Todos os Gêneros 2018

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MOSTRA DE ARTE E DIVERSIDADE 10 a 20/05 2018



TODOS OS GÊNEROS MOSTRA DE ARTE E DIVERSIDADE

SÃO PAULO _

2018


COORDENAÇÃO EDITORIAL

PRODUÇÃO EDITORIAL

Carlos Costa

Bruna Guerreiro

EDIÇÃO

SUPERVISÃO DE REVISÃO

Fernanda Castello Branco

Polyana Lima

CONSELHO EDITORIAL

REVISÃO

Ana de Fátima Sousa

Karina Hambra (terceirizada)

Carlos Gomes Diogo Sponchiato

COLABORARAM

Galiana Brasil

NESTA PUBLICAÇÃO

Ramon Nunes Mello

Alexandre Nunes de Sousa

Rodrigo Monteiro

Amanda Rigamonti

Thiago Rosenberg

Ana Luiza Aguiar Carué Contreiras

SUPERVISÃO DE

Marcella Affonso

PROJETO GRÁFICO

Thiago Lyra

Luciana Orvat (terceirizada) PROJETO GRÁFICO Felipe Daros (terceirizado)

Centro de Memória, Documentação e Referência - Itaú Cultural­­ Todos os gêneros: mostra de arte e diversidade / organização Itaú Cultural. 5. ed. – São Paulo : Itaú Cultural, 2018. 92 p. : il., 32x24cm. ISBN 978-85-7979-105-5 1. Gênero. 2. Sexualidade. 3. AIDS (doença). 4. Artes cênicas. 5. Soropositividade. 6. Exposição de arte – catálogo. I. Instituto Itaú Cultural. II. Título. CDD 306.76


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EDITORIAL

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HIV/Aids: os (ainda) obstáculos de uma vida assintomática

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INFOGRÁFICOS

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História da sorofobia das bixas

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A vida grita e a luta continua: artes na era pós-coquetel

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FOTO-DEPOIMENTO

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Para tornar o preconceito indetectável

O HIV pelo mundo

Cura social pelo direito de ser quem se é POESIAS

A linguagem / o verdadeiro / vírus

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PROGRAMAÇÃO

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Ações formativas e mesas de debate

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Cinema – mostra de curtas

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Festa

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Literatura

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Música

78

Teatro

Calendário


EDITORIAL

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O vírus mais comentado da nossa história recente, o HIV, não é mais um monstro fatal para quem convive com ele. A ciência logrou, num fenômeno ímpar no cenário da saúde, domá-lo e torná-lo invisível em pouco mais de uma década. No entanto, no imaginário coletivo, a representação da infecção pouco mudou, confirmando como as questões relativas à sexualidade ainda são mal digeridas pela sociedade. Dessa forma, o evento Todos os Gêneros: Mostra de Arte e Diversidade traz para a pauta da sua quinta edição o tema soropositividade. A programação ocorre no Itaú Cultural, entre 10 e 20 de maio de 2018, e reforça a preocupação do instituto em dar voz a questões relacionadas à diversidade. Serão espetáculos teatrais, shows, performances, mostra de curtas, lançamento de livro e mesas de debate – que abordam temas como sorofobia, negritude e HIV, produção literária em tempos de uma vida longa com o vírus, popularização da vida soropositiva por meio de relatos em vídeo publicados na internet e novas formas de tratamento. Além da programação completa, esta publicação traz uma reportagem sobre o cenário atual da epidemia; um panorama de como o HIV/ Aids aparece na produção artística contemporânea no Brasil e no mundo; um artigo sobre os estigmas que envolvem o tema, inclusive na comunidade gay; poemas de Ramon Nunes Mello; e um ensaio fotográfico com artistas, especialistas e pesquisadores que integram a programação. Tudo convergindo para um mesmo ponto: somente a informação é capaz de levar o preconceito a níveis indetectáveis. Outra parceria firmada para esta edição se deu com a Casa Florescer – espaço que acolhe mulheres transexuais e travestis em situação de vulnerabilidade em São Paulo (SP) – e com o workshop Entreolhares, promovido pelo instituto. Integrantes da Casa Florescer participaram do Entreolhares, em abril, e chegam à mostra com o Cabaré Todos os Gêneros, apresentando trechos do espetáculo Divas Florescer. 7

Itaú Cultural


QUASE 40 ANOS APÓS O SURGIMENTO DA DOENÇA, AS PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS LEVAM UMA VIDA ASSINTOMÁTICA, MUITAS COM CARGA VIRAL INDETECTÁVEL. A ÚNICA COISA QUE NÃO MUDOU FOI O PRECONCEITO

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POR ANA LUIZA AGUIAR, JORNALISTA

1. nome fictício.

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Aos 30 anos, João1 estava realizando um dos seus sonhos de infância: sua primeira viagem internacional. Professor universitário, especialista na obra do fotógrafo Pierre Verger, decidiu refazer o caminho que trouxe Verger de Paris ao Brasil, onde ficou famoso por retratar manifestações de cultura popular, especialmente as do candomblé. A viagem passaria por Cabo Verde, Marrocos, Espanha e França, com duração de 15 dias. No oitavo dia, ele teve de voltar ao Brasil. A gripe que o acompanhava há alguns meses tinha evoluído para uma pneumonia. Cinco dias depois estava morto, vítima de insuficiência cardíaca e respiratória aguda. João tinha Aids e optou por não tratar da doença. A decisão de não buscar tratamento pode parecer absurda hoje – segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 3% das pessoas diagnosticadas em 2017 optaram por não fazer tratamento –, mas em 1997, ano do seu diagnóstico, ter Aids ainda era uma sentença de morte. O tratamento da doença naquela época envolvia um coquetel de drogas que causavam fortes náuseas, diarreia, e havia a necessidade de combinar a medicação com rotina de alimentação regrada, ciclo de sono regular e exercícios diários. Não havia garantia de que faria efeito e, além de tudo, ainda existia o preconceito.


Muita coisa mudou de lá para cá. Com os avanços no tratamento, pessoas que vivem com a doença nos últimos 20 anos quase sempre não apresentam efeitos colaterais graves (leia mais sobre o tratamento atual no box na próxima página). A própria percepção de que o HIV/Aids é uma doença vinculada exclusivamente à homossexualidade, como foi descrita na década de 1980, já não existe mais. O HIV é um vírus que se espalha através de fluidos corporais e afeta células específicas do sistema imunológico. A pessoa não morre de Aids, mas das doenças e infecções que se instalam por causa da baixa imunidade causada por ela. No entanto, ter o diagnóstico positivo para o vírus não significa que se venha a desenvolver a doença. De acordo com o infectologista Ricardo Velho, o tratamento adequado pode impedir essa evolução e, em muitos casos, deixa o paciente com uma carga viral indetectável. Contudo, sem tratamento ou com tratamento descontinuado ou irregular, o surgimento da Aids é inevitável. “Se nada for feito para interromper o processo de evolução natural da doença, ela vai chegar. Em alguns indivíduos, isso acontece de forma muito rápida, e eles podem desenvolver a Aids em até dois anos após o contágio. Em outros, pode levar mais de dez anos. Na média, são sete anos, mas isso varia de pessoa para pessoa, e não faz sentido esperar ficar mal para começar o tratamento”, explicou Velho.


O tratamento do HIV/ Aids ontem e hoje Por volta de 1986, médicos estadunidenses começaram a usar o AZT, a primeira droga que demonstrou alguma eficácia no tratamento da doença. Ela demorou a chegar ao Brasil e seus efeitos colaterais eram pesados. Um deles era mudar o tom da pele da pessoa em tratamento para cinza-chumbo. Também datam dessa época outras drogas, como o DDI e o d4T, todas prescritas isoladamente sob a forma de monoterapia, mas com impacto muito discreto na evolução da doença. A verdadeira revolução no tratamento ocorreu em meados da década de 1990, com a possibilidade de associar as drogas que passaram a compor o coquetel antirretroviral. Elas inibiam as enzimas necessárias para a reprodução do vírus. Desde então, Aids deixou de ser doença fatal para ser considerada doença crônica. Em 2015, houve mais uma evolução significativa no tratamento da doença. O Ministério da Saúde brasileiro adotou como protocolo uma medicação 3 em 1: uma pílula única composta dos medicamentos Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz. O intuito é facilitar o controle e a continuidade do tratamento, além da redução dos efeitos colaterais. Hoje, o principal problema no tratamento é a falta de regularidade e consistência por parte dos pacientes. Atualmente, existe também um tratamento de Profilaxia Pós-Exposição (PEP). É uma fórmula, semelhante à pílula do dia seguinte, prescrita para pessoas que tiveram uma exposição sexual de risco – como em casos de violência sexual ou sexo consensual desprotegido. O medicamento, composto de várias drogas combinadas, diminui a chance de se contaminar pelo HIV e está disponível nas unidades de saúde. Para funcionar, a medicação deve ser administrada em até 72 horas após a exposição de risco e durante 28 dias.

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Em janeiro deste ano, o Brasil passou a adotar também o Protocolo de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). A pílula é a combinação de dois medicamentos (Tenofovir + Entricitabina), que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Pessoas que têm um risco aumentado de infecção – como profissionais do sexo e soronegativas casadas com soropositivas – passaram a ter acesso a um medicamento que diminui o risco de contaminação quando expostas.


A epidemia hoje De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), 35 milhões de pessoas morreram por doenças associadas à Aids desde a década de 1980, sendo 1 milhão delas só em 2016; no Brasil foram 15 mil. Estima-se que existam cerca de 36,7 milhões de pessoas infectadas no mundo, onde cerca de 60% sabem do seu diagnóstico e 53% estão em tratamento. Duas boas notícias foram reveladas pelo relatório divulgado em dezembro de 2017: o crescente consenso científico de que pessoas com carga viral em níveis indetectáveis não transmitem o vírus sexualmente e o declínio do número de novas infecções e mortes relacionadas à Aids na grande maioria dos países. A exceção desse cenário são a Europa Oriental e a Ásia Central, onde o número de novas infecções continua aumentando aceleradamente, cerca de 60% desde 2010, com crescimento de 27% das mortes relacionadas à Aids. Na América Latina e no Caribe, isso não ocorre; o ritmo de crescimento da doença está estagnado, com os mesmos 120 mil novos casos por ano desde 2010. O ritmo de mortes por doenças relacionadas à Aids decresceu 12% nesse mesmo período.

