Em Portugal, o cenário político atual reflete uma fragmentação crescente e, por consequência, uma governabilidade cada vez mais desafiadora. A recente incapacidade de formar consensos amplos entre as principais forças políticas tem vindo a paralisar reformas essenciais, desde a saúde até à habitação, deixando o país num verdadeiro impasse.
A polarização entre partidos tradicionais e novos movimentos emergentes aumenta, enquanto a confiança dos cidadãos nas instituições públicas diminui, alimentando o distanciamento entre eleitores e governantes. A falta de maiorias absolutas obriga os líderes políticos a encontrarem pontes, negociações e cedências, num exercício constante de equilíbrio, mas com poucos resultados práticos.
O diálogo é fundamental, e sem ele, o risco de paralisia e frustração na sociedade aumenta.
A pergunta que se impõe é: estarão os líderes políticos à altura deste desafio, ou continuarão a governar sob a sombra da fragmentação e do imobilismo?
carlos cortes: serviço nacional de saúde
A situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido um tema recorrente de debate e preocupação, em Portugal. O atual
O DESAFIO DA GOVERNABILIDADE
estado de fragilidade do SNS é inegável e está a ser marcado por uma gestão inadequada de recursos e uma escassez preocupante de profissionais de saúde, sobretudo médicos. Para Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, é crucial “adaptar o SNS aos desafios atuais”, e, na sua opinião, os governos sucessivos “têm falhado em implementar essas mudanças necessárias”. Para o bastonário, os problemas enfrentados pelo SNS estão interligados: desde a sobrecarga nas urgências, a falta de médicos de família, até à má alocação de recursos nos hospitais. A desmotivação e o êxodo de profissionais agravam ainda mais esta crise.Tal como revela Carlos Cortes, é importante implementar soluções de longo prazo, como aumentar a autonomia hospitalar e modernizar a gestão.
Baile do copacaBana palace: exuBerância e glamour
O lendário Baile do Copacabana Palace, símbolo de glamour e sofisticação, atravessou o Atlântico pela primeira vez, trazendo consigo toda a sua exuberância. Realizado no exclusivo CUÁ CUÁ Club, na Quinta do Lago, em julho, o evento foi um marco na cena social portuguesa. Inspirado no esplendor que, há quase um século, enfeita os salões do Copa no Rio de Janeiro, o primeiro Baile do Copa em solo lusitano celebrou o requinte com uma noite inesquecível de música, dança e alta gastronomia.
maFalda perdigão: inovação no mundo do vinho Mafalda Perdigão é uma enóloga que representa uma nova geração de profissionais,
que alia a tradição familiar à inovação no mundo do vinho. Nascida em Viseu e formada em Enologia e Viticultura pela UTAD, a sua paixão pela viticultura nasceu nas vinhas da Quinta do Perdigão, sob a orientação do seu pai. O Dão, com o seu terroir único, é a região onde Mafalda concentra o seu trabalho, preservando castas autóctones e valorizando a autenticidade dos seus vinhos. O seu projeto Enoteller reflete o desejo de “partilhar o conhecimento e a paixão pelo vinho de uma forma acessível e envolvente”. Para Mafalda, a paixão, o respeito pelo conhecimento e a curiosidade são essenciais para continuar a inovar, mantendo o legado vivo e próspero.
Ford Bronco: desempenho roBusto
No modelo Ford Bronco, a robustez não é apenas uma característica visual, mas, sim, uma promessa de desempenho. Com um para-choques sobredimensionado e uma carroçaria imponente, este SUV destaca-se pelo seu design, que é complementado por um motor de 2,7 litros, biturbo, com seis cilindros em V. Este propulsor oferece uns impressionantes 335 cv de potência, permitindo que as 2,3 toneladas da máquina acelerem dos 0 aos 100 km/h em menos de sete segundos. A condução, apesar de vigorosa, é adaptável, com modos de condução G.O.A.T. (Goes Over Any Type of Terrain) que transformam qualquer terreno num espaço de diversão para o Bronco.
ANO 17
8/ NEWS
12/ GRANDE ENTREVISTA
Carlos Cortes
22/ OPINIÃO
Luís Mira Amaral
Maria de Belém Roseira
Carlos Zorrinho
Luís Lopes Pereira
Fernando Leal da Costa
28/ PANORAMA
União Europeia
30/ SAÚDE Carreira médica
32/ RETROSPETIVA
Saúde na Europa
34/ GRANDE ANGULAR Educação
36/ MAGAZINE Risco sísmico
38/ ATUALIDADE Imigração
40/ ANÁLISE Prevenção
42/ EM FOCO Tempo de reflexão
44/ VISÃO
Mudanças climáticas
FICHA TÉCNICA
Diretor: Nuno Carneiro | Editora: Ana Laia | Colaboram nesta Edição Luís Mira Amaral, Nuno Melo, Fernando Leal da Costa, Luís Lopes Pereira, Carlos Zorrinho, Isabel Meirelles, Samuel Fernandes de Almeida, Carlos Mineiro Aires, Fernando Santo, Fernando Negrão, Carlos Martins,Antóno Saraiva, Pedro Mota Soares,Alexandre Miguel Mestre,Tiago Mayan, Rui Miguel Tovar, Jorge Garcia, Casimiro Gonçalves, Fernanda Ló, João Cordeiro dos Santos, José Caria, M. Sardinha, Pedro Pinto Leite | Revisão: Helena Matos | Fotografia: Mariana Themudo Abreu/FF e Orlando Lima, CML / Museu de Lisboa / EGEAC / José Avelar, Francisco Almeida Dias, João Cupertino, Martina Orsini, Miguel Figueiredo Lopes / Presidência da República, NelsonTeixeira, Nuno Madeira, Pedro Sampayo Ribeiro, Rui Ochoa/Presidência da República | Diretor Comercial: Miguel Dias | Proprietário: Armando Matos | Produção: DesignCorner Lda. Sede: Airport Business Center Avenida das Comunidades Portuguesas Aerogare, 5º piso–Aeroporto de Lisboa 1700-007 Lisboa – Portugal E-mail: geral@hvp-design.pt | Registada no ICS com o n.º 125341 | Depósito Legal n.º 273608/08 | Estatuto editorial disponível em: www.revistafrontline.com Facebook: RevistaFRONTLINE
46/ DOSSIER
Tecnologias digitais
50/ LIVROS
52/ EVENTO
Copacabana Palace
54/ MOTORES
Ford Bronco
60/ NÉCTARES
Enóloga
64/ REAL GARRAFEIRA
66/ ON THE ROAD
70/ IMOBILIÁRIO
Berkshire Hathaway
HomeServices Atlantic Portugal
72/ CHECK-IN
Conrad Maldives Rangali Island
76/ A RESERVAR
Salpoente
78/ APRESENTAÇÃO
BYD Seal U MINI Cooper e Countryman
XPENG
82/ SOCIAL
International Club of Portugal
O rdem d O s e ngenheirO s assina prOtOcOlO
A Ordem dos Engenheiros (OE) e a Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) assinaram, dia 24 de setembro, um Protocolo de Cooperação, durante a primeira conferência nacional sobre “Fiscalização e Prevenção no Setor Energético”, que decorreu na sede nacional da Ordem dos Engenheiros. O documento visa estabelecer os termos e condições da relação de cooperação e colaboração entre as partes, designadamente através de apoio técnico especializado, muito em particular na área da formação.
Maria João Pereira, secretária de Estado da Energia, encerrou esta conferência que abordou a fiscalização e prevenção no setor energético de forma a assegurar uma transição energética justa e equilibrada.
p edrO F aria
é O n OvO country manager da Y amaha m OtO r e urO pe n . v. p O rtugal
Assumiu o cargo em setembro, sucedendo a Filipe Azevedo de Almeida, que faleceu no final de 2023. Com uma vasta experiência no setor automóvel, Pedro Faria traz consigo uma visão estratégica que irá fortalecer ainda mais a presença da Yamaha Motor no mercado português. A Yamaha Motor Portugal, em comunicado, destaca a nova liderança e acrescenta: “Estamos entusiasmados com esta nova etapa e confiantes de que a liderança do Pedro será fundamental para continuar o nosso compromisso com a inovação e excelência.”
Por sua vez, Pedro Faria acrescentou:“É com grande entusiasmo que assumo esta posição na Yamaha Motor. Liderar a equipa em Portugal é um enorme privilégio, e estou ansioso por trabalhar com os nossos talentosos colaboradores, parceiros e concessionários para continuar a impulsionar a marca no mercado português. O compromisso da Yamaha com a inovação, qualidade e sustentabilidade será o nosso foco central, e juntos vamos enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que estão por vir.”
Novo Hyundai SANTA FE Muito mais do que imagina.
Híbrido e Híbrido Plug-in.
Imagine muito mais .
Muito mais espaço para todas as aventuras, graças à abertura ampla da porta da bagageira. Muito mais preparado para todo-o-terreno, com sistema de tração integral*. Muito mais conectado, com um display panorâmico de dois ecrãs curvos.
Descubra o Novo Hyundai SANTA FE e prepare-se para muito mais do que imagina.
* Disponível na versão PHEV. A imagem pode não corresponder à versão comercializada em Portugal. Consumo combinado (l/100 km): 1,7-7. Emissões de CO 2 em ciclo combinado (g/km): 38-159. As viaturas Hyundai incluem 7 anos de Garantia sem limite de quilómetros, 8 anos de Garantia da bateria de alta tensão ou 160.000 km, 7 anos de Assistência em Viagem e 7 anos de Check-ups anuais gratuitos. A garantia de 7 anos sem limite de quilómetros da Hyundai é apenas aplicável aos veículos ligeiros de passageiros matriculados a partir de 1 de setembro de 2019, vendidos por um concessionário autorizado da rede Oficial Hyundai Portugal a um consumidor final, de acordo com os Termos e Condições constantes no Passaporte de Serviço.
e m l isboa o W orld t rade c enter
já tem um b usiness c enter
We Think Community é o novo projeto liderado pelos empresários Manuel Tarré e Pedro Marreiros, que assumiram a gestão e a criação de um inovador e referencial Business Center num dos mais modernos e emblemáticos edifícios de escritórios da capital.
O projeto apresentado pela dupla de empresários foi o escolhido num concurso que contou com a participação das principais empresas do setor. Manuel Tarré e Pedro Marreiros já tinham dado provas da sua reconhecida competência quando decidiram criar o Estoril Office Center, um bem-sucedido projeto que se destacou da restante oferta pela eficiente articulação de três eixos fundamentais: o bem-estar dos utilizadores, a flexibilidade da organização dos espaços físicos e a aposta nas tecnologias digitais. O projeto que ali desenvolveram é uma referência a nível nacional. Para Pedro Marreiros,“termos sido os autores do projeto vencedor para um espaço com esta importância e projeção é especialmente gratificante. Não foi um desafio fácil, até porque estiveram presentes a concurso as principais empresas e empresários do setor, mas a experiência adquirida com o Estoril Office Center e, acima de tudo, a paixão e a dedicação a que eu e o Manuel Tarré, com o apoio de uma equipa de grandes profissionais, nos entregámos, obtiveram o resultado que tanto esperávamos. Este projeto espelha a aposta que temos vindo a fazer no ramo imobiliário e que será para manter e aprofundar de forma consistente”.
V odafone P ortugal com fibra a atingir 50 g b P s
A Vodafone Portugal realizou na terceira semana de setembro, em laboratório, um teste pioneiro na sua rede de fibra ótica, que permitiu alcançar velocidades de transmissão de dados de 50 Gbps (50G-PON), ou seja, cinco vezes superior à mais elevada velocidade comercial atualmente praticada no país.
Este é o primeiro teste realizado num mercado Vodafone, depois da experimentação realizada no Centro de Excelência de Serviço Fixo do Grupo, e também o primeiro a ser tornado público em Portugal por uma operadora, consolidando a Vodafone na linha da frente da experimentação de tecnologias inovadoras no país.
O exercício em Portugal aferiu a prontidão da rede de fibra ótica de última geração e visou potenciar e capacitar o seu uso para limites nunca experimentados em Portugal sobre a mesma fibra utilizada para os atuais serviços (de 1 Gbps, GPON; e 10 Gbps, XGS-PON). Por outro lado, comprovou a sua exequibilidade em condições semelhantes à da sua utilização comercial. “O 50G-PON é uma importante evolução técnica que permite prestar serviços de rede fixa com uma performance e a débitos extremamente elevados, dando aos clientes a possibilidade de virem a ter acesso a capacidades simétricas de 50 Gbps. Com este teste, a Vodafone Portugal demonstrou mais uma vez a sua constante e consistente aposta na introdução das mais recentes tecnologias para o serviço aos seus clientes e no lançamento de novos serviços avançados,” afirma Paulino Corrêa, chief network officer da Vodafone Portugal.
m illennium e storil o P en 2025
realiza - se de 26 de abril a 4 de maio
A 3LOVE, entidade organizadora do Millennium Estoril Open, anunciou em simultâneo a renovação do acordo com o Millennium bcp enquanto title sponsor do maior evento tenístico português – assinado no emblemático edifício onde se localizam o Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros e a Fundação Millennium bcp – e a data de realização da prova no calendário de 2025. Os organizadores salientam o apoio do Millennium bcp num momento crítico para a permanência do torneio em Portugal. O Millennium bcp demonstra uma vez mais que está com os seus parceiros nos momentos mais desafiantes sempre que se preserva a confiança, como é o caso, na visão, na liderança, no rigor e na capacidade de execução dos empresários e gestores.
No próximo ano, o Millennium Estoril Open jogar-se-á de 26 de abril a 4 de maio no palco que tem sido o seu desde a primeira edição em 2015: o Clube de Ténis do Estoril, no concelho de Cascais. Excecionalmente, em 2025 será um ATP 175, voltando em 2026 e 2027 à sua categoria de ATP 250.
P roença - a - n oVa associa - se à cam Panha # j anela b ranca P ela P az
As Nações Unidas e a UNICEF Portugal uniram-se para celebrar o Dia Internacional da Paz, que se assinalou a 21 de setembro, com a iniciativa #JanelaBrancaPelaPaz. Neste sentido, foi também convidada a Associação Nacional de Municípios (ANMP), que desafiou cada um dos municípios portugueses a aderirem à iniciativa, bem como todos os seus munícipes. Além do Município nos seus diferentes edifícios, também a União de Freguesias de Proença-a-Nova e Peral, a Junta de Freguesia de Montes da Senhora, a União de Freguesias de Sobreira Formosa e Alvito da Beira e ainda a Junta de Freguesia São Pedro do Esteval se associaram a esta iniciativa, decorando as janelas com uma peça branca, de modo a evocar a importância da paz e mostrar solidariedade para com quem vive em situações de guerra ou conflito.
A campanha #JanelaBrancaPelaPaz, visa unir as pessoas em torno de um símbolo universal de esperança e solidariedade: a bandeira branca. Desta forma, no dia 21 de setembro, o poder da Paz esteve também presente na janela da sede da ANMP, em Coimbra, bem como nos respetivos municípios, como o de Proença-a-Nova, pretendendo chegar ao número máximo de casas e edifícios possível.
“ É URGENTE IMPLEMENTAR REFORMAS ESTRUTURAIS ”
por Nuno Carneiro
O Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerado uma das maiores conquistas da democracia portuguesa, enfrenta uma crise sem precedentes. Ao longo de vários anos, o SNS tem sido um pilar essencial de coesão social e de acesso universal a cuidados de saúde, mas hoje encontra-se fragilizado por uma série de problemas estruturais.
Em entrevista à FRONTLINE , Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, traça um diagnóstico rigoroso do atual estado do SNS, abordando temas como a falta de profissionais, a sobrecarga nas urgências e as falhas na gestão hospitalar.
Na opinião do bastonário, a má gestão de recursos e a desorganização dos serviços são alguns dos fatores mais alarmantes, que depois se refletem na desmotivação generalizada dos profissionais e numa crescente desconfiança da população. “A desmotivação de todos é evidente. Esses fatores afetam diretamente a capacidade de resposta do SNS e a qualidade dos cuidados oferecidos à população. O resultado é que a confiança dos portugueses no SNS está a diminuir, levando-os a procurar alternativas onde é possível”, conclui.
Carlos Cortes explorou, também, as falhas das políticas de gestão implementadas nos últimos anos, que, na sua opinião, não souberam adaptar o SNS à evolução demográfica e tecnológica do país. “As políticas de gestão na Saúde implementadas nos últimos anos têm falhado, sobretudo na modernização e adaptação do sistema às necessidades reais, à sociedade moderna em que vivemos”, sublinhou.
Qual a sua opinião sobre as polítiCas de Gestão hospitalar implementadas nos últimos anos?
“AS POLÍTICAS DE GESTÃO NA SAÚDE
IMPLEMENTADAS NOS ÚLTIMOS ANOS TÊM FALHADO, SOBRETUDO NA MODERNIZAÇÃO
E ADAPTAÇÃO DO SISTEMA ÀS NECESSIDADES REAIS, À SOCIEDADE MODERNA EM QUE
VIVEMOS ”
Qual é o atual estado do sns?
O SNS está numa situação delicada. Enfrenta, atualmente, sérios desafios, como a má gestão de recursos, a desorganização dos serviços, a falta de condições de trabalho e a desvalorização dos seus profissionais, nomeadamente dos médicos, que, frequentemente, enfrentam uma grande pressão.
A desmotivação de todos é evidente. Esses fatores afetam diretamente a capacidade de resposta do SNS e a qualidade dos cuidados oferecidos à população.
O resultado é que a confiança dos portugueses no SNS está a diminuir, levando-os a procurar alternativas onde é possível.
O SNS foi, e permanece, uma das grandes conquistas da democracia portuguesa, sendo um pilar essencial para os cuidados de saúde das populações e um fator único de estabilidade e coesão social. Contudo, em 45 anos, tudo mudou: a demografia, a saúde, as doenças crónicas, a tecnologia, a ciência e a sociedade, tanto para doentes como para profissionais.
Assim, é crucial adaptar o SNS aos desafios atuais, e os governos sucessivos têm falhado em implementar essas mudanças necessárias.
Como vê a Questão da falta de profissionais de saúde, espeCialmente nas urGênCias?
O Serviço de Urgência é frequentemente onde essa falta se torna mais visível, mas a
escassez de médicos é notória em todas as áreas do SNS. Abrange também internamentos, consultas, cirurgias e procedimentos especializados. As condições de trabalho inadequadas, a pressão permanente, a desorganização das tarefas médicas e a falta de valorização salarial têm levado muitos médicos a abandonar o serviço público e dificultado a captação de novos médicos.
A carência de médicos especialistas é preocupante e também afeta áreas essenciais como os Cuidados de Saúde Primários, tanto nas especialidades de Medicina Geral e Familiar como de Saúde Pública. Além disso, a escassez de médicos no serviço público não se restringe à tutela da Saúde. Estende-se à Defesa Nacional, nos hospitais e centros de saúde militar; à Justiça, nos institutos de Medicina Legal e nos estabelecimentos prisionais; entre outros. Infelizmente, todo o setor público sofre com a falta de médicos.
Qual a sua opinião sobre as polítiCas de Gestão hospitalar implementadas nos últimos anos?
