Caderno de Conceitos e Propostas Educativas
Professor, Este material educativo foi pensado e criado com base na exposição Sergio Camargo: Luz e Matéria, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo, de 28 de novembro de 2015 a 9 de fevereiro de 2016. Apresentamos a obra de um dos mais importantes escultores brasileiros expondo seus processos criativos e propondo a elaboração de experiências inventivas que explorem os seus princípios. O objetivo desta publicação é proporcionar embasamento teórico sobre a obra do artista e o seu contexto histórico, com sugestões de atividades que podem ser adaptadas a diferentes perfis de estudantes e tipos de material. Saiba mais sobre a exposição na matéria. Outras informações sobre Sergio Camargo podem ser encontradas no site do Instituto de Arte Contemporânea e na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. Conheça também a publicação sobre Sergio Camargo: Luz e Matéria no nosso perfil no Issuu.
No site do Itaú Cultural, você também pode explorar com seus alunos o percurso educativo Modernismo Passo a Passo, composto de animações, jogos e outros recursos interativos criados para facilitar a compreensão dos c aminhos que levaram os artistas brasileiros a desenvolver obras como a de Sergio Camargo. Em O Moderno Depois do Modernismo, entende-se a relação do artista com sua época. O conteúdo foi disponibilizado em áudio, mas a comunidade surda poderá acessar a transcrição das locuções neste link. Além desse conteúdo, podem ser ótimas fontes de pesquisa complementar os materiais educativos sobre o artista visual Waldemar Cordeiro, sobre o arquiteto Oscar Niemeyer e sobre a exposição Moderna para Sempre, que tratou da fotografia modernista brasileira. Tenha ótimas experiências!
“Era uma vez um homem fascinado / tomado pelos conceitos, ou pela ideia de conceito ou pelo conceito das ideias.” Sergio Camargo no livro de poesia Preciosas Coisas Vãs Fundamentais (2010)
Apesar de as obras mais conhecidas de Sergio Camargo terem sido produzidas nos anos 1960, sua pesquisa plástica se inicia muito antes. Nascido em 1930, no Rio de Janeiro, muda-se aos 16 anos para Buenos Aires, na Argentina, onde frequenta a Academia Altamira, escola artística de vanguarda. Lá, tem contato com o pintor e escultor Lucio Fontana. Já nesse período, Camargo se encanta com o construtivismo argentino. O termo “construtivismo” se refere ao movimento de vanguarda russo que influenciou fortemente a produção de artistas latino-americanos nos anos 1950 e 1960. Essa vertente artística abandona a ideia de representação e passa a trabalhar com os pressupostos da construção: mantendo maior proximidade com a arquitetura e as artes aplicadas, dialogando com o espaço em que se insere a obra e fazendo uso de materiais fornecidos pela indústria. Esse tipo de reflexão caminhará junto com o processo criativo de Sergio Camargo.. Em 1948, vai para Paris e fica encantado com o clima de liberdade do pós-guerra. Inicia o curso de filosofia na Sorbonne e tem aulas com o filósofo Gaston Bachelard – pensador dedicado à filosofia da ciência e à filosofia da criação poética. É também na França que Camargo conhece diversos artistas importantes para sua formação, como Hans Arp e Georges Vantongerloo. Além disso, as constantes visitas ao ateliê de Constantin Brancusi serão determinantes para o desenvolvimento de seu processo de trabalho.
