iDeia Templuz - Edição 05

Page 1

“Um design minimalista, baseado em conceitos simples”

publicação Templuz Edição 05 | Outubro 2013 | ISSN 2317-9406


Foto: Ludmila Loureiro


Editorial Expediente: Editor Camilo Belchior Jornalista Responsável: Cilene Impelizieri 5236/MG Jornalistas:

Há algum tempo, li um artigo de um dos sociólogos mais conhecidos de nossa atualidade, Domenico de Masi que, aos 22 anos, já lecionava na Universidade de Nápoles. Ele dizia que a criatividade é, acima de qualquer coisa, a concretização de emoções administradas e técnicas introjetadas. Ou seja, uma característica intrínseca ao ser humano que nos possibilita dar vasão às nossas emoções de forma ordenada, mas sem nos privar da liberdade, do não compromisso com as regras estabelecidas ou mesmo de conceitos já existentes.

Ana Cláudia Ulhôa Danilo Borges Júlia Andrade Thaís Casagrande Projeto gráfico e

O importante talvez seja entendermos que a criatividade não existe sem uma fantasia desenfreada, que nos permite sonhar de olhos abertos, que nos encoraja a ousar caminhos não percorridos e, acima de tudo, superar obstáculos que separam nossos sonhos da sua realização.

coordenação gráfica Cláudio Valentin Capa: Oki Sato e Luca Nichetto Foto: divulgação A revista iDeia é publicação da Templuz e

A quinta edição da revista iDeia trata exatamente desse tema, falando sobre as várias “mentes criativas” que ousaram em seus caminhos. Um exemplo é o personagem da nossa matéria de capa, o designer japonês Oki Sato. Além de ter um trabalho respeitado em vários países, Sato exercita o processo criativo de várias formas, como o trabalho conjunto e continuado com outro designer, o italiano Luca Nichetto.

tem veiculação gratuita, não podendo ser vendida. Sua distribuição é feita para um mailing seleto de profissionais das áreas afins ao design e formadores de opinão. Contato: ideia@templuz.com Errata:

Vamos conhecer um pouco sobre o perfil profissional de pessoas que conseguem ser múltiplas em suas atividades, como o designer e articulador social Jorge Frascara e o arquiteto e designer Ruy Ohtake. Serão apresentadas, ainda, entrevistas com pessoas que lidam com “mentes criativas” no seu dia a dia, como é o caso de Gabrielle Ammann, marchand de uma galeria na Alemanha dedicada a designers, e o gestor cultural inglês Ryan Roth, que vive no Japão e é um descobridor de novos talentos criativos.

A matéria “Um arquiteto de teorias”, veiculada na edição nº4, foi realizada por Danilo Borges em conjunto com Luísa Teixeira.

Conheceremos o trabalho de alguns nomes mineiros, como o dos designers Eraldo Pinheiro e Sergio Savoi; do artista plástico Rigo e do arquiteto Cioli Stancioli, cada um dentro de seu segmento, mas com o mesmo teor elevado de criatividade. Sem contar com a participação de nossos colaboradores, que nos brindam com artigos inteligentes e gostosos de ler.

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da revista.

Boa leitura, Camilo Belchior


Colaboradores

Lígia Fascioni - Berlim Engenheira eletricista, especialista em Marketing, mestre em Automação e Controle Industrial e doutora em Gestão do Design. É palestrante, consultora e ministra cursos de pós-graduação nas áreas de marketing, design, inovação e atitude profissional. Mora em Berlim desde julho de 2011, onde estuda alemão.

Rita Ribeiro - Brasil Doutora em Geografia, pesquisadora na área de culturas urbanas e líder do grupo de pesquisa “Design e Representações Sociais” e professora do Programa de Pós-Graduação em Design na Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG

Vera Damazio - Brasil Designer formada pela PUC-Rio, mestre em Design Gráfico pela Boston University e doutora em Ciências Sociais pela UERJ. Professora da PUC-Rio, atua nos programas de Graduação e Pós-Graduação em Design. Coordenadora do projeto “Memória Gráfica Brasileira” (PROCAD/ CAPES) e do Laboratório Design, Memória e Emoção (LABMEMO-PUC-Rio).



pรกg. 6



Artigos

pág. 8

Novos tempos e o design de uma nova velhice ¹

por Vera Damazio Vivemos tempos de profundas mudanças e o “advento da sociedade pós-industrial” anunciado pelo sociólogo Daniel Bell (1973). A aliança entre conhecimento, tecnologia e criatividade torna-se precioso capital e via expressa à qualidade de vida para todos. Entram em notável alta valores como sentimentos éticos e morais, confiança no próximo, autoexpressão, colaboração, entre outros revelados por estudos em diversos campos do saber ². A “Felicidade Interna Bruta” e formas imateriais de riqueza ganham espaço na agenda de economistas, como o prêmio Nobel Jeffrey Sachs. Cresce também o reconhecimento de que “somos infelizes quando nos é negado o atendimento de necessidades básicas materiais” e quando “a busca por rendas maiores substitui nosso foco na família, amigos, comunidade, compaixão e equilíbrio interno” ³. Uma das mudanças mais marcantes em curso é o acelerado envelhecimento da população. A cada segundo, duas pessoas tornam-se sexagenárias. Em 2050, um, em cada cinco habitantes do planeta terá 60 anos ou mais, segundo o relatório “Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio”. Outra mudança importante é a gradual percepção de que, ao contrário de um fardo, o aumento da longevidade é uma das maiores conquistas da humanidade e de que a velhice também é uma fase de ganhos, como o direito de não trabalhar e de viver novas experiências e projetos.


Artigos

pág. 9

Nesse contexto, entram em cena os “novos velhos”, apresentados pela antropóloga Mirian Goldenberg no artigo “Bela Velhice” como uma geração que transformou comportamentos, valores, sexualidade, as formas de ser mãe, pai, avô e avó e que: “Continuam cantando, dançando, criando, amando, brincando, trabalhando, transgredindo tabus etc. Não se aposentaram de si mesmos, recusaram as regras que os obrigariam a se comportar como velhos. Não se tornaram invisíveis, apagados, infelizes, doentes, deprimidos”. Os novos velhos são diversos, exigentes, surpreendentes e demandam produtos e serviços que o Design Emocional, centrado em valores, tem enorme potencial para atender, como buscaremos ilustrar a seguir: Fotos: divulgação

Design & Identidade: possibilita o uso individualizado e a autoexpressão. A luminária “Do Scratch Lamp” de Martií Guixé só funciona após o usuário intervir, abrindo passagem para a luz.

1. Agradeço a Mirian Goldenberg e aos integrantes do Laboratório Design Memória e Emoção (LABMEMO) pela valiosa parceria na busca de caminhos para a construção de uma nova e bela velhice. 2. Ler mais no artigo “Some thoughts on post-industrial society and the new roles of emotional design”, nos Anais da 8th International Design and Emotion Conference London 2012. 3. Contraponto do “Produto Interno Bruto”, o FIB foi criado em 1972, pelo então rei do Butão, Jigme Singya Wangchuck, como resposta às críticas de que seu reino crescia miseravelmente e marca um modelo de desenvolvimento centrado na cultura e valores espirituais budistas do país.


pág. 10

Artigos

Design & Humor: propicia uma rotina mais divertida e surpreendente. Os “21 Balanços” de Luc-Alain, Mouna Andraos e Melissa Mongiant instalados em Montreal, produziam melodias que variavam de acordo com a cooperação entre seus usuários. 7

Design & Bem Estar: promove a transcendência e o equilíbrio mental.

Design & Cidadania: colabora com práticas inclusivas e em prol do bem coletivo cortina de banho é um guerreiro verde”, de Elisabeth Buecher, infla progressivamente com o consumo de água e “expulsa” o usuário do banho.

Fotos: divulgação

Alpha Sphere, do artista Sha, proporciona experiência multissensorial de profundo relaxamento.


Artigos

pág. 11

Design & Sociabilidade: favorece encontros e o bem viver em uma sociedade plural. Assentos do amor, da empresa Arriva, projetados para incentivar o flerte entre passageiros.

Autoestima: promove ações de respeito e carinho; a autoconfiança e a disposição para superar adversidades. O Movimento “Doe Palavras”, do Instituto Mário Penna, faz chegar mensagens positivas a pacientes com câncer através de televisores nas salas de quimioterapia e radioterapia.

Todos conhecemos, somos ou esperamos ser novos velhos em alguns pares ou dezenas de anos. É, portanto, urgente e mais do que tempo de contribuir com a construção de um universo muito além das bengalas, fraldas geriátricas, asilos e pictogramas que mascaram a nova e bela face da velhice.


pág. 12

Artigos

CRIATIVIDADE SEM DONO por Ligia Fascioni — Não repara não, é que eu trabalho com criatividade, então, não entendo muito esses números... — Pois é, a área técnica é muito limitada. Por isso, escolhi trabalhar com criatividade... — Sabe o que é? Não fico bitolado nesses detalhes técnicos, porque sou muito criativo, viajo mesmo... Vivo escutando essas frases de designers, publicitários, ilustradores, artistas plásticos e todos esses profissionais que se convencionou chamar “criativos”. É, praticamente, um consenso: eles são a parte criativa da sociedade. O resto das pessoas é bitolada, um pouco limitada, tem dificuldade para entender arroubos de inovação. Eu aceitava isso sem questionar muito. Mas, esses dias, ao ouvir pela enésima vez essa fórmula tão pouco criativa, comecei a questioná-la. De um lado, se colocam os nerds (engenheiros, técnicos, programadores, físicos, matemáticos). Do outro, estão os “criativos” (designers, publicitários, escritores, artistas). Será que a criatividade é mesmo distribuída de maneira assim tão binária no mercado de trabalho?


pág. 13

Stuttgard - Alemanha Foto: Ligia Fascioni

Vejamos: a primeira coisa que me vem à mente é que os chips eletrônicos são feitos de silício. E silício, em última instância, é um tipo de areia. Físicos, químicos e engenheiros precisaram encontrar maneiras mirabolantes para adestrar essa areia e transformá-la em computadores, telefones celulares e televisores de alta resolução. Como convencer grãos de areia a fazer o que você quer? Como sequer imaginar que grãos de areia sejam tão talentosos? Mais que ser criativo, esse povo precisa, literalmente, tirar leite de pedra… Olha só o caso dos programadores. É esse povo bizarro que traduz linhas de código escritas em línguas esquisitíssimas no sistema operacional e nos softwares que os criativos usam para desenhar, alterar, distorcer, tratar e animar imagens que antes só viviam numa folha de papel. Existem infinitas maneiras de se escrever um programa – o programador tem que usar toda a sua capacidade criativa para encontrar a melhor solução, usando o mínimo de recursos computacionais. É quase como o trabalho de um escritor. O programador precisa dizer para o computador o que ele tem que fazer (sem deixar dúvidas) em um mínimo de palavras muito bem escolhidas. Achar um erro num programa ou numa placa de circuito impresso é um trabalho de detetive, que exige tanta criatividade quanto um investigador policial. É preciso colher pistas, testar possibilidades, pensar o que ninguém pensou, ser absurdamente original.


pág. 14

Artigos 1.

Física é outro lugar onde a criatividade é essencial para se evoluir. Para mim, a teoria da relatividade é a demonstração mais cabal do pensamento lateral aplicado no seu limite. Vale o mesmo para a matemática.

2.

No caso das telecomunicações, entender como funciona a comunicação entre os satélites e as antenas de um mero telefone celular, é de dar dor de cabeça. É necessária muita, mas muita capacidade de abstração. Reunir um volume gigantesco de informações, tentar combinações improváveis, bolar meios de fazer as conexões, tentar caminhos novos, suplantar os infinitos problemas que aparecem no caminho e, mesmo assim, fazer funcionar sob pressão. Isso não é usar a criatividade? Então, o que é? Não quero, de maneira alguma, defender aqui que uma função seja mais ou menos importante que a outra, já que todas se complementam. Também não tem nada a ver com níveis de inteligência, já que o profissional tem que ser muito bom para fazer uma coisa realmente original, seja que área for. O que gostaria de chamar atenção, é que, às vezes, a gente acaba considerando um trabalho como pouco criativo só porque a não conhece muitos detalhes dele. A criatividade se manifesta sob muitas formas diferentes. Em comum, todas recombinam informações de maneira original para resolver um problema.

