Revista Mirante - nº 47 - janeiro de 1961

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SENSACIONALISMO JOAQUIM DO MARCO Esta é, sem dúvida, a tendência que mais caracteriza a era tumultuada em que vivemos.

Sobretudo com a deflagração da segunda guerra mundial, de tão profundas e desconcertantes conseqüências, materiais e morais, e com o surto fenomenal da ciênciae da técnica, o sensacionalis— mo tomou conta de todos os setores das atividades humanas. Para onde quer quo nos voltemos, lá o desco-

brimos com seus processos berrantes de dar na vista, de chamar a atenção. Nada escapa à vora-

gem faminta de sua ação multiforme e insaciável. A política, a administração pública, a religião, o ensino, a vida social, as descobertas científicas, tô-

das as relaçÕes humanas, enfim, constituem pas-

to permanente e apetitoso de que o sensacionalismo se alimenta à larga e sem escrúpulos. Graças aos veículos modernos de divulgação e publicidade— imprensa, rádio e televisão êle se tornou generalizadoe obrigatório, atuando em escala cada vez mais ampla e de maneira cada vez mais absorvente e perturbadora. Os anún-

-mirandoo que acontec%.

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Redutor: JOAQUIM DO MARCO Colaboradores diversos Preçod :— -Addinafura anual:

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cios comerciais são mirabolantes, os eventos e,

mais ainda, os escândalos sociais atingem a proporçoes que embasbacam, as catástrofes provocadas pelos inventos humanos ou pelo furor da natureza parecem mais catastróficos. De coisas ou fatos insignificantes,corriqueiros, que, em geral, passam despercebidos,o sensacionalismo, com um pouco de imaginação e, não

raro, muita maldade, tira notícias monstruosas, arma escândalos que comovem e ferem grandes áreas da sociedade. Não caberá, decerto, a um cronista canhestro, numa crônica pequenina, analisar em profundidade assunto assim vasto. Nossa missão e capacidade se limitam apenas a apontá-lo. Contudo, não queremos fazê-lo sem chamar a atencão dos estudiosos e dos responsáveis por qualquer coisa nos acontecimentos dêste mundo' para os prejuízos e malefíciosdecorrentes do sensacionalismo maldoso e sem entranhas que, levianamente, conspurca a moral e estraçalha as reputações.

Praticado assim, êle pode arrastar pela rua da amargura uma sociedadeou uma cidadeinteira, expondo-as à execração pública, por efeito da generalizaçãoinsensata que se faz dos fatos escandalosos.É o que nós, por exemplo e infelizmente, nesta terra de tão apregoados padrões de cultura, de civismo e de moralidade, estamos sentindo nos últimos tempos, mercê de um sensacionalismo maldoso, que não mede as conseqüências de seus processos de fazer alarde em tôr-

no de casos que não são e nunca foram apenas nossos e de maneira alguma podem atingir à generalização alcançada. Não! Para êsse sensacionalismo degradante só devemos ter uma atitude e enérgica: vaia e pau nêle, vaia e castigo nos que o propagam e nos

que o causam.

Nossa Capa: menina moca Sofia Conceição Kraide Piedade, filha de João Antonio Monteiro Piedade e Diva Kraide Piedade - Foto: LACORTE

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Luizinho posa para a reportagem no dia de seu batismo, nos braços da madrinha D. Leonor B. Piselli, tendo ao lado o padrinho Armando Pisellí e padre Geraldo.

Luiz foi à pia

batismal

Luiz é um garotinho encantador, filho

do Sr. Luiz Albino Gil e de D. Elpidia Blumer Gil, que como bons católicos, levaram-no à pia batismal da Matriz Sta. Cruz e São Dimas na Vila Boyes

para que alí recebesse do padre Geraldo as bênçãos do batismo. Foram padrinhos do menino o distin-

to casal Armando Piselli-Leonor

Piselli, êle o estimado vereador e pro-

prietário da Oficina Piselli.


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Será porque se amassem? seu grande querer, Êle sim, que alardeava conservá-lo. para disposto a tudo, Dorotéa,embora a revalação pareça inveros-

com indiferença. Namosímel, encarava o namôro da vida melancólicaque

MISSA

rava por um imperativo namôro era, pois, um desuportava em casa. ONada mais. môça. a rivativo para adeus, ela aceidissesse lhe êle dia um Se naturalidade. a tôda com taria o rompimento alma morta, suuma era Dorotéa Porque pretéritos acontecimentos cumbida pelos trestes que de mão só dessas mãe, da e pela ruindade

têm o nome. O pai da môça abandonara a mulher há muique o gêtos anos, libertando-se da vida infernal nio insuportável da espôsa lhe impingira. Portára-se covardamente, não há dúviad, para com as

DO

GALO MÁRIO PIRES

Na pequena cidade da província, não há quem não conheça o drama de Dorotéa. Com os seus quinze anos incompletos, Doro— téa era uma linda e delicada morena. Corpo esguio, tinha o rosto bem proporcionado, a que uns olhos muito negros, o nariz perfeito e os lábios sensuais, davam grande beleza. Seus olhos impressionavam, sonhadores e tristes. Mas, quando sorria, era como se um raio intenso de sol rompesse, de repente, por entre as nuvens, irradiando alegria. Pena que o sol se es-

condessecom a mesma rapidez, sem nunca se saber quando um novo ressurgir.

E nem podia ser diferente, Dorotéa, com o destino trágico que lhe coube. Enquanto as meninas-môças como ela, pas-

seavam, freqüentavam o clube e os bailes, Dorotéa passava as noites estudando, que era um de seus consôlos. E havia um outro, só mais um. Era o namorado.

Dorotéa tinha um namorado. Por que? As outras também não tinham? Mas as outras trocavam de amores como quem barganha objetos. Dorotéa, não. Era constante. Sempre o mesmo moço.

duas filhas, egoista que as deixara à mercê de uma mãe desalmada. Esta, logo após, amigou-se com um moço alemão que, diziam os vizinhos, ornaria bem melhor com a enteada. A família de Dorotéa era do sul. Com a se. paração dos pais, uma das môças ficara com os tios .

Depois, a mulher abalou-se sôzinha para São Paulo, onde veio a conhecer o moço alemão. E quando consolidou a união ilícita, mandou cha-

mar a filha caçula. Fôra isto há dois anos. Dorotéa que já se acostumara com os tios, sofreu grande impacto com a triste nova. E, na pequena cidade provinciana,a tristeza veio morar também com ela. Afinal, por que sua mãe a chamou, se nunca quís bem às filhas e sempre teve um ciúme doentio do companheiro?», perguntavam a Dorotéa. A môça interrompia a conversa, sem que-

rer prosseguir.

Quanto aos ciúmes da mãe, jamais Dorotéa dera motivos, mesmo porque o homem passava o dia todo fora, trabalhando. E ela, por sua vez,

durante a tarde, estava no ginásioe à noite, fo-

ra dos namoros, estudava em seu quarto. Tinha um grande desejo, que era a sua tortura: voltar para o sul, para a casa dos tios e ao lado da irmã. A mãe, porém, por ruindade, por capricho, preferia suportar o ciúme, a dar o gôsto à filha. Chegava-lhe a mão, até, quando Dorotéa tocava no assunto.

«Tu qué í pra junto das gente do teu pai, hem, desnaturada?», repetia nesses momentos. E por muito tempo, o assunto parava aí. O fim daquele ano chegou.

E com êle, o ambiente gostoso da proximidade das festas natalinas. Dos festeios da época, a única que empolgava a sensibilidadeda môça, era a cerimôniada Missa do Galo. Dorotéa nunca perdera uma.

E, agora, chegada mais uma véspera de Natal, contente por ter sido aprovada no ginásio, a môça não via a hora de ir para a tradicional ce-


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rimônia.

Mas, uma alegria maior invadia-a tôda. Era, aliás, a única alegria verdadeira que sentia depois de tantos anos. Acontecera o milagre.

Suas orações tinham sido ouvidas, afinal. «Se minha mãe me deixar voltar pro sul, nunca mais deixarei de ir à Missa do Galo, diziase Dorotéa. «Mas, se não, esta será a última que assisto».

Deus parecia tê-la atendido. O padrasto estava em vias de ser transferido para a capital. «Olha, falou a mulher à filha, se Pedro fôr pra São Paulo, eu te deixo voltá pro sul». Dorotéa escutou, sem querer acreditar.

Na casa em frente, uma grande alegria, a al

gazarra incontrolávelda criançada.