Quando retorna ao Brasil, no início dos anos 1950, produz sua primeira série de esculturas abstratas, chamada Germinal, mas logo retorna à representação figurativista com esculturas de nus femininos, sem deixar de lado as relações de forma e volume presentes em suas experiências abstratas. Convide a sua turma para uma reflexão a partir desta citação retirada do documentário Se Meu Pai Fosse de Pedra (2009), dirigido por Maria Camargo: “O que me interessa nas árvores, na vegetação em geral, na coisa da natureza, é a parte estrutural da natureza. Tudo tem a sua ordem própria: como os galhos saem de uma árvore, como as folhas saem do galho. Tem que ter uma ordem muito determinada. Da mesma maneira que em mineralogia, ou que, sei lá, em formas de biologia marítima, caracóis, caramujos e coisas assim, tudo. Tudo não tem um esqueleto? Então pronto”. Proponha aos alunos um exercício de observação das formas do que os cercam. Crianças pequenas podem focar figuras geométricas. Já as maiores podem analisar o que constitui os objetos, suas relações internas de equilíbrio – como eles se mantêm de pé? – e, além disso, podem comparar as criações da natureza com os objetos construídos pelo homem. Conversem sobre as estruturas invisíveis que moram em cada coisa.
Sem Título, déc. 1970 relevo madeira pintada acervo Banco Itaú (São Paulo/SP) foto: João Luiz Musa
O QUE MORA DENTRO DO MEU CORPO?
Propomos aqui um exercício adequado a qualquer faixa etária: o reconhecimento de estruturas em nosso corpo. Os professores de educação física, de artes e de biologia podem trabalhar em conjunto. O resultado da atividade será um trabalho plástico que deve gerar desdobramentos interessantes quando associado a outras disciplinas. O que permanece e o que muda em nosso corpo quando ele se move? O livro Cérebro Ativo, do educador e bailarino Ivaldo Bertazzo, pode nos ajudar nessa atividade. Segundo ele, todos os seres humanos têm três grandes massas que se posicionam de maneiras diferentes em cada indivíduo: a cabeça, o tórax e a bacia. O desafio é equilibrar essas partes, tanto estando parados quanto em movimento. Vamos analisar nossos corpos? Peça que formem duplas e que cada um faça uma observação da estrutura do corpo do outro. Primeiramente, é preciso definir quais formas geométricas podem sintetizar as partes do corpo. Qual forma têm a cabeça, o tronco, as pernas? Como nosso corpo é todo articulado, braços, antebraços, partes de cima e de baixo do tronco devem ser sólidos separados. Peça que recortem figuras geométricas seguindo as proporções de cada parte do corpo, formando bonecos cujas partes podem ser interligadas com um barbante para facilitar a manipulação.
Como em um desenho de modelo vivo, o aluno/modelo faz uma pose e o outro tenta reconstruí-la na relação das formas. Vários desenhos podem ser compostos – o estudo dessas possibilidades será um processo de reflexão artística.
fotos: André Seiti/Itaú Cultural
Peça aos alunos que registrem em fotografia as diversas possibilidades; se esse recurso não estiver disponível em sala, podem ser feitos desenhos – o importante é a documentação do processo.
“Se você pega, tira uma fotografia, por exemplo, de uma mulher em pé perfeita, não é? Bem plantada. Está ali. Agora, se coloca um samba, se ela começar a gingar, já muda muito. [...] No entanto, a estrutura é a mesma. O esqueleto dela é o mesmo, os músculos são os mesmos, não é? Só que muda a relação dos eixos, da cabeça com a cadeira, com o joelho, com o nariz... Então vai mudando. E se não tiver equilíbrio ela cai.” Sergio Camargo em Se Meu Pai Fosse de Pedra (2009)
O exercício também poderá ser feito com argila, criando sólidos tridimensionais – como o fazia Sergio Camargo. Dessa maneira, não só a síntese da forma e a composição das massas serão trabalhadas, mas também o equilíbrio (para manter a escultura em pé).
“Brincar brincares brincar na linha Que volteia e segue Circunscreve e os abrange Volumes Quando os desenha […]” Sergio Camargo em Preciosas Coisas Vãs Fundamentais (2010)
No início dos anos 1960, Camargo volta a residir em Paris, cursa sociologia da arte com o historiador Pierre Francastel e realiza experimentos com estruturas irregulares em gesso, areia e tecido. Grande parte é destruída pelo artista, insatisfeito com o resultado. Ele leva como experiência desse período um tipo diferente de processo de trabalho. Essa série de obras é chamada de Negativo/Positivo.
