Idiot Mag DEZ.12

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CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 1


4 EDITORIAL Bom Dia Fim do Mundo 12 ACTUALIDADE 2012: O Ano Do Apocalipse Zombie 30 PHOTOREPORT The End Of the World

44 MÚSICA LJLounge Weather Forecast 54 ILUSTRADOR César Figueiredo Para Sempre Tatuador 66 INTERVENÇÃO “I Just Give a Damn” Comentário sobre a validade do design 78 HOMO’GENEO O género da Coisa

88 PROVOC’ARTE A Culpa é do Salazar

2 // www.IDIOTMAG.com

6 ROTEIRO Porto à noite

24 WEB DESIGN Visual Kitchen

42 IDIOT MAG @ Natal // Brasil

50 MODA Wrong Weather +idiota de rua 62 TABU? A Alcova da Patrícia + review 74 ENTREVISTA Viral: A Epidemia Chegou

80 LA FOUINOGRAPHE Fotografía


Direcção: Nuno Dias // João Cabral Textos: Ana Anderson Carmo Pereira Flora Neves João Cabral Mariana Ribeiro Marisa Martins Melanie Antunes Nuno Dias Patrícia (Pseudónimo) Rui de Noronha Ozório Telmo Fernandes Tiago Moura Tish Design: Nuno Dias // João Cabral IDIOT, Gabinete de Design® Capa: César Figueiredo Ilustração: César Figueiredo Fotografia: Aline Fournier Spyrart Video: Mariana Oliveira Todos os conteúdos gráficos são da responsabilidade de: IDIOT, Gabinete de Design ® www.idiocracydesign.com Info@Idiocracydesign.com Cada redactor tem a liberdade de adoptar, ou não, o novo acordo ortográfico Agradecimentos: Bernardo Alves, Wailers, Jackie Gonçalves, Mariana Zona6, Pedro Filipe Rodrigues, Paula Dias, Ruben RDZ

(*) NENHUMA ÁRVORE FOI SACRIFICADA NA IMPRESSÃO DESTA MAGAZINE!

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PRIVEI ME MUITAS VEZES DE FAZER UMA SERIE DE COISAS, POR RECEIO. MAS SE O FIM ESTÁ PROXIMO, O QUE ACONTECE AO MEDO? MEDO DE NOS MAGOARMOS, MEDO DE NOS DESILUDIRMOS, MEDO DE NOS DECEPCIONARMOS? MEDO DE MORRER SOZINHO? ACABANDO O MUNDO A 21 DE DEZEMBRO, JÁ NINGUÉM VAI MORRER SOZINHO. JÁ NÃO EXISTE, ENTÃO, AQUELA BARREIRA IMAGINÁRIA, AQUELE SISTEMA IMUNITÁRIO QUE NOS IMPEDE DE COMETER AS MAIORES LOUCURAS? VAMOS TODOS MORRER. JUNTOS. ESTAREMOS LIVRES PARA FINALMENTE NOS ARRISCARMOS, NOS EXPORMOS? O FIM DO MUNDO TRARÁ O MELHOR QUE HÁ EM NÓS, OU O PIOR? RECEIOS COM FUNDAMENTO, MUDAM, E DERREPENTE, INFUNDAMENTADOS, DEIXAM DE TER LÓGICA. DEIXAM-NOS SEM QUALQUER PREVISÃO. É-NOS GARANTIDO À PARTIDA, NO MOMENTO EM QUE NASCEMOS, QUE UM DIA VAMOS MORRER. O QUE NÃO SABEMOS AO CERTO, É QUANDO. E SE ISSO MUDASSE? A MELANIE ACHA QUE O FIM DO MUNDO VAI SER UM APOCALIPSE ZOMBIE, A INNA SPYRA ACHA QUE OS SERES HUMANOS VÃO SOFRER MUTAÇÕES, CRIANDO UMA NOVA ESPECIE HIBRIDA. ESTARÃO CERTAS? APROVEITAMOS TAMBÉM, ANTES QUE O MUNDO ACABE, SEJA LA COMO FOR, PARA IR COMER UMA RABANADA FEITA NA COZINHA DOS VISUAL KITCHEN, MESTRES DA CULINARIA, DIGO, WEBDESIGN. COM ISTO DE TEORIAS E CONSPIRAÇÕES DO FIM DO MUNDO, TIVEMOS QUE DESCER ÁS PROFUNDEZAS DO LABORATÓRIO DOS IRMÃOS GÉNIOS, PARA VERMOS SE SERIA O VIRUS QUE ANDAM A FABRICAR TAMBÉM UM POSSIVEL RESPONSAVÉL PELO FIM DOS TEMPOS.A TITULO PESSOAL, SUGIRO QUE ESPREITEM O “I JUST GIVE A DAMN, UM COMENTARIO SOBRE A VALIDADE DO DESIGN”. Nuno Dias CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 5


9 Dezembro // domingo Sud-Express // Os concertos são para todos e a entrada é livre // Casa da Música

17 Dezembro // 2ªfeira Sound Clash Reggae Still Lion & Friends Armazém do Chá

24 de Dezembro // 2ªfeira Hoje os Freshkitos são a nossa prenda de Natal! // Industria 6 // www.IDIOTMAG.com

1 e 2 Dezembro // sábado e domingo Fim de semana na Capital Europeia da Cultura Optimus Primavera Club Bilhete diário 25€ // Passe geral 35€ (3 dias) Guimarães

3 Dezembro // 2ªfeira HARLEM GOSPEL CHOIR - Concerto de Homenagem a Whitney Houston horários: 21:30 Preço: 25€ a 30€ Coliseu do Porto

10 Dezembro // 2ªfeira Aproveita a segunda para ir ao cinema que é mais barato Sugestão: Amour // Drama // UCI Arrábida

11 Dezembro // 3ªfeira Steve Vai, um dos melhores guitarristas de todos os tempos vai passar pelo Hard Club Horário :21:00 Preço: 30€ Hard Club

18 Dezembro // 3ªfeira Está na hora de beber poncha, ao som do melhor rock dos anos 80 Horário: 17:00 ás 4:00 Preço: entre 3,5€ a 4€ É Pra Poncha

19 Dezembro // 4ª feira Ás quartas a música é ao vivo, com Tozé Ribeiro Porto Tónico

25 Dezembro // 3ªfeira Nina Kraviz! Preço: 10€ Gare Porto

26 Dezembro // 4ª feira Às quarta-feiras, O Shortcutz dá as melhores selecções de curtas-metragens Horário: 22:00 Preço: acesso livre Hard Club

4 Dezembro // 3ªfeira A Dª Filomena faz jus à tradição, bolinhos de bacalhau com arroz de feijão e as famosas tripas à moda do porto, são os pratos de eleição Preço: muito barato Adega Correia //Cordoaria

12 Dezembro // 4ªfeira Father John Misty // We Trust + Best Youth Horário: 21:30 Preço: 10€ Teatro Mun. de Vila do Conde

20 Dezembro // 5ª feira As famosas quintas low cost são no twins Preço: meninas 5€ e tem direito a 3 bebidas Twin’s Foz

27 Dezembro // 5ª feira A champanharia oferece uma experiência que agradará a todos os que não dispensam um bom flute de champanhe! flute: 2 a 9€. Champanharia da Baixa


5 Dezembro // 4ªfeira Coro dos Maus Alunos Horário: 21:30 Preço: 5€ Balleteatro

13 Dezembro // 5ªfeira Começa hoje o Etnias Ollin Kan, até dia 15, o festival de Músicas do mundo promete Horário: 22:00 Contagiarte // Casa da Música

21 Dezembro // 6ª feira The Happy Mothers Horário 21:30 Hard Club

28 Dezembro // 6ª feira Há sempre música, a comida é boa e os cocktails melhores ainda... Horário: 8:00 ás 2:00 OportoSound

6 Dezembro // 5ªfeira É dia de festa, o Plano B comemora o 6º aniversário com Aeroplane Social Disco Club

7 Dezembro // 6ªfeira Utopium + Besta + Local Trap + Battlescars + Nihilistic Bastard Horario: 19:00 Preço: 5€ V5

8 Dezembro // sábado A Prspct x yellow-stripe, dedica um dia aos amantes do Drum and Bass, Hardcore e Dubstep. Preço: Pré-Venda: 10€ // No dia: 12,50€ Porto-Rio

14 Dezembro // 6ªfeira Brit Floyd - The World’s Greatest Pink Floyd Show Horário: 22:00 Preço: 22€ a 35€ Pavilhão Rosa Mota

15 Dezembro // sábado Supernada. Horário: 21:30 Preço: 17€ Casa da Música

16 Dezembro // domingo Se a ideia for petiscar, o 77 encontra-se aberto até às 3 da manhã, escolhas não faltam: rissóis, pizas, paniques, todo o tipo de salgadinhos. Preço: económicos Espaço 77

21 Dezembro // 6ª feira Circus - Unleash the Hero within Inauguração da Exposição + Festa Plano B

22 Dezembro // sábado Hoje os negócios são em Italiano // Italian Business Christmas Edition DJ convidado surpresa Horário: 23:45 Gare Porto

23 Dezembro // domingo Com os preparativos de Natal o melhor é mesmo ficar em casa e encomendar uma francesinha do para casa! Horário: 20:00 ás 4:00 www.foradhoras.pt

29 Dezembro // sábado Jungle Bells Club // Tilinhos, Nuno Forte, Dinis , Armazém Do Chá

30 Dezembro // domingo Alabama Gospel Choir Horário: 21:00 Preço: 39€ Casa da Música // Sala Suggia

31 Dezembro // 2ª feira Passagem de ano? baixa e Josh Wink no Gare Porto!

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regulamento em: www.idiotmag.com CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 9


