do músico como produtor. Seu estúdio, The Abyss, é muito procurado, em sua maioria, por bandas escandinavas, para mixagem e edição. Entre seus clientes estão nomes de pouca importância do metal. Afinal, ninguém conhece Dimmu Borgir, Immortal, Amon Amarth e Children of Bodom, não é mesmo? Por isso mesmo esta noite de quarta feira preencheu uma lacuna imperdoável. Peter nunca antes havia tocado no Brasil, e o dia finalmente chegou! O Hypocrisy vem fazendo a turnê de seu último álbum, o maravilhoso “A Taste of Extreme Divinity”, e o primeiro show da etapa latino americana foi em nosso país. Quem teve a honra de abrir o espetáculo foi o Genocídio, veterena banda do Death Metal nacional O Genocídio fez um show correto, mostrou a agressividade habitual e muita

técnica. Um pouco de futebol no telão durante o (longo!) intervalo entre as duas bandas entreteu os presentes, e finalmente o Hypocrisy entra em cena, já destilando a estupenda “Valley of the Damned”, seguida por “Hang Him High”, ambas do último álbum. O set list não apresentou novidades, é o mesmo que vem sendo executado durante toda a turnê, e que está no DVD gravado em Fevereiro em Sofia, Bulgária. Pausa para “Fractured Millennium”, para novamente despertar a galera com o medley de antigueiras: “Pleasure of Molestation/Osculum Obscenum/Penetralia”. Peter Tägtgren adora músicas atmosféricas, e nós também, então “Apocalypse” felizmente nunca sai do set list da banda, que foi seguida de “Forth Dimension”. Peter, que pouco falou, agradeceu a recepção e anunciou uma “love song”, “Let The Knife Do The Talking”. “Weed Out The Weak”, também do disco novo, foi uma das mais aplaudidas, que foi seguida pela fodaça “ Fire in The Sky”. Peter Tägtgren simplesmente destrói nos vocais, alternando-os do gutural ao mais rasgado, sem perda de qualidade e alcance, e sem precisar de um backing vocal. Impressionante! Fim de show? Ainda não! “The Final Chapter” abriu o bis, “Warpath” preparou terreno, até que o momento que todos os headbanguers tanto aguardavam chegou. Um dos maiores clássico da metal extremo pra finalizar um show perfeito: “Roswell 47”! Se você não sabe de qual música estou falando, considere isto um desfalque lamentável em sua bagagem, meu amigo! E se você, por qualquer motivo, não pode estar presente neste meio de semana no Carioca Club em São Paulo, perdeu a oportunidade de ver de perto uma influência para toda uma leva de bandas do Death e Black Metal. Quem foi saiu de alma lavada. Texto e foto: André Pires

Cephalic Carnage

Underworld Club 13/09/10 Londres (UK)

Quando estava no Brasil, ouvia muito a respeito do Underworld Club, uma espécie de CBGB´s, só que em Londres. Aproveitei o momento certo para visitar essa casa de shows, que acabou culminando no show das bandas Cephalic Carnage, Psycroptic e Ion Dissonance. Aqui os shows ocorrem todos os dias e em ritmo frenético, apesar de ser uma segunda feira o público londrino lotou o Underworld para conferir aos shows que começaram com bandas locais e que serviram para um esquenta para as bandas principais. A primeira banda a subir ao palco foi o Ion Dissonance que fez um dos melhores shows da noite. A banda ao vivo é simplesmente matadora, com uma performance insana contagiaram ao frio público inglês e logo começaram a se formar moshpits. Em turnê de lançamento de seu novo álbum “Cursed”, a banda fez um show com novas canções e alguns clássicos como “She’s Strychnine”, “Through Evidence” e “This Is The Last Time I Repeat Myself”. Foi um show rápido, apenas 50 minutos, mas que impressionou e agradou ao público que ovacionou os canadenses. Em seguida, foi a vez do Psycroptic que faz uma linha voltada ao Death Metal/Grind. Diferente dos experimentos musicais do Ion Dissonance, a banda fez um show competente, mas que no começo pareceu não convencer, apenas da