A môça espiava a cena, com infinita amargura. E pensava: «Que triste destino o meu. Em

vez de me sentir contente e feliz por passar as festas ao lado de minha mãe, estou contente e feliz porque vou deixá-la. Por que não pude merecer um lar, o doce lar de que falam as estampas e que

vejo lá em frente?!» Mas, já são vinte e três horas e Dorotéaestá pronta para mais uma Missa do Galo.

tradição

O vestido branco realça o moreno bonito da

jovem .

Há um estranho sorriso em seu olhar, substituindo a tristeza permanente. O namorado, ao chegar, não sabia dizer qual a maior surpresa: se a beleza de Dcrotéa, ou a aparência feãz que se irradiava dela. Intrigado com a estranha alegria da namorada, interpelou-a com voz trêmula.

elegancia

E Dorotéa inconscientemente perversa:

Você não sabe?! Minha mãe concordou, afinal com a minha volta pro sul! Uma chicotada não teria ferido tanto o moço, na resposta surpreendente. Com evidente nervosismo, ainda falou: — E é por isso que você está tão alegre?!

alta qualidade

E eu? Vai me deixar, assim, de repente?! En-

tão, quais são seus sentimentos por mim ?!

Os sinos tocam nervosamente na torre da Matriz .

A Missa do Galo está prestes a se iniciar.

Mas, Dorotéa, pela primeira vez na vida, dei-

xou de assistí-la. E sua promessa morreu à flor dos lábios entreabertos, balbuciada pela última vez, entre um filete rubro a escorrer num canto da boca.„ N. da R. Este bem armado conto do prezado colaborador prof. Mário Pires, deveria ter sido publicado em nosso número de Dezembro último, que

já se achava paginadoquando o conto chegou.

Por êsse motivo, sai neste número de Janeiro, com algum atraso, portanto, mas ainda oportuno, pois persistem frescas as lembranças das festas natalinas.

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Powell; apareceu, provocou as maiores controvérsias. Seu tema põe a vivo outro lado dos preconceitos que proliferam na alta sociedade. A War-

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pel ousado — seguido por Bárbara Rush, Alexis Smith, Brian Keith e outros nomes de projeção. Filme de alta tensão dramática, que será inesquecível.

PAUL NEWMAN— UM ASTRO PERSINALÍSSIMO


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FILADÉLFIA" Desde seu «debut» em «O Cálice Sagrado» da Warner Bros, Paul Newman se projetou entre os maiores astros, graças a sua atuação e personalidade. Dono de admiráveis recursos cênicos, criou um tipo — do rapaz sem preconceitos que despreza a mediocridade. Apesar do cunho que impõe sua pessoa em qualqquer filme, não permanece fiel a um só estilo. Suas inúmeras «performances» provam a variedade de que é capaz. Em nenhuma apresentação anterior, porém, Paul

Newmanteve uma oportunidadetão à propósito, como em «O Moço de Filadélfia» (The Young Phi-

ladelphians) que a Warner Bros produziu e o grande Vincent Sherman dirigiu com mestria. Nele Paul vive um filho ilegítimo que usa um nome que não lhe pertence, devido à ambição materna. Com êle veremos Bárbara Rush, Brian Keith, Alexis Smith, Diane Brewster e outros. Baseado na discutida novela de Ricahrd Powell — «The Philadelpian». ARGUMENTO

Paul Newman - personalíssimo encabeça o elenco, que

está integrado por astros renomados; Barbara Rush, Alexis Smith, Brian Keith, Otto Kruger, Dianne Brews-

ter e outros.

ra defendê-lo. Tony, porém, sofre as maiores pressões no sentido de não aceitar a causa pois é do interêsse da família de Chet e de outras da alta sociedade,que as faltas que cometeram com

o rapaz fiquem encerradas com a sua condena-

Kate Judson (Diane Brewster) casa-se com

ção. Revoltado contra aquêles princípios que des-

nada por êste na noite de núpcias. Desorientada, procura um seu antigo namorado com quem vem a ter um filho. O menino é registrado com o sobrenome dos Lawrence embora a sogra de Kate a proiba por saber que êle não é seu neto.

próprio. Numa série de provas testemunhais, demonstra a inocência de Chet e conquista a admi-

um milionário por interêsse social, mas é abando-

de cedo vira sua mãe hipàcritamente zelar, resolve defendê-loe romper com a barreira de preconceitos que prejudicam ao seu amigo e a êle

ração e o amor de todos.

Mike Flanagan (Briah Keith) pede que o des-

pose e saiam de Filadélfia, mas ela prefere manter o nome que tanto desejara, e espera que seu filho venha a pertencer à alta sociedade. Aos 22 anos, Tony Lawrence (Paul Newman) é um ótimo estudante de advocacia, sempre protegido por Mike Flanagan sem saber que êle é seu pai. Num acidente, conhece Joan Die kinson '(Bárbara Rush) filha de importante jurisconsulto, e se apaixonam um pelo outro. Re-

solvem se casar, mas o pai de Joan pede uma espera, que Tony aceita. Joan, desiludida, embarca para a Europa e lá casa-se com um ex-namorado. Tony fica amargurado e procura sômente um caminho — vencer na vida. Através da mulher de um sócio da mis importante firma de advogados, Carol MTharton (Alexis- Smith) consegue um lu-

gar junto àquêle e finalmente, ingressa para a

firma.

É já um homemde renome,e Joan, que fi-

cara viúva e sempre o amara, acede em desposá-

Io. Um episódio, porém, surge na vida de Tony, quando seu maior amigo Chet Gwyne (Robert Vaughn) cuia fortuna está sob a guarda do fio, é acusado de homicídio dêste. Desesperado e abandonado pela família, Chet procura Tony pa-

Uma jovem esposa é repudiada na noite de nupcias e busca nos braços de outro um consôlo... e assim nasce o "Moco de Filadélfia" (The Young-Philadelphians) que Paul Newman interpreta magistralmente.



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recem ter monopólio. Os ricos muito depressa se tornam cínicos e rígidos precisamente porque têm

sua confiança traída com muita freqüência. Temem entregar-se à amizade porque na maioria das vêzes as mãos que se lhes estendem disfarça-

Conceituacio

das de amizade não são senão mãos que pedem; afeto que aparentemente lhes é votado não é senão uma camuflagem da cobiça. Os pobres, por seu lado, nada possuem para dar uns aos outros,

exceto carinho, lealdade, camaradagem e ajuda moral de maneira que não têm motivos para duvidar da amizade que se lhes oferece. São únicamente os filhos dos pobres os que

desfrutam do luxo de ter pais. Dos filhos de casa

rica pode afirmar-se que são pràticamente órfãos,

já que, ao nascer, ficam ao cuidado de uma «ama de leite» que os amamenta e de uma «nurse» especializada que muda suas roupinhas, banha-os e vela por seu sono durante as noites num quarto separado do dormitório onde está a mãe. Mais tarde, são educados por governantas e precepto-

Luxo

res ou postos como pensionistas em grandes colégios, dos quais saem na primeira juventude transformados em homens e mulheres que, na realidade, não conheceram nunca os seres responsáveis por sua presença neste mundo. Tiveram absolutamente tudo durante a infância e a adolescência, exceto a companhia constante de mãe, seus carinhos e atenções, e exceto o interêsse passoai do pai. Ignoram o que significa acorrer à mãe

como a fonte de todo o bem, e ao pai como se fôs-

se um Deus.

