Análise noticiosa - SIRESP - Assessoria Mediática

Cobertura noticiosa SIRESP: uma análise de junho a dezembro de 2017 Elementos do Grupo Ana Résio Mendes, nº 221484 Glória Alves, nº 221502 Gonçalo Carvalho, nº 221512 Inês Castro, nº 221529 Vanessa Bandeira, nº 221497

Prof. Doutora Sónia Margarida Pedro Sebastião Trabalho de Assessoria Mediática para obtenção de grau de Licenciatura em Ciências da Comunicação

Lisboa 01/11/2018

Resumo Este trabalho aborda a problemática dos assuntos públicos e a sua respetiva cobertura noticiosa, a partir da análise do caso “SIRESP”, recorrendo à sua descrição cronológica, bem como, à análise de notícias online sobre o tema em estudo, tendo em conta a sua relevância e o foco direto.

Palavras-Chave: Cobertura Noticiosa, Assunto Público, SIRESP

Introdução O caso “SIRESP” (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal) inscreve-se como um acontecimento mediático relevante de particular visibilidade e impacto em termos sociais e económicos, ocorrido, com maior destaque, entre junho e dezembro de 2017 e que se estende até à atualidade, de modo que está listado como assunto aberto.

O presente trabalho, elaborado para a Unidade Curricular “Assessoria Mediática”, tem como objetivo o estudo aprofundado do caso, através de uma análise detalhada sobre os acontecimentos e a sua respetiva cobertura noticiosa. O trabalho vai ter duas vertentes de análise: a primeira recai na caracterização cronológica do caso; e a segunda na análise dos resultados obtidos com o clippping às notícias online recolhidas sobre o caso.

1.

Apresentação do Assunto Púbico

A 17 de junho de 2017 deflagrou, em Pedrógão Grande, um incêndio florestal que se alastrou aos concelhos vizinhos de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Ansião, bem como aos concelhos da Sertã, Pampilhosa da Serra e de Penela. Grande parte da rede de comunicação de emergência falhou no momento mais crítico, porque o SIRESP (parceria público-privada que gere a rede Nacional de Emergência e Segurança) depende em parte de antenas e algumas destas arderam, deixando as restantes sobrecarregadas. Após esta tragédia, e com o crescente mediatismo do assunto, Página 1 de 18

o histórico de complicações e polémicas do SIRESP foi revelado ao longo das semanas seguintes. Foram divulgadas falhas que se estenderam, por exemplo, à Cimeira da NATO e à visita do Papa Bento XVI a Portugal, em 2010; reveladas “zonas sombra” onde o sistema não funciona; e dilatadas todas as falhas nos incêndios posteriores ao de Pedrógão Grande.

2.

Nota Metodológica

Para este estudo foram selecionados quatro jornais em formato digital: Correio da Manhã (CM), Diário de Notícias (DN), Expresso e Público. Com recurso à palavrachave “SIRESP”, entre junho e dezembro de 2017 (período de tempo fértil em casos), foram recolhidas 372 peças noticiosas cujo foco direto é o caso em estudo. As notícias que apenas mencionavam o SIRESP não foram incluídas no trabalho.

3.

Cronologia

18 de junho de 2017: segundo o Expresso, o SIRESP falhou durante o incêndio de Pedrógão Grande. O acontecimento foi comparado à tragédia de Águeda em 1986, depois de confirmado que as antenas de telecomunicações arderam.

20 a 23 de junho de 2017: o primeiro-ministro António Costa pede “cabal esclarecimento” sobre o funcionamento do SIRESP, bem como sobre a falha do mesmo no incidente da estrada nacional 236-I, conhecida como “estrada da morte”. O pedido foi direcionado à ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e dado como urgente em diversos jornais.

21 de junho de 2017: Bloco de Esquerda quer justificações e questiona a inoperacionalidade do SIRESP. Já no Correio da Manhã (CM) e no Diário de Notícias (DN) é analisado o passado da rede recorrendo a um relatório de falha do SIRESP no incêndio do Sardoal de 2016.

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22 a 26 de junho de 2017: o CM divulga as despesas que o Estado terá após a falha do sistema durante os incêndios de Pedrogão, apontando um valor de 586 milhões de euros.