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Quarenta por cento dos infectados no mundo não sabem que têm a doença Dados do Unaids divulgados em dezembro de 2017 estimam que apenas 60% das pessoas soropositivas no mundo estão diagnosticadas; no Brasil são 84% (leia mais sobre a epidemia no box na próxima página). “Ainda há pessoas que resistem a se testar, com medo do diagnóstico e das suas implicações”, acredita a psicóloga Gabriela Calazans, especialista em Saúde Coletiva do Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids da Universidade de São Paulo (Nepaids/USP). Para ela, o preconceito ainda é um dos principais problemas no combate à epidemia. “Entendo que há mudanças em relação à forma como as pessoas soropositivas são tratadas socialmente [nestes quase 40 anos desde o surgimento da Aids], mas a discriminação continua sendo um problema sério no enfrentamento da epidemia e para a qualidade de vida das pessoas que vivem e convivem com o HIV e a Aids”, diz.

COM OS AVANÇOS NO TRATAMENTO, PESSOAS QUE VIVEM COM A DOENÇA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS QUASE SEMPRE NÃO APRESENTAM EFEITOS COLATERAIS GRAVES. A PRÓPRIA PERCEPÇÃO DE QUE O HIV/AIDS É UMA DOENÇA VINCULADA EXCLUSIVAMENTE À HOMOSSEXUALIDADE, COMO FOI DESCRITA NA DÉCADA DE 1980, JÁ NÃO EXISTE MAIS


Ainda segundo a psicóloga, apesar do preconceito, a epidemia de Aids proporcionou ao menos um efeito social relevante nos anos 1990: houve uma ampliação da discussão social sobre a sexualidade e visibilidade para expressões dissidentes da sexualidade, como a homossexualidade e a transgeneridade. A necessidade de combater o HIV/Aids, para além do mito de “doença de gays”, levou a novas práticas de prevenção, como aulas de educação sexual nas escolas e ações de redução de danos (distribuição de seringas a usuários de drogas injetáveis é uma delas). O projeto do governo federal Saúde e Prevenção nas Escolas, por exemplo, foi criado para educar crianças e adolescentes sobre os riscos do sexo desprotegido, e só foi regulamentado nos anos 2000. Essa necessidade de discutir temas relacionados ao sexo trouxe à luz muito mais do que apenas expressões dissidentes de sexualidade. Tiveram também de ser reconhecidas e discutidas formas de relacionamento não convencionais para as pessoas cisgênero. Parceiros múltiplos, sexo anônimo e fortuito, casos extraconjugais, sexo transacional passaram a ser assunto de campanhas governamentais, algo difícil de imaginar antes da epidemia.

Mudanças de paradigmas Se de um lado é possível afirmar que o surgimento da epidemia na década de 1980 e o volume de mortes relacionadas à Aids nos primeiros 15 anos provocou uma mudança na forma como o sexo é discutido e tratado no âmbito das ações sociais governamentais, é preciso reconhecer que a atual onda conservadora, que vem atingindo o mundo, tem produzido o efeito contrário. O cancelamento da exposição Queermuseu pelo Santander Cultural de Porto Alegre (RS), em agosto de 2017, após pressão nas redes sociais, e a classificação etária estipulada para a exposição Histórias da Sexualidade, do Masp, em outubro do mesmo ano (a primeira exposição nos 70 anos do museu a receber a classificação de 18 anos), são exemplos dessa postura atual. O problema é quando essa postura conservadora tem como alvo ações educativas de prevenção de doenças. Em 2011, foi cancelada a distribuição do material Escola sem Homofobia, que incluía boletins informativos, vídeos e cartilhas que discutiam formas de abordar questões de gênero e sexualidade em escolas. O material, ape-

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lidado pejorativamente de Kit Gay, foi alvo de críticas de setores conservadores e acabou suspenso pela Presidência da República. Ele não foi o único. Às vésperas do Carnaval de 2012, o Ministério da Saúde suspendeu a veiculação de quatro vídeos educativos dedicados à juventude gay. No ano seguinte, mais duas campanhas, uma voltada para adolescentes e outra para profissionais do sexo, foram suspensas. “Esse conservadorismo crescente no país impacta profundamente o desenvolvimento de ações de prevenção ao HIV/Aids. Se, por um lado, já desde os anos 1960 vivemos um processo social de maior liberdade sobre valores e práticas sexuais, por outro, vivemos em um contexto político em que é negado às novas gerações o direito à educação sobre sexualidade”, analisa a psicóloga Gabriela Calazans. A teoria da pesquisadora encontra ressonância nos dados do Unaids. O relatório de 2017 aponta que um terço das novas infecções no Brasil afeta jovens de 15 a 24 anos. “Efetivamente, o que temos feito, como sociedade, é deixar adolescentes e jovens à própria sorte, sem proteção”, finaliza. O médico sanitarista e pediatra Carué Contreiras [autor do artigo na página 24 desta publicação], coordenador do Núcleo de Educação Comunitária da Unidade de Pesquisa do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids do Estado de São Paulo, concorda com Calazans. Para ele, esse crescimento da Aids entre adolescentes e jovens adultos é reflexo de uma negligência do Estado com a juventude LGBT. “A educação sexual voltada para a juventude gay já era ruim antes da onda conservadora que estamos vivendo. E, mesmo agora, ainda não se fala nem em gênero”, declara. Ele critica ainda a negligência no tratamento dado aos adolescentes LGBT no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados mais detalhados do relatório do Unaids apontam que a Aids triplicou nos meninos com idade entre 15 e 18 anos na última década.

Perspectivas de tratamento e cura

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Apesar desse cenário, as perspectivas de tratamento estão melhores. Embora ainda não se possa falar em cura, a carga viral indetectável já é uma realidade para 38% das pessoas com HIV no mundo. Em 2014, o Unaids estabeleceu uma meta ambiciosa: até 2020, ter 90% das pessoas com HIV diagnosticadas, 90% delas estarem fazendo tratamento com antirretrovirais e 90% das pessoas em


tratamento estarem com carga viral indetectável. A meta ficou conhecida como 90/90/90. Faltando dois anos para o prazo, o Brasil está perto de alcançá-la. Das 830 mil pessoas que vivem com HIV no país, 84% já foram diagnosticadas, 72% estão em tratamento e 91% estão com supressão viral. Em julho de 2017, durante a 9ª Conferência Internacional de Aids sobre Ciência do HIV, foi apresentado o estudo Latte-2, da UNC School of Medicine, o qual vem tratando pessoas com HIV por meio de antirretrovirais injetáveis de longa duração. O estudo está na sua quarta rodada de análise em humanos, com resultados muito promissores. Trezentas e seis pessoas foram tratadas com uma combinação de dois medicamentos injetáveis a cada quatro semanas ou a cada oito semanas. Duzentos e oitenta e sete delas têm tido resultados tão eficazes quanto a terapia oral diária padrão na manutenção da supressão viral do HIV. A expectativa é que esse tratamento esteja liberado para uso geral da população que vive com HIV em cinco anos.

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POR DIOGO SPONCHIATO, JORNALISTA, ATUA NA EDITORA ABRIL COMO REDATOR-CHEFE DA MARCA SAÚDE, QUE ENGLOBA REVISTA, SITE, LIVROS E PESQUISAS. FOI UM DOS CONTEMPLADOS COM O PRÊMIO ESPECIALISTAS DA COMUNICAÇÃO, NA CATEGORIA SAÚDE, EM 2017 INFOGRÁFICOS THIAGO LYRA

AS ORIGENS DA AIDS E A AÇÃO DO VÍRUS NO CORPO HUMANO


AS ROTAS DA DISSEMINAÇÃO Como o HIV se alastrou pelo globo

Canadá

EUROPA

Estados Unidos

AMÉRICA CENTRAL

Haiti

Camarões Brasil

AMÉRICA DO SUL

Congo República Democrática do Congo

1908

1920/30

1959/60

Por volta deste ano, no sudeste de Camarões , um caçador se infecta com o sangue de um chimpanzé. Um vírus que causava imunodeficiência no animal aprende a habitar a espécie humana e dá origem ao HIV-1.

O vírus se espalha localmente, desenvolve novas vias de transmissão e chega a cidades onde hoje ficam o Congo e a República Democrática do Congo. A difusão é incrementada pelas relações sexuais e pelo uso de seringas reutilizáveis.

Datam daí as primeiras amostras de tecidos de pessoas que teriam morrido em decorrência do HIV – confirmação que só acontece décadas depois. As amostras vêm de indivíduos que viviam no Zaire, hoje República Democrática do Congo.


VÍRUS HIV

ÁSIA

ÁFRICA

OCEANIA

ANOS 1970

1981

1982

Haitianos que haviam se mudado para o antigo Zaire, após uma debandada populacional, regressam à sua terra natal carregando o HIV. Do Haiti, o vírus se dispersa pela ilha, chega a nações vizinhas e aos EUA.

Nos EUA , começam a aparecer casos de pessoas, em geral homossexuais, com uma doença desconhecida, marcada pelo aparecimento de infecções por fungos e por tumores com manifestações na pele.

O alerta soa e, depois de uma série de classificações, os pesquisadores chegam a um nome definitivo para a condição: síndrome da imunodeficiência adquirida ( Aids , na sigla em inglês), em referência à sua capacidade de reduzir as defesas do corpo.


HIV-1

HIV-2

OS DOIS TIPOS DE HIV

Existem dois grupos de HIV, o tipo 1 e o tipo 2, e cada um comporta vários subgrupos. O primeiro é o responsável pela epidemia de Aids e sua disseminação pelo planeta. O segundo, cuja capacidade de transmissão é bem inferior, praticamente se restringe ao território africano.

