< Poema publicado, com alterações, em O Livro das Ignorãças (1993)
São Paulo, 2019
Foto: Marcelo Buainain
Coordenação editorial Carlos Costa Edição Heloísa Iaconis (estagiária), Marcella Affonso (estagiária) e Thiago Rosenberg Conselho editorial Ana de Fátima Sousa, Bruna Ferreira, Camila Fink, Claudiney Ferreira, Elaine Lino, Glaucy Tudda, Kety Fernandes Nassar, Roberta Roque e Tânia Rodrigues Projeto gráfico Guilherme Ferreira Produção editorial Luciana Araripe e Victória Pimentel Produção gráfica Lilia Góes (tercerizada) Supervisão de revisão Polyana Lima Revisão Rachel Reis (terceirizada) Transcrição de fac-símile Martha Minozzo (terceirizada) Os desenhos reproduzidos nesta publicação são de autoria de Manoel de Barros
Campo Grande, 28 de fevereiro de 1996. Antes de dispor, no bater da máquina, as suas elucubrações referentes às perguntas de uma jornalista, Manoel de Barros (Cuiabá/MT, 1916 – Campo Grande/MS, 2014) avisa a destinatária: “Se alguma coisa desimportar, pode suprimir; mas corrigir peço que nunca”. Pois o adendo não tolera descumprimentos: as palavras do poeta – todas prenhes de inutensílios, sensibilidade e ritmo – não aceitam remendos de gente enxerida. Se os pitacos, todavia, vierem de um passarinho ou uma formiga, bicho grande em sua pequenez, de uma pétala ou uma raiz, partes de um verde vivo, pronto: em um piscar, as linhas se abrem em flor e abraçam tudo aquilo que olhos apressados não captam, do cisco ao pobre-diabo. A língua de Manoel tem mesmo estirpe poética: seja na criação minuciosa, seja no falar rasteiro, um termo seu, no usual das vezes, carrega doses de alumbramento. Nas entrevistas, por exemplo, conservam-se frases que dançam na boca, nas mãos, no papel. E é um apanhado dessas maravilhas que ganha morada nas páginas a seguir: depoimentos traçados pelo artista ao longo dos anos e a diferentes entrevistadores formam o cerne desta publicação. Entremeadas com poemas, as respostas não são acompanhadas, porém, de suas respectivas interrogações. Cada um que ponha a própria invencionice para funcionar e imagine, imagine. A exceção só é dada às demandas das crianças, repórteres mirins que não se intimidam diante do senhor-menino. A voz do guardador de águas não está apenas aqui: este conjunto de respostas constitui uma das facetas da Ocupação Manoel de Barros,
43a edição do programa que resgata o legado de nomes fundamentais da arte e da cultura brasileiras. Uma exposição, em cartaz na sede do Itaú Cultural, e um site (itaucultural.org.br/ocupacao) são os demais componentes do tributo àquele que consagra o ínfimo, o erro, a inutileza. Salienta-se ainda o apoio de Martha Barros, artista plástica e filha do homenageado, que destampou o acervo do poeta, fonte primordial de anotações, imagens e sentimentos pulsantes em todos os âmbitos deste projeto. Esmiuçar as trilhas do arranjador de assobios, aliás, enfatiza o compromisso do Itaú Cultural em valorizar a literatura brasileira. Antonio Candido, Conceição Evaristo, Haroldo de Campos, Hilda Hilst, Mário de Andrade, Nelson Rodrigues e Paulo Leminski foram contemplados em números anteriores do programa Ocupação; além disso, o instituto organiza o Prêmio Oceanos, apoia feiras [Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e Festa Literária das Periferias (Flup)] e, em sua programação regular, sempre promove atividades voltadas para a arte da linguagem. Apesar da formação acadêmica em direito e das incumbências da fazenda que o ocuparam por anos, Manoel nunca se deu muito com burocracias. Nada de terno e gravata ou um par de saltos para entrar no terreno que o mestre cultivou com esmero. Há de ter os pés na terra, aceitar o estímulo das letras desordenadas e potentes, dos desobjetos que fascinam (do abridor de amanhecer à fivela de prender silêncios), da peraltice com os vocábulos (embasada num conhecimento largo da língua portuguesa). E agora, com você, ele próprio, Manoel Wenceslau Leite de Barros, o condutor das próximas folhas.
