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TERÇA-FEIRA FORTALEZA - CE, - 5 DE ABRIL DE 2016 WWW.OPOVO.COM.BR
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XILOGRAVURAS DE JOSÉ LOURENÇO
FEIRA. CULTURA POPULAR
VIDA LONGA AO
CORDEL
Com ampla programação e convidados de vários estados, I Feira do Cordel Brasileiro vem celebrar uma cultura que continua encantando Jáder Santana jader.santana@opovo.com.br
a simplicidade que encanta e atravessa gerações. Desde a impressão de trovas medievais no período do Renascimento, até a chegada ao Brasil pelas mãos dos colonizadores portugueses e sua posterior assimilação pela cultura nacional, o cordel incorporou e desenvolveu um modo particular de enxergar e descrever o mundo. Um modo mais despretensioso, mais gaiato mesmo, que continua a surpreender e fascinar seus leitores. “O cordel encanta pela simplicidade, e tudo o que é simples encanta”, garante o poeta cearense Lucarocas, membro do Centro Cultural dos Cordelistas do Nordeste (Cecordel) e um dos convidados na I Feira do Cordel Brasileiro, que acontece a partir de hoje na Caixa Cultural Fortaleza. Com ampla programação gratuita distribuída em seis dias, o evento vai contar com recitais, exposições, cantorias, shows e oficinas. Na organização e curadoria da Feira está o cordelista cearense Klévisson Viana, Prêmio Jabuti de Literatura em 2015 com o livro O Guarani em Cordel, adaptação da obra de José de Alencar. Klévisson, responsável pelo tradicional espaço Praça do Cordel, na Bienal Internacional do Livro do Ceará, aceitou o desafio de ampliar o universo de discussão em torno do gênero. “É um evento muito maior que os anteriores, com mais atrações e muito mais força”, argumenta o curador, que acredita que a cultura do cordel vem ganhando cada vez mais visibilidade: “Ela vem se ampliando, e a gente que tá no miolo da rapadura percebe que a coisa tá cada vez mais presente nas escolas, universidades, nos meios de
É
comunicação e na propaganda”. Segundo Klévisson, só em Fortaleza existem atualmente cerca de 150 poetas em atividade.
Homenagem Para esta primeira edição, a Feira escolheu homenagear um dos mais respeitados cordelistas e declamadores do País, o paraibano Chico Pedrosa. Autor de mais de cinco livros e vários CD’s e DVD’s, Pedrosa apresenta seu recital na noite de hoje, às 20h20min, no pátio externo da Caixa Cultural. Na noite de quinta, 7, o poeta participa de outro recital em homenagem aos seus 80 anos recém completados. Nascido em 1936 na zona rural do município de Guarabira, interior da Paraíba, Chico Pedrosa teve uma infância agrícola e começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos, inspirado pelo ambiente que o cercava: “Nasci e me criei na roça, só conheci a cidade aos 14 anos. O campo tem tudo a ver com o que a gente faz, é a alegria e a vida”. Seu Chico foi camelô e representante de vendas até conseguir viver de escrever e recitar seus trabalhos. O cordel é sua força: “Ele é minha natureza, meu jornal, minha vida. Ele é o que fica. É tudo pra gente”.
PROGRAMAÇÃO Dia 5 19 horas - Inauguração da exposição O Mundo Encantado da Literatura de Cordel 20h20min - Recital com o mestre Chico Pedrosa (PB) Dia 6 18 horas - Recital com Lucarocas (CE) 20 horas - Cantoria com Zé Viola (PI) e Zé Maria de Fortaleza (CE) Dia 7 14 horas - Oficina de literatura de cordel com Rouxinol do Rinaré (CE) e Evaristo Geraldo da Silva (CE) 19h20min - Recital em homenagem aos 80 anos do Mestre Chico Pedrosa Dia 8 14 horas - Oficina de xilogravura com Marcelo Soares (PB) 20h10min - Apresentação com o músico e cordelista Beto Brito (PB) Dia 9 20 horas - Apresentação do grupo Batuta Nordestina (CE) Dia 10 19 horas - Apresentação do mestre Bule-Bule (BA)
I Feira do Cordel Brasileiro Quando: a partir de hoje, 5, até domingo, 10 Onde: Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema) Gratuito Telefone: 3453 2750
Em Fortaleza, cerca de 150 poetas cordelistas estão em atividade, segundo o curador da I Feira do Cordel