CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 1
6 EDITORIAL Hoje é Dia de Descobrirmos 14 PHOTOREPORT Resistance Festival 38 PHOTOREPORT UPT + Criativa 46 MÚSICA Olive Tree Dance 54 PHOTOREPORT Gare Day & Night 60 MODA Ângela Golosina 88 PHOTOREPORT Street Idiot 98 PHOTOREPORT Resistance @ Metro do Bolhão 112 INTERVENÇÃO Devíamos ser Mais Brasileiros 122 LA FOUINOGRAPHE 132 O ANTI-IDIOTA Rui Rio
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08 ROTEIRO + VER, OUVIR E LER 34 ATUALIDADE Greve dos Professores 44 IDIOTAS AO PALCO O Gigante Adormecido 52 ELETRÓNICA Social Disco Club 58 MODA Tendências 62 EDITORIAL MODA Love And Skate Running 92 HOMO’GENEO MOP / Marcha LGBT 108 TABU? Alcova de Patrícia 116 INTERVENÇÃO Fernando 125 130 PROVOC’ARTE Toca a Fortalecer!
Direcção: Nuno Dias // João Cabral Textos: Ana Catarina Ramalho Ana Luisa Carvalho Bernardo Alves Bruno Manso Carmo Pereira Catarina Hardcandy Flora Neves Nuno Dias Nuno Di Rosso Patrícia (Pseudónimo) Rui de Noronha Ozório Tiago Moura Tish Design: Nuno Dias // João Cabral IDIOT Design® Capa: Hazul Ilustração: Hazul Fotografia: Aline Fournier Diogo Campo Grance Video: Mariana Oliveira Rita Laranjeira Marketing Pedro Pimenta Todos os conteúdos gráficos são da responsabilidade de: IDIOT, Gabinete de Design ® www.idiocracydesign.com Info@Idiocracydesign.com Cada redactor tem a liberdade de adoptar, ou não, o novo acordo ortográfico (*) NENHUMA ÁRVORE FOI SACRIFICADA NA IMPRESSÃO DESTA MAGAZINE! SOMOS UMA PUBLICAÇÃO INDEPENDENTE, POR ISSO COMENTA, PARTILHA E DIVULGA PARA PODERMOS CONTINUAR A EXISTIR
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// Nuno Dias
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RESISTE, CARALHO! NA PASSADA TARDE DE DIA 6 DE JULHO, A DITA TARDE MAIS QUENTE DO ANO, OCUPAMOS A BEIRA RIO ALFÂNDEGA DO PORTO, ONDE DECORRIA O FESTIVAL RESISTANCE. COM O MOTE DE RESISTIRMOS, CRIÁMOS A RESISTARTE, A ZONA DE RESISTENTES PELA ARTE, ONDE PERANTE UMA CONVOCATÓRIA ABERTA A TODOS OS ARTISTAS, CONVIDÁMOS TODOS AQUELES QUE MAIS DO QUE PERTENCER À VOZ DA SOCIEDADE, QUERIAM DAR A SUA PRÓPRIA VOZ. ENTRE INÚMERAS ATIVIDADES, 24 DOS MAIS CONCEITUADOS WRITERS NACIONAIS JUNTARAM-SE A NÓS, E JUNTOS MOSTRÁMOS QUE A UNIÃO EXISTE, O ESPÍRITO DE CAMARADAGEM E PRINCIPALMENTE, O AMOR À ARTE E À NOSSA CIDADE. JUNTARAM-SE TAMBÉM GRUPOS DE TEATRO, MÚSICOS E BANDAS, DESIGNERS, TATUADORES, PINTORES… “COURAGE IS RESISTANCE TO FEAR, MASTERY OF FEAR, NOT ABSENCE OF FEAR.” MARK TWAIN E NESTE RESISTÊNCIA CONTINUÁMOS, O MÊS PASSADO. ORGANIZÁMOS NA UNIVERSIDADE PORTUCALENSE O EVENTO UPT + CRIATIVA, ONDE DECORRERAM EXPOSIÇÕES, CONFERÊNCIAS, MESAS ABERTAS, MÚSICA E ARTE AO VIVO. FOMOS MAIS UMA VEZ AO GARE DAY & NIGHT ONDE TIVEMOS MAIS EXPOSIÇÕES E ARTISTAS AO VIVO. COMO DIZEM POR AI, EM EQUIPA VENCEDORA NÃO SE MEXE! FOMOS À GREVE DOS PROFESSORES, AO TEATRO NACIONAL DE S. JOÃO, ENTREVISTÁMOS OS OLIVE TREE DANCE E AINDA TIVEMOS TEMPO PARA FAZER UM UPGRADE À SECÇÃO DE MODA. NO MEIO DISTO TUDO, NUMA TARDE LIVRE AINDA ACAMPÁMOS NA ESTAÇÃO DE METRO DO BOLHÃO. LEVÁMOS DJ’S, OS “SUSPEITOS” COBRIRAM A PAREDE DE EXPRESSÕES A SEREM EXPRESSADAS E, MAIS UMA VEZ, ESTAVA A FESTA MONTADA! AGORA A ENTRAR NO QUENTE “MAIS FRIO VERÃO DOS ÚLTIMOS 200 ANOS”, O QUE NOS ESPERARÁ O MÊS DE AGOSTO? CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 7
Flora Neves
MEO Marés Vivas
Milhões de Festa
Gal Costa
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O Festival MEO Marés Vivas retorna à Praia da Cabedelo em Vila Nova de Gaia . A próxima edição do festival ocorre nos dias 18, 19 e 20 de Julho e conta com um cartaz bastante atractivo. A primeira grande confirmação para esta edição do Festival, foi a banda norte-americana liderada por Jared Leto, os Thirty Seconds to Mars, que sobe ao palco a 20 de Julho. A destacam-se também os Smashing Pumpkins, Bush, James Morrison, David Guetta, La Roux e os Klaxons. O preço do bilhete diário é 30€ e o passe para os 3 dias é de 50€. O Milhões de Festa: E saindo um pouco da concepção citadina, fica como sugestão, a maior romaria de espalha brasas anual nestes recantos da Europa. O Milhões de Festa é, trocando por miúdos, a patente da boa música, da boa onda, da taina e, claro, da piscina, tudo em forma de festival. Um evento em que o DIY e o alternativo encontram não só, um espaço de convívio, mas um sonho para extravasar. Próximos dias 25, 26, 27 e 28 de Julho, no Parque Fluvial de Barcelos. Os passes para todos os dias do evento já estão à venda, a preço reduzido até 11 de julho: 45,00 euros. Entre 12 e 15 de julho custarão 52,00 eurose a partir de 16 de julho passam a custar 60,00 euros. Os bilhetes diários custam 25,00 euros até 15 de julho e a partir de então passam a custar 30,00 euros. Gal Costa: Dia 10 de Julho a cantora baiana Gal Costa vem ao Coliseu do Porto protagonizar um concerto que apresenta uma nova “Gal” e uma sonoridade modernizada que vai surpreender. Recanto – Ao Vivo”, com arranjos totalmente inovadores, recupera, quase 40 anos depois, a cumplicidade e a parceria com Caetano Veloso, que assina a autoria e a direcção do concerto.Os preços variam entre os 25€ e os 55€.
RUA
Miss’Opo
Sinónimo de criatividade e irreverência, a Miss’Opo é um spot incontornável para todos os que procuram um espaço alternativo e inesperado. Como se estivessemos em casa, encontramo-nos perante um local que sobressai pelo acolhimento e pela originalidade, conjugando de forma perfeita e harmoniosa um misto de restaurante, café, bar e guest house. Os produtos são frescos, simples, não gordurosos e a comida é de boa qualidade os preços são bastante acessíveis. o RUA, um restaurante/bar que serve maioritariamente tapas e petiscos a partir do meio da tarde, assistindo-se a uma mutação do ambiente de restaurante para o de um animado e concorrido bar a partir das 11 da noite. A música ao vivo, dos mais variados estilos, está habitualmente presente de quarta a domingo.
A partir de dia 10 de julho, no TNSJ de 4ª feira a sábado, vai decorrer a peça “ A Visita da Velha Senhora”, da autoria de Friedrich Dürrenmatt. Encenada por Nuno Cardoso, a peça conta a história de uma “cidade arruinada que espera a visita da mulher mais rica do mundo para encontrar o seu resgate económico”. Um conjunto de actores constrói “um espectáculo a escala que já não é habitual, nestes tempos de todas as crises” com a ideia de trazer a palco “um mecanismo, negro e cómico, de questiona-
mento de nós próprios”. Máquina-Tróia, um exercício final dos alunos do 3.º ano da licenciatura em Teatro (Interpretação e Encenação) da Escola Superior Artística do Porto, dirigido pelo encenador e pedagogo Roberto Merino, vai ter lugar no Teatro Carlos Alberto, entre dia 5 a 7 de julho. “A cidade foi tomada e destruída pelos gregos, o heroísmo dos vencidos e a sua imensa infelicidade ultrapassa em beleza a vitória aparente dos vencedores”. O preço dos bilhetes é de 5€
Durante o mês de julho, dias 14, 21 e 28, o parque de Serralves vai ser palco da 22ª edição de Jazz no Paque. O objectivo é persistir na descoberta de novos projectos musicais; sugerir pistas de reflexão e alerta para algumas das questões importantes que invadem o palco contemporâneo do jazz que se faz em Portugal; resistir a qualquer ideia de conformismo e desistência face às circunstâncias que marcam o nosso actual dia a dia. // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 9
Tish
CINEMA // À procura de Sugar Man. Documentário do sueco Malik Benjelloul, sobre a história do mexicano Rodriguez, filho de imigrantes, que lança dois álbuns com uma crítica favorável, mas não muito cobiçados pelo público. Viajando pelo mundo, a sua música chega à África do Sul e torna-o símbolo de esperança. Além da Escuridão: Star Trek. J. J Abrams traz-nos Benedict Cumberbatch, Chris Pine e Zoe Saldana nos principais papéis deste clássico da ficção científica. O 12º filme da saga traz agora o po-
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deroso Khan de volta ao mundo dos “vivos” e a sua vingança contra a tripulação mais famosa do universo. Antes da Meia-Noite. Richard Linklater volta a assinar o nosso reencontro romântico com o famoso casal que se conheceu num comboio, na Áustria de 2004. Julie Delpy e Ethan Hawke, agora nos seus quarentas, estão casados, com filhos e encontram-se de férias na Grécia. TV. // Vikings. No canal History há uma série que qualquer idiota quer ver. Vikings é um drama histórico de Michael Hirst, filmado na Irlanda e inspirado na saga épica do valente rei e explorador, Ragnar Lodbrok, interpretado por Travis Fimmel. Gabriel Byrne, Katheryn Winnick também fazem parte do elenco.
