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REVISTA DE EDUCAÇÃO DA ESE DE FAFE

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“Nenhuma Nenhuma ética será legítima se quiser impor aos outros a sua visão unilateral do mundo e da sociedade. sociedade ”

VARIA

Globalização, Ética e Responsabilidade Social na Pós-Modernidade Modernidade Ismael Mendes


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VARIA VARIA

Proposta de metodologia de implementação de sistemas de e-learning em organizações educativas – MISEOE

Revista de Educação da ESE de Fafe Número 4 ISSN 2182-2964 2015-2016 Janeiro Direção Dulce Noronha

Coordenação José Carlos Meneses


Globalização, Ética e Responsabilidade Social na PósPós Modernidade

Ismael Mendes


305 – Varia

Neste artigo partimos da ideia que a pós-modernidade

provoca

o

surgimento de uma nova ética – egocêntrica, indolor, à la carte, de

Resumo

self-service e individualista de que fala

Lipovetsky.

Referem-se

ideologias do homem pós-moderno e a necessidade imperativa de uma ética

pluralista

unidade

na

que promova diversidade,

a

como

expressão da voz da alteridade dos outros, como defendem entre outros Emanuel Levinas e Arnaldo de Pinho.

Em

consequência

a

globalização só pode ter sentido se se submeter à relação ética que é primordialmente

o

respeito

pelo

outro. A economia tem um limite ético: deve promover a justiça social porque, primeiramente, tem que responder ao sofrimento do Outro. As organizações carecem de balizar comportamentos

organizacionais

baseados em princípios éticos, que se relacionam com teorias éticas. As empresas podem adotar várias posturas

éticas.

Aborda-se

a

importância dos códigos de ética, razões

da

sua

introdução

nas

empresas, condições para a sua elaboração e implementação, tipos de códigos de ética e conceções organizacionais

acerca

do


306 – Varia

desenvolvimento, da ĂŠtica e da responsabilidade social.


307 – Varia

Na época atual, o consumo toma progressivamente

o

lugar

de

identidade, a liberdade de escolha ganha autonomia. O ser humano

Globalização, Ética e Responsabilidade Social na Pós-Modernidade

vive uma época vazia de sentido, encontra-se como diria Nietzsche, sem nada e sem ninguém; parece não

haver

nada

mais

que

o

presente que tem uma primazia em

A Pós-Modernidade e a Ética

relação ao passado e o futuro. Tudo é relativo. O modelo de vida baseia-se num atendimento “à la carte”, de selfservice, a liberdade de ação é uma

Metodologia Palavras-Chave ética, globalização, responsabilidade, social, código, pós-modernidade

prioridade, um direito de todos. O homem assume uma atitude de desinteresse e de indiferença pelo outro. A cultura da obrigação moral passa a ser suplementada pela cultura da gestão integral de si mesmo ”o reino do pragmatismo

Ismael Mendes IESFafe/ Universidade Católica Portuguesa (Porto)/ Universidade Portucalense (Porto)

individualista ocupou o lugar do idealismo categórico; os critérios do respeito por si mesmo diluíram-se no ciclo estável e indefinido da personalização, do psicologismo e da operacionalização” (Lipovetsky 2005: 70).


308 – Varia

egocêntrica.

Como

nos

refere

Baudrillard (1981: 240), “o lúdico do consumo tomou progressivamente o A caraterística fundamental da época atual, designada de pósmoderna, é o desprendimento do domínio do outro, tornando-se o Eu o centro das preocupações. A ética liberta-se do todo sacrifício e centrase no eu, tendo como horizonte a realização pessoal, o incremento de novos valores. Fomenta-se o minimalismo ético que não requer sacrifícios, mas que tranquiliza o individuo e sossega a sua consciência.

trágico de identidade”. A era atual, do vazio, de acordo com Lipovetsky é a possibilidade de viver sem sentido, de não crer na existência de um único sentido, mas apostar

numa

sentidos

construção

provisórios,

de

múltiplos,

individuais ou grupais. A sociedade pós-moderna é uma sociedade livre, sujeita à moda da eterna juventude. “Valoriza a ética da estética, do corpo e da moda. É a era da moda extrema,

em

burocrática

que e

a

sociedade

democrática

se

submete a três componentes- o efémero,

a

sedução

e

a

Na época pós-moderna observa-se

diferenciação marginal. A forma

uma crise de autoridade do estado,

moda

da justiça, da igreja, da escola e da

sociedade superficial e frívola que

família. Regista-se uma moralidade

impõe a normatividade, não mais

hedonista, virada para o presente, o

pela disciplina, mas pela escolha

consumo, o comprar, o usar, o

individual e

individualismo, a indiferença em

(Lipovetsky, 2004 :19).

apresenta-se

a

como

uma

espetacularidade”

relação ao bem comum. Maximizase

o

desejo

e

a

tolerância.

Proclama-se um novo compromisso moral,

onde

tudo

é

permitido,

menos o dever do sacrifício. A liberdade individual é apregoada e a meta a alcançar é a autonomia

Desenvolve-se

uma

cultura

hedonista que incita à satisfação imediata

das

necessidades,

estimula a urgência dos prazeres, enaltece o florescimento pessoal, a produtividade, a competição e a concorrência globalizada. Dá-se a


309 – Varia

deserção de valores e finalidades sociais. “ O ímpeto dos valores individualistas solapou o consenso que havia na demarcação entre o honroso e a desonra, o normal e o patológico.

O

neo-individualismo

inaugura uma zona cinzenta de fragmentação dos critérios morais e dos múltiplos juízos de valor, os quais já não têm como esteio fundamental um dever exigente. A era pós-moralista não comporta mais exortações à prática da moral, mas ainda aceita microexclusões de acordo

com

a

livre

escolha

Concordamos com José Moreira (2008: 49), quando escreve que a “ética não pode ser nem o simples reflexo da consciência individual nem o mero produto (ou resultado) de cálculo utilitarista de prazeres ou de dores (de contentes ou descontentes. A ética tem a ver com homens de carne e osso, com bens e com formas possuidoras de fundamento objetivo que são válidas para todos, ainda que nem sempre se consiga chegar a um acordo explícito”

(Lipovetsky, 2005: 40). Estamos numa época do homem e da

mulher

ligth,

centrado/a

no

consumismo, na lógica de não se comprometer com nada, em que tudo é transitório ou passageiro, em que a ética se fundamenta nos números, na estatística, a ideologia equivale a pragmatismo, os valores

Bart (2007: 91), com muito a propósito, socorrendo-se de Mike Feathestone,

aponta

processo

de

apresenta

as

que

o

pós-modernidade seguintes

linhas

norteadoras:

transcendentes perderam-se, vivese os valores à la carte, em que

Movimento que se afasta

todos estamos de acordo, dado não

das

ambições

universais,

defendermos nada de substantivo.

das narrativas mestras... e caminha em direção a uma ênfase

no

conhecimento

local, na fragmentação, no sincretismo, na “alteridade” e na diferença.