As políticas de gestão na Saúde implementadas nos últimos anos têm falhado, sobretudo na modernização e adaptação do sistema às necessidades reais, à sociedade moderna em que vivemos.
Um exemplo recente foi a reforma das “Unidades Locais de Saúde”, que tentou consagrar um aspeto importante – a in-
tegração de cuidados –, mas resumiu-se a uma integração da gestão de topo, não dos cuidados às pessoas. Falta maior autonomia e flexibilidade nas decisões, os gestores hospitalares e os médicos muitas vezes estão limitados por uma burocracia excessiva, comprometendo a eficácia da resposta do sistema.
A inclusão da sociedade civil teria sido outro fator muito relevante na área da promoção em saúde, na literacia, na prevenção, através de uma maior participação das escolas, das autarquias, das estruturas de apoio social, nomeadamente para idosos ou doentes crónicos. Isto teria sido um elemento verdadeiramente inovador.
Como avalia a resposta do Governo às Crises nas urGênCias hospitalares? O que devemos avaliar é a resposta dos sucessivos governos ao longo das duas últimas décadas. Está à vista de todos: a resposta tem sido desastrosa, a piorar de ano para ano. Não vale a pena usarmos eufemismos ou sequer fantasiar outra perspetiva, o país não tem sabido lidar com o problema das urgências.
Quais são as prinCipais Causas da sobreCarGa nas urGênCias? Resumiria em três vertentes: o acesso, a organização interna e a referenciação social. Os serviços de urgência têm de ser locais para atendimento de situações ur-
“
Que soluções propõe para melhorar a retenção de médiCos no sns?
EM PRIMEIRO LUGAR, SERIA IMPORTANTE
O MINISTÉRIO DA SAÚDE SABER EXATAMENTE ONDE HÁ CARÊNCIA DE MÉDICOS, EM QUE
ESPECIALIDADES
E EM QUE DIMENSÃO, E NÃO SABE”
gentes ou emergentes e não de casos de patologias menos graves que podem ser tratadas no domicílio ou nos cuidados de saúde primários. Para isso, é preciso muito mais prevenção e literacia e, por outro lado, aumentar a atratividade e contratação de mais médicos de família.
Há cerca de 1,5 milhões de utentes que continuam sem acesso a médico de família e que muitas vezes não têm outro recurso senão recorrer às urgências. O resultado são mais de 6 milhões de episódios de urgência por ano, dos quais cerca de metade são situações que não deveriam ter recorrido à Urgência hospitalar.
A falta de planeamento estratégico para lidar com picos de procura, como os períodos de gripe e férias, é outra das causas que contribui para o caos a que temos assistido nos últimos anos.
Outra área que requer um investimento prioritário do Governo são as pessoas dependentes que, embora tenham alta hospitalar, vivem sem apoio adequado no domicílio ou em lares, o que obriga, muitas vezes, a internamentos mais prolongados e desnecessários.
Que balanço faz do período de verão e do Cenário nos hospitais?
O período de verão foi muito difícil, com o encerramento de diversas urgências e a consequente sobrecarga de outras. A falta de planeamento, associada ao período de férias e ao aumento de procura, sobretudo em áreas estivais, tornou a resposta do SNS, em várias regiões do país, claramente
insuficiente. Acho que atingimos um limite perigoso, que obriga a uma intervenção firme e consequente do Ministério da Saúde.
o plano de inverno está já a ser pensado? Quando deverá ser apresentado?
A Ordem dos Médicos anda a alertar o ministério desde o início do ano para a necessidade de concretizar o plano de inverno com antecedência. Enviamos um documento orientador antes do verão, com medidas concretas para implementar a partir de setembro. O plano de inverno tem de ser delineado com antecedência, muitos meses antes da estação, para prevenir situações de rutura como às que temos assistido. Nos últimos anos, parece que houve uma normalização da contingência, do caos e da incapacidade do SNS em responder à pressão nas urgências hospitalares nestes períodos.
Ao que parece a Direção-Executiva do SNS já enviou para as ULS o plano de inverno, mas ainda não o conhecemos. O tempo para agir é agora, para evitar o caos nas urgências e dar uma resposta adequada aos doentes durante o período mais crítico do ano. O problema com o verão e o inverno é que o Ministério da Saúde parece ser sempre apanhado de surpresa com estes fenómenos cíclicos.
na sua opinião, Quais deverão ser as prioridades desse plano?
É preciso “planear, executar, avaliar e ajustar”. As prioridades devem ser o re -
forço dos cuidados primários para evitar a sobrecarga das urgências, reforçar os sistemas de vigilância das infeções, bem como o aumento da capacidade de vacinação, sobretudo das populações mais vulneráveis, e da capacidade de internamento. Os hospitais devem ter planos de contingência adequados e garantir que têm médicos e outros profissionais em número suficiente para atender às necessidades dos picos de afluência.
Que soluções propõe para melhorar a retenção de médiCos no sns?
Em primeiro lugar, seria importante o Ministério da Saúde saber exatamente onde há carência de médicos, em que especialidades e em que dimensão, e não sabe...
A criação de um índice de carência poderia ajudar a definir as prioridades e adaptar incentivos específicos para as situações de maior carência.
O SNS está a perder competitividade em relação aos setores privado e social, situação que tem de ser rapidamente invertida. É essencial melhorar as condições de trabalho e de acesso à formação e à investigação, desde a revisão da carreira médica até à garantia de uma flexibilidade horária mais equilibrada entre a vida pessoal, familiar, profissional e de atualização formativa.
Além disso, o SNS deve oferecer estabilidade contratual e uma remuneração justa que valorize o esforço e a elevada diferenciação dos médicos. As Unidades de Saúde Familiar e os Centros de Responsabilidade
Carlos Cortes
Integrada podem ser mecanismos que melhorem o acesso e a resposta dos cuidados, e que podem aumentar a atratividade do SNS para os médicos.
a falta de médiCos de família é uma das prinCipais Queixas dos utentes. Como é possível resolver este problema? Embora o número de vagas para a especialidade tenha aumentado consideravelmente nos últimos anos, se não forem tomadas medidas urgentes, nos próximos cinco anos podemos ter um número de pessoas sem médico de família ainda maior, considerando o elevado número de médicos de MGF prestes a entrar na idade da reforma. Este é um sintoma muito preocupante. A prioridade deve ser, por isso, o reforço da capacidade de atração do SNS que é, e deve permanecer, o alicerce dos cuidados de saúde.
Independentemente dos modelos de gestão das Unidades de Saúde Familiar, estes devem basear-se em premissas como o aumento do acesso dos utentes, a garantia de padrões de qualidade nos cuidados de saúde que possam ser monitorizados e avaliados, a contratação de médicos especialistas e a liderança médica. Conceitos que se devem sobrepor a outros interesses, especialmente de natureza económica. É também fundamental criar incentivos para que os médicos se fixem nas regiões mais carenciadas e maior flexibilização das condições de trabalho, para permitir conciliar a vida pessoal e profissional e assim atrair mais médicos de família para o SNS. A desburocratização dos serviços, a atualização da carteira de serviços, os pagamentos dos incentivos e a criação de objetivos que façam sentido são aspetos essenciais.
Quais são as suas preoCupações em relação à privatização de serviços no setor da saúde?
Como já referi, o pilar fundamental de todo o sistema é o Serviço Nacional de Saúde e assim deve continuar, não tenho nenhuma dúvida acerca disso. Mas a minha preocupação é o acesso dos doentes a cuidados de saúde de qualidade. Esse é o principal objetivo. Quando um doente precisa de cuidados, não quer saber qual o modelo de gestão da instituição que os presta, quer simplesmente ser tratado.
Carlos Cortes | GRANDE ENTREVISTA
Sou médico do SNS e nunca senti atração para trabalhar fora dele, mas não tenho nenhum preconceito ideológico em relação à Saúde. É preciso assegurar o princípio da universalidade do SNS e da igualdade no acesso aos cuidados de saúde. O SNS é uma das maiores conquistas do Portugal livre, do pós-25 de Abril. Devemos defender o SNS acima de tudo e dotá-lo dos meios, humanos e técnicos, para poder ultrapassar esta fase difícil. Contudo, acredito que o setor privado e o setor social podem contribuir para resolver e complementar muitas das atuais lacunas do setor público.
na sua opinião, o sns está em risCo de Colapsar?
Não gostaria de ser tão catastrofista, melhor dizendo, quero evitar o alarmismo excessivo, mas a verdade é que se nada de estruturante for feito, o SNS como hoje o conhecemos está em risco. É urgente implementar reformas estruturais, pois o SNS pode enfrentar uma crise sem precedentes. As falhas contínuas na resposta, a falta de um investimento adequadamente aplicado e o descontentamento dos profissionais, em particular dos médicos, são sinais de que estamos num ponto crítico.
Como vê o futuro das Carreiras médiCas em portuGal, espeCialmente para os jovens médiCos?
O futuro da carreira médica é incerto. Muitos jovens médicos veem-se forçados a emigrar ou a optar pelo setor privado, devido à falta de condições no SNS. É fundamental criar condições que motivem os jovens a permanecer e a construir as suas carreiras no setor público.
A Ordem dos Médicos está a elaborar um conjunto de propostas para entregar ao ministério para a criação da Nova Carreira Médica, que possa integrar os médicos fora do SNS e os médicos internos em formação. Uma Nova Carreira Médica adaptada à realidade diversa que temos hoje na Saúde.
Quais são os maiores desafios enfrentados, atualmente, pelos hospitais em portuGal?
Atualmente, o maior desafio para hospitais e centros de saúde é a carência de
recursos humanos. A organização e coordenação entre serviços, juntamente com a sobrecarga dos serviços de urgência, são outros dos principais desafios enfrentados pelo SNS. A gestão ineficiente de recursos e a desmotivação dos profissionais contribuem para a deterioração do sistema. Infelizmente, a “reforma” das ULS não solucionou esses problemas e, em alguns casos, até os agravou.
Como avalia a distribuição de reCursos entre os diferentes hospitais do país?
A alocação de recursos entre os hospitais é desigual, com unidades de saúde em áreas mais periféricas apresentando, frequentemente, menor capacidade de resposta e dificuldade em atrair médicos e recursos. É essencial combater essa situação através de um sistema de discriminação positiva e a implementação de incentivos, uma vez que tal cenário perpetua as desigualdades regionais no acesso à saúde.
Quais são os prinCipais obstáCulos à implementação de uma Gestão mais efiCaz e efiCiente no sns?
Os principais obstáculos são a burocracia excessiva, a falta de autonomia dos hospitais e a ausência de uma adequada coordenação de todo o sistema. Para uma gestão eficaz, é essencial investir em inovação tecnológica e reforçar a participação dos médicos no processo de decisão, além de conceder às instituições mais flexibilidade e capacidade de adaptação às necessidades locais.
Que medidas Considera essenCiais para Garantir a sustentabilidade do sns?
É necessário um novo rumo para o SNS. Além da valorização dos profissionais de saúde, em particular dos médicos, a modernização dos processos de gestão e a reorganização dos serviços são essenciais para garantir a sustentabilidade do SNS. O SNS tem de se tornar mais competitivo para atrair mais médicos e saber modernizar-se com a integração não só de sistemas de comunicação à distância, mas também das capacidades da Inteligência Artificial. Todo este mundo novo precisa de ser regulado do ponto de vista ético e deontológico, mas não pode ser ignorado.
Além disso, como referi, é necessário investir em prevenção e nos cuidados primários para aliviar a pressão sobre os hospitais. Do meu ponto de vista, o pano de fundo tem de manter os alicerces que presidiram à criação do SNS: universalidade, qualidade e humanização.
Quais são as suas propostas para melhorar a artiCulação entre os Cuidados primários e os hospitais? Essa articulação é importante, mas é insuficiente. Temos de juntar o setor da educação e literacia, do poder local, dos cuidados continuados e do setor social para podermos potenciar ao máximo a articulação entre todos e trabalharmos nos determinantes sociais em saúde, fundamentais para uma prevenção eficaz. Como disse anteriormente, a “reforma” das ULS não veio resolver os problemas existentes entre os cuidados hospitalares e primários. Não houve
uma verdadeira integração de serviços, de cuidados e de equipas e, em certos casos, até veio agravar a situação previamente existente. A articulação entre os cuidados primários e hospitalares deve ser reforçada através da criação de equipas multi e interdisciplinares, de protocolos de atuação, de sistemas de comunicação e, sobretudo, de muita organização e diálogo equilibrado entre todas as partes.
Como avalia o impaCto das Greves e protestos no sns sobre a perCeção públiCa da saúde em portuGal? As greves são decretadas pelos sindicatos médicos, não pela Ordem dos Médicos. Elas refletem o justo descontentamento dos médicos, mas também têm o nobre propósito de chamar à atenção para os problemas profundos do SNS. O seu objetivo centra-se na defesa de cuidados de saúde de qualidade, na defe -
sa dos direitos dos doentes e das condições de trabalho dos médicos. Estou completamente solidário com a intervenção dos sindicatos médicos no seu propósito de defender o SNS e as condições de trabalho dos médicos.
Quais são as suas prioridades enQuanto bastonário da ordem dos médiCos para os próximos anos?
A Ordem dos Médicos tem centrado a sua intervenção em três eixos: modernização e profissionalização da Ordem dos Médicos, apoio aos médicos e defesa das suas condições de exercício da medicina e defesa intransigente da formação médica e da qualidade dos cuidados prestados aos doentes, ou melhor, às pessoas em geral. Internamente, este primeiro ano de mandato serviu sobretudo para organizar a instituição e preparar um conjunto de novos serviços para os médicos. Cada projeto será apresentado no seu devido momento, no entanto, gostaria de destacar três áreas: Formação Médica, Solidariedade Médica e Ato Médico.
A Ordem dos Médicos é uma instituição altamente qualificada na vertente técnico-científica e formativa da Medicina e será fundamentalmente esse o papel a ser desenvolvido. Estamos determinados em apresentar propostas para melhorar os cuidados de saúde em Portugal e estou consciente do papel decisivo que a Ordem dos Médicos pode e deverá ter.
Que marCa Quer deixar na área da saúde, em portuGal?
A principal satisfação é trabalhar em nome da Medicina e da Saúde. Queremos deixar um importante contributo para as bases de um novo rumo para a Saúde em Portugal, para a reconstrução e fortalecimento do SNS, um sistema mais robusto, sustentável e capaz de garantir o acesso universal a cuidados de saúde de qualidade a todas as pessoas que necessitem deles. Um sistema em que os médicos e os outros profissionais sejam respeitados e valorizados e em que os doentes sejam tratados adequadamente.
A mensagem mais importante é uma mensagem de perseverança e esperança num SNS ao serviço das pessoas, respeitando os seus profissionais, pilar de coesão social e referência incontornável de cuidados de saúde humanizados e de qualidade.
O corpo humano é extraordinário
Realizamos milhares de milhões de feitos num só batimento cardíaco, somos exemplos espantosos da tecnologia da natureza.
Mas também somos humanos.
Enfraquecemos. Falhamos.
E quando isto acontece, os nossos extraordinários corpos exigem soluções extraordinárias que transformam a vida.
Lideramos a tecnologia médica global, resolvendo com audácia os problemas de saúde mais desafiantes, que a humanidade enfrenta atualmente.
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O TRABALHISMO INGLÊS
E O NOSSO PS
Levei para ler em férias o programa económico do novo primeiro-ministro de Sua Majestade, Sir Keir Starmer, e ainda em segunda leitura o refrescante livro do Prof. Nuno Palma, As Causas do Atraso Português , o qual suscitou obviamente a crítica da comunicação social e dos historiadores nacionais, o que até parece agradar ao autor, que vive, ensina e investiga no Reino Unido (RU),publicando os seus papers nas revistas internacionais, não precisando pois dos comentadores do nosso burgo… A obra usa o pensamento crítico e imparcial para comparar períodos históricos, recorrendo a elementos qualitativos e interessantes séries estatísticas, como por exemplo a evolução da estatura média dos portugueses, e desmontar algumas narrativas... O que se conclui da janela de observação de Nuno Palma é uma decadência já antiga e que agora é agravada pela estagnação e divergência recorrentes face à Europa. Da minha janela, bastaria
comparar Portugal com a Irlanda desde a entrada na então CEE para se constatar o impasse em que estamos… No RU, o Partido Trabalhista aproveitou o completo e chocante desastre dos conservadores (Brexit, charlatão Boris e louca Liz Truss), libertou-se do radical de esquerda Jeremy Corbyn, e sob a liderança de um homem moderado ganhou as eleições com um programa económico sensato e realista, que por cá seria certamente considerado neoliberal… Neste pobre país com uma cultura e uma comunicação social fortemente enviesada para a esquerda, as coisas mais elementares em termos de economia social de mercado têm logo esse epíteto… Temos pois no RU uma solução política estável, ao contrário do que está a acontecer em França, que constitui um grande risco para a zona euro, e mesmo na Alemanha com um governo de três partidos muito disfuncional e onde perpassa a ameaça da extrema-direita. O novo
governo do RU propõe-se trabalhar em parceria com as empresas, ao mesmo tempo que se disponibiliza para aportar capital a projetos do setor privado sem tentar substituí-lo, admite baixar o IRC para defender a competitividade fiscal das empresas no mercado global, ao contrário do nosso PS que não é sensível à competitividade fiscal das nossas empresas e por isso não quer baixar o IRC, e prevê a construção de 300 mil casas/ ano pela iniciativa privada, contribuindo o Estado com a simplificação dos licenciamentos. Por cá, este programa social-democrata passou despercebido, estávamos mais encantados com a Nova Frente Popular, em França, e com o seu líder, o trotskista Melenchon… A única exceção foi a Alexandra Leitão no Expresso , que certamente consciente de que o PS está a viver o seu momento Corbyn com Pedro Nuno Santos, veio inteligentemente elogiar o exemplo de social-democracia moderna de Sir Keir!
“ DA MINHA JANELA, BASTARIA COMPARAR PORTUGAL COM A IRLANDA DESDE A ENTRADA NA ENTÃO CEE PARA SE CONSTATAR O IMPASSE EM QUE ESTAMOS… ”
Engenheiro e Economista
DEMOCRACIA, SNS E
DIREITOS HUMANOS
Estamos a celebrar este ano o 45.º aniversário do SNS. O SNS, enquanto instituição e enquanto conceito, foi consagrado na Constituição de 1976 como forma de concretização do direito à proteção da Saúde, de acordo com o modelo inglês desenhado por Lord Beveridge, economista e parlamentar, membro do Partido Liberal, autor do chamado Plano Beveridge durante a Segunda Guerra Mundial que tinha como grande objetivo a libertação das pessoas da necessidade. Foi essa a opção dos deputados constituintes por considerarem esse modelo como aquele que seria mais favorável à melhoria dos indicadores de saúde do país, que nos deixavam numa posição humilhante na comparação internacional. E assim ficou esta instituição consagrada constitucionalmente (artigo 64.º da CRP), o que significa, nos termos jurisprudenciais e doutrinais, que “quando a tarefa constitucional consiste na criação de um determinado serviço público (como acontece com o Serviço Nacional de Saúde) e ele seja efetivamente criado, então a sua existência passa a gozar de proteção constitucional”. 1
A Lei nº 56/79, de 15 de setembro, ao criar o SNS limitou-se a dar cumpri -
1Acordão do TC nº 39/84, de 11 de Abril
mento a uma tarefa constitucionalmente imposta ao legislador. Não é a lei em si mesma que não pode ser revogada – é apenas o SNS que não pode ser abolido, gozando os sucessivos Governos de liberdade de ação no que concerne à execução desse direito nos termos constitucionalmente estabelecidos. 2
Assim argumentou António Arnaut em defesa da aprovação do projeto de lei por si apresentado, considerando o SNS um construtor de Liberdade. Decorridos 50 anos sobre a implantação
o SNS constitui a sua “instituição-rainha”! Na verdade, em termos de comparação internacional, nenhuma outra instituição do Portugal democrático atingiu o seu nível de desempenho. E isto apesar de todo o contexto social e económico do país puxar em
da população e nível dos seus rendimentos, bem como à evolução preocupante dos
uma pressão enorme em termos de carga de doença e sua complexidade.
