Passeia, Jardim Nakamura

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LEGIBILIDADE CIDADÃ

cocriação de sistema de sinalização para valorizar local, estimular conexões e deslocamentos a pé


FICHA TÉCNICA Coordenação e elaboração Leticia Leda Sabino - SampaPé! Mariana Morais - Instituto COURB Bárbara Bonetto - Instituto COURB Diagramação e arte final publicação Lis Cavalcante - Instituto COURB Identidade visual e design sinalizações Giovani Castelucci, Guilherme Vieira e Giulia Fagundes - Estúdio Daó Confecção das placas Formato Visual Comunicação e assessoria de imprensa Ana Carolina Nunes - SampaPé! Articulação Local Rogério Souza Dias Alvez - Sarau Comics Edition Audiovisual Nenê e Maxuel Mello - Fluxo Imagens Intervenção visual Coletivo Ciclo Social Arte Coletivo Manifestintação Crew

Colaboração Apoio e mobilização local Vininho - Família Nakamura, FNK Marco - Escola Oscar Pereira Machado Cida - Escola Oscar Pereira Machado Ercílio - Escola Oscar Pereira Machado Mariana - EMEI Astrogilda Ale - EMEI Astrogilda Paulinho - Instituto Favela da Paz Fábio - Instituto Favela na Paz Michel - Ciclo Social Arte Helton - Ciclo Social Arte Eliane - Vegearte Elem - Vegearte Curió - Manifestintação Crew Voluntários e voluntárias Amanda Kimie Andrew Oliveira Artur Kim Shum Fernanda Pitombo Luana Matsumoto Condução do passeio a pé Patricia Silva Rafael Barbosa da Silva Rogério Souza Dias Alvez


Esta publicação tem como objetivo estimular a criação de sistemas de legibilidade cidadãos, inspirando e guiando a partir da experiência no Jardim Nakamura, bairro na periferia da Zona Sul da cidade de São Paulo. Sua elaboração parte do entendimento de que não há uma fórmula única para engajar comunidades e sinalizar bairros, mas que construir em conjunto com as pessoas que vivem no território é a única forma de criar um sistema que valorize o local e faça sentido para a comunidade. BOA LEITURA!


SUMÁRIO


(01) A P R E S E N TA Ç ÃO

Projeto piloto: Passeia, Jardim Nakamura ......................................... 09 O que é legibilidade?................................................................................... 11 O que é legibilidade cidadã?.....................................................................15 Por que em territórios auto construídos?............................................ 15

(02) CONTEXTO Análise Macro: Características do Território e sua História...........20 Análise Micro: Dinâmicas Sociais no Bairro........................................ 22

(03) P RO P O S TA Etapa 01: Aproximação.............................................................................. 28 Etapa 02: Criação......................................................................................... 34 Etapa 03: Confecção.................................................................................... 42 Etapa 04: Implementação......................................................................... 44 Etapa 05: Avaliação......................................................................................50

( 0 4 ) R E S U LTA D O S & D E S D O B R A M E N TO S Resultados Previstos.................................................................................. 54 Desdobramentos......................................................................................... 58 Outros Desdobramentos........................................................................... 60

(05) PRÓXIMOS PASSOS Jardim Nakamura........................................................................................ 64 Organizações................................................................................................. 65

(06) SOBRE AS ORGANIZAÇÕES Instituto COURB........................................................................................... 69 SampaPé!....................................................................................................... 69 Referências.................................................................................................... 71



APRE SENTA ÇÃO 1



O PROJETO PILOTO

A experiência que apresentamos aqui é uma iniciativa piloto de “legibilidade cidadã” no bairro Jardim Nakamura, zona sul de São Paulo. O Passeia, Jardim Nakamura foi proposto pelas organizações Instituto COURB e SampaPé! e viabilizado pelo Edital Casa Cidades 2018. A partir do engajamento comunitário, o projeto tem como objetivo valorizar o território e a comunidade local, promovendo conexões e maior conforto e segurança nos deslocamentos a pé. Os elementos de comunicação instalados buscam facilitar a “leitura” do território ao promover o reconhecimento das histórias e atores do bairro e ao indicar aos cidadãos os lugares mapeados, as distâncias a pé e o mapa do território.

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Como Surgiu o Projeto? A proposta de desenvolver um projeto de legibilidade de um bairro com seus moradores surgiu ao conhecermos o território. Quando nos aproximamos do Jardim Nakamura, apesar de reconhecer seus desafios estruturais e compreender com os moradores suas dificuldades rotineiras, também observamos suas movimentações, formas de articulações, criações e dinâmicas de sociabilidade, que logo identificamos como potenciais locais. A proposta do Passeia, Jardim Nakamura surge, então, da análise do contexto local, somada às atuações específicas das organizações - o SampaPé! com o foco no caminhar e na mobilidade urbana e o Instituto COURB com o foco na conexão e no engajamento dos diferentes atores sociais. Com a integração de nossas capacidades, dialogamos com os moradores e organizações locais para criar um projeto que promovesse a valorização das características existentes do território, conectando as pessoas e as ações ali presentes. Além disso, juntos observamos a possibilidade de trazer pessoas de outros contextos para conhecerem o bairro, aumentando assim ainda mais as trocas sociais, as oportunidades e a empatia. O passo a passo do desenvolvimento do projeto apresentado a seguir, seus respectivos resultados e desdobramentos visam servir de inspiração para futuros projetos de legibilidade cidadã.

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LEGIBILIDADE O que é legibilidade na cidade? Quando você está na rua, a pé, você sabe onde encontrar o transporte público mais próximo? Sabe em que direção está o centro da cidade ou como faz para ir até a sua casa? Quais são as referências e sinais que te ajudam a se orientar na cidade?

Legibilidade é a qualidade que determina a facilidade de leitura. A legibilidade de uma rua, bairro ou cidade é definida por como as suas formas, elementos, sinais e sistemas fazem com que seja mais ou menos fácil para as pessoas se localizarem e conseguirem chegar aos lugares de destino na cidade.

NOVA YORK: TECIDO URBANO REGULAR E QUADRICULADO Manhattan, a ilha da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, é conhecida pelo seu desenho urbano regular e quadriculado, sendo fácil de circular. Além disso, as ruas e avenidas são nomeadas com números, desta forma sendo uma cidade também fácil de ser lida. Porém, pela similaridade dos tamanhos da quadra e tipos de edifícios em alguns locais é difícil que caminhantes encontrem marcos para referência.