metade da apresentaçao para frente é que se tornou mais interessante, quando começaram a tocar músicas mais rápidas e com riffs velozes como “Observant”, “Alpha Breed” e a cadenciada “Colour of Sleep”. Show bom mas ainda ofuscado pela banda anterior. Em pouco tempo a aparelhagem é trocada e logo surge ao palco os simpáticos integrantes do Cephalic Carnage e logo começa o massacre sonoro com “Wraith” seguida de “Endless” e a poderosa “Raped by an Orb”. O show é pegado e intenso. As músicas são tocadas a uma velocidade impression-

ante e surpreendente. A banda excursiona em turnê de seu mais novo álbum, “Misled by Certainty” e desse álbum tocaram “Warbots A.M” e “Abraxas of Filth”, com muito carisma e sempre dialogando com o público. O vocalista Lenzig Leal faz as honras de mestre de cerimônia da noite. Para finalizar a noite, a banda volta ao palco com máscaras Black Metal e tocam “Kill for Weed” e “Lucid Interval”. Show primoroso e que deixou até o mais pacato fã em estado de êxtase. Texto e Fotos: Flávio Santiago

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ao vivo

Boom Boom Kid

Hangar 110 15/08/10 São Paulo/SP (Bra)

Boom Boom Kid

Lacrimosa

A última vez que tinha visto o Boom Boom Kid ao vivo no Brasil foi em 2007. O frio de quase 10 graus não animava nenhum ser humano a sair de casa em um domingo, mas três anos depois, estava mais do que na hora de revê-los. Vindos do Rio de Janeiro, essa turnê é de divulgação do mais recente disco, “Frisbee”, lançado ano passado. A abertura ficou a cargo das bandas Autonomos, Total Terror DK, Good Intentions e Eu serei a Hiena, essas três últimas com integrantes em comum, deixando o show com cara de festa de amigos. O Total Terror fez um show curto mas como sempre brutal e barulhento. “Vida Desgraçada”, “Playcenter Homicida” e covers do Sick Terror (banda que eles mesmos faziam parte antes do TTD), fizeram parte do set. Trocas rápidas de palco e na sequência o instrumental competente do Eu Serei a Hiena. Fico impressionada toda vez com a qualidade da banda ao vivo e o poder de fazer a galera parar pra curtir. Se bem que mesmo no frio, poucos estavam mesmo dispostos a qualquer movimento mais brusco. No gargarejo, só os vários fotógrafos disputavam espaço para os clicks. Fausto e Jr. que originalmente tocam baixo nas suas bandas (Dance of Days e Ratos de Porão) tocam guitarra no Hiena; O quarteto se completa com Wash no baixo e Nino na bateria. Sons como “Hominis Canidae” (faixa título do segundo disco da banda) e a conhecida “Doppelgänger” foram algumas do curto set. Para acabar com a calmaria, o Good Intentions. O Fausto só teve tempo de trocar a camisa e continuar no palco. É sempre bom vê-los ao vivo, mas é fato: as tradicionais ban-

Carioca Club 21/09/10 São Paulo/SP (Bra) A tarde chuvosa não espantou o público, que paticamente lotou o Carioca Club nesta volta do Lacrimosa ao Brasil. Um atraso de meia hora fez com que aquele mar de camisetas pretas (e muitos olhos e unhas pintados na mesma cor) começasse a ficar ansioso. Mas logo Tilo, Anne e cia apareceram para o êxtase dos presentes. Bandeira do Brasil e buquies atirados ao palco, agrados que Tilo ignorou solenemente. A banda pouco se comunica com o público, e quando o fez, gritos histéricos praticamente encobriam a voz que saia do microfone. Comemorando 20 anos de carreira, o Lacrimosa passeou por sua discografia, como o habitual, e teve seus clássicos cantados em uníssono. Destaques para “Schakal”, “Alleine zu zweit” e “Copycat”, que fez parte de um extenso bis. Anne, nas poucas vezes em que saiu do teclado parar assumir a voz principal, trocando postos com Tilo, apresenta uma coreografia performática e muito agradável enquanto canta, bem mais interessante do que a dancinha sui generis de seu companheiro. Já a voz esganissada de Tilo por vezes é prenchida pelo backing vocal do baixista de turnê e por linhas de teclado. Sem esses elementos, o Lacrimosa perderia muito ao vivo. Seja como for, o casal é uma referência no cenário Gothic Metal mundial, e a casa cheia nesta noite mostra a força do estilo no país. Texto e Foto: André Pires