Ta-ku. Dowhatyoulove é o novo álbum do produtor australiano Ta-Ku. 18 faixas novas ideais para apresentar a quem não conhece o universo deste génio do beat.
Madrugada Suja. Miguel Sousa Tavares. “E agora, de volta à minha aldeia, onde a luz eléctrica chegara tarde demais para os homens, madrugada dentro, eu lia o Guerra e Paz. Numa aldeia morta, numa noite deserta, seguia, como se estivesse a ver, o esplendor dos salões de baile do Império Russo, a imensidão das estepes gélidas, os gritos de horror dos estropiados pelo fogo dos canhões de Napoleão Bonaparte, e chegava-me mais ao calor da lareira para não sentir a solidão das trincheiras de lama, húmidas, frias, desoladas, onde se abrigava o exército de Kutúsov. Alguém dissera um dia que se podia viver sem tudo, menos água e comida, mas que viver sem livros e sem música não seria o mesmo que viver.” Excerto, in Bertrand. // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 11
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PRODUÇÃO 14 // www.IDIOTMAG.com
PATROCINADOR OFICIAL
Se a arte em Portugal fosse uma pessoa, a invicta seria os pulmões. Cidade cultura, que sempre que inspira nasce um artista, e sempre que expira criatividade é espalhada. É nesta metáfora que nasce o RESISTANCE que, como o próprio nome indica, é uma resistência, pessoas, associações e instituições que sempre irão lutar pela música e cultura urbana, pela nossa cultura. Co-produzimos este evento como se fosse um filho, e com o seu resultado final, no passado 6 de julho, emocionamo-nos. Centenas de pessoas passearam-se pela Alfândega, no dia mais quente do ano, e quem sabe, mais cheio de arte, 24 writers juntaram-se a teatro, música, bandas, tattoos, Flea Market e juntos fizemos deste evento um sucesso. Para o ano querem mais? // texto Nuno Dias fotos: Diogo Gampo Grande
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Cat Dias
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Eime a pintar a capa da Idiot Mag de setembro
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Mesk @ Host Me
DUB
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O idiota do Jo達o
Nuno e Rafi
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Flea Market
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Mr. Dheo
Laro Lagosta
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Fedor
Third
Sol em Sol
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Mario Okerland
Hazul
Zona Tattoo & Bodypiercing @ Oficina
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Bodypainting: KORES270
Mars
Youth One
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Mariposa: Massagens em Movimento
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Go Mes
Mesk
Neutro e Mots
Draw
Neutro e Mots
Virus e Deslembrados
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Alma
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Fynd e DUB
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Os Suspeitos
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Kest
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Blackjacjers
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Rafi
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NO DIA 17 DE JUNHO O PAÍS ACORDOU NA INCERTEZA SE O EXAME DE PORTUGUÊS, FEITO PELOS ALUNOS DO 12º ANO, IRIA OU NÃO SER REALIZADO. E ESTA INCERTEZA TINHA UM NOME: GREVE DOS PROFESSORES. Ana Luísa Carvalho 34 // www.IDIOTMAG.com
Ora o termo greve significa, interrupção voluntária e colectiva de actividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação dos seus direitos. É também uma paralisação concentrada de actividades a nível nacional, em protesto contra determinadas políticas governamentais ou institucionais. Foi o que aconteceu. Nesse dia, segundo dados da FENPROF e da Federação Nacional de Educação (FNE), 90% dos professo-
Afinal porque é que os sindicatos resolveram convocar a greve? A decisão foi tomada para analisar os impactos na educação das medidas anunciadas pelo Governo, que podem implicar o aumento do horário de trabalho e a passagem à mobilidade especial dos professores. A altura escolhida teve um porquê, que Mário Nogueira,
res fizeram greve. O curioso da coisa é que a grande notícia do dia não foi a greve em si, mas sim a não realização do exame por parte dos alunos. A greve prejudicou os alunos? Claro que sim, e de várias formas. Prejudicou os alunos que fizeram exame, os que não fizeram ou os que não puderam fazer porque tinham um nome que não começava pelas primeiras letras do abecedário (a entrada dos alunos nas salas de exame, é feita por ordem alfabética, e como em certas escolas não houve um número suficiente de professores, só metade dos alunos é que puderam fazer o exame, a outra metade ficou do lado de fora da escola). Mas o que temos de perceber também, é o lado dos professores e não olhar só para a questão dos alunos.
secretário-geral da Federação Nacional de Professores, tratou de explicar quando foi anunciada a greve dos professores: “os docentes, com as recentes medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, estão a viver um filme de terror autêntico. É um período complicado, mas deixarmos esta luta para Setembro é absolutamente despropositado e desnecessário, porque em Setembro, se não formos à luta antes, milhares de professores já foram despedidos”, disse. Helena Carvalho, professora, é a favor da greve. Apesar de não ter participado, por trabalhar este ano lectivo num colégio privado, é a favor da mesma porque “os professores correm o risco de vir a ter 40 horas lectivas de trabalho, logo o número
fotografía publico.pt
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de professores no desemprego irá aumentar”. Quanto à data escolhida defende que “a greve tem de ser feita em momentos importantes e que façam a diferença, porque só assim nos ouvem, porque interfere com tudo. Nós, os professores merecemos ter de volta o respeito que nos tem sido tirado dia após dia. A luta dos professores é por um ensino melhor, que tem vindo a perder toda a qualidade que tinha”, defende. Uma aluna do 12º ano através da rede social facebook mostrou o seu apoio à luta dos docentes: “os professores não fazem greve apenas por eles, fazem também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!”. Se até os próprios alunos, talvez os mais prejudicados com esta situação, se mostram do lado dos docentes, porque é que o Governo não olha com especial atenção para o importante papel que os professores têm na sociedade? Afinal é sobre eles que recai a tarefa de pôr em prática qualquer forma de educação que procuremos desenvolver, e são eles que ensinam os alunos a pensar e a questionar a realidade, para que possam construir as suas próprias opiniões.
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A greve dos professores é justa, e como disse uma mãe de uma aluna do 12º ano, “quer os pais, quer os alunos deveriam estar unidos nesta luta. A greve dos professores não prejudicará os alunos…os alunos é que estão a ser prejudicados pela incompetência dos nossos governantes (…) caso a batalha seja ganha, não só os professores sairão vitoriosos mas também o sistema educativo e o futuro do nosso país”. Claro que os efeitos da greve se sentem e trarão consequências, mas os próprios professores são pais, logo não iriam querer prejudicar os próprios filhos. A greve é usada como último recurso possível. As medidas que o Governo quer implementar são um desrespeito para o ser humano. Medidas como a mobilidade vão destruir famílias, e as 40 horas lectivas são uma falácia, porque qualquer bom professor já as cumpre fora do tempo lectivo: em casa, à noite, ao fim de semana, a preparar aulas, corrigir testes, organizar e pesquisar material pedagógico e ainda por cima com os seus próprios recursos materiais. Mas uma coisa também tem de ser dita, a greve foi feita para proteger a escola pública, mas aconteceu o contrário. Porque os alunos privile-
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giados dos colégios privados fizeram exames sem nenhum problema, porque os seus professores não fazem greve. Os grandes prejudicados foram precisamente os alunos que só podem andar na dita escola pública. Apesar de todas as implicações que vinham a ter, greve devia ter sido feita por todos os profes-
sores, quer fossem do privado, quer fossem do público. Todos juntos deveriam lutar por uma escola pública com mais e melhor qualidade de ensino, e com melhores condições laborais para os professores exercerem a sua profissão em condições dignas de formar futuros cidadãos informados e com opinião. //
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NO PASSADO DIA 26 A UNIVERSIDADE PORTUCALENSE MOSTROU-SE “+ CRIATIVA”. COM EXPOSIÇÃO DAS CAPAS AE IDIOT MAG, CONFERÊNCIAS, MÚSICA E ARTISTAS AO VIVO APRESENTOU O SEU NOVO CURSO DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA. ESTIVEMOS LÁ A FOTOGRAFAR, E A APLAUDIR!
