MatĂŠrias Especiais de 2011
Cine Ceará: aguardado filme do cearense Petrus Cariry arranca aplausos demorados da platéia. O longa “Mãe e Filha” foi o ponto alto da quinta noite do Festival IberoAmericano de Cinema. O cenário já era esperado: o piso térreo do Theatro José de Alencar completamente apinhado de gente, cadeiras vazias que começavam a rarear no primeiro andar e alguns espectadores distribuídos num terceiro andar mais respirável. Parte dessa lotação podia ser explicada pelo filme que seria exibido na Mostra Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem, “Mãe e Filha”, do cineasta cearense Petrus Cariry. Na quinta noite do Cine Ceará, tudo parecia maquinar a favor do filme de Petrus: a Mostra Competitiva de Curtas já havia chegado ao fim no dia anterior e seu longa foi o primeiro da noite. Nem a homenagem concebida ao documentarista Eduardo Coutinho e ao crítico de cinema José Carlos Avelar conseguiu ofuscar “Mãe e Filha”. Pelo contrário, a parcela de público que poderia ter se deslocado até o Theatro apenas para assistir ao discurso dos homenageados, permaneceu em seus lugares pelo menos até a última cena do filme de Petrus. E foi com aplausos demorados, assobios e gritos deslumbrados que a platéia do 21º Cine Ceará demonstrou sua aprovação ao que havia acabado de ver. Em cerca de 80 minutos, Petrus teceu uma sensível análise sobre a relação entre uma mãe e sua filha numa cidade fantasma do interior cearense. O cenário do longa, um vilarejo completamente abandonado no meio do sertão dos Inhamuns, com suas casas deterioradas e estrada de terra, marca o ritmo da narrativa, que se arrasta entre longos silêncios e sequências de pura contemplação, aos moldes de seu filme anterior, “O Grão”. A cidade fantasma de Cococi já havia sido palco de outro projeto de Petrus. Em 2006, foi lançado “Dos Restos e Das Solidões”, um documentário em curtametragem que acompanhava a rotina de Dona Laura, de 70 anos de idade, que ainda vivia entre as ruínas e poeira do local. “Pássaros de Papel”, produção espanhola de 2010 dirigida por Emilio Aragón, não mobilizou a imensa parcela de público atraída pelo filme concorrente e ainda enfrentou problemas de sincronização de sua legenda durante boa parte de sua exibição. Quem permaneceu no Theatro até o final do longa, assistiu aos esforços de uma trupe de artistas para sobreviver entre bombas e falta de comida de uma guerra iminente. Com uma gama de personagens caricatos, a história consegue prender a atenção do público, mas sua eficiência se sustenta até certo ponto.
O grande problema do longa são seus esforços exagerados para emocionar. Aragón não encontrou o equilíbrio certo na carga de drama que insiste em empurrar goela abaixo junto ao público. Música, cenários, diálogos e algumas situações constrangedoras pontuam as duas horas do filme. Se tais aspectos forem deixados de lado, ainda é possível ver “Pássaros de Papel” como uma experiência semelhante, em sua forma de tratamento, ao italiano “A Vida é Bela”. Com mais melodrama e menos eficiência, vale destacar.