Diagramas de diferentes tecidos urbanos: o de Nova York é o mais regular em comparação com outras cidades. Autor: Geoff Boeing

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Como lemos a cidade? De acordo com Kevin Lynch, que dedicou seus estudos a entender como as pessoas na escala humana percebem as cidades, a leitura dos territórios percorridos se dá através de suas construções, paisagens, imagens e experiências se deslocando. Ele complementa que para que uma pessoa se localize na cidade, ela cria pontos de referência em seu imaginário. Tais pontos podem ser definidos pelas construções, pela diferenciação, pela paisagem, pela história ou algum outro elemento que torne um local marcante e único para ela, desta forma, capaz de situá-la.

Como a cidade se comunica com a gente e nos dá pistas? Uma forma de se situar na cidade e de criar marcos e referências é através da leitura de sinalizações. Sinalizações são signos que se comunicam com as pessoas sobre a cidade. Existem, por exemplo, sinalizações de trânsito, que passam mensagens sobre o uso da rua, majoritariamente focadas em fluxo motorizado.

SINALIZAÇÕES HORIZONTAIS E VERTICAIS DE TRÂNSITO Para regular os movimentos motorizados nas ruas existem sinalizações horizontais (pintadas no pavimento) e verticais (placas fixadas em postes).

Excesso de placas de sinalização em rua em Altinópolis-SP. Fonte: G1

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Sinalização horizontal em Vila Velha-ES. Fonte: Prefeitura de Vila Velha


DICA DE LEITURA

A Imagem da Cidade Kevin Lynch Morfologia Urbana e Desenho da Cidade José Lamas

VOCÊ CONHECE SINALIZAÇÕES QUE TE AJUDAM A CIRCULAR A PÉ NA CIDADE? Veja alguns exemplos:

Foto de São Paulo recebida para o concurso Miss Calçada 2017 com sinalização cidadã feita no site Walk [Your City].

ONG Move Cultura realiza projeto “Contagem a Pé” de legibilidade para pedestres em Contagem-MG. Fonte: Site Prefeitura de Contagem.

Mapa dos arredores no Metrô de São Paulo. Foto: Leticia Sabino.

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Wayfinding Wayfinding (ou sistema de legibilidade) é o conjunto de pistas constituídas por elementos visuais, auditivos, táteis, entre outros, que orienta as pessoas a se movimentarem dentro de um espaço de maneira segura e informada.

LEGIBLE LONDON: O SISTEMA DE LEGIBILIDADE (WAYFINDING) DE LONDRES Londres, diferente de Nova York, não tem as ruas quadriculares. Desta forma, para guiar e situar as pessoas a pé, foi criado um sistema de legibilidade que através de placas que exibem o mapa do entorno e as direções para chegar em equipamentos e locais de interesse, orientam os deslocamentos. Totem de sinalização do sistema de legibilidade para pedestres de Londres. Fonte: External Works Index.

Por um lado, o caminhar nas cidades é entendido como prioridade nas legislações e planos urbanos nas cidades brasileiras, no entanto, infelizmente isso não se reflete na infraestrutura e nos investimentos. Uma vez que as sinalizações para deslocamento a pé e os sistemas de legibilidade não só informam as pessoas mas também garantem autonomia e segurança para circular pela cidade, é muito importante ser incluída na infraestrutura urbana de priorização do caminhar.

É possível construir isso com as pessoas?

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O que é legibilidade cidadã? Legibilidade cidadã é um termo adotado para este projeto, porque se propôs a construir um sistema de orientação, leitura e comunicação de um bairro a partir da experiência de seus habitantes e junto com eles. Mais do que isso, o projeto também buscou valorizar as histórias e marcos locais para além do entendimento tradicional do que são “equipamentos públicos”. Neste contexto, desenvolve-se um sistema de legibilidade (wayfinding) capaz de criar marcos através do afeto e das histórias locais. Além disso, por ser uma construção “cidadã”, há também impacto na linguagem, nos materiais das sinalizações e nos suportes onde os sinais são instalados. Desta forma, ao invés de seguir regramentos de trânsito, a linguagem visual também deve reflete a linguagem do espaço e das pessoas que ali vivem. Assim, se integra melhor à paisagem e ao território.

Mas isso não é só para o centro da cidade ou lugares turísticos?

Por que em territórios auto construídos? Nas cidades latino americanas, um em cada quatro habitantes vive em territórios que foram originalmente ocupados e auto construídos pelos moradores e moradoras, isto é, sem planejamento e interferência do poder público. Estes territórios, comumentemente chamados de favelas - que, em outros países de fala castelhana são chamados de barriadas, tugurios, laderas, barrios, entre outros - são normalmente bairros, ainda hoje, com infraestrutura e condições sociais mais vulneráveis. Isso se dá por uma série de motivos, provocados pela alta desigualdade socioeconômica, ausência do estado, distanciamento de oportunidades e serviços públicos. Conforme a localização geográfica do território, é possível encontrar uma urbanização conhecida como centro-periferia, como é o caso de São Paulo, Cidade do México ou Buenos Aires, nas quais estes locais estão normalmente afastados da zona central administrativa, onde estão concentradas instituições e oportunidades de empregos, estudos, trocas, e são assim, marcados pela dificuldade de acesso, o que contribui para a exclusão dos cidadãos e cidadãs. Além disso, o caminhar em bairros com estas características é ainda mais importante. Como é possível observar no gráfico da página seguinte, no distrito do Jardim Ângela, em São Paulo - área de implementação do projeto - 53% dos deslocamentos diários são feitos exclusivamente a pé, enquanto na cidade toda o caminhar representa 31% dos deslocamentos1. 1

Dados da Pesquisa Origem Destino 2007 do Metrô

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Deslocamentos por modo no Jardim Ângela, em São Paulo. Fonte: elaboração das autoras.

Justamente pelas complexidades apresentadas, muitas vezes os residentes destas regiões acreditam que não há nada interessante e importante nos locais onde vivem. Além disso, esses bairros são muitas vezes marcados por um estigma de violência, o que afasta outras pessoas de o conhecerem. Neste contexto, construir um sistema de informação que auxilie na apropriação local, mobilização social e deslocamentos seguros tem funções para além de indicar as distâncias e nomear ruas ou passagens, que muitas vezes não têm nome oficial.

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As sinalizações, neste sentido, também resgatam a história local, valorizam o que há no bairro e pretendem promover reconhecimento e orgulho do próprio território. Elas mostram que toda a cidade é composta por histórias, produção de ativos locais e merece ser reconhecida, considerando as múltiplas facetas presentes no território.

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CON TEX TO 2


JARDIM NAKAMURA: ANÁLISE MACRO Características do território e sua história A cidade de São Paulo apresenta uma série de complexidades relacionadas a sua expansão urbana, que envolvem um alto índice de desigualdade econômica, vulnerabilidade social e segregação sócio espacial. A zona sul do seu território, onde o bairro Jardim Nakamura e o distrito ao qual pertence, Jardim ngela, se inserem, é uma das regiões mais densamente habitadas da capital paulista - embora há algumas décadas atrás fosse um território rural.

