Edição 208 - Caderno 1

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do UniBH

Ano 36 | Nº 208 Belo Horizonte | MG

Abril | 2018

Foto: Gustavo Brasileiro

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Dossiê investiga dilemas, desafios e oportunidades da vida universitária páginas 4 a 15

Laerte: entrevista exclusiva com a cartunista brasileira Caderno DO!S

tem um diploma no fim do caminho


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primeiras palavras

Abril de 2018 Jornal Impressão

CHORA NãO, COLEGUINHA! Francyne Perácio A universidade é uma das melhores fases da vida do jovem. A expectativa pelo que virá, novos amigos, professores, fazer o curso que sempre sonhou... São muitas novidades. Apesar da euforia, nem sempre é um conto de fadas. Seria possível escrever um livro só para falar sobre os desafios e dilemas da vida universitária. Ao invés disso, propusemos a criação de um dossiê. Nesta edição, o IMPRESSÃO traz à tona as diversas realidades do ensino superior. Aborda, mais especificamente, a relação dos estudantes com a temporada acadêmica. Alguns questionamentos são levantados ao longo das reportagens: “Será que estou no curso certo?”; “É isso mes-

mo que quero para meu futuro?”; “E se eu não conseguir um emprego na área?” Você acompanha as respostas a seguir, no decorrer do jornal. Segure a ansiedade e as lágrimas, pois os relatos são emocionantes. Algum tema lhe será familiar. Adolescente ou não, formado ou ainda na faculdade, as histórias lhe trarão lembranças de certos momentos da vida. Já de início, peço desculpas pelo tom dramático das palavras. A intenção não é transformar o jornal em um diário adolescente. Cada leitor deve tirar suas próprias conclusões. Desde já, adianto, esta edição apresenta uma novidade: a enquete realizada com centenas de estudantes de universidades públicas e privadas, sobre o

maior desafio da vida acadêmica. Na verdade, eis a palavra de ordem deste dossiê: desafio. Além disso, abordamos os obstáculos relativos à etapa universitária em múltiplas vertentes. Afinal, o período em questão geralmente ocupa quatro ou cinco anos da vida. Outro problema diz respeito à pressão familiar. Pais e familiares cobram dos filhos que atuem na mesma carreira que eles ou na área que julgam mais adequada ou rentável. Em outras situações, além da escolha do curso, existe grande pressão sobre os resultados positivos que o aluno deve obter, os estágios de que precisa para ampliar a experiência, e, por fim, o bom emprego a conseguir, justamente, na área escolhida. para alcançar o sucesso.

E por falar em dificuldades, a depressão é uma doença grave que afeta os universitários, pela frustação ao perceberem que a universidade não é aquilo que esperavam ou pelo ritmo intenso de estudos e trabalhos. Como mecanismo de fuga, alguns jovens recorrem ao álcool, às drogas e aos medicamentos. Há os que procuram, ao invés dos entorpecentes, a religião. Dessa forma, realizam rodas de oração nos intervalos das aulas, como meio de refúgio ao estresse. Como se não bastassem todos os desafios aqui apontados, alguns estudantes moram longe de casa. E, sozinhos, as dificuldades aumentam. Além da saudade da família, de casa e dos amigos, os jovens precisam aprender a lidar

expediente

com a reponsabilidade de morar sozinhos. Para enfrentar tal difícil situação, procuram construir, na faculdade, nos colegas universitários e na vida acadêmica, uma nova família. A vida do estudante universitário poderia ser simplesmente resumida em: passar no vestibular, conseguir um estágio, aumentar o networking, fazer cursos, desenvolver o TCC, ser aprovado e formar. Mas e depois? “Vou conseguir trabalhar na área?”; “Estou preparado para o mercado de trabalho?”; “Posso concorrer com profissionais mais experientes do que eu?”. E agora, José? A festa ainda não terminou e a luz permanece acesa. Afinal, esta é apenas uma fase da vida, por mais desafiadora, complexa, cansativa e problemática que pareça.

VICE-REITOR Prof. Rafael Ciccarini

DIRETORA DO CAMPUS BURITIS Profa. Cinthia Tamara V. Rocha

DIRETOR ADJUNTO DO CAMPUS BURITIS Prof. Pedro Cardoso Coutinho

COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Prof. João Carvalho

LABORATÓRIO DE JORNALISMO EDITORES Prof. Leo Cunha Prof. Maurício Guilherme Silva Jr.

DIAGRAMAÇÃO Ludmila Alves (LEGRA) Mariane Fernandes

PROJETO GRÁFICO Laboratório de Experimentações Gráficas (LEGRA)

ESTAGIÁRIOS Mariane Fernandes Mia Rodrigues Vitória Ohana

ILUSTRAÇÃO Ludmila Alves Gabriel Andrade

Fotógrafo no espelho Produzir uma foto de capa para ilustrar as dificuldades dos universitários foi nosso grande desafio. Para tal, escolhemos o estudante Gustavo Brasileiro, do curso de Jornalismo, como fotógrafo. Começou assim o processo de pensar como poderíamos retratar tantos dilemas numa única imagem. Dentre as inúmeras adversidades relatadas pelos jovens na universidade, destacaram-se questões financeiras e emocionais, além de problemas com deslocamento e oportunidades. Naquele momento, pensávamos em objetos capazes de ilustrar essa ideia. A estudante Sharese Sabino foi logo escolhida como modelo, por causa de seus cabelos azuis e volumosos – que, curiosamente, não

apareceram na foto final. A composição fotográfica contou com objetos específicos: dinheiro, livros, pequenas estátuas religiosas, boletos, caixas de remédio, vale-transporte, salgadinhos e, até mesmo, um teste de gravidez, para remeter às jovens que se tornaram mães durante o curso. Mas, assim como os cabelos de Sharese, o exame desapareceu na foto escolhida. Combinado à mesa como expositor, o ângulo da imagem tinha como objetivo transmitir a visão de que o estudante estaria suscetível a esses tipos de problemas durante a trajetória acadêmica. A organização “bagunçada” representa as incertezas vividas durante o percurso. No making of, o professor Maurício Guilherme, deitado ao chão, pediu minha ajuda para “apertar o botão da câ-

mera do celular”, enquanto tirava uma foto de Gustavo fotografando Sharese, para a capa da edição. A cena foi registrada por Mariane Fernandes, estagiária do

IMPRESSÃO, aos risos. Sem dúvida, há muita tensão ao longo da vida universitária. Explicá-los é o propósito deste dossiê. Entretanto, determinados mo-

Laboratório de Jornalismo Online Laboratório de Fotografia Laboratório de Experimentações Gráficas (LEGRA)

mentos, a exemplo do instante de produção da foto abaixo, nos trazem diversão e interação suficientes para perceber que vale a pena continuar a caminhada.

IMPRESSÃO/TIRAGEM Sempre Editora 3.000 exemplares

Mariane Fernandes

Vitória Ohana

PARCERIAS

Eleito o melhor Jornal-laboratório do país na Expocom 2009 e o 2º melhor na Expocom 2003 O jornal IMPRESSÃO é um projeto de ensino coordenado pelos professores Maurício Guilherme e Leo Cunha, com os alunos do curso de Jornalismo do UniBH. Mesmo como projeto do curso de Jornalismo, o jornal está aberto a colaborações de alunos e professores de outros cursos do Centro Universitário. Espera-se que os alunos possam exercitar a prática e divulgar suas produções neste espaço. Participe do JORNAL IMPRESSÃO e faça contato com nossa equipe: Av. Mário Werneck, 1685 BH/MG CEP: 31110-320 Tel.: (31) 3207-2811 unibh.impressao@gmail.com


visão crítica

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Lorena Moraes A vereadora Marielle Franco foi a quinta mais votada do Rio de Janeiro, nas eleições de 2016. Executada nas ruas da cidade maravilhosa, ela também morreu diversas vezes nos becos e ladeiras das redes sociais, por meio das vozes de internautas, cujos ecos sangram seu legado e a própria ideia do que sejam direitos humanos. Os assassinos e seus apoiadores buscaram, na moral de Marielle, qualquer indício que comprovasse uma pecha desertora. “Bem feito, foi defender bandidos e acabou morta por um deles”, disseram; outros foram mais ousados: “Direitos humanos para humanos direitos”, protestaram. O mesmo discurso de generais argentinos assassinos, que participaram da ditadura militar no país dos hermanos. Os novos tiros foram disparados durante o dia, tendo como endereço inúmeros IPs. Não esconderam as digitais,

pelo contrário, fizeram questão de expô-las. O objetivo? Disparar contra as ideias de democracia e justiça, pelas quais milhões de brasileiros anseiam todos os dias. O lucro? Saber que sairão impunes, apesar de – tentarem – manchar a reputação e o legado de Marielle. O coronel da Polícia Militar do RJ, Robson Rodrigues, por sua vez, homenageou a amiga. “Choro por uma amiga admirável, sobretudo porque lutava contra essa estupidez e sonhava com uma sociedade melhor. A vereadora Marielle era corajosa: lutava a favor das minorias, mas principalmente contra a estupidez das mortes desnecessárias que têm endereço e destinatários certos. Mortes muitas vezes festejadas por pessoas que querem que nós, policiais, façamos para eles o serviço sujo de um extermínio fascista. Não se esqueça que também acabamos vítimas dessa estupidez”, declarou. As pesquisas não mentem: o Rio de Janei-