“THE CHILD MUST KNOW THAT HE IS A MIRACLE, THAT SINCE THE BEGINNING OF THE WORLD THERE HASN’T BEEN, AND UNTIL THE END OF THE WORLD THERE WILL NOT BE, ANOTHER CHILD LIKE HIM.” Pablo Casals

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Serie “The Walking Dead” 12 // www.IDIOTMAG.com IDIOTMAG


Melanie Antunes

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Dezembro é um mês com uma carga significativa muito grande, não só devido às comemorações natalícias, mas também por ser o final do ano e, portanto, a altura certa para fazer um balanço daquilo que se viveu ao longo dos doze meses. É um mês de saudosismo e de esperança. No dia 31 todos se enchem de coragem e para dar um passo em frente para o ano novo, do qual esperam mais conquistas, maior felicidade e menos problemas. Se têm estado a par das notícias e conseguir sair da orbita do vosso real umbigo nos últimos tempos, de certo saberão 14 // www.IDIOTMAG.com

que de 2013 nada de bom se espera. Quanto a 2012 o balanço só poderá ser mau, pois entre a crise económica, o furacão Sandy que atrasa o lançamento dos novos episódios de “Revenge” e a expulsão do Wilson da Casa dos Segredos por ter dado uma cabeçada no Hélio, não existe qualquer aspeto positivo a referir. Para os Idiotas desiludidos com 2012 e que receiam ter de fazer as malas em 2013 e partir para outro país, temos uma novidade: não precisam de deixem de se preocupar pois o mundo Cena do filme acaba este mês! “Armageddon”


“IT’S THE END OF THE WORLD”

Não é a primeira vez que é anunciada uma data para o fim do mundo. A Humanidade parece compelida a condenar a Terra de cada vez que esta é assolada por fenómenos, como a passagem de um cometa nas proximidades do planeta, por exemplo. Para este ano, a data prevista é 21 de dezembro, dia em que supostamente os planetas estariam todos alinhados na mesma direção. Segundo a NASA, nas próximas décadas não vai ocorrer nenhum alinhamento planetário e mesmo que tal acontecesse esse evento não teria

qualquer consequência para o nosso planeta. De facto, todos os anos, em dezembro, a Terra e o Sol alinham-se com o centro da galáxia, mas tal nunca teve nenhum efeito. Outro mito é o da existência de uma mudança polar no planeta, no final do ano. A Terra é rodeada por um campo magnético com dois polos, o sul e o norte (tal como um íman tem os polos, o positivo e o negativo), que mudam entre si a cada 400 mil anos. Essa mudança está prevista apenas para daqui a mil ou três mil anos. Além disso, não existem provas de que tal alteração possa ter qualquer consequência drástica, caso contrário, já teriam sido encontrados indícios de extin-

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mento e fomento destas teorias. Nas últimas décadas Hollywood lançou vários êxitos de ções massivas ao longo da vida terrestre. Outro fenómeno astronómico que tem es- bilheteira que retratam cenários apocalíptitado na origem de teorias apocalípticas é a cos, muitas vezes baseados em supostas tetempestade solar. A cada 11 anos o sol tem orias científicas: “O Dia Depois de Amanhã”, picos de tensão, que se traduzem em explo- “Armageddon”, “2012”, “Impacto Profundo”, sões. O próximo pico deverá acontecer entre etc. Além deste género de ficção científica a os anos 2012 e 2014, contudo, os únicos re- indústria cinematográfica também tem incengistos de danos causados por tempestades tivado o surgimento de teorias apocalípticas solares são de falhas nas comunicações de relacionadas com zombies. Aliás, 2012 foi, satélites, algo para o qual a tecnologia mais sem dúvida, o ano que o culto das histórias de zombies mais cresceu, algo que se deve à recente já se encontra preparada. A astronomia sempre foi uma área suscep- celebre série “The Walking Dead”. tível à curiosidade dos leigos, que tendem O xerife Rick Grimes acorda de um coma e depaa dramatizar os factos. Esta ciência foi am- ra-se com um hospital vandalizado. Ao sair das plamente estudada pelo povo Maia, que instalações e ao deambular pelas ruas deparatambém se encontra na origem de uma das -se com um cenário pós-apocalíptico, no qual os teorias do fim do mundo. O facto do calen- zombies dominam o mundo. Rick parte em busdário Maia terminar em 2012 levou os en- ca da sua mulher e do seu filho, lutando pela tusiastas destas teorias a anunciar o fim do sua sobrevivência e pela extinção da praga dos mundo para a mesma data. No entanto, os zombies. A terceira temporada estreou este estudiosos desse povo antigo explicaram ano e o número de fãs da série realizada por que o calendário tem um final (tal como to- Frank Darabont ainda não parou de crescer. No dos os calendários atuais terminam sempre entanto, a personagem fictícia do zombie não a 31 de dezembro), mas logo a seguir refe- é novidade para a cultura de massas. “White Zombie” foi o primeiro filme de terror a referir re o início e um novo ciclo. A religião e a comunicação de massas são o conceito de zombie, em 1932. A película, readois fatores que contribuem para o surgi-

Série “The Walking Dead” 16 // www.IDIOTMAG.com


lizada e produzida pelos irmãos Victor e Edward Halperin, contou com a interpretação de Bela Lugosi, o ator húngaro que interpretou o papel de Drácula, no filme homónimo, em 1931. “I Walked With a Zombie” (1943) é outro clássico, no qual o zombie é criado por práticas de voo doo afro-caribeanas, o que não acontece por acaso, pois nas ch), realizada e produzida por Michael culturas sul-africanas existem referên- Powell. A fantasia, o medo e o bizarro cias aos zombies como espíritos que foram sensações que levaram Romero podem voltar à vida. Já em 2011, esta a querer fazer filmes de terror. Apesar ideia volta a ser explorada nos livros de nos seus filmes abordar outras criade banda desenhada “Drums”, escritos turas para além dos mortos-vivos, foi por El Torres, desenhados por Abe Her- com estas que se consagrou no género terror. Em 1978 voltou ao mundo dos nando e editados pela Image Comics. zombies com “O Renascer dos Mortos”, A versão da criatura zombie, tal como a conhecemos nos dias de hoje, sur- considerado um dos melhores filmes giu através George A. Romero, criador de culto pela revista norte-americana do filme épico “A Noite dos Mortos- Entertainment Weekly, em 2003. Em -Vivos”, (1968), que marcou o início 1985 realizou “O Dia dos Mortos”. Em do terror moderno. Neste filme, inspi- 1990 produziu o remake de “A Noite rado na obra de Richard Matheson´s, dos Mortos-Vivos”, realizado por Tom “I Am Legend” (1954) ,e escrito tam- Savini (“The Theatre Bizarre”). Para bém por John A. Russo (produtor de além da sua vasta filmografia, Ro“The Children of the Living Dead” e mero inspirou outros realizadores e “Escape of the Living Dead”), não é produtores como, por exemplo, Dan referida a palavra zombie. Mais tarde, O’Bannon (argumentista de “Alien”, os fãs viriam a associar essa denomi- “Alien vs. Predator” e “Desafio Total”), que realizou “O Regresso dos Mortos nação àquelas criaturas. George A. Romero tem como grande Vivos” (1985), filme que introduziu o inspiração o filme “The Tales of Hoff- conceito de que os zombies comem mann”, uma adaptação da ópera “Les cérebros e de que não se interessam contes d’Hoffmann” (Jacques Offenba- apenas por carne humana. Normalmente os zombies são retratados como o produto de uma doença que os levou a morrer e a recuperar os sentidos, mesmo estando mortos. Esse vírus alastra-se pelo mundo e cria um cenário apocalíptico (“20 Dias Depois”, “Resident Evil”). Existem outras causas que podem ori-

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Filme “A Noite dos Mortos Vivos”

ginar um apocalipse zombie, para além das pandemias. No livro de Michael Crichton, “Prey”, e no videojogo da PlayStation 2 “Nano Breaker”, os zombies são criados por nanobots, robots microscópicos, criados através da nano tecnologia, que penetram no cérebro do ser humano, alterando as conexões neurais e programando-as para que o corpo responda aos seus impulsos, mesmo após a morte do ser humano. Para além dos nanobots o cérebro pode ser alterado por um parasita (como acontece no “Resident Evil IV”) como o toxoplasmosa gondii (parasita transmitido pelos gatos), que faz com que o ser humano comece a devorar a sua própria carne, sem se aperceber. Uma das causas mais prováveis de acontecer na realidade e, por consequência, mais assustadora, são as neurotoxinas. Existem certos venenos como, por exemplo, os do fugu (peixe-balão japonês) capazes de reduzir as funções corporais de tal forma, que o ser humano parece morto. As vítimas podem voltar à vida através da administração de medicamentos baseados na planta datura stramonium, que pode deixar o ser humano num estado de transe, sem memória, mas com capacidade de desenvolver atividades vitais, como comer e dormir. Este cenário é retratado no filme “A Maldição dos Mortos-Vivos” (“The Serpent and the Rainbow”), realizado por Wes Craven (“Pesadelo em Elm Street”, “Gritos”), que, por sua vez, se baseia na obra homónima de Wade Davis, um

cientista etnobotânico que investigou as práticas de voo doo haitianas e o processo de criar zombies através de venenos botânicos. No seu livro reporta o caso de Clairvius Narcisse, um haitiano declarado como morto e enterrado e 1962, que foi encontrado a vaguear pela sua aldeia, 18 anos mais tarde. Ao que parece um mestre de voo doo usou químicos naturais para trazer de volta à vida várias pessoas, que foram colocadas a trabalhar nas plantações de açúcar. Se o estudo de Wade Davis for inteiramente verdade, reconforta-nos saber que no livro os zombies não são descritos como agressivos, nem como canibais. Mais reais ainda são as histórias dos ataques de canibalismo que ocorreram em maio deste ano, nos Estados-Unidos da América. No dia 26 de maio, a baixa de Miami testemunhou um evento bizarro e arrepiante: um homem nu comeu a cara de outro homem. O atacante, Randy Eugene, foi alvejado pela polícia quando já tinha devorado os olhos, o nariz e as orelhas da vítima, um sem-abrigo. Dias depois, as autoridades de Nova Jersey foram chamadas para salvar um homem que se encontrava barricado no seu quarto com uma faca, com intenções de se magoar. Assim que a polícia entrou no quarto, Wayne Carter começou a esfaquear o seu abdómen, pescoço e pernas. O homem, enfurecido pela tentativa da polícia de o fazer parar, começou a atirar partes da sua pele e dos seus intestinos aos polícias, que acabaram por se