Deixando o Peter Pan para trás... Descubra o que Robert Pattinson, Kristen Stewart e Leonardo DiCaprio têm em comum. Adolescentes amontoados por trás das grades de proteção acenam para o astro na esperança de algum olhar de reconhecimento. Garotas escrevem cartas quilométricas e borrifam perfume em suas páginas. Fãs-clube disputam entre si o título de maior colecionador de fotos, vídeos e autógrafos. Dezenas de jovens publicam os piores impropérios em sites de cinema que ousam criticar negativamente o último lançamento do ídolo. Os astros do cinema teen precisam tomar cuidado: amor demais sufoca. Para fugir dessa sina, alguns deles se aventuram em produções que exigem uma maturidade que vai além da compreendida pelos próprios fãs. Conheça quem se deu bem nessa transição e quem perdeu as rédeas da carreira no mundo fantástico que precede a vida adulta. “Eu cresci, agora sou mulher” Diferenças de gênero à parte, a verdade é que Robert Pattinson cresceu e agora procura, discretamente, se desvencilhar da imagem de vampiro adolescentóide. O astro é o protagonista do drama “Água para Elefantes”, em cartaz nos cinemas brasileiros, dessa vez sem caninos sobressalentes e lentes de contato. Pattinson dá vida ao veterinário Jacob Jankowski, contratado por uma grande companhia circense para cuidar da dieta de seus animais. O potencial dramático do ator é constantemente colocado à prova em uma trama madura que envolve traição, vingança e muita pieguice. Os resultados de seus esforços são convincentes e sinalizam uma carreira que pode ir além do óbvio. Colega de elenco na saga vampiresca, Kristen Stewart também parece ter colocado sua carreira em trilhos menos questionáveis, embora ainda mantenha um pé na franquia que garantiu seu posto de musa teen. Em 2010, a atriz viveu a cantora multiinstrumentalista Joan Jett no filme “The Runaways”, sobre a banda de mesmo nome formada por garotas na década de 70. Seu desempenho foi classificado pela maior parte dos críticos como razoável, mas havia o consenso de que a garota merecia ter seu esforço reconhecido. A próxima incursão adulta de Stewart é o drama independente “Corações Partidos”, no qual faz o papel de uma stripper. A oscarizada Melissa Leo, que atua ao lado de Kristen, foi a primeira a elogiar o crescimento da colega. O maior exemplo da maturidade obtida gradativamente por um ator é, sem dúvidas, a carreira de Leonardo DiCaprio. Inibido pela crítica, mas presente no imaginário de dez entre dez garotas do planeta, seu papel em “Titanic” foi a coroação imediata junto ao público jovem. Longe de conseguir a unanimidade crítica que vem recebendo em seus últimos projetos, DiCaprio foi conhecido como o Jack por muito tempo antes de assumir outro papel que renovasse a forma como é lembrado. A partir de filmes como “Gangues de Nova Iorque”, “O Aviador” e “Foi Apenas Um Sonho”, o ator provou que seus tempos de atuação sustentada por um rosto de traços delicados ficaram para trás. Após o
sucesso de “A Origem”, de 2010, DiCaprio pode respirar aliviado com a certeza de que é, atualmente, um dos nomes favoritos entre todos os públicos. Era uma vez... ...um promissor ator de dez anos que fez fortuna ao atuar na série “Esqueceram de Mim”, no início dos anos 90. Após cravar seu nome na história do cinema como o astro infantil mais bem sucedido daqueles tempos e acumular uma fortuna estimada em US$ 17 milhões, Macaulay Culkin assistiu a gradativa desvalorização de sua capacidade artística e caiu no ostracismo. O ator ainda experimentou um retorno aos holofotes duas vezes: a primeira delas em 1994, quando protagonizou “Riquinho”, e a outra em 2003, com “Party Monster”, que impressionou mais pelas cenas ousadas que pelo seu trabalho como ator. Seu último papel de destaque foi o de Andrew Cross, no seriado “Kings”, exibido pela NBC em 2009. O programa não obteve boa audiência e foi cancelado em sua primeira temporada. Sobre Culkin... ninguém sabe por onde anda. Outro que ficou famoso por um único papel foi Ralph Macchio. Quem? O ator norte-americano tornou-se conhecido aos vinte anos, quando protagonizou o primeiro filme da franquia “Karatê Kid”. Macchio viveu Daniel San nas três versões produzidas até 1998 e foi responsável por espalhar em todo o mundo a febre pelo “golpe da águia”. Depois disso, não assumiu nenhum papel de destaque e hoje, aos 49 anos, ganha a vida trabalhando em curtas independentes e fazendo pontas em seriados de TV. Na verdade, a posição de astro falido é o que há de mais atrativo em sua figura.