ro abriga a polícia que mais mata e também a que mais morre. É um toma lá da cá infindável, cuja vítima se chama sociedade. O sentimento de insegurança já é maior do que o patriotismo, nacionalismo e qualquer outro sentimento afetivo relacionado à pátria. Entretanto, essa mesma sociedade marcada pelo medo é a que surgiu recentemente, em mais uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados alarmantes: 50% dos brasileiros acreditam que “bandido bom é bandido morto”. A opinião é a mesma de Bolsonaro, deputado presidenciável que se considera defensor dos policiais. Seu currículo como político é invejável: mais de 20 anos de carreira e nenhum projeto de lei aprovado a favor desses profissionais. Que tiro foi esse, Marielle? De onde veio? Dos cidadãos que não entenderam que você não era contra policiais e também não os perse-

gustavo santos

ideais imunes a tiros

guia. Ao contrário: você defendia as minorias, era contra a impunidade, contra passar por cima da lei e dos direitos humanos. Dos políticos de inclinação fascista, que, muitas vezes, estão por

trás dessa polícia que assassina? Sua postura sempre foi firme: “Assim como nós, não confiava na polícia violadora de direitos, na polícia bandida, mas confiava na instituição policial, naqueles

que não querem que ela seja instrumentalizada, para fins vis e elitistas, sendo direcionada para os mesmos estratos de onde a maior parte de nossos próprios policiais vem”, resumiu o coronel Robson Rodrigues.

rodapé “Saudade dói, sabia?”

sobre maicon

Mariane Fernandes

Gustavo Brasileiro

Menina-mulher, jovem, apenas 17 anos, jeito meigo, esperta, descontraída, sempre com um enorme sorriso, e, acima de tudo, amável. Cabelo castanho claro, personalidade forte; de longe, já a identificava pelo modo como mexia na franja. Nascida em outubro de 1995, veio para alegrar a vida de quem a rodeava. Sempre feliz, fazia graça de tudo. Como ela mesma dizia, “perco o amigo, mas não perco a piada”. Em seu coração,

não existia espaço para ódio. Mesmo com todas as dificuldades que enfrentava, sempre arrumava um modo de transformar obstáculos em motivos de alegria e esperança. Certo dia, eu voltava de viagem. Ela foi me ver e disse: “Saudade dói, sabia?”. Mal imaginávamos o que estava por vir. Melhor amiga, irmã de coração. Sempre a meu lado, em todas as ocasiões. Bianca sonhava em ser médica e andava estudando muito para o vestibular. Infelizmente, a vida (sem-

pre) guarda surpresas. Lembro-me como se fosse hoje. Dia 6 de março de 2012, bem na data de meu aniversário de 15 anos. Em minha casa, ela estudava Física comigo. Começou a se sentir mal e teve que ser levada ao hospital. No dia seguinte, às 6h30, recebo a ligação: a dengue hemorrágica havia levado minha amiga. Sonhos foram interrompidos, enquanto, em meu coração, restaram vazio e tristeza. Agora, entendo o que ela quis dizer com “saudade dói, sabia?”.

Maicon foi comprado em 1997, ano em que o mundo se despedia de Chico Science, Jeff Buckley e John Denver. Escolhido devido a uma série de características, Maicon era gringo, de origem europeia. Sua cor é escura. A resistência, elegância e a qualidade do seu trabalho o destacavam em relação aos demais. Ele já era velho de guerra, devia ter seus quinze anos de carreira e apresentava escoriações, devido à labuta,

mas, seu trabalho era tão, tão bom que se justificava o uso demasiado de seu talento.. Maicon não reclama toda vez que é espalmado. Ao invés disso, ele canta de forma singular, com maestria sonora, também proveniente da grande habilidade de seu dono. Seu futuro, no entento, é previsível. Daqui a uns anos, quando alguém apresentar um trabalho melhor, ele será mais uma vez passado para a frente e substituído de forma trivial. Talvez, pelo seu ta-

lento, não fique muito tempo parado, nem falte emprego. Para quem leva a música como hobby, se apegar a um instrumento é fácil, mas para aqueles que trabalham com a arte, é apenas mais um instrumento de trabalho. Dar nome a instrumentos é sinônimo de afeição ao objeto. Maicon, com certeza, era um violão amado por seu dono. Ele guarda histórias em cada arranhão, em cada pedaço de madeira puída e nas trastes oxidadas. Maicon cumpriu seu objetivo existencial.


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DOSSIÊ UNIVERSITários

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O blues dos 20 e poucos anos As adaptações e expectativas que o universo acadêmico nos propõe A vida universitária gira em torno dos dilemas, desafios e aspirações que esses curtos e intensos anos nos oferecem. Eu diria que nos obrigam, como jovens, ainda com pensamentos lúdicos, vivências pouco palpáveis e pouca autonomia, a buscar um crescimento pessoal, a explorar nossa identidade – o reconhecer a si mesmo. Tais desafios nos obrigam, também, a centralizar grande parte desta energia em um desenvolvimento educacional, e na incansável busca por respostas – que, talvez, jamais consigamos achar – para as inúmeras perguntas que

surgem durante o período de formação acadêmica e de progresso pessoal. Devido a tantos dilemas, o IMPRESSÃO elaborou uma enquete para saber, dos estudantes, em uma palavra, qual o maior desafio da vida universitária. E foram mais de 700 respostas, que apontam os desafios com os quais inúmeros jovens esbarram durante os anos de universidade. As respostas mostram os múltiplos impasses que nos invocam a refletir sobre nossa inserção no ambiente universitário, ao qual ingressamos já vulneráveis frente às adaptações e expectativas – extrema e perigosamente

elevadas. Assim, acabamos expostos a muitas decepções. Diante de tal vulnerabilidade, as pressões, que surgem ao adentrarmos neste espaço, vão nos consumindo. A adaptação se torna difícil, e, às vezes, desmotivadora, principalmente, quando nos deparamos com desafios que exigem autocontrole, que, em momentos de fragilidade, pode nos faltar. O ensino superior é um universo que nos impulsiona a ter relações interpessoais intensas, e que, incessantemente, expõe nossas fraquezas, ao encontrarmos o Outro, as diferenças, as variações de vivências culturais, psíquicas e educacionais. Imergi-

mos em um mar aberto às possibilidades de desenvolvimento social, propício ao amadurecimento emocional. E é, de fato, penoso! A paciência e o equilíbrio tornam-se um facilitador em nosso ajustamento. Para que, assim, consigamos manter-nos saudáveis durante todo este processo, e, também, abertos às experiências positivas – até mesmo lindas – que só vivenciaremos durante nossa passagem pela universidade com o seu bônus: as famigeradas brigas, que acontecem em quase todos os trabalhos em grupo. Percebemos que, nestes corridos anos, nossas certezas são efêmeras e as perspectivas

já não se encaixam aos olhares vazios e binários do mundo. Somos inconstância; e, a cada semestre, passíveis de transmutações. Além disso, é bom deixar claro que não temos controle sobre elas! Como também não temos sobre Cronos, o deus do tempo. Ele não é nosso amigo, mas um inimigo iminente, que potencializa nossas crises de ansiedade e faz com que abdiquemos de nossa natureza ociosa. Ele estabelece que nossos deslocamentos longos e melancólicos até a universidade se tomem de pensamentos criativos e motivadores para dar conta das tarefas. Todo dia útil soa como confronto.

Assim como as árduas batalhas que enfrentamos no reduto familiar. São cobranças e mais cobranças, que nos deixam em dúvida: seremos capazes de suportar? Em outros momentos, a falta do colo da família, ou a distância do afeto genuíno, nos leva de volta aos devaneios infantis e nos afasta dos dias úteis e das cinzas que nos maltratam. Os sentimentos são sempre ambíguos e a gente só tem 20 e poucos anos. Desse modo, entregamos, aos universitários, este dossiê carregado de palavras. Vocês, com certeza, se reconhecerão em uma, ou em várias, das vivências compartilhadas. legra

Mia Rodrigues


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ficar ou trocar? eis a questão Francyne Perácio Mariane Fernandes Dedicamos cerca de 14 anos de nossas vidas à escola, até chegar o momento de conclusão do ensino médio. Ao longo dos anos, as instituições de ensino começaram a dividir as turmas por áreas de atuação – exatas, humanas e biológicas –, a fim de intensificar o aprendizado em torno delas e ampliar os índices de aprovação. Ao fim de tal ciclo, aumentam as preocupações do estudante, ligadas à pressão por entrar numa faculdade e à insegurança de escolher algo para a vida. Todo esse tempo parece suficiente para que o aluno escolha, definitivamente, sua aptidão profissional. Porém, a realidade, para a maioria dos alunos, não é bem essa! Dentre tantas alternativas, muitas pessoas se sentem perdidas no momento de tomar decisões: “O que fazer?”; “E se eu não me adaptar a esse curso?”; “Vou obter estabilidade financeira ao me formar?”; “É realmente o que espero cursar?”. Bruno Henrique Armanelli, 21, sempre se interessou pela computação, mas, por ser uma área tão fragmentada, decidiu se arriscar em outro ramo. “Busquei me localizar na computação, mas, em certo momento, pensei em desistir e seguir meu amor pela Física”, conta. Apesar de seu afeto pelo curso, optou por trancar e voltar à primeira graduação. Apesar de tantas trocas, ele não se arrepende. Segundo o universitário, todas as mudanças o fizeram criar uma bagagem de experiências que o ajudaram a seguir um caminho melhor.

