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A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos é, sem dúvida, um momento histórico, que assinala o seu regresso à Casa Branca, após uma derrota em 2020. Esta eleição não reafirma, apenas, a resiliência política de Trump, mas reflete, também, uma mudança significativa no panorama político americano. A campanha eleitoral de Trump capitalizou o descontentamento popular em relação a questões como a inflação e a imigração irregular, temas que ressoaram, profundamente, entre os eleitores. Para além disso, o Partido Republicano assegurou, também, maiorias tanto na Câmara dos Representantes como no Senado, consolidando uma posição de força.

As implicações desta vitória são vastas e complexas. No plano interno, espera-se uma agenda política marcada por políticas económicas protecionistas e uma abordagem mais rígida em relação à imigração. Trump já anunciou a intenção de implementar tarifas significativas e de adotar uma postura mais isolacionista, o que poderá redefinir, de forma negativa, as relações comerciais e diplomáticas dos EUA. No cenário internacional, a eleição de Trump suscita preocupações entre os aliados tradicionais dos Estados Unidos, uma vez que a sua retórica nacionalista e a tendência para políticas unilaterais podem desafiar alianças estabelecidas e influenciar negativamente a ordem global. Já a União Europeia, em particular, poderá enfrentar desafios na cooperação transatlântica, especialmente em áreas-chave como o comércio, a segurança ou as políticas climáticas.

O QUE NOS RESERVA O FUTURO?

A comunidade global observa, atentamente, os próximos passos desta administração, consciente de que as decisões tomadas em Washington terão repercussões que ultrapassam as fronteiras americanas.

José PeDro aguiar-branco: comPromisso com a Democracia José Pedro Aguiar-Branco assume, atualmente, a presidência da Assembleia da República. Para ele, o Parlamento é o núcleo da vida democrática e o desafio de o liderar transcende a política, sendo encarado como uma missão cívica e apartidária. Perante a polarização e fragmentação parlamentar, Aguiar-Branco mantém uma postura de equidistância, incentivando o pluralismo e a liberdade de expressão. Acreditando que a democracia se constrói no debate aberto e na negociação, para ele, consensos não são sinais de fraqueza, mas, sim, de maturidade democrática.

No final do seu mandato, espera deixar uma marca de normalidade cívica e institucional, num Parlamento onde liberdade, transparência e construção de consensos guiem os passos da democracia.

sustentabiliDaDe e resPonsabiliDaDe social: a visão Da bmw

Os BMW Responsibility Days deste ano, realizados no México, trouxeram à tona o compromisso do BMW Group com a sustentabilidade e responsabilidade social. O impacto da BMW transcende a engenharia, o compromisso da marca com o Club de Niños y Niñas, em parceria com a UNICEF, reflete uma abordagem genuína relativamente à responsabilidade corporativa. Esta iniciativa oferece educação e segurança a crianças em risco, promovendo competências cruciais em áreas como ciência e tecnologia.

Dubai: luxo e traDição

Explorar o Dubai é viajar por um fascinante mundo de contrastes entre modernidade e herança cultural. Perante uma cidade que equilibra inovação tecnológica com tradições profundas, é fácil perceber a razão pela qual este é um destino de referência, a nível mundial.

No deserto, a ligação com o legado beduíno traz serenidade e beleza intemporal, completando uma experiência já culturalmente muito rica.

awarDs Frontline: celebração Da excelência

Os Awards refletem a missão da revista de reconhecer e destacar aqueles que, pelo seu trabalho, criatividade e compromisso, impulsionam mudanças significativas nas suas áreas e na sociedade. Este ano, voltamos a reforçar o nosso compromisso, garantindo que os vencedores representam, verdadeiramente, o que há de melhor no mundo empresarial, cultural, social e tecnológico.

boas Festas

Mais um ano chega ao fim, trazendo consigo reflexões, conquistas e aprendizagens, que nos preparam para os desafios e para as oportunidades do futuro. Nesta época especial, celebramos a união, a renovação de esperanças e os valores que nos unem enquanto comunidade. É tempo de abraçar as nossas raízes, fortalecer os laços com quem nos rodeia e sonhar com novos caminhos que nos levem mais longe. No próximo ano, continuaremos ao lado dos nossos leitores, empenhados em levar informação, cultura e inovação de referência! Boas Festas e um próspero Ano Novo!

10/ NEWS

14/ GRANDE ENTREVISTA

José Pedro Aguiar-Branco

22/ OPINIÃO

Luís Mira Amaral

Maria de Belém Roseira

Carlos Zorrinho

Luís Lopes Pereira

Fernando Leal da Costa

28/ PANORAMA

Economia europeia

30/ SAÚDE OE2025

32/ GRANDE ANGULAR

Organização global

34/ MAGAZINE

União Europeia

36/ ATUALIDADE

Alemanha

38/ EM FOCO

Pobreza em Portugal

40/ VISÃO

Tecnologias da saúde

FICHA TÉCNICA

Diretor: Nuno Carneiro | Editora:Ana Laia | Colaboram nesta revista Luís Mira Amaral, Fernando Leal da Costa, Luís Lopes Pereira, Carlos Zorrinho, Isabel Meirelles, Samuel Fernandes de Almeida, Carlos Mineiro Aires, Fernando Santo, Fernando Negrão, Carlos Martins, Antóno Saraiva, Pedro Mota Soares, Alexandre Miguel Mestre,Rui MiguelTovar,Jorge Garcia,Casimiro Gonçalves,Fernanda Ló,João Cordeiro dos Santos,José Caria,M.Sardinha | Revisão:Helena Matos | Fotografia: Mariana Themudo Abreu/FF e Orlando Lima, CML / Museu de Lisboa / EGEAC / José Avelar, Francisco Almeida Dias, João Cupertino, Martina Orsini, Miguel Figueiredo Lopes / Presidência da República, Nelson Teixeira, Nuno Madeira, Pedro Sampayo Ribeiro, Rui Ochoa/Presidência da República | Diretor Comercial: Miguel Dias | Proprietário:Armando Matos | Produção: DesignCorner Lda., Rua Infante D. Henrique, 21, 3000-220 Coimbra Sede: Airport Business Center Avenida das Comunidades Portuguesas Aerogare, 5º piso–Aeroporto de Lisboa 1700-007 Lisboa – Portugal E-mail: geral@hvp-design.pt | Registada no ICS com o n.º 125341 | Depósito Legal n.º 273608/08 | Estatuto editorial disponível em: www.revistafrontline. com Facebook: RevistaFRONTLINE

42/ DOSSIER

Transformação digital

44/ ESPECIAL Awards 2024

50/ LIVROS

52/ EVENTO

BMW Responsibility Days

58/ MOTORES

Volvo EX90

62/ REAL GARRAFEIRA

64/ NÉCTARES

Enólogo

68/ VIAGEM CULTURAL

Dubai

74/ CHECK-IN

Casaspensadas

76/ IMOBILIÁRIO

Berkshire Hathaway HomeServices Atlantic Portugal

78/ SOCIAL

International Club of Portugal

Casino Estoril

BMW Responsibility Days

O LUXO INFORMAL NUM

A CELEBRITY CRUISES DÁ-LHE AS BOAS VINDAS PARA UMAS FÉRIAS MARAVILHOSAS EM QUALQUER DESTINO DO MUNDO!

FIORDES NORUEGUESES
ÁSIA
EUROPA
ADRIÁTICO E GRÉCIA
ISLÂNDIA

Beba

água da torneira

A escolha certa para si e para o Planeta

L uís M ira a M ara L reconhecido peLa ordeM dos econoMistas

O antigo ministro foi homenageado com o título de Economista Emérito, pela Ordem dos Economistas, no Instituto Superior Técnico, em função da importância que desempenhou “nas áreas económica e industrial”. Uma forma de reconhecer o “notável percurso profissional” de Luís Mira Amaral.

A cerimónia contou com o apoio do Técnico, local onde decorreu, tendo sido realizado um debate sobre o tema da Reindustrialização no contexto português, europeu e global, tendo contado com a participação de muitas personalidades de destaque nas áreas da Economia e da Indústria, como António Mendonça (professor catedrático e bastonário da Ordem dos Economistas), Manuel Sebastião (economista membro do conselho de administração da REN), António Rebelo de Sousa (membro da direção da Ordem dos Economistas); Pedro Reis (ministro da Economia).

Garrafa Alma Mater de Eduardo Souto Moura

A água que chega à casa de 3

milhões de portugueses

*Use com moderação. A água é finita.

Atualmente, Luís Mira Amaral é presidente da Comissão de Auditoria da Novabase SGPS e chairman da Busy Angels SA e da Bynd Venture Capital SCR SA, pelo que está envolvido no ecossistema de investimento e inovação em Portugal. No passado, desempenhou os cargos de presidente do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, administrador do Banco Português de Investimento (Grupo BPI), presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos e do Banco BIC Português, e líder de vários Bancos de Fomento em Angola e Moçambique. Atuou ainda como membro do conselho de administração em empresas de referência, como EDP, Repsol e Cimpor.

p roença - a - n ova

L eva a L unos seniores à a sse M b L eia da r epúb L ica

Cerca de 50 alunos da Universidade Sénior do Município de Proença-a-Nova visitaram a Assembleia da República no dia 18 de novembro. Durante o dia, os alunos foram recebidos pelos deputados albicastrenses Nuno Fazenda e Patrícia Caixinha. Os visitantes foram também acolhidos no local, por Carlos Farinha, pintor com raízes proencenses, que dinamizou visitas às suas exposições Liberdade e Mr Hope_ Des.ordem dos dias, ambas patentes na Assembleia da República.

A sorte conduz-se.

Chegou o novo Hyundai TUCSON.

A ltis P orto H otel

inAugurAdo

A inauguração oficial do Altis Porto Hotel decorreu dia 18 de outubro. Com um design contemporâneo e intemporal, o Altis Porto Hotel é um hotel de 5 estrelas, onde cada detalhe foi pensado para uma experiência completa de bem-estar, para todos os que pretendem nutrir um estilo de vida mais saudável e equilibrado entre corpo, mente e alma.

O restaurante Exuberante é um dos destaques. Destacando-se também pela vista privilegiada sobre o rio Douro, o hotel amplia o conceito wellness com a sua localização numa das zonas mais privilegiadas do Porto, junto aos jardins do Palácio de Cristal,Torre dos Clérigos e Alfândega.

C orint H i A l isbon H otel

P ro P õe noite de fim de A no no e rvA

O Restaurante Erva criou um programa especial com um cocktail de boas-vindas, jantar a dois momentos com harmonização de vinhos, tudo acompanhado pelos sets de um DJ e entretenimento ao vivo.

Do menu destacamos o primeiro momento, que será de partilha, com diversas iguarias como as vieiras com maracujá, foie gras, pistácio e maçã e o queijo de cabra e abóbora, a que se segue a entrada de carabineiro servido com cevada cremosa e salada fresca (cebola roxa, malagueta, salsa e lima) e molho de carabineiro. Para pratos principais, o salmonete acompanhado com lingueirão e puré de brócolos, bimis e molho de salmonete e o pombo com puré de cenoura, cenoura glaceada e maçã. Após a meia-noite, é servida uma ceia recheada de iguarias salgadas e doces.

Em alternativa, o Erva possui um menu vegetariano, servindo como entrada para partilhar pastéis de legumes da estação e queijo de cabra e abóbora, seguido da entrada de cogumelos Portobello panados com cevada cremosa e salada fresca. Dos pratos principais fazem parte a beringela com puré de brócolos e a couve-flor grelhada no Josper com creme de amêndoa e cebolinho.

“ ACREDITO QUE O PARLAMENTO OCUPA UM LUGAR CENTRAL NO SISTEMA DEMOCRÁTICO ”

Para José Pedro Aguiar-Branco, assumir a presidência da Assembleia da República é mais do que uma honra, é um “compromisso para com a democracia”.

Aguiar-Branco traz para o cargo a experiência acumulada como deputado, líder parlamentar e ministro, e, neste papel, busca “prestigiar a centralidade do Parlamento no sistema democrático” e “reforçar a proximidade com os cidadãos”, promovendo o diálogo num contexto parlamentar polarizado e fragmentado.

Com uma visão apartidária, o presidente da Assembleia da República enfatiza o espírito de serviço público e o desafio de liderar com equilíbrio e equidistância.

Na sua opinião, o maior desafio é combater o desencanto democrático e, entre ações concretas, destaca a proposta de “abertura do Parlamento aos fins de semana”.

Preocupado com reformas legislativas essenciais, como a melhoria na Justiça e a revisão do regime de incompatibilidades, o presidente defende consensos em prol do bem comum. Frente aos jovens, busca dialogar através de tecnologias e fóruns inovadores, enquanto reitera a importância da educação cívica para fortalecer a democracia.

Com foco no fortalecimento institucional, espera deixar no Parlamento a marca da “normalidade cívica e democrática”, reforçando que, durante a sua presidência, haverá sempre “liberdade de expressão para todos os deputados, direito de os partidos se expressarem com autenticidade e todo o apoio a um clima de negociação, de trabalho conjunto e de construção de consensos”, conclui.

de Que forma tem tentado vir a reforçar a ética e a transparência na assembleia da república?

ACREDITO QUE REFORÇAMOS A ÉTICA E A

TRANSPARÊNCIA QUANDO AUMENTAMOS A

VISIBILIDADE DO TRABALHO PARLAMENTAR

E O ESCRUTÍNIO DOS CIDADÃOS. POR ISSO, TENHO-ME ESFORÇADO PARA ABRIR O PARLAMENTO ÀS PESSOAS ”

o Que representa para si ter assumido esta função de presidente da assembleia da república?

É uma honra, porque é uma oportunidade de servir o Parlamento e a democracia. Fui deputado durante 10 anos, fui líder parlamentar e estive muitas vezes na Assembleia como ministro, a prestar esclarecimentos aos deputados. Acredito que o Parlamento ocupa um lugar central no sistema democrático e quero, enquanto presidente, contribuir para prestigiar a Assembleia da República.

considera Que este está a ser, até agora, o maior desafio da sua carreira? porQuê?

Para mim, a política não é uma carreira. Sou advogado, sou cidadão. Estou como presidente da Assembleia da República. Tenho desempenhado, ao longo da vida, diversos cargos políticos, sempre com esta consciência. Procuro encarar a função de presidente da Assembleia da República com o mesmo espírito de serviço à causa pública e o mesmo desprendimento. É um desafio, mas abraço-o com gosto.

Quais são os principais obstáculos Que, na sua opinião, o parlamento enfrenta atualmente?

Estamos a comemorar os 50 anos da Revolução de Abril.Vamos assinalar, em breve, o cinquentenário das primeiras eleições livres, do 25 de Novembro e da Consti-

tuição de 1976. São datas muito importantes. A democracia deve ser celebrada, mas também construída e melhorada. E o Parlamento tem de estar no centro deste processo. Precisamos de reforçar a proximidade com os cidadãos e com o país. Estar junto do território. E gastar mais tempo a dialogar, a procurar soluções e consensos, num Parlamento mais polarizado que nunca. O país precisa de quem queira construir e trabalhar pelo bem comum.

de Que forma tem tentado vir a reforçar a ética e a transparência na assembleia da república?

Acredito que reforçamos a ética e a transparência quando aumentamos a visibilidade do trabalho parlamentar e o escrutínio dos cidadãos. Por isso, tenho-me esforçado para abrir o Parlamento às pessoas. Vamos abrir o Parlamento aos fins de semana e temos visitado, com os deputados de cada círculo eleitoral, os vários distritos, para fortalecer os laços entre os eleitores e os eleitos. Uma iniciativa que nunca tinha sido feita e que estamos a iniciar neste mandato.

Qual é o seu papel, como presidente da assembleia, em facilitar o entendimento e a cooperação entre partidos com posições tão divergentes como os Que temos atualmente? Temos, hoje, uma realidade a que não estávamos habituados em Portugal, com

uma grande fragmentação parlamentar. Quando muitos pensavam que, neste novo cenário, o diálogo era impossível e que as instituições não iriam conseguir responder, a verdade é que têm conseguido fazê-lo. O Parlamento está a trabalhar. Tudo indica que teremos um Orçamento de Estado aprovado e o Governo, apesar de suportado por uma maioria relativa, tem conseguido governar.

Enquanto presidente, procuro contribuir para a normalidade institucional. Tratando os partidos com equidistância e preservando a liberdade de expressão de cada um dos deputados, que é a marca de um Parlamento a funcionar de forma regular.

Quais são, na sua opinião, as principais reformas legislativas Que gostaria de ver aprovadas durante o seu mandato?

É público que tenho defendido a importância de uma reforma na Justiça, para combater a morosidade e reforçar a confiança dos cidadãos no sistema judicial. Mas também a reforma do regime das incompatibilidades, que afasta, cada vez mais, as pessoas do exercício dos cargos políticos. Sei que não é um tema popular, mas é fundamental melhorar a nossa capacidade de recrutamento para a atividade política. Julgo que os partidos devem sentar-se à mesa e, sem negar as suas diferenças, construir consensos a favor do bem comum.

O

MEU PAPEL

como eQuilibra os interesses dos vários partidos com os do país?

ENQUANTO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA É SER IMPARCIAL E CRIAR AS CONDIÇÕES PARA QUE OS PARTIDOS

E OS DEPUTADOS SE EXPRESSEM LIVREMENTE

como analisa o papel dos jovens na política e Que medidas deverão ser adotadas para os atrair?

Tenho estado com muitos jovens, em diferentes pontos do país. O que encontro é uma geração interessada, que quer participar na política, mas que nem sempre confia nos partidos ou nas instituições. Às vezes, porque não conhece, ou não percebe como funcionam. Por isso é tão importante abrir essas instituições às pessoas, mas também encontrar novas formas de interagir com os mais jovens. Utilizando por exemplo as novas tecnologias, criando ferramentas e fóruns que permitam uma maior participação em temas que realmente interessam aos mais novos.

como eQuilibra os interesses dos vários partidos com os do país?

O meu papel enquanto presidente da Assembleia da República é ser imparcial e criar as condições para que os partidos e os deputados se expressem livremente. É preciso um clima de normalidade democrática para que cada partido possa manifestar a sua visão dos interesses do país. Cabe aos portugueses fazer uma avaliação e julgar nas urnas o que é dito e defendido por cada um dos partidos na Assembleia da República.

como avalia a postura dos diferentes partidos para alcançar um consenso em torno das medidas essenciais do orçamento, considerando a diversidade de forças no parlamento?

Não me cabe, enquanto presidente da Assembleia da República, avaliar as posições

dos partidos. Fico satisfeito que tenha sido possível dialogar, negociar e chegar a um consenso. Julgo que o país não teria compreendido que houvesse três eleições legislativas em três anos. Agora, espero que, noutras áreas, também seja possível construir consensos. Em democracia, negociar e ceder não é sair derrotado.

de Que forma deve o parlamento adaptar-se aos desafios de segurança, como o cibercrime e as ameaças externas?

São áreas às quais temos de estar muito atentos, porque o mundo está a mudar e os desafios são cada vez mais. Entendo que o mundo digital traz muitas oportunidades, mas também levanta questões novas, que têm de ser pensadas. O cibercrime, a proteção de dados, a exposição dos menores a conteúdos pornográficos e violentos, o uso excessivo das redes sociais. Em Portugal, as grandes decisões sobre o mundo digital resultaram sempre de consensos entre os partidos. Espero que isso possa continuar a acontecer.