O SNS que previne e trata doenças, permitindo-nos cumprir o nosso projeto de vida é, pois, a peça fundamental na cons-
trução da liberdade de que hoje gozamos. Por isso é tão importante aprofundá-lo. A par da recuperação dos níveis de investimento requeridos em termos de renovação e substituição de equipamentos e políticas
que exigem planeamento e execução em termos plurianuais, requerem-se aperfeiçoamentos inadiáveis a nível dos modelos de prestação de cuidados no âmbito dos quais a transformação digital constitui prioridade inadiável.
Mas temos também que fazer dele instrumento fundamental de todos os outros desenvolvimentos que ainda nos faltam convocando-os para a tarefa, cumprindo o ditame constitucional ínsito na declinação do direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover no que concerne às determinantes sociais e económicas que se
dos 65 anos de idade. Temos sido incapazes de trabalhar a nível de articulação intersetorial e numa perspetiva colaborativa. Temos, pois, que mudar culturas e adotar na sua plenitude a doutrina dos Direitos Humanos (DH): universalidade, indivisibilidade, interdependência e inter-relação de todos os DH e perceber a sua importância perante as ameaças e incertezas do mundo atual.
2Maria de Belém Roseira e Helena Pereira de Melo “Democracia, Saúde e Ética Social”, in “ Saúde em Portugal Pensar o Futuro”
“DECORRIDOS 50 ANOS SOBRE A IMPLANTAÇÃO DA DEMOCRACIA, AQUILO QUE SE VERIFICA É QUE O SNS CONSTITUI A SUA ‘INSTITUIÇÃO-RAINHA’! ”
Jurista
DEPRESSA E BEM
Aaceleração brutal da velocidade com que os dados são criados e tratados e a informação é produzida e disseminada nas sociedades abertas, deu um novo fôlego ao imediato, ao efémero e às ondas e contextos de volatilidade nos quais uma grande maioria dos indivíduos e dos decisores têm que agir e cumprir os seus objetivos de realização pessoal ou de liderança. É corrente ouvirmos dizer que os líderes em sociedades abertas e democráticas tendem a ser cada vez mais fracos, super-
de opinião ou de moda prevalecentes. Esta análise é também muitas vezes ca-
adoção de sistemas de governação e decisão iliberais ou até autocráticos.
O tema é complexo, mas não podemos desistir de capacitar pessoas e organizações para poderem decidir melhor. Os dados disponíveis sobre cada tema tendem a crescer exponencialmente. A informação e a desinformação também. Neste contexto, a formação holística é funda -
mental para uma boa avaliação e tomada de decisão.
Em particular, perante o frémito da mudança, temos que prestar especial aten-
da análise, por um lado, e a dependência dos algoritmos de apoio à decisão por outro, sobretudo se assimilados como manuais de decisão pré-fabricada e pronta a usar sem contextualização.
No mundo da formação de decisores, as competências de transformação e liderança são cada vez mais requisitadas. É um domínio jovem do saber e da pedagogia, que convive com uma pluralidade de abordagens em maturação e sujeitas à seleção natural pelos resultados obtidos. Tal como a aprendizagem se tende a fazer cada vez mais em comunidades de conhecimento, experiência e prática, também as várias escolas emergentes de transformação e liderança tenderão a interagir e a consolidar metodologias pelos seus impactos concretos. Da minha experiência em diversos patamares de avaliação, decisão e ação, con -
sidero essencial que seja feita uma aposta forte na capacitação para decidir com propósito, visão e identidade, ancoradas por valores e saberes consolidados, enquanto ferramentas essenciais para integrar informação e conhecimento, sem perder o foco e sem ceder à superficialidade na avaliação dos factos ou ao uso acrítico das predições dos algoritmos. No meio do turbilhão, é preciso manter a distância crítica e valorizar a capacidade de atribuir significado às torrentes de dados para decidir depressa e bem. Como? Apostando na formação dinâmica de comunidades de transformação e liderança que envolvam as escolas, os indivíduos e as organizações, num processo de aprendizagem mútua e permanente. Já temos em Portugal alguns bons exemplos. Temos agora que os generalizar pelo território e fazer deles pilares de valorização de competências e percursos laborais, sem esquecer a urgente valorização do serviço e do emprego público. Depressa e bem.
“ NO MEIO DO TURBILHÃO, É PRECISO MANTER A DISTÂNCIA CRÍTICA E VALORIZAR A CAPACIDADE DE ATRIBUIR SIGNIFICADO ÀS TORRENTES DE DADOS PARA DECIDIR DEPRESSA E BEM”
Professor Universitário
O FUTURO DA SAÚDE NA EUROPA
Orecente relatório Draghi tem tudo para ser um ponto de viragem na vida de todos os europeus. Este relatório tem a virtude de apontar os grandes problemas de forma bastante objetiva, o que poderá ser uma boa alavanca para a Europa se repensar e encontrar um caminho de desenvolvimento mais ajustado à realidade e às tendências mundiais. Draghi sugere que a Europa precisa de investir o dobro do que investiu para se reconstruir após a Segunda Guerra Mundial, de forma a ser mais competitiva com
pontos, Draghi propõe: (i) Reduzir a distância existente no que respeita à inovação nas tecnologias mais avançadas, relativamente à China e aos EUA; (ii) Criar um plano conjunto de descarbonização e competitividade; (iii) Aumentar a segurança e reduzir dependências externas.
Creio que estes pontos estratégicos já estão patentes nos desejos europeus, mas na prática não temos caminhado nessa direção, pelo menos não o temos feito de forma consolidada. Há apenas algumas décadas atrás a economia europeia repre-
sentava um quarto da economia mundial, tendo na altura o mesmo peso relativo da economia americana. Enquanto os EUA mantiveram esse peso, a Europa tem perdido share e representa hoje apenas um sétimo da economia mundial.
A inovação na Europa mantém-se ligada a empresas do setor automóvel que está em profunda restruturação. Aliás os grandes fabricantes anunciaram já o fecho de fábricas e não conseguem acompanhar o ritmo das mesmas indústrias americana e chinesa que apostam de forma mais contundente no setor elétrico de acesso mais abrangente.
Por outro lado, os EUA apostam agora muito mais em novas tecnologias, onde estão muito mais adiantados, como por
a saúde como uma das áreas privilegiadas. Como já se disse, os EUA inovam, a China copia e a Europa regula. Um bom exemplo é o mercado dos dispositivos médicos onde a Europa foi sempre a região mais inovadora e ágil, encontrando-se agora num ponto de retrocesso por ter criado um regulamento bastante mais
“ OS DISPOSITIVOS MÉDICOS SÃO APONTADOS COMO UM SETOR QUE PODE AJUDAR A REDUZIR A LACUNA DE INOVAÇÃO COM OS EUA E A CHINA”
restritivo à entrada de novas tecnologias no mercado.
O relatório Draghi menciona a saúde 10 vezes, incluindo-a como uma das forças económicas da União e recomendando o uso dos dados de saúde dos cidadãos para efeitos de investigação. Os dispositivos médicos são apontados como um setor que pode ajudar a reduzir a lacuna de inovação com os EUA e a China, referindo-se às barreiras de integração vertical de IA, permitindo maior celeridade na adoção de novas tecnologias aceitando as evidências do mundo real. O relatório vai ainda mais longe ao discutir o estabelecimento de regras para estudos que combinam medicamentos, dispositivos médicos e IA. No que toca a Portugal, como tenho aqui defendido várias vezes, o declínio da indústria automóvel europeia e a incerteza que existe no mercado obriga-nos a repensar a estratégia da conversão das nossas indústrias mais dependentes desse setor, como é exemplo a indústria dos moldes, que deverá encarar os dispositivos médicos como uma alternativa estratégica primordial.
Economista e Gestor em Saúde
SINAIS
Há umas semanas cruzei-me com uma frase atribuída a Edward Bernays: “A propaganda é o braço executivo do governo invisível.” Para Bernays, a propaganda é o elemento essencial para a manipulação das vontades das massas, a engenharia do consentimento, para a construção da vontade coletiva. Claro que a propaganda pode ser menos ética e usada de forma ilícita com o objetivo de influenciar juízos e decisões para efeitos de consumo, a publicidade, como para a “construção” de uma opinião que determine a vontade de votar numa pessoa ou partido político. Não me vou debruçar sobre os fenómenos de manipulação de massas. Nem deixo que a minha admiração por um dos nomes maiores do marketing me permita esquecer de que ele foi um promotor do tabagismo feminino. Também não é objetivo deste pequeno texto tentar escrever sobre o papel do “governo invisível”, o conjunto de determinantes de que o cidadão comum não se apercebe e que fazem o Governo do mundo.
Não, não é nada de conspirativo, é apenas a lembrança de que as motivações que determinam as decisões de governantes e o destino de cada um nem sempre são imediata-
mente percetíveis. Mas a propaganda, de que Bernays falava na frase do princípio, é uma atividade complexa, fascinante e cheia de riscos. Pode ser bem feita. Tem nobreza e não deve ser desprezada. O seu sucesso mede-se por respostas do grupo, sejam os volumes de vendas, os votos conquistados, a adesão a uma
passiva de um povo ou as chamadas “taxas de aprovação” de políticos.
Nas últimas semanas assistimos a alguns exemplos do que pode ser propaganda demasiado simplista e displicente. E toda ela com elevados riscos de provocar efeitos contrários aos do desejo do propagandista. Um partido na oposição procura fazer-nos aceitar a ideia de que votará contra um orçamento, um instrumento que confere autorização ao Governo para arrecadar impostos e gastá-los, se não for aceite um referendo sobre um tema que nada tem a ver com política orçamental. Basear propaganda na ideia de que o público é estúpido, não funciona. Na restante oposição, vão da recusa em aprovar o que ainda não conhecem ao cinismo de ir mudando de opinião em função das conjeturas sobre hipotéticos ganhos ou perdas. Estes, os “indecisos”, são os que não
perceberam que a propaganda só funciona quando há clareza na descrição do produto que se publicita. Paradoxalmente, uma mentira, desde que seja um “conto” coerente, consegue maior adesão do que uma incerteza. Uma ministra vai visitar uma instituição que tutela e é “surpreendida” pela companhia do primeiro-ministro e do Presidente da República. Diria que a presença do último tornaria a visita numa iniciativa sua e que o Governo seria o acompanhan-
Presidente e o primeiro-ministro foram imagem e a isso chamaram “apoiar”. A taxa de aprovação da ministra caiu. Não é certo, pelo contrário, que o país vá precisar de mais médicos formados dentro de seis anos, mas declara-se a intenção de abrir mais faculdades de Medicina em futuro incerto. E, corolário do que é propaganda inventada no momento e sem talento de quem a inventou, tivemos o nosso primeiro-ministro num bote de borracha navegando por sobre a tragédia. A ideia com -
nacional. Quando nem a propaganda é bem feita, estamos mesmo mal. São maus sinais.
“ ASSISTIMOS A ALGUNS EXEMPLOS DO QUE PODE SER PROPAGANDA DEMASIADO SIMPLISTA E DISPLICENTE. E TODA ELA COM ELEVADOS RISCOS DE PROVOCAR EFEITOS CONTRÁRIOS AOS DO DESEJO DO PROPAGANDISTA ”
Médico do IPO e Professor da Escola Nacional de Saúde Pública
O RELATÓRIO DRAGHI E O DILEMA EUROPEU AMBIÇÃO OU AGONIA
por António Saraiva
Presidente da SPAL
Com a atenção focada em temas nacionais, o Relatório Draghi passou, entre nós, quase desapercebido. Poucos, entre as quais destaco a CIP, assinalaram a sua importância na construção das futuras estratégias e políticas da União Europeia.
Em março, escrevi neste espaço que o enquadramento externo hostil em que vivemos torna ainda mais necessária uma política económica que contraponha a uma conjuntura adversa um enquadramento interno mais favorável ao crescimento.
O grande desafio que se coloca ao Governo, neste domínio, é o de conciliar políticas públicas mais favoráveis ao aumento da
produtividade com a sustentabilidade das finanças públicas, numa dinâmica positiva. Olhando para o Programa do Governo, constatamos precisamente o reconhecimento expresso de que a manutenção de equilíbrio orçamental tem de estar baseada numa economia com maior produtividade e competitividade, geradora de mais crescimento económico, o que permitirá susten-
tar uma forte ambição na redução da carga fiscal sobre as famílias e as empresas. Constatamos também o reconhecimento de que a melhoria dos serviços públicos e o equilíbrio orçamental pressupõem uma reforma das finanças públicas e do Estado. De facto, são estas as duas vias para, simultaneamente, prestar serviços públicos de maior qualidade e reduzir a dívida que
deixamos às próximas gerações, sem continuar a sufocar cidadãos e empresas com um peso sempre crescente dos impostos na economia.
imperativo de mudança
Na conferência de imprensa de apresentação do relatório, Draghi resumiu bem este imperativo de mudança quando uma jornalista que lhe perguntou se a alternativa ao que preconizava para a Europa era “morrer”: “Não”, respondeu, “é fazer isto ou será uma lenta agonia”.
Com a autoridade que lhe advém do seu papel na preservação do euro na crise das dívidas soberanas, Draghi identifica três áreas principais de ação para relançar o crescimento sustentável:
Em primeiro lugar, a Europa deve reorientar profundamente os seus esforços coletivos para colmatar o défice de inovação com os EUA e a China, especialmente em tecnologias avançadas.
Neste domínio, o problema está na dificuldade em passar da inovação para a comercialização e no facto de as empresas inovadoras que desejam crescer na Europa serem prejudicadas em todas as etapas por uma regulamentação inconsistente e restritiva.
Uma parte central desta agenda será, também, dar aos europeus as competências de que necessitam, de modo a conciliar as novas tecnologias e a inclusão social.
A segunda área de ação é um plano conjunto para a descarbonização e competitividade.
É aqui que o relatório desenvolve as orientações de uma estratégia industrial que combina diferentes instrumentos e abordagens políticas para diferentes indústrias. O objetivo é prosseguir no caminho da descarbonização preservando a posição competitiva da sua indústria.
A terceira área é aumentar a segurança e reduzir as dependências. Num mundo de geopolítica instável, em que as dependências se estão a tornar vulnerabilidades, a Europa tem de reagir. Draghi não advoga a via do protecionismo, mas defende a coordenação de acordos comerciais preferenciais e de investimento direto com nações ricas em recursos, a construção de stocks
em áreas críticas selecionadas e a criação de parcerias industriais para garantir a cadeia de abastecimento de tecnologias-chave. O relatório apresenta também uma estratégia para fortalecer a capacidade industrial para defesa e para o espaço.
Financiamento público e privado
Para cumprir os objetivos estabelecidos, Draghi estima ser necessário um investimento adicional anual de 750 a 800 mil milhões de euros, o que significa que a taxa de investimento da UE deve aumentar cerca de 22% do PIB para cerca de 27%, revertendo um declínio de várias décadas.
Para além de investimento público, serão necessários incentivos orçamentais para desbloquear o investimento privado. O estímulo necessário para o investimento privado terá algum impacto nas finanças públicas, mas os ganhos de produtividade podem reduzir os custos orçamentais.
São apontadas quatro vias para mobilizar o financiamento público e privado:
• Construir uma verdadeira União dos Mercados de Capitais;
• Concluir a União Bancária;
• Reformar o orçamento da União Europeia para melhorar o seu foco e eficiência, bem como para apoiar o investimento privado;
• A União Europeia deve continuar a emitir regularmente dívida comum (seguindo o modelo do “Next Generation EU”) para financiar projetos de investimento conjuntos que aumentem a competitividade e a segurança.
Finalmente, tão ou mais importante do que o financiamento, será a vontade de reformar a governação da União Europeia, aumentando a profundidade da coordenação e reduzindo a carga regulatória.
Resta saber como e até que ponto as orientações avançadas por Draghi e as suas propostas exigentes em termos financeiros e de capacidade de cooperação e coordenação serão prosseguidas no novo ciclo político que se vai iniciar.
Algumas das opções que apresenta não são novas e têm merecido forte resistência por parte de diversos Estados-membros.
O certo é que procrastinar decisões para preservar consensos apenas tem servido para produzir um crescimento mais lento, sem lograr os desejados consensos. Com o seu prestígio, conhecimento e autoridade, Draghi cumpriu o mandato de que foi incumbido pela Comissão Europeia. Falta, agora, a vontade política para pôr em marcha as mudanças que podem salvar a Europa de uma lenta agonia.
MÉDICOS E SAÚDE
2017-2022
No século XX os médicos tiveram um papel determinante na evolução da sociedade portuguesa em todas as áreas da saúde e, em especial, na extensão da assistência médica ao território nacional e no planeamento e organização do ensino médico, da investigação, dos hospitais e dos centros de saúde.
Os médicos foram decisivos na criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Basta recordar o que aconteceu durante o Serviço Médico à Periferia, a construção da rede do futuro SNS, ou o papel de Miller Guerra na publicação do Relatório sobre as Carreiras Médicas (embrião do futuro SNS). De resto, a lei do SNS passou pelas mãos de António Arnaut (no plano jurídico e político) e dos médicos Mário Mendes e Gonçalves Ferreira. E uma parte significativa do desenvolvimento do SNS e da Carreira
Médica passou pelas mãos de Paulo Mendo. Neste percurso os médicos desenvolveram e modernizaram a formação médica especializada, tornando-a uma referência a nível nacional e internacional. Em 2019, ano pré-pandémico, de acordo com os dados disponíveis, os médicos faziam em cada 24 horas no SNS 118.825 consultas, 17.440 episódios de urgência, 2.149 internamentos, 1.841 intervenções cirúrgicas, 190 partos, 2,5 transplantes de órgãos, e muitos milhares de procedimentos como biópsias,
endoscopias, exames histológicos e outros exames complementares de diagnóstico e terapêutica em praticamente todas as especialidades. Hoje, o número de atos médicos realizados em 24 horas é ainda maior. Ser médico especialista significa conseguir ter classificação para entrar num curso de Medicina, realizar a prova nacional de acesso à especialidade, estudar e trabalhar no ensino superior durante 11 a 13 anos, submeter-se a múltiplos concursos públicos com júris idóneos, prestar provas teóricas e práticas
por Miguel Guimarães
Bastonário da Ordem dos Médicos
ao longo de todo o seu percurso, publicar estudos científicos e continuar (para além dos 11 a 13 anos) a submeter-se a concursos públicos para progredir na carreira médica.
a saúdE Em Portugal
O retrato da saúde em Portugal nos últimos anos é conhecido e tem sido divulgado nos órgãos de comunicação social. Mais os aspetos negativos. Menos os positivos que são a imensa maioria. Os resultados clínicos mostram a excelência da medicina praticada em Portugal, com base na qualidade da formação médica e na resiliência, humanismo e solidariedade dos médicos, que em muitas áreas, são melhores do que a média dos resultados dos países da União Europeia e da OCDE. As dificuldades no acesso, sobretudo em algumas regiões do país, mostram, nos últimos oito anos, a incapacidade política de implementar as reformas estruturais necessárias para modernizar o SNS e dignificar e valorizar o trabalho dos médicos e profissionais de saúde que fazem o SNS.