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filme “Dawn of the Dead

retirar do quarto, para solicitar a intervenção de uma equipa SWAT. Estes agentes conseguiram convencer Wayne Carter a parar e conduziram-no para o hospital. Na mesma semana, Alexander Kinyua, estudante na Morgan State University, confessou ter morto o seu colega de quarto com uma faca e ter ingerido o seu cérebro e o seu coração, após o desmembrar. É desconhecida a origem de tais comportamentos, mas uma das causas poderá ser a ingestão de sais de banho, pois são um produto que contém substâncias alucinogénias que podem levar a um estado de euforia, mas também podem causar ataques, taquicard i a , paranoia, alucinações, violência e morte. Apesar da advertência nas embalagens de que se trata de uma substância imprópria para consumo, marcas como Kush Blitz, Lovey Dovey, White Lightning e Euphoria já foram consumidas por humanos. 20 // www.IDIOTMAG.com

Em 2010, os centros de controlo de intoxicações dos Estados-Unidos registaram 302 pedidos de ajuda por ingestão de sais de banho. No primeiro trimestre de 2011 essas chamadas aumentaram para 784. A tentativa de suicídio é uma das causas para a ingestão desses produtos. Normalmente, os sobreviventes desses casos ficam com perturbações psicológicas a longo prazo. Durante o mês de maio também se registaram alguns casos de alunos com erupções cutâneas, o que contribuiu para aumentar o alarido em torno de um possível apocalipse zombie. O culto destas criaturas já existe há várias décadas, mas graças à propaganda hollywoodesca, o que parecia ser apenas uma legião de seguidores de filmes e de teorias daí resultantes, tornou-se numa moda. Se no último Halloween, as corriqueiras bruxas e os habituais vampiros deram lugar a máscaras de zombies, esperem pelo próximo Carnaval, onde de certeza não vão faltar humanos disfarçados de mortos-vivos.


Quanto ao fim do mundo, não existe nenhum dado científico que aponte para o dia 21 de dezembro. No entanto, não tardará muito a surgir outra teoria apocalíptica, possivelmente baseada nos zombies. O masoquismo destes pensamentos que condenam o mundo e a humanidade devem-se, provavelmente, à insatisfação perante o mundo e a sociedade atuais e à vontade de recomeçar do zero. A oportunidade de

participar na criação de um novo mundo ou de uma nova forma de existência é ao mesmo tempo assustadora e aliciante. No final de contas, já todos nós nos imaginamos na pele de Rick Grimes ou de Alice (personagem principal do Resident Evil interpretada por Mila Jovovich), de shotgun na mão, com um aspeto badasss, a matar multidões de zombies. Quem sabe esse dia não está mais próximo do que julgamos. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 21


PUBLICIDADE Através da atividade desenvolvida no mercado ibero-australiano o SURF tem vindo a evoluir drasticamente em termos de malabarismos e acrobacias dignas de quem faz por gosto a ligação entre o oceano e toda a fauna existente e por desvendar em mercúrio. Gastronomicamente a lua é vista como uma trufa de cabelo acabada de barbear sólida restrita e bonita combinando as mais valias que a sua nacionalidade traz para o mundo. Efetivamente vivemos numa época d.c. complexa onde a matemática é o fruto e alegria de muitas sopas de letras sopas essas que por vezes vêm em pó ou concentradas em pacotes de leite frios que não deixam as bactérias viver em paz e sossego. Sossego esse que pode ser obtido através da fermentação da cerveja enquanto se compra umas botas para fazer CAMINHADA na Serra de Valongo. A nível desportivo toda a flora intestinal trabalhada pela consecutiva alimentação nórdica faz com que os pelos dos braços fiquem ruivos tornando os ciclistas da Bélgica e Holanda uns bons pedalistas devido ao efeito borboleta que as correntes do golfo arrastam de modo a fazer de Portugal um dos melhores países para fazer BODY BOARD já que as ondas são grandes e a energia feita a partir delas devia dar para alimentar o país de cima abaixo e de um lado ao outro sem que houvesse dores de dentes!

Dentes esses que permitem que o desporto seja uma forma de fomentar o crescimento do cabelo nos carecas e assim promover a ESCALADA da batata como um gás. Este tipo de atitude pró-ativa levará também a que as pessoas comecem a olhar duas vezes quando atravessam a rua a fim de tentarmos combater o abate de árvores nos sótãos e o trânsito nas gavetas. Por outro lado, as correntes socioeconómicas disruptivas defendem que a população mundial caminha rumo à extinção, perspetivada num horizonte temporal de alguns anos, mas não muitos, pelo que é recomendável

que desde já se proceda – individual e coletivamente – à recolha e ao armazenamento de todos os bens indispensáveis e alguns absolutamente acessórios, podendo esse armazenamento ter lugar numa caixa a ser escondida em parte incerta, em momento oportuno. Tal, é particularmente interessante se considerarmos que esse processo dará origem à atividade de GEOCACHING quando as gerações passadas encontrarem as caixas e se derem ao trabalho de as referenciar para procura futura pela geração de amanhã, que é a de hoje.

Não percebeste? Nós também não...

SAI DO SOFÁ!

DESPORTO

GRÁTIS

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VK Chefs por VK 24 // www.IDIOTMAG.com


A IDIOT MAG ESTE MÊS DECIDIU VISITAR O ESTUDIO DOS VISUAL KITCHEN, ONDE SE COZINHA DO MELHOR WEBDESIGN QUE SE PODE ENCONTRAR! SE EXISTISSEM ESTRELAS MICHELLIN PARA O WEBDESIGN, JÁ TINHAM UMAS QUANTAS. FOMOS ATÉ SANTA CATARINA COMER UMAS RABANADAS COM O FREDERICO ALMEIDA, FICAM AQUI O REGISTO DESTA ANIMADA CONVERSA: Nuno Dias

Como surge a Visual Kitchen? E o nome? Devem ser “bons garfos”. A agência surgiu em 2009, quando eu e o Tiago Braga nos juntamos para conversar sobre alguns projectos e planos para o futuro. A principio iria ser uma produtora, mas cedo percebemos que uma agência de comunicação era o rumo a seguir. Já o nome, surgiu em tom de brincadeira numa conversa de café, não deu azia e decidimos apostar nesse conceito. Escusado será dizer que passamos o dia em trocadilhos culinários, “Bota-me ai o olho ao pdf que está quase pronto!” ou “Esta cor está um bocado insossa”. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 25


Sabemos que a vossa cozinha tem vários cozinheiros, como funciona a vossa VK? A VK conta já com uma equipa excepcional, sempre em crescimento. Todos os nossos projectos nascem de um trabalho de equipa, onde o programador não se limita só ao código, e o designer não se limita só à estética. Percebemos muito cedo no nosso processo que o contributo de cada um é crucial e que os projectos ganham uma dimensão excepcional quando não existem limites à criatividade. Os vossos sites são um escape ao tradicional: intuitivos e de uma leitura completamente diferente. Como é o processo de desmaterialização de um site tradicional para um site à VK? O truque é pensar num site não como um site, mas sim como uma extensão natural de um projecto qualquer. Ou seja, existe um conceito base que é trabalhado e que depois se materializa em várias vertentes, que podem ser um site, um anúncio ou até um livro. É importante para nós que os nossos trabalhos tenham uma base conceptual bem delineada, assim é mais natural o conceito desdobrar-se em várias coisas diferentes. Depois, e no caso de um site, é preciso ter em consideração a experiência do utilizador e dar-lhe o que ele quer, também ajuda testar, testar e testar mais um pouco. O vosso site, e o que desenvolveram para o Walk & Talk, foram galardoados nos CSS Web Design Awards, entre vários outros. Como é ver o vosso trabalho reconhecido além fronteiras? É sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido, dá-nos uma confiança maior, eleva a fasquia para novos projectos e também reforça a confiança que os nossos clientes depositam em nós.

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Site “Walk & Talk”


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Sabemos que no Walk & Talk o vosso trabalho não passou apenas pelo webdesign, mas sim por uma muito maior aventura. Como estão realmente envolvidos neste evento? Foi de facto uma aventura, em terras açorianas! A Visual Kitchen assinou todo o design de comunicação do festival em 2012, tendo criado todos os materiais gráficos do festival - programa, sinalética, viaturas, facebook e outros, os spots para a TV e para a web e também o website. É um projecto único em Portugal, e tivemos muito orgulho em fazer parte do movimento Walk&Talk. Para além de organizações culturais, também trabalham com empresas como o Pingo Doce e a RTP. Como é trabalhar para instituições tão diferentes? Como encaram, por vezes, limitações e visões completamente diferentes entre o cliente e o criativo? Temos que os encarar como clientes iguais, porque os seus objectivos são os mesmos. Ambos têm uma mensagem a passar, que pode ser mais ou menos comercial, e é o nosso trabalho fazer passar essa mensagem da forma mais memorável possível. Na indústria criativa, muitas vezes o cliente vem já com uma ideia muito concreta daquilo que quer e normalmente quer participar activamente na criação do projecto, o que para nós é óptimo, visto que encorajamos o cliente a estar presente e a desenhar connosco o que será a sua comunicação. As lutas entre clientes e criativos, bem como a luta entre copywriter e designer, account e criativo, são coisas do passado, vivemos no mundo da imagem, e todos podem contribuir para um projecto melhor, independentemente do seu background ou experiência profissional.