Dia das Mães chegando: relembre as melhores e piores mães da história do cinema. Como é a sua mãe? Boazinha? Malvada? Madrasta? Carinhosa? Fofoqueira? Exaltada? São muitos os adjetivos que acompanharam a figura materna neste século de cinema em dramas familiares que ensoparam nossos lenços de lágrimas. Em celebração ao dia das mães que se aproxima (08.05), em parceria com a Rapadura Camila, elaboramos uma lista com as melhores mães da história da sétima arte. São figuras que colocaram o amor aos filhos acima do amor próprio, romperam tabus e abandonaram sonhos para construir uma família. Se sua mãe não se parece com elas, temos um alento: apresentamos quatro mães (se é que podemos considerá-las como tal) que fariam qualquer filho desejar nunca ter nascido. Perto delas, as explosões de histeria das nossas parecem um passeio no parque. Acompanhe e faça seu julgamento, mas esteja certo de que qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Mamãe Querida Sandra Bullock já tinha marido e dois filhos para encher de mimos e uma conta corrente pomposa para comprar todas as futilidades do mundo. O que uma perua desocupada viu num jovem negro, desabrigado e com uma mãe viciada? O fato é que alguma coisa aconteceu quando a socialite enxergou aquele rapaz com o dobro de seu tamanho caminhando com cara de cachorro pidão. É o velho instinto materno dando as caras em “Um Sonho Possível” e trazendo para Bullock a consagração máxima em forma de Oscar. Afinal, quem diria que debaixo de uma cabeleira platinada nos salões mais caros da cidade haveria um coração derretido? Com uma poupança vazia e muito trabalho, Queenie (Taraji P. Henson) também emocionou muita gente ao adotar uma criaturinha enrugada que foi abandonada na portaria de uma casa para idosos. E é difícil não ficar com nó na garganta quando vemos Benjamin Button já crescido, sedento por aventuras em lugares distantes, deixar pra trás os cuidados maternos de alguém que só vive em função dele. Por seu altruísmo, honestidade e energia, a Queenie de “O Curioso Caso de Benjamin Button” merece ocupar lugar de destaque no imaginário das melhores mães do cinema. A veterana Meryl Streep também teve seus dias de boa mãe nas telonas. Em “As Pontes de Madison”, a atriz representou a mãe que abdicou de seus sonhos para erguer uma família e educar os filhos. Francesca Johnson largou os pais na Itália para viver sua fantasia precoce de amor ao lado do marido num vilarejo perdido entre as estradas empoeiradas do interior de Iowa. Após anos de uma vida regrada e sem emoções, ela recebe a visita de um fotógrafo
da National Geographic (Clint Eastwood) e, sem grandes pretensões, inicia um romance com data marcada para terminar. No momento da despedida, Francesca tem em mãos a possibilidade de reconstruir sua felicidade e resgatar o tempo perdido numa cidade em que nada acontece. Por amor aos filhos e ao marido, abre mão de seus impulsos e retorna ao lar com força e dignidade invejáveis. Amor demais cansa, e por isso finalizamos nossa lista com a mesma Meryl Streep, agora em “A Escolha de Sofia”. Embora o foco do filme não seja o fatídico momento em que sua personagem precisou optar pela vida de um dos pimpolhos, é perceptível que toda a sua existência foi marcada por aquele ato desesperado. Pela força de sua atuação na cena em que a escolha é realizada e pelas lágrimas de desespero que soube derramar de maneira com poucos precedentes na história do cinema, vai para Meryl outra posição de destaque entre nossas eleitas. Vade Retro! Assim como existe o lado bom, também há o lado negro da maternidade. Como qualquer ser humano, as mães também têm seus defeitos e listamos abaixo alguns nomes que são o exemplo disso. De forma alguma vamos generalizar e chamá-las de “más”, pois também se deve observar a história por trás de cada uma. Para começar, vamos citar Joan Crawford, que até 1978, um ano e meio após sua morte, era conhecida por ser uma grande estrela do cinema. Quando sua filha adotiva mais velha publicou o livro “Mamãezinha Querida”, que em seguida foi transformado em filme, o mundo testemunhou um lado sombrio da atriz que nunca imaginou conhecer. Através da interpretação de Faye Dunaway, Crawford foi retratada como uma pessoa abusiva e doentia, que não tinha qualquer afeto pelos filhos e que os teria adotado apenas para chamar a atenção da mídia. A performance de Dunaway foi massacrada pela crítica, mas até hoje a figura de Crawford é considerada assustadora graças ao filme. Você se lembra de “Preciosa”? O que pode ser pior para uma adolescente do que ter um pai estuprador? Somar também uma mãe que a trata como lixo. Mary é a própria personificação de tudo o que uma mãe não deveria ser: abusiva, tirana, egoísta e extremamente agressiva. Ressentida pelo fato de seu marido se sentir mais atraído pela filha do que pela esposa, ela passa a tratar Preciosa como escrava, além de usar os netos como desculpa para não trabalhar e arrancar dinheiro do governo. Ao final do filme, quando ambas estão diante da assistente social, conhecemos a raiz de toda a sua amargura e podemos até compreendê-la, mas não perdoá-la. A comediante Mo’Nique surpreendeu a todos com sua interpretação brilhante, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.