é favorável a uma revisão constitucional? se sim, em Que áreas?

A revisão da Constituição obedece a procedimentos próprios. Os partidos que entendam podem apresentar uma proposta de revisão ordinária. Depois disso, é constituída uma Comissão Eventual e vai a votação no Plenário, onde é necessária uma maioria de dois terços, para uma revisão ordinária e de quatro quintos para uma revisão extraordinária.

como vê a importância da educação cívica para o fortalecimento da democracia?

O Parlamento pode e deve contribuir para a cultura cívica do país. Recebemos diariamente muitas escolas e muitos cidadãos, que vêm visitar a Assembleia e assistir aos nossos trabalhos. Espero que isso possa acontecer cada vez mais e é também por isso que propus a abertura do Parlamento aos fins de semana.

como pode, na sua opinião, o parlamento promover uma maior transparência nas finanças públicas?

O Parlamento, além de representar os portugueses e de legislar, também é responsável por escrutinar o Governo. Nas diversas legislaturas, isso tem sempre acontecido. No plenário, nas comissões, nas perguntas escritas que os deputados enviam ao Governo, mas também nas Comissões de Inquérito. Neste mandato, já demos posse a várias, e pedi sempre que tivessem seriedade e celeridade.

considera Que há espaço para simplificar o processo legislativo?

Tenho defendido publicamente que é preciso rever o Regimento da Assembleia da República. Disse-o, aliás, logo no dia da minha eleição. Esse é um processo que deve envolver os vários partidos. Dou-lhe um exemplo: há uns meses, introduzimos um novo sistema de controlo de tempos no plenário. Foi uma forma de garantir que o controlo do uso da palavra é feito de forma totalmente imparcial e, ao mesmo tempo, que os tempos são cumpridos. Foi uma boa alteração, e tem corrido muito bem.

José Pedro Aguiar-Branco

na sua opinião, de Que forma pode o parlamento contribuir para reforçar a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas, num momento em Que o desencanto e a abstenção são preocupantes?

O maior desafio é reforçar a proximidade entre o Parlamento e os cidadãos. A minha primeira decisão enquanto presidente da Assembleia da República foi mandar retirar as grades que cercavam o Parlamento. Foi um ato simbólico, com o qual eu quis marcar o tom desta legislatura. Tudo o que temos feito desde então vai neste sentido: de abrir o Parlamento e de o aproximar das pessoas e de combater aquilo que tenho dito ser um dos maiores défices que temos no nosso país. O défice da participação.

acredita Que o atual modelo de debates no parlamento permite a representação eficaz das preocupações dos cidadãos, ou vê necessidade de reformas?

Acredito na democracia representativa e acredito que o Parlamento é o lugar certo

para representar a diversidade dos cidadãos. Por isso tenho insistido tanto na importância de defender a liberdade de expressão dos deputados. Quero que os deputados possam expressar-se sem condicionamentos e que as pessoas, na altura de votar, avaliem se estão a ser bem representadas.

considerando os desafios económicos e sociais Que portugal enfrenta, de Que forma, na sua opinião, o parlamento se pode tornar um espaço mais acessível e transparente para a população?

Como referi anteriormente, uma das ideias que temos é a abertura do Parlamento aos fins de semana. Para quem trabalha e, sobretudo, para quem vive fora de Lisboa. Mas indo, também, ao encontro das pessoas. Foi por isso que lançámos a iniciativa Parlamento Próximo, que pretende aproximar a Assembleia da República do território nacional, através da realização de reuniões e encontros com as forças vivas de cada um dos distritos em Portugal.

Ouvindo as preocupações, e mostrando o trabalho que é desenvolvido na AR.

na sua opinião, Quais as conseQuências para a europa, e para o mundo, da vitória de donald trump nestas eleições americanas?

O Presidente Trump venceu de forma clara estas eleições. Foi essa a vontade do povo americano, e temos de a respeitar. Estou certo de que as autoridades políticas, tanto em Portugal como na Europa, saberão trabalhar para preservar a aliança transatlântica e para estabelecer uma boa relação com a nova Administração.

podemos contar com a sua candidatura à presidência da república em janeiro de 2026, ou será Que estamos perante o próximo candidato à liderança da câmara do porto?

Como tenho dito, quando estamos a fazer uma coisa e a pensar noutra, fazemos mal as duas. Estou focado no exercício das minhas funções como presidente da Assembleia da República, e que devem terminar, segundo o acordo com o Partido Socialista, em setembro de 2026.

Q ue mensagem gostaria de deixar aos portugueses sobre o papel do p arlamento ?

Cito o Presidente da República no discurso do 5 de Outubro: “a mais imperfeita democracia é muito melhor do que a ditadura”. Eu sou um democrata por convicção. Faz parte da minha história. Sou um democrata e um parlamentarista. Mas sei que o nosso sistema não é perfeito. Precisa sempre de ser construído, de ser melhorado, de se adaptar aos tempos, de acolher o contributo de todos. Quero que todos possam conhecer o Parlamento, confiar no Parlamento e participar na vida cívica e política. Portugal precisa de todos.

Que marca Quer deixar no parlamento?

A marca da normalidade cívica e democrática. Os portugueses não desejam a instabilidade, nem as crispações artificiais que paralisam as instituições e não deixam o país progredir. Comigo, haverá liberdade de expressão para todos os deputados, direito de os partidos se expressarem com autenticidade e todo o apoio a um clima de negociação, de trabalho conjunto e de construção de consensos.

O corpo humano é extraordinário

Realizamos milhares de milhões de feitos num só batimento cardíaco, somos exemplos espantosos da tecnologia da natureza.

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Enfraquecemos. Falhamos.

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O RELATÓRIO DRAGHI

Draghi, que já salvou o euro, quer agora salvar a União Europeia (UE) da sua crise existencial. A Agenda Verde Europeia (Green New Deal) lançada há cerca de três anos por uma patética Comissão Europeia, onde pontificava no Ambiente e Clima um tresloucado Sr. Timmermans, contribuiu também para o declínio económico e social da Europa. Pretendeu atingir objetivos de descarbonização irrealistas, sem se preocupar com as consequências económicas, financeiras e sociais, multiplicando os constrangimentos infligidos às empresas e às populações!

Estamos a assistir a um cenário terrível em que os custos de importação de combustíveis fósseis são elevados, as importações de equipamentos ligados às tecnologias de baixo consumo carbónico aumentam, as matérias-primas críticas para a transição são dominadas e militarizadas pela China e as indústrias de forte intensidade energética fecham na Europa para irem abrir noutras geografias com custos energéticos mais baixos, designadamente os EUA. Temos aquilo a

que o Prof. Abel Mateus chama de paradoxo geoestratégico euro-chinês, um dos maiores erros da UE, estabelecendo estas metas ambiciosas para as renováveis e para os veículos elétricos, querendo mesmo banir a venda de veículos com motores térmicos, mas sem uma política industrial coerente para a produção na Europa destes equipamentos e tecnologias. Quem está a aproveitar é a China! O relatório Draghi, numa linha politicamente correta mas profundamente errada do ponto de vista económico, ignora o facto de haver conflitos inerentes aos vários objetivos propostos. Há os chamados trade-offs , não sendo possível ao mesmo tempo elevar o nível de inclusão social, atingir a neutralidade carbónica, aumentar a segurança e relevância geoestratégica e conseguir altas taxas de crescimento. Haverá custos muito elevados no curto prazo nessas transições energética e digital que porão em causa o crescimento do produto. E se bem que diagnostique bem o nosso problema energético em relação aos EUA e China, não tira depois as devidas conclusões.

É positivo no que toca ao aprofundamento do Mercado Interno Europeu, à criação de um verdadeiro Mercado de Capitais Europeu, na proposta para acabar com a fragmentação existente nas indústrias de Defesa e do Espaço e na reforma das políticas de Investigação, Desenvolvimento e Inovação na Europa.

No que toca à política industrial, Draghi defende um conceito com o qual concordo, dizendo que a política de comércio externo, a proteção das nossas empresas contra o dumping , para assegurar o level playing field , e a gestão das cadeias de valor global que fornecem bens intermédios (privilegiando os países nossos aliados) para os produtos finais devem estar alinhadas com a política industrial. Mas não sendo a UE um Estado Federal como os EUA, nem um Estado com o controlo centralizado do Partido Comunista, como a China, torna-se muito mais difícil executar na UE uma política industrial centralizada em Bruxelas, sendo necessária uma grande coordenação entre o nível comunitário e os níveis nacionais, o que não será nada fácil!

“ AS INDÚSTRIAS DE FORTE INTENSIDADE ENERGÉTICA FECHAM NA EUROPA PARA IREM ABRIR NOUTRAS GEOGRAFIAS COM CUSTOS ENERGÉTICOS
MAIS BAIXOS, DESIGNADAMENTE OS EUA ”
Engenheiro e Economista

A GOVERNAÇÃO DA SAÚDE E A GOVERNAÇÃO PARA A SAÚDE

Onúmero deste mês da FRONTLINE é uma edição de aniversário e, por isso, está de Parabéns, com a expressão dos meus votos de longa vida, em tempos de todas as incertezas. Na verdade, no género que integra, a longevidade que já conta, sempre conseguindo garantir uma qualidade e um pluralismo insofismáveis, não é comum. É, pois, motivo de celebração!

Mas já que se encontra em curso, também este ano, a comemoração dos 50 anos da nossa Democracia e os 45 da criação do SNS, considerei que faria sentido invocar um outro aniversário, o de uma instituição menos alargadamente falada, mas à qual os progressos nos níveis de saúde dos portugueses muito devem.

Refiro-me ao Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, vulgarmente conhecido por INSA, que no passado dia 12 de novembro comemorou os seus 125 anos de existência.

Um século e um quarto é já verdadeiramente uma efeméride merecedora de celebração redobrada, mas uma celebração que se orgulhe do passado e o invoque em balanço que se transforme em fonte de exigência para a construção do seu futuro.

E vale a pena começar pelo nome que o identifica, o do Professor Ricardo Jorge, o verdadeiro criador e impulsionador da Saúde Pública em Portugal. Numa sua excelente biografia, intitulada Ricardo Jorge, Ciência Humanismo e Modernidade, o seu autor, Rui Manuel Pinto Costa, a ele se refere como “indivíduo multifacetado: médico, cientista, higienista, hidrologista, ensaísta, polemista, crítico de arte, político, historiador da medicina e escritor dotado de vasta cultura, recai com toda a propriedade no rol daqueles personagens mitificados não só pelos contemporâneos mas também pelos seus pares do universo médico. À custa do carácter pessoal e do papel desempenhado enquanto porta-estandarte da renovação da saúde pública, passou a integrar o panteão laico onde a figura do cientista

começou a ser deificada e elevada ao estatuto de personalidade referencial e venerável”. Dele dizia o seu contemporâneo Camilo Castelo Branco que o seu estilo “desatrema de tudo que se conhece em oratória parlamentar, em dialética académica, em eloquência cívica dos clubes e até em oratória de púlpito”. Professor, investigador e humanista, nascido no Porto e excelente aluno da sua Escola Médico-Cirúrgica, depois de uma primeira incursão nos terrenos da Neurologia, na altura praticamente desconhecida no país, acabou por se dedicar à Higiene Social e colocar todos os seus talentos ao seu serviço. Primeiro, na cidade do Porto, onde desenvolveu um trabalho extraordinário que lhe valeu o reconhecimento nacional e internacional. Mas o obscurantismo da populaça, instrumentalizada por políticos de fraca qualidade, reagiu violentamente às medidas sanitaristas adotadas para enfrentar a peste bubónica, pelo que veio para Lisboa onde depois presidiu ao Instituto de Higiene entretanto criado e, mais tarde, ao Instituto de Saúde Pública, tendo sido, posteriormente, designado diretor-geral da Saúde. Foi pioneiro da incorporação da prática laboratorial da microbiologia e da bacteriologia no sanitarismo, bem como da utilização da estatística na análise demográfica para, com base nela, aprofundar o impacto das condições sociais nos níveis de saúde populacional. Deu, assim, impulso às mais modernas formas de conceptualização das políticas de saúde que reconhecem que a saúde se constrói dentro do sistema de saúde mas, mais ainda, fora dele. São os chamados determinantes da saúde, na definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), “os fatores não médicos que influenciam os resultados em saúde: as condições de vida nas quais as pessoas nascem, crescem, trabalham, vivem envelhecem, e o mais amplo

conjunto de forças e sistemas que moldam as condições de vida diária”.

É neste contexto que o INSA tem que recuperar a sua função de Observatório de Saúde para, através da análise das condições de vida da população portuguesa, aconselhar, com base na evidência científica, as políticas que melhor contribuem para a redução das desigualdades em saúde. Só através da Saúde em todas e para todas as políticas, o que implica intersectorialidade, analítica dos dados e ação de todos os atores e da sociedade civil, conseguiremos a inclusão social a que a racionalidade obriga e a sensibilidade reclama. Da Saúde Pública, diz Lawrence Wallack ser “o lugar onde a ciência, a política, os políticos e o ativista convergem”.

O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge é um inestimável ativo institucional não só a preservar como a promover e dotar dos investimentos necessários que a ciência hoje reclama e a transformação digital potencia. Com um inquestionável prestígio nacional e internacional, integra aquele conjunto de instituições capazes de promover a nossa auto-estima individual e coletiva. E bem sabemos que não há democracias fortes sem instituições fortes também. Parabéns ao INSA e a todos quantos, ao longo dos seus 125 anos de vida, lhe dedicaram saber e afeto, tendo sabido colocá-lo na vanguarda para conseguirmos vencer as ameaças que a modernidade, em todas as suas vertentes, nos coloca e que só com afinco, dedicação, competência, serenidade, energia e firmeza, ultrapassaremos coletivamente com sucesso.

Maria de Belém Roseira
Jurista

CONCENTRAÇÃO OU CAPILARIDADE

NA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E DIGITAL

Durante os últimos anos foi crescendo a consciência de que um bom alinhamento entre a transição energética e a transição digital, quer ao nível das comunidades, das empresas e das organizações, quer ao nível dos territórios e das sociedades, são condições fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, os modelos de transição e as suas omissões e fragilidades tornaram-se matriciais para a economia e para a sociedade, explicando em grande parte as dinâmicas geopolíticas, as novas conflitualidades e o agravar generalizado das desigualdades.

A aceleração tecnológica recente, quer no domínio da exploração, armazenamento e distribuição de energia, quer no domínio da captura e processamento de dados, sobretudo através de algoritmos de inteligência artificial, induziu a convergência e a interligação profunda das duas dinâmicas de transição. O mundo que percecionamos e em que interagimos e vivemos assenta agora e cada vez mais em energia a trabalhar sobre informação e informação a trabalhar sobre energia.

A voracidade com que os novos modelos de linguagem precisam de dados só é equivalente à voracidade com que as máquinas que os geram precisam de energia. Nesta espiral, como em tantas outras na história da humanidade, os objetivos e os princípios vão ser determinantes para definir o impacto político, económico, social e ambiental da transformação.

Com a concentração dos centros de processamento de dados, as corporações líderes têm vindo a anunciar a intenção de retirar da morte lenta as grandes centrais nucleares. Se prosseguirem esse caminho certamente induzirão um novo impulso tecnológico a essa energia, que sendo limpa em termos de emissões, coloca grandes riscos em termos de circularidade e segurança.

No plano da evolução da sociedade e da sua organização, a escolha entre sistemas concentrados de processamento de dados e de energia e modelos distribuídos e capilares para o fazer, é uma opção estrutural profunda. A concentração tende -

rá a favorecer tentações de dominância de regras e narrativas, a alargar desigualdades entre as pessoas, comunidades e territórios, a impulsionar a exclusão e a favorecer a otimização dos processos em detrimento do controlo humano, da qualidade de vida e da sustentabilidade.

Já um modelo distribuído, baseado em redes de produção de energia a partir das várias fontes renováveis, interligada com redes interconectadas de processamento de dados tem muito maior potencial de inclusividade, interação com os territórios, com as pessoas, com as suas necessidades e expetativas e com um modelo participado e democrático de desenvolvimento económico e social saudável.

A concentração ou a capilaridade dos modelos de processamento de dados e de produção de energia serão melhores ou piores para as pessoas em função do propósito e dos valores com que forem desenvolvidos. A minha convicção é que os sistemas distribuídos são mais férteis para gerarem boas soluções.

“ O MUNDO QUE PERCECIONAMOS E EM QUE
INTERAGIMOS E VIVEMOS ASSENTA AGORA E CADA VEZ MAIS EM ENERGIA A TRABALHAR SOBRE INFORMAÇÃO
Professor Universitário

CHOQUE GERACIONAL NA SAÚDE

Afalta de médicos nos sistemas de saúde tem sido referenciada por todo o mundo, não se limitando a ser um problema apenas do nosso país. Neste contexto, um dos problemas inerentes tem sido o facto de as novas gerações terem uma perceção de trabalho diferente da tradicional, pretendendo agora conjugar o trabalho com a vida pessoal. Como tal, os sistemas têm sido chamados a criar condições para respeitar os interesses das novas gerações e equilibrarem as necessidades de recursos humanos no mercado. O equilíbrio entre vida pessoal e profissional pretendido pelos médicos mais jovens leva-os a preferirem horários mais flexíveis, horários de trabalho reduzidos e oportunidades de passar tempo com a família e perseguir interesses pessoais. Para eles, a medicina faz parte da sua identidade, mas não consideram que seja toda a sua identidade.

Recentemente o Wall Street Journal abordou os médicos mais velhos para avaliar o que eles pensavam sobre este dilema. Alguns deles veem a medicina como uma vocação que exige um sacrifício pessoal significativo. Muitos deles suportam horários extenuantes e fazem muitos sacrifícios pessoais para corresponder às exigências da profissão, muitas vezes considerando

isso como um ponto de honra e parte da essência de ser médico.

As sociedades mais avançadas valorizam cada vez mais o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e o bem-estar mental, influenciando as expetativas dos profissionais mais jovens em todos os setores, incluindo a medicina. No meu ponto de vista esta visão corresponde a uma mudança cultural que acompanhou tempos de abundância e de crescimento económico. Na verdade, esta cultura levada a extremos não prepara a sociedade para períodos mais difíceis e leva a mesma a desconsiderar a importância do trabalho na sua sobrevivência e desenvolvimento. Claro que não podemos desconsiderar a evidência do impacto das longas horas de trabalho, da tensão emocional e do esgotamento tanto no atendimento aos doentes como na saúde dos médicos. Também não podemos desconsiderar as gerações millennials e Z que entram no mercado de trabalho trazendo expetativas de ambientes mais flexíveis em comparação com a geração dos baby boomers e a geração X. O aumento do emprego hospitalar e das práticas de grupo em relação às práticas de trabalho individual permite atualmente definir responsabilidades mais partilhadas,

“ AS SOCIEDADES MAIS AVANÇADAS VALORIZAM CADA VEZ MAIS O EQUILÍBRIO ENTRE VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL E O BEM-ESTAR MENTAL, INFLUENCIANDO AS EXPETATIVAS DOS

PROFISSIONAIS

MAIS JOVENS”

tornando a flexibilidade mais viável. Neste ponto, os mais críticos argumentam que a redução de horas de trabalho ou a mudança de responsabilidades podem afetar o acesso do doente e a continuidade dos cuidados. Alguns médicos seniores questionam se os médicos mais jovens estão tão comprometidos com a profissão como eles. Não é simplesmente a vocação que está em causa, mas sim o compromisso profissional. No meu ponto de vista, a vocação é algo inerente, mas o compromisso tem de ter contrapartidas ajustadas às expetativas das partes.

