Revista FRONTLINE

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Siga-nos no facebook P.V.P. € 5 “NA CRUZ VERMELHA PORTUGUESA A NOSSA MISSÃO É SERVIR A HUMANIDADE E ALIVIAR O SOFRIMENTO” TURISMO UMA VISÃO DE FUTURO PARA O PAÍS TRANSIÇÃO ENERGÉTICA DESAFIOS DA MOBILIDADE ELÉTRICA CONDENAR A GUERRA PROCURAR A PAZ ALASCA A ÚLTIMA FRONTEIRA www.revistafrontline.com
DESFILE DE ESTRELAS BMW CONCORSO D’ELEGANZA VILLA D’ESTE
ANTÓNIO SARAIVA

O Governo AD enfrenta um panorama próximos meses serão cruciais para de-nómica, as reformas estruturais, a inclusão social, a sustentabilidade ambiental e

dam atenção e ação estratégica. Os portugueses esperam que o novo Governo seja capaz de promover o crescimento económico sustentável, melhorar a qualidade de vida e reforçar a posição de Portugal no mundo. Com uma abordagem

futuro próspero e inclusivo. Agora, cabe ao Governo demonstrar capacidade de que atendam às necessidades e aspiraentrevista: antónio saraiva

Com uma liderança visionária e comprometida, António Saraiva tem guiado a Cruz Vermelha Portuguesa implementan-lidade. Focado em parcerias estratégicas

TEMPOS DE ESPERANÇA

fortalecido a capacidade da instituição de responder a emergências e de apoiar as comunidades vulneráveis. Com um olhar atento para o futuro, António Saraiva continua a preparar a Cruz Vermelha Portuguesa para enfrentar o que está para vir, mantendo o seu compromisso na missão humanitária da instituição.

Celebrity edge:

memórias para uma vida inteira

Uma viagem no Celebrity Edge pelo Alasca é muito mais do que uma simples viagem de cruzeiro, é uma jornada de descoberta, aventura e admiração. Dos majestosos gla-

saltitantes aos passeios de trenó, o Alasca é verdadeiramente um destino único e incomparável. E a bordo do luxuoso Celebrity Edge, essa experiência torna-se ainda mais especial, criando memórias que durarão uma vida inteira.

bmW ConCorso d’eleganza

villa d’este

O BMW Concorso d’Eleganza Villa d’Este é muito mais do que uma exibição de automóveis, é uma celebração da paixão pelo design, pela engenharia e pela inova-

culos clássicos e modernos, um cenário deslumbrante e uma programação repleta de atividades, este evento é um destaque no calendário automóvel global. Para entusiastas de automóveis e visitantes em geral, o Concorso d’Eleganza foi uma oportunidade para vivenciar a elegância e a excelência sobre rodas.

Casa az-zagal

No coração do Alentejo, em Sousel, no cenário rural de Casa Branca, entre paisagens deslumbrantes e uma aura de tranquilidade, descobre-se a Casa Az-Zagal, um refúgio encantador que combina luxo com autenticidade. Destaca-se pela sua arquitetura tradicional alentejana, enriquecida com toques contemporâneos que realçam o charme e a elegância do local. Cada detalhe foi cuidadosamenteticação, desde a decoração dos quartos até às áreas comuns, onde os hóspedes podem desfrutar de momentos de relaxamento e lazer.

Hotel Fortaleza do guinCHo relais & CHâteaux

Após uma meticulosa remodelação, o hotel reabriu as suas portas, destacando-se o seu restaurante singular, agora sob a liderança do chef Gil Fernandes. Com uma deslumbrante vista para o Atlântico, oferece um ambiente luminoso e sereno. A pausa de 10 semanas permitiu ao chefcativas na cozinha, resultando na criação do novo menu “Memórias”, uma viagem sensorial, composta por 12 momentos de degustação que combinam produtos locais e sazonais com uma estética de subtileza e elegância.

EDITORIAL 4/FRONTLINE
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EDITORIAL 4/FRONTLINE

ANO 17

8/ NEWS

12/ GRANDE ENTREVISTA

António Saraiva

22/ OPINIÃO

Luís Mira Amaral

Maria de Belém Roseira

Carlos Zorrinho

Luís Lopes Pereira

Fernando Leal da Costa

28/ GRANDE ANGULAR

Prosperidade

30/ AMBIENTE

Política energética

32/ ANÁLISE

Rede ferroviária

34/ ATUALIDADE

Eleições europeias

36/ EM FOCO

38/ MAGAZINE

Serviço público

40/ SAÚDE

Sistema de saúde

42/ VISÃO

Serviços sociais e de saúde

46/ CRUZEIRO

Celebrity Edge

FICHA TÉCNICA

Diretor: Nuno Carneiro | Editora: Ana Laia | Colaboram nesta Edição Luís Mira Amaral, Nuno Melo, Fernando Leal da Costa, Luís Lopes Pereira, Carlos Zorrinho, Isabel Meirelles, Samuel Fernandes de Almeida, Carlos Mineiro Aires, Fernando Santo, Fernando Negrão, Carlos Martins,Antóno Saraiva, Pedro Mota Soares,Alexandre Miguel Mestre,Tiago Mayan, Rui Miguel Tovar, Jorge Garcia, Casimiro Gonçalves, Fernanda Ló, João Cordeiro dos Santos, José Caria, Avelar, Francisco Almeida Dias, João Cupertino, Martina Orsini, Miguel Figueiredo Lopes / Presidência da República, NelsonTeixeira, Nuno Madeira, Pedro Sampayo Ribeiro, Rui Ochoa/Presidência da República | Diretor Comercial: Miguel Dias | Proprietário: Armando Matos | Produção: DesignCorner Lda. Sede: Airport Business Center Avenida das Comunidades Portuguesas Aerogare, 5º piso–Aeroporto de Lisboa 1700-007 Lisboa – Portugal E-mail: geral@hvp-design.pt | Registada no ICS com o n.º 125341 | Depósito Legal n.º 273608/08 | Estatuto editorial disponível em: www.revistafrontline.com Facebook: RevistaFRONTLINE

46 12 36 6/FRONTLINE SUMÁRIO

50/ LIVROS

52/ REAL GARRAFEIRA

54/ NÉCTARES

Enólogo

58/ IMOBILIÁRIO

Berkshire Hathaway

HomeServices Atlantic Portugal

60/ CELEBRAÇÃO

BMW Ultimate Experience

62/ MOTORES

Volvo EX30

66/ ON THE ROAD

68/ EVENTO

BMW Concorso d’Eleganza Villa d’Este

72/ OFF-ROAD

BMW GS Experience

76/ CHECK-IN

Casa Az-Zagal

78/ A RESERVAR

Restaurante Fortaleza do Guincho

80/ APRESENTAÇÃO

Lexus LBX

Mini Cooper E

82/ SOCIAL

International Club of Portugal

62 68 72
FRONTLINE/7 SUMÁRIO

A P D P CELEBRA 98 ANOS

P ROENÇA - A - N OVA

ASSUME - SE COMO REFERÊNCIA NO P ARAMOTOR

O aeródromo Municipal de Proença-a-Nova voltou a acolher, entre os dias 1 e 5 de maio, o Campeonato Nacional de Paramotor. Na edição de 2024, o espanhol Vicente Palmero, da Sancti Petri Paramotor,

A LEXANDRE F ONSECA NA P RESIDÊNCIA DO C ONSELHO C ONSULTIVO DO IC P T

know-how

R UI F RANCISCO

É O NOVO DIRETOR DE M ANUTENÇÃO E E NGENHARIA

8/FRONTLINE NEWS
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VEZES MAIS RÁPIDA

FRONTLINE/9 NEWS
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F UTURCABO

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ESTABELECE PARCERIA COM ED P ® , reconhecida como service-provider

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A V OLVO C AR P ORTUGAL

TEM NOVO DIRETORpremium -

C ONFERÊNCIA P ROTEGER 2024

ATRAIU CERCA DE 2 MIL PARTICI PANTES-

sa para a troca de conhecimentos, networking speakers nacionais e internacionais, sete workshopsworkshopsnetworking

10/FRONTLINE NEWS
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12/FRONTLINE GRANDE ENTREVISTA | António Saraiva

António Saraiva | GRANDE

“ A NOSSA MISSÃO É SERVIR A HUMANIDADE E ALIVIAR O SOFRIMENTO”

Em entrevista exclusiva, o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa revela como a sua experiência em gestão e diplomacia corporativa o preparou para liderar uma das maiores organizações humanitárias do país. António Saraiva destaca o compromisso com os princípios fundadores da Cruz Vermelha, a importância da sustentabilidade financeira e a inovação como pilares para enfrentar os desafios crescentes, garantindo assistência vital às populações mais vulneráveis e fortalecendo a resiliência comunitária.

Como é que surgiu o Convite para oCupar o Cargo de presidente da Cruz vermelha portuguesa?

Penso que o convite surgiu na sequência da minha experiência em gestão e diplomacia corporativa, assente num compromisso

longos anos de envolvimento cívico, com uma abordagem humanista da sociedade.

A oportunidade de liderar uma organização com um impacto tão profundo na sociedade e o estímulo de guiar a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) para um futuro de contínuo impacto positivo e inovação no apoio humanitário representa para mim a convergência entre a minha experiência

que papel desempenha na liderança e governo da instituição?

Este cargo exige um compromisso com a missão nobre e os princípios fundadores da nossa instituição (humanidade, imparcialidade, neutralidade, independência, voluntariado, unidade e universalidade), que servem como guia para todas as nossas ações e iniciativas. É essencial que todas asres, garantindo que a nossa missão de ofedignidade e respeito. É necessária empatia e respeito absoluto pelos valores de cuidado e assistência.

Tenho também a responsabilidade de assegurar a sustentabilidade da organização, conciliando a ambição com a necessidade de perenidade, assegurando os recursos cumprir a nossa missão. Os mais vulneráveis são o foco da nossa ação. É fundamental assegurar uma governança robusta trabalhando com todos, desde a direção nacional, às direções das 159 estruturas locais e organismos autónomos, aos delegados regionais, trabalhadores e voluntários. A lideran -

FRONTLINE/13
ENTREVISTA
14/FRONTLINE GRANDE ENTREVISTA | António Saraiva

Como define a missão fundamental da Cruz vermelha portuguesa?

A CVP ESFORÇA-SE PARA PREVENIR E ALIVIAR

O SOFRIMENTO HUMANO, EM PORTUGAL

E NO MUNDO, PRESTANDO

ASSISTÊNCIA

ça eficaz exige uma visão estratégica e a promoção da Unidade, um dos princípios fundamentais da Cruz Vermelha, que está na base da nossa existência e é o garante do nosso futuro comum.

A representação e advocacy são outra componente vital do meu papel. Promover as nossas causas e estabelecer parcerias estratégicas com outras organizações humanitárias, governos e entidades privadas é essencial para aumentar o impacto das nossas ações.

por que prinCípios orientadores norteia a sua liderança?

empresarial, pautei-me por uma visão humanista da sociedade e da economia.

O desenvolvimento económico e o progresso tecnológico devem estar ao serviço do bem-estar social, promovendo uma

humano está no centro das nossas preocupações e ações.

A CVP deve garantir que todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis (como pessoas em situação de sem-abrigo, migrantes, refugiados e vítimas de violência doméstica) tenham acesso a serviços de saúde e assistência de qualidade e aos recursos necessários para viver com dignidade. Este compromisso com o humanismo implica olhar para além das obrigações legais e contribuir ativamente para

o desenvolvimento das comunidades e da inclusão social.

que merecem atenção especial. Desenvolvemos iniciativas que promovem um envelhecimento saudável e ativo, além de garantir que os idosos recebem o apoio necessário para viver com dignidade e qualidade de vida. E tratar a saúde mental com a mesma prioridade e respeito que a saúde física, combatendo o estigma e garantindo acesso a tratamentos adequados. É também fundamental investir continuamente na formação e capacitação dos nospsicológico dos nossos voluntários e funcionários é igualmente uma prioridade.

Como define a missão fundamental da Cruz vermelha portuguesa?

A CVP esforça-se para prevenir e aliviar o sofrimento humano, em Portugal e no mundo, prestando assistência humanitária e social e contribuindo para a defesa da vida, da saúde e da dignidade humana. Mobilizamos o “Poder da Humanidade”, bem como a generosidade dos doadores e parceiros.

que desafios a Cruz vermelha portuguesa enfrenta atualmente, tanto a nível interno Como externo? -

locais quanto as tendências globais. Uma preocupação premente é o crescimento da pobreza e da desigualdade social, fenómenos exacerbados por uma crise económica persistente. Com a desaceleração económica, o número de pedi -

foram mais 73%), resultando numa pressão crescente sobre os nossos recursos e capacidade de resposta. São, por isso, necessárias estratégias sustentáveis, que

e promover uma recuperação económica inclusiva e resiliente.

-ção de recursos para garantir que os nossos serviços possam continuar a ser oferecidos sem interrupção. É crucial fortalecer as parcerias com o Governo, empresas e outras organizações não-governamentais, além de investir na formação e no aumento do nosso voluntariado, que são essenciais para a expansão da nossa capacidade de intervenção. É também essencial melhorar a nossa capacidade de captação de recursos para nossas ações a longo prazo. Só desta forma conseguiremos manter a capacidade de resposta imediata em situações de crise e fortalecer a nossa posição como uma instituição resiliente e adaptável às mudanças do cenário global.

FRONTLINE/15
SOCIAL
CONTRIBUINDO PARA A DEFESA DA VIDA, DA SAÚDE E DA DIGNIDADE HUMANA ”
ENTREVISTA
HUMANITÁRIA E
E
António Saraiva | GRANDE

Colaboram Com outras instituições, tanto a nível naCional Como internaCional?

“COLABORAMOS COM ORGANIZAÇÕES

GOVERNAMENTAIS

E NÃO-GOVERNAMENTAIS PARA

DESENVOLVER

E IMPLEMENTAR PROGRAMAS QUE PROMOVAM A SAÚDE E O BEM-ESTAR SOCIAL”

Como é que Conseguem Captar reCursos e garantir a sustentabilidade finanCeira da organização?

Através de uma combinação de estratégias,

Primeiramente, a prestação de serviços é

Um exemplo bem-sucedido são os protocolos e parcerias com várias entidades públicas e privadas para a teleassistência que acompanha permanentemente diariamente pessoas em situação de dependência e solidão ou vítimas de violência doméstica. Em 2023, acompanhámos 10563 pessoas e

Outro pilar importante é o desenvolvimento de campanhas de angariação de fundos, dirigidas ao público geral. Estas campanhas são fundamentais para envolver a comunidade e aumentar a nossa base de doadores. São disso exemplo as campanhas periódicas de recolha de vales em hipermercados de todo o país ou a consignação em sede de IRS que atualmente ainda decorre. Um gesto simples como assinalar o NIF da Cruz Vermelha (500745749) permite doar de modo gratuito e contribuir para os nossos inúme -

Qualquer cidadão pode ser um doador regular, assumindo assim um compromisso duradouro com o nosso trabalho e garantindo o seu contributo no apoio às pessoas mais vulneráveis e à construção de percursos de vida dignos.

nossas fontes de receita. Além das doações e subvenções, exploramos atividades geradoras de renda, como os cursos de formação em primeiros socorros e outras áreas relacionadas com a saúde e bem-estar. Promovemos assim também a educação e a prevenção na comunidade.

de que forma a organização garante a transparênCia nas suas operações e presta Contas aos doadores e à Comunidade em geral?

É nossa obrigação assegurar que cada eurosível, em prol dos que mais necessitam. Fazemos, por isso, da transparência e da boa gestão um ponto fulcral da nossa relação com doadores e parceiros, comunicando regularmente sobre as nossas atividades e disponíveis no nosso site. Os doadores recebem também relatórios de impacto e atuali-mos ainda reuniões periódicas e assembleias, onde discutimos abertamente as políticas, as -

movemos um diálogo constante com as comunidades locais sobre as suas necessidades,

é possível destaCar alguns dos projetos ou iniCiativas mais signifiCativos realizados pela organização reCentemente?

A CVP destaca-se pela sua abordagem holística e focada na dignidade e auto -

nomia de quem apoia. Além das respostas tipificadas, que desenvolvemos em todo o território nacional, destaco doismisso com o desenvolvimento social e a luta contra a pobreza e exclusão social. O “Programa Mais Feliz”, que é um exemplo claro do compromisso da organização com o desenvolvimento social territorial. Através de intervenções focadas em cada pessoa, promovemos a autonomia dos mais vulneráveis, desenvolvendo suas competências pessoais e sociais.

O “Cartão Dá CVP” permite a aquisição dos bens de primeira necessidade que as famílias necessitam, reformula a forma como os apoios alimentares são concedidos, conferindo maior dignidade.

a trabalhar em várias frentes de ação social, da área de emergência, formação e saúde, mantendo sempre o foco em dignificar a ação e capacitar para a autonomia, reforçando a nossa abordagem abrangente e diversificada às problemáticas sociais.

C olaboram C om outras instituições , tanto a nível na C ional C omo interna C ional ?