PEARL S. BUCK

O trabalho é outro luxo do qual os pobres têm a prioridade. Executar o trabalho que absorve o tempo, os pensamentos, as energias: criar, construir, realizar algo com as mãos e o cérebro que tenha algum valor para a própria pessoa e pa-

Que vem a ser luxo? Se tentássemos definí-

Io, diríamos que é o conjunto daquelas coisas que estão colocadas acima das necessidades essenciais

da vida: automóveis caros, peles, jóias, mansÕes, móveis custosos, objetos de arte etc. Coisas, como vemos, acessíveis tão somente aos favorecidos da fortuna. Mas, na realidade, os verdadeiros luxos da vida não têm preço e estão igualmente ao

ra a comunidade— eis aí a fórmula da felicida-

de e da paz interior que jamais falha. Mas êsse é um luxo a que os muito ricos não podem entregar-se ou do quat gozam muito raras vêzes e em circunstâncias especiais. Há outros que trabalham por êles, e a menos que tenham a direção de um grande estabelecimento,homens na plenitude de sua vida têm de dedicar-se a tarefas sem importância que não os interessam, à prática de espor-

alcance tanto dos pobres como dos ricos, e mais talvez daqueles do que dêstes. Para começar, temos o amor. Só os pobres podem dar-se ao luxo — que é luxo — de saber que são amados pelo que êles próprios valem . O homem de dinheiro interroga-se a si próprio se a mulher que afirma amá-lo o quer pelo que êle.mesmo vale ou por sua fortuna. A herdeira rica teme que os homens que se aproximam dela com uma palavra de amor nos lábios não passem

tes que não os divertem, e tudo com o Únicoobjeto de matar o tempo: o trabalho mais duro e in-

outro gozam do luxo inefável que significa t?r fé e confiança plenas em outra criatura. Também não são uma promessa de felicidadeos casamentos arranjados sômente porque um homem e uma mulher pertencem à mesma classe e ao mesmo grau de fortuna.

mo que em sacrifício,em seu altar. a fim de que êle se transforme num verdadeiro lar — o lugar mais desejável da terra. Muitas vêzes desfrutamos de !uxos ínfimos

de reles caçadores de dote. E, assim, nem um nem

A amizade é outro luxo do qual os pobres pa-

grato do mundo. E são também os pobres os que com mais fre-. qüência conhecem em sua existência o luxo de um

lar verdadeiro. Porque o «lar» não é apenas a casa luxuosa, os móveis caros, os adornos finos. Pa

ra que o lar se torne parte da própria vida é neces-

Sário fazê-lo com as próprias mãos, com o pró-

prio trabalho — é necessário misturar o suor com os Iladrilhos. E' preciso mesmo oferecermo-nos co-

que o 'dinheiro não pode comprar, mas. apesar disso, consideramo-nos os seres mais infelizes da

terra porque carecemos de luxos exteriores.


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OS HOMENS SÃO cnon

VEZ

nuos BAD KUZNACH

Enquanto um antigo provérbio alemão afirma

que o homem muda de 7 em 7 anos, exprimindo assim que como tôda a criatura o homem está submetido a certas leis da natureza, a frase feita francesa «Corriger Ia a fortune» indica a possibilidade de se alterar o destino. As mais recentes investigações científicas pretendem confirmar esta

última afirmação colocandoo tamanho, o pêso e

outras caracteríscticas do homem em dependência

direta da sua vontade. Há razão de perguntar se o fenômeno do aumento da altura e do pêso nos mais diferentes países do mundo é obra direta da natureza ou o resultado de circunstâncias criadas pelo homem, de alterações do ambiente dependentes da sua vontade. Em todo o caso, a no-

va geração é mais alta e mais pesada do que a an-

terior. Os filhos são mais altos do que os pais e os pais mais altos do que os avÓs. O Instituto de

Investigação de Vendas em Wiesbaden confirmou com dados estatísticos incontestáveis esta curiosa

evolução. Em face da necessidade imperiosa de não só corrigir as tabelas de idades, alturas e pêsos mas os padrÕes do vestuário confeccionado,o instituo em questão procedeu a um inquérito para determinar a altura da população masculina da República Federal da Alemanha, estabelecendo a relação dêstes dados com a idade. Analisando o substancioso material estatístico, o Instituto de Wiesbaden apresentou um quadro de conjunto interessante. Na categoria de mais com menos de 1,60m de 65 anos contavam-se a 64 e 25 a 39 anos 40 de categorias nas de altura;

de idade a percentagem era de 1%, enquanto na categoria de 16 a 24 anos se verificou a percentaO grupo cle 1,60m .a 1,69m de altura gem de perfazia 39cc na categoria de mais de 65 anos, na cate3470 na categoria de 40 a 64 anos, na categoria goria de 25 a 39 anos e apenas de 16 a 24 anos. No grupo de 1,70 a 1,79m as percentagens já são consideràvelmente mais elevadas, a saber: 46 por cento na categoria na categoria de. de mais de 65 anos, 40 a 64 anos, 57%; na categoria de 25 a 39 anos uma altura acima da média, ou seja entre 1,80m até 1,89m, as percentagens para as categoriasde mais de 65 anos, 40 a 64 anos, 25 a 39 anos e 16 a 24 anos eram respectivamente de 9%, 11% 17Çôe 23%. No grupo dos «agigantadosp, com mais de 1,90m, figuravam 3 Ç,/cdos jovens de 17 a

continua na pâ' 19

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Tôdas as coisas no decurso do tempo têm uma fase de apogeu, finda a qual entram em declínio.

O prototipo dessa ondulação típicamente humana é a moda. Sabemos que o que é moda hoje, já não o será amanhã Assim já foi moda pescar-se intensivamente no Piracicaba. Lembro-me quando ainda menino, da aluvião humana que de todos os recantos vinha em busca dos peixes. Com tristeza hoje me re-

cordo dessa fase áurea cujo fim ainda alcancei.

Depois um grupo pioneiro em 1934 aproximadamente, tendo entre êles Afonso Dutra, Gody e outros, «descobriu» Itapura e Urubupungá. Anos

a fio freqüentaram aquelas paragens e quando o restante da nossa fraternidade ficou sabendo das maravilhas da sua rica ictio-fauna, começou a ascenção, começou a entrar na moda o ir-se ao Itapura. Todo pescador que se prezasse haveria de ter ido ou ir ao Itapura. Era a moda. Decorreram anos e com êles o desgaste natural dos peixes e da moda. E percebo agora despontar outra: Coxim, e entrar já em fase de declínio Itapura. Concordam? Quem da nossa confraria de uns 8 mêses até esta data não fala em Coxim? Ou já ouviu falar de lá?

O motivo é estar em assenção,é estar en-

trando na moda o ir-se ao Coxim. De lá, Coxim, desde 1953 tenho tido notícias por intermédio do Angelim Bulo, piloto do Amador Almeida Prado. Dizia-meEle ser lá a séfima essência em piscosidade. Como nunca havia visto o que lá vi, aqui comigo,.bem no fundo, alimentava dúvidas a respeito. Afinal a confraria é afamada... E tenho convicção de que aqueles que me lerem, se forem do tipo S. Tomé, só mesmo indo lá.

Eis-nos alçando ao ar no bimotor. Lá em baixo a ardosia da pista de asfalto vai ficando para traz. O Araguaia argentino reverberando ao sol se esfuna pela distância. Todos nós sabemos que talvez nunca mais o vejamos. E com a distância que aumenta progressivamente, também progressivamente vai despontando a saudade ern nossos corações. Rota: Goiânia. Lá pernoitaremos e bem cedo

na manhã seguinte tomaremos o rumo do Coxim. Nesta viagem voamos sobre densa camada de nuvens, e como nesse trecho não há rádio para nos guiar, fizemos vôo contando sômente com a bússola. Afinal fomos felizes e por um buraco nas nuvens, 2 e I '2 horas após vislumbramoso Taquari barrento lá em baixo; a cidadezinha de Coxim e o campo de pouso ao lado. Ei-nos pousados, e a seguir rumando para o Hotel Piracema à margem do Taquari.

Sabíamos que lá em Coxim, estavam dois caminhões de conterrâneos nossos e os fomos procurar, Encontramos: Paco Garcia, Michel P. José, Amador A. Prado, Angelim e outros. A primeira impressão do Taquarí nos foi grata, pois em suas margens avistamos diversas pes-

Bote com 44 pacus pescados no Coxim

COXIM Por DR. CARMOIATAURO FILHO

soas limpando grande quantidade de peixes. Teremos de almoçar, vaticina Michel, e não contendo a ânsia de provar o rio, almoçamosno Piracema, para logo a seguir descermosao barranco Como premissa, direi ao eventual leitor que tudo quanto disserem do Coxim, por mais absurdo que seja, acredite. Não duvide. Será por certo verdade, por incrível que pareça.


15

Coxim é a cidadezinha à beira do Taquarí, assim como Coxim é o afluente que deságua pouco acima do desnível que o Taquarí sofre em frente ao Hotel Piracema. Quando se diz: Fui pescar no Coxim, geral-

mente estamos nos referindo ao Taquarí, mais volumosoe do qual é o Coximafluente. Em pis-

cosidade eqüivalem-se. A íctio-fauna de ambos é incrível. Conheci vários lugares afamados pela abundância de peixes, mas nem de longe os poderia comparar ao

mente 44 pacus.

