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VIVER PARA NÃO MORRER
XI ONZE
VIVER PARA NÃO MORRER
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Quando plasmada, cada uma das células que constituem os seres vivos, recebe de imediato, o endereço de sua morte. A meta a ser atingida na caminhada é o próprio fi m. Nem sempre se aceita isso como a mais certa de todas as realidades humanas. O processo é, ainda, um mistério insolúvel. Resta, apenas a refl exão em torno dele para poder aproximar-se da verdade. O fato de não ser aceita como realidade é decorrente de um erro de constatação. Costuma-se olhar, apenas para o fi m último e esquece-se de prestar a atenção no processo todo, ou seja, não se valorizam os minutos de existência vividos desde o início até a hora derradeira, não importando a duração cronológica desse tempo. Cada minuto, cada segundo de vida é grandemente importante e tem valor infi nito. A morte, como realidade inerente à vida, deve ser encarada, também, pelo menos, sob dois ângulos distintos.
O primeiro como o fi m da existência consciente do homem, que se estrutura em um corpo físico (biológico); em uma alma espiritual (vida) e em reações psicológicas (eu, que individualiza as pessoas). Neste primeiro ângulo, a morte pode parecer como o maior de todos os males e sofrimentos que um ser possa suportar. Comparada a destruição, é o fi m dos sonhos, dos projetos, das realizações, dos relacionamentos, do ter, do fazer, do saber, do memorizar e da história do indivíduo. É claro que se for pessoa importante, terá a continuidade da história como memória póstuma. Considerada materialmente ela é uma grande perda. Uma catástrofe que ninguém aceita, porque se tratar do rompimento com a vida. Ainda neste ângulo são companheiros da morte a dor, a angústia, as lágrimas, a tristeza, o desalento, a saudade, o desespero, o infortúnio, a desgraça e muitos outros.
A segunda maneira de encarar a morte é compreendê-la como o início de uma nova realidade de vida. Aqui ela é como Páscoa (passagem). Não existe um fi m, mas a transformação. O espirito humano não morre, é eterno. Portanto, para a alma não tem sentido a morte. Assim como não morrem os projetos, os sonhos e os anseios, quando são armazenados na alma. Neste ângulo o
processo da morte, como passagem, pode ser comparado com o processo de germinação da semente. É um ser que se submete a mudança para renascer perfeito. Toda mudança ou transformação exige o rompimento e este, produz alguma dor. Mas não há vida nova sem dor. Não há tempo bom sem a tempestade, calor sem o frio, luz sem as trevas, bonança sem labuta e nem ressurreição sem a morte.
O segredo para compreender o porquê da morte está na compreensão da vida. E a mais acertada forma para entender a vida é vivê-la intensa, profunda e completamente, como sendo a maior paixão. Cada instante da vida tem um valor de eternidade. “Um dia é como mil anos e mil anos é como um dia”. Um minuto de existência pode ser eternizado porque ele representa uma parte da eternidade. Viver para não morrer, mas passar e morrer para viver e não, simplesmente, passar. Eis a questão. O Conselho é este: ame a vida e a morte será apenas um “empurrãozinho” para a eternidade, onde se experimentará a vida em plenitude.