1983

1986

1990/92

Na corrida para encontrar a causa da nova doença, cientistas de diferentes países contribuem para identificar o vírus. Dois estudiosos se destacam na disputa pelos créditos: o francês Luc Montagnier e o americano Robert Gallo.

Depois da criação de testes para detecção do vírus, um remédio originalmente elaborado contra o câncer é o primeiro medicamento aprovado para enfrentar o HIV. Nos anos seguintes, outros fármacos serão desenvolvidos.

Celebridades tornam pública sua condição de soropositivas (o ícone no Brasil foi Cazuza). O Ministério da Saúde anuncia que custeará o tratamento por meio do Sistema Único de Saúde.


830 MIL BRASILEIROS

VIVEM COM HIV. CALCULA-SE QUE 112 MIL NÃO SAIBAM QUE CARREGAM O VÍRUS

41,1 MIL NOVOS CASOS

SÃO DIAGNOSTICADOS POR ANO, SEGUNDO DADOS DE 2016

72%

DA POPULAÇÃO

DIAGNOSTICADA COM HIV NO PAÍS ESTÁ EM TRATAMENTO

1,8 MILHÃO

DE NOVOS CASOS SÃO ESTIMADOS ANUALMENTE, SEGUNDO DADOS DE 2016

39 MILHÕES

DE PESSOAS JÁ MORRERAM DA DOENÇA DESDE O INÍCIO DA EPIDEMIA NOS ANOS 1980

1995/96

2008

2017

Aparecem outros medicamentos contra a infecção, sedimentando o conceito do coquetel antirretroviral, a combinação de drogas para controlar o HIV. O esquema passa a ser adotado pelo governo brasileiro e em outras nações.

Luc Montagnier e sua colega de laboratório Françoise Barré Sinoussi, do Instituto Pasteur, na França, são laureados com o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta do vírus da Aids.

O Brasil passa a adotar uma droga como forma de incrementar a prevenção de novos contágios. Destinada a homens que fazem sexo com outros homens e a profissionais do sexo, seu uso evita a transmissão do HIV.


DE CARA COM O HIV Como é o vírus e como ele se comporta no organismo O VÍRUS

O HIV é um retrovírus, isto é, uma forma de vida – há controvérsias sobre vírus serem uma forma de vida – feita de uma fita de RNA, molécula mais primitiva que o DNA. A aparente simplicidade lhe dá um trunfo: habilidade para enganar o hospedeiro e alta capacidade de mutação.

1 A CONEXÃO

O HIV tem receptores em sua superfície que lhe permitem conectar-se a uma célula de defesa, o linfócito T CD4. É como se ele tivesse a chave para invadir a célula.

2 A INFILTRAÇÃO

O vírus libera seu material genético dentro da célula e faz converter a fita de RNA com suas informações em um DNA duplicado. vírus na célula

receptor

vírus HIV

O ALVO

A principal vítima do HIV no corpo humano é o linfócito T CD4, uma célula do sistema imune. Mas não qualquer célula. Esse linfócito é o "cabeça" das nossas defesas. Ele identifica e sinaliza para o batalhão imunológico o que deve ser combatido. Sem ele, a imunidade fica comprometida.

RNA do vírus

conexão

receptor

LINFÓCITO T CD4


indivíduo infectado

3 A APROPRIAÇÃO

O DNA do vírus se mistura ao do linfócito no núcleo da célula. Com isso, ele passa a usar o maquinário da própria célula para se multiplicar.

4 A REPRODUÇÃO

O vírus ordena que novas cópias sejam fabricadas dentro do linfócito infectado. Assim que estiverem prontas, elas saem da célula à caça de outras unidades.

cópia do vírus à solta

cópias do vírus

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A LATÊNCIA E A DOENÇA

No início da infecção, há uma grande carga de vírus se espalhando pelo corpo. Com o tempo, essa carga baixa sensivelmente. Mas a infecção continua minando o organismo. Se nada for feito, a evolução para a Aids pode demorar de sete a dez anos. A Aids em si significa que a quantidade de linfócitos está crítica e a imunidade já não dá conta de outras infecções oportunistas.

DNA do vírus

NÚCLEO


HOUVE UM TEMPO EM QUE SER BIXA1 CABIA DENTRO DE UM ARMÁRIO. ERA O MEDO DE PERDER O EMPREGO, O TRANSAR PROIBIDO, A VIDA DUPLA. ERA O NÃO COGITAR UMA VIDA ALÉM DO SILÊNCIO. PARA QUEM TINHA TANTA CULPA NO CARTÓRIO ATÉ QUE ESTAVA BOM DEMAIS. NÃO HÁ VÍCIO SEM SEU SUPLÍCIO


POR CARUÉ CONTREIRAS: "SOU UMA BIXA QUE VIVE COM HIV/AIDS HÁ SETE ANOS. ATIVISTA, MÉDICO PEDIATRA, SANITARISTA E EDUCADOR COMUNITÁRIO NO CRT DST/AIDS, ATUO NA INTERSEÇÃO ENTRE OS MOVIMENTOS LGBT E DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS. TAMBÉM SOU MEMBRO DO COLETIVO REVOLTA DA LÂMPADA E DA REDE NACIONAL DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS"

1. gíria lgbt para homens gays. Nos anos 1970, algumas bixas (e fanchas2 e trans) se levantaram con2. gíria lgbt para lésbicas. tra essa história de silêncio, culpa e vício. Parecia inevitável que elas

mudassem o mundo – ou pelo menos que o mundo as integrasse. Mas a euforia não durou muito. Em 1981, os efeitos do hiv* – que já atingia a República Democrática do Congo há décadas, mas ninguém notava – foram identificados nas bixas estadunidenses. Em 1983, nas brasileiras. Que tapa na cara. Agora, ser bixa, além do caber no armário, era o perder amores e amigos, um atrás do outro. E o adoecer, e o terem medo de você. E o chegar a sua vez de morrer.

Para grande crime grande castigo A fala do “homem de bem” se confirmou. Aquele sentimento de culpa que as bixas carregavam há tanto tempo não era à toa. Aumentou a perseguição, com razão – afinal, era uma questão de cis-hétero-segurança pública. O armário ficou mais pesado e a luta passou a ser pela sobrevivência, pelos remédios. Menos como bixas e mais como pessoas vivendo com hiv e aids.

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Em 1996, descobriram o tratamento antirretroviral triplo. O novo milênio não decepcionou as bixas. Os velórios se tornaram uma memória distante e indesejável. Ou continuaram uma realidade – agora menos branca, menos cis, menos ~ocidental~–, de qualquer forma, distante e indesejável.


Sentindo-se recuperadas da batalha campal, as bixas voltaram às suas questões de bixas e retomaram a ofensiva contra o armário. Conseguiram casamento e adoção, espaço e poder. Tudo com muito orgulho, amor, uma dose de pink money e muita saúde. E é nessa trilha promissora que segue a bixa contemporânea.

Até o dia em que descobre que pegou hiv E se dá conta de que seu armário escancarado tem um fundo falso onde se esconde um segredo de família. E de que ela – como 1ma em cada 5inco bixas acima de 25 anos – agora é parte desse segredo. Ser bixa vivendo com hiv/aids é caber nesse fundo falso de armário. É o medo de perder o emprego, o transar proibido, a vida dupla. É o não cogitar uma vida além do silêncio. Para quem tem tanta culpa no cartório até que está bom demais. Não há vício sem seu suplício. Esse armário quem tranca são as próprias bixas. Elas tentam desesperadamente se dissociar das pessoas que vivem com hiv/aids. Creem ser necessário ocultar essa linhagem de desviantes, sobreviventes de um expurgo mal executado. Preferem não lidar com suas estatísticas de hiv, consideradas evidências de um suposto crime que pode comprometer a fábula do sucesso GGGG.** A sorofobia mantém as bixas em um estado de neurose coletiva, de negação e medo. Mexe com a homofobia internalizada, com a necessidade de aceitação. Gera uma insegurança sexual coletiva, pantanosa, perpetua o trauma sexual. Interdita diálogos e troca de afetos por anos a fio, minando relações de amizade, de amor e comunitárias. A sorofobia entorpece o raciocínio até dos militantes mais inteligentes. Lutando contra os ~homofóbicos~ que insistem em ~associá-los ao hiv~, deixam passar o fato de que a LGBTfobia é a raiz da vulnerabilidade das bixas ao vírus. Com sua fé inabalável na culpa individual de ~promíscuos~, despolitizam a epidemia e tornam-se cegos ao genocídio. Indo muito além das bixas, a sorofobia está na sociedade como um todo. Mas é nos lugares e meios maciçamente atingidos pelo hiv

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que a sorofobia se torna estruturante da dinâmica social. Diferente do que ocorre com os héteros, as bixas vivem cotidianamente o silêncio sorofóbico – este tabu discursivo, este calar resignado de positivas e negativas mediado por ideias de culpa. O status sorológico, no ~meio gay~, define quem sente o orgulho arco-íris e quem fica com a vergonha. Quem será ou não será aceito na nova sociedade diversa. Quem deve e quem cobra. Mesmo sendo muitas, as bixas que vivem com hiv/aids oferecem pouca resistência a esse status quo. Incógnitas umas às outras, isoladas, são impedidas de fazer grupo de WhatsApp, de fertilizar um debate, de elaborar sua sorofobia internalizada e sua sujeição às negativas.

Há, portanto, entre as bixas uma soronormatividade implícita e inquestionada E engana-se quem acha que a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV), que nos tornará a todas manas de antirretrovirais, será suficiente para romper a partilha enviesada de responsabilidades.