Por vezes, até parece que temos um país a duas velocidades. Numas regiões, foi possível planear e melhorar a gestão organizacional, noutras tal não aconteceu. Numas regiões, todos os cidadãos têm médico de família atribuído e raramente encerram serviços médicos, noutras não. Numas regiões, existem médicos suficientes para garantir o acesso aos cuidados de saúde, noutras não. E o que é mais estranho é que o diagnóstico global está feito. E nada ou quase tem acontecido ao longo dos anos.
Portugal é um dos países da OCDE que mais médicos forma e mais médicos tem per capita . Portugal forma anualmente 16,5 médicos por 100 mil habitantes, número superior à média europeia (15,3). No relatório da OCDE de 2023, Portugal tem 5,6 médicos por mil habitantes (inclui reformados, muitos ainda em atividade), um valor bem acima da média europeia (4,1). Mas só cerca de metade dos médicos, formalmente no ativo, estão no SNS (2,2 por mil habitantes). E destes, um número significativo tem horários de trabalho reduzidos. Portugal é também um dos países europeus que mais escolas médicas tem por milhão de habitantes (1,1). A mediana europeia é de 0,6. Já todos sabemos que precisamos de um novo modelo de gestão e organização dos serviços de saúde (o exemplo das parcerias público-privadas na saúde mostrou de forma inequívoca a necessidade imperiosa de um novo modelo de gestão para o SNS).
Sabemos também que muitos dos médicos formados em Portugal optam por não continuar a trabalhar no SNS e escolhem o setor privado ou o estrangeiro para exercer a sua profissão. E os motivos são conhecidos, e podem ser sintetizados em melhores condições globais de trabalho. De resto, os médicos especialistas que trabalham em Portugal têm salários muito inferiores aos que trabalham na maioria dos países europeus (os terceiros mais baixos dos países da OCDE – dados de 2022).
ElEvada qualidadE dE formação
Portugal tem mantido ao longo dos anos uma elevada qualidade de formação de médicos especialistas. Esta qualidade é a principal responsável pelos excelentes resultados e indicadores que Portugal apresenta em diversas áreas da medicina. Mas, continuamos a ter dificuldades no acesso em áreas críticas.
Alguns pilares fundamentais e estruturantes do SNS têm de ser reformados no sentido de melhorarmos a nossa resposta no acesso a todos os cuidados de saúde nos seus diferentes níveis (cuidados primários, hospitalares, serviços de urgência e emergência médica, cuidados paliativos e continuados, cuidados domiciliários, promoção da saúde). E ter como base a valorização dos médicos e dos profissionais de saúde, nomeadamente através das carreiras, a modernização da gestão e organização dos serviços, a implementação da digitalização associada à Inteligência Artificial (incluindo o processo clínico único eletrónico), a simplificação de processos e procedimentos (eliminando a burocracia e tarefas administrativas atribuídas aos médicos), o reforço do trabalho em equipas multiprofissionais e multidisciplinares, e a otimização da cooperação eficiente entre os diversos setores da saúde.
O princípio e o fim do SNS têm nomes e rostos. E têm biografias e dramas. São as pessoas. E é isto que nos deve unir a todos num desígnio nacional: saúde para todos.
AS REFORMAS DA SAÚDE NA EUROPA
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
por Adalberto Campos Fernandes Professor NOVA ENSP
A saúde é um dos pilares fundamentais para o bem-estar social. Ao longo dos anos, os sistemas de saúde europeus enfrentaram diversos desafios que desencadearam uma série de reformas.
Oenvelhecimento populacional, o aumento do peso das doenças crónicas, a crise económica e financeira de 2008, a pandemia de COVID-19 e a evolução tecnológica são alguns dos fatores que têm exigido transformação e adaptação por parte dos sistemas de saúde europeus. Os sistemas de saúde na Europa apresentam uma grande diversidade, refletindo diferentes histórias, culturas e políticas.
O Sistema Nacional de Saúde (NHS) do
Reino Unido, suportado essencialmente por impostos, contrapõe-se aos sistemas baseados em seguros sociais obrigatórios, tal como acontece na Alemanha e em França. Nos últimos 30 anos, as reformas de saúde na Europa têm sido moldadas por um equilíbrio complexo entre a redução de custos e a necessidade de garantir cuidados de saúde de qualidade a todos os cidadãos num contexto de incremento da resiliência, sustentabilidade,
melhoria da acessibilidade e da qualidade dos serviços prestados.
D esafios enfrenta D os O envelhecimento populacional é um dos principais desafios enfrentados pelos sistemas de saúde europeus no século XXI. A Europa é uma das regiões do mundo com um maior número de indivíduos idosos e essa tendência deve persistir ou até mesmo agravar-se nas
próximas décadas. O envelhecimento da população leva a um aumento do peso das doenças crónicas, como a diabetes, a hipertensão, as doenças cardiovasculares e o cancro, as quais requerem cuidados contínuos e complexos.
Nas últimas décadas, diversos países europeus começaram a adotar reformas voltadas para a eficiência, introduzindo mecanismos de mercado, tais como a concorrência entre prestadores de serviços e a livre escolha por parte dos cidadãos. Contudo, essas reformas nem sempre resultaram em melhoria objetiva da qualidade e equidade dos serviços prestados, gerando profunda discussão sobre a eficiência das abordagens baseadas no mercado para um setor tão relevante como a saúde.
A crise económica de 2008 teve um grande impacto nos sistemas de saúde europeus, forçando muitos países a reduzirem os seus gastos com saúde. Essas medidas de austeridade tiveram consequências graves, traduzidas na diminuição do acesso a serviços de saúde, no aumento das listas de espera e na deterioração das condições de trabalho para os profissionais de saúde. Alguns países, como Grécia, Espanha e Portugal, sofreram muito com esse tipo de restrições. A partir de 2019, a pandemia de COVID-19 revelou as deficiências dos sistemas de saúde europeus e reforçou a importância de uma reforma contínua pondo em evidência a necessidade de se aumentar a capacidade de resposta, a resiliência e a flexibilidade dos sistemas de saúde, bem como a relevância do papel da saúde pública e da cooperação internacional.
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Perante estes desafios, os sistemas de saúde europeus têm-se concentrado em novas abordagens e processos de transformação e de inovação. A digitalização e a telemedicina surgiram como soluções fundamentais para a melhoria do acesso aos cuidados de saúde, especialmente em áreas de baixa densidade populacional e para as populações mais vulneráveis. A implementação de registos eletrónicos de saúde, plataformas de teleconsulta e aplicativos móveis para monitorização de pacientes permitiram uma gestão mais eficiente e personalizada dos cuidados de saúde.
Os sistemas de financiamento estão, igualmente, em profunda transformação. A adoção de modelos de pagamento que valorizam a qualidade e a eficiência dos cuidados em detrimento da quantidade de serviços prestados está-se a tornar uma tendência em diversos países europeus. Esses modelos incentivam os prestadores de serviços a privilegiarem resultados em saúde e uma melhor experiência para o cidadão em detrimento do número de procedimentos realizados. As reformas da saúde continuarão a ser um tema relevante na agenda política de diversos países europeus, visando garantir a sustentabilidade financeira, melhorar a qualidade dos cuidados e diminuir as desigualdades no acesso aos serviços de saúde. O futuro dos sistemas de saúde europeus está dependente da capacidade de estes se adaptarem às mudanças demográficas, económicas e tecnológicas em curso.
r eformas Da saú D e
As reformas da saúde na Europa são, por estas razões, um processo contínuo e dinâmico, que reflete as necessidades e as prioridades de uma sociedade em processo contínuo de mudança. A Europa tem a oportunidade de criar sistemas de saúde mais resistentes, equitativos e eficientes, capazes de enfrentar os desafios do século XXI. A cooperação entre os diferentes países será crucial para lidar com desafios comuns, tais como a mobilidade dos profissionais de saúde, a escassez de medicamentos e a preparação para respostas conjuntas a doenças emergentes globais e a crises de saúde pública. A União Europeia terá um papel crucial na coordenação e no apoio às reformas dos sistemas de saúde, estimulando a partilha de boas práticas, o aprofundamento da cobertura geral e do acesso universal, bem como o financiamento da investigação e da inovação.
ANO LETIVO 2024/25
UM COMPROMISSO COM
A
EDUCAÇÃO DE EXCELÊNCIA
por Carlos Carreiras Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Cerca de 19 mil alunos de Cascais iniciaram o ano letivo 2024/25. Para muitas das nossas crianças e jovens, este novo ciclo pode significar o início de uma nova aventura: uma nova escola, uma nova turma, novos professores, novos amigos.
Para Cascais, o início de um novo ano letivo é a renovação do compromisso em garantir uma educação de qualidade para todos, assegurando que cada jovem cascalense tenha a oportunidade de crescer numa comunidade que coloca a educação no centro das suas prioridades – uma das linhas fundamentais da ação política deste Executivo.
Cascais tem-se afirmado ao longo dos anos como um exemplo de excelência educativa, com escolas que se destacam tanto a nível regional como nacional. Este ano, à luz da melhoria dos resultados obtidos em 2023/24, daremos continuidade a um trabalho cujo objetivo é superar os padrões estabelecidos, dotando as nossas escolas das
melhores e mais modernas infraestruturas e tecnologias. Desde a requalificação do parque escolar, à valorização do ensino profissional, passando pelo alargamento da rede de escolas, mentorias em computação, terapias complementares, apoio a docentes e projetos extracurriculares, o trabalho da autarquia
visa criar escolas de qualidade, atrativas e inclusivas, garantindo o sucesso dos alunos e das instituições.
Um exemplo concreto desse esforço é a nova Escola Secundária de Cascais. Após 50 anos de funcionamento provisório e superados inúmeros desafios, este projeto avança a bom ritmo, com abertura prevista para 2026. Também a ampliação da Escola Secundária Fernando Lopes Graça, da Escola Básica e Secundária Ibn Mucana e da Escola Secundária S. João do Estoril são outros projetos nos quais estamos igualmente empenhados e que fazem parte de um investimento nas áreas da construção e requalificação de escolas feito ao longo dos últimos 12 anos, superior a 100 milhões de euros.
E porque acreditamos que o investimento na educação é crucial para a construção de uma sociedade mais evoluída e coesa, continuaremos a trabalhar para que os nossos alunos possam aprender em ambientes que favoreçam o seu desenvolvimento intelectual e pessoal.´
a poio ao S profe SS ore S Outro eixo fundamental é o apoio contínuo aos nossos professores. Apostamos
na formação contínua, assegurando que estão sempre atualizados e preparados para enfrentar os desafios de um mundo em constante mudança. Sabemos também que o sucesso educativo não se limita à sala de aula. Por isso, temos desenvolvido soluções de habitação acessível que permitam aos professores fixarem-se nas áreas urbanas de Cascais e ter uma carreira valorizada.
No âmbito da Estratégia Local de Habitação, estamos a criar oportunidades de alojamento a preços acessíveis, especialmente para docentes. Pretendemos facilitar a fixação de talentos no município, oferecendo condições habitacionais que lhes permitam residir perto do local de trabalho. Até ao momento, já criámos condições para alojar 16 docentes em quatro moradias adquiridas pela Câmara de Cascais. Em breve, serão disponibilizados mais oito apartamentos, com capacidade para acolher 24 professores, além do Mosteiro de Santa Maria do Mar, que poderá receber 44 profissionais. No total, teremos 105 alojamentos já para este ano letivo. Este local servirá ainda como residência para estudantes universitários, 6 mil neste momento, e deverá aumentar
para cerca de 20 mil a curto prazo, contando com 41 quartos.
S aúde da S criança S e joven S
A saúde das nossas crianças e jovens é igualmente uma prioridade. Este ano letivo será marcado por uma nova abordagem integrada à saúde nas escolas. Vamos lançar programas de sensibilização sobre alimentação saudável, importância da atividade física e bem-estar emocional.
A presença de profissionais de saúde será reforçada nas escolas, garantindo que qualquer problema seja identificado e tratado de forma atempada. Queremos que as escolas de Cascais sejam espaços não só de aprendizagem, mas também de promoção da saúde e do bem-estar.
A escola é o verdadeiro centro da cidadania. O investimento na Educação é, para nós, uma certeza inquestionável. Vemos a escola como um autêntico elevador social e trabalhamos em estreita colaboração com a Comunidade Educativa de Cascais para garantir que ninguém fique para trás. Por todas estas razões, estou confiante de que estamos no caminho certo para que o ano letivo 2024/25 seja repleto de sucesso, conquistas e crescimento para todos.
UM DESAFIO PERMANENTE
por Fernando Santo
Engenheiro, Bastonário da Ordem dos Engenheiros 2004-2010
Sempre que se regista um sismo, a comunicação social dedica alguns dias ao tema, com muitos intervenientes a falar do que não sabem, mas depois deixa de estar na agenda.
Há quem opte pelo alarmismo, ou por soluções que não resolvem as questões de fundo, pois todos sabemos que esta matéria é complexa e não é possível assegurar que todos os edifícios e infraestruturas resistam a um sismo de elevada intensidade.
A complexidade do tema decorre dos sistemas construtivos de cada época, das alterações introduzidas nos edifícios existentes, da regulamentação em vigor em cada época, da qualidade dos projetos e da execução das obras de acordo com os projetos.
Contudo, é possível gradualmente implementar um Plano de Prevenção, com objetivos e medidas, que permita ao longo de um prazo definido melhorar a situação das construções existentes e a construir. Como exemplo, deveria ser prioritário o reforço sísmico de hospitais, quartéis de bombeiros e outros equipamentos e infraestruturas construídos no passado sem a devida resistência aos sismos, pois deverão estar operacionais na primeira linha de socorro no caso de um sismo. Relativamente aos edifícios a reabilitar já existe obrigatoriedade de reforço sísmico, mas a legislação existente, por ser muito exigente, pode levar à não reabilitação, ficando os edifícios como estão, ou sujeitos a obras de simples melhoramento.
C onstrução antissísmi C a Após o Terramoto de 1755, a Engenharia Militar desenvolveu um novo sistema de
construção antissísmica, que ficou conhecido como Gaiola Pombalina, utilizada na construção da Baixa Pombalina. Consistia numa estrutura de madeira com elementos verticais, horizontais e de travamento, perpendicular às fachadas, com elevada flexibilidade, o que permitia absorver as deformações provocadas pelas forças sísmicas.
As paredes exteriores eram em pedra e as paredes interiores em tabique. Como este sistema era caro, ao longo dos anos foi sendo simplificado, e em particular durante a primeira metade do século XX, devido às dificuldades durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial, pelo que muitas construções desse período são mais vulneráveis.
A partir de 1950, com o advento do betão armado, as paredes exteriores continuaram a ser em pedra, mas as interiores passaram a tijolo maciço, designado por tijolo burro, pois eram paredes resistentes que suportavam as lajes em betão armado. Os edifícios ainda não eram construídos com o atual sistema de pilares e vigas, em betão armado, pelo que, remover essas paredes interiores é destruir uma parte da resistência dos edifícios.
Em 1958 foi publicado o primeiro regulamento para cálculo das estruturas aos sismos, tendo sido atualizado em 1983, com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil a assumir um papel determinante na preparação da legislação. Em 2019 foi publicado o Eurocódigo 8, tendo o LNEC assegurado o secretariado técnico desta legislação europeia. Mas a existência de regulamentos não permite concluir que os edifícios de épocas anteriores tenham um comportamento adequado, pois cerca de 50% são anteriores a 1980. É também importante referir que o risco sísmico não é igual em todo o território nacional, pelo que esta abordagem tem mais sentido para os edifícios das zonas de maior risco, como são a Área Metropolitana de Lisboa, a costa alentejana, o Algarve e a Região dos Açores. Nos edifícios mais antigos tem havido obras de reabilitação que podem ter agravado a sua resistência, devido à eliminação de paredes, abertura de roços para passagem de tubagem, etc., sem medidas de reforço. Mas se relativamente ao passado há incerteza,
importa conhecer a situação dos edifícios construídos nas últimas décadas com a aplicação dos regulamentos antissísmicos.
n e C essidade de formação espe C ífi C a Não é suficiente ter legislação adequada, se não se garantir a sua aplicação. Este é um tema incómodo, mas que não pode deixar de ser analisado. A elaboração de projetos de estruturas em zonas sísmicas, atendendo à especificidade e responsabilidade, deveria ser exclusiva de engenheiros civis especialistas em estruturas, pois existe essa especialização na Ordem dos Engenheiros, ou de engenheiros civis e engenheiros técnicos de civil que, após formação específica, fossem aprovados em exame.
Mas não é esta qualificação que está em vigor (Lei nº 40/2015), pois é suficiente ser engenheiro civil, ou engenheiro técnico civil, não especialistas em estruturas, e a garantia da execução da obra é do diretor de obra e por parte do dono de obra, do diretor de fiscalização, com a mesma qualificação. Curiosamente, para a certificação energética de edifícios foi exigido que os técnicos tivessem uma formação específica com prestação de provas para obterem o título de perito qualificado.
Também a defesa do património exige que as obras em edifícios classificados ou em vias de classificação, ou inseridos em zona especial ou automática, independente da classe da obra, tenham intervenção de engenheiros ou engenheiros técnicos especialistas.
Pode-se concluir que o legislador é mais exigente na qualificação profissional para
a eficiência energética e para intervenções na proximidade de património classificado ou em vias de classificação, do que na prevenção do risco sísmico. Acresce que a garantia de execução de projetos de estruturas em zonas de risco sísmico é ainda mais preocupante a partir da Reforma de Bolonha, porquanto a licenciatura passou a ser obtida ao fim de três anos, quando no anterior sistema de ensino era de cinco anos. Ora, não é possível em três anos dar a formação especializada para elaborar este tipo de projetos, mas isso não interessa nada a quem pretendeu massificar o ensino, desvalorizar o título de licenciado para melhorar a estatística e evitar que o Estado financiasse o 2.º ciclo.
A agravar este quadro, existem no mercado diversos programas de cálculo de estruturas que são utilizados sem se conhecer a sua qualidade e sem se questionar os resultados obtidos. Talvez por tudo isto, os projetos de estruturas são muito mal pagos, podendo oscilar entre 5 e 10€/m2 de construção, menos do que o mais barato pavimento flutuante, e representam entre 10 e 15% do custo total dos projetos, incluindo a arquitetura, apesar de ser o projeto de mais elevada responsabilidade. Neste contexto, podem continuar a produzir ótima legislação, mas enquanto os projetos de estruturas em zonas sísmicas não forem obrigatoriamente elaborados por engenheiros especialistas em estrutura, ou aprovados em ações de formação específica, com exame, não haverá garantia.
