Pedro e Inês de Castro (Material do Professor)

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MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR UMA HISTÓRIA DE AMOR E GUERRA HELENA GOMES

TRGD Editorial Via das Samambaias, 102 – Sala 04 Jardim Colibri – Cotia/SP – CEP: 06713-280

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – PNLD 2021 Ensino Médio Título da obra PEDRO E INÊS DE CASTRO: UMA HISTÓRIA DE AMOR E GUERRA ISBN 978-85-54179-12-0 (Manual do professor) Formato 135 mm x 205 mm Nº de páginas 256 Autora Helena Gomes Editora TRGD Gênero Romance Temas Ficção, mistério e fantasia

5 Sumário Carta ao professor 7 Sobre a autora 12 Propostas de atividades I 13 Pré-leitura 13 Leitura 15 Pós-leitura 17 Propostas de atividades II 19 Pré-leitura 19 Leitura 21 Pós-leitura 23 Aprofundamento e Referências Complementares 26 Bibliografia comentada 28

Pedro e Inês de Castro conta a história de amor entre Pedro I de Portugal e Inês de Castro, que foi inspiração para célebres autores, dentre eles Garcia de Resende, Luís de Camões, Bocage, Alexandre Herculano e Agustina Bessa-Luís. A história se passa na Idade Média entre os anos de 1320 e 1367.

Ele, herdeiro do trono português, filho do Rei Afonso IV e da Rainha Beatriz; ela, filha de Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do rei D. Afonso XI do reino de Castela, e de uma dama portuguesa.

Pedro I, no entanto, já era casado com Dona Constança Manuel. O casamento entre os nobres era uma união que visava à expansão de suas riquezas; não se baseava no sentimento de amor entre os nubentes. Os filhos da nobreza tinham casamentos já decididos por seus pais desde a mais tenra idade ou, muitas vezes, antes de nascerem.

O livro que chega até você conta a história de um amor proibido entre dois protagonistas que existiram de verdade! Seria possível amar alguém além da vida? Quem trocaria o poder e o prestígio da realeza para viver um amor verdadeiro em uma paisagem bucólica? Esse romance ultrapassou a fronteira entre dois reinos antagônicos e tornou-se uma lenda, segundo a qual os súditos foram obrigados a beijar a mão de uma rainha coroada… morta! Parece bem macabro, não é?

Olá, professora! Olá, professor!

Eventualmente, mudavam-se os “pretendentes”, caso outro oferecesse maior vantagem. A mulher nunca tinha poder de decisão e nem sequer podia opinar sobre questões políticas.

Carta ao professor

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O livro de Helena Gomes reconstitui a história desses dois personagens históricos a partir de uma perspectiva intimista, humana e

Poderia o futuro rei de Portugal comprometer a reputação da Coroa e a confiança de seus súditos? Deveria seguir seu coração e abdicar do futuro trono? Ou reconciliar-se com a retidão que é esperada de um rei e cumprir o destino que determinaram para ele?

O infante se apaixonou por Inês desde sua chegada, na comitiva de Dona Constança, e, embora casado, tornou-se amante “secreto” da dama de companhia.Todo o reino comentava com alarde e reprovação.

Pertencer à realeza significa desfrutar dos privilégios da opulência, mas também conviver com os dissabores dos jogos de interesse e da cobiça, e com o risco de morte constante. É como materializar-se em um tabuleiro de xadrez na vida real. Um jogo de estratégias que devem ser meticulosamente planejadas, no qual as jogadas do adversário devem ser previstas e, para cada movimento, é desejável um contra-ataque ainda mais pujante ou a perda de território, culminando com a derrubada do soberano.

D. Afonso IV temia que um herdeiro de Inês de Castro ameaçasse a Coroa portuguesa. Era preciso agir com rapidez. Estava prestes a acontecer um dos episódios mais macabros da história de Portugal e uma das mais lindas histórias de amor já conhecidas. Dessa passagem, originou-se a frase “Agora Inês é morta”, usada ainda hoje em situações em que alguém insiste em uma investida quando algo já aconteceu, inoculando seu esforço. No mosteiro de Alcobaça, há dois túmulos cuja beleza singular os coloca entre as maiores obras de arte da história da humanidade, um em frente ao outro. Entre os entalhes é possível se avistar uma inscrição, que alguns estudiosos afirmam dizer: “Até o fim do mundo”.