Colaboramos com organizações governamentais e não-governamentais para desenvolver e implementar programas que promovam a saúde e o bem-estar social e trabalhamos com organizações internacionais na advocacia por políticas que me-

16/FRONTLINE GRANDE ENTREVISTA | António Saraiva
FRONTLINE/17 António Saraiva | GRANDE ENTREVISTA

lhorem a resposta humanitária e na mobilià prossecução da nossa missão. A nível nacional, a CVP é um agente de proteção civil e colabora frequentemente com o Governo e com organizações de saúde globais e locais, emgência. Apoiamos centenas de milhares de pessoas na área de emergência, de saúde, formação e numa multiplicidade de respostas sociais – bens alimentares, pagamento de rendas de casa e contas básicas, acolhimento de pessoas em situação sem-abrigo e vítimas de violência doméstica, apoio à população sénior e em saúde mental. Através das parcerias com a AIMA, a Proteção Civil, a Segurança Social, a Comissão para a Igualdade de Género, em 2023 realizámos mais de 4500 transportes de pessoas refugiadas, em situação de emergência social, vítimas de violência doméstica. Somos parte integrante do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, pelo que nos relacionamos com todos os seus organismos, fóruns e redes em domínios específicos. Esta vasta rede permite a aquisição de conhecimentos sobre as melhores práticas e inovações no campo humanitário e também uma colaboração eficaz e rápida entre as sociedades nacionais para assistência em grandes desastres ou crises internacionais humanitárias –como ocorreu, por exemplo, nos sismos da Turquia e da Síria.

q uais são as par C erias estratégi C as mais importantes para a organização ?

Estas parcerias estratégicas abrangem uma variedade de setores e todas elas são fundamentais para a realização dos

colaborações com entidades governamentais, cruciais para garantir a eficácia recursos, reforçando e promovendo a dignidade e a autonomia das pessoas. As parcerias com organizações internacionais ampliam o alcance e a eficácia das operações além-fronteiras. A cooperação com empresas privadas é crucial para garantir recursos financeiros e técnicos necessários para a prossecução da

António Saraiva | GRANDE ENTREVISTA

missão da CVP. Igualmente importantes são as colaborações com outras entidades do setor social, que permitem a

maximizam os recursos e aumentam o impacto das iniciativas sociais.

A Cruz Vermelha valoriza também o envolvimento com instituições académicas e de pesquisa para fomentar inovações

humanitária e gestão de crises.

d e que forma a C ruz v ermelha p ortuguesa está preparada para responder a emergên C ias e desastres naturais ?

Através de uma abordagem abrangente e multifacetada. Estamos preparados para responder eficazmente a emergências e desastres naturais, mas também para minimizar o impacto desses eventos nas comunidades afetadas. Dispomos de capacidade logística robusta (tendas, hospitais de campanha,ne, equipamento médico), a nível local, regional e nacional, incluindo nas ilhas. Por esse motivo, conseguimos responder prontamente à necessidade de montagem de um Posto Médico Avançado em São Miguel após o incêndio no seu hospital. Possuímos ainda veículos de logística pesada e sistemas de comunicação avançados para garantir uma resposta rápida e eficaz.

Temos uma rede de voluntários e profissionais altamente qualificados nas áreas de socorrismo, medicina e técnicas de diagnóstico e terapêutica. Esta base de conhecimento especializado é fundamental. A capacidade de resposta rápida em emergências médicas é reforçada pela disponibilidade de ambulâncias. Destacaria também a inovação na nossa abordagem, através da capacidade de utilizar veículos aéreos não tripulados (drones) para apoio em operações de busca e salvamento em coordenação com as entidades oficiais. Estamos também equipados para realizar resgates em condições desafiadoras, incluindo salvamento em altura e aquático.

e xistem proto C olos e re C ursos disponíveis para lidar C om situações de C rise ?

A CVP é um agente de proteção civil, que trabalha em coordenação com os restantes organismos integrantes. Existe a possibilidade de ativação dos nossos meios de emergência médica através da sala de crise do INEM ou de meios de logística de emergência através das autoridades nacionais de proteção civil.

C omo define os benefí C ios do voluntariado , tanto para os voluntários C omo para as C omunidades visadas ?

O voluntariado é uma força vital não só para a nossa organização, mas para a sociedade em geral. É um pilar para a sustentação e o fortalecimento do tecido social e da resiliência comunitária. Os voluntários são frequentemente motores de mudança, preenchendo lacunas que existem nas prestações de serviços e suporte social.

Defino o voluntariado como uma via de duplo sentido de benefícios, enriquecendo tanto aqueles que dão como aqueles que recebem. Proporciona uma sensação de propósito e satisfação pessoal, ao saber que as suas ações têm um impacto positivo direto na vida dos outros. Permite adquirir novas capacidades e ganhar experiência prática, em áreas como asolução de conflitos, que são altamente valorizados no mercado de trabalho. No contexto social, o voluntariado fomenta conexões e um sentido de comunidade e pertença que transcende as atividades quotidianas. Isso é vital numa sociedade cada vez mais fragmentada.

p ara além das ações de emergên C ia , de que forma a organização C ontribui para melhorar o a C esso aos serviços de saúde , espe C ialmente no que diz respeito a populações mais vulneráveis ?

Através de ações inclusivas, de que posso destacar alguns exemplos. Muito recentemente, a Coordenação Nacional de Emergência da CVP disponibilizou uma formação de língua gestual portuguesa para socorristas. As equipas de resposta de emergência são também sensibilizadas para o tratamento igualitário, inclusive nos grupos com vulnerabilidades acrescidas. Realizamos rastreios com equipas

FRONTLINE/19

de proximidade que levam cuidados básicos de saúde até às comunidades mais remotas e isoladas. Temos acordos específicos para disponibilizar serviços de saúde mental a preços acessíveis ou gratuitamente através de programas.

q ue desafios enfrentam nessa área ?

A questão da sustentabilidade financeira e da necessidade de financiamento, que abordei anteriormente, também se coloca na emergência. Gostaríamos igualmente de conseguir abranger toda a comunidade de voluntários com ações de formação específicas, como o exemplo da língua gestual portuguesa. Existe aqui também o peso da imprevisibilidade das situações de catástrofe, que obrigam à prontidão constante das equipas. Por outro lado, é também nossa preocupação garantir a equidade no acesso aos serviços a todos os territórios e comunidades.

C omo é que a organização promove a resiliên C ia C omunitária e C apa C ita as C omunidades para se prepararem para emergên C ias e desastres ? Com ações de formação a voluntários e agentes de proteção civil. As redes sociais e plataformas digitais são importantes para esta sensibilização. Temos previstas ações -

o sistema de atuação da linha 112 e a execução do Suporte Básico de Vida. Estamos também a implementar, em con-

to de Primeiros Socorros Psicológicos, EU4Health. Trata-se de ações de formação e capacitação que visam preparar os

que se encontram em sofrimento emocapazes de lidar com uma situação difícil.

e m que termos está a C ruz v ermelha p ortuguesa a re C orrer à inovação e à te C nologia para melhorar o seu impa C to so C ial ?

Já fomos abordando alguns destes pro -

facto, essencial para respondermos aos desafios atuais. A teleassistência é disso exemplo. O recurso a drones para auxílio das entidades governamentais em situações de emergência onde existe difícil acesso. Em áreas remotas ou em situações onde os recursos médicos são limitados, utilizamos tecnologias de telemedicina para proporcionar consultas médicas a distância.

Noutras zonas do globo, a Cruz Vermelha lançou aplicações móveis que oferecem funcionalidades como primeiros socorros, preparação para desastres e rastreamento de desastres em tempo real.

q ue mar C a quer deixar na C ruz v ermelha p ortuguesa ?

A minha aspiração é deixar uma marca de inovação e expansão no impacto humanitário que a nossa organização pode alcançar. Pretendo fortalecer a nossa capacidade de resposta em emergências e desastres em Portugal, aumentando a rapidez e eficiência com que mobilizamos recursos e assistência. Além disso, é fundamental aprofundar o nosso envolvimento com as comunidades locais, promovendo programas que abordem as necessidades mais urgentes, como a saúde, a educação e a inclusão social. Estou também empenhado em promover a sustentabilidade da organização – garantindo assim a nossa capacidade de resposta para as solicitações que nos chegam

parcerias com o setor privado e outras entidades não-governamentais.

como uma resposta em tempos de crise, mas como uma força permanente no desenvolvimento comunitário e no bem-estar social, sempre alinhada com os princípios fundamentais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. A nossa missão é servir a humanidade e aliviar meu mandato.

20/FRONTLINE
GRANDE ENTREVISTA | António Saraiva

O corpo humano é extraordinário

Realizamos milhares de milhões de feitos num só batimento cardíaco, somos exemplos espantosos da tecnologia da natureza.

Mas também somos humanos.

Enfraquecemos. Falhamos.

E quando isto acontece, os nossos extraordinários corpos exigem soluções extraordinárias que transformam a vida.

Lideramos a tecnologia médica global, resolvendo com audácia os problemas

que a humanidade enfrenta atualmente.

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IRS E O GOVERNO DA AD

Luís Montenegro constituiu um bom Governo, com pessoas com capacidade política, competência técnica, curriculum académico e conhecimento europeu. No modelo de sociedade com menos e melhor Estado e aposta nas empresas e na iniciativa privada, as propostas da AD diferenciam-se do PS estatista e lusocomunista dos últimos oito anos, que nada tem a ver com a moderna social-democracia. Será então necessária uma redução de impostos no quadro de adequadas políticas macro e microeconómicas que estimulem a produtividade e o crescimento, feita com controlo da despesa pública, no

que é o quarto pior da OCDE em termos

termos do IRS mais pesado!

Alguns dizem que há países europeus com nosso. Simplesmente, uma coisa é atingir um IRS de 50% para um rendimento de €80 mil/ano, caso português, outra coisa é atingir esse nível de IRS para um rendimento de €400 mil/ano, caso alemão. Por isso, o

indicador correto é o quociente entre carper capita em paridades do poder de compra. Por-ia reduzir de 3 a 4 pontos percentuais. Mas sendo a redução de impostos muito criticada pela esquerda, o Governo da AD tem que saber comunicar melhor, como foi agora evidente com o IRS.

No Programa de Estabilidade 2023-2027 (PE2327), o Governo do PS apontava em abril de 2023 para uma redução de IRS de €400 milhões. E em agosto o PSD anunciava a necessidade de uma redução muito mais forte de cerca de €1200 milhões para entrar em vigor logo em 2023, atendendo à situação de emergência social com a in-

na Assembleia da República em setembro. O Governo PS rejeitou a proposta do PSD, mas no OE 2024, ano em que haveria eleições para o Parlamento Europeu, veio reduzir €1300 milhões, o que levou comen-

com tal redução o PS tinha destrunfado

que iam a reboque da anterior proposta do PSD!

Cronologicamente temos então: proposta do PS no PE2327 de €400 milhões; mais €900 milhões adicionados pelo PS no OE2024, em reação à proposta do PSD; €200 milhões de proposta adicional do governo AD, perfazendo, expressão usada pelo primeiro-ministro, uma redução de €1500 milhões. Assim sendo, o PSD e a AD são responsáveis indiretamente (€900 milhões) e diretamente (€200 milhões) por €1100 milhões do total de €1500 milhões da redução do IRS!

E este adicional de redução do IRS do Go-genheiros e médicos, esquecidos pelo PS nas suas propostas. Tal é correto porque abrange os que tendem a sair do país e

um modelo que a esquerda consagrou em que abundam salários de €1000/mês seciar os ricos que ganham €3000/mês!

“ SERÁ ENTÃO NECESSÁRIA UMA REDUÇÃO DE IMPOSTOS NO QUADRO DE ADEQUADAS POLÍTICAS MACRO E MICROECONÓMICAS QUE

ESTIMULEM A PRODUTIVIDADE E O CRESCIMENTO ”

22/FRONTLINE OPINIÃO | Luís Mira Amaral
Engenheiro e Economista

DEMOCRACIA, DESCOLONIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO

Estes foram os grandes objetivos traçados no Programa Movimento das Forças Armadas para a Revolução do 25 de Abril. A comemoração dos seus 50 anos, para além

tes e do depois da mudança radical de regime político que a Revolução proporcionou em relação a múltiplos indicadores que retratam a nossa vida coletiva.

A primeira certeza é que o regime democrático constitui um dado adquirido – o que aperfeiçoamentos – e que a descolonização também foi realizada com a rapidez possível e necessária. Para as pessoas que tiveram que abandonar os seus haveres e o trabalho de uma vida ou até de gerações, as mágoas são muitas, mas, do ponto de vista político, quer em termos nacionais quer internacionais, não poderia ter sido muito diferente. Com efeito, internamente, as famílias não estavam disponíveis para continuar a perder

para a guerra não queriam ver as suas vidas interrompidas por força de uma teimosiadade internacional, Vaticano incluído, tinha votado o país ao isolamento e à condenação por desrespeito ao direito de autodeterminação dos povos coloniais.

Também é certo que, na sequência da descolonização, o país deu as mãos aos que regressaram, prestando-lhes apoio e repartindo com eles os escassos recursos de que o país dispunha, esgotado que estava numa guerra sem sentido. E os que puderam retribuíram essa ajuda com as atividades económicas que promoveram um pouco por todo o país.

Já quanto ao conceito de desenvolvimento, o seu âmbito é hoje bastante mais alargado do que o considerado à época em quetura ele restringia-se à medição da riqueza produzida no país e sua comparação com a dos outros países para encontrar a posição relativa. Atualmente, ele é integrado por um conjunto de indicadores que medem o cumprimento da agenda ligada à doutrina dos Direitos Humanos. E, em termos da agenda de trabalho da ONU neste domínio, os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) são o roteiro a seguir na perspetiva teorizada por Amatya Sen de “Desenvolvimento como Liberdade”.

O que é um facto é que sondagens de opinião elaboradas a propósito das comemorações

jovens como os principais apoiantes do 25 de Abril e a explosão de alegria vivida nas manifestações na rua que ocorreram em todo o país são bem a demonstração e a prova da vitalidade e da riqueza que a liberdade representa enquanto sentimento individual e coletivo. Vem isto a propósito da homenagem que, no princípio de maio, o Instituto Piaget de Viseu entendeu prestar a António Almeida Santos, personalidade que dedicou a sua vida à luta pela liberdade, em e a partir de Moçambique, por isso perseguido pelo regime anterior, vindo a desempenhar um papel de primeiríssimo plano na cena política nacional depois da Revolução. Menos conhecida é a amizade que o ligava a Adriano Moreira, ministro do Ultramar no tempo da ditadura, mas demitido por força das posições divergentes que promovia relativamente à doutrina de inferioridade dos indígenas. Escolheu relatar no prefácio de um livro de A. Almeida Santos, já publicado depois da sua morte, um episódio que o próprio Almeida Santos desconhecia e que se resumia ao despacho de arquivamento que exarou enquanto ministro do Ultramar sobre um processo aberto contra Almeida Santos pelo Comando Militar de Moçambique, sem sequer leitura prévia do mesmo.

“SONDAGENS DE OPINIÃO ELABORADAS A PROPÓSITO DAS COMEMORAÇÕES DESTE MEIO SÉCULO

DE PERCURSO IDENTIFICAM OS JOVENS COMO OS PRINCIPAIS APOIANTES DO 25 DE ABRIL”

Foi também assim que se construiu Abril: com pessoas que se estimavam e admiravam, mesmo tendo posições políticas diferentes, mas que se encontravam no essencial: o respeito por ideologias diversas mas que se convergiam na luta pela defesa da dignidade humana, qualquer que fosse o campo em que ela se exprimia.

| OPINIÃO
Maria de Belém Roseira Jurista
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FRONTLINE/23

ABRIL DE SOMAR

Tanto mar, tanta gente, “foi bonita a numa das mais icónicas e belas canções de abril! Preparada com método e empenho por todo o país, envolvendo instituições e associações públicas e privadas, motivando múltiplas organizações da sociedade civil e envolvendo gentes de todas as idades e territórios de vida, a celebração do cinquentenário da Revolução dos Cravos soltou-se de todas as programações e inundou de povo, de música e de alegria as avenidas e praças de Portugal. Pasmadas pelo fenómeno, rádios e televisões saíram à rua e passaram em direto uma certidão de vida a um país estonteado, mas de bem com a liberdade. Não tomemos, no entanto, a nuvem por Juno. Na outra face do país que cantoucou muita gente triste e sombria, acossada em casa, acantonada nas redes sociais, refugiada nos novos bairros da internet,

focada na diluição dos símbolos, fazendo do 25 de novembro o que ele não foi (e foi tanto e tão importante), esperando o dia em que tal como o voto contra abril se normalizou, também a rua normalize o revisionismo histórico e a contestação massiva aos direitos e aos progressos que brotaram da liberdade e da abertura de Portugal ao mundo. O país polarizado que as eleições legislativas revelaram de forma crua e brutal, não desapareceu por magia na vibrante e soalheira última quinta-feira de abril deste ano. Não podemos fazer da pujança da festa que nos inebriou de esperança um motivo de distração com o risco do que ainda pode vir a acontecer. É preciso aproveitar o momento para reconciliar o país consigo mesmo e fazer a pedagogia de uma pluralidade construtiva, onde caibam todos os que são Portugal inteiro, num quadro de reforço das instituições livres e democráticas que a revolução nos outorgou.

as imponderações desmesuradas de Marcelo Rebelo de Sousa, a celebração de abril mostrou como é possível e saudável conciliar as diferenças de opinião e de perspetiva, as alternativas de programa e de prioridades ou as diversidades de ideologia e de matriz cultural, com o respeito por valores e respeito mútuo. É possível, mas é um caminho cheio de minas e armadilhas onde a ingenuidade pode ser fatal.

Entre os que não celebraram abril, temos alguns que o ódio já corroeu até ao tutano da irreversibilidade, outros que sobrevivem à tona ou nas profundezas das fraturas que provocam, mas também muitos que anseiam por um raio de sol que os desperte para uma participação cívica sem outros limites para além dos que são traçados pela Constituição que nos rege. Entre um caminho de somar e um caminho de dividir, temos que ter o engenho e a arte de seguir o primeiro.