Localização do Jardim Nakamura. Fonte: Elaboração das autoras.

O Jardim Nakamura, que é constituído por cerca de 13 mil moradores1, está localizado a 27 quilômetros do que é considerado o marco zero da cidade - no Distrito da Sé. Na década de 1960, com a instalação de muitas fábricas na região de Santo Amaro, inicia-se uma ocupação de moradias de trabalhadores que chegavam de vários estados e do interior paulista para trabalhar e não encontravam lugares acessíveis para morar. Com o passar dos anos, o processo de urbanização espontâneo e a explosão demográfica se intensificam, avançando também para áreas de preservação ambiental e de mananciais, como é o caso do Jardim Nakamura.

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Dados da Subprefeitura de M’boi Mirim (2006)


Conforme é possível observar nos mapas abaixo, o Jardim Nakamura se insere em um dos distritos com maior presença de assentamentos espontâneos e bairros auto construídos da cidade de São Paulo, representando 30% do território do distrito. Além disso, o distrito conta com o menor índice de acesso a empregos formais, com menos de 1 emprego por habitante.

Fonte: Elaboração das autoras, adaptado de Mapa das desigualdades, 2017.

Ao observar o contraponto entre a quantidade de vagas de empregos formais geradas nos diferentes distritos e na região central, é possível compreender os longos deslocamentos que grande parte da população precisa realizar diariamente entre moradia-trabalho. A ausência de transporte massivo rápido, como metrô, contribui para que aconteçam longos trajetos, por vezes, com mais de três horas de deslocamento. Essas características, combinadas com o contexto de deficiência no acesso à serviços públicos e oportunidades, o alto índice de desemprego, gravidez da população jovem, as altas taxas de violência e de mortalidade infantil, contribuem para uma exposição à condição de vulnerabilidade social e para a baixa autoestima da população. No entanto, ainda que na análise macro as condições sejam por vezes desfavoráveis, ao nos aproximarmos do bairro, podemos compreender a dinâmica de vida dos moradores e das organizações presentes no território, as potencialidades de transformação e seu histórico de luta por direitos.

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JARDIM NAKAMURA: ANÁLISE MICRO Dinâmicas sociais no bairro Após análise macro relacionada às condicionantes e entorno do Jardim Nakamura e o distrito do Jardim Ângela, apresentaremos a seguir a leitura das dinâmicas locais que acontecem no contexto do bairro. De maneira geral, o Jardim Nakamura apresenta grande diversidade de atuação social, destaques ambientais e uma intensa vida urbana. Um dos principais desafios notados remete aos conflitos de propriedade e ao distanciamento do governo. Evidencia-se a dificuldade enfrentada a alguns anos com a presença de grande quantidade de entulhos, animais e resíduos em uma das principais escadarias de acesso ao bairro, resultado de uma desapropriação de ocupações em terreno privado pela Prefeitura. Em entrevistas realizadas, habitantes apontaram que os locais de deslocamentos no bairro são por vezes “inseguros” e “feios”, e quase todos indicaram os rejeitos como principais fatores de desgosto desses espaços. O que se observou é que a baixa autoestima também contribui para uma baixa percepção em relação às potencialidades e organizações do bairro.

Em relação à segurança pública, outro ponto evidenciado em conversas com os moradores foi o alto índice de assaltos e furtos nas ruas, que se intensifica em períodos em que os comércios estão fechados. Com os grandes deslocamentos que muitos moradores fazem no trajeto residência-trabalho, muitos saem e chegam no bairro em períodos noturnos, gerando ainda uma maior percepção de insegurança no deslocamento casa-ponto de ônibus. Apesar das regiões distantes do centro normalmente apresentarem deficiência no acesso a uma diversidade de serviços públicos de qualidade, a região do Jardim Nakamura apresenta no seu entorno alguns equipamentos básicos próximos como hospitais, escolas, unidade básica de saúde, dentre outros. 22


Outra característica marcante do bairro são as trocas econômicas informais que acontecem no território, muitas vezes como complemento à renda familiar ou como saída única de subsistência. Há uma grande quantidade de moradores que anunciam nas próprias residências aluguel de quartos, venda de alimentos, creches informais ou venda de uma variedade de produtos. É importante ressaltar que no passado, a associação de moradores do bairro foi atuante nas lutas comunitárias e responsável por várias conquistas do Jardim Nakamura, como a construção coletiva de escadões de acesso, que devido à diferença altimétrica da região são essenciais aos deslocamentos a pé e encurtam distâncias para quem caminha por ali, além do asfaltamento do bairro, a implantação da única praça pública e a inserção de serviços públicos como a escola públicas e o posto de saúde. Em relação aos aspectos geográficos, assim como foi apresentado, a região do Jardim Nakamura se desenvolveu sob uma área de manancial. Um aspecto positivo que se destaca, portanto, são as fontes de água potável disponíveis, que são acessíveis e de uso frequente dos moradores e moradoras, graças a atuação dos mesmos para preservação e manutenção. Atualmente muitas organizações, movimentos e iniciativas cidadãs se destacam no cenário local visando o desenvolvimento social, econômico e ambiental da região, destacando o bairro como importante espaço de trocas culturais e sociais. Muitos dos coletivos e organizações locais visam atender a lacuna de serviços institucionais culturais e sociais públicos na região. Alguns destes são: o Família na Escola, que abre a escola estadual aos finais de semana para prática cultural e esportiva; a organização Família Nakamura que organiza treinos de futebol para jovens; e o Instituto Favela da Paz que dá aula de percussão e conta com estúdio de gravação. Com relação às manifestações artísticas, é possível observar a presença de vários muros com graffitis, que de maneira geral, são realizados por dois coletivos de artistas locais consolidados e atuantes na região: Ciclo Social Arte e o Manifestintação Crew. Uma característica que foi diagnosticada neste momento de leitura do território é o fato de que apesar de ter uma variedade importante de organizações sociais atuantes na região há um certo distanciamento entre elas. Isso pode acontecer por diversas razões, como o fato de atuarem em frentes e ações diferentes, o que faz com que não dialoguem no dia a dia. 23



PRO POS TA 3


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PROJETO DE LEGIBILIDADE CIDADÃ Visibilidade e integração das iniciativas cidadãs para fortalecimento e valorização do território A partir do contexto apresentado, da área de atuação das organizações responsáveis e, principalmente, das potencialidades e desafios apresentados com a leitura e análise do território e relações sociais presentes no Jardim Nakamura, surgiu a proposta de criar um sistema de legibilidade cidadã neste bairro. Com a experiência do Passeia, Jardim Nakamura, foi possível compreender que um projeto de legibilidade cidadã pode ser desenvolvido e implementado a partir de 5 etapas base. A seguir, apresentaremos cada uma delas, bem como as ferramentas que utilizamos e desenvolvemos para realizá-las.