Outra adolescente atordoada pela mãe foi Carrie, de “Carrie – A Estranha”. Imagine ser uma jovem que é constante vítima de bullying na escola, volta para casa e tem uma fanática religiosa como mãe para te receber? A ensandecida Margaret White chega ao ponto de considerar a menstruação da filha como o resultado de “pensamentos impuros”. Convencida de que Carrie está possuída por Satã, ela acredita que o único modo de salvar a alma da filha é matando-a. Não é a toa que a moça se descontrola e a história termina em tragédia. A atriz Piper Laurie recebeu uma indicação ao Oscar pelo papel de Margaret. Um clássico finaliza nossa lista. Norman Bates é sem dúvida o responsável pela morte mais famosa do cinema: a famosa cena do chuveiro. Mas o que o leva a se tornar um assassino? Apesar de quase não aparecer em “Psicose”, a misteriosa Sra. Bates se junta ao time de mães “assustadoras” pela estranha criação que deu ao seu filho Norman. A princípio, quando conhecemos o pacato Norman Bates, acreditamos que ele é apenas um rapaz tímido, que vive para atender aos desejos da mãe, e que ela era a verdadeira assassina. Mas a verdade é que a Sra. Bates sufocou a personalidade do filho a tal ponto que se tornou parte de sua psique. Descobrimos que ela já estava morta e que Norman havia embalsamado seu corpo, conservando-o e se fazendo acreditar que ela ainda estava viva, chegando a ter conversas com ela e a se travestir na hora de cometer os assassinatos. É quase como se ela tomasse conta do corpo do filho para matar mulheres consideradas prostitutas. Tenebroso, não?
Hitchcock como você nunca viu Preparamos um paliativo para aqueles que não podem visitar a Mostra Hitchcock, em São Paulo e no Rio. Alfred Hitchcock é muito mais que a famosa cena em que Janet Leigh é esfaqueada ao som dos violinos friccionados de Bernard Herrmann. Alfred Hitchcock é mais que oitenta minutos de filme disfarçados com quatro ou cinco cortes quase imperceptíveis. É muito mais que o “Hitchcock zoom”, usado para transmitir ao espectador a sensação acentuada de vertigem de James Stewart. Para divulgar os trabalhos menos conhecidos de um dos maiores expoentes do cinema de suspense do século passado, o Centro Cultural Banco do Brasil promove, entre os dias 15 de junho e 24 de julho, em São Paulo, e 1º de junho e 14 de julho, no Rio, a Mostra Hitchcock. São 54 longas, três curtas e 127 episódios de séries produzidas para a TV. Para aqueles que vivem longe das duas capitais escolhidas para a instalação da Mostra, e para aqueles que não se contentam em assistir aos títulos mais famosos de sua filmografia, as indicações abaixo podem suprir uma necessidade imediata por mais informações sobre o diretor. Primeiros passos Falecido em abril de 1980, há 31 anos, Alfred Hitchcock dirigiu obras primas do cinema de suspense, como “Psicose”, “Os Pássaros”, “Um Corpo que Cai” e “Janela Indiscreta”. Começou a trabalhar aos 14 anos, quando abandonou a escola e conseguiu uma vaga numa empresa fabricante de cabos elétricos. Seu primeiro contato com o cinema aconteceu em 1920, ocasião em que foi contratado para fazer as telas de texto que representavam os diálogos nos filmes mudos da Paramount Pictures. Seu entrosamento com a produção e a facilidade na elaboração de roteiros trouxe para Hitchcock a possibilidade de assumir o papel de cenógrafo e assistente de direção, e em 1925 o rapaz dirigiu seu primeiro filme, “The Pleasure Garden”, um romance melodramático com 75 minutos de duração. Hitchcock começaria a dar sinais de seu potencial como mestre do suspense no ano seguinte, quando lançou “O Inquilino”, baseado livremente na história de algumas vítimas de Jack, o estripador. O filme alcançou relativo sucesso junto ao público da época, embora mais tarde tenha sido deixado de lado, quando analisado junto aos principais títulos do cineasta. Com exibição agendada nas duas capitais agraciadas pela Mostra, o filme também pode ser conferido, na íntegra, no link abaixo. Enquanto estiver assistindo ao vídeo, repare na apropriação que Hitchcock fez das principais características do expressionismo alemão, cujo auge ocorre justamente na década de 20: são cenários urbanos sombrios, imagens distorcidas e sombras agressivas que permeiam a atuação teatral de seu elenco. http://www.youtube.com/watch?v=tbeld6sN8yY Hitchcock em francês