NEGATIVO POSITIVO
“Eu fazia os relevos invertidos sobre um leito de areia: fazia furos com o dedo, com pincéis, com o que fosse, depois jogava gesso endurecido, eu retirava aquele positivo do negativo. […] Foi uma experiência, eu acho rica pra mim, inclusive por ruptura de método de trabalho: antes eu trabalhava sempre o corpo a corpo com a forma, digamos, modelando ou esculpindo.” Catálogo da exposição Sergio Camargo: Construtor de Ideias (2013), realizada pelo Instituto de Arte Contemporânea
Sergio Camargo ao lado das obras da série Negativo/Positivo, posteriormente destruídas Foto: autor desconhecido (ca. 1961) Paris, França Fundo Arquivístico/Instituto de Arte Contemporânea (IAC)
Podemos experimentar o processo de criação das peças Negativo/Positivo de Sergio Camargo e aproveitar para fazer um estudo de ritmos visuais. O ritmo é formado pela repetição de figuras num fundo. Essa repetição pode acontecer de forma homogênea (como em uma página de papel quadriculado) ou heterogênea (repetindo a forma, mas variando os tamanhos, como em um código de barras), numa sequência regular ou irregular. Quais outros tipos de ritmo podemos construir na composição de uma imagem? Para fazer esta experiência, é necessária uma bandeja funda ou uma tampa de caixa de sapato, que será o suporte das composições. Peça à turma que encha o recipiente de areia e alise a superfície, de maneira que ela fique o mais plana possível.
Escolhendo um objeto (ou usando o próprio dedo), os alunos devem pressionar a areia para criar um relevo. É interessante experimentar variar os ângulos de penetração ou a profundidade da inserção, deixar figuras mais próximas ou mais separadas.
Assim que a composição estiver completa, prepare gesso e ajude cada um a derramá-lo sobre a areia, preenchendo todas as concavidades.
Quando o gesso endurecer e começar a esquentar, já poderá ser removido e lavado.
Você pode propor que os alunos trabalhem juntos, cada um criando uma composição que, junto com as outras, forme sequências de relevos.
fotos: André Seiti/Itaú Cultural
Em um dia de sol, os estudantes podem sair da sala e observar os efeitos de luz e sombra criados nos relevos. Esse era um hĂĄbito de Sergio Camargo, por meio do qual ele investigava os efeitos da luminosidade nas obras pensadas para ambientes externos.
A incidência de luz tambÊm pode ser observada com lanternas usadas em ângulos e quantidades diferentes. Debata com os alunos sobre os resultados.
Experimente possibilidades: é possível usar outros materiais além dos sugeridos anteriormente. Para um acabamento mais liso, criem os relevos usando amido de milho ou massa de modelar. Caso se tenha acesso a uma área grande com terra ou areia, o próprio chão pode ser o suporte.
fotos: André Seiti/Itaú Cultural
“Eu estava comendo uma maçã e dei um corte. [...] Esse corte me comoveu. Então eu parei de comer a maçã, levei para o ateliê e fiz um molde. E fiquei estudando essa relação, entre o corte, os volumes, os planos e o volume de trás, enfim, a partir daí fui desenvolvendo um tipo de raciocínio.” Sergio Camargo em Se Meu Pai Fosse de Pedra (2009)
Sem Título, S.D. relevo madeira pintada coleção Fernanda Feitosa e Heitor Martins foto: Romulo Fialdini
Camargo conseguia extrair do cotidiano os princípios teóricos de seu trabalho: certo dia, ao cortar uma maçã, descobriu algo essencial. Segundo o crítico inglês Guy Brett, lá “estava a síntese que buscava para unificar todas as etapas anteriores de sua obra – a combinação, num único elemento, de substância (o corpo arredondado da maçã) e direção (o plano que acabava de expor). É a síntese do seu pensamento e experiência num único signo escultórico”. Nos anos 1960, tem início a produção de seus relevos brancos em madeira pintada. Sergio Camargo mantém dois ateliês: um em Malakoff, na França, e outro em Massa-Carrara, na Itália, onde faz suas primeiras obras em mármore.