“A CELEBRAÇÃO DO CINQUENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS SOLTOU-SE DE TODAS AS PROGRAMAÇÕES E INUNDOU DE POVO, DE MÚSICA E DE ALEGRIA AS AVENIDAS E PRAÇAS DE PORTUGAL”
24/FRONTLINE OPINIÃO | Carlos Zorrinho
Professor Universitário e Eurodeputado do PS

IMIGRAÇÃO E SAÚDE

No ano de 2015 atingiu-se um pico de imigração com mais de um milhão de imigrantes a entrarem descontroladamente na Europa Ocidental. O declínio dramático nos anos seguintes foi contrariado a partir de 2020, tendo crescido até aos 300 mil em 2023 e não

2024. Este fenómeno tem sido alvo político e tem-se tornado numa discussão ideológica que não contribui para a sua solução. Parece evidente que a Europa precisa depressa que a sua população contrarie ou, pelo menos, atenue a tendência vertiginosa de envelheci-

empobrecimento dramático, onde o sistema social deixa de ser sustentável. Urge que a sua para sustentar o sistema social e sistemas de

A saúde é provavelmente um dos fatores que mais contribui para atrair imigrantes pois os seus países de origem não oferecem sistemas comparáveis. A Europa sempre “vendeu” o seu sistema de organização sociopolítica como o mais virtuoso. Estando esse sistema assente em economias fortes e mais equilibradas no ponto de vista distributivo, a Europa necessita agora de mão de obra mais jovem que contribua para a sustentabilidade do sistema. Na nossa realidade nacional, temos conhecimento de casos de imigrantes que universalidade do SNS. Mas a perceção no SNS, tirando alguns casos mediatizados, é que

Referências:

não existe entropia causada pela imigração, existe sim necessidade contínua de melhorar a organização do sistema de saúde e de au-sos existentes. Com ou sem imigrantes estas necessidades são emergentes e o impacto da imigração é marginal. Pelo contrário, a emi-cia tem tido um impacto muito mais notório. A entrada desregulada de imigrantes na Europa traz alguns problemas no respeita à sua inserção, essencialmente por causa do tipo de oferta de emprego e condições de vida que lhes são oferecidos, mas também pelas diferenças profundas religiosas, culturais e de costumes. Frequentemente os imigrantes

regras que existem na Europa e, por seu lado, os europeus não aceitam os valores culturais e religiosos além dos costumes trazidos por esses imigrantes. Esta diferença é preocupante pois tem despertado sentimentos xenófobos como há muito não se sentia no Velho Continente. Esta tendência tem de ser travada pois, no que respeita à saúde, pode pôr em causa a universalidade e a equidade que tanto caracterizam o SNS. A diversidade étnica e cultural da Europa é uma das bases do seu desenvolvimento socioeconómico e da sua

se pensarmos que sozinhos podemos continuar a crescer. Contudo, se continuarmos a assistir à entrada desenfreada de imigrantes, os sistemas sociais entrarão em rutura, como

https://globalizationandhealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12992-018-0373-6 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9819786/

“ A SAÚDE É PROVAVELMENTE UM DOS FATORES QUE MAIS CONTRIBUI PARA ATRAIR IMIGRANTES, POIS OS SEUS PAÍSES DE ORIGEM NÃO OFERECEM SISTEMAS COMPARÁVEIS”

tal seria importante resolver este problema a montante, com diplomacia, com os países de origem da imigração, de forma a contribuir para que nesses países se ofereça melhores condições de vida e se garanta desenvolvimento económico e social. No curto prazo a situação tem de ser gerida com algum pragmatismo e com uma estratégia que não crie ruturas. Um artigo de 2018 revela que Portugal, Espanha e Irlanda têm dado bons exemplos no que respeita a políticas de integração e inclusão dos imigrantes, nomeadamente no que respeita ao acesso aos cuidados de saúde. Outro artigo mais recente revela que o efei-

a importância da imigração no crescimento económico na EU. Os resultados mostram também que sem o fator envelhecimento, ato económico. Portanto, este estudo fornece uma perspetiva económica objetiva sobre a -

car a necessidade de imigrantes na economia europeia face aos discursos anti-imigração.cia económica da política de imigração.

o efeito positivo das despesas com a saúde pública no crescimento económico, especialmente as despesas com serviços hospitalares e produtos médicos, demonstrando que quanto maior for a despesa pública em saúde, maior será o crescimento económico.

FRONTLINE/25 Luís Lopes Pereira | OPINIÃO
Economista e Gestor em Saúde

CONTACTOS

Apropósito da seleção de uma pessoa para a lista concorrente às eleições de deputados do Parlamento Europeu, levantou-se grande discussão sobre o candidato – jovem e mediático – e a sua notoriedade, conquistada através de suposto jornalismo político e na imprensa escrita, radiofónica e televisiva. Claro que não é um jornalista, não me lembro de o próprio ter dito que era, mas é um comentador de política e, logo por isso, com conhecimento dos meandros políticos. Devo acrescentar que tem formação académica em política e, imagino, em policy making . Em suma, não será desprovido de qualidades e capacidades. O jovem, porque é jovem, despertou invejas e vilipêndios. Nada de novo. Um comentador, jornalista, seja o que for, não pode passar da TV para a política. Digam isso ao Senhor Presidente da República e a uns quantos putativos candidatos a presidente de qualquer coisa. E da política para o écran? Salário considerado, porque isto de ser político honesto não dá grandes rendimentos, os media fervilham de políticos reformados, frustrados, in limbo, “afastados” e, pois claro, de mais uns quantos no ativo, a quem uns dinheiritos extra e a possibilidade de se tornarem mais presentes dá muito jeito.

Quanto à juventude, recorro a uma analogia. “Naquele tempo”, tradicional fórmula evangélica de iniciar a prédica, não havia net, TV, smartphones . Escrevia-se à mão, com bloco de notas porque não havia gravadores, e só se publicava em papel. Assim, Winston Churchill, com 22 anos, iniciou a sua carreira de jornalista. Isso mesmo, jornalista e repórter de guerra. -

do. O inimigo já se tinha rendido. O resto é história, entre política, liderança e o prémio Nobel da Literatura. Digamos que agarrou as oportunidades e, obviamente, tinha talento. Haja esperança. E depois, há sempre um depois e adições argumentativas, chega-se lá, à política, aos media, aos empregos, porque se tem “contactos”. Pois, se ninguém nos conhecer, será sempre difícil que alguém se lembre de nós. Há uns mais expeditos, fura-vidas, sempre em almoços, lanches, jantares, convidando e fazendo-se convidados, sem outro trabalho conhecido que não seja o de se fazerem notados, que chegam aos bons “lugares”, aqueles para que não têm competência, nem saber, mas que dão notoriedade – coisa diferente de prestígio – e possibilidades de angariar rendimento e ocupação, sem que esta última seja, ou dê, trabalho. Há uns artistas nesta coisa dos “contactos”.

Eu conheço uns quantos e todos sabemos quem são. Não critico, apenas constato. Até porque a angariação de “contactos”, um soe tempo. Lobbying, chamarão alguns a esta útil função – não estou a ser irónico – de marketing social e obtenção de apoios para causas que, na verdade, nem têm todas de ser desonestas. Sobre a regulação do lobismo, com o que estou de acordo, teria de escrever outro texto.

-

te ( Expresso , 27 abril 2024) lembra-nos “ a impossibilidade de nascermos todos do mesmo sítio, em igualdade de circunstâncias e com recursos semelhantes ”. A velha questão da equidade vs igualdade no acesso. E chegar “lá” é sempre mais difícil para quem é “rural”, reconheça-se o facto e o mérito. Porque, citando a mesma crónica, a vida não é “ linear e previsível, sem o caráter arbitrário das relações humanas, que mudam trajetórias e armadilham o conceito de meritocracia, subvertendo-o e invertendo o eixo do mérito alicerçado no sacrifício-talento-progressão profissional ”. Todavia, saber estar no sítio certo, no momento certo, com a gente certa, é mais do que apenas ter sorte. E é uma escolha com as consequentes perdas e ganhos. Não se pode ter tudo.

“ HÁ UNS MAIS EXPEDITOS, FURA-VIDAS, SEMPRE EM ALMOÇOS, LANCHES, JANTARES, CONVIDANDO E FAZENDO-SE CONVIDADOS, SEM OUTRO TRABALHO CONHECIDO QUE NÃO SEJA O DE SE FAZEREM NOTADOS ”
26/FRONTLINE OPINIÃO | Fernando Leal da Costa
Médico do IPO e Professor da Escola Nacional de Saúde Pública

TURISMO: UMA VISÃO DE FUTURO PARA O PAÍS

O crescimento do turismo em Portugal tem sido amplamente destacado nos últimos tempos. Dados divulgados mostram que o setor bateu novos recordes o ano passado, em termos de dormidas, hóspedes e receitas turísticas.

Manchetes como “O Valor Acrescentado Bruto e o Consumo de Turismo no território económico superaram os níveis pré-pandemia” e “Consumo Turístico representa 15,8% do PIB em 2022” têm sido recorrentes, sinalizando uma recuperação notável após os desafios enfrentados durante a pandemia. Os dados divulgados pelo Turismo de Portugal mostram que o setor bateu no -

visitantes e maior retorno económico. Nos últimos anos, Cascais transformou-se, posicionando-se como o melhor sítio para viver vos recordes o ano passado em termos de dormidas, hóspedes e receitas turístio sucesso do turismo como uma indústria em Portugal, mas também seu papel vital na geração de valor e prosperidade económica que cria empregos, gera postos de trabalho. Não teria sido possível sem com paixão, criatividade e comprometi -

mento, continuam a posicionar Portugal como um destino turístico de excelência. Também em Cascais o turismo é um dos motores da economia local, tendo sido o berço da primeira estratégia turística que o país conheceu, guiado pelo visionário Fausto

28/FRONTLINE GRANDE ANGULAR | Prosperidade

um dia ou uma vida inteira, assim como um hub para captação de talentos e recursos.

C ondições de sustentabilidade

O turismo é uma história de sucesso. Mas o sucesso não dura sempre. Portanto, é imperativo garantir condições de sustentabilidade deste importantíssimo segmento da economia portuguesa e trabalhar para vencer a concorrência. Como?

Em Cascais defendemos um triplo salto de valor que é transponível para a realidade nacional: valorizar o território, a oferta turística e as pessoas.

A valorização do território envolve a preservação da identidade e cultura locais. Uma história que, no nosso caso, se estende por quase 660 anos. Num mundo cada vez mais padronizado, a identidade é fonte de diferenciação que alavanca propostas de valor.

Quanto à oferta turística, Portugal tem de competir sempre pela qualidade, não pelo preço. Vivemos num dos melhores

países do mundo para se viver ou para visitar. É premium , não é low-cost.

Por último, o recurso mais valioso de Cascais: as pessoas. O nosso capital humano. A capacidade de atrair, reter e desenvolver talentos, competências, criatividade e conhecimento é essencial para o futuro do país e do turismo. Combinado com tecnologia de ponta, é a chave para o sucesso sustentável do setor.

com a educação, demonstrando empenho na atração de diversas instituições académicas para o concelho. Um exemplo notável é a NOVA SBE, o mais moderno campus universitário da região e já hoje uma das escolas de negócios mais conceituadas da Europa.

P rojetos ambi C iosos

Temos em curso projetos ambiciosos, alguns deles diretamente relacionados com o Turismo, e que passam entre outras medidas por um reposicionamento do aeroporto de Cascais.

Apesar dos progressos no ensino universitário, falta uma peça essencial: um centro de excelência nacional para a formação turística. Uma Universidade do Turismo. Uma academia que seja para o Turismo o que a NOVA SBE é para a Economia e Gestão. Uma universidade TOP 10 do mundo. Ao longo de anos, várias têm sido as tentativas para concretizar este projeto. Estou convicto de que 2024 será o ano da mudança. Há vontade dos poderes públicos nacionais e locais para que tal aconteça. Há apoio das academias do saber e das academias do fazer. Há a energia, o entusiasmo e a capacidade concretizadora de Cascais para fazer acontecer. Em resumo, esta “Universidade do Turis -

valorização do território, da oferta turística e das pessoas. Movidos pela ambição e sonho, puxando pelas energias do país e das nossas pessoas, acreditamos que com este projeto contribuiremos para o futuro do turismo de Cascais e do país.

FRONTLINE/29 Prosperidade | GRANDE ANGULAR

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E DESAFIOS DA MOBILIDADE ELÉTRICA

A

cada dia, chegam-nos imagens que vão dando evidências dos efeitos das alterações climáticas, bem como estudos que reforçam os nexus de causalidade entre as emissões de gases com efeito de estufa, o aumento de temperatura global e alterações aceleradas na intensidade e frequência de fenómenos climáticos extremos.

As imagens que nos chegam do Rio Grande do Sul, no Brasil, que repetem com maior gravidade as do ano passado, permie materiais que os fenómenos extremos meteorológicos potenciam e antecipam. A produção de energia, a mobilidade e o setor da construção civil constituem fontes de emissões de gases com efeito de estufa muito relevantes no mundo e naturalmente no nosso país. Os compromissos assumidos pela comunidade internacional através do Acordo de Paris, em 2015, visam a adoção de medidas que limitem as tendências para o aumento da temperatura global no planeta, através de medidas de mitigação e de adaptação. Portugal foi dos

Paris e o primeiro a apresentar em Bruxelas um plano para a neutralidade carbónica até 2050, com uma abordagem estratégica que consta do RNC2050 – Roteiro para a Neutralidade Carbónica.

No domínio da energia, o país conheceu o fim da produção de eletricidade a partir do carvão e apresenta um mix energético alinhado com esses compromissos, com a produção de eletricidade a conhecer

30/FRONTLINE AMBIENTE | Política energética

forte penetração de energias renováveis: hídrica, eólica e mais recentemente com uma aposta no solar.

Todos sabemos que a complexa gestão de um sistema nacional de energia não pode estar dependente de recurso a energia que não assegura continuidade, as reservas hídricas estão dependentes da precipitação e competem com outros usos, as condições de vento e a exposição solar estão também dependentes de condições não controláveis e por isso importa uma política energética que otimize as disponibilidades.

Naturalmente este processo apresenta custos e muitas vezes poderemos pensar que em alguns momentos esta transição energética determina maiores custos de energia, mas se tivermos em conta o que pode resultar de não darmos atenção ao processo que concorre para acelerar as alterações climáticas, os riscos podem ser

Os movimentos de jovens pelo clima devem fazer pensar, pois se muitas vezes a forma pode não ser a mais adequada, devemos ter em linha de conta que os cenários das alterações climáticas nos deixam preocupação se pensarmos uma visão prospetiva das consequências futuras.

Portugal tem um registo de emissões inexpressivo à escala global, mas todos têm de fazer a sua parte e desde o Protocolo de Quioto que temos vindo a assumir as nossas responsabilidades globais, com trajetória positiva e consequente com os compromissos assumidos.

Q uestão da mobilidade

Para além da produção de energia a questão da mobilidade coloca grandes desafios, porquanto tivemos um modelo de desenvolvimento urbano que por falta de adequado planeamento nos conduziu a um processo de despovoamento de grande parte do território, à concentração urbana no litoral e em particular nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. As dinâmicas de ocupação do território geraram periferias dormitório, com movimentos pendulares residência-trabalho-residência muito expressivos, na maioria dos casos sem adequados meios de transportes públicos, levando a uma quase forçada utilização de meios de transporte individual.

Nos últimos anos têm sido promovidos investimentos na rede de metro nas áreas metropolitanas, melhoria de frota em termos de conforto e na eficiência ambiental dos modos de transporte rodoviário, passes sociais a custos reduzidos, mas num contexto de ocupação do território todas as soluções se tornam complexas, com maiores custos de investimento e de operação e nem sempre respondem de forma adequada à procura. Em termos de construção continuamos com os processos construtivos tradicionais e por isso a pegada ambiental e energética é enorme, quer na fase de construção, na sua fase de ocupação e uso, quer no passivo futuro quando chegar a hora da renovação ou demolição.

i N ce N tivos à aQ uisição

Regressando à mobilidade e ao peso do uso do transporte individual, verificamos que os incentivos à aquisição de frotas e veículos elétricos por empresas e particulares tem tido relativo sucesso, com Portugal a apresentar uma posição crescente na penetração de veículos elétricos, mas inferior a 1%.

O país europeu com maior percentagem de carros elétricos em circulação é a Noruega, com 20,8% do total. No espaço da UE, apenas seis países têm uma percentagem de carros elétricos superior a 2%, com destaque para a Suécia, com 4% da sua frota automóvel eletrificada.

O aumento de veículos elétricos colocamento, nomeadamente postos de carregamento rápido, porquanto esse é hoje um fator de ponderação na hora de aquisição de veículos automóveis. Pese embora o país já disponha de uma interessante rede pública de carregamento, parece evidente que a aposta na mobilidade elétrica vai determinar a criação de infraestruturas de proximidade, o que em muitas áreas do país está muito longe de estar assegurado.

A nossa estrutura urbana marcada por condomínios nas principais áreas metro-

no carregamento em contexto habitacional, porquanto muitos não têm garagem e onde existe parqueamento privado não é fácil chegar a consenso sobre a realização de investimentos no sistema elétrico e de controlo de consumos.

N ada como experime N tar

As nossas experiências pessoais ajudam a um olhar mais pragmático sobre as políticas públicas e por isso deixo registo de recente experiência em test drive com veículo 100% elétrico. O test drive determinou desde logo uma prévia preparação da viagem, com a abordagem da autonomia teórica e uma

de locais de postos de carregamento rápido, localização de local de refeição para otimizar o tempo de passeio.

trovoadas, os dois primeiros postos de carregamento estavam com problemas e isso gerou algum stress num primeiro momento, mas encontrado um posto de carregamento e de novo em ambiente de normalidade, a experiência foi extremamente positiva. Os veículos elétricos tiveram grande sucesso no início do século passado e a sua performance chegou a ombrear em termos de autonomia com alguns modelos atuais, mas a emergência do petróleo determinou um caminho diferente para a indústria automóvel.