O Público não avança com valores, mas afirma que o SIRESP “custou mais do que parece merecer”. Ao mesmo tempo o jornal revela que a ministra do Ministério da Administração Interna (MAI) veio em defesa do SIRESP e avançou com o pedido de relatório para apurar as falhas.

23 de junho de 2017: o Governo de Passos Coelho negociou um corte de 25 milhões de euros no orçamento do SIRESP até 2021. Este processo só foi concluído no governo de António Costa. A Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) assume que existiram falhas nos 4 dias da tragédia. O MAI recusa-se a comentar, justificando que estão a decorrer relatórios de investigação.

24 de junho de 2017: Catarina Martins, deputada do Bloco de Esquerda, quer “programa de emergência” da Proteção Civil até ao final do mês para serem apuradas as falhas. O Expresso divulga o apelo de Valdemar Alves, Presidente da Câmara de Pedrogão Grande, ao “fim das guerrilhas” em torno do SIRESP.

26 de junho de 2017: confirmação da ordem de estudo e auditoria ao SIRESP feita por Constança Urbano de Sousa. O jornal Expresso apurou que o sistema pagou, em 2016, cerca de 6 milhões de euros aos acionistas. Os valores de 2014 e 2015 foram também divulgados, sendo que o lucro total em 2015 foi superior a 3 milhões de euros.

27 de junho de 2017: enquanto o SIRESP nega a existência de falhas no incêndio, a “caixa negra” da Proteção Civil mostra que a assistência tardia ou a falta de comunicações se deve à falha do SIRESP. Surgem ainda testemunhos dos Comandantes de Bombeiros de Pedrogão Grande e Castanheira de Pera a afirmar que “claramente houve falhas”. Em 2014 tinha sido concluído um relatório a cargo da KPMG, uma firma de auditoria, que confirmava a “fragilidade do sistema” e a “necessidade de cobertura da rede”. O DN acrescenta que o relatório fazia-se acompanhar por 30 medidas de melhoria do SIRESP, que “ficaram na gaveta”.

28 e 29 de junho de 2017: são reveladas as “zonas sombra” do SIRESP. O DN aponta o Colombo e o Meo Arena (atual Altice Arena) como locais onde o sistema não Página 3 de 18

funciona, confirmado pelas autoridades policiais. O Tribunal de Contas censura o negócio do SIRESP assinado por António Costa, enquanto Santana Lopes rejeita a existência de qualquer responsabilidade, este que foi primeiro-ministro aquando a assinatura do contrato. O Bloco de Esquerda e o PSD trazem propostas de rescisão de contrato ao mesmo tempo que é divulgado pelo Correio da Manhã que o Estado gasta anualmente 40 milhões de euros com o SIRESP.

29 de junho de 2017: Jerónimo de Sousa, do PCP, defende que nunca deveria ter existido uma parceria público-privada do SIRESP, propondo a passagem para esfera pública. A Proteção Civil volta a criticar o Ministério da Administração Interna pelas acusações feitas relativamente aos atrasos na assistência durante os incêndios.

30 de junho de 2017: o DN divulga que a Altice, 2ª maior acionista do SIRESP, esteve envolvida no financiamento do estudo independente sobre as ocorrências de falhas do sistema. Entretanto é feita uma previsão de 200 milhões de euros na fatura do SIRESP até 2021.

3 de julho de 2017: o jornal Público revela que a Motorola, acionista do SIRESP, passou a ser fornecedora de telecomunicações do sistema. A aquisição de terminais de rádio revela irregularidades, sendo que a empresa acionista mantém contratos com entidades públicas desde 2008.

4 e 5 de julho de 2017: ocorrem as votações da proposta feita pelo Bloco de Esquerda (mencionada no dia 28 do mês anterior). O BE recebe críticas do Bloco Central, PS e PSD e do CDS, mas apenas o PS chumbou a proposta. O DN e o Público cobrem a agitação política. O Governo de Passos pronuncia-se sobre o relatório de 2014, nomeado a 27 de junho, e pede justificações sobre o reforço do plano para o SIRESP proposto pelo governo anterior. Já em 2013, o SIRESP foi rejeitado nos Açores após a despesa se estimar em 30 milhões de euros, optando este por uma rede própria com custo de 2 milhões de euros.