A SOROFOBIA ENTORPECE O RACIOCÍNIO ATÉ DOS MILITANTES MAIS INTELIGENTES. LUTANDO CONTRA OS ~HOMOFÓBICOS~ QUE INSISTEM EM ~ASSOCIÁ-LOS AO HIV~, DEIXAM PASSAR O FATO DE QUE A LGBTFOBIA É A RAIZ DA VULNERABILIDADE DAS BIXAS AO VÍRUS


O lado mais grave da sorofobia das bixas, porém, é que ela adoece e mata, e que mesmo isso silenciamos. É aquela colega que internou por ~pneumonia~. Que morreu de ~tuberculose~. É a invisibilização da estatística de que morrem 11 vezes mais bixas e travestis por aids do que por crimes violentos***. É o esquecimento do genocídio passado, é a paralisia diante do genocídio atual. A sorofobia é um dos desvios de conduta do projeto de integração LGBT, que também deixa para trás as bixas pretas, as mulheres e as pessoas trans, todas tão interseccionalizadas com o viver e morrer com hiv/aids. Pretas, minas e trans, porém, já estão reagindo. Quem sabe não chegará nossa vez, quem sabe não nos juntaremos a elas? Cuidado, bixas. Nós, bixas que vivemos com hiv/aids, somos 1ma em cada 5inco de vocês. Estamos incógnitas umas às outras, isoladas, impedidas de fazer grupos de WhatsApp. Mas o dia em que nos conhecermos...

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NOTAS DO AUTOR *Usar hiv e aids em minúsculas, para mim, vem de uma tentativa de fugir da perspectiva dominante, que é a do médico sanitário. **GGGG é uma forma crítica de se referir aos movimentos e espaços LGBT que ressalta a persistência dos privilégios masculino, cisgênero e branco, o que faz com que os ganhos de integração do grupo LGBT na sociedade alcancem pouco os grupos das pessoas trans, dos LGBT negros e das mulheres. Ressalta-se aqui que a mesma exclusão é válida para os LGBT que vivem com hiv/aids. *** O número de LGBT mortos em 2016 foi de 343, segundo o relatório 2017 do Grupo Gay da Bahia. Já o número de bixas e travestis mortas por aids no mesmo ano foi de 3.849. Esse dado surge de uma composição de duas cifras do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2017, do Ministério da Saúde, que mistura travestis e homens cis ao classificar as pessoas pela genitália com a qual nasceram. Como base para o cálculo, utiliza-se o número de ~homens~ (pessoas designadas homens ao nascer) que morreram de aids em 2016, que é 8.138. Para estimar quantos desses mortos são bixas e travestis, tomamos a proporção de ~homens que fazem sexo com homens~ entre o total de ~homens~ que foram diagnosticados com aids em 2016, que é de 47,3% (47,3% de 8.138 = 3.849). Note-se que misturar num mesmo saco as mortes de bixas e travestis impede que saibamos de fato quantas mulheres trans e travestis morrem de aids, invisibilizando um genocídio que é ainda mais grave que o das bixas. A prevalência de hiv entre homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens acima de 25 anos é de 19,8%, segundo resultados preliminares de pesquisa citada na página 3 do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids de 2017. Entre os de 18 a 24 anos, é de 9,4%.

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POR ALEXANDRE NUNES DE SOUSA, PROFESSOR DE COMUNICAÇÃO E CULTURA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA), NO CEARÁ. DOUTORANDO EM CULTURA E SOCIEDADE PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA), INTEGRA OS GRUPOS DE PESQUISA CULTURA E SEXUALIDADE (CUS) DA UFBA E CULT.COM – POLÍTICAS DE COMUNICAÇÃO E DE CULTURA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE). ATUALMENTE, ESTUDA AS RELAÇÕES ENTRE ARTE, ATIVISMO, LUTO E ESPAÇO PÚBLICO

O aparecimento dos potentes antirretovirais, a partir de 1996, e a queda nas taxas de mortalidade fizeram com que uma nova fase da epidemia da Aids fosse inaugurada. A chamada era pós-coquetel proporcionaria uma vivência de longo prazo com o vírus HIV. Porém, ao mesmo tempo que a nova época mudou a forma de ver o HIV em vários países, foram deslocadas as antigas imagens de morte para outros sujeitos, especialmente aqueles situados nas zonas de pobreza do planeta. Nesse contexto, começam a se desenhar no século XXI as abordagens da epidemia que sinalizam a consolidação de uma memória da Aids, bem como a emergência das narrativas de uma convivência possível com o vírus, além da luta pelo acesso a essa mesma vida possível. Como veremos a seguir, as linguagens artísticas não deixaram de ser afetadas pelas novas configurações, pelo menos nos países em que as pessoas têm acesso aos antirretrovirais.

Prosas e poéticas positivas

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O escritor Armistead Maupin ficou mundialmente conhecido pela série de livros intitulada Histórias de uma Cidade. Publicada entre 1978 e 1989, a série, que possui seis volumes em sua primeira fase, fornecia um retrato espirituoso e afetivo dos anos de ebulição das sexualidades gays até o redirecionamento das lutas para o ativismo da Aids na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos.


Dada como encerrada no final dos anos 1980, para o espanto de muitos, em 2007, Armistead Maupin retomou o projeto ao lançar Michael Tolliver Lives. Como sugere o título, descobre-se, quase duas décadas depois, que o protagonista de Histórias de uma Cidade está vivo, é um cinquentão que vive com HIV e continua flanando por Barbary Lane. Mantendo o característico clima bem-humorado, esse sétimo volume da obra, agora na época pós-coquetel, incorporou questões como a meia-idade gay soropositiva.1

1. as memórias que atravessam a obra do escri-

Maupin não é o único ficcionista a ter a obra tocada pelo HIV ainda nos dias atuais. Michael Cunningham, provavelmente, criou um dos primeiros personagens da era pós-coquetel no romance As Horas, de 1999. Diferentemente dos seus primeiros livros, nos quais os soropositivos tinham a espada de Dâmocles sobre a cabeça, para esse ele criou Richard Brown, um poeta que será homenageado pelo conjunto da obra. A partir de então, ele passa a questionar se o prêmio outorgado seria pela relevância do que escrevera ou por ter sobrevivido à Aids. Richard Brown pode ser considerado, então, um personagem de transição entre as eras pré e pós-coquetel.

tor foram contadas no documentário recém-lançado the untold tales of armistead maupin

(2017),

de jennifer kroot.

É importante pontuar que, em sua escrita posterior, Michael Cunningham passa a citar a Aids no máximo como uma memória triste. É o que ocorre em Ao Anoitecer (2010). Aqui, o protagonista, Peter Harris, um marchand na crise de meia-idade, tem a questão do HIV apenas sob a forma de reminiscências com relação ao irmão mais velho morto pela síndrome.

PORÉM, AO MESMO TEMPO QUE A NOVA ÉPOCA MUDOU A FORMA DE VER O HIV EM VÁRIOS PAÍSES, FORAM DESLOCADAS AS ANTIGAS IMAGENS DE MORTE PARA OUTROS SUJEITOS, ESPECIALMENTE AQUELES SITUADOS NAS ZONAS DE POBREZA DO PLANETA

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A memória da Aids também foi acionada pelo escritor David Levithan em Dois Garotos se Beijando (2013). Levithan ofereceu ao seu público teen um coro de pessoas desaparecidas em decorrência da Aids. Embora o tema do livro não pudesse ser mais prosaico – dois jovens gays em um longo beijo-protesto contra a homofobia –, merece destaque a forma como o escritor usa o citado coro para construir uma ponte entre duas gerações separadas pelo surgimento do coquetel antiaids. Lançada em 2001, a grafic novel Pílulas Azuis, do artista visual suíço Frederik Peeters, explicita, sob a forma de quadrinhos, os dilemas do dia a dia de um casal heterossexual sorodiscordante, ou seja, quando apenas um dos dois vive com HIV.

Audiovisual, memória e epidemia hoje A partir da década de 2000, há o boom de certa produção fílmica mainstream que passa a adaptar peças teatrais clássicas da dramaturgia da Aids. São os casos de Angels in America (2003), dirigida por Mike Nichols; o musical Rent – os Boêmios (2005), dirigido por Chris Columbus; e The Normal Heart (2014), dirigido por Ryan Murphy. Seus enredos relembram os grupos de amigos reagindo ao descaso do governo dos Estados Unidos no auge da epidemia. Nesse mesmo sentido surgem outras adaptações, de livros ou de narrativas de vida, como Cazuza – o Tempo Não Para (2004), de Sandra Werneck e Walter Carvalho, baseado no livro de memórias de Lucinha Araújo, mãe do cantor. E, mais recentemente, Clube de Compras Dallas (2013), de Jean-Marc Vallée, e 120 Batimentos por Minuto (2017), de Robin Campillo, ambos mostrando como eram as lutas pelo acesso aos primeiros antirretrovirais, tal qual o AZT, bem como os enfrentamentos individuais ou coletivos à indústria dos fármacos. Ainda sobre uma possível reconstrução mnêmica do vírus no corpo e no artista, o documentário A Paixão de JL (2015), dirigido por Carlos Nader, utiliza os audiodiários de Leonilson, morto em 1993, para tecer as últimas palavras do artista visual junto às imagens de suas obras que tangenciam as questões de sexualidade, afetividade, Aids etc.

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Já no tema das “vivências dos novos tempos do HIV”, têm-se os documentários autobiográficos: E Agora? Lembra-Me (2013), realiza-


do pelo português Joaquim Pinto, e Meu Nome É Jacque, de Angela Zoé, lançado em 2016. Joaquim Pinto desenvolve um retrato poético de sua trajetória depois do vírus e apresenta cenas sensíveis de intimidade com o parceiro. O documentário de Angela Zoé mostra histórias que compõem a vida pública e pessoal da militante trans Jacqueline Rocha Côrtes, inclusive sua relação com a soropositividade há mais de 20 anos. Na ficção sobre uma vida soropositiva pós-coquetel, destacam-se As Horas (2002), de Stephen Daldry; A Família de Félix (2000), de Olivier Ducastel e Jacques Martineau; e Dias (2001), de Laura Muscardin. A feminização da síndrome também é tematizada na ficção dirigida por Darrell Roodt, Yesterday (2005). Roodt aborda o abandono da mulher negra sul-africana a partir de um diagnóstico positivo, mesmo nos dias atuais. O cinema serviu para lembrar que nem todas as formas de vivências com HIV são protegidas e acolhidas. Ao contrário, persistem as zonas de segregação e abandono. É o caso de grande parte do continente africano, como apresentado na ficção O Jardineiro Fiel (2005), de Fernando Meirelles, e nos documentários A Closer Walk (2005), de Robert Bilheimer, e Aids: Living in the Shadows (2014), de Beth Mendelson. Neste último, Mendelson aponta como o conservadorismo religioso em Uganda domina os significados atribuídos aos corpos que vivem com HIV/Aids.