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Laro Lagosta e João Campos dos “Atlantihda”
Grupo Máscara Solta “Praxis”
Mesa aberta com Diogo Frias, Paulo Renato
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Exposição do curso de restauro
Exposição de Tamara Alves
Laro Lagosta e João Campos
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Laro lagosta a pintar ao vivo a capa da Idiot de agosto
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O GIGANTE NÃO ADORMECIDO
Ana Catarina Ramalho
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COMEÇOU POR SER O REAL TEATRO DE SÃO JOÃO AQUELE EDIFÍCIO QUE TORNA A PRAÇA DA BATALHA MAIS BONITA. RECEBEU O NOME EM HOMENAGEM AO REI D. JOÃO VI, VINDO A CHAMAR-SE TEATRO NACIONAL DE SÃO JOÃO APENAS EM 1992, QUANDO FOI ADQUIRIDO PELO ESTADO, APÓS TAMBÉM TER ESTADO LIGADO AO CINEMA (EM 1932 PASSOU A SER CONHECIDO POR SÃO JOÃO CINE, DEDICANDO A SUA PROGRAMAÇÃO À SÉTIMA ARTE, QUE ERA, NA ALTURA, MAIS APRECIADA NA CIDADE). ESTE EDIFÍCIO ENCERRA EM SI UMA HISTÓRIA IMENSA, MAS É DE RECORDAR O INCÊNDIO QUE O DESTRUIU, NA NOITE DE 11 PARA 12 DE ABRIL DE 1908, OBRIGANDO-O A UMA RECONSTRUÇÃO, RESULTANDO NA CASA QUE HOJE VEMOS.
Quem passa pela praça vê, hoje, a fachada do teatro rodeada de andaimes, sinal que as obras que prometiam um novo rosto, finalmente tomaram lugar. «A empreitada de restauro impôs-se para reparar os problemas existentes na fachada de um edifício particularmente rico e bonito em termos arquitetónicos e devolver à cidade este Monumento Nacional em todo o seu potencial», explica a Dra Ana Almeida, da direção do teatro nacional. «A atividade do teatro continuou sempre dentro de portas, independentemente da necessidade de entaipar o edifício para proteger os transeuntes da eventual queda de qualquer elemento da fachada deteriorada. Como é óbvio, ansiamos pelo momento em que poderemos de novo contar com a fachada do edifício restaurada, propiciando ao nosso público a possibilidade de juntar ao prazer de acompanhar a nossa programação dentro de portas, o benefício de apreciar a beleza também exterior do nosso teatro», adianta. O teatro tem como missão de serviço público objetivos como a criação e apresentação de espetáculos de vários géneros, promovendo o contacto entre o público e a arte. É, talvez, por esta política, que o público do TNSJ ainda permanece apesar de haver mais ofertas culturais, ainda que se dirijam para públicos mais específicos (como é o caso da Casa da Música e da Fundação de Serralves) pela cidade. «Apesar das dificuldades financeiras advindas da diminuição da indemnização compensatória atribuída ao TNSJ pelo Estado, a taxa de ocupação de sala tem vindo a aumentar», explica, uma vez mais, a Dra. Ana Almeida, ou seja, mesmo em tempos de crise o teatro pretende ter uma oferta que permita a satisfação do seu público. A recente oferta de espetáculos brasileiros que tiveram lugar é
uma amostra disso mesmo, «o recente acolhimento de uma mostra representativa da grande vitalidade brasileira no domínio das artes do palco, do teatro à música, da dança às novas linguagens cénicas, significa apenas a consequência natural de uma estreita relação de intercâmbio que o TNSJ vem mantendo com o Brasil desde 2000. Dessa relação, recordamos a apresentação dos nossos espetáculos Madame (de Maria Velho da Costa, 2000), Turismo Infinito (de António M Feijó/Fernando Pessoa, 2009) e Sombras (de Ricardo Pais, 2011) em cidades como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Santos». Esta internacionalização da arte levou à realização de festivais internacionais (PO.N.T.I – Porto. Natal. Teatro. Internacional. - e o projeto Odisseia) e à participação em palcos nas cidades de Madrid, Paris, Roma e Milão. Foi esta aposta que levou a que, no ano de 2011, o Teatro Nacional de São João arrecadasse o prémio Norte Criativo, da Iniciativa Prémios Novo Norte (iniciativa conjunta do JN e CCDR-N com o projeto: TNSJ - Uma década a Internacionalizar). O TNSJ faz ainda parte da União de Teatros da Europa o que proporciona, também, um câmbio de espetáculos entre teatros nacionais membros da associação e um alargamento com os teatros de cidades europeias, tudo no sentido de respeitar a missão já acima mencionada. Sobre o que podemos esperar do teatro nacional no início da temporada, em setembro, ficou assegurada a qualidade e a variedade de programação que o Diretor Nuno Carinhas tem vindo a confirmar nestes últimos tempos. Os motivos para uma espera deliciosa estão assim dados: resta-nos esperar, não só pelo que a nova temporada trará, mas também pela imagem que cimentará o gigante no topo da praça da Batalha. // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 45
Tish
“O nosso público tem espírito aventureiro” Com um EP “Urbano Roots” pela Optimus Discos e um LP “Didj Dance All Beauty!” pela Natural Groove Records, os Olive Tree Dance preparam-se para lançar mais um trabalho, “Simbology”, uma história musical “que define a quarta dimensão que é o Tempo”. Com sucesso no mercado internacional e a abrir portas em países diferentes - já tocaram na Irlanda, França, Itália, Estados Unidos, Brasil, Holanda, Eslováquia, Espanha e Índia – os Olive Tree Dance são os nossos convidados de honra a dar-nos música para Julho.
Essa paixão pela música quando começou? Surge quando não pensamos noutra coisa senão tudo o que tem a ver com música e a sua indústria como fonte de interesse recreativo. Quando na música se vê uma canal de criação e se consegue explorar a vida tal como ela é através deste fenómeno essencial e que nos move a todos sem excepção, que é criar.
E a história do projecto Olive Tree Dance em concreto? Surgiu de uma “jam session” no Festival Andanças de 2005. A onda explosiva foi tanta que foi necessário os seguranças do Façam o favor de se apresentar aos idiotas evento desligarem o PA para nós e o públimais desprevenidos. co termos que sair e parar com a festa. Somos o Renato Oliveira, aka OLIVER, didgeridoo, 35 anos, licenciado em Gestão Que influências musicais e artísticas têm os de Recursos Humanos na Lusíada, natu- elementos? Partilham todos o mesmo tipo de ral de Vila Real a viver no Porto; o Márcio sonoridade como referência? Pinto,aka MAGUPI, multi percussão, 28 A nossa influência mútua é sem dúvida anos, licenciado em Percussão Clássica na a electrónica onde há várias correntes ESMAE, natural do Marco de Canaveses, a rítmicas com a qual trabalhamos directaviver também no Porto e o Pedro Vascon- mente que são o trance e o drum n’ bass. celos, aka Xoben, baterista de 32 anos, do Depois bebemos de sonoridades mais Curso profissional de Percussão na Escola heritage como por exemplo a música de Música de Espinho, natural de Castelo cubana, música africana mandinga, múside Paiva, a viver em Estarreja. ca aborígene australiana e música afro46 // www.IDIOTMAG.com
-brasileira. Como usamos instrumentos Mechanism, Linda Martini, Expensive étnicos é-nos fácil misturar ambientes Soul, Homens da Luta, Clã, Manel Cruz, mais tradicionais com ritmos. Dub Fundation. Dentro dessa panóplia tão diversificada como definiriam o vosso estilo musical e sonoridade aos idiotas que ainda não vos conhecem? Um estilo musical Pumping Percussive Didgeridoo e uma sonoridade Fusão Étnica.
Que tipo de público vos segue? O nosso público é felizmente muito diverso, por isso sabemos que seja qual for a classe etária ou género, temos grandes hipóteses de satisfazer com o nosso espectáculo. Essencialmente quem nos segue é o público dos 14 aos Que palcos e eventos mais vos deixa- 35 anos e é aquele que gosta de danram saudade? çar e tem espírito aventureiro. São muitos e é difícil saber quais são os top assim de repente, mas arrisco sendo E festivais em Portugal? Quais são no vosso o Boom Festival, Universo Paralello, qua- entender os melhores? se todos os festivais de World Music em Boom Festival, Cosmic Gate, Freedom, FrePortugal com preferência para o dos Aço- equency Festival, MED, Maré de Agosto, res, Maré de Agosto, Queima das Fitas do Ecos da Terra, Fatt, Festival Islâmico, SerPorto - que teve um público inesquecível ralves em Festa. - e tantos outros como o Andanças 2008 que foi uma vibração top com um ambien- Arrisquem uma reflexão sobre o estado da te irado, sempre aos saltos com “moche” e música em Portugal. “stage diving”… foi demais! É difícil falar sobre a indústria quando todos sabemos que indústria, seja ela qual E quais são as bandas com quem partilharam for, em Portugal está em crise. Obviamenesses palcos que mais admiram? te, que há sempre alguns que ganham Ponto de Equilíbrio, Terrakota, Blasted oportunidade com isso, mas este fantasCULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 47
ma só está a enfraquecer os mais fracos. Existem várias medidas que gostava que se implementassem em Portugal e que seriam benéficas para todos, uma delas seria aplicar uma lei que beneficiasse com redução de uma percentagem nos impostos a todos os promotores que contratassem ate 40 % de artistas portugueses no seu evento. Outra lei que obrigasse todos os locais de concerto com gestão de dinheiros públicos a contratarem todos os artistas nacionais registados na SPA, tendo em conta apenas a direcção artística. De resto, acho que todos os artistas sentem o mesmo, que facilmente o mercado em Portugal se esgota e muito se repete nas programações, já para não falar que este mundo como vários outros mundos, está cheio de redes sociais que se favorecem mutuamente. Assim, para vingar é preciso quase sempre cair nas boas graças de alguém influente para que as portas se abram a uma velocidade razoável.