310 – Varia

Dissociação das hierarquias

refinamento, sem qualquer outro

simbólicas

questionamento. A ética permissiva

que

acarretam de

substitui a moral, o que induz a um

em

desconcerto generalizado. Tudo é

direção ao colapso populista

bom, desde que cada um se sinta

da distinção entre a alta

bem.

julgamentos gosto

e

canónicos

valor,

indo

cultura e a cultura popular. •

Relativismo: Tudo é relativo. A

Tendência à estetização da vida quotidiana.

nada absoluto, nada totalmente bom

Descentralização do sujeito, dando lugar à fragmentação, jogo superficial de imagens e sensações.

ideologias

ou

mau

e

as

oscilantes.

verdades

Desta

são

tolerância

interminável, nasce a indiferença pura. Vale a ética do consenso, a

Para o mesmo autor (2007: 94-96) as

subjetividade dita as regras. Não há

do

homem

opinião da maioria.

pósConsumismo:

moderno são:

Vive-se

para

consumir e essa é a única imagem Materialismo: O indivíduo consegue certo reconhecimento social pelo simples

fato

de

ganhar

muito

dinheiro, ter objetos que todos têm ou que são moda no momento. Para isto, não se medem esforços e cancelam-se os valores éticos: “ter” acima do “ser” ou “ter” para “ser”.

valorizada.

As

transformações

grandes

sofridas

pela

sociedade, nos últimos anos, são, a princípio,

contempladas

com

surpresa, depois com progressiva indiferença ou, noutros casos, como a

necessidade

de

aceitar

o

inevitável. Colocar-se contra é como de

ir contra a maré. A propaganda cria

comportamento é o prazer acima de

falsas necessidades. Os objetos,

tudo, a qualquer preço. A busca de

sempre melhores, criam o desejo

uma série de sensações novas e

impulsivo de comprar.

Hedonismo:

A

lei

máxima

excitantes. O prazer é passageiro, sem compromisso e sem amor.

Nihilismo: Viver a liberdade total é o ideal maior. O homem liberal é

Permissivismo: Tudo é permitido e,

aberto,

pluralista,

transigente,

daí, a procura ávida do prazer e do

tolerante, capaz de dialogar com


311 – Varia

quem defende posturas totalmente

personalista, a ética indolor, sujeita

distintas e contrárias às suas, o que

à lógica do consumo, mas também

somente o leva a uma indiferença.

vinculada aos valores da liberdade

O relativismo e ceticismo têm um tom devorador porque desta mistura emerge

um

homem

pessimista,

desiludido. Reina a indiferença à verdade.

Se

não

existe

uma

verdade, tudo é passageiro, frágil e provisório. Assim, surge a ideia de consenso como juiz último: o que a maioria disser é a verdade. No fundo, não existe uma verdade, cada

um

tem

a

sua,

o

que

desemboca na impossibilidade de existir uma ética comum. No fundo, cada um faz o que gosta e lhe dá prazer.

pessoal. Para Lipovetsky (2005) buscam-se novos caminhos, novos parâmetros éticos, observa-se um certo vazio que espelha a ausência de certezas, mas que comporta aspetos positivos e negativos. Na sua ótica, nesta era do vazio estamos

mais

livres,

menos

carregados, mais exigentes, menos submissos, menos moldados por engrenagens de poder em nome de verdades

que

se

apresentavam

como transcendentais ou universais, embora não passassem de formas locais de controlo. A ética faz-se do mínimo

indispensável

à

coesão

social e ao respeito ao outro, isto é, Lipovetsky

propõe

“uma

ética

indolor”, uma ética fácil, baseada num

modelo

relação

a

de

sacrifício

causa

em

(s)

que

constitui(em) o compromisso moral. Rejeita contudo a ética dos valores absolutos. Ganha espaço uma ética minimalista,

descomprometida

e

muito individualizada, uma moral marcadamente subjetivista e o eu torna-se

paradigma

para

o

relacionamento interpessoal. Surge uma

renovação

ética

de

cariz

regista-se uma correlação entre os valores do indivíduo e os valores da sociedade. Promove-se uma ética centrada num código individualista, embora o indivíduo tenha de ter um compromisso, ser responsável. A este respeito, concordamos com a crítica

formulada

por

Martins

(Junho, 2007: 33) que recorre a Gervilla

(

1993):

”consideramos

paradoxal que a única forma de rever

o

individualismo

em

responsável seja a conexão dos valores do individuo com os valores


312 – Varia

da sociedade ou da comunidade a

da perspetiva do outro e da relação

que pertence, e que o único método

da alteridade.

seja o trabalho de linha de tensão dupla: a primeira que separa e, simultaneamente,

vincula

os

interesses do individuo com os valores relacionados com a vida social,

económica,

política

e

cientifica vigentes; a segunda que limita e, simultaneamente, vincula a vida

presente

e

das

gerações

vindouras”.

Emmanuel Levinas diz-nos que a filosofia primeira não é ontologia (estudo do ser) mas ética que se funda na relação primordial entre o Outro ou Outrem e o «eu». Trata-se de uma relação assimétrica porque o Outro é Infinito, é Alteridade irredutível à mesmidade do «eu». O outro perturba a consciência porque se lhe escapa, não é assimilável pelo «eu»; é sempre o Outro que

Nesse contexto argumentativo, o sujeito cuida de si mesmo e, paralelamente, deseja o bem estar económico e ecológico ou ambiental, o progresso científico e tecnológico, o humanismo e o cumprimento dos valores humanos, a liberdade de informação, a intimidade da(s) pessoa (s), a eficácia e a justiça.

me ordena, que é chamamento e sobre

o

qual

me

absolutamente

sinto

responsável.

Ninguém me pode substituir na responsabilidade

pelo

Outro;

ninguém lhe pode responder na minha própria vez. É ao outro que o «eu» deve a sua consciência de si, a sua ipseidade. Mas esta ipseidade não é solipsismo do tipo do Cogito cartesiano; esta ipseidade tem o seu fundamento na alteridade do Outro. Este outro é voz, voz interior. Não

é

visível

nem

objeto

da

A ética à la carte, indolor de

consciência porque é-lhe sempre

Lipovetsky, não se coaduna com as

transcendente,

visões de Levinas e Arnaldo de

irredutível ao «eu», o qual lhe deve

Pinho,

ambos,

total obediência e submissão. Não é

argumentações

visível, apenas deixa o seu rasto no

diversas, a ética constrói-se à volta

rosto do outro ser humano que é

embora

dado com

que,

em

total

alteridade


313 – Varia

também total alteridade em relação

incontável, leva-nos além. Eis por

ao «eu».

que o significado do rosto o leva a

Em

Levinas,

o

rosto

não

é

considerado como máscara plástica

sair do ser enquanto correlativo de um saber (Levinas, 1982:78.)”.

na qual o outro se apresenta. É um

Mas a entrada do terceiro ou

encontro face a face, mas este face

terceiros obriga a corrigir a relação

a face não significa estar olhos nos

assimétrica entre o Outro, o Infinito

olhos. O rosto em si é já relação,

e o «eu». Daí a necessidade do

mas não como uma relação que se

Estado normalizar e regularizar as

estabelecia entre o eu e o Tu. A

relações entre o «eu» e cada um

principal caraterística do rosto é a

dos

de ser nu, sem forma e é ao mesmo

instituições, normas sociais, enfim,

tempo

uma

a cultura que têm como função

superioridade, de um excesso de

exercer a justiça e a equidade entre

significação. O rosto é “ significação

os diferentes outros. Passou-se de

e significado sem contexto. Quero

uma relação assimétrica para uma

dizer que outrem, na retidão do seu

relação simétrica entre os membros

rosto, não é uma personagem: ser-

da comunidade.

a

presença

de

se professor na Sorbonne, vicepresidente do Conselho de Estado, filho de fulano, tudo o que está no passaporte, a maneira de se vestir, de

se

apresentar.

