Bowie: Novas Cores para o Camalemão

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Lançada recentemente no Brasil, Bowie: A Biografia mergulha na relação do astro com o sexo, as drogas e o mundo do showbiz biz

Novas cores para o Camaleão C

Família Bowie trazia a música nos genes. Por parte da mãe, todos a família tocava instrumentos musicais. O pai foi seu primeiro empresário e principal incentivador, controlando todos os detalhes de sua carreira nos anos iniciais de sua trajetória. Terry, irmão de Bowie, cometeu suicídio em 1985, aos 47 anos, quando se deitou nos trilhos de um trem expresso. Sua tia Pat nunca perdoou o astro pelo ocorrido: “Ele largou Terry durante 19 anos em uma instituição mental sem mandar um centavo pra um tratamento particular. Terry era bonito, charmoso e inteligente. Mas quando ficou doente, David não quis saber, pois era um lembrete de que a mesma coisa podia acontecer com ele”.

Jáder Santana na jader.santana@opovo.com.br

amaleão nas artes e na vida, David Bowie fechou os olhos em um domingo de janeiro deste ano. Deixou um legado de genialidade e ousadia, em que revolucionou a música e implodiu regras de comportamento e sexualidade. Heterodoxo, iconoclasta e de talentos multidimensionais, era capaz de ficar horas diante do espelho ajustando expressões e afinando sua persona de palco. Não era vaidade, era caráter. Especialista em escrever sobre grandes personalidades, a jornalista britânica Wendy Leigh publicou Bowie: A Biografia, que chega agora ao Brasil em versão atualizada. Por meio de entrevistas com amantes, namoradas, empresários, fãs e parceiros musicais, a autora se propõe a revelar o homem por trás do astro. Reprovado por parcela considerável de fãs e críticos musicais, que acusam o livro de se sustentar sobre polêmicas e boatos, o texto de Wendy mergulha nos detalhes sexuais, nas festas absurdas e na íntima relação do astro com drogas de todo tipo. Fofoqueira profissional, escreveu um livro que é mais sexo e menos música, conferindo mais cores ao já colorido camaleão.

Serviço

Cultura

BOWIE: A BIOGRAFIA, DE WENDY LEIGH Preço: R$ 49 322 páginas Editora Best Seller

Bissexualidade Bowie flertava abertamente com o universo gay e, no início da carreira, muitos empresários se aproximaram dele pensando em conseguir uma relação que cruzasse limites profissionais. Um deles, Ken Pitt, apaixonou-se pelo cantor e o hospedou em sua casa por alguns meses. “Ele tinha se tornado um imã para homens gays e vivia cercado de admiradores”, escreve a autora. Quando viajou para uma de suas primeiras turnês por Nova Iorque, Bowie teria se envolvido com homens, mulheres e transexuais porto-riquenhos. Como todo bom rockstar, também colecionou bizarrices. No final de uma de suas apresentações nessa mesma turnê, uma pessoa abordou seu guardacostas e se ofereceu para levar um cadáver ainda quente para David fazer sexo. A biógrafa atribui parte do êxito sexual de Bowie aos seus dotes genéticos e dedica várias linhas aos comentários que seu pênis recebeu de amantes - homens e mulheres. Um deles, seu empresário, escreveu sobre seu “pênis longo e pesado oscilando de um lado para outro como o pêndulo de um relógio carrilhão”. Em um especial promovido pela BBC em 1997 para celebrar seus 50 anos, Bowie voltou atrás de uma declaração que havia feito no início da carreira sobre ser bissexual: “Eu falei isso mais como provocação. Queria que me notassem”.

Excentricidades Nascido David Robert Jones, o apelido Bowie foi escolhido pelo pai do astro, inspirado no nome de um executivo de uma instituição de caridade para crianças. Para ter uma história mais original, disseram que haviam retirado a ideia da marca de facas de luta Bowie, lançada nos Estados Unidos em 1830. Uma das namoradas de Bowie, Winona Williams, viajou para Berlim para acompanhar o cantor durante algumas semanas. Ela contou à autora que o astro tinha uma grande coleção de objetos nazistas em seu apartamento, incluindo a antiga mesa do ministro alemão da propaganda, Joseph Goebbels. Fã de Frank Sinatra, Bowie tinha a esperança de representá-lo em um filme autobiográfico que estava sendo produzido na década de 1970. Sinatra se recusou a recebêlo, dizendo que nenhuma “bicha inglesa” iria retratálo. Também foi magoado por Bob Dylan, outro de seus ícones. Em reunião na casa de amigos, Bowie colocou seu álbum Young Americans para tocar, mas Dylan não esboçou nenhuma reação, levando o camaleão às lágrimas. No início dos anos 80, Bowie desenvolveu uma fixação pela astrologia. Antes de aceitar dar uma entrevista, insistia para que lhe informassem a hora e o local exatos do nascimento do repórter, para que ele pudesse elaborar seu mapa astral e decidir se concederia ou não o encontro.

Amores Na lista de conquistas amorosas e casos de uma noite, aparecem nomes como Bianca Jagger, a atriz Susan Sarandon e as cantoras Marianne Faithfull, Ronnie Spector e Nina Simone. Mas o charme de Bowie não era infalível, e a autora conta que ele e Iggy Pop foram dispensados inúmeras vezes por Debbie Harry, vocalista do Blondie. Bowie também teve um rápido caso com a figurinista e modelo Ola Hudson, mãe do guitarrista Slash, do Guns N’ Roses. Quando tinha oito anos, o músico flagrou os dois na cama da mãe. Quando se casou com a atriz Angela Barnett -mais tarde Angela Bowie - o mundo ficou sabendo da relação aberta e liberal que os dois mantinham, com relatos das festas de orgias e amor livre que os dois promoviam.

Drogas Bowie e John Lennon foram apresentados em uma festa de Elizabeth Taylor, em Los Angeles. Rapidamente estabeleceram uma amizade amparada por música, drogas e pelo peculiar senso de humor britânico. Outro amigo da dupla contou: “Ficávamos acordados com Lennon até as dez e meia da manhã. Cheirávamos montanhas de cocaína”. Glenn Hughes, baixista do Deep Purple, conta de um episódio em que Bowie escondeu facas embaixo da cama, dizendo que a família Manson estava por perto. “Estava paranoico. Estava temperamental, o que é comum quando se usa drogas, e nunca o vi dormindo. Nós dois ficávamos acordados por três ou quatro dias consecutivos”. Bowie admitiu seu problema com as drogas em uma entrevista nos anos 1980: “Eu estava passando por sérios problemas mentais. Era um jovem com tempo demais e gramas de anfetaminas demais, ou de PCP (fenilciclidina) ou cocaína, e talvez as três, no organismo”.


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