Em minha opinião, a criatividade depende muito mais do profissional do que da profissão. A gente encontra campanhas publicitárias geniais e outras que poderiam ser tudo, menos criativas. Também vê técnicos encontrando soluções, praticamente milagrosas, e outros, que parecem ser desprovidos de cérebro. Criatividade não tem dono, nem currículo, nem diploma, nem profissão. Ainda bem.


Artigos

pág. 15

3.

1 e 2 - Invervenções em condomínio em Kreuzberg (próxima da U-Bahn Hallesches Tor) - Berlim 3 - Invervenção em Mitte (esquina entre a Breite Strabe e a Mühlendamm) - Berlim Fotos: Ligia Fascioni


pág. 16

Entrevistas

Em Busca de Mentes Criativas por Ana Cláudia Ulhôa

O olho clínico para detectar talentos nas áreas da arte, design e arquitetura fez de Gabrielle Ammann uma referência para as grandes galerias de arte do mundo. A experiência como designer de interiores e os estudos em história da arte foram alguns dos grandes responsáveis pelo envolvimento da marchand em curadorias de exposições e desenvolvimento de projetos para incentivar novos artistas. Em 2006, Gabrielle chegou a fundar um espaço para a realização de fóruns e apresentação de profissionais que estão entrando no mercado. Uma de suas iniciativas mais famosas é o programa de designers emergentes, que revelou nomes como do indiano Satyendra Pakhalé. Acostumada a lidar com mentes criativas de diversas partes do mundo, Gabrielle Ammann contou para a equipe da revista iDeia como identificar trabalhos inovadores, como administrar os interesses das galerias e dos artistas e qual sua opinião sobre o futuro do design.

Gabrielle Ammann Celso Mellani Foto: Alexander Dwyer

Revista iDeia: Nos conte um pouco sobre o início da sua carreira. Como foi trabalhar em projetos de design, de curadoria e exposição? Gabrielle Ammann: Durante cerca de vinte anos, percorri agências de design e organizei um fórum de artistas, designers e arquitetos para mostrar trabalhos experimentais, através de vários programas e iniciativas. Normalmente, meus projetos não diferenciavam arte, design e arquitetura. Pelo contrário, buscavam objetos e ambientes que encurtavam as fronteiras entre essas áreas. Ajudei vários designers a realizarem seus projetos, e a natureza experimental de muitos deles significa que acabei contribuindo com alguns dos trabalhos mais emblemáticos e inovadores do final do século 20. Algumas das primeiras iniciativas das quais fiz parte foram o trabalho com o lendário Studio


Entrevistas Alchimia e apresentação da coleção Spiritelli, em Munique, em 1990. Fui uma das primeiras pessoas a auxiliar Marc Newson e colaborei com ele em uma de suas primeiras exposições na Europa, a Wormhole, que ocorreu em Milão, em 1992. Tenho uma relação de longa data com Ron Arad, o que foi fundamental para ajudá-lo a realizar muitas de suas exposições iniciais na Alemanha. A natureza experimental de todos esses projetos significava que eu era uma pioneira na apresentação de coleções artísticas que, eventualmente, evoluiu para a criação de um espaço de galeria permanente em 2006, em Colônia, Alemanha. Ri: Quais são os parâmetros que você usa para escolher os designers e artistas que estarão em sua galeria? GA: Em primeiro lugar, devo ser cativada e desafiada pela peça. Estou constantemente atraída por obras que possuem uma pesquisa estética intelectual por trás do desenvolvimento do objeto. Para todos os artistas e designers de minha coleção, o processo é tão importante quanto o resultado final. Eu acredito que isso é essencial para que haja uma narrativa e uma filosofia por trás da obra, a fim de diferenciá-la de uma peça puramente funcional.

Exposição de Zaha Hadid 2007 - Iceberg Foto: galeria Gabrielle Ammann

pág. 17

Ri: Em sua opinião, qual é a relação entre arquitetura, arte e design? GA: A arquitetura é a mãe das artes, todas as outras formas são usadas para enriquecê-la. Mais importante ainda, a arquitetura fornece uma estrutura para obras de arte e design, transformando nossa linguagem visual e paisagística. O objeto tridimensional sempre foi fascinante para mim, pois sou muito interessada na forma e em seu diálogo dentro de um espaço. No entanto, a fim de realizar uma peça verdadeiramente relevante, é importante combinar a arquitetura com arte e design. O design é o culminar perfeito dessas disciplinas para um objeto na escala humana. Torna-se um companheiro que interage dentro de seu ambiente. Ri: Em uma entrevista recente, você disse que tem um interesse especial em arte asiática. Diga-nos, por que essa preferência? GA: Alguns dos trabalhos mais excitantes e originais que podemos encontrar no mercado atual são provenientes da Ásia. Esta jovem geração de artistas e designers está em busca de sua identidade numa sociedade caracterizada pelo ambiente urbano e pela rápida mutação. Desafiando e rejeitando as tradições de seus antepassados, bem como questionando os princípios


Entrevistas

pág. 18

Um dos espaços da galeria Gabrielle Ammann - DMB 2013 Foto: galeria Gabrielle Ammann

ocidentais de estética, eles estão criando uma nova linguagem visual, que muitas vezes associa arte e design de forma espirituosa e original. Ri: O tema desta edição da revista iDeia é “Mentes Criativas”. Como lidar com tantos talentos criativos? Como você pode gerenciar os interesses de sua galeria com a criatividade dos profissionais que você escolhe? GA: Indivíduos criativos, especialmente designers, vêm o mundo de uma maneira diferente. Por isso, é tão gratificante trabalhar com eles. Eu gosto de pessoas e objetos desafiantes. Por possuírem essa característica, meus designers muitas vezes ultrapassam limites de materiais, técnicas e formas. Às vezes, eu preciso de muita paciência, enquanto estou esperando por eles, para descobrir como realizar e aperfeiçoar um trabalho. Mas sempre vale a pena.

Ri: Conte-nos como foi participar da Design Miami Basel 2013. GA: A Design Miami foi, desde o seu início, uma feira intelectual e séria, por isso atrai colecionadores sérios. Esse ano, o evento atingiu um público fantástico e muito maior, porque estávamos localizados no belo edifício projetado pela dupla de arquitetos Herzog & de Meuron. Foi memorável ver como houve uma grande mistura de galerias internacionais, apresentando os melhores trabalhos que tinham para mostrar. Meu sentimento pessoal é: estamos finalmente chegando ao ponto que pretendíamos. Ri: Sendo uma curadora de projetos de design, como você percebe a evolução do design hoje? GA: Estamos em um processo de busca. O que vai se tornar cada vez mais importante é o fato


Entrevistas

Exposição do artista Shi Jianmin 2009 Acordeão ‘Dedo de Buda Mãe e Filho’ Foto: galeria Gabrielle Ammann

das peças de design estar seguindo nossas crenças, como no uso de materiais sustentáveis em relação ao meio ambiente, terem uma filosofia narrativa por trás do objeto e um personagem para mostrar. “Originalidade vem de origem”, diz o designer indiano Satyendra Pakhalé, com quem eu trabalho há muitos anos. Ri: Quais são seus novos projetos? Você pode nos contar um pouco sobre eles? GA: Fui convidada pela DAAB para editar um livro sobre as tendências atuais do design no mundo. Estou muito animada para começar a trabalhar no meu primeiro livro em setembro. Também estou envolvida em um projeto, aqui em Colônia, para o MAK - Museu de Artes Aplicadas de Colônia. Vamos mostrar obras do artista e designer suíço Rolf Sachs, sob o título: Rolf Sachs - Eingemachtes - Typically German? É

muito emocionante ver o projeto em desenvolvimento e eu também irei realizar uma contribuição para o catálogo. As próximas feiras que vamos participar são a PAD Londres, em outubro, e a Design Miami, em dezembro. Já estou muito curiosa e animada para ver as novas peças que os meus artistas vão mostrar.

pág. 19


pág. 20

Entrevistas

Investimento em Criatividade por Ana Cláudia Ulhôa, com colaboração de Danilo Borges Com apenas 32 anos, o inglês Ryan Roth já viveu em cidades como Londres, Paris, Bangkok, Sydney, Los Angeles e, agora, Tóquio. O gosto por conhecer as mais diferentes culturas veio da paixão do empresário pela arte. Em cada país por onde passou, Ryan buscou compreender como as obras eram recebidas e como o mercado de arte funcionava, para, em 2009, fundar a Roth Managment. Atualmente, Ryan Roth e sua equipe oferecem serviços como consultoria, gestão de fundos de arte, alocação de ativos e investimentos, licenciamento e projetos de curadoria. Entre os nomes revelados pela empresa estão Minjae Lee, Choi Jeong Hwa e Makoto Ainda. Atraído pela ideia de encorajar pessoas que não possuem apoio para construir uma carreira, o empresário conta para nossa equipe como é trabalhar com mentes criativas e como estimulá-las. Revista iDeia: Ryan, como você começou sua vida profissional? O que te levou a trabalhar com a arte contemporânea? Ryan Roth: Eu diria que tudo começou quando me mudei para a França, alguns anos atrás. Minha namorada, na época, era uma artista excepcional, cujo trabalho me cativava muito. Observar suas obras me deixava extremamente engajado, focado e, ao mesmo tempo, perdido. Durante o tempo que passei ao lado dela, comecei a perceber quão importante era a arte e quão subjetiva ela pode ser.

Ryan Roth Foto: divulgação

Como eu, na época, estudava psicologia na universidade, isso realmente mexeu comigo. Mas a arte, para mim, era uma paixão. Eu nunca havia, até então, pensado nela como um negócio. Mas comecei a negociar eventualmente.


Entrevistas

pág. 21

Busquei entender como as galerias funcionavam e percebi que, em geral, a arte poderia ser muito mais apreciada por uma cultura, do que por outra. Dessa forma, comecei a viver em diferentes países para entender a cultura de cada um. Enquanto morei nesses lugares, comecei a pesquisar as diferentes formas, como as galerias representavam os artistas e percebi que existia muita corrupção, assédio aos artistas, roubo e um, inacreditável controle sobre esses profissionais. Então, um dia, tive um insight e passei a enxergar um modelo de negócios. Ao invés de simplesmente vender uma obra de arte, lancei a Roth Managment. Ri: Como você percebe a relação entre arte e design? RR: Eu acredito que exista uma conexão intrínseca entre ambos, na qual qualquer coisa pode ser definida como arte. A sopa de Andy Warhol (referência à obra Campbell´s Soup Can, de 1962), realmente, mostrou isso ao mundo.

Creio que há muitos designers que pensam muito na imagem e não na funcionalidade das peças. Poucos conseguiram fazer essa mistura da forma correta. Há artistas cujos trabalhos não só são bonitos, como funcionais, o que gera melhorias nos produtos que estão desenvolvendo. E pensar em algo que é aperfeiçoado com frequência é ótimo. Mal posso esperar para ver produtos especialmente desenvolvidos para um indivíduo. Quando olhamos para o vestuário, por exemplo, há várias opções de tamanho, mas isso não é tão comum quando falamos de produtos. Impressoras 3D e peças personalizadas parecem ser a melhor solução para o futuro. Ri: Como é trabalhar com pessoas com tanta criatividade? RR: É maravilhoso. Também sou criativo e irei, finalmente, trabalhar em minha primeira obra de arte em Londres, entre 2014 e 2015. Então, entendo o mundo dos artistas. Mas parece que tenho uma mente mais voltada para o lado dos negócios / marketing / relações públicas. Se não fosse criativo, acho que as coisas seriam mais difíceis. Mas, entendo uma coisa que muitos não compreendem: não se pode forçar a criatividade, apenas guiá-la e encorajá-la. Às vezes, alguns artistas com os quais trabalho perguntam minha opinião e eu digo: “O que você acha?”. Às vezes, falo o que acho e explico por que seguir esta ou aquela direção pode ser uma boa ideia. Mas nunca tento forçar minhas opiniões no trabalho deles. Tenho muita sorte de trabalhar com pessoas que possuem talentos fantásticos. Minjae Lee, por exemplo, acaba de ser capa da mais recente edição da “Art Business News”, que listou os 50 maiores artistas com menos de 30 anos. Estar na capa já é uma satisfação para qualquer artista, mas é difícil expressar o quanto eu e Minjae Lee estamos honrados e agradecidos por ele ter aparecido naquela edição. Resumindo, é um prazer. Ri: Quais são os parâmetros que determinam a escolha dos artistas que estarão representados comercialmente por sua empresa? RR: Vejo o trabalho de um artista que me surpreende e então, começo a pensar como sua obra seria recebida em diferentes países. Também me pergunto: É representado por uma galeria? Ele irá me ouvir enquanto explico o que faço? Recebo boas vibrações dele? Ele está focado no trabalho ou tem outras prioridades?