É

toda

a

significação, no sentido habitual do termo, é relativa a um contexto: o sentido de alguma coisa está na sua relação com outra coisa. Aqui, pelo contrário, o rosto é sentido só para ele. Tu és tu. Neste sentido, pode dizer-se que o rosto não é visto. Ele é o que não se pode transformar num

conteúdo,

pensamento

que

abarcará;

o

nosso é

o

outros.

Surgem

assim

as

“Como é possível haver justiça? Respondo

que

é

o

facto

da

multiplicidade dos homens e a presença do terceiro ao lado de outrem que condicionam as leis e instauram

a

justiça.

Se

estou

sozinho perante o outro, devo-lhe tudo; mas há o terceiro. Saberei eu o

que

é

o

meu

próximo

relativamente ao terceiro? Saberei eu se o terceiro está de acordo com ele ou é sua vítima? Quem é o meu próximo?

Por

consequência,

é

necessário pesar, pensar, julgar, comparando

o

incomparável.

A


314 – Varia

relação interpessoal que estabeleço

ambiente

com

realização da ética.

outrem,

também

a

devo

estabelecer com os outros homens; logo, a necessidade de moderar este privilégio de outrem; daí a justiça.

Esta,

exercida

pelas

instituições, que são inevitáveis, deve ser sempre controlada pela relação interpessoal inicial (Levinas, 1982:78).

de

possibilidade

de

O sentido comunitário da cultura está dirigido, não primariamente ao grupo como um todo, mas a mim mesmo antes que aos outros; é um apelo feito a mim mesmo pelo outro. O questionamento ético provém do outro e é respondido por mim mesmo antes que pelos outros. Eu sou responsável pelo outro, sem esperar a reciprocidade. Arnaldo de Pinho revela em muitos

A política, o poder do estado, as instituições, seja em que sociedade for, não podem legitimamente

dos seus escritos uma preocupação pela análise da cultura e da ética, formulando uma proposta sempre

sobrepor-se à relação ética

inacabada

fundamental entre o Infinito e o «eu», Infinito que, através do rosto de cada um dos outros me ordena «não matarás». Quer dizer, o poder dos diferentes estados, culturas e

e,

por

isso,

sem

pretender ser um mandamento, mas uma

esperança

revelando

renovada,

compreender

o

dinamismo dos tempos, sem ser apologista do tempo descontínuo.

instituições devem estar

Compreende

subordinados/as ao respeito

criticamente

a

sociedade atual, refletindo acerca

absoluto pelo Outro.

da sua complexidade, a desordem em alguma ordem e apontando a necessidade

de

referências,

do

retorno mas renovado a um sujeito Para Levinas, a cultura é sempre

transcendente.

uma construção, uma inscrição de

causas sociais, advogando o apoio

um sentido original, mas nunca o

aos excluídos “ não se pode deixar

próprio

de referir a abertura aos mais

sentido

original.

É

o

pobres,

social

Preocupado

e

com

culturalmente,


315 – Varia

como sinal da religião e da vinda do

culturais

Reino de Deus, num paradigma

fórmulas

aceitável e

digno,

pelos governantes”. Favorável ao

contra o culturalismo. A abertura

diálogo entre culturas, mas diálogo

aos pobres nas ações concretas da

com pensamento de superação de

igreja, o sentido da promoção social

relações assimétricas no horizonte.

culturalmente

e da partilha dos bens, palavras certamente ainda não cansadas, serão lugares de verificação da diferença, ou seja da ética segundo o paradigma de Levinas. Para este a ética, a filosofia primeira começa no rosto (Pinho, 2001: 256).

adequados. são

Essas

instrumentalizadas

Para Pinho (2003: 81.), citando Isabel Batista (2007), a capacidade de transcendência que “impele o sujeito a caminhar para lá do imediato e do visível, fundamentase

na

experiência

do

desejo

metafísico, atendo ao seu carácter

Arnaldo de Pinho reconhece que a

absolutamente excecional, só pode

aceitação

ser

dum

verdadeiro

descrita

em

termos

policentrismo, cultural e religioso

hospitalidade”.

não é fácil, mas a hegemonia

acolhimento, quando subordinado à

cultural no interior duma civilização,

lógica da hospitalidade, implica uma

ontem como hoje, é uma expressão

capacidade infinita, uma abertura

de assimetria social. “A história

em

testemunha

assumindo inteiramente os riscos

uma

sucessão

de

impérios baseados em hegemonias económicas e culturais: não há dúvida que cada Império cria as suas mitologias, as suas culturas dominantes.

Dessas

hegemonias

culturais fazem parte afirmações de verdades intemporais, aplicadas a todos os povos. Ou seja, que por detrás duma perspetiva hegemónica está

sempre

etnocentrismo

a

afirmação feliz

que

dum se

propagandeia fora dos contextos

relação

Deste

de

a

todo

modo,

o

o

outro,

daí decorrentes. Nenhuma ética será legítima se quiser impor aos outros a sua visão unilateral do mundo e da sociedade. Qualquer

forma

de

economia,

qualquer reforma política ou lei, qualquer instituição criada ou a criar deve

subordinar-se

fundamental pelos outros.

da

à

ética

responsabilidade


316 – Varia

Num mundo desencantado, e num

É imperioso avaliar e reavaliar os

tempo de descrenças do poder

desacertos e acertos da época pós-

absoluto, da razão e do prestígio do

moderna, o desencanto que se

estado, em que o efémero, o vazio e

gerou, face à ética da influência, do

os grupos financeiros são cada vez

poder, da ética à la carte, procurar

mais poderosos, o essencial parece

com

derrotado. Podemos ou devemos

esperança, um compromisso com a

ser tentados à instalação de uma

condição humana, na base do

ética

transnacional,

diálogo, duma mentalidade criativa,

promovendo um ambiente favorável,

em que cada sujeito avance um

ético-jurídico

passo na verdade, valorizando-se

cívica

humanidade,

comum,

para

mas

a na

responsabilidade, capaz de sinalizar um sistema de direitos e deveres. Um problema de partida é que seja salvaguardado, na conceção, a não imposição de um modelo político hegemónico.

Na ética, devemos preocupar-nos com a questão da universalidade, na diversidade, nunca à la carte, de self-service, não de uniformidade, mas que possibilite uma composição heterogénea e não apenas democrática, da comunidade internacional de tal modo que os atores ocupem posições simétricas. A questão do papel, da participação dos países, organizações periféricas e dos excluídos é fundamental.

os

sabedoria,

direitos

introduzir

Humanos

hierarquia de valores.

e

a

uma


317 – Varia

A globalização, na medida em que pretende tornar-se em pensamento único e totalitário, na medida em que quer reduzir tudo à condição de

A globalização e a pluralidade ética

mercadoria, pretende que a sua “ética” seja universal e redutora das outras vontade

éticas, dos

manifestações outros.

da

Torna-se

totalitária na medida em que impõe aos outros, aos pobres e excluídos, aos explorados ou subordinados numa total dependência económica e cultural, a sua norma ou lei que é o maior benefício (económico) pelo menor custo. E pretende que esta lei seja universal, nem que para isso tenha que sacrificar à lei do lucro máximo a própria natureza, as outras espécies e os outros povos e nações.