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), mais precisamente no ano de 1944, Hitchcock estava na Europa, contratado pelo Ministério da Informação Britânico para filmar algo que homenageasse o movimento de resistência à ocupação nazista da França. Dois curtas, também exibidos na Mostra, são o resultado dessa tarefa: “Aventure Malgache” e “Bon Voyage”. Por serem considerados potencialmente perigosos, os filmes ganharam poucas exibições: o primeiro conta a história de um rapaz que se envolve na transmissão de mensagens de resistência por meio de uma rádio clandestina, e o segundo acompanha um escocês interrogado por autoridades francesas sobre sua fuga do território ocupado pelos inimigos. No links abaixo você pode acompanhar a primeira parte de “Aventure Malgache”. As demais cenas aparecem como vídeos relacionados no youtube. Aventure Malgache (Parte 1): http://www.youtube.com/watch?v=Er-LiFyH7N0 Humor negro na televisão Pouca gente conhece a série “Hitchcock Apresenta”, realizada pelo cineasta para a CBS americana a partir de 1955. Reunindo crime e mistério, o programa foi escolhido pela Revista Time como um dos 100 melhores produtos televisivos de todos os tempos. A sutil abertura da série tornou-se lendária: um desenho da silhueta rechonchuda do cineasta, rabiscado pelo próprio Hitchcock depois de um complicado processo de aceitação de seu sobrepeso, aparece ao fundo, enquanto o diretor caminha da direta para o centro da tela e se sobrepõe aos traços. No primeiro episódio de sua primeira temporada, “Revenge”, como você pode acompanhar no link abaixo, devidamente legendado, Hitchcock explica, com sua ironia e humor discreto, do que se trata o programa. Em menos de um minuto, o cineasta fala sobre suas constantes participações em seus vídeos, sobre a dificuldade de entendimento por parte de alguns espectadores, sobre o atraso dos atores na preparação das filmagens e ainda brinca ao convocar a entrada dos comerciais. As demais partes do vídeo podem ser encontradas no youtube. http://www.youtube.com/watch?v=kb_-HBNuf-o
O Brasil não é suficiente: saiba mais sobre os atores que levam o talento nacional para o resto do mundo. Novela das oito? Reality Show? Programa na TV paga? Para alguns atores, o mundo não é o bastante. Largar as telenovelas, cair nas graças de cineastas estrangeiros, distribuir ao menos um autógrafo pelas ruas da Big Apple, paquerar o galã da temporada e, quem sabe, desfilar pelo tapete vermelho da Academia. Suposta aspiração do time de atores da nova geração que procura exportar seu talento para territórios além-tupiniquins, dar o primeiro passo em direção ao reconhecimento internacional tornou-se motivo de cobiça. O alvo mais óbvio é a terra do Tio Sam, com seus holofotes ofuscantes, letreiros épicos e calçadas da fama. Outros, menos deslumbrados, escolhem países fora do grande circuito comercial do cinema e estrelam filmes que se distanciam do mainstream. Numa corrida em que poucos ousam participar e muitos desistem no caminho, alguns nomes alcançaram o outro lado da fronteira e posicionaram o Brasil no disputado grupo de países com potencial mercadológico junto aos grandes estúdios. Aqueles que recebem tal honraria podem se contentar com seus 15 minutos de fama internacional ou, como é mais raro, tentar abocanhar outra fatia de sucesso. Exemplos não faltam... e abaixo destrinchamos a história de dois nomes que levam o Brasil para o exterior. Para o alto e avante! Bem mais raros que aqueles que se contentam com uma semana de sucesso em Hollywood são aqueles que conseguiram o passe livre para um segundo projeto de peso. E o que dizer daqueles que estamparam o nome em, pelo menos, sete produções que envolviam grandes astros, grandes diretores ou orçamentos absurdos? Aos 28 anos, a paulista Alice Braga exibe um currículo que coloca os grandes nomes da dramaturgia nacional em posição complicada: depois de se tornar conhecida por seu papel em “Cidade de Deus”, Alice atuou ao lado de Diego Luna no filme “Solo Diós Sabe”, uma parceria entre Brasil e México, e viu sua carreira dar um salto em direção ao exterior. Alice já trabalhou com Brendan Fraser (“12 Horas Até o Amanhecer”), Will Smith (“Eu Sou a Lenda”), Julianne Moore, Mark Ruffallo e Gael García Bernal (“Ensaios Sobre a Cegueira”), Harrison Ford (“Território Restrito”), Jude Law e Forest Whitaker (“Os Coletores”), Adrien Brody (“Predadores”) e Anthony Hopkins (“O Ritual”). Também já foi dirigida por um dos cineastas mais respeitados dos Estados Unidos, David Mamet, no filme “Cinturão Vermelho”. Para os próximos anos, outras produções de peso foram anunciadas: “On the Road”, baseado na obra homônima de Jack Kerouac, com direção de Walter Salles e Kristen Stewart, Kirsten Dunst, Viggo Mortenses e Amy Adams no
