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QUATRO
IV QUATRO
FÉ, CONHECIMENTO E ORAÇÃO
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Quando o Ser Humano se predispõe a conhecer Deus e tudo o que a Ele se refere, há que se precaver com relação ao fato de que entrará num universo infi nito de mistérios que não lhe são dados compreender nesta dimensão de sua existência limitada. É necessário purifi car o pensamento e peneirar os incontáveis pré-juizos que, durante toda vida, vem sendo registrado na memória, desde os tempos do ventre materno. As ideias erradas que lhe foram impingidas sobre Deus e que estão gravadas nos porões do subconsciente, isto porque, toda pessoa se acha no direito de explicar sobre Deus, assim como lhe convém. O perigo reside aí. Qual é a concepção que se aprendeu e que foi gravada sobre Deus e a vida espiritual em nossa memória?
Conforme a origem e a forma do conhecimento que tenha recebido, assim será sua convicção religiosa e sua maneira de ver e compreender Deus. Daí a necessidade de se ter Fé. Porém, a Fé, para atingir a verdade, dever ser ativa e dinâmica, tem que ser pura, sem mistura, sem superstição. A verdadeira fé é uma virtude que se enraíza no interior da pessoa humana. É infusa por Deus no Ser Humano, com a graça.
Para compreender melhor, pode se comparar com o ato de plantar uma semente na terra. Aliás, Jesus Cristo usou essa comparação quando falou da Parábola do Semeador. Assim como a semente, no seio do solo, vai se movimentando e se torna uma árvore frondosa, assim também a fé é uma espécie de movimento que vai crescendo dentro do Homem até tomar completamente todo seu ser. Fé é virtude e virtude quer dizer força. E o que é essa força que se tem dentro de si, se não for a própria vida? Ninguém conhece a Deus e, portanto, pode experimentar sua vida e graça, em si, se não for pela Fé.
Então todo aquele ou aquela que quiser conhecer, amar, servir e experimentar Deus, necessariamente terá que abrir-se para a Fé. Na hipótese de que já se tenha a Fé e que se conheça e aceite Deus, como poderá ser o relacionamento entre o ser criado e o Criador? Em outras palavras, como se dá a comunicação do homem com
Deus? O caminho mais acertado e profícuo é o da oração. O que é rezar, orar? Como deve ser a oração das pessoas que creem e que pretendem comunicar-se com o Pai? Pode acontecer que, por pré-juízo em relação a isso, se esteja rezando erradamente. Orar de fato, é estar com Deus. É o encontro pessoal/espiritual com Ele. Oração é a contemplação do Divino pelo humano. Contemplar signifi ca ver Deus, não com os sentidos materiais, não com o organismo físico, biológico, mas com o senso da Fé, com a essência do ser, com a alma. Quem consegue entrar nesse grau de elevação e contempla, de forma pura e livre, a Deus, entra em êxtase. Os teólogos chamam a isso “união hipostática”. É a qualidade da pessoa santa. Jesus, enquanto homem, nos foi modelo dessa forma de oração. Ele, de fato, contemplava o Pai.
A primeira coisa que algumas pessoas fazem quando vão orar, é “colocar a carroça na frente dos animais”. Primeiro pedem, depois oferecem umas poucas palavras em troca, como se Deus precisasse disso. Outras pessoas até exageram, fazem promessas para Deus. “Se o Senhor me der o que estou lhe pedindo eu vou lhe dar isto ou aquilo”. Sem falar dos que comercializam seu pseudo poder de oração.
Mas este é outro assunto, para outra ocasião. Hoje fi quemos com estas ideias principais: conhecer e viver em Deus é pressuposto da virtude da Fé e o caminho mais curto e certo para ter a Graça de Deus e poder mergulhar na plenitude Divina em profundidade, é a Oração. E, fi nalmente, rezar é contemplar e estar com Deus. Disso decorre que poderemos louvar, agradecer, bendizer e confi ar nossos anseios a Ele. Daí sim, poderemos até pedir tudo o que necessitarmos, pois, nossa fé é fruto de um profundo conhecimento que se transforma na mais sincera oração.