Neste sentido, a globalização representa um retrocesso civilizacional porque pretende reduzir tudo ao mesmo, pretende impor a todo o mundo e a todos povos e culturas o modelo de desenvolvimento ocidental. Daí, o seu caráter totalitário, e, antiético se entendermos, à maneira de Levinas, que a ética é primordialmente o


318 – Varia

respeito absoluto pelo outro, a

bens, ora provocando restrições

responsabilidade absoluta pelo

abruptas,

outro.

desregulação

solidariedade

entre

da nações,

coletividades e pessoas. Assiste-se a uma substituição da política A

globalização

disparidades

aumenta

entre

incluídos,

excluídos

conduzindo

concentração

de

económicas

em

mercado,

a

uma

as

mercantilização de quase todos os

e

processos da vida social, podendo

à

estar em causa a humanização do

atividades grupos

pelo

de

individuo

e

a

prevalência

interesses

de

hegemónicos

empresas, cada vez em menor

excludentes,

número. A globalização permitiu a

necessárias

formação

cooperação, a solidariedade e a

comércio,

de

áreas

blocos

de

livre

económicos

integrados, a crescente interligação e a interdependência dos mercados físicos e financeiros numa escala planetária. Com a globalização, o mercado financeiro impõe, cada vez mais, as suas leis ao processo de configuração da vida humana. O mercado, financeiro, deus

nomeadamente transformou-se falso,

absoluto

o num e

omnipresente, não dando sinais de amor intrínseco e extrínseco. Age de forma paradoxal, conforme os interesses

de

momento,

ora

fomentando o consumo, o gastar

quando se

mais

tornam

a

subsidiariedade. Como refere Smith (1993:758), a ordem

de

uma

sociedade

de

mercado baseia-se no interesse ou no

amor-próprio

económicos concorrência,

que,

dos no

agentes jogo

constroem

da uma

realidade autorreferencial, que não possui fundamento exterior, mas que é assumida como necessidade realidade, focalizado, deste modo, para o eu em vez do outro. Embora servindo interesses particulares, os mercados sentem-se deuses de substituição.

necessidades

Se, numa fase inicial, a globalização

imaginárias, no sentido do fomento

provocou mudanças, muitas delas

do vazio pela aquisição ilimitada de

positivas para a humanidade, ao

dinheiro,

com


319 – Varia

pretender

tornar-se

ditando

leis

palavras, a globalização, à

totalitária,

semelhança da política e das

universais

e

beneficio

dos

instituições, deve estar subordinada

grandes grupos económicos, gera

à ética, à ética do respeito absoluto

hegemónicas

egoísmos,

em

desencanto,

angústia,

pela alteridade dos outros. Assim,

violência, desemprego, submissão,

para além do pensamento

desrespeito pelos Direitos Humanos

económico que pretende ser uma moral ou ética única, temos que

e injustiças.

admitir uma pluralidade de éticas Pinho, (2003: 83) referindo-se ao horizonte ecuménico da paz, diz de

que são as expressões genuínas da voz dos outros, dos outros povos,

modo indireto, que temos de aspirar

nações e culturas.

a uma ética ecuménica, capaz de valorizar os anseios de cada cultura e de todos, mas que “não se pode basear-se nem na dialética do terceiro excluído e do racionalismo,

A uniformização forçada da ética

nem

mero

provoca a anulação das diferenças,

à

as reações antiéticas, pelo que a

globalização

configuração de uma ética mundial,

ultraliberal”. A ética, para este autor,

num mundo globalizado, não pode

assenta

subordinar-se às forças mercantis.

através

funcionamento maneirada

do económico,

da

fundamentalmente

no

diálogo, na tolerância, no respeito

Ela

pela diferença, na importância em

responsabilidade social, unidade na

reconhecer a humanidade do outro

diversidade, reconhecimento de um

na

corpo

redescoberta

da

verdadeira

transcendência, em Jesus como modelo.

requer

ético

de

consensos,

comportamentos

comuns a todos os habitantes do planeta,

o

desabamento

de

estruturas corruptas, mas também necessita da validade racional e intersubjetiva. Concordamos com A globalização só terá sentido humano se servir os outros e não se se servir deles, incluindo aqui a própria natureza. Por outras

Manfredo (2001:10.), quando afirma que ”a ética emerge como reflexão crítica destinada a tematizar os


320 – Varia

critérios que permitam superar o mal e conquistar a humanidade do homem, enquanto ser livre. Sendo assim, ela é mediação para a humanização do ser humano, para a efetivação dum modo humano enquanto

mundo

que

torna

a

liberdade efetiva. O seu objetivo fundamental marcos

nos

é

estabelecer

quais

é

os

possível

configurar, num mundo humano, a subjetividade e a intersubjetividade, enquanto

espaço

efetivador

de

liberdade. O que se procura, acima de tudo, são critérios que permitam conduzir as suas vidas com a dignidade que os constitui como seres chamados à liberdade”.

A questão da implementação duma ética global, requer uma visão sistémica integrativa que não exclua diferenças, que não transforme o individualismo num simples coletivo, mas a abertura ao outro e aos outros, a valorização da heterogeneidade e um núcleo de hierarquia de valores.


321 – Varia

As instituições políticas, sociais e culturais,

qualquer

que

seja

a

sociedade e em qualquer tempo e

As instituições, a ética e a responsabilidade social

lugar, terão que ter uma dimensão ética que é o respeito absoluto pela integridade do outro, qualquer que ele seja. As instituições, por muito plurais e diferentes que sejam, só serão legítimas se se submeterem à Ética,

isto

é,

têm

responsáveis,

que

ser

absolutamente

responsáveis pelo Outro, seja qual for a forma humana de que Este se revista.

Neste

legítimo

que

sentido, as

não

é

instituições

humanas se sirvam do homem em vez

de

o

servirem.

Em

consequência, as leis políticas, as normas sociais e culturais não podem ser totalitárias no sentido de que

ignoram

ou

esmagam

a

vontade legítima dos outros. Daí a necessidade do pluralismo, não só entre sociedades diferentes, como também entre os diferentes outros de uma mesma sociedade. Dentro da ótica de Levinas, qualquer que seja o totalitarismo do estado, da lei ou da cultura, este não é legítimo porque não respeita a Alteridade, porque pretende reduzir os outros, as outras culturas ou instituições, à mesmidade

ou

identidade.


322 – Varia

Consequentemente perderiam a sua

outros, numa práxis da ética pela

dimensão ética.

ética.