A dificuldade da medicina associada a uma retribuição relativamente mais elevada e a um estatuto social reconhecido (aspetos que têm perdido impacto nas últimas décadas) continua a atrair alunos com notas elevadas e alta capacidade de estudo. A questão que se põe a estes alunos e futuros médicos é até que ponto estarão dispostos a reduzir o equilíbrio com a vida pessoal a favor do estatuto social e a parte remuneratória, numa área em que a sociedade tem carências crescentes.

O que está em causa é equilibrar o compromisso da medicina assente no juramento de Hipócrates com as distrações sociais das novas gerações que não querem resumir a sua vida a uma profissão.

Economista e Gestor em Saúde

OS “MEIAS TINTAS”

Sabem muito, os “meias tintas”. Eles andam aí, por todo o lado. Há para todos os gostos. Magros e gordos. Carecas e cabeludos. Morenos e louros. Altos e baixos. Velhos e novos. Míopes e presbíopes. Duram muito. Precisamente porque são “meias tintas”. Adaptam-se bem, a tudo. Sobrevivem como mais ninguém. São conhecidos de todos. Ou melhor, conhecem toda a gente. Pelo menos a “gente” que importa. Há-os com graça e folgazões. Os tristes e os sempre zangados que nos querem convencer da sua seriedade. O humor é variável consoante a perceção apurada que têm do que se espera deles. Choram com crises longínquas que nada lhes dizem e não lhes interessa as figuras tristes que possam fazer. Pose, pose é o que não falta aos “meias tintas”. Há “meias tintas” de todo o género e dos dois sexos. Enfim, nesta questão o “meias tintas” é macho ou fêmea. Podem tentar, mas aqui a tinta é azul ou cor-de-rosa. Adiante. O “meias tintas” tem cargos, não pode ter funções. Não é suposto fazer. O “meias tintas” comenta, não faz, e está sempre no meio, no cravo e na ferradura, não vá o diabo tecê-las. O “meias tintas” fala, evita escrever. Palavras leva-as o vento. O “meias tintas” não participa, não pode. É voyeur . Mas olham, não se iludam, porque eles olham com atenção. O “meias tintas”

é espelho, um imitador. Não será fácil viver a vida como ator. O “meias tintas” não trabalha, almoça. Às vezes janta, quando o horário assim obriga. Se pudesse, à noite, seria sempre chá e torradas. O “meias tintas”, ao contrário do que seria de esperar, não tem boa boca. Isso não. Não vai “trabalmoçar” numa espelunca qualquer. Ao fim do dia, empanzinado do bom e do melhor, já não lhe sobra espaço para meter mais no bucho. À noite, quando não é dia de atuar, os “meias tintas” enchem o tinteiro a ver, ouvir e cheirar a tinta dos outros. Um “meias tintas” não pode destoar do main stream . Não que possa desbotar, não tem cor, mas convém estar alinhado com a opinião dominante. O “meias tintas” tem partido, é filiado, mas não toma partido. Mais seguro… Os verdadeiros “meias tintas” opinam sem dar uma opinião. Não se comprometem. O “meias tintas” vai longe. Olha para longe. Eles estão aí, todos os dias, a encher-nos o espaço. Mesmo quando não aparecem. Temos “meias” que se veem, do mal o menos, e “meias tintas” que andam submersos, com o periscópio a sondar a superfície, à espera de emergirem para deixarem uma “boca”, um “conselho”. Os “meias tintas” têm sempre quem os queira ouvir. Amigos de férias, de almoços e jantares, de tertúlia, de clube, de loja, do comércio.

O “meias tintas” é influente. É engenheiro, faz pontes. Não há quem não dispense os conselhos dos “meias tintas”. Como não? O “meias tintas” é perito. Não sabe do quê, mas é. Tem dias em que é “genial”. Excede-se em saber tudo, mesmo sobre aquilo em que é absolutamente ignorante. Influencia, planeia, conspira, urde, com desejos de ser Talleyrand, sem ter os saltos nos sapatos. O bom “meias tintas” é importante na razão direta da sua irrelevância. É o rei do óbvio. O “meias tintas” é entretenimento. É adivinho. Acerta sempre. Nas horas e duas vezes por dia. E acerta depois. Nunca falha. Prognostica o que já se sabe que vai acontecer. Não arrisca e isso é tomado como sensatez. E é. O “meias tintas” não salta para piscinas sem água. Não salta para piscina nenhuma! Não se molha, não se suja. É asséptico. O “meias tintas” é um artista. Não imagina, não precisa. O “meias tintas” inventa. Eu gosto dos “meias tintas”. Dão-me sono. O “meias tintas” é relaxante como um soporífero. São um sucesso estes “meias tintas”, os extremistas do centro. Invejo os “meias tintas”. Tanta maçada em que já me meti e não teria metido se soubesse ter sido “meias tintas”. Conheço vários. E não lhes aproveitei as lições. Mais alguém conhece um “meias tintas”? Aproveitem, aprendam com ele. Sabem muito, os “meias tintas”.

“ INVEJO OS ‘MEIAS TINTAS’. TANTA MAÇADA EM QUE JÁ ME METI E NÃO TERIA METIDO SE SOUBESSE TER SIDO ‘MEIAS TINTAS’. CONHEÇO VÁRIOS. E NÃO LHES APROVEITEI AS LIÇÕES ”
Médico do IPO e Professor da Escola Nacional de Saúde Pública

O DESPERTAR DA EUROPA

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas despertou muitos medos.Tenho esperança de que tenha despertado também reações bem mais positivas, numa Europa que parece precisar de um ambiente externo de adversidade para avançar.

Na esfera económica, a reeleição de Trump apresenta, de facto, sérios riscos, acrescentando a todos os fatores que ameaçam a economia europeia a perspetiva de uma escalada protecionista do seu principal parceiro comercial. Num mundo racional, seria de esperar que, num ambiente hostil ao que podemos designar por civilização ocidental, a

resposta fosse o fortalecimento dos laços que unem as nações que se reveem nos valores dessa mesma civilização, sejam esses laços de natureza política ou económicos e comerciais. Nesta linha, não é surpreendente que Enrico Letta tenha defendido no seu relatório a criação de um Mercado Único Transatlântico como objetivo de longo prazo.

Infelizmente, não podemos contar com essa racionalidade. Pelo contrário, durante a campanha eleitoral, Trump prometeu aumentar drasticamente os direitos aduaneiros, defendendo a ideia de uma tarifa universal de 10% a 20% sobre todos os produtos importados. Há estimativas que quantificam o impacto de uma tarifa geral de 10% em menos 1% do PIB da zona do

euro. Mesmo que o aumento generalizado de tarifas se revele apenas uma arma negocial com o objetivo de obter cedências, o certo é que a União Europeia não voltará tão cedo a contar com os Estados Unidos como um aliado seguro.

Neste cenário, a Europa precisa de encontrar em si mesma as capacidades para vencer os importantes desafios com que se confronta no contexto mundial. Terão os líderes europeus o discernimento necessário para perceberem o que está em jogo e unirem esforços numa resposta mais consistente e verdadeiramente europeia a esses desafios?

Não faltaram, a este respeito, alertas e propostas válidas de personalidades de reconhecido prestígio, como as que Enrico Letta e Mario Draghi forneceram nos respetivos relatórios.

Já após a vitória de Donald Trump, a Declaração de Budapeste, saída do Conselho Europeu de novembro, parece dar sinais de que há um mínimo de consenso sobre a necessidade de a Europa “ser mais dona do seu destino”, nas palavras do presidente Charles Michel.

N ovo P acto Para

a c om P etitividade e uro P eia

A palavra de ordem é o Novo Pacto para a Competitividade Europeia. Este concei -

to reúne, numa mesma agenda, ingredientes como:

• um mercado único que funcione plenamente;

• mercados de capital verdadeiramente integrados;

• uma estratégia que permita à Europa assumir-se como uma potência industrial e tecnológica;

• uma “revolução de simplificação” para adotar uma mentalidade baseada na confiança, que permita o florescimento de negócios sem excessos de regulamentação;

• o fortalecimento da base industrial e tecnológica da defesa;

• uma política comercial ambiciosa, robusta, aberta e sustentável;

• novos instrumentos que mobilizem o financiamento público e privado para o investimento.

Nesta declaração estão bem presentes os ecos dos dois relatórios acima referidos. É um repto para o ciclo político europeu que se vai iniciar, e onde encontramos portugueses com fortes responsabilidades. Desde logo, o novo presidente do Conselho Europeu e a comissária responsável por pôr de pé uma das vertentes mais importantes desta agenda: a União da Poupança e Investimento. Não tenho dúvidas de que, num enquadramento menos ameaçador, não teríamos, da parte dos líderes europeus, uma prioridade tão clara na competitividade, com palavras tão fortes.

Falta, agora, sentido de urgência, vontade política e determinação para vencer obstáculos e passar das palavras à ação. Serão apenas boas intenções, ou será, finalmente, o início do despertar da Europa?

ORÇAMENTO DO ESTADO PARA A SAÚDE 2025 OPORTUNIDADE DE TRANSFORMAÇÃO?

O Orçamento do Estado para a Saúde de 2025, recentemente apresentado, traz consigo um marco inédito, o maior montante já alocado ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), somando 16,8 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 9% em relação ao orçamento do ano anterior. Este reforço comprova a prioridade atribuída à Saúde pelo Governo. Mas até que ponto este orçamento consegue, de facto, responder aos desafios estruturais do SNS?

Com um aumento de 1351 milhões de euros em relação a 2024, o orçamento para a Saúde de 2025 destaca-se em termos absolutos, superando as expectativas em anos de grande investimento no SNS. Este crescimento reflete, por um lado, um compromisso com o bem-estar dos cidadãos e a urgência de reforçar os serviços de saúde, que têm vindo a enfrentar dificuldades acrescidas em anos recentes. Além disso, o crescimento de 9% é superior ao aumento da despesa pública geral, demonstrando a

importância atribuída ao setor. No entanto, resta saber se este valor, embora elevado, será suficiente para enfrentar os problemas crónicos do sistema, como a suborçamentação e a ineficiência na gestão de recursos. A suborçamentação tem sido uma constante no setor da Saúde, com o orçamento inicialmente alocado frequentemente superado pela execução real. Entre 2010 e 2024, a diferença média foi de 4,6%, o que reflete a dificuldade de prever com precisão os gastos necessários para o funcionamen-

to do SNS. Embora os orçamentos mais recentes estejam mais próximos da realidade, a acumulação de pagamentos em atraso a fornecedores indica que a gestão financeira do SNS continua a ser um desafio. Outro problema recorrente é a execução da despesa de capital. Historicamente, apenas 55% do valor destinado a investimentos é, de facto, utilizado, o que significa que projetos essenciais para a modernização da infraestrutura e melhoria do atendimento à população acabam adiados ou incompletos.

O orçamento de 2025 prevê um crescimento de 138% na despesa de capital, com destaque para a construção de novos hospitais e a expansão de alguns já existentes. Este é um passo essencial, mas sem uma estratégia eficaz de execução, corremos o risco de que estes investimentos não cheguem à prática.

Despesa com capital humano

A despesa com capital humano representa uma das principais áreas do orçamento da Saúde, com 42% do total, e está prevista crescer 6,4%, com um aumento de 425 milhões de euros. Este reforço reflete a necessidade de atrair e manter profissionais de saúde, um recurso essencial para o bom funcionamento do SNS. No entanto, existe um histórico de derrapagens nas despesas com capital humano, que têm superado as previsões em 4,4% ao ano desde 2020. Para 2025, o impacto das negociações salariais, como o acordo recente com os enfermeiros e a atualização salarial de 2% para os funcionários públicos, coloca pressão sobre a despesa com capital humano, que poderá ser maior do que o previsto, caso novos acordos venham a ser negociados, como tudo indica. Por outro lado, o aumento previsto de 3363 a 12.041 profissionais (conforme projeções do Plano de Recursos Humanos 2030 da ACSS) é vital para reduzir as lacunas em várias áreas do SNS, desde a falta de médicos e

enfermeiros até ao aumento da presença de técnicos especializados.

novos hospitais

O orçamento para a Saúde em 2025 traz um plano de investimento ambicioso, com a construção de novos hospitais – como o Hospital Central do Algarve, o Hospital de Barcelos, o Hospital do Oeste e o Hospital de Todos os Santos em Lisboa – e a ampliação de várias unidades existentes. Esta aposta em novas infraestruturas e na modernização das atuais é crucial para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços prestados. No entanto, o passado recente demonstra que concretizar estes projetos é um desafio.

De facto, a baixa taxa de execução de despesas de capital sugere que esses investimentos precisam de uma estratégia mais eficaz para serem realmente implementados. Sem uma planificação detalhada e uma coordenação eficaz entre o Governo e as instituições responsáveis, o risco de atrasos e ineficiências continua elevado. Para garantir que esses novos hospitais e melhorias sejam uma realidade, é fundamental uma abordagem que envolva supervisão contínua e um planeamento detalhado.

oe para a saúDe

O Orçamento do Estado para a Saúde de 2025 representa, sem dúvida, um marco em

Referência: Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2025 do XXIV Governo Constitucional

termos de valor absoluto e na prioridade atribuída ao setor. No entanto, a verdadeira questão é se este orçamento conseguirá ou não responder às necessidades do sistema e, sobretudo, das pessoas. Os desafios que enfrenta, como a gestão de capital humano, a execução de despesas de capital e a suborçamentação crónica, mostram que o aumento de verba, por si só, pode não ser suficiente. Uma transformação real do SNS requer, além do investimento, uma reforma estrutural na gestão dos recursos, incluindo o aprimoramento de mecanismos de supervisão financeira, a criação de incentivos para uma execução orçamental eficiente e o fortalecimento da capacidade do sistema de atrair e manter profissionais qualificados.

A realização desses objetivos depende de uma vontade política forte e de uma cooperação entre todos os atores envolvidos, desde o Governo até às entidades locais e os próprios profissionais de saúde.

Em última análise, o Orçamento do Estado para a Saúde de 2025 tem o potencial de impulsionar o SNS em direção a uma nova era de maior capacidade e sustentabilidade, mas para isso é necessário que cada uma das áreas referidas seja devidamente concretizada, através de uma execução eficiente e de um combate aos problemas estruturais que há muito assolam o setor. Só assim é possível ter um impacto positivo significativo na vida dos cidadãos.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES CIDADES UNIDAS

por Carlos Carreiras

Cascais recebeu o 10.º Fórum da Aliança das Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), de 25 a 27 de novembro, um mês após as Conferências do Estoril. Uso estes dois grandes eventos para sublinhar a abertura de Cascais à promoção do diálogo global e à cooperação entre culturas e nações.

Sob o lema “Unidos na Paz: Restaurando a Confiança, Remodelando o Futuro”, o fórum reuniu membros do Grupo de Amigos da UNAOC, líderes políticos influentes e pensadores para debater questões globais cruciais para a paz e segurança, apelando à restauração da confiança e à união pela paz. Setenta e nove anos após a fundação da

Organização das Nações Unidas (ONU), é impossível não nos inquietarmos com o estado do mundo.Vivemos tempos complexos, marcados pelas alterações climáticas, pelo fanatismo político e religioso, pelo radicalismo nas sociedades ocidentais, pelo conflito israelo-palestiniano, pelo protecionismo económico e pela guerra no coração da Europa.

Há dois anos, uma nação livre, soberana e com uma história ancestral foi brutalmente atacada pelo seu poderoso vizinho a Leste. No Kremlin está alguém que despreza o primado da lei e governa pela força bruta. Este é o exemplo de como um único homem pode semear o mal, o ódio e a escuridão no mundo. Contudo, é igualmente verdade que

nenhum tirano dorme em paz, pois em todas as épocas se ergueram as vozes dos homens e mulheres livres. Embora estejamos geograficamente distantes da Ucrânia, nunca deixámos de estar próximos e solidários com o povo ucraniano.

O Presidente russo ambiciona um império, mas os impérios, além de injustos e imorais, estão obsoletos. Foram precisamente as catástrofes dos impérios que levaram à criação da ONU. Seguiu-se então um tempo de afirmação do Estado-nação como unidade política determinante. Porém, este modelo encontra-se desatualizado nos seus princípios e descredibilizado nos seus resultados.

A s cidA des Hoje, os Estados veem os seus poderes progressivamente diluídos, seja para instituições supranacionais, seja para as cidades. As cidades não são apenas a forma mais antiga de organização política; são as mais bem-sucedidas na gestão dos assuntos dos cidadãos, e têm alcançado uma importância e protagonismo até então reservados aos Estados.

Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, as cidades concentram 55% da população mundial, produzem 80% do PIB global e são responsáveis por 80% das emissões de carbono. Estes números mostram que o mundo está cada vez mais urbanizado. As cidades são incubadoras de diversidade e talento, lideram o debate pela inclusão e tolerância, e impulsionam a construção de um futuro mais sustentável.

Talvez seja este o momento de repensarmos a organização global. Se a ONU se mostra ineficaz, se os Estados perdem poder para as cidades, e se são os cidadãos que cada vez mais lideram e tomam decisões, talvez seja altura de criarmos a Organização das Cidades Unidas. Esta iniciativa traria múltiplas vantagens. As cidades são o verdadeiro lar da cidadania, onde homens e mulheres exercem a sua liberdade. São democráticas por natureza, exigindo de todos participação na pólis. São também o berço da inovação e do progresso, liderando os debates sobre as alterações climáticas, a integração de

migrantes e o combate à pobreza e exclusão social.

Por fim, as cidades não fazem guerra entre si. Em certo sentido, são agentes de paz. O leitor poderá pensar que falo em causa própria, afinal sou um autarca a defender a importância das cidades. Mas não me interprete mal: escrevo estas linhas como Presidente de Câmara no meu último mandato, impedido por lei de concorrer a nova eleição.

L íderes do futuro

O que aqui deixo é um contributo para repensar o caminho para os líderes do futuro, inspirado por quem hoje é talvez a maior referência de liderança global, o Papa Francisco.

É essencial que todos os líderes mundiais reconheçam a urgência de repensar a era em que vivemos: Re-Humanizar o mundo com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tornando -

-o mais justo e humano; Re-Criar uma sociedade fundada na compaixão, justiça social e equilíbrio com a natureza, como defende a encíclica Laudato Si , do Santo Padre, que nos lembra da urgência de cuidar da “nossa casa comum” e da necessidade de uma ecologia integral que proteja o meio ambiente e restaure a dignidade humana.

Encontros como o Fórum Global da UNAOC e as Conferências do Estoril obrigam-nos a elevar o olhar e a ter esperança num futuro melhor. Reforçam a reputação de Cascais como um centro de intercâmbio cultural e intelectual, proporcionando uma oportunidade única de estar ao lado de protagonistas da vida pública internacional, com foco na paz, segurança e restauração da confiança mundial. De Cascais, continuemos a construir uma herança de liberdade, democracia, humanismo, ação política e profunda convicção no potencial de cada pessoa.

AS ESTRATÉGIAS DA UNIÃO EUROPEIA

E O SEU DECLÍNIO

Desde o final do século passado, os resultados obtidos com as diferentes estratégias europeias não cumpriram os objetivos. Há muito que a UE vive num mundo desligado da realidade com a qual os cidadãos se confrontam no dia a dia.