Apesar de ser considerado um escultor construtivo, ele nunca fez parte de nenhum grupo com essa inspiração e, mesmo incorporando a atitude sistemática, a noção de projeto e a exatidão geométrica – aspectos ligados ao construtivismo –, manifestou algo de imprevisível em sua obra. A experiência de estar frente a frente com a obra é insubstituível. É na presença desses relevos que se sente a ausência de materialidade dos sólidos geométricos pintados de branco. Apesar de eles estarem lá, surge uma sensação de estranhamento, como se os sólidos fossem virtuais.
“Comecei a manipular os cilindros: cortava os cilindros em pequenas seções, a 45 graus, e ia dispondo sobre um plano, criando uma série de ritmos, uma série de estruturas, e depois eu pintava de branco, para anular, exatamente, o espectro da matéria […] que impedia que aparecesse o que eu queria revelar no trabalho, que era mais um problema propriamente de estrutura, que seria revelado pela incidência da luz sobre os elementos.” Catálogo da exposição Sergio Camargo: Construtor de Ideias (2013), realizada pelo Instituto de Arte Contemporânea
Sem Título, 1971 relevo madeira pintada coleção Antonio Dias foto: Romulo Fialdini
Desta forma, a escolha do branco não é gratuita. Sergio Camargo realizou algumas experiências com cores, mas, segundo ele, “a cor interfere no sentido negativo para revelar o trabalho”, tornando a obra decorativa e dificultando a percepção dos efeitos da incidência de luz. A movimentação em frente a um relevo do artista nos permite visualizar como o objeto se modifica conforme o percorremos.
“Grosso modo, o corpo humano não passa de um grande cilindro. Tronco, braços e pernas aspiram à clareza da forma geométrica, nada mais. De um torso podem surgir torções, e o cilindro em si é estático, na sua combinação múltipla – ora aleatória, ora controlada –, estabelece a dinâmica tão singular do trabalho no seu inquieto e inconstante organizar e desorganizar.” Paulo Venâncio Filho no catálogo da mostra Sergio Camargo: Claro Enigma (2010), realizada pelo Instituto de Arte Contemporânea
Sem Título, 1965 relevo madeira pintada coleção Rose e Alfredo Setubal foto: Romulo Fialdini
FORMA VIVA PARTE 1 | O RITMO DO MUNDO – ESTUDO DE IMAGENS A geometria estava presente na maneira com que Sergio Camargo via o mundo. A proposta é que você também faça esse exercício do olhar com seus alunos com base em um estudo fotográfico ou em desenhos de observação. O desafio é encontrar ritmos visuais no que nos cerca e registrá-los. Esses registros podem ser realizados durante a aula ou fazer parte de um trabalho de campo mais extenso. Quanto maiores o tempo do exercício e o número de registros, mais aguçada ficará a percepção desse “mundo construtivo”.
Você pode discutir as semelhanças e as diferenças entre esse exercício e aquele em que procuramos pelas estruturas invisíveis do que nos rodeia. Quais novas reflexões surgiram da observação dos ritmos ao nosso redor? Após a coleta das impressões individualmente, proponha uma conversa com a turma para que cada um consiga compartilhar suas ideias e suas percepções. Será que o mundo industrializado em que vivemos tende a ser mais serial, isto é, marcado pela criação de vários produtos de acordo com um formato predefinido, ou encontramos um procedimento similar na natureza?