Pinho, tal como Levinas, defende a abertura ao outro ou outros, no diálogo, sem hegemonias, e no pluralismo,

numa

concomitância

As instituições são fundamentais

diferenciada, em que o paradigma

para que se possa promover a

da paz” guarda em cada cultura os

conciliação da ética com a

fragmentos

a

desenvolver

dos

responsabilidade social e com o exercício profissional.

anseios dos outros (Pinho, 2003: 83). Defende a construção duma humanidade duma

solidária

imensidão

composta

de culturas

e

aberta à diferenciação religiosa. “Os sujeitos dessas culturas, como outra no Renascimento, conseguirão ver pedaços

do

seu

sonho,

nos

pedaços dos sonhos dos outros, porque toda humanidade aspira ao bem (Pinho, 2003: 82)”, isto é, a ética, dizemos nós. As

instituições

No mundo do individualismo, do narcisismo,

de

um

capitalismo

hedonista

e

permissivo,

da

deserção de valores, em que o transcendente

é

venerado

à

distância, em que as paixões são canalizadas para o eu, é tarefa árdua para as instituições balizarem

partidárias,

num

comportamentos

organizacionais

período de crise, de desencanto,

assentes em princípios éticos que

podem

buscam, dentro e fora das mesmas,

certamente

ensinamentos Levinas

e

das

reengenharia

reflexões

Arnaldo

desenvolvendo

tirar

como

de

de

Pinho,

urge

organizacional

a que

aponte para processos destinados a defender

o

bem

comum,

uma

sociedade alicerçada no respeito pelo sujeito, pelo outro e pelos

numa

mobilização

assunção concretos

de que

altruísta

de

compromissos não

se

podem

compadecer de visões instrumentais ou simplesmente utilitárias. Infelizmente,

em

muitas

organizações, a ética funciona como estratégia

comercial

para

a


323 – Varia

valorização serviços

dos

ou

seus

bens

imateriais.

produtos, e

melhorar e evoluir, esforçando-se

outras

por institucionalizar a ética (Lopes &

matérias

Contudo,

cada um, com o propósito de se

organizações são portadoras de

Capricho,

uma mensagem de sentido e valor

organizações éticas são aquelas

humano.

que subordinam as suas atividades

Na era da pós-modernidade, para muitas

instituições,

transformou-se

a

ética

num

económico,

meio

num

simples

2007:

286).”

As

e estratégias a uma prévia reflexão ética e agem de forma socialmente responsáveis,

na

perspetiva

de

Srour (2005).

instrumento de gestão, promovendo

A preocupação pela ética no mundo

códigos de conduta centrados em

dos negócios começa a ter grande

estratégicas

de

importância na primeira metade do

maximização dos lucros e marketing

século XXI e a converter-se num

de causas. Outras organizações

tema que mobiliza a opinião pública.

elaboram códigos de ética, na visão

Até 1980, prevaleceu a ideia de que

de deveres de cidadania global, de

a ética nada tinha a ver com os

assuntos

da

negócios e a empresa. “A ética era

dos

vista como uma teoria edificada de

do

costas para a praxis diária do

do

mercado

competitivas,

sociais,

responsabilidade direitos

pública,

universais,

desenvolvimento

sustentável,

e

dos

negócios.

As

bem comum e do progresso da

recomendações da ética eram muito

comunidade.

bonitas,

A implementação da ética nas organizações implica ação a dois níveis: o interno e o externo. O interno, o nível das políticas e dos relacionamentos externo,

o

individuais

nível

de

e

todos

o os

stakeholders e da sociedade. A ética

envolve

individual

e

uma

coletiva

“postura de

crítica

construtiva que deve começar em

idealmente

aceites

por

todos, mas infelizmente – pensavase que não podiam ser postas em prática, porque eram incompatíveis com

as

exoneráveis

concorrência,

da

leis

da

inovação,

da

autoridade e do lucro” Moreira (2008: 87). Na Europa, em 1987, foi criada a Rede Europeia de Ética da empresa que fomentou a criação de centros

e

cursos

específicos


324 – Varia

relativos à ética empresarial e à

terreno da gestão e da economia: a

responsabilidade

do póquer e a da ética. Perante os

social

das

empresas. Muitas

escândalos recentes em diversas

empresas

na

atualidade

assumem uma preocupação social nos seus negócios, partindo da premissa

de

que

existe

uma

correlação entre a atuação ética e os resultados alcançados.

empresas

e

negativo/selvático

o

ambiente

que

impregna

muitos ambientes organizacionais, parece desejável que a lógica do póquer

seja

substituída

observância de princípios e valores que tornem a vida empresarial e humana digna

mais e

realizadora,

mais

contributiva

desenvolvimento A ética surge como um fator positivo

pela

mais do

económico

sustentável à escala mundial.

à eficácia económica das empresas, um elemento para encontrarem maior recetividade social, um instrumento de administração e gestão, uma estratégia de mercado, uma forma sedutora para criar necessidades aos consumidores, uma necessidade/via para as empresas terem em conta os interesses de todos os stakeholders, quer sejam acionistas, clientes, fornecedores, empregados, instituições locais, estado e a sociedade em geral.

Gómis, Guillén e López (2011: 3437)

propõem

uma

classificação

gradual das diversas posturas éticas que as empresas podem assumir: eticamente reprováveis, eticamente cumpridoras,

eticamente

sensibilizadas

e

eticamente

excelentes. As

empresas

reprováveis

são

eticamente as

que

não

acolhem as normas éticas, não têm em

conta

critérios

éticos

ao

tomarem decisões ou geralmente não atuam com critérios éticos. Em suma, regista-se a ausência de ética.

Para Rego et al. (2007: 62) existem

As

duas lógicas que se cruzam no

cumpridoras serão aquelas que

empresas

eticamente


325 – Varia

cumprem a legislação laboral, fiscal,

critérios e valores morais positivos

de mercado e cívica, mas que

de atuação para com os diversos

também

direitos

stakeholders. Nesta linha de ação,

humanos, os códigos de ética e as

caminha-se para a certificação da

normas de deontologia profissional.

qualidade da ética. Podemos dizer

O carater deontológico caracteriza-

que as empresas sensibilizadas

se

para a ética recorrem a critérios

respeitam

pela

os

sua

natureza

eminentemente exógena e centra-

éticos,

se no cumprimento das normas,

humanos,

colocando enfase na regulação ou

stakeholders e praticam uma gestão

autorregulação.

ética.