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Visual Kitchen Studio na Rua Santa Catarina


Tocando num tema actual, a crise, afecta o mercado do webdesign? Crise, que é isso? Come-se? Estão em constante inovação e numa incansável procura de novos meios, tecnologias e suportes. O que andam a preparar? Que novas receitas nos estão a preparar na vossa cozinha? Esta premissa é quase a espinha dorsal da VK, estamos neste momento muito focados em projectos no campo digital, como aplicações móveis, publicações digitais e outras surpresas que ainda estão no forno :)

Já agora, e visto que este mês (Dezembro) o mundo vai acabar, alguma mensagem que queiram deixar no ar? Antes do mundo acabar, podem sempre passar na VK, na rua de Santa Catarina, para comerem umas rabanadas.

www.visual-kitchen.com Rua Santa Catarina, nº 190 2º Frt. Porto //+351 222 080 894

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“the end of the world”

MONSTERCOCOON Life as you know, will never be the same. Look around Be affraid and run as far as fast “They look so quiet and inoffensive” But remenber... This specie contains human genes, they think, they are extremily gifted by an extraordinary power of psycologic manipulation, also their bodies are capable to mutate. They represent a new hybrid specie, between us and cientific super us version. This is a warning #spyrart 32 // www.IDIOTMAG.com


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NATAL NÃO É PARA IDIOTAS Ir a Natal, que seja no Natal. Nunca, mas nunca se metam a viajar para o Brasil na altura da Páscoa. A Idiot teve de aturar vários grupos de adolescentes histéricos em viagem de fim de curso. “Com sorte não vão para o nosso hotel”, pensámos nós. Azar dos azares. Os mais fraquinhos que levem uma máscara de O2. Em Natal, respirar é uma tarefa hercúlea. Só se safam os idiotas que não transpiram, nem a correr a maratona de Lisboa. Nos autocarros de turismo das agências de viagens ( malditas!), aconselhamos o uso de

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headphones. Senão levam com a Ivete Sangalo aos gritos, com uma guia turística a ditar regras para as férias, as pulseiras verdes que têm de usar para não se perderem, os horários que têm de cumprir. Bla bla bla. Não fosse a banda sonora, íamos jurar que tínhamos ido para um acampamento da comunidade Taize. Onde também já estivemos, por acaso, mas isso é outra história. Guia de conversação rápido com a guia: “Estamos no Brasil e queremos curtir. Não queremos andar com o rebanho, obrigada”. E ala que se faz tarde. Em Ponta Negra, a água do mar, escurecida e


quente como sopa, está cheia de miúdos surfistas. Às 8 da manhã, a praia já tem imensa gente e o calor arrasa. Há vendedores de água jão verde, a macaxeira, a farofa ou paçoca, a de coco e emigrantes a vender marroquinaria tapioca, a carne de sol (salgada) e os doces de 5 em 5 minutos. Enquanto degustamos a abundam nesta mesa. Frutas e sumos locais, nossa primeira água – que viria a ser vomita- bolos e tortas de jerimum (abóbora), canjica da mais tarde no autocarro – reparamos num (doce de milho ralado) e mungunzá (milho grupo de polícias a brandir os cassetetes em cozido em leite) são algumas referências na direcção ao horizonte. Um grupo de miúdos cozinha nordestina. tinha acabado de assaltar um turista e dois Um local a visitar no estado Rio Grande do deles entraram no mar para fugir. Ao fim de Norte é o parque turístico ecológico Dunas 15 minutos, os putos acabaram por ceder e de Genipabu, a 20 quilómetros de Natal, regressar à margem, cansados de nadar. Cus- onde podem ver dromedários nas dunas e ta ver aquilo. “Estamos no Brasil, isto é fre- fazer uma série de desportos aquáticos “radicais”. Já ouviram falar da aerobunda? Nós quente”, desdramatiza o agente. A rua dos restaurantes, à beira-mar desde a fizemos e recomendamos. praia de Ponta Negra até ao morro do careca, Não há nada que pague uma viagem a este enche-se à noite de turistas e de prostitui- país. Mas não esqueçam: uma vez instalados, ção juvenil. Ali enquanto provamos a batata esqueçam as agências e façam como a Idiot doce - e comemos uma salada lavada com Mag. Contratem um taxista/guia – há vários água “engarrafada”, dizem eles - ouvimos nos hotéis a preços módicos se dividirem por miúdos de 14 anos soltarem gargalhadas in- um grupo - e explorem o verdadeiro Brasil. sultuosas a quem não quer pagar por sexo. “ Que não está nessas brochuras publicitárias nem em packs promocionais. Vão descoPortuguês? Nem de graça te fazia”. brir ilhas escondidas da rota turística, fazer O centro histórico de Natal, de traça colonial mixada com neo – clássica, art- déco e moder- wakeboard com tábuas rudimentares, a tal nista, está repleto de relíquias arquitectónicas aerobunda nas lagoas, cantar com músicos que convém recordar nos postais. Espreitem o enquanto atravessam o rio, ouvir histórias de centro de turismo, o palácio Filipe Camarão, a um povo caloroso e hospitaleiro, comer nas igreja matriz de Nossa Senhora da Apresenta- suas casas. Perguntem a quem sabe. ção, o Teatro Alberto Maranhão entre outros. E já agora. Sejam idiotas luso-brasileiros tamA gastronomia é do melhor e os temperos bém no trânsito. Quando estiverem parados deixam saudade. O peixe, o marisco, o fei- no semáforo, não queiram fazer o papel do turista simpático com os putos que vos abordam para “pedir” dinheiro. É só um conselho.Tish

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O nome não engana, nem tão pouco deixa margem para duvidas, LJLounge AKA Lysergic Joy Lounge é um projecto cool lounge e com várias fusões que dão vida a melodias tão particulares quanto especiais. Joy mergulhou neste projecto em 2008, e foi nesse mesmo ano que saiu a primeira versão do Vídeo Clip no Porto, criado por Miguel Januário e Paulo Castilho da Uptown. Um ano depois, em 2009 temos então a edição do EP, e em 2011 o álbum salta para os principais sites de venda como o ITunes, O NOME NÃO ENGANA, NEM TÃO Amazon, Nokia, entre outros. O formato físiPOUCO DEIXA MARGEM PARA DU- co vem em 2012 com a edição de “Oporto UrVIDAS, LJLOUNGE AKA LYSERGIC ban Chill “ em CD e DVD. O álbum foi gravado e masterizado no Boom Studio (actual estúJOY LOUNGE É UM PROJECTO COOL dio do Pedro Abrunhosa) pelo João Bessa. E LOUNGE E COM VÁRIAS FUSÕES acontece assim a materialização de 4 anos QUE DÃO VIDA A MELODIAS TÃO de processo criativo, gravação e edição. Todas as músicas foram compostas e tocadas PARTICULARES QUANTO ESPE- por si, excepto a musica “Cocoon” em que a CIAIS. Marisa Martins sua criação teve a ajuda do Pedro Aguiar. Joy é um fã assumido de música electrónica, mas ouve literalmente todos os estilos de música. “ E de forma alguma replico por prazer quase todo o tipo de música também.”- Diz-nos. No que toca a influências, as mesmas tornam-se óbvias quando falamos com ele ou ouvimos as suas criações, tais como: Kruder&Dorfmeiter, Thievery corporation, Massive Attack ou Zero. Depois há aquelas que podem ser menos obvias, mas estão lá,

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“Este é um projecto com vários artistas envolcomo : Rene Aubri , heitor villa lobos ou Da vidos , que o musico faz questão de mencionar como forma de agradecimento. Damn Phreak Noize Phunk. Quando falamos de instrumentos é fácil per- “ Lagoa, que participa na musica “Developing” ceber que a menina dos seus olhos se chama tocando Didjiridu e percussões na maioria dos Guitarra Clássica. “ Sou apaixonado pelo som, concertos LJLounge, juntamente com Gualter pela vibração, pela forma como se envolve Monteiro e António Silva. a guitarra no corpo. Daí a presença forte da ExPeão dos Dealema participa na música guitarra no álbum.” – Acaba por confessar-me “Quando a Chuva Cair”. Excelente musico e profissional com quem conto voltar a poder com um evidente brilho nos olhos. Como o nome diz, este é um álbum dedicado participar brevemente. à cidade do Porto. Primeiro porque foi onde Marine dos Limbo, que era vocalista no meu nasceu, e depois foi no Porto que viveu a anterior projecto com Pedro Aguiar, que maior parte dos momentos que inspiraram o para além de um grande amigo é também um grande compositor em expansão. A múprocesso criativo do álbum. Para além da sua cidade o autor inspira-se sica “Cocoon” vem ainda desse projecto. no dia-a-dia, nas pessoas, no urbanismo da Eduardo Dias da companhia de Teatro Abenatureza e como não podia deixar de ser na lha Acrobática, acrescenta ao Álbum uma participação muito especial ao declamar música que “consome” diariamente. A criação musical é também para si uma for- um poema de uma forma muito própria e ma de retratar e muitas vezes superar emo- intimista na música “Sombra e Luz “, e por fim Rui Lourenço que participa nas músicas ções e momentos da sua própria pele. Como referi acima, esta é uma obra de fusões “Every Time” e “How your feeling” . “ múltiplas que vão desde o Chill out ao House Projecto actuais para além LJLounge: passando pela Acid music e Drum&Bass até Produção de temas House e Techno com DJ à música erudita e experimental. Temos aqui Yassine Peixoto (Joy&Yassine ) e também uma mistura arrebatada, quase ardente, do com os Freshkitos . electrónico com o acústico. E sentimo-lo de Produtor e Masterizador na Label portugueforma espontânea, quase transversal, nas so- sa Filter&Pitch “ noridades ambientais que são acompanhadas por instrumentos acústicos. Então torna-se Facebook.com/ljlounge fácil que nos sintamos directamente “telepor- Soundcloud.com/ljlounge tados” para uma atmosfera forte, envolvente, relaxante e com uma certa dose de sedução . Fotografia: Tiago Silva CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 47