Atualmente os veículos 100% elétricos apresentam a cada dia crescente autonomia, conforto na condução, performance de segurança, custos de manutenção e de operação mais reduzidos e uma fiscalidade mais atrativa. A indústria automóvel aponta para um cenário de mudança, e pese embora os desafios da rede de carregamento rápido, o tema do fim de vida das baterias, as implicações na fiscalidade, pois as receitas fiscais do uso de combustíveis terão de ser compensadas por alguma outra forma de equilibrar as contas públicas, estamos em crer que será a tendência do futuro.

FRONTLINE/31 Política energética | AMBIENTE

FERROVIA OUTRA DEBILIDADE NACIONAL

por Carlos Mineiro Aires

Engenheiro Civil, Bastonário da Ordem dos Engenheiros 2016-2022

O desinvestimento na ferrovia relegou-nos para níveis que nada nos prestigiam, sobretudo quando agitamos bandeiras climáticas da descarbonização e nos orgulhamos de sermos um país de ponta na questão das energias renováveis.

Segundo a Pordata, entre 1974 e 2022 foram desativados perto de mil quilómetros de linhas férreas (cerca de 30%), mas construíram-se mais de 3 mil quilómetros de autoestradas e o número de passageiros nos aeroportos nacionais cresceu 12 vezes. Apostámos na rodovia para o transporte de mercadorias e pessoas, o que aumentou o recurso a automóveis e veículos pesados movidos por derivados de combustíveis fósseis e que geram gases com efeito de estufa potenciadores de alterações climáticas, o que a descarbonização

visa mitigar, já que não se vislumbra o total abandono da sua utilização. Entretanto, há que reconhecê-lo, foi retomada uma forte aposta na ferrovia, estando em curso múltiplos investimentos estruturantes, sendo de realçar, entre outras, as obras de ligação a Espanha (troço Évora-Caia) e o lançamento do primeiro troço da linha de alta velocidade (AV) Porto-Lisboa. A par, foi desenvolvido o Plano Ferroviário Nacional (PFN), ainda não formalmente aprovado apesar de incluir as obras em curso e outras opções já tomadas, mas

que considero um excelente plano e revela conhecimento da ferrovia em Portugal. A calendarização prevista para agora podermos construir o que deixou de ser feito não é a mais animadora, mas é a possível.

C entralidade atlânti C a Entretanto, com a guerra na Ucrânia e com os efeitos que teve na Europa, Portugal passou a ter condições para deixar de ser um país europeu periférico se souber aproveitar a agora reforçada centralidade atlântica. Tal obriga ao aproveitamento da capacidade

32/FRONTLINE ANÁLISE | Rede ferroviária

dos portos de Leixões e de Sines, da sua -

ropa. No caso de Sines, acresce o elevado

que deve ser ligado à interconectividade que as redes transeuropeias garantem.

duas questões que têm sido objeto de discussão pública.

A primeira tem a ver com o abandono do transporte aéreo, já que tem sido anunciada a intenção de serem interditos voos em distâncias inferiores a 600 km e há mesmo quem defenda que este limite deve ser alargado.

A nossa localização na extremidade ocidental da Europa cria-nos limitações evidentes. Por isso, o nosso objetivo internacional prioritário para qualquer ligação em AV será sempre até Madrid, a partir de onde existem conexões para a Europa, sem descurar o elevado interesse e urgência de uma ligação à Galiza, no pressuposto de que Espanha não tem interesse em construir uma nova via dedicada a Portugal. Isto, a par das distâncias, inviabiliza o recurso preferencial ao transporte ferroviário para ligações a outros países para lá dos Pirenéus, pois a procura não se compadece com viagens morosas.

B itola i B éri C a ou europeia

A segunda questão tem a ver com a discussão que tem havido sobre a utilização da bitola ibérica (1668 mm), existente em Portugal e na maior parte da rede espanhola, ou da bitola europeia (1435 mm) afeta à AV em Espanha e na Europa, questão que, a meu ver, no quadro atual, nem sequer poderia constituir uma boa solução para Portugal. Também interessa esclarecer que o transporte de mercadorias não é, por norma, realizado em redes de AV, ao contrário que que se ouve dizer.

A XIX Cimeira Luso-Espanhola, realizada em 7 e 8 de novembro de 2003, na Figueiraroviários de alta velocidade para as interligações com Espanha que, por Resolução do Conselho de Ministros, de 26 de junho de 2004, foram assumidas como projeto nacional. Em boa verdade, ligações demasiado ambiciosas que deveriam estar concluídas até 2015 (Porto-Vigo, Lisboa-Madrid, Lisboa-Porto, Lisboa-Faro-Huelva, via Évora, e Aveiro-Salamanca, entre outras), sendo que da parte de Espanha foram então garantidos os investimentos necessários para que fosse possível cumprir o que

mereceu a mais do que óbvia compreensão de Espanha, dado não serem prioritários, que reagiu com uma diplomática declaração de abrandamento dos desenvolvimentos a que estariam obrigados. Por isto, Espanha não fez qualquer investimento em bitola europeia em direção à fronteira ferroviária portuguesa, mantendo a bitola ibérica na cobertura ferroviária fronteiriça, sem quaisquer constrangimentos de interoperabilidade do material circulante, o que teremos de replicar. Para coexistência das duas bitolas, Espanha também recorre a vias com um “terceiro carril”.

i nvestimentos em C urso

Só em dezembro de 2023 foi concluída a ele-

Cáceres e Plasencia, agora designada por “LAV Estremadura”, em via única de bitola ibérica, assente em plataforma de via dupla, que será duplicada e convertida para a bitola europeia quando for ligada à LAV Sevilha-Madrid, perto de Toledo. Do lado de Espanha, entre Salaman-

chegou a Fuentes de Oñoro, e nas restantes fronteiras ainda está tudo por resolver. É este o alegado “paraíso” da AV e da bitola junto à fronteira portuguesa que tenho ouvido elogiar.

Posto isto, caso tivéssemos optado pela bitola europeia nos investimentos que estão em curso, estaríamos a criar uma “ilha ferroviária” no território nacional por inexistência de qualquer ponto fronteiriço de conexão e sem interoperabilidade interna. A decisão tomada de optarmos pela manutenção da bitola ibérica na rede nacional é, assim, a mais racional, pelo menos transitoriamente, tanto mais que nos suportes de apoio dos carris, vulgo travessas, existem duas furações que permitirão a futura e oportuna transição para a bitola europeia, mais estreita, caso a UE pressione e Espanha decida fazer esse investimento, o que obviamente obriga a intervenção do nosso Governo junto das partes. Há que recuperar o atraso ferroviário e assegurar que a deslocação de pessoas etentável e lucrativa.

FRONTLINE/33 Rede ferroviária | ANÁLISE

APELO AO VOTO!

Advogada, Docente Universitária,

Ex-Deputada à Assembleia da República e ao Conselho da Europa

Este ano de 2024 foi já denominado o ano de “supereleições” e é um grande teste à política democrática, onde mais de 60 países e, aproximadamente, um quarto da população mundial vão às urnas para escolher os seus parlamentos ou presidentes.

As eleições vão decorrer em três dos maiores sistemas políticos democráticos: os Estados Unidos da América, a Índia e a União Europeia, esta com as décimas eleições diretas do Parlamento Europeu a decorrerem entre 6 e 9 de junho e com a democracia

Ainda dentro da União, estão previstas eleições nacionais na Croácia, Áustria, Lituânia e em Portugal, bem como no Reino Unido,

Embora a Europa e a União Europeia continuem a ser o lar das democracias

mais desenvolvidas do mundo, tambémmocracia estão ameaçadas pela guerra de agressão da Rússia, desde 22 de fevereiro de 2022, a invasão militar da Ucrânia trou -

de 7 de outubro de 2023 desencadearam outro conflito mortal na Faixa de Gaza

As guerras nas fronteiras da UE correm o risco de alastrar para além dos territórios

da Ucrânia e de Gaza, transformando-as óbvias e negativas para as liberdades e os -

ças no contexto internacional, mas também partidos com posições simpáticas para comcrática entre os países europeus e fazer recuar os direitos e princípios democráticos

ATUALIDADE | Eleições europeias

sistimos a tentativas em muitos Estados de promover a desinformação e a propaganda provenientes de atores hostis ao

Ao mesmo tempo, a proteção dos dados pessoais e a liberdade de expressão, com incidentes graves, como escândalos de spyware em vários países da União, são um forte aviso da necessidade de proteger as liberdades e os direitos individuais num -

Conjuntura difíCil

Numa conjuntura tão difícil, as democracias em todo o mundo estão a discutir e a implementar medidas para reforçar a resiliência da democracia e dos proces -

Com efeito, durante mais de 70 anos, o nosso continente avançou, com solidez, cidadãos da UE estejam cada vez mais

-mação possam influenciar os eleitores e -

inovação tecnológica e a cibersegurança, e com novos desafios provenientes não apenas de países terceiros, ou seja, interferências estrangeiras sob diferentes formas, mas também de dentro da UE, tal como acontece com o sucesso eleitoral de partidos considerados como apoian -

ameaças à demoCraCia -

identificassem as três ameaças mais gra -

A maioria dos Estados-membros, 22 de são as falsas e/ou informações enganoonline ou offlinetificada como a ameaça mais grave por

envolvimento e interesse na política e nas eleições entre os cidadãos comuns, 26%, -

Na Bulgária, pelo contrário, a ameaça percebida com mais gravidade é a interferência estrangeira encoberta na polí -

metade dos entrevistados, em comparação com apenas 21% para a UE dos infraestruturas ou processos eleitorais, -

A democracia foi durante muitos anosmenos recentes, de todo o tipo, demons -

o meu apelo, a todos cidadãos eleitoresximas eleições para o Parlamento Europeu, no dia 9 de junho, e participem, em tempos tão incertos, na solidificação do projeto democrático da União e dos percalços, tem sido uma fonte de paz, bem-estar e desenvolvimento para todos nós!

FRONTLINE/35 Eleições europeias | ATUALIDADE -
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CONDENAR A GUERRA, PROCURAR A PAZ

Vivemos hoje num mundo imprevisível e perigoso que tende a normalizar os

Ainvasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, por esta designada como “operação militar especial na Ucrânia”, foi uma opeque começou em 2014, através da anexação da Crimeia pela Rússia e depois que estes deram a forças separatistas a região do Donbas no sudoeste da Ucrânia, levou a um acumular da presença militar russa ao longo da fronteira Rússia-Ucrânia. Em 21 de fevereiro de 2022, Putin reconheceu a República Popular de Donetsk e a

República Popular de Lugansk, duas regiões autoproclamadas como Estados, controladas por separatistas pró-Rússia em Donbas. Passadas 24 horas, o Conselho da Federação da Rússia autorizou o uso da força militar e as tropas russas entraram em ambos os territórios. A partir daqui, a Rússia aciona o seu arsenal militar e ataca todo o território ucraniano, incluindo a capital, Kiev. Foi quase generalizada a condenação e a imposição de novas sanções à Rússia. A comunidade internacional mobilizava-se

na condenação à Rússia e esta, como resposta, colocou as suas forças nucleares em alerta máximo, ameaçando com a possibilidade de uma escalada para uma guerra nuclear.ra ancorada no seu poder nuclear e a Ucrânia invadida e ameaçada, apoiada por todo o mundo ocidental.

Guerra Israel-PalestIna

bro de 2023 transformou-se numa guer-

Jurista
36/FRONTLINE EM FOCO |

ra, por nesse dia ter ocorrido um ataque terrorista levado a cabo pelo Hamas em território de Israel matando milhares de civis israelitas e que teve como resposta a imediata mobilização militar do poderio de

res de mortos.

qual o governo britânico expressou apoio à criação de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina, com a criação do Estado de Israel em 1948 e a Guerra dos Seis

A ocupação de territórios palestinianos por Israel, incluindo a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, constitui um ponto central na análise sobre a legalidade das ações de Israel no âmbito do Direito Internacional.

As Convenções de Genebra, em particular a 4.ª Convenção, são fundamentais para compreender as normas que regem os territó-

rios ocupados. Essas convenções estabele-

em relação à proteção de civis e proíbem práticas como o deslocamento forçado e a territórios ocupados.

análIse do conflIto

O Direito Internacional Humanitário, destinado a proteger os indivíduos que não participam ativamente nas hostilidades, é um instrumento fundamental para a análise

ataques a civis ou o uso de civis como escudos humanos, são condenadas pela comunidade internacional e podem ser objeto de investigações e ações legais.

Responsabilizar e obrigar a dar explicaçõesganismos internacionais como o Tribunaltigar e, ainda, de processar casos de crimes de guerra e violação dos direitos humanos.

No caso da guerra que ocorre entre a Rússia

Internacional tem limitado a sua intervenção a fazer pressão sobre o país ocupante, pois a Rússia, cavalgando o seu arsenal nuclear e a ameaça que com ele faz, imobiliza qualquer intervenção maior das leis internacionais e mesmo de países terceiros.

Na guerra Israel-Palestina, a comunidade internacional tem um papel crucial a desempenhar. O que inclui não só dar facilidades às negociações de paz, como também favorecer o suporte económico, social e político necessário para criar um clima propício à paz. Organizações internacionais, países mediadores e ONG podem oferecer recursos, plataformas para o diálogo e pressão diplomática para motivarem as duas partes na

São estes os tempos novos que vivemos. Nunca é demais falar deles. Nunca é demaiscurar a PAZ!

FRONTLINE/37 | EM FOCO
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OS PROBLEMAS DE FUNDO DA CRISE DA HABITAÇÃO

Algo está a correr mal para o regime não perceber que é preciso mudar profundamente o que não serve para resolver os problemas dos portugueses.

Oprimeiro Presidente da República eleito após a Revolução de 1974, General

recente que “gostaria de dizer aos portugueses que é muito importante que se debrucem sobre o 25 de Abril, que façam uma

acho que é mais importante ainda fazerem

um presente melhor ”.

É uma recomendação bem oportuna e sábia, pois um regime ou uma organização que não consiga analisar o que fez de bom, reconhecer as razões do que está mal e introduzir as mudanças necessárias para satisfazer as necessidades de um povo, estará condenado.

No que se refere à crise da habitação, o que se tem passado nos últimos 20 anos deveria merecer essa análise, independente, e não condicionada por visões ideológicas e partidárias. O nível a que se chegou tem levado à negação das evidências e a posições completamente antagónicas, consoante os partidos estão no Governo ou na oposição. Há a perceção de que alguns partidos estão mais interessados em ter o poder do que introduzir reformas e roturas com as regras e os procedimentos que não servem.

38/FRONTLINE MAGAZINE | Serviço público

A propósito da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, é oportuno recordar que a grave crise da habitação então vivida, com a carência de habitação estimada em 500 mil fogos, foi resolvida nos 25 anos seguintes. Foi resolvida com políticas, pragmatismo e com a capacidade e as competências das organizações públicas, dos seus quadros, bem preparados, e com as empresas privadas de projeto e construção. Esta capacidade não nasceu no dia 25 de abril de 1974, mas foi sendo construída antes, pelo que há que reconhecer esse trabalho de grande visão e mérito que permitiu o ambiente favorável ao que se fez posteriormente.

Medidas legislativas

ções então criadas e dedicadas à habitação foram a grande Escola que permitiu os sucessos das décadas seguintes, como foi a sua destruição e a falta de estratégia e planeamento que levou ao insucesso das últimas décadas.

Perante a crise de habitação gerada nos

conjunto de medidas legislativas e criou organizações públicas com meios para a solução. Era um tempo em que a legislação era concebida pelos técnicos e políticos que sabiam dos temas, ao contrário do que tem sucedido.

ções Urbanas (RGEU) de 1951, que criou as licenças de utilização e todo o quadrocialmente em vigor. Foi sendo alterado, possível acabar com a obrigatoriedade dos bidés, o que é, no mínimo, ridículo. Temos de reconhecer que os diplomas mais perenes e com menos alterações, muitos dos quais ainda em vigor, foram criados nesse tempo e é justo perguntar porquê.

A atribuição aos municípios do poder

da Lei de Solos. O regime de revisão de preços de empreitadas de obras públicastrutura inicial. O regime jurídico de em-

foi revogado em 2009 pelo desadequado e inaceitável Código dos Contratos Públicos (CCP), que em 15 anos já conheceu 20 alterações e continua a não servir. O que se alterou foi para pior, pois durante 40 anos o regime inicial foi sendo melhorado e adaptado às regras da UE, merecendo um grande consenso. A grande reforma do licenciamento urbano é de 1970

mantida até ao atual Simplex, de janeiro de 2024, que já criou mais problemas do que podem subscrever projetos é de 1973, De-

Sendo este apenas um breve exemplo do quadro legal que até hoje serviu de referência, no que se refere às organizações públicas passámos de organismos com elevadas competências e capacidade de execução para uma sombra do que foi essa Escola.

de Habitação que chegou a ter mil funcionários, entre os quais os melhores técnicos que sabiam de habitação, a par do Laboratório Nacional de Engenharia Civil. À época, muitos dos melhores quadros técnicos trabalhavam no Estado e eram bem remunerados face à iniciativa privada. Estes organismos e os seus quadros foram indispensáveis para o sucesso das políticas de habitação até final do século passado.

Realidade atual

Hoje não temos organismos públicos ao nível do que já tivemos, nem técnicos com competências e experiência na administração pública. As carreiras técnicas desta área foram diluídas na vala comum da função pública, com salários que impedem a atração de engenheiros, arquitetos,

economistas e gestores. O que se está a passar no SNS com os médicos, ou no Ensino, com os professores, é apenas a consequência do que já sucedeu com outras que ninguém quis saber porque não era tão visível como a saúde.