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Que música consomem? O que não perdem e o que adoram? Compramos cds mas também os copiamos como naturalmente acontece nos dias de hoje. Há sempre aquele disco do amigo que de repente já está no nosso itunes (risos). Adoramos bom jazz, boa rumbada, bom afrobeat e não perdemos um bom músico que trabalhe grandes ilusões rítmicas e deliciosos ambientes. Projectos para o futuro enquanto banda? Estamos com o segundo disco em processo chama-se Simbology e trata-se de uma história musical que define para nós a quarta dimensão que é o Tempo, que para os Maias era igual à Arte. E tal como eles usavam a Onda Encantada para estruturar o seu tempo de forma a evoluir espiritualmente, nós usamo-la para escrever uma música para cada estádio desse crescimento que corresponde a 13 etapas, desde o Propósito até à Transcendência. //
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entrevista: Bernardo Alves fotos: Julie Leite
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Recentemente atuaste num dos melhores festivais Europeus, o Amsterdam Open Air, num cartaz onde figuravam nomes como Todd Terry, Derrick May, Hercules & Love Affair, Aeroplane, etc.. Como tem sido a experiência de atuar neste tipo de eventos? É sempre bom ser convidado para este tipo de eventos, embora talvez me sinta mais à vontade em clubes. Apesar de me tentar adaptar da melhor forma à festa em questão, sempre preferi um ambiente mais intimista onde possa ser mais livre nas escolhas. Alguma outra festa ou evento que queiras realçar num passado próximo ou futuro? Felizmente tenho sido convidado para ótimas festas e eventos nos últimos meses. Adorei por exemplo, a festa durante a tarde em São Paulo no MIS (Museu da Imagem e do Som). Eu era o único convidado, e passei música cerca de 6 horas para mais de 2000 pessoas. Foi a minha primeira vez no Brasil, e excedeu as minhas melhores expectativas. Irei voltar para um novo mini tour em Novembro. Depois temos a incontornável cidade de Berlim.. No último ano creio que que lá estive por umas 3 vezes, e sinto que neste momento é a cidade do momento na Europa. Tudo lá se passa desde música a artes, e todos os dias se podem encontrar os artistas mais interessantes da atualidade. O clube que costumo tocar, Salon Zun Wilden Renate, tem lie pus surreais e fica aberto tipo 24H todos os fins de semana com todas as salas cheias durante todo o tempo. Outro ponto alto foi o meu regresso ao Dubai. Por incrível que possa parecer, eles estão por la a criar uma cena sólida e é ja um dos pontos obrigatórios da musica de dança. O clube chamado 360º, fica situado literalmente no meio do mar e tem um dos melhores sistemas de som que ja ouvi (e é ao ar livre..) - embaraça grande parte dos sistemas indoor que ja ouvi. Por cá divirto-me sempre no Plano B ou na
Casa da Musica / Trintaeum - são dos poucos espaços resistentes a uma determinada corrente ou ao som do momento. Ambos promovem não um estilo apenas, e pode-se ouvir e passar um pouco de tudo. Quanto ao futuro, estou mesmo ansioso por finalmente ir ha Austrália. Fui convidado por diversas vezes, mas por um ou outro motivo, acabou por não acontecer. Passando para uma área mais técnica, que equipamento costumas usar nas tuas actuações? Continuo fiel ao vinil, por isso não dispenso dois gira-discos. É o formato que me sinto mais confortável e permite-me partilhar algumas das minhas descobertas pelas caves, feiras e lojas em segunda mão do mundo. Uso também cd’s, especialmente para passar coisas que vou recebendo bem como algumas das minhas produções. E no estúdio? Eu comecei como, julgo eu, grande parte dos produtores de música de dança da ultima década - com um computador e uns samples. Rapidamente percebi as limitações deste setup, e comecei a investir em sintetizadores, drum machines, e outro hardware clássico, o qual me permitiu atingir o som mais orgânico que procurava. É também mais divertido todo o processo. Quais são os teus planos para 2013, “o ano da criatividade”? Fazer melhor música! Creio que a cada dia que passa me sinto mais exigente comigo próprio, daí o meu volume de edições ser menor que anteriormente, no entanto até ao final do ano tenho um original a sair na editora belga We Play House e duas remisturas. Uma para o Munk, outra para um original de 1990 editado na TINK!, (as remisturas serão editadas também na TINK! / Tomorrow is Now Kid!). Tudo isto terá edição física (vinil) e digital. // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 53
Gare Day & Night, 29 de junho @ Jardim das Virtudes, Porto Photoreport: Diogo Campo Grande / Youth One
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Bruno Manso
Como já tinha falado, esta não é a primeira vez que a marca se une à banda, já tendo feito uma anterior parceria. Para quem não sabe a primeira vez que os Metallica se juntou a Vans, foi na celebração dos 20º anos das Half Cab.
Vans, uma marca conhecida por todos os nossos idiotas, juntou-se mais uma vez com os Metallica. Esta colaboração têm o nome de “Passion Project”.
Para todos os idiotas que gostaram desta coleção e estejam interessados, podem encontrar nas lojas de surf e de skate. // Uma coleção para a primavera/verão 2013, onde é apresentada com quatro modelos desenhados por cada membro da banda, e dois modelos em tributo ao álbum de estreia intitulada “Kill ´Em All”.
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1: Robert Trujillo 2: James Hetfield 3: Lars Ulrich 4: Kirk Hammett
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Bruno Manso
Ângela Golosina tem 27 anos e veio de Múrcia (ESP). Começa por estudar teatro musical com 18 anos no conservatório, tendo trabalhado em várias companhias de teatro (musicais, comédia e drama)… Mas a sua paixão pela moda foi mais forte do que o palco e, neste momento, encontra-se a acabar o mestrado em design de moda na ESAD (Matosinhos). Ângela começou por tirar um pequeno curso prático de modelismo, mas quis ampliar os seus conhecimentos nesta área para poder desenhar melhor. Diz-nos que é muito fácil pegar numa caneta e desenhar, mas tem um processo muito mais complexo e que as pessoas nem imagi60 // www.IDIOTMAG.com
nam o trabalho que dá. Ângela faz parte da 4ª geração de uma família de modistas. Em criança, já se sentia rodeada por padrões, linhas e agulhas e sempre cultivou o interesse pela moda e a arte de criar peças de vestuário, onde deixava a sua imaginação fluir para os tecidos, num mundo de fantasia e sonho. O Design, o desenvolvimento e a fabricação das suas peças são o resultado de uma forte dedicação e de muito entusiasmo que é a chave de todo o seu trabalho. A indumentária de outras culturas desperta-lhe uma grande curiosidade. Ângela costuma reutilizar
tecidos antigos e seleccionar um tipo de tecido particular para cada criação. Inicialmente, começou a vender as suas malas, um negócio que começa a partir do momento em que faz uma mala para uma amiga levar em viagem. As pessoas começaram a conhecer e a querer adquiri-las. É, então, nesta altura que decide registar a sua marca: Ângela Misino. E este nome porquê? Ângela é o seu nome e Misino porque significa “meu destino” e, a ver por ser a 4ª geração de mulheres da sua família na área, não há nome mais apropriado, onde o trabalho se alia a uma herança genética e cultural. Esta sua última colecção é muito pessoal,
tendo partido da sua estadia cá em Portugal para se inspirar, não deixando escapar os apontamentos visíveis de Cabo Verde, onde bebe muita influência e interesse. Ângela, quando veio pelo programa Erasmus para o Porto, teve uma surpresa muito grande que foi a cultura portuguesa! Ela diz que passa na rua e “esbarra”, a toda a hora, com exposições, concertos e uma movimentação cultural, artística e urbana ímpar e bastante acessível. Em Espanha é diferente porque, diz-nos, “para estares em contacto com este tipo de eventos é preciso estar muito dentro da área.” // https://www.facebook.com/natch0123?fref=ts
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Nelson Singlet estampada Rafael costa, calções Julio Torcato, sandálias do stylist
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Always remember who You are CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 67
Kate- body Carla Pontes
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NelsonCasaco Rafael Costa, calções Julio Torcato
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KateCamisa Rafael Costa, calções Joana Santos, sapatilhas Weekend Barber
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KateCamisa Carla Pontes, saia Joana Santos, sapatos Xperimental Shoes
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O Reinaldo Rodrigues tem 25 anos e é de Cabo Verde. Veio para Portugal com o objectivo de estudar arquitectura na FAUP, onde frequenta, agora, o último ano. NATCH é o seu apelido em cabo verde, o que o levou a criar uma página online com o mesmo nome, para divulgar a cultura Cabo Verdiana. Esta ideia surge quando compra uma Cannon e começa a filmar umas jam sessions com amigos e que, depois, vai partilhando com este cheirinho a África. Ele diz-nos que, com a ajuda da faculdade, tem mais facilidade em brincar com a imagem e com as cores, onde a criatividade se alia às novas tecnologias audiovisuais. Estejam atentos a página NATCH porque, em breve, vai ser publicado um documentário sobre a geração africana dos anos 80, uma geração conhecida por fazer nascer os filhos da independência e que são quem produz, actualmente, a cultura de Cabo Verde. // Bruno Manso 86 // www.IDIOTMAG.com
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Este mês o primeiro local a receber a segunda edição da Street Idiot foi o Resistance, Music & Urban Culture Festival. Desta o convidado a ilustradar foi o Hazul Luzah, que como não podia deixar de ser surpreendeu. Levanta o teu na Dedicated Store Porto, Para Sempre Tattoos, Danceplanet Gaia, Patuá e Serrote (baixa), e ainda a poderás encontrar em eventos e nos mais emblemáticos espaços da cidade!