Queríamos ver peixes e não barulho. Lá estavam êles dentro do bote todos mortos a bordoadas para não pularem. Saliento que estando o rio sujo, nos seria impossível pescar com linha e anzol e nem teríamos oportunidade de esperá-lo limpar, devido ao tem-

po que lá pretendíamos ficar. Era curto infelizmente .

Assim das 2 da tarde até o escurecer, quando não mais agüentávamos o cansaço em dois botes,

Coxim. Quem não o conhece é mister que o conheça para avaliar, pois não há a meu ver padrão para comparaçõespor ser êle o máximo.

pescando seis pessoas, recolhemos uma quantidade

servar um mapa de Mato Grosso. Vê-se que o

Coxim.

A explicação Ressa riqueza, se esboça ao ob-

Taquarí-Coxim, caminha aproximadamente meta-

de do seu curso rumo ao rio Paraguai do qual é afluente, pelo meio da vasta área denominada Pantanal do Taquarí. Esse pantanal constitui um inesgotável viveiro criador de peixes com seu sistema de lagôas e pântanos comunicantes drenando para o curso do rio. A área é enorme, a procriação estupenda e

livre de qualquer impecilho que não sejam os na-

turais. Não há poluiçãoe a pesca que lá realizam

nãlo se compara a que aqui praticamos, em poder de dizimação da fauna. Nem de longe pelo que observei.

Todos êsses fatores, contribuem para a ma-

nutenção desse verdadeiro paraíso da pesca. Bem, estamos na torrente: Michel, Dalton e quem relata. Michel já conhecedor dalí estava sereno, porém eu e Dalton com a ânsia natural da expectativa. Chispa-se o Johnson navegando cerca de 500 metros rio abaixo. Paramos. — Aqui Michel? Podemos começar? Calma, vamos localizar o cardume. Que? Mas como? Espere um pouco, escute... aqui estão êles.

Leitores, é verdade. Lá pesca-se na certeza. Primeiro se localiza o cardume pelo barulho que faz, depois inicia-se a pesca. É incrível. Impressionante. Estávamos em cima de um carduñe de pacus e o barulho que faziam era semelhante ao de uma vara de porcos comendo. É croc, croc, croc, croc, em baixo do bo-

te, dos lados, em tôda extensão que se pode ouvir. A quantidade de peixes deve ser incalculávela julgar pelo barulho que fazem. Dá as vezes impressão de vibração.

Pensam que é um fato passageiro? Também pensei, mas me enganei. Em todo percurso navegado, aproximadamente I e 112km. foi assim. Ora mais forte, ora mais fraco. Alternando-se e misturando-se ao som emi-

tido pelos pacus escutávamos outro diferente, mais ou menos assim: tá, tá, tá, tá, tá, tá, tá... Piaiúvas em quantidade fabulosa. Que maravilha. Foi coisa que nunca presen-

ciei em tôda minha vida. A pergunta já está engatilhada não é mesmo? Pegaram? Sim. A foto ilustra o resultado de 200 metros de descida. Nela estão bem visíveis exata—

enorme de pacus, dourados e pintados. Bem que os contamos, mas não vale a pena declarar o número. Seria inacreditável a quem não conhece o Vem se aproximando o ocaso. O sol mortiço

está baixo no horizonte, pela metade enterrado

na copa do arvoredo marginal. É hora aos peixes rebojarem. Continuamos pescando, porém agora não é só o barulho dos peixes que se ouve. Vê-se-os sal-

tarem fora da água em quantidade

até onde se pode alcançar com a vista. Nas mar-

gens os pintados dando caça aos peixes menores, no meio os pacus e dourados. Nossas vontades estão satisfeitas. Mais do que isso, nos as matamos essa tarde com todo

sangue frio.

Quando iniciamos, pretendíamos continuar pescando à noite, porém o cansaço, a vontade morta e sepultada sob o monte de peixes nos impediram de continuar. Qualquer um por mais entusiasta que seja faria o que fizemos: jantar e cama com sono plúmbeo. O que relatei, lá é rotina. O que não o é, é a retirada de volume tão grande de pescado por nescadores da região. Para nós daqui, todos sabem, é só haver peixes que os havemos de retirar da água. Nosso rio é uma verdadeira escola de

pesca, e não há piracicabano, que não conheça peIo menos de nome os vários tipos de pescaria.

Lá não. Desconhecemmuito. E olham-nos pasmados, das margens, ao subirmos o rio com o bote calando fundo pelo pêso dos peixes. Sabem como rodam? Para começar não têem botes. Usam uma canôa comprida tipo indígena. O piloto senta-se à prôa que está virada para baixo. Em vez de segurar o barco puxa-o para baixo com uma vara de mais ou menos 4 metros, remando. É um modo estranho de pescar, e se chama-

mo-lo de rodada, ainda por cima rodam com água suja. Bem, já falei da viagem, do rio, dos peixes e

do modo de pescar da região. Agora falta falar da tristíssima partida. Ficou por último por que

é o final. Um final como todo outro qualquer de coisa bôa. Todos nós já o sentimos, e sabemos que nem bem êle começa e já estamos com a idéia remoendo planos para a próxima.


16

INTERCAMBIO CULTURAL

Jovem

cidade de sua terra. Revelou que ela é consciente de suas responsabilidades quando soube cumprir rigorosamente com suas obrigações funcionais, aplicando honestamente tôdas as horas de seu estágio no Brasil ao trabalho e à investigação científica. Fez até mais do que isso. Enquanto outro

jovem perderia seu tempo em futilidades, o sr. Lancini aproveitou algumas horas suplementares que poderia haver consagrado ao seu recreio

e ao seu repouso — a outro setor de estudos. Efetivamente, assim foi. Com os mais auspiciosos re-

sultados freqüentou e obteve classificaçãodestacada no Curso de Informações Geográficas minis-

Venezuelano A. S. OLIVEIRAJUNIOR Quando chegou ao Brasil, no fim da primeira quinzena de maio do ano passado, ninguém sabia quem era o Sr. Abdem Ramón Lancini. Vagamente se sabia que era um jovem zoólogo venezuelano, formado pela Universidade Central de Caracas e conceituado funcionário do Museu de Ciências Naturais da -capital venezuelana que aqui

o enviara para fazer um estágio oficialno nosso Museu Nacionale no Instituto Butantã, de São Paulo .

Aos poucos, porém, o jovem Lancini se foi tornando mais conhecido e admirado pela sua fina educação e, paralelamente, pela sua ampla.cultura científica e política. Mal chegara ao nosso país, tomou parte numa complicada expedição científica que tinha por finalidnde a caça e o estudo de raros ofídios que

habitam a ilha de QueimadaGrande, nas águas

territoriais brasileiras, próximas ao Estado de S. Paulo. Essa famosa expedição, chefiada pelo ilustre professor A. R. Hogue, do Instituto Butan— tã, partiu para seu destino por via marítima, em condições normais. Entrementes, mal expedicão concluira com êxito os seus trabalhos científicos, coletando numerosos espécimes de cobras e de lagartos, para a efetivação de estudos, o tempo mudou. A ilha foi castigada por uma violenta

trado pela Divisão Cultural do Conselho Nacional de Geografia. Durante sua permanência no Brasil, procurou entrar em contato com tudo e com todos. Participoü da homenagem que Niterói tributou a um dos mais ilustres jornalistas brasileiros, o dr. Dal-

ton Feliciano Pinto, diretor do «Diáriodo Comércio» e foi ver, de perto, essas famosas instituições que se chamam de Instituto Vital Brasil,

nessa cidade e o Instituto Osvaldo Cruz, de Man-

guinhos, no Rio de Janeiro. Procurou conhecer Petrópolis, Paquetá, Santos, Rio Claro e outros recantos do interior paulista e do Rio de Janeiro, assim como procurou ver o nosso Carnaval, as nossas escolas de samba, o nosso folclore, completando tudo isso com o manuseio assíduo das obras de nossos melhores autores. No outro dia o jovem professor Adem Ramón Lancini, alegre e ao mesmo tempo triste partiu de regresso para a sua Venezuela.Levou êle consigo os louvores de seu colega, mestre e amigo prof. A. R. Hogue, do Instituto Butantan, assim como levou a admiração dos amigos que aqui soube conquistar e a saudade inocente de várias moças que o conheceram e que reiteradamente o levavam a proclamar, com entusiasmo, a graça e a beleza da mulher brasileira. FUNDO

massa polar. Além de enfrentar naquele recanto do Atlântico o frio, a expediçãoteve de enfrentar a escassês de víveres e de água doce. Em outros

Se gur onça - Valori zaçao

dos. Tiveram êles a sorte da existência do helicóptero. Com um dêles a FAB soube ser rápida na prestação de seus eficientes socorros. Eles que estavam bloqueadospelo mar enfurecido foram recolhidos por êsse moderno engenho aéreo. Ao regressar dessa expedição em que foram apreciados os seus conhecimentos, a sua vocação e o seu espírito de investigação, fez o Sr. Lancini proveitoso estágio no Museu Nacional, com a duração de seis meses, findos os quais passou outros seis meses em São Paulo, no Instituto Butantan, onde enriqueceu extraordinàriamente a sua experiência individual com a técnica especializada de mestre Hogue. Esse jovem representou galhardamente a mo-

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tempos os membros da expedição estariam perdi-

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IGREJA, BOMBA de cns0LlNn

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tar da letra do hino nacional. O brasileiro é meio ermitão. Encaramujadoem sua casa. Capistrano de Abreu costumava dizer que êle pertence a só

uma espécie de sociedades: o gênero humano. Mas seu esporte nacional é o mais plural', gregário de todos êles.