6 de julho de 2017: segundo o Expresso, o MAI diz que a maioria das medidas de melhoramento propostas no relatório de 2014 estão a ser aplicadas. O Público revela que o secretário de estado da Administração Interna anunciou a entrada em Página 4 de 18

funcionamento de mais duas estações móveis da rede SIRESP, resultando num total de quatro em todo o país. Há desenvolvimentos no apuramento das falhas do SIRESP durante os incêndios divulgadas no DN e no Expresso, culpabilizando uma falha na fibra ótica. António Costa é mencionado por “relativizar” as falhas do SIRESP nas suas declarações.

9 de julho de 2017: MAI diz que não houve limitações no orçamento do SIRESP. O CM cita Rui Pereira, antigo ministro da Administração Interna, que alegou que o contrato foi inteiramente legal e poupou cerca de 13,5 milhões de euros. Ao mesmo tempo o Público aponta irregularidades no contrato e menciona o Governo de Sócrates.

10 e 11 de julho de 2017: governo encomenda uma análise do contrato ao escritório de advogados que assessorou o contrato inicial em 2006. O PSD pronunciou-se questionando os advogados que elaboraram o contrato. O Público menciona que o Governo de Passos Coelho procurou uma “nacionalização” do SIRESP, numa tentativa de “resgate”.

14 de julho de 2017: o Expresso divulgou a reação do CEO da Altice, Michel Combes, às críticas provenientes do primeiro-ministro. Costa apontou falhas da operadora no decorrer dos incêndios e o CEO diz-se “orgulho com o que foi feito”. Na mesma altura o Público anuncia a compra da Media Capital pela Altice, num custo a rondar os 440 milhões de euros. A ANACOM avança com uma avaliação das falhas na rede durante os incêndios de Pedrogão.

16 e 17 de julho de 2017: Proteção Civil confirmou as falhas que ocorreram no incêndio de Alijó. A medida imediata foi o envio de uma estação móvel proveniente do Porto, para combater as falhas pontuais do SIRESP. Estas falhas em Alijó foram confirmadas numa declaração do primeiro-ministro. Já Assunção Cristas, presidente do CDS/PP, acusa o governo de incompetência na gestão, nas falhas do SIRESP e no atraso do envio de ajuda. No CM aparece o PSD a exigir a presença da ministra da Administração Interna no parlamento para explicar que medidas foram tomadas nos incêndios de Pedrogão. O BE ataca o governo sobre as falhas confirmadas no incêndio de Alijó.

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18 de julho de 2017: o estudo encomendado pelo MAI ao Instituto de Telecomunicações só deverá estar concluído nos finais de setembro.

19 a 21 de julho de 2017: nova falha do SIRESP no incêndio de Alijó: em entrevista à CMTV, Jaime Marta Soares, Presidente da Liga de bombeiros, diz que o SIRESP não está preparado para responder às necessidades. Salienta-se, que as mudanças no SIRESP para melhorar o serviço em situações de emergência só deverão acontecer em setembro.

O primeiro-ministro classificou como inadmissíveis as fragilidades no sistema de comunicações. O CM noticiou, ainda, o lapso da rede de comunicações de emergência durante o combate ao incêndio de Gouveia.

22 de julho de 2017: depois de António Costa ter proposto a passagem dos cabos em calhas técnicas soterradas para dotar o SIRESP, por considerar que os cabos suspensos por postes eram os principais causadores das falhas da rede nacional de emergência e Segurança, o MAI vem dizer que enterrar cabos no chão é muito caro. Deste modo, o Governo irá pedir comunicações por satélite e microondas. Segundo o DN, a Quercus acusa o Governo e a oposição de terem utilizado o SIRESP como um bode expiatório, deixando para segundo plano as questões essenciais: o ordenamento florestal e o cumprimento da legislação que está a ser relegada.

24 e 25 de julho de 2017: todos os jornais em estudo noticiaram novas falhas na rede SIRESP, neste caso no incêndio da Sertã. Referem “intermitências” que, segundo a Proteção Civil, não afetaram a gestão dos meios no combate aos incêndios, mas que forçaram a recorrer a outras redes. No entanto, o Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, desvalorizou as sucessivas falhas no sistema de comunicações SIRESP.