Segundo Larrosa (2013, p. 19), “experiência é aquilo que ‘nos passa’, ou que nos toca, ou que nos acontece, e ao nos passar nos forma e nos transforma”. O estudante do Ensino Médio é um adolescente que experimenta ou já experimentou com intensidade seus primeiros conflitos amorosos; amores impossíveis, uniões que desagradam aos seus pais, traições, corações partidos…

próxima do contexto da época. Os dados foram retirados de docu mentos, de crônicas e de lendas criados por renomados autores, que tiveram esse episódio como inspiração.

A narrativa de Pedro e Inês de Castro é repleta dessas experiências intensas, e convida esse jovem leitor a se colocar no lugar dos personagens e viver suas angústias e momentos de alegria em Portugal, na Idade Média. Isso faz do material um campo fértil para o desenvolvimento e aprimoramento de competências e habilidades relacionadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como, por exemplo: compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo precon ceitos de qualquer natureza. (BNCC, p. 484)

Figuras e passagens históricas se misturam com a imaginação da autora para preencher as lacunas de dados não encontrados ou infor mações inconsistentes sobre algum acontecimento, mas é evidente seu compromisso com a historiografia oficial, tanto quanto possível.

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Esse romance histórico pode ser ponto de partida para experiên cias interdisciplinares, de modo a aprimorar a relação entre os estudantes, dos estudantes com os professores e também dos próprios pro fessores entre si, e a articulação de suas estratégias de trabalho.

Como se trata de narrativa de ficção que toma por base episódios da historiografia oficial, possibilita também o trabalho com variados gêneros textuais, que vão desde o romance, a biografia, a historiografia linguística e a poesia até a pesquisa em textos científicos das diversas áreas do conhecimento.

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Os professores podem, ainda, utilizar com os estudantes estraté gias de diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) e oportunizar que os alunos [exerçam], com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem ooutro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global. (BNCC, p. 481) O romance faz referência à “peste negra”, que dizimou parte da população de Portugal e de outros países. O advento da peste coin cidiu com o período de expulsão dos mouros da Península Ibérica, de modo que a epidemia foi associada à presença deles, inflamando ainda mais a população contra esse povo. Assim, é possível visualizar a articulação entre as áreas de Ciências Humanas e Ciências da Natu reza, relacionando esses fatos ao momento da pandemia de Covid-19, inclusive no que diz respeito ao impacto nas relações sociais e econô

O bullying também pode ser abordado mediante referência ao distúrbio da fluência da fala que Pedro I apresentava. A autora encontrou registros que mencionavam essa dificuldade apresentada pelo monarca. Também há referência no romance ao sentimento de “menos valia” de Pedro I, devido à forma como era avaliado pelas pessoas mais próximas quanto à sua aparência — sua obesidade é notória —, oque intensificava ainda mais sua insegurança e, por conseguinte, sua dificuldade de falar em público (EM13CHS201; EM13CHS502).

11PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021 micas dos países, bem como trabalhar questões sobre preconceito e bullying.

Helena Gomes nasceu em Santos, no litoral paulista, em 12 de setembro de 1966. Formada em Jornalismo, tem pós-graduação na área de Educação e trabalhou como diagramadora, repórter, editora, assessora de imprensa e professora universitária.

Sobre a autora

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Como escritora, tem quase 50 livros publicados, a maioria dirigida ao leitor infantil e juvenil. Com um livro escrito em coautoria, venceu o Prêmio FNLIJ 2019 – Produção 2018 na categoria Reconto. Também foi quatro vezes finalista do Prêmio Jabuti. Alguns de seus livros receberam o Selo Altamente Recomendável da Fundação Na cional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e foram escolhidos para representar a Literatura Brasileira no catálogo da FNLIJ para a Bologna Children’s Book Fair e na Machado de Assis Magazine para o Salão do Livro de Paris.

13PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021 Propostas de atividades I

A socialização e os registros são muito importantes, pois serão utilizados para as atividades após a leitura do romance.

Essas etapas estão de acordo com a Base Nacional Comum Cur ricular nas seguintes competências: • Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitan do as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na de mocracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de con flitos e a cooperação e combatendo preconceitos de qualquer natureza (BNCC, p. 484).