As

normas

de

carater ético apresentam-se em termos de obrigação ou proibição, de direitos e deveres e podem ter que ver com o segredo profissional, a confidencialidade, o respeito pela privacidade, a boa imagem e a proibição de aceitação de “regalias”. É uma visão normativa de caracter reativo. As

os

os

diferentes

empresas

excelentes

são

direitos

eticamente as

que

se

preocupam com o desenvolvimento humano de todos os seus membros, de todas as pessoas implicadas na missão da empresa, assim como todos

os

atividade.

afetados Esta

pela

sua

de

ética

noção

incorpora as normas e o bem, empresas

sensibilizadas

eticamente são

as

que

entendem a ética não apenas no sentido exógeno, como um dever, mas também na sua dimensão endógena,

como

um

bem

a

alcançar. Este enfoque centra-se mais no fomento de valores éticos positivos, do que no cumprimento das normas. O mais significativo desta conceção de ética é o papel proativo

As

valorizam

de

organização

cada na

membro

da

aplicação

de

fomentando

a

excelência

do

comportamento humano em todas as atividades (virtudes). Rego

et

recorrendo

al. a

(2011:

34-37),

Carroll,

também

apresentam um modelo piramidal que

incorpora

responsabilidade empresas: éticas

e

empresas

aspetos social

económicas, discricionárias. de

de das legais, As

responsabilidade

económicas situam-se na base da pirâmide, centrando a sua ação nos


326 – Varia

lucros, na maximização do valor

legal

para os acionistas, manterem a

condutas

posição competitiva nos mercados e

subordinados e pares e mesmo dos

assegurarem um nível elevado de

cidadãos

eficiência operacional. As empresas

exemplo.

geram dinheiro para compensar os investidores e assegurar que os restantes stakeholders acedam aos produtos, serviços e postos de trabalho.

e

ético

As

que

induzem

apropriadas

em

geral

dos

através

empresas

responsabilidades

a

do

de

filantrópicas

levam a cabo ações filantrópicas, prestando serviços à comunidade, melhorando a qualidade de vida de

As empresas que se situam no

algumas populações, atuando em

segundo patamar levam a cabo

prol de um futuro melhor, participam

não

em atividades de voluntariado, são,

apenas

as

responsabilidades

suas

económicas

em

síntese,

boas

cidadãs

fundamentais, mas também as

empresas. Neste tipo de empresas,

legais,

pelo

os

dos

proactiva em prol do bem comum,

regulamentos, atuam de acordo

usando os ativos das empresas e a

com

sua capacidade para melhorar a

preocupadas

cumprimento

das

as

leis

regras

e

do

jogo.

Preocupadas por produzir bens ou serviços

que

satisfaçam

as

obrigações legais.

gestores

atuam

de

forma

sociedade. A responsabilidade social total das empresas e outras organizações

As empresas de responsabilidade

seria

éticas visam o cumprimento não

componentes-económicas,

apenas

responsabilidades

éticas e filantrópicas. Deste modo a

económicas, legais, mas também

pirâmide deve ser vista como um

éticas, orientando a sua atividade

todo.

das

por fazer o que é correto e justo, evitando

prejudicar,

agindo

de

acordo com as normas éticas da sociedade.

Nas

responsabilidades

empresas

de

éticas,

os

gestores têm um comportamento

composta

das

quatro legais,


327 – Varia

O

surgimento

organizações

da

ética

deve-se

a

nas razões

muito diversas, que vão desde

As organizações e os códigos de ética

tecno-económicas, legais, utilitárias, altruístas,

humanitárias,

filantrópicas, instrumentais, morais, religiosas, filosóficas, de gestão de conflitos, de marketing, de visões estratégicas, de gestão de conflitos de

interesses,

competição,

performance, da

sobrevivência,

de

globalização,

reputação,

de

combate à corrupção e escândalos, de equidade e justiça, sociais. Cortina (2010: 238) aponta três tipos de razões para a introdução da ética nas empresas: As atuações de falta de ética das empresas estão na origem de casos de corrupção, abuso de poder, de falta de responsabilidade social que tem desencadeado uma perda

de

confiança

com

consequências na diminuição das vendas,

desconfiança

de

trabalhadores e consumidores. O

fenómeno

da

globalização

implicou o crescimento do poder das empresas e a deslocalização, sendo

as

insuficientes,

leis os

nacionais

poderes

dos

governos cada vez menores e daí


328 – Varia

da

necessidade

de

ética,

das

logicamente,

os

seus

bons

empresas estabelecerem códigos

resultados, mas que requer ação

de ética e de conduta para as suas

em conformidade com os princípios

filiais ou empresas parceiras, de

morais e as regras do bem proceder

modo a criarem uma boa imagem e

aceitas pela coletividade, uma forma

aumentarem as suas vendas.

de administrar os seus negócios e

Necessidade de reputação das empresas face às exigências dos consumidores.

As

empresas

consolidar

relações

fornecedores,

clientes

com e

outras

pessoas envolvidas.

esforçam-se por vincular valores

Moreira (2008: 94-95) considera que

éticos

a

para se incorporar a ética nas

confiança dos consumidores, para

empresas é necessário atender a

se tornarem mais competitivas.

dez axiomas, a que designa por

e

morais

e

ganhar

pilares para um edifício ético: A ética da empresa não é distinta da ética geral. Não há uma moral A ética relaciona-se com o

privada, uma moral pública e uma

julgamento valorativo do conteúdo

moral empresarial, só uma moral a

moral de uma determinada conduta

aplicar à vida privada, pública ou

ou comportamento, a ética é ação, é

empresarial.

pôr em prática os valores morais, e corresponde a um sistema de balizamento ou de codificação para ser usado na tomada de decisões. É a forma de traduzir a moral em atos.

O sujeito da ética é a pessoa, não a empresa. A empresa não tem responsabilidade ética, ainda que possa ter responsabilidade jurídica. É evidente que os trabalhadores e dirigentes

têm

responsabilidades

éticas, mas, na nossa opinião, a No caso das empresas, a ética pode ser entendida como um valor da organização que assegura sua sobrevivência, a sua reputação e,

empresa, que

enquanto

aprendem

organização

também

possui

responsabilidades éticas face à sua filosofia,

estratégia,

forma

de

conceção, implementação da ética,


329 – Varia

instrumentos utilizados e formação

ético é legal, nem todo o legal é

desenvolvida.

ético.

A ética é uma ciência que estuda

A ética não é parte da economia

a

aplicada

conduta

do

homem

para

pelo

contrário,

é

a

alcançar o seu fim. A ética é uma

economia que, sem prejuízo da sua

ciência, não uma crença nem fruto

relativa autonomia, está sujeita à

de um consenso político, é um

ética.

saber que se aprende com a ajuda da razão e da experiência. É uma ciência prática. Não se estuda para saber, mas para atuar.

A subordinação da economia à ética não significa que a ética possa

impor-se

coativamente

nem na vida privada, nem na vida

A ética é uma ciência teórica de

pública, nem na vida empresarial.

carácter

à

Os comportamentos éticos devem

vontade. A ética diz-nos o que se

nascer de convicções internas, quer

há de fazer, teoricamente, mas há

sejam de natureza transcendente,

que

quer de raiz humanista.

normativo

saber

e

dirigida

aplicar

esse

conhecimento teórico.

A ética é algo para ser vivido

Não se deve confundir a moral

todos os dias, não um remédio ou

com a moralidade (a consciência

uma solução para quando surge

moral

um problema ou um conflito.

com

o

comportamento

individual).