Para Alexandre Martins e JoĂŁo Domenech | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Thaís (sobrenome não identificado) | sem data
Para Tagore Biram, pseudônimo de Ubiratan Moreira | sem data
Infantil de Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo (2001)
O menino ia no mato E a onça comeu ele. Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino E ele foi contar para a mãe. A mãe disse: Mas se a onça comeu você, como é que o caminhão passou por dentro do seu corpo? É que o caminhão só passou renteando meu corpo E eu desviei depressa. Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia. Eu não preciso de fazer razão.
Para Mônica Rodrigues da Costa | 1999
manobreiro de palavras. A palavra está me dando o peralta que não fui. Manoel de Barros
o silêncio carregar. Já fiz isso duas vezes e depois tirei fotografia do silêncio. Sou agora um
Se o silêncio está à toa, de madrugada na rua deserta de uma vila, eu boto um bêbado para
e muita infância pra ter. Se o dia está brilhante de sol, boto neblina nele só de peraltagem.
o pior com as palavras. Precisei de fazer estes Exercícios de ser criança, porque só tenho oitenta anos
de mim. E eu sou obediente. Eu hoje não pulo sequer uma pedra, para falar em peraltagem, mas faço
Acho que as minhas palavras obedecem a Heidegger. Elas chegam ao meu texto emprenhadas
ser. Eu fui dado oblíquo. Agora eu queria escrever um livro senecto com as minhas infantices.
É só trocar a luz que ilumina por um escuro que ilumina. Heidegger disse que a palavra dá o
o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores. Hoje escrevo peraltagens com palavras.
lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era
que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum
coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e
e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das
a gente faz comunhão: De um orvalho e sua aranha. De uma tarde e suas garças. De um pássaro
mais comunhão com as coisas do que comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança
Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha
Que sabugo de milho era boi. Eu era um serzinho mal resolvido igual um filhote de gafanhoto.
da peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio.
era criança eu deveria pular o muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez
que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando
Agora tenho saudade do que não fui. E com esta senectez atual me voltou a criancês. Acho
Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta.
Para Tagore Biram, pseudônimo de Ubiratan Moreira | sem data
Para Priscila Guimarães | 2008
2. Não resolvi nada. A criança que fui é que me escreve.
Para Antonio Gonçalves Filho | sem data
Para Priscila Guimarães | 2008
6. Talvez eu misture minhas vivências infantis, minhas paixões pelo primitivo com os meus estudos posteriores. Vivi muito entre os índios da America do Sul e aprendi com eles o valor das nossas origens. Aprendi que a fonte do saber humano é a infância do ser. E os índios são a nossa infância.
Eu não quis ser poeta quando ainda estava no ventre da minha mãe. De repente nasci e não me desliguei da vida uterina. Eu acho. Eu acho mesmo que estou poeta porque meu umbigo ainda não caiu. Eu estou a escrever um novo livro e quero dar a ele este nome: A infância da palavra.
Eu penso que escrevo alguma palavra diferente porque no ato de escrever há uma exigência rítmica e uma exigencia harmonica. Então na hora que estou escrevendo preciso completar o rítmo ou completar a harmonia. Então pode me surgir uma palavra estranha que complete tais exigências.
Eu não gosto de escrever sobre coisas abstratas. Eu invento imagens. As imagens devem expressar o concreto. Por exemplo: Eu vi a tarde correndo atrás de um cachorro. A imagem parece abstrata mas se a sensibilidade ajudar você vai ver a tarde com duas pernas correndo atrás do cachorro. Poesia pede sensibilidade.
Eu havia lido um livro sobre o escritor Frances Gustavo Flauber e o livro que eu estaria lendo falava que Flauber se mantinha só pelo estilo. Eu queria me manter só pelo estilo, mas transbordei. Meu Livro Sobre Nada tem tudo por dentro e por fora.
O que eu imagino você poderá imaginar. O bebedo há de ser um bebedo normal, mas como ele está bebedo quem o conduz para casa é o vento. O vento foi humanizado e assim pode pegar no bebedo e levá-lo pra casa.
Vi um cachorro em frente do espelho. O cachorro se achou feio e entrou na caixa de brinquedo. Acharam depois uma caixa que andava dentro da sala. Não ficou bom o poema porque eu não sei improvisar.
Com a imaginação a gente pode fazer as imagens mais absurda como esta: Eu vi um calça de vento dependurado no arame. Quando eu quis pegar a calça – ela era de vento. (Isso é um desproposito da imaginação).
Eu vivi até os nove anos no pantanal. Depois vim estudar na cidade. Morei no Rio de Janeiro até 40 anos E conheço outras cidades do mundo.