Arecente eleição do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) provocou nos países da União Europeia (UE) uma onda de choque resultante, na minha opinião, da perceção que resultou das posições que muitos políticos, comentadores e jornalistas transmitiram às populações no ataque ao Presidente eleito e suas consequências. É no mínimo estranho que a esmagadora maioria da população da UE fosse a favor de Kamala Harris e os resultados da eleição tivessem sido em sentido contrário. Alguém anda a confundir o desejo de algumas elites e iluminados, com a vontade do povo, não tendo a comunicação social desempenhado o seu papel, antes pelo contrário, passou a fazer parte do problema, com algumas exceções. Mas há muito que a UE vive num mundo desligado da realidade com a qual os cidadãos se confrontam no dia a dia, confundindo o virtual com o real. O problema é que as opções estratégicas da UE desde o final do século passado são um fracasso e o Relatório Draghi veio tornar público os problemas, deixando muitos políticos e os burocratas de Bruxelas incomodados pela divulgação da realidade que obriga a opções difíceis.

A evolução do processo que nos trouxe até à UE a 27 países é um projeto fantástico que tem como objetivo preservar a paz, e

assenta nas políticas com preocupações de desenvolvimento económico, social e ambiental, que fazem desta parte do mundo um lugar único.

Contudo, para se manter a paz é preciso investir em armamento dissuasor e assegurar a defesa e segurança das populações. Para suportar o Estado Social é preciso crescimento económico, emprego e receitas. Para

mitigar os impactos ambientais é preciso tempo para a transição energética e estratégias que tenham em conta as opções dos principais países de outros continentes. Como se pode constatar com as diferentes estratégias europeias, desde 1999, os resultados obtidos não cumpriram os objetivos, bem pelo contrário, a defesa nunca fez parte das preocupações, a imigração colocou

desafios que não foram equacionados e a estratégia sobre a energia colocou a maior parte dos países dependentes do exterior com perda de competitividade.

Mas para que esta minha opinião não seja confundida com estados de alma, analisemos as principais estratégias dos últimos 30 anos. A UE vive um problema de competitividade e crescimento desde 1995, quando tinha apenas 15 países. Até à queda do muro de Berlim em 1989, que ditou o fim da Guerra Fria, as economias da CEE e dos EUA cresceram em paralelo, mas a partir de 1995 começou a ser evidente o maior crescimento dos EUA. Em 2005 o índice de crescimento do PIB da UE era de 141 (tomando por base 100 o ano de 1989), enquanto os EUA já estavam em 160 (+13,5%).

R efo R ma de B olonha

Para tentar inverter a tendência, os países da UE aprovaram em 1999 a Declaração de Bolonha, como reforma do ensino superior, com o objetivo de, entre outros, criar um espaço europeu competitivo e atrativo, com especial enfoque nos jovens e no valor do conhecimento.

e st R atégia de l is B oa

De seguida, em 2000, foi aprovada a Estratégia de Lisboa, com o objetivo de tornar a UE na economia do conhecimento mais dinâmica e competitiva do mundo, antes de 2010, capaz de garantir um crescimento sustentável com mais e melhores empresas e coesão social. Em 2004 a Comissão Europeia reconhecia o fracasso, e a partir de 2008 a crise do subprime , a que se seguiu a crise financeira, acentuaram esse fracasso, com uma elevada taxa de desemprego jovem. Em 2010, não estavam cumpridos os objetivos, e a situação era bem mais negra do que existia em 2000, principalmente para os mais jovens, o que ainda não foi recuperado, pois em 2024 a taxa de desemprego jovem nos EUA é de 9,5%, enquanto na UE é de 14,8%, (+56% do que nos EUA). Quanto aos resultados na aposta no conhecimento, a UE das novas tecnologias quase não existe, quando comparada com os EUA e a China. No

ranking das 22 maiores empresas tecnológicas apenas duas são da UE.

e st R atégia e u R opa 2020

Esta estratégia visava assegurar a recuperação económica da UE, após a crise económica e financeira, para o crescimento económico e criação de emprego e focou-se em cinco objetivos, mas continuando a ignorar a defesa e segurança, a imigração e repetindo as velhas conversas sobre inovação e competitividade, que já haviam falhado e, também falhou.

A UE em vez de fomentar o investimento optou por aumentar a burocracia, excesso de regulamentação, insuficiente investimento, dificultar todo o tipo de produção, num alinhamento com as restrições dos fundamentalistas ambientais, enquanto comprava na Ásia produtos que não respeitavam as regras europeias, mas eram muito mais baratos.

O absurdo ficou também à vista quando surgiu a Covid, pois a UE não tinha, nem produzia o essencial para, numa primeira fase, responder à pandemia. Tudo era importado da China.

O Relatório Draghi aponta várias medidas em sentido inverso ao que têm sido as políticas, mas estima que a UE necessite de investir por ano entre 750 mil e 800 mil milhões de euros.

euRopa gReen deal um CompRomisso VeRde paRa a euRopa Entretanto, em 2021 foi lançado mais um conjunto de medidas, com o objetivo de tornar a UE neutra em termos climáticos até 2050, com os resultados que já se estão a verificar na contestação dos agricultores, na indústria automóvel e na perda de competitividade.

Entretanto, a Agenda Verde, com níveis irrealistas de descarbonização e assente num modelo energético que se tem revelado insustentável, já está a produzir efeitos nefastos na indústria automóvel, principalmente alemã, com fecho de fábricas e a UE a ser invadida por carros elétricos produzidos na China e com preços mais baixos, sendo a resposta a aplicação de taxas alfandegárias, à semelhança do que anunciou o Presidente eleito dos EUA. O crescimento do PIB nos EUA em 2023 foi de 3,1%, enquanto na UE ficou por 0,4%.

Chegados a este estado de ineficácia, os cidadãos da UE têm razão para estarem preocupados, mas não devia ser com as políticas que vêm de outros continentes, mas com as políticas que nos últimos 30 anos têm sido implementadas e que têm conduzido à perda de rendimentos, pior qualidade de vida e piores expectativas para o futuro. Com a guerra na Ucrânia e a entrada de milhões de imigrantes na UE, sem controlo, a perceção de insegurança agravou-se e os políticos em vez de assumirem a discussão e apresentarem medidas mitigadoras, andam mais preocupados em implementar o wokismo , começando pela igualdade de género, até à limitação da liberdade de expressão que não siga o politicamente correto, mesmo com opções absurdas, fomentando todo o tipo de agendas que provocam conflitos e divisões entre a população.

A lição das eleições nos EUA e também em alguns países da UE é clara, quando os políticos não tratam do bem-estar do povo e não respeitam a sua cultura, valores e receios, o povo trata de correr com os políticos. É a democracia a funcionar.

MOTOR DA EUROPA GRIPADO

por Isabel Meirelles

Advogada, Docente Universitária,

Ex-Deputada à Assembleia da República e ao Conselho da Europa

A Alemanha sofre, atualmente, de um grande desânimo naquilo que concerne à confiança dos consumidores e das empresas, mas o grande obstáculo, a curto prazo, é a depressão mental e um incrível pessimismo.

AVolkswagen é o reflexo mais evidente deste negativismo que afeta a Alemanha. Os problemas deste fabricante vão repercutir-se em toda a indústria automóvel, o maior setor do país, que representa 5% do PIB e emprega quase 800 mil pessoas, 37% das quais trabalham para a marca. A Volkswagen pretende fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, eliminar milhares de postos de trabalho e reduzir os salários em 10% e, ainda, redimensio -

nar as restantes fábricas. A confirmar-se esta reestruturação da empresa, ela marcará na Alemanha o primeiro encerramento de fábricas em 87 anos de história. Esta decisão terá também um impacto significativo na economia europeia, uma vez que a indústria automóvel representa 7% do PIB europeu, com um choque não apenas no emprego qualificado, mas também na área da investigação e desenvolvimento, onde os investimentos são muito significativos.

S etor automóvel

Com efeito, a venda de carros novos na UE caiu 18,3% em agosto, com a Volkswagen a registar a maior queda, devido à forte concorrência chinesa no mercado de veículos elétricos, a preços mais baratos, o que terá sido a principal causa para a decisão da marca.

Por outro lado, a Alemanha tinha incentivos para veículos elétricos, mas o Governo alemão descontinuou esses incentivos,

o que levou a uma queda de quase 50% das vendas de elétricos.

Haverá obviamente também um efeito para a indústria portuguesa e para os produtores de componentes das empresas ligadas à Autoeuropa, que irão sofrer com esta baixa da atividade de produção.

O fabricante de carros de luxo Porsche terá posto um fim ao planeamento de novos modelos da marca, com a fábrica de Osnabrück, o que ameaça, ainda mais, as contas da Volkswagen. Nos últimos anos, as marcas premium, onde se incluíam a Porsche e a Audi, eram a sua maior fonte de proveitos.

A queda acentuada dos lucros do construtor automóvel só veio intensificar as más notícias sobre o crescimento económico da Alemanha, que escapou por pouco a uma recessão no terceiro trimestre, oferecendo algum alívio à maior economia da Europa.

As perspetivas, porém, não são muito animadoras, dado que o Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento económico nulo este ano, o que representa o desempenho mais fraco entre as principais economias.

A liderança que o país acumulou ao longo de décadas em áreas como a tecnologia de combustão, está a perder importância, e o modelo de exportação alemão está cada vez mais sob pressão devido às cres -

centes tensões geopolíticas e ao protecionismo global.

A economia alemã necessita de um grande esforço de transformação desde o pós-guerra e exige investimentos adicionais em tudo, desde as infraestruturas e a inovação até à educação e às tecnologias verdes, no sentido de superar as suas desvantagens tradicionais em termos de custos, como os elevados impostos, mão de obra, da energia, sem esquecer o envelhecimento da população que precisa de trabalhadores qualificados. No entanto, uma reforma económica desta envergadura parece improvável, dadas as fortes restrições ao endividamento público, o chamado “travão da dívida” consagrado na Constituição alemã.

DificulDaDeS políticaS

Uma frágil coligação governamental tripartida, chamada semáforo, com o Partido Social Democrata (SPD), os Verdes e os Liberais, também tem obstruído a formulação de políticas e tem deixado o governo sem uma visão clara para o país. O FDP, partido liberal, criticou a falta de ambição económica do chanceler Olaf Scholz, depois deste ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner, o que deverá implicar novas eleições antecipadas em março do próximo ano.

A coligação, que estava no poder há quase três anos, tem enfrentado dificuldades praticamente desde o início, já que muitas das posições que defendem os seus partidos são opostas. Enquanto o SPD e os Verdes apoiam uma forte atuação do Estado, com a emissão de dívida para financiar políticas públicas, caso seja necessário, o FDP tem uma visão contrária.

A crise na Alemanha terá efeitos significativos na União Europeia, dado ser a sua maior economia, e qualquer mutabilidade pode afetar o crescimento económico e a estabilidade da região. A crise pode levar mesmo a uma menor confiança dos investidores, aumento da inflação e desafios na política monetária da UE.

Esta crise pode impactar a política externa e as relações entre os países membros da UE. A cooperação e a solidariedade entre os Estados membros e com países terceiros, como a Ucrânia, podem ser testadas, especialmente em tempos de dificuldades económicas, sem esquecer a imprevisibilidade política do novo inquilino da Casa Branca.

Não estamos, assim, apenas a viver uma crise na indústria automóvel, estamos a viver uma crise na Alemanha, nos países europeus com possíveis contaminações em outras partes do globo.

O QUE NOS DEVE PREOCUPAR

Uma organização não governamental sedeada em Portugal há mais de três décadas e que dá pelo nome de EAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza, tem levado a cabo um trabalho notável na monitorização da evolução do fenómeno da pobreza e exclusão social, quer ao nível nacional quer ao nível europeu, procurando ter uma visão crítica e analítica sobre as suas causas com vista à apresentação de soluções que transforma em recomendações no sentido da sua resolução.

AEAPN tem como vocação final contribuir para a construção de uma sociedade justa e solidária, envolvendo e responsabilizando todos na garantia do acesso dos cidadãos a uma vida digna, baseada no respeito pelos Direitos Humanos e no exercício pleno de uma cidadania informada, participada e inclusiva. A título de curiosidade e no plano da sua operacionalidade, a EAPN Portugal existe ao longo de todo o território nacio -

nal através de um núcleo presente em cada um dos 18 distritos do país. Para servir o propósito elencado existem vários “instrumentos”, destacando-se o Poverty Watch, a quem cabe dar visibilidade à realidade da pobreza e exclusão a nível nacional, apresentando uma visão crítica sobre a realidade da pobreza e da exclusão, refletir acerca dessa mesma realidade e, por fim, apresentar recomendações com vista ao cumprimento

da missão a que se propõe e que acima ficou expressa. Uma nota para assinalar os bons propósitos desta organização, salientando o seu lado operacional e a abrangência nacional. Contudo, a pobreza em Portugal continua a ser um dos maiores problemas do país e por mais recomendações que se façam de ano para ano, ou aumenta ou fica tudo na mesma. Este “enigma” devia obrigar-nos a exigir mais das autoridades nacionais e a apre -

sentar recomendações. por mais simples que possam ser, que as obriguem a obter resultados visíveis.

O missã O da p O breza

Discutem-se orçamentos do Estado, como está agora a acontecer, e não se ouve uma palavra acerca da pobreza. Não chega pedir aumentos nos vencimentos, quando parece ser “proibido” falar em produtividade como forma de dar solidez a esses aumentos. Não chega aumentar vencimentos quando a escola pública tem vindo a ser abandonada não dando a devida literacia aos nossos jovens para a construção de uma vida organizada. De acordo com o Poverty Watch, Portugal 2024, um relatório elaborado anualmente pela organização, os baixos salários, a precariedade laboral, as baixas prestações sociais e a falta de acessibilidade a serviços de qualidade são as causas estruturais da pobreza em Portugal.

Em Portugal o valor abaixo do qual alguém é considerado pobre situa-se, em 2020, nos 6653 euros anuais, o que equivale a 554 euros mensais (12 meses). Nos anos seguintes a situação foi piorando, tendo ocorrido um fenómeno invulgar e chocante, que é o dos pobres e mesmo sem abrigo daqueles que trabalham.

Este é o mais claro exemplo de que a pobreza se mantém e até aumenta, agora com milhares de pessoas, onde se incluem muitos jovens, sem acesso a habitação mesmo que trabalhem, sem acesso a bens de consumo prioritários mesmo que trabalhem, sem acesso a educação de qualidade mesmo que trabalhem.

Termino com uma palavra sobre a pobreza infantil, que diz respeito a crianças que vivem em agregados familiares cujo rendimento está abaixo de 60% do rendimento mediano nacional. Em todo o mundo, as crianças têm maior probabilidade de viver na pobreza do que os adultos e são também mais vulneráveis aos seus efeitos. Pobreza infantil significa que uma criança cresça numa família com baixos rendimentos e baixo exercício de direitos.

Tenhamos esperança de que, pelo menos no próximo Orçamento do Estado, as propostas e sua discussão se centrem em duas realidades que só aparentemente não têm ligação, a economia e a pobreza.

A INOVAÇÃO É PARA TODOS!

É este o tema central da Conferência da BMJ Future Health decorrida em Londres, a 19 e 20 de novembro, e que contou com uma série de interessantes debates sobre se as tecnologias da saúde evoluem no sentido da equidade para todos ou para o aprofundamento das divisões e das desigualdades existentes.

Painéis de discussão aprofundaram as complexas implicações dos aplicativos de saúde na medicina personalizada, na equidade social e nos serviços de saúde. Os peritos debateram se estas inovações são uma força positiva ou se pelo contrário contribuirão inadvertidamente para acentuar desigualdades sistémicas e trazer uma maior pressão financeira sobre os sistemas de saúde. Um dos objetivos da conferência foi compartilhar com os participantes como se poderá trabalhar em conjunto com os uti-

lizadores dos serviços para criar soluções inovadoras, eficientes e que economizem tempo e possam ter impacto real para os profissionais e para os pacientes. Um exemplo interessante é a discussão de como podemos melhorar a tomada de decisão partilhada com os doentes de saúde mental. Outra questão em debate é se o crescente aumento do rastreio de dados de saúde é uma sobrecarga ou um benefício para os serviços. O uso generalizado do rastreio de dados de saúde aumenta a pressão sobre os

serviços de saúde já sobrecarregados à medida que mais pessoas procuram tratamento para problemas autodiagnosticados ou ajuda a descobrir condições que, de outra forma, poderiam passar despercebidas e alivia a carga sobre os profissionais de saúde, permitindo que os doentes façam medições básicas em casa.

I novação em saúde Caminhamos no sentido de promover a Medicina Personalizada ou no sentido de

Presidente do Conselho Diretivo da ARSLVT até agosto de 2023

criar uma Sociedade a Dois Níveis: as novas aplicações de cuidados de saúde estão a promover estilos de vida mais saudáveis e melhores resultados para a população em geral, dando aos indivíduos mais controlo sobre a sua saúde, ou beneficiam principalmente uma minoria privilegiada, negligenciando aqueles que mais necessitam de melhores intervenções de saúde, mas não podem aceder a esses serviços devido a barreiras tecnológicas e financeiras?

A Lei dos Cuidados Inversos do médico de Família inglês Julian Tudor Hart, publicada no Lancet em 27 de fevereiro de 1971, continuaria válida: os que mais necessitam de cuidados de saúde efetivos são os que menos deles beneficiam. Que o mesmo é dizer que a despesa pública em serviços de saúde beneficia frequentemente os mais ricos em detrimento dos mais pobres.

A equidade na inovação em saúde é um desafio central, especialmente num contexto onde o acesso a tecnologias avançadas ainda é muito desigual. Para garantir que as inovações realmente beneficiem toda a população, independentemente do seu estatuto socioeconómico, localização geográfica ou outras características, é fundamental que se adotem as estratégias mais efetivas. Essas estratégias, quando combinadas, ajudam a criar um ambiente mais igualitário e sustentável para a ino -

vação em saúde, onde os benefícios são distribuídos de forma mais equitativa.

C u I dados de saúde sustentáve I s Outro tema que chamou a atenção dos participantes na conferência tem a ver com a prestação de cuidados de saúde sustentáveis, questionando como escalar comunidades colaborativas e capacitar os funcionários para liderar projetos verdes. No Reino Unido, o serviço de saúde contribui com cerca de 4-5% do total de emissões de carbono do Reino Unido, e o NHS na Inglaterra, sozinho, é responsável por 40% das emissões do setor público. As inovações que abordam esta questão central são fundamentais para o futuro do nosso planeta, mas exigem que as pessoas individualmente e toda a organização trabalhem em conjunto para uma mudança significativa. Há um convite muito claro para que todos colaborem transformando os seus objetivos de sustentabilidade em realidade e contribuindo para reduzir a pegada de carbono do NHS. A inovação em saúde poderá de facto ser para todos, mas para que isso aconteça, é necessário superar desafios estruturais, sociais e económicos que limitam o acesso universal. Embora muitos avanços em saúde tendam a beneficiar primeiro populações em áreas mais desenvolvidas ou com maior poder aquisitivo, existem várias

abordagens que podem democratizar o acesso à inovação e garantir que ela beneficie o maior número de pessoas possível. Apesar dos avanços, existem desafios que é necessário superar para alcançar uma inovação em saúde verdadeiramente inclusiva. De entre eles salientaria:

• Desigualdade no financiamento da saúde: muitos recursos são concentrados em mercados desenvolvidos, o que limita a alocação de investimentos em inovações para populações mais desfavorecidas.