Conflitos externos Apesar de muitas pessoas não continuarem no curso por motivos de afinidade, ou porque não era aquilo que imaginavam e esperavam, outras se veem obrigadas a seguir a vontade da família. É o que ocorre com Vitor Fávero, 20. Segundo ele, seu pai foi o personagem principal de sua história. “Quando cheguei ao terceiro ano do ensino médio, ele me deu a livre escolha de optar por uma área, desde que no ramo da Engenharia. Escolhi Engenharia de Produção, mas não demorou muito para me desligar do curso”, explica.. Depois de sair das exatas, Vitor seguiu sua vontade e ingressou no curso de Relações Públicas, sem qualquer apoio moral da família. “Enfrentei grande resistência em relação a meus pais, que sempre me dirigiam palavras desmotivadoras sobre o curso e o mercado de trabalho”, completa. Depois da pressão familiar, Fávero decidiu, uma vez mais, tentar outro curso, também por vontade do pai. Na última tentativa, ele se encontrou. Segundo o jovem, depois de inúmeras leituras, acabou por se apaixonar pelo mundo jurídico, e resolveu abrir mão das Relações Públicas para seguir no Direito, que “preenche e soluciona algumas questões que tenho quando olho para sociedade. Ele me atende. Foi nele que realmente me encontrei”, diz o estudante. Segundo Delba Barros, doutora em Psicologia Clínica e coordenadora do Programa de Orientação Profissional da UFMG, a falta de maturidade pode contribuir para as mudanças de curso. Porém, é jus-

FotoS: JORGE LOPES

Dúvidas e desafios dos jovens no que se refere à escolha e à permanência na universidade

tamente em função de maior experiência que o adolescente percebe a falta de empatia pela graduação escolhida e decide mudar. A pesquisadora acrescenta: “Uma oferta muito grande de possibilidades de cursos pode contribuir para uma dificuldade na hora da escolha, e, principalmente, se a pessoa não tiver clareza sobre quais são os critérios relevantes para ingressar numa universidade”.

O que amo? Além disso, na visão de Delba Barros, a dificuldade em um curso de graduação pode ser uma consequência da falta de identidade com o curso. “Estudar alguma coisa pela qual temos pouco ou nenhum interesse, ou na qual temos pouca habilidade, também pode dificultar a permanência no curso escolhido. E é aí que se deve fazer uma reflexão, para o estudante entender se, de fato, é aquela profissão que ele deve seguir”, completa. É o caso da recémformada Carla Araújo, 28, arquiteta e urbanista. Ao concluir o en-

sino médio, estava em dúvida sobre a área pela qual optaria. Começou a cursar Mineração, depois mudou para Direito, e, novamente, não se encontrou. Resolveu, então, tentar Engenharia Civil, e acabou por concluir a faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Apesar de formada, Carla ainda está infeliz

com a escolha: “Sinto que não estou no lugar certo, mas, no momento, é onde estou. Eu me sinto perdida, mas, como já terminei o curso, vou exercer a profissão. Pelo menos, até saber o que realmente quero”, explica. Carla ainda aconselha os que estão na mesma situação: “Preci-

samos fazer o que gostamos. Difícil é saber com o que identificamos. Se você se sente à vontade para trocar de curso, troque, não se apegue a uma coisa que não está te fazendo bem. Pode até demorar, mas um dia você vai achar a carreira certa e deve ser a melhor coisa do mundo. Eu não desisti!”.


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Aprender incomoda fotoS: Arthur scafutto

O ambiente universitário e a aflição nossa de cada dia

Arthur Scafutto Jéssica Vitorino Matheus Bongiovani Mia Rodrigues Regiane Garcia Thais Castro Crises nervosas, mil noites mal dormidas e estresse acumulado são, hoje, reclamações frequentes dos estudantes. Recentemente, alunos de uma universidade federal mineira organizaram campanha nas redes sociais para chamar a atenção quanto a abusos sofridos por eles. O foco está na crescente fragilidade da saúde mental no ambiente acadêmico. O conteúdo a ser assimilado para as provas cresce a cada semana, o prazo para entrega de trabalhos se aproxima e, para piorar, o estágio torna o tempo ainda mais escasso. Além disso, em certos casos, a compreensão dos professores e dos

orientadores deixa a desejar. Enquanto a quantidade de afazeres aumenta, a qualidade do sono diminui. Tais queixas são comuns entre universitários, e estão no cotidiano dos alunos. Dentre as principais consequências de tal situação, está a queda da produtividade e da qualidade de vida, de modo a aumentar o índice de desistência e afastamento dos estudantes. O Relatório Técnico do Setor de Estatística de outra universidade mineira aponta que, de 2010 a 2015, um total de 9.879 alunos desistiram de seus cursos antes de concluí-los.

Desistir? Isabella Magalhães é uma das vítimas das pressões que tornam torturante a experiência acadêmica. Aluna de Direito, ela considerou a possibilidade de desis-

tir em diversas ocasiões. “Quando voltei às aulas, após um intercâmbio, tive dificuldade de me adaptar e comecei a ter crises de pânico. Passei quase duas semanas sem ir às aulas, e, no dia em que finalmente retornei, enfrentei a pior crise da minha vida. Após seis meses, tive depressão e dificuldade para dormir”, relata. Na tentativa de fugir da realidade massacrante e da pressão psicológica, muitos alunos recorrem ao uso – por, excessivo – de entorpecentes, como álcool, cigarro, medicamentos psicoativos e, até mesmo, drogas ilícitas. O objetivo é tentar amenizar o sofrimento e “artificializar” a sensação de felicidade prometida pela formação acadêmica. Segundo o “Levantamento nacional sobre o uso de álcool”, feito pelo Governo Federal,

o maior índice de consumo das substâncias ocorre, justamente, entre jovens universitários. Enquanto alguns recorrem aos entorpecentes, outros adotam a religião como refúgio ao estresse contínuo. É possível encontrar rodas de oração, de diversas crenças, nos intervalos das aulas. Para a estudante de Direito Luana Matias*, que também teve sintomas de depressão e ansiedade, a ajuda espiritual foi fundamental. “Sou evangélica e sempre busco a Deus nos momentos de crise. É ele quem me ajuda a superar as dificuldades”, conta a jovem. “A religião é uma das saídas de fato, pois o indivíduo encontra sua tribo e se articula no grupo social em que se sente incluso”, explica Leonardo Pimenta Costa, psicólogo e mestre em Saúde Mental.

Expectativa X Realidade Iludidos pelos encantos da vida universitária, os alunos dedicam seu precioso tempo aos estudos. A intensa preparação para o vestibular faz com que enxerguem o ingresso como linha de chegada. A expectativa, porém, não corresponde à realidade. “Não consegui fazer muitos amigos e me decepcionei com várias disciplinas. Eu me via cada dia mais insatisfeita de comparecer às aulas e estudar matérias que não achava interessantes”, relata Isabella. O psicólogo Leonardo Pimenta Costa explica que os jovens são os mais propícios ao adoecimento mental, por enfrentarrm amadurecimento brusco e precoce. “Temos um grupo em faixa etária propensa a se angustiar, e, ao mesmo tempo, uma estrutura social e acadêmica à qual nem todos se encaixam”. Segundo ele, a cultura responsável por considerar sucesso acadêmico e profissional como sinônimo de “felicidade” prejudica a saúde mental dos jovens. Transtornos Sintomas dos mais variados transtornos de personalidade podem se manifestar de formas sutis. Então, como perceber que um amigo – ou você mesmo – precisa de ajuda? O mais comum é a chamada “depressão profunda”. Falta de motivação, tristeza persistente e incapacidade de enxergar o lado positivo da vida são alguns dos sintomas. No ambiente acadêmico, a depressão pode se manifestar por meio de mudanças drásticas de atitude. Se um aluno sempre ativo e determinado tor-

na-se distante e desmotivado, repentinamente, é possível que ele sofra com a doença. Outro problema conhecido dos universitários é o “Transtorno de Ansiedade Generalizada”, conhecido como TAG. Sua principal característica refere-se à sensação de perigo, aguçado. O medo de perder uma nota, de chegar atrasado ou de os colegas não fazerem sua parte no trabalho pode se manifestar fisicamente, em forma de falta de ar, tonturas, palpitações e vômitos. Quando a ansiedade atinge níveis extremos, ocorre o chamado “ataque de pânico”, em que o temor pelo irreal domina o consciente. “Minha primeira crise aconteceu à noite. Estava dormindo e tive um ataque de pânico durante um pesadelo que tive com a faculdade. Senti taquicardia, sudorese, ânsia de vômito. A experiência foi muito ruim”, relata Luana. As dificuldades encontradas pelos alunos contribuem, também, para o aumento do número de suicídios: Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que se trata da segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. O grande desafio é derrubar a ideia de que tirar a própria vida é uma alternativa viável para a solução dos problemas. O Centro de Valorização da Vida (CVV) foi criado, justamente, com o propósito de garantir apoio emocional à pessoa, de modo a prevenir o suicídio, sob total sigilo, e via telefone, e-mail, chat ou Skype. O número de contato do serviço, disponível 24 horas, é 144.