Sem Título, 1985 concreto celular pré-moldado e pintura água cryl acervo Banco Itaú – Centro Empresarial Itaú Unibanco (Ceic) (São Paulo/SP) foto: Karina Fogaça
PARTE 2 | PAREDE DE RITMOS Em setembro de 1986, Sergio Camargo finaliza a obra Muro, uma parede monumental em concreto feita para o Centro Empresarial Itaú, em São Paulo. Trata-se de uma escultura modular construída com peças iguais que, colocadas em posições diferentes, criam ritmos variados. Esses ritmos são influenciados pelo movimento das pessoas que percorrem o muro; pela luz do dia, que muda constantemente o desenho do muro,
dependendo do horário e das condições climáticas (pois a obra é parcialmente iluminada pela luz natural); e, por fim, pelos reflexos no espelho d’água que compõe arquitetonicamente o espaço. Com a atividade Forma Viva, propomos a construção coletiva de uma parede. A elaboração se divide em algumas etapas:
“Trabalho com sólidos anônimos e vou combinando uns com os outros, se eles se deixam combinar, quando eles se deixam combinar.” Sergio Camargo em A Dança das Formas (1987), filme de Cacá Silveira
1. pesquisa de formas geométricas (que podem ser inspiradas pelas pesquisas de campo); 2. escolha conjunta das formas mais interessantes, levando em consideração como elas se encaixam com outras, o modo de interação com a luz etc.; 3. escolha do local onde será instalada a escultura coletiva; 4. escolha do material (azulejo, terra, tijolo, papel machê, madeira, concreto, gesso); 5. criação de um módulo que se repetirá nesse muro, pensando em como serão feitos os encaixes e pesquisando técnicas para a construção das peças; 6. aprovação do projeto pela escola; 7. construção dos módulos; 8. instalação da obra (feita pelos alunos ou por um especialista orientado pelos alunos).
Esse projeto pode durar um semestre inteiro, com os efeitos de fortalecer o trabalho em equipe e a sensação de pertencimento à escola, de desenvolver a noção de projeto e de favorecer pesquisas interdisciplinares. Além disso, traz a ideia de artista para outro patamar, o de construtor e pesquisador, e não somente gênio expressivo. Como qualquer atividade proposta neste caderno, a Parede de Ritmos pode ser adaptada às possibilidades reais da sala de aula. Caso não seja possível uma interferência tão grande na escola, uma alternativa é construir as formas em isopor e criar estruturas menores e mais leves, que possam ser guardadas. Outra sugestão é trabalhar no pátio com objetos seriais, como o tijolo baiano, que possui uma forma interessante para que se perceba a composição de ritmos e a ação da luz natural sobre a matéria.
Sem Título, 1972 tromba mármore carrara Raquel Arnaud | espólio Sergio Camargo foto: Romulo Fialdini
“O Racionalismo é a produção mais radical da Fantasia.” Sergio Camargo no livro de poesia Preciosas Coisas Vãs Fundamentais (2010)
Nos anos 1970, Sergio Camargo passa a utilizar quase exclusivamente o mármore. A partir daí, os relevos ganham elementos cilíndricos de maior volume, geralmente em duplas, que ele apelidou de “trombas”. Além disso, o artista produz várias esculturas de chão.
Em 1974, Sergio Camargo retorna definitivamente ao Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro. Inicia a construção de seu ateliê em Jacarepaguá, espaço de pesquisa plástica e também de encontro de um grupo de amigos artistas e pensadores de arte. Até o fim da vida, mantém também o ateliê em Massa-Carrara, na Itália.