A produção legislativa é cada vez mais afastada da realidade e produzida por quem não sabe dos setores, começando por muitos académicos que só conhecem a teoria do que estudaram. Algo está a correr mal para o regime não perceber que é preciso mudar profundamente o que não serve para resolver os problemas dos portugueses. O que sucedeu nos últimos 15 anos foi o desastre que gerou uma nova e difícil crise.

É urgente dotar os serviços públicos

um conjunto de exigências que obrigam a custos de construção inacessíveis. As regras aplicadas a residências de idosos e de estudantes não são aceitáveis, pois os custos, sem qualquer lucro, estão desajustados dos rendimentos.

É preciso estimular a capacidade do setor da construção e voltar a um regime de contratação pública que permita atingir em tempo, qualidade e preço o que o CCP não consegue. É tempo de mudar para melhor o que nos fez chegar aqui, e para isso é preciso que os intervenientes sejam dos setores em vez dos “especialistas” inventados nos últimos anos.

a baixa taxa de execução do PRR, veremos que uma parte desse insucesso resulta do que acabei de referir. Foram atribuídas verbas, mas a incapacidade de se concretizar foi destruída, e uma parte por imposição da mesma entidade que agora as atribuiu.

FRONTLINE/39 Serviço público | MAGAZINE
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SAÚDE EM DEBATE

O Partido Socialista (PS) governou Portugal 20 anos nos últimos 29, ou seja, mais de dois terços do tempo. Só esta última governação durou mais de oito anos. E o que aconteceu nos últimos oito anos na área da Saúde?

OEstado pagou ao setor social e privado cerca de 8 mil milhões de euros em 2023. Em 2023, cerca de 45% dos portugueses tinham seguros privados de saúde (incluindo a ADSE)! Porque sentem os cidadãos a necessidade de ter um seguro quando têm todos direito ao SNS para o qual pagam elevados impostos?

em Portugal ainda é o SNS, cerca de 65% de

inferior aos anos anteriores. Ou seja, cada vez mais são os cidadãos que pagam a saúde do seu bolso (35% da despesa anual de Saúde, quando a média europeia se situa nos 15,2%) e continuam a pagar cada vez mais impostos!

Se, como dizia o anterior Governo, nunca tivemos tantos recursos humanos no SNS e o OE para a saúde nunca foi tão elevado, o que é que falhou? Será incapacidade do Governo socialista e dos seus responsáveis? Será a ausência de verdadeiras reformas no SNS, nomeadamente na governação e na gestão? Ou será que falta mesmo “força de trabalho” no SNS? Ou será ainda uma mistura das três situações referidas?

O SNS herdadO

O PS acusou a Aliança Democrática (AD) abandonou nestes últimos oito anos a essência do SNS? Um SNS em que a equidade

está mais distante, em que as desigualdades se agravam de dia para dia, em que o acesso em tempo clinicamente aceitável está seriamente comprometido.

O atual Governo da AD herda um SNS a necessitar de organização e em sofrimento, onde escasseia o investimento público e a capacidade de resposta às populações é inprimários, o número de portugueses sem Médico de Família – mais 50% do que quando o PS chegou ao Governo! – é simplesmente inaceitável.

Por sua vez, apesar da dedicação e da resi-

40/FRONTLINE SAÚDE | Sistema de saúde
Bastonário da Ordem dos Médicos 2017-2022

de funcionamento, proliferando as urgências sobrelotadas e os encerramentos temporários de serviços, o incumprimento dos TMRG, situações indesejáveis com as quais não nos podemos conformar.

A gestão dos recursos humanos do SNS pelo anterior Governo foi desastrosa, levando à perda da motivação e da esperan-

prejudicados na sua vida pessoal e com as suas legítimas ambições de carreira e perspetivas de formação comprometidas. Por -

trabalhar em exclusivo no setor privado ou social, ou mesmo por emigrar.

Agora é tempo de mudar e é para essa mudança ao serviço dos portugueses que todos devemos trabalhar, empenhar o nosso saber e gastar as nossas energias. Os portugueses que elegeram o novo Governo da AD esperam dele uma visão estratégica, um

forte capacidade de realização. O novo Executivo tem a missão de melhorar e aumentar o acesso, garantir uma resposta adequada, de qualidade e em tempo útil às pessoas – aumentando nestas também a literacia e um sentido de responsabilidade individual. Precisamos de um sistema de saúde centrado num SNS forte, moderno, bem equipado, -

ção com os setores privado e social, em que as capacidades e estruturas existentes em todo o sistema sejam plenamente

ou anos à espera dos cuidados de saúde de que carece. Necessitamos de reforçar

clínica, e implementar um novo modelo dedo nas populações.

Os doentes têm rosto, são pessoas, têm uma história, uma família, uma vida que nos deve sensibilizar a todos e que devemos respeitar. A saúde deve ser um desígnio nacional que nos deve unir a todos, em que

O maior valor do SNS é e sempre o foi a excelência dos seus quadros. Não os proteger, e até atacá-los, para além de ser injusto, é um erro lapidar. E estes erros do passado recente não podem voltar a acontecer. Colocar em causa a resiliência, a coragem ou a competência dos médicos e outros pro-

antigo primeiro-ministro ou a antiga ministra da Saúde, revela o que a política tem de pior: tentar arranjar bodes expiatórios para

Mas precisamos também de um SNS robusto, integrado numa política de promo-

ção de comunidades saudáveis, com impacto em todos os setores da sociedade. Em que a promoção da saúde, a prevenção da doença e a literacia da população sejam uma trave-mestra do SNS e de todo o sistema de saúde.

No estado atual da Saúde em Portugal, não se trata da escolha de modelos económicos, o que está em causa é mesmo um resgate social. Os governos socialistas, durante os últimos oito anos, deram pouca atenção ao Estado Social. Por isso, neste novo ciclo político, é essencial que o Governo da AD apresente aos portugueses, na data prevista, o plano de emergência para a Saúde e a forma como vai decorrer a sua concretização. Por outro lado, é também fundamental promover, durante os próximos meses, um amplo debate político com os principais agentes e pensadores da saúde. Precisamos de uma Lei de Bases da Saúde

a obtenção de ganhos em saúde para os portugueses e um melhor acesso aos cuidados de saúde. Precisamos de soluções que permitam alcançar um máximo denominador político comum, aproveitando também o trabalho sério da Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde a que a antiga ministra Maria de Belém Roseira presidiu em 2018.

FRONTLINE/41 Sistema de saúde | SAÚDE

REFORMA SOCIAL E SANITÁRIA NA FINLÂNDIA

Luís Pisco

do Conselho Diretivo da ARSLVT

2023

Nos últimos anos, muitos países com maior ou menor sucesso conduziram reformas na área da Saúde e da Segurança Social. Entre os países nórdicos, o caso da Finlândia é particularmente interessante, pois foi dos primeiros a abraçar a causa da municipalização e da descentralização, e opta agora pela centralização. É um caso

Ogoverno finlandês conseguiu finalizar a maior reforma social e sanitária de sempre. A partir de 2023 a reforma transferiu as responsabilidades pelos serviços de saúde, sociais e de emergência de 309 municípios para 22 grandes entidades (21 condados de assistência social e a cidade de Helsínquia). Os objetivos globais desta reforma estrutural consistiram em reforçar a base financeira da prestação de serviços, garantir a igualdade de acesso aos serviços sociais e de saúde e reduzir as desigualdades em matéria de saúde e bem-estar. O bom funcionamento destas novas estruturas centralizadas resultantes do sucesso da reforma garantirá serviços para todos. Os serviços de saúde, de assistência social e de emergência foram reestruturados para garantir a igualdade de disponibilidade dos serviços em toda a Finlândia.

um ritmo acelerado e necessitará de mais serviços do que anteriormente. A diminuição da taxa de natalidade conduzirá a um menor número de pessoas em idade ativa

42/FRONTLINE VISÃO | Serviços sociais e de saúde
Presidente até agosto de

Grandes objetivos da reforma

A reestruturação foi necessária para travar o aumento dos custos e para assegurar a equidade dos serviços sociais e de saúde para as gerações futuras. Os grandes objeti-

- Reduzir as desigualdades em matéria de saúde e bem-estar;

- Salvaguardar serviços de saúde, sociais e de emergência iguais e de qualidade para todos;

-dade dos serviços, especialmente dos cuidados de saúde primários;

- Garantir a disponibilidade de mão de obra

- Responder aos desafios das mudanças na sociedade;

- Travar o crescimento dos custos;

A Finlândia passou de um sistema altamente descentralizado para uma maior centralização. Historicamente, uma estrutura administrativa altamente descentralizada e fragmentada sobrecarregou a governação do 2022, mais de 300 municípios eram responsáveis pela organização dos cuidados primários e especializados aos seus residentes,

meios limitados para a sua orientação. Na uma capacidade limitada de planeamento, saúde e tomada de decisão sobre os modesigualdades e carências de coordenação,cia administrativa. O processo de reforma para centralizar os cuidados de saúde começou no início dos anos 2000 e, após anos

de condados de bem-estar social, que são responsáveis pela prestação de todos os

Estado, e na criação de um mecanismo cen-

a nível nacional a partir de 2023. A geração de receitas e o agrupamento para o sistema de saúde foram transferidos para o nível nacional, enquanto as compras acontecerão a nível municipal. Mantêm-se -

setor privado).

processo de ajustes incrementais de baixo para cima nas estruturas centrais do sistema de saúde. O novo sistema baseia-se, em grande medida, nas ideias de responsabilidade centralizada, como no papel da responsabilidade pública na prestação dos serviços.

A avaliação completa da reforma e do cum-

A implementação da reforma ocorreu em da pandemia de Covid-19, aumento dos preços da energia, recessão económica

as capacidades das novas estruturas para desenvolver as suas operações e novas

afetar os resultados que se podem esperar.tura do sistema de saúde e espera-se quenal para dirigir o sistema. Com a reestruturação em curso, outro desanos cuidados primários, uma vez que estes continuam a ser uma barreira ao acesso, em particular para as pessoas não elegíveis para os serviços de saúde ocupacional.

Condados de bem-estar soCial Anteriormente, os municípios com uma

responsáveis pela prestação de serviços sociais e de saúde. Estes pequenos municípios são grupos de risco inadequados para cobrir os custos crescentes.

a criação dos condados de bem-estar social responsáveis por serviços sociais e de saúde, bem como os serviços de emergên-

parlamento aprovou a legislação sobre o plenamente em vigor em 1 de janeiro denibilidade e a qualidade dos serviços públicos básicos em toda a Finlândia. O setor público continuará a ser o organizador e o principal prestador de serviços. Os intervenientes do setor privado e do terceiro setor complementarão os serviços sociais e de saúde pública. Os condados de bem-estar social serão li-

popular direto. As primeiras eleições realizaram-se a 23 de janeiro de 2022. O Ministério dos Assuntos Sociais e da Saúde é responsável pelo controlo dos serviços sociais e de saúde, enquanto os serviços de emergênciarior. O Ministério das Finanças supervisiona-dos basear-se-á principalmente nas receitas do governo central e, em menor medida, nas taxas cobradas aos utilizadores dos serviços. O montante transferido do governo central para cada condado dependerá dos custos simulados das necessidades de serviço, das circunstâncias das áreas de bem-estar e das tarefas dos serviços de emergência. As simulações baseiam-se nas características demono condado, as necessidades de serviços de saúde e sociais, a composição linguística da termos de saúde e bem-estar do condado. Todo o pessoal de saúde, assistência social e emergência anteriormente empregado pelos municípios será transferido para osres transferidos manterão os seus direitos e deveres laborais.

FRONTLINE/43 Serviços sociais e de saúde | VISÃO

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A ÚLTIMA FRONTEIRA

O Celebrity Edge , luxuoso navio da prestigiada companhia de cruzeiros Celebrity Cruises, ofereceu-nos experiências únicas numa das regiões mais fascinantes do mundo, o Alasca.

46/FRONTLINE
CRUZEIRO | Celebrity Edge

Oicónico Celebrity Edge deu início à sua tão aguardada temporada de cruzeiros pelo Alasca com roteiros exclusivos. Conhecido pelo design inovador e serviços de luxo, proporciona aos seus passageiros uma experiência inesquecível enquanto explora uma das regiões mais deslumbrantes e remotas do planeta.

Partindo do porto de Seattle, este cruzeiro oferece uma série de itinerários de sete noites que exploram algumas das paisagens mais espetaculares do Alasca. Inclui destinos emblemáticos como Ketchikan, Juneau, Skagway e Victoria. Cada porto de escala oferece uma variedade de excursões em terra, que

e observação de ursos, a passeios de helicóptero ou comboio sobre glaciares.

L uxo e conforto em a Lto mar

O Celebrity Edge destaca-se pelo seu design futurista e pelas suas comodidades de alta classe.

O navio possui a revolucionária plataforma Magic Carpet, uma varanda flutuante que se desloca entre os diferentes pisos do navio, proporcionando vistas panorâmicas deslumbrantes e servindo de lounge ao ar livre.

O Eden, um espaço multiuso que contempla um restaurante, um lounge e um

FRONTLINE/47
Celebrity Edge | CRUZEIRO

jardim, oferece uma experiência sensorial única com performances ao vivo e uma cozinha inovadora.

As cabines, desenhadas para maximizar o conforto e a vista para o mar, incluem as integram a varanda na área interna da cabine com um simples toque de botão. Para aqueles que procuram uma experiência ainda mais exclusiva, as suítes da The Retreat oferecem serviço de mordomo, acesso a áreas privativas e refeições gourmet e xperiências cu Lturais e gastronómicas

A bordo, os passageiros têm a oportunidade de desfrutar de uma rica oferta gastronómica, com mais de 29 opções de restaurantes, bares e lounges. Desde a cozinha italiana do restaurante Fine Cut Steakhouse até às delícias asiáticas do Raw on 5, há algo para todos os paladares.

As experiências culturais também são destaque, com apresentações de músicos locais, exposições de arte inspiradas na natureza e workshops de artesanato tradicional.

o cruzeiro

O Celebrity Edge conceito de cruzeiro de luxo no Alasca,

oferecendo uma combinação incomparável de aventura, conforto e consciência ambiental. Para aqueles que procuram uma forma única de descobrir as maravilhas deste território selvagem e intocado, um cruzeiro a bordo deste navio emblemático é, sem dúvida, uma escolha excelente. reservas estão a esgotar rapidamente, um testemunho da popularidade e do apelo duradouro destas viagens extraordinárias.

s eatt L e

O cruzeiro parte de Seattle, uma cidade portuária na costa do oceano Pacífico, rodeada de água, montanhas e florestas. É a maior cidade do estado de Washington e um grande centro financeiro, comercial, industrial e turístico. Locais que visitámos: Space Needle, Pike Place Market e Museum of Pop Culture.

K etchi K an Nesta cidade localizada no extremo sul do Alasca, andámos pela Creek Street, Floresta Tropical e pelo Parque de Totem, numa caminhada entre natureza e aventura. Ketchikan é um santuário de vida selvagem e também a Capital Mundial do Salmão.Visitámos o Totem Heritage Center, que é um museu his-

48/FRONTLINE CRUZEIRO | Celebrity Edge

tórico e cultural, e o Tongass Historical Museum. Assistimos ao Great Alaskan Lumberjack Show, um espetáculo protagonizado por atletas lenhadores de classe mundial. Dois americanos e dois canadenses competiam para ver qual o mais rápido a serrar lenha. Um espetáculo único e divertido. O ponto alto das excursões é a proposta de voo de hidroavião, simplesmente inesquecível.

J uneau

Juneau é a capital do Alasca e fica localizada no sudoeste do estado, na base do Mount Roberts. É uma paragem habitual de cruzeiros, pois é acessível apenas por barco ou hidroavião. Este dia foi dedicado à observação dos Dawes Glacier (glaciares) e Endicott Arm, que é uma das zonas de maior reprodução de focas do planeta. Também ali avistámos quedas de água e enormes icebergues. Lindíssima esta vida selvagem.

s K agway

Outro distrito do estado americano do Alasca, ou seja, não é uma cidade. Fundado em 1897, é um local que possui o poder e o dever de fornecer certos serviços públicos aos seus habitantes. Aqui entramos no auge das excursões: passeio de helicóptero e visita ao acampamento de cães de raça Husky e Malamute Siberianos, com direito a uma corrida de trenó para quatro pessoas mais o guia, ou ainda uma viagem de comboio da White Pass pela Yukon Route com a duração de três

horas de pura adrenalina. Trata-se de uma ferrovia canadense e americana que liga o porto de Skagway, no Alasca, a Whitehorse, a capital de Yukon. Ainda a travessia da ponte suspensa de Yukon, a história natural local e passeio pelo cume, com as explicações sobre o Ouro Yukon que ali existia. Brutal, mesmo!

V ictoria

O Edge fez a última paragem a sul, em Victoria Harbour. Victoria é a cidade da Colúmbia Britânica, onde é notória a arquitetura vitoriana no castelo, ou em casas, estátuas e no museu. A cidade tem este nome em homenagem à rainha Victoria de Inglaterra e também é conhecida pela “The Garden City”, devido aos seus lindos jardins. Um local muito bonito e com qualidade.

s ustentabi L idade e conexão com a natureza

Em consonância com as crescentes preocupações ambientais, o Celebrity Edge foi concebido com uma série de iniciativas sustentáveis O navio utiliza tecnologias de ponta para reduzir as emissões e aumentar a eficiência energética, minimizando assim o seu impacto ambiental. Além disso, a Celebrity Cruises promove a consciencialização ambiental através de palestras e workshops a bordo, incentivando os passageiros a valorizar e proteger as maravilhas naturais que estão a explorar.

