Editorial Expediente: Editor Camilo Belchior Jornalista Responsável:
O trabalho do designer sempre foi mágico, técnico, histórico, sintético e funcional. Mas, antes de tudo, ele é abnegação! É criar em benefício do outro. É estar, anonimamente, presente na intimidade de cada usuário, como um voyeur do cotidiano, capaz de interpretar o indivíduo em seu processo cultural, transformando desejos em realidade.
Cilene Impelizieri 5236/MG Jornalistas: Ana Cláudia Ulhôa Danilo Borges Júlia Andrade Thaís Casagrande Gabriele Lanza
Vivemos em um tempo no qual as necessidades reais e vitais da humanidade exigem do design uma visão e postura mais humanistas. Antes de qualquer coisa, o design deve estar em sintonia com as reais necessidades dos homens, para criar um futuro sustentável. Baseados nessa reflexão, buscamos, para a sexta edição da Revista iDeia, pautas que nos dessem um pequeno recorte do que está sendo realizado nesse sentido.
Projeto gráfico e coordenação gráfica Cláudio Valentin Capa: Simona Rocchi Foto: Philips A Revista iDeia é uma publicação da Editora
Começamos com a matéria de capa, com a competente designer Simona Rocchi, gestora criativa de todas as ações globais baseadas em sustentabilidade, inovação de produtos e design estratégico da Philips Mundial. Na seção Perfil, apresentamos o trabalho desenvolvido pelo arquiteto americano e diretor da Instituição “Public Architecture”, John Peterson. Contamos também a trajetória do designer brasileiro Fernando Jaeger, que tem a sustentabilidade como protagonista de sua história profissional.
PlexuDesign, patrocinada pelo Grupo Loja Elétrica, com veiculação gratuita, não podendo ser vendida. Sua distribuição é feita para um mailing seleto de profissionais das áreas afins ao design e formadores de opinião.
Preparamos ainda entrevistas fantásticas: uma com o designer de móveis Sérgio Fahrer, pesquisador nato de matérias-primas sustentáveis, e outra com o diretor Industrial de Design & Inovação da Whirlpool do Brasil (Consul e Brastemp), Mario Fioretti. Na seção Criador & Criação, conhecemos um pouco do engenheiro, arquiteto e designer mineiro, Porfírio Valladares.
Contato: contato@revistaideia.com Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores
Já em Persona, batemos um papo com a Cool Hunter e professora da Unisinos, Paula Visoná. No espaço dedicado aos artigos, temos a participação inteligente e generosa das professoras Rita Engler e Cássia Macieira.
e não refletem a opinião da revista.
Na seção “Lighting”, conversamos com as mineiras Junia Carsalade e Ana Paula Luchessi, conhecidas pelos primorosos projetos de iluminação que desenvolvem. E, que tal aceitar nosso convite e fazer um giro cultural por Palermo, bairro hiper criativo de Buenos Aires, com a especialista em design e cultura, Sílvia Calixto? A revista ainda traz o artista japonês 281 Anti Nuke, que usa da sua arte para fazer protestos importantes. Por fim, não podíamos deixar de falar sobre dois ícones do design humanista contemporâneo: Dieter Rams e Steve Jobs. Como sempre, espero que goste do que preparamos especialmente para você!
Boa leitura, Camilo Belchior
Ryan Roth - JapĂŁo Gestor da Roth Management, ĂŠ consultor em gestĂŁo de fundos de arte, investimentos e projetos de curadoria.
Colaboradores Foto: Daniel Bianchini
Foto: Antonnione Leone
Foto: MR Fotografia
Cassia Macieira
Rita Engler - Canadá
Sílvia Calixto - Argentina
Doutoranda em Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Mestre em Artes Visuais pela UFMG (2001); Bacharel em Gravura (UFMG/ 1994); Bacharel em Cinema de Animação (UFMG/1998). Graduação em Letras: Português-Inglês/UNIP -Polo Lagoa Santa (2009-2014). Professora no curso de Design da Universidade Fumec. Foi integrante do Grupo Giramundo de Teatro de Bonecos; atua na área de Design com criação de bonecas e bonecos de sombra; e é fundadora da marca Boneca sem Fronteira.
Engenheira e Doutora em Gestão de Inovação Tecnológica pela Ecole Centrale Paris. Responsável pela criação do Centro de Lideranças da BSP- Business School São Paulo. Fundadora e coordenadora do Centro de Estudos em Design (CEDTec). Desenvolve projetos em Inovação Social, é professora do Programa de pós-graduação em Design e Sustentabilidade da ED/UEMG. Atualmente, desenvolve a atividade de professora visitante na Ryerson University, em Toronto, no IMDC _ Inclusive Media and Design Center.
Especialista em Design e Cultura pela Universidade Fumec. Trabalhou durante 12 anos na Editora Dimensão com publicações de revistas, livros didáticos, paradidáticos e de literatura infantil. Seu desejo por vivenciar outra cultura e seu amor pelo tango a levou para Buenos Aires, onde vive atualmente e participa de ateliers de desenho e criação na escola de artes Sótano Blanco.
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Mario Fioretti,
diretor de design e inovação da Whirlpool
Foto: Whirlpool
por Danilo Borges
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Refrigerador Brastemp Gourmond Foto: Whirlpool
Criar algo inédito, que atenda as aspirações dos consumidores, agregue valor à empresa e gere retorno aos acionistas. Na concepção do diretor de design e inovação da Whirlpool, Mario Fioretti, um produto que se apresente como “inovador” precisa atender a esses três requisitos. No comando do processo criativo da empresa – dona das marcas Brastemp e Consul –, Fioretti e sua equipe foram responsáveis pelo desenvolvimento dos 160 produtos que o grupo lançou em 2013, ritmo de produção que se mantém há alguns anos e que, segundo o diretor da Whirlpool, deverá continuar em 2014. Entre os novos produtos estão boa parte das principais inovações do mercado de eletrodomésticos, como geladeiras e fogões que se conectam à internet, uma linha vintage e um purificador de água que não é vendido, mas alugado, para que, ao fim de sua vida útil, possa ser recolhido pela empresa e, então, devidamente reciclado.
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Focada em utilizar o design para atender necessidades específicas e gerar receitas, a Whirlpool está entre as companhias que mais registra patentes no Brasil, tornando-se referência em inovação no setor de eletrodomésticos. Em entrevista exclusiva à iDeia, Mario Fioretti fala sobre seu trabalho, sustentabilidade e tendências para os próximos anos. Revista iDeia: Como você percebe o mercado brasileiro de design nos dias de hoje ? Mario Fioretti: Apesar de ter evoluído muito nos últimos dez anos, o design brasileiro sente as mesmas dificuldades da indústria em geral. Produzir no Brasil não é para “meninos”. Os custos altos, quando comparados a outros países – reflexos de uma política fiscal e trabalhista que gera cargas pesadas para o empresário –, inibe o empreendedor a desenvolver produtos com preços pouco competitivos em relação a similares asiáticos. Isso faz com que o trabalho de ótimos designers brasileiros não possa ser aproveitado em todo o seu potencial. Quando falamos no design existente em grandes corporações, mais capacitadas para competir num cenário internacional, a história é outra. Cada vez mais, vemos empresas investindo em estruturas de design que alavanquem sua competitividade. Empresas de eletrodomésticos e automóveis - bens de consumo duráveis sabem que o consumidor brasileiro tem necessidades e características regionais, que devem ser respeitadas caso queiram ganhar o coração e a mente dessas pessoas. Ri: O design mundial tem tendenciado para questões mais humanistas. Como a Whirlpool percebe esta tendência e se situa? MF: O design sempre foi uma disciplina humanista. De forma geral, os profissionais da área sempre foram preocupados em lidar com a otimização de matéria prima e métodos de produção sustentáveis. Por isso, é muito gratificante trabalhar numa empresa como a Whirlpool, que sempre procurou desenvolver produtos alinhados a um profundo respeito ao meio ambiente e à responsabilidade social de todos os envolvidos.
Brastemp Coocktop Print Foto: Whirlpool
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Falando especificamente de produtos, poderíamos desenvolver os funcionais - que garantissem uma entrega eficiente ao seu usuário - ou emocionais, que, além da funcionalidade, encantassem profundamente as pessoas que os usam pela excelência do design, do ponto de vista estético, funcional e, principalmente, pela experiência positiva de uso. Isso está totalmente ligado ao compromisso de nossa profissão. Ri: A Whirlpool está entre as empresas que mais registram patentes no Brasil. Em outras entrevistas, você disse que nem tudo que se apresenta como inovação o é de fato. Existe um “padrão Whirlpool de inovação”, que vocês adotam durante o processo criativo? MF: Sim. Nem tudo que as pessoas chamam de inovação pode receber esse “carimbo”. Na maior parte das vezes, são melhorias contínuas de produtos ou soluções existentes. E não há nada de errado nisso, já que é isso que move o mundo desde que inventamos a roda.
No entanto, ser inovador não é só desenvolver novos produtos, mas fazer com que eles sejam inéditos na sua entrega de benefícios. E, que essa entrega seja valorizada, de fato, pelo consumidor, que, assim, estará disposto a pagar mais por ele, remunerando os acionistas que investiram naquela inovação. Caso contrário, ela será marginal ao negócio e não agregará o valor que esperávamos. Assim, o padrão Whirlppol de inovação é o seguinte: produtos ou serviços inéditos, que sejam aspiracionais para o consumidor e remunerem os acionistas. Ri: Vocês costumam apostar em equipes reduzidas, que têm um longo prazo para cada projeto. Você poderia descrever, de forma resumida, como começam os trabalhos, de onde vêm a ideia de um produto e como vocês selecionam as equipes? MF: Os trabalhos sempre começam a partir de uma necessidade de mercado ou para atender a uma estratégia da companhia, respondendo
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a um planejamento que inclui um profundo estudo de cenários, objetivos das marcas e, principalmente, a compreensão das necessidades de nossos consumidores. Quando temos um briefing, portanto, ele, normalmente, já está previsto num plano anual da empresa, que permite selecionar pessoas capacitadas para entregar os desafios daquele projeto. A maioria dos elementos de um time, no entanto, são “volantes” que participam de mais de um projeto, nos quais podem contribuir com sua especialidade de designer de produto, gráfico ou de interação. Temos, também, profissionais especializados em cores e materiais, ergonomistas e psicólogos, que nos ajudam a desenvolver o melhor produto possível.
Ri: Uma das temáticas dessa edição é a sustentabilidade. Como a Whirlpool trabalha essa questão no desenvolvimento dos produtos? MF: Sustentabilidade é um dos pilares de nossa empresa. Cada projeto é pensado para que os materiais utilizados sejam reciclados no fim de sua vida útil. No entanto, isso é apenas a ponta do iceberg. Temos programas que zeraram as emissões de resíduos industriais de nossas principais plantas e temos o objetivo de zerar completamente até o ano que vem. Também trabalhamos para zerar os resíduos não-industriais até 2016. Além disso, desenvolvemos o purificador de água Brastemp, que, ao invés de ser vendido, é alugado, o que garante o controle do mesmo até o fim de sua vida útil, quando o recolhemos e o reciclamos completamente.