• Infraestruturas inadequadas: em muitos países, a infraestrutura de saúde é insuficiente, dificultando a implementação de tecnologias mais avançadas.

• Barreiras culturais e de acesso digital: nem todas as comunidades têm familiaridade com ferramentas tecnológicas, e a conectividade digital ainda é um desafio em algumas regiões.

Estamos certos que os melhores avanços na saúde vêm de uma verdadeira compreensão dos desafios enfrentados pelos pacientes, pelos profissionais de saúde e pelo sistema em geral no dia a dia e no ponto de necessidade ou, de preferência, antes disso.

Com uma abordagem estratégica correta e o apoio de políticas públicas, é possível que a inovação em saúde seja mais inclusiva e beneficie a todos, promovendo uma sociedade mais saudável e justa.

INOVAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE EUROPEIA

por Ricardo Jardim Gonçalves

Professor Catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa / UNINOVA

A Comissão Europeia estabeleceu os European Digital Innovation Hubs (EDIH) como centros especializados para acelerar a transformação digital de empresas e entidades públicas na União Europeia (UE).

Com uma abordagem focada em áreas estratégicas, como inteligência artificial, computação de alto desempenho e cibersegurança, os EDIH têm como objetivo reforçar a competitividade europeia e impulsionar a inovação, facilitando o acesso a tecnologias de ponta e promovendo o desenvolvimento de competências digitais avançadas. Estes hubs são fun -

damentais para apoiar organizações de diversos setores a enfrentar os desafios da era digital. Os Polos de Inovação Digital (DIH), por sua vez, respondem a necessidades regionais e setoriais, possibilitando que as empresas experimentem tecnologias antes de assumirem compromissos financeiros e promovendo parcerias com universidades e centros de investigação.

A interação entre os DIH e os EDIH facilita a troca de conhecimento e colaboração em toda a Europa, proporcionando às PME acesso a tecnologias emergentes e novos mercados globais, fortalecendo o ecossistema de inovação e promovendo uma economia digital competitiva. Num contexto de rápida transformação digital e de exigências crescentes de sus-

tentabilidade, os Digital Innovation Hubs (DIH) desempenham um papel crucial no fortalecimento da competitividade das pequenas e médias empresas (PME) europeias. Estes centros integram tecnologia, conhecimento, infraestruturas e financiamento, facilitando o acesso das empresas à inovação digital. Apoiados pela Comissão Europeia, os DIH formam redes colaborativas, tanto regionais como transnacionais, aproximando empresas, instituições de ensino, centros de investigação e entidades públicas. Através das suas atividades, os DIH ajudam as PME a enfrentar os desafios da digitalização, a inovar nos seus processos e a competir em mercados cada vez mais tecnológicos e exigentes.

d esafios pa R a as p M e Na Europa, as PME enfrentam grandes desafios, dado que apenas 20% estão altamente digitalizadas, o que limita a sua competitividade num mercado onde inovar é essencial. Para mitigar estas dificuldades, os DIH oferecem um espaço de experimentação onde as PME podem “testar antes de investir”, avaliando o impacto das tecnologias antes de compromissos financeiros significativos. Os DIH vão além da consultoria, abrangendo desde o desenvolvimento de estratégias digitais até à disponibilização de infraestruturas para prototipagem e apoio financeiro, estabelecendo-se como elementos fundamentais na digitalização sustentável das PME. Desta forma, a estrutura dos DIH cria um ecossistema colaborativo, no qual cada DIH regional centraliza parceiros locais num ecossistema de inovação adaptado às necessidades da região. No entanto, estes polos integram-se numa rede pan-europeia de Hubs de Inovação Digital Europeus (EDIH), promovendo a troca de conhecimento entre regiões. Esta rede não só apoia as PME na adaptação às exigências globais, mas também promove a cooperação entre DIH em toda a União Europeia, estabelecendo mecanismos unificados para enfrentar os desafios digitais. Esta abordagem integrada maximiza o impacto dos DIH, promovendo um ambiente favorável à inovação e ao crescimento económico digital sustentá -

vel, onde as PME encontram apoio para se desenvolverem num mercado cada vez mais digital. Em Portugal, os Polos de Inovação Digital (DIH) desempenham um papel fundamental na promoção da digitalização, constituindo uma rede nacional que abrange diversas regiões e setores, incluindo indústria, turismo, mobilidade, economia do mar, construção, saúde e administração pública. Estes polos funcionam como centros de experimentação tecnológica, permitindo que empresas, especialmente pequenas e médias, e entidades públicas testem e integrem novas tecnologias nos seus processos e serviços. Além disso, facilitam o acesso a financiamento, formação especializada e colaboração com outras organizações, fortalecendo o ecossistema de inovação nacional.

R edes inte R ligadas

A Rede Nacional de Polos de Inovação Digital está interligada com a rede europeia de Polos de Inovação Digital Europeus (EDIH), promovendo sinergias, parcerias e a partilha de conhecimentos. Esta conexão facilita a abertura de mercados e potencia a competitividade das empresas portuguesas no contexto europeu, alinhando-se com as estratégias de digitalização da União Europeia em setores chave como a energia, agricultura e indústria. Os DIH em Portugal são catalisadores de modernização. O CTS, Centro de Tecnologia e Sistemas no UNINOVA, um centro de investigação e desenvolvimento português, destaca-se neste contexto, participando em projetos europeus e integrando várias redes de investigação, desenvolvimento e inovação. Entre outras, envolve-se em projetos europeus como o SMART4ALL, que promove a integração de tecnologias ciberfísicas e IoT entre universidades e empresas para estimular capacidades de inovação em múltiplos setores. Participa também no TRINITY, que fortalece a agilidade e a cibersegurança na manufatura europeia através da robotização industrial. No DIGIFED, apoia a digitalização e a colaboração transfronteiriça entre DIH, facilitando o acesso das PME a tecnologias avançadas. No FED4SAE, incentiva a adoção de sistemas eletrónicos

avançados, promovendo a integração das PME no mercado global. O DIH PRODUTECH, um importante hub nacional, promove a inovação digital nas indústrias de manufatura em Portugal, fornecendo soluções que aumentam a eficiência e a competitividade. Finalmente, no DIH4CPS, o CTS UNINOVA concentra-se na criação de redes interligadas de sistemas ciberfísicos para impulsionar a inovação digital em toda a Europa. Estas iniciativas destacam o papel dos DIH e do CTS UNINOVA na construção de um ambiente de inovação robusto e sustentável, acelerando a transformação digital e fortalecendo a economia em Portugal e na Europa.

p R epa R a R a e u R opa

Os Polos de Inovação Digital são uma resposta eficiente e necessária para preparar a Europa para os desafios futuros. Num mercado global onde o conhecimento e a inovação são os principais motores de crescimento, a capacidade de integrar inovações de forma inclusiva e sustentável torna-se um diferencial que fortalece as empresas e as comunidades em que estão inseridas. Com os DIH, a Europa avança em direção a uma digitalização que, ao invés de ampliar desigualdades, torna a inovação acessível a todas as regiões e empresas, grandes e pequenas. Ao investir no fortalecimento dos DIH, os países europeus estão a construir uma economia resiliente, inclusiva e alinhada com os valores de sustentabilidade e responsabilidade social. Para as PME e para a sociedade europeia como um todo, os DIH representam um catalisador essencial para um futuro digital próspero, onde a inovação está ao alcance de todos e a sustentabilidade é um compromisso partilhado. Portugal tem agora a oportunidade de demonstrar visão e compromisso ao aproveitar plenamente esta ocasião única para fortalecer a economia nacional. Com uma abordagem estratégica e cooperativa, o país pode afirmar-se como um exemplo de digitalização inclusiva e sustentável, impulsionando o desenvolvimento socioeconómico em todo o território nacional.

PRÉMIOS FRONTLINE 2024

Os prémios FRONTLINE pretendem distinguir todos aqueles que, para nós, se destacaram nas mais variadas categorias ao longo de 2024. São o nosso reconhecimento público não só aos premiados, como também a todos os que têm contribuído para o sucesso deste projeto editorial.

Personalidade do ano

Figura destacada no panorama nacional, Ana Paula Martins, ministra da Saúde, tem sido uma voz ativa e decisiva no fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Com uma visão estratégica orientada para a inovação e a equidade, a ministra tem liderado esforços significativos para modernizar e tornar mais resiliente o sistema de saúde em Portugal, enfrentando, com determinação, um dos períodos mais desafiantes para o setor. Desde a sua nomeação, Ana Paula Martins tem demonstrado um compromisso inabalável com a melhoria dos cuidados de saúde, priorizando a acessibilidade e a qualidade. Entre as suas principais realizações estão a digitalização dos serviços, o reforço da prevenção e a implementação de medidas para lidar com a escassez de recursos humanos e materiais no SNS. Estas reformas visam não só responder às necessidades imediatas, mas também preparar o sistema para os desafios futuros.

Com uma carreira que combina experiência prática e conhecimento académico na área farmacêutica,Ana Paula Martins tem sido reconhecida pela sua abordagem colaborativa, unindo profissionais de saúde, entidades públicas e a sociedade em torno de soluções concretas e sustentáveis. Este esforço conjunto reflete a sua crença na importância do diálogo e da transparência como pilares fundamentais para o progresso do setor.

Embora tenha enfrentado críticas e momentos de tensão política, a ministra tem-se destacado pela sua postura ética e pelo compromisso em assumir responsabilidades, mesmo perante cenários adversos. A sua trajetória inclui também um mandato notável como presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, onde o seu trabalho foi amplamente elogiado.

Ana Paula Martins é vista como uma inspiração para as novas gerações, representando um modelo de liderança focada no bem comum. A distinção como Personalidade do Ano é, assim, um reconhecimento pelo impacto positivo que tem gerado na vida dos cidadãos e pelo seu papel na construção de um SNS mais inclusivo, humano e eficaz. O seu legado, sem dúvida, será associado à coragem e dedicação com que defendeu um sistema de saúde essencial para o futuro do país.

arte e Cultura

Armanda Passos nasceu a 17 de fevereiro de 1944, no Peso da Régua. Tendo escolhido a cidade do Porto para viver e morrer, Armanda licenciou-se em Artes Plásticas, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto).

Expôs individualmente em Portugal e no estrangeiro, com destaque para Paintings and drawings (Londres, 1989); Ibériques , Galerie du Cygne (Genebra, 1993); Reservas , na Casa Andresen, e Obra Gráfica , na Reitoria da Universidade do Porto, as únicas dedicadas a um artista plástico por ocasião das comemorações do Centenário da UP (2011).

Armanda Passos representou Portugal em vários certames internacionais, de que são exemplo a exposição Portuguese Contemporary Artists , no World Trade Center (Nova Iorque, 1985); a V Biennal of European Graphic Art (Heidelberg, 1988); a Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91 (Katowice, Polónia, 1992); ou a mostra no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée (La Louvière, Bélgica, 1992).

No ano em que esta artista plástica e pintora portuguesa celebraria 80 anos, a revista FRONTLINE distingue-a com o Prémio Arte e Cultura.

d estino do a no

diretor-Geral do a no

César Silva, diretor-geral do Corinthia Lisbon, é distinguido, pela revista FRONTLINE como Diretor do Ano. Este reconhecimento reflete não apenas o sucesso da unidade, mas a liderança exemplar de um profissional que transforma desafios em oportunidades e motiva equipas para resultados extraordinários.

César Silva consolidou a posição do hotel como referência de luxo sustentável, apresentando um serviço personalizado e, praticamente, inigualável. O segredo do seu sucesso? Um equilíbrio raro entre visão estratégica e atenção ao detalhe. César Silva não é apenas um gestor, mas também um mentor, reconhecido pelo incentivo ao crescimento individual e coletivo.

Num ano particularmente desafiante para a hotelaria, César Silva demonstrou resiliência e capacidade de adaptação e, por isso, esta distinção é mais do que merecida.

O Dubai é uma cidade que transcende definições, onde o luxo moderno encontra as raízes profundas da tradição árabe. Este destino único, situado no coração do deserto, é um exemplo de como a inovação e a cultura podem coexistir de forma harmoniosa. Conhecido pelo seu horizonte futurista e pela hospitalidade calorosa, o Dubai é muito mais do que arranha-céus ou centros comerciais: é um verdadeiro encontro de mundos.

A cultura árabe, presente nos mercados tradicionais e na arquitetura histórica, coexiste com a audácia de uma cidade que não pára de se reinventar. A essência do deserto, com as suas dunas douradas e o silêncio reconfortante, está sempre presente, lembrando-nos a beleza intemporal que rodeia esta metrópole.

Visitar o Dubai é experimentar o futuro sem esquecer o passado. É ser acolhido com um sorriso genuíno enquanto se descobre uma cidade que celebra a tradição e abraça a modernidade, criando memórias que perduram para além da viagem.

Dubai
César Silva
Armanda Passos

evento do ano

O BMW Responsibility Days no México destacou-se como o Evento do Ano pela sua abordagem abrangente, que alia a inovação industrial a um compromisso social. Durante os dias do evento, tivemos acesso à moderna fábrica da BMW em San Luis Potosí, onde tecnologias avançadas, como inteligência artificial e práticas de eficiência energética, marcam novos padrões na produção sustentável de veículos. Além disso, sublinhou-se o papel essencial desta unidade na estratégia global do BMW Group, especialmente na categoria dos automóveis elétricos, o que posiciona esta fábrica como uma referência na transformação da mobilidade. Para além da vertente industrial, o evento sublinhou o compromisso da BMW com as comunidades locais, como demonstrado pela parceria com a UNICEF e o Club de Niños y Niñas do México. Esta colaboração visa apoiar a educação de milhares de crianças em situação de risco, promovendo valores de cidadania e oferecendo oportunidades em áreas críticas para o futuro, como as da ciência e da tecnologia. Com esta iniciativa, a BMW não só constrói veículos, mas também investe no futuro de jovens, refletindo uma visão de responsabilidade que transcende o setor automóvel.

automóvel do ano

a P resentação do a no

A apresentação da BMW e da Mini realizada este ano na zona de Cascais foi uma das mais completas do ano, pela quantidade de novidades reveladas, abrindo um pouco da visão de futuro do BMW Group. Um dos melhores exemplos disso mesmo foi a presença do BMW Vision Neue Klasse X em primeira mão, que levanta o véu sobre o caminho ousado e eletrificado que a BMW pretende seguir.

Ao longo do evento, tivemos oportunidade de efetuar um primeiro contacto com modelos como o BMW X2 e a sua versão 100% elétrica, o iX2, que nos impressionaram pela combinação de uma dinâmica envolvente e eficiência apurada. A BMW CE02, a nova scooter elétrica, ainda adicionou um toque juvenil e radical à completa gama da marca, apontando a um público mais jovem e urbano.

A apresentação culminou com o novo Mini Countryman, agora o maior da gama, oferecendo um equilíbrio entre performance, especialmente na versão John Cooper Works, e sustentabilidade, com a versão elétrica de 313 cv. Este evento capturou a essência de cada marca, reafirmando a visão de futuro do BMW Group.

O Volvo EX90 representa uma combinação exemplar de segurança, inovação e sustentabilidade num SUV 100% elétrico. A nova aposta da marca sueca redefine padrões de segurança ao integrar tecnologia moderna, como um sistema lidar da Luminar que deteta objetos em qualquer condição de luz, proporcionando uma proteção de 360 graus e reduzindo significativamente o risco de acidentes.

O Volvo EX90 é também capaz de monitorizar a atenção do condutor, reagindo em situações de fadiga ou distração, comprovando o empenho da Volvo com o capítulo da segurança.

Além disso, o EX90 reflete o compromisso ambiental da marca, com cerca de 15% de aço reciclado e quase 50 quilos de materiais plásticos de origem sustentável, minimizando o impacto ambiental ao longo do ciclo de vida do veículo. Com uma bateria de 111 kWh e uma autonomia máxima de 600 quilómetros, o EX90 é perfeito para longas viagens em família. Além disso, é também pioneiro no carregamento bidirecional, permitindo alimentar dispositivos externos. Este SUV representa a essência da Volvo: um equilíbrio entre conforto, tecnologia, segurança e uma clara responsabilidade ambiental, razão pela qual o escolhemos como o Automóvel do Ano.

BMW/Mini em Cascais
Volvo EX90
BMW Responsibility Days (México)

desPortivo do ano

Carrinha do ano

A nova geração da BMW Série 5 Touring foi a escolhida para a atribuição do título de Carrinha do Ano, pela sua combinação exemplar de versatilidade, conforto e eficiência dinâmica. Com uma experiência de condução apurada e equilibrada, sustentada por um chassis otimizado e uma suspensão que assegura estabilidade e conforto, a nova Série 5 Touring reúne o melhor de dois mundos, enquanto mantém a capacidade para transportar toda a família.

Nesta gama, estão disponíveis opções de tração integral e sistemas híbridos, sempre focados em oferecer o máximo prazer de condução, sem colocar de parte a eficiência. O seu interior é espaçoso e requintado, tendo sido concebido para acomodar passageiros e bagagens com conforto. A versão 100% elétrica, a i5 Touring, também está disponível, refletindo o compromisso da BMW com a sustentabilidade. No entanto, é nas versões com motores de combustão que é lembrada a herança do nome Touring, que tem garantido a preferência dos condutores que procuram uma carrinha premium completa.

O Mercedes-AMG GT destacou-se como Desportivo do Ano pela sua combinação única de potência, inovação e desempenho dinâmico. Equipado com um motor V8 biturbo de 4.0 litros, entrega uma potência impressionante de 585 cv na versão GT 63, permitindo uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,2 segundos. A transmissão AMG Speedshift MCT 9G, associada a um sistema de tração integral 4MATIC+ totalmente variável, proporciona uma capacidade de tração e uma estabilidade bastante apuradas, otimizando o desempenho dinâmico desta nova proposta de Affalterbach.

A engenharia da AMG eleva o GT a um novo patamar dinâmico, associado a um conforto de utilização no dia a dia, graças à presença da suspensão Active Ride Control, que ajusta automaticamente a sua firmeza.

Este equilíbrio entre prestações, uma dinâmica exemplar e a facilidade de utilização diária definem o Mercedes-AMG GT como um merecedor Desportivo do Ano, reafirmando a excelência da Mercedes-AMG no segmento dos superdesportivos. Mercedes-AMG GT

a utomóvel de l uxo do a no

O Bentley Bentayga EWB Mulliner redefine o conceito de luxo num automóvel ao combinar o espaço e o conforto de uma berlina com a versatilidade de um SUV. Desenvolvido quase por completo de raiz, este novo Bentayga tem uma distância entre eixos mais longa em cerca de 180 mm, que se traduz num interior extraordinariamente espaçoso e confortável.

Entre as inovações desenvolvidas para esta opção estão os Airline Seats, os dois assentos traseiros com ajustes automáticos de postura e climatização. Além disso, os detalhes artesanais da Mulliner, como o couro sustentável Olive Tan e as combinações de cores, destacam o compromisso da Bentley com a personalização e a sustentabilidade. Este SUV é a expressão máxima de luxo, combinando desempenho, inovação e design incomparáveis. Sempre com a missão de garantir um nível de bem-estar absoluto em qualquer viagem. Ou seja, um verdadeiro automóvel de luxo.