Faz-se ao mar no dia 7 de Dezembro a primeira edição da Freima Labs. A compilação de arranque intitula-se “Weather Forecast” e é de facto uma previsão meteorológica do futuro próximo, apresentando alguns dos principais artistas da editora, bem como as tendências mais actuais da electrónica de dança portuguesa. Focada sobretudo no Techno e no House, a compilação abrange no entanto uma multiplicidade de outros géneros como Nu-Disco, Jungle ou Punk-Funk, deixando transparecer um bizarro sentido de unidade na diversidade. Com alguns dos mais talentosos artistas nacionais ao leme, “Weather Forecast” traça um rumo bem definido de Portugal (com amor) para o Mundo. A compilação solta as amarras com uma refrescante faixa de Deep House do produtor Trikk, e afasta-se ao sabor do vento em direcção ao Tech House altamente físico de Miguel Torga e dos Stereo Addiction. Lança então a âncora por breves momentos junto à cidade de “Oporto” – uma faixa 48 // www.IDIOTMAG.com

com sabor a Jungle da autoria de Infestus, onde o Space Disco e o Dubstep Tropical se juntam para beber uma caneca no bar do cais. De novo a favor da maré, até os mais empedernidos piratas esboçam um sorriso enquanto dançam ao som da sublime faixa “Abbacab” de Ludovic. Se as duplas Photonz e Voxels ajustam o rumo em direcção às mais virgens praias com dois temas que prometem fazer abanar o barco, os Freimatic quase afundam o navio com uma inesperada combinação entre Techno, Fanfarra e Fado. Perdidos em alto-mar e rodeados de tubarões, os destemidos marinheiros hasteiam então a bandeira de guerra e preparam-se para a abordagem ao toque dos primeiros acordes do tema “Sexy Cyborg Shark Dance” dos Jesus K & the sicksicksicks, que prometem não deixar pedra sobre pedra por onde quer que se façam escutar. Pixel82 conhece bem os nós de marinheiro, e tem toda a razão quando diz que “Tomorrow is Another Day”, já que um porto de abrigo protege o


navio da tempestade com esta faixa capaz de abalroar até os melhores clubes. E à medida que o sol volta a brilhar, fazemo-nos de novo ao mar, flutuando suavemente ao som aconchegante e promissor do tema “Rare Jewels” de Mirror People. “Weather Forecast” é uma colecção de alguns dos mais frescos sabores electrónicos portugueses do momento, reunindo uma multiplicidade de géneros e autores sob um selo de qualidade e gosto. Se até já conseguem sentir o cheirinho a mar, acertem as bússulas e naveguem em direcção a www.soundcloud.com/freimalabs [1], onde podem ouvir a compilação na íntegra e descarregar gratuitamente a primeira faixa da colecção Freima Free – “Emotional Runner” – oferecida pelo produtor Lukkas para assinalar este primeiro lançamento da Freima Labs. Hugo Branco [1] http://www.soundcloud.com/freimalabs [2] http://freima.com/ [3] http://facebook.com/freima [4] http://soundcloud.com/freimalabs

Fotografia: Edgar Libório Design: Borboto CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 49


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Este mês falamos da Wrong Weather! Para quem não conhece “é uma loja de moda e lifestyle para o homem contemporâneo”. Uma das lojas mais completas que já vimos, com uma variedade de produtos e seleção eclética de marcas, entre elas Kenzo, Stephan Schneider, Comme des Garçons, também com marcas de calçado como a Common aqui sempre em peças pontuais. Projects, Filling Pieces e Oficine Creative, e Na estação Outono / Inverno 2012 apretambém uma vasta gama de Perfumes com sentam pela primeira vez a marca com uma a marca francesa Histoires de Parfums e a coleção própria, para ser vendida na loja e linha inglesa de skincare D.R. Harris. internacionalizar a marca, que se identifica A Wrong Weather, abriu há 3 anos, no dia 11 com peças casuais e fáceis de vestir e coorde Setembro na Rua da Boavista, mesmo ao denar, mas com design 100% nacional, intelado da Casa da Música. ligente e de alta qualidade; a um preço mais É uma loja que procura proporcionar experiências. acessível. Algo curioso sobre esta coleção, é Com um target muito vasto, a Wrong Weather o facto de algumas peças terem nomes das chama clientes de todas as faixas etárias, ruas da invicta; algo divertido e único não só mas com algo em comum: são homens que para os portuenses mas principalmente para sabem aquilo que querem. Desde as peças os que por cá passam. mais clássicas como relógios e malas até às Como eu disse a Wrong Weather proporciona peças mais inovadoras de moda e design. experiencias, por isso tem uma galeria de exTambém possui marca própria, que tem vin- posições de fotografia, escultura, vídeo e perdo a ser desenvolvida, pela Wrong Design, o formances. Entre elas está a primeira e única estúdio do qual surgiu a Wrong Weather, até exposição em Portugal de Bruce La Bruce e outros nomes de peso como Katrina Del Mar, Perdrag Padjic, Mustafa Sabbagh, Christian Zucconi e Konstantinos Menelou, por isso mantenham-se atentos são acontecimentos que não se podem perder. Ana Anderson

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Mal saí de casa, de máquina em punho, encontrei o Alberto Almeida. 42 anos, com um estilo descontraído mas cuidado, estava a vir do trabalho. Mais uma vez dei de caras com um fotógrafo, desta vez de bandas o que me gerou logo alguma curiosidade. Entre opiniões e experiências trocadas, descobri que tinha passado uma temporada em Inglaterra, onde trabalhou com nomes como Prodigy e James. Já por cá trabalhou com os Clã, o que é altamente! Fico cada vez mais surpreendida com as pessoas que encontro; em qualquer rua do Porto há pessoas interessantes, com sabedoria gratuita, e basta apenas dizer “olá”! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 53


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SUBINDO AO PRIMEIRO ANDAR DA “PARA SEMPRE TATTOOS”, NA PRIMEIRA LINHA DO MAR, FUI ENCONTRAR CÉSAR, O ILUSTRADOR DESTE MÊS PARA A IDIOT MAG. PENSÁMOS EM VARIADÍSSIMAS RAZÕES , E TENTÁMOS PERCEBER SE TERIA LÓGICA QUE TAMBÉM UM TATUADOR PUDESSE DAR ASAS À CRIATIVIDADE E ILUSTRAR A REVISTA DESTE MÊS. CHEGÁMOS À CONCLUSÃO DE QUE NEM TERIA SENTIDO SE ASSIM NÃO FOSSE. UM TATUADOR É UM ARTISTA, E UM ARTISTA DEVE SEMPRE ESTAR PREPARADO PARA NOVOS DESAFIOS. Mariana Ribeiro E CÉSAR PARECIA NASCER JÁ PREPARADO. 56 // www.IDIOTMAG.com


César Figueiredo começou a tatuar em casa com 18 anos – passaram vinte até ao momento em que falámos com o artista para que esta página da Idiot Mag se tornasse possível. Era o período da pouca ou nenhuma informação da tatuagem, onde não havia revistas, internet ou qualquer outro meio que pudesse difundir esta arte corporal, tão pouco usada no nosso Portugal. Não sabia nada, “praticamente nada” sobre tintas, técnicas ou agulhas. Foi apenas no ano de 93 que César comprou a primeira - a primeira de todas – revista de tatuagens que lhe veio abrir os seus horizontes, principalmente quando nessa mesma revista se deparou com um kit de tatuador. Vinha dos Estados Unidos, o que dificultou muito o processo quando se apercebeu que nem para a Europa era feita esta distribuição. Nada feito. Passados mais uns anos de um ligeiro desespero, de ver uma arte tão longínqua, tanto em termos técnicos, como

ideológicos, surge-lhe da mão de um amigo o jornal “Blitz” (n.r. jornal de culto dos anos 80 onde eram divulgadas as novidades na música) , onde teve a felicidade de reparar que nos classificados, no meio de todo a compra e venda de instrumentos musicais, aparecia um anúncio de uma máquina de tatuar à venda em Portugal. Eram tempos negros, e este classificado tornou-se “um achado”, um “tropeçar no euromilhões”. E tornava-se um segredo que não se partilhava com mais ninguém, o saber onde se podia encomendar uma máquina. Havia pouca concorrência, mas a que havia era feroz. Escusado era bater à porta de um tatuador e dizer-lhe “olhe, se faz favor, onde arranjo uma máquina igual à sua?”. Por volta de 94, com alguns destes obstáculos ultrapassados, já César estava a montar o seu primeiro estúdio, em conjunto com amigos, uma loja “multifacetada”, não só de tatuagens, como também vendia discos, roupa CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 57


usada e merchandising, mas que César definia um pouco como “o mercado negro”. Aparecendo, então, novos obstáculos, na loja e na sua clientela começou-se a notar vários problemas estruturais, como - mais uma vez - a pouca informação relativa a esta modificação corporal. E, além disso, como a loja não dependia somente deste negócio, passado um ano César retornou a sua actividade em casa para amigos. Foi neste período, que durou até 99, que César cresceu exponencialmente como tatuador e o seu trabalho passou a contar com alguns reconhecimentos. A partir deste ano, César, com as ba58 // www.IDIOTMAG.com


terias carregadíssimas, decidiu “voltar à cena”, e assim se mantêm até ao momento em que me sento a ouvir o testemunho deste artista, no seu próprio estúdio, acompanhados de uma banda sonora de “tzzzzzzz tzzzzzzz tzzzzzzzz” e a pele onde César apoia a sua agulha. César gosta mesmo do que faz. Começou com um amigo, passou a ser sozinho e voltou a juntar-se, desta vez com a mulher, Paula. De 99 até hoje, César instalou os seus estúdios “Para Sempre Tattoos” na Rua do Almada, no Invictus de Passos Manuel, em Santa Catarina e, agora e finalmente na Avenida Brasil.