Na França é a esgrima, o tênis da Inglater•ra, na América do Norte, o box. Na Espanha há o diálogode morte entre o homem e o touro. Em todos os casos, dois são os comparsas. No futebol, são vinte e dois. É um côro. Uma

orquestra, não um solo. A chusma de homens a correr atrás de uma bola, emoldurada por multi-

dões ululantes, evita que a raça se corroa nos bo-

ULISSES GUIMARÃES

tequins ou envileça nas mesas de tavolagem.Dizem que os chilenos,nas efusões populares,saudando o guano, riqueza nacional por ser excelente

O Brasil — o Brasil, social e não o Brasil

mata—virgem— tem quatro sinais infalíveis de presença. Pelo menos êstes quatro: a igreja, a farmácia, a bomba de gasolina e o campo de futebol. Esse quarteto atesta a coincidênciado Brasil e do brasileiro. O país e a nação. A geografia e a história. O território e o homem. Conheço minha terra de ponta a ponta. Nas barrancas do Rio Paraná ou do Orenoco, fronteiriço com as Guianas, se V. topa ou divisa ao Ionge com tais emissários, pode estar seguro de que

anunciam sem êrro: «isto é Brasil». A igreja é contemporâneade nosso nascimento. No fundo de todos os quadros da história

pátria há sempre murmúrio de água e o panejamento piedoso de sotainas. Por igual, a farmácia. Não há lugarejo que não a tenha. Desde o

Brasil colônia o boticário faz as vêzes da autoridade sanitária, pela inexistência da designada peTosgovernos central, provincial ou local. Sem ganhar vintém. Também diagnostica e receita de graça. E' médico «ad hoc», nomeado pela necessidade. Não há esculápios na praça. Mais antigamente do que hoje, quando a indústria farmacêutica abarrota os armários das boticas, substitui, aquela, aviando as mézinhas. O leitor quarentão certamente se recorda das farmácias do nosso tempo, do almofariz e dos decorativos potes de tamanho grande, médio e pequeno, com arrevezadas inscriçoes repletas de «ph» e «y», grávidos da intenção de salvar a saÚde da aldeia. Continham os ingredientes, os ácidos, os álca!lis...Eram também o clube social e político, e academia de letras. Com freqüência não custeada por jóia e mensalidade. Ainda está para ser escrita a página registradora da atividade vanguardeira dêsses pioneiros da integração nacional. Quanto à bomba de gasolina, ela retrata a vocação de progresso do brasileiro. Expulsou da paisagem, inclusive a rurali, o carro de boi e a car-

roça. E' comum nos pousos dos avioes no interior a entrada de matutos com botas enlameadas, cheirando a mato. Não sabem ler, não conhecem a capital, mas o avião é o seu meio de transporte. Finalmente o futebol. E' a nossa marca de fá-

brica. Devia estar desenhado na bandeira e cons-

adubo, resultante de excremento de aves marinhas, exclamam ao tilintar dos copos: «Viva Ia Têm a coragem de ser sinceros. Nosso grito

de guerra, com autêntico som de povo e de Brasi}, deveria ser: «Viva a pelota!» Melhor ainda:

«Viva Pelé!» OS HOMENS SÃO... continuaçãoda pág. 12

24 anos,

dos homens de 25 a 39 anos, 1% da

categoria de 40 a 64 anos e

da categoriade

acima de 65 anos. Estas cifras indicam que o fe— nômeno observado internacionalmente é um processo evolutivo em continuidade e que ainda não chegou ao seu fim. E' preciso tomar em consideração que uma parte da categoria dos 16 aos 24

anos ainda não atingiu a sua altura definitiva, sendo provável que venha atingir percentagens bastante mais elevadas do que os outros grupos.

Resumindo os resultados sob outro aspecto, poder-se-á dizer que na República Federal da Alemanha apenas metade dos senhores idosos medem

1,70 e 1,70m, um têrço apenas 1,'0 a 1,69m. Na categoria de 40 a 64 anos metade mede 1,70 a 1.79m, um têrço 1,60 a 1,'9. Já na categoria de 25 a 39 anos apenas uma quarta parte figura no

grupo de 1,60 a 1,69m,enquanto

são mais

altos do que 1,80. Na categoria dos mais jovens, de 16 a 24 anos, só 20% são mais baixos do que

1,69m, enquanto 25% são mais altos do que 1,80m

O Instituto de Investigação de Vendas tratou também de averiguar o aumento do pêso. Resumindo os dados, conclui-se que não se verifica apenas um aumento de altura, mas também de pêso. Tomando por base as tabelas tradicionais nas quais se estabeleceuuma relação entre o tamanho e o pêso, constata-se que, segundo os re— sultados de inquérito, cêrca de 30% da população masculina alemã tenha um excesso de pêso, enquanto cêrca de 20 não atingem o seu pêso normal. A freqüência relativa do pêso inferior à norma aumenta com o tamanho, diminuindo a freqüência relativa do excesso de pêso. Para o Instituto de Wiesbaden os trabalhos de investigação não se hmitam a estes' dados resumidos: têm. de fornecer ainda à indústria de vestuário de confeccão novos padrões que reduzem o número de peças rejeitadas por deficiências de medidas.


n piscina do Regatas em marcha!

Artísticasflâmulascom os dizeres:"Eu ajudei a construir a piscinado Regatas", têm sido vistas ültimamentepela cidade. Elas encerramum gesto altamentealtruístico,dignode u'a mente esclarecidae de um coraçãobem formado. Trata-se de uma valiosíssimadoaçãodo Com.AntonioRomanoao Clube de Regataspara a construçãode sua piscina. Na foto, o Com. Antonio Romano, Ulysses Moraes Sampaio (Presidente do Regatas) e Zequita Furlani, vice-presidente. Na mesma ocasião o prefeito Salgot também foi

contempladocom uma flâmula.

Doadas pelo tom.

Antonio

Romano

O Com. Antonio Romano é indiscutivel-

mente um dos maiores beneméritosdos esportes piracicabanos. Ainda agora aca.

flâmulas que significam tijólos para a

ba de dar mais uma prova do seu alto espírito esportivo ao doar ao Clube de

Regatas Piracicaba, 1.000flâmulas no vaIor de Cr$45.000,00que estão sendo vendidas na cidade, e cuja renda será empregada na construção da piscina do mais simpático clube da cidade. Gesto d0

mais alto significado, não podia deixar de ser registrado e por isso Mirante o faz com satis-

Piscina do Regatas

facão. Esperamos que os piracicabanos sigam o exemplo do Com. Antonio Romano, que tão bem soube

Foto: Cantarelli e Nascimento

clube popular, e adquiram suas flâmulas, colocando

avaliar a importânciade tal empreendimentonum

assim o seu tijolinho na piscina do Regatas.