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Lacrimosa

das da “Verdurada” parecem deslocadas no palco alto, longe do público, proposta inversa da que aquele espírito de união propõe. “Até o Fim”, “Escolha” e os já conhecidos discursos do vocalista André Vieland sobre o Hardcore e o vegetarianismo fizeram parte do set. Foi bom, agitou e foi um dos shows mais longos até então. Passava um pouco das 21 horas e das duas uma: ou o show duraria muito ou demoraria um tanto para a arrumação do palco do Boom Boom Kid. O já citado mais recente disco “Frisbee” tem 35 músicas. Se rolassem todas desse já seria um set admirável, mas, para uma banda que tem inúmeros sucessos e fãs anciosos por vê-los ao vivo, 35 seriam poucas. De moleton branco, calça e camisa preta e o tradicional chapeuzinho na cabeça, gritaria total, Nekro e cia adentram o palco. O moleton não durou uma música no corpo, assim como as roupas, foi som atrás de som, o suficiente para perder a conta. A banda é impecável, mas não há como tirar os olhos do frenético vocalista. E como sempre, houve inúmeros momentos memoráveis. Em “Wasabi Song” o tradicional surfe no case. Nekro “dropou” quase todo o espaço da casa com direito a remada e aterrisagem segura de volta ao palco. Numa versão acelerada “Dejame ser Parte de esa Locura” foi uma das melhores, bem como “Frisbee” em que frisbees rosas e com smile desenhado foram lançados na platéia. O vocal anuncia “I Don’t Mind” como último som e manda antes os primeiros versos de “Balada do Louco” dos Mutantes. “Fueguitos”, “Kitty”, “I do”, “Hunt” e “Rapocappo”, uma das novas, foram algumas outras que fizeram parte do set. Hora com e hora sem chapéu, pulando, dançando, dreads no ar o tempo todo, num pique de botar qualquer marombado de micareta no chinelo, é mais um show de Nekro, em particular, para manter bem vivo na memória. Andréa Ariani Foto: Rafael Melo


Thrice Rolo Tomassi

Streetlight Manifesto

Reading Festival 27 a 29/08/10 Londres (UK)

Como recém-chegado na terra da rainha me aventurei em acompanhar um dos festivais no qual sempre sonhei estar: o Reading Festival. Um dos principais eventos da Inglaterra que acontece desde 1971. Ocorre todo ano no feriado bancário da cidade, favorecendo assim o regresso do público aos seus respectivos lares. Esse ano foi estimado um público de aproximadamente 180.000 pessoas nos 3 dias de evento. É algo gigantesco. O volume de pessoas que vem e vão é algo inacreditável e tudo devidamente sinalizado e organizado. A área de camping é imensa e divida por cores e setores, fazendo com que o público dificilmente se perca. A entrada e saída da área do festival é permitida sem maiores problemas. Para isso ao chegar ao local o público recebe uma pulseira que é uma espécie de passaporte. Bem, depois de uma breve descrição de como o festival funciona, vamos ao principal - as atrações musicais e sua divisão por palcos: • Palco principal - Artistas e bandas Rock/ Indie/Rap mais populares. • Palco NME/Radio 1 - Novos artistas e revelações. • Palco BBC Introducing... - Artistas em ascensão. • Palco Radio 1 Lock Up - Artistas Punk/ Hardcore • Tenda Dance - Apresentações de Dance