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2 APROXIMAÇÃO

CRIAÇÃO

3 CONFECÇÃO

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5 IMPLEMENTAÇÃO

AVALIAÇÃO 27


ETAPA 1: APROXIMAÇÃO A primeira etapa é o momento de analisar as dinâmicas sociais, se aproximar da população local, compreender ativos existentes na comunidade, identificar lideranças do bairro, informar, sensibilizar e engajar a população no projeto. Nesta fase, também é a hora de reconhecer com moradores o que compreende o território do bairro para além de seus limites administrativos e estigmas, determinando o perímetro de abrangência do projeto. Esta etapa foi desenvolvida a partir de dois mapeamentos: 1. Mapeamento e engajamento de atores 2. Oficina de mapeamento afetivo

Mapeamento e engajamento de atores Para conhecer e transformar um bairro é preciso identificar quem são os principais atores do território, ouvir suas percepções e sensibilizá-los para que sejam aliados ao longo do processo. Como fizemos? Quando chegamos em um território que ainda não atuamos previamente, além das dinâmicas territoriais e ambientais e dados macro, precisamos entender quem são os moradores que ali vivem, que ações e iniciativas existem por lá, e como elas se relacionam. Nesta etapa, é importante compreender quais entidades, organizações, equipamentos coletivos, associações e pessoas que atuam no território e influenciam sobre as decisões do bairro. No caso do Jardim Nakamura, após reforçarmos o vínculo já existente com três organizações que atuam no território, uma do próprio bairro e outras externas a ele, identificamos algumas lideranças, outras organizações e nos aproximamos desses novos atores com 3 objetivos: Apresentar a iniciatva, compreender melhor a atuação deles e sua dinâmica do bairro

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Compartilhar as conclusões da leitura realizada a partir da troca com moradores, principalmente sobre a potencialidade de desenvolver um sistema de legibilidade para o lugar

Sensibilizá-los sobre a importância do engajamento de toda a comunidade no processo, para que a história do bairro pudesse ser reconhecida e valorizada


EDUCACIONAL EMEI Astrogilda

Escola Oscar Pereira Machado

Subprefeitura

PODER PÚBLICO

Manifestinação Crew UBS

Roger Pat

Família FNK

Ciclo Social Arte

SAÚDE Vininho Instituto Favela da Paz

Paulinho

MORADORES Rapha

CULTURA & ARTE Diagrama de Atores. Elaboração das autoras.

O resultado desse mapeamento inicial foi o estabelecimento da conexão entre nós e as escolas do bairro, as organizações e coletivos de graffiti, e algumas lideranças comunitárias. Com isso, registramos o contato deles para posterior engajamento no projeto e conseguimos contratar um morador da região para ser o articulador local do projeto, responsável por aproximar estes vínculos, sensibilizar e mobilizar a comunidade. Também nesta etapa, mapeamos contatos no poder público que poderiam colaborar com o projeto. A partir disso, conseguimos marcar uma reunião com a assessoria da prefeitura regional correspondente, a Subprefeitura M Boi Mirim, que indicou que poderiam auxiliar divulgando as ações do projeto e realizando ações de melhorias e limpezas nos espaços do entorno dos pontos a serem sinalizados. Este mapeamento e compreensão das dinâmicas sociais que se materializam no território é de extrema importância por nortear os insumos e fortalecer os parceiros que estarão presentes ao longo de todo o processo. 29


Oficina de Mapeamento Afetivo Para sinalizar um bairro, antes precisamos entender como ele se constitui. É necessário entender tanto os limites geográficos, como qual é a paisagem, elementos e ativos que ele contém. Como fizemos? Para esta etapa, realizamos uma oficina de mapeamento no espaço de uma organização local, com a participação de moradores e moradoras. A comunicação e mobilização teve apoio do articulador local. Para divulgação, cartazes foram fixados em locais estratégicos do bairro e convites via Whatsapp a moradores foram enviados. No dia, apresentamos o projeto e as referências de sinalizações para pedestres, além de promover atividades interativas, discussões, e uma caminhada de reconhecimento. Neste encontro, também oferecemos um café da manhã aberto ao público e preparado por uma iniciativa de alimentação saudável local - engajando e valorizando os ativos locais. Nesta oficina, junto com os cidadãos e cidadãs definimos o que é o território do bairro, onde começa e termina, quais os lugares mais importante que eles frequentam, como saem e chegam no bairro, ou seja, quais são as portas de entrada do Nakamura. Esta atividade aconteceu com apoio de um mapa impresso e a partir da nossa mediação, os participante indicaram os lugares e ruas relevantes para o projeto.

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Compreendendo o território junto com os moradores. Foto: Fluxo Imagens.


Depois, percorremos este território olhando de forma positiva e afetiva para o espaço. Para isso, criamos uma ferramenta social que nomeamos de “Jornais”, que focavam em três tema diferentes: belezas, mensagens e serviços. Estes “Jornais” deveriam ser preenchidos e construídos pelos participantes.

Participantes caminhando pelo bairro preenchendo seus “jornais”. Fotos: Fluxo Imagens.

Cada grupo, enquanto caminhava, teve que registrar de distintas formas o tema de seu “jornal”, retratando aquele elemento no bairro. Nesta atividade os participantes fizeram cópias das texturas que encontravam no caminho utilizando papel manteiga, além do registro de frases que ouviam na rua, entre outras. 31


Alguns exemplos de texturas feitas no trajeto. Fotos: Participantes.

Após este momento, nos reunimos para compartilhar o que o “Jornal” de cada um relatava sobre o bairro. Toda esta leitura coletiva gerou elementos para, assim, conseguirmos construir a identidade visual do projeto e as informações a serem incluídas nas placas. A participação dos designers gráficos neste momento foi fundamental para gerar insumo de trabalho para eles, como será possível ver no tópico “criação da identidade visual”. Algumas falas dos participantes marcaram o encontro, como:

“Os muros são muito bonitos e coloridos”

“Vi que as ruas que antes achava perigosas não são”

“Nunca havia olhado para meu bairro de uma forma positiva”

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Algumas páginas dos “ jornais” escritos pelos participantes

Despertar este olhar é muito importante, porque em muitos casos pode ser a primeira vez que os moradores e moradoras se juntam para valorizar aquilo que é único e criado no bairro, que vale a pena ser contado, reconhecido e exaltado, e não para falar dos problemas.