FRONTLINE/49
Celebrity Edge | CRUZEIRO

COMO FUNCIONA REALMENTE A MIGRAÇÃO

Hein de Haas

Temas e Debates

A migração global não atingiu o ponto mais alto de sempre. As alterações climáticas não irão conduzir à migração maciça. A imigração beneficia sobretudo os ricos, e não os trabalhadores.

As restrições fronteiriças produziram paradoxalmente mais migração. Estas afirmações podem parecer contraintuitivas ou mesmo completamente erradas – mas os factos detrás das parangonas contam uma história muito diferente daquelas que ouvimos sobre a migração. Num livro pioneiro e revelador, baseado em mais de três décadas de investigação, o professor Hein de Haas, especialista de renome nestes temas, desmonta os mitos que os políticos de esquerda e de direita, os grupos de interesse e os média difundem regularmente sobre a migração.

“ UMA VERDADE SÓ É VERDADE ATÉ LÁ NÃO É UMA VERDADE,

DEIXEMO-NOS DE TRETAS

Conceição Calhau Contraponto

Receitas , superalimentos (ou superfoods, porque em inglês é mais chique) como as sementes de chia, bagas góji ou açaí, dieta disto e daquilo, para o organismo eliminar as toxinas (seja lá o que isso for), coma assim, coma assado (mas se for grelhado ainda é melhor…) –tudo treta? E porque será que quanto mais sabemos sobre alimentação, pior comemos? Neste livro, Conceição Calhau, uma das mais prestigiadas investigadoras do país na área da nutrição e saúde, deita por terra muitas das teorias que nos são “vendidas” sobre alimentação saudável e dietas milagrosas. Numa altura em que somos constantemente bombardeados com conselhos sobre alimentação “saudável” vindos de todo o lado, este livro é o antídoto perfeito para que, em termos de nutrição, nos deixemos de ilusões e de tretas.

OS MEMORÁVEIS

Lídia Jorge Dom Quixote

Em 2004, Ana Maria Machado, repórter portuguesa em Washington, é convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974, considerada pelo embaixador americano à época em Lisboa como um raro momento da História. Aceitado o trabalho, regressa, contrata dois antigos colegas, e os três jovens visitam e entrevistam vários intervenientes e testemunhas do golpe de Estado, revisitando os mitos da Revolução. Um percurso que permite surpreender o efeito da passagem do tempo não só sobre esses “heróis”, como também sobre a sociedade portuguesa, na sua grandeza

tempo já inalcançável, as personagens de Os Memoráveis tentam recriar o que foi a ilusão revolucionária, a desilusão de muitos dos participantes e o árduo caminho para uma Democracia.

50/FRONTLINE LIVROS

QUANDO LEVADA ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS. É UMA OPINIÃO ”

Vergílio Ferreira (1916-1996, escritor português)

SAÚDE EM PORTUGAL – PENSAR O FUTURO

Adalberto Campos Fernandes (coordenação)

Editora D’ldeias

“Nos últimos anos tenho dito e escrito algumas vezes que ‘a saúde que se faz em Portugal faz-se bem’”. Mas também tenho dito e escrito algumas sugestões de melhoria, na convicção de que a saúde que se faz bem poderá e deverá fazerse melhor. E é isso que nos dizem, cada um à sua maneira, um conjunto de personalidades com elevados conhecimento e experiência no setor – alguns deles ex-membros de diversos Governos portugueses –neste livro

Curiosamente, há algum consenso numa parte significativa daquilo que é apresentado, bem como na ideia de que o momento atual é propício ao que consideram ser a necessária reforma da saúde em Portugal.” prefácio, Luís Portela

ÉTICA A NICÓMACO

António de Castro Caeiro Quetzal

Vinte anos depois da primeira edição, a Quetzal volta a publicar a tradução integral de , um dos textos fundamentais de Aristóteles e da cultura ocidental, pela mão de António de Castro Caeiro, responsável também pelo prefácio, pelas notas e pelo glossário. Esta é uma edição especial, de capa dura e com uma reprodução integral do fresco , de Rafael, dos Museus do Vaticano. trata da felicidade como projeto essencial do ser humano. Das virtudes, da sensatez, do que se pode e do que se deve fazer. Trata da possibilidade de se existir de acordo com as escolhas que fazemos. De se ser autónomo, de viver com gosto. Trata da procura do prazer pelo prazer – e do prazer pela honra. Da justiça. Das formas de vida que levam à felicidade. Da procura do amor. Temas dominantes no pensamento universal.

LISBOA II – OS PAÍSES NEUTROS E A PILHAGEM NAZI

Neill Lochery

Casa das Letras

para a Alemanha que a guerra estava perdida. O Terceiro Reich estava em queda livre e os seus líderes, à exceção dos que se agrupavam em torno de Hitler no seu de Berlim, procuravam fugir antes de serem capturados. Mas queriam levar consigo toda a sua riqueza: arte, pedras preciosas e ouro roubados.

As suas rotas de fuga eram diversas: a Suécia e a Suíça ostentavam proximidade bancária e industrial, enquanto Espanha e Portugal ofereciam uma costa atlântica convidativa e rotas marítimas para a América do Sul.

E cada uma destas chamadas nações neutras acolheu os fugitivos nazis, com a riqueza clandestina que transportavam.

O autor de Neill Lochery dá a conhecer, de forma brilhante e com base em informação inédita, os meandros da fuga dos tesouros roubados pelos nazis, em particular o papel de Portugal na mesma.

FRONTLINE/51 LIVROS

“COMER É UMA BEBER É UMA

A s TourigAs dA discórdiA

Alentejo | Vinho Tinto | Herdade Vale d’Évora

CASTAS: Touriga Nacional, Touriga Franca

ENOLOGIA: Filipe Sevinate

PREÇO: 16,50€

“As duas Tourigas revelaram uma complementaridade fascinante quando a equipa Discórdia juntou lotes de vinho de cada uma das castas, assim nascendo um blend raro no Alentejo.”

ACOMPANHA BEM: bifes grelhados e cordeiro assado, onde a riqueza da carne complementa a complexidade de sabores, bem como pratos de caça, como o javali e o veado.

Q uin TA de g om A riz c olhei TA XX

Região Vinhos Verdes | Vinho Branco | Quinta de Gomariz

CASTAS: Alvarinho

ENOLOGIA: António Sousa

PREÇO: 19,99€

“20 anos, 20 colheitas, 20 histórias para edição limitada de 2020 garrafas da colheita de 2020, comemorativa das 20 colheitas efetuadas na Quinta.”

ACOMPANHA BEM: marisco, vegetariano, aperitivos.

QuinTA dA AlAmedA PArcelAs

Dão | Vinho Tinto | Quinta da Alameda

CASTAS: Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz

ENOLOGIA: Patrícia Santos

PREÇO: 12,45€

“O que marca a Quinta da Alameda é o seu terroir. Daqui sai um puro Dão. Vinhos que resgatam o paradigma singular e distinto dos vinhos do Dão.”

A C OM PANHA B E M : pratos de carnes vermelhas e até bacalhau. E pratos mais encorpados, como carne assada, de caça ou comidas bem condimentadas.

52/FRONTLINE REAL GARRAFEIRA | A nossa seleção

NECESSIDADE DO ESTÔMAGO; NECESSIDADE DA ALMA”

eruPTio TerrAnTez do Pico

Açores | Vinho Branco | Adega Cooperativa do Pico

CASTAS: Terrantez do Pico

ENOLOGIA: Bernardo Cabral

PREÇO: 39,99€

“O respeito pela natureza do Pico, pelo saber fazer passado entre gerações, pelo que é puro e genuíno gera um sentimento fortíssimo. Faz explodir uma paixão que impulsiona a mestria em recriar a verdadeira expressão do terroir, através de um vinho incomparável.”

ACOMPANHA BEM: queijo curado, mariscos e peixe gordo (salmão, atum, etc.).

QuinTA dA gAivosA PorTo

BrAnco10 Anos

Douro | Vinho do Porto | Quinta da Gaivosa

CASTAS: Malvasia Fina, Viosinho, Gouveio, outras.

ENOLOGIA: Tiago Alves de Sousa

PREÇO: 25,95€

“A família Alves de Sousa orgulha-se em apresentar uma distinta linha de Portos, que refletem todo o trabalho, atenção e profundo respeito pelo Vinho do Porto, com o toque sempre pessoal de Alves de Sousa.”

ACOMPANHA BEM: queijos azuis (Roquefort, Stilton), sobremesas de maçã e alperce.

QuinTA dA PedreirA grAnde reservA

BruTo BrAnco

Bairrada | Vinho Espumante | Quinta da Pedreira

CASTAS: Maria Gomes e Bical

ENOLOGIA: Rui Moura Alves

PREÇO: 21,20€

“O vinho que deu origem a este espumante é fruto da rigorosa seleção das castas existentes na Quinta da Pedreira onde predominam a Maria Gomes e a Bical.”

ACOMPANHA BEM: como aperitivo, mas acompanha todos os tipos de refeições.

FRONTLINE/53 A nossa seleção | REAL GARRAFEIRA
WWW.REALGARRAFEIRA.COM
Victor Hugo

TIAGO ALVES DE SOUSA

Alves de Sousa. O legado das gerações passadas, a preparação das gerações futuras. A importância da identidade de cada vinha, a singularidade do lugar e a paixão pelo Douro.

Quem é Tiago Alves de Sousa? Um duriense apaixonado pela vinha e pelo vinho, com o privilégio, mas também a enorme responsabilidade, de seguir com um legado familiar muito especial numa das regiões mais

Para o enólogo Tiago Alves de Sousa, apesar da tradição da família, não lhe foi de todo -

berdade para escolher o seu caminho, mas desde cedo sentiu uma forte ligação à terra, à e entrada no mundos dos vinhos foi algo to-

Alves de sousA

Falando da Alves de Sousa, é impossível não falar no nome Domingos Alves de Sousa, seu -

pai é a sua grande referência, o seu grande e capacidade de trabalho, mesmo hoje, aos 75gulho, mas também de um enorme sentido de

da Alves de Sousa pela mão do seu pai, Tiago Alves de Sousa reconhece o privilégio de traestar sempre a aprender com ele nas diferen-

percebido muito cedo a perceção da dimensão do trabalho do seu pai, sentiu desde logo a vontade de se preparar o melhor possível,

54/FRONTLINE NÉCTARES | Enólogo

aprender, ganhar experiência, munir-se das

A sua decisão de assumir a enologia da Alves de Sousa foi algo pensado e preparado com trabalhos bastante novo, a aprender muito com o saber empírico e experiência das pes-

e Alto Douro (UTAD) foi um passo impor-

Foram 10 anos de trabalho em conjunto comdo muito, promovendo uma passagem de testemunho gradual e natural até assumir toda a responsabilidade dos vinhos produzidos pela

legAdo -

de “como introduzir a dimensão do tempolhores colheitas da década anterior, passando a ser uma edição limitada apenas lançada de“Foi inspirado na tradição dos Portos Tawny,

foi dos processos mais bonitos, e recordo claramente a emoção na sua conclusão”, remata

também um doutoramente em Viticultura e seu pai ter a experiência de uma vida, a sua

se rodear de técnicos capazes, como foi o

prontamente ser o Abandonado, pois foi um -

enologia, recordando como tal era uma tela

singularidade do local, o legado das gerações -

a ideia era fazer um vinho capaz de contar a

as melhores vinhas (Gaivosa, Abandonado,

douro

Portugal tem uma particularidade incrívelcer tantas regiões vinícolas de características trabalhar no Douro, onde se encontra o prose alguma vez ponderou em explorar outra região, responde: “Portugal é um país incrível e atualmente existem grandes vinhos de norponto de vista técnico (e da paixão), o Dou-liza plenamente, não sentindo propriamente uma necessidade ou urgência em trabalhar

e podermos fazer todo o tipo de brancos, -

é um privilégio e o verdadeiro Disneyworld a haver muito a fazer, castas e locais ainda por isso, e também sem sair da região, regressei ao -

a ajudar na formação das novas gerações de enólogos, eles terão tudo para ir ainda mais país como um dos melhores produtores de seu pai, Domingos Alves de Sousa, começou a lançar o DOC Douro, não havia mercado impossível acreditar, pois hoje em dia pensar

FRONTLINE/55 Enólogo | NÉCTARES
-
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tante de, sendo hoje o vinho tão acessível e com tanta oferta, conseguir manter o consu-

a abrir horizontes, correr mundo e a inves-

muitas barreiras e criou os alicerces para

parte do problema mas parte da solução, com -

tema vinha, um uso consciente e criterioso da -

produtores na região a trabalhar muito bemza a região e puxa por nós, faz-nos manter Os famosos cinco minutos de fama passam num piscar de olhos e só com muito trabalho

bonito deste mundo da vinha e do vinho é efetivamente estarmos constantemente a ser

desAfios-

país praticamente sem estações, onde as alte-lidade climatérica… Se esta realidade o “assus-

Por outro lado a videira é uma planta ex--

mitem ainda assim adaptar-se a condições particularmente extremas, nós próprios também devemos ajudar com uma viticultura -

um dos países melhor preparados para estes -

poderemos encontrar respostas para muitos

futuro

Ajustando o trabalho e produção de todos os -

ros, tendo em conta a realidade do mundo da vitivinicultura e enologia, pedimos ao enólogo

Sem protocolos pré-estabelecidos, sem tabus, de mente aberta, sem impor, fazendo a sua ação depender sempre das uvas e dos objeti-das são naturalmente efémeras, e na verdade

diferenciadores, nomeadamente as nossas ex-

Para terminar, como habitual, se existisse uma

Sousa gostaria de deixar para serem recordalegado das gerações passadas vem a responsabilidade de o honrar, aprofundar e o prepa-

56/FRONTLINE NÉCTARES | Enólogo
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TESTAR SEM LIMITES

O BMW Ultimate Experience voltou a transformar o Autódromo do Estoril no epicentro de uma grande celebração para os fãs das motos BMW.

Este evento, que ocorre há quase duas décadas, é singular em Portugal e atrai um número crescente de entusiastas a cada edição. Neste ano, aconteceu de 17 a 19 de maio e contou com a presença de centenas de participantes ao longo dos três dias. Os visitantes puderam testar toda a gama de motos BMW, desde modelos desportivos até urbanos e touring, em diferentes percursos adaptados a cada tipo de moto. As motos mais desportivas foram testadas no circuito do Estoril, enquanto os modelos urbanos e de touring puderam ser experimentados em percursos ao redor do circuito, incluindo uma visita à serra de Sintra. Para os interessados em off-road, a equipa dos MotoXplorers ofereceu aulas básicas de condução fora de estrada e guiou os participantes por um percurso técnico.

Além dos test rides, o evento proporcionou diversas atividades interativas e competições como “How slow can you go?”, “Parkour Motorrad”, “Corrida dos Campeões”, “Ramp Up” e “Wheelie Experience”. Estas atividades ofereceram aos participantes a oportunidade de aprimorar as suas habilidades de pilotagem e de se divertirem num ambiente controlado e seguro.

A participação no evento foi aberta a todos os interessados e a sua inscrição é gratuita.

Basta acompanhar o site da BMW, as suas redes sociais ou os concessionários para garantir uma vaga no próximo BMW Ultimate Experience.

60/FRONTLINE CELEBRAÇÃO | BMW Ultimate Experience
FRONTLINE/61 BMW Ultimate Experience | CELEBRAÇÃO

O SUV MAIS PEQUENO COM EXCELENTE DESEMPENHO

As primeiras unidades do Volvo EX30, o mais pequeno dos SUV da marca, já andam a circular nas estradas nacionais, numa versão muito bem conseguida.

MOTORES | Volvo EX30

Aaposta da Volvo nos modelos 100% elétricos é das que está a ser levada mais a sério por entre a grande maioria dos construtores de automóveis. Tanto o XC40 como o C40, praticamente irmãos gémeos, foram a base de uma renovação total da gama, mas o primeiro Volvo a ser desenvolvido completamente a partir de uma folha em branco, foi mesmo o SUV de maiores dimensões, o EX90. Para assegurar o máximo possível de dados -

tes deste Volvo foi alargado e a sua produção acabou por ser adiada por algum tempo. Mas enquanto esperamos por esse momento, o outro extremo da gama recebeu uma novidade de elevada importância: o mais pequeno dos SUV da gama, batizado de EX30. Construído com base na plataforma SEA do grupo Geely, o Volvo EX30 tem apenas 4,32 metros de comprimento e quase 1,84 metros de largura. Com estas medidas, a marca nórdica marca a sua entrada no segmento B dos

SUV de aspirações Premium, que tem crescido bastante nos últimos tempos.

As primeiras unidades deste SUV mais compacto já andam a circular nas estradas nacionais, com uma imagem de família per-

numa versão mais contemporânea muito bem conseguida. Na frente, por exemplo, a ausência de uma enorme grelha frontal faz com que os tons da carroçaria sejam ainda mais evidentes, mas não é por isso que o logótipo da marca deixa de estar presente numa posição bastante central. Os grupos óticos têm um visual muito semelhante ao apresentado no seu irmão de maiores dimensões, sendo totalmente em LED.

A secção traseira inclui dois grupos óticos nos pilares traseiros e mais dois, numa posição mais baixa, nas extremidades da carroçaria. Estes últimos, no entanto, estão ligados por duas faixas horizontais que servem de moldura às letras que compõem o nome da marca nórdica.

Ambiente A bordo O designços minimalistas da carroçaria, mas também no ambiente a bordo deste SUV de tamanho mais compacto. Nos lugares da frente, o condutor conta com um volante compacto e comandos integrados, sendo que o comando da caixa de velocidades está integrado no lado direito da coluna da direção. E entre os assentos da frente está uma consola com diversos espaços de arrumação e que também inclui os comandos dos vidros elétricos.