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A IDIOT MAG FINALMENTE ESTÁ NA RUA. CHAMA-SE STREET IDIOT, UM PACOTE PUBLICITÁRIO COM DESCONTOS E OFERTAS, ONDE VEM TAMBÉM UM POSTER A2, A CAPA DA IDIOT MAG, A REVISTA ONLINE DA IDIOT ESTE MÊS ILUSTRADA POR HAZUL. TRATA-SE DE UM MEIO DIVULGADOR PUBLICITÁRIO, QUE AO CONTRÁRIO DA PUBLICIDADE HABITUAL, TRAZENDO UM POSTER E DESCONTOS NO INTERIOR, O CONSUMIDOR PASSA QUERER ADQUIRIR ESSA PUBLICIDADE! QUERES VER A TUA MARCA, EMPRESA OU ORGANIZAÇÃO NA PROXIMA STREET IDIOT? CONTACTA-NOS: INFO@IDIOCRACYDESIGN.COM CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 91
“UM MULTIPÉTALO, UM UIVO, UM DEFEITO”
sobre a Marcha do Orgulho LGBT no Porto texto: Carolina HardCandy fotografía: Horta do Rosario, Marcha de 2012 92 // www.IDIOTMAG.com
O ano de 2006 foi marcante para a cidade do Porto naquilo que diz respeito às questões LGBT. A 26 de Fevereiro foi encontrado o corpo de Gisberta Salce Júnior, transexual brasileira que havia sido agredida repetidamente por um grupo de jovens com idades compreendidas entre os doze e os quinze anos, sendo depois abandonada na cave de um prédio, no Campo 24 de Agosto, onde acabou por morrer. A violência do crime, bem como a idade daqueles que o cometeram, tornaram o caso mediático. Apesar da falta de conhecimento revelada em diversas notícias que indicavam a morte de um homem, ou que apontavam Gisberta enquanto travesti, a comunicação social portuguesa falava, pela primeira vez, num crime de transfobia. Para quem passava diariamente pelas ruas da baixa portuense havia um clima de desconforto silencioso, qualquer coisa parecida com o medo. Gisberta era transexual, imigrante, seropositiva e sem-abrigo: incorporava diversas categorias que foram, ao longo dos tempos, marginalizadas. A sua morte veio recordar-nos que o Porto ainda podia ser, em 2006, um terreno minado e perigoso para todos aqueles que, de uma
forma ou de outra, estivessem “fora da norma”. O Porto era ainda uma cidade onde o ódio podia ser letal. No dia 7 de Julho do mesmo ano, a Invicta reagiu. Com um grupo composto por aproximadamente trezentas pessoas, saía à rua a primeira Marcha do Orgulho LGBT no Porto (MOP), partindo do Campo 24 de Agosto, numa clara homenagem à transexual que ali morrera violentamente alguns meses antes. Paula Antunes, activista há quase quinze anos e co-fundadora da MOP, vem confirmar a relação directa dos acontecimentos: “nós juntamo-nos todos no funeral e no café e foi aí que o projecto arrancou, foi aí que começaram as primeiras reuniões”. Com o mote “Um presente sem violência, um futuro sem diferença”, às 15 horas os participantes estavam reunidos no local de encontro, cujas paredes haviam sido “travestidas” com mensagens de ódio e ameaças ficando clara para todos a ideia de uma cidade marcada pelo preconceito. Apesar da evidente tentativa de intimidação, a marcha arrancou. Eu tinha acabado de fazer dezassete anos quando arranquei com a marcha e, agora que penso nisso, talvez não tivesse ainda a completa noção da importância daquele dia. Lembro-me que passávamos pelas ruas gritando algumas palavras de ordem enquanto éramos rodeados de olhares que hesitavam entre a curiosidade e o desprezo. Existiam também CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 93
esgares de simpatia que deixavam já adivinhar que, nos anos seguintes, alguns dos observadores sairiam das janelas e dos passeios para juntar-se ao corpo da marcha. Cobertas pela bandeira arco-íris, caminhavam várias causas. No manifesto de 2006, intitulado “Pelos Direitos Humanos, podia-se ler: “Pelas debilidades e factores de exclusão que acumulava, Gisberta é um exemplo da incapacidade que o Estado tem de garantir políticas sociais e iniciativas em prol da defesa dos Direitos Humanos que combatam a exclusão e a degradação do ser humano”. Lutava-se pela visibilidade e integração de diversas minorias, fundindo num mesmo movimento a luta dos LGBT, das mulheres, dos imigrantes e de todos aqueles que se viram, em algum momento, postos de parte, encarados como cidadãos de segunda categoria no tecido social português. Esta convergência de causas é talvez um dos aspectos principais deste movimento que prima pela inclusão, contando, desde a sua organização, com participantes de diferentes grupos e associações - UMAR, Colectivo In(Sub) Missão, Poly Portugal, GIS, Bloco de Esquerda, Juventude Socialista, entre outros. Se, num primeiro momento, a expressão “orgulho LGBT” foi recebida com desconfiança, percebida até como uma afronta ou uma tentativa de “ghetização”, o passar dos anos e o passar da marcha pelas ruas fez ver, aos mais atentos, que se trata de um movimento que combate a exclusão social e luta pela igualdade de direitos para todos os cidadãos. Na última década, Portugal começou a pensar as questões LGBT de um modo diferente, não tentando apenas ignorá-las ou arrumá-las nas margens da sociedade. Verificaram-se, nos últimos anos, algumas alterações na lei pelas quais os activistas lutaram arduamente, mas o trabalho está longe do seu término. Nunca é demais lembrar que para que as coisas mudem, é necessário que as mudemos. Movimentos como a MOP, a Marcha do Orgulho LGBT
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Lisboa e a Marcha Contra a Homofobia e Transfobia Coimbra foram e continuam a ser instrumentos basilares para a visibilidade e para o combate da marginalização. Nos últimos oito anos, a MOP tem crescido e multiplicado o seu número de participantes, tendo a última contado com aproximadamente duas mil pessoas. A ideia de que se trataria de algo exclusivo para os LGBT também parece ter-se dissipado. Há, cada vez mais, a noção de que se trata de um movimento de todos e para todos. O Porto que eu conhecia em 2006 não é o mesmo que conheço hoje. Se muito permaneceu igual, é verdade também que muito mudou e que a diferença começa, principalmente nas gerações mais jovens, a ser encarada como parte integrante da vida. O ódio não desapareceu, mas já não é vociferado da mesma forma. Do chão onde Gisberta morreu nasceu uma flor colorida, multipétala, uma flor louca que veio quebrar o asfalto cinzento das ruas portuenses e que não pode já ser arrancada. Os meus dezassete anos talvez não tenham percebido inteiramente a bravura do que ali se fazia quando me juntei à primeira marcha, mas hoje lembro-os com orgulho. Ouço as vozes ao fundo, vejo os rostos daqueles que observavam contrastar com a determinação daqueles que caminhavam carregando faixas e bandeiras e lembro-me de ter tido a sensação de que estava a fazer parte de uma coisa enorme, de uma coisa maravilhosa. Com o mote “Dão-nos luta ao corpo, nós damos o corpo à luta!” a oitava MOP acontecerá no próximo dia 6 de Julho às 15h30. No seu manifesto, divulgado recentemen-
te, podemos ler: “Hoje mais do que nunca, a resistência é necessária. (...) A cidadania plena sempre foi incompatível com qualquer forma de discriminação. Por isso, estamos em sintonia com toda a sociedade que luta contra as medidas de austeridade e as várias formas de opressão e discriminação. Queremos a democracia toda, somos parte dela e por ela lutaremos”. Na semana seguinte, mais a Norte, será a vez de Braga ver passar - e porque não juntar-se? - a sua 1ª Marcha pelos Direitos LGBT, que vem lembrar que, mesmo em tempo de conquistas, ainda há lugares onde é preciso começar a luta onde ela efectivamente faz sentido: na cabeça de cada um de nós.
Estarei no Porto no dia 6 e em Braga no dia 13. Idos os meus dezassete anos, tornou-se mais nítida a sensação de que sair à rua com uma bandeira arco-íris na mão e algumas ideias na cabeça é, explicado de forma demasiado simples, fazer parte de uma coisa enorme e maravilhosa. //
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WARM-UP @ METRO DO BOLHÃO A 5 de julho estivemos na estação de metro do Bolhão a começar a festa para o Resistance, Os Suspeitos cobriram as paredes e a banda sonora ficou a cargo de Nuno Carneiro e Jipee. Já a fotografia foi responsabilidade do Diogo Campo Grande. Só bons momentos...
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*aviso antes de ler, a pedido do editor, nesta crónica pululam obscenidades e relatos para maiores de 18… tabuísmos… “velocidade [vilusidadi]. s. f. (Do lat. velocitas, -atis). 1. Qualidade do que é veloz. ≈ CELERIDADE, RAPIDEZ. A velocidade com que ele passou por nós não permitiu ver quem era. (…) 2. Rapidez na realização de uma acção ou de uma tarefa. ≈ DILIGÊNCIA, EXPEDIENTE, PRONTIDÃO. Ele trabalha com muita velocidade. (…) 4. Relação entre a distância percorrida e o tempo gasto a percorrê-la concebendo o movimento como uniforme. (…) velocidade de cruzeiro, Náut., a mínima com a qual o navio obedece facilmente ao leme. (…) velocidade orbital. (…) 3. Astronáut. A taxa de variação de uma grandeza com o tempo. (…)” “estimulante1 [iStimulãti]. Adj. m. e f. (Do lat. stimulans, -antis, part. pres. de stimlare ‘estimular’). 1.Fisiol. Que tem a propriedade de aumentar a actividade física ou psíquica, que estimula. ≈ EXCITANTE. (…) 2. Que anima, que encoraja, que desperta maior energia, entusiasmo ou zelo; que estimula. ≈ ENCORAJADOR, INCENTIVADOR ≠ DESALENTADOR. A colaboração é estimulante para ambos os parceiros. Palavras estimulantes. (…) 3. Que desperta interesse, entusiasmo, vontade, espírito de iniciativa ou vontade de agir ou de progredir. (…) estimulante difusivo, substância excitante de acção rápida e passageira. (…)” in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, 2001
estrada, excitante. Carros cruzavam-se enquanto gemia, os gemidos mais rápidos a cada investida da mão dele. O braço forte que lhe segurava a barriga fazendo mais uma linha de pressão com as linhas cruzadas do cinto, o vestido de ganga pressionado contra os peitos que queriam explodir de tanta tesão. E o vir-se, assim, há mesma kilometragem do carro, sentido que o piso da estrada escorregava com tanta emoção. E os olhos dele de novo na estrada, enquanto num grunhido ordena: “Em casa dou-te mais um estouro.”. Depois o desalento. O que compensava com o carro falhava com as acções. Tudo impulsivo, estimulante. Encostá-la à porta de casa, deixá-la sem roupa só nos tamancos, uma palmada no rabo com a mão bem grande. Tudo encorajador, excitante. A marca da mão dele, grande, a ocupar-lhe uma nádega inteira. A madeira da porta contra as mamas, uma mão a segurar as duas de Patrícia cá em cima, a outra a ajudar o preservativo que se desembrulhava nos dentes, e lhe escorregava entre os dedos que a fodiam tão bem para o pau bem duro. A penetrá-la enquanto usava a anca dela como alavanca. Mas depois… desalento. A cara de esforço de um bom gigante, em abuso de esforço… e um um, dois, três... “vou-me vir”. Em tão pouco tempo que a marca da mão ainda estava presente e vermelha. Demasiada velocidade, o tempo de chegada dele, demasiado rápido para um verdadeiro disfrutar da viagem. E se a promessa não fosse tão alta… Patrícia já lhe tinha tentado explicar o quanto gostava da velocidade de cruzeiro, das estradas secundárias e não das vias rápidas. Não que não fosse bom. Simplesmente era pouco, difusivo, um amante de acção rápida e passageira.