Em relação à visão que tem desta área, César afirma que já viu várias alterações, bem como as visões desta arte se foram alterando ao longo do tempo. Quando começou, César tinha um público muito específico, de uma onda mais alternativa. Hoje, aparecem-lhe pessoas para tatuar de todos os feitios e gostos. Explica que antes quem ia tatuar ia para “ter uma tatuagem”. Hoje, as pessoas sabem melhor o que querem, que estilo querem e porquê. César apoia que talvez seja por esta alteração de valores que a dimensão (e quantidade) da tatuagem hoje em dia também acaba por ser maior. Tem sorte e talento. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 59


E esta mistura faz com que este artista conte com dias carregadíssimos de clientes. Na Para Sempre Tattoos, um lugar cheio de luz e testemunho maior de que o sol se põe no mar, César Figueiredo diz que é como os cozinheiros confinados à sua cozinha. E a melhor de todas? Não se importa mesmo nada.

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“WHENEVER A TABOO IS BROKEN, SOMETHING GOOD HAPPENS, SOMETHING VITALIZING. TABOOS AFTER ALL ARE ONLY HANGOVERS, THE PRODUCT OF DISEASED MINDS, YOU MIGHT SAY, OF FEARSOME PEOPLE WHO HADN’T THE COURAGE TO LIVE AND WHO UNDER THE GUISE OF MORAL- ITY AND RELIGION HAVE IMPOSED THESE THINGS UPON US.” Henry Miller

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*aviso antes de ler, a pedido do editor, nesta crónica pululam obscenidades e relatos para maiores de 18… tabuísmos… “consensual [kõseswált]. adj. m. e f. (De consenso + suf. –al). 1. Que tem o consentimento e o acordo de todas as partes envolvidas, que diz respeito a consenso. contracto+ consensual. 2. Que depende da conformidade de opiniões ou sentimentos; que depende de consenso. Adv. consensualmente. consensualidade [kõseswalidádi]. s. f. (De consensual + suf. i-dade). Qualidade ou carácter do que tem o consentimento e acordo de todas as partes envolvidas, do que é consensual. sensual1 [seswál]. adj. m. e f. (Do lat. sensualis). 1. Que é relativo aos sentidos. ≈ SENSITIVO. Impressão sensual. 2. Que procura o prazer dos sentidos. ≈ LASCIVO, LÚBRICO, VOLUPTUOSO. (…) 3. Que satisfaz ou lisonjeia os sentidos. Prazeres sensuais. 4. Que provoca desejo sexual; que manifesta ou desperta sensualidade. (…) 5. Que é relativo ao amor físico ou à sensualidade. Amor sensual. sensual2 [seswál]. s. m. e f. (Do lat. sensualis). Pessoa dada ao prazer dos sentidos, à lascívia ou sensualidade. ≈ LIBERTINO.” in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, 2001

Cassandra, a mestra que a tinha ensinado, a primeira das mãos de camurça no corpo nu de Patrícia, do sorriso enigmático que escondia travessura ou castigo, do latex esticado e do couro bem curado, a mistress da lisonja dos sentidos. Tinham-se conhecido há quatro anos num salão de chá, por entre jasmim e verde e o peso de uma infusão frutada. Patrícia olhava-a por entre o fumo do cigarro negro, tudo negro, a contrastar com a claridade de uma pele que não deixava adivinhar nem idade, nem carácter. C. era tudo o que Patrícia não era, fria, reinava o silêncio de qualquer espaço onde se encontrava, segurando tudo com um pulso firme. Nenhuma das duas adivinhava que o mesmo pulso firme, com firmeza, levaria P. a um, dois, três orgasmos, horas depois, seguidos enquanto comandava os dedos na sua cona. Foi ela a primeira a fazê-la ejacular. Mas antes de tudo, foi a primeira a fazê-la sentir na carne quente o aperto ligeiro das cordas, o cheiro a jute e pele curtida, a deixa-la presa, á mercê, despida, naquele quarto branco e vermelho. Talvez Cassandra soubesse desde o primeiro momento em que pôs os olhos naquele misto de mulher criança, coberta de cores e desastre, tão encontrada quanto perdida. Não demorou meio chá para que estivesse sentada na sua mesa, a contar meia vida, tensa, corada, à espera do convite pedido. Ansiosa pela ordem para subir. Contou-lhe em voz pausada do prazer dos sentidos, contou-lhe em frases estanques e controladas do Bê, dos dois Dês, dos dois Esses e do Mê final. Em minutos, Patrícia, lasciva e curiosa, entregou-se. 64 // www.IDIOTMAG.com

No quarto incidia luz branca, sol de tarde alta indirecto, tudo claro e em cima da mesa, e, no canto do quarto saiu de um saco de viagem negro, para cima da mesa de canto, um a um, itens detalhados explicados enquanto se aguardava, esperava o que se seguia. Explicar-lhe tudo tornou-se parte do jogo das duas. Uma cana de carbono, duas canas de carbono, três canas de carbono, cada uma com diferentes espessura, flexibilidade e comprimento. Sentiria em pouco tempo as marcas de todas elas enquanto era vergastada nas coxas, ocasionalmente punida no clitoris, magoada nas mamas enquanto sentia o silicone que as revestia a todas repuxar nos mamilos rodados. Seguem-se os látigos, que fustigariam o fundo das costas, entre pernas, a rata, quando tempo depois encostada ao mesmo canto, de pé ao lado da mesa, de pernas bem abertas, sentia o corpo dela a pressioná-la contra a parede, entre o cheiro áquela pele grossa e negra e ao creme que trazia. De cheiro mais intenso, do aroma que lhe correu a carne e lhe viciou os sentidos, saiu a corda de jute que lhe cruzou os braços atrás das costas, de punhos fechados numa entrega de guerreira, que mais tarde lhe atou as mãos em cada lado da cama e a outra que lhe segurou as pernas no mesmo momento abertas e disponíveis pela barra de ferro que saiu logo a seguir do mesmo saco, e não a deixou fechar as pernas. A barra, brilhante e fria, tinha nas terminações dois punhos de couro com pequenos aluquetes, esses punhos eram tornozeleiras que a deixaram estendida, com as pés afastados à medida por C requerida, em águia alastrada, à mercê de tudo o mais que ficou naquela mesa pousada. Um plug, que constantemente por trás a penetrava, sem autorização para sair do rabo horas antes macerado pelas mãos de C., dois ou três dildos e vibradores, nunca tão usados para a penetrar quantos os seus dedos que robustamente e em todas as posições a invadiam cobertos por luvas de silicone. Os lubrificantes, que tudo isto permitiam. E aquele potente estimulador, ligado à corrente eléctrica, encostado ao seu clitoris vezes sem conta enquanto era forçada a pedir, implorar, licença para se vir. Mas antes de tudo, no fim do saco vazio, sairam umas luvas de camurça. As luvas que cobriram as mãos que primeiro a acariciaram e no fim lhe assentaram na face por não obedecer. As mãos que a guiaram no travo estranho dos prazeres de pele, que seguraram tudo o que lhe deixou marcas de dias na pele, as mãos que lhe ensinaram que ao chegar ao espaço interior onde se perde toda a demanda, não interessa quem manda e nesta perca em consenso da liberdade de um dia se descobre uma, duas libertinas, que à vez mandam, obedecem, aprendem e ensinam. Da vossa e desta vez boa menina,


Carmo Gê Pereira é um projecto ligado à sexualidade feminina portuguesa, prima pelo empoderamento sexual, e por querer desmistificar o que à milénios andamos a fazer: sexo! Carmo Gê Pereira deseja que todas as identidades de género e orientações sexuais, seja quais forem os preferidos comportamentos, possam ter todo o prazer que querem alcançar, ou um pouco mais. Carmo Gê Pereira são tardes bem passadas a aprender as artes do amor e foder, todos os dados para podermos testar e arriscar em segurança sexual, emocional, física e afectiva as nossas mais intímas fantasias. É um serviço de consultadoria sexual e erótica, aconselhamento de brinquedos a filmes, é textos e reviews de livros e lubrificantes. Carmo Gê Pereira são mais que produtos, é informação! São as novidades no enxoval para o ócio adulto e os conselhos preciosos para o seu melhor uso.