Transeuntes, Colton Haynes - Jaeyeol Han Foto: divulgação


São, portanto, muitos fatores que determinam minha vontade de trabalhar com alguém. Algumas vezes, posso levar meses para decidir; em outras, só uma tarde. Ri: Depois de ter vivido em vários países e de ter entrado em contato com tantas culturas diferentes, você acha que existe algum padrão de design e arte que é comum a todas essas culturas? RR: O único padrão é que todas as culturas têm arte e pensam sobre o design. Política, geografia, guerra, história, clima, sexo, relacionamentos ou, você pode simplesmente dizer, a vida. A vida e as diferentes experiências que temos moldam a nossa apreciação artística. Ri: Criatividade é um elemento importante em seu trabalho, você lida diariamente com pessoas criativas. Você acredita que essa é uma característica natural ou pode ser moldada ao longo do tempo? RR: Somos todos criativos. Mas saber até que ponto cada um pode ser criativo, é muito subjetivo. Eu acredito que você pode ser treinado, incentivado e apoiado a ser cada vez mais criativo. É claro que, se uma pessoa escuta de maneira contínua que não tem talento, 99,9% das que poderiam ter se transformado em alguns dos maiores artistas do mundo, vão desaparecer no esquecimento e nunca mais vão criar novamente.

Minjae Lee

Entrevistas

Satoshi Komatsubara

pág. 22

Ri: Como é o investimento no mercado internacional em criatividade (arte)? RR: As pessoas não costumam investir no mundo criativo.

ROBBBB

Essa é uma das razões pelas quais eu comecei a empresa, para incentivar jovens talentos, para apoiá-los.

Artistas representados pela Roth Management Fotos: divulgação

281 Anti Nuke

Também lançaremos uma marca de roupa, controlada pela Roth Management. Investiremos em produtos de edição limitada, produzidos por artistas com os quais trabalhamos.

Jaeyol Han

Ri: Em que projetos você está trabalhando atualmente? RR: Estamos trabalhando na criação de departamentos de design de interiores, fotografia e design industrial. Cada divisão será dirigida por um gestor específico e nós só vamos lançá-las, de fato, quando encontrarmos as pessoas certas para comandá-las. Não administrarei pessoalmente esses setores e preciso me sentir 100% confortável com as pessoas que estarão trabalhando comigo e representando a empresa.


Entrevistas Outro projeto que estamos desenvolvendo é o programa de estágio para artistas. No momento, estamos procurando pessoas que possuam uma segunda casa ou um local para acomodar jovens artistas durante um período de 3 a 6 meses. Ainda serei curador da Fundação TJ Martel, em Santa Mônica (EUA), e participarei do Festival de Cinema de Catalina, na costa de Los Angeles, um evento fantástico, do qual me orgulho de ter feito parte da diretoria fundadora. Também faço parte de um estúdio de produção de documentários, que será lançado mais para frente, no qual tenho participação de 33%. Nosso foco serão as agências de notícias e a mídia em geral. Temos algumas produções bastante interessantes para serem lançadas, e os diretores com os quais estamos trabalhando têm ganhado diversos prêmios.

Foto: divulgação

Por fim, estou me dedicando ao lançamento de uma companhia de turismo, que tem tido um suporte muito grande das autoridades do setor.

Ri: Você tem planos de desenvolver projetos no Brasil? RR: Sim. O Brasil é um país que sempre quis visitar e, assim que concluir alguns projetos que estão em andamento, irei em busca de um espaço para a galeria. Ri: Você tem contato com a arte e o design brasileiros? Qual sua impressão de ambos? RR: Me encanta. O Brasil está numa posição única e espero que consiga diversificar sua economia e focar na fusão entre natureza, paisagem urbana e design. Alguns dos projetos arquitetônicos mais belos do mundo estão no Brasil, com hotéis e casas particulares cercadas pela natureza. Há algumas construções realmente admiráveis. A cultura e a arte brasileiras, para mim, estão muito ligadas a cores vibrantes, vida, espírito livre e diversão. Também estou ansioso para ver se o Paulinho (jogador brasileiro recém-contratado pelo clube inglês Tottenham) trará um pouco da arte brasileira para o White Hart Lane (estádio do clube).

pág. 23


pág. 24

Persona

Sem Medo de Ousar

por Thaís Casagrande

Há dez anos no mercado, Cioli Stancioli acredita que se interessou pela carreira de arquiteto e design de interiores por se considerar uma pessoa altamente influenciada e estimulada pelo entorno. “Gosto de tudo, de todas as formas de arte, música, cores, design, natureza, moda e, especialmente de pessoas. A arquitetura e o design ampliam meu horizonte e me permitem trabalhar com muitos dos universos que aprecio, e, portanto, me completam bastante”, conta.

Cioli Stancioli Foto: Ludimila Loureiro


pรกg. 25

Telas do Artista Fotos: Fรกbio Canรงado e Marcos Anthony


Persona

pág. 26

Ele afirma que não sofreu influência direta de familiares ou de outros arquitetos para a escolha da profissão, “embora eu seguramente admire o trabalho de muitos profissionais, icônicos ou não, na área de design e arquitetura”, diz. Entre eles, o arquiteto Rosembaum, que possui um universo rico e amplo em projetos, assim como Zaha Hadid, que quebrou muitos paradigmas. Já na moda - outro ramo considerado inspirador para o arquiteto - Cioli aprecia o trabalho de Alexander McQueen, pela força emocional de suas coleções. Quanto ao uso de conceitos e temas em seus projetos, Cioli deixa claro que tudo depende do uso a ser feito, “nem sempre utilizo um, mas, harmonizar o projeto como um todo é sempre importante”. E, se o assunto for inspirações para criar, “sem dúvida o cotidiano já oferece material muito rico; as viagens sempre ampliam o universo; imagens gráficas e livrarias. “Observo muito os

Foto: Ludimila Loureiro

detalhes”. Às vezes, uma embalagem ou um tipo de costura já me inspiram”. O arquiteto trabalha com ambientes corporativos, comerciais e residenciais e, na hora de criar, o uso do espaço norteia o trabalho. “Aprecio muito uma primeira conversa com o cliente, onde gosto de fazer muitas anotações, conhecer os gostos e até a idealização que faz do projeto final. O meu processo é sempre baseado em croquis e perspectivas a mão. Os desenhos são sempre o meu ponto de partida” explica. Segundo Cioli, já durante o processo dos desenhos inicia-se também um estudo de cores, texturas, tecidos e outros materiais disponíveis, incluindo a possibilidade de utilizar a customização, quando couber, para individualizar os projetos. Além de arquiteto, Cioli desenvolve um interessante trabalho como designer. Para fazer seus projetos ainda mais completos, ele


Persona

pág. 27

O processo de criação do arquiteto Cioli compreende duas fases:

1. Na criação são produzidos sketchs para uma primeira apresentação ao cliente.

2. Após, definido com o cliente todas as informações, são produzidas imagens em 3D, com uma realidade virtual primorosa.

Foto da obra pronta


pág. 28

Persona

Quando as pessoas tem a criatividade como componente nato de sua personalidade, os sentidos e a sua percepção ficam alerta 24h por dia. Cioli percebeu a possibilidade de exercitar este processo em seu próprio escritório, quando conseguiu enxergar que um sofá velho poderia se transformar em uma das peças mais chamativas da sua sala de trabalho.


pág. 29

cria móveis e até mesmo ladrilhos hidráulicos exclusivos para cada tipo de ambiente. “Gosto de observar o universo ao meu redor e dele tirar inspirações. Outro dia, vi, no trânsito, uma mulher com uma blusa de tons harmônicos e belíssimos e, a partir daquelas cores, criei uma casa inteira. Também já desenhei um novo ladrilho hidráulico baseado na roda de um carro. Não sigo um padrão”.

Fotos: Ludimila Loureiro

Para os móveis, Cioli procura sempre reaproveitar peças antigas e repaginá-las, criando um ar vintage e cool ao mesmo tempo. “Quando vejo um móvel rico de história e estilo busco mantê-lo no ambiente, com uma nova cara. Faço pesquisas sobre a época em que ele foi criado e qual o tecido ideal para forrá-lo (no caso de sofás) e analiso se vale a pena reformar, se a estrutura continua boa para mantê-lo.” Visualmente, Cioli idealiza móveis mais finos e com aparência de frágeis, proporcionando leveza para o ambiente. “A mobília mais refinada e projetada com delicadeza pode contrastar com os mais diversos projetos. Fujo do bruto, do grosso, com cores fortes e vibrantes, sem medo de provar um novo que já foi velho”.


Persona

Se pudesse definir com uma só palavra qual a marca registrada de seu trabalho, ele não pensa duas vezes: “Ousadia. Não tenho medo de ousar - seja em cores, objetos ou materiais, todas as misturas podem ser harmonizadas e são bem vindas”, enfatiza. Em seus projetos, as matérias-primas mais utilizadas são madeira, vidro, concreto, aço, tecidos, papéis, ladrilhos, cobogós, “para mim, o céu é o limite!” conta. Se for para escolher um único projeto que considera um marco em sua carreira, Cioli avalia cada um deles como únicos e, pequenos ou grandes, sempre importantes. “Embora eu ainda tenha muito chão a percorrer, não coloco projetos como um marco”. Quanto às mostras, o arquiteto destaca a Mostra Líder e a Casa Cor. E, em se tratando de uma mente altamente criativa, já para 2014, Cioli espera ampliar mais a área de Design de Produtos em seu escritório, “como gosto muito de desenhar, crio muitas linhas de ladrilhos hidráulicos, papéis e mobiliário. Gostaria muito de me dedicar mais a isso no futuro”.

Foto: Ludimila Loureiro

pág. 30

A fotografia detalhada do sofá: Carol Reis O sofá: Ângelo Brum estofados Iluminação: Templuz Quadros e adornos: Vênica Casa.


pรกg. 31


pรกg. 32


Persona

A Ferro e Fogo

Artista Plástico mineiro mostra a leveza e liberdade dos movimentos

por Júlia Andrade Muitos perguntam de onde vem a inspiração dos artistas, pintores, designers. Mas, poucos sabem responder a esta pergunta. Este é o caso de Rigo, artista plástico mineiro, autodidata, que começou, por acaso, a criar peças de ferro. “Meu laboratório é minha banca de solda e giz. Tudo começa com rabiscos e vai tomando forma” explica Rigo. Sua história com a arte começou em 1998. Logo após fechar sua pequena indústria metalúrgica, ele foi convidado, pela artista plástica Angela Maciel, a compor uma exposição que ela faria de peças de cerâmica. Assim, o que seria uma contribuição, com suportes de ferro para as peças, acabou tornando-se uma mostra conjunta, com obras de ambos os autores.