Quando via o olhar dele semicerrar-se na segunda circular da cidade, a mão a escorregar para a alavanca das mudanças e a imprimir uma mais naquele carro quadrado mas veloz, as coxas de Patrícia abriam-se. Era na quinta e no pavimento que ela mordia o lábio e contava com antecipação a chegada do ponteiro aos 120 fazia-lhe a perna tremer. Era ao meter a quinta que a mão dele escorregava pelo banco de couro até ao joelho, apertava com força, dedilhava à bruta a coxa, subia pela pele e com dedos destros a desviar o tecido, constatava: “Estás toda molhada.” Era na quinta que ele a penetrava com a mão sem pedir mais licença que o olhar fixo dela na estrada quente, as pernas abertas e a respiração tão acelerada quanto o veículo. E seguiam autoestrada fora, ele com os olhos pregados nela e ela com os olhos Da vossa, fã de viagens lentas em autocaravana, pregados no perigo que era a estrada. Bruto e diligente, no carro, com toda a velocidade da mão, da
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Lady P é o ACESSÓRIO, sim, com letras GRANDES, para moças aventureiras. Bem, Lady P é essencial até para as festivaleiras. Jeitoso para as campistas, prático para as festeiras e seguro, atrevo-me a dizer obrigatório, para viagens a lugares recônditos e países de terceiro mundo. Lady P é a cena imprescindível do verão… Lady P dura até 15 anos e de tempos a tempos, se forem de ter estes cuidados, pode ser fervido. É 100% de silicone médica, sem látex, Phfalatos e sem BPA. Mas afinal, para que serve o Lady P? Para fazer chichi de pé! Sim, as portadoras de vaginas, já podem fazer como quem tem pilinha, e seguir o dito popular (e desculpem a linguagem vulgar, mas é um dito POPULAR) “onde mija um português, mijam logo dois (no caso duas) ou três!”. Imaginem não terem que baixar o calção e alçar o rabinho para a lua cada vez que estão aflitinhas. Não se sujeitarem às acrobáticas
posições à caçadora nas mal-cheirosas toytoys dos festivais. E até evitar aquele alçar periclitante de rabinho nas casas de banho dos reputados clubes, que ao fim (caraças, meio) da noite estão intratáveis. Ora bem, primeiro experimentem no conforto do vosso lar. Percebam que não há fuga possivel, que não vou ficar com nenhuma manchinha de urina. Depois arranjem uma daquelas bolsinhas de plástico que fecham hermeticamente, as dos filtros do tabaco de enrolar dão a reciclagem perfeita. Preparadas para sair, dobrá-lo na bolsa e levar para todo o lado. Ao guardar, caso não haja torneiras por perto é só passar por água com uma garrafinha que se trás com a gente e voltar a guardar. Por isso, meninas, toca a fazer encomendas e vêmo-nos no Milhões, no Neopop ou noutro bom festival, em Marrocos ou no Brasil, a fazer chichi num urinol, ou mesmo num cantinho ao ar livre plantado! Encontram-se estes e outros úteis acessórios em reuniões de enxoval para o ócio adulto, através de Carmo Gê Pereira. “Lady P” – 19,95€
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Tiago Moura
DEVÍAMOS SER MAIS BRASILEIROS Em agosto de 2012, em Natal, no Brasil, as primeiras manifestações contra o aumento de vinte centavos nos bilhetes dos transportes públicos aconteceram. Foi este o mote para um dos maiores ciclos de protestos que o Brasil viu, mas não a razão única. Nas manifestações vividas hoje, no Brasil, e nas que se concretizaram, em solo nacional, é de salientar o papel instrumental das redes sociais para o aumento na cobertura dos meios de comunicação e do número de participantes. Entre a primeira fase de manifestações, em maio de 2013, e a segunda, em junho do mesmo ano, a diferença passa não só pelo número de câmaras e de cartazes, mas também pelo seu conteúdo. Apercebendo-se do seu poder e do seu impacto na esfera política, vendo que diferentes dirigentes recuavam com as suas medidas de aumento das tarifas, a segunda fase de manifestações e protestos, na sua grande maioria pacíficos, alargou a sua agenda para mostrarem o seu descontentamento em relação a outras políticas do governo de Dilma Rousseff, mais especificamente, os enormes gastos com os Campeonatos do Mundo e a falta de investimentos na Saúde e na Educação. CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 113
«Deu na TV que o povo já se cansou de tanto céu a desabar», começa Santa Chuva, música composta por Marcelo Camelo para o primeiro álbum da cantora Maria Rita. No dia 20 de junho, cerca de 1,4 milhões de cidadãos brasileiros tomaram as ruas de diversas cidades de um país cansado de viver relegado para segundo plano, nas decisões do seu governou, berrou em uníssono que acordara. A 29 de setembro de 2012, um pouco por todo o nosso país, cantava-se Acordai de José Gomes Ferreira («acordai homens que dormis a embalar a dor»).
“TAL COMO ACONTECEU NAS MANIFESTAÇÕES DE SETEMBRO DE 2012, EM PORTUGAL, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO FRISARAM QUE OS PROTESTOS VIVIDOS EM SOLO BRASILEIRO ERAM FRUTO DAS GERAÇÕES MAIS JOVENS, QUE SE SENTEM ROUBADAS DE UMA VERDADEIRA OPORTUNIDADE” Tal como aconteceu nas manifestações de setembro de 2012, em Portugal, os meios de comunicação frisaram que os protestos vividos em solo brasileiro eram fruto das gerações mais jovens, que se sentem roubadas de uma verdadeira oportunidade e que se veem castrados por muitas das decisões que os atuais governos tomam. Este facto explica o importante papel das redes sociais, tal como o Facebook e o Twitter, na divulgação das manifestações e de imagens arrepiantes dos acontecimentos. Em particular no caso do Twitter, os intervenientes serviam-se das redes sociais para divulgar casos e testemunhos pessoais do que estava a acontecer, incluindo casos de violência policial e de vandalismo.