music, nos dois dias em que o palco anterior não funciona. • Tenda Comedy - Apresentações humorísticas e de cabaret. No primeiro dia tínhamos como atrações no palco principal bandas como Guns n’ Roses, Queens of the Stone Age, Gogol Bordello, Lost Prophets e NOFX, mostrando a variedade de estilos do palco, mas como a maioria das bandas já havia visto no Brasil, tratei de pesquisar em outros palcos atrações nas quais nunca havia presenciado ao vivo e com isso tive boas surpresas. Uma delas é a banda Wot Gorilla?. A banda faz a linha experimental progressiva, algo bem interessante e tocado de forma intensa com direito a muita distorção. Aliás, o palco BBC Introducing, me trouxe gratas surpresas no decorrer dos 3 dias, dentre elas a já citada Wot Gorilla?, Penguin, e uma que me chamou bastante a atenção, o Blacklisters. A banda faz um som na linha Unsane, com um show caótico e extremamente barulhento. Um dos palcos mais concorridos do Reading foi o Lock up Stage, destinado a bandas Punk/Hardcore, por ele passaram bandas como Strike Anywhere, Hatebreed, Streetlight Manifesto, Sick of it All, Bad Religion, Zebrahead, Cancer Bats, Paint it Black, Against Me e Alkaline Trio. De todos os shows citados os mais concorridos foram, sem dúvida: Hatebreed, Cancer Bats, Bad Religion, Sick of it All e Alkaline Trio, mas, no geral, quem incendiou o palco foi, sem dúvida, o Streetlight Manifesto. Show rápido, agitado e que sequer se pensa em descansar ou algo do tipo. Era humanamente impossível acompanhar a todos os shows uma vez que começa-

vam simultaneamente e em palcos não tão próximos, por isso tratei de fazer minha lista e ir vendo o máximo de shows possíveis, pois eram em média quase 100 atrações por dia. No palco principal os destaques ficaram para os shows do Lost Prophets, Queens of the Stone Age, Gaslight Anthem, Limp Bizkit, Weezer e Thrice (que apesar de pouco prestigiado fez um show matador). O Queens of the Stone Age fez o que se pode denominar de show perfeito com set list enxuto, direto e que agradou a todos, deixando o palco para a decepção da primeira noite: Guns n’ Roses que fez um show manjado e cheio de clichês e ainda por cima foram literalmente expulsos do palco devido a demora para iniciar o show, acarretando em atraso, consequentemente diminuindo o show de Axl Rose e sua trupe. O palco NME também mostrou boas bandas, mas na maioria voltada a indie music, mas houveram algumas excessões como o show de Serj Tankian (vocalista do System of a Down), que fez muito bem a mescla de orquestra e guitarras trazendo um bom resultado e respaldo do público, mas os shows que mais surpreenderam foram o do Enter Shikari e da banda Rolo Tomassi, que praticamente colocaram o palco abaixo de maneiras diferentes. O Enter Shikari pela fusão de música eletrônica e guitarras poderosas e o Rolo Tomassi pela caoticagem que se decorreu durante o show. Sem dúvidas, um festival grandioso e que tem o sucesso e reconhecimento do público que esgotou todos os ingressos devido a variedade de estilos. Texto e fotos: Flávio Santiago

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The Adicts

Carioca Club 11/09/10 São Paulo/SP (Bra)

The Adicts

Parecia improvável, mas um ano depois de sua primeira passagem pelo Brasil, o The Adicts retornou para mais alguns shows que fazem parte da “Life Goes on Tour 2010”, nome do mesmo disco lançado também no final do ano passado. Além da Argentina, Chile, Colômbia, São Paulo e Curitiba foram as cidades escolhidas no Brasil. Quem não viu teve uma nova chance de lavar a alma com quase duas horas de show e um set gigante e repleto de hits, além de conferir um dos melhores já realizados em São Paulo. Exagero? Então pergunte para qualquer ser humano que lotou o Carioca Club para vê-los e qualquer um deles há de concordar comigo. A euforia era tanta que talvez ninguém tivesse tempo para lembrar que “comemorava-se” também nove anos da tragédia de 11 de Setembro. E não houve mesmo espaço para tristeza. O show de abertura foi da banda Excluídos. Tendo o Adicts como uma das principais influências, o trio paulistano fez um show competente, set cantado em português e divulgando sons próprios.). Como previsto, o show principal começou às 20h30. A intro “Ode to Joy” rolava enquanto os integrantes iam entrando um a um, com o figurino habitual (calça e camisa branca) causando euforia e um enorme empurra-empurra. Em seguida, entra o vocalista Monkey com seu visual brilhante e colorido meio Droogs meio Coringa from Hell jogando várias cartas de baralho para o público. Abrem o set com nada menos que uma pesadíssima