Não gosto. Gostaria que a gente vivesse na boa paz Sem ameaças de bomba atômica. Sem pessoas doentes. Que todos fossem saudáveis e alegres.
Acho que sim. Eu agora tenho 92 anos Mas estou ligado à Mãe-terra e à Mãe-água. Sou incluso de sapos e de águas. Manoel de Barros
Foto: Marcelo Buainain
Autorretrato Falado de O Livro das Ignorãças (1993)
Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da
Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do
chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de
estar entre pedras e lagartos.
Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz. Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me
sinto como que desonrado e fujo para o
Pantanal onde sou abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo
que fui salvo.
Descobri que todos os caminhos levam à ignorância. Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de
gado. Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral, porque só
faço coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.
Autorretrato de Ensaios Fotográficos (2000)
Ao nascer eu não estava acordado, de forma que não vi a hora. Isso faz tempo. Foi na beira de um rio. Depois eu já morri 14 vezes. Só falta a última. Escrevi 14 livros E deles estou livrado. São todos repetições do primeiro. (Posso fingir de outros, mas não posso fugir de mim.) Já plantei dezoito árvores, mas pode que só quatro. Em pensamento e palavras namorei noventa moças, mas pode que nove. Produzi desobjetos, 35, mas pode que onze. Cito os mais bolinados: um alicate cremoso, um abridor de amanhecer, uma fivela de prender silêncios, um prego que farfalha, um parafuso de veludo etc etc. Tenho uma confissão: noventa por cento do que escrevo é invenção; só dez por cento que é mentira. Quero morrer no barranco de um rio: — sem moscas na boca descampada!
Para Martha Barros | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Alexandre Martins e JoĂŁo Domenech | sem data
Para Tagore Biram, pseudĂ´nimo de Ubiratan Moreira | sem data
Para Alexandre Martins e JoĂŁo Domenech | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Tagore Biram, pseudĂ´nimo de Ubiratan Moreira | sem data
Destinatário desconhecido | sem data
5 Concordo que gosto de fazer antíteses e paradoxos. Isso me diverte bastante e acho que enriquece a linguagem. Os paradoxos me desvelam e me escondem. A antítese as vezes ajusta nossas contradições. Sou um homem de contradições por isso tenho necessidade de me desafirmar afirmando.
Para Douglas Diegues | 2004
Para ThaĂs (sobrenome nĂŁo identificado) | sem data
Para Martha Barros | 1986
Para Douglas Diegues | 2004
Para Alexandre Martins e JoĂŁo Domenech | sem data
Para Tagore Biram, pseudĂ´nimo de Ubiratan Moreira | sem data
Para Martha Barros | sem data
Foto: Marcelo Buainain
Palavras de Ensaios Fotográficos (2000) Veio me dizer que eu desestruturo a linguagem. Eu desestruturo a linguagem? Vejamos: eu estou bem sentado num lugar. Vem uma palavra e tira o lugar de debaixo de mim. Tira o lugar em que eu estava sentado. Eu não fazia nada para que a palavra me desalojasse daquele lugar. E eu nem atrapalhava a passagem de ninguém. Ao retirar de debaixo de mim o lugar, eu desaprumei. Ali só havia um grilo com a sua flauta de couro. O grilo feridava o silêncio. Os moradores do lugar se queixavam do grilo. Veio uma palavra e retirou o grilo da flauta. Agora eu pergunto: quem desestruturou a linguagem? Fui eu ou foram as palavras? E o lugar que retiraram de debaixo de mim? Não era para terem retirado a mim do lugar? Foram as palavras pois que desestruturaram a linguagem. E não eu.
O Apanhador de Desperdícios de Memórias Inventadas: a Infância (2003) Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas. Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Para Debora Guterman | 2000
Para ThaĂs (sobrenome nĂŁo identificado) | sem data
Para Thaís (sobrenome não identificado) | sem data
Para Antonio Gonçalves Filho | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Daniela Name | 1996
Para Martha Barros | 1986
Para Debora Guterman | 2000
Destinatário desconhecido | sem data
10 Resgataria tudo que escrevi. São meus filhos, carne da minha carne. Eu sofri o parto de cada palavra. Resgataria tudo. Há um verso meu que justifica isso. É assim: Palavra que eu escrevo me inclui nela. Não vou desprezar nenhuma senão eu mesmo ficarei em pedaços
Foto: Marcelo Buainain
Sem título de Arranjos para Assobio (1980) O poema é antes de tudo um inutensílio. Hora de iniciar algum convém se vestir roupa de trapo. Há quem se jogue debaixo de carro nos primeiros instantes. Faz bem uma janela aberta uma veia aberta. Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema enquanto vida houver. Ninguém é pai de um poema sem morrer.