21

A aviação do futuro próximo

em 1965. O custo dos aviões, para as companhias de navegação aérea, estima-se entre 12 e 20 mi-

Desenvolvimento do transporte

mero de aparelhos encomendados. Parece a prin—

SUPersÔniCO.

considera que os supersônicos serão duas ou três vêzes mais produtivos do que os jatos, chega-se à conclusão de que é razoável. Se realmente forem êsses os preços e se os novos aviões não aparece— rem antes de completamente depreciados os atuais jatos, as companhias transportadoras não acharão insuperável o problema de re-equipar-se com su-

De conformidade com o Acôrdo entre as Nações Unidas e a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), o Secretário-GeraI recebeu recentemente, para submetê—loao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, em sua 13.a sessão, o relatório anual dessa entidade especializada. E' uma obra de fôlego e passa em reviste tôda a atividade aviatória do mundo, no ano de 1959. As estatísticas são as mais idôneas e com-

e os vários aspectos consideradosmostram um quadro total não apenas do que é, neste momento, a aviação civil como também do que vai

ser, em futuro próximo. Destacamos do relatório mencionado uma informação sÔbreo desenvolvimento do transporte supersônico, na certeza dc que interessará os leitores desta publicação. A planificação e as pesquisas sôbre transpor-

te supersônico— lê-se no relatório da OACI— vêm se processando nos Estados Unidos e na Grã-

Bretanha (e presumívelmentetambém na União

Soviética) desde o começo de 1950. Nesse primeiro estágio, é de imaginar-se que o objetivo tenha sido militar, mas os aspectos civís do tema também têm sido amplamente explorados, e podese dizer que há um acôrdo geral, entre construto-

lhões de dólares, conforme as dimensões e o nú-

cípio muito elevado êsse preço, mas, quando se

persônicos, para o serviço de suas linhas intercontinentais, embora a alta produtividadedêsses

aparelhos talvez force um grau mais alto de coo— peração entre as companhias secundárias. O problema financeiro mais grave, entretanto é o custo de desenvolvimento do programa. Es-

tima-se variàvelmente entre 250 e 1.000 milhões de dólares e, até agora, ainda não há resposta satisfatória sôbre quem vai arcar com essas tremen-

das despesas. Uma das propostas é que os construtores produzam um supersônico básico e, ainda, que norte-americanos e britânicos se unam, ra a produção dêsse tipo único. Não é provàvel, porém, que os construtores estejam em condições

financeiras de enfrentar os custos de desenvolvimento. É quase certo que os governos terão de contribuir — e em grande escala.

CARMELITA - encantadoracandidataà rainha do Carnaval do Centro C. Italo-Brasileiro.

res de aviões, de que é exequível'a produção de um aparêlho supersônico de transporte comercial; num futuro relativamente próximo, quer dizer, em 1965 ou até 1970. Pode-se dizer que 1959 foi também o ano em que surgiu a noção geral de que o avião super-

sônico, sôbre ser uma realidade de execução próxima, será com certeza o sucessor natural do atual avião a iato. No ano passado, parecia haver uma boa medida de acÔrdoentre construtores norteamericanos e britânicos sôbre as prováveis especificações da primeira geração de supersônicos. Segundo êsse consenso, deve ter uma velocidade de cruzeiro de 3.200 quilômetros, entrar em produção útil mais pr6ximo de 1970 do que de 1965, com um raio de ação d'RS.600 quilômetros, operando a altitudes entre ad e 24 mil metros e capaz de utilizar as pistas já existentes, para jatos. Sô-

bre a questão das dimensões, há uma certa diferença de opinião: uns acham que o pêso bruto deverá ser de 270 toneladas e carregar 160 passageiros, ao que, para outros, deve-se antecipar metade de pêso e de capacidade de transporte.

Juntamente com a noção de que o projeto é técnicamente realizável, surgiu o reconhecimento geral da magnitude dos problemas econÔmicos que os supersÔnicos acarretam. A preocupação dos

construtores de aviões e dos governos, sôbre a questão econômica e as necessidades novas de navegação,induziu a OACIlevar a efeito um estudo das conseqüências técnicas, econômicas e sociais relativas ao lançamento dos aviões supersÔnicos

CarmelitaGarciaé a mais fortecandidata à rainha do Carnaval do C. C. Italo-Brasileiro. Sufragando o seu nome nas proximas eleições os socios e simpatizantes daquela agremiação estarão escolhendo uma digna representante, pelos seus dotes de beleza e educaçá0.


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O que dizem de Piracicaba

Faz cinquenta anos que Monsenhor Rosa veio para Piracicaba

Silva, que' vivia entre os livros, na consulta dos grandes em jurisprudência; de Antonio Pinto de AlmeidaFerraz, empolgante no aticismo oratório;

de Francisco Lagreca, cérebro chamejante; de Osório de Sousa, incisivo na tribuna e no jornalismo... Dois rapazes cursavam, com realce, os últimos anos da Faculdade de São Paulo — Jacob Diehl Neto e Pedro Krahenbuhl. Vencendoem seus estudos, cativante pelo coração, Samuel de Castro Neves era figura entusiasta do Sportivo, agremiação futebolística que agermanava a flor da mocidade no campo da Chá-

cara Laporte, onde se ergue hoje o Instituto de MELLO AYRES

Educação.

A classe médica, envolta em crepe, pela mor—

te de Alfredo José Cardoso — grande no escalpelo

(Por ocasiãodo cinqüentenár;oda vinda do Mon-

senhor Rosa para Piracicaba, em 1960,o saudoso Mello Ayres publicou no Jornal de Piracicaba» bela página

evocativa,rememorandoilustres figuras da época.

É com prazer que «Mirante» homenageia a memória do notável mestre que foi Mello Ayres e o grande sacerdote que ainda é MonsenhorRosa. reproduzindo aquela colaboração, em duas etapas).

Transbordantede coração e mocidade,rica

de civismo, filha de uma tradição gloriosa, Piracicaba esmaltava de turmalinas o interior bandei-

rante e, com a agriculturacientífica,ia vestindo de .promessas verdejantes o solo imenso do Brasil. Defluia o ano de 1910.

Além de dois colégios,que vinham de longe

— o Piracicabano e o Assunção, quatro casas de

ensino norteavamos destinosde Piracicaba no

mundo das letras: o Grupo Escolar Barão do Rio Branco e o Grupo Escolar Morais Barros, polindo o ouro das inteligênciasmeninas; a Escola Complementar e a Escola Agrícola, num concêrto de ideais, prevendo a grandeza da Pátria no livro, que ensina, e na terra, que abastece. Tudo em Piracicaba era bonito, na transparência de sua modéstia! Não havia asfalto, nem

paralelepípedos,nem fonte luminosa.

Não obstante,haviamuita luz em suas escolase muitocarinhoem seuslares.

Noite a dentro, o Salto rumorejava em serenatas de espumas. Testemunha branca do passado, levantava-se a velha matriz de Santo Antonio, abrindo o coração aos fiéis. À frente do templo, o jardim a

verdejar de esperanças o coração da Noiva da Co-

Um frade capuchinho, muito moço e culto, escrevia nos jornais, sob o pseudônimo de JamaIhis e brilhava na oratória sagrada, à feição de um Monte Alverne. Era frei Luiz Maria de Santana, que mais tarde havia de empunhar o báculo episcopal na circunscrição diocesana de Bctucatu. Com pulso nobre, aprumo nos trajes, equilibrava a balança da Justiça o dr. Rafael Marques

Cantinho,que exerceua judicaturapiracicabana

por mais de um vintênio. Cultivavam o Direito, engrandecendoo Forum, causídicos da estatura de José Ferreira da

e maior, ainda, no coração — reunia as figuras de Coriolano Ferraz, cheio de ponderação e respeito: João Batista Silveira Melo, alma rica de bondade; Perminio Figueiredo, católico fervoroso;

Rugero

Pentagna, estudioso e atualizado, barbas à Pas-

teur; José Rodriguesde Almeida, personalidade enérgica; Oscarlino Dias, talvez o mais moço de

todos.

rido

Fernando Febeliano da Costa, o prefeito que-

o Luciano Guidotti da época — depois de

dar o Jardim da Cadeia, inaugurava, agora, com

a presença do dr. Carlos Guimarães, secretário do Interior, o Jardim da Ponte. Paulo de Morais dirigia a política, seguindo o exemplo de seus maiores, em oposição a Rodolfo

Miranda.

Da maciez do pôr-de-sol, da serenidade do

rio, do vigor do Salto brotavam os anseios da arte

das côres, através das telas de Jaquim de Matos; do pincel de Joaquim Dutra,aue transportou a rua

do Pôrto para o pano de boca do Santo Estêvão;

da palhêta jovem de AlípioDutra.

Nos salões, em noitadas de concêrto, sob a se sob os dedos de Clarisse Figueiredo, de Lucila Arantes, de Berta e Gení Sampaio. O violino reviinspiração de Dedé Rezende, os teclados coloriam-

via os clássicos na arcada segura de. um moço com-

plementarista, Gentil de Oliveira. E, lá fora, em sonhos, ao 'luar das serenatas, um violino cantava, na interpretação romântica de Benedito Dutra. Dona Lalau Silveira, filha estremecida de Pru-

dente de Morais, era o soprano de veludo, que enchia o templo de suavidade, nas cerimônias da Semana Santa, enquanto floresciam esperanças nas vozes adolescentes de Maria Teresa Ferraz e Dulce de Sousa.