Numa posição de maior destaque, contamos com a presença de um monitor de 12,3 polegadas, numa posição vertical e com comando tátil, mesmo ao centro do tablier É através deste que temos acesso a todas as funcionalidades do Volvo EX30, mas também às informações mais relacionadas com a condução, uma vez que não existe um painel de instrumentos mais convencional em

FRONTLINE/63 Volvo EX30 | MOTORES

frente ao condutor. Além disso, é também através deste ecrã que podemos aceder às diversas aplicações da Google, que já estão integradas no sistema operativo.

O ambiente a bordo do Volvo EX30 também inclui um sistema de iluminação ambiente e um sistema de som com uma conajuda da Harman Kardon no seu desenvolvimento. Em vez dos tradicionais altifalantes espalhados um pouco por todo o lado, o habitáculo do EX30 conta apenas com uma barra de som, instalada no topo do tablier, junto do para-brisas. Desta forma, o som consegue chegar a todo o habitáculo, ocupando muito menos espaço.

A conceção minimalista do habitáculo foi baseada na utilização de materiais reciclados, renováveis e naturais. Tudo tem uma imagem mais “limpa” e muito despida de arestas e traços desnecessários, o que contribuiu para um ambiente mais tranquilo a bordo do Volvo EX30. No entanto, a ideia de dispensar praticamente todos os comandos físicos, passando-os para o ecrã central, pode parecer excelente mas, durante a condução, continuam a existir diversas funções a que gostaríamos de aceder rapidamente e que simplesmente não é possível.

Em termos de espaço, o Volvo EX30 mostra facilmente a que segmento está destinado. Ainda assim, a insonorização é bastante cuidada, o conforto dos assentos é elevado, a posição de condução é muito boa e as limitações físicas ditadas pelaveis com uma lotação máxima de, idealmente, apenas quatro pessoas. Um pouco por todo o habitáculo, há tomadas USB-C destinadas ao carregamento dos mais variados dispositivos e, lá mais atrás, está ainda disponível uma bagageira com uma boa arrumação e 318 litros de capacidade mínima. Se passarmos o piso deste compartimento para a sua posição inferior, capacidade que, normalmente, estão sob o piso. E, neste caso, a bagageira já soma 379 litros de capacidade. Sob o capot, está um outro espaço, com 7 litros de capacidade, destinado a transportar, por exemplo, os cabos destinados ao carregamento.

motorizAções

Para a gama nacional do Volvo EX30, a marca tem disponíveis três grupos propulsores elétricos: uma versão Single Motor com 200 kW (272 cv), acompanhada de uma bateria de 51 kWh; uma versão Single Motor Ex-

tended Range com a capacidade da bateria aumentada para os 69 kWh; e uma versão Twin Motor com dois motores e uma potência máxima combinada de 315 kW (428 cv). Neste caso, com a mesma bateria de 69 kWh. Em termos de autonomia, o valor máximo declarado para o Volvo EX30 é de 476 quilómetros, sendo que a sua bateria poderá ser carregada dos 10 aos 80% em cerca de 25 minutos.

Na vertente mais dinâmica do Volvo EX30, a opção mais potente de todas, com dois motores (um em cada eixo), quatro rodas motrizes e 428 cv de potência, o mais pequeno dos SUV da marca já consegue oferecer prestações dignas de um pequeno desportivo. Entre elas, os 3,6 segundos que precisa para acelerar dos 0 aos 100 km/h. A velocidade máxima declarada, no entanto, está limitada pela eletrónica a 180 km/h. Depois das primeiras unidades comercializadas pela Europa, o sucesso do Volvo EX30 parece estar mais do que garantido, tendo em conta os mais recentes números de vendas revelados pela marca.sem mais associados a esta nova gama de automóveis 100% elétricos, tanto o XC40 como o C40 viram a sua designação alterada para EX40 e EC40, respetivamente.

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MOTORES | Volvo EX30

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HYUNDAI I20

O Hyundai i20 continua a batalhar num dos segmentos mais concorridos do nosso mercado, o dos utilitários. A pouco e pouco, um dos modelos mais pequenos deste construtor sul-coreano tem vindo a evoluir em diversas vertentes.

No novo Hyundai i20, o painel de instrumentos já é totalmente digital e com mais do que um modo de visualização. Mais ao centro do tablier , no topo da consola central, o monitor tátil reúne muitas dassmartphones

através de Apple CarPlay e Android Auto (sem a necessidade de cabos) ou mesmo a ativação de uma ligação por , para que todos a bordo possam ter acesso à internet.

além do assento também incluir um bom apoio lateral. Em termos de

MITSUBISHI COLT

Uma verdadeira surpresa para a marca da oval azul e uma das suas melhores histórias de sucesso no mercado europeu, o Ford Puma continua

agressivo, um spoilerpresença de um sistema mild-hybrid

A sétima geração do Mitsubishi Colt acaba de chegar ao mercado nacional, e não, os seus olhos não o estão a tentar enganar. O novo modelo da marca nipónica é um projeto resultante da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que usou a mais recente geração do Renault Clio para assu -

mais recentes da Mitsubishi. Na parte de trás, os grupos óticos e a ima -

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ON THE ROAD
FORD PUMA ST

MITSUBISHI ASX

A mais recente geração do Mitsubishi ASX continua a assumir o um dos modelos resultantes da parceria da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, neste caso, de um projeto que conhecemos melhor convertida para uma opção da marca dos diamantes, ainda que issocentral de comando tátil colocado na vertical assume uma posição de destaque a bordo do ASX, mas também está presente um painelvos da climatização, com pequenos ecrãs no seu centro.

MAZDA MX-30 R-EV

HONDA JAZZ CROSSTAR

nos deslocarmos diariamente a bordo de um utilitário, tal como se estivéssemos num automóvel do segmento acima. E no caso da versão Crosstar, de visual mais aventureiro, até o conseguimos

ou em comprimento, mas também na capacidade da bagageira, O lançamento do Mazda MX-30, há cerca de quatro anos, marcou o mo -

mente em algo que é tão importante num automóvel elétrico: a autonomia. mais energia ao sistema elétrico, o que obrigou a marca a desenvolver

plug-in já consegue prolongar este valor quase até

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cm 3
ON THE ROAD

DESFILE DE ESTRELAS

Já com século e meio de história, a Villa Erba, nas margens do lago Como, em Itália, estará para sempre associada a um dos eventos anuais mais elegantes do mundo automóvel. A edição deste ano do Concorso d’Eleganza não foi das melhores no que diz respeito à meteorologia, com um grande número de automóveis a chegar aos relvados do emblemático Hotel de Villa d’Este sobre piso molhado. No entanto, não foi por isso que se perdeu a elegância, o requinte e o Concorso esgotado.

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por Nuno Carneiro
EVENTO | BMW Concorso d’Eleganza Villa d’Este

Tal como também já faz parte da tradição, a organização do Concorso d’Eleganza mantém o BMW Group como o seu principal mecenas, sendo essa uma das razões que faz as marcas do grupo reservarem algumas das suas novidades para estes dias. Este ano, um dos cabeças de cartaz foi o mais recente dos BMW Art Cars, com autoria de Julie Mehretu e desenvolvido com base no BMW M Hybrid V8 race car que vai participar na próxima edição das 24 horas de Le Mans. Foi apresentado oficialmente no Centre Pompidou, em Paris e agora marcou presença no Concorso d’Eleganza. Além do Art Car da BMW, também estiveram presentes algumas surpresas

desenvolvidas pelo departamento de design do BMW Group, liderado por Adrian van Hooydonk. Este ano, a honra esteve a cargo do BMW Concept Skytop, um descapotável de dois lugares de visual futurista, mas com uma inspiração mais clássica em modelos como o BMW Z8 ou o 503. Dos modelos mais recentes da marca é herdada a grelha frontal iluminada, ainda que esta tenha o formato histórico dos Shark-Nose nascidos em Munique. Desde a secção dianteira até à parte de trás, o BMW Concept Skytop é também identificado por um proeminente friso longitudinal e no habitáculo marcam presença diversos componen -

tes em pele castanha e em cristal. As jantes de desenho exclusivo adicionam um toque ainda mais elegante a todo o conjunto e, sob o capot , está escondido o motor V8 mais potente de todos os disponíveis no catálogo da BMW.

As novidades do BMW Group não ficaram apenas pelos modelos de quatro rodas, uma vez que também a BMW Motorrad teve uma surpresa para apresentar. Batizada como R20 Concept, a proposta de duas rodas foi concebida com todos os elementos mais históricos da marca, mas como se estes tivessem regressado de uma viagem no tempo. Entre eles, por exemplo, está um motor boxer com dois litros de capacidade, que deixa o seu som sair por um

BMW Concorso d’Eleganza Villa d’Este | EVENTO FRONTLINE/69

sistema de escape mais aberto que o habitual, de forma a mostrar a sonoridade mais pura deste motor. A transmissão é feita por veio, sendo que este é visível na lateral do braço oscilante, em vez de estar escondido como nos modelos de produção. E para levar a cultura dos “Big Boxer” para outro nível, a marca também incorporou um enorme depósito de combustível com uma pintura personalizada “hotter than pink” dos anos 1970, um assento forrado em alcantara e um sistema de iluminação em LED com elementos em alumínio impressos em 3D.

V encedor absoluto

Depois de todos os passeios, desfiles, distinções e prémios, e também tal como acontece todos os anos, no final do Concorso d’Eleganza tem sempre de haver um “Best of Show”. Este ano, a honra coube ao Alfa Romeo 8C 2300 de 1930, com uma carroçaria Spider assinada por Figoni, que faz parte da HM Collection da Bélgica. Foi o vencedor da Classe G (Time Capsules: Cars that the Outside World forgot) e escolhido como o melhor automóvel do evento deste ano. O seu proprietário recebeu o Trofeo BMW Group – Best of Show das mãos de Helmut Käs, CEO do BMW Group Classic e presidente do Concorso d‘Eleganza Villa d’Este. Em conjunto com o troféu, o proprietário do “Best of Show” também recebeu um relógio da A. Lange und Söhne, um 1815 Chronograph em ouro branco, produzido especificamente para este momento e que foi entregue pelo CEO da empresa, Wilhelm Schmid. Nesta mesma categoria (Time Capsules: Cars that the Outside World forgot), a menção honrosa foi para um Bugatti Type 35C de 1928, que faz parte da Auriga Collection, da Alemanha. Tem a particularidade de manter o seu estado de conservação original, com quase 100 anos de histórias para contar, uma vez que o único restauro recebido neste tempo incidiu apenas na parte mecânica. Por causa disso, é possível ver como um automóvel “envelhece naturalmente”, guardando pedaços de história um pouco por todos os cantos da carro -

çaria. Este mesmo Bugatti também recebeu o Trofeo Vranken-Pommery, que distingue o automóvel mais icónico do evento e que também é escolhido pelo júri. Outro dos prémios mais desejados é o Coppa d’Oro Villa d’Este, que é praticamente um “Best of Show”, mas escolhido pelo público e não pelo júri do evento. O vencedor, este ano, foi um dos modelos mais modernos de sempre, mas que já conta com uma forte presença na história do mundo automóvel, o McLaren F1.

A criação de Gordon Murray foi a vencedora da Classe H (The Need for Speed: Supercar Stars of the Video Generation) e é uma unidade produzida em 1995, trazida de Inglaterra até às margens do lago Como pelo seu proprietário, Tony Vassilopoulos, que já não é um novato nas vitórias do Concorso d’Eleganza. Como menção honrosa, esta categoria também destacou um Porsche 959 Komfort de 1988, que faz parte de uma coleção privada, nos Estados Unidos.

70/FRONTLINE EVENTO | BMW Concorso d’Eleganza Villa d’Este

P rémios es P eciais

No Concorso d’Eleganza Villa d’Este, além das oito categorias principais, também existem alguns prémios mais especiais, tais como o Trofeo BMW Group Ragazzi, em que o modelo vencedor é escolhido por crianças com menos de 16 anos. Este ano, o vencedor foi um Lamborghini Diablo GT de 1999, propriedade de Jose Cobian, do México. O Concorso d’Eleganza Design Award, destinado a Concept Cars e protótipos, em que o vencedor também é escolhido pelo público, foi entregue ao Alfa Romeo 33 Stradale, o modelo desenvolvido em 2023 pelo Centro Stile da Alfa Romeo.

A edição deste ano do evento de Villa d’Este contou ainda com a presença de outros protótipos e estudos de design , tais como o Alpenglow da Alpine, por exemplo, equipado com um motor de combustão movido a hidrogénio, o Pininfarina Pura V, o Triumph TR25 desenvolvido pela empresa britânica Makkina, um Lotus Type 66 dos tempos modernos ou o Koenigsegg CC850, a reinterpretação mais atualizada de um dos modelos mais importantes da marca sueca.

BMW Concorso d’Eleganza Villa d’Este | EVENTO FRONTLINE/71

A MAGIA DE MARROCOS

Depois de uma hora de voo e 40 minutos para resolver os normais trâmites

Com um sol forte e calor, Marraquexe é o ponto de partida para o BMW GS Experience de 2024, uma aventura que procurou dar a conhecer Marrocos. Percorremos a zona a norte do Atlas e junto à costa, usando a gama de motos da família GS, que este ano tem nada menos que quatro novidades, das quais se destaca a R 1300 GS que usei. O primeiro dia levou-nos pela zona do vale Ouirgane, uma das regiões mais afetadas pelos tremores de terra de setembro do ano passado, até ao deserto Agafay. É uma

legais de entrada num país extracomunitário, no exterior do Aeroporto Menara, em Marraquexe, um fantástico lote de BMW GS esperava-nos no parque de estacionamento, para nos levar numa aventura de três dias. Como que por magia, estávamos num país que parece de outra dimensão. das zonas de montanha mais turísticas de Marrocos, com paisagens de cortar a respiração, das grandes Montanhas do Atlas. É um misto de escarpas despidas, quaseresta ou oásis. Para esta nossa aventura de três dias, arrancámos a meio da manhã do aeroporto de Marraquexe e apontámos as motos para sul, em direção à localidade de do Islão. Ao longo deste percurso, que de início é feito por estradas pouco interessantes, umas retas seguidas de outras, o horizonte recortado pelo Atlas acaba por ser o nosso foco de atenção. Até entrarmos na região montanhosa, onde as estradas começam a ser sinuosas e mais interessantes, vamo-nos aclimatizando com o ambiente que nos envolve e com os restantes membros do grupo. Desta feita, a BMW juntou nove motos entre jornalistas, representantes da marca, captação de imagem e organização.

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OFF-ROAD | BMW GS Experience

O terramOtO de setembrO Passaram-se cerca de seis meses desde que a terra tremeu em Marrocos, e nas estradas a vida parece ter voltado à normalidade. Existe muito movimento de pessoas, veículos e animais, o típico comércio que circunda as vias principais. Aqui e ali veem-se alguns edifícios caídos e outros com danos estruturais, mas a alegria das crianças à passagem da nossa caravana e a curiosidade dos mais graúdos não mudou. Só quando entramos na cidade de Asni, sentimos a real dimensão da destruição causada pelo terramoto. Não são os edifícios caídos, muitos dos escombros já foram limpos, é o vasto campo de tendas à entrada da cidade. Este abriga grande parte dos desalojados das cerca de 50 mil habitações que se estimam ter sido destruídas

cidades mais afetadas, tornou-se no centro de ajuda para os mais atingidos, local onde foi instalado um Hospital Militar, e o mercado, antes semanal, passou a diário. O povo marroquino prova ter grande

resiliência e uma vontade férrea de voltar à normalidade. De Asni para a frente são menores os sinais deste evento catastró-

a maioria da destruição limpa. Esta é uma região de turismo que está plenamente preparada para receber novamente os turistas. A melhor forma que temos de ajudar à sua recuperação é passar uns dias a explorar estes locais e a sua cultura, que vale muito a pena.

em direçãO aO desertO Depois de um almoço que decorreu no alojamento Domaine de la Roseraie, em funcionamento mas a recuperar alguns danos, junto à barragem de Ouirgane, subimos em direção a oeste e em Amizmiz rumámos a norte. Esta é uma área com vales verdes, nomeadamente junto às zonas de barragens e escarpas despidas, onde a massa de água das albufeiras de Ouirgane e de Lalla Takerkoust são uma surpresa refrescante. O objetivo do dia é chegar antes do por do sol ao acampamento em Agafay.

Embora nós tenhamos percorrido cerca de 140 km para lá chegar, Agafay está a menos de uma hora de Marraquexe. Nesta região existem vários alojamentos em tendas que têm um aspeto singelo, mas estão repletas de luxos, como casa de banho privativa completa, com duche de água quente, e que de “tenda” têm quase só o nome e o tecido que as envolve. Existem excursões organizadas a partir de Marraquexe, para desfrutar de passeios de camelo, moto4, ou uma noite debaixo das estrelas. É uma experiência singular ver o sol a pôr-se no deserto, tendo um bom grupo de amigos em volta de uma fogueira. Melhor, é aproveitar o por do sol para deslumbrante. Este foi um dos momentos de ação em que aproveitámos para voltar a explorar mais a fundo as capacidades das GS em fora de estrada, “posando” para a câmara em manobras mais artísticas e a -

três dias de estrada foi uma R 1300 GS,

BMW GS Experience | OFF-ROAD FRONTLINE/73

com a decoração Tramuntana no seu elegante verde “aurelius” e as peças Option regulação em altura das suspensões, o que ajudou nas manobras a baixa velocidade, nomeadamente nas zonas de areia.

mar à vista!