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a Pedra Arthur Scafutto

Disseram que ia ficar tudo bem – eles disseram. Os tumultos mentais estavam se espalhando feito gripe e não havia ninguém saudável. Mas ninguém quer saber disso – cada um com seus problemas. E é claro que as avaliações na instituição também não iam considerar os medos e inseguranças dos alunos, pois, afinal, estamos ali porque queremos e ninguém está nos obrigando a nada – eles disseram. Os passos iam pesando uma tonelada até o ponto de ônibus – a sessão da terapia quinzenal havia sido esclarecedora. Pudemos botar muita coisa para fora, enfim. “Você pensa que é fácil querer sumir?”. A frase recorrente em cada sessão se desfazia seguida de um estalo no peito. Podia escutar a rachadura se estendendo pela

pedra que crescia entre o estômago e a laringe. Pesava mais do que um saco de cimento – nada mais que o usual, estava acostumado. O ônibus chegou. Seria um longo caminho para casa, afinal, era recesso e não teria aula – uma pausa da “histeria coletiva”. Uma pausa do “estamos fodidos”, do “sou mestre em fazer papel de trouxa”, da queixa recorrente do “o que estou fazendo nessa faculdade”… Enfim, descanso! Mas, para isso, previsava chegar em casa e tentar recuperar o entretenimento que a mais recente excursão deveria ter oferecido – digamos que não foram todos os alunos que se alimentaram como gostariam. Porém, ainda me pergunto como não o fizeram, já que a briga de leões pelo “sucesso” havia arrancado bastante carne inocente.

O anseio pelo chão firme e pelo teto coberto era crescente. Consegue imaginar o chão alargando sem te deixar continuar a andar? Fisicamente impossível – eles disseram. “Mal posso esperar para contar à minha mãe que preciso de intervenção medicinal”, pensava. A ânsia pela melhora me consumia – e a pedra só pesava mais. O ônibus parou finalmente. Olhava o entrelaçamento de corpos passar diante de meus olhos, e pensava o quão rápidas eram nossas ações. A praça Sete de Setembro ia se fazendo cada vez menor – eu precisava sair dali. – Você pensa que é fácil querer sumir? Aquela frase se materializou de repente. O peso das palavras puxava a pedra ainda mais para baixo, enquanto as pessoas seguiam o ritmo

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ensurdecedor do caos. “Vote 45”!; “Jesus está aqui do meu lado! Não fuja, venha ouvir o que Ele tem a dizer” – as frases se embaralhavam em um só acorde caótico. As frases tumultuadas se juntavam, acumulavam, e pesavam – muito.

Você pensa que é fácil querer sumir?”. A frase recorrente em cada sessão se desfazia seguida de um estalo no peito. Podia escutar a rachadura se estendendo pela pedra que crescia entre o estômago e a laringe. Pesava mais do que um saco de cimento – nada mais que o usual, estava acostumado. “Crack”, mais um estalo. Porém, este era em um lugar diferente do de antes – a pedra apenas continuava pe-

sada. Pudera eu me esquecer disso, daquilo, e daquilo outro. Mas não. A pressão interna deteriorava tudo por dentro e impedia que o fluxo fosse compatível com os demais na rua. Havia uma saída: sumir. Por inteiro, me joguei no pânico e me afundei por completo. Dançava conforme o ritmo do preconceito e do receio – um passo de cada vez. – Você tem que ligar para alguém. Não. Não haveria possibilidade de ajuda externa – muito menos interna, a meu ver. Um passo de cada vez – dois rapazes suspeitos. Apenas desviei o olhar conforme o ritmo, mas sem foco, pois, afinal, havia sumido. Apesar do imenso peso da pedra, a música ensurdecedora dos receios contagiava mais. – Ouça: ai de você se não nos tirar daqui.

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Ressurgi. Já podia sentir o chão firme do bairro calmo em Santa Luzia – do qual não me vi aproximando. A pedra não pesava tanto, porém, a rachadura havia se gravado fundo demais para não ser notada. Um passo de cada vez – mas agora só mais alguns. O portão bateu, o aroma de casa me inundava. Mal pude perceber os braços de minha mãe me contornar com calmaria em conjunto com sua frase: “Como foi lá?”. – Você tem que contar. Contei. O telefone de um especialista mais rigoroso foi solicitado a uma tia psicóloga – quem sabe agora não possa me concentrar em algo plausível? Agora bastava encarar a multidão de egos tortuosos na instituição para superar, pois, no final, vai ficar tudo bem – eles disseram.


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a arte de não ser invisível FTOTO: Ana Ribas

Em meio à guerra de interesses e à pressão dos pais, estudantes lutam para que seus sonhos sejam ouvidos

Isabela Beloti Lucas Eduardo Soares Mariane Fernandes Todo mundo já escutou, em algum momento da vida, um pai ou uma mãe, sorridentes, brincando sobre o futuro do filho. “Vai ser veterinário, gosta de cuidar”, diz o pai, analisando o afeto do filho com um animal de estimação. “Não. Ele vai ser engenheiro, leva jeito”, provoca a mãe do outro lado da mesa. Enquanto isso, o filho está lá, vendo seu futuro ser planejado pelos pais, como em um faroeste, confrontado pelos desejos internos. No entanto, o sonho da formação superior, de fato, deveria ser somente do universitário, que enfrenta anos de estudos, dispõe de tempo e convive com pessoas que nunca viu na vida. Mas não é bem assim que acontece. Uma universitária que passou por essa

situação foi Mazzorry Simprício, 25, estudante de medicina de uma instituição privada em São Paulo. A jovem, ao tentar cursar Medicina, se deparou com a rejeição de seus pais. “Fiquei seis anos fazendo cursinho tentando passar; nos três primeiros eu mesclava os estudos com o trabalho. Meus pais não achavam certo eu cursar Medicina, pensavam que só ‘filhinho de papai’ fazia o curso, que nós não tínhamos dinheiro e eu não era capaz de entrar em uma faculdade pública”, relatou Mazzory. Segundo a estudante, o discurso foi potencializado quando precisou sair do emprego para se dedicar, integralmente, aos processos seletivos. “Eu já tinha 25 anos e não tinha nada. Aí eles me convenceram de tentar outro curso, porque ‘Medicina não era tudo na vida’”, contou a universitária.

Ela, então, entrou para uma universidade de São Paulo com intuito de cursar Medicina Veterinária: “Pensei: ‘bom, a única diferença é que muda o paciente’ e minha mãe ficou muito feliz, afinal, era a realização de um sonho dela”. Mazzorry relata que, um mês depois, decidiu largar o sonho da mãe para ir em busca do seu, mas essa atitude não foi bem aceita pelos pais. “Eles ficaram sem falar comigo, me tratavam mal, eram frios. Se eu precisava de alguma coisa eles não me proporcionavam. Por exemplo, dinheiro pra fazer cursinho eles não me deram”. Para resolver o problema, a estudante teve que recorrer a outros meios. “Utilizei uma conta no banco que eu tinha e não mexia, e à minha irmã, que sempre me apoiou. Mas meus pais não. Simplesmen-

te viraram a cara pra mim”, desabafa.

Sociedade em cena Mesmo sem o apoio

dos pais, Mazzorry encontrou forças para entrar na faculdade de Medicina. Final feliz? Tudo resolvido? Não! Agora a pressão vinha de outro lado, ainda mais cruel. “A sociedade coloca em cima do médico a responsabilidade de conseguir fazer tudo, como se fossemos deuses e como se nossa obrigação fosse salvar vidas, sem lembrar que também somos seres humanos e que muitas vezes a gente faz o possível e o impossível”, afirma. “Não é fácil lidar com essa situação”. Em meio a esse turbilhão de acontecimentos, a esperança da estudante é encontrar um refúgio com aqueles que passarão pelo mesmo sentimento durante todo o curso. Nessa busca, mais uma vez se esbarra na decepção. “Você chega na faculdade e não faz amigos, faz concorrentes. Você acha isso um ambiente sadio? Acha que isso vai fazer com que a pessoa,

mesmo que esteja no sonho de sua vida, se sinta feliz? Imagina, você sai de um ambiente totalmente não sadio e entra num pior ainda”, relata Mozzorry, ao comparar a esfera do cursinho pré-vestibular com a da faculdade.

Contramão No entanto, nem sempre a pressão familiar é determinante para o lado negativo. Vanessa Pereira, 23, recém matriculada em Engenharia Mecânica, em uma universidade pública do interior de Minas, é firme ao dizer que, se não fosse a família apoiando durante os quatro anos de cursinho e de tentativas frustradas, ela não teria conseguido o que tanto queria. “No começo, eu estava muito dividida e não sabia, ao certo, o que cursar na faculdade. Mas minha família sempre foi muito próxima e me apoiou muito durante todo esse tempo”, conta Vanessa, que já cogitou os cursos de

Centro de valorização da vida O Centro de Valorização da Vida (CVV), organização filantrópica reconhecida, desde 1973, como Utilidade Pública Federal, realiza mais de um milhão de atendimentos por ano, por telefone, e-mail, chat, Skype e presencialmente, em postos espalhados por 18 estados brasileiros. O serviço é uma tentativa de diminuir o alto número de mortes por suicídio, que já passa de 11 mil, anualmente – segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade. Em Belo Horizonte, uma casa funciona com esse propósito. A estrutura aproxima os 40 voluntários, que, das 7 às

23h, atendem a quem os procura. Para a voluntária Norma Moreira, 61, que também é psicóloga, o atendimento anônimo por parte do interlocutor é essencial para a qualidade do serviço. “É preciso termos disponibilidade para entender, aceitar, respeitar”, explica. Prestes a completar 40 anos, o posto é localizado na Região Oeste de BH. O telefone para contato é o 144 e, para compor o quadro de voluntários, o candidato precisa ter idade superior a 18 anos, ser aprovado no curso de formação, participar de atividades do CVV e ter disponibilidade para realizar os plantões. Para acessar o site, digite www.cvv.org.br.