1. Brastemp Retrô 2.
2. Consul 2013 CRM45 Branco Frontal 3. Brastemp Retrô Black Fotos: Whirlpool
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Somos ainda a primeira fábrica de eletrodomésticos a ter uma “fábrica de desmontagem”, onde captamos produtos usados para serem desmontados e reciclados adequadamente. Isso tudo é complementado por um severo programa de redução de uso de água e tratamento de efluentes, que nos garantiu o prêmio de empresa mais sustentável de 2013 no segmento eletro-eletrônicos do Brasil, concedido pelo Guia Exame de Sustentabilidade. Ri: Algumas pessoas ainda veem o design como “luxo” ou o relacionam a um consumismo insustentável. Trabalhando com tantos lançamentos, e num mercado de bens duráveis, como vocês fazem para que essas inovações não sejam vistas de forma negativa, como se fossem “inovações programadas”? MF: Não acredito que uma pessoa fique a frente de um produto bem desenhado, com funções adequadas à sua necessidade, benefícios que melhoram significativamente sua rotina diária, fácil de usar e a um custo adequado às suas posses e o defina como “luxo”. Os projetos que investimos e, lançamos têm o objetivo de melhorar nosso portfólio, substituir produtos por outros melhores, mais sustentáveis e com benefícios mais relevantes para o usuário dentro de um custo adequado a diversos orçamentos. Ri: Em 2014, a empresa seguirá apresentando novidades no mesmo ritmo dos anos anteriores? Pode nos falar sobre novos projetos? MF: Sim, seguiremos a mesma linha. Infelizmente, não podemos falar de projetos ainda confidenciais, mas virá muita coisa bacana por aí. Ri: Você poderia nos adiantar alguma tendência de mercado no segmento que a Whirlpool produz? MF: Produtos cada vez mais focados em atender necessidades específicas de consumidores bastante diferentes entre si. Eletrodomésticos serão cada vez mais valorizados pelo seu caráter de ajuda ao usuário em seu dia a dia, com produtos que embelezam ambientes onde a decoração é muito importante.
Brastemp BRV80 Inox Fotos: Whirlpool
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Foto: Pierre Yves Refalo
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O pioneirismo ecológico de
Sérgio Fahrer
por Ana Cláudia Ulhôa
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15 anos de profissão sem nunca ter entrado em uma escola de design. Conhecido como designer autodidata, Sérgio Fahrer começou na área por acaso e acabou desenvolvendo uma série de móveis premiados, como as cadeiras Multi, Raiz Quadrada e Blues, premiadas na Argentina, Estados Unidos e Nova Zelândia, respectivamente. No entanto, o que fez Fahrer se destacar foi o desenvolvimento de técnicas inéditas no mundo do design, entre elas a multilaminação de MDF e a utilização de alumínio aeronáutico em peças para casa. Preocupado com a questão ambiental, o designer sempre utilizou matérias-primas recicladas e trouxe para o Brasil o FSC (Forest Stewardship Council), conhecido como selo verde. Em entrevista à Revista iDeia, Sérgio conta como começou sua preocupação com o meio ambiente, como desenvolve suas técnicas e como o design humanizado pode ser aplicado na produção de móveis. Revista iDeia: Antes, você fabricava instrumentos. Como começou a trabalhar com design de móveis? Sérgio Fahrer: Fiz minha segunda graduação em Los Angeles/EUA. Um dia, entre anúncios em um painel da universidade, havia um pedido para estudante com conhecimento em eletrônica. Esta é minha primeira formação. Quando cheguei ao local indicado, me deparei com uma luthieria. Eles queriam um estudante que tivesse esse conhecimento para instalar captadores eletrônicos em instrumentos musicais.
Mesa de centro Lola Foto: Pierre Yves Refalo
Comecei a trabalhar e sempre nos sentávamos em banquinhos sem encosto. Um dia, acabei juntando dois moldes, o de um contrabaixo e o de um cajón e fiz minha primeira peça de design de forma absolutamente descompromissada. Só que ela acabou virando um dos ícones do meu trabalho. Essa cadeira teve alguns diferenciais tecnológicos aplicados, em função da minha primeira universidade. O encosto ficou flexível, com uma madeira maleável. Também fiz uma coisa muito diferente para a época: revesti a cadeira com 1.500 palhetas de guitarra e ela ficou multicolorida, isso também acabou chamando muito a atenção. Um dos meus professores na época, mandou essa peça para um concurso de design dos Estados Unidos. Três semanas depois, voltou com um envelope e me pediu para ler. Como eu estava fazendo faculdade de música, não estava ligado no que representava aquele prêmio. Então, achei que estava sendo convidado pra ir com ele a um festival de música. Ele deu muita risada. Falou: “Imagina. Nada a ver. Veja. Leia de novo o envelope”. Eu lia, relia e em nenhum momento chegava à conclusão de que aquilo era um prêmio de design. Ele falou: “Cara, você acabou de ganhar o maior prêmio de design dos Estados Unidos com a sua cadeira”. Respondi: “Que cadeira?”. Ele disse: “Você não acabou de fazer uma cadeira? Mandei para o concurso, sem te avisar, e você acaba de ganhar o prêmio”. A partir daí, comecei a receber uma série de encomendas. Assim começou minha carreira.
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Ri: Como surgiu essa preocupação em usar materiais mais sustentáveis? SF: Quando construímos instrumentos musicais, uma das preocupações é usar madeira que tenha uma característica muito particular. As madeiras têm que ter uma ressonância, precisam ser selecionadas, e nos Estados Unidos, conheci o Forest Stewardship Council, o selo verde. Hoje, no Brasil, você vê esse selo em cabos de garfo, faca, martelo. Inclusive, fui um dos primeiros brasileiros a divulgar o trabalho do FSC no Brasil, junto a Imaflora, que é o órgão brasileiro certificador do selo holandês do FSC.
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Fui um dos designers, junto com a Baba Vacaro e com alguns outros profissionais, que se doaram, durante quatros anos, para viajar sem ganhar nada, promovendo o manejo sustentável. 1. Desfile SPFW - Inverno 2014 - Lino Villaventura Foto: divulgação 2. Cadeira de acrílico reciclado Foto: Pierre Yves Refalo
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Isso se faz presente no meu trabalho também por uma questão de consciência. No momento em que você sabe que a madeira é um recurso natural que pode acabar, você precisa tomar algum tipo de cuidado. Se cada um, dentro do seu trabalho, evitar o desperdício e buscar matérias-primas que sejam recicláveis e provenientes de manejo sustentável, vamos ajudar o planeta. Isso é uma premissa do meu trabalho. Ri: Você foi responsável pelo desenvolvimento de uma técnica de multilaminação de MDF. Como surgiu essa pesquisa? SF: Surgiu na primeira peça, para que eu pudesse garantir a resistência física da cadeira. Intercalei, entre as duas lâminas de madeira, uma cola de componente e fibra de tecido. Com isso, houve uma resistência muito maior nas curvas. Normalmente, uma madeira curvada rompe na curva. Nem os escandinavos, que são considerados os papas no assunto, usaram essa técnica e acabei utilizando por acaso. Na verdade..., não foi por acaso. O objetivo foi o de dar resistência à peça. Mas, no começo da minha carreira, não estava pensando em fazer design. Estava estudando música, arranjo e composição em uma faculdade nos EUA. Depois, essa técnica acabou sendo estudada por outras pessoas e acabei patenteando a multilaminação aqui no Brasil, na Europa e nos EUA. Ri: Você também já usou alumínio reciclado, não é isso? Como foi esse trabalho? SF: Procuramos materiais que sejam reciclados, ecologicamente corretos. Nesse período, meu irmão, Jack, começou a trabalhar comigo. A formação dele é em estilismo. Ele desenhava muito nos EUA, então a gente juntou forças e começou a procurar novas maneiras de criar, novas provocações artísticas e uma delas foi o alumínio aeronáutico. Pegamos o alumínio que é utilizado para a construção de asas e estrutura de aviões e desenvolvemos, em 2009, uma linha de alumínio reciclado, com grande resistência física e mecânica, porém muito fininho. O alumínio aeronáutico tem uma liga que permite que o material seja mais leve que o convencional e também seja ecologicamente correto. Nós queríamos peças que fossem muito delgadas, como se a gente pegasse uma lapiseira e desenhasse em um espaço real. Imagine um móvel que seja extremamente leve, delicado e que tenha pouca espessura. As pessoas acham curioso, pensam que aquela peça não vai resistir quando
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nos sentarmos. Esse é um dos materiais que usamos e tornou-se inédito no mobiliário. Isso nunca havia sido feito no mundo. Ri: Tem outro tipo de matéria-prima que você tem utilizado, além da madeira e do alumínio? SF: Usamos alumínio, vidro, madeira e acrílico reciclado. Agora, estamos lançando uma coleção, junto com o estilista Lino Villaventura. Desenvolvemos uma linha de acrílicos reciclados com a impressão de vários pedaços de vestidos do Lino. Naturamente, gostamos de usar tecidos que sejam ecologicamente corretos. Outra coisa que a gente usa bastante são os tubos de aço carbono reciclado. Também trabalhamos com reciclados de PET. Ri: Por que a parceria com o Lino? SF: Fomos apresentados por um lojista de Fortaleza, já que o Lino é de lá. Na verdade, ele tem um ateliê na capital e outro em São Paulo. Depois de um ano e meio de conversas, acabamos fechando esse trabalho conjunto. Vamos lançar no início de 2014, com uma coleção composta por móveis e luminárias. Ri: Vocês fizeram algumas peças para o desfile, mas o lançamento será ano que vem? SF: Isso mesmo. No desfile, o Lino fez uma surpresa para a gente, colocando as cadeiras na passarela. Foi uma surpresa também para o São Paulo Fashion Week, porque foi a primeira vez que se utilizou esse tipo de recurso na passarela. O desfile começou com os modelos sentados e deitados nas peças. Em seguida, eles se levantaram e o foco de luz foi para os móveis. Foi muito interessante porque, na verdade, não era uma simples cenografia. Os móveis que serviam de apoio para os figurinos continham o conceito de todo o registro histórico das coleções do Lino. Essas peças não são cópias de simples vestidos do Villaventura. São uma mistura de todos os
vestidos que ele selecionou para criar um novo padrão de estampa para as cadeiras. É um registro histórico de todo o trabalho do estilista até hoje. Ri: Você está trabalhando em algum novo projeto? SF: Estamos desenvolvendo um projeto para o Sesc, uma linha para área externa. Já tínhamos feito uma linha para a entidade antes. Agora, eles querem um mobiliário ecologicamente correto para as áreas da comedoria, locais onde as pessoas mais interagem dentro do Sesc. Nós fizemos uma para o Sesc Pinheiros, que acabou fazendo sucesso tanto de público como na diretoria da instituição. Por isso, se estendeu para todas as outras unidades, em nível nacional. A linha de área externa é um desafio técnico. Temos que encontrar materiais que resistam ao tempo; que fiquem expostos ao sol e a chuva sem nenhum prejuízo; que sejam duráveis e que possam interagir com o público de uma maneira geral. O Sesc recebe desde uma criança até deficientes e idosos. Então, é um grande desafio conseguir peças que possam comportar pessoas de tamanhos e necessidades diferentes.
Cadeira Blues Foto: Pierre Yves Refalo
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Ri: Para finalizar, eu gostaria que você falasse um pouco sobre o tema da revista: “por um design mais inteligente e humanizado”. Como a gente pode fazer isso, principalmente na área de design de móveis? SF: A primeira coisa é fazer com que as peças tenham ergonomia, que é um dos grandes problemas, não só de designers nacionais como internacionais. Muitas vezes, a peça convida ao olhar, mas senta muito mal. Ou seja, ela tem que abraçar. Quando ela abraça, ganha um pouco de humanidade. O abraço é algo muito humano. De que maneira ela vai fazer isso? É te receber bem. É, ao sentar em um sofá, você ser bem acolhido. É saber que o sofá tem um tecido pensado para durar muitos anos. Nós temos uma característica muito importante no nosso trabalho: não temos limite de garantia para nossas peças. Elas são feitas para a vida, ou seja, quando você compra um móvel nosso, se daqui a 15 anos você quiser reestofar, a gente faz esse trabalho. Se você quiser trocar uma lâmina de madeira, fazemos esse trabalho. Temos uma assistência permanente para o cliente. Ao invés de descartar o móvel velho e comprar um novo, você pode usá-lo novamente com outro tecido, com outra madeira. Eu acho que essa é uma maneira de humanizar aquilo que a gente faz. A humanização está, de uma maneira geral, na utilização dos materiais, na maneira como você concebe o produto para receber uma pessoa e, por último, nas matérias-primas e todo o conceito de serviço que você tem que ter quando concebe uma peça.