Pedro e Inês de Castro é um romance histórico, cujo enredo se de senrola sete séculos atrás. Para aguçar a curiosidade dos estudantes nos questionamentos iniciais a respeito da obra, seria interessante que o pro fessor propusesse reflexões que confrontassem o aqui e agora com outros espaços, tempos, comportamentos, crenças e práticas sociais. Tais questionamentos podem ser ainda mais estimulados se os estudantes forem orientados a pesquisar na internet ou em livros sobre como seria sua vida na Idade Média, comparando suas atuais preocupações, afa zeres, projetos de vida, relações sociais, cotidiano e classes sociais com a estrutura social daquele período, sobretudo na Península Ibérica, de onde herdamos parte de nossa cultura, crenças e comportamentos.

PRÉ-LEITURA

As relações de poder, tanto em nossos dias quanto há sete séculos, expressam-se por meio da linguagem. A reverência na forma como pessoas de classes sociais diferentes se tratavam é causada pelas relações de poder desiguais, seja entre gêneros, seja em relação à posição social, revelando-se determinantes para o que se pode ou se deve falar.

Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens ar tísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crí tica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas (BNCC p. 482).

A realização de pesquisas sobre a vida cotidiana na Idade Média terá como fontes pinturas e textos pertencentes a diversos gêneros: crônicas, poemas, peças teatrais, cartas, escrituras (registros) antigos de proprie-

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• Compreender as línguas como fenômeno (geo)político, histó rico, cultural, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo suas variedades e vivenciando-as como formas de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como agindo no enfrentamento de preconceitos de qual quer natureza (BNCC p. 481). A língua não é estática, ela se transforma de modo contínuo por meio das práticas sociais, recebendo novas influências e necessidades. A língua falada na Península Ibérica na Idade Média não era a mesma falada em nossos dias; mesmo na atualidade, há variações de acordo com faixa etária, região, classe social ou profissão dos falantes.

15PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021 dades etc., nos quais se expressam as diferenças de tempo, espaço e ori gem social que, confrontadas às experiências atuais dos nossos estudantes, podem estimular reflexão e posicionamento crítico em relação aos costumes ao longo da História.

• Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva (BNCC p. 482). A prática de pesquisa na internet requer cuidados próprios e necessários, que perpassam a ética e o posicionamento crítico. Quais websites de pesquisas são confiáveis? Quem é responsável pelas afirmações encontradas? Quais fontes e descobertas conduziram aos resultados encontrados? Trata-se de prática mediada pelos professores e é aconselhável que cada cuidado seja justificado junto aos estudantes, antes e durante as pesquisas.

LEITURA

Após a pesquisa e a socialização dos resultados, utilizadas como estratégias de pré-leitura, os estudantes terão o olhar mais aguçado para os diversos elementos presentes no romance Pedro e Inês de Castro. Assim, o professor poderá orientar a exploração dos elementos da narrativa durante a leitura da obra, contribuindo para a construção dos sentidos no texto. A seguir estão elencadas algumas sugestões de questionamentos para a fase de pré-leitura.

7. Há espaços para a fala direta dos personagens? Como é mar cado e/ou identificado o discurso direto? (É importante que o professor aborde com os estudantes os conceitos sobre discurso direto, indireto e indireto livre.)

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6. Em quais espaços ocorrem os principais acontecimentos? Esses lugares existiram ou existem? Quais as características marcantes desses espaços?

11. O desfecho de uma história corresponde à forma como o pro blema central é solucionado. Nem sempre essa solução corresponde a um final feliz. Qual o desfecho da história?

2. A partir de qual ponto de vista a história é contada? Quem a conta? Esse narrador participa da história ou a observa? Ele sabe o que os personagens pensam e sentem? Quais evidências podem confirmar as características desse narrador?

9. Durante o desenrolar da narrativa, diversos problemas surgem, conduzindo a uma multiplicidade de conflitos. Dentre eles, há um principal, que é motivador da criação do romance. Qual seria esse conflito? (EM13LGG203)

1. O título da obra nos remete a algum resultado da pesquisa previamente realizada?

3. Quem são os protagonistas da história? Esses protagonistas realmente existiram?

8. Há algum registro do discurso indireto livre?

10. Qual acontecimento desencadeia o conflito principal?

4. Quais as características físicas e psicológicas dos personagens principais?

5. Quando se passa a história?

O professor de Língua Portuguesa poderá conduzir um trabalho que explore a intertextualidade entre Pedro e Inês de Castro e o “Canto III” de Os lusíadas, de Luís de Camões. O “Canto III” é o capítulo de seu poema épico que aborda a história de Pedro I e Inês de Castro. Nessa ocasião, o professor pode explorar as especificidades da poesia épica e comparar características do período denominado Classicismo ou Renascentismo, ao qual pertence o autor de Os lusíadas, e do pe ríodo em que ocorreu a história original, por meio da leitura do poema de Garcia de Resende, poeta medieval português, representante do período literário chamado Trovadorismo, inspirado pelo mesmo acontecimento histórico. (EM13LGG603)

PÓS-LEITURA

13. Durante a leitura do romance, duas famosas frases foram ditas.

12. Que acontecimentos levaram D. Pedro I a ficar conhecido como “Pedro, o cruel”?

Quais são elas e em quais ocasiões foram pronunciadas?