O segundo dia foi o mais longo e recheado de momentos especiais, com muitas paragens para captação de imagens e interação com as muitas pessoas, maioritariamente crianças, que nos abordavam. O objetivo foi chegar à zona de costa e à localidade de Mogadouro, porto português até 1510 e onde construímos a fortaleza, hoje com o

de 250 km em estradas tipicamente marroquinas, maioritariamente em asfalto mas com muitas zonas de uma só faixa onde, quando nos cruzamos, o veículo maior tem sempre prioridade. As bermas são, em muitos dos casos, um aglomerado de crateras e bocados soltos de asfalto. É nestas situações que a capacidade da GS em se adaptar a qualquer terreno ou situação mostra ser tão crucial, assim como os pneus mais robustos e preparados para piso de terra e muita gravilha. Em Marrocos consegue-se chegar a praticamente todo o lado com um veículo “convencional”, mas para o fazer de forma mais descontraída e aproveitar por completo toda a experiência, se for um “todo-o-terreno” é melhor.

O almoço fez-se tarde dentro e, praticamente, com os “pés de molho” no Atlântico, no restaurante de praia La Mouette et les Dromadaires. Mas o melhor estava para vir como sobremesa. Uns quilómetros a sul fica o extenso areal da praia de Sidi Kaouki, onde camelos, cavalos e moto4 podem ser alugados para um passeio nas areias. Aberta a veículos motorizados, e estando a maré vazia, aproveitámos para esticar as pernas das nossas montadas. Foi quase uma hora de condução épica, num areal largo e extenso, com o mar de fundo e uma sensação de liberdade muito especial. Isto só é possível nestas paragens mais a sul e para lá do Mediterrâneo. O segundo dia seria encerrado com mais um deslumbrante por do sol, desta feita, sobre o mar e visto da varanda do Salut Maroc, sobre as muralhas de Essaouira. Este é um espaço de eleição nesta cidade, com uma vista

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OFF-ROAD | BMW GS Experience

única sobre a entrada do porto de pesca e com uma cozinha excecional.

A gastronomia marroquina é bastante rica, apoiando-se muito em vegetais e carne, as tagines são uma constante, mas há muita mais variedade. É perfeita para quem gosta de pratos de sabores fortes com bastantes especiarias. O chá verde com menta é outra constante, peçam sem açúcar se quiserem manter baixos os níveis de glicose no sangue. Mesmo com as minhas limitações dietéticas, sou maioritariamente vegetariano, ainda “está para vir” a refeição que como mal em Marrocos.

A medina de Essaouira e a generalidade dos negócios em volta, difere um pouco do que encontramos nas localidades mais para o interior. Focada na pesca e turismo

que se cruza de uma forma especial com os desígnios locais. Este é um local que merece uma estadia mais prolongada para ser usufruído na plenitude, em especial para os amantes do mar.

de vOlta aO interiOr

Na terceira madrugada, o objetivo era regressar a Marraquexe e chegar com tempo para explorar a grande urbe, em especial a sua inigualável medina. Uma jornada de 250 km, que não podia deixar de passar pela base do Atlas que nos acompanhou, ao fundo, ao longo de todos os dias. O regresso fez-se por estradas “sem estória”, e sem surpresas chegámos ao local de almoço já na montanha. Com a temperatura a aumentar a cada quilómetro que nos afastávamos da costa, Ouizlene recebeu-nos para um almoço típico marroquino, servido num quintal com uma deslumbrante vista para a planície no sopé do Atlas. Últimas imagens captadas, vídeo e fotos, e descemos a caminho da grande cidade. Chegámos a meio da tarde, no meio do bulício normal das suas ruas e avenidas, entre carros, camionetas, carroças puxadas por animais, muitos ciclomotores e com os termómetros a acusarem 38ºC. Para se ter uma experiência mais imersiva riad na sua medina, de preferência nas imediações da praça Jemaa El Fna. Os riad são edifícios familiares com todas as assoalhadas voltadas para um pátio interno e sem qualquer janela para o exterior. São uma das melhores demonstrações de como a vida privada é tão valorizada nesta cultura.

Muitos riad são agora alojamentos turísticos, existem em grande número no centro de Marraquexe, a maioria de grande qualidade. Dentro da medina as viaturas não entram, pelo que é necessário encontrar um parque nas imediações para as motos. A vida faz-se maioritariamente a pé e essa é, sem dúvida, a melhor forma de explorar a medina. As suas ruas são labirínticas, mas com o “google maps” como guia, chega-se a todo o lado.

Cidade vibrante

Marraquexe é uma cidade vibrante a qualquer hora do dia e até tarde, com uma construção, cultura e hábitos que podem chocar quem nunca lá tenha ido. A vida na sua medina é frenética, com pequenas lojas de comércio a cada porta, onde se misturam comida, especiarias, tapetes, candeeiros, recordações, roupa, calçado e tudo o que possamos imaginar. Os sons e os cheiros fortes são uma constante. Não são desagradáveis, apenas muito diferentes do que estamos acostumados. A praça Jemaa El Fna, com a Koutoubia – torre de uma mesquita do século XII – de fundo, é o centro de toda a vida da cidade, local onde podemos ver todo o tipo de artesãos e artistas, com música local, encantadores de cobras, macacos e outro tipo de animais, mulheres a “oferecerem” tatuagem de henna e muita comida.

A restauração é outra constante e está preparada para servir o turismo. O francês é uma língua europeia bem aceite no país, mas o marroquino, quando chega a altura de interagir com um estrangeiro, “arranha” qualquer idioma. Inglês, espanhol e mesmo português podem juntar-se à linguagem gestual para conseguir o que se quer. A segurança é um dado adquirido e o máximo em que podemos ser “roubados” é por estarmos desatentos na negociação de uma compra. Da experiência que tenho, esta sensação de segurança estende-se a todo o país. A pouco mais de uma hora de avião de Portugal, entramos num mundo muito diferente, é quase como se passássemos por um portal mágico e aterrássemos noutro planeta.

mesmo aqui ao lado e tem tudo para receber bem os seus visitantes. Não me canso de lá ir. Se puder ser numa BMW GS, ainda melhor!

FRONTLINE/75
BMW GS Experience | OFF-ROAD

LUXO E AUTENTICIDADE

No coração do Alentejo, no cenário rural de Casa Branca, entre paisagens deslumbrantes e uma aura de tranquilidade, descobre-se a Casa Az-Zagal, um refúgio encantador que combina luxo e autenticidade.

Localizado em Sousel, este hotel boutique oferece uma experiência única, onde o passado se funde, harmoniosamente, com o presente, proporcionando uma estadia memorável.

Membro da Unlock Boutique Hotels Collection, a Casa Az-Zagal cativa os hóspedes com a sua combinação única de autenticidade alentejana e elegância contemporânea. Rodeada por paisagens reconfortantes e banhada pelo caloroso sol alentejano, a unidade recebe os hóspedes num ambiente de tranquilidade e sofisticação.

Em cada canto deste refúgio singular, descobrem-se traços árabes que contam uma história de tradição e valores. A arquitetura distinta da Casa Az-Zagal é um testemunho do rico património cultural da região do Alto Alentejo, contado através de traços tradicionais perfeitamente integrados com elementos contempo -

76/FRONTLINE CHECK-IN | Casa Az-Zagal

râneos. Por outro lado, a hospitalidade alentejana é uma das características distintivas da unidade. Aqui, os hóspedes são recebidos com um sorriso caloroso e um serviço personalizado, onde cada detalhe é pensado para garantir uma estadia inesquecível.

E spaços únicos

Os quartos e suítes, elegantemente decorados, apresentam toques artesanais e

móveis cuidadosamente selecionados. São verdadeiros santuários de conforto e de bem-estar para os amantes de bem-viver. Cada um dos quartos e suítes são, assim, uma ode ao luxo discreto, onde a fusão da tradição árabe e o calor alentejano criam um ambiente absolutamente exclusivo e diferenciado

A Suite Royal é a joia da coroa da Casa Az-Zagal, oferecendo aos hóspedes uma experiência verdadeiramente excecional.

Esta suíte espaçosa e luxuosa preserva a nobreza senhorial que esteve na base da

arquitetónico clássico com toques de elegância contemporânea. É o refúgio perfeito para quem procura relaxar e desfrutar de momentos inesquecíveis, num ambiente de exclusividade e conforto. Mas a verdadeira essência da Casa Az-Zagal vai além das suas paredes revestidas de pormenores identitários, descobre-se nos pequenos detalhes, nos gestos atenciosos de toda a equipa, na culinária regional autêntica, servida com paixão, e na atmosfera acolhedora que permeia cada momento.

G astronomia típica

A gastronomia é uma das mais ancestrais e marcantes referências da génese cultural alentejana. Assim, a arte de bem cozinhar é um segredo que é passado de geração em geração. Trabalhando com uma grande variedade de produtos locais, a chef da Casa Az-Zagal traz até à mesa o melhor que o Alentejo tem para oferecer. Em cada uma das propostas apresentadas, a riqueza dos temperos e a confeção tradicional confere-lhe uma simplicidade de sabores únicos. Durante a sua estadia os hóspedes têm ainda a oportunidade de explorar os encantos naturais e culturais de Casa Branca e da região envolvente, com atividades que vão desde passeios pedonais pelas colinas alentejanas até degustações de vinho em vinícolas locais, com o selo de excelência alentejano.

Quer procure uma escapadela romântica, uma pausa revigorante ou uma aventura cultural, a Casa Az-Zagal oferece uma experiência única, que celebra a beleza intemporal e a hospitalidade calorosa do Alentejo.

CASA AZ-ZAGAL

Rua de Évora, 14 7470-156 Casa Branca, Sousel

Reservas: +351 300 400 321

Email: reservas@az-zagal.pt

FRONTLINE/77 Casa Az-Zagal | CHECK-IN

MENU MEMÓRIAS VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO

O hotel Fortaleza do Guincho Relais & Châteaux, após uma meticulosa remodelação, reabriu as suas portas com um renovado esplendor. Este hotel icónico guarda, no seu interior, um restaurante, também ele singular. Atreva-se a descobrir as novas propostas gastronómicas do chef Gil Fernandes e embarque nesta viagem.

Com uma imponente vista para o Atlântico, o restaurante do hotel Fortaleza do Guincho Relais & Châteaux é um espaço singular, pensado para agradar até os comensais mais exigentes. Com uma decoração despojada e luminosa, -

tista algarvia Vanessa Barragão, o espaço oferece serenidade e a garantia de uma culinária de excelência, atestada pela estrela Michelin. As 10 semanas de pausa permitiram melho-

78/FRONTLINE A RESERVAR | Restaurante Fortaleza do Guincho

ao chef Gil Fernandes e à sua equipa a criamais recentes inspirações.

MoMentos de degustação

O novo menu “Memórias” é uma viagem no tempo e no espaço, fluida, carregadanando produtos locais e sazonais com naturalidade, o menu é composto por 12 momentos de degustação. Voltamos a encontrar Degelo, uma alusão ao aquee é, tal como refere o chef Gil Fernan -

des, “um verdadeiro mergulho no mar”. Já o Goa, um prato inspirado numa receita que marcou o chef numa viagem à Índia, é agora reinterpretado com um -

neiro do Algarve xeq xeq . O Peixe ao Sal é preparado com peixes da lota, açorda e ervilha lágrima. Na Realidade Alentejatransmontanos e cogumelos selvagens.

sobreMesas -

menagem às raízes do chef com Aroma de -

Viagem é uma sugestão inspirada no Médio Oriente, uma kunafa que nasce de uma com-

cluem queijo da serra e pistácio e gelado de caroço de nêspera.

O Menu de Degustação tem um valor de 145 euros ou de 220 euros com pairing , já o Menu Experiência tem o valor de 190 euros ou de 295 euros com pairing (valores por pessoa).

Com a sua renovação, o Fortaleza do Guincho e o novo menu do chef Gil Fernandes prometem uma jornada sensorial inesquetradição e da inovação, enquadradas por um

FRONTLINE/79 Restaurante Fortaleza do Guincho | A RESERVAR

MUITA PERSONALIDADE, ESTILO E SOFISTICAÇÃO

O maior luxo deste Lexus LBX é a paz de espírito que temos a bordo com toda a tecnologia e com um único propósito: o ser humano. Tecnologia para chegar ao nosso destino no tempo desejado, da forma mais agradável, descontraída e segura.

Omais pequeno de todos os Lexus já está disponível para encomenda em Portugal e as primeiras unidades já estão em circulação. Para o conhecer melhor, viajámos até à bonita cidade de Aveiro e às suas ruas mais retorcidas em torno da ria, por onde o LBX e os menos de 4,2 metros de comprimento se sentem perfeitamente à vontade.

Apesar de ser o mais compacto dos modelos da marca, não é por isso que deixa de ser um Lexus. Por esse motivo, foram utilizadas diversas soluções desde o início da sua conceção, para garantir um confor-

to acústico bastante elevado no habitáculo, a ausência de ruídos e vibrações e, claro, o nível de conforto mais elevado possível. Para locomover o Lexus LBX a marca optou por um sistema híbrido que inclui um motor térmico a gasolina com 1,5 litros de capacidade e uma potência máxima combinada de 136 cv. Em modo elétrico, o sistema é alimentado por uma bateria bipolar NiMH com uma densidade energética superior.

No nosso mercado, o novo SUV da Lexus está disponível em quatro níveis de equipamento (Elegant, Relax, Emotion e Cool),

sendo que na opção mais equipada de todas não falta um painel de instrumentos totalmente digital, um ecrã central tátil de 9,8 polegadas, o head-up display e até um sistema de som de qualidade mais elevada, desenvolvido pela Mark Levinson. Também, consoante o nível de equipamento, será possívelculo e três desenhos de jantes, com medidas entre as 17 e as 18 polegadas de diâmetro. Durante o evento realizado na cidade de Aveiro tivemos ainda a oportunidade de conhecer o novo rosto da Lexus em Portugal, Filomena Cautela.

por Ana Laia
APRESENTAÇÃO | Lexus LBX 80/FRONTLINE

BONITO E EQUIPADO PARA O FUTURO

Onome Mini Cooper já é conhecié uma novidade, uma vez que a designação com carroçaria de três portas. Apesar de contar com um desenho bastante atualizado e com linhas mais futuristas, a primeira impressão informa-nos de imediato que se trata de um Mini. O tejadilho que parecedondo, o desenho da grelha frontal (que deixou de ser uma grelha e é agora um painel fechado), mas também a decoração dos farolins traseiros com inspiração da Union Jack, não deixam qualquer margem para dúvidas.

A bordo do novo Mini, a marca utilizou material reciclado e esteve entretida comtidas com a maioria das linhas já existentes. Por causa disso, o maior destaque

é o novo mostrador central de formato redondo, sendo que todo ele é agora um monitor de comando tátil, através do qual Mini, ao sistema de infoentretenimento e até ao giríssimo painel de instrumentos, que passou a fazer parte deste conjunto. Por se tratar de um modelo 100% elétrico há números que ganham ainda mais relevância, tais como os 40,7 kWh de capacidade da bateria ou a autonomia máxima ligeiramente acima dos 300 potência máxima e um binário de 290 Nm, o que permite ao pequeno Mini acelerar dos 0 aos 100 km/h em apenas 7,3 segundos.

Uma experiência de condução única, a nível de performance, estilo e carisma. Um modelo voltado para um estilo de vida ur-

FRONTLINE/81 Mini Cooper E | APRESENTAÇÃO
-
por Ana Laia

Férias na neve

“50 ANOS DO 25 DE ABRIL”

Teve lugar, em Abril passado, no Lisbon Marriott Hotel, um almoço-debate promovido pelo International Club of Portugal. O orador convidado foi Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto. As áreas fundamentais que destacou para os próximos “50 anos do 25 de Abril” foram a Reforma do Estado, Educação, Saúde, Justiça e Crescimento Económico. Nuno Botelho relembrou as diversas conquistas obtidas com a transição democrática, nomeadamente ao nível da literacia e acesso ao ensino superior, de indicadores de saúde, das condições de habitabilidade, não esquecendo aquele que para si é o “bem maior da Revolução”, que consistiu na consolidação do Estado de Direito, salvaguardando as liberdades e garantias dos cidadãos. No futuro, a importância de construir um “país mais coeso, mais justo, com melhores oportunidades para todos, mais ambicioso e produtivo”. Para tal é preciso realizar uma reforma do Estado, com destaque na Saúde e Educação,sentantes e “devolver credibilidade às instituições” e assim permitir “o exercício de uma cidadania livre e completa”.

1| Nuno Botelho 2| José Ribeiro e Castro, Fernando Pereira e Rogério Alves 3| Maria da Conceição Caldeira e Damião Martins de Castro 4| Elmar Derkitsch e Manuel Ramalho 5| Anton Tamas e Sergiu Senciuc 6| António Gonçalves e Eduardo Teixeira 7| Sílvio Sousa Santos 8| Cátia Morais e Pedro Paes do Amaral 9| Gonçalo Mesquita Ferreira 10| Rogério Alves 11| Pedro Milharadas 12| Rui Calafate 13| Yanyan Yang 14| Armando Aleixo 15| Hugo Durão 16| Manuel Ramalho e Nuno Botelho

ESPECIAL
82/FRONTLINE SOCIAL | International Club of Portugal 2 5 6 7 1 3 4
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BMW M8 CABRIO. O PRAZER DE CONDUZIR DESPORTIVO AO MAIS ALTO NÍVEL. Peça já a sua proposta.
Consumo de combustível em l/100 km: 11,4 – 11,6. Emissões de CO₂ em g/km: 261 ­ 264. (Valores combinados, WLTP). Mais informações podem ser consultadas junto do IMT ou bmw.pt

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