UM CAOS CHAMADO AIMA
AGÊNCIA PARA A INTEGRAÇÃO, MIGRAÇÕES E ASILO
por Isabel Meirelles
Advogada, Docente Universitária,
Ex-Deputada à Assembleia da República e ao Conselho da Europa
Após a extinção do SEF, apenas por razões políticas e para salvar o então ministro da Administração Interna, criou-se a AIMA, que se tem demonstrado completamente inadequada para regularizar a situação de milhares de imigrantes em Portugal.
Oespetáculo de filas de pessoas à porta da AIMA, que pretendem um atendimento, é lamentável, não só do ponto de vista operacional, mas sobretudo humano. O Governo anterior decidiu escancarar as portas às antigas colónias portuguesas, nomeadamente ao Brasil, que não é um país mas um continente, sendo que vieram aos milhares, dada inclusive a facilidade da língua e questões de segurança. Nem a Estrutura de Missão criada para recuperar os processos pendentes e para
agilizar a análise e a resolução dos casos tem dado resultados, porque a AIMA não tem recursos humanos e tecnológicos suficientes para lidar com tal volume de trabalho. Aliás, alguns processos são muito complexos e exigem tempo para serem analisados e resolvidos, especialmente aqueles que envolvem questões legais ou de segurança, e os procedimentos burocráticos e regulamentações atrasam o andamento dos processos. Igualmente ignóbil são as ARI, vulgus vistos gold , que, fruto de uma agenda de esquer-
da, foram rechaçadas, impedindo a recuperação que se vinha fazendo, nomeadamente de imóveis degradados, sobretudo nas grandes cidades, com a desculpa pífia de que inflacionavam o mercado da compra e do arrendamento.
Pior foi que houve investidores que enterraram milhões em Portugal e que, agora, por impossibilidade de renovarem as suas autorizações de residência não podem deslocar-se livremente ao nosso país, nem obter a nacionalidade.
Esta imagem de incumprimento dos compromissos assumidos é, a todos os títulos, lamentável, sobretudo porque mancha a reputação de Portugal.
A córdão histórico
Devido ao caos instalado, alguns interessados acabaram por recorrer aos tribunais para obter uma resolução mais rápida ou para contestar decisões desfavoráveis, os quais oferecem uma via alternativa para acelerar o processo ou garantir que os direitos dos imigrantes sejam respeitados.
O Supremo Tribunal Administrativo obrigou, num acórdão histórico, a saber, o Acórdão do STA n.º 11/2024, de 06-062024, no Processo n.º 741/23.4BELSB - 1.ª
Secção, a AIMA a decidir, em 90 dias, as autorizações de residência a imigrantes, caso contrário os dirigentes da Agência para a Integração, Migrações e Asilo sujeitavam-se a pagar as sanções pecuniárias aplicadas pelos tribunais.
O objetivo, segundo o acórdão assinado por 10 juízes do Supremo, é o de pôr cobro a situações de indignidade que têm sido criadas pela falta de capacidade da AIMA em responder aos pedidos.
Em causa estava um cidadão estrangeiro, natural do Bangladesh, que apresentou em maio de 2020 um pedido de autorização de
residência temporária e que nunca obteve resposta das autoridades, encontrando-se, por isso, em situação irregular em Portugal. Apresentou, assim, uma intimação, meio processual para proteção dos direitos, liberdades e garantias, à AIMA, para obter uma resposta urgente, com os tribunais a entenderem que este método não era o adequado, surgindo então este recurso para o STA, que lhe veio dar razão. “É inquestionável que o prazo de 90 dias de que a Administração dispunha para proferir decisão foi longamente ultrapassado e que no caso, esse silêncio, não vale como deferimento tácito”, pode ler-se na decisão, reforçando que a situação de clandestinidade deste cidadão se deve “à falta de decisão por parte da Administração relativamente ao pedido de atribuição de residência que apresentou logo que ingressou em território nacional”.
O STA rebateu os argumentos das decisões anteriores de que a urgência associada à intimação não se enquadrava, por já ter passado muito tempo desde o prazo legal, ao considerar este entendimento “demasiado redutor” por parte das instâncias anteriores.
F A ltA de meios
Esta decisão tem vindo a provocar uma corrida a esse tipo de mecanismo, dado
que as determinações dos juízes são para cumprir, sendo que o organismo poderá paralisar e os dirigentes não estarão para pagar sanções pecuniárias por situações que decorrem não sob a sua própria responsabilidade, mas pelo facto de a agência não ter meios para dar respostas às mesmas, colocando uma pressão sobre os trabalhadores e, sobretudo, dirigentes, num organismo recentemente criado, com as pendências e com a falta de recursos para as tratar.
Já no plano dos dirigentes que são nomeados para assumir estas funções, se se virem perante essa pressão, não quererão aceitar esta responsabilidade institucional e pessoal.
Para o ano de 2024, o orçamento anual da AIMA é de 81 milhões de euros, que inclui a contratação de 190 novos funcionários, além dos 740 já existentes, para melhorar a eficiência e a capacidade de atendimento da agência.
Soubemos, assim, que foi criada uma task force que, à semelhança da pandemia de Covid, entrou em funções de molde a eliminar as pendências e, sobretudo, para repor a credibilidade e o bom nome de Portugal.
Esperemos que resulte, para que o nosso país volte a ser um Estado de bem!
SISMOS: UMA AMEAÇA PERMANENTE
por Carlos Mineiro Aires
Engenheiro Civil,
Membro Conselheiro e Ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros
Recentemente, uma parte significativa do território continental nacional foi acordada por um evento sísmico com intensidade considerável e epicentro localizado a 87 km a oeste de Sines.
Em fevereiro de 2023, no rescaldo de um sismo de magnitude 7,8 que atingiu o sudeste da Turquia, já abordei este mesmo assunto no artigo de opinião que aqui assino habitualmente. Recentemente, uma parte significativa do território continental nacional foi acordada por um evento sísmico com intensidade considerável (5,3 na escala de Richter) e com o epicentro localizado a 87 km a oeste de Sines, a que se seguiram pelo menos seis réplicas.
Entretanto, sem qualquer relação científica com este evento, já ocorreram outros dois sismos: um a 4 de setembro, de magnitude 1,9 na escala de Richter e com o epicentro a 8 km de Benavente, e o outro no dia 5 de setembro, de magnitude 3,1 e com o epicentro a cerca de 30 km a sul de Sesimbra. Em todos os casos não se registaram danos patrimoniais ou pessoais, muito embora tenham gerado justificado receio de que algo mais grave possa acontecer.
O último sismo com magnitude de 7,9 na escala de Richter tinha ocorrido na madrugada de 28 de fevereiro de 1969, teve o seu epicentro a 200 km de Sagres e causou danos significativos, sobretudo no Algarve, e 13 vítimas.
Portugal, no seu conjunto continental e insular ocupa um território altamente exposto à ocorrência de sismos, já que, no contexto da tectónica de placas situa-se na placa euro-asiática, limitada a sul pela
falha Açores-Gibraltar que corresponde à fronteira entre as placas euro-asiática e africana e a oeste pela falha dorsal do oceano Atlântico, em constante movimento que tem originado os grandes sismos na região.
Foi o caso do terramoto e tsunami de 1755, cujo epicentro, sem unanimidade científica, terá sido a 100 km a oeste do cabo de São Vicente com uma magnitude de 8,7 a 9 da escala de Richter.
Entretanto houve lugar ao aprofundamento científico do conhecimento das causas e à monitorização dos eventos, cuja frequência e dimensão não auguram nada de bom.
R isco p R esente
Por isso, não querendo ser alarmista, outro grande sismo voltará a ocorrer um dia, como sucedeu há um ano na região de Marraquexe-Safim, também sentido em Portugal, com magnitude 6,8 e cuja origem residiu nas mesmas causas tectónicas, que originou uma devastadora destruição e causou mais de 2 mil mortos.
A diversos níveis, as reações políticas nacionais em relação ao evento de 26 de agosto foram coincidentes nas referências à excelente articulação entre os serviços envolvidos, que admito referirem-se apenas a aspetos de interligação comunicacional, porquanto nada houve a registar quanto a danos e necessidades de intervenção das autoridades competentes, sendo que, no caso de um sismo violento, o juízo poderia não ser o mesmo.
A par, também se registaram declarações e afirmações recorrentes que podem generalizar falsas sensações de segurança, ilusórias e perigosas, sobretudo porque não correspondem à realidade da situação do edificado nacional, e não apenas nas grandes cidades, onde a situação ainda é mais grave devido à densidade habitacional. Essa realidade é perfeitamente conhecida pelas nossas prestigiadas instituições públicas que lidam com esta temática, desde logo o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, os académicos das escolas de engenharia, os técnicos que se dedicam aos problemas geotécnicos e estruturais do edificado, a Sociedade Portuguesa de En -
genharia Sísmica, entre outras, e está muito longe do que parece quererem perpassar, pelo que seria prudente aproveitar o conhecimento e a capacidade nacional.
p a R que habitacional
Apesar da reabilitação urbana que vem sendo feita, o nosso parque habitacional está envelhecido e degradado, em grande parte sem condições de habitabilidade e, por isso, somos o terceiro pior país da Europa em termos de pobreza energética, estimando-se que existam cerca de 2 milhões de fogos a necessitar de recuperação, o que implica investimentos colossais, pelo que deveríamos começar a pensar em planear a sua recuperação nos aspetos da segurança.
Com exceção das intervenções imobiliárias profundas e com qualidade e, por isso, inacessíveis ao cidadão comum, são diminutos os casos de investimentos no reforço sísmico de estruturas.
Portugal é um país pioneiro e com conhecimento reconhecido, onde desde 1958 existe legislação para o cálculo sísmico de edifícios, que tem vindo a ser aperfeiçoada, mas só na década de 1980 e posteriormente em setembro de 2019,
com a introdução dos Eurocódigos Estruturais, ficou mais fiável, o que permite ter uma ideia da dimensão da capacidade resistente do edificado habitacional mais antigo e predominante. Por isso, não é verdade que o país esteja preparado para um evento de elevada magnitude, o que importa ser recordado.
Infelizmente o tema dos sismos só entra na agenda mediática e político-partidária quando ocorre um terramoto, embora devesse ser um tema presente, como passou a ser a escassez da água ou os atentados contra a sustentabilidade ambiental. Também parece perpassar a ilusão de que existirão condições para assegurarmos uma pronta e eficaz resposta, quando a probabilidade de colapso de infraestruturas fundamentais e meios de socorro, caso dos hospitais, abastecimento de água, pontes, energia, comunicações, transportes, etc., é elevada, sem falar das acessibilidades obstruídas com escombros e derrocadas.
Vivemos em zona de risco e temos um desafio de grande dimensão para o qual terá de existir uma resposta programada e adequada, que quanto mais for adiada mais pesará na consciência nacional.
AS FÉRIAS DE AGOSTO
por Fernando Negrão Jurista
Mais um mês de agosto ficou para trás. Mais umas férias que a maioria gozou aproveitando o calor que o sol nos deu, as brisas de fim de tarde, a descontração diária, o apetite dado pelo melhor peixe do mundo da nossa costa, a disponibilidade para brincar com os outros e em especial os mais pequenos, o tempo para longas conversas sobre coisas sérias e outras menos sérias.
Acerca de conversas de verão, os últimos agostos têm sido “ocupados” pelos políticos que resolveram não fazer a paragem de verão, enchendo-o com iniciativas várias que não só perturbam o sossego do mês, como nos diminuem o espaço de sossego do mês, como nos diminuem o espaço e a liberdade de nós próprios levarmos a cabo as nossas reflexões. Por isso, aqui fica um pedido aos nossos responsáveis políticos para eles próprios fazerem a pausa de verão e verificarão as vantagens a partir de setembro. Se assim fizerem, a lucidez aumentará, a disponibilidade para ouvir será maior e a energia para fazer alargar-se-á.
P ausa de agosto
É impossível que durante o ano todos nós não tenhamos cometido erros, e uma das razões da pausa de agosto é mesmo para ajuizar o que aconteceu de bom e de menos bom. Para refletir acerca daquilo que pode ser melhorado. Para decidir sobre as nossas ações e as mudanças que queremos levar a cabo. No fundo esse tempo é para todos o momento que devemos aproveitar para sermos melhores, no respeito, na interação e na relação com os outros. É o tempo de cultivar a tolerância, principalmente agora que o mundo atravessa uma guerra que é também religiosa e uma outra que é territorial. Ambas muito mortíferas e assentes na intolerância. Milhares de mortos, entre eles muitas crianças, sinal também de forte desumanidade, cujas responsabilidades cabem a todos os intervenientes por não estabelecerem limites, por não respeitarem a vida humana, por transformarem jovens em assassinos, por piorarem o mundo em que vivemos. É preciso que parem, em nome da decência, da tolerância e do respeito pelos Direitos Humanos. Rafael Negri Gimenes refere a este respeito: “ Propõe-se uma reflexão sociológica sobre a relação entre a guerra e o homem pela ótica de dois fatores que a impulsionam: a natureza humana e o medo; e por
um fator que é desencadeado pela guerra: a desilusão. Deverá discutir-se natureza humana e a sua influência na guerra – será que a guerra é algo inerente à natureza humana? –, o medo como fator motriz que está presente e desencadeia a guerra; a guerra como luta pela sobrevivência num ambiente hostil e cercado pelo medo; e por último, como a guerra gera desilusão e nos faz questionar o porquê de tanta destruição, principalmente no século XX onde presenciamos as maiores guerras levadas a cabo pela humanidade. ”
Outros grandes problemas que afetam as nossas sociedades é o caso das reformas. É uma bomba-relógio que ameaça deflagrar num futuro próximo. Sem reformas estruturais no sistema da Segurança Social, as gerações vindouras estão condenadas a prolongar a vida ativa muito para além do que previam no início da vida laboral.
Á rea da saúde
A saúde, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, cujas respostas estão à beira do precipício, que sofre uma sangria de quadros faltando cerca de 5 mil médicos especialistas e pelo menos 15 mil enfermeiros, já que muitos têm optado pela emigração e outros são aliciados em número crescente pelo setor privado. Quem se mantém no SNS queixa-se de fadiga extrema, baixas re-
munerações e exaustão emocional. Realço a debandada de capital humano. Portugal enfrenta uma fuga de capital humano na área da Saúde sem precedentes. Médicos e enfermeiros, sem contar com todos os outros profissionais com aptidões técnicas e conhecimentos na área, estão a emigrar em massa. Como consequência, há casos em que os tempos de espera por uma consulta são de três ou mesmo cinco anos. O mesmo aconteceu nas cirurgias. Do Tribunal de Contas aos médicos, passando pelos próprios dados dos Governos, o retrato do acesso aos cuidados de saúde em Portugal é manifestamente deficitário. Este e outros problemas, que sentimos todos os dias como quase alheios aos responsáveis políticos, exigem deles reflexão e ação. O mês de agosto é o tempo ideal para abrandar e pensar, resolvendo os problemas na Segurança Social, Saúde, Educação, Justiça, que tão carentes se encontram.
EFEITOS DO CALOR SOBRE A SAÚDE
por Luís Pisco Presidente do Conselho Diretivo da ARSLVT até agosto de 2023
Apenas em meados dos anos 70 do século passado, a comunidade científica internacional começou a colocar maior ênfase na compreensão da influência do ambiente (fenómenos de calor e de frio extremos) sobre a saúde e a doença.
As ondas de calor ocorrem frequentemente na Europa e, de alguma forma, são fenómenos que fazem parte do perfil climático da região sul da Europa. No entanto as ondas de calor que têm sido registadas nas últimas décadas têm características diferentes das registadas no século passado, sendo cada vez mais frequentes, mais prolongadas e mais intensas. Atingem, inclusive, regiões do território europeu que não era hábito. Muitos se lembrarão ainda de uma das ondas de calor mais intensas que ocorreu na Europa e que se verificou na primeira quin-
zena de agosto de 2003 e que afetou fortemente Portugal, com impacto relevante na mortalidade da população. Foi, sem dúvida, um período excecionalmente quente e muito prolongado, no qual se registaram vários novos extremos de temperatura do ar e que ainda hoje se mantêm.
Esta onda de calor, em 2003, foi uma das mais fortes e que mais consequências trouxe ao Hemisfério Norte. Ocorreu num dos mais quentes verões europeus, causou crises na saúde em vários países e consideráveis impactos na agricultura e o desencadear de
enormes incêndios florestais. Várias pessoas morreram por causa das altas temperaturas, que chegaram perto dos 50º Celsius em algumas regiões da Europa. O país mais atingido foi a França, mas também Itália, Grécia e Portugal, tiveram graves prejuízos devido ao calor extremo.
L ições a aprender Que lições se puderam aprender dessa onda de calor, excecionalmente longa e severa, que ocorreu na Europa em 2003? Primeiro, que estas ondas de calor podem
provocar um excesso de mortalidade considerável: mais de 50 mil óbitos na Europa em agosto de 2003. Provavelmente as consequências foram subestimadas em muitos países, pelo menos nas primeiras avaliações. Este excesso de mortalidade afetou grupos vulneráveis, sobretudo crianças, pessoas idosas, doentes e os mais pobres.
A identificação dos fatores de risco é prioritária, principalmente se se quiser que as indispensáveis ações de prevenção sejam implementadas em tempo oportuno.
A falta de preparação para enfrentar um calor extraordinário como esse, com uma mortalidade excessiva de mais de 35 mil pessoas em França, foi chocante, mas em Paris, de uma forma dramática e inédita, verificou-se a existência de mais de um milhar de idosos mortos, nesse agosto de 2003, a maioria isolados nos seus domicílios e onde se destacava a precariedade social e económica de parte da população idosa da capital. As avaliações realizadas sublinharam fortemente a importância de vínculos recíprocos entre as diferentes dimensões (saúde, social e contextual) para enfrentar este novo fenómeno de saúde.
A consequência política foi a saída do ministro da Saúde, Jean-François Mattei, que perderia o cargo em março de 2004.
f enómeno re Corrente
Os fenómenos de calor extremo têm-se tornado, nos últimos anos, um fenómeno cada vez mais recorrente, a nível global, seja na Índia, no Brasil, nos Estados Unidos ou em África, mas olhamos especialmente para os países do sul da Europa. As temperaturas elevadas que têm vindo a ser registadas em Itália, Espanha, Grécia e em Portugal têm resultado num aumento das taxas de mortalidade, especialmente entre as populações mais idosas e vulneráveis. Um estudo recente, coordenado por David García-León, do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, publicado pela revista Lancet Public Health , sugere que as mortes provocadas pelos fenómenos de calor extremo possam vir a triplicar um pouco por toda a Europa até ao final do século, caso as políticas climáticas estabelecidas atualmente se mantenham. Segundo a investigação, o número de óbitos asso -
ciados ao calor – que atualmente se situa nos 43 mil – pode subir para os 128 mil até 2100, tornando-se premente reforçar as políticas para limitar o aquecimento global e proteger as regiões e os membros das sociedades mais vulneráveis dos efeitos do aquecimento global.
