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CROWDFUNDING. CINEMA NACIONAL
O MENINO QUER O MUNDO Primeiro filme latino-americano a ser indicado ao Oscar de animação, O Menino e o Mundo lança campanha de financiamento coletivo para conquistar Hollywood Jáder Santana jader.santana@opovo.com.br
m garoto, rabisco infantil, vê seu pai partir da pequena aldeia em que vivem rumo à cidade grande. Desempregado, procura soluções no desconhecido. Entregue às angústias e lembranças, a criança espera por semanas sem receber notícias. Movido pela saudade, faz as malas, pega o trem e sai em busca do pai. Ganha o mundo ao mesmo tempo em que o perde: a realidade que encontra, marcada pela pobreza e exploração, em nada se parece ao universo fantástico de nossos sonhos infantis. O Menino e o Mundo, primeiro filme latino-americano a ser indicado ao Oscar de animação, brasileiríssimo, é um delicado painel sobre a perda da inocência e a assimilação das mazelas sociais pelos olhos de uma criança. “Ele tem camadas infinitas de complexidade variável, desde a interpretação mais superficial, de um menino em busca do
U
pai, até visões metafísicas e metalinguísticas de um grito de liberdade do cinema independente, da arte contra uma indústria de padrões poderosa e opressora”, explica Ruben Feffer, compositor, produtor e diretor musical do longa. Disputando a estatueta dourada com nomes de peso como Divertida Mente, da Pixar, Anomalisa, dirigido por Charlie Kaufman, e As Memórias de Marnie, dos Studio Ghibli, o filme brasileiro luta para se destacar em meio a produções de orçamento milionário. Para fortalecer as estratégias de divulgação do longa nos Estados Unidos, sua produtora criou uma campanha de financiamento coletivo no Catarse cuja meta era arrecadar R$ 100 mil. Até o fechamento desta edição, mais de 1200 pessoas haviam apoiado a causa e o valor doado já ultrapassava a marca dos R$ 107 mil. “Já foram gastos quase 70 mil dólares na primeira fase da campanha, antes da divulgação dos indica-
dos. Na segunda fase, o custo mínimo é de US$ 100 mil”, explica Sabrina Nudeliman, diretora executiva da Elo Company, distribuidora internacional do filme. Segundo ela, o valor é investido em mídias direcionadas para revistas e publicidade focada sobretudo em Los Angeles e Nova Iorque, cidades onde vive a maior parte dos votantes do Oscar, além de cobrir os deslocamentos do diretor, Alê Abreu, e sua participação em debates e exibições. Divertida Mente, o concorrente mais forte, contou com um orçamento estimado de US$ 150 milhões e a poderosa divulgação da Disney. O Menino e o Mundo, realizado com US$ 500 mil, custou 400 vezes menos que outra produção da Pixar, O Bom Dinossauro, que teve verba estimada de US$ 200 milhões. A favor do brasileiro, os mais de 30 prêmios que atestam a originalidade do filme, incluindo o principal no 38o Festival de Cinema de Animação de Annecy, na França, considerado o maior prêmio da animação mundial. “Esperamos agora para ver se a Academia de Hollywood está realmente disposta a ser corajosa e
valorizar abertamente quem tem coragem de ser diferente, de quebrar todas as regras e padrões da indústria”, acrescenta Ruben Feffer. Vitorioso ou não, O Menino e o Mundo prova que o cinema de animação pode ser poético e original. O melhor de tudo: é uma prova genuinamente brasileira.
Crowfunding O Menino e o Mundo Quando: até o dia 28 deste mês Onde: www.catarse.me/ meninonooscar
Multimídia Para conhecer as recompensas, visite: www.catarse.me/meninonooscar