Álvaro Fernández (2007: 114-115)

A ética é, antes de mais, algo

entende que a ética empresarial é

positivo: há que falar sobretudo de

uma ciência aplicada que parte de

fazer o bem e, como consequência,

princípios éticos universais, o bem,

evitar o mal. É errado ver na ética

a utilidade, a retidão, a justiça … e

a

os incorpora no âmbito empresarial.

satisfação que produz adoção de

Para este autor, o propósito ético da

um comportamento ético.

empresa consiste em humanizar a

proibições,

esquecendo

A ética nem sempre coincide com a legalidade. Nem tudo o que é

empresa, preservar o ambiente, defender a comunidade, entender que o ser humano não é apenas um recurso, mas sim o principal valor


330 – Varia

reforço da cultura, favorecer o

da empresa, colocar a pessoa no centro

do

processo

produtivo,

equilíbrio da satisfação do objetivos

sabendo que ela é sempre um fim e

pessoais e os objetivos da

nunca um meio, fazer prevalecer o

organização, proporcionar critérios

respeito pelos direitos humanos,

de atuação para resolver conflitos

respeitar os direitos do trabalho,

de interesses, servir de guia da boa

criar

ou má conduta, ser um elemento de

climas

oferecer

laborais

condições

saudáveis, dignas

de

salvaguarda quando o empregado é

trabalho, tais como – segurança,

forçado por um superior a cometer

saúde, salários, proteção de riscos

um ato sujo ou pouco limpo.

profissionais, não utilizar trabalho infantil e não discriminar pessoas por razões de sexo, religião, grupo étnico ou condição intelectual ou social.

A eficácia da ética nas empresas ou noutras organizações passa por uma estratégia, uma mudança de cultura, o envolvimento dos vários atores, mas também pelo respeito

As empresas introduzem a ética por

dos valores pessoais de todos os

motivos diversos, tais como: a

stakeholders, o bem comum, a

necessidade da empresa contribuir

clareza dos valores organizacionais,

para o desenvolvimento humano e

o respeito pelos direitos universais,

profissional dos seus membros,

a

rentabilidade

organizacional,

precisar de bons profissionais que

políticas e procedimentos éticos,

perfilhem princípios éticos, por

recompensas pelo comportamento

imperativos legais ou necessidade

ético, linhas de orientação para a

de autorregulação, para aumentar a

tomada

credibilidade face ao meio, criar um

construção de apoio a práticas

imagem de responsabilidade,

éticas, liderança transformacional

seriedade e excelência, evitar

ética,

de

formação

decisão

em

ética,

ética

e

atuações fraudulentas ou condutas

autoavaliação e reorganização pela

indesejáveis, ser útil para a busca

ética.

da identidade de empresa e o


331 – Varia

As perceções acerca da ética dos

vez,

gestores têm fortes implicações na

integrativas

conceção e implementação da ética

humano partem da convicção de

nas empresas/ organizações, pois,

que o desenvolvimento não é só

a título de exemplo, podem ter uma

económico, mas sobretudo humano,

matriz

que o modelo de desenvolvimento

normativa

prescritiva,

as

teorias de

sistémicas

desenvolvimento

utilitária, de direitos, de virtudes, de

humano

quantidade de benefícios, do que é

basear-se

estabelecido pelos profissionais, de

equidade, solidariedade e justiça, a

justiça,

economia

de

aristotélica,

visão

kantiana,

estoica,

epicurista,

deve

ser

nos

sustentável,

princípios

deve

fundamentalmente

de

ser

social,

o

ser

hedonista, light, relativista, à la

humano está acima do capital, a

carte, indolor ou de Levinas, entre

melhor maneira de conseguir o

outras.

desenvolvimento de um país e

A implementação de códigos de ética também está relacionada com as conceções organizacionais e desenvolvimento.

Enquanto

as

teorias clássicas se baseiam nas leis da economia e das finanças, na visão de que o mercado é o motor do progresso, o consumo pode gerar um elevado grau de qualidade e que a economia por si só pode resolver os problemas da pobreza, do analfabetismo e da saúde, sendo a

responsabilidade

empresas assegurar

social

gerar a

das

benefícios, rentabilidade

económica, a ética seria maximizar o lucro, favorecer as vantagens competitivas,

contribuir

para

a

reptação das empresas, por sua

propiciar a qualidade de vida das populações. Para estas teorias, a ética

corresponde

à

empresa/organização ter deveres de cidadania, preocupar-se com os sinais

e

expectativas

de

responsabilidade social do meio em que

se

inserem,

responsabilidades legais,

sociais

obedecer

aos

universais,

cumprir

as

económicas, e

filantrópicas,

direitos

humanos

procurar

o

desenvolvimento sustentável e o bem comum. As empresas como as pessoas

têm

alma,

que

humanizar, é preciso distribuir a riqueza e levar o desenvolvimento a todos os habitantes do planeta. Os líderes do futuro serão líderes do desenvolvimento à escala humana,


332 – Varia

desenvolvimento

documentos focalizados como a

inclusão,

uma

justiça e o caracter”. O código de

empresa com êxito é aquela que

ética enuncia valores filosóficos de

respeita os direitos humanos, os

uma

direitos do trabalho, protege o meio

código de conduta diz respeito às

ambiente e luta contra a corrupção

linhas de orientação práticas da

(Fernández, 2007: 113).

implementação do código. Alguns

o

verdadeiro

baseia-se

na

organização,

enquanto

o

códigos são mais éticos e outros códigos mais de conduta”. Um

código

de

ética

é

um

A institucionalização da ética nas

documento em que a empresa

organizações/empresas pode ser

estabelece um ideário, uma carta de

concretizada por códigos de ética

intenções, em que a “empresa

ou códigos de conduta,

estabelece

certos

objetivos

de

comités/comissões de ética,

carácter ético que deseja conseguir,

provedores de ética, auditorias de

dentro e fora da mesma, isto é, com

ética, gabinetes de ética, páginas

os fornecedores de capital de risco,

web, códigos de um bom governo

trabalhadores, diretivos, etc., e/ou

corporativo, formação em ética,

com

responsáveis de práticas éticas.

instituições financeiras, comunidade

clientes,

fornecedores,

local, economia nacional” (Moreira, 2008: 67). Os códigos de ética ou de conduta são documentos formais Neste artigo, vamos abordar os códigos de ética e/ ou de conduta, embora

exista

distinção,

como

cuja principal função é explicar o projeto, os valores e as regras de atuação da empresa/organização.

referem Rego et al. (2007: 267):

Um

“código de conduta tende a designar

documento

as

expressam

condutas

e

as

práticas

código

de

ética

formal

é

“um

onde

se

valores

da

relacionadas com resultados e com

empresa/organização

virtudes como pontualidade e o

compromissos

rigor. O código de ética é uma

devem

expressão

pessoas da organização. É um

mais

associada

a

guiar

e

os

assumidos

que

a

atividade

das


333 – Varia

o

discriminação, violência, igualdade,

conjunto de valores que guia a

uso de recursos, saúde laboral,

conduta da organização e orienta os

ambiente, conflitos de interesse,

seus

proteção

documento

que

membros

manifesta

na

tomada

de

instituição,

decisões (Cortina, 2010:241).” Os

códigos

de

ética

são

documentos escritos” que enunciam diversos padrões morais tendo em vista

orientar

e

do

inspirar

os

património

transparência

da nas

comunicações internas e com os stakeholders denúncia,

da

organização,

prática

de

suborno,

corrupção em geral.

seus

Diversos autores têm estabelecido

colaboradores (Rego et al., 2007:

diversas tipologias de códigos de

267).”