Bentley Bentayga EWB Mulliner
BMW Série 5 Touring

suv do ano

A quinta geração do Hyundai SANTA FE foi a escolha para o SUV do Ano, essencialmente por representar uma abordagem inovadora a esta competitiva categoria. O novo SUV combina um desenho arrojado com a tecnologia mais avançada, mas também com uma experiência de condução otimizada e pensada para famílias numerosas e aventuras ao ar livre.

Nesta atualização, apenas o nome se manteve inalterado. O desenho foi renovado, o interior tem mais espaço que nunca e estão incluídos materiais de origem mais sustentável, como couro ecológico e elementos produzidos com materiais reciclados.

Na vertente da tecnologia, destaque para o sistema Connected Car Navigation Cockpit, com ecrãs panorâmicos de 12,3 polegadas, reconhecimento de voz natural e atualizações over-the-air. O conforto dos passageiros é assegurado por funcionalidades como os Relaxation Seats e por uma consola multifuncional.

A motorização híbrida e híbrida plug-in aliam eficiência e performance, com potências até 253 cv e modos de condução específicos para diferentes terrenos. Estes elementos consolidam o Hyundai SANTA FE como uma referência no segmento dos SUV, equilibrando luxo, funcionalidade e uma boa dose de inovação.

Projeto de requalifiCação do ano

Citadino do ano

O Fiat 600e foi eleito Citadino do Ano por aliar estilo a uma mobilidade totalmente elétrica, que responde às necessidades urbanas da atualidade. Inspirado no desenho do icónico Fiat 500, o novo 600e combina detalhes clássicos com elementos contemporâneos, tais como os faróis com uma assinatura visual específica e pormenores que reforçam a herança italiana. A sua construção no seio do Grupo Stellantis é visível através da partilha de componentes com o Jeep Avenger ou o Alfa Romeo Junior.

Com um motor de 156 cv e uma autonomia que pode alcançar os 400 quilómetros, o Fiat 600e é um citadino versátil, perfeito para um ambiente urbano, mas que não proíbe os trajetos mais longos.

Este equilíbrio entre estilo, funcionalidade e sustentabilidade tornam o Fiat 600e uma escolha ideal para quem procura uma experiência de condução prática e ecologicamente consciente, razão pela qual o destacamos como o Citadino do Ano.

As Casaspensadas foram distinguidas pela revista FRONTLINE como Projeto de Requalificação do Ano, uma merecida homenagem ao trabalho dedicado dos seus proprietários, que transformaram aquele espaço, no Juncal, num refúgio único, repleto de história, beleza e conforto. Mais do que uma requalificação arquitetónica, o projeto reflete o carinho e o amor investidos em cada detalhe, numa perfeita fusão entre tradição e modernidade.

Cada recanto das Casaspensadas conta uma história: o respeito pelas raízes locais, a escolha criteriosa dos materiais e a criação de ambientes que convidam à paz e ao bem-estar. Este projeto é um reflexo da visão e paixão dos seus proprietários, que sonharam com um espaço onde os visitantes se pudessem sentir em casa, envoltos por uma atmosfera acolhedora e autêntica.

Com esta distinção, a revista FRONTLINE não celebra, apenas, a excelência na requalificação, mas também a dedicação e o amor que os proprietários colocaram em cada pormenor, transformando um sonho num verdadeiro exemplo de hospitalidade e encanto. Casaspensadas

Hyundai SANTA FE

“ O LIVRO É UMA EXTENSÃO

NAPOLEÃO O GRANDE

Andrew Roberts

Dom Quixote

Napoleão Bonaparte teve uma das vidas mais extraordinárias de sempre. Em apenas 20 anos – de outubro de 1795, quando era um jovem capitão de artilharia e retirou os insurretos das ruas de Paris, até à sua derrota definitiva na batalha de Waterloo, em junho de 1815 –, transformou a França e a Europa. Após ter tomado o poder através de um golpe de Estado, pôs fim à corrupção e à incompetência em que a Revolução tinha caído. Numa série de batalhas arrebatadoras reinventou a arte da guerra; na paz reformulou por completo as leis de França, modernizou a administração e o sistema educativo, e nas artes encabeçou o florescimento do belo “estilo Império”. A impossibilidade de derrotar o seu inimigo mais persistente, a Grã-Bretanha, levou-o a realizar expedições desgastantes em Espanha e na Rússia, que se revelariam fatais, tendo morrido nelas meio milhão de franceses e o seu Império começado a ruir.

GÉNESIS

À medida que a inteligência artificial (IA) se torna mais dinâmica e omnipresente, vai habilitando dramaticamente as pessoas em todos os setores da vida, enquanto suscita questões urgentes sobre o futuro da humanidade – um desafio histórico cujos contornos e consequências são revelados aqui por três eminentes pensadores. Ao processar dados, ganhar autonomia e intermediar entre os humanos e a realidade, a IA irá ajudar-nos a enfrentar enormes crises – desde as alterações climáticas aos conflitos geopolíticos e à desigualdade de rendimentos. É bem possível que resolva alguns dos maiores mistérios do nosso universo, revolucione domínios tão diversos como a medicina e a arquitetura, e eleve o espírito humano a alturas inimagináveis. Mas a IA também nos vai colocar desafios a uma escala e intensidade nunca vistas.

BREVE HISTÓRIA DA BEBEDEIRA

Os antigos persas debatiam as questões políticas duas vezes: uma bêbedos e outra sóbrios. Os vikings acreditavam que o hidromel era a fonte da poesia.

A punição asteca para a embriaguez era o estrangulamento público. E os londrinos do século XVIII viram-se obrigados a comprar gin a um gato mecânico. Ao longo da História, cada civilização encontrou uma forma de celebrar, ou de controlar, a eterna tendência humana para se enfrascar.

Em quase todas as culturas do mundo há bebidas alcoólicas, e onde há álcool há bebedeira. Mas em cada época e em cada lugar a embriaguez é um pouco diferente. Pode ser de cariz religioso ou sexual. Pode ser o dever dos reis ou o alívio dos camponeses. Pode ser uma oferenda aos antepassados ou uma forma de assinalar o fim de um dia de trabalho. Pode levar uma pessoa a dormir ou prepará-la para combater.

Mark Forsyth Casa das Letras
Henry A. Kissinger, Craig Mundie, Eric Schmidt Dom Quixote

DA MEMÓRIA E DA IMAGINAÇÃO ”

CLARIDADE

João Luís Barreto Guimarães

Quetzal Editores

João Luís Barreto Guimarães é um dos poetas portugueses mais publicados no estrangeiro, finalista e vencedor de vários prémios nacionais e internacionais. A sua obra resulta do apuramento de uma ironia raríssima entre nós, e de uma melancolia nascida das coisas simples e quotidianas, sem ficar preso às fronteiras de uma lírica confessional. Neste novo livro mantém a observação e notação dos pequenos acasos do quotidiano, a busca da pequena escala humana, a sobriedade dos versos – mas com uma ironia cada vez mais apurada e aprofundada, crítica e procurando uma justiça à escala poética. A claridade é o elemento mais marcante da sua melancolia – é ela o contraponto da banalidade e da exasperação, do fechamento e dos tempos amargos.

TEMPO DE FANTASMAS

Alexandre O’Neill

Assírio & Alvim

No ano do centenário do seu nascimento, inicia-se a publicação autónoma dos livros de poesia de Alexandre O’Neill. Desse modo, recupera-se aqui a forma integral da primeira edição de Tempo de Fantasmas (1951) – livro do qual migraria uma grande maioria dos seus poemas para os livros subsequentes, com mais ou menos alterações –, com um posfácio de Fernando Cabral Martins, contextualizando a singularidade deste trabalho poético: “O’Neill não está para aventuras colectivas, só para aventuras individuais, com o foco na linguagem viva e na condição dos que a falam. Mas sem nada ter de caçador solitário, atento a um colectivo, numa Lisboa reconhecível onde têm curso as palavras que retempera, as frases feitas e os lugares-comuns que desconstrói.”

O MAIOR POETA DA CHINA

Michael Wood

Temas e Debates

Como qualquer viagem desafiante, esta também começa com um mapa onde estão assinalados os locais de passagem numa determinada parte da China. “A vida de Du Fu, no auge da sua criatividade, foi passada como um refugiado na estrada, deslocando-se de um lugar para outro”, escreve Michael Wood.

A carreira de Du Fu (712-770), o maior poeta da China, coincidiu com períodos de fome, guerra e migração interna, mas a sua visão filosófica secular, aliada à sua empatia com as pessoas comuns, transformou-o na voz do povo chinês. A amizade, a família, a beleza da natureza, o amor e o sofrimento humano são alguns dos temas da sua obra e que se caracterizam pela abrangência e intemporalidade, tocam todas as pessoas e todas as épocas, tanto agora como há quase 1300 anos. No livro é possível ler algumas passagens da sua poesia.

SUSTENTABILIDADE E

RESPONSABILIDADE EMPRESARIAL

A BMW convidou-nos para os Responsibility Days, este ano no México. Neste evento, foi destacada a relevância do BMW Group em San Luis Potosí, onde está localizada uma das suas fábricas mais modernas, mas também o seu compromisso social com o objetivo de transformar o futuro de crianças em situação de risco.

Viajar até ao México para os Responsibility Days da BMW não foi apenas uma oportunidade para mergulhar no futuro da mobilidade, mas também para assistir de perto ao compromisso social da marca. Realizado anualmente, este evento tem como principal foco a sustentabilidade e a responsabilidade empresarial, além de oferecer a oportunidade de testemunhar na primeira pessoa o impacto das ações da marca, tanto no setor industrial como na sociedade da qual passou a fazer parte.

Fábrica de San LuiS PotoSí

O evento, que reuniu executivos, parceiros e jornalistas de várias partes do mundo, teve como ponto de partida uma visita

à moderna fábrica da BMW em San Luis Potosí, um marco industrial fundamental para o BMW Group. Durante a visita, foi possível ter uma ideia da importância estratégica desta unidade que, além de ser um dos principais centros de produção de veículos para o mercado global, incorpora também iniciativas de eficiência energética e uso de tecnologia moderna.

A fábrica, que acaba de completar o quinto aniversário desde o início da sua atividade, destaca-se pelos métodos de produção sustentável e pela utilização de inteligência artificial com o objetivo de otimizar a eficiência da linha de produção enquanto se posiciona como um exemplo de padrão a seguir na digitali -

zação e na sustentabilidade de todo o processo industrial.

Com um investimento de 1,5 mil milhões de dólares, a fábrica da BMW em San Luis Potosí é um dos pilares do BMW Group na América Latina. Aqui, uma equipa altamente qualificada produz veículos que se destacam pela sua qualidade e inovação, respondendo aos elevados padrões de diversos mercados. Durante a visita, os representantes da BMW destacaram o papel desta unidade na estratégia global do grupo, especialmente na produção de veículos elétricos, área para a qual se está a preparar de forma a desempenhar um papel crucial nos próximos anos. Além de observar de perto a linha de produção, onde cada detalhe é cuidado -

samente planeado para garantir a qualidade de fabrico e a segurança dos veículos, foi possível ter uma ideia de que são utilizadas tecnologias modernas como a inteligência artificial e a análise de dados em tempo real. A BMW reforçou ainda o seu compromisso com a formação e qualificação dos seus colaboradores, promovendo diversas ações com o objetivo de os preparar para os futuros desafios de uma era eletrificada.

P arceria com a unice F Além da visita à fábrica, um dos momentos mais marcantes desta viagem foi a visita ao Club de Niños y Niñas, uma instituição que faz parte do compromisso social da BMW em parceria com a UNI -

CEF. Situado em áreas carenciadas, o Club de Niños y Niñas do México é uma organização sem fins lucrativos que acolhe crianças e adolescentes entre os 6 e os 17 anos, proporcionando-lhes um espaço seguro e educativo. Com o apoio de empresas e doações de instituições diversas, esta organização oferece programas extraescolares que ajudam a desenvolver talentos e a fomentar competências de liderança e cidadania responsável.

A colaboração do BMW Group com o Club de Niños y Niñas tem como objetivo contribuir para a educação e bem-estar destes jovens, muitos dos quais provêm de ambientes onde faltam recursos e, sobretudo, oportunidades. Durante a visita, os representantes da BMW e da

UNICEF reforçaram a importância deste apoio e sublinharam a missão de oferecer uma educação de qualidade, promovendo valores como a solidariedade, o respeito e a responsabilidade.

Para o BMW Group, esta parceria com o Club de Niños y Niñas é mais do que uma ação de responsabilidade social, é um compromisso genuíno de investir no futuro das comunidades onde a marca está presente, inspirando as crianças a sonhar e a acreditar num futuro melhor.

A instituição, que atualmente trabalha com cerca de 200 crianças, é uma prova de como pequenas ações podem ter um enorme impacto na vida de jovens que, de outra forma, estariam expostos a elevados riscos sociais.

A BMW e a UNICEF têm trabalhado lado a lado para ampliar o acesso à educação e fomentar um ambiente de aprendizagem inclusivo e positivo. O projeto realizado em San Luis Potosí é um exemplo de como esta parceria pode transformar vidas, promovendo o desenvolvimento integral e o bem-estar de milhares de crianças no México. Em conjunto com a UNICEF, a BMW comprometeu-se a apoiar a educação de cerca de 26 mil crianças até 2026, com especial enfoque nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, reconhecendo que estas são competências fundamentais para o futuro.

r e SP on S abi L idade S ocia L cor P orativa

Durante o evento, o discurso de Ilka Horstmeier (membro do Conselho de Administração da BMW AG) foi uma reflexão sobre a responsabilidade das grandes empresas em contribuir para uma sociedade mais equitativa e sustentável. Segundo Horstmeier, a transformação da BMW não termina na produção de veículos elétricos, vai além, investindo em comunidades e em programas de educação que visam criar uma geração mais preparada e resiliente. “Queremos que cada criança saiba que há alguém que acredita nela e que faz parte de uma sociedade onde é valorizada”, disse a executiva.

A participação nos Responsibility Days da BMW foi, sem dúvida, uma experiência enriquecedora, que proporcionou uma visão mais profunda sobre a responsabilidade social corporativa do BMW Group. Mais do que um construtor de automóveis, o grupo revelou o seu empenho em moldar o futuro das comunidades onde opera, promovendo valores de sustentabilidade, inovação e solidariedade. O evento deixou claro que o compromisso da BMW com o México não se limita à fábrica de San Luis Potosí, mas também à comunidade, investindo no futuro de crianças e jovens que um dia poderão ser os líderes e inovadores do setor automóvel e não só.

e x P eriência de condução Durante o programa dos BMW Responsibility Days, houve ainda um momento reservado para um primeiro contacto de condução ao volante do renovado BMW Série 3, que é produzido na fábrica de San Luis Potosí.

No exterior, o BMW Série 3 conta com a característica grelha de duplo rim com um novo desenho e faróis mais estreitos com tecnologia LED. Os detalhes metálicos em Fire Red e Artic Race Blue acrescentam um bem-vindo toque de exclusividade.

A bordo, o destaque vai para o novo BMW Curved Display, que integra o painel de instrumentos e o ecrã central, ambos com uma resolução bastante elevada. Através deste último temos o melhor acesso às soluções de conectividade adicionadas com o sistema operativo 8.5 da BMW, que já conta com o iDrive QuickSelect. É uma so-

lução que engloba as funções da navegação, com realidade aumentada, mas também os comandos da climatização, que abandonaram os comandos físicos.

A versão que tivemos oportunidade de conduzir foi a 330e, com o sistema híbrido plug-in que inclui um motor turbo de 2 litros a gasolina, associado a uma caixa de velocidades automática de oito velocidades. Nesta está integrado um segundo motor, elétrico, que permite ao Série 3 percorrer praticamente 100 quilómetros sem usar o motor de combustão. Em conjunto, os dois motores conseguem uma potência máxima combinada de 292 cv. Esta experiência em solo mexicano confirmou que o renovado BMW Série 3 continua a ser uma referência no segmento, combinando inovação tecnológica com o apurado desempenho dinâmico que sempre definiu a BMW.

O SUV MAIS SEGURO DO MUNDO?

O Volvo EX90 representa uma nova era para a marca nórdica, sendo o expoente máximo do que tem para oferecer em termos de inovação, segurança e sustentabilidade, num SUV 100% elétrico mais luxuoso. Por tudo isto, não é de estranhar que o EX90 seja considerado o novo topo de gama da marca e, talvez, o SUV mais seguro do mundo.

Depois do compacto EX30, chega finalmente a vez de recebermos no mercado nacional o Volvo EX90, o mais recente SUV totalmente elétrico da marca sueca, que marca o início de uma nova era. O novo topo de gama da Volvo tem uma lotação máxima de sete lugares, mas não se resume a uma nova adição à oferta de mercado da marca. O novo EX90 é o melhor exemplo do compromisso da Volvo com a sustentabilidade, a tecnologia e a segurança.

Desde o primeiro olhar, o EX90 revela-se uma peça de design sofisticado, seguindo a filosofia escandinava de simplicidade e funcionalidade e revelando um desenho moderno que combina elegância com uma aerodinâmica eficiente. Além disso, o novo SUV da marca foi fabricado com materiais reciclados e sustentáveis, o que reflete a preocupação da Volvo com o ambiente. No interior, o luxo e o conforto são visíveis nos acabamentos de madeira

natural e nos estofos feitos de tecidos reciclados, de qualidade elevada, tudo com o objetivo de criar um ambiente acolhedor e sofisticado, perfeito para as viagens mais longas em família.

Um dos principais cartões de visita do Volvo EX90 é, sem surpresas, a tecnologia. Equipado com um dos sistemas mais modernos, ficam conjugados todos os elementos necessários para uma experiência de condução e entretenimento sem precedentes. O ecrã central de 14,5 polegadas é o ponto de acesso a uma vasta gama de funcionalidades, incluindo uma navegação avançada com os serviços Google integrados. Além disso, o Volvo EX90 é compatível com Apple CarPlay, garantindo uma experiência de conectividade completa e intuitiva. O sistema de som é da autoria da Bowers & Wilkins com tecnologia Dolby Atmos, que transforma o habitáculo numa sala de concertos, com som envolvente e de alta-fidelidade para todos os ocupantes.

Segurança elevada

A segurança, um dos pilares da Volvo, é elevada a um novo patamar com o EX90. Equipado com uma tecnologia avançada de sensores, este SUV possui câmaras, radares e um sistema lidar da Luminar, capaz de criar uma barreira invisível de proteção que monitoriza constantemente o ambiente à volta do veículo. Este sistema proporciona uma visão de 360 graus e ajuda a prevenir eventuais acidentes, permitindo que o EX90 reaja de forma mais rápida e eficaz em momentos críticos. O lidar, em particular, é capaz de detetar objetos em torno do carro, independentemente das condições de luz, o que se traduz num nível de segurança nunca antes visto num automóvel de produção. Além disso, no capítulo da segurança, estão incluídas funcionalidades de assistência ao condutor, como o Pilot Assist, que agora conta com suporte de direção durante mudanças de faixa, por exemplo.

As novidades no capítulo da segurança prolongam-se para o habitáculo, uma vez que o Volvo EX90 também está equipado com um conjunto de sensores, capazes de monitorizar o estado de atenção do condutor. Através destes, podem ser detetados sinais de distração ou fadiga e, se necessário, emitir sinais de alerta para garantir que o condutor mantenha o foco na estrada. Esta tecnologia é essencial para aumentar a segurança em viagens longas e reduzir o risco de acidentes causados por fadiga. Em situações extremas, o EX90 é capaz de parar o veículo de forma segura e solicitar ajuda, protegendo os ocupantes de forma proativa.