Poltrona Monti Foto: Pierre Yves Refalo
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Mesa Raíz Quadrada Foto: Pierre Yves Refalo
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Foto: Paula Visoná
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Na busca por tendências
Antenada e observadora, Paula Visoná conta sobre a função de cool hunter por Gabriele Lanza
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Formada em Moda e Estilo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Paula Visoná é mestre em Design pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e doutoranda em Comunicação pela PUC do Rio Grande do Sul. Na Unisinos, coordena os cursos de Especialização em Design Estratégico e de Moda, da Escola de Design, e também dá aulas nos cursos de graduação em Design e Bacharel em Moda. Mesmo com a vida atribulada, faz questão de ressaltar: “Adoro tudo o que faço. Mesmo quando as coisas ficam complicadas, em função dos prazos, eu me divirto, e acredito que essa seja uma dimensão fundamental para o desenvolvimento de qualquer coisa”, conta. Além de todas essas ocupações acadêmicas, ela hoje exerce outra função com crescente demanda no mercado, a de cool hunter. Tradicionalmente associada à moda, a função de buscar tendências pode ser aplicada a outros nichos, sendo, ainda, peça chave dentro de empresas. “Há a perspectiva de antecipação de uma demanda, e não apenas de identificação de um caminho dentro dos territórios que já são explorados”, explica. “Olhando para tendências sociais, os designers podem pensar em projetos que potencializem o desenvolvimento de novas frentes de faturamento para as empresas e organizações”. Para a professora, o exercício da função de cool hunter é diário e já foi incorporado à rotina. É preciso estar constantemente atenta para identificar padrões que se destaquem do todo. Segundo Paula, esse é o fundamento do trabalho. “Observar tudo, observar sempre e
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ter muita curiosidade para observar além da superfície das coisas”, conta ela. Entre as atuais tendências de mercado, uma que Paula identifica é a do consumo consciente. “Uma vez reconhecida, a função do cool hunter é estimular empresas a adotarem essa nova postura, fazendo com que as organizações entendam que isso pode gerar renda, e não criar mais despesa”, afirma. Segundo ela, o consumidor do século XXI está mais consciente e esse fato pode estar associado à grande disponibilidade de informação. “O consumidor contemporâneo é mais autônomo, utiliza, de fato, a informação e a replica em conhecimento. Não basta apenas oferecer algo a ele, é preciso envolvê-lo, torná-lo parte do processo de constituição de produtos e serviços”. O papel do designer está muito aliado a esse poder de envolver o consumidor. De acordo com a designer, a atuação dos profissionais hoje vai além da relação com o produto. Eles podem promover inovação social, pensando em projetos de serviços que levem em conta a mudança das relações de consumo. Por isso, é tão importante que os profissionais da área estejam atentos às tendências emergentes. “Tendência tem a ver com cultura. Há uma dinâmica de retroalimentação entre tendências e comportamentos. Essa dinâmica acaba impactando campos do comportamento social, como política e economia. Na sequência, instâncias como arte, tecnologia, design, moda, música e literatura passam a ser impactadas”, explica.
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A fascinação pela busca por tendências já fez Paula mudar completamente o tema da dissertação de doutorado em que está trabalhando. Cursando o primeiro ano do doutorado em Comunicação da PUC RS, ela começou a se interessar muito por essa indústria criativa, principalmente depois de participar, em abril deste ano, de um debate sobre o tema no Mercado das Indústrias Culturais da Argentina, o Mica, em Buenos Aires. “Trata-se de uma feira que expõe produtos da indústria cultural: objetos de design, peças de teatro, livros, jogos, etc., com pessoas do mundo todo”. Ela conta que voltou impressionada, e foi naquele momento que decidiu transformar o projeto de doutorado.
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1. Instituto criado pela marca Osklen, que busca a utilização de recursos naturais na moda. 2. Mercado das indústrias culturais da Argentina. 3. Produto lançado no mercado nacional, resultado do projeto Melissa Academy, criado pelos alunos da Escola de Design da Unisinos. Fotos: Paula Visoná
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Por um design mais acessível e autoral
Fernando Jaeger mostra que produção em série pode ser sinônimo de originalidade e qualidade por Ana Cláudia Ulhôa
Passar horas rabiscando uma folha de papel sempre foi o passatempo favorito de Fernando Jaeger. Quando ainda era criança, gostava de reproduzir modelos de aviões e dizia que, no futuro, se tornaria piloto. Na adolescência, os interesses mudaram. Em seus esboços passaram a figurar motos e carros. A única coisa que nunca se modificou foi o prazer de desenhar. Por isso, ao conhecer o curso de Desenho Industrial, em um guia de profissões, não teve dúvidas: seu caminho seria o design!
Foto: Marco Antônio
Em 1976, Fernando entrou para a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e logo começou a desenvolver móveis com características singulares. Já nos primeiros anos de formado, o designer viajou por vários estados brasileiros e descobriu novas matérias-primas e indústrias, que o ajudaram a colocar seus projetos em prática. Segundo Jaeger, sua maior preocupação sempre foi criar peças que fossem autorais, de boa qualidade, feitas em série e com preços acessíveis. “Quando projeto, já calculo a faixa de preço na qual vou inserir o produto. Sei como enxugar as etapas de fabricação, conheço os materiais de boa qualidade e compro os tecidos em quantidades enormes. Tudo isso ajuda a baratear o custo final”, explica.
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Outras características de sua obra são a preferência pela madeira e a utilização de matéria-prima ecologicamente correta. A sustentabilidade está presente em seu trabalho muito antes de ocupar as principais agendas políticas e páginas de jornais. “Sustentabilidade para mim, é uma realidade da qual não vamos mais poder prescindir. Utilizar madeira de reflorestamento e certificada; fazer uso racional de matérias-primas e energia e preocupar-se com a durabilidade do produto são cada vez mais necessários. O planeta já está dando mostras de esgotamento e todos temos nossa parcela de responsabilidade em preservá-lo”.
Cadeiras Guache Foto: Marco Antônio / Divulgação
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Todas essas preocupações fizeram com que o designer ganhasse prestígio no meio e fosse procurado por empresas como a Tok & Stok. A parceria com essa marca, por exemplo, durou cerca de 15 anos. Nessa época, Jaeger chegou a ter 65 móveis diferentes em linha. Já a pesquisa e o uso de madeiras alternativas rendeu a ele prêmios como o Movesp/ Ibama (1992). Depois de 15 anos atuando na área, Fernando Jaeger decidiu que era hora de investir em um trabalho independente. “Em 1995, resolvi abrir meu primeiro showroom. O contato mais direto com os clientes me estimulou ainda mais. Depois de inaugurar duas novas lojas, preferi me dedicar mais ao meu próprio negócio. Hoje, tenho total liberdade para criar, produzir e comercializar meus móveis”.
1. Cabideiro Galho 2. Buffet Loft Pitanga e corten 3. Pendente Carlota 4. Cadeira Fulo Giratoria 5. Carrinho de Chá Olivio Frente Fotos: Marco Antônio / Divulgação
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Novos projetos Atualmente, Jaeger possui seis lojas - quatro em São Paulo e duas no Rio de Janeiro. A última foi inaugurada em setembro de 2013, no bairro Pompeia, Zona Oeste da capital paulista. Localizado na Rua Padre Chico, número 552, o casarão da década de 1930, com 1,2mil m², foi reformado para receber uma loja conceito, no modelo pronta-entrega. O objetivo do designer era atender pessoas que desejam peças assinadas a um preço mais baixo e que necessitam de uma entrega rápida. “Ela é voltada para o público que não tem muita grana, mas se preocupa com design. Pessoas que estão montando a primeira casa e não podem esperar de 40 a 60 dias até receber uma peça”, afirma. “Acredito que bem estar e qualidade de vida podem ser alcançados com coisas simples. Por exemplo, nas grandes cidades, morar perto de onde se trabalha. Boas soluções de arquitetura e decoração podem gerar casas afetuosas, em que se vive bem e onde podemos receber as pessoas de quem gostamos. E isso não precisa custar caro. Basta ter sensibilidade e bom gosto”, conclui.
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Foto: CSMonitor
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Design para os outros por Danilo Borges
Nos Estados Unidos, organização estimula arquitetos e designers a doarem 1% de seu trabalho para projetos sociais
Depois de anos à frente de um escritório de arquitetura, o arquiteto norte-americano John Peterson sentiu que resolver apenas necessidades específicas de famílias ou pequenos negócios não o deixava suficientemente satisfeito com seu trabalho. Diante de tantos problemas sociais – a maioria deles muito mais complexos que ter que escolher entre uma ou outra persiana –, Peterson decidiu expandir sua atuação, adentrando em questões que, segundo ele, designers e arquitetos são ensinados a evitar no dia a dia profissional. “Comecei a me interessar por soluções de design que abordavam problemas maiores e mais complexos da comunidade, questões como justiça social e formação de capital humano. Até então, eu evitava esses campos por acreditar que eles poderiam atrapalhar a clareza e objetividade do meu trabalho. Mas, de repente, esse ponto de vista me pareceu desnecessário”, conta.
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Foto: RedClay
A partir dessa mudança de perspectiva, Peterson decidiu utilizar o design como ferramenta para resolver necessidades sociais mais amplas e complexas. Sem ter uma ideia muito clara do que estava criando, lançou, em 2002 o Public Architecture, organização pioneira que tem por objetivo “colocar os recursos da arquitetura a serviço do interesse público”. Situada em São Francisco, na Califórnia/ EUA – onde Peterson ainda mantém seu escritório “privado” –, a Public Architecture se define como uma organização que busca identificar e resolver problemas encontrados na relação das pessoas com os espaços públicos, além de estabelecer uma linha de trabalho que permita que uma parcela mais ampla da sociedade tenha acesso ao design. Segundo ele, o ‘carro-chefe’ da Public Architecture é o Programa 1%, lançado em 2005, que estimula escritórios de arquitetura a dedicarem, no mínimo, 1% do expediente a trabalhos pro bono para ajudar ONGs e instituições sem fins lucrativos que necessitam de serviços de design. Atualmente, a iniciativa conta com mais de 1200 empresas participantes, e gera, de acordo com ele, cerca de U$ 50 milhões em trabalho pro bono todos os anos.
O programa atua em três linhas: estimula o compromisso das empresas com a doação de 1% do trabalho; auxilia escritórios de design e organizações sem fins lucrativos a se conectarem e, por fim, compartilha as iniciativas com o objetivo de estimular as melhores práticas. O site do Programa 1% é uma espécie de plataforma de relacionamento, cujo funcionamento lembra o da rede profissional LinkedIn. Empresas e ONGs criam perfis na página da organização, que utiliza seu banco de dados para ajudar ambos os lados a se encontrarem. Entidades do terceiro setor disponibilizam informações sobre os projetos que gostariam de realizar e, caso alguma empresa tenha interesse em adotálo, as partes entram em contato para acertar os detalhes do trabalho, que é acompanhado pelo Programa 1%. Conforme descrito no regulamento do programa, trabalho pro bono não quer dizer, necessariamente, trabalho gratuito. Caso o escritório não tenha condição de criar o projeto de graça, empresa e ONG podem chegar a um acordo para que a empreitada seja remunerada – com uma taxa bem menor, é claro, do que os preços usual-
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ScrapHouse Construída em 2005, especialmente para o Dia Mundial do Meio Ambiente, a ScrapHouse foi totalmente construída com materiais descartados. O projeto foi executado por 150 voluntários, levou seis semanas e custou menos de mil dólares.Segundo John Peterson, a iniciativa teve o objetivo de mostrar como o design pode atuar na reutilização de resíduos e, assim, contribuir para reduzir a quantidade de lixo gerado pela sociedade. A ScrapHouse ficou exposta em frente à prefeitura de São Francisco, até ser desmontada. Durante o período, recebeu mais de 10 mil visitantes.