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Apoio profissional Talita Pupo, psicóloga em Belo Horizonte e formada há três anos, contou que alguns estudos mostram que, a cada três estudantes, um possui algum tipo de transtorno psiquiátrico ou ainda vai ter. “No que se refere aos sintomas emocionais, a maioria são choro frequente, irritabilidade, desânimo, sonolência ou a falta de sono, tristeza, raiva ou angústia”, diz Talita. Porém, além dos sintomas emocionais, o manual de diagnóstico e de estatística dos transtornos mentais, DSM-5, diz que sintomas físicos

podem começar a aparecer, como taquicardia, sudorese, inquietação, respiração ofegante, sensação de peso, tensão muscular, entre outros. “Esses sintomas variam de pessoa para pessoa e é importante, ao identificar algum deles, procurar ajuda. Um profissional qualificado vai poder orientar o estudante e fazer os encaminhamentos necessários”, completa. Por outro lado, em casos de extrema discordância com a família, é importante que os pais também busquem ajuda psicológica. Assim, conseguirão expressar seus medos, anseios e expectativas em relação aos filhos. “Muitas vezes a falta de informação leva a opiniões superficiais e preconceituosas. Nessas horas, é preciso muita calma para negociar e chegar a um consenso dentro de casa”, conta.

Apoio institucional Uma instituição de ensino privada em BH oferece apoio psicopedagógico aos alunos. Segundo Isabella Campos,

FTOTO: MARIANE FERNANDES

lher o que lhe fizesse bem. Afinal, cada um é dono do próprio destino e não há quem tenha o poder de mudar isso. “Aprendi muito nesse período. Não só aquele conhecimento que a gente precisa ter para passar nos testes. Aprendi que todo mundo é diferente e é bom isso. Não daria conta de ser jornalista e entrevistar as pessoas, por exemplo”, brinca.

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assistente administrativa do Centro de Apoio, o estudante conta com atendimento que auxilia no diagnóstico de sua dificuldade dentro do ambiente acadêmico, além de um auxilio na gestão do tempo para aqueles que trabalham e estudam. Ainda segundo ela, o maior número

de casos corresponde a crises de ansiedade. “Nosso objetivo é receber demandas, escutar e acolher os alunos. Se não é uma demanda nossa, encaminhamos para um setor responsável, seja a Central de Carreiras, para o auxílio na orientação profissional, ou a

Clínica de Psicologia, para tratamentos mais específicos, como a psicoterapia”, diz. Ela ainda ressalta a importância de um espaço aberto para diálogos. “A gente percebe que um lugar para o aluno ser ouvido é necessário, então prezamos por isso”, completa Isabella. FTOTO: Ana Ribas

Medicina e Engenharia Aeroespacial: “Ainda bem que tive tempo, pude pensar mais e definir tudo com clareza.” Enquanto arruma as malas e faz planos para a vida na outra cidade, Vanessa diz já sentir a falta da presença da mãe, do pai, dos irmãos e dos sobrinhos. “Durante todo esse tempo, eu os tive comigo, me auxiliando e tirando um pouco da carga de anos de cursinho. Agora vivo um momento com que eu sempre sonhei. Voltarei quinzenalmente para visitá-los e eles também já disseram que não deixarão de ir a Ouro Preto”. Ao contrário do senso comum em os cursos de “exatas” são os mais promissores, na casa da Vanessa não foi bem assim que aconteceu. “Minha mãe é formada em Letras e dá aulas de Francês. Quando disse que queria Engenharia, ela brincou e disse para eu tentar um curso mais voltado para humanas”, fala. Apesar das brincadeiras, a mãe sempre a deixou livre para esco-

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(auto)investimento Para manter vivo o sonho do diploma, estudantes buscam alternativas para bancar os custos universitários A imagem de um adolescente de 18 anos que tem de trabalhar e, ao mesmo tempo, iniciar a vida acadêmica seria vista como um grande desafio por muitas pessoas. Para a estudante Bruna Clímaco, 20, essa situação “não é saudável”. Apesar da pouca idade, ela tem o cotidiano universitário permeado por reviravoltas. Bruna iniciou o curso de Letras no meio do ano passado, numa universidade pública. Paralelamente começou a se graduar em Direito em um famoso curso particular de Belo Horizonte. Em função da alta carga de tarefas, a estudante optou por seguir somente com a segunda graduação. Estar, ao mesmo tempo, em uma instituição pública e noutra particular causou um

certo “choque” na jovem. “Depois que fui para a universidade particular, tive a sensação de que minha família iria ‘quebrar’ a qualquer momento”, comenta. Um desconto dado pela faculdade aliviou o problema, mas ela tinha consciência de que não era o suficiente. No ensino público, contudo, a situação era bem diferente: suas únicas preocupações eram gastos com transporte e alimentação. O desejo de Bruna era continuar na faculdade privada. Para tal, foi se informar sobre a possibilidade de conseguir descontos relacionados à situação financeira de sua família ou ao seu rendimento acadêmico. “Durante todo o primeiro período, me esforcei para tirar mais de 90 em todas as disciplinas. Consegui, mas quando fui fazer a rematrícula, a faculdade informou que não exis-

tiam descontos para alunos de baixa renda ou com bom aproveitamento”, relembra, ressaltando a dificuldade que teve para encontrar pessoas que pudessem lhe dar algum tipo de orientação. A pressão por um bom rendimento e, consequentemente, pela obtenção de um suposto desconto, fez Bruna mergulhar num mar de dúvidas. “Eu ficava pensando no tanto que ia precisar pagar no semestre seguinte, caso não conseguisse nota boa. Acabava mais preocupada em tirar total em todas as provas para conseguir o desconto que aprender, de fato, os conteúdos”, lembra. O baque fez a estudante migrar para outra tradicional faculdade de Direito da capital mineira. Na primeira conversa com os repórteres, a universitária demonstrou muita expectativa pela seleção do Fies

(Fundo de Financiamento Estudantil), oferecido pelo Governo Federal. O otimismo de Bruna, além da questão financeira propriamente dita, estava bastante ligado ao desempenho acadêmico. “Eu vou aproveitar muito melhor o curso e me dedico muito mais às disciplinas. Não ficarei mais aflita com questões que não dizem respeito às matérias”, disse, na ocasião. Apesar disso, a jovem fez questão de destacar que, caso a mensalidade de março fosse computada sem o financiamento, seria mesmo preciso abandonar a graduação.

A outra face da moeda A situação, apesar de complicada, parecia sob controle. Mas dois dias após a entrevista, Bruna voltou a entrar em contato para contar uma virada na história. Ao tentar dar entrada nos papéis para forma-

lizar a adesão ao Fies, uma grande decepção: a universidade teria suspenso, por tempo indeterminado, novos acordos com o financiamento. Tal decisão foi o que motivou o desabafo que abre esta reportagem.

Oportunidades O planejamento financeiro é fundamental para qualquer pessoa, seja universitário ou profissional formado. Por meio do controle de nossas despesas, podemos refletir acerca do modo de como administramos nossa vida financeira, e tomar algumas medidas para que nossos objetivos de vida, assim como nossos sonhos, sejam alcançados. Para os estudantes de curso superior, esta análise deve incluir a importância que a graduação tem na vida de uma pessoa, principalmente em relação ao mercado, no que tange

uma qualificação – e consequentemente – uma remuneração satisfatória. De acordo com o consultor financeiro Carlos Eduardo Costa, colunista do jornal O Tempo, convém distinguir as prioridades daquilo que é dispensável. Na visão dele, muitos estudantes acabam tendo poucas oportunidades de conciliar suas rotinas, e acabam dependentes dos estágios. Uma das recomendações de Carlos Eduardo é buscar soluções alternativas para aumentar a renda. “Infelizmente, no Brasil, não temos a cultura de aproveitar oportunidades. Toda pessoa tem uma habilidade, um tempo livre, por que não transformar isso em dinheiro?” sugere o consultor. O consultor exemplifica com uma situação que acompanhou durante sua época como professor de graduação; Foto: vitória ohana

Luiz Vila Real Guilherme Peixoto


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11 Foto: mia rodrigues

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um ex-aluno que não estava conseguindo pagar a mensalidade e não tinha acesso a estágios bem-remunerados, por estar no início do curso. “Durante um tempo, ele vendeu sanduíche natural na faculdade, e essa venda permitiu que ele arcasse com as despesas universitárias. Assim, continuou com os estudos, até conseguir uma boa oportunidade de estágio, e pôde, finalmente, abrir mão da venda dos lanches”. O colunista de O Tempo sugere também que os graduandos cuja vida financeira é mais tranquila procurem uma constante qualificação, com atividades extracurriculares, como cursos de idiomas e workshops, que auxiliam na busca por uma maior estabilidade no mercado de trabalho. Mesmo destacando os financiamentos universitários como boa alternativa para pessoas que dispõem de menos recursos, Carlos alerta para os juros: “Quando você faz o financiamento, embora esteja realizando um sonho, já está comprometendo parte de sua renda futura. Lá

na frente, caso os juros sejam altos, as parcelas [da mensalidade] serão mais pesadas”. O consultor destaca, ainda, que os “juros normais” - correspondentes a 6,5% - adotados pelo antigo modelo do Fies - válidos para contratos firmados até o ano passado - são altos, como é de costume no Brasil, o que acaba dificultando no parcelamento. Ele frisa que as pessoas que “passam por apertos” em relação aos pagamentos devem deixar a vida acadêmica apenas como última alternativa, e conclui: “Através do conhecimento, da melhoria das habilidades, é que conseguimos boas oportunidades num mercado de trabalho que, cada vez mais, requer pessoas bem capacitadas.”