elenco, e “Elysium”, ficção científica do mesmo diretor de “Distrito 9”, com Matt Damon e Jodie Foster. Alguns passos atrás de Alice está Rodrigo Santoro, veterano galã das novelas brasileiras. O ator teve seu talento reconhecido nacionalmente em duas produções de 2001, “Bicho de Sete Cabeças” e “Abril Despedaçado”. Dois anos depois, foi chamado recebeu sua primeira oportunidade: iria sair do mar, segurando uma prancha de surf, sob os olhares lascivos de Demi Moore, em “As Panteras Detonando”. Seus poucos segundos em cena e seu rostinho bonito foram motivos suficiente para uma nova chance, e Santoro apareceu em “Simplesmente Amor”, ao lado de nomes de peso como Colin Firth, Liam Neeson e Emma Thompson. Em 2006, o ator deu vida ao fabuloso rei da Pérsia, Xerxes, no épico “300”, e logo em seguida abocanhou outro papel na terceira temporada do seriado fenômeno “Lost”. Com “Che”, do respeitado diretor Steven Soderbergh, e ao lado de Jim Carrey, na comédia “O Golpista do Ano”, Santoro conseguiu manter seu nome sob a mira dos holofotes norteamericanos. Para os próximos anos, algumas novas produções podem alavancar a carreira do ator: o filme “Hemingway e Gellhorn”, sobre a relação do escritor e sua musa inspiradora, pensado exclusivamente para a TV americana, deve colocar Santoro ao lado de Nicole Kidman e Clive Owen. Já em “Falling Slowly”, é Mandy Moore que deve contracenar com o ator em um drama sobrenatural.
Polêmica x Cinema: o que os cineastas fazem por trás das câmeras Conheça os nomes que não souberam manter suas esquisitices longe dos holofotes “Eu achava que era judeu, era muito feliz por isso. Mas aí descobri que era nazista, quer dizer, minha família era alemã. Eu entendo Hitler. Claro que ele fez algumas coisas erradas. Mas eu o compreendo. Claro que não sou a favor da Segunda Guerra, não sou contra judeus, nem Susanne Bier, Israel é complicado. Mas e agora, como termino essa frase?” Nem foi preciso terminar. A celeuma estava instaurada em Cannes. Menos de 24 horas depois de declarar as palavras reproduzidas acima, o cineasta dinamarquês Lars Von Trier foi sumariamente banido da 64ª edição do Festival de Cannes. Voltou pra casa com o título de “persona non grata” e nenhum prêmio nas mãos. A única categoria em que seu “Melancolia” saiu vitorioso foi a de melhor atriz, para a norte-americana Kirsten Dunst. Os frequentadores assíduos do festival francês já julgam como certas as declarações polêmicas de Von Trier, e o diretor nunca frustra as expectativas de sua audiência. Em 2009, após a sessão de exibição de “Anticristo”, como se o longa não carregasse em sua extensão motivos suficientes para inflamar debates calorosos, o cineasta declarou que havia escolhido o projeto sob a influência da mão de Deus, e que era o melhor diretor de cinema do mundo. O circo estava montado e dividia opiniões: críticos de peso trataram o filme como um fracasso em potencial, dada a sua apelação desnecessária, enquanto outros preferiam classificar a obra como a mais onírica e sexual representação de um pesadelo. A resposta de Von Trier veio seca e direta: “eu trabalho para mim mesmo, não fiz este pequeno filme para você ou para o público, por isso não acho que deva explicar nada a ninguém”. E quem não se lembra da sutil troca de farpas entre o cineasta e a cantora Björk, após a estréia de “Dançando no Escuro”, em 2000? Apesar de ter recebido a Palma de Ouro e o prêmio de melhor atriz em Cannes, o filme foi palco da batalha de esquisitices dos dois astros. De um lado, Von Trier declarava que sua protagonista era “louca” e que trabalhar ao lado dela foi uma experiência “terrível”. Björk rebateu com a seguinte declaração: “Mas minha experiência com Lars foi bastante aturdida. Fui à casa dele várias vezes e minha sensação era de que ele estivesse apontando uma arma para mim e eu tendo sempre de virar o cano para outra direção. Lars e eu não temos nada em comum. Tudo entre nós é o oposto completo. O 1% de sintonia que tínhamos foi o que fez o projeto ganhar um forma mais humana.” Sobrou até para a musa Catherine Deneuve, coadjuvante em “Dançando no Escuro”, que declarou que Björk havia ficado tão traumatizada durante o
