Caminhos de Sol e Mar

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EDITORA-EXECUTIVA CINTHIA MEDEIROS (cinthiamedeiros@opovo.com.br)

SÁBADO FORTALEZA - CE, - 3 DE SETEMBRO DE 2016 E-MAIL: VIDAARTE@OPOVO.COM.BR // FONES: (85) 3255 6137, 3255 6115 // TWITTER: @VIDAEARTEOPOVO // FACEBOOK: /OPOVOONLINE

MATEUS DANTAS

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EDITOR-ADJUNTO Marcos Sampaio (marcossampaio@opovo.com.br)

ARTE CONTEMPORÂNEA Jáder Santana jader.santana@opovo.com.br

artista plástico cearense Eduardo Frota tem planos de inverter as claraboias piramidais do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Dragão do Mar, transformando-as em coletores de água. O líquido vai escoar por tubos vermelhos até grandes recipientes de vidro posicionados no primeiro piso do Museu, permitindo que o público acompanhe a evolução do processo. É esse o primeiro dos Cinco Estudos para uma Poética Visual a Partir do Semiárido que Frota vem desenvolvendo ao longo da última meia década. Seus esboços, projetos e simulações poderão ser vistos a partir das 19 horas de hoje, 3, no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). “Com meus estudos, eu quero mexer no fluxo normativo da arquitetura, pensar e recodificar os espaços”, explica Eduardo, que escolheu a tela Cidade Queimada de Sol, de Antônio Bandeira para abrir a exposição. “É uma obra que tem uma sensorialidade fundamental”, justifica. Acima da reprodução - que aparece sobreposta ao mapa de Fortaleza - o título Infiltrações Periféricas / Sensorialidades em Contra-Fluxo. A exposição oferece ao público a oportunidade de mergulhar nas imagens pensadas por Eduardo para ressignificar o espaço do MAC. Habituado a criar obras que interferem na estrutura das galerias e museus que o recebem, o artista afirma se guiar pelo que chama de ética da criação: “Não abro mão do que penso, mantenho minha liberdade, minha autonomia. Tem que ser do meu jeito”. No espaço secundário da exposição - que simula o que poderia ser montado no piso inferior do MAC -, Eduardo ergueu grandes estruturas de plástico conectadas por uma intrincada rede de fios de cobre que se estendem até mapas das cinco regiões do País. No chão da sala, uma camada de sal grosso registra as pegadas dos visitantes. São os caminhos dos mortos e retirantes. “É um laboratório humano. O semiárido mandou gente pros quatro cantos do País”, reflete. Questionado sobre a executabilidade de seus projetos, Eduardo responde que o que lhe interessa é o estudo das possibilidades, a vazão que dá aos seus sonhos e aspirações. Interpretar suas criações, e refletir sobre sua aplicabilidade fica a cargo do público. “A boa arte é sempre política. E os trabalhos prontos nunca estão prontos”, conclui.

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CAMINHOS DE SOL E MAR

Ocupando uma sala inteira do Centro Cultural Banco do Nordeste, o artista plástico Eduardo Frota esboça intervenções físicas de grande escala para refletir sobre a interação do homem com o semiárido nordestino

INSPIRAÇÕES

Modernista cearense Antônio Bandeira nasceu em 1922 e integrou, ao lado de Aldemir Martins e Inimá de Paula, o Movimento Modernista de Fortaleza. Pioneiro do abstracionismo no Brasil, mudouse muito jovem para o Rio de Janeiro, decidido a melhorar de vida, e depois para Paris, a convite do governo francês. Antes da pintura abstrata, dedicou-se à reprodução figurativa.

Assumidamente não-artista Pintora e escultora nascida em Belo Horizonte no início da década de 1920, Lygia Clark se apresentava como uma nãoartista. Em agosto de 2013, sua obra Superfície Modulada nº 4 foi arrematada em leilão na Bolsa de Arte de São Paulo por R$ 5,3 milhões, tornando-se até aquele momento a obra mas valiosa de um brasileiro vendida em um leilão de arte.

Revolucionário das artes Um dos mais importantes artistas brasileiros da segunda metade do século XX, Hélio Oiticica foi pintor, escultor e artista performático. Saltou de uma noção de arte contemplativa para a ideia de um espectador participativo, que fosse emocionalmente e fisicamente afetado pelo objeto do artista. Integrou, ao lado de Lygia Clark e Amilcar de Castro, o grupo Neoconcreto.

5 Estudos para uma Poética Visual a Partir do Semiárido

Eduardo Frota usa a tela Cidade Queimada de Sol, de Antonio Bandeira, para abrir a exposição. Obra recebeu sobreposição do mapa de Fortaleza

Quando: abertura hoje, às 16 horas Onde: Centro Cultural Banco do Nordeste (R Conde d’Eu, 560 - Centro) Gratuito


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