Choque de realidade Carlos Fonseca sempre quis ser jornalista. O carioca de 21 anos ingressou na faculdade em agosto de 2016, acreditando que conseguir o Fies seria tarefa fácil. Tudo ia bem, mas diversos problemas relacionados ao financiamento forçaram o jo-

vem a adiar seu sonho. “Não consegui dar entrada no Fies. Acabei tendo que pagar o curso com as mensalidades estipuladas pela faculdade”, revela, fazendo menção a problemas que teve no momento de aderir ao programa. A situação perdurava desde quando Carlos ingressou na faculdade. Apesar de todos os esforços feitos por ele e pela mãe, o jovem se viu obrigado a abandonar a universidade no começo deste ano, dias antes de iniciar o quarto período. A despeito das dificuldades, Carlos conta ter conseguido arcar com a mensalidade, que girava em torno de R$ 650, durante o começo do curso. Problemas financeiros, no entanto, alteraram o panorama. “Tento alguns contatos para ver a possibilidade de um estágio, mas não consigo. Fora que minha mãe ficou um ano desempregada e, apesar de ter feito bicos, recebeu pouco por eles”, explica. Mesmo enquanto esteve estudando, porém, ele relembra ocasiões em que quase acabou vencido pelos percalços

financeiros. “Uma vez, tive que desembolsar, sem ter, quase R$ 1.000 para renovar o contrato”, diz. “Por conta disso tudo virou uma bola de neve e, antes que a situação ficasse insustentável, tive que, infelizmente, trancar a matrícula.” Fora o valor da mensalidade, Carlos, que é morador de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, precisava desembolsar cerca de R$ 40 semanais para cobrir os custos de deslocamento, visto que a universidade estava localizada na vizinha Niterói. Lanches e outras despesas “supérfluas”, apenas em

ocasiões especiais. Em conversas com a mãe, o jovem conta ter sido incentivado por ela a mudar de área. Ele, porém, não cogita desistir do sonho de infância. “Minha mãe pede para ver uma faculdade mais barata, mas sou resistente. Se eu encontrar uma outra universidade, vou ficar com a sensação que joguei um ano e meio no lixo”, argumenta, de forma decidida. “Foi um sonho que precisei interromper por pelo menos seis meses. Não dá para saber como será o semestre seguinte. A gente fica na incerteza”, comenta. “Vida de universitá-

rio não é fácil, seja qual for o curso ou a área escolhida. Eu queria seguir em frente, apesar das dificuldades. Quando vi que não havia mais jeito, tive que trancar”, arremata Carlos, lembrando ter saído bastante emocionado da universidade, no dia em que oficializou o trancamento da matrícula. Sobre a necessidade do Fies para obtenção de um diploma de graduação, Carlos é taxativo: “Nas condições atuais do Brasil, fazer faculdade sem o Fies, caso o universitário não tenha um bom emprego, é impossível”.

MUDANçAS NO FIES Sancionadas em dezembro do ano passado, as alterações no financiamento oferecido pelo Governo Federal disponibilizam cem mil vagas em uma modalidade sem juros, destinada a estudantes cuja renda familiar não ultrapassa os três salários mínimos. Existem outras duas modalidades com foco naqueles com renda entre três e cinco salários. As condições de juros, nesses casos, são definidas

diretamente junto aos bancos. No primeiro semestre de 2018, foram ofertadas 310 mil vagas para o Fies. Determinados grupos educacionais privados oferecem financiamentos próprios. É o caso do Pravaler, cujos juros mensais giram em torno de 2,2%, valor coberto pelas faculdades conveniadas a tal programa de crédito universitário. Neste sistema, o aluno arca com metade da mensalidade e financia o restante.


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Formei. E agora? foto: mariane fernandes

Especialista dá dicas de como construir uma boa carreira e aumentar chances diante do mercado

Camila Marques Marcelo Gomes Entrar na faculdade. OK. Conseguir um estágio. Ok. Outro estágio. Quem sabe... Pensar no tema do TCC. Defender o TCC. Formatura.... E Acabou! A vida acadêmica não deixa de ser uma construção do que será nossa carreira e a realização de nossos sonhos. O que não contamos, no entanto, é com a instabilidade perante ao mercado de trabalho após a graduação. A incerteza perante o futuro acompanha quem está na vida acadêmica, mas os dados econômicos também não ajudam. Hoje, o país conta com mais de 12 milhões de desempregados, segundo o IBGE. E isso inclui quem está deixando a Universidade? Sim. Ainda segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), essa taxa entre jovens chega a até 30%. Sem

dúvida, fatores como a instabilidade econômica e o crescimento da informalidade atingem diretamente aos universitários.

A incerteza perante o futuro acompanha quem está na vida acadêmica, mas os dados econômicos também não ajudam. Hoje, o país conta com mais de 12 milhões de desempregados, segundo o IBGE. Por onde começo? É desafiador entrar em um mercado cuja maioria das vagas está reservada para quem tem o famoso QI (quem indica), ou quem já passou por uma pós-graduação, mestrado, ou pelo menos seis meses de experiência, que é o que as empresas pedem, em média. Como garantir o lugar ao Sol quando você está apenas começando? Para a recrutadora, com atuação em RH,

Mayra Lucchesi, o mais importante é identificar um campo ou atividade na qual você tem habilidade, e que te dá prazer. “Primeiramente, aposto no autoconhecimento. É importante a pessoa se conhecer e saber aquilo que aprecia ou não”, explica. Mayra destaca que o erro do estudante é, na grande maioria dos casos, entrar logo no mercado de trabalho, esquecendo-se da vida universitária. “Os três primeiros períodos são muito importantes para o aluno entender o que é a universidade, o que é seu curso, e, ainda, para que crie amizades, algo realmente muito importante na trajetória acadêmica. Não se pode desleixar com as notas e as pontes, como os professores”, alerta. Desenvolver o networking é muito importante para o início de uma carreira, mas não é o crucial. Ser honesto,

e reconhecer se tenho ou não perfil para uma vaga. Na falta de uma indicação, Mayra ainda aconselha ao estudante a busca por qualificação. “Sabemos que o cenário atual não ajuda, mas é muito importante investir na qualificação. No mercado há muitos cursos gratuitos, um curso de inglês já ajuda”, recomenda. Ainda de acordo com a OIT, no Brasil, quem tem apenas escolaridade primária leva um tempo cinco vezes maior para encontrar um trabalho do que um universitário. Outra dica de Mayra é fazer um bom currículo, distribuir pessoalmente nas empresas ou até mandar via e-mail. Cadastros em sites de busca de empregos, ou, até mesmo, em redes sociais, como o LinkedIn, também aumentam a visibilidade de quem está à procura de ofício. A Career Builder, empresa de busca de

trabalho, publicou pesquisa em 2016, na qual aponta que 60% das empresas, nos Estados Unidos, usam as redes sociais para pesquisar sobre os candidatos que buscam por uma vaga no mercado.

Uma dica de Mayra é também fazer um bom currículo, distribuir pessoalmente nas empresas ou até mandar via email. Cadastros em sites de busca de empregos, ou em redes sociais, também aumentam a visibilidade de quem está à procura de um trabalho. A relação interpessoal é necessária para quem acaba de formar. Uma boa passagem na empresa onde trabalhou anteriormente pode ser uma futura possibilidade de trabalho até mesmo como freelancer, ou a esperada indicação. Se dentro da empresa é a garantia de um

bom trabalho, fora dela é uma futura oportunidade. Ter empatia, ser educado e respeitar o próximo, ainda na sala de aula, cria pontes entre você e as pessoas. Virando o jogo A carreira de Marcia Monteiro, 25 anos, foi construída aos poucos, com muitos desafios, mas sem deixar os estudos de lado. Consultora graduada em psicologia, ela conta que, em 2012, quando começou o curso, teve que escolher entre o trabalho e os estudos. “No começo, eu trabalhava como operadora de telemarketing. Na medida em que batia as metas, comecei a ser mais cobrada no trabalho”, recorda. Mesmo trabalhando seis horas por dia, Márcia sentiu seu rendimento escolar ser afetado. Aconselhada por uma professora e com o apoio dos pais, optou por abrir mão do trabalho para investir nos es-


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Ir a conferências, mandar currículos, conhecer pessoas e tantas outras dicas aumenta possibilidades, mas nada adianta sem investir numa boa trajetória. É importante abraçar oportunidades, como estágios voluntários, ou, até mesmo, cursos durante a vida acadêmica, assim como depois, também. É comum as grades de um curso de graduação passarem por mudanças até o final da trajetória do aluno. Ao fim do processo, a quantidade de disciplinas tende a diminuir. No curso de Psicologia, Marcia relata que, no quinto período, precisou começar a clinicar – termo para “atender

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va a 12 horas. Ela havia decidido trocar de turno para conseguir equilibrar a nova rotina. “Eu trabalhava de 8 a 12 horas por dia quando tive a crise. Entrei em conflito comigo mesma, porque na biblioteca eu ainda conseguia estudar, no RH não. Tinha dias que eu chegava na faculdade e queria desistir”, diz.

a pacientes”. “Passava noites de sexta acordada, estudando casos de pacientes, para atender aos sábados. Não saía nos recreios para estudar. Gravava aulas para ouvir no ônibus, e anotava tudo o que o professor dizia. Só assim pude dar conta. Nessa fase, terminei um namoro porque morava longe dele, que não entendia que eu queria alcançar voos mais altos. Hoje, estou com uma pessoa que compreende melhor minha rotina”, garante.