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ATENÇÃO Apresente visualmente o que é sinalização para pessoas, pois este tema não é difundido e há pouco acesso. Em São Paulo, por exemplo, os moradores só identificavam como uma iniciativa de sinalização para pedestres os mapas de entorno dentro das estações de metrô. Procure entender qual seria o melhor horário e dia da semana para as pessoas daquele bairro quando agendar as oficinas. 33


ETAPA 2: CRIAÇÃO A segunda etapa, de criação, é muito desafiadora, pois é o momento em que é preciso traduzir as descobertas, o mapeamento afetivo do território, sistema e intervenção que vai acontecer no território. Esta etapa foi desenvolvida com muita pesquisa, na qual criamos: 1. O Sistema de Legibilidade; 2. A Identidade Visual; 3. O Conteúdo das Sinalizações.

Criação do sistema de legibilidade Para sinalizar um bairro com coerência, de forma que seja útil para quem está a pé, é preciso pensar o caminhar como um sistema e uma rede integrada. E assim, saber o que informar e onde informar. Como fizemos? Com base nas etapas anteriores definimos que pontos são importantes de serem identificados, ou seja, serem representados no mapa, tanto pela sua utilidade e conectividade (como é o caso de terminais de ônibus e posto de saúde), quanto pela sua importância para identidade local (como é o caso da mina d’água e dos campos de futebol de várzea). Este segundo tipo, locais importantes para a identidade local, serão os pontos que receberão placas explicativas em sua fachada que contam suas histórias.

Placa explicativa da Mina d’água. Foto: Letícia Sabino.

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Com esta base, é preciso pensar onde são os pontos de chegada no bairro e onde são os nós. Os pontos de chegada, ou pontos de decisão, neste caso eram as esquinas e escadões, locais onde é preciso fazer a escolha para que lado seguir. Os pontos de chegada devem conter placas de navegação, que são aquelas que incluem o mapa do território e todos os pontos identificados. Enquanto isso, os nós devem conter as placas indicativas ou de orientação, que indicam a direção e o tempo de caminhada para chegar ao pontos identificados.


Placa de indicação ou orientação, informando o tempo de caminhada para os lugares mapeados. Foto: Letícia Sabino.

Alguns pontos devem combinar placas distintas. Para compreender o bairro como um sistema fizemos um mapa no Google Maps sinalizando todos os pontos e indicando onde estaria cada tipo de placa. A partir disso, conseguimos construir o conteúdo específico para cada uma das placas, com direção das setas, tempo de caminhada, direção do mapa, e indicação do “você está aqui”. É este sistema que dará subsídio para o design de cada placa.

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Placa de navegação ou localizadora instalada em um dos escadões. Foto: Letícia Sabino.

Mapa criado no Google Maps ao longo do processo para identificar os locais e tipos de sinalizações a serem implementados criando o sistema de legibilidade. Fonte: elaborado pelas autoras.

ATENÇÃO Além de definir quais seriam os pontos mais estratégicos para colocar as placas considerando o desenho urbano, é imprescindível definir no território qual será o local de suporte efetivamente, para então conversar previamente com os proprietários do muro, por exemplo, e entender como será feita a fixação. 35


Criação da identidade visual Em um projeto de sinalização, é muito importante conseguir comunicar e traduzir, a partir de uma mesma identidade visual, toda a variedade de elementos que identificam e conformam o bairro. A construção da identidade possibilitará a leitura e compreensão direta das ações e elementos do projeto.

Inspirações

Como fizemos? Uma das partes essenciais de um projeto de sinalização é a criação de sua identidade visual. Neste momento, acionamos uma equipe especialista, o Estúdio Daó, para colaborar com a missão de conseguir traduzir toda a diversidade de elementos compreendidos nas visitas, conversas e na oficina de mapeamento afetivo. Diferentes componentes fazem parte da identidade, como o logo, as cores e tipografia. Tais elementos têm como desafio representar os componentes do bairro a partir da mesma linguagem visual. Para isso, um estudo de diversas tipografias e elementos, considerando especialmente seu caráter colaborativo, foi realizado. Nesta fase, também foram selecionadas as cores a serem utilizadas. Era importante que elas representassem a diversidade do bairro e possuíssem um bom contraste entre si para se destacarem na paisagem. 36


Padrões criados a partir dos elementos do bairro identificados com moradores. Autoria: Estúdio Daó

Como resultado, é fundamental atingir uma identidade que possa ser lida facilmente pela comunidade. Um caminho para isso é considerar elementos presentes no cotidiano dos moradores, e que se repetem na vida urbana, como as padronagens de grades, portões, caixa de correio e outros materiais de construção e ornamentação. No caso do Passeia, Jardim Nakamura, esses elementos foram identificados com os moradores na oficina de mapeamento afetivo. Esta identidade será sempre reforçada, pois além de aplicada em todas as sinalizações, também orientará a confecção de apresentações, cartazes, camisetas, entre outros.

Alguns dos pictogramas e módulos criados. Autoria: Estúdio Daó.

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Redescoberta das narrativas e origens: pesquisa e história oral Resgatar as histórias de moradores antigos, suas percepções, vivências, lutas coletivas, e costurá-la com alguns aspectos mais profundos não postos na paisagem e no cotidiano do bairro são importantes atividades a serem realizadas para compor o conteúdo das sinalizações.

Como fizemos? Após realizar o mapeamento de atores, lideranças e personalidades, buscamos conversar com estas pessoas para captar suas percepções e o histórico do bairro e levar esse conteúdo para as sinalizações indicativas. Neste momento, também elaboramos uma pesquisa capaz de revelar alguns dados e informações complementares. Neste sentido, foi possível notar a escassez de informações públicas relacionadas ao bairro em específico, e não a seu distrito. Isso, evidenciou a importância de realizar este registro e os desafios de fazer um projeto de legibilidade em um território auto construído. Foram necessárias várias visitas e muita conversa com os moradores para que encontrássemos as informações sobre os locais importantes do bairro, sua formação, e assim, ser possível tecer as narrativas e diferentes percepções.

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ATENÇÃO É preciso pesquisar em fontes não convencionais, como possíveis registros audiovisuais realizados com moradores, pesquisas etnográficas, entre outras.

Nas páginas 40 e 41 estão ilustradas algumas das placas concebidas para o Passeia, Jardim Nakamura.

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ETAPA 3: CONFECÇÃO Com a elaboração do conteúdo realizada, é preciso deixar os materiais físicos prontos para implementar no território. Esta é a fase em que o que foi pesquisado se materializa nas sinalizações e o produto do projeto ganha vida e é preparado para ser instalado.