Sem título de O Livro das Ignorãças (1993) Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença
delas. Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor,
esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno. — Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável,
o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios. O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da
vida um certo gosto por nadas…
E se riu. Você não é de bugre? — ele continuou. Que sim, eu respondi. Veja que bugre só pega por desvios, não anda em
estradas —
Pois é nos desvios que encontra as melhores
surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.
Para ThaĂs (sobrenome nĂŁo identificado) | sem data
Para Daniela Name | 1996
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Martha Barros | sem data
Para Antonio Gonรงalves Filho | sem data
Para Martha Barros | sem data
Para Daniela Name | 1996
Para Martha Barros | 1986
Para Alexandre Martins e JoĂŁo Domenech | sem data
Para Antonio Gonรงalves Filho | sem data
Para Martha Barros | sem data
Foto: Tuca Vieira/Folhapress
Sem título de O Livro das Ignorãças (1993) No descomeço era o verbo. Só depois é que veio o delírio do verbo. O delírio do verbo estava no começo, lá onde a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos. A criança não sabe que o verbo escutar não funciona para cor, mas para som. Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira. E pois. Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimentos — O verbo tem que pegar delírio.
Para ThaĂs (sobrenome nĂŁo identificado) | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Maria Claudia Miguel | 1999
Para Priscila Guimarães | 2008
3. Eu não conheço inspiração. Escrever é trabalho. Poesia é engenharia de palavras com alguns gorjeios dentro. Com harmonia e rítimo dentro das palavras.
Para Bianca Ramoneda | 2001
Para Priscila Guimarães | 2008
4. De um modo geral, não havendo transtornos, trabalho quatro horas por dia. Mas o nosso trabalho não é só escrever. É ler, é pesquisar linguagem, ouvir música erudita, ver a obra dos pintores, dos escultores, etc. Isso para que nossa imaginação criadora desabroche.
Para Martha Barros | 1986
Para ThaĂs (sobrenome nĂŁo identificado) | sem data
Para Maria Claudia Miguel | 1999
Para Maria Claudia Miguel | 1999
Para Maria Claudia Miguel | 1999
Foto: Marcelo Buainain
Formigas de Ensaios Fotográficos (2000) Não precisei de ler São Paulo, Santo Agostinho, São Jerônimo, nem Tomás de Aquino, nem São Francisco de Assis — Para chegar a Deus. Formigas me mostraram Ele. (Eu tenho doutorado em formigas.)
Para Bianca Ramoneda | 2001
Para Antonio Gonรงalves Filho | sem data
Para Alexandre Martins e JoĂŁo Domenech | sem data
Para Bianca Ramoneda | 2001
Para Bianca Ramoneda | 2001
Foto: Lucas Barros
Sem título de Livro sobre Nada (1996) Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras. Sou formado em desencontros. A sensatez me absurda. Os delírios verbais me terapeutam. Posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo). (E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso porque não encontrava um título para os seus poemas. Um título que harmonizasse os seus conflitos. Até que apareceu Flores do mal. A beleza e a dor. Essa antítese o acalmou.) As antíteses congraçam.
Para Antonio Gonçalves Filho | sem data
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Thaís (sobrenome não identificado) | sem data
Para Bianca Ramoneda | 2001
Para Maria Claudia Miguel | 1999
Para Martha Barros | 1986
Para Daniela Name | 1996
Para Antonio Gonรงalves Filho | sem data
Foto: Tuca Vieira/Folhapress
Sem título de Arranjos para Assobio (1982) O poema é antes de tudo um inutensílio. Hora de iniciar algum convém se vestir roupa de trapo. Há quem se jogue debaixo de carro nos primeiros instantes. Faz bem uma janela aberta uma veia aberta. Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema enquanto vida houver. Ninguém é pai de um poema sem morrer.