Para tudo dar certo No decorrer da graduação e já atuando na área de RH, Márcia decidiu investir nesse campo no 7 período, quando começou a escrever seu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Nessa fase, é muito comum a tensão do estudante aumentar, por se tratar do último trabalho da graduação, que requer um bom direcionamento do tema para garantir a nota diante da banca. Para se dividir, a parceria com um colega que tenha a mesma rotina de vida, no que se refere ao trabalho, tende a facilitar o processo. Foi legra

tudos. Passados alguns meses, arrumou um emprego como assistente em um posto de saúde. “Enquanto isso, permaneci mandando currículos em sites como o Vagas.com e distribuindo nas empresas. Até que apareceu uma vaga na biblioteca da faculdade, onde permaneci por um ano, até ser transferida para o RH da instituição”, relata. Na medida em que sua demanda de trabalho aumentava, por conta de uma chefe que saíra de licença, a então estudante percebeu que seu rendimento acadêmico melhorava. “Quando não trabalhava, fazia mais hora, deixava as coisas para depois. Comecei a perceber que o tempo que eu tinha para aprender era o período em sala de aula,. Não podia prorrogar o curso, até mesmo, por causa do meu financiamento”, lembra. Cansaço físico e mental, pressão no trabalho e estudos também são elementos consideráveis durante a vida acadêmica. Apesar de todo o esforço, Marcia teve duas crises de pânico, devido à demanda acadêmica e à jornada de trabalho, que chega-

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o que Marcia fez, apesar de não ter o apoio do professor orientador em um primeiro momento, ao escolher o direcionamento de sua pesquisa. “Contei com a ajuda de colegas do trabalho para ler e revisar o meu trabalho, o que me ajudou”, lembra. Apesar de toda a parceria, imprevistos acontecem. Com a falta de tempo durante o TCC, a analista e a colega focaram o trabalho em pesquisa, com as reuniões sempre durante o horário de aula. Durante a fase final do curso, com a redução dos horários, ambas faziam a revisão dos trabalhos. “À época, optei por continuar meu trabalho em Recursos Humanos, e ter boa carreira, do que sair à procura de tudo e perder a estabilidade. Eu me lembro , por exemplo, que pedia, às pessoas mais próximas de mim, que me ajudassem”, recorda.

Ir a conferências, enviar currículos, conhecer pessoas e tantas outras dicas aumentam as possibilidades, mas nada tudo isso de nada adianta, sem investir numa boa trajetória.

“Passava as noites de sexta acordada, estudando casos de pacientes, para atender aos sábados. Não saía nos recreios, para estudar. Gravava aulas para ouvir no ônibus, e anotava tudo o que o professor dizia. Só assim pude dar conta. Nessa fase, terminei um namoro porque morava longe dele, que não entendia que eu queria alcançar voos mais altos. Hoje, estou com uma pessoa que compreende melhor minha rotina.” É importante abraçar as oportunidades, a exemplo de estágios voluntários, ou, até mesmo, cursos durante

a vida acadêmica, assim como depois, também. “Hoje, as pessoas querem fazer uma coisa só. Eu trabalhei com RH durante quatro anos. E as pessoas que queriam crescer, eu as contatei. Vá à empresa e se apresente. Quando a pessoa é boa, a gente guarda nome, chama. Se você está em um lugar que não tem perspectiva, mude. Seja mais que 100%”, recomenda a consultora. Hoje, ao cursar a segunda graduação, dessa vez em Letras, e, ainda por cima, fazendo MBA em Gestão de Pessoas, Márcia quer ir além. E fala sobre a importância de começar por baixo. Em setembro deste ano, concluirá sua pós-graduação. Como planos, conta que pretende abrir seu próprio consultório. Sobre o sucesso, indica: “Trabalhe e corra atrás, pois, em certo momento, o sucesso virá”.


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o relógio da vida Bárbara Souza Lucas Eduardo Soares “Fim de um período de 13 meses em que não nos desgrudamos para nada. Agora, vou ficar fora, por algumas horas, contando os minutos para voltar para casa”. É assim Ana Luíza Fuchs, de 22 anos, retrata o momento em que precisou deixar sua pequena Helena, de quatro meses, em casa, para voltar à sala de aula, como estudante de Letras. Durante a gravidez, até o nascimento da filha, Ana viu a maternidade para além do lado romântico e, com frequência, reflete sobre dificuldades como machismo contra jovens mães, violência obstétrica, leis de licença maternidade e a polêmica em torno da amamentação em público. A estudante confidencia à sua filha, por meio de cartas, como tem sido difícil e, ao mesmo tempo, bonita essa vivência como mãe. “Mas não pense nunca, meu amor, que o problema vem de você! Nossas dificuldades nós duas vencemos sozinhas, e driblamos a inexperiência, as feridas e a dor do começo. Hoje, podemos dizer que passamos por tudo porque fomos fortes e persistentes”, assegura.

Nuances No Brasil, as mães universitárias estão amparadas, por lei, para que possam ficar com as crianças durante os três primeiros meses, desde o oitavo mês de gestação. Ana Luíza critica a licença, levando em conta que a amamentação deve ser feita até o sexto mês de vida da criança: “Amamentar no Brasil é ato político, e é difícil demais. Fossem só meus peitos feridos

com o início da amamentação o problema, tudo estaria resolvido e as coisas seriam bem mais fáceis”. “É uma treta. Uma treta gostosa, bonitinha, transformadora. Ainda assim, uma treta”. Segundo Ana Luíza, a maternidade requer uma doação para além do máximo que se pode oferecer. A vida se modifica, mas isso não quer dizer, necessariamente, que seja uma mudança ruim. “A gente muda, sim. Porque o amor transforma. Mesmo. Sem clichê barato! É isso que acontece e, de repente, tudo parece maior do que é”, garante, às candidatas à maternidade.

Grávidos Embora sejam elas que carregam a cria, por meses, os pais também precisam de adaptação e calma para aprender a lidar com as mudanças. Não só na vida universitária, mas no cotidiano como um todo. Reconhecendo que uma criança muda a vida, mas que nem tanto para os homens, o pai de Helena precisou adequar alguns horários da faculdade de Arqueologia. “Com certeza a vida mudou depois da Helena. A gente precisou ajustar a logística. Não tem mais aquela coisa de sair dia de semana para beber, por exemplo”, afirma Paulo, de 28 anos. “Quanto ao trabalho e aos estudos, a Ana realmente é mais afetada. Porque a Helena depende dela para se alimentar”, afirma. Segundo ele, no emprego, por exemplo, o homem é tratado de forma diferente da mulher quando o assunto é filhos. “Somos vistos como aqueles que têm responsabilidade, enquanto elas são as que

precisarão faltar para levar o filho ao médico”, diz o estudante. Pazra Hugo Lima, 26 anos, do 4° período de Nutrição, descobrir a gravidez após três meses de namoro oficial não foi nada fácil. “Além de compreender as necessidades dela, precisei lidar com o julgamento da família, zoações dos amigos e principalmente, comigo mesmo”, afirma. Em contrapartida, Ronaldo Coelho, 30 anos, graduado em Economia, diz que, no primeiro momento, sua reação foi negar. “Eu não acreditava que deveria interromper os meus momentos de curtição para passar a me preocupar com uma criança. E, por isso, no início, não foi fácil. Deixei a mãe do bebê sozinha e lidando com o problema. Depois, percebi que não era o certo; eu precisava agir. Hoje, posso dizer que meu filho de dois anos é minha maior vitória”, comemora, apesar de ressaltar, com tristeza no olhar, que para ser capaz de oferecer a assistência necessária à família, precisou abrir mão de trabalhar na área e iniciou trabalhos de motorista particular. Para Guilherme Gonçalves, 27, as coisas foram totalmente diferentes. Com brilho no olhar, ele conta ao IMPRESSÃO que, mesmo estando no 3° período de Gestão Ambiental, a gravidez de sua esposa foi planejada e bemvinda. “Podemos desejar que o tempo nos espere. Mas ele passa e precisamos continuar a nossa família. Estou mais do que satisfeito em desdobrar o meu tempo para cuidar da minha esposa e do meu filho. A ansiedade para que as férias cheguem logo é indescritível!”, completa Guilherme.

foto: jorge lopes

Mães e pais universitários contam as dores e as belezas de ter uma criança

posso ajudar? Uma universidade particular de BH, em entrevista ao IMPRESSÃO, informou que conta com serviços que atendem a alunos, professores e outros membros da comunidade acadêmica, assim como ao público externo. Dentre os serviços oferecidos, estão a Pastoral Universitária e as clínicas de atendimento humanizado. “A Pastoral busca reconhecer e apoiar toda e qualquer

atividade que concorra para a promoção da dignidade humana, da cidadania e da ética, criando espaços de trabalho conjunto e mútua colaboração”, informa. Já as clínicas, de acordo com a instituição, oferecem, além de serviços de assistência psicológica e psicopedagógica, atendimentos em Odontologia, Nutrição e Fisioterapia, dentre outras áreas.