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mente cobrados no mercado. Segundo Peterson, a proposta não é vantajosa apenas para as entidades beneficiadas, mas também para os escritórios, que conseguem ampliar sua rede de contatos e, assim, conquistar projetos remunerados. Nas estimativas do fundador do Programa 1%, um projeto pro bono pode resultar em até 10 projetos remunerados, o que, além de gerar receita para a empresa, significa que ela poderá financiar ainda mais horas de trabalho pro bono. Escolas, livrarias, praças, associações comunitárias e monumentos públicos são alguns dos espaços que compõem a lista de beneficiados pelo Programa 1%. Na seção “Galeria de projetos”, o site disponibiliza imagens e informações sobre todos os projetos concluídos, em andamento ou que ainda aguardam a oferta de um escritório. Na mesma página, também estão disponíveis links para o perfil das empresas responsáveis pelos projetos, com dados referentes ao número de colaboradores, horas de trabalho pro bono que oferecem anualmente, além de informações para contato e áreas de interesse de cada firma. “O ambiente em que vivemos tem um papel importante em nossa saúde, educação, igualdade econômi-
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ca e bem-estar geral. Todos os dias, em todos os projetos de design, temos uma oportunidade para melhorar essas condições”, defende Peterson. Segundo o criador da Public Architecture, o trabalho da organização é financiado por uma série de empresas e instituições, como o Instituto Americano de Arquitetos (AIA, em inglês), a fabricante de superfícies Formica e, é claro, escritórios de arquitetura e design, que contribuem não só com trabalho pro bono, mas também na divulgação do projeto, ajudando a organização a conseguir novas adesões – em média, 18 empresas aderem ao programa todos os meses. Pessoas físicas interessadas em contribuir também podem fazer doações por meio do site do projeto. Embora continue conquistando novos apoiadores, o Public Architecture ainda encontra dificuldades para seguir crescendo e criar novas frentes de trabalho, já que se trata de uma iniciativa pioneira, que não encontra modelos nos quais poderia se inspirar. “O maior desafio é que muito desse trabalho é novo. Para os profissionais de design, é novidade trabalhar em ambientes
Imagem: Francesco Fanfani
Day Labor Station Comuns nos Estados Unidos, os chamados “trabalhadores diários” são pessoas contratadas informalmente, para um serviço específico, que, normalmente, dura um ou dois dias. Em geral, esses trabalhadores costumam se reunir em alguns espaços públicos – como esquinas e estacionamentos – onde aguardam construtores, empresários e potenciais empregadores. Ao perceber que a maioria dos locais de reunião dos trabalhadores diários não possuía o mínimo de infraestrutura, a Public Architecture decidiu criar o projeto Day Labor Station. Ele consiste em uma estrutura simples, que pode ser montada e desmontada, para prover a esse público abrigo, água e banheiro, além de poder tornar-se pontos de encontros e até salas de aula. Por sua proposta inovadora, a iniciativa recebeu, em 2007, o reconhecimento da exposição “Design para os outros 90%”.
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carentes, para clientes do setor social. Tudo também é novo para financiadores e clientes que, historicamente, têm visto o design como um ‘luxo’ e não como algo que contribuir, efetivamente, para melhorar a sociedade”, explica Peterson. Entre os novos projetos, o arquiteto cita a proposta de se criar postos de saúde no interior de quartéis de bombeiros. De acordo com ele, a ideia é aproveitar a estrutura e os recursos dessas instalações para levar atendimento médico às comunidades que mais precisam. “A curto prazo, nossa meta é construir entre três e cinco unidades como projetos-piloto. Então, mediremos os impactos durante os primeiros anos e utilizaremos os dados coletados na
Imagem: Francesco Fanfani
formulação de um modelo que poderá ser utilizado em todo o país”, esclarece. Questionado sobre a possibilidade de lançar o Programa 1% em outros países, como o Brasil, John Peterson dá esperança àqueles que gostariam de colaborar com a iniciativa mundo a fora: “Recebemos, com frequência, solicitações de grupos estrangeiros, que nos pedem para expandirmos o projeto para fora dos Estados Unidos. Até o momento, temos sido relutantes em fazê-lo antes de consolidar uma forma de trabalho mais refinada por aqui. Mas estamos começando, cautelosamente, a avaliar um modelo internacional e, com um pouco de sorte, isso pode ocorrer nos próximos anos”, afirma.
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Design e pessoas com deficiência por Cássia Macieira
No dia 17 de outubro de 2013, o Curso de Design de Moda da Universidade Fumec participou, pela segunda vez, de um desfile de Moda Inclusiva, a partir do convite da psicóloga Marta Alencar, da AMR (Associação Mineira de Reabilitação) de Belo Horizonte* e autora do blog tinadescolada.blogspot.com . O desfile nos proporcionou a experiência de criar roupas com aberturas nas laterais para crianças com deficiência, que nos fez pensar na lacuna existente no Design como espaço para essas e outras soluções, como roupas que deslocam no corpo ou que sejam de uma forma versátil ou modular. A partir da temática “Alice no País das Maravilhas”, foram criados vestidos vermelhos e iguais para todas as meninas e macacão em malha e casaco xadrez para os meninos, visando uma unidade visual para o desfile. Foi visível a vibração dos pequenos e dos familiares em ver a alegria e o esforço de cada criança em desfilar pela passarela, vivenciando uma outra possibilidade de inserção social, negada pelo mercado da moda. E esse é mais um lugar que o Design se insere e se apresenta como possibilidade para o sujeito exercer sua subjetividade. Recorro aos princípios do design, em oferecer soluções funcionais e estéticas para o homem e pensar no distanciamento que ele está do “pensar, agir e sentir”. Entretanto, no mercado, é inexistente a oferta de roupas para pessoas com deficiência.
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Foto: Daniel Bianchini
* A AMR é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que atende, há 50 anos, crianças e adolescentes carentes com deficiência física causada por paralisia cerebral ou outras síndromes. O objetivo da associação é prestar serviços de assistência à saúde, principalmente na área de reabilitação, de forma qualificada e inovadora, contribuindo para a adaptação social das pessoas com deficiência.
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Passarela Inclusiva O desfile, espaço coletivo que privilegia inventos e dispositivos expressivos e singulares de criadores, reúne diferentes grupos com interesse comum que é a moda. A Passarela Inclusiva foi uma experiência surpreendente. Mais importante que a roupa (design) foi a epifania do momento em que as crianças, com dificuldades de andar, deram, naqueles poucos minutos, passos firmes, seguros e conquistados. Mesmo nossas alunas da FUMEC, que pensaram nessas crianças a partir da modelagem e fechamentos das roupas visando a funcionalidade e facilidade, vibraram naquele momento com os pequenos passos de cada “modelo”, esquecendo-se das cores e formas. Ao se fazer a escolha pelo desfile com crianças com deficiência e usar o mesmo formato de exibição de coleções de moda, estabeleceu-se um novo olhar para o Design praticado na universidade, sendo pela acessibilidade ou até pelos gestos dos criadores; pois essa inserção traz reflexões para o Design social.
Fotos: Daniel Bianchini
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É possível criar um diálogo e sensibilizar o mercado de moda, como a psicóloga Marta Alencar defende: “Informar aos responsáveis pelo mercado da moda sobre as necessidades das PcD (pessoas com deficiência) e considerá-las como consumidoras para melhorar os serviços, como espaço adequado para facilitar a mobilidade nas lojas/provadores para circulação de cadeirantes; funcionalidade das roupas para gerar autonomia; etiquetas em braille, zípers e velcros, imãs, tecidos confortáveis etc.”.
Instaura-se uma conduta ética do Design orientado pelo efeito e não pela forma. Um Design que diz respeito ao afeto, à necessidade e à recepção do usuário. O fato de a roupa ficar em segundo plano, quando inserida no espetáculo-desfile, não está isenta de ser construída com formas e elementos que favoreçam o usuário. Muitas vezes, em um desfile de moda convencional, a roupa também fica em segundo plano para modelos esguias e famosas - o que confirma que o desfile sempre será o lugar da experiência, um pequeno espaço de tempo onde a fantasia é coletivizada.
Cássia Macieira é professora no Curso de Design da Universidade Fumec, e saiu modificada desse trabalho devido ao carinho, alegria e paciência das mães e familiares, dos funcionários e do Corpo de Voluntários da AMR – Associação Mineira de Reabilitação. Um presente! O Desfile de Moda contou com a participação do Curso de Design de Moda. Trabalharam no evento a funcionária e aluna Iara Viana, responsável pela modelagem das roupas; funcionária Conceição Teixeira, que contribuiu na confecção das roupas; aluna Mariana Figueiredo com a criação; e Eder Almeida com a estampa dos aventais. A produção do desfile foi feita pelas alunas: Mariana Figueiredo; Lorena Zócoli; Lara Monte Andrade; Rafaela Manini; Fernanda Arnoldo Rubinich; Brunna Maia Caires; Paula Assis. As fotografias são do Laboratório de Fotografia da Fumec por Daniel Bianchini.
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E agora, José?
Ops... Designer por Rita Engler, PhD
Carlos Drummond de Andrade, em um dos seus famosos poemas, escreveu: “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você?”
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LifeStraw é um filtro de água desenvolvido para ser usado em locais onde não existe água potável. Foto: Lifestraw
E agora, Designers? Os recursos naturais estão se esgotando rapidamente; a poluição atinge níveis, em alguns casos, praticamente incontroláveis; o mundo dá sinais de completa exaustão. A economia, em grande parte do planeta, está em estado de alerta, e ... como o Design pode e deve intervir em todo esse processo? Os governos, organizações filantrópicas e empresas tradicionais não estão conseguindo suprir as demandas dos setores social e ambiental. Basta abrir os jornais e uma nova catástrofe nos lembra que precisamos de mudanças urgentes. Quando vamos deixar de ser apenas críticos passivos e nos tornar efetivamente agentes, promotores de inovações sociais radicais? Por que Inovação Social? Ou, o que é Inovação Social? Em uma longa discussão com Ric Young* chegamos à conclusão que não existe uma definição satisfatória para o termo. Mas que, com certeza, é um termo que implica numa mudança de atitude, de lógica, que tem consequências positivas na vida de uma ou muitas comunidades. Trata-se de ideias que buscam fazer deste mundo um lugar melhor para se viver. Um inovador social de sucesso não é, necessariamente, um herói, mas um cidadão ativo na dinâmica das mudanças.
* Eric Young ou Ric Young é o presidente da E.Y.E “the Social Projects Studio”, criador, em 2002, do “Think Tank”, mais de 30 anos de atuação em mudanças sociais de larga escala.
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O Designer, por sua formação e atuação, possui as qualidades necessárias para exercer um papel de destaque nos processos de inovação social. Através da aplicação do Design participativo é possível desenvolver soluções mais sustentáveis e de alto impacto nas comunidades onde são aplicadas, tornando-se, na maioria dos casos, socialmente inovadoras. O Designer é capaz de utilizar uma visão sistêmica, que permite analisar o problema dentro do seu contexto e criar soluções que contemplem as necessidades financeiras, ambientais e éticas da comunidade ao mesmo tempo. Essa característica pluridisciplinar, multifacetada do Design, constitui um valor essencial na condução de processos de inovação social.
Fotos: Lucas Jackson - Reuters
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O objetivo é tornar o impossível, possível. Há 15 anos, seria impossível imaginar um bar não fumante. Hoje em dia, na maioria das nações, o fumo foi abolido dos prédios públicos e os fumantes foram obrigados a mudar seus hábitos e se conformar.
Foto: arquivo CEDTec
Havel acreditava no poder da esperança. Ele escreveu que a esperança é “uma tendência do espírito, uma tendência do coração... Não é a convicção de que algo vai dar certo, mas a certeza de que algo faz sentido, independentemente do resultado”.
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Fumo abolido na maior parte dos prédios públicos em todo mundo.