Confecção do elementos de sinalização Para mudar um território fisicamente é preciso que as criações tomem forma e matéria. Como fizemos? Na etapa anterior definimos como seriam as nossas placas. Esta escolha se deu por uma combinação de referências do território, superfícies para instalar e orçamento. Desta forma, nossas placas foram criadas para serem impressas em PVC e fixadas em muros ou grades nas fachadas. Além disso, definimos um elemento de identidade e engajamento que fosse simples e potente ao mesmo tempo. Para isso, usamos os desenhos que os designers criaram traduzindo texturas, fachadas e elementos do bairro, como desenho de grades e pisos, em stencil para poder ser aplicado no piso e muros próximo às instalações das placas, evidenciando a linguagem do projeto.

Stencil das texturas do bairro. Foto: Mariana Morais.

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Intervenções visuais com graffitis também foram realizadas em locais estratégicos, conforme se verá na etapa a seguir.

Graffiti em processo. Foto: Ana Carolina Nunes.

Graffiti próximo ao ponto de ônibus de umas das ruas principais, com a temática do bairro e mobilidade urbana. Foto: Ana Carolina Nunes.

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ETAPA 4: IMPLEMENTAÇÃO Esta é a fase de integrar toda a comunidade engajada para que juntos coloquem a mão na massa. Apesar do envolvimento da população local ao longo de todo o processo, a implementação é a etapa que possui maior visibilidade dentro comunidade. Nesta fase, ocorre a instalação das sinalizações confeccionadas e é o momento em que a solução projetada se torna concreta e real.

Mapeamento de ferramentas e colaboração no bairro Para engajar as pessoas e implementar a proposta, é importante compreender com os moradores como cada um pode colaborar nesta fase de construção. Como fizemos? Para que este momento seja um sucesso, é fundamental a colaboração de diversas pessoas e que diferentes serviços sejam realizados. Para identificar quais insumos e ativos serão acionados, um mapeamento com os moradores foi realizado, levantando quais ferramentas seriam necessárias, assim como a disponibilidade de tempo de cada um para a ação. Desde a escolha do serviço de alimentação até a compra de materiais, é importante priorizar os negócios e empreendedores locais, valorizando e integrando tais iniciativas no projeto e contribuindo para que os recursos sejam aplicados diretamente no bairro.

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Preparação do mutirão com moradores e colaboradores. Foto: Amanda Kimie


Implementações teste Antes de implementar o projeto, é necessário testar as soluções co-criadas. Assim, reduzimos custos com possíveis erros em maior escala e conseguimos planejar e ajustar a solução final. Como fizemos? Para que a implementação coletiva das sinalizações acontecesse de forma tranquila, aproveitando as ferramentas locais e os saberes do bairro, fizemos previamente testes de instalação nas diferentes superfícies (parede de bloco, concreto, grade, alambrado) para então definir os melhores materiais e estratégia de fixação. Nesta etapa de planejamento é importante realizar o contato com proprietários dos muros em que serão fixadas as sinalizações, ampliando o diálogo e evitando possíveis desagrados e retirada de placas.

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ATENÇÃO Caso seja a primeira vez que esteja fazendo este tipo de ação, não tenha receio de indicar que nunca implementou um projeto como esse. Cada um possui uma habilidade distinta que se complementa. Identifique esse desejo de cada um de participar e valorize cada habilidade. 45


Instalação: mutirão com moradores Chegou a hora de instalar no bairro as sinalizações. Este é o momento de engajar a comunidade e mobilizar voluntários, colaboradores do projeto para, em mutirão comunitário, instalar as sinalizações nos muros, paredes e grades identificados. Como fizemos? Este dia foi planejado previamente a fim de garantir todas as condições para que pudesse acontecer e o envolvimento dos diferentes públicos participantes. O dia foi iniciado com um café coletivo feito por uma organização local, em um dos refeitórios da escola, reunindo todos os participantes. Além disso, uma barraca foi montada na rua como um ponto de apoio, chamando também a atenção para o evento dos que por ali passavam.

Barraca montada na rua. Foto: Barbara Bonetto

O mutirão foi conduzido em três frentes paralelas e complementares: 1) Instalação das placas com moradores e voluntários; 2) Intervenções visuais com grafiteiros locais; e 3) Realização de um caça ao tesouro com as crianças do bairro. 46


Instalação de sinalização indicativa em fachada com voluntários. Foto: Mariana Morais

Para a instalação das placas, contamos com todo o suporte local: os moradores emprestaram ferramentas e a escola seu espaço físico de apoio. Montamos grupos para instalação conforme o tipo de material de fixação: um grupo utilizou arames para fixar as sinalizações nas grades e outro grupo utilizou furadeira nas paredes. É preciso estar atento para mediar as instalações, para que sejam estas sejam feitas na altura de leitura de pessoas de estaturas distintas. Os coletivos de graffitis foram envolvidos para juntos realizarem três intervenções visuais em pontos estratégicos do bairro. Essas intervenções ressaltaram a temática do projeto com elementos de mobilidade ativa e valorização da identidade comunitária, colorindo o bairro ainda mais e enfatizando a linguagem visual do projeto.

Processo inicial de graffiti em um dos murais localizado na entrada do bairro. Foto: Mariana Morais

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As crianças foram envolvidas neste dia de forma lúdica, com um caça ao tesouro. Esta ferramenta para engajamento consistia em dar pistas de locais atrativos aos “urbanistas mirins” para que localizassem os pontos no mapa e explorassem o território, fazendo pinturas stencils para reforçar os caminhos, deixando suas marcas nas ruas e participando ativamente da transformação proposta.

Cartões criados para distribuir as pistas às crianças durante caça ao tesouro. Fonte: Mariana Morais

Fotos: Karina

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A metodologia busca de forma lúdica trazer elementos de orientação por mapa e contar a história do bairro através da leitura das sinalizações e das dicas da brincadeira. As pistas foram concebidas usando trechos das placas, fotos, em uma linguagem em primeira pessoa que dialoga com os conceitos da cidade educadora. Os próprios elementos do bairro - a escada, a mina d’água, a pracinha, o campo de futebol - viram personagens de uma história, e a narrativa da brincadeira e o território foram unificados. Os tesouros, mais do que os chocolates recebidos no final, se materializaram na forma das atrações, ajudando no reconhecimento daquele local como algo precioso e a ser valorizado e cuidado.

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RECOMENDAÇÕES • Use diferentes canais de comunicação para atingir o público local e voluntários de outras regiões que se interessam por esse tipo de iniciativa. • Para alcançar os moradores, é interessante priorizar o convite verbal, a fixação de posters, realizar reuniões com os atores criar um grupo de whatsapp, dentre outras possibilidades. • Para os voluntários de fora do bairro, recomendamos criar um evento no Facebook, fazer um convite via mailing e formulário e criar uma arte bacana para divulgar nas mídias. Isso pode atrair muitas pessoas legais e fortalecer o movimento. 49


ETAPA 5: AVALIAÇÃO Após a implementação das soluções é importante compreender como a população está se relacionando com as sinalizações, quais o efeitos e impactos do projeto. Além disso, este é o momento de analisar se as sinalizações auxiliaram a cumprir o objetivo principal do projeto de conectar os atores, valorizar histórias locais e melhorar os deslocamentos no bairro.