Rigo enquanto trabalha em seu ateliê. É possível ver a tatuagem “A Chama”, símbolo de sua família que virou escultura. Foto: Afonso Hatem

pág. 33


pág. 34

Persona

A partir daí, o autodidata começou a produzir esculturas de parede, mesa e chão, utilizando o aço corten oxidado, ou pintado, e o aço inox. As obras, que misturam simplicidade e leveza com a complexidade de formas, podem ser encontradas em diversas praças de Belo Horizonte. Rigo explica que seu objetivo é surpreender, criar novidades que agradem aos olhos e acelerem o coração “Para mim, o design é isso: criar uma forma bonita, que saia do lugar comum, da mesmice”. O reconhecimento veio pelo inusitado e pela exclusividade. Todos os desenhos têm produções limitadas, sendo produzidas, no máximo, cinco peças de cada modelo. Ainda assim, Rigo explica que nenhuma é igual à outra e, geralmente, o que acaba sendo produzido são releituras das originais. “As coisas precisam ser livres. Elas tomam forma durante a produção, que pode começar com determinada ideia, mas, no decorrer da montagem, criamos uma coisa nova” conta. O artista, que confessa ter sentido medo no começo, hoje fala com tranqüilidade e orgulho de seu trabalho. “Quando comecei, ficava com medo de não agradar. O cliente

Foto mostra um corrimão criado por Rigo. A linha de peças faz muito sucesso e é feita sob encomenda. Foto: Emilio Sant’Anna Mostra Morar Mais por menos 2013


Persona

pág. 35

pedia a peça e eu temia não cumprir as expectativas. Hoje, sou totalmente realizado! Quero continuar assim sempre, tenho muito orgulho da minha profissão”. A chama No começo, trabalhando sozinho, Rigo passada entre 12h e 14h, por dia, em seu atelier. Apesar do aumento das demandas - que vem de todo o país através de seu site, e das mostras que participa – hoje, ele trabalha menos e conta com a ajuda dos filhos para atender as demandas. “A entrada deles aconteceu de forma natural” explica. Gabriel, filho do meio, participa na produção das peças. A caçula, Ananda, é

1.

responsável pelo marketing e contatos do atelier, e o filho mais velho, Emilio, é a parte de interface do trabalho, cuidado de site, fotos e visual de produtos para divulgação. Com uma tatuagem no braço que chama a atenção, Rigo conta que todos os filhos têm o mesmo desenho tatuado, cada um em um local do corpo. “A chama representa a ligação da família, a chama que existe entre eu e meus filhos”. Inclusive, em 2011, sua escultura intitulada “A Chama”, com formas semelhantes à da tatuagem, passou a fazer parte do acervo público de obras de arte, de Belo Horizonte. Assim como outras peças, está exposta, em caráter permanente, na cidade.

2.

3.

4.

5.

1. Escultura da série “Potes” Foto: Emílio Sant’Anna 2. Escultura da série “Casulos” Foto: Emílio Sant’Anna 3. Escultura “A Chama” Foto: Emílio Sant’Anna 4. Escultura ambientada Foto: Emílio Sant’Anna - Mostra Morar Mais por Menos 2013 5. Rigo trabalhando em seu Ateliê. Foto: Afonso Hatem


pág. 36

Jorge Frascara Foto: Guillermina Noël

Perfil


Perfil

pág. 37

O Design Social de Jorge Frascara por Ana Cláudia Ulhôa

Folhetos para ensinar pessoas a administrar seus remédios; campanhas para incentivar uma alimentação mais saudável entre estudantes universitários e desenvolvimento de formulários para melhorar a comunicação dentro de hospitais. Quem olha essa lista de projetos pode não imaginar, mas ela faz parte do currículo de um designer, o argentino Jorge Frascara. Envolvido com a ideia de que os projetos de design podem, e devem, contribuir para o exercício da responsabilidade social e para um processo de mudança comportamental, Frascara se tornou referência em Design Social. Formado em artes plásticas e desenho industrial, Jorge só começou a desenvolver trabalhos, como os citados acima, depois de 12 anos atuando como designer de informação. Nessa época, ele se dedicou à pesquisa sobre a compreensão dos símbolos gráficos usados em informações públicas. Aproveitando o conhecimento acumulado, Jorge resolveu aplicá-lo na resolução de problemas sociais. “Decidi mudar meu foco profissional, deixando de me concentrar nas informações do design, para me dedicar aos problemas de comunicação de massa em relação às graves questões sociais”, esclarece.

Entre os projetos mais conhecidos de Frascara está o de segurança rodoviária, realizado em parceria com a Canadian Mounted Police, Ministério da Saúde, Ministério dos Transportes, e outras organizações do governo canadense, para a promoção de uma cultura de segurança nas estradas de todo o país. Para a elaboração do projeto, foram realizadas inúmeras pesquisas sobre as causas mais comuns de acidentes, grupos mais atingidos, além dos dias e locais mais propícios a batidas, capotagens de carros, entre outros. Logo depois, uma equipe de publicitários se encarregou de produzir campanhas, que foram analisadas pelo designer e seus companheiros de escritório. De acordo com Jorge, o resultado foi uma redução de 19% no número de mortes por acidentes, só no ano de 2007. Para realizar esse tipo de trabalho, o designer explica que o primeiro passo é discutir as necessidades e objetivos do cliente, para, em seguida, começar um estudo aprofundado de seu público. Nesse momento, a Frascara Noël Design della Comunicazione Visiva conversa, entrevista e observa os usuários do produto final, com o intuito de compreender as necessidades, desejos, limi-


pág. 38

Perfil

1.

2.

tes e possibilidades desse grupo. A partir daí, são definidos os objetivos que vão orientar a elaboração do projeto. A experiência adquirida por Frascara no setor social fez com que ele fosse convidado para participar de eventos de destaque internacional, como os elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Acredito que meu trabalho mais importante foi a organização de uma conferência em Nairóbi, no Quênia, em 1987. Ela se chamava ‘Design Gráfico para o Desenvolvimento’ e foi financiada pela UNESCO. Também organizei vários projetos internacionais, em sua grande parte dentro das escolas de design, que asseguravam a participação de países em desenvolvimento para melhorar a capacidade de se manterem”, comenta. Visão crítica Além de ministrar palestras e cursos por todo o mundo, Jorge Frascara ocupou também os cargos de professor emérito da Universidade de Alberta, membro da Sociedade dos Designers Gráficos do Canadá, assessor da Organização Internacional de Normalização (ISO) e membro do Conselho Canadian Standards em princípios de design para a compreensão, posicionamento e tamanho dos símbolos gráficos em grandes espaços públicos. Devido ao contato com tantas culturas diferentes, o profissional revela uma visão crítica


Perfil

pág. 39

sobre a prática do design na Europa, nos Estados Unidos e América Latina. “O desenvolvimento do design na Europa mostra diferenças notáveis. Por exemplo, a Alemanha, Inglaterra e os países escandinavos têm uma abordagem muito pragmática e funcional, sem descuidar da estética. A Holanda tende para as inovações. Já a Suíça é tradicional. A Itália está preocupada,principalmente, com estilo. Na França, o design gráfico ainda tem forte componente artístico. Na América do Norte há grande diversidade de pessoas interessadas em design de moda e alguns pragmáticos, preocupados com a função social do design. Já na América Latina existem indivíduos muito capazes mas, infelizmente, ainda possuem pouca cultura de design”, afirma.

1. Catálogo da exposição, “Letras Latinas”. Projeto: Jorge Frascara & Guillermina Noël 2. Jorge Frascara: design de comunicação. Cubra design: Lorenzo Shakespear 3. Jorge Frascara: O poder da imagem. Cubra design: Lançamentos infinitos

3.

Há 36 anos longe de seu país de origem, o designer também mostra um olhar pessimista em relação à produção argentina. “Nos últimos anos, fui apenas visitar a Argentina. Minha perspectiva em relação a ela ainda não está bem definida. Sou muito amigo de Ronald Shakespear, cujo trabalho é de primeira classe, mas a educação é um ponto fraco, em geral e, consequentemente, a maior parte da produção não é interessante”, completa.


pág. 40

Oki Sato Foto: divulgação


Matériadecapa

Momentos escondidos no cotidiano Com soluções simples e traços minimalistas, a Nendo desponta como um dos mais influentes escritórios de design do mundo por Danilo Borges Em 2008, o designer de moda japonês, Issey Miyake, pediu ao arquiteto e designer Oki Sato que encontrasse uma utilidade para o papel plissado que sobrara da produção de tecidos fabricados para uma das coleções do estilista. Sato analisou o material, que normalmente era descartado, e chegou a uma solução: agrupar o material em um grande rolo, cortá-lo verticalmente da metade superior até o centro e descascar camada por camada. A resina presente no papel garantia a resistência necessária, dispensando a necessidade de pregos ou qualquer estrutura interna de sustentação. Nascia a “cadeira repolho”, uma das criações mais conhecidas do Estúdio Nendo, comandado por Sato.

pág. 41


Matériadecapa

pág. 42

A simplicidade da ideia que norteou o projeto não é a exceção, mas sim a regra na Nendo, que atualmente, conta com cerca de 30 profissionais, entre arquitetos e designers de diversas áreas. Um design minimalista, baseado em conceitos simples, é a principal marca do escritório, que nasceu em 2002, depois que Sato e um grupo de amigos – todos recém-graduados em arquitetura pela Universidade japonesa de Waseda – decidiram visitar o Salão de Móveis de Milão, um dos mais esperados eventos de design do mundo. Encantado com a liberdade, flexibilidade e fluidez das criações que encontrou, o arquiteto decidiu que era assim que gostaria de trabalhar. Não por acaso, escolheu o nome Nendo, que, em

japonês, significa argila, uma massa fluida, que pode ser modelada e remodelada. Ao falar de suas fontes de inspiração, Sato acaba frustrando quem espera uma grande revelação. Seus produtos não surgem de viagens a lugares remotos, de espécies exóticas de plantas ou de complexas lucubrações teóricas. Sua criatividade emerge de situações as mais cotidianas possíveis. O que importa são os pequenos momentos “escondidos” no dia a dia, os quais, segundo ele, revelam as partes mais interessantes da vida. “Nosso objetivo é reconstruir o cotidiano através da captura e remodelagem de coisas que são facilmente perceptíveis para nós e, portanto, fáceis de entender”, explica.

1.

1 - Imagem Cadeira Repolho Foto: divulgação


pág. 43 Matériadecapa

2.

Momentos solitários em cafés, restaurantes e passeios pela vizinhança (atividades que ele afirma serem frequentes) podem render inspirações que se materializam em objetos surpreendentes. A Hanabi Lamp, por exemplo, surgiu de um copo de chá gelado. Ao observar os movimentos e escutar os sons que o gelo fazia ao derreter, Sato pensou em desenvolver uma luminária que mudasse de formato conforme a temperatura. Lembrou-se de uma liga metálica sensível ao calor e capaz de memorizar um formato. Projetou, então, um bocal comum, rodeado por finas hastes de metal. Ao ser ligada, a lâmpada incandescente esquentaria o material, fazendo com que ele se abrisse, afastando-se do centro, como se a luminária estivesse florescendo. Traços minimalistas são outra marca da Nendo. Segundo Sato, atualmente as pes-

2 - Linha de luminárias Nuno desenvolvidas para a empresa espanhola Vibia. Foto: divulgação


Matériadecapa

pág. 44

soas estão mais interessadas em pequenas histórias e, por isso, seu design é baseado em formas mínimas, que expressam narrativas curtas, sempre com um leve tom de humor, para não tornar as criações “frias”. Seja num projeto arquitetônico ou no desenvolvimento de um produto, a simplicidade e praticidade estão sempre presentes. “Como arquiteto, aprendi que não se desenha uma linha sem ter alguma razão para isso. Minhas experiências profissionais, além de muito do que eu trouxe da academia, são responsáveis pela forma minimalista como penso e, consequentemente, isso se reflete no design que fazemos na Nendo, ou seja, tudo muito simples”. Capaz de extrair soluções inovadoras do cotidiano, a Nendo tem conquistado cada vez

3 - Instalação Stonegarden Foto: divulgação

3.


pág. 45

mais clientes e tornou-se referência mundial em design. Em pouco mais de dez anos de atuação, Sato, hoje com 35 anos, já coleciona prêmios – incluindo o de melhor designer de 2012, concedido pela revista Elle Decor – e possui peças em exposição permanente em 12 museus ao redor do mundo, além de participar frequentemente de mostras temporárias. Mas, o sucesso parece não interferir no foco do trabalho realizado no estúdio. “ganhar prêmios é sempre uma grande honra. Porém, isso não é o mais importante. Nosso objetivo principal é continuar desenvolvendo, da melhor maneira possível, os projetos nos quais estamos envolvidos, tentando sempre nos superar a cada trabalho concluído”, garante.

4.