Os empreendedores sociais sabem que têm que trabalhar com cenários futuros ambiciosos, e que o envolvimento da sociedade e do poder público é crucial para a conquista de novos patamares, cada vez mais inovadores e inclusivos. Todos devem e podem participar, e cabe aos Designers assumir o papel de maestro e orquestrar essas sinfonias - complexas, com diferentes componentes e objetivos, mas que procuram sempre a melhoria das condições de vida para a sociedade. E,
podem ter certeza, que não estamos falando apenas de ONGs e organizações sem fins lucrativos. O setor se organiza e, cada vez mais, vemos empresas comerciais trabalhando no setor social. Afinal, não há nada errado em obter lucro, ele é necessário para a perpetuação dos negócios. Como esse lucro é obtido, quais as práticas utilizadas para viabilizar o negócio é que demonstram se a empresa é sustentável, no sentido amplo da sustentabilidade, ou não. No CEDTec – Centro de Estudos em Design e Tecnologia da Escola de Design da UEMG estamos trabalhando duro para tornar realidade essa mudança social e convidamos a todos a conhecer e participar dos nossos projetos.
Estagiários do CEDTec (UEMG) aboliram o uso de copos descartáveis, cada um tem a sua xícara de uso pessoal.
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Foto: Philips
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Simona Rocchi Quando a produção coletiva toma forma por Júlia Andrade Atuando em setores como saúde, iluminação e consumo, a multinacional Philips tem como objetivo tornar-se, em 2015, líder global em saúde e bemestar. Para isso, a marca tem buscado uma aproximação com a realidade das pessoas, para compreender o dia a dia delas e seus problemas. Além disso, a empresa tem investido no compromisso de fornecer, cada vez mais, soluções sustentáveis para o mundo. E a sustentabilidade é um dos maiores valores que a Philips procura quando se trata de inovação. Nesse quesito, a responsável é Simona Rocchi, diretora de Inovações e Estudos de Design para Sustentabilidade da empresa. Ela leva em seu currículo diversas ações de impacto ao longo do mundo, principalmente em áreas de grandes populações, como Índia e China. Em entre-
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Com dois mestrados, um em Arquitetura e outro em Gestão Política, Simona é doutora em Produção limpa, Produtos limpos e Sustentabilidade. Em seu trabalho, mostra as aplicações do design, não apenas na criação de algo que facilite a vida das pessoas, mas também na melhoria da qualidade de vida e na criação de soluções ambientais e sociais. Apesar de ainda não ter o Brasil em seus planos, a diretora se mostra esperançosa de trabalhar um dia por aqui. Enquanto isso, seu legado em outros países gera muita admiração.
Problema: situação de uso dos fogões antigo
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Revista iDeia: Você está trabalhando em algum novo projeto? Simona Rocchi: Em uma sociedade que está voltada para questões socioeconômicas e ambientais cada vez mais complexas e interligadas, o design tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de inovações. De modo geral, o design é muitas vezes associado ao luxo da criação de belas formas, mas o poder que ele exerce nos dias de hoje vai além da estética. Ele pode traduzir potencialidades tecnológicas, além de respostas eficazes às necessidades das pessoas. No entanto, o tamanho e a complexidade dos dilemas atuais exigem respostas adequadas e eficazes, que não sejam pensadas de forma isolada. Atualmente, o processo do design lida com uma enorme quantidade de conhecimento e, às vezes, com o conflito
Estrutura do Fogão Chulha
Fotos: Philips
vista exclusiva à Revista iDeia, Rocchi mostra que essas ações e resultados só são possíveis por serem fruto de um pensamento coletivo. Segundo ela, somente através da junção de ideias e valores que cada pessoa leva consigo, é possível inovar e criar.
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de necessidades. Com isso, o valor de um projeto não pode ser associado apenas a um resultado final, mas à convergência coletiva de diferentes interesses no processo criativo. O termo design desempenha um papel crucial na criação de valor. Para fornecer respostas significativas para a sociedade, o design facilita o processo de criação, no qual as partes interessadas, com conhecimentos complementares, deverão unir forças para resolver questões complexas, em um processo contínuo de criação conjunta. Ri: Como você aplica estratégias do design nas atividades que desenvolve para a Philips? SR: O design é parte integral de todo o processo de criação de valor para os negócios da nossa empresa. Ele contribui para a identificação de espaços; desenvolvimento de novos negócios; definição dos objetivos propostos e
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para o aproveitamento das oportunidades de mercados já existentes ou emergentes. Nossa equipe de design global inclui uma variedade de capacidades: designers de produto; de interação; de comunicação e web, bem como pesquisadores. Também temos analistas de tendências visuais e especialistas sócio-culturais, que trabalham em conjunto com os especialistas em negócios e tecnologia, em projetos multidisciplinares, dando início ao processo de criação de valor. Ri: Como é o trabalho de cocriação do design dentro das atividades que você desenvolve para a Philips? SR: No processo criativo, devemos pensar que cada pessoa traz sua própria experiência e objetivos, e os designers podem orientar a cocriação de visões e soluções que irão refletir nos bene-
Novo contexto de utilização
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Fotos: Philips
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Reunião de avaliação do problema
fícios compartilhados. Na verdade, a facilitação do projeto pode ocorrer em diferentes fases da criação coletiva. Designers podem ajudar na fase inicial de inovação, orientando o que chamamos de brainstorming entre os vários interessados. Numa fase posterior, durante o codesenvolvimento de soluções, os designers podem facilitar o compartilhamento do aprendizado de cada parte envolvida, aumentando a chance de entrega de uma proposta inovadora ao mercado. Do meu ponto de vista, ao ouvirmos várias “vozes” e equilibrarmos as partes envolvidas, podemos, através da cocriação de respostas, ajudar a ativar um processo mais democrático em uma escala global e também local, permitindo o florescimento de empresas mais inclusivas.
Ri: De todos os projetos que você desenvolveu até agora, qual você citaria como o mais marcante de sua carreira? SR: Posso destacar uma das primeiras experiências em que tive a oportunidade de aplicar totalmente a abordagem de codesign. Trata-se do projeto ‘Low SmokeChulha’, (parte do nosso “Design for Empowerment’initiatives”). Ele tem como objetivo a criação de soluções humanitárias para questões socioambientais, que afetam comunidades de baixa renda em lugares carentes. Nesse caso, tínhamos como objetivo desenvolver um fogão de baixo custo, capaz de combater doenças e mortes causadas pela poluição das cozinhas, por causa do uso de combustível de
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Instrução para fabricação do fogão Chullha
biomassa, em fogo aberto. O projeto foi feito em parceria com colegas indianos, que têm trabalhado em conjunto com organizações, ONGs, artesãos, grupos de autoajuda a mulheres e usuários de fogões. Buscamos definir uma maneira fácil de criar uma solução de baixo custo, que pudesse ter uma produção local, garantindo segurança e eficiência nas cozinhas da Índia rural. Por meio de um processo interativo de diálogo, codesign e codesenvolvimento, criamos um fogão de baixa emissão de fumaça, para acomodar hábitos culinários locais de comunidades indianas rurais e semiurbanas. Desde o início, em 2007, nossas ambições iam muito além de apenas dar um fogão acessível para pessoas de
baixa renda. Queríamos capacitar comunidades locais para produzir e distribuir seus próprios fogões, impulsionando, assim, o desenvolvimento sócio-econômico local. Para isso, foi feita uma abordagem interativa e um guia de treinamento, com todas as informações necessárias. Atualmente, o material é utilizado por ONG’s que selecionam e treinam potenciais empresários a fabricar e instalar esses fogões nas áreas rurais. O que traz importância a tudo isso são as mentes criativas, o esforço coletivo e o design verdadeiramente colaborativo, que permitiu que o projeto fosse utilizado não só na Índia, mas em outros países com hábitos semelhantes.
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Ri: Qual é o papel específico que os designers desenvolvem, hoje em dia, em termos de inovação? SR: Designers estão se tornando facilitadores de um pensamento criativo coletivo e são fundamentais para a integração de diferentes saberes, conhecimentos e percepções locais em torno de questões específicas, em contextos específicos. Ao fazerem isso, eles podem ajudar a criar visões comuns e soluções capazes de trazer benefícios, compartilhando-as com todas as partes envolvidas. Diante das atuais mudanças que têm ocorrido no paradigma do design, os profissionais estão assumindo novas funções e estão experimentando novas práticas da profissão. Os designers do passado poderiam ter uma visão individualista, para moldar funcionalidades e criar belas formas e experiências. Hoje, eles são confrontados com mercados complexos – grandes dilemas da sociedade – e necessidades não satisfeitas. Por isso, os designers não podem mais atuar isoladamente, pois precisam de “inspiração”, e ela vem de contextos da vida real e de experiências. Designers precisam de acesso à “informação”, e essa vem da mistura e combinação de uma variedade de competências. Nessa perspectiva, os designers estão se tornando facilitadores de um processo criativo coletivo, profissionais fundamentais para a integração de diferentes saberes e conhecimentos locais, em torno de questões de contextos específicos.
Apresentação do projeto Chulha
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Ri: Em sua opinião, qual é a relação entre design e novas tecnologias? SR: A inovação tecnológica está superando o que imaginamos ser possível hoje. No entanto, as novas tecnologias são, muitas vezes, confrontadas com questões de viabilidade econômica, bem como a viabilidade sócio-cultural, o que dificulta o processo de chegada das novas tecnologias ao público. Não temos dúvidas que a inovação tecnológica tem o potencial de resolver muitos problemas ambientais e sociais, mas estas inovações só podem tornar-se verdadeiramente eficazes se alcançarem e servirem às pessoas. E é ai que entra o design, pois ele pode ajudar novas tecnologias emergentes, otimizando seu impacto positivo na sociedade, através da redução da diferença entre o que é tecnologicamente possível, e o que é sócio-culturalmente viável. Em outras palavras, o design pode proporcionar um novo significado social e cultural para tecnologias que foram desenvolvidas com outras aplicações, criando novas possibilidades, que podem ser mais viáveis e práticas. Ri: Qual é sua definição de design sustentável? SR: O termo ‘design sustentável’ está associado a várias interpretações diferentes. Isso ocorre porque o significado e o foco da sustentabilidade têm mudado ao longo do tempo. Inicialmente, sustentabilidade estava direcionada a questões locais. Ainda não tínhamos ameaças globais relacionadas ao esgotamento de recursos naturais ou mudanças climáticas, por exemplo. Hoje, a sustentabilidade se depara com o desafio social e ético, de tentar melhorar a vida de 90% da população. Mudou-se o foco e a escala dos problemas, mudando também os desafios do que chamamos de sustentabilidade. O design pode ser sustentável em diversos quesitos, como, por exemplo, para minimizar o impacto ambiental de um produto ou serviço, ao longo de seu ciclo de vida - o que chamamos de ‘Ecodesign’. Nesse caso, o objetivo é melhorar o desempenho dos produtos em fase de distribuição, utilização, eliminação ou reciclagem. Esse tipo de ação é necessária, porem não é suficiente. Por isso, o design sustentável deve buscar debates em diferentes ângulos, o que nos leva a questionar o mercado atual. Devemos nos perguntar por que as pessoas precisam da melhor geladeira ou do melhor carro? As respostas podem desafiar as formas tradicionais de produção e consumo e chegar à soluções inovadoras. Mas, para isso, é necessário um equilíbrio das exigências econômicas, ambientais, sociais e pessoais. Ser sustentável é, obviamente, um caminho difícil, pois gera implicações que vão além da esfera do design, mas a criatividade, o pensamento holístico e as ferramentas de design para orientar os projetos de cocriação podem estimular e apoiar essas mudanças em nossa sociedade.
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O maior CD da América Latina Grupo Loja Elétrica inaugura centro de distribuição, com mais de 20 mil metros de área construída por Thaís Casagrande
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Imagem: Virtualmente Apresentações de Projetos
Por mais de meio século, o Grupo Loja Elétrica acompanhou as mudanças de Belo Horizonte/ MG, sendo, também, testemunha importante das transformações do segmento de eletricidade no estado e em todo país. Fundada em 1947, por João Gabriel Mattos e José Simplício Dias, a empresa conta, atualmente, com 12 filiais, 1.100 colaboradores e 100 mil clientes em todo país. Além de Belo Horizonte, a empresa possui unidades em Belo Horizonte, Contagem, Ipatinga, João Monlevade, Timóteo e Uberlândia.
elétrico em toda a América Latina, com 20 mil metros quadrados de área construída”, afirma.