Os palcos e o vírus No teatro, Gabriel Estrela produziu em 2015 o espetáculo Boa Sorte. Fazendo uma espécie de atualização do tema do clássico musical Rent, o diretor brasiliense apresentou a relação de parte da juventude com o HIV hoje. Ainda na linguagem musical, Cazuza – pro Dia Nascer Feliz (2013), dirigido por João Fonseca, levou aos palcos a vida do cantor carioca eternizado como um dos primeiros casos midiáticos de vivência com o HIV no Brasil. Sob o impacto da produção discursiva dos anos 1980, tem-se também Uma Flor de Dama (2002), do coletivo artístico As Travestidas – monólogo inspirado no conto “Dama da Noite”, de Caio Fernando Abreu. Há ainda as peças do mesmo coletivo que abordam, com maior ou menor intensidade, as conexões entre travestilidade e vulnerabilidade ao vírus nos dias de hoje: Engenharia Erótica: Fábrica de Travestis (2010) e BR Trans (2013).

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Aids nas artes visuais Destaca-se no campo das artes visuais a instalação Put It on! (2007), dos indianos Jiten Thukral e Sumir Tagra, que problematiza a queda no uso de preservativos em seu país. Já em Rainbow Highway (2007), a artista Suzanne Wright, ativista do ACT UP e Diva TV nos anos 1990, sobrepõe as imagens de uma ponte e de nádegas para tensionar os limites entre o público e o privado na construção das sexualidades dos corpos dissidentes. Outro trabalho nesse sentido é Survival Aids Series 2 ACT UP Chicago with Memorial Dress Photographed by Maxine Henryson (2015), de Hunter Reynolds, que apresenta uma colagem de matérias de jornal, imagens de remédios antirretrovirais e fotografia de cross-dress. As mais diversificadas referências ao vírus transitam por obras desses e de outros artistas contemporâneos, como Chloe Dzubilo, Frank Moore, Joyce McDonald, Luna Luis Ortiz, Kia LaBeija, Ben Cuevas, Anthony Viti, Frederick Weston e Mark Carter. Muitas delas estiveram reunidas durante o ano de 2016 em exposições na cidade de Nova York que abordaram simultaneamente desde a memória da Aids até a realidade do vírus hoje. Foram os casos de Art Aids America, no Bronx Museum of the Arts; A Deeper Dive, no Leslie-Lohman Museum of Gay and Lesbian Art; Persons of Interest, no Bureau of General Services – Queer Division; e Things: a Queer Legacy of Graphic Art and Play, no Participant Inc., entre outras. No caso brasileiro, têm-se os trabalhos de Micaela Cyrino, artista que convive com a sorologia positiva desde seu nascimento, além de Juliana Curi e Maria Eugênia Cordero, com a instalação A Batalha do Corpo (2015). No contexto africano é importante destacar o artista congolês Chéri Samba, que em diversas de suas obras denuncia o descaso mundial com a atual disseminação do vírus HIV naquele continente. Todos esses aspectos e repercussões continuam a ser problematizados e denunciados pelas mais variadas produções artísticas. Permanece atual, portanto, a frase do escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996), que, ao revelar publicamente sua sorologia, declarou: “A vida grita. E a luta continua”.

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FOTOS AMANDA RIGAMONTI ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA ANDRÉ SEITI ENTREVISTAS E PRODUÇÃO MARCELLA AFFONSO PRODUÇÃO RODRIGO MONTEIRO

ENSAIO FOTOGRÁFICO COM INTEGRANTES DA MOSTRA E REPRESENTANTES DE PROJETOS LIGADOS A ELA


Estigmatização de pessoas que vivem com HIV ou Aids, intolerância à população LGBTQ+, racismo, machismo, discriminação por classe – entre tantos outros males. Como curar a sociedade das crenças e ações que bloqueiam a plena existência do outro?

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Neste ensaio, pessoas envolvidas com a programação de Todos os Gêneros posam e se posicionam, expondo como percebem essa realidade e sugerindo caminhos para pôr fim aos preconceitos e discriminações enraizados socialmente.


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A educação e o conhecimento são as ferramentas mais importantes que temos para acabar de vez com essa visão de que a única saída que nos resta é a marginalidade.

ISADORA MESSIAS, 25 ANOS, ESTUDANTE E CONVIVENTE DA CASA FLORESCER, CENTRO DE ACOLHIDA ESPECIAL

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PARA MULHERES TRANSEXUAIS E TRAVESTIS


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Quando penso em cissexismo, LGBTfobia, misoginia e racismo, penso em como podemos combater isso e produzir a real liberdade para que o outro possa existir em sua plenitude. Acho que essa é a questão. NEON CUNHA, 48 ANOS, PUBLICITÁRIA E FUNCIONÁRIA PÚBLICA

As pessoas precisam entender que estão convivendo com um número significativo de pessoas que têm HIV, pessoas que estão aí na sociedade batalhando, trabalhando, estudando, vivendo a vida, tendo que lidar com isso. OZZY CERQUEIRA, 31 ANOS, ADVOGADO, PESQUISADOR E ATIVISTA

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SOROPOSITIVO, DESCOBRIU-SE COM O VÍRUS EM 2008


A gente, como artista, vem traduzindo as informações, fazendo refletir. Quando as pessoas apontarem seus próprios preconceitos e quiserem desconstruílos, a gente caminha para algum lugar. MICAELA CYRINO, 29 ANOS, ARTISTA PLÁSTICA, MILITANTE E INTEGRANTE DO COLETIVO NEGRO E LGBT AMEM; SOROPOSITIVA, VIVE COM O VÍRUS DESDE QUE NASCEU

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Penso que os esforços devem ser concentrados em acharmos pautas que nos unam, e não brigar pelas nossas diferenças. E isso diz respeito a praticar cotidianamente aquilo que é modelo para uma sociedade justa. Temos de fazer um mergulho interior e resolver nosso desejo de superioridade em relação a algo ou alguém. PRISCILLA BERTUCCI, 39 ANOS, FUNDADOR DO NEGÓCIO SOCIAL [SSEX BBOX]

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É importante não fragmentar essas discussões.

FLIP COUTO, 34 ANOS, DANÇARINO E IDEALIZADOR DA FESTA NEGRA E LGBT AMEM; SOROPOSITIVO, VIVE COM O VÍRUS DESDE 2009

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Costumo dizer que sou uma mulher negra, altamente miscigenada indígena, gorda, sapatão e esclerosada – sou portadora de esclerose múltipla. Não compreendo como não falamos sobre deficiências físicas quando pensamos em temas interseccionais. Enquanto mulher negra, acho que as pessoas brancas precisam arregaçar as mangas e compreender que questões de racialidade não são exclusivas de pessoas negras.

MIRELLA FAÇANHA, 28 ANOS, ATRIZ

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POR RAMON NUNES MELLO, NATURAL DE ARARUAMA (RJ), POETA, ESCRITOR, JORNALISTA E ATIVISTA DOS DIREITOS HUMANOS. MESTRE EM LITERATURA BRASILEIRA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), É AUTOR DOS LIVROS DE POEMAS VINIS MOFADOS (LÍNGUA GERAL, 2009); POEMAS TIRADOS DE NOTÍCIAS DE JORNAL (MÓBILE EDITORIAL, 2011); E HÁ UM MAR NO FUNDO DE CADA SONHO (VERSO BRASIL, 2016). ORGANIZOU ESCOLHAS (LÍNGUA GERAL/CARPE DIEM, 2009), AUTOBIOGRAFIA DA PROFESSORA HELOISA BUARQUE DE HOLLANDA; COORGANIZOU, COM HELOISA BUARQUE DE HOLLANDA, ENTER, ANTOLOGIA DIGITAL (2009) E, COM MARCIO DEBELLIAN, MARIA BETHÂNIA GUERREIRA GUERRILHA, DE REYNALDO JARDIM (MÓBILE EDITORIAL/DEBÊ PRODUÇÕES, 2011). É CURADOR DA OBRA DOS POETAS RODRIGO DE SOUZA LEÃO (1965-2009) E ADALGISA NERY (1905-1980)

1. o autor opta por escrever hiv e aids em minúsculo, em uma forma de dialogar com o escritor, jornalis-

A linguagem é o verdadeiro vírus. Só pude compreender essa sentença quando, em 2012, peguei um diagnóstico em que constava reagente: hiv positivo.1 Ao reelaborar minha visão de vida, tive a compreensão de que eu não deveria me silenciar sobre minha sorologia, tendo liberdade para escrever, de forma subjetiva ou não, sobre o assunto quando tivesse vontade e desejo, sem medo do julgamento alheio.

ta e sociólogo herbert daniel, que não queria dar destaque para o vírus e escrevia dessa forma.

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Em 2015, quando resolvi escrever o texto "O Sentido da Urgência: a Necessidade de se Conversar sobre o hiv", em que abri publicamente a vivência com o vírus, passei a mergulhar em livros que abordavam o tema como uma busca de diálogo, fortalecimento emocional, aceitação de uma nova condição e entendimento da linguagem literária como busca e forma de vida. Conforme comecei a escrever os poemas do meu último livro, Há um Mar no Fundo de Cada Sonho (Verso Brasil, 2016), aceitei minha convivência com o vírus que está hospedado no meu sangue. Dessa forma, selecionei três poemas representativos de minha literária produção atual para ilustrar essa vontade de interferir no discurso do hiv/aids por meio da linguagem, especificamente da poesia. Da escrita dos meus versos surgiu então o interesse em organizar poemas sobre hiv/aids com poetas de gerações e sorologias distintas, com a intenção de amplificar as diversas percepções sobre o hiv/aids na poesia contemporânea: Tente Entender o que Tento Dizer – Poesia hiv/aids (Bazar do Tempo, 2018) – cuja publicação, inédita, será lançada para colaborar com a chamada literatura pós-coquetel. Mas esse livro é outra história.