Atualmente, Sato e sua equipe trabalham simultaneamente em mais de 200 projetos, nas mais diversas áreas do design. O arquiteto diz participar de todos diretamente, sobretudo nas primeiras etapas do processo criativo. Mas, ao ser questionado sobre a opção de trabalhar sozinho, ele é enfático: “É impossível trabalhar sozinho! Principalmente no design, que é uma profissão multidisciplinar, ter auxílio de outros profissionais do design e de outras áreas é imprescindível”. De acordo com Sato, as próximas novidades deverão ser apresentadas no início de 2014. Enquanto isso, o designer destaca dois projetos importantes realizados este ano: a instalação Stonegarden e a parceria de criação colaborativa com Luca Nichetto.

4 - Produtos Nichetto + Nendo Foto: divulgação


Matériadecapa

pág. 46

5.

5 - Coleção de mobiliário “Splinter” (lasca em português), desenhada para a empresa japonesa Conde House. A linha é composta por cadeiras, cabideiro, espelhos verticais e mesas de café, todos confeccionados a partir de pedaços de madeira que, em algum momento, se dividem em duas ou mais seções, como acontece na natureza com os gravetos. Foto: Yoneo Kawabe


Matériadecapa

pág. 47

A primeira, encomendada pela fabricante de superfícies de quartzo Caesarstone, foi inspirada nos jardins de pedras japoneses. Sato criou clusters de mesas com apenas uma perna, as quais se mantinham de pé graças à sobreposição. A instalação foi montada na última edição da Semana de Design de Milão. “A ideia era ter uma estrutura que pudesse se moldar livremente, de acordo com o espaço disponível” conta. Um processo criativo conjunto, cujo resultado não pode ser atribuído a nenhuma das partes. Assim foi o projeto que Sato desenvolveu com o designer italiano Luca Nichetto. Inspirados num gênero de poesia japonesa, conhecido como kami no ku / schimo no ku – em que um poeta escreve as primeiras linhas e outro completa a poesia – ambos compartilharam ideias, esboços e conceitos. De um intenso vai-e-vem de rascunhos e propostas, surgiram sete objetos, que foram reunidos na mostra Nichetto=Nendo, também exposta na Semana de Design de Milão. “Foi um trabalho muito interessante. Uma abordagem criativa na qual um inicia o projeto e o outro o termina. Cada um com sua forma de pensar e interpretar as coisas. Desenvolvemos, ao todo, sete produtos, para os quais não havia regras, apenas a intuição” conclui.


pág. 48

Projetos

Hotel Ouro Minas O Barroco Mineiro de Luxo por Thaís Casagrande Símbolo do luxo e da aristocracia mineira, o Hotel Ouro Minas perpetua-se como o único que oferece um serviço cinco estrelas em Belo Horizonte. Por tratar-se de um local que recebe de delegações de futebol a príncipes e nobres, passando por grandes empresários de multinacionais, há uma necessidade em se manter com o mais alto padrão de qualidade e sofisticação, sendo necessárias constantes reformas e adaptações para garantir, aos hóspedes, o extremo conforto. O projeto de reforma,dos arquitetos Paulo Roberto Meireles do Nascimento e Eraldo Pinheiro, teve como principal norte a singela combinação entre o barroco mineiro e o europeu, com a finalidade de internacionalizar os espaços, com uma linguagem de arquitetura global. A rusticidade, comum no barroco, é harmonizada com peças modernas que juntas, criam um clima de aconchego proporcionado por móveis, cortinas, abajures e carpetes repletos de detalhes sutis.

Hall do hotel Foto: Ludimila Loureiro


Projetos

pรกg. 49


pรกg. 50

1

2

Projetos


Projetos 1. Divisória do hall com o restaurante 2. Restaurante Fotos: Ludimila Loureiro

“As mudanças foram implantadas ao longo de três anos, uma vez que o hotel não pode parar para obras, assim, o soft opening é feito aos poucos”, conta Eraldo.No hall principal, o hotel ganhou elementos em voluta – uma forma espiral que lembra o desenho de um caracol – alcançando uma mistura do grego com o barroco. A forma foi maximizada no desenho do tapete exclusivo. Para o acabamento da parede dourada foram utilizadas folhas de ouro, mesmo recurso usado na douração dos santos e marcenaria das igrejas barrocas. A fonte de águas, com borda em pedra-sabão, também segue a forma de voluta epoderá ser vista de cima em todos os andares, através do vão interno - uma solução criativa para um saguão que oferece uma bela vista. Há ainda peças barrocas antigas, que já faziam parte do acervo do hotel. Entre elas, a mesa redonda do século XVIII, instalada no lobby. A peça ganhou um toque de modernidade com as irreverentes cadeiras Louis Ghost, de modelo barroco Luís XV revisitada, em policarbonato, design de Philippe Starck. E dos abajures, com o sugestivo nome de Bourgie, também em policarbonato, numa versão contemporânea do cristal lapidado. Ainda do acervo do hotel, as cadeiras Luiz XV, espalhadas pelo hall, foram customizadas, duas a duas, com estampas diferentes e harmônicas, que remetem ao universo barroco. O lobby foi padronizado com as cores preto e dourado, para incrementar a decoração. Uma

estante expõe uma luxuosa coleção de taças de espumante.Já nos vidros que o separam do restaurante, as volutas aparecem novamente plotadas, repetidas vezes, de forma a dar à divisória oconceito de um muxarabi- recurso criado pelos árabes para fechar parcialmente os ambientes, de maneira que quem está dentro possa ter visão total do lado externo, porém de forma a preservar sua intimidade – e comum em tantas janelas “treliças” de Ouro Preto. Dessa forma, quem está sentado no restaurante pode acompanhar o movimento da recepção. Já as cadeiras foram decoradas com tachas douradas, em camurça preta, ao estilo D. Pedro. Além das treliças, embutidos com lâmpadas de LED foram usados em fendas no gesso, o que proporcionou uma iluminação geral indireta e algumas pontuais, deixando o ambiente aconchegante. Assim, o espaço ficou adequado para receber vários tipos de eventos, desde jantares especiais a convenções e palestras. O encanto do restaurante também se dá pela harmonia das peças de diferentes estilos, entre elas, urnas, pedestais e o tríptico barroco. Na parede, espelhos barrocos em releitura em policarbonato, da Kartell, se alternam com espelhos venezianos. A iluminação foi uma obra de arte à parte. Em forma de volutas no teto, as luminárias foram inspiradas nas Palmas de Sabará. “A inspiração veio do ramo de folhas e flores que as beatas fazem, artesanalmente, para substituir as flores

pág. 51


Projetos

pág. 52

naturais dos vasos, nos altares das igrejas”, conta o designer. Em proporção maior, a palma foi envolvida porcontas de cristais e minirosas, formando uma espécie de lustre. Além disso, elas serpenteiam pelo teto, guiadas por um feixe de arames, que remete aos espinhos. Luzes de LED foram escolhidas pela durabilidade e flexibilidade que possuem, formando deslumbrantes guirlandas no teto. Já o Health Center, um espaço para relaxamento e descontração, além de piscina e sauna, possui um diferencial: academia altamente equipada para os hóspedes se exercitarem. Os elementos da arquitetura remetem ao estilo grego romano e piso e paredes são revestidos por porcelanato ecologicamente correto, imitando o mármore. “A piscina é toda feita com pastilhas douradas e, no teto, uma cortina solar possibilita a entrada da luz, porém bloqueia os raios solares nocivos à pele,” explica o Eraldo. Desenvolvida sob Restaurante


Projetos

pág. 53

medida para a piscina, a iluminação indireta, proporcionada pelo uso da arandela pá, foi feita em parceria com a Templuz e proporciona uma luz agradável, que valoriza a cortina solar. Já a iluminação da escada fica por conta de fitas de LED embutidas nos degraus, material de fácil instalação, que dispensa o uso de equipamentos.

Fotos: Ludimila Loureiro

“A iluminação do SPA foi elaborada com perfis de sobrepor nas laterais, valorizando o perímetro desse espaço e proporcionando uma iluminação mais agradável aos usuários”, afirma Lorena Mattos, gestora de iluminação do Grupo Loja Elétrica, da qual a Templuz faz parte. “Antigamente, o hotel disponibilizavaduas saunas, uma masculina e outra feminina, porém, com as tarifas promocionais para casais aos fins de semana e para Noite de Núpcias, criou-se a necessidade de uma sauna única, para os enamorados”, justifica o arquiteto. Health Center


pรกg. 54

Apartamentos

Projetos


Projetos

pág. 55

Detalhes 1. Tapete com desenho exclusivo. 2. Luminárias inspiradas nas palmas douradas de Sabará. 3. Espelhos venezianos. 4. Cabeceira tacheada em couro amarelo ocre e papel de parede vinílico com motivo de caiação. 5. Peça do acervo do hotel. 1

2

3

4

Os apartamentos seguem o mesmo conceito criado para o hall, lobby e restaurante. “As cabeceiras dos quartos de luxo são estilo Dom João V, tacheada em couro amarelo ocre, muito presente na arquitetura das cidades históricas. O papel de parede é uma espécie de vinil, que trás aconchego e proporciona um movimento de caiação, uma pintura rústica e tipicamente mineira. O carpete, uma exigência do hotel para todos os ambientes, imita um piso feito em tábua corrida, remetendo às luxuosas casas de antigas fazendas de Minas”, descreve Eraldo Pinheiro. E, para seguir fielmente a proposta do projeto e os padrões de sustentabilidade, as bancadas foram feitas de madeira freijó em lâminas com poros abertos, o que confere um clima de rusticidade e remete à madeira tipo assoalho das fazendas antigas. Por cima, utilizou-se vidro, para evitar o desgaste diário. “As cortinas são de linho branco e,me inspirando nas esculturas e detalhes em ouro das igrejas históricas, a sanefa – peça que esconde o trilho da cortina – foi forrada por uma folha de ouro”, relata. Na suíte executiva, a soma das cores preta e dourada consegue a combinação perfeita entre o barroco e o sofisticado. A bancada passou pelo processo de “ebanização”, sendo tingida de preto, dando a impressão de ser ébano - madeira escura, pesada e resistente. Já a cabeceira é toda na cor preta, com tachas e detalhes dourados. Para o apartamento standart, o de menor tarifa do hotel, Eraldo utilizou alternativas mais baratas de decoração, porém, não menos charmosas. Como desafio, o arquiteto aproveitou as mesas de refeição que eram de outros quartos - e não

5


pág. 56

Espaço Niemeyer

Eraldo Pinheiro

foram aproveitadas na reforma - e transformou-os em criados, colocados ao lado da cama, e utilizadas para trabalho, refeição, etc. “A intenção era deixar o quarto com cara de casa. Após pesquisas com fornecedores da Templuz, optei por utilizar, como adorno, um abajour com luz amarelada, tornando o ambiente quente e aconchegante”, conta. Para a bancada, Eraldo buscou novidades touch, e o escolhido foi um material que imita o couro marrom, sintético e ecológico, de fácil manutenção, por ser lavável. Para cabeceiras, a inspiração veio das poltronas Gerber, aquelas com abas dos lados, feitas de couro sintético e brilho sofisticado. Para decorar, ao invés de obras de arte, uma opção charmosa e criativa: caminhos de cro-

chê de artesãs mineiras foram emoldurados e dispostos. Nas cortinas, cores barrocas, e para o carpete, uma graça a mais: “usei um produto similar às colchas de patchworking, tão populares no interior de Minas Gerais, já o papel de parede cria a impressão do linho desgastado”, diz. De forma suave, a noção do movimento contínuo, característico do barroco, e o desejo de despertar emoções e os sentidos dos mais variados hóspedes pontuam esse projeto. O resultado cria uma espécie de espetáculo, cuja sutileza dos detalhes, as cores e brilho se traduzem na elegância e sofisticação do design, que renovou os ambientes e confirmou o Hotel Ouro Minas como uma referência de luxo.


pรกg. 57


Lighting

pág. 58

Para uma boa iluminação comercial por Luiza Emília de Pádua Cunha O projeto de iluminação é algo que vai além do objetivo óbvio de iluminar espaços. Ele define o ambiente, personaliza, cria efeitos e sensações, provoca o interesse ou não pelo objeto. Empreendedores de vários segmentos sabem da importância de um profissional de iluminação e do diferencial que um bom projeto pode causar em seu estabelecimento comercial. Porém, curiosamente, a maioria deles assume nunca ter contratado profissionais da área. Independentemente da localização, do segmento ou da estrutura da empresa, o projeto de iluminação na arquitetura é responsável por boa parte das vendas. Quanto melhor sua fachada e vitrine estiverem iluminadas, mais chamarão a atenção dos consumidores e se destacarão entre as outras. O projeto mais eficiente é aquele que tem uma relação entre a técnica e a emoção. É muito importante usar a técnica, os cálculos e, principalmente, os índices de conforto visual. Cada ambiente de uma loja deve ser analisado individualmente, pois tem um objetivo e uma proposta diferentes. São eles: vitrine, provador, produto e a loja como um todo. O Impacto da vitrine no projeto A vitrine é um ponto de grande importância, pois é o primeiro contato do cliente com o produto a ser vendido. Ela deve ser bem iluminada para favorecer as peças, principalmente no período noturno, onde a iluminação é o único alvo de destaque para a loja se sobressair. Contudo, se iluminada em excesso pode gerar ofuscamento nas pessoas. No período diurno, a preocupação é em relação ao consumo de energia, pois a iluminação natural contribui bastante para vitrine e, na maioria das vezes, dispensa o uso de lâmpadas até determinada hora do dia. Vale ressaltar que essa observação é para lojas de rua e não para as localizadas em shoppings, que dependem da iluminação artificial durante todo o dia.

