Os Anos Atormentados do Jovem Cobain

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FORTALEZA - CE, QUARTA-FEIRA - 3 DE FEVEREIRO DE 2016

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VIDA & ARTE LEU. QUANDO EU ERA UM ALIEN

Os anos atormentados do jovem Cobain Graphic Novel italiana revive anos de formação de Kurt Cobain, vocalista do Nirvana e ícone de uma geração REPRODUÇÃO

Jáder Santana jader.santana@opovo.com.br

BATE-PAPO COM O AUTOR

“Q

uando eu era um alienígena, culturas não eram opiniões”, escreveu Kurt Cobain para a canção Territorial Pissings, uma das faixas do icônico álbum Nevermind, de 1991. Segundo disco de estúdio da banda, vendeu mais de 30 milhões de cópias e apresentou ao público hits instantâneos como Come As You Are e In Bloom. A faixa de abertura, Smells Like Teen Spirit, foi eleita pela revista Rolling Stone como uma das dez maiores canções de todos os tempos e lançou o grupo da garagem ao mainstream. O que aconteceu ao Nirvana e aos seus integrantes - Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl - a partir daí, já é mais ou menos de conhecimento geral: êxito repentino, overdoses, guitarras destruídas e um suicídio cercado por teorias conspiratórias. A graphic novel Quando Eu Era um Alien, lançada recentemente no Brasil, se apoia nos anos de formação de Cobain e dá pistas que ajudam a desvendar a construção do ícone e o ato que tirou sua vida. Escrito e ilustrado pelos italianos Danilo Deninotti e Toni Bruno, o livro foi publicado em 2013 e traduzido para o inglês e o espanhol antes de chegar ao Brasil. Por aqui, foi lançado pela Conrad Editora, que pretende reunir na série Clube dos 27 diversas novelas gráficas sobre ícones da música: Amy Winehouse, Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison, todos mortos aos 27 anos. Quando Eu Era um Alien parte da pequena cidade de Aberdeen, estado de Washington, no início dos anos 1970, e segue até o subúrbio de Van Nuys, na Califórnia, em maio de 1991, quando o Nirvava se reuniu para gravar Nevermind.

Danilo Deninotti, escritor e roteirista de Quando Eu Era um Alien

Como uma retrospectiva sentimental, somos apresentados ao pequeno Kurt, saltando no colchão, correndo pela casa e improvisando sons e ritmos. Conhecemos sua família - um pai em dificuldades financeiras e uma mãe depressiva - e sua adolescência conturbada. Com traços realistas e tons de azul e negro que acentuam a solidão e distanciamento do protagonista - como um alienígena em sua própria casa o livro revela um Cobain atormentado pela família instável e por uma escola conservadora. Encontra na música - Kiss, Black Sabath, Beatles, Aerosmith - o espaço de aconchego e provocação que precisava. Longe da escola e expulso de casa, entrega-se ao rock: é nele que estão os outros aliens que procura. Nas últimas páginas da novela, o Nirvana é visitado por Thurston Moore e Kim Gordon, membros dos lendário Sonic Youth e referências confessas de Cobain. São eles que levam o grupo até a Geffen Records, responsável por discos de nomes como Guns N’ Roses, Cher e Siouxsie & The Banshees. Com três álbuns de estúdio e dois EPs, Kurt Cobain decidiu tirar sua vida. Para fãs de todo o mundo, deixou o cheiro de seu espírito adolescente.

O POVO - O que há de mais forte na figura de Cobain? Danilo Deninotti - Ele teve uma grande sensibilidade e um grande talento. E, acima de tudo, ele realmente trabalhou duro, estava resoluto em criar sua própria arte, e ele fez isso. Ele foi um cara como eu e você, experimentou as mesmas coisas que caras como nós experimentamos em nossas pequenas cidades enquanto jovens crianças, teve os mesmos sonhos que todos nós costumávamos ter; mas ele também tinha um dom, e com esse dom ele mudou o caminho do rock.