“Joker in the pack” cantada em uníssono, colada em “Tune In, Turn On, Drop Out” uma do mais recente disco supra citado. Enquanto o set seguia, Monkey literalmente desmontava o figurino e derretia a maquiagem. O palco ficou repleto de papel colorido picado e serpentinas deixando o ambiente ainda mais com cara de festa. Num dos primeiros momentos em que falou com a platéia, Monkey disse: ”Alguém ai comprou a camiseta que estão vendendo na banca do outro lado da rua?” Demorou e apareceu um cara que comprou e ao ver o cidadão vestido ele disse: “Nossa, ela tem um desenho terrível. Mas o bom é que estamos de volta e aqui é o nosso lugar preferido de tocar. É, eu digo isso em todos os lugares” e anuncia “Life Goes On”, outra das novas. Se a expectativa era enorme ela foi com um set repleto de clássicos. Difícil dizer qual foi o momento alto do show, mas o que reservou momentos inusitados e histeria foi quando a produção pediu para subirem as meninas para a tradicional “Bad Girl” tocada com elas no palco. Mais empurra-empurra, uma invasão que mal se via a banda. Ao final, uma delas tascou um beijo demorado na boca do vocalista seguida depois por várias outras. “Viva la Revolution” foi uma das últimas. Pelo menos era o que parecia. Mas a banda já fora do palco, luzes apagadas e galera cantando lindamente “You’ll Never Walk Alone” fez com que o bis (planejado) rolasse. Entre bolas coloridas e Monkey com o visual mais maluco e remontado, mais algumas - “Angel” foi uma delas. Certamente faltou alguma, mas não havia nada para mudar. Se tem uma palavra para definir foi alegria, vista no rosto de todos os presentes e em todos os integrantes, especialmente o guitarrista Pete Dee. Show lindo e impecável. Viva Adicts! Andréa Ariani Foto: Rafael Melo

Fishbone

Carioca Club 25/07/10 São Paulo/SP (Bra) Uma noite especial em São Paulo, afinal após anos de muita espera, o público iria conferir ao show de uma das lendas do ska, Funk Metal, ou seja lá qual for a denominação dada ao Fishbone. O fato é que o Carioca Club estava prestes a ver um dos melhores shows do ano. Pena que o público pagante não correspondeu às expectativas e o lugar teve apenas metade de seu espaço ocupado, mas nada que pudesse atrapalhar a performance da banda ao vivo. O show contou com a abertura das bandas Mickey Junkies, Yo Ho Delic e Anjo dos Becos, o que engradeceu ainda mais a noite, pois todas as bandas tiveram bastante destaque na cena underground paulistana na década de 90 e pelo menos para mim foi a chance de um revival histórico. O fator público jogou contra as 2 primeiras bandas (Mickey Junkies e Yo Ho Delic) pois tocaram para um lugar praticamente vazio, com o Anjo dos Becos, a coisa foi diferente. O público prestigiou a banda e com isso serviu como um esquenta para o show final. Sem muitas firulas o Fishbone subiu ao palco e mostrou porque estão na ativa até hoje. Com um show eletrizante e marcado pela variação de ritmos. O público foi contagiado pela energia de Angelo Moore e cia., com músicas como: “The Suffering” e “Everyday Sunshine” e Uniyelding Conditioning”. O show prosssegue em ritmo alucinado e

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Fishbone

dançante e com uma performance invejável e pouco se importando se o lugar estivesse cheio ou vazio. Esse talvez seja o diferencial do Fishbone, uma banda que nunca se importou em ser underground e mesmo já tendo o seu momento mainstream, realiza os shows com a mesma vontade e respeito ao público. A banda fez um show impecável com um set list abrangente de sua carreira e não desa-

pontou aos fãs. Alguns destaques do show ficaram para as músicas “Ma and Pa”, “Bonin’ in the Boneyard”, “Alcoholic” e “I Wish I had a Date”, dedicada às fãs brasileiras de olhos e “outras coisas” grandes. Teve espaço até mesmo para o tradicional cover de “Rape Date” do Sublime, e para encerrar o hit maior da banda, “Servitude”. Texto e foto: Flávio Santiago