Considerado o maior grupo do segmento de material elétrico e telecomunicações no Brasil – em valor de vendas e número de funcionários –, a empresa pretende expandir ainda mais. De acordo com o diretor administrativo, Wagner Mattos, a Loja Elétrica irá inaugurar, no primeiro trimestre de 2014, um novo centro de distribuição em Belo Horizonte. “Será o maior do setor de material
Com o novo CD, o Grupo Loja Elétrica também ganha mais competitividade, pois proporciona uma organização do estoque de forma ágil, com acepção, armazenamento e separação dos produtos. Um exemplo é o “flowrack”, utilizado para armazenagem de pequenos materiais. O equipamento é capaz de separar tanto caixas, como unidades, e funciona de maneira seme-
Ainda de acordo com Wagner Mattos, o novo CD irá gerar 300 empregos diretos. “O impacto desse empreendimento, situado às margens do anel Rodoviário, irá valorizar a região, trazendo oportunidades de negócios e fluxo de pessoas, além de contribuir para fomentar diversos serviços, como restaurantes, postos de combustível, transportes etc”, conta Mattos.
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lhante aos refrigeradores de latas de refrigerantes encontrados em lojas de conveniência. “As caixas podem ser supridas pela parte traseira da máquina e coletadas pela parte dianteira, sendo que a retirada da primeira faz com que as demais escorreguem para frente”, explica Mattos. A empresa, que possui seu próprio Centro de Capacitação em Tecnologia, também está investindo na formação dos seus funcionários, em função do novo CD. “Tendo em vista a dimensão do empreendimento e as diversas e modernas tecnologias que serão usadas, foi realizado um treinamento intensivo com os funcionários, para que possam operar o sistema” conta Mattos. Na opinião do diretor do grupo, um projeto desse porte representa um grande desenvolvimento para Belo Horizonte e para o estado de Minas Gerais, que passam a contar com a disponibili-
Imagens: Virtualmente Apresentações de Projetos
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dade de mais de 35 mil itens de material elétrico. “Iremos atender cerca de 90% das necessidades dos usuários desse tipo de produto, tanto pessoas físicas, quanto indústrias e construtoras”, garante. Com o investimento no centro de distribuição, o grupo pretende aumentar sua presença no território nacional. “Esperamos um forte crescimento para os próximos anos, pois, com a operação desse novo CD, teremos mais recursos para ampliar nossas atividades. Pretendemos abrir diversas filiais e já estamos realizando um planejamento para essa expansão”, conta Wagner Mattos, que finaliza: “Para todo o Grupo Loja Elétrica, a inauguração desse novo CD representa a realização de um sonho. A empresa deu continuidade à sua evolução e, agora, dá um grande passo em seu desenvolvimento”.
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Projeto sustentável Quando o assunto é sustentabilidade, o novo centro de distribuição do Grupo Loja Elétrica também não deixa a desejar. O empreendimento está sendo construído conforme os padrões exigidos para a obtenção do Selo Verde. “Para conquistar a categoria ouro, o projeto concebeu algumas especificações, como a diminuição do consumo de energia. Foram utilizadas, no interior da construção, apenas lâmpadas de LED. Também utilizaremos energia eólica e placas solares para obter energia renovável, que será utilizada para abastecer o próprio CD”, explica Wagner Mattos. Ainda de acordo com o diretor, o empreendimento irá reaproveitar resíduos para reciclagem, utilizar torneiras de jato aerado, vasos sanitários econômicos, pavimentação feita com bloquetes (mais permeáveis que o asfalto), além de contar com sistema de captação de água pluvial, que será usada para irrigar os jardins.
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A luz como
foco
por Júlia Andrade
Uma reforma, um novo ambiente, sofá no canto direito... televisão à frente, uma estante, um vaso de flor... mas, sabe quando está faltando alguma coisa? Pois é, a iluminação é assim: uma parte essencial que, muitas vezes, passa despercebida no projeto final. A arquitetura é capaz de melhorar muitos aspectos em um ambiente. Porém, para criar um clima especial, é necessário recorrer a um profissional especializado torna-se indispensável para adequar o projeto às necessidades do ambiente. Com influência direta na valorização dos espaços e, até mesmo, na qualidade de vida, o lighting designer tem demonstrado, cada vez mais, sua importância. E os benefícios são muitos: “Uma iluminação eficiente integra arte e tecnologia, criando um espaço funcional, confortável e esteticamente agradável, enquanto promove segurança e economia de energia”, explica a light designer Júnia Carsalade.
Ana Paula Lucchesi e Júnia Carsalade Foto: Bárbara Dutra
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Há quase 20 anos dedicando-se a projetos de iluminação, Júnia e a sócia, Ana Paula Lucchesi, assumem que o light design ainda é pouco conhecido e valorizado, principalmente no Brasil. Segundo elas, somente nos últimos anos arquitetos e empreendedores têm percebido os benefícios e a importância de um trabalho especializado.
Na cortina há um rasgo FE fluorescente que traz uma luz geral. Na parede de pedra foram usados focos de dicróica. Foto: Jomar Bragança
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Através do conhecimento específico em diversas áreas, como ótica, física, eletricidade, ergonomia, meio ambiente, eficiência energética, arte e design, esses profissionais são capazes de proporcionar economia e ainda dar destaque ao trabalho de toda a equipe – do engenheiro, ao arquiteto, decorador, designer e até o proprietário.
Entrada do restaurante Parrilla Urbana. A iluminação valoriza e destaca detalhes pontuais, mantendo a sofisticação e destaque para detalhes da arquitetura. Fotos: Henry Yu
Quem trabalha com iluminação deve, ainda, estar ligado a aspectos que vão das exigências do cliente, ao conceito do projeto e às novas tecnologias disponíveis, de modo a adequá-las ao objetivo do ambiente. “Nosso trabalho é resultado de diversos fatores. Partimos sempre das informações obtidas com o arquiteto e o cliente, mas a tecnologia, por exemplo, é essencial para que possamos fazer um projeto eficiente, que reflita o conceito almejado”, conta Júnia. “Um fator muito importante, com o qual o lighting designer também precisa se preocupar, é a saúde humana. A luz inadequada pode, por exemplo, diminuir a acuidade visual, alterar o metabolismo e até o humor das pessoas”, afirma Ana Paula. Por fim, a profissional destaca: “A inspiração é importantíssima. Cada ambiente é único, mas a influência de uma iluminação pode vir de diversos lugares: do teatro, da luz das obras de arte e até da luz na natureza”, comenta Lucchesi
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1. Iluminação mais intimista para a parte reservada do restaurante 68 LA Pizzeria, com luminárias decorativas que proporcionam luz geral ao ambiente. 2. Ambiente do restaurante 68 La Pizzeria, em São Paulo. A iluminação sofisticada traz harmonia entre a luz artificial e a luz natural do teto. 3. No restaurante, A iluminação destaca o projeto arquitetônico, valorizando texturas e detalhes, como: adegas, nichos e mesas. Fotos: Henry Yu
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Criador&Criação
Porfírio Valladares,
o profissional que não segue tendências por Thaís Casagrande
Criador Porfírio Valladares costuma brincar que seu verdadeiro desejo era fazer Belas Artes: “não fiz por medo de passar fome!”. Desde pequeno, o arquiteto sempre gostou de desenhar e acabou se encantando pela possibilidade de contar diferentes histórias por meio de peças de design e projetos arquitetônicos. “Todas as profissões que envolvem a criatividade humana têm como grandes ícones verdadeiros contadores de histórias, que carregam uma enorme bagagem cultural para a realização de seus trabalhos”, explica. Nascido no sul de Minas Gerais, o arquiteto e designer mineiro logo se mudou para Brasília com os pais, e por lá viveu durante sua infância, vendo a cidade planejada crescer. Mas Valladares deixa claro que Niemeyer não o influenciou: “Para mim, Oscar Niemeyer fez história, mas seus projetos vão de encontro ao que prego. A arquitetura deve ser primordialmente funcional, para depois ser bela”. Mais tarde, ele retornou para Minas, mais especificamente a Belo Horizonte, onde cursou arquitetura pela Escola de Arquitetura, da Universidade Federal de Minas Gerais, e se formou em 1980.
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Foto: Daniel Mansur
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Professor durante 12 anos em cursos de arquitetura e design de interiores, Valladares se especializou em Arte Contemporânea pela Escola Guignard, entre 2002 e 2003. Seus estudos contribuíram para formar sua personalidade e criatividade, segundo ele, completamente avessas às tendências. “Tenho total aversão ao que todo mundo faz. Para mim, essa padronização que vem [da feira] de Milão deixa tudo monótono. Gosto de ir contra isso tudo. Por mais que ache algo bonito, se vira ‘modinha’ faço diferente”, afirma. Instigado pelo uso e funcionalidade de móveis e objetos, Valladares seguiu para o design. “Para fazer um objeto de design, gasto menos tempo e consigo resolver tudo sozinho. No máximo, preciso da ajuda de um marceneiro. Assim, caso o produto final não fique como imaginei, ponho fogo e acabo com o projeto, sem prejudicar ninguém”, conta. Já na arquitetura, conta ele, a questão é bem diferente: “Se você erra em um projeto arquitetônico pode até causar mortes. Trata-se de uma área em que as coisas devem ser minuciosamente pensadas e, além disso, você planeja e constrói já conhecendo os desejos do cliente final, aquele que lhe contratou.” Bastante premiado ao longo de sua carreira, o designer já levou para casa o Prêmio Movesp de Design (1990), Prêmio Museu da Casa Brasileira (1994) e Concurso Mercosul (2007), entre outros.
Namoradeira Zaha
CRIAÇÃO O trabalho de Porfírio é conhecido pela elegância de estilo, principalmente quando está produzindo com a liberdade de criação que o design proporciona. Cria peças inusitadas, como a chaise Joaquim, que tem como antecedente e inspiração a cadeira de três pés de Joaquim Tenreiro, precursor do design no Brasil. Seguindo o mesmo método – recortar lâminas de madeira e juntá-las num objeto monolítico – surgem peças repletas de linhas, curvas e desenhos, como a namoradeira Zaha e a cadeira Lina. Para Porfírio Valladares, o artefato ganha destaque por ser a exata tradução do que ele desejava, depois de muito tempo de estudo e pesquisa: uma cadeira leve, durável, barata e ideal para qualquer tipo de ambiente, como, por exemplo, o próprio escritório do arquiteto, que está repleto de criações suas, que podem ser experimentadas por clientes e visitantes. O arquiteto e designer afirma que trabalhar com madeira proporciona uma contingência e flexibilidade maior do que qualquer outra matéria-prima. “Não é necessário fazer um protótipo, pois a madeira é simples e barata, e não requer alta tecnologia. Daí a facilidade de manusear esse material”, afirma. Com o metal, Valladares criou uma de suas obras mais vistas e utilizadas em Belo Horizonte: os
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Cadeira Lina
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Banco e banqueta CID Fotos: Daniel Mansur
bancos da Praça da Savassi. Feitos em estrutura simples e, ao mesmo tempo, moderna, as peças seguem a linha do design a favor da funcionalidade, além de serem acessíveis aos mais diferentes tipos de públicos. Apesar de valorizar a funcionalidade no design, ele assume fazer algumas “esquisitices” de vez em quando. É o caso das Luminárias Taturana e Medusa, além da árvore de Natal Duchamp. “São ideias que me surgem e necessito executá-las para que parem de me atormentar. Se não der certo, tudo bem, não afetará ninguém. Essa é a mágica do design”, diz. Na arquitetura, Valladares realiza projetos tanto comercias, quanto residenciais e urbanos. Mas
revela se identificar mais com projetos de lares, nos quais discute, com o cliente, cada detalhe, para satisfazê-lo da melhor forma possível. “Em um projeto arquitetônico, já existe um cliente conhecido. Você precisa criar e, ao mesmo tempo, corresponder às expectativas dele”, afirma. Entre os últimos trabalhos, o arquiteto cita a área de lazer de uma casa, projetada utilizando madeira de eucalipto como matéria-prima. “Assim como no design, trabalho com madeira em projetos arquitetônicos, mas essa está se tornando cada dia mais escassa, o que me leva a ter que inovar com as facetas do eucalipto”.