Convido-vos à nova página de facebook e ao novo site, onde poderão ter acesso aos workshops, eventos, novidades em enxoval para o ócio adulto, notícias e artigos sobre sexo, sexualidades e tendências nas áreas do erotismo e saúde sexual e proceder à marcação de reuniões domicíliárias de demosntrações de sex toys e toda a parafernália erótica desejada da Academia de Vénus com Carmo Gê Pereira. Carmo Gê Pereira contacto@carmogepereira.com www.facebook.com/carmogepereira www.carmogepereira.com

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SÓCRATES — E VÊ QUE AINDA NÃO ACUSAMOS A POESIA DO MAIS GRAVE DOS SEUS MALEFÍCIOS. O QUE MAIS DEVEMOS RECEAR NELA É, SEM DÚVIDA, A CAPACIDADE QUE TEM DE CORROMPER, MESMO AS PESSOAS MAIS HONESTAS, COM EXCEÇÃO DE UM PEQUENO NÚMERO. (PLATÃO - LIVRO X IN REPÚBLICA)

“Anti-war”, Jonathan Barnbrook 68 //// www.IDIOTMAG.com IDIOTMAG 68


Tiago Moura

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Enquanto movimento estético-literário, o Realismo foi um dos primeiros momentos artísticos que valorizou, na sua totalidade, a mimetização dos problemas sociais das classes baixas que, por norma, não eram questionados pela mão do artista. Não que até ao século XIX a produção artística se tenha ocupado simplesmente de momentos dourados e iluminados, mas esses momentos (quanto existiam) foram sempre trespassados por um ponto de vista romântico. O Realismo apresentava o quotidiano na sua maior banalidade e no seu maior êxtase. Poderíamos então argumentar que os artistas do Realismo foram os primeiros ativistas da História da Arte - ou até os primeiros Idiotas (1) . Nós rejeitamos a ditadura do financeiro e defendemos a defesa de valores fundamentais, de respeito pelo trabalho, de equidade, de pluralismo, de participação, de liberdade. Nós defendemos a importância do papel do design na comunicação e construção de alternativas. Acreditamos que a democracia é o governo através da discussão. Defendemos o envolvimento dos designers no assegurar a amplitude e a qualidade da discussão, tornando-a o mais quotidiana e pragmática possível.

Durante grande parte da segunda metade do século XX, com a massificação dos meios de comunicação social, a Arte, em todas as suas formas, começou a expressar-se contra o conceito do capitalismo e os ultrajes sociais que se viviam. Seja de maneira subtil, como a música Can’t Buy Me Love dos The Beatles ou de um modo mais óbvio como Campbell’s Soup Cans de Andy Warhol, lentamente diferentes vozes começaram-se a ouvir sobre os perigos do capitalismo. Para as artes imagéticas, as infinitas novas possibilidades de comunicação com o público, tornaram quase obrigatório o comentário social e não demoraram a insurgir-se novas personalidades cuja obra partia dessa mesma necessidade - de intervir. 70 // www.IDIOTMAG.com

(1) Segundo a filosofia da IDIOT MAG, um idiota define-se como alguém com personalidade, proactivo, reacionário, tingido de sarcasmo e, acima de tudo, com ideias próprias.


“Anti-war”, Jonathan Barnbrook

Este ano foi redigido um documento intitulado Manifesto para o Design Português, que reclama por uma posição reacionária dos designers nacionais. Resumidamente, o que o Manifesto invoca é um espírito participativo dos criadores portugueses: na vida social, na esfera política e, mais que tudo, no campo criativo. A mensagem do Manifesto para o Design Português é a de que o artista não deve recear ser acutilante no seu gesto criativo, quanto às questões que assombram o nosso quotidiano; que o design deve ser um espelho pragmático das diferentes vicissitudes que assolam o nosso ambiente; que o artista deve procurar criar, mas tentar criar com um sentido, com uma mensagem.

Um corpo de trabalho que parece servir de modelo para o que se espera como resultado daqueles que assinem os 10 artigos que compõem o Manifesto para o Design Português é a obra de Jonathan Barnbrook. O designer inglês, reconhecido mundialmente pelo seu trabalho com Damien Hirst e David Bowie, assinou, no virar do século, um documento semelhante ao presente Manifesto e grande parte da sua obra tem sido elaborada em torno do ideal que o design, como forma de arte, deve funcionar como forma de expressão de valores anticapitalistas. Barnbrook chegou mesmo a recusar convites da Coca-Cola e do MacDonalds, afirmando que é importante demonstrar a essas corporações que não podem comprar tudo o que querem; que não o conseguem comprar. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 71


Grande parte do trabalho de Barnbrook é um comentário não-filtrado a diferentes crises políticas e agenda capitalista: na sua exposição Friendly Fires, de 2007, o designer apresentou diferentes peças que, mais que tudo, mostravam o seu descontentamento com a política de George Bush e o conflito no Iraque; em 2008, Jonathan Barnbrook apresentou na Eslovénia a sua exposição Collateral Damages, onde vilificava as grandes corporações e as suas imagens de marca. Quando se trata da sua obra plástica, a estética de Jonathan Barnbrook assenta num minimalismo, traduzido numa clareza de cores e linhas que, conscientemente, dão principal relevância à mensagem. Quase como que o artista estivesse a sublinhar o quão óbvio

é aquilo que ele pretende transmitir e de que não precisa de grandes adereços para convencer o público. A obra de Barnbrook passa também pelo desenvolvimento de fontes tipográficas, onde são normalmente os seus nomes (em relação com as linhas do design) que agarram a atenção do público: por exemplo, a fonte Patriot é fortemente influenciada pelo alfabeto Grego e Romano, o que pede uma leitura imperialista em junção ao seu nome. Vivemos tempos de urgência que exigem a nossa participação ativa. O presente manifesto comunica um conjunto de intenções, visa tornar público um compromisso para a construção de uma comunidade operativa constituída por cidadãos-designers que através da presente tomada de posição dão um passo para a construção de um grupo de trabalho com a coesão ou as ramificações necessárias a uma maior eficácia da sua ação.

“Corporate Fascist” por Jonathan Barnbrook

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O design, enquanto imagem, é uma poderosa arma de reinvidicação. No atual ambiente social, são poucos os que têm tempo para se sentirem inspirados pelas 800 páginas d’Os Maias e o design pode sumarizar, ao ritmo do cidadão, as mensagens que precisam de ser transmitidas. Por isso, o apelo por um gesto mais consciente do ambiente envolvente é relevante e necessário, pois a massificação dessa mensagem acelerará a resolução do problema. “Gulf War, Prey” por Jonathan Barnbrook

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“GOSTARÍAMOS ANTES DE MAIS DE ESCLARECER QUE EVENTUAIS INCONGRUÊNCIAS NA SEGUINTE ENTREVISTA PODEM DEVER-SE AO FACTO DE ESTA TER SIDO TRADUZIDA DIRECTAMENTE DO CÓDIGO BINÁRIO.” Irmãos Génios 76 // www.IDIOTMAG.com


Afinal quem são os Irmãos Génios? De onde apareceram vocês? Talvez a pergunta mais adequada não seja “quem” mas “o quê”. Não é propriamente fácil explicar isto na vossa linguagem natural, mas pode-se de certa maneira afirmar que descendemos de um cruzamento entre vírus informáticos inteligentes e células felizes de outra dimensão.

Ah. Claro. E como funciona a vossa plataforma Viral? Funciona muito bem, obrigado. O facto de possuirmos apenas uma mente colectiva ajuda-nos bastante a organizar as ideias. Numa primeira fase a comunidade de Irmãos Génios reúne uma enorme base de dados de locais e entidades promotoras de eventos, que comunica com as respectivas páginas de Facebook. Depois, sempre que estes locais e entidades criam eventos através das suas páginas de Facebook, estes são automagicamente importados para a Viral Agenda. É simples e eficaz: nem os promotores nem os Irmãos Génios perdem tempo a inserir eventos, nem os utilizadores perdem tempo à procura deles. Sobra assim imenso tempo livre para que todos se dediquem a coisas mais felizes e edificantes, como ir aos ditos eventos, observar as estrelas, ou mascar frutos secos. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 77


Graças à Viral Agenda, qualquer idiota pode criar um vírus e entrar no vosso sistema. Como é que isso funciona? Se repararem bem, a tecnologia parece comportar-se ela própria como um vírus: as ferramentas utilizadas hoje em dia evoluem a um ritmo de tal maneira alucinante que parecem frequentemente escapar-nos ao controle e à compreensão. Na Viral Agenda, os eventos são os vírus que encerram em si o potencial para contagiar o mundo com maior ou menor alcance. Nesse sentido é verdade que qualquer idiota pode criar um vírus e entrar no nosso sistema, e é exactamente para isso que ele está desenhado: Viral Agenda é uma ferramenta glo bal de promoção online de eventos cujo conteúdo é 100% gerado pelos promotores de cultura e pelos utilizadores. Sabemos que, para equilibrar tamanha viralidade, criaram também um Sistema Imunitário. Que tipo de anticorpos produz? A sociedade precisa da arte para sobreviver, e precisa da reflexão para se fundamentar, respirar e evoluir. Numa época em que a tecnologia parece cada vez mais possuir uma mente própria, e em que o próprio modelo de funcionamento da sociedade se revela baseado em mentiras, cabe à arte e à cultura questionar tudo e todos. Num universo sobrepopulado de eventos como a Viral Agenda, é importante também que haja reflexão – e comunicação – e que se dê o devido destaque a certos aspectos mais curiosos ou notáveis da vida cultural portuguesa. 78 // www.IDIOTMAG.com

Para tal contamos com os Radicais Livres – como o designer Andrew Howard, o radialista Nuno Calado, a escritora Rosa Alice Branco ou o jornalista Miguel Carvalho… – cujas vozes individuais ajudam a dar forma a este Sistema Imunitário Colectivo. É também aqui que periodicamente vamos deixando alguns biscoitos, como o sorteio de bilhetes para eventos ou o download gratuito de faixas originais, DJ mixes, wallpapers… Como é um dia de génio no vosso laboratório? É bastante animado. Começa normalmente com uma saudação colectiva – Ahoy! – seguida de uma pequena corrida circular (cerca de 7 voltas) para esticar as pernas e as ideias. Praticamos horários insólitos, conspiramos sobre temas contagiosos e, quando por vezes bloqueamos numa linha de código, praticamos tiro ao alvo com fotos de baixa resolução dos vossos políticos mais mentirosos. Nem sempre resolve o problema, mas sentimo-nos em geral bastante aliviados. De preferência durante a tarde completamos as nossas bases de dados, planeamos novas funcionalidades e contactamos entidades promotoras de eventos, que cada vez mais começam a aderir: algumas entidades que tinham deixado de criar eventos no Facebook voltaram inclusivamente a fazê-lo. Não têm sido poucas também as felicitações por parte de promotores e utilizadores contentes. À noite investigamos, escrevemos e comunicamos através de sinais e ruídos estranhos. Nunca vamos dormir sem trocarmos calorosas saudações esdrúxulas.