C omo as a Ltas temperaturas afetam a saúde
As evidências da última década mostram uma boa consciência geral do problema, mas associada a uma perceção de baixo risco do calor pelo público, grupos vulneráveis e mesmo de alguns profissionais de saúde.
A Organização Meteorológica Mundial emitiu um alerta de que as temperaturas devem continuar altas; a previsão é que o próximo ano será ainda mais quente. Enfrentar calor sufocante tem-se tornado uma realidade, com as constantes ondas de calor um pouco por todo o mundo, e a tendência é piorar ainda mais, já que o aumento da temperatura ocorre em decorrência das mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global. Esta situação acaba por se tornar prejudicial não apenas ao meio ambiente, mas tam -
bém aos seres humanos e até aos animais. Estar exposto ao calor extremo associado ao tempo seco sem cuidados básicos pode causar alterações no organismo que trazem riscos à saúde, especialmente para crianças, idosos e pessoas com a saúde mais fragilizada.
C omo proteger - se do C a Lor ?
É fundamental as pessoas protegerem-se do calor e manterem-se hidratadas em dias de temperaturas muito altas. Entre algumas das principais recomendações estão:
• Beber bastante água e não a substituir por bebidas alcoólicas;
• Fazer refeições leves e frias mais vezes ao dia;
• Manter a casa fresca, com janelas abertas;
• Tomar banhos mais frios;
• Preferir ambientes arejados e evitar aglomerações;
• Proteger-se do sol com chapéu, óculos escuros, roupas leves e protetor solar;
• Usar soro fisiológico nos olhos e narinas;
• Não fazer exercícios físicos em horários com maior incidência de raios UV, entre as 11h e as 17h.
São recomendações muito simples, mas que podem fazer a diferença.
SAÚDE DIGITAL OPORTUNIDADES E DESAFIOS
por
Ricardo Jardim Gonçalves
Professor Catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa / UNINOVA
No relatório “Health at a Glance 2023”, a OCDE destaca a Saúde Digital como um fator crucial para o futuro da saúde. Nos últimos anos, a saúde digital evoluiu de uma simples tendência para se tornar uma revolução inevitável no setor.
Tecnologias emergentes como a Inteligência Artificial (IA), a Internet das Coisas (IoT) e o Big Data estão a transformar a prestação de cuidados de saúde, permitindo uma abordagem mais personalizada, eficiente e acessível. Esta transformação está a criar novas oportunidades na vanguarda de um dos mercados mais promissores do século XXI.
A saúde digital consiste no uso de tecnologias digitais para promover o bem-estar, melhorar a saúde das pessoas e tornar os
sistemas de saúde mais eficientes. Com a digitalização na área da saúde, é possível recolher, analisar e partilhar dados importantes em tempo real, o que permite diagnósticos mais rápidos e precisos, tratamentos personalizados e a prevenção de doenças. Isto considera uma vasta gama de ferramentas e práticas, como os registos eletrónicos de saúde (EHR), a telemedicina e o uso de dispositivos portáteis para recolha e monitorização de dados, como wearables , que podem ser usados
no corpo ou integrados na roupa. Além disso, abrange plataformas de monitorização remota. Estas tecnologias facilitam o acesso aos cuidados de saúde, melhoram o acompanhamento dos pacientes e aumentam a eficiência na gestão dos sistemas de saúde.
Um dos principais benefícios da saúde digital é a capacidade de recolher e analisar grandes quantidades de dados de saúde. Dispositivos como smartwatches monitorizam constantemente métricas como a frequência cardíaca, padrões de sono e atividade física, oferecendo uma visão detalhada do estado de saúde de cada pessoa. A inteligência artificial está a ser cada vez mais usada para interpretar estes grandes volumes de dados. Esta tecnologia ajuda a interpretar dados e imagens complexas, prever crises de saúde, sugerir intervenções personalizadas para os pacientes e descobrir novos tratamentos.
e spaç O e ur O peu de d ad O s de s aúde
A União Europeia está a desenvolver legislação para o Espaço Europeu de Dados de Saúde, com o objetivo de melhorar o acesso dos cidadãos aos seus dados de saúde e aumentar o controlo sobre esses dados, uma questão também relevante em Portugal. A transformação digital na saúde, impulsionada pela telemedicina, dispositivos tecnológicos que se podem usar como acessórios ou que podemos vestir ( wearables ), e pela Internet das Coisas (IoT), promete melhorar os resultados clínicos e criar novas oportunidades.
As principais oportunidades incluem o crescimento da telemedicina, que proporciona conveniência e redução de custos, e os avanços tecnológicos em dispositivos wearables e na Internet das Coisas (IoT), que permitem uma monitorização contínua da saúde e impulsionam a inovação em inteligência artificial para diagnósticos personalizados. O Big Data transforma grandes volumes de dados em informações valiosas, melhorando a gestão dos recursos de saúde. Ao mesmo tempo, a cibersegurança torna-se essencial para proteger dados sensíveis, abrindo novas oportunidades para empresas especializadas em segurança digital.
As novas capacidades da saúde digital estão a impulsionar pesquisas mais avançadas e a descoberta de novos tratamentos. No entanto, para que a saúde digital atinja todo o seu potencial e crie novas oportunidades de negócio, é necessário superar desafios como a limitada interoperabilidade entre sistemas, os riscos de ciberataques e a proteção da privacidade dos dados. Além disso, a literacia digital é fundamental para capacitar tanto os profissionais de saúde como os pacientes a usarem estas tecnologias de forma eficaz, assegurando que a saúde digital seja plenamente aproveitada.
A saúde digital está apenas a começar a explorar todo o seu potencial, com a expectativa de que a tecnologia torne os cuidados de saúde cada vez mais personalizados, preventivos e baseados em dados registados e em tempo real. Para aproveitarem o crescimento deste mercado, gestores e investidores devem posicionar-se estrategicamente.
O futur O da saúde digital
A interoperabilidade, a cibersegurança e a utilização da Inteligência Artificial são questões centrais, exigindo uma interdisciplinaridade de competências em saúde e tecnologia. No entanto, a sua implementação eficaz depende de políticas adequadas e de interfaces personalizadas. A colaboração entre governos, empresas, instituições
de saúde e investidores será essencial para o futuro da saúde digital e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Portugal possui competências técnicas e científicas para atender a essas necessidades, destacando-se internacionalmente e liderando projetos de referência de grande escala na Europa, como o SMART4Health (www.smart4health.eu) e o ICU4Covid (www.icu4covid.eu). Além disso, criou a Iniciativa Madeira Digital Health and Wellbeing (https://www.digit-madeira. pt/), reconhecida pela Comissão Europeia na convergência de vários projetos piloto europeus sobre o uso da tecnologia digital em saúde e bem-estar. Também se destaca pelo mestrado em Competências Digitais na Saúde, em criação na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa em colaboração com outras importantes universidades europeias (https:// www. digitalskills4health.eu/).
A saúde digital é uma revolução em andamento, com o potencial de mudar completamente a forma como entendemos e gerimos o nosso bem-estar e a nossa saúde. O futuro da saúde digital é promissor, e quem se posicionar desde já estará na liderança de uma transformação que não só promoverá o crescimento económico e melhorará a saúde de todos, mas também terá um impacto duradouro em toda a sociedade.
O LUXO INFORMAL NUM
A CELEBRITY CRUISES DÁ-LHE AS BOAS VINDAS PARA UMAS FÉRIAS MARAVILHOSAS EM QUALQUER DESTINO DO MUNDO!
FIORDES NORUEGUESES
ÁSIA
EUROPA
ADRIÁTICO E GRÉCIA
ISLÂNDIA
“ O LIVRO TRAZ A VANTAGEM DE A GENTE
DEIXAR ÁFRICA
Alexandra Marques D. Quixote
Um livro sobre uma das páginas mais negras do Portugal contemporâneo – o processo de descolonização de Angola e de Moçambique. Um relato que vem, por fim, contar a verdade chocante sobre o que aconteceu aos portugueses das ex-colónias.
Se deixar África foi um trauma para os portugueses radicados em Angola e Moçambique, que razões o ditaram? O que aconteceu nessas duas maiores colónias portuguesas que impulsionou a sua saída? Que promessas fizeram os decisores militares e políticos do pós- 25 de Abril e quais ficaram por cumprir? Que diplomas de expropriação e cerceamento de direitos vigentes foram criados?
Que retrato socioeconómico de Angola traçou o então ministro da Economia, Vasco Vieira de Almeida?
O PEQUENO NAVIO
Antonio Tabucchi
Dom Quixote
“Publicadas originalmente no semanário Sol, estas crónicas vestidas de carta têm o dom da simplicidade. Quer dizer que também têm o dom da sabedoria. Sem mascararem os temas de uma complexa parafernália que tantas vezes serve para esconder a essência das coisas, Alice Vieira e Nélson Mateus espantam-se em conjunto, insurgem-se em conjunto, maravilham-se acompanhados. E sempre, entre um e outro, encontramos contrapontos, volte-faces e opiniões completadas ou contrariadas, o que faz desta leitura um dueto. As duas vozes dissonam em harmonia.” Afonso Reis Cabral “Neste livro, os autores divulgam crónicas sobre alguns bons exemplos. Exemplos que importa recordar e homenagear. A cultura da gratidão é, afinal, um sinal de maturidade e superioridade. Só somos grandes se soubermos ser gratos.” Luís Marques Mendes
O Pequeno Navio foi publicado em 1978, três anos após Praça de Itália. Segundo a definição de La Gazzetta del Mezzogiorno, é um livro “doce, profundo, silencioso, feito de ecos, de memória, de nostalgia”. É sem dúvida tudo isso, mas tem também, e em contraste, um lado áspero e violento, porque denuncia injustiças, cobardias, prepotências; outro divertido, porque transpira humor malicioso e irónico; e ainda outro instrutivo, fazendo-nos viajar pela história da Itália ao longo do século XX; mas é, sobretudo, um livro arrebatador, pela imaginação desenfreada que nos surpreende, nos faz sorrir e nos comove.
Descobriremos factos surpreendentes, anacronismos e até alucinações; mas, como diz Fernando Pessoa, “tudo é símbolo e analogia”, e o leitor diverte-se a decifrar a realidade através dos dados da fantasia.
VIAGEM ÀS MEMÓRIAS DE PORTUGAL
Alice Vieira e Nélson Mateus Editorial Caminho
PODER ESTAR SÓ E AO MESMO TEMPO ACOMPANHADO ”
Mario Quintana (Poeta e tradutor brasileiro)
DOMINAR O DESTINO
Alyson Noël
Porto Editora
Assim que atravessei as portas da Academia Gray Wolf, o meu mundo desfez-se em mil pedaços. Aqui, o tempo é maleável. Pode ser manipulado e deslocado. Alterado. E para aqueles de nós que tropeçam através do tempo, as possibilidades são infinitas e perigosas.
Agora a minha vida parece estar presa aos segredos de todos à minha volta. Arthur, o bilionário excêntrico que controla o colégio. Killian, que pode ser a única pessoa honesta aqui... ou o maior mentiroso. E Braxton, magnético, lindo e insondável.
Quer estejamos a viajar pela Itália renascentista ou a roubar bolsos num baile na Inglaterra da Regência, a minha vida tornou-se uma teia de mentiras e estranhas verdades. Mas Arthur tem uma agenda perigosamente ambiciosa.
O DIREITO DO DESPORTO NO OLIMPO
Alexandre Miguel Mestre
AAFDL Editora
Na Antiguidade Clássica os Gregos não construíram uma Ciência do Direito, não fizeram uma elaboração sistemática dos conceitos jurídicos, não deram prioridade à codificação das normas. Na nossa ótica, e na esteira da caracterização operada pelo jurista italiano Giannini, ali mesmo, a partir de 776 a.C., se começou a desenhar um ordenamento jurídico desportivo, com inúmeros traços que perduram na atualidade. Existia um corpo normativo de normas, hierarquizado, com especial relevo para as regras de elegibilidade. Na pluralidade de sujeitos destacavam-se os atletas e os treinadores, alguns deles verdadeiros profissionais. São tempos ainda do famoso Tratado da Trégua Olímpica, do berço do Protocolo desportivo, enfim… do nascer daquilo a que hoje chamamos de Direito do Desporto…
AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA
Amaro Naves Laia
Pedro de Almeida Fernandes
Texto Editores
Esta obra destina-se a todos os interessados na avaliação imobiliária, independentemente dos seus conhecimentos, e visa proporcionar a todos a aprendizagem dos principais conceitos e ferramentas que lhes permitirão estimar o valor de um determinado ativo imobiliário, quer seja o valor de mercado, quer seja outro tipo de valor, como, por exemplo, o valor para o investidor. Além do desenvolvimento teórico, este livro inclui diversos exemplos de aplicação prática de cada um dos métodos de avaliação imobiliária, podendo constituir-se como uma base de estudo para todos os alunos e professores dos cursos de avaliação imobiliária. Nele são também abordados os diversos aspetos essenciais à avaliação imobiliária, pelo que este livro vem esclarecer algumas dúvidas sobre a taxa de atualização (custo de oportunidade do capital), matéria sempre difícil que aqui tratamos de forma aprofundada.
BAILE DO COPA EM SOLO LUSITANO
O CUÁ CUÁ Club, na Quinta do Lago, foi o local perfeito para receber o luxo do Copacabana Palace.
OCopacabana Palace há muito que é considerado o “bilhete dourado” de todas as festividades carnavalescas. O primeiro Baile do Copa aconteceu em 1924, um ano após a grande inauguração. Desde então, foi sempre marcado por temas empolgantes, rainhas opulentas e entretenimento inovador que atraiu personalidades como Veruschka, Orson Welles, Christian Louboutin, Brigitte Bardot, Roger Moore, Pierce Brosnan, Madonna e muitos outros. Agora, pela primeira vez, este espetáculo transcende o Atlântico, trazendo para Portugal uma noite de alegria e excessos gloriosos, bem como figuras incontornáveis do panorama social português e internacional. Em finais de julho, o CUÁ CUÁ Club, localizado na Quinta do Lago, foi o cenário de um evento de proporções épicas, um verdadeiro marco de sofisticação e ele-
gância: o primeiro Baile do Copa em solo lusitano, em associação com o Belmond Copacabana Palace e o Champagne Perrier Jouët.
Inspirado no icónico baile que, há quase um século, ilumina os salões do lendário Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, o Baile do Copa trouxe consigo todo o esplendor e grandiosidade que o tornaram célebre.
A animação esteve a cargo de quatro artistas verdadeiramente únicas: as DJ Ana John, Carol Emmerick e Lara Gerin, e a cantora portuguesa Madalena Botelho. Uma noite memorável repleta de música, dança e alta gastronomia.
Ulisses Marreiros é, desde janeiro de 2024, o responsável pelas operações da Belmond no Brasil, cargo que acumula com as funções de diretor-geral do icónico Copacabana Palace, que exerce desde janeiro de 2021.
UM ÍCONE TODO O TERRENO
Num momento em que os veículos de todo-o-terreno mais puros e duros estão em vias de extinção, totalmente “aniquilados” por uma multidão de SUV que, na sua maioria, se destaca pela sua compatibilidade com uma era eletrificada, a chegada ao mercado nacional de um nome tão histórico como o Ford Bronco, é um daqueles momentos que dá origem a uma pequena pausa enquanto estamos a fazer scroll no telemóvel.
Ovisual robusto, com para-choques sobredimensionados e alargamentos de carroçaria a condizer, em conjunto com um tejadilho e portas amovíveis, mas também com a roda de reserva no exterior da carroçaria, mostram que este é mesmo um dos puros e duros. A secção dianteira é marcada pela presença dos grupos óticos, unidos por uma barra horizontal onde marcam presença as letras com o nome deste modelo. Além disso, com 1,85 metros de altura, a sua
presença faz-se notar, já para não falar nos quase 2 metros de largura e nos mais de 4,8 metros de comprimento. A grande virtude no Ford Bronco, no entanto, não está no seu tamanho e visual, mas sim no seu motor.
M otorização
O motor de 2,7 litros, biturbo, com seis cilindros em V é mais um discípulo da família EcoBoost, oferecendo 335 cv de potência sem qualquer ajuda eletrificada.
O binário máximo supera os 560 Nm e com a ajuda de uma caixa de velocidades automática com 10 relações, as 2,3 toneladas do Ford Bronco conseguem ser levadas dos 0 aos 100 km/h em menos de sete segundos. Mas claro que nem sequer vamos tocar no assunto das médias de consumo que, previsivelmente, se mantiveram sempre com dois algarismos do lado esquerdo da vírgula.
Nos momentos de condução mais dinâmicos, é necessário ter em conta que o mais
moderno dos Ford Bronco segue a mesma receita dos modelos de todo-o-terreno mais históricos, não faltando um chassis de longarinas ou uma suspensão com um eixo rígido nas rodas traseiras. Além disso, a unidade ensaiada contava com a presença de pneus mistos, o que também não ajuda caso queiramos efetuar uma condução mais precisa em asfalto. Em contrapartida, assim que saímos para um conjunto de estradas em terra, a “atitude” do Ford Bronco muda radicalmente.
Entre os assentos, marca presença o comando rotativo com os modos de condução G.O.A.T. (Goes Over Any Type of Terrain) e da transmissão. Escolhemos a
tração integral permanente e o modo de condução destinado a pisos escorregadios, aproveitando o facto de não haver ninguém por perto nestas estradas. É precisamente assim que o motor V6 parece ter ainda mais potência e, especialmente, mais binário, sempre com os pulmões cheios e prontos para tudo o que os próximos metros de estrada possam trazer. Mesmo que não haja estrada. Se ativarmos as redutoras e selecionarmos o modo de condução específico para os trilhos mais complicados, ficamos com a ideia de que o Ford Bronco dificilmente será impedido de passar por onde quiser, mesmo que em alguns momentos tente desafiar as leis da física.
E spaço no habitáculo
Do lado do mundo mais convencional, este “SUV” puro e duro ainda oferece um habitáculo com um espaço razoável, bem como uma bagageira para diversas “tralhas”. Nem sequer falta uma plataforma metálica que se pode utilizar como um assento. As viagens mais longas não vão ficar isentas de ruído, muito por culpa das janelas sem moldura e do conjunto de peças de tejadilho e portas amovíveis. No entanto, nesta versão mais recheada em termos de equipamento, não falta um sistema de som da B&O com o qual poderemos desafiar qualquer tipo de ruído. E, já agora, é também através do monitor central com ecrã tátil que temos acesso ao sistema de navegação e a um conjunto de informações adaptadas a um modelo com as características deste Ford Bronco, como um inclinómetro ou um giroscópio.
Em Portugal, a única coisa que destoa neste Ford Bronco é mesmo o preço a que tem de ser proposto no mercado nacional, altamente influenciado por uma fiscalidade que sonha em colocar todos estes modelos em frente a um pelotão de fuzilamento.
ALL DAY ALL YEAR
O Escudo Global
Um sistema de defesa sofisticado e completo - incluindo uma proteção UV encapsulada - que ativa a autodefesa* da pele e combate as principais agressões ambientais. A pele fica protegida todo o dia* contra o envelhecimento precoce.
MAFALDA PERDIGÃO
Quem é Mafalda Perdigão? Nascida em Viseu, a 23 de outubro de 1991, desde muito cedo desenvolveu uma paixão por dois mundos: os cavalos e o vinho. Foi no vinho que se decidiu focar, aprofundando o seu conhecimento sobre essa arte fascinante.