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Como as informações a respeito da história real são escassos e envoltos, muitas vezes, em lendas, a autora optou por recorrer à licen ça poética ou artística à procura de completar as lacunas existentes. Assim, temos vários argumentos por ela inventados que justificam elementos reais para os quais não encontrou explicações factuais. É o caso da construção do túmulo dos dois amantes, com os delicados en talhes contando sua história de amor. É o caso também da frase escrita aos pés do túmulo de D. Pedro I, supostamente significando “Até o fim do mundo”, segundo alguns estudiosos.

Nesse sentido, o professor pode instigar os estudantes a respon derem aos questionamentos:

b. O que motivou a escolha dessa frase para ser posta aos pés do túmulo de D. Pedro I?

c. Cite mais um exemplo de licença poética ou artística utilizada pela autora Helena Gomes para justificar elementos sem resposta na vida real.

O professor pode ampliar e aprofundar, nas aulas de Língua Por tuguesa, os estudos sobre a lírica trovadoresca: cantigas de amigo, cantigas de amor, cantigas de escárnio e cantigas de maldizer. A partir da identificação das principais características dessas cantigas, o professor pode solicitar aos estudantes que tragam canções atuais com as mes mas características e apresentem hipóteses ou inferências sobre a permanência desses gêneros na atualidade (EM13CHS103).

O produto final dessa pesquisa pode ser apresentado pelos estu dantes por meio de animações e vídeos desenvolvidos por eles, com auxílio ou uso de tutoriais de aplicativos gratuitos disponíveis para esse fim (EM13LGG704; EM13LGG701).

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a. Quais argumentos são usados na história para o processo de construção do túmulo?

A proposta de interdisciplinaridade é intrínseca ao texto aqui apresentado — uma abertura às áreas do conhecimento como intensificador do próprio conhecimento e potencializador de saberes. E junto, como numa espiral, as múltiplas formas de aprender interligadas às abordagens contemplam a variedade de informações e possibilitam que os diversos atores presentes possam interagir com o conhecimen to e produzir saberes.

Como disse Morin em A cabeça bem-feita (2003), os questiona mentos não buscam certezas ou respostas corretas, mas sim a curiosidade e, por conseguinte, a polivalência de suas informações com o propósito absoluto de se distanciar da “acumulação estéril”. A proposta de pesquisa inicial e levantamento de dados sobre a Idade Mé dia produz dados para a elaboração de estudos em diversas áreas do conhecimento. Conduzida por meio de questionamentos, os estu dantes são convidados a confrontar realidades diferentes sob variadas perspectivas. Tais questionamentos fomentam os estudos nas diversas disciplinas.

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Pedro e Inês de Castro é um romance histórico com amplo potencial semiótico. É possível mobilizar e integrar as diversas áreas do conhecimento

PRÉ-LEITURA

Propostas de atividades II

no trabalho com essa obra.

Os estudos nessa área, além de abordarem as epidemias e seus fatores desencadeadores, também podem investigar os impactos econômicos para cada época: na Idade Média e na atualidade. É interessante confrontar os números estimados da população mundial no período medieval e nos dias atuais, além dos fatores que potencializaram a contaminação das pessoas em cada época ( EM13CHS102 ; EM13CHS403 ).

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Os professores de Ciências Humanas e Ciências da Natureza podem conduzir e aprofundar os estudos sobre a epidemia da “peste negra”, ocorrida na Idade Média e mencionada no romance em questão.

Os estudos podem ainda problematizar os nomes dados a essas epidemias e as consequências da escolha desses nomes, como a perseguição de povos devido à associação das doenças a eles. Essa condução abre caminho para os estudos sobre os Direitos Humanos e sua importância na educação para a paz e o convívio entre os povos (EM13CNT310; EM13CHS605).

