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REMÉDIOS PARA SOLIDÃO

XVIII DEZOITO

REMÉDIOS PARA SOLIDÃO

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Refl itamos hoje sobre um dos males que afl ige e assola grande parte da humanidade em nosso Planeta, o estado solitário que vivem, principalmente na contemporaneidade com o povoamento de tecnologias que tornam, cada dia que passa, mais fácil a vida do ser humano e seus relacionamentos. Os dois maiores provedores da solidão humana são a televisão e o computador, seguidos de perto pelo telefone. Estes recursos eliminam as distâncias, facilitam, apressam e aperfeiçoam a comunicação, contudo afastam, distanciam e desumanizam e jogam o homem na mais completa solidão.

Nada é tão terrível quanto a angústia de uma pessoa em solidão de espírito. Os sonhos, que são gerados a partir do centro espiritual, na essência da alma humana, são todos desmoronados pela insatisfação do momento. Perde-se o brilho e a atração pelos ideais. Projetos fi cam todos desmantelados. A incerteza desperta uma plêiade de monstros que passam a tomar de assalto a vontade. Arrasam completamente o ânimo. A inteligência já não mais se comporta como quem possui o controle psicossomático e político sociológico do ser. A mente perde o pique e todos os comandos de acesso fi cam descontrolados, até mesmo o que comanda a preservação da vida, pois em alguns casos as pessoas pensam até em suicídio. Tanto o complexo racional intuitivo quanto o discursivo fi cam abalados diante de uma situação de completa solidão. O único que não se abala é o espirito humano. Esta, no entanto, permanece pacato nessa hora, pois lhe interessa unicamente a salvação da alma para a eternidade, deixando o corpo agir livremente a seu bel-prazer e gosto.

Existem dois tipos de solidão. A solidão ermita que é a ausência de povoamento no deserto da vida pessoal e a solidão hermética cujo indivíduo permanece totalmente fechado mesmo circundado de pessoas. Tanto uma como a outra levam seu hospedeiro ao completo descontrole emocional e total desordem de pensamento. Porém, a mais grave delas é a hermética, pois esta não permite ao indivíduo as necessárias mudanças, porque mesmo trocando

de ambiente a solidão continua. Já a primeira não. Se ele se encontra com um grupo de pessoas queridas consegue se extroverter mais facilmente e recupera o estado de não solidão e equilíbrio. O que não acontece com a segunda, pois o estado é de fechamento completo em si, ocasionando uma espécie de síndrome comparada ao cofre cuja abertura somente acontece com quem detenha o segredo. No caso da solidão hermética o portador do segredo é próprio indivíduo que se encontra em solidão.

O que fazer para solucionar o problema? Não existe um remédio quimicamente formalizado para a solidão, salvo alguns antidepressivos para resolver de imediato ou a longo prazo os sintomas. São bons. Pelo menos reordenam as forças vitais para que a pessoa possa retomar a caminhada e melhore com um tratamento posterior mais demorado. Uma pessoa em solidão é comparável a alguém apaixonado. A fúria de uma paixão pode levar qualquer uma cometer a mais desvairada loucura. A paixão sega, imobiliza, condiciona e dirige o ser humano acometido dela. Onde estiver o objeto de sua paixão lá estará seu coração, sua inteligência e sua vontade. A solidão tem as mesmas proporções ao inverso. Um ser solitário entra num profundo marasmo existencial sem precedentes.

Um dos mais efi cazes e efi cientes remédios para a solidão é buscar empatia com alguém. Descobrir alguém que goste de estar com você. A maneira mais fácil e agradável é participar de grupos afi ns. Por exemplo, se gosta de poesia procure uma associação de poetas. Se gosta de futebol entre em um time. Se gosta de pintura descubra onde se reúnem os artistas e se junte a eles e assim sucessivamente. O outro remédio igualmente efi ciente é o tempo. Mas cuidado. O tempo tem que ser encarado positivamente, isto é, tem que ser utilizado da melhor maneira possível. Caso contrário ele se tornará um veneno para o ser solitário. Simplesmente deixar o tempo passar é perigoso. Nesse caso a solidão será temperada com angústia e arrependimento. Como consequência desastrosa tem-se a baixa autoestima, a perda do entusiasmo e a depressão. Aproveitar positivamente o tempo é o melhor remédio para curar os efeitos da solidão. Existe um “curador” chamado tempo, mas nada como deixar o tempo necessário passar, recostado com a cabeça no ombro do melhor e mais sincero amigo.

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