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cena 2
Caminhando pela rua, depois de ter ido encontrar o príncipe na casa de audiência para onde Montecchio também fora convocado, Capuleto, o pai de Julieta, encontra Páris, o parente do príncipe. Capuleto comenta que na idade deles não deveria ser tão difícil fazerem as pazes. Páris concorda e lamenta que as famílias vivam essa briga por tanto tempo e aproveita para cobrar a resposta em relação ao seu pedido da mão de Julieta em casamento.
Constrangido, Capuleto diz que não pode responder nada além do que já disse. – Minha filha ainda é muito criança, só tem catorze anos. Faltam dois anos para estar pronta e mais madura para o casamento.
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Mas Páris insiste alegando que conhece mães bem felizes até mais moças que ela. Capuleto então diz que Páris terá o seu consentimento se conquistar o coração de Julieta. – Se ela aceitar, se for você o escolhido, não irei me opor. Convidei amigos e pessoas que estimo para a festa anual de hoje à noite. Espero que possa estar presente. Você será muito bem recebido.
Depois Capuleto entrega uma lista de pessoas para o seu empregado mandando convidá-las para a festa. O empregado fica muito preocupado e pensa: “Ele me mandou
procurar os nomes que estão escritos aqui, mas eu nunca vou encontrar essas pessoas porque não sei ler. Vou procurar alguém que saiba e que possa me ajudar. Ah, que bom, vem vindo alguém aí!”.
Nesse momento, Benvolio e Romeu aparecem. Os dois conversam sobre a paixão de Romeu pela tal da Rosalina.
Benvolio continua tentando dissuadir Romeu: – Parece doido, Romeu. – Doido não, muito mais preso que um doido, encerrado numa prisão sem comer nem beber, chicoteado, atormentado e... Bom dia.
Nesse momento, os dois são interrompidos pelo empregado do senhor Capuleto, que se dirige a Romeu: – Bom dia, senhor. Será que consegue ler isso aqui? – Consigo. No meio da minha desgraça, será um alento – Romeu responde. – Será que o senhor consegue ler tudo o que vê? – o empregado quer saber. – Depende, se eu entender as letras e a língua, consigo sim.
Sem entender essa resposta irônica de Romeu, o empregado do senhor Capuleto ameaça ir embora, mas Romeu o detém. – Espera, eu posso ler para você – diz Romeu e lê: – “Senhor Martino, esposa e filha; conde Anselmo e suas graciosas irmãs; a viúva de Vitrúvio; o senhor de Placêncio e queridas sobrinhas; Mercúcio e seu irmão Valentim;
meu tio Capuleto, esposa e filhas; a minha bela sobrinha Rosalina; Lívia; o senhor Valêncio e primo Tebaldo; Lúcio e Helena”. Bela reunião. E para onde vai toda essa gente? – Para lá – responde o empregado. – Para quê? – Jantar na nossa casa. – E onde é a sua casa? – É do meu patrão. – Certo, eu devia ter perguntado isso primeiro. – E eu vou dizer logo, antes que pergunte. O meu patrão é o rico e poderoso Capuleto e, se você não for da casa dos Montecchio, eu o convido para beber um vinho. Passar bem.
O empregado vai embora e Benvolio explica: – É a tradicional festa dos Capuleto. Sua bela Rosalina, de quem tanto gosta, costuma jantar lá com todas as beldades de Verona. Vamos até lá e aí você pode compará-la aos outros rostos que vou mostrar. Vai se convencer que seu cisne não passa de um corvo. – Por acaso pode existir ali alguém mais bela que a minha amada? O sol que tudo vê jamais viu beleza igual desde que o mundo começou. – Claro, você diz isso porque nunca se aproximou de nenhuma outra; você só a colocou na balança dos seus olhos: mas se colocá-la num dos lados dessa balança de cristal e, do outro, uma beleza que eu vou lhe mostrar, que estará brilhando nessa festa, essa que agora lhe parece bela vai parecer completamente normal.
– Eu vou, não para ver essa beleza que você quer me mostrar, mas para gozar ainda mais o esplendor da minha adorada.