Em Ciências da Natureza, os estudos podem ser aprofundados no campo exploratório e conceitual da Microbiologia e da epidemiologia. É possível confrontar os dados daquela época e compará-los com os de outras epidemias ou pandemias já vividas pela humanidade, inclusive com a pandemia de Covid-19.

antibióticos

Ciências Humanas e Ciências da Natureza

Outros estudos a serem aprofundados são: a evolução do com bate às doenças, o desenvolvimento de remédios e a descoberta de e antivirais (EM13CNT310; EM13LGG101).

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Dentro da área de conhecimento Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, os professores de Artes, Educação Física e Inglês, uni dos ao professor de Língua Portuguesa, poderão conduzir as pesquisas relativas à linguagem corporal, às convenções sociais, ao vestuário e aos comportamentos e costumes na Idade Média, a fim de que o estudante confronte diferenças culturais e reflita sobre suas mudanças ao longo da História, favorecendo o pensamento crítico e o respeito às diferenças culturais relacionadas ao momento presente. Um exemplo que poderia propiciar uma ampla discussão, por confrontar práticas que não estão mais presentes em nossa cultura, são as relações de vassalagem: “Um homem ajoelha-se na frente de outro homem, une as duas mãos e as coloca nas mãos daquele que está em pé à sua frente. Enquanto isso acontece, o primeiro diz algumas palavras e se reconhece como o ‘ho mem’ do outro homem. Depois beijam-se na boca e estabelecem um acordo e uma amizade ‘civil’, o primeiro jovem jura sobre os Evange lhos ser fiel ao segundo por toda a sua existência. Esse era o ritual por que passavam funcionários reais, oficiais de todas as classes, clérigos e alguns camponeses, para assumirem suas funções. Com esse ritual, tornavam-se vassalos de seus senhores” (MICELI, 1992, apud CEREJA & MAGALHÃES. Panorama da Literatura Portuguesa. São Paulo: Atual, 1997) (EM13CHS102; EM13CHS104; EM13CHS105). LEITURA

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Os professores de Ciências da Natureza podem engendrar pesquisas com estudantes sobre como era o sistema de abastecimento

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Nessa pesquisa, os professores podem ainda analisar as referên cias à epidemia de “peste negra” ao longo da narrativa em questão, investigando os elementos que conferem verossimilhança ao texto sobre esse acontecimento.

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hídrico e de vazão de dejetos, tanto de pessoas comuns quanto de pessoas da nobreza, durante a Idade Média.

Os profissionais dessa área do conhecimento podem conduzir uma pesquisa no Ministério da Saúde sobre a incidência de doenças em razão da falta de saneamento básico e suas regiões de incidência. Pode-se relacionar a pesquisa à importância da gestão pública e da aplicação dos Direitos Humanos (EM13CHS305; EM13CNT310; EM13CHS605).

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Os professores de Artes , Educação Física e Inglês , unidos ao professor de Língua Portuguesa , poderão propor aos estudantes que encenem trechos do romance, buscando reconstituir o contex to histórico mediante pesquisa e reprodução de vestimentas, cená rios, penteados e calçados, para os quais poderão utilizar materiais recicláveis. Essa prática visa capturar e compreender o contexto da obra, bem como expressar-se e atuar em processos de criação autorais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (artes visuais e audiovisuais, dança, música e teatro) e nas intersec ções entre elas, recorrendo a referências estéticas e culturais, co nhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, sociais e políticos) e experiências individuais e coletivas. O produto final pode ser apresentado para a comunidade escolar ( EM13LGG501 , EM13LGG502 ; EM13LGG603 ; EM13LGG604 ).

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Para aprofundar esse estudo, sugerimos o livro de Stefan Ujvari: A história da humanidade contada pelos vírus. São Paulo: Editora Con texto, 2011. Ciências Humanas e as violências físicas e simbólicas men cionadas no romance O tema do bullying e da violência (física e simbólica) contra a mulher aparece em Pedro e Inêsde Castro . Os professores da área de Ciências Humanas podem promover ricas discussões sobre o tema “violências físicas e simbólicas”, exemplificadas no romance por meio do distúrbio de fala apresentado por Pedro I, sua obesidade e a forma como essas características foram utilizadas como fatores de manifestação dessas violências. A violência contra a mulher e a impossibilidade de sua partici pação nas decisões sobre sua própria vida ou convívio social, obrigando-a a se submeter às vontades de um homem (pai ou marido) também podem ser problematizadas, comparadas ao momento atual e discutidas sob a égide dos Direitos Humanos ( EM13CHS201 ; EM13CHS401 ; EM13CHS502 ; EM13CHS503 ).