26 de julho de 2017: o Público avança que os drones podem ser a solução para as falhas da rede SIRESP durante os incêndios ao disponibilizar pontos aéreos de acesso à Internet, segundo um grupo de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) do Porto.

27 de julho de 2017: Expresso avança que três antenas SIRESP falharam no incêndio de Mação e entraram em modo local e que, como tal, Constança Urbano de Sousa Página 6 de 18

estaria a ser ouvida no Parlamento sobre as respetivas falhas. De acordo com o Expresso, DN e CM, a Ministra da Administração Interna, informou que a rede de emergência também falhou em 2013.

28 e 29 de julho de 2017: de acordo com o DN, Catarina Martins defende que o contrato com a concessionária do SIRESP deve terminar, uma vez que pagar por um serviço que não funciona é “insultar” o país. CM e Público noticiam que a Ministra da Administração Interna admite a falha do SIRESP no incêndio da Sertã, mas não admitiu responsabilidades suas ou do Governo nos problemas no combate aos incêndios.

3 de agosto de 2017: segundo o DN, o PSD exigiu saber quanto pagou o Estado por 33% do capital social do SIRESP e por que motivo o Governo não conseguiu que o Estado ficasse maioritário na empresa que gere o SIRESP (ficando com 33%). Altice Portugal anunciou que exerceu o direito de preferência na compra das participações da Esegur e Datacomp (passando a deter 52,1%).

7 de agosto de 2017: Expresso, DN e Público avançam que o SIRESP não falhou só nos incêndios e que tem colapsado praticamente todos os anos. As falhas estenderam-se, por exemplo, à Cimeira da Nato e à visita do Papa Bento XVI a Portugal, em 2010; bem como quando há tempestades. No seguimento destas notícias, o Expresso noticia que o governo não pode multar o SIRESP mesmo que um terço das estações e antenas da Rede fiquem totalmente incomunicáveis durante 24h.

8 e 9 de agosto de 2017: de acordo com as conclusões da auditoria que a Inspeção Geral da Administração Interna fez a pedido do Governo, Expresso, Público e CM referem que o contrato do SIRESP não é avaliado nem fiscalizado há sete anos. O Expresso avança que o mesmo relatório recomenda a abertura de um processo disciplinar ao secretário-geral da Administração Interna. Diz o mesmo jornal que o MAI quer aplicação de penalidades ao SIRESP. O Público escreve que Constança Urbano de Sousa determinou a aplicação de penalidades à SIRESP SA por falhas de desempenho e disponibilidade durante as comunicações no incêndio de Pedrógão Grande.

11 e 12 de agosto de 2017: em declarações ao Expresso, o primeiro-ministro António Costa afirma que nacionalizar o SIRESP está fora de questão e que o colapso da Rede Página 7 de 18

de Emergência resultou do colapso da rede da PT– informação replicada pelo Correio da Manhã e pelo Público. O CM noticiou ainda novas falhas do SIRESP, desta feita em Cantanhede, em consequência da concentração de meios em três incêndios nessa zona que provocou uma saturação no SIRESP.

13 de agosto de 2017: Passos Coelho diz que o primeiro-ministro, António Costa, é o responsável pelas falhas do SIRESP.

19 de agosto de 2017: segunda falha do SIRESP no combate ao incêndio de Mação.

22 de agosto de 2017: segundo o Expresso e o Público, o governo vai multar o SIRESP. As multas vão consistir num desconto do valor anual pago pelo Estado ao SIRESP: a empresa que gere a rede de emergência nacional nunca terá que pagar nada ao Estado. Em resposta ao Público, o MAI conta que nas últimas semanas o SIRESP voltou a falhar por diversas vezes, não especificando, no entanto, em que incêndios ocorreram essas falhas, nem durante quanto tempo.

24 de agosto de 2017: PT nega falhas na rede SIRESP durante os incêndios: a operadora considera que tem cumprido e superado “inequivocamente” todos os níveis de serviço contratados pela rede SIRESP e rejeita, assim, as críticas feitas pelo primeiro-ministro. A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) informou que vai avaliar se houve utilização incorreta da rede SIRESP no âmbito do combate aos fogos.