Diagnóstico Para medir o sucesso do projeto é preciso diagnosticar, alguns meses depois, a situação do sistema criado e implementado. Como fizemos? Retornamos ao bairro quatro meses após a implementação das sinalizações, avaliando o estado delas, observando se alguma havia sofrido intervenções dos moradores ou outros efeitos no entorno. Além disso, também verificamos quantas sinalizações não estavam mais lá, e tentamos identificar o motivo. O diagnóstico do Passeia, Jardim Nakamura foi bastante positivo pois, apesar de algumas placas terem sido retiradas, a maior parte continua no território e intacta. Abordaremos a questão em mais detalhes no capítulo “Resultados”.

Questionário com passantes Para conhecer a opinião das pessoas é preciso dialogar com elas. Como fizemos? Na mesma época do diagnóstico, mobilizamos alguns voluntários moradores e colaboradores para nos ajudar a aplicar os questionários com pessoas que passavam nas ruas do bairro. O objetivo era entender como tinha sido a percepção do projeto e se acreditavam que o projeto era positivo para o bairro. 50

Aplicação de questionário com crianças do bairro. Foto: Artur Kim Shum


Voluntária aplicando o questionário com moradora. Foto: Letícia Sabino.

Entrevista semi-estruturada com atores Para identificar se houve valorização é preciso que os atores identificados reconheçam as melhorias propostas. Como fizemos: Marcamos horário com alguns dos atores e locais que foram identificados pelas sinalizações para conversar a respeito de suas impressões sobre os efeitos das sinalizações para eles e para o bairro. A conversa foi feita de forma estruturada, porém aberta, e toda gravada.

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RESUL TADOS & DESDO BRA MENTOS 4


RESULTADOS A experiência com o projeto de legibilidade cidadã “Passeia, Jardim Nakamura” mostrou que é possível realizar um projeto de sinalização de bairro com origem autoconstruída em conjunto com a população local. A partir da análise das avaliações realizadas, foi possível compreender a relação e a percepção dos moradores e passantes do entorno em relação ao impacto do projeto na valorização do bairro, integração de pessoas e relação com as sinalizações instaladas. O diagnóstico do estado das placas, realizado quatro meses após a instalação, apontou que a conservação está boa. No momento da instalação das sinalizações, alguns moradores relataram acreditar que elas “não iriam durar”. Mas constatar a permanência, reforçou que houve apropriação e respeito ao projeto por parte dos moradores e moradoras. Outro diagnóstico interessante foi observar que um local específico em que foi instalada uma sinalização nas grades de uma funilaria e mecânica acabou inspirando outras sinalizações a aparecerem, como uma oficial da subprefeitura e outra de um local de reciclagem.

No entanto, pudemos identificar também que algumas placas indicativas não estão mais onde foram instaladas, e a maior incidência de placas retiradas foi identificada nas entradas dos escadões pela avenida que passa no bairro (avenida Agamenon). Uma das nossas suposições para esta ocorrência é que ali não há comércio e nem outros olhos e zeladores naturais do espaço, além de ser um local de passagem bastante hostil e ermo para quem está a pé. 54


Fotos: Leticia Sabino

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Com relação a intervenção nas placas, a única constatada, foi um risco preto sobre o nome de uma moradora do bairro, para ocultar esta informação. Que soubemos ter sido feita pela própria moradora para não se expor. Com relação aos questionários aplicados aleatoriamente a pessoas passando na rua, dos respondentes, 94,9% eram moradores, a maioria do sexo masculino, e cerca da metade possuía de 13 a 45 anos. Segundo eles, as informações e mapas apresentados nas sinalizações estavam fáceis de compreender. Ainda assim, cerca de 22% indicou que apesar de notar as placas, não leu as informações apresentadas. Crianças, de 0 a 12 anos, corresponderam a 4,2% dos entrevistados, e segundo uma delas, “o texto assusta um pouco, mas quando comecei a ler, achei muito legal!”. Outra informou contente: “aprendi com o projeto como chegar na Escola do meu amigo”.

Avaliação da compreensão dos moradores em relação às informações apresentadas nas sinalizações

Fonte: Elaboração própria

Em relação à percepção sobre a valorização do bairro, 87% dos participantes indicaram que concordam totalmente que o projeto auxilia na valorização do território. Quase o mesmo número também acredita que seria importante ter este tipo de iniciativa em outros bairros. Segundo um morador, “Contar as histórias do bairro é uma forma importante de não perder sua memória”.

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Percepção dos moradores e visitantes sobre a valorização do território a partir do projeto de legibilidade

Fonte: Elaboração própria

Sobre os resultados do projeto em integrar os atores no território e disseminar as iniciativas e serviços que ele possui, a maior parte dos entrevistados informaram que não chegaram a ir conhecer novos locais, embora tenham apontado ter aprendido sobre alguns lugares e histórias através das placas. A Mina d’Água e o Favela da Paz foram os lugares que as pessoas mais apontaram haver sabido da existência pela sinalização. Alguns também disseram terem aprendido sobre a formação do bairro, a histórias da existência de jacarés no bairro e até o significado de M’boi Mirim. A maioria considera que para visitantes e para moradores novos, o projeto de sinalização é muito importante. Neste sentido, uma das participantes que está morando há menos de 6 meses no bairro informou que se localizou no território novo a partir das sinalizações indicativas. Ainda sobre a utilidade das mesmas, um morador comentou que além de valorizar o bairro, o sistema de sinalização é importante pois auxilia na segurança. Segundo ele, “às vezes algumas pessoas têm medo de entrar numa viela por não saber o que tem lá, então as sinalizações ajudam a pessoa a saber como chegar nesses lugares e se sentirem mais seguras”. Ao avaliar as entrevistas semi estruturadas realizadas com atores identificados, o resultado também foi bastante positivo. Em relação às placas em si, eles aprovaram o tamanho, as cores e a altura implementada. Comentaram que apesar de não as usarem para se situar no bairro, perceberam que outros moradores começaram a identificar lugares que não conheciam, como suas próprias iniciativas. Também alegam que aprenderam as histórias da formação do bairro. 57


“Tem gente que não conhecia a Mina d’água, mas quando viu nas placas foi conhecer”

“Me senti valorizado porque eu já vi muita gente de fora e vieram falar comigo que: ‘aqui está da hora, tinha uns 10 anos que eu não andava aqui, antes tava de outro jeito, mas essas placas e vocês coloriram a quebrada’”

“Indicamos para as pessoas de fora quem vem nos visitar: ‘Se tiver perdido no bairro, olhe as plaquinhas’”

“O pessoal mais ‘antigo’ relembra memórias do passado através das placas”

“A gente fala para as pessoas quando chegam no bairro olharem as plaquinhas na M’Boi Mirim para saber como chegar aqui”

Perguntamos também que outras ações de melhorias no bairro gostariam de ver e algumas ideias que apareceram foram atividades de esporte e uso da rua como espaço de brincar para as crianças e espaço cultural.