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sonhos X barreiras Thiago Fonseca Mais de 6.500 quilômetros separam Blessing Adoma-Yeboah da família e amigos. Eles ficaram em Gana, na África Ocidental, quando a jovem embarcou para Minas, no ano passado, em busca do sonho: se tornar farmacêutica. Foi em uma instituição pública de BH que a aluna de 24 anos encontrou a oportunidade de um futuro melhor. Ela veio para o Brasil por meio do PEC-G, programa de bolsas do consulado brasileiro em Gana. Blessing faz parte dos 28% dos estudantes estrangeiros matriculados no Brasil, oriundos do continente africano, segundo o Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep, em 2016. Ainda segundo os dados, 70.200 alunos de outras nacionalidades se matricularam em todo o território brasileiro (veja gráfico). Mas quem pensa que sair da terra natal para estudar é fácil está muito enganado. Blessing relata que se sente sozinha e que é difícil viver longe da família. “A adaptação é o maior desafio que enfrento. É preciso ter tolerância com pessoas e culturas

foto: THIAGO FONSECA

Jovens enfrentam desafios por estudarem longe de casa diferentes. Nada é fácil por aqui. Tenho que me virar sozinha e fazer tudo com maturidade. Às vezes penso em ir embora, por conta da pressão, mas repenso. Vale muito a pena. Essa é uma oportunidade de aprimorar meus estudos e conhecer uma nova cultura”, conta.

Mobilidade Para realizar um sonho, os estudantes mudam não só de país, mas também de estados. Segundo dados do Ministério da Educação, 8.353 estudantes optaram por estudar longe da cidade de origem no ano passado, o que representa uma taxa de mobilidade de 25%. É o caso da estudante de medicina Mayara Haweroth, 21. Há dois anos, ela mudou-se do Mato Grosso do Sul para Minas Gerais com a finalidade de estudar medicina, o curso mais concorrido do país. A jovem relata que sempre desejou esse curso e faria o necessário para realizar o sonho. “Decidi largar tudo e ir estudar. No início, estranhei. Os benefícios estão na privacidade e no tempo para estudar. Já a solidão, a falta de afeto, carinho e a saudade são os maiores vilões”, conta Mayara. Como tática para

Entre um estudo e outro, na tentativa de matar a saudade, Blessing troca mensagens com a família e amigos que ficaram em Gana

não sentir falta do que deixou em casa, Mayara passa o tempo estudando. Hoje, os amigos que conquistou na sala de aula são a segunda família. “O cuidado de Deus é tudo na minha vida. Tenho amigos que são família. Carrego comigo a frase: O navio só é seguro quando está no porto, mas não é para isso que ele foi feito”. Segundo o Sociólogo Felipe de Jesus, quando um jovem sai de casa para estudar deve-se analisar a questão comportamental. “Longe do lar o jovem se dedica

Distribuição de estrangeiros nas universidades brasileiras (entre os 10 países com mais alunos)

mais, estuda para entrar no mercado de trabalho, volta mais focado, com maturidade e mais preparado. Os que estudam fora do país acabam aprendendo uma nova língua e isso aumenta a média salarial em 10% a 15%. A dificuldade está na adaptação, em se enquadrar nas normas de ensino, de convivência e disciplina do novo ambiente”, explica.

Em trânsito Morar longe de casa e ter que se deslocar até a faculdade todos os dias também é uma realidade enfrentada por vários jovens. Letícia Mendes, 20, mora em Lagoa Santa, na região metropolitana de BH e estuda em um dos bairros mais distantes da capital. Ela acorda às 4h30 da manhã para chegar à faculdade às 7h40. São 55 quilômetros por dia. Para ir, optou pelo transporte escolar, já para voltar, encara três ônibus. A estudante de jornalismo conta que na ida dorme, na volta não consegue estudar e sen-

te-se prejudicada com o tempo gasto no deslocamento. “O trajeto é muito longo. Quando chego em casa, só quero saber de dormir”. Letícia conta que, quando iniciou os estudos, a faculdade era próxima de casa, mas há três anos o curso mudou de Campus. Para não ser prejudicada, a estudante decidiu continuar na instituição. “A gente acaba superando o desgaste, mantendo o objetivo de concluir a faculdade. Todo mundo tem um sonho, e, para realizá-lo, muitas vezes precisamos pular essas barreiras”, afirma. Essa também é uma realidade vivida pelo estudante Felipe Machado, 26. Morador de Vespasiano, na região metropolitana de BH, ele estuda engenharia elétrica em outra instituição federal da capital. Para chegar até lá, pega dois ônibus e um metrô em mais de duas horas de viagem. O deslocamento é cansativo. “Não consigo estudar nem produzir no deslocamento. Os ônibus sempre estão

cheios e vou em pé. Às vezes já chego na faculdade cansado e estressado”, conta. Felipe conta que, por mais que esteja cansado, tira tudo de letra, pois já passou por situação pior. Assim como Blessing e Mayara, morou fora para estudar. No ano de 2015 realizou um intercâmbio e morou quase um ano na Espanha. Ele diz que o maior desafio é se adaptar às diferenças, fazer tudo sozinho e administrar o dinheiro. Para a psicopedagoga Mayana Souza, alunos que gastam muito tempo no deslocamento para chegar à faculdade ficam mais estressados e isso prejudica o aprendizado. “A atenção do aluno diminui por conta do cansaço físico e mental provocados pelas condições do transporte. Aqueles que vão em pé e que precisam fazer muitas baldeações são os mais prejudicados”. Para os alunos que não podem mudar a rotina, a dica é tomar água, realizar exercícios de relaxamento e tentar distrair a mente.


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Jornal Daqui (Buritis e Região)

Hot dog para o cão, PLEASE! fotos: Arthur Scafutto

Buritis agora conta com padaria especializada em produtos para animais domésticos

Arthur Scafutto Geralmente, pensamos em casas de ração como lugares já suficientemente especializados para os animais. Quem disse, porém, que, como nós, eles não precisam de entretenimento? Todos os seres humanos, afinal, têm espaço no mercado: várias lojas destinam produtos a idosos, crianças, mulheres, esportistas... Que tal, então, uma padaria exclusiva para bichos? Pois saiba que tal ideia já é realidade em alguns lugares do Brasil, e tem atraído donos de animais domésticos. Integrada a uma rede, a “Padaria Pet” é a primeira em seu ramo na capital mineira. Inaugurada em janeiro de 2018, no bairro Buritis, a loja de 130 metros quadrados oferece produtos naturais, feitos de comida destinada aos humanos, mas voltada para o consumo animal. Quem diria que, algum dia, um cachorro poderia comer hambúrguer, tomar sorvete ou

aquela lourinha gelada? Os produtos da padaria incluem de biscoitos e bolos (com preços de R$ 0,50 a R$ 8,50) a cerveja (R$ 7,50) para os animais. Tal especialidade do ramo alimentício busca assimilar os bichos, ainda mais, ao cotidiano do homem. Além disso, são oferecidos salão de festas, banho e tosa, tudo para o conforto de seu fiel melhor amigo. O ambiente harmonioso facilita que todos os clientes – o que inclui os animais – sintam-se confortáveis. As cadeiras para os donos estão na mesma proporção para o ambiente próprio dos bichos, com brinquedos e assentos em formato de ossos e outros objetos chamativos para os pequenos companheiros. As pessoas podem se sentir tão convidadas a entrar no estabelecimento quanto os animais, sempre afoitos por hambúrguer ou cerveja.

Segmento promissor A assessoria de comunicação da Padaria

Pet afirma que o perfil de frequentador mais visto na loja é o de casais jovens sem filhos. Segundo ela, o conceito do estabelecimento gira em torno da oferta de boa qualidade alimentícia, visando à saúde dos pets. Os franqueados da unidade no Buritis, Marcelo Zamana e sua mulher, Emilene Fran-

cesconi, já estudavam empreender nesse segmento, por se tratar de setor promissor, que, mesmo com a recente crise econômica, não teve queda. Segundo dados da assessoria, o crescimento esperado para o mercado, em 2017, é de 7% em relação a 2016, com faturamento na ordem de R$ 19 bilhões.

De sorvetes a cervejas a Padaria Pet oferece quitutes para cães e gatos

Marcelo Zamana investiu, anteriormente, em uma granja de codornas, mas depois optou pela área de tecnologia da informação. “Invisto na franquia por acreditar no formato do negócio e no potencial inovador que ele oferece. Não tinha visto nada parecido na região, e creio que vá surpreender o público

mineiro”, comenta o empreeendedor. Além da filial em BH, a rede conta com lojas em São Paulo e no Espírito Santo. Na capital mineira, a Padaria Pet fica na avenida Aggeo Pio Sobrinho, 322, Loja 8, no Buritis. O estabelecimento abre de 9h às 19h, de segunda a sexta, e, aos sábados, de 9h às 16h.


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