Conforto valorizado

Para aqueles que valorizam o conforto, o EX90 oferece assentos ergonómicos, com aquecimento e massagens, perfeitos para viagens longas. A bordo do novo SUV da Volvo nem falta um sistema de fragrâncias nem a iluminação ambiente, ajustável, que contribui para uma atmosfera mais cativante e acolhedora no habitáculo. Me-

nos visível é a escolha de materiais mais sustentável para o Volvo EX90. Cerca de 15% do aço e quase 50 quilos de plástico e materiais semelhantes são reciclados. Uma escolha que acaba por reduzir o impacto ambiental do veículo em todas as fases do seu ciclo de vida.

O EX90 destaca-se ainda pela simplicidade de utilização, seguindo o princípio da Volvo de “complexidade simplificada”. Toda a informação disponível nos ecrãs é apresentada de forma clara e concisa, evitando uma sobrecarga visual para o condutor. As diferentes funcionalidades são apresentadas de forma intuitiva, permitindo que o utilizador aceda rapidamente às informações e a controlos essenciais, melhorando a experiência de utilização.

Em termos de desempenho, o EX90 não dececiona. Equipado com uma bateria de 111 kWh e dois motores elétricos (um em cada eixo), o sistema oferece uma potência máxima combinada de 517 cv e um binário acima dos 900 Nm, o que resulta numa condução suave, mas potente, ideal para um ambiente urbano, mas também para as viagens mais longas. A autonomia

máxima até 600 quilómetros com uma única carga permite uma utilização prática e eficiente, sem uma constante preocupação com o carregamento. Além disso, o Volvo EX90 é também o primeiro modelo da marca a suportar o carregamento bidirecional, uma funcionalidade que permite usar a bateria do veículo como fonte de energia para alimentar uma habitação ou diversos dispositivos.

De forma a interagir com o EX90, está também disponível a aplicação Volvo Cars, através da qual é possível aceder remotamente a uma variedade de funcionalidades. Entre elas, verificar o nível de bateria, agendar atualizações de software e até controlar o aquecimento ou arrefecimento do veículo. O sistema “Plug and Charge” elimina a necessidade de interação para o início de carregamentos em postos públicos, tornando o processo mais rápido e conveniente.

O Volvo EX90 é, sem dúvida, a mais recente interpretação da marca sueca para um futuro de mobilidade sustentável e conectada, combinando segurança, tecnologia e um compromisso ambiental.

O VINHO É O CANTANDO

Q uinta do PôPa Vinhas Velhas

Douro | Vinho Tinto | Quinta do Pôpa

Castas: Mais de 21 diferentes castas

Enologia: Carlos Raposo

PrEço: 27,50€

“O perfil do vinho é determinado pelo ano em termos climáticos. Lançado apenas em anos em que o comportamento da parcela atende as expectativas do perfil e da qualidade exigidos. Vinhos que por aliarem a componente de frescura a notas de complexidade e finesse, junto com sugestiva persistência, têm boa capacidade de se aliar a vários tipos de gastronomia e variadas confeções.”

aComPanha bEm: caça, carnes vermelhas e queijos.

Q uinta da P erdonda

t alhões t into

Dão | Vinho Tinto | Quinta da Perdonda

Castas: Vinhas Velhas

Enologia: Paulo Nunes

PrEço: 23,00€

“Rubi. Simultaneamente exótico e apelativo, tem notas citrinas sob um manto florestal. O tanino é imperial, as texturas sucedem-se em catadupa, o volume jamais belisca a elegância.Termina com nuances vegetais frescas, muito profundo e com uma perspetiva temporal que facilmente ultrapassa a próxima década e meia. Não é um perfil clássico do Dão; é um perfil tão próprio que nos desinstala facilmente no mapa.”

aComPanha bEm: assados, caça, carnes vermelhas, comida italiana e queijos.

sete Montes reserVa 2016

Alentejo | Vinho Tinto | Sociedade Agrícola de Pias

Castas: Aragonez, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Alfrocheiro

Enologia: Sociedade Agrícola de Pias

PrEço: 17,10€

“Fruto do trabalho e da tradição, Sete Montes surge do vigor da casta Aragonez, da força do Alicante Bouschet, da nobreza da Touriga Nacional e do equilíbrio do Alfrocheiro.”

a C om Panha b E m : queijos curados, enchidos.Cabrito e borrego, assim como carnes no forno.

PENSAMENTO DA TERRA PARA O CÉU.”

Mário Quintana

Quinta de san Michel MalVarinho 2021

Lisboa | Vinho Branco | Quinta de San Michel

Castas: Malvasia de Colares & Arinto

Enologia: Alexandre Guedes

PrEço: 28,45€

“Cor amarela. No nariz é impetuoso. Fruta cítrica marcante como limão, casca de laranja e toranja. Notas vegetais. Especiado, com pimenta branca e canela terminando com aromas a fumo e maresia. Na boca é voluptuoso, marcando a sua presença através da acidez e textura. Final longo.”

aComPanha bEm: peixes grelhados, como o robalo ou raia. Excelente combinação com queijos da serra da Estrela e presunto de porco preto.

Quinta

do Poço do loBo reserVa tinto 2019

Bairrada | Vinho Tinto | Caves São João

Castas: Baga (40%), Touriga Nacional (40%) e Cabernet Sauvignon (20%)

Enologia: Caves São João

PrEço: 19,85€

“Rubi profunda. Complexo, com notas de frutos vermelhos e negros dominantes e da barrica, onde estagiou, bem como nuances vegetais ténues. Denso, estruturado e fresco. Possui taninos saborosos e boa persistência gustativa.”

aComPanha bEm: carnes vermelhas assadas ou grelhadas, queijos de pasta mole, enchidos e caça, entre outras iguarias.

Quinta do Pessegueiro Porto lBV 2018

Douro | Vinho do Porto | Quinta do Pessegueiro

Castas: Touriga Nacional (55%) e Touriga Franca (45%)

Enologia: João Nicolau de Almeida

PrEço: 25,00€

“Fruto de um ano especial, produzido com as melhores uvas das nossas vinhas, com aromas elegantes a amoras. Delicioso hoje, mas com grande potencial de guarda. Cor rubi brilhante, aroma muito fresco de framboesas e cerejas. Na boca, apresenta-se robusto e intenso, terminando com um final bem seco.”

aComPanha bEm: sobremesas de chocolate.

STÉPHANE FERREIRA

Stéphane Ferreira segue o legado da sua família na Quinta do Pôpa, trazendo inovação sem perder a tradição. É um líder nato, apaixonado por vinho e pessoas. Depois da sua família, a sua maior musa é a música.

Quem é Stéphane Ferreira?

Comecemos pelas minhas raízes. O meu pai é duriense e a minha mãe é alentejana, conheceram-se em França, onde eu nasci e vivi até aos meus 10 anos. As minhas férias em Portugal foram passadas a maioria no Alentejo com a minha família materna, pois a minha avó paterna faleceu quando eu era bastante novo, e o meu avô Pôpa, antes de eu nascer. Portanto esta ligação ao Douro e à história da minha família paterna (re)acendeu quando em 2003 o meu pai comprou a propriedade e começou a partilhar connosco este sonho que tinha com o meu avô Francisco (o Pôpa).

Academicamente, sou formado em Gestão de Marketing e Eventos e pós-graduei-me em Enologia. Portanto, a minha carreira profissional iniciou-se na área de gestão de eventos para grandes marcas nacionais em Lisboa, e em 2010 deu um twist quando decidi iniciar o projeto Quinta do Pôpa, com o apoio da minha família e do Eng. Luís Pato. Sou pai da Francisca (9 anos) e do Zé Pedro (7 anos), duas crianças maravilhosas, que são a minha maior alegria.

Assim como o vinho, adoro música, de diferentes estilos. E complemento que também gosto de arte e passo grande parte do meu tempo livre a pintar ou a desenhar, inclusive com os meus filhotes.

aSSume-Se como um eSpírito livre, com uma grande paixão pela múSica e de um cariSma muito Semelhante ao Seu avô. de Que Forma eSSaS inFluênciaS e o amor pela múSica eStão preSenteS na Sua abordagem à produção de vinhoS e no eStilo/perFil de vinhoS da Quinta do pôpa?

Como diria o músico, foi “à procura da batida perfeita”! (risos) Encontrar o caminho certo não foi fácil, implicou e continua a requerer muito trabalho. E audácia! Pode-se dizer que

este meu espírito livre, de me manter fiel aos meus valores e à minha intuição, são os pilares do meu percurso. Na Quinta do Pôpa temos vinhos com estilos diferentes, mas todos com a mesma espinha dorsal, o que lhes confere uma assinatura própria. E do que me orgulho mais é que ao longo destes anos mantive-me fiel a essa assinatura. Os nossos vinhos são precisos, elegantes e frescos com extrações reduzidas e com uso de madeira que respeita e se equilibra com a matriz do vinho. Ao provarmos a mesma referência mas de diferentes colheitas, a diferenciação do ano em termos climáticos é percecionada, seja por casta ou por parcela, e a expressão do lugar é preservada. Quanto ao carisma, facilitou a construção de boas e longas amizades (de cariz pessoal e comercial) no mundo vínico.

a Quinta do pôpa tem uma hiStória FaScinante e muito ligada à Família, deSde o Seu avô FranciSco Ferreira até aoS SeuS paiS. em Que aSpetoS a hiStória da Família Se reFlete no trabalho Que Se Faz na vinha hoje em dia? tem algum momento ou valor Que lhe Foi tranSmitido e Que o inSpire no Seu dia a dia como enólogo?

Desde pequenos que o nosso pai nos diz: “façam muito, com pouco”. E penso que este é um excelente ponto de partida para responder à vossa questão.

O Douro é uma região muito difícil de se trabalhar na vinha e fascinante em adega. Só quem trabalha na nossa região conhece as dificuldades que é trabalhar no terreno, principalmente quando temos vinhas íngremes e que dependem exclusivamente do trabalho manual. E o próprio clima, propício ao oídio e míldio. Talvez aí resida o “muito”! Mas o resultado são uvas de excelente qualidade. E o “menos” acompanha esta qualidade com a mínima intervenção em adega, fermentações espontâneas, microvinificações por casta e parcela, etc., que dão origem a vinhos autênticos e equilibrados.

Relativamente ao momento, uma coisa é certa, não há momento maior/melhor do que o de abrir uma garrafa que por si conte a história dessa colheita e que me acompanhe a contar a história da minha família e do nosso projeto!

em 2010, aSSumiu a liderança da Quinta juntamente com a Sua irmã vaneSSa e, deSde então, tem conSeguido criar uma marca Forte e reSiStente. QuaiS Foram oS maioreS deSaFioS Que enFrentou ao liderar o projeto Familiar e ao eStabelecer a identidade da marca neSte mundo competitivo Que é o mercado de vinhoS?

Vejamos, os desafios continuam a existir! Mas penso que aqueles que exigiram maior resiliência da nossa parte nos primeiros anos foram o

termos como core vinhos tranquilos, quando a notoriedade do Douro estava maioritariamente cotada no vinho do Porto; e penso que a segunda foi entrar num mercado dominado por grandes marcas, com um grande historial em produto e relações comerciais.

a Sua capacidade de liderança e a Sua viSão ajudaram a Quinta do pôpa a conQuiStar deStaQue e notoriedade. como é a Sua geStão do trabalho em eQuipa e a conStrução de uma cultura dentro da empreSa? Qual é o papel da Sua eQuipa na criação doS vinhoS Que produzem?

Todos os membros da nossa equipa são pilares. E família! Acredito que a melhor forma de gerir uma equipa é sempre envolvendo os seus membros, não só no trabalho diário, mas também na criação da estratégia. Como líder, a minha principal função é motivá-los e mantê-los nesse caminho que definimos, juntos!

a Quinta do pôpa carrega uma Forte ligação à tradição do douro, maS ao meSmo tempo, o Stéphane conSeguiu implementar uma FreScura e inovação aoS vinhoS. o Que SigniFica para Si eSSa nova abordagem “new wavy wineS” aoS vinhoS do douro e como Se reFlete no produto Final?

Esta questão é bastante controversa.Vejamos, a decisão de produzirmos vinhos mais fres-

cos, precisos, a revelarem a sua proveniência, não significa que não estejamos a respeitar a tradição. Pelo contrário, estamos a revelar (no copo) o Douro de uma forma mais purista e não a camuflá-lo.

com a Sua paixão pela múSica, é impoSSível não o QueStionar Se exiSte alguma relação direta entre a Sua experiência muSical e a Forma como cria ou interpreta o vinho? como é Que a múSica inFluencia o ambiente de trabalho ou até meSmo o proceSSo de viniFicação?

Eu gosto e procuro sempre o equilíbrio, quer na música quer no vinho! Se existirem boas ferramentas (melodia, instrumentos, vozes, letras...) e uma excelente técnica (assim como no vinho) fazem-se excelentes músicas. Contudo, segundo o meu ponto de vista, a forma como se decide equilibrar ambos é o que garante uma assinatura. Daí eu ser fiel a bandas ou produtores de música, e não tanto de singles. E enquanto produtor de vinhos, é neste enquadramento que quero que o consumidor se relacione com a minha marca – como um todo e não exclusivamente a um vinho! E também há aqui um ponto, que não está na questão mas que penso ser importante relembrar: tanto uma boa música como um bom vinho (ou juntos) trazem-nos memórias! E quando excelentes, bem feitos, podem tornar-se intemporais! Emocionalmente gosto da partilha de momentos de que os nossos vinhos fazem

parte, assim como dos momentos que os nossos visitantes usufruem na nossa quinta em contacto com o nosso projeto, a nossa equipa, a nossa essência. E sendo um projeto relativamente recente, também me marca muito o abrir de uma garrafa das primeiras colheitas (2007, 2008...) e perceber que esse vinho está vivo! Deixar-me-á ainda mais orgulhoso se as minhas próximas gerações também sentirem tudo isto!

Quanto à música no ambiente de trabalho, sozinho ou acompanhado, ela está sempre lá! Na vindima está sempre com o volume máximo (risos); a playlist é extensa e o estilo influencia o nosso ritmo, e acredito que o das fermentações também.

Assim como os nossos antepassados, eu acredito bastante que não só as vibrações, como as fases lunares, entre outras coisas, nos influenciam a nós, à vinha e ao vinho!

a Sua irmã vaneSSa tem um Forte Foco na SuStentabilidade e no enoturiSmo. como é Que eSSaS áreaS Se integram com o Seu trabalho como enólogo? em Que medida aplicam eSSeS conceitoS e práticaS de SuStentabilidade no projeto e Se é uma prioridade para a Quinta do pôpa eSSa intervenção e eQuilíbrio doS recurSoS?

Eu e a minha irmã dedicamo-nos a áreas diferentes no projeto, mas complementares. No que diz respeito ao enoturismo, é um serviço de fidelização de marca, in loco, que acrescenta conhecimento e experiência aos nossos visitantes aquando em contacto com o nosso projeto e os nossos vinhos. Costumo sempre dizer que não há melhor forma de conhecerem o nosso trabalho e os nossos vinhos, do que aqui em casa! Referente ao plano de sustentabilidade da Quinta do Pôpa, é integrado e transversal a toda a empresa, ou seja, abrange todas as nossas decisões e práticas diárias, sejam estas ambientais, económicas e/ou sociais. E tem como propósito maior garantir que todos os nossos recursos também possam ser explorados pelas nossas gerações futuras.

o douro é uma daS regiõeS maiS emblemáticaS e cheiaS de hiStória e tradição, maS de Forma natural eStá a paSSar por mudançaS e adaptaçõeS SigniFicativaS. como enólogo e líder de um projeto ino-

vador, como vê o Futuro da viticultura na região do douro? Que tendênciaS ou tranSFormaçõeS acha Que podem marcar o Futuro doS vinhoS noS próximoS anoS? As mudanças continuam, só gostaria que fossem mais promissoras! Vou tocar num ponto sensível mas que teve um impacto avassalador nesta última vindima, que foi a cessação de contratos de compra de uva de grandes produtores com pequenos e médios viticultores, pelo excedente de vinho que têm em adega. Que, a meu ver, pode ter um impacto negativo, nomeadamente levar ao abandono dessas vinhas e cessarem essa atividade; por outro lado, que estes viticultores comecem a dar oportunidade de compra a pequenos e médios produtores que não estejam focados na quantidade, mas sim na qualidade de parcelas únicas, das diferentes sub-regiões, com diferentes personalidades. Que é o nosso caso! No que respeita ao produto/vinho, há já todo um trabalho de valorização da região (da marca) Douro, mas a meu ver – por parte do consumidor – há toda uma perceção excessiva de complexidade associada aos vinhos da região, assim como do vinho do Porto. O consumo de vinho do Porto desceu imenso por ser percecionado como um produto complexo, comunicado como sendo complicado de se consumir, requerendo técnicas até na abertura da garrafa, e a verdade é que deveríamos produzir e promover este produto único de forma ajustada às novas gerações.

para terminar como habitualmente naS noSSaS entreviStaS, Se exiStiSSe uma cápSula do tempo, Que palavraS ou conSelhoS goStava de deixar àS próximaS geraçõeS? Quer Seja numa perSpetiva proFiSSional ou peSSoal, o Que deixaria eScrito?

Deixo o nosso mote – “Always Follow your Dreams” – pois somos todos muito mais felizes a batalhar e a trabalhar nos/pelos nossos sonhos. E a nossa assinatura – “Dream, Create and always Celebrate” –, pois para além de sonhar e trabalhar em prol dos nossos sonhos, devemos criar-nos individualmente no nosso processo através da experiência, da aquisição de conhecimento e de experiências; e, nunca esquecer, de celebrar sempre, pequenas e grandes vitórias junto daqueles que nos apoiaram neste percurso!

LUXO E TRADIÇÃO NO CORAÇÃO DO DESERTO

De Lisboa ao Dubai, a nossa viagem revelou-se uma verdadeira imersão na mistura única de modernidade e tradição que define esta fascinante cidade dos Emirados Árabes Unidos. Através de experiências culturais, paisagens urbanas e gastronómicas de excelência, o itinerário destacou o que de melhor este destino tem para oferecer.

Visitar o Dubai é entrar num mundo onde o futuro e a tradição se encontram de forma harmoniosa. A viagem proporcionou uma oportunidade única de explorar as diversas facetas deste destino: desde as suas paisagens icónicas, como o Burj Khalifa e o Dubai Frame, às suas profundas raízes culturais e históricas representadas na zona de Al Fahidi e nos souks Durante quatro dias, fomos guiados por um itinerário repleto de experiências memoráveis, que incluíram desde a confeção de perfumes com aromas locais até uma aventura no deserto que nos conectou com o legado beduíno.

U m merg U lho na história e hospitalidade árabe

Após aterrarmos no Dubai, nas primeiras horas do dia, a chegada ao The Heritage Hotel Autograph Collection foi acolhedora e marcada por uma atmosfera de elegância que evocava o espírito da tradição árabe. A decoração sofisticada do hotel, combinada com um serviço atencioso, criou o ambiente perfeito para o início da nossa jornada.