Desdobramentos Passeio a Pé Desde o início do projeto proposto foi prevista uma etapa posterior à instalação das sinalizações: a criação de um roteiro de passeio a pé no bairro, com treinamento de alguns moradores para conduzirem.

Grupo no passeio a pé. Foto: Fluxo Imagens.

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Os passeios fazem parte do objetivo de trazer pessoas de fora do bairro, ampliar as trocas sociais e aumentar a autoestima local. Além disso, também os passeios buscam gerar uma fonte de renda no próprio território a partir de roteiros de turismo educativo e comunitário.

Visitando a loja de pipas do bairro. Foto: Fluxo Imagens.

Para isso, desenvolvemos um treinamento de alguns moradores que foram aliados ao longo do processo e que mostraram ter características agregadoras no bairro. O Instituto COURB convidou uma colaboradora turismóloga, desenvolveu em conjunto uma dinâmica de turismo de base comunitária e o SampaPé! compartilhou sua expertise e o “como fazer” de seus passeios a pé.

Contando sobre os escadões do bairro. Foto: Fluxo Imagens.

O passeio foi realizado com apoio de comunicação e divulgação das organizações propositoras do projeto, e foi conduzido pelos moradores. Além disso, incluiu almoço do Vegearte, projeto de alimentação saudável no bairro, finalizando com um bloco de carnaval. 59


Outros Desdobramentos Com a realização do projeto podem surgir outros caminhos também não planejados que impactam na transformação e acesso do bairro. Em relação à comunicação, tivemos como desdobramento importante o registro e divulgação do projeto em grandes mídias. Tivemos uma matéria na Globo sobre o passeio e fomos convidadas a participar de um programa na Band News por conta do projeto.

Matéria no G1 - Globo Disponível em http://g1.globo.com/sao-paulo/videos/t/sptv-1-edicao/v/moradores-guiampasseio-pelo-jardim-nakamura-em-sp/7502874/

Programa Capital Natural - Bandnews Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=aGPigEV4O3k&t=216s

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No âmbito de melhorias propostas pelo poder público, o desdobramento de maior impacto tem relação com a segurança viária. Neste sentido, o bairro vai receber o projeto da CET de Rotas Escolares Seguras. Tal realização foi impulsionada pela atuação no território em combinação com a demanda dos moradores em audiência pública. Como o SampaPé! tem atuação de participação e incidência política na Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transportes, a organização foi contatada pela CET para auxiliar na implementação do projeto.

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PRÓXI MOS PAS SOS 5


PRÓXIMOS PASSOS Um projeto nunca termina, e abre continuamente novas possibilidades a serem desenvolvidas.

Jardim Nakamura Identificamos, após a avaliação do projeto, muitos desdobramentos possíveis, conforme apontado a seguir. PASSEIOS A PÉ • Criar novos roteiros para o bairro, pensando em outros públicos, narrativas e linguagem; • Criar propostas de roteiros educadores envolvendo educadores e escolas; • Criar propostas para instituições culturais; • Procurar editais para viabilizar passeios gratuitos no bairro.

HISTÓRIAS IDENTIFICADAS MAS QUE NÃO CONTAM COM REGISTRO • Estimular etnografias e trabalhos acadêmicos no território; • Fazer projeto em parceria com o Museu da Pessoa para captar a história oral local; • Promover um projeto de criação de publicações e zines com as histórias locais.

MELHORIA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS • Melhor zeladoria do bairro pela subprefeitura e com reivindicação dos moradores; • Promover projetos de gênero e mobilidade a pé. 64


ABRANGER A PARTICIPAÇÃO E PROMOVER A VALORIZAÇÃO CONTÍNUA DO TERRITÓRIO • Desenvolver um mapa cultural do bairro, estimulando as pessoas a irem conhecer o território por conta própria; • Promover um festival no bairro para que cada pessoa ofereça algo a visitantes, como se estivessem “abrindo suas portas”, para conhecerem o bairro, as potencialidades e as pessoas.

Organizações Alguns desdobramentos para as organizações envolvidas são:

Desenvolver processos de legibilidade cidadã em outros bairros;

Replicar a experiência em congressos e eventos;

Escrever artigos sobre a experiência;

Articular políticas públicas de sinalização e legibilidade para pedestres.

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AS ORGA NIZA ÇÕES 6


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O Instituto COURB é uma ONG fundada em 2015 por uma rede de profissionais multidisciplinares com o objetivo de promover a colaboração entre diferentes atores urbanos na construção de cidades inclusivas. Promove anualmente encontros nacionais de urbanismo colaborativo para integração de estudantes, organizações, agentes públicos e privados; seminários mensais de capacitação; além de desenvolver projetos, ações e planos em parcerias com organizações e governos locais de diferentes cidades do Brasil.

courb.org

facebook.com/InstitutoCourb

contato@courb.org

instagram.com/institutocourb

O SampaPé! é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2012, que tem como objetivo melhorar a experiência do caminhar nas cidades. Para isso, atua na promoção da cultura do caminhar e na humanização das cidades, usando a caminhada como meio e como fim. A organização acredita que na velocidade e perspectiva da caminhada é possível interagir com a cidade, estimulando a criatividade, a cidadania e a curiosidade de forma saudável, sustentável e integradora. sampape.org

facebook.com/sampape.sp

contato@sampape.org

medium.com/@sampape

instagram.com/sampapesp

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REFERÊNCIAS EMPLASA, Jardim Ângela, segundo unidades de Informações Territorializadas, São Paulo, 2008. DIAGNÓSTICO DE M’BOI MIRIM. Disponível em: https://ceapg.fgv.br/sites/ceapg.fgv.br/files/u60/diagnostico_de_saude_ mboi_2008.pdf CALDEIRA, T. CIDADE DE MUROS: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo, São Paulo: EDUSP, 2001 EMPLASA, Jardim Ângela, segundo unidades de Informações Territorializadas, São Paulo, 2008. LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. 1960. LAMAS, José. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. REDE NOSSA SÃO PAULO. Mapa da Desigualdade 2017. Disponível em: https://www.nossasaopaulo.org.br/portal/arquivos/mapa-dadesigualdade-2017.pdf

Assista ao vídeo Passeia, Jardim Nakamura no Youtube: https://youtu.be/UehuhTvc0GM

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