"Veneno-Curativo"

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semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam semelhantes curam


"Diรกlogo com William S. Burroughs"

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DO POEMA SEU PRÓPRIO CORPO ÚNICO EXÍLIO CRUCIFICADO DILACERADO ROTO ESTRANHO DESPEDAÇADO EXCLUÍDO SEM ÓRGÃOS ORGÂNICO ABERTO POROSO FECHADO DESNUDADO HABITA O MOVIMENTO DA PAIXÃO SANTIDADE E SENSUALIDADE TUDO É LÍQUIDO ESCORRE GOZO SANGUE SUOR DOR DERRETIDA LÁGRIMA

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"O Corpo"


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_ 20h

_ 20h

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sexta

sábado

performance

espetáculo

debate

cura

lembro todo dia

quinta

e debate

sorofobia, onde se esconde o

preconceito | p.59

de você | p.79

_ 16h

o diário virtual: youtubers e o hiv/aids

_ 20h

| p.61

espetáculo lembro todo dia de você | p.79

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_ 16h

_ 19h

_ 19h

_ 16h

domingo debate

segunda

terça

quarta

mostra de

mostra de

debate

_

_

coquetel: novas

curtas | p.71

literatura pós-

desconstruindo

curtas | p.70

_ 19h

bailão

jessy

narrativas do

o pacote

diva

_

_ 18h às 19h

na esquina da

afronte

lançamento

o hiv | p.62

_

_

espetáculo

desmesura | p.80

_

hiv/aids | p.64

minha rua favorita

_

com a tua

parente

entender o que

dandara

entre os ombros

+ hiv/aids | p.75 _ 20h

_ _

_

o chá do general

do livro tente tento dizer – poesia

espetáculo o bebê de tarlatana rosa | p.80

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20

_ 20h

_ 16h

_ 16h

_ 15h

quinta

sexta

sábado

espetáculo

debate

debate

encontro com

sangue

novos rumos do

visibilidade ou

o espectador

e debate

tratamento do

negritude

& hiv/

aids: o corpo

negro, a militância e a epidemia | p.65

hiv/aids

_ 20h

show

| p.66

almério | p.77

não: modos de ocupar o mundo e performance

poema maldito | p.67

_ 20h l, o musical | p.81 _ 23h à 1h30 [do dia 20] cabaré todos os gêneros | p.73

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domingo –

edição todos os gêneros | p.68

_ 19h l, o musical | p.81


AS MESAS TÊM CONSULTORIA DE RAMON NUNES MELLO E ASSISTÊNCIA DE CONSULTORIA DE WAGNER ALONGE

D E B AT E


DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS PÚBLICO PREFERENCIAL: DUAS HORAS ANTES DO ESPETÁCULO | COM DIREITO A UM ACOMPANHANTE INGRESSOS LIBERADOS APENAS NA PRESENÇA DO PREFERENCIAL E DO ACOMPANHANTE PÚBLICO NÃO PREFERENCIAL: UMA HORA ANTES DO ESPETÁCULO | UM INGRESSO POR PESSOA

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QUINTA 20H

PERFORMANCE CURA + SOROFOBIA, ONDE SE ESCONDE O PRECONCEITO com Micaela Cyrino [performance] | Beatriz Pacheco, Carué Contreiras e Gabriela Calazans [mesa] | mediação Salvador Corrêa – Além de ser um problema de saúde pública, a epidemia de HIV e Aids é um desafio social. De forma silenciosa, reproduzem-se o preconceito e a discriminação contra a pessoa vivendo com HIV: a sorofobia ou a Aidsfobia. Quais são as ferramentas possíveis para entender o processo pelo qual 830 mil brasileiros são mantidos no anonimato? Como tratar uma violência que, ao isolar e afastar do teste e do tratamento, mata? Antes do debate, o público poderá assistir à performance Cura, com Micaela Cyrino, que nasceu com o HIV e, ainda na adolescência, tornou-se ativista na luta para defender os direitos das pessoas que vivem com esse vírus. Artista visual, educadora e palestrante, em Cura ela propõe expor corpos negros femininos e a epidemia de Aids.


Beatriz Pacheco é ativista independente e atua nas áreas de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis, sexualidade em geral e cidadania positiva para o HIV. – Carué Contreiras vive com HIV/Aids. É ativista, médico pediatra e sanitarista. – Gabriela Calazans é psicóloga, especialista em saúde coletiva, mestra em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). – Salvador Corrêa é psicólogo, mestre em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), e coordenador na Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). – duração aproximada 140 minutos sala itaú cultural (piso térreo) | 224

pessoas

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SÁBADO 16H

O DIÁRIO VIRTUAL: YOUTUBERS E O HIV/AIDS com Daniel Fernandes, Gabriel Comicholi e Vinícius Borges (Doutor Maravilha) | mediação Roseli Tardelli – Desde o início dessa epidemia, o relato de quem vive com HIV/Aids tem sido registrado em livros como busca de compartilhar a experiência em primeira pessoa. Recentemente, os depoimentos vêm se popularizando nas redes sociais, em especial no YouTube. Como os jovens que utilizam essas ferramentas podem colaborar nesse diálogo ao falar abertamente sobre sexo e mostrar a realidade de quem vive com o vírus? – Daniel Fernandes tem 33 anos, é portador de HIV, fotógrafo e youtuber no canal Prosa Positiva. – Gabriel Comicholi tem 21 anos, é ator e inaugurou um canal no YouTube (HDiário) quando se descobriu soropositivo. – Roseli Tardelli é jornalista com mestrado pela Universidade de Navarra (Espanha). Foi a primeira mulher a apresentar o programa Roda Vida, na TV Cultura. Em 1994, depois da morte de seu irmão, Sérgio Tardelli, em consequência da Aids, passou a se dedicar a ações de comunicação e cultura ligadas ao tema HIV/Aids. Criou a Agência de Notícias da Aids há 12 anos e a Agência Sida, em Moçambique (África), em 2009. Lançou, em 2015, o projeto Lá em Casa, local de reabilitação e convivência para pessoas vivendo com HIV/Aids. – Vinícius Borges (Doutor Maravilha) é médico infectologista, criador do canal Doutor Maravilha: Saúde Integral para a População LGBT e ativista dos direitos humanos. – duração aproximada 120 minutos sala vermelha (piso 3) | 70 pessoas

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DOMINGO 16H

DESCONSTRUINDO O HIV com Diego Callisto, Mayo Julieta Villarreal Villalobos e Rafaelx Amaral | curadoria [SSEX BBOX] | mediação Priscilla Bertucci – A mesa vai questionar “verdades científicas” e discutir com o público várias questões que envolvem a epidemia de HIV. Quem é a população-chave? É possível desconstruir a necessidade de atribuir o risco a segmentos a partir de um recorte de gênero, raça e classe? Existe lobby na indústria farmacêutica? – [SSEX BBOX] é um projeto que procura dar visibilidade às questões de gênero e sexualidade em São Paulo, São Francisco (Estados Unidos), Berlim (Alemanha) e Barcelona (Espanha). Por meio de sensibilizações e debates, o objetivo é reduzir o isolamento, facilitar a educação, estimular a criação de comunidades e questionar antigos conhecimentos sobre sexualidade e gênero. Diego Callisto é soropositivo e fez especialização em epidemiologia e bioestatística em Berkeley (Estados Unidos). Atualmente, trabalha com pesquisas relacionadas às vulnerabilidades de segmentos populacionais no contexto da epidemia de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). – Mayo Julieta Villarreal Villalobos é psicanalista, médica psicossomaticista e pesquisadora. Formada no Instituto Superior de Ciências Médicas de Santiago de Cuba, é especialista em medicina familiar e comunitária no Hospital Geral de La Palma, nas Ilhas Canárias (Espanha), em gestão de conflitos e em psicossociopatologia. – Priscilla Bertucci é artista social, identifica-se como gênero queer, dirige documentários, é fotógrafo, diretor de arte e fundador do [SSEX BBOX], em que também atua como curador da Conferência Internacional [SSEX BBOX]. Priscilla é ainda educador do Diversity BBox, consultoria LGBTQIA+ para empresas e instituições, além de desenvolver trabalhos utilizando abordagens da Comunicação Não Violenta (CNV) para trabalhar com pessoas e organizações. –

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Rafaelx Amaral é ativista e graduando de ciências sociais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde desenvolve pesquisa em antropologia da saúde sobre HIV/Aids. – duração aproximada 120 minutos sala vermelha (piso 3) | 70 pessoas

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QUARTA 16H

LITERATURA PÓS-COQUETEL: NOVAS NARRATIVAS DO HIV/AIDS com Alexandre Nunes de Sousa, Amara Moira e Ramon Nunes Mello mediação Nathan Fernandes – Partindo do conceito de “literatura pós-coquetel”, pesquisadores, poetas, escritores e jornalistas refletem sobre a relação do vírus HIV com a linguagem na construção de novas narrativas em torno dessa epidemia. Com os avanços das medicações antirretrovirais e a melhoria da qualidade de vida de quem vive com o vírus, já existe uma literatura de HIV/Aids diferente do tempo em que viver com HIV era sinônimo de sentença de morte? – Alexandre Nunes de Sousa é professor de comunicação e cultura na Universidade Federal do Cariri (Ufca), no Ceará. Doutorando em cultura e sociedade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), integra os grupos de pesquisa Cultura e Sexualidade (CuS), da UFBA, e Cult.com – Políticas de Comunicação e de Cultura, da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Atualmente, estuda as relações entre arte, ativismo, luto e espaço público. – Amara Moira é travesti, feminista e doutora em teoria e crítica literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de autora do livro autobiográfico E se Eu Fosse Puta (Hoo Editora, 2016). – Nathan Fernandes é jornalista, editor da Revista Galileu. Autor da reportagem “O vírus do preconceito” – reconhecida como referência pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), recebeu em 2016 o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. A reportagem também foi premiada pela Aids Healthcare Foundation. – Ramon Nunes Mello, natural de Araruama (RJ), é poeta, escritor, jornalista e ativista dos direitos humanos. Mestre em literatura brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é autor dos livros de poemas Vinis Mofados (Língua Geral, 2009), Poemas Tirados de Notícias de Jornal (Móbile Editorial, 2011) e Há um Mar no Fundo de Cada Sonho (Verso Brasil, 2016). – duração aproximada 120 minutos sala vermelha (piso 3) | 70 pessoas

