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PREVIEWCULTO

M Sica Em Lio Esteves

The National - First Two Pages of Frankeinstein (2023)

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No princípio deste século, na cidade norte-americana de Cincinatti, nascia uma banda diferente de todas as outras daquela época: The National. Era, e continua a ser, o sentimento, a melancolia e nostalgia que dominavam a sua música.

Tendo em vista o sucesso, rapidamente se mudaram para a Big Apple e aí editaram álbuns que ficarão para sempre. Alligator (2005), Boxer (2007), High Violet (2010), Trouble Will Find Me (2013), Sleep With the Beast (2017) são exemplos de trabalhos quase perfeitos e fazem deThe National a minha banda rockpreferidadoséculoXXI.

No passado dia 28 de abril, foi conhecido mundialmente o novo álbum, First Two Pages of Frankenstein (aparentemente, inspirado no monstro criado no século XIX pela inglesa Mary Shelly). Como seria de prever, a banda novaiorquina volta a estar a alto nível, seguindo a mesma linha que nos habituou e com a colaboração de figuras ilustres do universo musical. Taylor Swift, que tem trabalhado com Matt Berninger, líder e vocalista de The National, tem um papel fundamental no tema The Alcott. É uma canção lindíssima sobre o amor, os seus problemas e resoluções, em que a voz de Berninger e Swift combinam na perfeição, acompanhadas por um piano melancólico e tocante. Por sua vez, Phoebe Bridgers participa em dois temas comoventes. Your Mind is Not Your Friend relembra as questões da saúde mental, tema frequente da banda, e diz-nos que nem todos os pensamentos nos fazem bem. This Isn´t Helping é mais uma balada encantadora, em que as vozes de Berninger e Bridgersnostocamdeformaprofunda.

First Two Pages of Frankenstein é um excelente álbum que explora tópicos relacionados com o que é ser humano. Se procuram um rock eloquente e elegante, devem começar por este trabalho e terão, certamente, imenso prazer E, se quiserem ir ainda mais longe, The National, banda de culto adorada no nosso país e que por cá passou várias vezes, vão ter essa oportunidade, pois têm um ano em grande no nosso país, com três concertos em nome próprio, dois em Lisboa eumnoPortoduranteopróximomêsdeoutubro. Com este novo trabalho, os The National não mudaram muito…e aindabem!

S Ries In Cio Lemos

OAgentedaNoite

No centro da ação está o jovem agente d o F B I P e t e r Sutherland que, de repente, dá por si e n v o l v i d o n u m a c o n s p i r a ç ã o internacional de enormes proporções. Sutherland sobreviveu a um ataque terrorista no metro e várias pessoas acreditam que ele próprio esteveenvolvido.

Colocado num gabinete, numa cave da Casa Branca, a fazer trabalho sobretudo administrativo, a sua principal missão é responder a uma linhadeemergênciaespecífica,masmuitoraramenteelatoca.

Quando menos espera, as rotinas do trabalho são quebradas e a sua promissora carreira volta a ganhar uma nova dimensão e vitalidade, após uma chamada telefónica a solicitar ajuda. Do outro lado da linha está Rose Larkin, a diretora de uma empresa tecnológica, que assistiu aoassassinatodostios.

Os tios de Rose Larkin eram agentes infiltrados ao serviço do governo norte-americano e, antes de morrerem, encarregaram a sobrinha de ligar para aquele número. Pelo meio deixaram a suspeita de que acreditavamhaveruminfiltradorussonaCasaBranca. A chefe de gabinete do próprio presidente dos EUA, Diane Farr, encarrega Peter Sutherland de proteger Rose Larkin tendo em conta o queaconteceu.

De repente, o tédio daqueles meses passados numa cave torna-se numa jornada repleta de ação. Sutherland e Rose terão de sobreviver a tiroteios e perseguições, enquanto vão tentando desvendar os detalhes desta intriga internacional — a dado ponto, Sutherland tornase também um suspeito no caso. Não podem confiar em ninguém e começam a operar sozinhos, em busca do traidor que originou tudo isto.

“O Agente da Noite” é uma série que entretém e cumpre o seu propósito, mesmo que não seja propriamente original e inclua vários clichés deste género de histórias. É uma daquelas séries feitas para serem devoradas rapidamente, já que cada capítulo termina com um “cliffhanger” que vai fazer com que o espetador queira ver rapidamente oepisódioseguinte.

ADiplomata

Qualquer série de ficção cujo enredo e foco se centrem em reflexões políticas precisa de resistir a alguns clichês que, mais tarde, se revelam fatais e letais na hora de estabelecer uma boa relação com o público. A primeira é a de simplificar um mundo complexo e específico para um público que não o conhece, suavizando o ritmo ou a linguagem usada pelos personagens - nomes de cargos e as dinâmicas de poder são centralizados, linguagem e termos geopolíticos eliminados, e o tráfego de informações entre várias esferas do governo faz pouca diferença nas narrativas que cedem a esse impulso.

A Diplomata evita tudo isso com absoluta destreza. Na série A Diplomata, diplomatas e chefes de Estado falam e agem com a objetividade informada que é esperada de diplomatas e chefes de Estado e o público é conduzido através dos corredores impecáveis, salas luxuosas e escadas clandestinas do poder, com firmeza, sem condescendência intelectual. A Diplomata não se preocupa em nos explicar tudo o que acontece - confiando na nossa capacidade de adaptação linguística e exigindo a completa atenção, a série conduz-nos de forma cuidada, amigável e encorajadora pelos diversos momentosdeação.

Por isso, tal como a protagonista principal Kate Wyler, somos atirados de paraquedas no mundodadiplomataedadiplomaciainternacional.

Prestes a assumir um posto de embaixadora no Oriente Médio, Kate Wyler é convocada pelo presidente para uma posição muito diferente: a de representante americana em Londres, no Reino Unido, posto considerado largamente cerimonial. O cargo transformase em estratégico, quando um ataque terrorista atinge um porta-aviões britânico e o Irão é apontadocomoresponsável.

Para além de ter que lidar com um primeiro-ministro inglês demasiado impulsivo e colegas de embaixada inicialmente indisponíveis para trabalhar com ela, Kate Wyler precisa de lidar com o marido, estratega da velha guarda que está mais acostumado a concentrar os holofotesnele,doqueainterpretaropapeldecoadjuvantenoteatropolítico.

Aí é que entra o segundo impulso ao qual os thrillers comoADiplomata precisam resistir: o de se concentrar totalmente na vida pública ou na vida privada de seus personagens. A linha entre os picos melodramáticos e a austeridade intelectual é mais fina do que parece e, em muitos casos, aquilo a que se assiste é a preferência pelo lado da dicotomia ao invés de encontrar seu espaço no equilíbrio entre as duas abordagens. A Diplomata elegecomobonsnegociadorespolíticosquasesempreprecisamfazer-ocaminhomaisdifícil. Se isto já não bastasse para assistir e ficar preso a cada episódio, importa referir que os produtos portugueses e o que é nacional estão bem presentes nos primeiros episódios da série. Aviões da TAP, um café com um toldo da Delta e uma mercearia com produtos portugueses (molho de francesinha, pastilhas Gorila, entre outros) destacam-se nesta novasériedaNetflix.

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