Digam-nos em segredo, como é que este vírus se vai alastrar nos próximos tempos? Rapidamente. Começámos por usar Lisboa e Porto como zona de testes, mas a epidemia já está a alastrar para os distritos de Leiria e Braga. Nunca se sabe qual o próximo distrito, já que o futuro está de certo modo também nas mãos dos utilizadores, que podem tomar as rédeas da situação, minando-nos a página de Facebook com nomes de locais e entidades das suas respectivas áreas. Agora vamos deixar-vos sozinhos com as vossas experiências, querem que levemos algum recado para os idiotas infectados no mundo lá em cima? Explorem as possibilidades da Viral. Há bons artigos para serem lidos, eventos funambulescos para serem descobertos: enviem material esdrúxulo para publicação, sugiram novos eventos, entidades e locais; aproveitem o Neurotransmissor – o reprodutor de áudio que vive na região mais a Sul da plataforma – para ouvirem música fresquinha todas as semanas. Acabem com o governo. Tomem o poder. Andem disfarçados. Usem um nome falso. Raptem alguém e façam-no feliz. João Cabral

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ilustração Nuno Dias

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De há uns anos para cá, participo, agora como representante do Porto Arco-Íris (uma iniciativa da Associação ILGA Portugal), numa iniciativa em boa hora promovida pela Agência para a Vida Local da Câmara Municipal de Valongo, em parceria com o ACIDI (Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural). Chama-se Biblioteca Humana e consiste em envolver “livros humanos” (basicamente pessoas, em carne e osso, que representam vários tipos de minorias) e pô-los em contacto direto com as/os jovens, numa dinâmica de proximidade muito eficaz e sempre muito bem acolhida (trata-se de um atividade testada inicialmente em festivais de Verão e depois replicada em vários contextos, com o intuito de promover a sensibilização para a diversidade). Durante aproximadamente 15 a 20 minutos, os alunos interagem com os livros, ouvindo a sua história de vida e colocando as suas dúvidas, esperando-se que tal ajude a contrariar estereótipos e preconceitos sobre a vida de pessoas LGBT, entre outras. Anualmente, a iniciativa envolve entre 600 a 900 jovens do concelho, transformando este num excelente exemplo do papel que as autarquias podem e devem assumir no cumprimento do chamado IV Plano Nacional para a Igualdade em relação ao combate à discriminação em função da orientação sexual e da identidade de género (que é, a bem dizer, o “nosso” livro). Já este ano esta autarquia havia demonstrado esse potencial, ao apresentar a peça “A Bailarina Vai às Compras” (de Júnior Sampaio) às turmas de nível secundário do concelho, precedida de momentos de sensibilização da responsabilidade de uma ONG da área LGBT. Trata-se de um texto cuja temática central é a transexualidade. No contacto com os jovens, as transgressões de género são o tema que levanta mais resistências e reações negativas. Dentro do chapéu ‘transgénero’, confunde-se frequentemente a ideia de travesti com a de transexual e até com a de intersexual (na verdade, gay e trans, orientação sexual e identidade de género, não são percebidos de forma distinta). Curiosamente, o conceito androgenia é praticamente ausente, o que surpreenderá alguém da geração de 80, quando os referentes culturais (sobretudo Pop) eram tão completamente gay e andróginos (atualmente o músico Antony ou o modelo Andrej Pejic, que desfila como homem

e mulher, são referências ainda demasiado marginais). A juventude está por natureza (até psicológica) vinculada ao presente, pelo que falar de um passado em que as mulheres não podiam usar calças não resulta nunca tão bem como pô-los a imaginar o impacto de um rapaz vestido de saias a circular na própria escola (risadas, burburinho e só depois, com tempo, perceber o que isso significa). Mas a resistência com que as fronteiras de género continuam a ser defendidas assusta, e merece muita atenção. De acordo com os relatórios e encontros temáticos internacionais, as pessoas T são das mais perseguidas e discriminadas em todo o mundo. Por outro lado, começam a surgir figuras públicas proeminentes cujo exemplo vale a pena conhecer (vejam-se os exemplos da escritora Janet Mock, da política e ativista Carla Antonelli, ou mesmo o caso surpreendente de Adela, uma mulher transexual recentemente eleita delegada num município cubano). Em Portugal, a lei nº 8/2011 estipula que qualquer pessoa a quem seja atestado um diagnóstico de ‘perturbação de identidade de género’ pode solicitar a alteração do nome e sexo em toda a sua documentação pessoal, para além ter direito ao acompanhamento necessário pelo Serviço Nacional de Saúde. Para aquelas/es para quem os papeis de género são zonas de conforto, é difícil de imaginar para entre nós alguns/algumas se têm que confrontar diariamente com dilemas que resultam precisamente da matriz binária com que somos educados e que filtra e atravessa todo o nosso quotidiano, desde a escola da casa de banho, passando pela indumentária, balneários, códigos de conduta, expetativas profissionais, pessoais e familiares, etc, etc, etc. 2013 está aí a bater à porta. Vamos fazer deste um ano verdadeiramente arco-íris? Contactos úteis: Porto Arco-Íris porto@ilga-portugal.pt GRIT – Grupo de Reflexão e Informação sobre Transexualidade grit@ilga-portugal.pt

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DA IDÍLICA SUIÇA PARA O DOCE PORTUGAL, ALINE FOURNIER (LA FOUINOGRAPHE) ENVIA-NOS AS SUAS MELHORES FOTOGRAFIAS, QUE COMBINAM CENÁRIOS ÚNICOS COM PERSONALIDADES FORTES

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Mégane M. - 14.10.12 Wallis (Switzerland)

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MĂŠgane M. - 14.10.12 Wallis (Switzerland) 84 // www.IDIOTMAG.com


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Anjulie M. - 13.10.12 Oberwallis (Switzerland)

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Alessia C. - 10.07.12 Ticino (Switzerland) CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 89


Rui de Noronha Oz贸rio

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Está aqui mesmo ao meu lado, no café, onde os poetas costumavam escrever, um amigo com alguns problemas emocionais e desabafa! Fico atónito com a conversa que, inevitavelmente me pareceu familiar… O amor tem destas coisas: sintomatologias quase idênticas, assim mais ou menos parecidas, vá… iguais! Foi aí que pensei: A culpa é do Salazar! Sim, hoje temos sempre uma justificação para o que se passa: Se estamos em crise, a culpa é do Salazar, se não há apoio à cultura é porque estamos como no fascismo, ou seja, a culpa é de quem? Salazar, obviamente; Se o vizinho chega à casa depois de ver o Benfica perder na luz e espanca a mulher, a culpa é de Salazar; se perdi o emprego a culpa é do Salazar… Dizem as más línguas que ofende a ordem pública. Outro dia, imagine-se, queriam registar um vinho com o nome de “Memórias de Salazar”. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial chumbou o nome por motivos de ordem pública. Poderia discutir-se se o nome seria uma boa marca, mas não, o que importa é culpar o homem que morreu há quarenta e dois anos e, em seguida, chumbar o seu nome. As pessoas da terra ficaram muito estranhadas com toda a situação, não percebiam as razões do Instituto (mais um!), o presidente da câmara furioso com toda aquela culpa que lhe davam… chegaram alguns populares a dizer: Hoje ainda fazem pior! É um facto, hoje em dia não tenho a certeza se vivemos aquilo que se deve entender por Democracia no seu ímpeto mais filosófico, e que corresponde a Liberdade, Fraternidade, Respeito… Hoje em dia saímos à rua e não sabemos se havemos de ter medo de ser assaltados ou interpelados pela polícia; hoje há desconfiança da maioria das pessoas perante uma minoria de oligárquicos corruptos, todos eles fascizantes da esquerda à direita; hoje não acreditamos na justiça que é feita de favorecimentos, óbvia e às escancaras ;

hoje na realidade, NÃO ACREDITAMOS EM NADA. Somos uma geração que não se preocupa, que sofre de procrastinação, que não pensa em profundidade, que vive do umbigo alheio e mais algumas conversas de ocasião. Somos uns seres a ir contra a evolução da espécie, e entenda-se evolução da espécie o caminho positivo do Ser humano consigo e com o seu semelhante e o seu oposto. Somos individualistas e consumistas. Mas temos uma coisa muito boa. Temos O ÍMPETO, a vontade de fazer só que falta puxar o gatilho, temos coragem mas falta-nos enfrentar a vida. Sou exemplo basilar deste tipo de gente boa mas adormecida. Está na hora de fazer alguma coisa. O que a Sociedade precisa mais neste momento? Precisará, com certeza, de uma mudança, uma metamorfose de fundo, por dentro e por fora. Precisará de seres pensantes, pessoas que pensem muito para que, informados, possam criar. O mundo precisa de artistas, de poetas, de alfaiates, de teatros e de humanidade, de homens em todo o seu sentido mais semântico, de filósofos, de engenheiros, economistas, fiscalistas, políticos já não tenho tanta certeza, de fadistas, progressistas, conservadores, médicos, voluntários… e há tanto espaço saudável para todos vencerem. Mas, então, porque estamos parados? Pois, já sei… A Culpa é do Salazar! E já agora, um Bom Natal para todos e, olhem… para o Salazar também! CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 91


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