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“O menos design possível” Como os dez mandamentos de Dieter Rams revolucionaram o mundo do design por Ana Cláudia Ulhôa
Abrir a bolsa e tirar um iPod de 103,5mm de altura para escutar uma música, ou comprar uma TV e saber exatamente como utilizá-la, mesmo sem ler o manual de instruções, pode parecer algo comum. No entanto, para as pessoas que viviam no período do pós-guerra, deparar-se, por exemplo, com um toca-discos SK-4 um pouco maior que uma caixa de sapatos, discreto e com uma ordem lógica de botões, foi uma revolução. O responsável por toda essa mudança na maneira de se projetar aparelhos elétricos e eletrônicos foi Dieter Rams. Influenciado pelo avô e pelas inovações que chegavam à Alemanha da década de 1950, Rams começou sua carreira como arquiteto. Estudou na Escola de Wiesbaden, realizou cursos de carpintaria e trabalhou com arquitetura entre 1953 e 1955. “Meu avô era carpinteiro e especialista em superfícies. Eu aprendi isso dele, mas tinha colocado na cabeça que iria estudar arquitetura, num momento em que, na Alemanha, isso era massivo. Então as coisas voltavam dos EUA, por exemplo,
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1. “Primeiro Walkman” TP1 2. Barbeador elétrico Sixtant 3. Toca-discos SK-4 Fotos: divulgação
1961, foi o barbeador elétrico Sixtant.. O diferencial desse produto era a mistura de plásticos duros e flexíveis, que deixavam o aparelho mais fácil de segurar. As características dos produtos de Rams e sua maneira de trabalhar foram resumidas por ele em uma lista de 10 mandamentos (veja no box abaixo). Segundo o designer, ela foi criada para que as pessoas pudessem compreender o que era o bom design para ele. “Eu fiz isso porque me tornei professor na Academia de Belas Artes, em Hamburgo. Então, era necessário fazer algo para dizer aos estudantes e para mostrar à imprensa”, afirma.
com a arquitetura, coisas de Mies Van der Rohe, de Gropius, de Marcel Breuer. Tudo isso era, para nós, uma visão de todo, um mundo novo”, explica Dieter em entrevista disponível no Youtube. A história de Dieter Rams com o design começou quando um amigo lhe mostrou um anúncio de emprego no jornal, para uma empresa chamada Braun. A indústria de aparelhos elétricos buscava um profissional que pudesse mudar sua linha produtos, o que encantou Rams. “Naquela época, isso era inacreditável. Uma abordagem totalmente nova para uma empresa”, destaca o designer no vídeo. O arquiteto passou então a integrar o setor de produtos eletrônicos da Braun. Em 1961, foi promovido a diretor de design da indústria, onde se manteve até 1995. Foi nessa empresa que Dieter criou seus equipamentos mais famosos e se tornou referência do design do século XX. Um exemplo é o TP1, mais conhecido como o “primeiro walkman”. A caixa branca com uma alça marrom consistia em um rádio portátil, no qual as pessoas podiam acoplar um fone de ouvido e escutar música. Outra criação de Dieter Rams, em
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“Ainda era preciso manter juntas nossas próprias condutas no Departamento de Design da Braun. A última regra era: o menos design possível. O que é similar ao ‘menos é mais’”, afirma. Os mandamentos de Dieter guiaram vários designers da atualidade. Um dos exemplos mais lembrados é o do diretor industrial e vice-presidente sênior da Apple, Jonathan Ive, que cita Rams em diversas entrevistas. A admiração de Ive pelo designer alemão é tão grande que ele homenageou Dieter
Rams ao utilizar a calculadora ET44, de 1977, para criar o teclado digital da calculadora do iPhone. Dieter já foi chamado, por diversos especialistas da área, de “projetista de designers”. Contente com o título e com a influência que exerce no design desenvolvido hoje, ele diz que o mais importante é a postura do profissional. “Eu acho que o design tem uma grande responsabilidade pelo futuro. E sou sempre otimista. Como designer, você tem que ser um otimista. Caso contrário, não deve continuar no rumo”. 4.
Princípios para o bom design: 1. É inovador - O design imaginativo sempre se desenvolve em paralelo com os avanços tecnológicos, mas um produto nunca deve ser criado apenas para acompanhar esses avanços; 2. Faz um produto ser útil - Um produto é comprado para ser usado. Um bom design enfatiza a utilidade da peça enquanto exclui qualquer coisa que poderia prejudicá-la; 3. É estético - A qualidade estética de uma peça integra a sua utilidade. Apenas objetos bem executados podem ser bonitos; 4. Ajuda a entender o produto - O produto precisa ser autoexplicativo; 5. É discreto – Os produtos não são objetos decorativos nem obras de arte. Eles devem ser neutros, deixando espaço para a expressão do usuário;
6. É honesto – O objeto criado não deve tentar manipular o consumidor com promessas que não serão cumpridas; 7. É durável – O produto precisa evitar estar na moda e ao mesmo tempo nunca parecer antiquado. Ele deve durar muitos anos; 8. É meticuloso - Nada deve ser colocado na peça ao acaso. Cuidado e precisão demonstram respeito com o consumidor; 9. É ambientalmente correto - O designer deve sempre contribuir para a preservação do meio ambiente. Seu produto economiza recursos e minimiza a poluição ao longo do ciclo de vida dele? 10. É o menos design possível – Significa que o profissional da área deve retornar à pureza e à simplicidade. “Menos é mais”.
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Maçã,
palavra que significa “o fruto da macieira”. Muito popular em todo o mundo, há algumas décadas ninguém imaginava que uma fruta tão comum poderia ter um significado muito mais amplo, tornando-se símbolo de uma das marcas mais valiosas do mundo. Isso graças a Steve Jobs, que, em 1976, fundou a Apple e transformou a maçã em um ícone da tecnologia e inovação.
por Júlia Andrade Quem passa pela pacata rua Crist Drive, em Los Altos, Califórnia , pode não perceber nada de excepcional na casa de número 2066. Mas, recentemente, a Comissão Histórica de Los Altos concedeu, por unanimidade, o Status de ‘Monumento Histórico’ ao imóvel. Isso porque foi ali que começou a história de um dos ícones mais brilhantes do século XX. Construída em 1951, a casa pertenceu aos pais adotivos de Steve Jobs, e lá foram produzidos os primeiros produtos da Apple, que, acredite se quiser, eram placas de circuito armazenadas em caixas de madeira. Jobs criou uma marca que é, atualmente, sinônimo de qualidade, tecnologia e design, além de ser ponto de partida para suas concorrentes nos diversos setores em que atua – de computadores a tablets e smartphones. Ele iniciou sua empresa com o desejo de mudar o mercado da tecnologia em vigor na época. Nolan Bushnell, fundador da Atari – o único chefe que Jobs já teve – disse, recentemente, que uma das características que fizeram Jobs obter tanto sucesso era sua obsessão pelo trabalho. Nolan chegou a afirmar, inclusive, que Jobs fedia, pois passava dias seguidos na empresa sem nem mesmo tomar banho. Com toda a dedicação de seu fundador, o valor agregado pela Apple ao longo dos anos é indiscutível. Há quase quatro anos, quando ele fez o lançamento do iPad, um protótipo de iPhone que funciona como um tablet, muita gente duvidou do sucesso do produto. O iPad não havia sido o primeiro tablet a chegar ao mercado, porém, como se tratava da Apple, marca com história, e de Steve Jobs, talvez valesse a pena refletir um pouco antes de descartar a ideia. Assim, pouco tempo depois, as maiores marcas do mercado seguiram os passos da Apple, e começaram a correr atrás do prejuízo. Hoje, poucas pessoas duvidam da funcionalidade, praticidade e facilidade de uso dos tablets, que se tornaram sucesso de vendas em todo o mundo.
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1. Evolução dos produtos Apple de 1976 a 2009 2. MacBook Air 3. iPhone 4S 4. iPad Mini - Lançamento recente
Em janeiro de 2011, quando Jobs teve de se afastar da Apple por causa de um câncer pancreático, especialistas chegaram a ficar receosos quanto ao destino da empresa sem seu CEO. E, alguns meses depois, assim que faleceu, o mundo voltou seus olhos para a sede da Apple, no Vale do Silício.
ficou sozinho na gestão da companhia. Outros nomes também foram selecionados e devem ser lembrados: Phil Schiller, do marketing, Scott Forstall, do iOS e Jonny Ive, responsável pelo design (segundo alguns o responsável por “carregar a chama” dos novos produtos).
Tim Cook – que já havia substituído Jobs algumas vezes durante sua doença – assumiu o cargo e tornou-se o principal nome à frente da empresa. E deu certo, em boa medida devido à orientação do próprio Jobs, que, desde o início, fez questão de deixar não só seu nome, mas também sua visão para aqueles que dariam continuidade ao seu trabalho. Cook foi muito bem treinado e não
Há mais de dois anos sem Jobs, a Apple parece ter superado a falta de seu CEO, crescendo cerca de 30% no período. Mas, a conquista mais importante da marca, deve-se diretamente a seu fundador, que conseguiu, entre muitas coisas, realizar seu sonho de revolucionar o mercado da tecnologia!
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A História Steve Jobs chegou a trabalhar em grandes empresas, como a HP e Atari, a gigante dos videogames, mas logo percebeu que não queria ser empregado. Ao lado de Nolan Bushnell e Ronald Wayne, ele criou a Apple, que já nasceu para ser diferente. O primeiro produto da marca, o Apple I, era um kit eletrônico que permitia ao cliente construir sua própria máquina. O verdadeiro sucesso chegou com o Apple II, em 1977, quando criaram uma máquina que conseguia rodar programas gráficos, jogos eletrônicos e utilitários, uma revolução para a época. A partir daí, a Apple ganhou investidores e começou a crescer.
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Em 1984, foi lançado o primeiro Macintosh, nome que se tornaria popular anos depois, mas que, inicialmente, não teve as expectativas de venda superadas. Uma das conseqüências foi que, em 1985, Steve Jobs foi demitido da sua própria empresa. Ele, então, fundou a NeXT, empreendimento que deu certo, e ainda ajudou a fundar a Pixar, um desenvolvedor de software de digitalização de imagens que, com uma parceria estratégica com a Disney, criou, produziu e lançou vários filmes em animação 3D de sucesso, tais como o Toy Story e Procurando Nemo . A volta de Jobs à frente da Apple aconteceu somente em 1996, quando a NeXT foi comprada pela Apple, e ele, aos poucos, voltou a assumir sua posição central na empresa. Jobs manteve-se a frente da Apple até janeiro de 2011, quando precisou abdicar de seu cargo de CEO em função de um câncer no pâncreas.
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Palermo Viejo/Soho
um bairro que transpira criatividade
por SĂlvia Calixto
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Buenos Aires é uma cidade multicultural. Os museus, a culinária, parques, praças, o couro, tango e muito mais da cultura porteña têm chamado a atenção de estrangeiros, que querem vivenciar uma experiência na Argentina. Ao percorrer os bairros da cidade, o visitante pode descobrir a criatividade e a inovação concentrada em um lugar, Palermo Viejo ou parte dele, também chamado de Palermo Soho.