O Morto (I) de Poesias (1947) A chuva lavou As pessoas do morto E lavou o morto Com a sua fisionomia De torto E com seus pés de morto Que arrastava um rio seco E suas mãos de morto Onde se dependurou Insistente, um gesto oco. À noite enterrou-se O homem Na raiz de um muro Com sua roupa no corpo. E a chuva regou no horto Desse vitorioso Homem morto Enormes violetas E uns caramujos férteis…
Para Elisa Lucinda | sem data
Para Tagore Biram, pseudĂ´nimo de Ubiratan Moreira | sem data
Ficha técnica Ocupação Manoel de Barros Concepção e realização Itaú Cultural Curadoria Itaú Cultural Consultoria Martha Barros e Regina Ferraz Assistente de pesquisa Leila Brandão Projeto expográfico Adriana Yazbek Assistentes Alexandre Lins e Luiza Ho Itaú Cultural Presidente Milú Villela Diretor-superintendente Eduardo Saron Superintendente administrativo Sérgio M. Miyazaki Núcleo de Audiovisual e Literatura Gerência Claudiney Ferreira Coordenação Kety Fernandes Nassar Produção-executiva e audiovisual Camila Fink e Roberta Roque Captação de imagens, roteiro e edição Karina Fogaça Motion designer Daniela Lima Seabra (terceirizada) Captação de som André Bellentani, Raquel Vieira e Tomás Franco (terceirizados) Núcleo de Enciclopédia Gerência Tânia Rodrigues Coordenação Glaucy Tudda Produção-executiva Bruna Ferreira, Elaine Lino e Moisés Baião (estagiário) Núcleo de Educação e Relacionamento Gerência Valéria Toloi Coordenação de atendimento e formação Samara Ferreira Equipe Amanda Freitas, Andressa Santos Menezes, Antonio Tallys, Caroline Faro, Edinho dos Santos, Edson Bismark, Elissa Sanitá Silva, Gabriela Lourenzato Guarda, Livia Lima Moraes, Lucas Cardoso dos Santos, Monique Rocha dos Santos, Raphael Giannini (até dezembro de 2018), Roberta Suzi Correia, Sidnei Junior, Tayná Maria
Santiago da Silva, Thiago Borazanian (até novembro de 2018), Victor Soriano, Vinicius Magnum e Vitor Luz Núcleo de Comunicação e Relacionamento Gerência Ana de Fátima Sousa Coordenação Carlos Costa Produção e edição de conteúdo Heloísa Iaconis (estagiária), Marcella Affonso (estagiária) e Thiago Rosenberg Redes sociais Jullyanna Salles e Renato Corch Supervisão de revisão Polyana Lima Revisão de textos Rachel Reis (terceirizada) Transcrição de fac-símile Martha Minozzo (terceirizada) Produção editorial Luciana Araripe e Victória Pimentel Identidade visual Guilherme Ferreira Comunicação visual Arthur Costa, Estúdio Lumine (terceirizado) e Yoshiharu Arakaki Captação de imagens André Seiti Núcleo de Produção de Eventos Gerência Gilberto Labor Coordenação Vinícius Ramos Produção Érica Pedrosa, Fabio Marotta e Natiely dos Santos (estagiária) Agradecimentos Bianca Ramoneda, Bruss Lima, Carlos Hotta, Cássia Kis, Claudio Savaget, Felipe Barros de Escobar, Folhapress, Hugo Aguilaniu, Instituto Serrapilheira, Ítalo Moriconi, Joel Pizzini, José Castello, Lucas Barros, Lucia Riff, Marcelino Freire, Marcelo Buainain, Marlui Miranda, Nurit Bensusan, ONG Papel de Mulher, Paulinho Lima, Retrato Espaço Cultural e TV Globo Agradecimento especial a Martha Barros, filha e parceira artística de Manoel de Barros, que nos possibilitou entrar em contato com o acervo do poeta.
Foto: Marcelo Buainain
quarta 13 de fevereiro a domingo 7 de abril de 2019 terça a sexta 9h às 20h [permanência até as 20h30] sábado, domingo e feriado 11h às 20h piso térreo Entrada gratuita [livre para todos os públicos] Itaú Cultural Avenida Paulista, 149, São Paulo, SP [próximo à estação Brigadeiro do Metrô]
Memória e Pesquisa | Itaú Cultural Ocupação Manoel de Barros / organização Itaú Cultural ; ilustrações Manoel de Barros. - São Paulo : Itaú Cultural, 2019. 92 p. : il. ; 26 x 19,5 cm ISBN 978-85-7979-118-5 1. Barros, Manoel de. 2. Literatura brasileira. 3. Poesia. 4. Jornalismo. 5. Exposição de arte – catálogo. I. Instituto Itaú Cultural. II. Título. CDD 869.9
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