A intelectualidade piracicabana — professôresi agrônomos, médicos, advogados — organizou a Universidade Popular, no empenho da (Fssemi-

nação da cultura a tôdas as camadas sociais, por meio ae aulas e palestras sôbre os mais variados assuntos. Na noite da inauguração, com o Santo Estêvão apinhado, falou José Feliciano de Oliveira, expoente do magistério bandeirante. Orou, também, de improviso, eletrizando os ouvintes, sob densos aplausos, o profundo tribr.no redentorista, padre Júlio Maria,no século, dr. Júlio Cesar de Morais Carneiro.


23

O Teatro Santo Estêvão, muito limpo, ilumi nação plena, decoração aprimorada do pintor Bonfiglio,era o local que se prestava a todos os movimentos artísticos e culturais da cidade. O comérciomantinha suas portas abertas até as 21 horas. As donas de casa preferiam fazer suas

compras nas lojas à noite, pondo em atividade os caixeiros, que se apresentavam sem paletó, com a tesoura à mostra no bolso do colete. Moças, ainda que modestas, não trabalhavam como balconistas.

Sentinelas do passado, vêm dêsse tempo di--

Senhores proprietários de prédios VivnM TRnNOJIlOS Entregando seus prédios de aluguel a

GALVES"

versas casas que integram o comércio atual e que

há muito ultrapassaram o seu jubileu de ouro: Joalheria Muller, sempre no mesmo prédio, Chapelaria Hoeppner, Casa Elias Neme, Casa Wolghemuth.

Dois diários circulavam, com a colaboração de penas bem aparadas: a Gazeta de Piracicaba. uma das mais antigas fôlhas do interior, sob a orientação de Querubim Costa e o Jornal de Piracicaba, que tinha a orientá-lo o prof. Alvaro de dono de uma risada Carvalho — o Alvinho gostosa.

Os estudantes complementaristas tinham o

seu jornalzinho, que se intitulava

A Noiva da Co-

lina. Os agrícolas publicavam uma folha humorís-

Que oferece, mediante pequena taxa, toda as-

sietência jurídica e administrativa de que você necessita

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fane,

tica — O Apito.

Entre agrícolas e complementaristas havia tremenda animosidade. Exercia o difícil cargo de delegadode polícia

um moço moreno, bacharel em direito, palavra elegante e grossas sobrancelhas. Diplomàticamente, sem quebra de energia, fazia serenar as hostilida-

des estudantinas, ganhando com isso o respeito

e a estima da juventude de ambas as escolas. Era Sebastião Nogueira de Lima. Tanto numa como na outra Escola,havia talentos de eleição. Mal saido aos bancos da Complementar, pra-

ticante no Grupo Escolar Moraes Barros, eis o inconfundível Sud Mennucci. Notáveis pelo arejamento do cérebro, Léo Vaz. Breno Ferraz, Plínio Rodrigues de Moraes, João Dutra, colorista, Tales

de Andrade, que mais tarde, comporia o Saudade, como um hino fervoroso à Escola Luiz de Queiroz. Freqüentavam a escola de São João da Montanha. com aproveitamento, entre tantos outros, os

esf.udantes, que se fizeram grandes na

carreira que abraçaram e cujos nomes consignamos, pelo esfôrço da memória: Carlos Teixeira Mendes. Lafaiete Alvaro de Sousa Camargo, José de Melo Moraes, Plínio Pompeu Piza, Luiz Teixeira Mendes, primeiro presidente do Centro Agrícola: Wilson Wilian de Sousa, Martiniano Medide na, Francisco Iglésias, Felipe Westin CabralBerHermes, Vasconcellos, Deodoro da Fonseca nardo Lorena

fundo Havia estudantes que se entregavam a gostaOutros ao atletismo, como Modesto Lins.

vam das letras, como Plínio Fernandes. Terceiros faziamversos, como o Mundico,como Machado Santana, como Carvalho Barbosa...

(Continúa no próximo número),

Você nunca esperimentou nada melhor!!!

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24

Projeto arrojado do prefeito

Salgotl

Projeto digno dos maiores elogios é

este do prefeito Salgot, que visa aproveitar a margem esquerda do salto. Aí está sendo construida uma magnífica avenida que partindo da ponte (continuação da Armando

Salles Oliveira) e seguindo por trás da fábrica de tecidos Aretusina irá margear o salto.

É evidente o valor desta grandiosa obra no embelezamento do local. A avenida virá desvendar aos nossos olhos, os encantos

Fotos: CANTARELLI & NASCIMENTO

Avenida que desvendará o outro lado do salto do outro lado do salto. Virá mostrar, de um novo ângulo, as maravilhas da nossa famosa

Dois aspectos da nova avenida que partindo da ponte irá beirar o salto pela margem esquerda e proporcionará uma visão inédita, até agora não aproveitada pela dificuldade de acesso ao local.

queda d'agua, que até agora, por incrível que pareça, não pudemos ver direito, pela dificuldade de acesso ao local. As fotos mostram a pronta da avenida, nas imediações parte da ponte, bem

como o canteiro de ornamentação do local. Esperamos mostrar em o trecho mais interessante, ou seja breve aquele que beira o salto.


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Candidatas à Rainha do

Maria Célia Mondini está no páreo pela Cidade Alta.

Romilda Caneva candidata peIo bairro da Paulista.

Célia Regina Corrêa dos Santos, representante do bairro dos Alemães.

Carnaval do Cristóvão Colombo para a séde social. Prova evidente do dinamismo

da gente do Cristóvão e principalmente de seu in-

cansável presidente que vem se destacando por cum-

prir o que promete. Tambémo dr. Francisco Salgot Castillon dinâmico prefeito municipal, e presidente de honra da Comissão pró construção,

tudo está fazendo para que Piracicaba conte realmente com mais essa sala de visitas!

Dorta concorre Marcia Braga é representante Cleide Maria ao titulo por Vila Rezende. do centro da cidade. Um

concurso que se tornou popular e to—

deste mou conta da cidade ! O carnaval conforme na séde nova, ano será mesma Zambello. promessa do presidente Dr. Ermôr um orgumais será Magnífico edifícioque

lho da Noivada Colina.

Em rítmo de Brasilia está sendo construida a nova séde C. C. R. Cristóvão Colombo à rua Governador esquina de Prudente de Moraes. São mais de 2000 mts. quadrados de construção, exclusivamente

Sem favor algum, o dr. Ermôr Zambelloé o maior presidente que o clube já teve.

O edifícioda séde própriaestá ai para provar.


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OLHOS TRISTES Olhos tristes de mágoas borbotoantes, Que chorais de afeto a dor intensa; Olhos tristes de lágrimas cambiantes

Que mirais a azul mansão imensa!...

MENINA Menina dos lábios doces, quanto prazer se tu fôsses só minha p'ra tôda a vida... Menina do rosto triste, não sei como conseguiste deixar minh'alma ferida.

Menina do olhar sincero, eu vivo porque te espero com todo o teu doce amor...

Derramai dentro em mim toda brandura, Dêsse pranto sincero que tem alma, Dêsse pranto—soluçoda ternura, Que suaviza as tristezas e que acalma1.. Olhos tristes cansados que chorais, Oh! deixai que convosco vão meus ais,

As saudades de meus queridos pais Que não voltam, não voltam... nunca mais! Essas mágoas nascidas de um desgôsto Que surgiu maculando um ideal, Têm a morna saudade de um sol pôsto

Na orla do horizonte em funeral. DARIO BRASIL

Menina da côr morena da sensual bôca pequena, és formosa como a flor.

Menina, face de rosa, da cabeça aos pés formosa,

minha bela flor de lis.. Meninado corpofino

vem comigo que te ensino

a viver muito feliz! Sydney G. Wiss Barreto (Ribeirão Prêto, 10-4-1.956)

(Do livro: ESPERANÇAS)

Nota da Redação:

O ar. Dario Brasil, mestre pela inteligência e pelo coração, foi, em nossa terra, um dos mais queridos professôres, primeiro do ensino preliminar e depois do secundário. Pontificando nas lides

do ensino piracicabano, durante mais de quarenta

anos, sua figura é reverenciada por centenas ou milhares de alunos que o tiveram por mestre dos mais eficientese por educador dos mais convincentes. Sobretudo a fôrça inspiradora de seu exemplo, seja como cidadão combativo e utilíssimo, seja como filho e irmão dedicado, seja, prin-

cipalmente, como elemento de rara cultura e bom

gôsto literário, fez de Dario Brasil uma figura al-

DEUSA A mim que adoro a forma esplendorosa e bela

E que descanso a vista ao ver modelos de arte, Hoje acabo de crer, ao ver-te tão singela,

Que às mais belas que vi, eu posso comparar-te.