PÓS-LEITURA

Os professores de Ciências da Natureza podem ampliar os estudos relacionados à Microbiologia propondo uma discussão acerca de como micro-organismos dizimaram populações, estimularam conflitos e provocaram migrações em massa. Essa pesquisa pode ser realiza da em grupos e apresentadas por meio de minidocumentários feitos pelos estudantes utilizando o recurso de seus aparelhos celulares.

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias O trabalho com as diversas manifestações artísticas é natural mente interdisciplinar, pois, ao mesmo tempo que temos o obje to artístico, temos a História e a Geografia implícitas do objeto, o contexto histórico-cultural, as técnicas utilizadas no passado, os re cursos do presente, as medidas de proporção na reconstrução, a ex pressão da linguagem, o desenvolvimento das habilidades cognitivas e manuais, a manifestação da análise crítica e a leitura de imagem, possibilitando a transformação e a compreensão da estética, de for mas, cores, dimensões, movimentos, mistura de conceitos artísticos, e também dos processos da natureza e do tempo. Adicionalmente a essas habilidades e competências, desenvolvem-se, por meio da arte, a aceitação às diferenças, o respeito às produções do outro, a com preensão da própria forma de expressão e a capacidade e vontade de superação diante da limitação de habilidades até então inexistentes.

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Dessa forma, os professores da área de Linguagens e suas Tecnologias podem propor o desenvolvimento de um painel feito com materiais modeláveis, como a argila. Os estudantes podem ser organizados em grupos e discutir passagens significativas do romance, as sociadas às pesquisas conduzidas até então sobre o assunto. A partir dos elementos que lhes forem mais significativos, os estudantes irão representar essas passagens por meio de símbolos que recuperem esse conteúdo ou etapas importantes do estudo realizado, compondo um

A educação pela arte viabiliza essa valoração do conhecimento contextualizado e a alfabetização dos sentidos, do gosto e da leitu ra. Segundo Louis Porcher (1982, apud ZAGONEL, 2008, p. 20), “[...] as pessoas não familiarizadas com a arte têm uma propensão à cegueira ou à surdez estética.”

25PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021 painel. Essa proposta poderá ser realizada em duas etapas: a primeira, em que planejam o conteúdo que vão representar, fazendo um esboço no papel; a segunda, em que vão realizar o projeto, modelando o painel com argila. O painel poderá ficar em exposição em um local da escola com ampla circulação, convidando os colegas a refletirem sobre a proposta, apresentada em resumo ao lado. Essa etapa final também poderá ser publicada no meio virtual, desenvolvido sob orientação do professor orientador de informática, criando assim um ambiente virtual de visitação (EM13LGG301; EM13LGG304; EM13LGG601; EM13LGG701)

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Aprofundamento e referências complementares

UJVARI, S. Ahistóriadahumanidadecontadapelosvírus. São Paulo: Editora Contexto, 2011.

SPINA, S. Presença da literatura portuguesa. 8. ed. São Paulo: DIFEL, s/d. Neste livro, o autor Segismundo Spina apresenta o contexto histórico dos primórdios da literatura portuguesa, apontando um panorama geral dos principais autores e obras desse período.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Maria Emantina Pereira. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997.

No capítulo “O romance de educação na história do realismo”, o autor remonta à história do romance, classificando o gênero a partir da imagem do herói apresentado em cada exemplo. Em cada classificação há um rol de características que ajudam a compreender melhor o gênero romance.

BRAIT, B. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. Este livro apresenta uma perspectiva crítica das concepções de persona gem e aponta também os diversos recursos apresentados em sua construção.

Neste livro, o autor reconstitui, a partir do mapeamento genético de micro-organismos, diversas passagens da História da humanidade; como guerras se iniciaram e terminaram; como populações inteiras foram dizimadas, bem como o desencadeamento de conflitos e a promoção de êxodos.

27PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021 Pedro e Inês (2018). Filme de António Ferreira com base no ro mance A Trança de Inês, de Rosa Lobato de Faria. Com Diogo Amaral, Joana de Verona, Vera Kolodzig, Cristóvão Campos, Cus tódia Gallego, João Lagarto, Miguel Borges e Miguel Monteiro. Trailer do filme disponível DocumentárioAcesso<https://www.youtube.com/watch?v=AYdUMDf8RuQ>.em:em:11jan.2021. Histórias que o Tempo Apagou – Porque Morreu Inês de Castro, da RTP. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=BF7TJKs-KBI>. Acesso em: 11 jan. 2021. O documentário, narrado pelo professor José Hermano Saraiva, reconta a história de Pedro I e Inês de Castro, passando por diferentes monumentos históricos e apresentando curiosidades sobre seus túmulos e personagens históricos.

ARIÉS, P.; DUBY, G. História da vida privada. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. v. 2.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília/MEC/Consed/Undime, 2017. As competências e habilidades indicadas nas propostas sugeridas foram extraídas do documento que hoje é a maior referência para a organi zação curricular do ensino.

CAMÕES, L. Os lusíadas. São Paulo: Martin Claret, 2005. O poeta Luís de Camões contou em “Os Lusíadas” umas das maiores aventuras da face da terra. Na obra de mais de 400 anos, deuses imortais e prodigiosos assumem formas humanas, submetendo os navegantes a confrontar muitos perigos, enquanto descobrem povos e mares antes desco nhecidos. Fatos históricos são contados com maestria nesse grande poema épico. O drama trágico de Inês de Castro é contado nas estrofes 118 a 135.

CEREJA, W.; MAGALHÃES, T. Texto e interação. São Paulo: Atual, 2000. Os autores trazem textos com questões dirigidas que conduzem aos principais elementos que constituem cada gênero textual.

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Importante pesquisa documental sobre a vida cotidiana durante a Idade Média, com referência a estudos de outros importantes pesquisado res. Inclui também diferentes registros iconográficos analisados.

Bibliografia comentada

Panorama da Literatura Portuguesa. São Paulo: Atual, 1997.

Este livro apresenta técnicas de análise do texto narrativo, oferecendo exemplos em textos e amostras de discurso direto, discurso indireto e indireto livre.

29PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021 ____.

GANCHO, C. V. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 1993.

A obra apresenta uma visão panorâmica da evolução da literatura portuguesa, destacando seus principais autores e obras, desde Camões até José Saramago.

COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.

O livro é resultado de uma ampla pesquisa no campo da historiografia linguística, apresentando, por meio da análise de documentos da Idade Média, a evolução da Língua Portuguesa nesse período.

LARROSA, J. Notas sobre a experiência e o saber de expêriencia. In: 13o COLE – Congresso de Leitura do Brasil. Campinas: Unicamp, 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2021.

HAUY, B. A. História da Língua Portuguesa I: séculos XII, XIII e XIV. São Paulo: Ática 1994.

É uma obra de consulta essencial para fomentar o trabalho com a leitura, tanto na escola como em outros espaços. Apresenta estratégias que compreendem desde a seleção de livros até a interpretação e a escrita, passando pelo estabelecimento de redes de informações.

MICELI, P. O feudalismo. São Paulo: Atual, 1992.

LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o neces sário. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Neste renomado trabalho, Morin confronta as práticas de um aprendizado cujo objetivo é a “acumulação estéril” em detrimento do aprendi zado que visa à integralidade e às relações com o mundo.

A autora apresenta uma importante pesquisa sobre a formação de leitores durante o período da formação básica do estudante, o que pode torná-lo também um bom escritor.

Nesta palestra, o professor Larrosa fala da importância de vivenciar as diversas situações de maneira significativa na Educação, ou a importância da experiência em detrimento do aprendizado com foco na reprodução.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003.

30 PEDRO E INÊS DE CASTRO - TRGD - 2021

ZAGONEL, B. Arte na educação escolar: metodologia do ensino de Artes. Curitiba: Ibpex, 2008. v. 1. Neste livro, a autora trata de como a arte aguça os sentidos para ampliar a relação do indivíduo com o mundo, proporcionando a construção de seus próprios significados e experiências, ampliando ainda as possibilidades de fruição da vida a partir de suas experiências com a arte.

O autor apresenta uma vasta pesquisa com inusitadas curiosidades sobre as convenções sociais na Idade Média no cenário europeu, como, por exemplo, o comportamento de reconhecimento da autoridade do senhor feudal, por meio do beijo na boca entre homens.

É permitida a criação de obras derivadas deste material desde que não tenham fins comerciais, atribuam crédito ao autor e licenciem as criações sob os mesmos parâmetros.

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