Vitrine de loja Foto: divulgação


pág. 59

A vitrine tem que ser iluminada com muito cuidado para não anular o fundo da loja, onde vários produtos podem estar expostos. O interessante é iluminar a vitrine mantendo o contraste com o fundo da loja, para criar uma sensação de profundidade.

A iluminação indireta permite que o cliente se enxergue em vários ângulos e a iluminação do teto, um metro atrás do espelho, ajuda a eliminar sombras no rosto. Essa seria uma aplicação ideal, por exemplo, para provadores de lojas de roupas e biquínis.

Tecnologias como a automação e, até mesmo, os convencionais sistemas de dimerização ajudam bastante no controle de iluminação artificial, levando em consideração a variação de luz natural que incide na loja no decorrer do dia.

A Iluminação do produto Para iluminar um produto de forma adequada, é preciso levar em consideração o tipo de produto, seu tamanho e a superfície onde está exposto, a fim de especificar a lâmpada e luminária corretas.

A iluminação no provador O provador é o menor espaço dentro de uma loja e, na maioria das vezes, considerado o mais importante. A iluminação desse local é fundamental, pois são nos provadores que grande parte dos clientes define a compra.

O uso de lâmpadas que proporcionam foco em formato de círculos, por exemplo, ajuda a destacar o produto, já que formas circulares atraem a atenção das pessoas e passam uma sensação de posse, que estimula o cliente, de forma indireta, a se interessar pelo produto.


Lighting

pág. 60

As lâmpadas fluorescentes tubulares coloridas e até mesmo os novos sistemas de LED e fibra ótica, são opções que oferecem destaque e chamam a atenção do consumidor nas lojas. Aliados com sistemas de automação, oferecem vários efeitos e cenários que contribuem para o aumento das vendas. A iluminação como elemento da decoração A integração entre o decorador, arquiteto e até mesmo o dono do empreendimento é fundamental para um bom projeto de iluminação. O estudo da arquitetura do local favorece a criação dos recursos necessários que garantem resultados que facilitam a venda dos produtos e a harmonia da loja. A

iluminação deve valorizar não só os produtos, mas também destacar alguns elementos estratégicos da arquitetura, favorecendo o ambiente e deixando-o agradável ao olho humano. Embora não exista uma forma pré-definida de iluminação perfeita, todos os projetos devem levar em consideração fatores intrínsecos à iluminação como a técnica, o Lux e a potência, sem deixar de lado os extrínsecos, e não menos determinantes ao sucesso do comércio, como a boa iluminação do produto e a boa sensação que o ambiente iluminado passa para público-alvo.

Vitrine Villa Vittini Foto: Ludimila Loureiro

Luiza Emília de Pádua Cunha Formada em Design de Interiores - 2006 pelo INAP. Pós Graduada em Master Arquitetura 2012 pelo IPOG. Trabalha na Templuz como Lighting Planner desde 2011.


pág. 61

Algumas tradições melhoram com o tempo.

Há 25 anos ao seu lado, o Café Barão já faz parte dos momentos mais gostosos do seu dia a dia. Um café genuinamente mineiro, que surpreende pelo aroma e sabor diferenciados, agradando aos paladares mais distintos. O Café Barão é produzido a partir de grãos selecionados, utilizando um cuidadoso processo de torrefação e moagem, o que preserva a pureza e a qualidade do produto que chega até você.


pág. 62

Lighting

Criatividade para crescer por Ana Cláudia Ulhôa Unir tecnologia a traços contemporâneos e autorais. A busca por um diferencial para se destacar no mercado mundial fez com que empresas como a Leds-C4, percebessem a importância de se investir em mentes criativas. Para sua última coleção, a marca espanhola de produtos de iluminação convidou 12 designers, de toda a Europa, para desenvolver peças dos mais variados segmentos de iluminação. De acordo com Júlia Pimentel, lighting designer da Loja Elétrica, representante exclusiva da Leds-C4 no Brasil, a empresa espanhola sempre se preocupou em investir em nomes de destaque na área de criação. “Ela dispõe de uma equipe de designers contratados, mas, eventualmente, convida outros profissionais que possuem reconhecimento em toda a Europa”.


pág. 63

Luminaria de piso Medusa Foto: divulgação


Lighting

Coluna Hoop

KAP

Com mais de 40 anos de experiência em iluminação, a Leds-C4 está presente em mais de 138 países. “É esse compromisso com a qualidade e constante inovação em design, que traz para a marca o reconhecimento internacional que ela possui”, afirma a lighting designer. Um dos destaques da nova coleção é do espanhol Rámon Valls. A luminária de mesa projetada por ele é feita em PVC branco e tecido cinza. Batizada de Medusa, o modelo traz pés longos e retorcidos, que lembram os tentáculos do animal marinho de mesmo nome (foto na página 63). Júlia Pimentel também ressalta o trabalho da WIS Design. Comandada por Lisa Widén e Anna Irinarchos, o escritório de design

Fotos: divulgação

pág. 64


Lighting

pág. 65

Magma

industrial conquistou grande importância na Suécia, após receber diversos prêmios por seus projetos inovadores. “O diferencial das duas é levar um pouco de poesia para objetos cotidianos”, acredita. Também participaram do processo de criação da nova coleção os designers Josep Patsí, Francesc Vilaró, Pablo Martínez, Jordi Llopes, Yago Sarri, Gemma Bernal, e as empresas Nahtrang Design, JBA Design, Estudi Ribaudí, Benedito Design e Stimulo. No Brasil, as peças poderão ser encontradas na Templuz, que integra o grupo Loja Elétrica. Os 37 modelos decorativos deverão ser disponibilizados na loja, em Belo Horizonte/MG, até o final de outubro deste ano.

Júlia Pimentel conta que foram escolhidas arandelas, pendentes, luminárias de mesa e plafons, que seguem os padrões e o gosto dos brasileiros. “Para este lançamento, apostamos em muitas peças da linha exterior, pois, fora do Brasil, a Leds-C4 já é reconhecida, principalmente pela qualidade dos produtos outdoor. Considerando os notáveis avanços do LED (Diodo Emissor de Luz) no mercado, e a procedência dessa tecnologia aplicada aos produtos da empresa, apostamos em peças com LED incorporado, como é o caso do plafon SIX. Além de funcionar como uma luminária decorativa, esse modelo apresenta um ótimo fluxo luminoso, que pode atender perfeitamente as necessidades funcionais de um ambiente”, finaliza.


pรกg. 66

Sergio Savoi Foto: Ludimila Loureiro


Criador&Criação

pág. 67

Movimentos, Formas e Cores da Natureza por Ana Cláudia Ulhôa Criador Para chegar ao ateliê e showroom de Sergio Savoi, é preciso sair de Belo Horizonte-MG, pegar a BR040 e entrar em uma pequena estrada de terra. Depois de andar cerca de 50 km, distância entre a capital mineira e o Recanto da Serra, em Brumadinho, o visitante se depara com um espaço repleto de árvores, plantas e muitos pássaros cantando. O cenário que Savoi escolheu para desenhar, construir e vender seus móveis, revela um pouco de sua história e de sua linha de trabalho. Neto de dois marceneiros, o designer aprendeu desde cedo a admirar as formas, cores e odores dos diferentes tipos de madeira. Já no final da adolescência, quando teve que escolher um curso superior, Sergio optou pela Engenharia Metalúrgica e passou a trabalhar com mineração. Essa


pág. 68

Coleção Origin

experiência despertou, no artista, uma paixão por outra matéria-prima natural, o metal. O trabalho como engenheiro em uma multinacional também proporcionou a Savoi uma boa noção de desenho e um raciocínio voltado para a resolução de problemas, características importantes para quem deseja atuar na área do design. “Eu mexia muito com as partes de manutenção e projetos mecânicos. O processo era muito dinâmico e também exigia muitas soluções técnicas para a operação da empresa. Para fazer perfurações e a transformação do minério em si, era preciso ter muita criatividade”, explica.

Criador&Criação


Criador&Criação

Fotos: Ludimila Loureiro

pág. 69

Cadeira Tokos


pág. 70

Criador&Criação

No entanto, o interesse de Sergio pelo design de interiores só começou quando ele se casou, em 1998. Usando os conhecimentos adquiridos até então, o futuro designer resolveu projetar os móveis de sua nova casa. “Na época, eu desenhei e fabriquei várias peças. Projetei um armário, um closet, um berço para a minha filha, entre outros. Depois disso, comecei a fazer móveis para pessoas próximas, como parentes e amigos, que gostavam do meu trabalho”, conta.

Depois de dois anos fora, Sergio Savoi voltou ao Brasil e construiu um ateliê, para começar a desenvolver suas coleções. Em abril de 2013, ele inaugurou, no mesmo espaço, um showroom para venda de peças exclusivas.

Oficina do designer

Fotos: Ludimila Loureiro

A busca pela profissionalização na área veio em 2010, quando Savoi largou a multinacional para a qual trabalhava. “Houve uma mudança na empresa e pensei que era o momento de me aperfeiçoar. Então, me informei sobre quais eram os melhores cursos e qual era o país de maior referência no design. Acabei chegando na Itália e na SPD (Escola Politécnica de Design), uma das escolas mais tracionais de Milão, em design de produtos”.


Criador&Criação

pág. 71

Criação Em cinco anos de trabalho como designer, Sergio Savoi produziu quatro coleções diferentes: Tokos, Cirque, Fluida e Origin. A primeira surgiu a partir da ideia de reunir pequenos pedaços de madeira para formar peças, como cadeiras e luminárias. Os segmentos de diferentes tipos de madeira são usados para dar estrutura aos objetos e gerar um jogo de cores, que varia de acordo com a posição de cada fragmento. Um dos destaques dessa série é a cadeira Tokos, desenvolvida pelo artista para a exposição da Bienal de Design de 2012, em Belo Horizonte. Convidado pela curadoria do evento, Savoi escolheu o tema “Diversidade da Natureza”, para remeter à variedade de espécies de madeira que foram utilizadas para compor a peça. As linhas do corpo humano também foram trabalhadas por Sergio. Inspirada nos movimentos dos artistas do Cirque de Solei, a coleção Cirque traz mobiliários em metal, nos quais réplicas de acrobatas são usadas

Peça da linha Tokos

Base de mesa - Coleção Cirque Design em parceria com Enrico Salis


pág. 72

Criador&Criação

para dar sustentação às peças. “Essa coleção tem uma vocação de movimento, porque ela está trabalhando com formas do corpo e posições de equilíbrio. Além disso, ela é muito ligada à arte. É um design que remete muito a essa parte artística do corpo e o que ele é capaz de fazer”, comenta. A descoberta de algumas peças de refugo que mantinham as características naturais da madeira foram transformadas na coleção Origin. “Como o próprio nome diz, ela foi pensada para preservar a originalidade do que a natureza criou. Então, eu tento realçar um pouco mais das formas, dos tons e da beleza que a natureza fez por ela mesma, transformando isso em peças que podem ser utilizadas no cotidiano”.