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QUINTA 20H

PERFORMANCE SANGUE + NEGRITUDE & HIV/AIDS: O CORPO NEGRO, A MILITÂNCIA E A EPIDEMIA com Flip Couto [performance] | Aline Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira, Flip Couto e Micaela Cyrino [mesa] mediação Ozzy Cerqueira – No Brasil, hoje, uma pessoa negra e infectada pelo HIV tem 2,4 vezes mais probabilidade de morrer de Aids do que uma pessoa branca. Os dados alarmantes nos levam a pensar que o “racismo institucional” e a falta de acesso aos serviços públicos de saúde necessitam ser combatidos. O mito da democracia racial colabora para encobrir a discussão do HIV/Aids e a negritude? Antes da mesa, acontece a performance de dança Sangue, dirigida e encenada por Flip Couto. Com participação do público, o espetáculo discute a construção de um corpo negro, homoafetivo e soropositivo, tendo como ponto de partida os bailes black dos anos 1970, festas de bairros, reuniões familiares e vários outros encontros presentes no cotidiano das cidades. – Aline Ferreira é estudante de psicologia, integra o grupo de pesquisa Viver+, da faculdade de educação física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), compõe o coletivo Loka de Efavirenz e é secretária de articulação política da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids (RNAJVHA). – Carlos Henrique de Oliveira é escritor, ativista do movimento negro e integrante do coletivo Loka de Efavirenz. – Flip Couto é dançarino, performer e produtor. Integrante da Cia. Discípulos do Ritmo, da Cia. Sansacroma e do Coletivo Amem, está ligado à cultura hip-hop desde 1999. – Micaela Cyrino estudou artes visuais na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo. Em 2015, foi selecionada para a residência artística no Centro de Arte Contemporânea de Quito (Equador), onde concebeu a performance Cura. – Ozzy Cerqueira é advogado da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), ativista dos direitos humanos e doutorando em saúde global na Universidade de São Paulo (USP). – duração aproximada 150 minutos

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sala multiúso (piso 2) | 100 pessoas


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SEXTA 16H

NOVOS RUMOS DO TRATAMENTO DO HIV/AIDS com Bruna Benevides, Marcia Rachid e Ricardo Vasconcelos mediação Diogo Sponchiato – Pensando a militância como espaço de reivindicação de políticas públicas para pessoas que vivem com HIV/Aids, é fundamental o diálogo médico com o ativismo, possibilitando a convergência de discussões fundamentais que se alteram desde o início dessa epidemia. O debate vai abordar questões como o surgimento de novos tratamentos, as políticas públicas de saúde propostas pela comunidade científica e como o atendimento ao portador do vírus HIV pode ser cada vez mais democrático, humanizado e acolhedor. – Bruna Benevides é presidenta do Conselho LGBT de Niterói e secretária de articulação política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). – Diogo Sponchiato é jornalista, redator-chefe da marca Saúde, na Editora Abril, que engloba revista, site, livros e pesquisas. Foi um dos contemplados com o Prêmio Especialistas da Comunicação na categoria Saúde em 2017. – Marcia Rachid é mestra em doenças infecciosas e parasitárias pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em alergia e imunologia clínica pelo Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas (Rio de Janeiro) e membro do Comitê Técnico Assessor para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. – Ricardo Vasconcelos é médico infectologista formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e trabalha desde 2007 atendendo pessoas que vivem com o HIV. É coordenador do SEAP HIV (São Paulo), ambulatório do Hospital das Clínicas especializado nesse vírus. – duração aproximada 120 minutos sala multiúso (piso 2) | 100 pessoas

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19

SÁBADO 16H

VISIBILIDADE OU NÃO: MODOS DE OCUPAR O MUNDO + PERFORMANCE MUSICAL POEMA MALDITO com Mirella Façanha, Neon Cunha e Rafael Bolacha [mesa] | Luís Capucho [performance musical] | mediação Marcio Caparica – De acordo com a legislação brasileira, quem está soropositivo tem direito a sigilo, e ninguém pode expor a situação sorológica de uma pessoa. Entendendo tanto o desejo dessa visibilidade quanto o modo pessoal e intransferível de se colocar no mundo, quais são os desdobramentos, as implicações e os embates sociais dessas escolhas? Após o debate, será apresentada a performance Poema Maldito, com Luís Capucho. Acompanhado por Vitor Wutzki (baixo) e Felipe Mourad (bateria), ele apresenta composições que falam de forma lírica e pessoal de masculinidade, homossexualidade e HIV. – Marcio Caparica é o editor-chefe do blog e podcast Lado Bi, que desde 2013 se dedica a esclarecer questões de cultura e cidadania LGBT. – Mirella Façanha é atriz afro-indígena, graduada pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/USP). No seu trabalho de pesquisa explora a presença política do seu corpo em cena pelo ponto de vista racial. – Neon Cunha é ativista independente, mulher negra, ameríndia, feminista interseccional e transgênero. Publicitária e colaboradora no desenvolvimento de coleções na marca Isaac Silva, tem atuado junto à Marcha das Mulheres Negras de São Paulo e participado de palestras, rodas de conversas e debates. – Rafael Bolacha é ator, bailarino e produtor. Autor do livro Uma Vida Positiva e gestor do projeto de mesmo nome, em que aborda a temática HIV/Aids em variados segmentos culturais, é também produtor e apresentador do Chá dos 5, canal no YouTube sobre o universo LGBT, com cerca de 40 mil seguidores. – duração aproximada 170 minutos sala vermelha (piso 3) | 70 pessoas

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20

DOMINGO 15H

ENCONTRO COM O ESPECTADOR – EDIÇÃO TODOS OS GÊNEROS com L, o Musical e Teatrojornal – Edição extraordinária da série Encontro com o Espectador, apresentada pelos editores do site Teatrojornal. As artistas de L, o Musical conversam com os jornalistas num bate-papo aberto ao público. – duração aproximada 120 minutos sala vermelha (piso 3) | 70 pessoas

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DE CURTAS


DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS PÚBLICO PREFERENCIAL: DUAS HORAS ANTES DO ESPETÁCULO | COM DIREITO A UM ACOMPANHANTE INGRESSOS LIBERADOS APENAS NA PRESENÇA DO PREFERENCIAL E DO ACOMPANHANTE PÚBLICO NÃO PREFERENCIAL: UMA HORA ANTES DO ESPETÁCULO | UM INGRESSO POR PESSOA

DEZ FILMES SERÃO EXIBIDOS EM DUAS SESSÕES, NOS DIAS 14 E 15 DE MAIO.

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SEGUNDA 19H

– BAILÃO (Marcelo Caetano, 2009, 16 min) O documentário se passa no centro de São Paulo, onde a urgência da vida é retratada por meio das histórias das pessoas que frequentam clubes noturnos e outros locais voltados para o público gay masculino. – O PACOTE (Rafael Aidar, 2013, 18min30s) Em uma nova escola, os jovens Leandro e Jefferson percebem uma ligação instantânea, mas não se trata de uma amizade comum. Jeff tem algo a dizer. Se eles querem ficar juntos, Leandro deverá lidar com algo irreversível. Algo que faz parte do pacote. – NA ESQUINA DA MINHA RUA FAVORITA COM A TUA (Alice Name-Bomtempo, 2017, 17min57s) O filme conta a história de Helena e Tainá, que se conheceram em uma ida casual ao cinema. – DANDARA (Flávia Ayer e Fred Bottrel, 2017, 14 min) O assassinato brutal da travesti Dandara Kataryne poderia se limitar a uma estatística no país que mais mata travestis e transexuais, mas o caso ganhou repercussão com a viralização de vídeos gravados pelos próprios agressores. – O CHÁ DO GENERAL (Bob Yang, 2016, 22 min) Um general chinês aposentado recebe a inesperada visita de seu neto, e a história se desenrola a partir desse reencontro. – [com legendas descritivas] duração aproximada 90 minutos sala itaú cultural (piso térreo) | 224

pessoas

70


15

TERÇA 19H

– JESSY (Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge, 2013, 15 min) Jéssica Cristopherry: assim se chamavam todas as personagens da infância de Paula Lice. Atriz, dramaturga e mulher, Paula conta com o apoio de suas madrinhas para resgatar Jéssica e realizar o desejo de ser transformista. – DIVA (Clara Bastos, 2016, 18 min) Camila se aproxima das drag queens que habitam a pensão de Bella. – AFRONTE (Bruno Victor e Marcus Azevedo, 2017, 15min40s) Ficção e documentário se misturam para contar a história de Victor Hugo, jovem negro, gay e morador da periferia do Distrito Federal. Seu relato se mistura aos depoimentos de outros jovens, revelando diferentes formas de resistência. – PARENTE (Aldemar Matias, 2011, 20 min) Rodado entre 2010 e 2011 nas aldeias indígenas Ticuna, em Belém do Solimões (Tabatinga/AM), e Ianomâmi, em Pixanahabi (Alto Alegre/RR), o filme mostra o primeiro contato de populações indígenas com testes rápidos de HIV e sífilis. – ENTRE OS OMBROS (Carolina Castilho, 2016, 19min07s) Dani, adolescente intersexual, é pressionada por sua mãe para realizar um tratamento de redesignação sexual. – [com legendas descritivas] duração aproximada 90 minutos