Rua Palermo Foto: MR Fotografia
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Palermo Viejo/Soho está localizado na região nordeste da cidade e pode ser considerado um celeiro de grandes designs e artistas de Buenos Aires. Nos últimos anos, parte do bairro tem sido chamada de Soho, em comparação ao bairro Soho de Nova Yorque, que abriga artistas, galerias de arte e design, boutiques de moda e luxo. Mas, existe uma vertente que continua a denominá-lo de Viejo por não querer comparações com outros lugares, afirmando que o nome Soho não identifica o bairro argentino, quitando a autenticidade do espaço que é considerado, pelos argentinos, único e representativo quanto ao design, a propostas originais e criativas. O bairro nasceu noturno, boêmio e intelectual. Criado para ser Villa de los Obreros, teve casas destinadas a operários projetadas pelo arquiteto Antonio Buschiazzo e ganhou o nome de Villa Alvear. Localizado longe dos centros de trabalho, no início tinha poucos habitantes. Com a chegada do bonde elétrico, a vila foi povoada e ganhou novo nome, Palermo Viejo e se tornou polo artesanal, onde artesãos expunham suas obras feitas em lona, madeira e metal. Nas últimas décadas, adquiriu novas características, bares, restaurantes, galerias de arte, centros culturais, casas noturnas e de tango foram se agregando aos arredores da praça Serrano, ponto central dessa região.
Livraria Libros del Pasaje Foto: MR Fotografia
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Andar por suas ruas, a pé ou de bicicleta, é se aventurar em descobertas e cruzar com pessoas de todo o mundo, que gostam de arte, cultura e design. As ruas arborizadas, juntamente com os casarões do início do século, compõem um quadro inspirador para os artistas que, muitas vezes, moram, criam e vendem suas produções em Palermo. Grandes nomes compõem o grupo de pessoas que passaram parte de suas vidas nesse bairro, entre eles o escritor Jorge Luiz Borges e Che Guevara.
Espaço Multi - Rua Palermo Foto: MR Fotografia
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Por onde passamos, encontramos aconchegantes cafés, livrarias e casas de chás, cada um com seu charme e especialidade. Muitos estão localizados dentro de antigas casas, alguns vendem produtos da decoração do próprio ambiente, enquanto outros são cafés boutiques com roupas exclusivas e feitas a mão. Perto da praça Serrano, podemos encontrar espaços que são múltiplos em suas funções: durante o dia feiras de roupas, sapatos, acessórios e artigos de decoração e, a noite, bares com música ao vivo, djs e drinks variados. Há também bares que são espaços de aprendizado e exposições de arte.
Fachada de Bar na Rua Palermo Foto: MR Fotografia
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Vitrine da Loja Bozzi
sobre a história dos alimentos e praticam a preparação dos mesmos. A aula termina em um jantar, onde alunos e convidados saboreiam os pratos preparados, degustam e conhecem um pouco mais sobre vinhos, cervejas e destilados. Palermo Viejo/Soho é cheio de surpresas. O visitante pode passar um dia inteiro ou meses descobrindo as delícias, a beleza, o charme, o diseño e as diversificadas propostas que ele oferece. Para os amantes de arte, design, estilo e bom gosto, o bairro é passagem obrigatória na cidade de Buenos Aires.
Fotos: MR Fotografia
Entre muitas experiências interessantes que o bairro oferece, deparamos com a proposta de Martin Alvarez, um chef e sommelier, que abre as portas de sua casa para ensinar, mais do que o ato de cozinhar e sim um estilo de vida, onde relaxar e viver bem é uma prioridade. O chef oferece cursos de sushi, cozinha asiática e também de cozinha básica, para todos os tipos de alunos. O ambiente de sua casa é cálido e amistoso, o relógio não é preciso, algumas aulas só terminam na madrugada. As aulas são informais e os alunos se tornam amigos que podem esquecer das preocupações diárias e, em meio à boa música e um bom papo, aprendem
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Estacionamento de bicicletas na Rua Palermo
Chef Martin Alvarez
Agradecimentos Especiais: 1. MR Fotografia 2. Chef Martin Alvarez 3. Livraria Libros del Pasaje 4. Post Street Bar 5. Lojas Bozzi Home Wear e Ginebra
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NoMercado
Produtos Verdes
Nesta edição, a seção No Mercado apresenta produtos que usam matérias-primas inovadoras para criar um design mais humanizado para móveis e acessórios. Todos se baseiam na ideia dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) para preservar o meio ambiente e mostrar que é possível
peças com novas funções e significados. por Ana Cláudia Ulhôa
Decafé
Você toma café todos os dias pela manhã? Já pensou que a borra do café pode virar uma luminária? Raúl Laurí imaginou e criou o projeto Decafé. Segundo o designer espanhol, essa matéria-prima foi escolhida porque a bebida é muito conhecida e consumida em todo o mundo, possuindo um aspecto emocional forte. O processo de construção das peças consiste em misturar a borra a um aglutinante natural, que depois são expostos a uma pressão e temperatura constantes, até chegar ao ponto ideal para modelar.
Fotos: divulgação
transformar o que é considerado, para muitos, lixo, em
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Industrial Pipe
O sonho de montar uma casa original, sem gastar muito dinheiro, fez Stella Bleu desenvolver uma série de móveis com canos industriais. A matéria-prima, que a primeira vista não é nada bonita, era descartada em abundância no bairro onde a designer americana morava. Por isso, Bleu resolveu recuperar e reutilizar esse material para projetar diversos móveis, entre eles estantes, prateleiras e armários.
Luminárias ecológicas A luminária ao lado parece ser feita de madeira, não é mesmo? Mas é papelão. A peça foi criada pelo escritório de design de Seattle/EUA, Graypants. Especializada em produtos sustentáveis, a empresa tem como principais matérias-primas o papelão, alumínio e madeira reaproveitados. No caso da luminária, o material é recolhido em estações de reciclagem e lixeiras. Depois é limpo, cortado, montado manualmente e colado.
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Girl on fire
Fotos: divulgação
Os produtos da ISSI são feitos com materiais 100% reciclados. Até as embalagens são confeccionadas com jornais e máscaras de oxigênio, por exemplo. Um dos destaques da empresa é a coleção de bolsas e carteiras feitas com mangueira de apagar incêndios e tecidos de paraquedas, estofados e assentos. As peças foram desenvolvidas pelos designers Elvis & Kresse, Lothar Götz, Olivier Millagou, Paul Morrison e Simon Periton.
NoMercado
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Óculos radicais
Os skates serviram de inspiração e matéria-prima para a nova coleção da australiana Holloway. Os óculos da marca são feitos com shapes de skate quebrados e velhos. A madeira reutilizada confere uma textura diferente aos modelos multicoloridos da marca.
T-shirt Chair
Para confeccionar a cadeira T-shirt Chair, Maria Westerberg contou com a ajuda de 40 amigos, que doaram várias camisetas e jeans velhos. Durante a confecção da peça, a designer usou até uma cortina de sua avó. A estrutura de metal foi desenhada para permitir a troca dos tecidos a qualquer momento, dando ao dono do modelo a possibilidade de personalização. A cadeira chamou tanta atenção que recebeu o prêmio Green Furniture Award 2011.
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Seo Yeong - Deok O improvável também pode ter uso Redação
Correntes de bicicletas, de motos, industriais e com elos, como as usadas em portões, são matéria-prima para o artista plástico coreano Seo Yeong – Deok. Cada elo da corrente/correia de metal é meticulosamente organizado e soldado no lugar certo, para formar esculturas humanas.
Fotos: YoungDeok Seo’s Studio
Os títulos das obras do artista levam palavras fortes como vício, angústia, infecção, ego e ele sugere que o material usado representa uma metáfora da sociedade atual. “Uso o imóvel em uma forma texturizada e fria de um corpo, para expressar o que nossa verdadeira natureza se transformou”, diz.
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Auto-retato Imagem: divulgação
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Segundo Yeong, seu trabalho tem como objetivo refletir a contaminação em que vivemos, em função do desejo intenso por bens materiais. “Cheguei a Seul/Coréia do Sul por causa de minha entrada na faculdade, e a paisagem da cidade, naquela época, me deu um choque e até mesmo medo. Pessoas da cidade levam vidas diferentes: Ternos, pessoas em roupas pretas, uniformizadas, viajando em um horário definido, para
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um destino definido, entre as massas lotadas... as pessoas dessas cenas parecem cozumbis, contaminadas por um vírus”, analisa.
Fotos: YoungDeok Seo’s Studio
Para muitos, o artista buscou referências na obra do renomado escultor britânico, Anthony Gormley, conhecido por usar a figura humana no centro de seu trabalho. E, muitas vezes, usou a própria figura para criar moldes de metal.
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311 Is not over
Quem passou pela Avenida Nossa Senhora do Carmo, BH/MG, em novembro de 2013, se deparou com uma imagem curiosa. Um painel de seis metros de altura, na fachada da loja Templuz, trazia a imagem de uma criança com traços nipônicos e um vestido escrito: “311 Is Not Over”. A obra, que fez parte do projeto Mural Templuz, tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre as consequências do acidente nuclear ocorrido em Fukushima, em março de 2011. Conhecido como 281_Anti Nuke, o artista japonês que criou essa imagem conta que seus desenhos só ganha-
Foto: Roth Management
por Ana Cláudia Ulhôa
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ram um contexto político quando o terremoto e o tsunami, que levaram 20 mil vidas e instauraram uma crise nuclear em seu país, ocorreram. “Antes disso, minha arte estava limitada a desenhar para mim ou para os meus amigos. Eu, realmente, não queira viver minha vida como artista”, disse, em uma entrevista para o site Japan Subculture Research Center. De acordo com Anti Nuke, as imagens do desastre de Fukushima, veiculadas nos meios de comunicação estrangeiros, chocaram-no tanto que ele
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levou pelo menos duas semanas para entender o que havia acontecido. A partir daí, o artista encontrou na street art uma maneira de aliviar a raiva e contribuir para o movimento anti-nuclear em seu país. Em várias avenidas de Tóquio é possível encontrar adesivos de oito polegadas ou do tamanho de um adulto, com imagens de pessoas e frases curtas em inglês. O desenho do rosto do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, com a boca coberta por uma bandeira dos Estados Unidos, do Japão
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Anti Nuke explica, em uma entrevista para a revista americana The New Yorker, que utiliza o inglês por ser uma língua mais objetiva do que o japonês. “Eu uso o inglês para ser direto, sem nuances. ‘I hate rain’ em japonês é ‘watashi wa ame ga kirai’ e você precisa falar quem odeia chuva, por que e em que contexto. Mas, em Inglês é mais icônico. Não há espaço para a imaginação, e isso é poderoso”. A opção pelos adesivos também não foi por acaso. “As etiquetas são melhores do que o grafite, porque elas são mais rápidas de aplicar. Você simplesmente cola e pode fugir”, revela. A preocupação do artista em não ser associado à sua obra veio das ameaças de morte que sofreu quando começou a postar sua arte na internet. A partir daí, ele retirou todas as informações pessoais do Twitter e do Facebook e passou a se camuflar usando capuz, óculos de sol e uma máscara cirúrgica. Apesar de ninguém conhecer o rosto e o nome de Anti Nuke, o japonês já conquistou visibilidade na mídia internacional. Seus trabalhos ganharam as páginas do The Wall Street Journal, The Economist, Financial Times e Giant Robot. Ele foi entrevistado também pela revista Rolling Stones do Japão e pela rede de notícias francesa Canal 24. Em 2014, estreará um documentário sobre a obra de 281, dirigido pelo fotógrafo britânico e cineasta Adrian Storey. De acordo com o diretor, Anti Nuke “quer que as pessoas pensem sobre as mesmas coisas que ele está pensando, mas, como ele me disse muitas vezes, é sobre o futuro de seus filhos. É o futuro das crianças de todo mundo e do Japão. Ele não quer fazer um nome para si mesmo”, disse para a The New Yorker.
Fotos: Roth Management
ou com o símbolo de radiação é um dos exemplos. Outro stencil famoso de 281 é o da menina vestida com uma capa de chuva acima da legenda “I hate rain”, com o símbolo de radiação entra as palavras “hate” e “rain” (ver imagens ao lado).
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Av. Nossa Senhora do Carmo, 1150 Sion - Belo Horizonte - MG CEP: 30330-000 Tel.: +55 31 3218.8888 www.templuz.com templuz@templuz.com