A linha mais contemporânea de Savoi é a Fluida. De acordo com o designer, ela foi pensada a partir de uma visita a uma loja de automóveis, onde ele pôde observar o design dos carros e peças ali expostos. A mesa Sass, por exemplo, foi projetada a partir do câmbio de marcha de uma BMW, modelo Z4. Forma da natureza Em relação ao seu processo de criação, Sergio Savoi conta que acontece de repente. “Às vezes você está em algum lugar, assistindo alguma coisa ou passeando e vê uma forma da natureza, de um ser humano ou um objeto. Quando isso acontece, eu desenho aquilo e guardo na minha cabeça. Às vezes, faço um esforço mental, porque


Criador&Criação

Oficina do designer Foto: Ludimila Loureiro

pág. 73

tenho que fazer uma peça que tenha características específicas, como um tamanho delimitado. De vez em quando, fecho os olhos antes de dormir e fico pensando. Então, faço um rabisco, trago pro ateliê e começo a fazer a experiência”. Porém, nada inspira mais o artista que a natureza. Segundo ele, a versatilidade das matérias-primas naturais o encanta a cada dia que passa. “É uma surpresa mexer com a madeira e ver formas, tonalidades, figuras e aromas sempre diferentes. Da mesma forma, o metal. Cada quantidade de componente numa liga de metal, seja o carbono, o fósforo ou níquel, te dá tonalidades e texturas distintas”, conclui.


pรกg. 74

ร cones


Ícones

pág. 75

Cores do Brasil por Ana Cláudia Ulhôa “Sou um arquiteto de vanguarda. Quando faço um projeto, faço imaginando as coisas daqui a 50 anos” – Ruy Ohtake Ao observar prédios repletos de curvas tingidas pelos tons mais fortes da palheta de cores, como o Unique Hotel de São Paulo, o Brasília Shopping and Towers e o Expo’90 – Pavilhão São Paulo, fica fácil perceber como a inovação é importante para esse que, como lembra Antônio Abujamra, em seu programa “Provocações*”, só não é considerado o maior arquiteto brasileiro, porque existiu outro, que viveu 105 anos, e foi responsável por Brasília e centenas de outras obras pelo mundo.

Outra pessoa que influenciou Ruy Ohtake, e foi definitiva para que ele seguisse o caminho dos croquis e das cores marcantes, foi sua mãe, Tomie Ohtake. Ligada ao movimento estético abstracionista, a pintora ficou conhecida pela utilização de

Foto: divulgação

Comparações à parte, Ruy gosta de dizer que Niemeyer é o grande mestre brasileiro e assim será até o século 30. Durante o programa de Abujamra, o arquiteto ainda recorda que, por ter pertencido a uma geração posterior a de Oscar Niemeyer, o trabalho do carioca se tornou uma grande influência para ele. “Estudei muito Oscar. Dois arquitetos que eu estudei bastante: o Vilanova Artigas, a meu ver o maior arquiteto paulista, falecido há 20 anos ou um pouco mais, e Oscar Niemeyer”.

Para Paulo Herkenhoff, museólogo e crítico de arte, esses dois nomes são os que mais estão presentes nas construções de Ruy. “Ohtake trabalha, em sua obra autoral, alguns dos aspectos mais marcantes da sensibilidade específica das escolas carioca e paulista de arquitetura. Assim, sua arquitetura não dispensa as pontuais inscrições brutalistas, próprias do pensamento paulistano, tanto quanto se envolve na sensualidade da forma, da linguagem de Niemeyer. Seu pensamento político, sobre as tarefas sociais do arquiteto, está mais próximo da lição de ética de Artigas. A ousadia da forma o coloca mais próximo de Niemeyer.”

Sketch Hotel Unique Imagem: divulgação


Ícones

pág. 76

uma gama cromática intensa e contrastante. “Ela nunca sugeriu que, tanto eu quanto o Ricardo, meu irmão, fizéssemos arquitetura. Mas, certamente, o ambiente que havia em casa - o ateliê sempre foi na casa dela. Então, a gente garoto (SIC) entrava e saia de casa, do ateliê, ela pintando etc. Isso influenciou. Eu acho que influiu”, afirma Ruy, em Provocações. Uma das obras mais recentes e comentadas do arquiteto é o projeto de urbanização da comunidade de Heliópolis, em São Paulo, iniciado em 2003 e finalizado em 2012. Convidado por um dos líderes comunitários, Ohtake realizou a pintura de fachadas de casas e estabelecimentos comerciais de três ruas do bairro. Com recursos captados por um banco, Ruy reformou também duas casas da região, para transformá-las em uma biblioteca. Logo depois, a prefeitura da capital paulista pediu que Ohtake ajudasse na instalação de três creches. A última intervenção do arquiteto, na segunda maior favela de São Paulo, com 125mil habitantes, foi a construção de um condomínio residencial. Chamados de “redondinhos”, os 71 prédios possuem 18 apartamentos de 52m² cada.

Unique Hotel Foto: divulgação

Brancos com faixas vermelhas, amarelas, azuis e verdes, os edifícios de Heliópolis refletem uma concepção que Ruy chama de “cores com compromisso”. “O Brasil sempre teve cor. Aí, a gente pega aquelas cidades que ainda estão preservadas, né?! Paraty, Ouro Preto, Olinda, são todas cidades com cores fortes. Cores fortes são as cores do Brasil, cor de compromisso. O que é cor de não compromisso? É o azulzinho claro, é o amarelinho claro. Quando eu falo compromisso, o azul tem que ser azul, o verde tem que ser verde e assim por diante. E eu faço isso na minha arquitetura, eu quero que as cidades brasileiras sejam mais coloridas”. Sobre as curvas, que estão presentes nos “redondinhos” e em todos os seus projetos, ele explica, em uma entrevista para a Revista Exame**: “Perceba: uma linha reta é muito previsível. Agora, a curva, a curva é imprevisível. A curva sobe, desce, tem os caminhos mais diversos. Acho que uma obra tem que ter emoção e um dos ingredientes que eu acho fundamental, é que a linguagem possa ser apreciada por todos”.


Ícones

Os Redondinhos Foto: divulgação

Brasília Shopping Foto: divulgação

Instituto Tomie Ohtake Foto: divulgação

pág. 77


Ícones

pág. 78

O Artista das Fotografias por Thaís Casagrande Inovador, imprevisível, ícone da fotografia fashion, esse é Erwin Blumenfeld. Considerado um dos fotógrafos mais influentes do século XX, Erwin produziu um extenso trabalho ao longo de seus trinta e cinco anos de carreira. Quebrando a linguagem convencional da fotografia, desenvolveu um estilo singular, com técnicas de fotomontagem, solarização e slides coloridos, sempre buscando transformar foto em arte. O alemão, radicado nos Estados Unidos, descobriu seus dotes como fotógrafo logo na infância, em Berlim. Nascido em 1897, mudou-se para Holanda em 1918, onde se envolveu com o movimento Dadaísta. Nessa época, começou a dar passos significativos na fotografia e produziu, inclusive, uma série de colagens que incluía um deboche a Aldof Hitler. O “artista”, como gostava de ser creditado, afirmava que sua carreira começou quase que por acidente. Para financiá-la, abriu uma loja de artigos de couro, que escondia um estúdio de fotografia totalmente equipado. E, como parte de sua estratégia de marketing, fotografava suas clientes. Rapidamente, as fotos se tornaram mais populares que os produtos à venda. Assim, Erwin construiu um forte diferencial nesse ofício, mixando imagens elegantes com técnicas complexas e originais, nas quais se destacavam o uso de solarização e espelhos.


Ă?cones

Erwin Blumenfeld Foto: Gordon Parks


Ícones

Fotos: Erwin Blumenfeld

pág. 80

Em 1936, mudou-se para Paris com sua família e levou junto seu portfólio profissional e pessoal, para avaliação das revistas Vogue e Harper’s Bazaar, sendo agraciado em ambas. Seus anos de glória na Cidade Luz acabaram devido à Segunda Guerra Mundial, durante a qual ele foi enviado para um campo de guerra francês. Mas, a sorte esteve com ele de novo: Blumenfeld conseguiu escapar, com sua família, para Nova Iorque, em 1941, onde, alguns anos depois, ganharia cidadania americana. A partir daí, se tornou um dos fotógrafos mais bem pagos da história da moda, trabalhando na “Harper’s Bazaar”, com nomes como Diana Vreeland. E, não demorou muito para Erwin fazer parte do time da “Vogue” americana, onde permaneceu por mais de 15 anos - os mais bem sucedidos de sua carreira. Mesmo estando em um ambiente altamente comercial, não abria mão de fazer de sua fotografia uma arte. Em Nova Iorque, o fotógrafo fortaleceu definitivamente seu estilo. Dentre seus recursos técnicos favoritos estão: solarização, seda molhada e uso de sombras e reflexos, com ângulos elaboradamente planejados. Uma característica interessante é que, enquanto em sua obra pessoal predomina o preto e branco, seu trabalho comercial é majoritariamente colorido, influenciado pela pintura clássica e moderna. Blumenfeld faleceu em 1969, em Roma. Detalhes de sua vida são descritos de forma picaresca em sua autobiografia, sob o título “Einbildungsroman, Eichborn Verlag”, escrita de 1955 a 1969, e publicada apenas após sua morte, em 1998.

Capa Vogue 1950 10 fatos sobre a vida de Erwin Blumenfeld: 1. É conhecido por suas características progressistas, humano, intelectual, simpático, e imprevisível. 2. Começou a fotografar aos dez anos, quando ganhou uma câmera de seu tio Carl. 3. As primeiras colagens de Blumenfeld foram criadas com um pincel e uma tesoura. Ele combinou fotografias, pinturas e desenhos. Era também um ilustrador talentoso. 4. Blumenfeld abriu sua própria empresa - a “Fox Leather Company” - em Amsterdã, em 1923. Uma loja especializada em artigos couro. Como parte de sua estratégia de marketing, fotografava suas clientes. Rapidamente, as fotos se tornaram mais populares que os produtos à venda.


Ícones 5. O artista gostava de quebrar regras e passava muitas horas na câmara escura, experimentando novas técnicas de impressão. 6. A primeira encomenda de Blumenfeld foi para a Vogue francesa, em 1938. Nos anos 1950, ele tornou-se o maior fotógrafo pago do mundo. 7. Em 1981, lançou o livro “My 100 Best Photographs”. Havia apenas uma imagem fashion na edição.

8. Uma das mais famosas capas da Vogue – que ilustra somente um olho e uma boca feminina – foi criada por ele em 1950. 9. Blumenfeld fotografou a primeira mulher negra para a Vogue em 1958. 10. Nos anos 1960, trabalhou em sua autobiografia, mas não encontrou nenhuma editora para publicar, pois foi considerada irônica em relação à sociedade. Ela só foi publicada após sua morte.

Evelyn Trip 1956

Lisa Fonssagrives 1939 Revista Vogue francesa

Publicidade para “Harper’s Bazaar”, 1943

Foto Grace Kelly para revista Vogue

pág. 81


AçãoSocial

Os verdadeiros

Super-Heróis

Campanha ressignifica a quimioterapia para crianças, e traz novo sentido para a luta contra os vilões da vida real por Júlia Andrade 1. Eles não têm idade para combater crimes; muitas vezes nem entendem o significado de maldade, mas, os super-heróis desta história já travam batalhas muito mais difíceis do que se pode imaginar. E o vilão tem nome: câncer. Mesmo vivendo em uma época onde há 80% de chances de cura, o tratamento contra a doença é doloroso e cansativo. O câncer é silencioso e, muitas vezes, chega sem trazer sintomas. Por isso, as crianças passam a ver a quimioterapia como sinônimo de sofrimento. Além das assustadoras agulhas e do ambiente hospitalar, os efeitos colaterais são muitos. Entre eles: enjoos, dores e queda de cabelos. Buscando ressignificar e mudar a visão dos pequenos pacientes diante do câncer, toda a ala pediátrica do Hospital A. C. Camargo Cancer Center foi transformada. “Buscamos humanizar o tratamento. Amenizá-lo, em si, não é possível. Então, buscamos suavizar o sofrimento”, conta Guilherme Sakosigue, da agência JWT Brasil e diretor de arte da campanha “Superfórmula”.