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sala itaú cultural (piso térreo) | 224

pessoas


FESTA


DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS NÃO HAVERÁ DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS. O EVENTO É GRATUITO E ACONTECE DURANTE A VIRADA CULTURAL. A LOTAÇÃO FICA SUJEITA À CAPACIDADE DO TEATRO DE CONTÊINER

19

SÁBADO 23H À 1H30 DO DIA 20

CABARÉ TODOS OS GÊNEROS com Casa Florescer, Coletivo Amem e Kiara Felippe – O Teatro de Contêiner, sede da Cia. Mungunzá, será palco para o Cabaré Todos os Gêneros. A festa terá discotecagem de Kiara Felippe e participação do Coletivo Amem. As conviventes da Casa Florescer também marcam presença, com trechos do espetáculo Divas Florescer. – duração aproximada 180 minutos teatro de contêiner mungunzá

(Rua dos Gusmões, 43, Santa Ifigênia, São Paulo/SP)

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RATURA


DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS NÃO HAVERÁ DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS ENTRADA SUJEITA À LOTAÇÃO DO ESPAÇO

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QUARTA 18H ÀS 19H

LANÇAMENTO DO LIVRO TENTE ENTENDER O QUE TENTO DIZER – poesia + hiv/aids (Bazar do Tempo, 2018) – Organizado por Ramon Nunes Mello, o livro reúne uma seleção da produção poética contemporânea, cujos autores são de gerações, gêneros e sorologias diferentes. Os poetas foram convidados a escrever sobre o HIV/Aids de forma direta ou indireta. Entre os autores presentes no livro estão Silviano Santiago, Marília Garcia, Chacal, Micheliny Verunschk, Victor Heringer, Angélica Freitas, Fabrício Corsaletti, Amara Moira e Armando Freitas Filho. – duração aproximada 60 minutos foyer da sala vermelha (piso 3)

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MÚSICA


DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS PÚBLICO PREFERENCIAL: DUAS HORAS ANTES DO ESPETÁCULO | COM DIREITO A UM ACOMPANHANTE INGRESSOS LIBERADOS APENAS NA PRESENÇA DO PREFERENCIAL E DO ACOMPANHANTE PÚBLICO NÃO PREFERENCIAL: UMA HORA ANTES DO ESPETÁCULO | UM INGRESSO POR PESSOA

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SEXTA 20H

ALMÉRIO O cantor pernambucano Almério apresenta músicas dos seus dois primeiros CDs, além de versões de sucessos que dialogam com os temas abordados na Mostra Todos os Gêneros: diversidade, afetividade e respeito por si mesmo e pelo próximo. O show contará com a participação especial de Evi Hadu. – duração aproximada 75 minutos sala itaú cultural (piso térreo) | 224

77

pessoas


TEATRO


DISTRIBUIÇÃO DE INGRESSOS PÚBLICO PREFERENCIAL: DUAS HORAS ANTES DO ESPETÁCULO | COM DIREITO A UM ACOMPANHANTE INGRESSOS LIBERADOS APENAS NA PRESENÇA DO PREFERENCIAL E DO ACOMPANHANTE PÚBLICO NÃO PREFERENCIAL: UMA HORA ANTES DO ESPETÁCULO | UM INGRESSO POR PESSOA

11 12

SEXTA E SÁBADO 20H

LEMBRO TODO DIA DE VOCÊ O musical apresenta um retrato realista e contemporâneo do HIV por meio da história de Thiago, jovem que se vê soropositivo aos 20 anos de idade e inicia uma jornada de autoconhecimento, encarando questões decisivas de sua vida – como o abandono paterno e a descoberta da sexualidade. Realizado pelo Núcleo Experimental, o espetáculo traz canções originais que passeiam por diferentes gêneros – do pop ao bolero. – duração aproximada 120 minutos sala itaú cultural (piso térreo) | 224

pessoas

elenco:

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Anna Toledo, Bruna Guerin, Davi Tápias, Fabio Augusto Barreto, Fabio Redkowicz, Gabriel Malo, Pier Marchi e Zé Henrique de Paula | regência: Rafa Miranda | clarineta e sax: Flávio Rubens | violoncelo: Felipe Parisi | piano: Fernanda Maia | baixo: Clara Bastos e Pedro Macedo | bateria: Abner Paul – texto: Fernanda Maia | colaboração: Herbert Bianchi e Zé Henrique de Paula | música: Rafa Miranda | letra: Fernanda Maia | direção: Zé Henrique de Paula | direção musical: Fernanda Maia | assistência de direção e preparação de atores: Inês Aranha | preparação vocal: Fernanda Maia e Rafa Miranda | figurino: Zé Henrique de Paula | assistência de figurino: Danilo Rosa | iluminação: Fran Barros | coreografia: Gabriel Malo | projeto sonoro: João Baracho | cenografia: Bruno Anselmo | assistência de cenografia: Carolina Caminata | cenotécnica: Vanderlei Leonarchik | serralheria: Gildo Batista Reis de Santana e Pedro Roselino Filho | pintura: Luciano Filardo | contrarregra frente: Gilmar Alves | design gráfico e vídeo: Laerte Késsimos | fisioterapia: PhysioArt Studio Fisioterapia | otorrinolaringologia: Reinaldo Yazaki | operação de luz: Tulio Pezzoni | operação de som: Ki Somerlate | produção: Claudia Miranda, Laura Sciuli, Louise Bonassi e Mariana Mello | assistência de produção: Julia Maia | foto e rede social: Giovana Cirne | realização: Núcleo Experimental


13

DOMINGO 19H

DESMESURA Inspirada livremente na trajetória do dramaturgo argentino Raúl Damonte Botana, ou Copi – morto em 1987, de complicações decorrentes da Aids –, a peça do Teatro Kunyn aborda a soropositividade e a transexualidade. No espetáculo, o artista é apresentado em seus últimos momentos, tendo delírios nos quais a época em que viveu é confrontada com os dias de hoje. – duração aproximada 60 minutos sala itaú cultural (piso térreo) | 224

pessoas

criação:

Teatro Kunyn | dramaturgia: Ronaldo Serruya | elenco: Luiz Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri e Ronaldo Serruya | direção: Lubi – direção de produção: Fernando Gimenes | direção de arte e figurino: Yumi Sakate | dramaturgue: Renata Pimentel | iluminação: Wagner Antônio | assistente de iluminação: Dimitri Luppi Slavov | operação de luz e som: Alexandre Silva | cenografia: Lubi e Yumi Sakate | cenotécnica: Josué Torres | costureiras: Cirlandia Maria Simon, Noeme Costa e Oficina da Malonna | peruca: Nina Fur | confecção do bolo: Flavia Vidal | confecção do boneco: Big Air | música inicial: Lovejoy – "Aeromoças e Tenistas Russas" | design gráfico e assessoria de mídias sociais: Jonatas Marques

16

QUARTA 20H

O BEBÊ DE TARLATANA ROSA Baseada no conto homônimo de João do Rio, a peça do grupo Rainha Kong é ambientada no Carnaval carioca do início do século XX e levanta questões de gênero e sexualidade. – duração aproximada 50 minutos sala multiúso (piso 2) | 60

pessoas

direção: Rainha Kong | dramaturgia: Criação coletiva sobre texto de

João do Rio | iluminação: Vitinho Rodrigues | elenco: Aleph Naldi, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello e Vitinho Rodrigues | orientação: Grácia Navarro | colaboração: René Guerra | visualidade: Helo Cardoso, Divina Núbia e Rainha Kong | apoio teórico: Cassiano Sydow e Isa Kopelman | arte: Aleph Naldi | material fotográfico e fílmico: Karen Mezza, Natt Fejfar, Normélia Rodrigues e Thomas BF 80


19 20

SÁBADO 20H DOMINGO 19H

L, O MUSICAL Com canções de Adriana Calcanhotto, Cássia Eller, Sandra de Sá, Maria Bethânia e Zélia Duncan, entre outras artistas da música brasileira, o espetáculo do coletivo Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada tem como foco o universo do amor lésbico. Na trama, uma autora de novelas celebra com suas amigas o sucesso de seu último trabalho, que trata de um triângulo amoroso formado por mulheres. A chegada de notícias inesperadas, no entanto, muda o destino de todas elas. – duração aproximada 60 minutos sala itaú cultural (piso térreo) | 224

direção geral e dramaturgia:

pessoas

Sérgio Maggio | direção musical: Luís Filipe de Lima | assistência de direção e de palco: Jones de Abreu | direção de movimento: Ana Paula Bouzas | artistas-criadoras: Elisa Lucinda, Gabriela Correa, Luísa Caetano, Luiza Guimarães e Tainá Baldez | musicistas: Alana Alberg (baixo), Geórgia Camara (bateria), Luísa Toller (teclado) e Marlene Souza Lima (violão e guitarra) | iluminação: Aurélio de Simoni | figurino: Carol Lobato | cenografia: Maria Carmem de Souza | visagismo: Luma Le Roy | design e operação de som: Branco Ferreira | operação de luz: Rodrigo Pivetti | camareira: Regina Sacramento | contrarregra: Thomas Marcondes | microfonista: Jeff Almeida | filmagem e edição vídeos léa secret: Edgar Ramos e Wallace Lino | fotografias: Claudia Ferrari, Diego Bresani, Patrícia Lino e Sérgio Martins | direção de produção: Ana Paula Martins | concepção e coordenação de produção: Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada

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famílias tipográficas:

Verlag e Sentinel de Jonathan Hoefler e Tobias Frere-Jones. papel: Offset 120 g. tiragem: 3.000 exemplares. impressão: Gráfica Santa Marta, outono 2018.

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todos os gêneros mostra de arte e diversidade quinta 10 a domingo 20 maio 2018

entrada franca

itaucultural.org.br fone 11 2168 1777 atendimento@itaucultural.org.br avenida paulista 149 são paulo sp 01311 000 [estação brigadeiro do metrô]


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