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A presidente Dilma Rousseff pronunciou-se, pela primeira vez, sobre o assunto a 21 de junho, mostrando-se do lado dos seus eleitores, afirmando que era, de facto, necessário «oxigenar» o sistema político e que se devia dar mais relevo e mais respeito à opinião pública. «Mas tudo bem / o dia vai raiar / pra gente se inventar de novo / e o mundo vai nascer de novo», canta Cícero em Tempo de Pipa, do seu primeiro álbum Canções de Apartamento. Nos momentos seguintes aos dias de maior afluência popular às ruas do Brasil, Dilma Rousseff reuniu-se de
emergência com diferentes prefeitos e governadores e apresentou um conjunto de propostas políticas, que respondiam diretamente aos protestos do seu povo. As medidas passavam, entre outras áreas, pelo investimento de 100% dos royalties do petróleo na educação e no aumento da rede de apoio médico no território brasileiro. A reação rápida da presidente à enorme vontade popular de reformas políticas mostra o poder da opinião pública, mas também sublinha que para esta surtir efeito é preciso existir um líder capaz de a ouvir e respeitar. //
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Rui de Noronha Ozorio
Caros idiotas, acabámos de chegar a Lisboa. No relógio marcam as 15 horas e faltam apenas 24 minutos para chegarmos ao 4º andar direito do número 4 do Largo de São Carlos, mesmo em frente ao Teatro. À saída de Santa Apolónia apanhamos um coche de cavalos e não nos esquecemos da data da viagem: 13 de Junho de 1888. Não se avistam manifestações na rua e as pessoas parecem-nos bastante civilizadas ou, no mínimo, educadas. Chapéus altos e vestidos longos, alguma mendicidade e alguns estudantes republicanos a fazer propaganda na clandestinidade. Chegámos ao destino. Faltam ainda 4 minutos para o acontecimento que nos trouxe aqui: um nascimento. Batemos à porta e uma senhora velhinha vem abrir. Era a senhora Joana, criada da casa, que apresentava sinais nítidos de nervosismo. Entrámos e fomos até à sala onde estava a outra criada Emília a tentar controlar a matriarca da casa, Senhora Dona Dionísia que, como o próprio nome indica, apresentava sinais claros de demência. O dono da casa cantarolava nervoso alguns sons da época e da ansiedade e aguardava impaciente à porta de um quarto. Lá dentro estava um médico, uma parteira e uma fidalga senhora açoriana em trabalho de parto que dava pelo nome de Maria Madalena. Chegámos mesmo a tempo de assistir ao nascimento, nas horas previstas pelas cartas astrais, de Fernando António Nogueira Pessoa. O pai já não foi trabalhar o resto 116 // www.IDIOTMAG.com
da tarde para o ministério da justiça pois era mais que justo que assim acontecesse, a avó ria tontinha, as criadas choravam de alegria e a mãe sentia um aperto grande misturado com uma alegria imensa. De facto ela já sabia, umbilicalmente, que esta criança faria o universo mais feliz à força da infelicidade que iria viver. As mães sabem sempre tudo com uma certeza absoluta e paranormal. Este foi o propósito da nossa viagem. Assistir ao nascimento de Fernando Pessoa. Foi há 125 anos atrás que nasceu aquele que muitos consideram o maior poeta português. A importância do seu nascimento não se deve ao facto de ter sido poeta. Aliás, a meu ver, ele nunca foi poeta, mas um pensador que escrevia poesia. Não cabe ao poeta pensar, mas ser um fingidor que sente, como ele tão bem soube dizer. Quem sabe, teria escrito este poema de fingimentos a pensar no seu grande amigo, com quem partilhou muita intimidade, Mário de Sá-Carneiro, este sim o poeta maior do modernismo português. O Fernando contava 5 anos quando viu o seu pai morrer com tuberculose. Aos 6 perdia o seu irmão Jorge com apenas um ano ou nem isso. Aos 7 anos a mãe casa com o cônsul de Portugal na África do Sul e mudam-se para Durban, onde este aprende inglês e cria a sua segunda personagem literária (depois de Chevalier De Pas), o Alexander Search. Em 1901, contava o nosso pensador com 13 anos e a adolescência a bater à porta, quando
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morre a irmã mais nova, a Madalena com apenas 2 anos. Nesse mesmo ano, regressa com a família para Lisboa e daqui nunca mais saiu. Com uma conturbada infância, Pessoa fecha-se sobre si próprio e pensa, pensa e pergunta, pensa, pergunta, responde e volta a perguntar. Pessoa procura a pessoa que há em si e nos outros, com uns olhos que olham e sabem ver. Ele procura, nos outros, respostas para si e, assim, se vai construindo de espelhos e máscaras, erguendo um império catalogado para se entender, se compreender e, quem sabe, para se desculpar, pela infelicidade que os astros lhe ofereceram no dia em que nasceu. Há um sentido de fado e de fardo na sua vida! O Fernando é hoje um adolescente crescido, adulto e adulterado pelo que viveu. Toda a sua infância foi marcada por preocupação e solidão. Gosto de imaginar o seu dia-a-dia. Acorda tarde e debruça-se sobre a janela a ver as pessoas que passam com os seus passos mecânicos e presos por relógios ditadores, observa uma tabacaria, ninguém lhe retribui a observação e ele escreve um poema: “Janelas do meu quarto,/ do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é/ (e se soubessem quem é, o que saberiam?) ”. Ele vive numa espécie de sociedade aprisionada, onde existe gente vigiada e 118 // www.IDIOTMAG.com
o vigilante ou guardador de rebanhos (Eu nunca guardei rebanhos,/ Mas é como se os guardasse./ Minha alma é como um pastor,/ Conhece o vento e o sol/ E anda pela mão das Estações/ A seguir e a olhar.). Claro que alguns pedantes, que se tomam por intelectuais e apenas servem as academias, dirão que estas características não são de Fernando Pessoa, mas uma será de Álvaro de Campos e a outra de Alberto Caeiro. Mas é assim que eu gosto de o imaginar. Fernando tem poucos amigos, tem um temperamento fechado e não quer nunca que descubram o que e quem ele é. Há dois episódios que me levam a crer no que digo, nesta coisa do mistério da sua vida. Uma vez ele escreve “Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,/ Não há nada mais simples./ Tem só duas datas a da minha nascença e a da minha morte./ Entre uma e outra todos os dias são meus”. Fernando Pessoa não revela por nada a sua vida, o seu mistério… e o outro episódio acontece quando vai a Paris buscar o espólio de Mário de Sá-Carneiro, que se havia suicidado, e as cartas que Pessoa lhe tinha escrito desapareceram para sempre, o que me leva a pensar que o Fernando tinha muito medo do que escrevia num ambiente mais pessoal e, como tal, queimou as cartas porque
os dias eram, de facto, só dele. Pessoa era tímido mas frequentava os cafés, nesse tempo centros de cultura com ares franceses. Era nos cafés que os poetas e os artistas se encontravam e trocavam ideias, pintavam quadros e escreviam poemas. Imagino o Fernando, que nunca saiu de Lisboa, à espera das novidades que vinham de Paris. E, de repente, entrava na Brasileira do Chiado o Mário de Sá-Carneiro que era um dândi dentro duma esfinge gorda e com uma personalidade frustrada, contente por ver o seu amigo e confidente e por quem, julgo eu, estaria apaixonado. Logo a seguir, aparecia desengonçado e com ares de loucura o Guilherme de Santa-Rita com os seus quadros futuristas pintados por operários. Fernando bebia as novidades que estes e outros lhe traziam e ficava contente por conseguir viajar até Paris sem sair da mesa de café da Brasileira. Fernando era um homem com medo de viver, mas sem perceber, fazia-o intensamente e de forma fechada, como se estivesse num armário com as portas semiabertas. Era, por isso, um homem com medo de amar, por ter medo de perder… e como ele perdeu tanta coisa na vida que amava! Um dia o seu amigo e Poeta Carlos Queiroz, apresenta-lhe uma tia capaz de o fazer tremer. Chama-se
Ofélia e o seu nome indica perda, quem sabe por influência de Shakespeare que também fez morrer uma com o mesmo nome. Ele entrega-se a ela mas nunca ao ponto de enlaçar, até quando pensa em casamento, o atormentado pensador assim se responde: o casamento, o lar… são coisas que não se coadunam com minha vida de pensamento.” Fernando António Nogueira Pessoa sabia que tinha um destino, sabia que tinha de ser todos para ser um, tinha medo de viver e de se apaixonar sem limites, tinha medo, muito medo e muita vontade de se justificar em máscaras, queria tanto agradar a todos que para nós todos trabalhou a vida inteira… o trabalho foi interrompido com a sua morte, por ele prevista entre 1935 e 1936, no hospital de São Luís dos Franceses a 29 de Novembro de 1935. E termina sem certezas na sua vida mas com a esperança de que cada homem que o leia, se espelhe nele, fazendo assim com que a sua alma permaneça eterna em cada espelho que nos reflecte: “ I know not what tomorrow will bring.” (Não sei o que o amanhã trará)… E a beleza disto tudo, destas palavras ditas antes de morrer, é que Fernando com as suas dúvidas e medos se mantém vivo há 125 anos e a servir de reflexo a todos nós… O legado? Para sempre um homem que foi um e todos ao mesmo tempo! // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 119
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Aline Fournier
Lou on the Rocks
Burlesque Snowqueen
Lou on the Rocks is an international burlesque performer. At an oriental twilight and asian dawn Crossroad, Lou on the Rocks rides on a highway to the stars. A passionate artist teasing you with elegance and fun…where Rock’n’roll meets classic burlesque. She performs all around Europe, Canada, 122 // www.IDIOTMAG.com
regulary in France, Great Britain, and Germany. She has her own show called “That’s Fabulous!” at the famous cabaret Palais Mascotte in Geneva, Switzerland. She invites there most talented artists from all over the world. www.louontherocks.com
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Rui de Noronha Oz贸rio