Foto: divulgação

pág. 82


pág. 83

1 - O desenvolvimento dos gibis que ensinam para as crianças sobre os vilões que estão no sangue precisam ser combatidos com a ajuda da Superfórmula.

Esqueça o ambiente hospitalar - as crianças agora ficam na Sala da Justiça, onde quem manda, e ensina, são os Super-heróis! Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde e outros personagens da “Liga da Justiça” ensinam para as crianças sobre a Superfórmula, uma poderosa arma para combater os vilões que estão no sangue dos pequenos. Os recipientes para medicamentos usados na quimioterapia ganharam nova roupagem, com cápsulas personalizadas, baseadas nos uniformes dos personagens. Cada criança pode escolher qual será o herói que irá ajudá-la a vencer essa batalha. “Nós pensamos em uma forma de ajudar. Sabemos que não existe cura, nem tratamento definitivo. A campanha reforça o imaginário dos baixinhos, fortalecendo-os” explica Sakosigue.


pág. 84

AçãoSocial

2 - A entrada da Oncologia Pediátrica do hospital, onde as crianças são recebidas pelo Batman.

Todo o projeto foi desenvolvido em parceria com a DC Comics, casa dos heróis da Warner Bros. Quadrinhos e vídeos foram criados para que os próprios personagens ensinem às crianças o que está acontecendo com seu corpo. E o câncer muda de nome, assim como o tratamento. Agora, eles aprendem que possuem vilões em seu sangue e que, para combatê-los, precisam da Superfórmula.

Segundo a diretora de Oncologia Pediátrica do A.C. Camargo, Cecília Lima da Costa, a iniciativa já tem refletido na adesão tanto das crianças quanto das famílias, que se sentem mais à vontade com a quimioterapia. “É nítida a melhora da qualidade de vida dos pacientes. Os super-heróis fazem parte do imaginário das crianças, e elas se sentem fortes e poderosas por estarem recebendo a Superfórmula”, diz.

Segundo Fábio Ozório, diretor de redação da campanha, a mudança na linguagem facilita o processo de entendimento e faz com que haja, de fato, uma ressiginificação do processo. “Tudo passa a ser uma analogia: a criança agora toma a Superfórmula. Não existe mais o desconhecido, se o herói do quadrinho já passou pela mesma situação”. Ele explica que as crianças passaram a querer imitar os Super-heróis, o que facilita o entendimento e a visão do tratamento.

Reconhecimento Antes mesmo de ser colocada em prática a Superfórmula teve grande reconhecimento e participação de parceiros e colaboradores. “Todos que participaram fizeram sua parte, os gastos foram divididos entre parceiros, foi uma campanha para ninguém ganhar dinheiro, o significado é muito maior que isso”, conta o diretor de arte. Para colocá-la em prática, todos os padrões hos-

Fotos: divulgação

2.


AçãoSocial

pág. 85

3.

4.

3 e 4 - As cápsulas que ressignificam o tratamento, seguem os padrões hospitalares e foram desenvolvidas para não atrapalhar a rotina médica.


pág. 86

AçãoSocial

pitalares exigidos foram seguidos. Assim, todos os materiais utilizados são laváveis e adequados para uma fácil esterilização. Os criadores explicam que foi necessário um estudo do dia a dia do hospital, para não atrapalhar a rotina de médicos e enfermeiros. “Fomos adaptando cada idéia, tivemos que pensar no processo de esterilização, assim como no design, remetendo ao super heróis”.

Para finalizar com chave de ouro, fantasias dos super-heróis foram desenvolvidas para as crianças que recebem as peças no fim do tratamento. “Foi uma maneira de encerrar o processo. As fantasias não podem ser entregues antes, por causa da questão higiênica, mas recebê-las no final da batalha traz um novo sentido para a vida dos pequenos”, explica Sacosigue.

O resultado foram capas funcionais e bonitas, com ângulos que remetem aos heróis, e que seguem todos os padrões de higienização necessários para o hospital. Até mesmo na sala de justiça, um lap top do Batman foi modificado, para que o design e a tecnologia resultassem num aparelho que segue os padrões hospitalares e da campanha. “Não poderíamos perder o significado da Superfórmula, super-heróis usam tecnologia a todo o momento, as crianças também precisam dessa referência, e de diversão” diz o diretor de redação da campanha.

Ao destacar o papel do projeto, Fábio Ozório enfatiza que a Superfórmula desmistifica as críticas que, muitas vezes, são feitas à publicidade, por sempre visar dinheiro e negócios. “Vi várias pessoas comentando que esse é um exemplo de que a publicidade que, quando bem feita, tem um poder incrível, de até mesmo salvar uma vida. Com certeza, é a ideia mais bonita da minha carreira”. O diretor de criação ainda completa: “Acho lindo o que fizemos, é algo que nunca fiz na vida. Quando você tem a oportunidade de criar uma campanha puramente para ajudar alguém, não tem preço”.


pág. 87

AçãoSocial

Fotos: divulgação Protegendo o mundo Assim como nas histórias, os vilões estão por toda parte, e foi pensando nisso que a JWT criou um projeto de expansão para a campanha. Depois de serem procurados por outros hospitais, e de se tornar assunto em fóruns médicos sobre a humanização do tratamento do câncer, a Superfórmula começa a se espalhar. Segundo Sacosigue, um site está sendo criado e irá disponibilizar um kit para outros hospitais ao redor do mundo utilizarem a campanha. “Nele, outras instituições poderão encontrar moldes e padrões a serem seguidos. Tudo será parecido, ou quase igual, ao que temos no A.C. Camargo”. O diretor de criação explica que cada hospital será responsável pela produção do material, segundo os padrões estabelecidos pela campanha desenvolvida pela JWT Brasil e pelos padrões sanitários de cada local.


LerMais

pág. 88

Ler Mais por Rita Ribeiro A Ler Mais é uma seção pensada pela equipe da revista iDeia, especialmente para quem adora gastar seus momentos de descanso com um bom livro. Na edição de estreia, convidamos a professora do curso de mestrado em design da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Rita Ribeiro, que nos sugeriu alguns títulos. Abaixo, ela lista obras que abordam assuntos que fazem parte da vida de todo designer: música, literatura, cinema e, claro, teorias do design! Boa leitura! Fotos: divulgação


LerMais

Hitchcock/Truffaut Entrevistas Companhia das Letras. Muito antes de ser reconhecido pela crítica, o cineasta Alfred Hitchcock já era aclamado por milhares de fãs. Fato curioso é que seu trabalho não era considerado pelos críticos de cinema norte-americanos, até o surgimento da nova geração de críticos, posteriormente diretores de cinema, que fundaram a Revista Cahiers du Cinéma. François Truffaut, um dos maiores fãs do mestre, por não conseguir compreender porque Hitchcock era menosprezado nos Estados Unidos, resolveu construir um livro sobre sua obra, entrevistando-o acerca de seu método de trabalho e diversas outras histórias. O resultado é um dos mais instigantes e deliciosos relatos sobre o método de criação de um dos mais geniais mestres do cinema, feito por outro nome que faz jus, ao que chamamos hoje, de sétima arte. Uma preciosidade que só demonstra que genialidade é fruto, também, de muito trabalho.

Objetos de Desejo - Design e Sociedade Desde 1750 Adrian Forty. Ed. Cosac-Naify. Por que nossas casas são nossos “refúgios” ou por que escolhemos determinados objetos entre tantos? Houve um tempo em que as casas e o trabalho eram a mesma coisa (bom, hoje estão novamente se fundindo!) e não havia tantas opções de escolha dos bens. Adrian Forty traça um painel das mudanças na economia, que tiveram o design como seu mais forte aliado e que criam o que chamamos hoje de sociedade do consumo, explicando como o design é um agente fundamental nessa história. Leitura obrigatória para os profissionais da área!

50 Fatos que Mudaram a História do Rock Paolo Hewitt. Verus Editora. Quem pensa que o rock é apenas uma música, deve dar uma olhada nesse livro, que descreve o poder do ritmo que mudou a história do século XX e ainda hoje causa comoção. O jornalista Hewitt narra 50 anos entre política e, claro, muitos fatos curiosos do universo da música. Entre eles: O Festival de Woodstock, que mudou a concepção de juventude. Antes dele, nos primórdios dos anos 50, Elvis Presley sacudia os jovens de todo o mundo com o rock´n´roll. Filho do rhythm´n´blues, o rock deixa de ser um som dos guetos negros e promove a união de toda a juventude em torno de seu ritmo marcante. Acompanhando todas as mudanças da metade do século XX, ele dita modas e comportamentos e influencia na política. Como no episódio de James Brown, com todo seu orgulho negro, evitou um derramamento de sangue, em função do assassinato, em 1968, de Martin Luther King Jr.

pág. 89


pág. 90

LerMais

Brandjam: o design emocional na humanização das marcas Marc Gobé. Rocco. Design é jazz. Apenas por essa frase já valeria a pena uma olhada no livro de Gobé. O trabalho do autor, focado no branding, ganha densidade a partir de sua aproximação com o design. Gobé traça um panorama de pessoas que se transformaram em marcas, como Muhammad Ali, e mudaram sua época. Depois, passa pela história do skate, como uma revolução no design. Não nos shapes, mas no próprio comportamento. Assim, a obra identifica as transformações culturais que ocorrem a partir da metade do século XX, capitaneadas pelo ritmo que uniu as pessoas: o jazz. Gobé aponta como, ao unir o branding à emoção, o design vem se afirmando como a grande estratégia comunicacional desse milênio, afinado como uma jam session.


LerMais

pág. 91

Fundamentos de Design Criativo Gavin Ambrose e Paul Harris – Bookman. Uma literatura muito interessante e instrutiva. Os autores conceberam essa obra com o objetivo de guiar estudantes e profissionais envolvidos com o design, pelos princípios já estabelecidos e que sustentam os aspectos impresso e digital do design. É uma literatura autoexplicativa, por que traz vários exemplos criativos e exercícios, com a finalidade de oferecer um ótimo entendimento dos fundamentos do design.

A Análise da Arquitetura Simon Unwin – Bookman.

Fotos: divulgação

É uma introdução cativante aos elementos e conceitos de projeto. O texto explora as edificações como resultado da interação entre as pessoas e o mundo que as cerca, e revela as abordagens de organização que estão por trás das aparências superficiais das edificações. Os exemplos, enriquecidos por desenhos originais do autor, são oriundos de todas as partes do mundo e de vários períodos da história, ilustrando estratégias de análise e mostrando como o desenho pode ser utilizado para o estudo da arquitetura. Leitura importante não só para arquitetos, mas para todos que trabalham e utilizam a criatividade como elemento de base.


pág. 92

Arte&Companhia

Da Grécia para a Nossa Senhora do Carmo

por Thaís Casagrande O artista grego Nikos Gyftakis foi o convidado, para o mês de agosto, da edição internacional do Projeto Mural Templuz, que traz arte e cultura de várias partes do mundo para Belo Horizonte. Reconhecido internacionalmente, as figuras de Nikos são sublinhadas com textura de escultura, e são deixadas a mover-se em movimento de encurvamento circular no espaço, criando distorções e desfigurações intensas. Para estampar o Mural Templuz, o artista selecionou a obra intitulada “self portraits”. Trata-se de um autorretrato sem linhas de contorno. “Os elementos estruturais que uso são a linha curva e o círculo, que caracterizam minha percepção da realidade visual. A fonte não tem existência própria, criando, assim, um resultado quase caótico, uma anarquia enganosa, onde o ritmo se move no espaço”, afirma Nikos Gyftakis.

Nikos Gyftakis Foto: divulgação


pág. 93

Auto-retato Imagem: divulgação


pág. 94

Algumas obras de Nikos Imagens: divulgação


pรกg. 95


pág. 96

Av. Nossa Senhora do Carmo, 1150 Sion - Belo Horizonte - MG CEP: 30330-000 Tel.: +55 31 3218.8888 www.templuz.com templuz@templuz.com

Linha Join – Nendo (Oki Sato) Linha de vasos em polietileno rotomoldado, desenvolvido para Serralunga, empresa tradicional italiana do mercado de mobiliário para jardim


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.