Scorpions

SUN ROCK FESTIVAL 11 e 12/09/10 João Pessoa/PA (Bra)

1º dia A turnê brasileira (e última) do Scorpions, denominada “Get your Sting and Blackout World Tour”, começou por João Pessoa Paraíba, e foi a atração principal do 1° SunRock Music Festival que aconteceu nos dias 11 e 12 de Setembro, no Estádio Almeidão. A banda alemã nunca havia se apresentado na cidade, que contou ainda com Angra, Matanza e Sepultura. Como atração principal deste primeiro dia, desde a chegada do Scorpions no aeroporto, era visível a mistura de gerações, de quarentões à adolescentes devidamente caracterizados com camisetas do grupo, e com clássicos CDs e vinis nas mãos em busca de um tão sonhado autógrafo. No local do show, a ansiedade também era grande. Várias pessoas de outros estados, como era apresentação única do Scorpions no Nordeste, muitas delas haviam passado a madrugada na fila, vindas do aeroporto, esperando por seus ídolos. Na abertura dos portões o que se via era uma mistura de emoções, pessoas correndo para garantir um lugar melhor e outras estáticas, ainda sem acreditar no que estava por vir. Cerca de 18 mil pessoas foram ao êxtase quando a banda subiu ao palco e apresentou músicas novas, como “Sting in the Tail” (que dá nome ao novo álbum), e seguiu com os hits “Holiday”, “Wind of change”, “Black Out” e ainda contou com o solo do baterista James Kottak, em uma performance fantástica, que finalizou subindo na bateria, mostrando a tatuagem nas costas “Rock & Roll Forever”. Incrível a forma física da banda, com 2

horas de apresentação, pareciam em seu primeiro show. O Klaus Meine (vocalista) e Rudolf Schenker (guitarrista) eram um dos mais ativos, sempre chamando o público, não deixando o clima mágico que o show se encontrava, se perder. Os alemães fecharam o show com o hit “Big City Nights”, e todos esperavam como bis a famosa balada “Still Loving You” e não veio, no lugar dela “No One Like You” e “Rock You Like a Hurricane”, com reforço do Andreas Kisser (Sepultura), dando um peso maior no som. Final épico para uma noite dos sonhos. As pessoas pareciam estar em outro plano e nem se deram por conta que havia terminado. 2º dia A primeira a se apresentar foi a Terra Prima (PE). Os pernambucanos começaram bem, em uma hora de show animaram os fãs. Depois foi a vez da banda carioca Matanza. Subiram ao palco, levando os fãs a loucura. Jimmy London (vocal) interagia com o público, perguntando quem eram “os fundadores do clube dos Canalhas”. O set list da banda seguiu com as músicas próprias, maioria dos sons do seu último DVD “MTV Apresenta” de 2008. Os integrantes anunciaram o disco novo: “Devemos começar a gravar em novembro. Ele está praticamente pronto, só falta ensaiarmos mais pra gravá-lo em fita, de uma maneira analógica, inclusive”, revelou Jimmy. Em seguida, foi a vez do Children of The Beast (SP). A banda, formada em 1993, é considerada o cover oficial do Iron Maiden na América do Sul. Um dos momentos mais emocionantes foi quando o “Eddie” subiu ao palco enquanto tocavam “The Number Of The Beast”, o que levou os fãs ao delírio. O Angra subiu ao palco e mostrou o seu mais recente álbum, “Aqua”. O set de 16 músicas foi democrático e misturou sons

