5 Os discursos do patrimônio em Manaus
Todas as palavras exigem o conhecimento do outro, da capacidade alheia de ouvir e entender, ler é decifrar um código comum, e nenhuma sociedade existe sem uma linguagem compartilhada por todos. Alberto Manguel
Depois de apresentar os aspectos da construção do espaço público em Manaus, qualificar as transformações operadas sob a denominação de
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revitalização e definir o referencial teórico que rege o presente trabalho, chega-se ao capítulo da análise das leis e decretos sobre o patrimônio, os discursos oficiais. Para esse momento, relembra-se que a metodologia da análise intertextual de Quentin Skinner prevê quatro momentos de análise e interpretação: texto e contexto e motivos e intenções do discurso. A análise do texto está fundamentada no estudo do vocabulário e expressões aos quais Skinner chamou de “atos linguísticos” e na relação destes com outros textos. A atenção maior em todo este trabalho, como também já foi explicitado, ficou em torno do vocabulário como gerador para esse processo de interpretação. A intenção foi caminhar na direção de um estudo do pensamento político a partir dos discursos relacionados ao patrimônio. A proposta deste capítulo é, portanto, refletir sobre como e até que ponto os discursos do patrimônio interferem na construção do espaço público no Centro Histórico de Manaus. Para isto foram selecionados e analisados dez textos em busca do vocabulário normativo, entre leis e decretos estaduais e municipais e o documento federal de tombamento do Centro Histórico. Além desses textos, foram verificados os periódicos de 1997, quando começou o projeto de revitalização do Largo e os periódicos de 2004, quando o Largo foi aberto à população. Esses dois períodos foram selecionados como marcos de construção por se tratarem do momento de construção do espaço e de construção do discurso,