processo de filmagem que seria preciso uma década de descanso até que se recuperasse completamente. Entre tantos desentendimentos, portas batidas e poeira levantada, o resultado do trabalho do diretor e da atriz foi um filme esteticamente deslumbrante e completamente visceral em sua execução. Uma xícara de polêmica, por favor Não é só Von Trier que carrega em seu currículo uma lista de declarações infelizes e atitudes controversas. Alguns outros grandes nomes também tiveram seus dias de cão e foram alvo de críticas ferrenhas saídas de todos os cantos do globo. O caso mais conhecido talvez seja o do cineasta francopolonês Roman Polanski, que em 1977 admitiu ter mantido relações sexuais com uma garota de 13 anos. Antes que pudesse ser julgado pela corte dos Estados Unidos, o diretor fugiu para a França e esperou o assunto sumir das páginas da imprensa internacional. Quando assumiu o caso com a garota, aos 43 anos, Polanski já era reconhecido por filmes que mais tarde se tornariam ícones da sétima arte. Em 1965, com “Repulsa ao Sexo”, ele havia iniciado sua “trilogia do apartamento”, que seria finalizada com “O Bebê de Rosemary”, em 1968, e “O Inquilino”, em 1976. Nesse intervalo de tempo, em 1974, Polanski também dirigiu um perfeito representante do cinema noir, “Chinatown”, estrelado por Jack Nicholson e Fane Dunaway. Tantos sucessos colocaram o cineasta em posição de destaque nos holofotes, e não é difícil imaginar o alarde criado em torno de suas declarações. Antes disso, Polanski já havia experimentado a sensação de estar no centro das atenções: em 1969, o grupo comandado pelo psicopata Charles Manson assassinou a atriz Sharon Tate, grávida de sete meses do cineasta. Em 2003, quando seu filme “O Pianista” foi agraciado com o Oscar de melhor direção, o cineasta não estava presente no teatro Kodak, em Los Angeles, e teve que esperar sentado até que o troféu fosse transportado até seu colo. A última polêmica que marcou a vida de Polanski foi sua detenção inesperada, aos 76 anos, em terras suíças, enquanto viajava para o Festival de Cinema de Zurique de 2009. O cineasta foi liberado após pagar fiança de 4,5 milhões de francos suíços (4,4 milhões de dólares). O cineasta, poeta, escritor e filósofo italiano Píer Paolo Pasolini também construiu sua carreira sobre fatos polêmicos que permearam toda a sua vida. Com sua maneira crua e original de ver o mundo, Pasolini fez de seu cinema um grito contra os hábitos de uma sociedade artificial que se consolidava. Seus filmes ousados e contestadores somaram-se ao fato de ser homossexual assumido e ex-militante do Partido Comunista Italiano e serviram para colocar seu nome no centro de discussões sobre o papel da arte. Antes de se dedicar ao cinema, Pasolini havia trabalhado como professor, e é desse período de sua
história que surgiu o primeiro boato sobre suas preferências: ele havia tido seu primeiro caso homossexual com um aluno. Enquanto militava pelo Partido Comunista, destacou-se por sua atuação incisiva e constante participação em manifestações e congressos. Em outubro de 1949, no auge de sua trajetória política, foi expulso do Partido após ser acusado de corrupção de menores e atos obscenos em lugares públicos. Em 1950, para fugir do passado, mudou-se para Roma com a mãe, quando começou a se dedicar ao cinema. A partir da década seguinte, Pasolini realizou verdadeiras obras, como “Desajuste Social”, de 1961, “Mamma Roma”, de 1962, e “Teorema”, de 1968. Entre os temas mais recorrentes em seus projetos: prostituição, perversões sexuais e política. A carreira de Pasolini foi interrompida em 1975, após o término de “Salò ou os 120 Dias de Sodoma”, crítica ferrenha ao sistema fascista. O diretor foi encontrado morto, com o rosto desfigurado em uma zona histórica de Roma. O processo instaurado concluiu que o diretor havia sido assassinado por um garoto de programa. O fato continuou sendo investigado por dezenas de programas e filmes da TV italiana. Então, não se surpreenda com a próxima declaração de algum cineasta mais ousado. Afinal, já diziam por aí que genialidade e loucura caminham de mãos dadas.