25 de agosto de 2017: a porta-voz da Autoridade Nacional da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, confirmou novas falhas na rede SIRESP que afetaram o distrito de Vila Real, bem como Viseu e Faro.

1 de setembro de 2017: de acordo com o vídeo publicado pelo CM, a Ministra da Administração Interna reuniu-se com os comandantes distritais da proteção civil para discutir sobre o sistema SIRESP. O Público reportou afirmações de Marco Martins (anterior adjunto de Operações Nacional da Proteção Civil) e António Louro (vicepresidente da câmara de Mação), a defenderem o SIRESP: reconheceram que tem falhas, mas que funciona e, como tal, não deve ser usado como bode expiatório.

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2 de setembro de 2017: num artigo de opinião para o Expresso, Luís Todo Bom afirma que o SIRESP envergonha os engenheiros e a engenharia portuguesa e que se o sistema tivesse funcionado, a “estrada da morte” teria sido antecipadamente encerrada.

10 de setembro de 2017: num artigo de opinião para o CM, Francisco Moita Flores faz um ponto de situação quase dois meses depois do incêndio de Pedrógão Grande, afirmando que o SIRESP continua a falar, mas agora sem preocupar ninguém.

15 de setembro de 2017: DN, CM e Público reportam o reforço da cobertura do SIRESP, juntamente com a ampliação do projeto de georreferenciação e a implementação do SIRESP ST, que permitirá uma localização exata das ocorrências.

16 de setembro de 2017: o Público noticia que o SIRESP ainda não entregou ao Ministério da Administração Interna uma solução para resolver falhas na sua rede, apesar de já existirem conversações desde julho.

18 de setembro de 2017: o jornal Público noticia o facto de o SIRESP ter lançado quatro processos contra o Estado ainda antes do incêndio de Pedrógão Grande, estando em causa a falta de disponibilização de áreas em zonas como Porto e Coimbra para a instalação de estações-base. Em dois dos processos as indemnizações pedidas são superiores a 1,2 milhões de euros.

20 de setembro de 2017: o DN e o CM noticiam o facto de a Motorola afirmar que a tecnologia do SIRESP respondeu como devia responder. O CM reporta também o facto de os serviços de emergência e segurança portugueses testarem um projeto-piloto que permite a comunicação entre telemóveis e o SIRESP.

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21 de setembro de 2017: o DN noticia o facto de a Autoridade de Concorrência dar luz verde à tomada de controlo da SIRESP pela Altice Portugal.

26 de setembro de 2017: o Público noticia o futuro renegociar de contrato entre o Governo e o SIRESP. Apesar de o contrato terminar apenas em 2021, o Governo pretende ver alterações ao sistema em si e no contrato também.

2 de outubro de 2017: o Público noticia que o Ministério da Justiça planeia gastar mais de 500 mil euros para generalizar a utilização nas cadeias do SIRESP.

12 e 13 de outubro de 2017: segundo o CM a Investigação dos fogos de Pedrógão Grande aponta defeitos capitais do sistema de comunicações, presentes no relatório que destaca origem das chamas e denuncia falhas no Sistema de Comunicação SIRESP. Também o Público apresenta estas falhas, destacando que “o SIRESP não estava atualizado, mas não foi crucial”. Presidente da Proteção Civil recusa falar sem analisar relatório da tragédia de Pedrógão, no CM.

14 de outubro de 2017: CM e Público apresentam os pontos essências do relatório de Pedrógão Grande que sublinham que o SIRESP está baseado em tecnologia ultrapassada e obsoleta, tendo sido notória a falha deste sistema de comunicações e das redes móveis.

15 de outubro de 2017: segundo o relatório do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC), Expresso e Público noticiam que falhas nas comunicações impediram socorro em Pedrógão.

16 de outubro de 2017: o DN noticia o alerta das Associações representativas dos bombeiros portugueses para as fragilidades do SIRESP e a necessidade da criação de uma rede de emergência. O Público informa que a PT é acionista e gestora do SIRESP, Página 10 de 18

mas trabalhou “fora da rede de comunicações de emergência. “O Público e o Expresso noticiam que essa falha do sistema de comunicações "terá contribuído para a falta de coordenação dos serviços de combate e de socorro, para a dificuldade de pedido de socorro por parte das populações e para o agravamento das consequências do incêndio".