Mafalda Perdigão iniciou o seu percurso em 2013, ao estudar Viticultura e Enologia na Escola Superior Agrária de Santarém, e depois concluiu a licenciatura em Enologia e Viticultura na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) em 2016. Embora a sua formação académica tenha sido fundamental, foi com o seu pai, nas vinhas da sua família, que a sua verdadeira paixão e conhecimento pelo vinho se desenvolveram. O acompanhamento das vinhas e a partilha da sua sabedoria foram essenciais para Mafalda Perdigão se moldar como enóloga. Hoje, continua a explorar e a desafiar-se no mundo dos vinhos, sempre com o Dão no coração, uma região que sente como parte de si.
P aixão aliada ao legado
A escolha de se dedicar à enologia foi, sem dúvida, uma paixão natural que floresceu com o tempo. Desde criança, que se envolveu na produção de vinhos com o seu pai, e a experiência de caminhar pelas vinhas, provar as uvas e participar na vindima foi aumentando e confirmando o seu amor por esse mundo. Apesar de existir um legado familiar forte, nunca sentiu pressão para seguir esse caminho. A sua escolha foi impulsionada pela curiosidade, pelo amor pela agricultura e pela vontade de continuar a tradição familiar, mas de uma forma autêntica e pessoal.
Questionámos a enóloga sobre a importância e contributo dos saberes e tradições que lhe foram transmitidos através do seu envolvimento na Quinta do Perdigão. Reconhece a mais-valia quando aliada à sua formação académica, confirmando que sem dúvida a Quinta do Perdigão, sendo um projeto familiar, desempenhou um
papel crucial na sua iniciação ao mundo do vinho. Desde muito pequena, o seu pai transmitiu-lhe entusiasmo e paixão pelo vinho, algo que a fascinou e despertou a sua curiosidade. O que aprendeu na universidade e a experiência que adquiriu ao trabalhar com outros enólogos trouxeram-lhe uma compreensão mais profunda do que é produzir vinho através da sensibilidade, a par do conhecimento, e assim atingir equilíbrio. Esta conjugação é, para si, fundamental na criação de vinhos com identidade e autenticidade.
e noteller é tudo sobre vinho ! O projeto Enoteller nasceu da sua vontade de partilhar o conhecimento e a paixão pelo vinho de uma forma acessível e envolvente. A ideia de que “é tudo sobre vinho” reflete o propósito de criar um espaço onde o vinho pode ser apreciado, discutido e entendido de uma forma “descomplicada”. Conta-nos que sempre sentiu que o vinho tem o poder de conectar pessoas e contar histórias, desse modo, quis explorar essa dimensão através deste projeto. Percebendo que, para além de produzir vinho, tinha o desejo de comunicar e educar, de forma a abrir as
portas do fascinante mundo do vinho e incentivar as pessoas a explorarem, descobrirem e apaixonarem-se por esta arte que lhes cria felicidade.
d ão no coração
Sendo Portugal um país com uma particularidade incrível de reunir tantas regiões vinícolas de características tão diferentes, é visível no trabalho desenvolvido pela enóloga que o Dão é sem dúvida sempre a primeira escolha. Perguntámos se essa escolha é emocional, devido à sua ligação à região, que também é a sua casa, ou se, de facto, é uma escolha que a move profissionalmente. Mafalda esclarece-nos, prontamente, que acaba por ser a fusão perfeita, pois o Dão é, sem dúvida, a sua casa, mas, mais do que isso, é uma região que a fascina enquanto enóloga. O terroir do Dão, com as suas condições únicas de solo e clima, permite criar vinhos de uma elegância e autenticidade incomparáveis. O seu trabalho na região não é apenas uma questão de proximidade geográfica, mas sim uma vontade genuína de contribuir para a dinamização da cultura vitivinícola do Dão. Através dos vinhos que produz e dos workshops
que realiza com o projeto Enoteller, procura valorizar o Dão e promover o seu enorme potencial, tanto a nível nacional como internacional.
É visível a paixão e dedicação da enóloga na contribuição e valorização do Dão, reconhecendo também a sua importância nessa jornada. Diz-nos que o reconhecimento da região do Dão tem sido um processo gradual, e acredita que cada enólogo que trabalha nesta região contribui para essa jornada. No seu caso, sente-se honrada por fazer parte desse movimento que visa mostrar ao mundo a qualidade e a singularidade dos vinhos do Dão. O seu contributo pas-
sa por preservar a autenticidade das castas autóctones e procurar inovar sem perder a essência do terroir. Acredita que, com cada garrafa que se produz e cada história que se partilha, estão a fortalecer o posicionamento da região e a garantir que os vinhos do Dão sejam apreciados e reconhecidos pela sua excelência.
Como nos diz a enóloga, cada garrafa que produzem, cada partilha que fazem, representa um pedaço da história que está a ser feita, não só pelo Dão mas sim no mundo do vinho. Pedimos-lhe que se tivesse que escolher os vinhos que a definissem como pessoa e enóloga, e ainda aqueles cuja produção foi mais desafiante, qual escolheria? Remata-nos que escolher um vinho nessas circunstâncias é algo difícil, pois acredita que cada vinho que produz reflete uma parte de si – da sua dedicação, das suas experiências e da sua paixão por este mundo. No que toca aos vinhos mais desafiantes, considera que todos, de certa forma, o são. Cada vinho que cria é como uma obra de arte, uma expressão única do terroir , das castas e da natureza. Tal como na arte, há sempre desafios – seja no campo, na adega ou nas decisões que tomamos ao longo do processo. Conclui
que o que torna este percurso fascinante é a busca constante por algo único e a vontade de expressar, em cada garrafa, algo que seja autêntico.
d esafios e ada P tações
A enologia e a viticultura estão em constante alteração e evolução, seja por questões políticas, económicas e naturais, situação que abordámos com a enóloga. Primeiramente a competitividade e também a facilidade que, neste momento no mercado da produção massiva e comercialização de vinhos, possa retirar qualidade ao produto. Mafalda esclarece-nos que o aumento da produção de vinhos em grande escala pode representar um desafio para quem procura manter a autenticidade e as características únicas de cada região. Num mercado tão competitivo, há o risco de a produção massiva acabar por homogeneizar os vinhos, retirando-lhes a autenticidade. No entanto, acredita que o consumidor está cada vez mais informado e interessado em vinhos autênticos, feitos com paixão e respeito pelo terroir . O desafio está em educar o público e manter um compromisso firme com a qualidade e autenticidade, para que
vinhos únicos continuem a ter o seu espaço e valor no mercado.
Em segundo, a questão de Portugal estar a ficar sem um ciclo de estações onde as alterações climáticas estão a impor uma nova realidade. De que forma tudo isto representa uma adaptação desafiante para os produtores e enólogos e quais as questões que considera cruciais para intervir? Confirma a enóloga que as alterações climáticas são uma das maiores preocupações para o futuro da vitivinicultura. O aumento das temperaturas, as secas prolongadas e os eventos climáticos extremos já estão a impactar a produção de vinho em várias regiões. Embora seja uma realidade preocupante, acredita que a enologia e a viticultura têm mostrado uma capacidade incrível de adaptação ao longo dos séculos. Enfrentar este desafio requer inovação, como a seleção de castas mais resilientes ao calor e práticas mais sustentáveis. Para terminar, pedimos à enóloga que palavras gostaria de deixar para serem recordadas, ao que respondeu: “Que nunca falte paixão no que fazemos, respeito por tudo o que aprendemos, e curiosidade para continuar a explorar o que ainda não sabemos.”
“O VINHO TEM O PODER DE TODA A VERDADE,
E spada Cinta
GrandE rEsErva BranCo
Douro | Vinho Branco | Espada Cinta Vinhos
Castas: Códega do Larinho
Enologia: Rui Madeira
PrEço: 16,50€
O Espada Cinta Grande Reserva Branco é um monovarietal da casta Códega do Larinho, com origem na seleção das melhores uvas em propriedades da família de maior altitude, plantadas em solos xistosos do Douro Superior. Fermentação e estágio parcial em barricas novas de carvalho francês.
aComPanha bEm: pratos de peixes gordos, bacalhau, mariscos, carnes brancas e queijos.
n o E l p E rdi G ão E spumant E
t ouri Ga n aC ional p é -F ran Co 2022
Dão | Vinho Espumante | Quinta do Perdigão
Castas: Touriga Nacional de Pé-Franco 100%
Enologia: Mafalda José Perdigão
PrEço: 14,70€
Noel Perdigão é um espumante cru rosé de uvas tintas de alta qualidade. Produção orgânica certificada. É uma sinfonia de mamão, grapefruit e maçã. Na boca é fresco, elegante e vivo.
aComPanha bEm: como aperitivo, petiscos frutos do mar, caril, sushi e sashimi
XaviEr santana
mosCatEl roXo dE sEtúBal Península de Setúbal | Moscatel | Xavier Santana
Castas: Moscatel Roxo
Enologia: André Santana
PrEço: 5,45€
Cor topázio escuro. Aroma rico e complexo com notas florais, passa de uva e noz. Quanto ao paladar, na boca mostra a intensidade e complexidade da casta, com um final de prova doce e muito prolongado.
a C om Panha b E m : sobremesas.
DE ENCHER A ALMA DE TODO O SABER E FILOSOFIA”
François Rabelais
Humanitas rEsErva syraH 2020
Alentejo | Vinho Tinto | Quinta das Virtudes
Castas: Syrah
Enologia: Pedro Baptista
PrEço: 29,90€
Este Humanitas é um vinho elaborado a partir de criteriosa seleção de uvas da casta Syrah. De cor granada, aroma intenso a frutos do bosque, especiarias e notas balsâmicas, apresenta-se muito fresco e complexo na boca, com taninos firmes e bem equilibrados, terminando longo com forte sensação de frescura.
aComPanha bEm: carnes assadas ou grelhadas e queijos curados.
Vinho proveniente de vinhas situadas em Almeirim. Apresenta cor rubi, aroma de grande intensidade, complexo, notas de fruto vermelho maduro e amoras, toque balsâmico da barrica. Na boca mostra-se equilibrado, muito elegante, boa acidez, final longo e agradável persistência.
aComPanha bEm: pratos tradicionais portugueses, como cabrito no forno, chanfana e feijoada e queijos amanteigados.
Cultus vinHas vElHas rEsErva 2019
Alentejo | Vinho tinto | TopWines - João Tique
Castas: Aragonês, Castelão, Grand Noir, Moreto,Trincadeira,Tinta Caiada,Touriga Franca, Rufete e Tinta Barroca, entre outras.
Enologia: João Tique
PrEço: 52,10€
Cor granada intenso. Aromas de grande complexidade, breves notas terciárias, uma madeira fina que em nada se sobrepõe às compotas de frutos vermelhos, harmonizando numa envolvente floral com apontamentos anisados. Na boca revela grande finesse, é equilibrado, estruturado, macio e com uma frescura mentolada, notas balsâmicas e um final muito longo.
aComPanha bEm: na perfeição, o tradicional cabrito assado no forno ou um prato de costeletão maturado.
O pequeno Opel Corsa é um dos modelos com mais história na marca do Blitz, que continua a marcar presença com o máximo de orgulho na atualizada secção dianteira deste modelo. Este Corsa recebeu a nova imagem da Opel, com o painel frontal dianteiro horizontal em negro, que termina nos faróis redesenhados e com novas luzes de condução diurna em LED. Na parte de trás, os farolins mantêm o desenho, mas contam com um visual mais rejuvenescido. E mesmo ao centro da porta traseira, que dá acesso ao porta-bagagens, as letras “Corsa” identificam este modelo que já soma mais de quatro décadas de evolução, com seis gerações no seu currículo. Neste caso, o motor 1.2 Turbo de três cilindros tem 100 cv de potência máxima e está acoplado a uma nova caixa de velocidades automática de dupla embraiagem e seis relações.
O grande trunfo do Honda Jazz está a bordo. Tanto nos lugares da frente como nos traseiros, o mais pequeno dos Honda mostra aos seus rivais o que significa, realmente, ter espaço disponível, seja em altura, largura ou em comprimento, mas também na capacidade da bagageira, com mais de 300 litros disponíveis na sua configuração mínima OPEL CORSA HYBRID FIAT 600E
HONDA JAZZ CROSSTAR
Mestre no que diz respeito à versatilidade e espaço disponível no habitáculo, o Honda Jazz continua a ser uma excelente forma de nos deslocarmos diariamente a bordo de um utilitário, tal como se estivéssemos num automóvel do segmento acima. E no caso da versão Crosstar, de visual mais aventureiro, até o conseguimos fazer “piscando o olho” ao mundo dos mais desejados SUV. É essa a grande diferença desta versão face ao resto da gama, distinguindo-se pela presença de para-choques específicos, de saias laterais e de proteções adicionais em torno dos guarda-lamas. Além disso, estão também presentes as barras longitudinais no tejadilho e umas jantes de liga leve a condizer com todos estes elementos, que são apenas estéticos.
Depois de diversas experiências com nomes e designações, a Fiat regressou às suas origens para batizar a nova gama de modelos 100% elétricos. O modelo mais pequeno é o Fiat 500 e o tamanho acima, com mais espaço, é o Fiat 600. Simples. Em termos de estilo, o novo modelo foi buscar diversas ideias à geração mais recente do seu irmão mais pequeno, detalhes que são visíveis nos faróis dianteiros, na arrumação da decoração da frente e em diversos pormenores com a designação do modelo e a bandeira italiana um pouco por toda a parte, por fora e por dentro. O motor, por exemplo, está instalado na frente e passa potência apenas para as rodas dianteiras, sendo alimentado por uma bateria com 54 kWh de capacidade, suficiente para conseguir uma autonomia máxima em torno dos 400 quilómetros. A potência chega aos 156 cv e o binário aos 260 Nm. A velocidade máxima está limitada a 150 km/h e a média de consumo fica ligeiramente acima dos 15 kWh a cada 100 quilómetros. Ao volante, o Fiat 600e oferece uma boa dose de simplicidade e empatia com a maioria dos comandos, ainda que os da caixa de velocidades, instalados na consola central, não sejam dos mais práticos.
FORD RANGER RAPTOR
A chegada da Ford Ranger Raptor à Europa surpreendeu diversas pessoas pela presença do motor V6 a gasolina com quase 300 cv de potência. Mas claro, com a carga fiscal que temos, uma pick-up como esta é quase proibida. Por causa disso, a Ford também tem disponível uma Raptor com motor diesel. Os números podem não ser tão exuberantes e a dinâmica tão elaborada, mas, ainda assim, o motor de 2 litros oferece mais de 200 cv e o trabalho da Ford Performance continua a notar-se facilmente. Com a preciosa ajuda de elementos como a suspensão desenvolvida pela FOX, por exemplo, a Ranger Raptor Diesel também não se nega a enfrentar caminhos menos próprios. Tudo com um elevado nível de conforto a bordo e um nível de equipamento muito completo.
BMW I5 M60 XDRIVE TOURING
Meses depois de termos conhecido o primeiro BMW i5 (100% elétrico), chega agora a vez da Touring fazer a sua estreia com a mesma configuração. O formato mais familiar de um dos modelos mais desejados da marca também dispensou o motor de combustão, mas não os préstimos do departamento “M”, para que tudo fique ainda mais interessante.
A nova BMW i5 Touring pode ter mais de 5 metros de comprimento e pesar mais de 2,3 toneladas, mas na versão M6 xDrive que tivemos oportunidade de conduzir, a tração é feita às quatro rodas e estão disponíveis mais de 600 cv de potência se optarmos pelo modo de condução mais desportivo. Desta forma, é possível “atirar” a família dos 0 aos 100 km/h em menos de quatro segundos. E tudo com o máximo de conforto a bordo.
2.2D 160 CV
Anos depois de ter chegado ao mercado e já com uma ligeira renovação estética pelo meio, que o deixou ainda mais apelativo, o Alfa Romeo Giulia continua a ser uma das berlinas com o visual mais elegante e com um desempenho dinâmico bastante cativante. Mesmo na versão Sprint, que representa o acesso à gama, notam-se os genes de uma marca com um enorme histórico na competição, graças a uma direção precisa e a uma suspensão com um excelente desempenho. Para quem percorre mais quilómetros, o motor Diesel de 2,2 litros com 160 cv e tração traseira já consegue oferecer um patamar de prestações muito razoável, mas também médias de consumo que ainda envergonham muitos motores a gasolina, em torno dos 5 litros para cada 100 quilómetros efetuados num percurso misto de cidade e estrada.
ALFA ROMEO GIULIA SPRINT
De todos os modelos da BYD, o Seal U é o SUV de cinco lugares mais indicado para satisfazer a maioria das exigências do maior número de famílias. A sua versão 100% elétrica, que já tivemos oportunidade de conduzir, apresenta um visual moderno e sofisticado, com um habitáculo a condizer. No centro da consola está um ecrã tátil rotativo de 12,8 polegadas e os assentos multifuncionais oferecem um nível de conforto elevado. Com a versão Comfort está incluída uma bateria capaz de garantir uma autonomia máxima entre os 420 e os 576 km, consoante o trajeto escolhido. O sistema de propulsão tem tração dianteira e um motor elétrico com 218 cv de potência. Para os mais céticos, há seis anos de garantia geral (ou 150.000 km), mas também oito anos (ou 200.000 km) de garantia para a bateria.
MERCEDES-BENZ EQB 250+
O Mercedes-Benz EQB é praticamente o mais pequeno da família de SUV 100% elétricos da marca alemã. No entanto, é bem capaz de ser o que apresenta a melhor configuração de acesso à gama, ideal para uma pequena família com mais necessidades de espaço. Em menos de 4,7 metros de comprimento, há cinco amplos lugares disponíveis e uma bagageira com uma volumetria de 495 litros. Na frente, o nível de conforto é elevado, e o ambiente a bordo, semelhante ao dos restantes modelos de entrada da Mercedes-Benz.
No caso da versão 250+ está incluído um único motor elétrico capaz de produzir 190 cv de potência e um binário de 385 Nm. É alimentado por uma bateria de 70,5 kWh, suficientes para anunciar uma autonomia máxima de 530 quilómetros, mas estes podem chegar perto dos 700 quilómetros se não sairmos da cidade.
MAZDA2 E-SKYACTIV G
115CV HOMURA
O mais pequeno de todos os Mazda já está a acusar o peso da idade. No entanto, com a recente atualização da gama, a marca japonesa provou que ainda é cedo para uma geração totalmente nova do Mazda2. O ligeiro ajuste cosmético conseguiu deixá-lo mais interessante e o peso em torno dos mil quilos ainda é um trunfo que confirma que os motores de combustão ainda têm muito para oferecer. Neste caso, e com uma pequena ajuda eletrificada de um sistema mild-hybrid , o motor 1.5 E-Skyactiv G oferece 115 cv de potência e mostrou que não precisa de muito mais do que 5 litros de gasolina para cada 100 quilómetros percorridos. Além disso, e tal como em todos os Mazda, quem vai ao volante percebe que a ligação entre o humano e a máquina (Jinba-Ittai) está mais do que garantida no Mazda2.