Quem é D. J. Caruso? Conheça a mente por trás de “Eu Sou o Número Quatro”. Mais conhecido por protagonizar o filme “Alex Rider Contra o Tempo”, Alex Pettyfer está prestes a desembarcar mais uma vez nos cinemas brasileiros com um filme de temática semelhante ao projeto que o tornou conhecido. Em “Eu Sou o Número Quatro”, o ator vive um adolescente perseguido por um inimigo mortal que já fez três vítimas. Com produção do cultuado Michael Bay, de “Transformers”, o filme promete misturar ficção, drama, ação e romance em doses equilibradas para agradar o público adolescente e os fãs de efeitos especiais. O responsável pelo roteiro e direção do projeto é um californiano de 46 anos cujo nome ainda pode soar desconhecido aos ouvidos da multidão, embora sua filmografia seja formada por títulos de relativo reconhecimento junto ao público, como “Roubando Vidas”, “Paranóia” e “Controle Absoluto”. D. J. Caruso é o nome por trás de “Eu Sou o Número Quatro”. Caruso combinou drogas, vingança, sadismo e um orçamento de US$ 18 milhões em seu primeiro filme, “A Sombra de um Homem”, de 2002. Com um elenco cujos nomes mais conhecidos eram Val Kilmer e Peter Sarsgaard, o diretor contou a história de luto de um homem que não soube aceitar a morte da esposa. O resultado surpreendeu pela qualidade e originalidade de seu roteiro, com momentos de tensão e surpresas bem distribuídos pela trama. Seu projeto seguinte, de 2004, reuniu nomes de peso do cinema comercial. Angelina Jolie, Ethan Hawke, Kiefer Sutherland e Gena Rowlands dividiram os holofotes e travaram diálogos interessantes em “Roubando Vidas”. A história de uma agente especial de métodos pouco ortodoxos contratada paras capturar um serial killer dividiu opiniões e, ao contrário de seu filme anterior, recebeu críticas ásperas. Aqui, Caruso parece ter perdido os parâmetros que guiaram sua direção em “A Sombra de um Homem”. Apesar de uma proposta interessante, o que se vê é um excesso de reviravoltas e situações improváveis. Em 2005, o diretor recuperou parte de sua credibilidade com o razoável “Tudo por Dinheiro”, e o êxito deve ser atribuído parcialmente ao elenco encabeçado por Al Pacino, Matthew McConaughey e Rene Russo. Na verdade, o roteiro do filme parecia pouco trabalhado e cheio de boas intenções que não foram atingidas, e o que sustentou a qualidade do projeto foi o desempenho de seus atores. O intervalo de dois anos até o seu próximo lançamento, “Paranóia”, parece ter sido bem aproveitado pelo diretor, já que em seu novo filme ele resgatou qualidades que só foram bem desenvolvidas em seu primeiro longa. Shia
LaBeouf protagonizou um suspense com momentos de tensão bem arquitetados e questionamentos resolvidos no último ato. O reconhecimento do filme veio em forma de lucro para a equipe envolvida em sua realização: com orçamento de US$ 20 milhões, “Paranóia” lucrou US$ 117 milhões em todo o mundo. Ainda no embalo de seu último filme e com US$ 80 milhões em mãos, Caruso repetiu a parceria com LaBeouf e lançou, em 2008, “Controle Absoluto”, um suspense que envolveu tecnologia futurista e terrorismo. O resultado foi, mais uma vez, satisfatório para os cofres da Paramount Pictures, que arrecadou US$ 178 milhões em todo o mundo. O êxito de seus dois últimos filmes alimenta as expectativas para “Eu Sou o Número Quatro”. Embora tenha sido realizado com orçamento inferior ao último projeto de Caruso, o fato de ser baseado em um livro best seller direcionado ao público jovem, a já citada produção de Michael Bay e a distribuição feita pelos Walt Disney Studios Motion Pictures são motivos suficientes para acreditar em seu sucesso. Antes que seu último trabalho possa ser assistido e aprovado, o fato é que Caruso já anunciou que vai realizar a adaptação de “Preacher”, HQ adulta criada por Garth Ennis e Steve Dillon e publicada pelo selo Vertigo na década de 90. Nomes como Chris Pine, Shia LaBeouf e Alex Pettyfer já são cogitados pelo diretor para os principais personagens da trama. Se depender do entrosamento com as câmeras demonstrado pelo cineasta em seus últimos trabalhos, podemos esperar uma boa safra de filmes de suspense e ação para os próximos anos.