Depois de um pequeno-almoço tranquilo, o itinerário conduziu-nos até ao Al Khayma Restaurant, onde nos aguardava uma experiência única: a oportunidade de criar um perfume com uma fragrância personalizada. Mais do que uma atividade, esta vivência permitiu-nos mergulhar na rica tradição aromática da região, aprendendo sobre os

ingredientes naturais utilizados há séculos para criar essências que contam histórias de identidade e herança cultural. O almoço foi igualmente envolvente, marcado por uma partilha cultural. Os anfitriões locais apresentaram-nos pratos autênticos da gastronomia árabe, enquanto narravam histórias e explicavam a importância de cada elemento da refeição. Este momento destacou-se pela calorosa hospitalidade e pelos sabores que nos transportaram para o coração do Médio Oriente.

A tarde reservava mais surpresas culturais, com uma visita ao Museu do Café . Aqui, aprendemos sobre a simbologia desta bebida na cultura árabe, onde a preparação e o ato de partilhar café representam a arte do bem receber, respeito e união.

Seguimos para a histórica zona de Shindagha , onde a cidade teve as suas origens. Este passeio pela história incluiu

paragens emblemáticas, como a residência de Al Maktoum, o Perfume House e a exposição da Cultura do Mar. Cada espaço trouxe à tona a evolução da cidade, desde um porto comercial até à metrópole cosmopolita que conhecemos hoje. A noite terminou com um jantar no icónico Arabian Tea House Restaurant, onde tradição e conforto se encontraram. Entre sabores autênticos e um ambiente encantador, este foi o encerramento perfeito de um dia que celebrou a essência cultural do Dubai.

a rte , design e inovação no horizonte

Depois de um pequeno-almoço relaxante no hotel, o segundo dia começou com uma visita ao Dubai Frame, uma estrutura arquitetónica que simboliza a ponte entre o passado e o futuro da cidade. A subida ao topo revelou uma vista panorâmica deslumbrante, permitindo-nos observar a transformação urbana que define este destino.

A nossa próxima paragem foi o Jameel Arts Centre , um espaço dedicado à arte contemporânea. Aqui, as exposições cativaram-nos pela sua criatividade, oferecendo uma perspetiva sobre a capacidade de integrar inovação e expressão artística. O almoço levou-nos ao Teible, um restaurante premiado com uma estrela verde Michelin, onde cada prato refletiu uma abordagem sustentável e criativa. A gastronomia não foi apenas deliciosa, mas também um testemunho do compromisso da cidade com práticas responsáveis e inovadoras. À tarde, explorámos a vibrante Alserkal Avenue , um verdadeiro epicentro artístico. A visita guiada apresentou-nos galerias como Firretti, El Seed, Carbon 12 e Third Line, onde a diversidade das obras expostas mostrou como o Dubai abraça a arte global sem perder as suas raízes culturais. O dia culminou com um jantar no Studio Frantzén , localizado no luxuoso Hotel Atlantis The Palm. Este restaurante trouxe uma experiência gastronómica sofisticada, onde a fusão de sabores e a apresentação dos pratos refletiram a excelência da alta cozinha que ali se pratica.

e ntre o deserto e a modernidade

O terceiro dia começou cedo com uma viagem ao Dubai Desert Conservation Reserve para um safari cultural. Entre as vastas dunas douradas, tivemos a oportunidade de experimentar a hospitalidade beduína, desde passeios de camelo até uma refeição autêntica servida em tendas tradicionais. Este foi um momento de conexão com a serenidade e beleza intemporal do deserto.

De regresso à cidade, o almoço no Berenjak , um restaurante persa, foi uma celebração de sabores vibrantes que refletiram a multiculturalidade da metrópole.

A tarde reservava uma visita à Mohammed Bin Rashid Library , um espaço onde a arquitetura arrojada e o vasto acervo literário se unem, oferecendo inspiração e conhecimento.

O dia não estaria completo sem a experiência Frying Pan Adventures , que nos conduziu pelos mercados tradicionais e margens do Dubai Creek. Esta caminha -

da gastronómica revelou os aromas e sabores únicos dos souks , proporcionando uma verdadeira imersão cultural.

U ma despedida inesq U ecível

No último dia, após o check-out do hotel, dirigimo-nos ao majestoso Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo. No lounge do restaurante Atmosphere, situado a uma altitude impressionante no 123.º andar, desfrutámos de um pequeno-almoço que foi tanto uma experiência gastronómica como visual. A paisagem deslumbrante sobre o horizonte do centro urbano foi o encerramento perfeito para esta jornada inesquecível. Do passado ao futuro, o Dubai mostrou-nos ser uma cidade que acolhe todos os que a visitam com uma mistura de hospitalidade genuína e inovação surpreendente. Este itinerário, cuidadosamente elaborado, revelou-nos o melhor de ambos os mundos, deixando-nos inspirados e ansiosos por regressar a este destino único.

CRUZEIRO FRONTLINE 2025

TUDO INCLUÍDO

BEBIDAS WIFI GRATIFICAÇÕES

MEDITERRÂNEO ORIENTAL

7 NOITES / 8 DIAS

Partida: 21 junho 2025

DIA PORTOS DE ESCALA CHEGADA PARTIDA

1 Barcelona, Éspanha 17:00

2 Cannes, França 10:00 20:00

3 Portofino, Itália 07:00 18:00

4 Florença/Pisa (La Spezia), Itália 07:00 19:00

5 Roma (Civitavecchia), Itália 07:00 19:00

6 Nápoles, Itália 07:00 18:00

7 Navegação

8 Barcelona, Espanha 05:00

Preço por Camarote VARANDA INFINITA

UM REFÚGIO DE HISTÓRIA

Na pequena vila do Juncal, no concelho de Porto de Mós, descobre-se um lugar que não acomoda, apenas, visitantes, mas que recebe amigos e os convida a viajar no tempo e a sentirem-se em casa. Falamos do projeto Casaspensadas, que nasceu do desejo de Isabel Silva de preservar a herança da sua família.

Mais do que um alojamento local, as Casaspensadas pretendem acolher todos quantos procuram um espaço onde o conforto, o bom gosto e a arte de bem receber fazem as honras da casa. Com raízes tão emocionantes quanto profundas, descobrir as Casaspensadas torna-se uma experiência única para quem por lá passa. Desde a sua génese, este projeto contou com o empenho e o carinho dos proprietários, Isabel e João Silva, que pretenderam honrar a memória de gerações passadas, ao mesmo tempo que adaptaram o lugar aos tempos atuais. A história do projeto começou de forma singela e altruísta, com o acolhimento de uma família ucraniana que chegava a Portugal, fugindo da guerra. O casal, ao responder ao pedido de ajuda da comunidade local, recuperou uma casa familiar que se encontrava em estado de degradação e, ao ver o resultado acolhedor da reforma, decidiu expandir o projeto, transformando-o no que conhecemos hoje.

A primeirA cAsA: A cAsA do pátio Ao visitar as Casaspensadas, a primeira experiência que temos é com a Casa do Pátio, o edifício principal onde tudo começou. Este local preserva as memórias do passado de Isabel, mas também projeta um futuro repleto de boas recordações. Com um interior que harmoniza elementos originais com detalhes modernos e acolhedores, cada recanto parece ter sido pensado para acolher com o mesmo calor que Isabel demonstra ao abrir as portas, para nos dar a conhecer a casa.

O pequeno pátio que dá o nome à casa é um convite ao relaxamento. O interior está decorado com simplicidade e elegância, preservando a arquitetura original sempre que possível, para manter as características autênticas do século XIX, quando a casa foi construída. No quarto e sala, cada peça parece contar uma história, desde os móveis restaurados até aos pequenos detalhes decorativos que remetem ao passado familiar, sem esquecer, claro, os quadros feitos por Isabel que dão ao espaço um ar de modernidade.

Continuando a descoberta do espaço, destaque, agora, para a Casa da Eira, pensada para quem não abdica de todas as comodidades modernas. Oferecendo a junção perfeita entre tradição e modernidade, esta casa com dois quartos oferece uma cozinha, completamente equipada, bem como uma varanda, que convida a desfrutar da serenidade do local.

Dos espaços comuns, destaque para a imponente adega – espaço usado para servir refeições –, para o bar e para a cozinha. A piscina, de água salgada e aquecida, convida a desfrutar de alguns momentos de relaxamento.

Fora deste espaço, e bem no centro da vila, existe ainda mais um alojamento, falamos da Casa do Adro. Esta imponente acomodação, paredes meias com a casa onde Isabel nasceu, conduz-nos a uma verdadeira viagem no tempo, sem esquecer, claro, tudo o que é necessário para que os hóspedes possam desfrutar de uma estadia inesquecível. Dos lençóis de linho aos atoalhados da melhor qualidade, aqui, tudo foi pensado, com carinho e muito amor.

de corAção Aberto

Para além da beleza do lugar, a verdadeira alma das Casaspensadas é a anfitriã. Isabel Silva faz questão de tratar os hóspedes

como parte da família: “não quero receber, apenas, hóspedes, quero receber pessoas, amigos”, sublinha.

Isabel é a primeira a mostrar aos visitantes o melhor do Juncal e a partilhar histórias sobre a sua família e sobre as tradições locais, criando uma ligação que transcende a habitual relação entre anfitrião e hóspede. Este acolhimento caloroso tem raízes profundas, não só na gentileza de Isabel e do seu marido, mas, também, no desejo de construir um espaço onde todos se sintam bem-vindos. É comum que o casal se junte aos hóspedes para uma conversa descontraída ao fim da tarde, partilhando histórias sobre a vila e o seu percurso de vida.

A hospitalidade de Isabel vai muito além de um simples cumprimento de boas-vindas, a anfitriã faz questão de estar disponível para recomendar atividades locais, dar dicas sobre os melhores restaurantes e até oferecer pequenas lembranças da casa, fortalecendo a ligação que os visitantes têm com o lugar. De referir, ainda, o prato de frutas, o vinho e os bolinhos que fazem parte do kit de boas-vindas.

Ao transformar a casa da família num espaço de turismo acolhedor, Isabel consegue promover a vila do Juncal e atrair visitantes que se encantam com o ambiente rural e tradicional que a região oferece. Desde trilhos para caminhadas até visitas a pontos históricos nas proximidades, o projeto aproxima os visitantes do Juncal, estimulando o turismo sustentável e incentivando a economia local.

plAnos pArA o futuro

Atualmente, Isabel, sempre com o apoio do marido, continua a trabalhar no aprimoramento do espaço, com planos de expansão e ideias para aumentar o conforto e a diversidade de opções para os visitantes. O projeto, que começou, apenas, com a Casa do Pátio, continua a crescer para incluir outras casas ou mesmo novos serviços, mantendo sempre a essência de acolhimento que o caracteriza.

As Casaspensadas não se apresentam como um alojamento comum, pelo contrário, cada estadia transforma-se numa imersão cultural e numa experiência emocional, marcada pela história e pela calorosa receção de Isabel.

EXTRAORDINÁRIA MORADIA T4

COM PISCINA – COLARES

Esta moradia de luxo na praia das Maçãs, Sintra, oferece uma oportunidade única de possuir uma casa à beira-mar, a apenas 100 metros do oceano Atlântico. Com quatro suítes privativas, cada uma com vista panorâmica para o mar, este imóvel recém-remodelado proporciona conforto e privacidade. A sala de estar principal é espaçosa e luminosa, perfeita para entretenimento, e a cozinha gourmet em conceito aberto possui os melhores aparelhos e materiais de alta qualidade. Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência CAS_338

PVP: 1.395.000,00€

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ESPETACULAR MORADIA T6

– AVEIRO

Localizada em Estarreja, esta espetacular moradia T6 combina elegância e luxo. Com seis suítes espaçosas, luz natural em todos os cantos e duas salas de estar distintas, é ideal para quem valoriza o conforto e a privacidade. Possui três cozinhas bem equipadas. Para lazer, oferece uma piscina interior, ginásio e banho turco. Painéis solares, aquecimento central, aspiração central e um gerador de energia são características sustentáveis e práticas deste imóvel. A apenas 30 minutos das praias, esta propriedade oferece uma vida de luxo e comodidade. Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência VIL_316

PVP: 3.500.000,00€

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IMPRESSIONANTE MORADIA T5+1 – ALMADA

Moradia de arquitetura moderna, distribuída por três pisos, que oferece conforto e tranquilidade. Com quatro suítes espaçosas e acolhedoras, além de um quarto adicional com casa de banho, todos os espaços desfrutam de muita luz natural e vistas para o jardim, proporcionando um ambiente sereno para descanso. Esta moradia é perfeita para uma vida tranquila em ambiente deslumbrante, com o bónus de estar inserida num maravilhoso campo de golfe.

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PVP: 3.500.000,00€

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LUXUOSA MORADIA T4+1

COM VISTA PARA O MAR – PORTO COVO

Esta moradia em construção está localizada num condomínio fechado a apenas 500 metros da praia na bela região da Costa Vicentina. A região oferece diversas experiências, tanto no mar – surf, vela, mergulho e pesca – quanto em terra, incluindo caminhadas, passeios de bicicleta e a cavalo. A moradia proporciona a oportunidade de desfrutar de tudo o que esta região incrível tem para oferecer. Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência HAB_366

PVP: 2.300.000,00€

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MARAVILHOSO APARTAMENTO T3 – ESTORIL

Este exclusivo apartamento está localizado num condomínio fechado projetado por um arquiteto premiado, com uma localização imbatível perto do Casino Estoril, a poucos minutos a pé da praia do Tamariz. O apartamento T3 oferece ar condicionado e aquecimento central em todo o espaço. O condomínio oferece uma piscina com lounge e jardins maduros em toda a propriedade, criando um ambiente de conforto e luxo. Este apartamento proporciona uma vida de elegância num local privilegiado.

Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência APA_146

PVP: 1.950.000,00€

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GRANDIOSA MORADIA T5 COM PISCINA – CASCAIS

Moradia em Cascais, com cinco quartos, jardim, piscina e jacuzzi. Os quartos incluem três suítes espaçosas e elegantemente decoradas, cada uma com casa de banho privativa para máxima privacidade. A ampla sala de estar é perfeita para relaxar e receber convidados. No exterior, a moradia possui uma piscina refrescante e um luxuoso jacuzzi, ideais para desfrutar do sol de Cascais e relaxar ao final do dia.

Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência CAS_220

PVP: 3.500.000,00€

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Teve lugar, no Lisbon Marriott Hotel, um almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal. O orador convidado foi José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República. O tema em discussão foi “Bom parlamentarismo. Mau parlamentarismo”.

Um debate em que Aguiar-Branco sublinha que “quem governa é o Governo”, tendo pedido aos partidos que se encontrem “a meio da ponte” para garantir um “Orçamento exequível”. O Chega quer a descida de dois pontos percentuais no IRC, enquanto o Bloco de Esquerda acusou o Governo de manipular o debate do Orçamento.

Durante o evento, Aguiar-Branco defendeu que os polícias não devem assistir fardados ao debate do Orçamento do Estado. O presidente da Assembleia sustentou que esta decisão se baseia na “prática habitual” e visa a aplicação do “regime antigo” ainda em vigor.

Advertiu também que se poderá estar a caminhar de forma perigosa “para a funcionalização da intervenção política, o que contribui para a degradação da qualidade”. É preciso que sejamos exigentes na transparência, no registo de interesses, no conflito de interesses e na punição de quem os viola, mas não este “regime de incompatibilidades”, classificando-o como “demagógico”.

1| Luís Mira Amaral, Eduardo Catroga, Ana Brochado, José Pedro Aguiar-Branco, António Mendonça, Manuel Dias Martins e Hélder Oliveira 2| António Florence, Nazim Ahmad, Manuel Ramalho, Pedro Mota Soares, André Figueiredo e Miguel Morgado Ribeiro 3| Augusto Vaz, José Pedro Aguiar-Branco, Andreia Vaz e Nuno Cerqueira 4| Fernando Pereira, José Pedro Aguiar-Branco, Domingos Névoa e Miguel Borges 5| Hélder Oliveira, Ana Laia e Pedro Mota Soares 6| António Gonçalves 7| Maria da Conceição Caldeira e José Pedro Aguiar-Branco 8| Rui Ribeiro, Idália Serrão e Nazim Ahmad 9| Paulo de Sá e Cunha e Pedro Mota Soares 10| Victor Vodopianov11| José Pedro Aguiar-Branco 12| José Pedro Aguiar-Branco e Manuel Ramalho

PRESIDENTE DA REPÚBLICA ENTREGOU PRÉMIOS

Em cerimónia solene no auditório do Casino Estoril, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entregou o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural a José Pacheco Pereira, assim como os Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luís, instituídos pela Estoril Sol e referentes a 2023, respetivamente, a Lídia Jorge e Francisco Mota Saraiva. O Presidente da República iniciou o seu discurso destacando o papel preponderante da Estoril Sol em prol da cultura. “Esta casa acolheu fraternalmente, décadas a fio, a cultura nacional e internacional, na literatura, nas artes plásticas, na música, no teatro. Uma palavra é devida, em particular, a Mário Assis Ferreira, por ter sido o símbolo dessa coerência e consistência. O meu reconhecimento por aquilo que é uma vida dedicada à cultura de forma intensa e apaixonada, por vezes discreta, mas sempre coerente e consistente.”

No enquadramento das obras vencedoras, Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do júri, referiu que Misericórdia, vencedor do Prémio Fernando Namora, “é um livro que se espera de uma grande escritora. Trata-se de uma obra maior na bibliografia da escritora Lídia Jorge”. Já sobre Francisco Mota Saraiva, galardoado com o

DA ESTORIL SOL

Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís, realçou que a obra Aqui Onde Canto e Ardo evidencia um conjunto de referências narrativas, das quais é de destacar “a riqueza vocabular e os cruzamentos com figuras da cultura ocidental que dão ao texto uma maturidade estilística com assinalável alcance literário”. Em relação ao vencedor do Prémio Vasco Graça Moura, enalteceu o seu percurso de vida “no tocante ao empenhamento em prol da defesa do bem comum, em especial quanto ao conhecimento histórico e à preservação do património cultural. Graças à criação da Biblioteca e Arquivo Ephemera, tem sido possível a reunião de documentos e objetos únicos, indispensáveis para a compreensão dos acontecimentos da história política portuguesa”.

Mário Assis Ferreira referiu, em nome da Estoril Sol: “A realização anual desta cerimónia de entrega dos Prémios Literários aos vencedores nas três modalidades instituídas pela Estoril Sol é uma solenidade especialmente gratificante para esta empresa que sempre apostou na Cultura apesar das incertezas dos últimos anos − desde os efeitos da pandemia, à feroz concorrência do jogo online, aos constrangimentos inerentes a um novo e mais oneroso contrato de concessão.”

ANO 17

ESPECIAL

Férias na neve

SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL

OBMW Group reafirmou o seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade social nos BMW Responsibility Days, realizados este ano no México. O evento reuniu executivos, parceiros e jornalistas de todo o mundo, destacando a moderna fábrica em San Luis Potosí e iniciativas sociais que fazem a diferença.

A visita à fábrica, marco industrial do grupo na América Latina, foi uma oportunidade para conhecer de perto os métodos de produção sustentável e o uso de inteligência artificial para otimizar processos. Com um investimento de 1,5 mil milhões de dólares, esta unidade não só atende mercados globais com veículos de qualidade e inovação, mas também se prepara para liderar a produção de veículos elétricos, integrando a sustentabilidade em todas as fases.

Paralelamente, a parceria com a UNICEF no projeto Club de Niños y Niñas reforçou o impacto social do grupo. A iniciativa oferece educação e apoio a crianças em situação de vulnerabilidade, promovendo competências e valores essenciais. O compromisso do BMW Group vai além da produção automóvel, sendo um exemplo de responsabilidade social corporativa.

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