17 a 19 de outubro de 2017: combate ao incêndio de Mira foi prejudicado por falhas do SIRESP; a Rede de Emergência só funcionou para as comunicações internas. Segundo o DN e o CM, o SIRESP nunca funcionou durante o combate ao incêndio no concelho de Tábua. Nuno Magalhães, antigo secretário de Estado da Administração Interna, afirma que o SIRESP deve ser público. A Ministra da Administração Interna pede demissão, noticia o Público.

20 de outubro de 2017: presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais (ANBP) defendeu a manutenção do SIRESP: "O SIRESP é uma rede boa, mas nunca foram corrigidas as situações anómalas detetadas nos últimos 10 anos". De acordo com o CM, Jaime Marta Soares considera o SIRESP um sistema avançado e uma “belíssima” ferramenta” desde que a funcionar bem, pelo que deve ser restruturado.

O jornal Público relembra que o SIRESP voltou a falhar no combate ao incêndio de Mira.

21 a 23 de outubro de 2017: segundo as propostas elaboradas pela Comissão Independente, o Expresso afirma que é claro que o SIRESP terá de ser substituído por uma tecnologia mais evoluída. DN e Expresso noticiam a posição do Governo como acionista do SIRESP e o desejo de aumento de “resiliência da rede” com investimento de 8 milhões de euros. Deputado do BE, Pedro Filipe Soares, defendeu que “o Governo, ao apresentar a ideia de assumir o controlo acionista do SIRESP dá um passo na direção certa, mas não cumpre ainda o caminho todo”. No dia 23, é pública a intenção do Governo para que o Estado fique com 54% do SIRESP, passando a ser acionista maioritário.

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26 de outubro a 2 de novembro de 2017: todos os jornais noticiam que secretaria – geral da Administração Interna vai abrir divisão de suporte e apoio aos utilizadores de SIRESP com elementos da PSP e GNR. Expresso descreve que o Governo disputa 54% do capital social do SIRESP em troca de cinco milhões de euros e várias negociações. A 2 de novembro, e segundo o CM, durante o debate parlamentar sobre o Orçamento de Estado para 2018 o primeiro-ministro foi culpabilizado pelas falhas do SIRESP que aconteceram em “alturas decisivas”.

3 de novembro de 2017: o jornal Público contraria as declarações de que o SIRESP teria estado “à altura” durante o fogo de Pedrógão Grande e avança, de acordo com uma análise hora a hora à qual teve acesso, que por volta das oito da noite do dia 17 de junho de 2017, a hora em que mais pessoas morreram, as comunicações naquela zona falhavam “à média de uma em cada três”, sendo que a estação de Cabeça de Pião registou 537 chamadas que não conseguiram ser efetuadas à primeira. O Público avança ainda que àquela hora apenas duas das três estações existentes na área do fogo estavam ativas.

7 de novembro de 2017: de acordo com os jornais Público e Expresso, o Governo detém, desde 2015, um software, Traces, que lhe permite monitorizar e controlar o SIRESP, contudo nunca o terá utilizado. Acrescentam ainda que, no pós Pedrógão Grande, a Proteção Civil pediu autorização ao Ministério da Administração Interna para utilizar o software sendo que a mesma não lhe foi garantida e, nos incêndios de 15 de outubro de 2017 este sistema de vigilância, em tempo real do SIRESP, continuava indisponível. O MAI afirma que o software é utilizado pela secretaria-geral para “planeamento de médio prazo”, contudo a ANPC afirma que o mesmo deveria ser utilizado para tomar decisões em tempo real. De acordo com o Público e o Correio da Manhã o PSD e o CDS pediram ao atual presidente, bem como ao anterior presidente, da ANPC para falar acerca do futuro da utilização do software e do SIRESP.