Em teu rosto mimoso, eu vejo sempre aquela Belezadivinal e fico a contemplar-te. E tanta luz dimana o teu olhar que estrela,

«Que brilha êsse fulgor, soberbo, em tôda parte».

tamente estimada e admirada de seus conterrâneos. Por tudo isso é que «Mirante» se sente honrada e feliz em publicar neste número a bela com-

posição poética que os leitores acabam de ler.

A PRAGA DO MENDIGO _— «Para encobrir ó minha mãe, teu êrro, Na roda me puseste sem piedade, E a vida para mim foi um destêrro, De minha infância a minha mocidade. «Arrasteia misérrima orfandade, Como um forçado em vis grilhões de ferro, E vi passar tôda a florente idade

Mais esphendor,talvez, quis dar à luz do dia.

No duro esquife do meu próprio entêrro... «Agora como inválido mendigo,

Essa beleza enfim, que tôda em ti se encerra,

Esperoa paz na morte deletéria...

Deus fez-te linda assim e eu julgo, com certeza, Que Êle quis dar mais vida à própria Natureza,

Êle tirou do Céu, para nos dar na Terra, A cópia mais fiel da imagem de Maria. GLORINHA PINTO CESAR

Sem família, sem pão e sem abrigo,

«Talvez habites a região celeste.

Mas de um minuto de prazer fizeste... Oitenta anos de dôr e de miséria!»...

Wenceslau Queiroz


ALGUÉM

A

PASSARÁ POR

PAU L O

Terra da liberdade! Pátria de heróis e berço de guerreiros, Tu és o louro mais brilhante e puro, O mais belo florão dos brasileiros!

A beira da estrada os solitários gemem,

À espera de alguém que não passa... Se alguém não vier Êsses corações continuarão vazios,

Êsses nomes serão esquecidos,

Essas mortes não serão pranteadas, Essas vidas não serão vividas... Alguém virá para que o caminho não continue deserto, para que as trevas se desfaçam...

Foi no teu solo, em borbotões de sangue, Que a fronte ergueram destemidos bravos, Gritando altivos ao quebrar dos ferros: — Antes a morte que um viver de escravos! Foi nos teus campos de mimosas flores, À voz das aves, ao soprar do norte, Que um rei potente às multidões curvadas Bradou soberbo — Independênciaou morte! Foi de teu seio que surgiu, sublime, Trindade eterna de heroismo e glória, Cujas estátuas, cada vez mais belas

Dormemnos templos da Basília história! Eu te saúdo, oh! majestosaplaga,

Filha dileta — estrêla da nação, Que em brios santos carregaste os cílios,

À voz cruentado feroz bretão! Pejaste os ares ae sagrados cantos,

Cessa teu lamento,

Ergueste os braços e sorriste à guerra, Mostrando ousadia ao murmurar das turbas,

Acautelatua mágua, Prepara tua alma,

Bandeira imensa da Cabrália terra! Eia! — Caminha, o Paternon da Glória

Abranda tuas maneiras, Abre teus olhos,

Sou alguém que passará por ti... Dirce Ramos de Lima

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Te guarda o louro que premeia os bravos! Voa ao combate repetindo a lenda: — Morrer mil vêzes que viver escravos! Fagundes Varela

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UMA ESTRANHA VISITA LINO VITTI

Aí está ela à minha frente, branca, de uma

brancura assustada, silenciosa, à espera de alguma cousa. O meu olhar fixa-a demoradamente, inqui-

re-a, solicita-lhe explicaçõesa respeito de sun presença, do mutismo em que se fecha, do porque da palidez que a envolve. Delgada, frágil, impressiona, pois, teme-se vê-la alçar vôo ao mais leve sôpro da brisa. Seu berço é quase sempre a floresta, mas para chegar

até mim, para vir postar-se à minha frente, por

que estranhos ambientes não passou, que profundos sofrimentos não suportou!? E essas formas aerodinâmicas, essa flexibilidadetôda sua, essa maciez e pureza especiais, quem lhas teria dado? Muda, é verdade, entretanto, como fala àquele que, arrancando-a do convívio da balbúrdia humana, a leve para a solidão de um escritório e aí também em silêncio trave com ela o diálogo da

mudez!

É como agora nos encontramos.Estamos

aqui os dois num bate-papo estranho feito sem o ruído dos vocábulos, digamos, um bate-papo de cérebro para cérebro.

— Vê (dava-me ela a entender) como sou

adorada e aviltada pelos homens a um só tempo. Desde que me conheço por gente, fui a grande colaboradora da humanidade, especialmente como veículo das suas idéias. De norte a sul, de leste a

oeste, através de oceanos e continentes, corri e me esfalfei, corro e me esfalfo ainda, para que o produto de seu espírito não fique prêso dentro dos

poucos metros quadrados de um cubículo, digo mesmo, dentro do meio metro quadrado que é o quanto pode o homem ocupar quando em atitude

meditativa. Servi-o sempre, para o bem e para o mal. Sou eu quem lhe faço o papel de mensageira quando quer êle contar as alegrias ou as

tristezas de sna alma a outrem separado pela dis-

tância. Vou arrostando toda a sorte de dificuldades, anônima, mas serviçal e sempre pronta. Sem a minha cooperaçãoque seria da ciência,da poesia, da literatura? A palidez destas minhas faces

é o resultado dos longos anos de canseiras, do in-

terminável martírio a que me sujeitam. Não reclamo, porém, como vês, e agora mesmo estou aqui à tua espera, feliz por sentir-me necessitada, satisfeita por poder servir-te. Toma-me, faze-me instrumento de teus sonhos, afoga-me em teus desejos, abusa de minha bondade e da minha pas-

sividade. Suplico-te, porém, que do uso e do abuso

que de mim fizeres, resulte um pouco de glória para minhas tribulações, que desta minha total entrega aos teus braços, nasça um pouco de luz para os teus semelhantes; que dêste nosso consórcio, docemente realizado no silêncio desta hora, possa advir para o sofrimento humano, um laivo de amor, de compreensão, de fé. Não faças como outros que me atiram ao monturo, pisam-me, destroem-me impiedosamente! Alguns levam-me até...

Não, isso é já desprezar ao máximo. Preferiria, confesso-te sinceramente, a destruição pelo fogo, desaparecer suavemente consumida pela chama, desfeita em fumo azulado... Mas, que tens, meu ingênuo amigo, por que te amedrontas e estás a suar.

— Verdades, minha cara, fazem sempre temer. Sinto o suor a molhar-me a fronte porque me reconheçotambém culpado.Mas prometo-te, amiga, pálida amiga, como penitência de meu pecado, transmitir aos outros êste nosso silencioso diálogo.

E foi então e por causa disso que a minha pe—

na, apossou-se totalmente dela, rabiscou-a de ponta a ponta lavrando esta croniqueta, para que vocês, ao empunhar esta revista, se lembrem de que seguram entre as mãos esta minha esquisita amiga, a qual, num dia dêstes deu-se ao prazer de

fazer-me uma visita, contar-me uma porção de cousas como as que acima puderam ler, e declinar-me o seu bonito nome — FOLHADE PAPEL .

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Há 40 anos

vista8ea.%O a ficinasDediniem VilaRezende

Mas as indústrias Dedini não pararam elas se desdobramem grande laminação de perfilados e em futuro próximo produzirão aço piracicabano!

Isso tudo representa grandeza para S. Paulo e progresso para o Brasil! M. Dedini S. A. — Grande laminação de perfilados

. Antes de Mário Dedini, tôda maquinaría para a indústria do açúcar

tinha de ser Importada.

Isto representava gastos astronômicos para o Brasil! Depois veio M. D. e construiu aquí tôdas as máquinas para o fabrico do açúcar e em seguida usinas completas.

É

fácil imaginar a economia em

divisas que isto representou para o nosso país.

Por isso êle é com inteira justiça "0 PAI DO AÇÚCAR".

M. Ded ini

sln


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