antigos com novos como “Arising Thunder”. “Silence and Distance”, “Heroes of Sand” e “Lisbon” foram alguns dos pontos altos. Teve um momento que um fã jogou a bandeira da Paraíba, o Edu (vocal) pegou, se enrolou e cantou “Rebirth”. O guitarrista Kiko Loureiro, fez um solo na chuva, no meio da passarela do palco principal. O bis ficou por conta dos clássicos “Nothing to Say”, “Carry On” e “Nova Era”. Para encerrar a noite, o Sepultura subiu ao palco pela primeira vez em João Pessoa. A banda touxe a tour “A-Lex”, depois de rodar pela Europa. O foi show foi bem instigante, juntando a energia da banda ao vivo e a voz potente do Derrick Green e os riffs do Andreas Kisser. Segundo Andreas, o único show feito na Paraíba foi em Campina Grande em 1988. “É muito bom estar tocando aqui agora, quando sabemos que temos um grande público aqui. Com 25 anos de banda, vemos isso como um presente para nós e para o público de João Pessoa”. Como presente, um set gigante contemplou a discografia e fez a alegria de muitos dos fãs. “A-lex” abriu seguida por “Arise” e “Refuse/Resist”. Além de muitos sons da fase Derrick, os clássicos “Troops of Doom”, “Territory” e “Innerself ” também fizeram parte. Agitando como sempre o público também foi à loucura com os três que fecharam “Rattamahatta”, “Conform” e “Roots”. Foi sem dúvida uma aventura. O festival demorou três meses para ser produzido e numa iniciativa pioneira conseguiu trazer as maiores do nosso e do Metal gringo para tocar em solos por alguns nunca antes frequentados. Que seja um evento permanente que venha fortalecer a cena local e coloque a cidade definitivamente na rota dos grandes eventos. Texto e fotos: Anderson Silva Edição e revisão: Andréa Ariani

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ao vivo

Lamb of god

Espaço Lux 26/09/10 São Bernardo do Campo/SP (Bra) É, como previamos, ficou pequeno. O Lux é um espaço querido da galera do ABC e já recebeu grandes shows e com certeza o Lamb of God foi mais um pra ficar na história. Não sei a banda esperava exatamente por esta reação e por um público tão brutal e participativo como vimos, mas foi realmente inesquecível. O fim de semana de marasmo e garoa desanimava, mas o show era muito esperado, vários fãs se mobilizaram em uma das comunidades da banda no Orkut desde o início do ano para curtir, muitos deles vindos de outros estados, junto com os locais, fizeram da tarde/noite de domingo um acontecimento. Alguns sugeriam Astafix ou Chorume, que realmente seriam grandes opções mas a abertura ficou por conta do Chaosfear. Igualmente competente, a banda agitou ainda mais o eufórico público que lotava o Lux. Um certo excesso de fumaça e iluminação predominantemente vermelha atrapalhava um pouco a visão do palco mas o som em ambos os shows estava perfeito. Eis que a banda principal entra e era como uma aparição, empurra-empurra geral enquanto outros embasbacados e atônitos não acreditavam que finalmente estavam realmente ali, ao vivo. Algumas do set foram “In Your Words” e “Set to Fail”. “Now I´ve got Something to Die For” foi uma das melhores seguida por “Dead Seeds” e “Blacken the Cursed Sun”. Vindos da Argentina e fazendo única apresentação do mais recente disco “Wrath”, São Paulo, além do show, recebeu também a tarde de autógrafos que aconteceu com a banda um dia antes. Na formação atual e para esta turnê, contaram com o guitarrista Paul Waggoner, do Between the Buried and Me. Apesar de não ter acesso para subir no palco para os famosos stage dives, o que se viu foram circle pits gigantes, um público que agitou sem parar, enquanto um set de sonho era tocado som após som. A sequência final foi matadora. Depois de “Laid to Rest”, “Omerta”, o som mais pedido desde o início do show, enfim, foi tocado para delírio dos fãs. Mas, se o melhor fica por conta do bis, depois de “Redneck”, o vocal Randy Blythe agradece o público e anuncia “Black Label”. Foi suficiente para a casa vir abaixo e a galera gastar com todas as forças toda a energia que ainda restava. Entre alguns desmaios, suspeitas de braços quebrados, canelas feridas, pescoços tortos e alguns hematomas, salvaram-se todos. Felizes com o show que tinham acabado de ver e mais ainda com a esperança de que, cumprindo a promessa feita, a banda retorne em breve. Vamos esperar. Andréa Ariani Fotos: Flavio Hopp

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Lamb of God

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