8 de novembro de 2017: num artigo de opinião publicado no CM, José Diogo Quintela, afirma que António Costa tem razão em ficar deslumbrado com os informáticos que o Página 12 de 18

Web Summit trouxe a Lisboa visto que algum deles poderá ensinar a Proteção Civil a operar o software de controlo do SIRESP, adquirido pelo Governo há dois anos. Ainda no mesmo dia o Público noticiou que, segundo a descrição do Traces, software que permite controlar o SIRESP, feita pela Motorola (o seu criador), este permite acompanhar em tempo real o desempenho da rede SIRESP, bem como a criação de relatórios e a tomada de medidas corretivas. Esta notícia vem agora contrariar as declarações dadas pelo Ministério da Administração Interna de que o software não seria útil para a Proteção Civil uma vez que serviria apenas para um “planeamento de médio prazo”.

25 de novembro de 2017: o jornal Expresso avança, de acordo com o 6º capítulo do relatório acerca do fogo em Pedrógão, que existiram falhas no socorro e no sistema de comunicações SIRESP.

28 de novembro de 2017: de acordo com o Expresso, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, delegou no secretário de Estado as competências para dirigir todas as atividades relativas à utilização das novas tecnologias de informação utilizadas em comum pelas forças e serviços de segurança, sendo exemplo o SIRESP.

5 de dezembro de 2017: Expresso, DN e Público noticiam que que João Guerreiro, presidente da Comissão Técnica Independente, afirmou que o potencial do SIRESP não terá sido aproveitado de forma suficiente ao longo dos anos. João Guerreiro, responsável por analisar o incêndio em Pedrógão Grande, afirmou ainda que o SIRESP seria um “sistema atrasado”, por ser um sistema que opera em 2G quando já existe o 5G.

11 de dezembro de 2017: de acordo com o CM, o comandante da ANPC afirma que, durante a tempestade Ana, o SIRESP registou algumas falhas em determinados locais, no entanto, nada que comprometesse as operações de socorro.

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12 de dezembro de 2017: presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil afirma a aquisição de quatro novas estações móveis da rede SIRESP, passando assim a ANPC a dispor de seis unidades, na totalidade, para posicionar pelo país.

14 de dezembro de 2017: segundo o CM, de acordo com o relatório de desempenho do SIRESP, foram registadas no dia 17 de junho de 2017, entre as sete da tarde e as nove da manhã do dia seguinte, aproximadamente 115 mil chamadas, perfazendo uma média de, aproximadamente, oito mil chamadas por hora, sendo que mais de 10 mil dessas chamadas não conseguiram ser realizadas na primeira tentativa devido à saturação da rede.

4.

Resultados

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Conclusão

Tendo em conta a análise da cronologia, podemos afirmar que o caso “SIRESP” registou um enfoque maioritariamente negativo nos meios de comunicação analisados.

Este assunto teve maior destaque em casos relacionados com as falhas durante os incêndios, contudo a disputa do capital social do SIRESP pelo Estado ocupou grande parte do espaço noticioso, com especial relevo nos últimos meses do período analisado.

Surgindo no seguimento da tragédia dos incêndios de Pedrógão Grande, com falhas apontadas ao seu serviço, o assunto acaba por ser utilizado como arma de arremesso entre figuras e partidos políticos; o governo descarta-se de quaisquer responsabilidades, tanto operacionais como políticas, e a oposição ataca o governo, na figura do primeiro-ministro António Costa, pelas falhas do SIRESP. A narrativa jornalística acompanha a senda e foca-se mais na procura de figuras para culpabilizar pelas falhas do SIRESP do que na procura das respostas e soluções. Estas manobras de diversão em torno do caso acabaram por desviar do pretendido o debate do tema.

A partir da análise do conteúdo publicado pelas edições online dos quatro jornais, é importante referir que a cobertura jornalística no caso da compra do SIRESP pela Altice Portugal poderia ter sido realizada de uma forma mais clara, esclarecendo, a exemplo, quem são as empresas que detêm participações no SIRESP (Esegur e Datacomp).

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Referências Bibliográficas

Publicações em edição online Jornal Correio da Manhã – junho a dezembro de 2017 Jornal Diário de Notícias – junho a dezembro de 2017 Jornal Expresso – junho a dezembro de 2017 Jornal Público – junho a dezembro de 2017

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