BYD SEAL U
EXTRAORDINÁRIA HERDADE COM MORADIA T5 E PISCINA – SANTIAGO DO CACÉM
Localizada no coração do Alentejo, a apenas 14 km de Porto Covo, esta esplêndida propriedade de 12 hectares oferece vistas deslumbrantes. No seu ponto mais alto, encontrará uma moradia de arquitetura regional, com 4 quartos, incluindo 2 suítes, um espaçoso hall de entrada, casa de banho social, sala de estar, área de jantar, cozinha totalmente equipada, com despensa e acesso direto ao exterior, onde se encontra uma piscina incrível.
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PVP: 1.200.000,00€
BERKSHIRE HATHAWAY HOMESERVICES ATLANTIC PORTUGAL
IMPRESSIONANTE HERDADE COM 10 HECTARES – PALMELA
Esta é uma propriedade rural completa, que lhe oferece tanto a oportunidade de desfrutar da natureza como a possibilidade de participar em atividades de lazer. O terreno envolvente com vinhas e árvores de fruto são características notáveis. Dispõe de uma maravilhosa adega e de uma piscina que é uma excelente opção para se refrescar nos meses quentes, enquanto no inverno, fechada, convida a relaxar e desfrutar de momentos de lazer com a família e amigos. Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência EXP_311
PVP: 12.000.000,00€
BERKSHIRE HATHAWAY HOMESERVICES ATLANTIC PORTUGAL
INCRÍVEL MORADIA T8 EM ZONA DE EXCELÊNCIA – LISBOA
Esta maravilhosa moradia convertida em 4 apartamentos está situada numa zona nobre da cidade, sendo a opção perfeita para quem procura uma propriedade luxuosa no coração da capital portuguesa. Com uma área útil de 884 m2, está distribuída da seguinte forma: um T1, um T2, um T3, um T2 com terraço e uma cave com estacionamento para vários carros.
Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência CAS_321
PVP: 2.450.000,00€
BERKSHIRE HATHAWAY HOMESERVICES ATLANTIC PORTUGAL
LUXUOSA MORADIA T4
COM VISTA MAR – ERICEIRA
Esta espetacular moradia de luxo perto da pitoresca vila da Ericeira oferece uma experiência de vida verdadeiramente exclusiva, combinando o requinte do design contemporâneo com vista para o oceano Atlântico. Com uma localização privilegiada, esta propriedade é um refúgio de tranquilidade e sofisticação, perfeito para quem procura o equilíbrio entre o conforto moderno e a natureza deslumbrante. Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência CAS_294A
PVP: 2.500.000,00€
BERKSHIRE HATHAWAY
MARAVILHOSO APARTAMENTO DUPLEX T4 – CASCAIS
Este apartamento duplex oferece uma combinação perfeita de áreas generosas, design elegante e conforto contemporâneo. Com um total de 4 suítes, é ideal para famílias que valorizam privacidade e comodidade. Os quartos são amplos e as casas de banho elegantes e bem equipadas, com acabamentos e comodidades de luxo. O pé-direito duplo na sala e as janelas que conferem a entrada de muita luz natural são características distintivas desta habitação.
Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência CAS_274
PVP: 5.200.000,00€
BERKSHIRE HATHAWAY HOMESERVICES ATLANTIC PORTUGAL
APARTAMENTO T4 COM GARAGEM E VISTA MAR – ESTORIL
Numa localização privilegiada, esta residência espaçosa oferece uma combinação perfeita de elegância e conveniência. A planta de conceito aberto permite a circulação sem esforço entre as áreas de estar, refeições e cozinha, criando uma sensação de conectividade e funcionalidade. No exterior, pode desfrutar do terraço privado, um verdadeiro oásis de tranquilidade.
Para saber mais, aceda a bhhs-atlanticportugal.com e use a referência CAS_283
PVP: 2.300.000,00€
BERKSHIRE HATHAWAY HOMESERVICES ATLANTIC PORTUGAL
CHECK-IN | Conrad Maldives Rangali Island
SANTUÁRIO DE ENCANTO NATURAL!
CONRAD MALDIVES
RANGALI ISLAND
Diretor Lyle Lewis Rangali Island, 20077 Maldivas Tel. 00960 668 0629
Email info@conradmaldivesrangali.com
Website http://conradhotels3.hilton. com
Localizado em duas ilhas ligadas por uma ponte, o luxuoso Conrad Maldives Rangali Island oferece villas privativas e espaçosas, onde imperam o luxo e a sofisticação. Esta unidade hoteleira de topo dispõe ainda de um restaurante submarino, que proporciona uma experiência única.
As Maldivas são um paraíso isolado do mundo, perdido na imensidão do oceano Índico, que conserva, até aos dias de hoje, a sua beleza em estado natural. São 1190 ilhas exuberantes, com praias imensas de areia branca, com um mar de águas límpidas e cristalinas e paisagens idílicas, de cortar a respiração. Marco Polo descreveu-as como “A Flor das Índias” e o nome Maldivas provém de uma palavra em sânscrito que significa “grinalda”.
Há quem lhe chame “o paraíso na Terra”, por ser um dos poucos lugares que ainda conserva o seu estado natural. As várias ilhas, divididas em 26 atóis, com exuberantes palmeiras, praias reluzentes, lagoas azul-turquesa e recifes de coral repletos de peixes de imensas cores fazem das Maldivas um paraíso tropical e luxuoso único no mundo. Gozando de um clima tropical, a temperatura é quente e a água é morna ao longo de todo o ano. A capital, Malé, abriga cerca de 80 mil moradores e é aqui que os turistas se concentram nos poucos momentos em que abdicam das regalias das unidades hoteleiras de cinco estrelas existentes. Visitam mesquitas, casas de chá, lojas onde se vende artesanato local e objetos importados. Contudo, os recursos naturais são, sem dúvida, a grande atração local. Conrad Maldives Rangali Island
É neste local mágico, com um mar imponente e estonteante, que se encontra o Conrad Maldives Rangali Island.
L oca L ização soberba
Rodeado por recifes de corais e por uma lagoa, este resort que ocupa duas ilhas privadas apresenta acomodações luxuosas. As villas do Conrad Rangali Island apresentam uma decoração elegante, que combina elementos da natureza com objetos contemporâneos. As acomodações, que se dividem em Beach Villas – com vista para o oceano – e Water Villas, apresentam terraços privados e quartos grandes, onde a privacidade é o elemento em destaque.
Tendo apenas o horizonte e o sol como companheiros, permanecer nesta unidade representa uma verdadeira fuga à rotina e ao quotidiano. Em alguns quartos os hóspedes podem optar por direcionar o olhar, com um simples toque num comando, ora para um moderno sistema de home theater, ora para a paisagem exterior. Para além das villas , o resort apresenta a Muraka, uma residência de luxo que dispõe de um quarto principal submerso nas águas do oceano.
G astronomia de topo
O resort impressiona também pela sua oferta gastronómica sofisticada e diversificada. Com mais de 800 opções de vinhos, guardados 2 metros abaixo do nível do mar e com uma temperatura ideal, cada garrafa da adega é selecionada por um mestre em vinhos.
Os diferentes restaurantes disponíveis na unidade fazem as delícias dos hóspedes. O Vilu Restaurant oferece propostas que trazem à mesa a fusão dos sabores europeus e asiáticos. Já no Koko Grill os hóspedes podem degustar as delícias da cozinha japonesa. Existe ainda o Mandhoo Spa Restaurant, que oferece pratos elaborados com alimentos orgânicos, frescos. Contudo, será, muito provavelmente, um jantar no Ithaa Undersea Restaurante que fará toda a diferença. Aqui, o que mais impressiona não é o que está no prato, mas sim todo o ambiente. A refeição é servida a 5 metros de profundidade, no meio do oceano. A sensação é a de que se está dentro de um aquário, com visão de 360º, sendo que apenas os vidros nos separam do mundo subaquático. Esta é uma experiência única que, certamente, não vai querer perder.
F u Ga exótica
O Conrad Maldives Rangali Island é perfeito para uma fuga ao quotidiano e ao stress diário. E para responder às necessidades de todos os hóspedes a unidade oferece dois luxuosos spas e um centro de fitness , todos localizados num cenário idílico, à beira-mar.
O Spa Retreat, na ilha principal, está fixado em palafitas e situa-se sobre o oceano. O espaço oferece uma experiência de spa holística, que combina terapias e gastronomia, redefinindo um novo estilo de vida.
O Over Water Spa revela-se o expoente máximo do luxo. Com salas de tratamento, com pisos em vidro, que se localizam por cima de um recife de coral na lagoa do resort , este espaço apresenta uma série de rituais de tratamento de luxo pensados para casais e que recorrem a óleos
preciosos, cores e cristais, para criar um clima de sedução e misticismo. Está também disponível uma gama luxuosa de tratamentos faciais.
O centro de fitness possibilita vistas impressionantes sobre o oceano. O ginásio disponibiliza o mais recente equipamento de cardio e a assistência pessoal de instrutores qualificados internacionalmente permite um acompanhamento personalizado e adequado às necessidades de cada hóspede.
Destaque ainda para o pavilhão de meditação ao ar livre, na praia, para sessões de ioga privadas e de grupo.
Contudo, existem outras opções: relaxe nas duas piscinas de margens infinitas ou desfrute do campo de ténis na companhia dos seus amigos, por exemplo.
Descubra esta unidade de topo e delicie-se com esta fuga exótica ao stress da vida quotidiana.
Conrad Maldives Rangali Island
COZINHA DE EXCELÊNCIA
Localizado no Cais de São Roque, em Aveiro, o restaurante Salpoente, edificado em dois antigos armazéns de sal, é um tributo às gentes e matérias-primas da região. A sua cozinha de excelência recria sabores, através de uma envolvente moderna e contemporânea que homenageia a arte, a tradição e a criação de momentos que perduram no tempo.
Confundindo-se com a história dos aveirenses e com a sua relação com os recursos naturais que caracterizam a cidade, o local onde se encontra o Salpoente é um espaço único. Património da cidade, os dois antigos armazéns de sal – que mantêm a traça original – são uma alusão à exploração das salinas, atividade absolutamente indissociável desta cidade e que contribuiu para a consolidação do seu núcleo primordial, ainda em finais do século XVI. Desta forma, o restaurante homenageia e dignifica o espaço, ao devolver-lhe a nobreza de outros tempos.
No restaurante Salpoente a cozinha é um verdadeiro espetáculo de sentidos, o centro de um conceito onde cada detalhe visa prestigiar pratos de eleição, oferecendo um atendimento exclusivo e um ambiente de requinte e sofisticação.
Com uma linguagem muito própria, a cozinha, feita com magia e mestria, é liderada pelo chef Duarte Eira. A equipa que o acompanha, dedicada, qualificada e
apaixonada pela arte de bem receber, não descura nenhum detalhe, proporcionando momentos inesquecíveis e que perduram no tempo.
Procurando construir uma linguagem própria, na cozinha, o chef e a sua equipa aliam as mais recentes tendências gastronómicas com a cultura e as tradições daquela bela e carismática região.
ProPostas tentadoras
Cada um dos pratos quer ser um tributo às gentes e matérias-primas de Aveiro, por isso, todas as propostas são preparadas com produtos típicos da região. Pensadas para agradar até aos comensais mais exigentes, destaque para pratos como filete de peixe cozinhado em caldo aromático, arroz carolino, ouriço, pó de alface mar, bivalves, algas frescas, molho de crustáceos e caril, ou lombo de bacalhau grelhado, mandioca frita, espuma de pimentos assados, broa de milho, picle de cebolinha, cenoura e emulsão de bacalhau.
Nas sobremesas, ressaltam chocolate, baunilha e coco em várias formas e texturas, banana, amendoim e caramelo salgado, numa combinação clássica, fruta laminada, bem como os famosos ovos-moles.
No que aos vinhos diz respeito, cada um deles foi cuidadosamente selecionado para oferecer uma diversificada seleção de qualidade superior, acompanhando as novas tendências vínicas.
O Salpoente apresenta um interior com muito design e uma cozinha atual, com detalhes de autor. Atreva-se a descobrir este espaço e desfrute dos melhores saberes e sabores desta região.
r estaurante s al P oente
Canal de São Roque, Nº 82/83
3800-256 Aveiro
Tel. 234 382 674 | Tlm. 915 138 619
Email salpoente@salpoente.pt
EFICIÊNCIA E PERFORMANCE
por Ana Laia
Decorreu em Lisboa, a partir d’O Clube – Monsanto Secret Spot, a apresentação à imprensa nacional do BYD Seal U.
ABYD continua a expandir a sua gama, tentando responder eficazmente às tendências de mercado. No que diz respeito à Europa, as novas tarifas aplicadas aos modelos com produção na China não fizeram esmorecer a BYD. A prova disso está na chegada do novo Seal U ao mercado nacional, numa versão 100% elétrica, mas também numa equipada com um sistema híbrido plug-in (PHEV), que já tivemos oportunidade de conhecer durante a sua apresentação em Portugal.
A primeira opção inclui um único motor instalado no eixo dianteiro, com uma potência máxima próxima dos 220 cv. Para o alimentar, estão disponíveis duas baterias diferentes, consoante o nível de equipamento escolhido: Comfort ou Design. Uma tem uma capacidade máxima de 72 kWh, suficientes para uma autonomia máxima de 420 km (em percurso combinado) e outra vê a capacidade subir para os 87 kWh e a autonomia máxima para os 500 km.
Em alternativa à versão 100% elétrica, a BYD propõe a versão híbrida plug-in do Seal U, também com dois sistemas e dois níveis de equipamento disponíveis, Boost e Design. Em ambos os casos, está presente um motor 1.5 a gasolina com dois patamares de potência, mas no que diz respeito aos elétricos, a primeira inclui um único motor e a segunda dois, um em cada eixo. A autonomia máxima em modo 100% elétrico pode superar os 100 quilómetros.
MODERNOS E SUSTENTÁVEIS
O evento de apresentação dos MINI Cooper e Countryman decorreu entre Oeiras e o Guincho, com saída do Lagoas Park Hotel. Contou com a presença dos seus embaixadores: Dino Santiago, Rita Tapadinhas e Vhils.
AMINI está a passar por mais uma das suas renovações profundas, que inclui a chegada de uma completa gama de modelos, dos mais pequenos aos maiores de sempre. Para os conhecermos a todos, aceitámos o convite da marca para uma manhã diferente do habitual, com acesso a quase todas as novidades, mas também para conhecer os novos embaixadores da MINI em Portugal.
O cabeça de cartaz, como não poderia deixar de ser, é o novo MINI Cooper, um nome com uma enorme história na marca, mas que passa, a partir de agora, a identificar as versões de formato mais convencional, com as carroçarias de três e cinco portas. Nestas, o maior destaque são as duas versões 100% elétricas disponíveis
(Cooper E e Cooper SE), com uma potência máxima entre os 184 e os 218 cv. Outro dos modelos presentes foi o novo e arrojado MINI Countryman, que inclui versões a gasolina, diesel e 100% elétricas. Aos longo dos quase 4,5 metros de comprimento, encontramos um habitáculo espaçoso e uma versatilidade de utilização compatível com os condutores mais aventureiros. No que diz respeito às datas de chegada ao mercado nacional, o MINI Cooper de três e cinco portas, bem como o MINI Countryman, já se encontram disponíveis para encomenda. Para terminar a renovação da gama, no entanto, ainda vamos ter de esperar até novembro, uma vez que só nessa altura teremos a oportunidade de receber o novo MINI Aceman em Portugal.
por Ana Laia
TECNOLOGIA INTELIGENTE
A XPENG chegou a Portugal e a apresentação à imprensa nacional decorreu em Vila Fresca de Azeitão, num evento especial que contou com a presença de Brian Gu, vice-presidente do Conselho de Administração e presidente da XPENG, e Sérgio Ribeiro, administrador executivo da Salvador Caetano Auto & CEO Distribuição Automóvel Internacional.
AXPENG estreia-se em Portugal com uma gama 100% elétrica e focada na mobilidade inteligente, com o XPENG G6 (SUV Coupé), o XPENG G9 (SUV familiar) e o XPENG P7 (Sedan desportivo).Trata-se de uma marca chinesa, fundada em 2014, líder e pioneira nas tecnologias de veículos elétricos e mobilidade inteligente. Uma empresa virada para a mobilidade do futuro e centrada nas pessoas, melhorando a experiência para todos os consumidores.
Brian Gu afirmou: “Estamos fortemente em-
penhados no mercado português, que está a viver a mudança dinâmica para a mobilidade elétrica e inteligente. A nossa parceria com a Salvador Caetano Auto destaca a nossa dedicação em expandir a nossa presença e os nossos esforços contínuos na região.”
Para Sérgio Ribeiro, “a estreia da XPENG em Portugal é mais um marco na nossa estratégia de oferecer os mais inteligentes e completos modelos elétricos ao consumidor nacional conferindo acesso aos melhores produtos e tecnologia, com foco na satisfação do cliente”.
Nesta apresentação, os convidados puderam confirmar o compromisso da mobilidade da XPENG, através do extraordinário EVTOL ou “carro voador” XPENG X2, um símbolo da capacidade tecnológica da marca e um projeto que poderá cruzar os céus da Europa num futuro muito próximo. A marca irá contar, neste arranque de atividade em Portugal, com dois pontos de venda em Lisboa e Porto. Até 2025 pretendem contar com um total de 15 concessionários, incluindo as ilhas.
por Ana Laia
Teve lugar, no Lisbon Marriott Hotel, um almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal. O orador convidado foi António Saraiva, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, que destacou o papel preponderante da Cruz Vermelha Internacional nos diversos conflitos que se alastram pelo planeta e nas inúmeras catástrofes que se enfrentam anualmente, ressalvando também o papel da Cruz Vermelha Portuguesa fora do âmbito e dos teatros de operações a que o público em geral se habituou.
“A Cruz Vermelha Portuguesa é muito mais do que as intervenções em zonas de catástrofe, como a que, infelizmente, assistimos por estes dias na região norte do país, tão assolada pelos fogos. A imigração também foi tema e ponto em destaque, em que António Saraiva não deixou de expressar a sua opinião, ainda que possa gerar polémica, afirmando que “os portugueses têm de ter a noção de que, sem a imigração, a economia do país parava. Temos de trabalhar em conjunto, governo, associações, instituições e população em geral, para criar uma pedagogia que informe sobre as vantagens dos imigrantes”.
1| Augusto Vaz, António Saraiva, Andreia Vaz e Alexandre Fonseca 2| Alexandre da Fonseca e Damião de Castro 3| António Saraiva e Linda Pereira 4| Gustavo Mendes e Carlos Cardoso 5| António Saraiva, Maria Madalena Ramalho, Maria do Carmo Neves,Armindo Monteiro e Miguel Cardoso e Cunha 6| Maria de Belém e António Saraiva 7| Pedro Teles Baltazar e Manuel Falcão 8| Rahim Ahamad, Gustavo Madeira, Nuno Modesto Fernandes 9| José Lourenço 10| José Ribeiro e Castro 11| Junior Mawete 12| Stella da Graça Magalhães Pinto Novo Zeca 13| Maria da Conceição Caldeira 14| Besma Kraiem 15| Fernando Negrão 16| António Saraiva 17| António Saraiva e Manuel Ramalho