Tons em azul e negro acentuam a solidão e o distanciamento do protagonista

Multimídia Quando Eu Era um Alien, de Danilo Deninotti e Toni Bruno

Leia a entrevista completa com o autor Danilo Deninotti em http://bit.ly/1nCVgAl

96 páginas Preço: R$ 39 Conrad Editora

MÚSICA. STREAMING

OP - Cobain encontrou outros aliens em sua trajetória? Ele ainda se sentia estranho quando morreu? Deninotti - Eu acho que, em certo ponto, ele realmente encontrou seus amigos e um tipo de realização que ele queria. Mas alguma coisa aconteceu, alguma coisa deu errado no caminho. Algo que tem a ver com o grande dom que pessoas talentosas como ele experimentam. A mesma coisa que leva pessoas e artistas como ele a criarem algo grande e único, ao mesmo tempo os esmaga. E algumas vezes, os demônios vencem.

BREVES

Novos critérios para disco de ouro nos EUA REPRODUÇÃO

Os discos de ouro e platina - certificações de vendas cobiçadas por músicos e selos fonográficos- agora também podem, nos Estados Unidos, ser baseados na reprodução de faixas em serviços de streaming, um movimento que mostra a crescente popularização dessas plataformas online. A Associação da Indústria Fonográfica do país (RIAA) anunciou a mudança na última segunda-feira (1º) e declarou imediatamente 17 novos discos de ouro ou platina com base em seus ouvintes em aplicativos como Spotify, Deezer e Apple Music. “Nós sabemos que o ato de ouvir música está aumentando, embora essa tendência não tenha sido refletida em nossas certificações”, disse Cary Sherman, presidente da associação. “Modernizar nosso prêmio para incluir o streaming de música é o passo lógico na evolução contínua dos prêmios de ouro e platina, e assim permite que a RIAA recom-

Com a nova certificação o álbum Thriller, de Michael Jackson, passa de 30 para 32 discos de ouro pense melhores os sucessos dos discos de hoje”, explicou, em declaração. No Brasil, a ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos) concede, desde 2008, certificações a álbuns comprados digitalmente - o que não inclui os reproduzidos em serviços de streaming. O mais comum para a instituição, porém, é conferir essas honrarias com base em ven-

das físicas de CDs e DVDs.

MUDANÇAS Em 2013, a RIAA já tinha começado a analisar o streaming para certificar as vendas de um título, mas não de um álbum. O instituto Nielsen, que contabiliza as vendas para estabelecer a classificação de referência semanal publicada pela revista Billboard, já

levava em conta as faixas online desde 2014. Nos EUA, um disco de ouro significa que o álbum vendeu 500 mil cópias e o de platina indica 1 milhão de cópias. Entre os beneficiários imediatos desta alteração estão Thriller, de Michael Jackson. Já consagrado 30 vezes com um disco de ouro no país, excluindo faixas em streaming, o álbum passou automaticamente a 32 discos de ouro com o novo sistema de cálculo. Isso consagra ainda mais o revolucionário álbum de 1982 como o mais vendido de todos os tempos. Outro favorecido foi o álbum To Pimp a Butterfly, do rapper Kendrick Lamar, que entrou na segundafeira para o clube dos discos de platina. A RIAA só leva em conta as vendas nos Estados Unidos. Outras associações que entregam prêmios similares em outros países usam critérios distintos. (Folhapress)

MÚSICA.

INFANTIL.

A gravadora Som Livre vai disponibilizar nas plataformas de streaming parte da discografia de Toquinho e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Cinco discos da dupla, além de uma coletânea inédita O Melhor da Parceria, serão oferecidos nos canais Spotify, Deezer, Apple Music, Napster, iTunes e Google Play. Os discos escolhidos são Como Dizia o Poeta (1970), Toquinho e Vinícius (1971), São Demais os Perigos Desta Vida (1972), Toquinho/Vinicius & Amigos (1974) e O Poeta e o Violão (1975).

O programa infantil Click, produção original do canal fechado Gloob, foi vendido para a Ceska Televize, maior rede de TV da República Tcheca. Apresentados por Daniel Warren, os 52 capítulos da primeira temporada da atração têm previsão de estreia para o primeiro semestre de 2016. Click, que estreou em 2012, mistura histórias com quadros que voltados para atividades. Antes do Click, outros programas do Gloob já foram vendidos para canais internacionais, como Gaby Estrela (Itália) e Osmar – A Primeira Fatia do Pão de Forma (Coreia do Sul).


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