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Estamos todos muito excitados neste país que, outrora de brandos costumes, hoje está histérico e desgovernado. Já dizia o imperador romano Júlio César… “Há, nos confins da Ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar”. Ora pois este augusto príncipe de Roma tinha toda a razão… e reparem que espécie de gente a gente já era. Até nos dará vontade de rir e começarmos a pensar… ah e tal “tal e qual”. Devemos este espírito democrático todo a Sócrates que deixou de ser filósofo para se dedicar a tempo inteiro e horas extra a afundar aqui o barco sem deixar botes de salva-vidas. De repente acordámos num país onde não conseguimos ver futuro. A mentalidade encurta para o presente, acaba e morre o sonho e a vontade de sonhar. Oh triste fado, como magoas cá dentro! E magoará com certeza! Terá sido para isto que Péricles, na Atenas dos Clássicos, fundou a Democracia? Foi para isto que estes mesmos gregos, agora na falência financeira e intelectual, pensaram? É que pensaram tanto e hoje o que fazemos? Cobrimo-los de pó, esquecidos numa prateleira velha duma biblioteca abandonada! O que acontece a um povo que esquece a sua história, o seu legado cultural? A sua bengala de sapiência? Apodrece! É o caso! Nesta Grécia de Sócrates ou de Aristóteles vários foram aqueles que pensaram para nós usufruirmos com eterna intemporalidade. Hoje as democracias que eles nos deixaram, transformamo-las todos em coisa moribunda que se arrasta, como uma minhoca cheia de sede que parece não chegar ao fim da cruzada. Hoje a democracia é o Voto… aquele mesmo voto que legitimou o holocausto e tantas guerras mundiais. As democracias sonharam-se demofílicas, hoje apresentam-se demofóbicas. Votamos constantemente nos mesmos que nos lixam os dias e as noites, saímos à rua para fazer greve e prejudicar terceiros, cantamos o Grândola vila morena do Zeca e tenho o feeling que o próprio Zeca deve achar que nós
mandámos um ácido e alucinámos! A Política seria a Arte de Fazer durar os Estados e prova disso é o nosso Zorrinho (que é um Zorro pequeno) que por acaso é o líder parlamentar do PS que, imaginem, preocupado com a contenção de custos na bancada socialista, com as sopas que faltam nas mesas, faz o senhor benfeitor e caridoso o favor de dizer o seguinte: “Eu sou democrata e quero que tudo se saiba. Até que deixei de poder usar em serviço um BMW 5 para usar um Audi 5 porque era significativamente mais barato”. Ora aqui está um bom exemplo dum político à portuguesa, preocupado com o povo e solidário na austeridade. Mas nem só o Zorrinho, todos aqueles senhores e aquelas senhoras bem pensantes que sentam os seus traseiros naquela Gaiola das Loucas que é o nosso parlamento. Ah e nós todos também! E Gaiola porquê? Porque vivemos numa prisão ora governada pelo dinheiro neo liberal ou pela nota socialista! Hoje as democracias são económicas, financeiras e da banca. Ora já todos percebemos que ninguém nos pode tirar a força que temos de pensar! Pensamento? Sofia… Coisa tão Grega! Vou aproveitar para deixar uma proposta democrática que, com e sem pretensão, aqui vos partilho, com o fim de pensarmos no legado de Ouro-Diamante que o estudo da filos nos deixou em herança e com a esperança que o imortalizassem a cada geração: Ideal de Constituição mista é o juntar das virtudes de cada regime (Monarquia, República e Oligarquia). Adaptando o cú às calças, basicamente seria juntar alguns iluminados (e sem ironia!) de cada partido com representação partidária e formar governo! Pois será uma utopia! Porque enquanto o poder for delegado nos que buscam o poder, jamais exerceremos a nossa liberdade democrática. Mas já dizia o poeta… “eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida, e cada vez que o homem sonha o mundo pula e avança…” Penso que, se não esquecermos a história do pensamento, podemos todos convergir para um futuro melhor deste país, desta Europa, deste Mundo! Ah e para terminar, aconselho uma orgia na assembleia da república com carácter de urgência. Saiu um estudo na Boise State University que concluía que “os casos de sexo entre amigos fortalecem a amizade”. Por isso, já sabem: Toca a fortalecer essas amizades mas sem batota! // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 131
Nuno Di Rosso O que escrever sobre este homem? Se por um lado admiro a sua vontade férrea em reestruturar o regime e partir para uma Quarta República, por outro fico desiludido com a sua falta de visão e o seu provincianismo modernista. É sempre difícil despedirmo-nos de alguém que nos acompanhou durante mais de dez anos. Já todos ouvimos falar da síndrome de Estocolmo, em que os cativos desenvolvem laços com os seus raptores. Pois bem, proponho que haja a partir de amanhã, que hoje já se faz tarde, a Síndrome Rui Rio. Esta síndrome caracteriza-se por uma melancolia inexplicável de ver partir um homem que não fez nenhum bem especial, mas que deixa saudades pelo que poderia ter feito. Acompanham-me? É mais ou menos isto: Como muitos dos “meninos de bem-qualquer-coisa” da Invicta, frequentou o Colégio Alemão do Porto, tal como aquele que é por si apadrinhado para a sucessão na Câmara, Rui Moreira, obviamente. A rigidez germânica que lá adquiriu poderia servir para o bem e para o mal, mas parece que ficou cravada na personalidade só para o mal. Pelo menos assim o considero, pois para Rio, só há preto ou branco, pró ou contra, alto ou baixo, gordo ou magro, o que está no meio não existe. Se, para uns, era um abuso, quase uma indecência, o FCP ser recebido na Câmara Municipal na noite de qualquer conquista importante para saudar os seus adeptos da varanda do edifício ouvi dizer que Pinto da Costa tinha até a chave do edifício - pode dizer-se que é uma estupidez ainda maior, não ser convidado de todo. Se traz prestígio e orgulho desportivo à cidade, o clube deveria ser agraciado numa sessão solene aberta ao público, com direito a porto de honra e 132 // www.IDIOTMAG.com
tudo, uns dias após tal conquista nos Paços do Concelho, tal como manda o figurino. Isto é tipicamente Rui Rio, querer cortar com o passado de maneira tão abrupta que acaba por hipotecar o futuro. Não será motivo de orgulho para a cidade, que um clube nela sedeado conquiste importantes taças europeias e até planetárias? Ah, mas se calhar este Rio não gosta de desporto, diriam alguns. Mais à frente vamos conferir isso, mas parece-me que isto foi uma manobra à Mourinho ou Scolari, correr com a estrela da equipa do antigo treinador, para ganhar reputação e respeito. Oi Romário, allô Petit, adios Raul. Como dizia atrás, se calhar Rio não é um homem do desporto, deve gostar mais de cultura. Nada mais errado, ora rebobinem a fita até 2006, voltamos à história do Rivoli, vrum vruummmm. Sem saber o que fazer com este equipamento, o autarca decide entregar a gestão a privados, que saberiam dar melhor uso à sala. Depois do episódio dos barricados, da “Rivolução”, da indignação, das providências cautelares, o Rivoli é entregue a esse grande vulto da cultura portuense, Filipe La Féria. O produtor/encenador levou à cena grandes produções originais, de textos nunca antes vistos em lado algum, ora atentem nesta lista: “Jesus Cristo Superstar”, “Música no Coração”, “Violino no Telhado”, “Piaf”, “A Gaiola Das Loucas” e “Annie”. O objectivo era facturar, os 5% que a autarquia recebia das receitas de bilheteira, pediam sucessos em catadupa e La Féria correspondia. Até que a empresa constituída para o efeito deixou de pagar salários e não só, e a programação deixou de ser regular. Antes do final de 2010 estava consumado o divórcio.
Quem beneficiou mais com este arranjinho? Provavelmente La Féria e as crianças da área metropolitana, que ainda puderam ver a órfã dos caracóis ruivos e Dorothy a caminho de Oz. Se calhar Rio não gosta é de teatro, já tinha tido problemas prévios com a Art’Imagem e com vários festivais de teatro da cidade. Contudo quando se referiu à “(...) perversa cultura de mão estendida para os orçamentos públicos(...)” não fez distinções, falou da cultura no geral. Certo é que há por aí muita gente subsídio-dependente, mas matar todas as formas de cultura, menos das que se gosta, é uma atitude muito germânica, vrum, vrummmm. E assim foi, de curva em curva o edil ia retirando e reduzindo apoios, obrigando quem os aceitava a não criticar publicamente a autarquia. A cultura é boa quando não é crítica, e nunca cuspam no prato onde comem meus meninos - já me dizia a minha querida avó. Estes cortes afectaram toda e qualquer cultura, desde as populares colectividades recreativas e/ou desportivas até às mais elitistas estruturas intelectuais da cidade. A guerra já vinha de trás, a incompatibilidade entre o Museu Soares dos Reis e o Túnel de Ceuta foi o primeiro acto, a guerra com o pessoal da Escola da Fontinha, o segundo e o último foi confundir rabiscos com arte, e tapar tudo com um amarelo tristonho da “sua” Cin, vrummmmmmmmmm... Recapitulando: não gosta de futebol, não gosta da cultura erudita, parece que também não é fã da cultura popular, se calhar é apreciador de costumes antigos. Os menos higiénicos, como cuspir no chão ou urinar na via pública proibiu-os, e bem, mas
apenas o ano passado. No entanto, aquele estúpido costume de deixar os edifícios degradarem-se até ao ponto desolador da ruína continua bem vivo na baixa da cidade, e não é por se recuperar um par de ruas e seus edifícios, e espetar uma fotografia em que assina papelada num cartaz que faz esquecer o que falta fazer. Rio é uma lenda urbana: se os comunistas comiam crianças ao pequeno-almoço, ouvi dizer, sem conseguir confirmar, que o Sr. Presidente não deixa as velhotas sentarem-se, com os típicos banquinhos, à porta de suas casas na Ribeira. Bom, se calhar é como um dos seus colegas dos tempos da jota, o Pedro Santana Lopes, e gosta é de noite e rambóias. Espera aí, não foi ele que a pretexto de acabar com o ruído e a falta de respeito pelos moradores, estrangulou a noite na baixa? Como é que o fez? Limitando as licenças e encurtando horários, e obrigando os donos dos clubes a montarem limitadores de som, varrendo subsequentemente as pessoas para a rua mais cedo e todas ao mesmo tempo, onde fazem decerto mais barulho, screeeeeech!!! Mas Rio teve boas iniciativas que morreram na praia, como o programa Porto Feliz, que livrou a cidade de arrumadores de carros por um par de anos, ou a Porto Vivo que visava reabilitar os edifícios da zona histórica. Ainda há pouco tempo o ouvimos estrebuchar contra Pedro Passos Coelho e o seu governo, que empurravam este programa para a bancarrota. As dívidas do IHRU à sociedade Porto Vivo já vão em mais de 2 milhões de euros. Acautela-te Passos, o Rio vai roubar-te o lugar no congresso extraordinário, logo a seguir ao descalabro das autárquicas. Tanta tinta Cin gasta e ainda não chegámos à conclusão sobre o que gosta este homem, o que o faz mover, o que lhe agita o corpo e lhe faz palpitar o coração, no fundo o que lhe acelera as partículas... Chiiiiiiiii... São as corridas, pois claro. É óbvio, nunca o ouvi a apontá-las como um desperdício de dinheiro. Quando fala das corridas, sejam de carro, barco ou avião, até a voz se embarga e os pensamentos voam para longe. Este homem é um “adrenalino-dependente” e quer é estar de capacete posto. Tal como o Sampaio gostava de condecorar “rock stars” e Cavaco gosta de bolo rei, Rio gosta do roncar dos motores. E pronto, corridas tivemos e não foram poucas. // CULTURA E TENDÊNCIAS URBANAS // 133
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