ética. Destas fazemos referência a.:

comportamentos

Os

códigos

instrumentos

dos

de

ética

de

são

comunicação

Normativos

valores

as

e

formalizam

os

práticas

das

destinados a orientar os diversos

organizações. Descrevem como as

atores

e

pessoas e as empresas devem

e

atuar.

acerca

das

procedimentos

normas

aceites

recomendados

pela

cultura

organizacional

da

empresa/organização, favorecem a institucionalização orientam

as

da

empresas

ética, e

as

instituições nas suas ações e na interação com os seus públicosalvo. Entre

Destinam-se

a

guiar

os

comportamentos dos colaboradores e as decisões de gestão. Instrumentais - têm como objetivo principal

a

manutenção

ou

promoção da reputação da empresa junto

dos

organização.

stakeholders Visam

da

incrementar

resultados económicos. São um os

inúmeros

tópicos

meio

para

as

empresas

abordados nos códigos de ética,

desenvolverem

predominam alguns, tais como as

desligada de regimes repressivos

leis do país onde a organização se

ou de práticas laborais perversas ou

encontra,

não

valores

próprios

da

organização, responsabilidades e obrigações face aos stakeholders,

uma

respeitadoras

humanos.

dos

imagem

direitos


334 – Varia

Punitivos – contemplam matérias

Centrados

relacionadas

com

empregados

Procuram

controlar

sanções.

na

conduta perante

dos outros

os

colaboradores e a empresa no

comportamentos dos empregados e

seu todo - os comportamentos mais

ou gestores.

mencionados – intimidação, respeito

Baseados em princípios – afirmam a intenção de enveredar por ações

pela empresa, interesses, conflito, corrupção e fraude.

ou

As vantagens da introdução de um

éticas, geralmente perante os seus

código de ética numa organização

stakeholders, sem especificar tais

são

intenções.

comporta

socialmente

responsáveis

Orientados

e

para

o

comprometimento – afirmam a intenção de enveredar por ações socialmente éticas.

responsáveis

São

e

ou

especificados

e

múltiplas, efeitos

mas

também

perversos

e

dificuldades se não se tiver em atenção a cultura organizacional, a forma como a descongelar e a preparar para a mudança pela ética.

focalizados nos princípios. Centrados

nas

relações

responsabilidade

da

em

empresa

para os stakeholders - os aspetos mais focados são a qualidade de produtos e serviços, o cumprimento das leis e a proteção do ambiente. Os princípios são a transparência, a honestidade e a justiça. Centrados valores como: equipa,

na

sentido e coesão ao esforço da empresa/organização sobre ética, fomentam a compreensão mútua, a confiança e cooperação no seio da empresa, legitimam as opções éticas, melhoram a imagem da empresa, geram coesão cultura,

definição

organizacionais, cooperação,

Das vantagens destacamos: dão

espírito

de

tornam a empresa sujeito moral,

tais

influenciam a adoção de práticas

de

éticas, clarificam o pensamento da

responsabilidade,

comunicação aberta e inovação.

gestão acerca do que é comportamento ético, contribuem para os empregados se responsabilizarem pelas


335 – Varia

consequências dos seus

operacionais

na

elaboração

e

comportamentos, proporcionam

implementação do código, a alta

estímulo aos membros da empresa

direção dar o exemplo, adequar-se

que desejem atuar eticamente,

aos valores do código servindo de

favorecem a boa condução dos

modelo para os empregados e

negócios, evitam determinadas

outros stakeholders, um adequado

práticas, caso de corrupção,

comité

articulam e comunicam as

difusão

expectativas éticas, compatibilizam um cultura ética das empresas e

de

acompanhamento,

do

código

através

de

reuniões, folhetos, revistas, vídeos, mensagens

eletrónicas,

fóruns,

das pessoas, acrescentam valor à

programas de formação sobre ética,

organização e à sua cultura,

ajustar-se à realidade empresarial,

contribuem para o processo de

conter

construção, manutenção e

objetivos

realistas, o conteúdo conter valores

transformação de uma organização

e

sem ética, numa organização com

explicitados,

ética, incrementam a reputação das empresas e dos seus

princípios

cidadania,

O sucesso da elaboração de um

de

um

depende

da

conjunto

de

condições, das quais destacamos: relação

entre

a

estratégia

da

empresa, a sua cultura e os ideais inseridos no código, a filosofia do código

e

a

comunicados interessados, níveis

de

sua a

ação

serem

todos

os

compromisso

dos

topo,

-

intermédios

e

lealdade, verdade,

responsabilidade,

dos

respeito

outros,

ambiente,

segurança

existência

como

justiça,

humana,

ética

devidamente

honestidade,

respeito, direitos

de

éticos

integridade,

colaboradores.

código

alcançáveis,

no

pelos

dignidade saúde

trabalho,

e zelo,

responsabilidade social para com os stakeholders, confiança. Um núcleo de

valores

não

materiais

a

prevalecer sobre a maximização do lucro, embora a empresa tenha que ter objetivos da sua rentabilidade, pois só desse modo poderá cumprir os seus compromissos perante os stakekolders.

O

envolvimento/participação

na

elaboração do código de todos os colaboradores,

a

linguagem

ser


336 – Varia

compreensível de fácil leitura e

de “moral” dos gestores que requer

compreensão,

se

conformação das suas ações a

maçador nem muito extenso, ser

elevados padrões de ética. Os

escrito

tom

gestores devem liderar, dando o

negativo e positivo, a comunicação

exemplo, para alcançar os objetivos

das

organizacionais

num

o

texto

não

equilíbrio

violações,

sem

de

mencionar

e

pessoais,

no

nomes e reportada às de maior

cumprimento e no espírito da lei e

importância. O código deve ser

na observância de valores como a

dado a conhecer a trabalhadores,

justiça, confiança, respeito pelos

fornecedores,

direitos

clientes

e

outros

dos

colaboradores,

stkakolders. Há necessidade de

honestidade, verdade, franqueza e

existirem vias para esclarecimentos,

transparência.

as violações serem tratadas de

autenticamente empenhados numa

modo imparcial, conter cláusulas em

liderança

que

ética, orientando o exercício do

sejam

reconhecidas

as

Devem

transformacional

poder

empregados,

dos

organização e dos colaboradores,

acionistas, clientes e cidadãos em

da comunidade e da sociedade

geral.

como

direitos

Nas organizações/empresas para que se mantenha um elevado clima ético, devido ao esforço de cada stakeholder,

é

necessário

um

sistema de monitorização e controlo dos ambientes interno e externo, no sentido

de

detetar

aspetos

causadores de condutas antiéticas. O desenvolvimento da ética nas organizações

passa

pela

formulação da sua estratégia, pelo modo como a ética é concebida, pelo envolvimento participativo dos vários atores, mas também pelo tipo

um

todo;

benefício

pela

responsabilidades da gestão e dos os

para

ser

devem

da

estar

dispostos a fazer autossacrifícios, ser autênticos, confiáveis, promover políticas, procedimentos, processos e cultura éticos, incentivando os colaboradores a gerarem soluções mais criativas, tomando os sujeitos como pessoas, fins em si mesmos.


337 – Varia

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Wilmar

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339 – Varia

REVISTA EVISTA DE EDUCAÇÃO DA ESE DE FAFE

A liberdade individual é apregoada e a meta a alcançar é “A a autonomia egocêntrica.” egocêntrica.

VARIA 004


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