“Nas articulações (ou desarticulações), totalmente audaciosas, movimentos comparáveis ao da dança contemporânea, é como se o cilindro se encontrasse a beira da queda e, desprendendo-se, devesse sustentar a si mesmo.” Paulo Venâncio Filho no livro Claro Enigma (2010)
Sem Título (déc. 1980) escultura (baleia) mármore negro belga Raquel Arnaud | espólio Sergio Camargo foto: Romulo Fialdini
No que diz respeito à luminosidade, tanto a quase ausência de sombra quanto a mínima presença de luz podem trazer resultados ópticos interessantes. Em 1973, Sergio Camargo emprega pela primeira vez a pedra negro belga e, a partir da encomenda de um jogo de xadrez em 1979, começa a usá-la constantemente. A escolha do material se dá não somente pela cor, mas também por sua resistência ao corte, que trará novos desafios para o artista. Nos anos 1980, ele trabalha com ângulos de corte cada vez mais agudos, no limite da resistência da pedra. O fato de as figuras se tornarem mais alongadas, somado ao negro denso da cor do material, causa um estranhamento na percepção do volume da peça.
Desse período são as esculturas apelidadas por Sergio de “baleias”. Elas são grandes, pesadas e sinuosas, como o ser do qual tiram o nome. Como em outras obras do autor, por terem apoio curvo, também sugerem movimento. Sergio Camargo morre em 1990. Suas últimas obras apresentam formas ovoides, brancas e negras. Em todo o seu processo de trabalho, não conseguimos pontuar uma obra-prima – isso porque uma das características fundamentais de seu trabalho era estar sempre num processo de construção e reconstrução das formas, mantendo sua produção em constante experimentação.
Sem Título, 1979 escultura mármore carrara coleção particular foto: Romulo Fialdini
Sem Título, 1979 escultura mármore carrara Raquel Arnaud | espólio Sergio Camargo foto: Romulo Fialdini
Referências
Sites
Publicações
Site do Itaú Cultural/Educação itaucultural.org.br/explore/educacao
BRETT, Guy. Sérgio Camargo: luz e sombra. São Paulo: Arauco Editora, 2007.
Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras enciclopedia.itaucultural.org.br
BRITO, Ronaldo. Uma lógica do acaso. In: Sergio Camargo. Rio de Janeiro: Espaço ABC Arte Contemporânea Brasileira, Funarte, 1980.
IAC Brasil/Sergio Camargo iacbrasil.org.br/artista/sergio-camargo
CAMARGO, Maria; FREITAS, Iole de. Preciosas coisas vãs fundamentais. São Paulo: Bei Comunicação, 2010.
Vídeos A Dança das Formas. Direção de Cacá Silveira; produção de Nina Luz, TVE Rio de Janeiro. Brasil, 1987. Se Meu Pai Fosse de Pedra. Direção de Maria Camargo. Beta Digital, cor, sonoro, 20’. Brasil, 2009/2010. Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6hes04LS3G4. Sergio Camargo. Direção de Murilo Salles. NTSC, cor, sonoro, VHS, 14’. Série RioArte. Brasil, 1984. Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=9l1DBfXN2oA.
FILHO, Venâncio. Sergio Camargo: Claro Enigma. São Paulo: Instituto de Arte Contemporânea (IAC), 2010.
Ficha Técnica
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO E RELACIONAMENTO
NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO
Gerência Valéria Toloi
Gerência Ana de Fátima Sousa
Coordenação de programas de formação Samara Ferreira
Coordenação de conteúdo Carlos Costa
Concepção do material Carla Léllis, Claudia Malaco e Luisa Saavedra
Produção editorial Felipe Silvani Edição de texto Duanne Ribeiro e Maria Clara Matos Coordenação de revisão Polyana Lima Revisão de texto Karina Hambra e Rachel Reis (terceirizadas) Coordenação de design Jader Rosa Diagramação Serifaria (Marcella Jyo)
VISITAÇÃO
sábado 28 de novembro de 2015 a terça 9 de fevereiro de 2016 terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30] sábado, domingo e feriado 11h às 20h
L
Realização
entrada gratuita itaucultural.org.br fone 11 2168 1777 atendimento@itaucultural.org.br avenida paulista 149 são paulo sp [estação brigadeiro do metrô] Alvará de Funcionamento de Local de Reunião – Protocolo: 2012.0.267.202 – Lotação: 742 pessoas Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) – Número: 121335 – Vencimento: 1/9/2017